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217 TST COMENTADO PROF. THYAGO BERTOLDI ( @ LABORATORIO.TRABALHISTA)

TST - Ouse Saber · Recurso adesivo O recurso adesivo “é o recurso contraposto ao da parte adversa, por aquele que se dispunha a não impugnar a decisão, e só veio a impugná-la

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217 TSTCOMENTADO

PROF. THYAGO BERTOLDI (@LABORATORIO.TRABALHISTA)

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INFORMATIVO Nº 217TST - COMENTADO

Turmas

2ª Turma

O não conhecimento do recurso principal não autoriza o conhecimento do recurso adesivo

O não conhecimento do recurso principal, ainda que pela apreciação de seus pressupostos intrínsecos, NÃO autoriza o conhecimento do recurso adesivo.A inversão da ordem de julgamento implica possível violação do artigo 500, inciso III, do CPC/73 (artigo 977, §2º, do CPC).(TST. 2ª Turma. RR-2381-20.2012.5.18.0006, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 28.04.2020, Informativo TST nº 217).

O que ocorreu no caso julgado pelo TST?

O TRT da 18ª Região analisou, em grau de recurso, sentença que julgou improcedente a ação e concedeu os benefícios da justiça gratuita ao sindicato autor. Este interpôs recurso ordinário perante o TRT, sem o recolhimento das custas processuais, já que era beneficiário da justiça gratuita e o sindicato patronal recorreu adesivamente.

Ocorre que o Tribunal Regional inverteu a ordem de apreciação dos recursos interpostos por ambas as partes, analisando primeiramente o recurso ordinário adesivo do sindicato reclamado. Foi dado provimento ao recurso adesivo para indeferir o pedido de concessão do benefício da justiça gratuita ao sindicato autor. O recurso ordinário do sindicato autor não foi examinado em face da revogação do benefício da justiça gratuita e da ausência de recolhimento das custas processuais.

O sindicato autor leva a questão ao TST, alegando que houve inversão processual de julgamento e vulneração do artigo 500 do CPC/1973 (artigo 997, §§2º, CPC).

Recurso adesivo

O recurso adesivo “é o recurso contraposto ao da parte adversa, por aquele que se dispunha a não impugnar a decisão, e só veio a impugná-la porque o fizera o outro litigante”1. É válido frisar que não se trata de espécie de recurso, mas sim de forma de interposição de recurso.

1 DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil: Meios de Impugnação às Decisões Judiciais e Processos nos Tribunais. Juspodivm: Bahia. 13. ed. v. 3, 2016. p. 148

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INFORMATIVO Nº 217TST - COMENTADO

O recurso adesivo depende da sucumbência recíproca (CPC, art. 997, §1°) e fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: (a) será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; e (b) não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível (CPC, art. 997, §2°).

Nem todo recurso possibilita a interposição pela via adesiva.

No processo do trabalho, o recurso adesivo será admissível somente no recurso ordinário, no agravo de petição, no recurso de revista e no recurso de embargos ao TST (Súmula 283 do TST, primeira parte).

Por fim, é desnecessário que a matéria veiculada no recurso adesivo esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária (Súmula 283 do TST, parte final).

É possível a inversão da ordem de julgamento entre recurso principal e adesivo?

NÃO! O artigo 500, inciso III, do CPC/1973 (artigo 977, §2º, inciso III, do CPC) expressamente dispõe que o recurso adesivo não será conhecido se houver desistência do recurso principal ou se ele for considerado inadmissível. É necessário, portanto, primeiro apreciar o recurso principal para, somente após, analisar o recurso adesivo.

Mas, no caso, o recurso adesivo dizia respeito a pressuposto intrínseco de admissibilidade do recurso principal. Isso não mudaria a situação?

NÃO! O não conhecimento do recurso principal, ainda que pela apreciação de seus pressupostos intrínsecos, não autoriza o conhecimento do recurso adesivo. A inversão da ordem de julgamento implica possível violação do artigo 500, inciso III, do CPC/73 (artigo 977, §2º, do CPC) (TST. 2ª Turma. RR-2381-20.2012.5.18.0006, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 28.04.2020, Informativo TST nº 217).

Com base nesse entendimento, o TST determinou o retorno dos autos à Corte de origem para que, primeiramente, efetue o exame do recurso ordinário principal interposto pelo sindicato autor e, após, se for o caso, que se examine o recurso adesivamente interposto pelo sindicato reclamado.

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Minha opinião: como proceder nessa hipótese, então?

Em minha visão, dever-se-ia prosseguir no julgamento dos recursos na ordem estabelecida pela legislação e, caso o recurso ordinário adesivo do sindicato reclamado questionando a gratuidade de justiça do sindicato autor fosse provido, determinar, a depender do desfecho da causa, ao sindicato autor o recolhimento das custas.

Como foi veiculado no informativo?

“[...] III - RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. RECURSO ORDINÁRIO PRINCIPAL E ADESIVO. INVERSÃO NA ORDEM DE JULGAMENTO. 1. O Tribunal de origem inverteu a ordem de apreciação dos recursos interpostos, decidindo analisar primeiro o recurso adesivo do sindicato reclamado, e dando-lhe provimento para afastar a isenção das custas ao sindicato autor, sem examinar o inconformismo veiculado no recurso ordinário principal. 2. Nos termos do inciso III do art. 500 do CPC/73, o recurso adesivo ‘não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto’. Segundo a jurisprudência sedimentada nesta Corte, o não conhecimento do recurso principal, nos termos do art. 500, III, do CPC/73, ainda que pela apreciação de seus pressupostos intrínsecos, não autoriza o conhecimento do recurso adesivo. 3. Assim, em face da inviabilidade legal do conhecimento do recurso ordinário adesivo do sindicato reclamado, independentemente do conhecimento do recurso principal do sindicato autor, fica determinado o retorno dos autos à Corte de origem para que, primeiramente, efetue o exame do recurso ordinário principal, como entender de direito, e após, se for o caso, que se examine o recurso adesivo. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-2381-20.2012.5.18.0006, 2ª Turma, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 28/4/2020.)

