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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ MARLENE HUEBES NOVAES TURISMO NO ESPAÇO RURAL DE SANTA CATARINA: UMA ANÁLISE DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM, NO ENFOQUE DA GESTÃO AMBIENTAL, DE 2004 A 2006 Balneário Camboriú 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

CENTRO DE EDUCAÇÃO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ

MARLENE HUEBES NOVAES

TURISMO NO ESPAÇO RURAL DE SANTA CATARINA:

UMA ANÁLISE DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM, NO ENFOQUE DA GESTÃO AMBIENTAL, DE 2004 A 2006

Balneário Camboriú 2007

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MARLENE HUEBES NOVAES

TURISMO NO ESPAÇO RURAL DE SANTA CATARINA:

UMA ANÁLISE DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM, NO ENFOQUE DA GESTÃO AMBIENTAL, DE 2004 A 2006

Tese apresentada no Programa de Pós Graduação Stricto Sensu Doutorado em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí Orientadora: Profª. Drª. Dóris Van de Meene Ruschmann.

Balneário Camboriú 2007

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MARLENE HUEBES NOVAES

TURISMO NO ESPAÇO RURAL DE SANTA CATARINA: UMA ANÁLISE DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM,

NO ENFOQUE DA GESTÃO AMBIENTAL, DE 2004 A 2006

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutora, no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria, Área de Concentração: Turismo e Hotelaria, do Centro de Educação de Balneário Camboriú, da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI (SC) – e aprovada na sua versão final em: 23/04/2007.

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________ Profa. Dra. Dóris Van De Meene Ruschmann

- Orientadora -

_________________________________ Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires

Membro – (Titular UNIVALI)

_________________________________ Prof. Dr Luis Moretto Neto. Membro - (Titular UFSC)

_________________________________ Profa. Dra. Marilia G. dos R. Ansarah

Membro – (Titular UNIP)

_________________________________ Profa. Dra. Yolanda Flores e Silva

Membro - (Titular UNIVALI)

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DEDICATORIA

Aos meus pais (in memorian) pelos ensinamentos e exemplos de vida;

Ao Aldo, meu marido pelo estímulo, companheirismo e compreensão;

Aos meus filhos Rafael, Raísa e Aldo Neto pelo carinho, apoio e participação.

A realização desta conquista tem a presença de vocês.

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AGRADECIMENTOS

À Prof. Dra.Dóris van de Meene Ruschmann, de reconhecida capacidade

intelectual, exigente orientadora nos caminhos da pesquisa e da construção do

conhecimento em turismo e hotelaria;

Às professoras Dra. Yolanda Flores e Silva e Dra. Marília G. dos R.

Ansarah e aos professores Dr. Luis Moretto Neto e Dr. Paulo dos Santos Pires, que

além de aceitar o convite para participar da banca, apresentaram subsídios valiosos

e sábias sugestões no exame da qualificação e defesa da tese;

Aos meus grandes mestres do curso de Doutorado: Prof. Dra Beatriz

Helena Lage, Prof. Dr. Mário Carlos Beni, Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires, Prof.

Dra. Dóris Ruschmann, Profa. Dra. Maria José Barbosa de Souza, Profa. Dra.

Cássia Ferri, Profa. Dra. Raquel Maria Fontes do Amaral Pereira, Profa. Dra.

Josildete Pereira de Oliveira, que através de suas disciplinas não só repassaram

conteúdos, mas estimularam o meu interesse em avançar nas pesquisas teóricas e

práticas no campo do turismo e da hotelaria

Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Tomelim, Diretor do Centro de Ciências

Aplicadas- Comunicação, Turismo e Lazer da UNIVALI, meu colega de doutorado o

meu reconhecimento pelo incentivo e solidariedade;

À Prof. MSc. Sílvia Regina Cabral, exímia coordenadora do Curso de

Turismo e Hotelaria da UNIVALI e todos os colegas professores e funcionários pelo

apoio e colaboração na época de finalização da presente tese, em especial, a Profa.

