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1 DIREITO PENAL VI Denis Pigozzi Bibliografia GONÇALVES, Vitor Rios. Direito penal esquematizado. Saraiva. DAMÁSIO DE JESUS. Vol. 3 e 4. Saraiva. CAPEZ, Ferando. Vol. 3. MASSON, Cleber. Editora Método. STEFAN, André. BITENCOURT 10/08/2011 Título IX DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA Este título é composto por 3 crimes: a. Incitação ao crime, art. 286 CP b. Apologia de crime ou criminoso, art. 287 CP c. Quadrilha ou bando, art. 288 CP É pacífico!!!!! QUADRILHA OU BANDO: - iter criminis” (cogitação, atos preparatórios, atos executórios, consumação) - atos executórios : determina se tentativa, desistência voluntária, arrependimento eficaz. - atos preparatórios : em regra não são puníveis pelo Direito Penal. Exceção : quadrilha ou bando, mas necessita a prova de vínculo permanente e estável. É crime autônomo. - exaurimento: somente para fixação da pena. - Se não há vínculo permanente e estável = art. 29 (concurso de agentes). - Sempre que quadrilha ou bando comete crime: concurso material : art. 288 CP c.c. art. 171 (por exemplo).

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1

DIREITO PENAL VI

Denis Pigozzi

Bibliografia

GONÇALVES, Vitor Rios. Direito penal esquematizado. Saraiva.

DAMÁSIO DE JESUS. Vol. 3 e 4. Saraiva.

CAPEZ, Ferando. Vol. 3.

MASSON, Cleber. Editora Método.

STEFAN, André.

BITENCOURT

10/08/2011

Título IX

DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

Este título é composto por 3 crimes:

a. Incitação ao crime, art. 286 CP

b. Apologia de crime ou criminoso, art. 287 CP

c. Quadrilha ou bando, art. 288 CP

É pacífico!!!!!

QUADRILHA OU BANDO:

- “iter criminis” (cogitação, atos preparatórios, atos executórios, consumação)

- atos executórios: determina se tentativa, desistência voluntária,

arrependimento eficaz.

- atos preparatórios: em regra não são puníveis pelo Direito Penal. Exceção:

quadrilha ou bando, mas necessita a prova de vínculo permanente e estável. É

crime autônomo.

- exaurimento: somente para fixação da pena.

- Se não há vínculo permanente e estável = art. 29 (concurso de agentes).

- Sempre que quadrilha ou bando comete crime: concurso material: art. 288 CP c.c.

art. 171 (por exemplo).

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Lembrando...

- crime comum: pode ser cometido por qualquer pessoa.

- crime próprio: exigem sujeito ativo especial ou qualificado.

Pode ser: puro ou impuro.

- crime material: exige resultado naturalístico para sua consumação.

(há lesão ao bem jurídico tutelado).

- crime formal: não exige, para sua consumação, resultado naturalístico.

- crime de atividade: crime exaurido; que se contentam com atividade humana

descrita no tipo, havendo ou não resultado naturalístico.

- crime de mera conduta: delitos que não comportariam ocorrência de resultado

naturalístico, contentando-se em punir a conduta do agente.

- crime de forma livre: pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.

- crime de forma vinculada: são cometidos por fórmula expressamente prevista

no tipo penal.

- crime comissivo: o verbo implica ação do agente.

- crime omissivo: cometidos por uma abstenção.

- crime omissivo impróprio / comissivo por omissão: agente tem o dever jurídico de

evitar o resultado (art. 13, §2º CP).

- crime omissivo por comissão: cometidos por abstenção, mas praticados por ação

de alguém ) ex. alguém impede (força) outrem de socorrer ferido.

- crime permanente: cuja consumação se prolonga no tempo.

- crime instantâneo: cuja consumação se dá com uma única conduta que não

produz resultado que se prolonga no tempo.

- criem de dano: se consumam com a efetiva lesão a um bem jurídico tutelado.

- crime de perigo comum abstrato: coloca número indeterminado de pessoas

em perigo, que é presumido pela lei.

- crime plurissubjetivo: delito que somente pode ser cometido por vários sujeitos.

- crime unissubsistente: admite sua prática por meio de um único ato.

- crime plurissubsistente: delito cuja ação é composta por vários atos, permitindo

seu fracionamento.

- crime vago: são aqueles que não possuem sujeito passivo determinado, contra a

coletividade.

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Quadrilha ou Bando

Art. 288 CP

Quadrilha ou bando

Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer

crimes:

Pena - reclusão, de um a três anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)

Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.

Objetividade jurídica: é a paz pública.

Antes de tudo, a quadrilha é um crime de perigo, pois basta a associação, ou seja, a

formação da quadrilha já é crime. Trata-se de crime autônomo em relação aos

outros crimes praticados pela quadrilha (concurso material). Se consuma com a

mera associação (deve-se provar, o que é difícil na prática).

Sujeito passivo: COLETIVIDADE.

Vale lembrar que crime vago é aquele que possui como sujeito passivo um ente

que carece de personalidade jurídica, como por exemplo, a sociedade, a

coletividade.

Atenção: não confundir crime vago com crime falho, pois este é sinônimo de

tentativa perfeita, ou seja, o agente esgotou toda fase executória do crime que não

se consuma por circunstância alheias à vontade do agente. Por fim, não confundir

crime vago com quase crime, pois este é sinônimo de crime impossível.

Sujeito ativo: qualquer pessoa, lembrando que se trata de crime

plurissubjetivo, Precisa-se de, pelo menos, 4 pessoas para formar a quadrilha

(rixa = 3 pessoas, tráfico de drogas = 2 pessoas).

Considera-se menores para atingir o número de 4? Sim, pois a lei só fala em

pessoas. Assim, pode-se contar menores e até inimputáveis, porém os menores

respondem por ato infracional de quadrilha ou bando.

OBS:

- pode-se ter uma quadrilha somente de menores (ato infracional).

- não é necessário identificar todos os elementos, apenas ter certeza de que

havia, no mínimo, 4 pessoas. Por exemplo, no caso de 3 pessoas fugirem e ocorrer

a prisão de apenas 1 pessoa. Quanto maior a quadrilha, mais complexa é a

identificação de seus elementos (caso do PCC).