4ª Turma

Responsabilidade solidária de empreiteiras em caso de terceirização estabelecida por norma coletiva

Não contraria o artigo 455 da CLT ou a Súmula 331 do TST norma coletiva que prevê a responsabilização solidária das empreiteiras em caso de descumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias.(TST. 4ª Turma. RR-1001857-31.2017.5.02.0085, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 01º.04.2020, Informativo TST nº 217).

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O que ocorreu no caso julgado pelo TST?

O TRT da 2ª Região condenou duas empreiteiras solidariamente pelas obrigações trabalhis-tas descumpridas, em razão da existência de norma coletiva. A reclamada leva a questão ao TST, argumentando violação ao artigo 455 da CLT e da Súmula 331 do TST.

Terceirização

Segundo lição de Gustavo Filipe Barbosa Garcia, a terceirização “pode ser entendida como a transferência de certas atividades da empresa tomadora (ou contratante) a empresas prestadoras de serviços especializados”2.

Com a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467, de 2017), o conceito de “terceirização” passou a constar expressamente no ordenamento jurídico pátrio. Nos termos do artigo 4º-A da Lei nº 6.019, de 1974 (redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017), “considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução”.

Na terceirização, há uma relação triangular. Entre a empresa tomadora e a prestadora, há uma relação jurídica de natureza civil (ou econômica) e entre a prestadora de serviços e o trabalhador, uma relação jurídica de natureza trabalhista. O vínculo de emprego, veja-se, é formado entre o trabalhador e a empresa prestadora de serviços.

Responsabilidade da tomadora de serviço privada: regra

Em regra, não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo, e a empresa contratante (artigo 4º, §1º, da Lei nº 6.019, de 1974, incluído pela Lei nº 13.429, de 2017).

Em caso de terceirização lícita (ou seja, de acordo com os preceitos legais), no entanto, a empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços (artigo 5º-A, §5º, da Lei nº 6.019, de 1974).

Veja-se que a responsabilização é objetiva, impositiva e automática, decorrendo de comando legal. Não é preciso perquirir se houve culpa da tomadora de serviços na escolha da prestadora de serviços ou na fiscalização do contrato celebrado.

2 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Terceirização. 2. ed. Juspodivm: Salvador, 2017, p. 13.

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Reputa-se necessário, porém, que a empresa tomadora de serviços tenha participado da relação processual e conste do título executivo judicial. É o que se extrai da Súmula 331, item IV, do TST: “IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial”.

Inclusive, segundo entendimento do TST, a não inclusão do tomador de serviços no polo passivo da reclamatória trabalhista gera a preclusão do direito do trabalhador, não sendo possível a propositura de nova ação com esse fim (TST, SDI-I, E-RR-231/2006-011-09.1, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Melo).

Em relação à abrangência da responsabilização, conforme o item VI da Súmula 331 do TST, “a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral”. Deste enunciado extraem-se duas conclusões importantes: (a) a responsabilização abrange todas as verbas decorrentes da condenação, isto é, de natureza salarial ou indenizatória; e (b) a responsabilização fica limitada ao respectivo período em que o tomador aproveitou da mão-de-obra do trabalhador terceirizado.

Por outro lado, na hipótese de terceirização ilícita (isto é, em que há inobservância dos requisitos legais), o contrato de terceirização deverá ser reputado nulo, com fulcro no princípio da primazia da realidade e no artigo 9º da CLT, e deverá ser declarado o vínculo de emprego direto entre o trabalhador e a empresa tomadora de serviços. Ademais, em razão da fraude trabalhista, tomadora e prestadora de serviços responderão solidariamente pelos prejuízos causados ao empregado (artigos 187 e 942 do Código Civil).

O caso específico dos contratos de empreitada

A dinâmica da construção civil, não raro, exige do empreiteiro (responsável pela execução da obra) a contratação de intermediadores (subempreiteiro), responsáveis pela execução de atividades transitórias e especializadas em relação à obra principal. A possibilidade da subcontratação de operários pelo empreiteiro principal é expressamente prevista no artigo 455 da CLT.

Embora a subempreitada seja lícita no ordenamento jurídico brasileiro, o empreiteiro prin-cipal irá, em caso de inadimplemento do intermediador, responder pelas verbas trabalhis-tas dos trabalhadores subcontratados. Para corrente majoritária, essa responsabilidade é subsidiária, em decorrência da preferência de ordem prevista na legislação.

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Conforme o atual posicionamento do TST, o dono da obra, em regra, não responde pelas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro (OJ 191 da SDI-I do TST).

Há, no entanto, duas exceções, em que o dono da obra responderá subsidiariamente: (a) se o dono da obra for empresa construtora ou incorporadora (isto é, contratar a empreitada com intuito de revenda ou de lucro, pois assim é, em verdade, empreiteiro principal); e (b) exceto se ente público da Administração Direta e Indireta, caso contrate empreiteiro sem idoneidade econômico-financeira (em razão da aplicação analógica do artigo 455 da CLT e culpa in eligendo) (IRR-190-53.2015.5.03.0090).

Então, no caso analisado deveria ser subsidiária?

CALMA! Embora a relação tratada no caso seja de terceirização em empreitada, há uma peculiaridade importante: a existência de norma coletiva estabelecendo a responsabilidade solidária.

Mas essa norma coletiva não violaria o artigo 455 da CLT ou a Súmula 331 do TST que estabelecem a responsabilidade subsidiária?