MSc. Rose Anemarie Lucas Leite, Prof. MSc Norma Gonzalez e Profa. MSc Sueli

Maria Stoll, competentes colaboradoras nas dúvidas de interpretações, traduções

de textos e de revisão da tese;

Aos proprietários, gerentes e recepcionistas dos Meios de Hospedagem

do Espaço Rural de Santa Catarina, pela receptividade e boa vontade em participar

da pesquisa;

Ao Turismólogo Rafael de Fazio, bolsista de Pesquisa no Programa

Integrado de Pós-graduação e Graduação da UNIVALI - PIPG, quando pesquisamos

sobre as potencialidades e perspectivas do turismo no espaço rural de Santa

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Catarina, no enfoque da sustentabilidade, de onde partiu a idéia da

presente tese.

Às Instituições como Ministério do Turismo, EMBRATUR, SANTUR,

ABRATURR, ABIH-SC e muitos profissionais e estudiosos do turismo rural, que

contribuíram com as minhas buscas por informações ou mesmo de referencial

bibliográfico;

Aos meus alunos de graduação e pós-graduação da UNIVALI e de outras

Universidades, pela motivação dada a minha carreira de docente e pesquisadora,

estimulando-me ao comprometimento com a qualidade do ensino e pesquisa;

Ao Aldo, meu marido querido e meus filhos: Rafael, Raísa e Aldo Neto,

meus amores e companheiros de todas as horas, acima de tudo, incentivadores da

minha carreira, toda a minha gratidão e reconhecimento;

A todos que de alguma maneira, me ajudaram a avançar na construção

dos saber em turismo e hotelaria.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Cadastro de meios de hospedagem rurais .......................................................... 23

Tabela 2 - Distribuição dos meios de hospedagemUNIÃO EUROPEIA por região ............ 78

Tabela 3 - Indicadores de gestão ambiental nos meios de hospedagem do espaço rural. ... 82

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Divisão turística das regiões catarinenses. ........................................................ 24

Figura 2 Pirâmide do Sistema de Gestão Ambiental ISO 14001. ..................................... 56

Figura 3 Fluxograma do processo de certificação . .......................................................... 62

Figura 4 Hotéis pesquisados no espaço rural que apresentam práticas ambientais ........ 80

Figura 5 Representação regional dos indicadores ambientais ......................................... 85

Figura 6 Representação global dos indicadores ambientais em Santa Catarina ............. 87

Figura 7 Origem geográfica dos hóspedes. ..................................................................... 91

Figura 8 Classe de Renda dos hóspedes. ....................................................................... 92

Figura 9 Procedimentos para gestão ambiental, no enfoque da sustentabilidade. ........... 93

Figura 10 Na inexistência da coleta seletiva. ..................................................................... 94

Figura 11 Na existência da coleta seletiva do lixo. ............................................................. 94

Figura 12 Quanto à destinação dos resíduos líquidos. ...................................................... 95

Figura 13 Origem da água de consumo do empreendimento. ........................................... 96

Figura 14 Tratamento da água. ......................................................................................... 97

Figura 15 Utilização de rios, açudes, lagos para lazer. ...................................................... 97

Figura 16 Existência de controle de qualidade das águas. ................................................ 98

Figura 17 Utilização de energia alternativa. ....................................................................... 98

Figura 18 Sistema de energia alternativa adotado. ............................................................ 99

Figura 19 Técnicas de adubagem na horta e pomares. ................................................... 100

Figura 20 Preocupação com a educação ambiental ........................................................ 100

Figura 21 Programas referente à educação ambiental. ................................................... 101

Figura 22 Plano de ocupação do solo orientado para preservação de áreas naturais. ... 102

Figura 23 Distribuição das edificações, com lay-out das instalações. .............................. 103

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LISTAS ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABIH Associação Brasileira de Indústria de Hotéis