OBS2:

- além do número de pessoas, há uma segunda característica da quadrilha ou

bando: o vínculo associativo deve ter caráter permanente e organização.

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- cuidado! O vínculo associativo para quadrilha ou bando é para cometer

CRIMES ou DELITOS. Portanto, não há quadrilha para cometer contravenção penal.

Lembrando....

Infração penal é gênero com 2 espécies: (i) crime ou delito, (ii) contravenção penal.

- Há diferença entre quadrilha e bando? NÃO, pois atualmente são expressões

sinônimas. Quando da elaboração do CP (1940), o Brasil era um país

essencialmente rural e assim, considerava-se que o bando praticava crimes na zona

rural e a quadrilha cometia delitos na zona urbana.

- Todos os crimes praticados pela quadrilha devem ter participação de todos os

membros? NÃO, pois até mesmo uma única pessoa pode praticar o fato, importando

que todos tenham acordo, decidido. Pouco importa quantos vão executar o crime.

Todos responderão em concurso material. Portanto, é obrigatório o art. 69 CP.

Concurso material

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,

idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido.

No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

(questão de prova!)

- A quadrilha é crime autônomo, portanto, há concurso material ou real com os

crimes praticados pela quadrilha (art. 69 CP).

- Lembrar que o concurso material é marcado pela prática de 2 ou mais condutas,

resultando no cometimento de 2 ou mais crimes, idênticos ou não.

- Lembrar que para efeito de aplicação da pena, o CP adotou o sistema do cúmulo

material, em que as penas devem ser somadas.

Classificação1

Crime COMUM, FORMAL, DE FORMA LIVRE, COMISSIVO, (excepcionalmente

omissivo impróprio ou comissivo por omissão), PERMANENTE, DE PERIGO

COMUM ABSTRATO, PLURISSUBJETIVO, PLURISSUBSISTENTE, NÃO ADMITE

TENTATIVA.

1 NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado, 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 940.

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17/8

Elementos objetivos do tipo

Associar: Significa reunião, associação, aliança de no mínimo 4 pessoas.

Lembrar mais uma vez que a associação acima dita é diferente do concurso de

agentes (art. 29 CP), uma vez que neste último não há necessidade da

comprovação do liame subjetivo ser permanente e estável, diferentemente da

“quadrilha ou bando” que tem estas características.

É óbvio que o vínculo permanente não precisa durar a vida inteira. O que importa é a

intenção da permanência.

Exemplo: 5 amigos praticam assalto: neste caso o vínculo é ocasional, traduzindo

mero concurso de agentes, ou seja, estão juntos apenas para aquele crime.

Elemento subjetivo: DOLO.

A finalidade da quadrilha é cometes CRIMES. Devem ser dolosos; não podem ser

contravenções penais, nem crimes culposos.

Cuidado! Existe também o crime de associação para o tráfico de drogas, previsto no

art. 35 da Lei 11.343/06, em que a lei exige de pelo menos 2 ou mais agentes.

A quadrilha não precisa praticar os outros crimes para existir. Basta a intenção de

praticá-los. Em outras palavras, a quadrilha é um crime autônomo, bastando ter a

finalidade de praticar os outros crimes.

Consumação e tentativa

Lembrando.....

A consumação do crime é a fase derradeira do iter criminis (o exaurimento

não faz parte do iter criminis mas é importante para a fixação da pena nos crimes

formais), por sua vez, a consumação do crime é importante por 2 motivos:

(i) de acordo com o art. 111 CP, o início da contagem do prazo

da PRESCRIÇÃO da pretensão punitiva (PPP) se dá a partir

da consumação do crime, ou seja, foi adotada a teoria do

resultado. No entanto, existem exceções a essa regra:

conforme art. 111, IV CP, nos casos dos crimes de bigamia e

nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro

civil, pois nesses casos, a mencionada prescrição começa a

ser contada da data em que o fato se tornou conhecido.

(ii) a consumação também é importante para marcar o FORO

competente de acordo com o art. 69, I CPP.

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Em relação ao momento consumativo do delito “quadrilha ou bando”, podemos dizer

que ocorre no momento da associação para a prática de crimes. Cuidado! Não se

esquecer das seguintes frases:

“Com relação ao iter criminis, a fase da cogitação não é punida pelo direito penal.”

“Em regra, os atos preparatórios não são puníveis pelo Código Penal, exceto que

já constitua crimes autônomos, como por exemplo, o crime de quadrilha ou bando.”

“Na fase da execução do crime é que ocorre, salvo as exceções acima indicadas, a

punição do crime, pelo menos a título de tentativa, desistência voluntária,

arrependimento eficaz.”

A tentativa é possível? NÃO, porque a quadrilha já é um ato preparatório para outros

crimes. Porém o legislador a considerou um crime autônomo, já tipificou um ato

preparatório.

Associar-se traduz conduta de crime permanente, que admite a prisão em flagrante

a qualquer momento, enquanto não cessada a permanência.

Lembrando.... Tentativa:

- Só cabe em crime doloso, SALVO nos casos de CULPA IMPRÓPRIA.

- Só cabe a partir dos atos preparatórios.

- A consumação é evitada por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Lembrando....

Princípios da Ação Penal Privada:

- oportunidade (só inicia se quiser),

- disponibilidade (o querelante pode desistir),

- indivisibilidade (renúncia tácita: extinção da punibilidade),

- intranscendência.

Causa de aumento de pena (art. 288, parágrafo único)

A pena aumenta em dobro quando a quadrilha ou bando for armado. Qualquer arma,

seja própria ou imprópria.

Basta que a quadrilha ou bando armado possua armas a sua disposição, não sendo

necessário seu porte. Além disso, em outra situação, basta que um dos quadrilheiros

esteja armado para a incidência de causa de aumento de pena.

“Delação premiada”

Existe “quadrilha ou bando” para a prática de crimes hediondos e equiparados.

Conforme art. 8, parágrafo único da Lei 8.072/90, existe a possibilidade do delator

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que comunica a autoridade a existência do bando ou quadrilha ter sua pena

diminuída de 1/3 a 2/3.