NÃO! Não contraria o artigo 455 da CLT ou a Súmula 331 do TST norma coletiva que prevê a responsabilização solidária das empreiteiras em caso de descumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias (TST. 4ª Turma. RR-1001857-31.2017.5.02.0085, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 01º.04.2020, Informativo TST nº 217).

Por consequência, o recurso de revista da reclamada não foi conhecido, pois entendeu-se que o que foi utilizado para solucionar a controvérsia foi a própria norma coletiva firmada entre as partes, e não a legislação ou o entendimento sumulado do TST.

Como foi veiculado no informativo?

““RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. 1. TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA. EMPREITEIROS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA PREVISTA EM NORMA COLETIVA. NÃO CONHECIMENTO. I. Consta do acórdão de origem que há norma coletiva válida aplicável ao casso [sic] e que prevê que ‘em quaisquer hipóteses, responderão principal e solidariamente pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias dos empregados, inclusive pelo cumprimento da presente Convenção Coletiva de Trabalho’. II. Não se verifica afronta ao art. 455 da CLT, nem contrariedade à Súmula n° 331, IV, desta Corte, pois a controvérsia foi solucionada à luz das normas coletivas firmadas entre as partes. III. Ressalte-se que, no caso, não há quaisquer discussões acerca da validade da referida norma coletiva. IV. Recurso de revista de que não se conhece.” (RR 1001857-31.2017.5.02.0085, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 1º/4/2020.)

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5ª Turma

É inexigível apresentação de certidão de nascimento para estabilidade da gestante

É inexigível a juntada da certidão de nascimento da criança para fins de concessão da estabilidade da empregada doméstica.(TST. 5ª Turma. RR-100896-70.2016.5.01.0282, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 01º.04.2020, Informativo TST nº 217). 

O que ocorreu no caso julgado pelo TST?

Embora tenha reconhecido que a empregada estava grávida por ocasião da rescisão contratual, o TRT da 1ª Região manteve o indeferimento da estabilidade da gestante, ao fundamento de que não houve apresentação da certidão de nascimento da criança. A reclamante leva a questão à apreciação do TST, afirmando que não há determinação legal que condicione a concessão da estabilidade da gestante à prova do nascimento.

Garantia provisória da gestante

A estabilidade ou a garantia provisória de emprego da gestante é prevista na alínea b do inciso II do artigo 10 do ADCT e no artigo 391 da CLT. Conforme esses dispositivos, é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto.

A estabilidade conferida à gestante pela Constituição Federal objetiva amparar o nascitu-ro, a partir da preservação das condições econômicas mínimas necessárias à tutela de sua saúde e de seu bem-estar.

A estabilidade é adquirida automaticamente, de modo que o desconhecimento do estado gravídico pelo empregador na hora da dispensa não afasta o direito (Súmula 244, item I, do TST). Em 2018, inclusive, o STF reconheceu que a incidência da estabilidade prevista no artigo 10, inciso II, do ADCT somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa (STF. Plenário. RE 629.053/SP, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10.10.2018, Informativo STF nº 919).

Veja, então, que o único requisito para aquisição do direito à estabilidade é que a empregada esteja gestante no momento da dispensa imotivada.

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Portanto, é indevida a exigência de certidão de nascimento para concessão da garantia provisória no emprego?

CORRETO! É inexigível a juntada da certidão de nascimento da criança para fins de concessão da estabilidade da empregada doméstica gestante (TST. 5ª Turma. RR-100896-70.2016.5.01.0282, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 01º.04.2020, Informativo TST nº 217). 

Esse entendimento, inclusive, é consolidado na jurisprudência do TST.

Como foi veiculado no informativo?

“RECURSO DE REVISTA. REGIDO LEI 13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE. CERTIDÃO DE NASCIMENTO DA CRIANÇA. DESNECESSIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CARACTERIZADA 1. De acordo com o artigo 896-A da CLT, o Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, deve examinar previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 2. No Presente caso o Tribunal Regional consignou que a Autora encontrava-se grávida por ocasião da rescisão contratual, contudo, manteve o indeferimento da estabilidade gestante, ao fundamento de que não houve apresentação da certidão de nascimento da criança. A estabilidade conferida à gestante pela Constituição Federal objetiva amparar o nascituro, a partir da preservação das condições econômicas mínimas necessárias à tutela de sua saúde e de seu bem-estar. Essa proteção constitui garantia constitucional a todas as trabalhadoras que mantêm vínculo de emprego, sendo certo que os dispositivos que a asseguram - artigos 7º, XVIII, da Constituição Federal e 10, II, b, do ADCT - estabelecem como único requisito ao direito à estabilidade que a empregada esteja gestante no momento da dispensa imotivada. Logo, é inexigível a juntada da certidão de nascimento da criança para fins de concessão da estabilidade da empregada doméstica. Julgados. Nesse cenário, a decisão regional no sentido de condicionar a estabilidade gestante à comprovação do nascimento da criança, mostra-se em dissonância com a atual e notória jurisprudência desta Corte Superior, bem como evidencia violação ao artigo 10, II, “b”, do ADCT, restando, consequentemente, divisada a transcendência política do debate proposto. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-100896-70.2016.5.01.0282, 5ª Turma, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 1º/4/2020.)

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Apresentação de contestação e desistência do reclamante

ANTERIOR À REFORMA TRABALHISTA!A apresentação de contestação pela reclamada no sistema de processo eletrônico (PJe), antes da audiência de conciliação, NÃO impossibilita a homologação do pedido de desistência do reclamante, sem a concordância da ré, quando esse pleito é formulado anteriormente à primeira proposta de acordo.(TST. 5ª Turma. Ag-RR-1120-71.2013.5.0.0012, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 30.04.2020, Informativo TST nº 217). 

O que ocorreu no caso julgado pelo TST?