CMMAD Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente

CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CST

CSD

FUNBIO

OEA

WWF

FEEE

PNUMA

ISO

MPE

PHN

IBH

PCTS

UNEP

Certificação para a Sustentabilidade Turística

Centro de Ecoturismo e Desenvolvimento Sustentável

Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

Organização dos Estados Americanos

Fundo Mundial para a Natureza

Fundação para a Educação Ambiental na Europa

Programa das Nações para o Meio Ambiente

Organização Internacional de Normalização

Melhores Práticas para o Ecoturismo

Programa Hóspedes da Natureza

Instituto Brasileiro de Hospedagem

Programa de Certificação do Turismo sustentável

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza

OMT Organização Mundial do Turismo

SISTUR Sistema de Turismo

UNIVALI

UNCED

CNUMAD

SGA

Universidade do Vale do Itajaí

Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sistema de Gestão ambiental

UPR

IHA

IHEI

MHER

Unidade Produtiva Rural

Associação Internacional de Hotéis

Iniciativas Ambientais dos Hotéis Internacionais

Meios de Hospedagem do Espaço Rural.

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NOVAES, Marlene Huebes. Turismo no espaço rural de Santa Catarina: uma análise dos meios de hospedagem, no enfoque da gestão ambiental, de 2004 a 2006. 2007, 164 f. Tese (Doutorado em Turismo e Hotelaria) – Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria, Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, 2007.

RESUMO

O desenvolvimento do turismo no espaço rural, ao mesmo tempo em que é reconhecido pelo aumento da atividade, impulsionado pelo potencial dos atrativos e equipamentos existentes, em paralelo, demonstra uma crescente preocupação com os efeitos negativos nos aspectos de conservação da natureza, nos aspectos sócio-culturais e econômicos. No entendimento que as atividades turísticas no espaço rural só poderão ser eficientes e viáveis, em médio e longo prazo, se garantirem que os recursos de que dependem serão mantidos ou mesmo revitalizados, destaca-se a necessidade do comprometimento com um modelo de gestão, aliado à preservação dos valores ecológicos e culturais da geração presente mantidos para as gerações futuras. A presente pesquisa, apresentou-se com potencial, pois os estudos científicos, neste contexto, apenas estão iniciando, denotando a necessidade de constatação dos princípios de gestão ambiental, adotados nos meios de hospedagem do espaço rural de Santa Catarina. A metodologia adotada foi o método de abordagem indutivo, buscando na realidade da dinâmica das regiões turísticas do Estado, o compromisso ecológico-ambiental dos equipamentos de hospedagem, partindo da constatação de situações específicas e dados particulares dos meios de hospedagem nas dimensões da gestão ambiental. Considerando-se que a presente pesquisa privilegiou mais a análise, entendendo que o todo e as partes são interdependentes, utilizou-se o método estruturalista, tomando por base, o modelo referencial do Sistur para analisar o comprometimento ambiental dos meios de hospedagem no espaço rural. As hipóteses foram comprovadas, pois as ações de comprometimento ambiental, na gestão dos meios de hospedagem no espaço rural de Santa Catarina estão em estágio incipiente. Embora muitos dirigentes tenham noção da importância de tais procedimentos, poucos adotam algumas condutas ambientais, mais especificamente na coleta seletiva de lixo e em programas de educação ambiental. O cenário atual demonstra que, na medida em que os gestores dos meios de hospedagem no espaço rural tomarem consciência da importância da implantação de princípios de gestão ambiental, o que implica numa transição de conduta, tais equipamentos apresentarão um diferencial mercadológico de qualificação. Nesta perspectiva a gestão dos meios de hospedagem no espaço rural estará demonstrando comprometimento com a responsabilidade ambiental, e gradativamente, adaptando-se as práticas de gestão ambientalmente sustentáveis.

Palavras-chave: Turismo. Gestão ambiental. Turismo rural. Meios de hospedagem.

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NOVAES, Marlene Huebes. Tourism in the agricultural space of Santa Catarina: an analysis of the ways of lodging, in the approach of the environmental management, from 2004 to 2006. 2007, 164 f. Thesis (Doctorate in Tourism and hospitality). Doctor Degree Program in Tourism and Hospitality, Vale do Itajaí University, Balneário Camboriú, 2007.