Por outro lado, a Lei 9.807/99, art. 14 e art. 15, prevê a possibilidade de perdão

judicial ou redução de pena ao delator, desde que preenchidos os requisitos legais

(dentre ele, primariedade).

Título XI – Parte Especial

DOS CRIMES CONTRA A ADMINSITRAÇÃO PÚBLICA

Capítulo I

Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral

Arts. 312/ 327 CP

Inicialmente, ressalta-se que os crimes dos arts. 312/326 do CP são

considerados próprios porque a lei exige uma qualidade especial do sujeito ativo

para praticá-los, no caso, ser funcionário público (= intraneus, palavra latina que

significa funcionário público)

A doutrina classifica esses crimes de “funcionais próprios e impróprios”.

Os crimes funcionais próprios são aqueles em que retirada a qualidade de

funcionário público, o fato se torna atípico (atipicidade absoluta, exemplo, crime de

prevaricação).

Os crimes funcionais impróprios são aqueles em que, retirada a qualidade

de funcionário público, ocorre a transformação para outro crime (atipicidade

relativa, exemplo: do crime de peculato, ocorre a migração para o crime de furto ou

de apropriação indébita, dependendo de posse vigiada ou desvigiada).

Lembrando.... no caso de transformação do tipo penal pelo fato do agente

provar não ser funcionário público, há mudança dos fatos. O promotor pode fazer

aditamento (5 dias) e, recusando-se, o juiz aplicará art. 384 CPP (mutatio libelli) que

remete ao art. 28 CPP (encaminhamento ao PGJ).

Funcionário público

Art. 327 CP

Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem embora transitoriamente ou sem

remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

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OBS:

PARTÍCIPE: vale o art. 30 CP, ou seja, o partícipe não-funcionário público, responde

como funcionário público, pois a qualificação está expressa no tipo penal. (exemplo

de caso contrário ao descrito: partícipe que ajuda filho a matar ascendente, pois o

tipo do art. 121 indica “alguém”. Nesse caso, não incide a agravante de “ascendente”

para o partícipe).

Art 30 CP: Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando

elementares do crime.

24/08

Funcionário público para efeitos penais

De acordo com art. 327 CP, funcionário público para efeitos penais é quem embora

transitoriamente ou sem remuneração exerce CARGO, EMPREGO ou FUNÇÃO

PÚBLICA.

Exemplo: mesário de eleição pública, jurado, estagiário, juiz, promotor.

Cargo público = é aquele criado por lei, com número certo, denominação

própria e pago por cofres públicos. Ex: promotor, juiz, delegado de polícia etc.

Emprego público = é aquele contratado pelo Estado para serviços

temporários sob o regime da CLT.

Função pública = é aquela função exercida pelos Poderes Executivo,

Legislativo, Judiciário. Ex. jurado, mesário, etc.

Atenção: “defensor dativo”

São funcionários públicos:

- peritos,

- tradutor judicial (se torna perito).

Não são funcionários públicos:

- curadores e tutores (não exercem função pública),

- inventariante, depositário, administrador judicial.

- defensor dativo (exerce função privada).

Funcionário público por equiparação

Art. 327, §1º CP §1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade

paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a

execução de atividade típica da Administração Pública.

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De acordo com o art. 327, §1º CP, é aquele que exerce cargo, emprego ou função

pública em entidade paraestatal e quem trabalha para empresa prestadora de

serviço contratada ou conveniada para execução de atividade típica da

administração pública.

Paraestatal: envolve as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e

sociedade de economia mista. Todo crime (civil e penal) praticado contra sociedade

de economia mista (ex. BB, Petrobrás) será apurado na JUSTIÇA ESTADUAL (súm.

42 STJ).

Exemplo: funcionário do BB de que tem posse comete peculado, pois é funcionário

público por equiparação.

Empresa prestadora de serviço: é a terceirização da atividade estatal nas

diferentes áreas: saúde, limpeza, concessionárias (Ecovias). Logicamente, desde

que exerçam atividade típica da administração pública. (CAI NA PROVA)

Qual é o alcance dessa equiparação?

Para concursos estaduais, seguindo entendimento majoritário da doutrina, a

equiparação restringe-se aos autores de crimes funcionais. Por sua vez, os

funcionários públicos por equiparação NÃO podem ser vítimas dos crimes

praticados contra a administração pública.

Exemplo: Funcionários do BB podem praticar peculato (ação), mas não podem ser

vítimas do crime de desacato previsto no art. 331 CP.

Por outro lado, para concursos federais com suporte em algumas decisões do

STF, a equiparação tem caráter geral, isto é, tais funcionários podem praticar e

sofrer o crime.

Exemplo: funcionário do BB pode praticar o crime de peculato e ser vítima do crime

de desacato.

Causa de aumento de pena

Art. 327, §2º

§2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo

forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da

administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo

poder público.

A pena aumenta-se em 1/3 se o autor desses crimes ocupar:

cargo EM COMISSÃO: são cargos de confiança, assim o crime será

mais grave, pois há quebra da confiança.

direção ou função de assessoramento de órgão da administração

direta ou entidade paraestatal.

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Concurso de agentes em crime funcional

O particular responde como funcionário público, ou seja, pratica o crime funcional

desde que ele tenha conhecimento de que está agindo com um funcionário público.

Não se esquecer na regra prevista no art. 30 CP. (“não se comunicam as circunstâncias e

as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”).

(CP adotou a responsabilidade penal subjetiva – deve-se provar dolo ou culpa).

Em suma, para as circunstâncias pessoais se comunicarem é necessário:

- ser ELEMENTAR do crime.

- SABER que o comparsa é funcionário público.

CONCUSSÃO

Art. 316 CP

Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de

assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Pena: reclusão, de 2 a 8 anos, e multa.

Excesso de exação

§1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou ,

quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. Pena:

reclusão de 3 a 8 anos, e multa.

§2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para

recolher aos cofres públicos. Pena: reclusão de 2 a 12 anos, e multa.

Exigir propina em razão da função.

Objetividade jurídica: administração pública, envolvendo a probidade e a

moralidade administrativa.

Sujeito ativo: funcionário público (intraneus) ou terceiro partícipe (extraneus).

Sujeito passivo: coletividade.