Antes da realização de audiência de conciliação, a reclamada apresentou sua defesa por meio do processo eletrônico (PJe). Ocorre que, no dia da audiência, o reclamante, antes da primeira proposta de acordo, apresentou pedido de desistência, acolhido pelo juiz do caso, com a exclusão da contestação e dos documentos apresentados pela ré. A reclamada entende que houve violação ao artigo 267, §4º, do CPC/73, pois o pedido de desistência não foi submetido a seu julgo.

Contestação

A contestação é o principal meio de resposta do réu.

Nela, o reclamado irá defender-se da pretensão veiculada pelo reclamante na petição inicial, valendo-se, para tanto, de: (a) defesas processuais, em que se apontam vícios nos pressupostos processuais ou no exercício do direito de ação, com base no artigo 337 do CPC; e (b) defesas de mérito, em que o reclamado poderá impugnar os fatos constitutivos, negando os fatos e fundamentos jurídicos constantes da reclamação (defesa de mérito direta) ou alegando fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor (defesa de mérito indireta).

Nos termos do artigo 847 da CLT, no processo do trabalho, a defesa é apresentada oralmen-te, em 20 (vinte) minutos (e, não em quinze minutos).

Há, porém, possibilidade que a defesa seja apresentada por escrito, até audiência, em substituição ao seu oferecimento oral (CLT, art. 847, p. único, com redação dada pela Lei nº 13.647, de 2017). Nesta hipótese, tem-se que o prazo para contestação é de, no mínimo, 5 (cinco) dias, pois esse é o prazo com que o reclamado tem de ser notificado, com antecedência, para comparecer à audiência (CLT, art. 841).

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A Fazenda Pública possui prazo em quádruplo (artigo 1º, inciso II, do Decreto-Lei nº 779, de 1969) e o Ministério Público e a Defensoria Pública, em dobro (artigos 180 e 186 do CPC).

Após a Reforma Trabalhista, o artigo 841, §3º, da CLT (incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) passou a estabelecer que, oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não pode, sem consentimento do reclamado, desistir da ação.

Antes da Reforma Trabalhista, no entanto, considerando que a resposta do réu é apresen-tada em audiência, entendia-se que, até esse momento, o autor poderia desistir da ação, independentemente da anuência do réu. É o caso aqui analisado.

O que entendeu o TST?

A apresentação de contestação pela reclamada no sistema de processo eletrônico (PJe), antes da audiência de conciliação, NÃO impossibilita a homologação do pedido de desistência do reclamante, sem a concordância da ré, quando esse pleito é formulado anteriormente à primeira proposta de acordo (TST. 5ª Turma. Ag-RR-1120-71.2013.5.0.0012, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 30.04.2020, Informativo TST nº 217). 

Mas isso não violaria o disposto no artigo 267, §4º, do CPC/73 (artigo 485, §4º, do CPC), à época, aplicável subsidiariamente?

CPC/73, art. 267, §4º: Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

NÃO! Realizando-se uma interpretação sistemática das normas inseridas nos artigos 267, §4º, do CPC/73, 485, § 4º, do atual CPC e 847, caput, da CLT, o momento de apresentação da defesa é aquele que sucede à tentativa de acordo, sendo certo que a inserção da contestação no sistema eletrônico, de forma antecipada, NÃO se presta à condicionar o pedido de desistência à anuência da reclamada, até porque, no caso em análise, a aludida desistência foi apresentada antes da tentativa de acordo.

Como foi veiculado no informativo?

“AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. NULIDADE DA SENTENÇA. DESISTÊNCIA DO RECLAMANTE LOGO APÓS A JUNTADA DA CONTESTAÇÃO NO PJe. Constou da decisão agravada que, nos termos da interpretação sistemática das normas inseridas nos arts. 267, §4º, do CPC/73, 485, § 4º, do atual CPC, 847, caput, da CLT, o momento de apresentação da defesa é aquele que sucede à tentativa de acordo, sendo certo que a inserção da contestação no sistema eletrônico, de forma antecipada, não se presta à finalidade pretendida pela reclamada, até porque a aludida desistência foi

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INFORMATIVO Nº 217TST - COMENTADO

apresentada antes do referido momento processual. Acrescente-se que ficara registrado no acórdão regional que a tese da reclamada, no sentido de que o reclamante teria prévio conhecimento do conteúdo da contestação, não fora provado nos autos, motivo pelo qual não se poderia presumir tal alegação e impor ao reclamante o prejuízo do não exercício do seu direito de desistência da ação, sob o jugo da concordância da reclamada. Além disso, ressaltou que o desentranhamento da defesa foi determinado de plano pelo magistrado em audiência que homologou o pedido de desistência independentemente da anuência da parte reclamada. Nesse contexto, para se chegar a conclusão contrária, como insiste a agravante, necessário seria o reexame do contexto fático probatório dos autos, procedimento este vedado em sede de recurso de revista por conta do que estabelece a Súmula 126 do TST. Considerando a improcedência do recurso, aplica-se à parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo não provido, com aplicação de multa.” (TST-Ag-RR-1120-71.2013.5.07.0012, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 30/4/2020.)

6ª Turma

Pedido específico e análise da reconvenção

O TRT da 14ª Região entendeu prejudicada a análise da reconvenção apresentada pela reclamada por ausência de pedido expresso ao fim da contestação no tocante ao reconhecimento do pedido de demissão ou dispensa por justa causa.A 6ª Turma do TST entendeu que opor à parte litigante óbice à análise reconvencional por mera ausência de repetição formal ou pedido ao final da peça processual é conduta que não encontra respaldo no CPC/2015, cuja tendência é a desvalorização do excessivo rigor formal para o maior prestígio da apreciação do mérito da questão litigiosa. Inclusive, o princípio da formalidade é adotado ainda há mais tempo no processo do trabalho, no qual se aplica a regra do artigo 840, §1º, da CLT, segundo o qual a petição inicial não demanda maiores rigores formais.(TST. 6ª Turma. RR-716-17.2017.5.140131, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em 22.04.2020, Informativo TST nº 217). 