ABSTRACT

The development of the tourism in the agricultural space, at the same time that is recognized by the increase of the activity, stimulated by the potential of the existing attractions and equipment, in parallel, demonstrates an increasing concern with the negative effect in the aspects of the conservation of nature, in the sociocultural and economic aspects. In the understanding that the tourist activities in the agricultural space could only be efficient and viable, in medium and long term, if they guarantee that the resources that they depend on will be kept or exactly revitalized, it is pointed out the necessity of the commitment with a management model, allied to the preservation of the ecological and cultural values of the present generation kept for the future generations. The present research, was presented with potential, therefore the scientific studies, in this context, are only initiating, denoting the necessity of proof of the principles of the environmental management, adopted in the ways of lodging of the agricultural space of Santa Catarina. The adopted methodology was the inductive method , searching in the reality of the dynamics of the tourist regions of the State, the ecological-environmental commitment of the lodging equipment, beginning at the proof of specific situations and particular data of the ways of lodging in the dimensions of the environmental management. Considering that the present research privileged more the analysis, understanding that the whole and the parts are interdependent, the structuralistic method was used, taking by base, the reference model of the SISTUR to analyze the environmental commitment of the ways of lodging in the agricultural space. The hypotheses had been proven, therefore the actions of environmental commitment, in the management of the ways of lodging in the agricultural space of Santa Catarina are in incipient stage. Although many controllers have notion of the importance of such procedures, few adopt some environmental behaviors, more specifically in the selective garbage collection and programs of environmental education. The scene demonstrates that, as the managers of the ways of lodging in the agricultural space become aware of the importance of the implantation of principles of environmental management, what implies in a behavior transition, such equipment will present a marketing differential of qualification. In this perspective the management of the ways of lodging in the agricultural space will be demonstrating commitment with the environmental responsibility, and gradually, adapting to the practical of management environmentally sustainable. keywords: Tourism. Environmental management. Agricultural tourism. Ways of

lodging.

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NOVAES, Marlene Huebes. Turismo en el espacio rural de Santa Catarina: un análisis de los medios de hospedaje, en el enfoque de la gestión ambiental, de 2004 a 2006. 2007, 164 f. Tesis (Doctorado en Turismo y Hotelería) – Programa de Posgraduación en Turismo y Hotelería, Universidad del Valle del Itajaí, Balneário Camboriú, 2007.

RESUMEN

El desarrollo del turismo en el espacio rural, al mismo tiempo en que es reconocido por el aumento de la actividad, impulsado por el potencial de las atracciones y equipamientos existentes, paralelamente, demuestra una creciente preocupación por los efectos negativos en los aspectos de conservación de la naturaleza, socioculturales y económicos. Entendiendo que las actividades turísticas en el espacio rural sólo podrán ser eficientes y viables, a medio y largo plazo, si garantizan que los recursos de los que dependen serán mantenidos o aun revitalizados, se destaca la necesidad del compromiso con un modelo de gestión, aliado a la preservación de los valores ecológicos y culturales de la generación presente, mantenidos para las generaciones futuras. La presente investigación se presentó con potencial, pues los estudios científicos, en este contexto, apenas están iniciando, denotando la necesidad de constatación de los principios de gestión ambiental, adoptados en los medios de hospedaje del espacio rural de Santa Catarina. La metodología adoptada fue el método de abordaje inductivo, buscando en la realidad de la dinámica de las regiones turísticas del Estado, el compromiso ecológico-ambiental de los equipamientos de hospedaje, partiendo de la constatación de situaciones específicas y datos particulares de los medios de hospedaje en las dimensiones de la gestión ambiental. Considerándose que la presente investigación privilegió más el análisis, entendiendo que el todo y las partes son interdependientes, se utilizó el método estructuralista, tomando por base el modelo referencial del SISTUR para analizar el compromiso ambiental de los medios de hospedaje en el espacio rural. Las hipótesis fueron comprobadas, pues las acciones de compromiso ambiental, en la gestión de los medios de hospedaje en el espacio rural de Santa Catarina están en estadio incipiente. Aunque muchos dirigentes tengan noción de la importancia de tales procedimientos, pocos adoptan algunas conductas ambientales, más específicamente en la recolección selectiva de residuos y en programas de educación ambiental. El escenario demuestra que, en la medida en que los gestores de los medios de hospedaje en el espacio rural tomen conciencia de la importancia de la implantación de principios de gestión ambiental, lo que implica una transición de conducta, tales equipamientos presentarán un diferencial mercadológico de calificación. En esta perspectiva la gestión de los medios de hospedaje en el espacio rural estará demostrando compromiso con la responsabilidad ambiental, y gradualmente, adaptándose a las prácticas de gestión ambientalmente sustentables.