Tipo objetivo:

EXIGIR

significa impor como obrigação, um querer coercitivo, envolve coação,

ameaça. Como veremos, na CONCUSSÃO ocorre a exigência ao passo que no

crime de CORRUPÇÃO PASSIVA é verificado a solicitação.

A ameaça, na concussão, realizada pelo funcionário público tem que ser em razão

da função que ele exerce.

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Exemplo: policial (prender, investigar); juiz (condenar); promotor (denunciar,

processar). Se a exigência não tiver ligação com a função pública, será crime de

EXTORSÃO.

Portanto, para que ocorra o crime de concussão, deve-se provar o nexo causal com

a função pública exercida.

Importante: saber diferenciar concussão e extorsão.

A ameaça pode ser:

- direta ou indireta (feita por mensageiro),

- expressa ou implícita (velada),

- fora do exercício da função ou antes de assumi-la (ex. em férias)

Objeto material

Vantagem indevida.

A natureza dessa vantagem tem que ser econômica ou patrimonial, de acordo com a

doutrina e a jurisprudência majoritárias, uma vez que a concussão é decorrente da

extorsão.

Caso a vantagem seja devida, o crime será de abuso de autoridade.

Se a vantagem for sexual, será estupro.

Tipo subjetivo

DOLO, e a vantagem deve ser para si ou para outrem.

E se a exigência for para a própria administração pública?

Responde por EXCESSO DE EXAÇÃO. Ele não pratica concussão porque a

expressão “outrem” exclui a Administração Pública, esta é vítima. No entanto, é

possível a configuração de outros crimes, tais como o de abuso de autoridade (Lei

4.898/65) e também o de excesso de exação (art. 316, §1º, CP).

31/8

Consumação e tentativa

Trata-se de crime formal ou de consumação antecipada ou de evento naturalístico

cortado porque se consuma no momento da exigência. Assim, o momento do

recebimento da vantagem é mero exaurimento. Importância prática: dosimetria da

pena.

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OBS: No momento da entrega do dinheiro não é possível a prisão em flagrante, até

porque não há o enquadramento em nenhuma das hipóteses de flagrante, sendo

possível apenas a decretação de prisão preventiva.

Lembrando......

Diferenças entre as prisões “temporária” (prevista na Lei 7.960/89) e “preventiva”, a

saber:

a) a prisão temporária NUNCA pode ser decretada de ofício; já a prisão preventiva

pode ser decretada de ofício pelo juiz (art. 311CPP);

b) a prisão preventiva pode ser decretada na fase do IP e da ação penal; já a prisão

temporária só pode ser decretada na fase do IP e NUNCA na fase da ação penal;

c) prazo: a prisão temporária tem prazo de 5 dias podendo ser prorrogada por mais

5 dias em caso de extrema gravidade, e de 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias,

nas mesmas circunstâncias para crimes hediondos e equiparados; NÃO há prazo

para a duração da prisão preventiva.

Tentativa

É possível quando feita por escrito. Por exemplo: carta que se extravia antes de

chegar ao conhecimento da vítima. A exigência só se aperfeiçoa quando a vítima

toma conhecimento.

Por outro lado, a tentativa NÃO é possível se for praticada verbalmente, pois trata-se

de crime unisubsistente.

PECULATO

Art. 312 CP

Espécies

1. Peculato apropriação

Art. 312, caput, 1ª parte

2. Peculato desvio

Art. 312, caput, 2ª parte

3. Peculato furto

Art. 312, §1º

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4. Peculato mediante erro de outrem (“peculato estelionato”)

Art. 313

5. Peculato eletrônico

Art. 313-A, art. 313-B

Todas essas 5 são modalidade DOLOSAS.

6. Peculato culposo

Art. 312, §2º

CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS ESPÉCIES DE PECULATO

Objetividade jurídica

É a probidade, a moralidade da administração pública.

Sujeito ativo

- Trata-se de crime próprio porque é praticado pelo funcionário público admitindo

ainda a possibilidade do particular cometê-lo em concurso de agentes com o

funcionário público (art. 30 CP).

Sujeito passivo

- é a coletividade para alguns e a administração pública, para outros.

PECULATO CULPOSO

Art. 312, §2º

§2º Se o funcionário concorre culposamente para crime de outrem. Pena: detenção, de 3 m a 1 ano.

Em breves palavras, neste crime a conduta culposa do funcionário público ajudou a

conduta dolosa de terceiro.

Ex. funcionário público esquece janela aberta e meliante entra e roupa PC.

Por sua vez, aqui não se fala em concurso de agentes por não haver

homogeneidade de elemento subjetivo (unidade de designío).

3 modalidades de culpa:

- imprudência (é a culpa de quem AGE),

- negligência (é a culpa de quem se OMITE),

- imperícia (falta de aptidão técnica para exercício de arte ou profissão).

7 elementos do crime culposo:

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a) conduta voluntária;

- (caso a coação física seja irresistível, temos uma excludente de

tipicidade, exclui a vontade);

- caso a coação moral seja irresistível, exclui a exigibilidade de

conduta diversa e, portanto, a culpabilidade.

- caso a coação moral seja resistível, temos uma circunstância

atenuante genérica do art. 65, III, “c”.

b) resultado involuntário;

c) nexo de causalidade;

d) tipicidade (somente se previsto em lei);

e) previsibilidade objetiva;

f) ausência de previsão, SALVO na culpa consciente;

g) quebra do dever objetivo de cuidado (se manifesta pela imprudência, negligência

ou imperícia);

h) imputação objetiva.

Consumação e tentativa

- Ocorre com a consumação do crime de outrem.

- Atenção: se um terceiro é pego em flagrante quando estava saindo com o bem,

responde por tentativa de furto, enquanto o fato é atípico para o funcionário público

porque não há tentativa de crime culposo.

Reparação do dano

Art. 312, §3º

§3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue

a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Há 2 regras para peculato CULPOSO:

a) caso a reparação ocorrer até o trânsito em julgado da sentença condenatória,

a punibilidade do réu será extinta;

b) caso a reparação ocorrer depois do aludido trânsito em julgado, a pena será

reduzida pela metade.

Atenção !!!!