O que ocorreu no caso julgado pelo TST?

O TRT da 14ª Região entendeu prejudicada a análise da reconvenção apresentada pela re-clamada por ausência de pedido expresso ao fim da contestação no tocante ao reconheci-mento do pedido de demissão ou dispensa por justa causa. A reclamada leva a questão ao TST, sustentando que não há prejuízos ao iter processual pela ausência de pedido expresso na conclusão da contestação atinente ao pleito formulado em reconvenção, apontando vio-lação dos artigos 840, §1º, da CLT e 343 do CPC.

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INFORMATIVO Nº 217TST - COMENTADO

Reconvenção

A reconvenção é última espécie de resposta do réu, não consistindo propriamente em uma forma de defesa, mas sim em um “contra-ataque” do reclamado. Vale dizer, no mesmo processo, o reclamado ajuíza uma ação em face do reclamante.

O cabimento da reconvenção exige os seguintes requisitos: (a) existência de demanda originária; (b) identidade procedimental; (c) competência do juiz da causa originária para julgar a reconvenção; e (d) conexão com a ação originária ou com os fundamentos de defesa.

A reconvenção deve ser formulada na própria contestação (CPC, art. 343), embora seu oferecimento não dependa, necessariamente, da apresentação de contestação (CPC, art. 343, §6º).

A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção (CPC, art. 343, §2º).

O processamento da reconvenção dá-se nos mesmos moldes de uma reclamatória trabalhista.

É necessário que a parte, ao final da peça processual, repita o teor dos pedidos formulados na fundamentação da reconvenção?

NÃO! A 6ª Turma do TST entendeu que opor à parte litigante óbice à análise reconvencio-nal por mera ausência de repetição formal ou pedido ao final da peça processual é condu-ta que não encontra respaldo no CPC/2015, cuja tendência é a desvalorização do excessi-vo rigor formal para o maior prestígio da apreciação do mérito da questão litigiosa (TST. 6ª Turma. RR-716-17.2017.5.140131, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em 22.04.2020, Informativo TST nº 217). 

Com efeito, a partir da vigência do CPC/2015, há uma desvalorização do excessivo rigor formal para maior prestígio da apreciação do mérito da questão litigiosa, destacando-se como tal o disposto no art. 322, que possibilita ao magistrado apreciar o teor da petição inicial (e da reconvenção, por consectário) levando em conta o conjunto argumentativo juntamente ao princípio da boa-fé.

Princípio da primazia da decisão de mérito

Veja-se que, aqui, a 6ª Turma do TST evoca o denominado princípio da primazia da decisão de mérito, que “(...) informa que somente em situações excepcionais e quando não for

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possível a correção de vícios ou irregularidades o juiz, depois de conceder oportunidade às partes, poderá extinguir o processo sem resolução de mérito”3.

Desse modo, opor à parte litigante óbice à análise do pedido reconvencional por mera ausência de repetição de forma expressa ao fim da peça processual se apresenta como conduta não mais admitida no âmbito das regras processuais hoje em vigor.

Princípio da informalidade

A 6ª Turma do TST argumenta, ainda, que o princípio da informalidade é adotado há mais tempo no processo do trabalho, no qual se aplica a regra do art. 840, § 1º, da CLT, em que se exige que a petição inicial apresente o pedido e uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, sem maiores rigores formais.

“[O] significado do princípio do informalismo, também denominado de instrumentalidade das formas, diz respeito à existência de uma carga menor de requisitos de validade de um ato processual ou mesmo a possibilidade de convalidação de um ato defeituoso, desde que não prejudique as partes e que sejam atingidos os objetivos fixados na lei”4.

Como foi veiculado no informativo?

“[...] II - RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.467/2017. LEI Nº 13.015/2014. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. JULGAMENTO ‘EXTRA PETITA’. RECONVENÇÃO. PEDIDO EXPRESSO NA CONCLUSÃO DA CONTESTAÇÃO. 1 - Extrai-se dos excertos que o Tribunal Regional entendeu prejudicada a análise da reconvenção apresentada pela reclamada por ausência de pedido expresso ao fim da contestação, no tocante ao reconhecimento do pedido de demissão ou dispensa por justa causa. 2 - Com efeito, a partir da vigência do CPC/15, admite-se a apresentação de reconvenção em peça única, juntamente à própria contestação. Por outro lado, em clara tendência adotada pelo novo diploma processual civil, há uma desvalorização do excessivo rigor formal para maior prestígio da apreciação do mérito da questão litigiosa, destacando-se como tal o disposto no art. 322, que possibilita ao magistrado apreciar o teor da petição inicial (e da reconvenção, por consectário) levando em conta o conjunto argumentativo juntamente ao princípio da boa-fé. 3 - Opor à parte litigante óbice à análise do pedido reconvencional por mera ausência de repetição de forma expressa ao fim da peça processual se apresenta como conduta não mais admitida no âmbito das regras processuais hoje em vigor. 4 - Nesse aspecto, destaque-se, inclusive, que o princípio da informalidade é adotado há mais tempo no processo do trabalho, no qual se aplica a regra do art. 840, § 1º, da CLT, em que se exige que a petição inicial apresente o pedido e uma breve exposição dos fatos de que

3 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 17. ed. Saraiva: São Paulo, 2019, p. 109.

4 CAIRO JR. José. Curso de Direito Processual do Trabalho. 12. ed. Juspodivm: Salvador, 2017, p. 78.

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resulte o dissídio, sem maiores rigores formais. 5 – Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-716-17.2017.5.14.0131, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em 22/4/2020.)