Palabras clave: Turismo. Gestión ambiental. Turismo rural. Medios de hospedaje.

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SUMÁRIO

DEDICATORIA ................................................................................................................... 1

AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 2

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... 4

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................. 5

LISTAS ABREVIAÇÕES E SIGLAS ................................................................................... 6

RESUMO ............................................................................................................................ 7

SUMÁRIO ......................................................................................................................... 10

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 12

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ................................................................................................ 16

1.3 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 18

1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 18

1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................... 19

1.4 HIPÓTESES ......................................................................................................................... 19

1.5 METODOLOGIA DA PESQUISA ......................................................................................... 20

1.5.1 Método de Abordagem ........................................................................................................ 20

1.5.2 Métodos de Procedimentos ................................................................................................. 21

1.5.3 Técnicas de Pesquisa .......................................................................................................... 22

1.5.4 População da pesquisa ........................................................................................................ 22

1.5.5 Formulário de Pesquisa ....................................................................................................... 25

1.6 A SÍNTESE DOS CAPÍTULOS ............................................................................................ 25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 27

2.1 TURISMO NO ESPAÇO RURAL: GÊNESE E CONCEITUAÇÕES .................................... 27

2.2 ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................................... 34

2.3 O CONTEXTO DA QUALIFICAÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL .......................................... 44

2.3.1 Sistema de gestão ambiental a ISO 14000 ......................................................................... 53

2.4 INICIATIVAS DE GESTÃO AMBIENTAL NO TURISMO E NA HOTELARIA ..................... 57

2.5 A GESTÃO AMBIENTAL NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM ............................................... 68

3 RESULTADOS .................................................................................................... 72

3.1 O CENÁRIO DAS ATIVIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO RURAL ................................ 72

3.2 A PANORÂMICA DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM NO ESPAÇO RURAL ....................... 75

3.3 O RESULTADO E ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO .................................................. 77

3.3.1 Os comparativos e análises da gestão ambiental, por regiões ........................................... 77

3.3.2 Os resultados e análises da aplicação dos questionários ................................................... 90

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 105

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 112

APENDICES ................................................................................................................... 119

Apêndice A – planilha de resultados gerais, por região. ................................................. 120

Apêndice B: modelo do formulário de pesquisa ............................................................... 128

Apêndice C – Tabulação dos resultados da aplicação dos questionários ........................ 130

ANEXOS ......................................................................................................................... 136

ANEXO A - Cadastro dos meios de hospedagem rural – Guia da SANTUR ( 2002) ....... 137

ANEXO B - Mapa da divisão microregional de SC. ......................................................... 138

ANEXO C - Mapa das regiões turísticas de SC. .............................................................. 140

ANEXO D - Selos internacionais de IVS .......................................................................... 142

ANEXO E - Publicação da ABIH-SC- Roteiros turísticos integrados. ............................... 158

ANEXO F - Guia turístico da Serra Catarinense com meios de hospedagem. ................. 160

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1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A modernização das formas econômicas, o acelerado processo de

urbanização e as transformações nos processos produtivos, com a incorporação das

novas tecnologias, estão modificando os hábitos de lazer das pessoas, que buscam

novas alternativas de lazer e entretenimento como forma de aliviar o stress gerado

pela sociedade moderna. Com esta perspectiva, aumenta o interesse do homem

urbano em buscar as localidades de potencial paisagístico e cultural, buscando

contato com a natureza além da redescoberta dos valores antigos, representados

na arquitetura colonial, nos costumes e na interatividade com as comunidades rurais.