A regra da reparação do dano no crime de peculato DOLOSO, segue a regra geral

do art. 16 CP, no caso, o arrependimento posterior.

- antes do recebimento da denúncia ou queixa;

- ato voluntário do agente;

- sem violência ou grave ameaça;

- reparação integral do dano ou restituição da coisa.

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PECULATO APROPRIAÇÃO

Art. 312, caput, 1ª parte Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou

particular de que tem a posse,

Antes de tudo: só há que se falar no crime de peculato quando o bem móvel estiver

CUSTODEADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Ex. policial, durante a “batida”, se apropria de celular de cidadão que estava no

banco do carro.

- Há POSSE do bem.

Tipo objetivo

APROPRIAR-SE: é fazer sua coisa alheia da qual tinha POSSE anterior.

Tem como pressuposto a POSSE FUNCIONAL DA COISA (dinheiro, valor, ou

qualquer outro bem móvel).

Na verdade, há inversão do título sobre a coisa, ou seja, a pessoa tinha a

posse e passa a ter a propriedade (animus rem sibi habendi).

14/8 – PROVA

21/9

Objeto material

Engloba o dinheiro, valor ou outro bem móvel, público ou particular.

Bem imóvel NÃO pode ser objeto de peculato.

Bem móvel é qualquer coisa que pode ser apreendida ou transportada. Ex. navio,

carro, aeronave.

Cuidado! Um chefe de repartição se serve de serviços dos funcionários públicos

subordinados para que prestem serviços a ele, NÃO caracteriza peculato, pois não

há previsão no tipo penal.

A prestação de serviço não é dinheiro, valor ou bem móvel. Trata-se de fato atípico

para peculato, com exceção dos prefeitos que cometem crimes previstos no

Decreto-Lei 201/67 que dispõe sobre a responsabilidade de prefeitos e vereadores e

dá outras providências.

PECULATO MALVERSAÇÃO

O peculato pode ter por objeto bem particular quando este estiver custodiado,

apreendido pela Administração Pública. Ex. carro apreendido.

Questão:

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16

A droga apreendida no DP e posteriormente apropriada pelo funcionário público gera

peculato? Art. 33, III, Lei 11.343/06.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à

venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,

ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem

autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a

1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse,

administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que

gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

Tipo subjetivo

Trata-se de crime doloso e, além disso, a coisa móvel tem que ser revertida em

proveito próprio ou alheio.

OBS: se for em benefício da própria administração pública, NÃO é peculato,

podendo caracterizar o crime de emprego irregular de rendas ou verbas públicas

(art. 315, CP).

Consumação e tentativa

Ocorre a consumação no momento da apropriação que se efetiva quando o agente

começa a agir como se dono fosse do bem (pratica atos de proprietário). É até

possível falar-se em tentativa de peculato apropriação, mas na prática é muito difícil

sua ocorrência.

PECULTATO DESVIO

Art. 312, caput, 2ª parte (...) ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

Em breves palavras, no peculato-desvio o funcionário público também tem a posse

do objeto material em decorrência do cargo. Na verdade, apresenta as mesmas

características do peculato apropriação, mudando apenas o núcleo-verbo do tipo:

“desviar”.

Tipo objetivo

Significa alterar o destino como, por exemplo, o dinheiro que era destinado à

educação ser desviado para pagar empreiteiro.

Tipo subjetivo

É o dolo de desviar em benefício próprio ou alheio.

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Consumação e tentativa

Ocorre quando a coisa chega no outro destino. A tentativa é possível quando o

desvio não se efetiva por circunstâncias alheias à vontade do agente.

PECULATO DE USO

É a figura de quem se utiliza do bem e depois o devolve. De acordo com a

jurisprudência e doutrina, essa figura do peculato de uso é atípica, em se tratando

de bem infungível, pois o agente não tem o dolo de se apropriar ou de desviar.

Porém não se pode falar em peculato de uso em bens fungíveis, pois nesses casos,

há sempre apropriação ou desvio, como por exemplo, dinheiro.

É crime ou não?

Não é crime se o bem é infungível. No caso de carro público, se discute se é bem

fungível ou infungível (posição prof. Denis e prof. James). Nesse caso, pode-se

enquadrar pela apropriação da gasolina.

Gasolina: há que entenda (MP) que é crime, pois se trata de coisa fungível. Ao

contrário, há quem entenda (Defensoria Pública) que o fato é atípico.

PECULATO FURTO

Art. 312, §1º

§1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor

ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de

facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Quem pratica peculato furto?

É o funcionário público que NÃO tem a posse do bem, portanto, ele subtrai este. Ao

contrário, se o funcionário público tiver a posse do bem, configura-se peculato

apropriação ou desvio.

Elementos objetivos do tipo

Subtrair: significa tirar da esfera de disponibilidade.

Concorrer dolosamente para que seja subtraído: significa facilitar, ajudar a

subtração do outro (terceiro). Exemplo: deixar a porta aberta, fornecer a senha ou

crachá, etc.

Ambos responderão por crime de peculato furto, mesmo que o terceiro seja

particular (art. 30, CP).

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Importante: “elementar” vem de elemento, essência. Na verdade, elementar é todo

componente essencial da figura típica sem a qual esta desaparece ou se transforma

em outra (atipicidade absoluta ou relativa). Geralmente, as elementares estão no

caput do artigo, mas também podem estar inseridas nos parágrafos como, por

exemplo, quando o CP assim dispõe: “aplica-se a mesma pena....”.

Ex. Art. 155, CP - não é elementar.

Art. 312, §1º, CP - é elementar.

Valendo-se da facilidade que lhe proporciona... : se praticar o furto SEM

se valer da facilidade, responde pelo crime de furto do art. 155, CP.

Tipo subjetivo

Crime doloso acrescido de uma finalidade especial (elemento subjetivo específico do

tipo) consistente em que o bem seja revertido em proveito próprio ou alheio.

Consumação e tentativa

Ocorre quando o funcionário público subtrai ou 3º pratique tal conduta. Exige-se que

a posse seja tranquila e vigiada.

Tentativa é possível quando a subtração não se verifica por circunstâncias alheia à

vontade do agente.

PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM

Art. 313

Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de

outrem;

Pena – reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.