O empregador deve emitir CAT independentemente do afastamento do trabalhador

Ocorrendo o acidente de trabalho, independente de afastamento ou não, é obrigatória a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) por parte do empregador, sob pena de aplicação de multa.(TST. 6ª Turma. RR-1064507.2015.5.03.0081, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, julgado em 29.04.2020, Informativo TST nº 217). 

O que ocorreu no caso julgado pelo TST?

O Ministério Público do Trabalho propôs ação civil pública contra uma empresa, buscando sua responsabilização pela não emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

O TRT da 03ª Região, porém, entendeu que o artigo 22 da Lei nº 8213, de 1991, apenas faculta ao empregador a emissão do documento, pois elege outras pessoas igualmente legitimadas para emitir a CAT, além de que “o empregador é investido de poder diretivo para avaliar extrajudicialmente os eventos supostamente acidentários que lhes são apresentados pelos seus empregados, somente devendo encaminhá-los à perícia médica da Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar quinze dias, na forma disposta pelo artigo 60, § 4º, da Lei 8.213, de 1991”. Isso legitimaria a conduta da empresa.

O MPT, então, leva a questão ao TST.

Acidente de trabalho

Para a doutrina, “[e]m sua concepção clássica, o acidente de trabalho corresponde ao even-to súbito, traumático, decorrente de obra do acaso e dentro do ambiente do trabalho. (...) Com a evolução da teoria da responsabilidade civil que, no caso específico da infortunística laboral, eliminou o elemento subjetivo, houve uma ampliação legal do conceito do acidente de trabalho para acolher também, sob o ponto de vista objetivo, além dos casos em que há culpa exclusiva da vítima, as hipóteses de doenças ocupacionais e de acidente de trajeto, este último também denominado acidente in itinere”5.

Já na legislação, o conceito de acidente de trabalho encontra-se nos artigos 19 (típico), 20 e 21 (por equiparação) da Lei nº 8.213, de 1991. Os dispositivos são de leitura obrigatória!

5 CAIRO JR. José. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. Juspodivm: Salvador, 2017, p. 1071.

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Peço desculpas por não os transcrever no material, mas preciso evitar que o material fique demasiado extenso.

Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

É um documento emitido para reconhecer um acidente de trabalho, de trajeto ou uma doença ocupacional.

Quando é necessária a emissão da CAT?

A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados, mesmo que não haja afastamento das atividades ate o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência. Em caso de morte, porém, a comunicação deve ser imediata.

Se a empresa não realizar o registro da CAT, o próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública (magistrados, membros do Ministério Público e dos serviços jurídicos da União e dos Estados ou do Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar) poderão efetivar a qualquer tempo o registro deste instrumento junto à Previdência Social6.

Então, a empresa é OBRIGADA a emitir a CAT?

SIM! Ocorrendo o acidente de trabalho, independente de afastamento ou não, é obrigatória a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) por parte do empregador, sob pena de aplicação de multa (TST. 6ª Turma. RR-1064507.2015.5.03.0081, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, julgado em 29.04.2020, Informativo TST nº 217). 

O artigo 22 da Lei nº 8.213, de 1991, é clara ao dispor que constitui dever, e não faculdade, do empregador a emissão da CAT. Da mesma forma, o artigo 169 da CLT é explícito ao dispor que “será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho”.

A expedição da CAT destina-se ao controle estatístico e epidemiológico junto aos órgãos competentes e tem por desiderato, principalmente, a garantia de assistência acidentária ao empregado junto ao INSS. Irrelevante, portanto, a circunstância de não ter havido o afastamento do obreiro ou se ele foi inferior a quinze dias.

6 As informações foram obtidas em: https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/comunicacao-de-acidente-de--trabalho-cat/. Acesso em 18 maio 2020.

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Então, a empresa não pode deixar de emitir a CAT, sob o fundamento de que avalia se o fato se encaixa ou não no conceito de acidente de trabalho?

NÃO! De fato, a configuração da ocorrência do acidente de trabalho dependerá exclusiva-mente de perícia médica. Não compete, por conseguinte, à empresa a decisão de comuni-car, ou não, o acidente de trabalho, sob o pretexto de avaliar extrajudicialmente o enqua-dramento legal dos infortúnios sofridos pelos seus trabalhadores e a ela apresentados.

Essa conduta, como visto, NÃO encontra amparo legal: a emissão da CAT é obrigatória.

Com base nesses argumentos, o TST reformou o acórdão regional e restabeleceu as condenações impostas à empresa infratora, inclusive a relativa ao dano moral coletivo.

Como foi veiculado no informativo?

““[...] II- RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOS DO ART. 896, §1ª-A, DA CLT, ATENDIDOS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRIGATORIEDADE NA EMISSÃO DA COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO (CAT) POR PARTE DO EMPREGADOR. A correta interpretação do disposto no art. 22 da Lei 8.213/91 é no sentido de que, ocorrendo o acidente de trabalho, independentemente de afastamento ou não, é obrigatória a emissão da CAT por parte do empregador, sob pena de aplicação de multa. Inclusive, o próprio art. 169 da CLT é explícito ao dispor que ‘será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho’. A emissão da CAT destina-se ao controle estatístico e epidemiológico junto aos órgãos competentes e tem por desiderato, principalmente, a garantia de assistência acidentária ao empregado junto ao INSS. Irrelevante, portanto, a circunstância de não ter havido o afastamento do obreiro ou se este foi inferior a quinze dias. Assim, ficou incontroverso nos autos o comportamento sistemático da reclamada consistente na ausência de emissão da CAT, sob a justificativa de analisar previamente se os acidentes apresentados pelos empregados constituíam, de fato, acidente de trabalho, nos termos da lei, conduta esta que não encontra qualquer amparo à luz da legislação aplicável à espécie. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-10645-07.2015.5.03.0081, 6ª Turma, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, julgado em 29/4/2020.)