Joaquim (1999) diz que o desenvolvimento dos espaços rurais, passa

atualmente, pela diversificação de suas atividades, incluindo o triângulo agricultura,

ambiente e turismo. Ou seja, uma multifuncionalidade que além das atividades

agrárias tradicionais, pode também desempenhar funções ambientais, respondendo

à expectativas sociais cada vez mais amplas e articuladas. Assim, a perspectiva do

desenvolvimento do turismo no espaço rural, aliado à valorização do potencial das

localidades, revelado nos atrativos naturais e culturais é apontada por autores como

Cristóvão (2000) e Cavaco (1995), como possibilidades de diversificação.

Até pouco tempo entendia-se como turismo rural todos os fluxos turísticos

que tinham como cenário para seu desenvolvimento o meio não urbano,

independente de suas motivações, atividades, nível de interesse pela cultura rural,

vinculações com a população agrária e modalidades de alojamento.

Graziano da Silva et al. (1998) dizem que o turismo praticado no meio não-

urbano, consiste em várias atividades de lazer. Logo, é um turismo que inclui uma

gama de modalidades envolvendo a globalidade dos movimentos turísticos,

recebendo diferentes denominações: turismo rural, turismo alternativo, turismo

verde, ecoturismo, turismo cultural e étnico, agroturismo, entre outros.

Independente da terminologia adotada parte-se da constatação de que essas

atividades e toda a infra-estrutura e facilidades instaladas nas propriedades ou

fazendas, pode ser um agente motivador de trabalho para as famílias residentes no

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campo, oportunidade de geração de empregos, enquanto oferece aos visitantes

situações de desfrutarem do ambiente rural, em contato com a natureza e costumes

fora do ambiente urbano. O turismo pode ser um recurso para os espaços rurais que

procuram uma nova alternativa de desenvolvimento local e, ao mesmo tempo, uma

oportunidade de valorizar seu patrimônio, paisagens e cultura.

Considerando os aspectos que contextualizam as modalidades turísticas

do espaço rural, Tulik (1997) afirma que a literatura existente sobre turismo rural

mostra grande riqueza de termos, expressões e conceitos que variam conforme a

realidade de cada país e expressam diferentes maneiras de aproveitar os recursos

do espaço rural, os programas e ações empreendidas nessa área. Tanto no Brasil

como em outros países o que se evidencia é uma clara variedade de conceitos,

concepções e atividades que expressam o uso da configuração sócio-espacial, com

características rurais.

O Ministério do Turismo (2004), nas Diretrizes para o Desenvolvimento do

Turismo Rural entende que o turismo rural “é o conjunto de atividades turísticas

desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária,

agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio

cultural e natural da comunidade”.

O documento acima, permite interpretar que na prática, o espaço rural é

um recorte geográfico, onde o turismo rural se insere. Isto é, as muitas práticas

turísticas que ocorrem no espaço rural não são necessariamente, turismo rural, e

sim atividades de descanso e lazer.

As atividades turísticas e instalações bem concebidas, integradas ao meio

ambiente local e adequadamente implantadas e monitoradas podem constituir-se

numa das alavancas do desenvolvimento rural. Todavia, Cristóvão (2000) ressalta

que o turismo não deve ser encarado como uma solução definitiva para problemas

sociais e econômicos do espaço rural, mas deve ser uma atividade interligada a

agricultura, pecuária e sivicultura, fundamentais para o desenvolvimento rural.