É impropriamente conhecido como peculato estelionato (art. 171, CP). Na visão de

grande parte da doutrina, a denominação de peculato estelionato não está correta

porque não estão presentes os requisitos do estelionato. Se o funcionário público se

utilizar uma fraude para enganar alguém, ele cometerá estelionato.

Tipo objetivo

Apropriar-se: neste crime, terceiro errou e após isso o funcionário se

apropria. Hoje os pagamentos são feitos no estabelecimento bancário, dificilmente o

pagamento é feito em órgãos públicos para o funcionário público. Desta forma, o tipo

penal perdeu relevância.

28/9 – correção da prova.

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5/10

PREVARICAÇÃO

Art. 319, CP

Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa

de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.

A prevaricação é um crime subsidiário, ou seja, só configura o artigo 319, CP

se não houver sucesso na caracterização da corrupção passiva (art. 317, CP) ou

concussão (art. 316, CP). Segundo expressão de Nelson Hungria, trata-se de

“soldado de reserva”.

Objetividade jurídica

Administração pública.

Sujeito ativo

Funcionário público (crime próprio).

É possível concurso de agentes na prevaricação apenas a título de participação.

Podemos ainda dizer que a prevaricação é um crime de mão própria, pois somente

pode ser

Ambas as condutas omissivas vêm acompanhada de um elemento

normativo do tipo (depende de um juízo de valor do magistrado). No caso, tal

elemento se refere à palavra “indevidamente”.

Na verdade, deve se verificar se houve ou não justa causa para tal

comportamento. Assim, .... só será a conduta sem justo motivo.

Ainda dentro desse tópico, temos a conduta “praticar” aliás, comissiva.. Tal

conduta também vem acompanhada de outro elemento normativo do tipo, no

caso, “contra a lei”.

Objeto Material

É toda a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do agente.

É importante destacar que a maioria dos crimes tem objeto material, salvo

algumas exceções como, por exemplo, ato obsceno (art. 233, CP) e o de falso

testemunho (art. 342, CP).

Vale lembrar que objeto material impróprio diz respeito ao crime impossível ou

quase-crime, que leva à atipicidade do fato.

No caso da prevaricação, o objeto material é o ato de ofício (ato que está

dentro do rol de atribuições do funcionário público).

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Exemplo: fiscal do IBAMA deixa amigos pescarem na época da piracema.

Tipo subjetivo

NÃO pode ser praticado na forma culposa porque não há previsão legal.

Dessa forma, só é punido a título de DOLO, acrescido do elemento subjetivo

específico do tipo, traduzido pela expressão “para satisfazer interesse ou sentimento

pessoal”.

Exemplo: “A teve dolo de privar a liberdade de B”.

Pode ser tipificado: sequestro + cárcere privado (art. 148, CP)

Pode ser tipificado: extorsão mediante sequestro (art. 159, CP),

nesse caso, o tipo estabelece um fim específico.

OBS

- “sentimento pessoal” é uma relação de afetividade ou falta de afetividade entre

as pessoas. Exemplos: amizade, ódio, amor, vingança.

- “interesse pessoal” é qualquer vantagem, inclusive a moral,

ressaltando que se a vantagem for econômica, pode ser caracterizado os crimes de

corrupção passiva ou concussão.

Exemplo: um funcionário agiu para obter uma vantagem a terceiro (o interesse pode

ser pessoal, e a vantagem de 3º pessoa).

Consumação

No momento da omissão ou da prática do ato. Basta que o agente queira satisfazer

sentimento ou interesse pessoal, ele não precisa conseguir (crime formal).

Tentativa

NÃO se admite nas condutas omissivas, lembrando que a prevaricação é um

crime omissivo próprio, ou puro. É aquele em que já está definido no CP como tipo

penal autônomo.

É possível a ocorrência de tentativa embora na prática seja difícil de ocorrer,

apenas da conduta COMISSIVA (no caso, “praticar”).

Lembrando...

Os crimes impróprios ou comissivos por omissão (não é o caso em tela) são aqueles

em que há necessidade da presença de uma norma de extensão, no caso o art. 13,

§2º , CP para o perfeito enquadramento da conduta ao tipo penal, uma vez que em

tais hipóteses deste artigo estão mencionados exemplos jurídicos de agir.

Foi adotada a teoria normativa da omissão. Nesse caso, o omitente SEMPRE

responde pelo resultado.

Por sua vez, o crime omissivo impróprio admite TENTATIVA.

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CUIDADO !!!!!!

O superior hierárquico que deixa de punir o inferior hierárquico por, amizade,

piedade etc comete o crime condescendência criminosa do artigo 320, CP.

Condescendência criminosa

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração

no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da

autoridade competente:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA

Art. 319-A

Deixar o Diretor e Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o

acesso a aparelho eletrônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou

com ambiente externo;

Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano.

Foi introduzido no CP pela Lei 11.466/2007.

Objetividade jurídica (objeto jurídico)

Administração pública.

Sujeito ativo

É o diretor da penitenciária ou agente público que lá atue (crime próprio).

OBS

O particular que ingressa com o celular ou pratica outras condutas típicas incorrerá

no crime do art. 349-A. Trata-se de exceção pluralista à teoria monista.

Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho

telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em

estabelecimento prisional.

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Sujeito passivo

Estado e a coletividade.

Elementos objetivos do tipo

- “deixar de cumprir seu dever vedar”: o agente deixa de fiscalizar, de revistar.

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- “penitenciária”: para a maioria dos autores, tal expressão está no sentido amplo,

ou seja, engloba qualquer estabelecimento penal. (Penitenciária engloba CDP -

Centro de Detenção Provisória).

- “aparelho”: qualquer aparelho que tenha condições de permitir a

comunicação, não precisando ocorrer.

- os acessórios por si só (ex. bateria) não configuram crime.

Lembrando...

- regime fechado = penitenciária de segurança máxima ou média.

- regime semi-aberto = colônia penal rural

- regime aberto = casa do albergado.

Consumação

Não há necessidade de efetiva comunicação do preso, basta que o aparelho tenha

entrado no estabelecimento penal. Assim, a consumação se dá com a OMISSÃO do

agente público.

Tentativa

NÃO é possível por se tratar de crime omissivo próprio.