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7ª Turma

Competência da Justiça do Trabalho para julgamento de causa relativa à servidora comissionada regida pela CLT

IMPORTANTE: ADVOCACIA PÚBLICA!A Justiça do Trabalho possui competência para julgar causa envolvendo servidora, nomeada para cargo em comissão de livre nomeação e exoneração, cuja relação de trabalho é regida pela CLT.(TST. 7ª Turma. RR-201-78.2018.5.12.0041, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 15.04.2020, Informativo TST nº 217). 

O que ocorreu no caso julgado pelo TST?

Discute-se, no caso, a competência da Justiça do Trabalho para apreciar e julgar demanda envolvendo entidade integrante da Administração Pública direta, que, na hipótese, se trata do Município de Braço do Norte, e empregado nomeado para exercício de cargo em comissão de livre nomeação e exoneração, por ela contratado sob o regime da CLT.

Cargo em comissão

“[C]argo em comissão nada mais é que um lugar no quadro funcional da Administração Pública que conta com um conjunto de atribuições e responsabilidades de direção, chefia e assessoramento, em que a escolha é baseada na confiança, denominado, por essa razão, de livre-nomeação e exoneração (exoneração ad nutum), vulgarmente chamado ‘cargo de confiança’”7. Em regra, os cargos comissionados mantêm vínculo estatuário com o poder público (diferentemente do que ocorre no caso analisado, mas chegaremos lá), embora contribuam para o RGPS.

Competência da Justiça do Trabalho e servidores públicos

A competência material da Justiça do Trabalho está prevista no artigo 114 da Constituição Federal.

O artigo 114, inciso I, dispõe que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

7 MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 618.

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Trata-se de um polêmico inciso, modificado pela EC n. 45/2004. Tanto é assim que o STF, em 27.01.2005, concedeu liminar na ADI 3395-6, suspendendo qualquer interpretação que atribuísse à Justiça do Trabalho a competência para julgamento das relações estabelecidas entre o Poder Público e seus servidores estatutários.

Observe que o STF, no referido julgamento, se restringiu à análise de típica relação de ordem estatutária, ou seja, de caráter jurídico-administrativo, que se estabelece entre os entes da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações públicas e seus respectivos servidores.

Logo, a Justiça do Trabalho não teria competência para julgar as ações envolvendo servidores comissionados, correto?

DEPENDE! Sendo o vínculo servidor-Administração de natureza estatutária, a competência seria, naturalmente, da Justiça Comum.

E se o servidor for contratado pelo regime da CLT?

A Justiça do Trabalho possui competência para julgar causa envolvendo servidora, nomeada para cargo em comissão de livre nomeação e exoneração, cuja relação de trabalho é regida pela CLT (TST. 7ª Turma. RR-201-78.2018.5.12.0041, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 15.04.2020, Informativo TST nº 217). 

NÃO CONFUNDA: Contratação pela CLT e regime jurídico único

O artigo 39 atualmente vigente, que estabelece a obrigatoriedade do regime jurídico único à Administração Pública, NÃO pode ser confundida com a obrigatoriedade de adoção do regime estatutária. O regime jurídico único impõe, em verdade, apenas a aplicação de um regime de pessoal uniformizado para determinado ente federativo, ou seja, as pessoas da Administração direta e indireta daquela unidade federativa devem adotar um único regime, podendo ser ele o estatutário ou celetista. Por essa razão, é admissível contratações como a verificada no presente caso.

Como foi veiculado no informativo?

““RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. LEI 13.467/2017. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA. MUNICÍPIO. CONTRATAÇÃO DE EMPREGADO PARA CARGO EM COMISSÃO DE LIVRE NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO. RELAÇÃO REGIDA PELA CLT. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA. O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da ADI nº 3.395/DF, firmou entendimento de que se insere na competência da Justiça Comum o exame da existência, validade e eficácia

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das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo jurídico-administrativo. Não se pode olvidar, contudo, que a Excelsa Corte no referido julgamento se restringiu à análise de típica relação de ordem estatutária, ou seja, de caráter jurídico-administrativo, que se estabelece entre os entes da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações públicas e seus respectivos servidores. Tal pronunciamento, portanto, não abrange a situação delineada nestes autos, em que a parte autora foi nomeada para o exercício do cargo em comissão de diretor do departamento de cultura do município, sob o regime da CLT, como disposto na Lei Municipal n.º 731/90. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-201-78.2018.5.12.0041, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 15/4/2020.)

Legitimidade ativa do sindicato e horas extras por descaracterização de cargo de confiança bancário

O sindicato tem legitimidade ativa para pleitear horas extras decorrentes da (des)caracterização do cargo de seus substituídos como de confiança bancária (artigo 224, §2º, da CLT). (TST. 7ª Turma. RR-1878-59.2014.5.10.0003, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 22.04.2020, Informativo TST nº 217). 

O que ocorreu no caso julgado pelo TST?

A controvérsia gira em torno da legitimidade do sindicato reclamante para postular como substituto processual o direito de seus representados ao recebimento de horas extras decorrentes da descaracterização de seus cargos como de confiança bancária.

Sindicatos

Sindicatos são entidades associativas que representam e buscam a tutela do interesse dos trabalhadores e dos empregadores. Têm natureza jurídica de associação civil sem fins lucrativos, sendo, pois, pessoa jurídica de direito privado.

Segundo o artigo 511 da CLT, sindicatos seriam as associações para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. Conforme o artigo 8°, inciso III, da Constituição, ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos da categoria, inclusive em questões judiciais e administrativas.

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Essa defesa engloba que espécies de direitos?

A representação pelo sindicato é ampla e irrestrita, abrangendo direitos individuais e coletivos. Vamos recordar a classificação dos direitos coletivos?

Difusos Coletivos Individuais homogêneos

Transindividuais Transindividuais Individuais

Indivisíveis Indivisíveis Divisíveis

Pessoas indeterminadasClasse, categoria ou grupo

(determinada ou determinável)

Origem comum

Ligadas por circunstância de fato

Ligadas entre si ou com a parte contrária por uma

relação jurídica base.Desnecessária ligação

Qual a causa de pedir deste caso analisado pelo TST?

Foi submetida à apreciação do TST demanda do sindicato questionando o enquadramento de empregados no artigo 224, §2º, da CLT (cargo de confiança bancário) pelo plano de cargos e salários de determinado banco.

Mas, nesta hipótese, o direito discutido não seria individual, impedindo sua discussão em uma ação coletiva?

NÃO! A 7ª Turma do TST entendeu que a hipótese é de direito individual homogêneo.

Em primeiro lugar, em caso de distinção entre as atribuições previstas para as funções ocupadas por alguns dos substituídos, é possível a procedência parcial da ação.

Além disso, o mérito da ação coletiva não deve ser analisado à luz das atividades reais de cada empregado, mas, sim, com base nas atribuições definidas na norma interna questionada, que regula as funções de assessor, nos níveis citados na petição inicial. Resolvida a controvérsia e, se houver procedência de algum dos pedidos, caberá a cada substituído, na fase de liquidação de sentença, demonstrar que se amolda à premissa fática fixada na decisão condenatória.

Não há, portanto, a necessidade de que haja homogeneidade entre todos os substituídos, tampouco se exige que a decisão seja uniforme para todas as funções.

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Dessa forma, é possível a atuação do sindicato como representante processual na causa?

SIM! O sindicato tem legitimidade ativa para pleitear horas extras decorrentes da (des)caracterização do cargo de seus substituídos como de confiança bancária (artigo 224, §2º, da CLT), qualificando-se a questão como direito individual homogêneo (TST. 7ª Turma. RR-1878-59.2014.5.10.0003, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 22.04.2020, Informativo TST nº 217). 

Como foi veiculado no informativo?

“RECURSO DE REVISTA DO SINDICATO-AUTOR. LEI 13.467/2017. LEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO DA CATEGORIA PROFISSIONAL. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. DIREITOS INDIVIDUAIS. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CONSTATADA. O reconhecimento da legitimidade ativa do sindicato da categoria profissional para pleitear direitos individuais homogêneos guarda sintonia com a jurisprudência desta Corte Superior e do Supremo Tribunal Federal. O artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal assegura aos sindicatos a possibilidade de substituição processual ampla e irrestrita para agir no interesse de toda a categoria. A presente demanda é originada de direito de natureza individual homogênea, definido no art. 81, parágrafo único, III, do CDC (Lei nº 8.078/90), pois decorrente de origem comum (Plano de Cargos e Salários do banco reclamado), hipótese em que é autorizada a defesa coletiva em Juízo. A existência de eventual distinção entre as atribuições previstas para as funções ocupadas pelos substituídos, em relação às quais se questiona o enquadramento no artigo 224, § 2º, da CLT, não é suficiente para afastar a legitimidade do sindicato, considerando a possibilidade de procedência parcial, caso se constate a fidúcia especial apenas em 1 ou 2 delas, e não nas demais. Não há, portanto, a necessidade de que haja homogeneidade entre todos os substituídos, tampouco se exige que a decisão seja uniforme para todas as funções. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-1878-59.2014.5.10.0003, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 22/4/2020.)

Exercícios de fixação

Com o objetivo de auxiliar na revisão do informativo anterior e fixar o estudo da jurispru-dência, a partir do Informativo TST nº 216, irei colocar um pequeno simulado para fixação:

(1) A celebração de acordo sem ressalvas, com o fim de encerrar movimento paredista, afasta o interesse processual, em dissídio coletivo, de ver declarada a abusividade da greve, configurando a hipótese do artigo 485, inciso VI, do CPC/2015.

(2) O descumprimento pela empresa do percentual mínimo de contratação de aprendizes, prevista no artigo 429 da CLT, mostra-se suficiente à configuração do dano moral coletivo,

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sendo prescindível comprovar a repercussão do ato ilícito na consciência coletiva do grupo social.

(3) A concessão do intervalo de vinte minutos previsto no artigo 253 da CLT depende do labor contínuo por uma hora e quarenta minutos no interior de câmara frigorífica, não sendo suficiente a mera exposição intermitente do trabalhador à variação de temperatura decorrente da movimentação de um ambiente (quente/normal) para o outro (frio) durante esse período.

(4) Não é possível a imposição de tutela inibitória em ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho para coibir que os reclamados fundem, criem, gerenciem ou participem de cooperativa, ainda que fraudulenta, por implicar em afronta aos direitos constitucionais de liberdade de associação e de presunção de inocência.

(5) É devido o auxílio alimentação durante o período de suspensão do contrato de trabalho.

(6) Os valores relativos à contribuição sindical, ainda que irregularmente descontados com base em cláusula constante em acordo, convenção coletiva ou sentença normativa que obriga trabalhadores não sindicalizados, não são passíveis de devolução.

(7) Para obter isenção de custas processuais, as entidades filantrópicas devem demonstrar, de modo cabal, sua insuficiência econômica. Para o TST, a juntada de pesquisa feita junto ao SERASA é meio idôneo a comprovar fragilidade econômica dessas pessoas jurídicas.

(8) A cláusula de impenhorabilidade inserida pelo doador do imóvel não tem aplicabilidade em execução de débitos trabalhistas.

(9) A Justiça do Trabalho possui competência para processar e julgar ação com a finalidade de proibir a publicação, por jornais de grande circulação, de anúncios de emprego com cunho discriminatório.

Gabarito

Todos os julgados foram abordados no Informativo TST nº 216.

1 – V 2 – V 3 – F 4 – F 5 - F 6 – F 7 - F 8 – V 9 - F