OBS: Se o funcionário recebe dinheiro, comete o crime de corrupção passiva (art.

317, CP) e não o de prevaricação imprópria, aliás, crime subsidiário.

CORRUPÇÃO PASSIVA

Art. 317

Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou

antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa para tal vantagem;

Pena – reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.

CORRUPÇÃO PASSIVA (art. 317) - solicitar, receber, aceitar.

Funcionário Público (solicitar) – corrupção passiva. Terceiro (pagar) – NÃO comete crime.

CORRUPÇÃO ATIVA (art. 333) - oferecer, prometer

Terceiro (oferecer) – art. 333 Funcionário Público (receber) – art. 317 - ambos cometem crime. Terceiro (oferecer) – comete crime – art. 333 Funcion. Públ. (recusar) = NÃO comete crime.

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- 3 verbos: solicitar, receber, aceitar.

- Resultado naturalístico (modificação que ocorre no mundo dos fatos)

- crime material: tem e é imprescindível

- crime formal: tem resultado naturalístico, mas é prescindível.

- crime de mera conduta: não tem resultado naturalístico.

- Nesse caso: as 3 condutas são crime formal E o exaurimento do crime é causa de

aumento de pena (3ª fase de fixação da pena).

- Antes de tudo, conforme já estudado, no crime de concussão (art. 316, CP), quem

concede a vantagem NÃO pratica crime (não há bilateralidade entre as condutas do

funcionário público e do particular).

- No crime de corrupção passiva ocorre um negócio entre as partes; há um acordo

de vantagens, em que podemos ter 2 crimes: no caso, o de corrupção passiva, art.

317, CP e o de corrupção ativa, art. 333, CP. (pode haver bilateralidade entre as

condutas do funcionário público e do particular).

QUESTÃO

É correto falar que toda vez em que há o crime de corrupção passiva também

haverá o delito de corrupção ativa?

NÃO, pois quando a iniciativa da conduta for do funcionário público

(“solicitar”), somente haverá o crime de corrupção passiva, mesmo que o particular

pague a propina pedida.

Ao contrário, quando a iniciativa da conduta for do particular (“oferecer”,

“prometer vantagem indevida”), podemos ter a prática dos 2 crimes acima citados

desde que o funcionário público receba ao aceite a promessa de tal vantagem.

É lógico que se houver rejeição por parte do funcionário público, apenas

haverá o crime de corrupção ativa do art. 333, CP.

Vale ressaltar que a ocorrência dos dois crimes mencionados, configura

exceção pluralista à teoria monista. Na TEORIA MONISTA, adotada em regra pelo

CP, todos os criminosos, sejam coautores ou partícipes, respondem pelo mesmo

crime; já na teoria pluralista, cada um dos criminosos deve responder por um crime

diferente, como por exemplo, o caso aqui tratado e os crimes dos art. 124 e 126, CP,

cometidos, respectivamente, pela gestante que dá o consentimento e terceiro que

pratica as manobras abortivas. (cai na prova!).

Elementos objetivos do tipo

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- “solicitar”: pedir, NÃO tem ameaça nem exigência.

- “receber”: entrar na posse.

- “aceitar promessa”: concordar com a proposta.

Tal como na concussão, no crime de corrupção passiva, a conduta praticada

pode ser direta ou indireta, e pode ser realizada fora do exercício da função ou antes

de assumi-la, mas em razão dela (vantagem indevida).

Em breves palavras, no crime de corrupção passiva, o funcionário recebe

dinheiro para cumprir ou deixar de cumprir o seu ato funcional.

A doutrina classifica a corrupção passiva em: própria e imprópria:

Corrupção própria: solicita, recebe ou aceita vantagem para praticar ou

deixar de praticar ato desconforme sua atribuição funcional.

Corrupção imprópria: o funcionário público solicita, recebe ou aceita

vantagem para fazer ou deixar de fazer o que é de sua atribuição. Exemplo:

investigador de polícia que recebe dinheiro para procurar carro roubado.

Exceções

- RECOMPENSA: o recebimento de recompensa por parte do funcionário público

não acarreta crime porque tem caráter genérico. Não se confunde com o

oferecimento direto ao funcionário que configura crime de corrupção passiva porque

perde a característica de generalidade da recompensa.

- PRESENTE DE FINAL DE ANO: o recebimento de presente de pequeno valor, a

título de agradecimento por parte do funcionário público NÃO é crime desde que

seja justificado e não ultrapasse o valor de 1 salário-mínimo.

IMPORTANTE

Quando a questão for tributária, fiscal o crime é o do artigo 3º, II da Lei 8.137/90

(crime funcional contra a ordem tributária). Neste dispositivo, a corrupção passiva e

a concussão estão unidas (“exigir” e “solicitar”).

Consumação e tentativa

A corrupção passiva se consuma com a prática com qualquer uma das 3

condutas. Na verdade, trata-se de um crime de ação múltipla ou de conteúdo

variado ou tipo misto alternativo porque a violação de mais de um núcleo-verbo do

tipo, desde que no mesmo contexto fático, implica no cometimento de um só crime.

O crime é formal, nas 3 condutas (solicitar, receber, aceitar) porque o

resultado naturalístico do crime é o que o funcionário vai fazer ou deixar de fazer (é

a contrapartida do funcionário – ação ou omissão) (não é o recebimento da

vantagem). Porém NÃO se exige a OCORRÊNCIA desse resultado para o crime

estar consumado.

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Na verdade, caso ocorra o resultado naturalístico, ou seja, se o funcionário

retardar ou deixar de praticar ato de ofício ou praticar infringindo dever funcional,

temos o exaurimento do crime que, nesse caso, gera causa de aumento da pena

(conforme art. 317, §1º, CP).

Tentativa

É possível, excepcionalmente, se a conduta for escrita (carta) e esta se extraviar

antes de chegar ao destinatário.

Prisão em flagrante

É possível ocorrer prisão em flagrante no momento do recebimento da vantagem

porque se trata de conduta típica (“receber”). Diferentemente da concussão, salvo se

houver reiteração no momento do recebimento.

Elemento subjetivo do tipo

É o DOLO acrescido de uma FINALIDADE ESPECIAL (elemento subjetivo do tipo),

pois a vantagem tem que ser para o próprio funcionário público ou 3ª pessoa.

CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA

Art. 317, §2º

- não tem dinheiro envolvido.

- alguém influente pediu e o funcionário aceitou ou atendeu à influência de outrem.

Na corrupção passiva privilegiada, NÃO SE FALA EM VANTAGEM INDEVIDA (caso

do caput).

05/10

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A

ADMINISTRAÇÃO GERAL

CRIME DE RESISTÊNCIA

Art. 329, CP

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente

para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

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Ex1. mula que deu dedada em agente da polícia federal que deu voz de prisão por

tráfico. Responde por tráfico, resistência e agravada.

Ex2. 4 policiais tentam prender o meliante que recebe a tiros. Trata-se de 1 crime de

resistência e 4 tentativas de homicídio.

Ex3.meliante foge para escapar de prisão. Não é crime.

Ex4: 3º se opõe à prisão de acusado. 3º comete resistência.

Objetividade jurídica

Protege-se a autoridade, o prestígio da administração pública.

Sujeito ativo

Qualquer pessoa, inclusive funcionário público.

A resistência pode ser praticada por 3ª pessoa, isto é, pode se opor à execução de

ato legal, mesmo que este ato não recai sobre ele. (ex. esposa que se opõe à prisão

do marido).

Sujeito passivo

A vítima é o Estado. O funcionário que sofre a violência ou ameaça também pode

ser vítima, mas é uma vítima secundária (pode atuar como assistente de acusação

para eventual reparação do dano, conforme art. 268/273 do CPP).

Lembrando..... vítima não presta compromisso de dizer a verdade, apenas as

testemunhas (art. 203, CPP).

Tipo objetivo

- “OPOR-SE”: significa querer impedir a realização do ato. As formas de

oposição são a violência e a ameaça (não precisa ser grave, a ameaça – promessa

de um mal sério e realizável).

- resistência passiva NÃO é crime como por exemplo quando a pessoa corre, diz

que não será presa. É a resistência sem violência e sem ameaça. Não caracteriza

nem mesmo crime de desobediência e evasão.

- a violência ou ameaça têm que ser contemporânea ao ato. Se o indivíduo já está

preso e tenta fugir com violência, NÃO é resistência porque o ato já foi praticado.

Nesse sentido, a oposição sempre ocorre ANTES ou no momento do ATO,

NUNCA DEPOIS.

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- Exemplo: 4 policiais vão realizar uma prisão e são recebidos a tiros: temos a

prática de 1 só crime de resistência. A resistência se conta pelo número de atos e

não de funcionários;

- “ATO LEGAL”: o ato tem que ser formal e materialmente legal. Dessa forma,

se o ato for ilegal, não configura crime de resistência. Ex. ordem de busca e

apreensão emitida por delegado. Não é ato legal (busca e apreensão é mandado

judicial).

Tipo subjetivo

Crime DOLOSO, ou seja, há a necessidade de querer impedir a execução do ato.

Consumação (pergunta de prova!)

Ocorre no momento da prática de violência ou ameaça (pode ser leve!).

A pessoa não precisa conseguir impedir o ato, basta opor-se a ele mediante

violência ou ameaça.

Havendo exaurimento (o ato legal não se realiza) estará caracterizada a

qualificadora do §1º.

Portanto, trata-se de crime FORMAL.

Lembrando.....

O exaurimento não faz parte do iter criminis, sendo este composto pelas fases da (i)

cogitação, (ii) atos preparatórios, (iii) atos executórios, (iv) consumação.

O exaurimento do crime tem reflexos na pena de crimes formais, podendo

caracterizar as seguintes situações:

a- aumento da pena base (1ª fase);

b- causa de aumento de pena (art. 317, §1º, CP ; 3ª fase);

c- qualificadora (art. 329, §1º, CP).

Tentativa

É possível. Só não será admitida quando a ameaça é verbal.

§2º

- aplica-se a pena da resistência acrescida do que decorrer da violência.

- Exemplos: - resistência + violência

- resistência + morte (Tribunal do Júri)

- resistência + tentativa de homicídio (4 policiais recebidos com tiro = 1

só crime de resistência cc. 4 tentativas de homicídio).

- Só haverá a soma prevista do art. 329, §2º, quando for VIOLÊNCIA, já a ameaça

está absorvida pelo tipo da resistência.

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- Para a jurisprudência também ficam absorvidos pela resistência: desacato,

desobediência e vias de fato (contravenção penal).

CRIME DE DESOBEDIÊNCIA

Art. 330

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

- Trata-se de crime de menor potencial ofensivo (IMPO) porque a pena máxima em

abstrato não é superior a 2 anos, sendo cabível a TRANSAÇÃO PENAL desde que

preenchidos também o requisitos subjetivos.

- O instituto da transação penal mitigou o princípio da OBRIGATORIEDADE da Ação

Penal Pública.

- Fazendo um comparativo com a transação penal, o sourcis processual ou

suspensão condicional do processo, do art. 89 da Lei 9.099/95 para o autor de crime

cuja pena mínima em abstrato não seja superior a 1 ano e desde que o reu também

preencha os requisitos subjetivos.

- Mitigou o princípio da INDISPONIBILIDADE da Ação Penal Pública.

- Não confundir com sourcis processual com sourcis, pois este é a suspensão da

execução da pena imposta e tem as seguintes espécies: (i) simples; (ii) especial; (iii)

etário; (iv) humanitário.

Objetividade jurídica

- o prestígio e a autoridade da Administração Pública.

Sujeito ativo

Qualquer pessoa.

O funcionário público NÃO pratica desobediência no exercício de suas funções. Ele

pratica prevaricação.

No entanto, assim diz o STF: “funcionário público pratica crime de desobediência

quando ele descumprir ordem judicial da qual é destinatário. Caso contrário, será

crime de prevaricação e não desobediência.

Sujeito passivo

Estado (gestor da Administração Pública).

Exemplo clássico: gerente de banco que se recusa a fazer penhora em conta de

cliente obedecendo ordem judicial.

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Exemplo: MP determina ao delegado a instauração de IP. Delegado se recusa,

praticando crime de prevaricação (MP não é juiz!).

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