Assim, o turismo no espaço rural, incluindo-se a gestão dos meios de

hospedagem pode ocorrer em decorrência de uma nova atitude que une a

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exploração econômica a outras funções como a valorização do ambiente rural e da

natureza, propiciando a valorização do ambiente onde é “explorado” devido a sua

capacidade de destacar a cultura e a diversidade natural de uma região. Deste

modo, justifica-se a preocupação ambiental com o desenvolvimento do turismo no

espaço rural, possibilitando e desenvolvendo o potencial dos empreendedores

rurais, transformando as propriedades em locais de visitação, oferecendo lazer e

entretenimento, adequando o produto com meios de hospedagem ou mesmo

instalando outros equipamentos ou atividades ecologicamente comprometidas, como

por exemplo, a educação ambiental em trilhas ou gincanas ambientais.

A gestão adequada do turismo no espaço rural pode ter um importante

papel no desenvolvimento dos municípios das diferentes regiões turísticas de Santa

Catarina, servindo como uma opção da comunidade para buscar a diversificação da

base econômica. No entanto, seu futuro depende de planejamento e medidas de

gestão estratégicas, visando gerar impactos favoráveis, qualidade do produto

oferecido, promoção dos valores locais, autenticidade cultural em paralelo ao meio

ambiente protegido.

Segundo Ruschmann (2000), o turismo sem a devida ordenação agride e

descaracteriza o meio natural, denotando degradação da qualidade ambiental, perda

de identidade cultural e a diminuição dos benefícios econômicos, com os turistas

buscando outras localidades nas quais parte da originalidade das paisagens assim

como a autenticidade das tradições ainda não foram totalmente afetadas, mesmo

que, considerando-se as perspectivas de mudanças no patrimônio cultural e natural.

Ainda ressalta-se que problemas como a ausência de princípios de gestão

sustentável, a falta de critérios, regulamentações, incentivos e outras informações

que possam orientar os produtores rurais, os investidores e o governo no estímulo e

na exploração do potencial turístico rural, são causas de uma atividade ainda

desordenada. Para que isso não ocorra faz-se necessário planejamento,

organização e desenvolvimento das atividades de forma harmônica à conservação

ambiental e cultural e aos anseios sócio-econômicos dos envolvidos, caminhando

para um desenvolvimento sustentável. Apesar de tudo é de concordância geral a

assertiva de que este se constitui um mercado promissor e em ascensão.

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Constata-se segundo a ABIH (2003), que nos centros urbanos,

gradativamente, empresas hoteleiras estão implantando o gerenciamento ambiental

no dia-a-dia. Os meios de hospedagem têm um papel ambiental importante e devem

estar comprometidos a desenvolver atitudes no sentido de utilizar práticas

ambientais em todos os processos; ou seja, cumprir rigorosamente a legislação

ambiental; minimizar a geração de resíduos sólidos, reutilizando e reciclando;

convidar os clientes, fornecedores e serviços terceirizados a participar nos esforços

para proteger o meio ambiente; fornecer a todos os funcionários treinamento e

recursos requeridos para vir de encontro com os objetivos traçados; comunicar

abertamente sua política e práticas ambientais aos interessados; monitorar o

impacto ambiental e comparar a performance com outras políticas, objetivos e

metas.

Os documentos internacionais voltados para o desenvolvimento

sustentável, como a Declaração de Cocoyoc, Agenda 21, PNUMA, Relatório Nosso

Futuro Comum, Carta da Terra, entre outros, recomendam políticas ambientais,

planejamento e gestão ambiental participativa, significando produção do espaço com

incorporação da dimensão ambiental.

Neste sentido, Nahuz (1995), colabora dizendo que a gestão ambiental

passa a ser um conjunto dos aspectos da função geral de gerenciamento de uma

organização (inclusive o planejamento), necessário para desenvolver, alcançar,

implementar e manter a política e os objetivos ambientais de um equipamento.

Assim a questão ambiental foi ganhando importância para os clientes,

graças à evolução das campanhas publicitárias e notícias veiculadas nos meios de

comunicação. Desta forma as empresas vem demonstrando um crescente interesse

em melhorar seu desempenho ambiental, muitas vezes independente do interesse e

necessidade de certificação por normas.

As empresas adaptadas aos novos tempos, terão vantagens competitivas,

já que a preocupação ambiental é vista como fator estratégico de competividade.

De acordo com Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000) a gestão ambiental

é um processo contínuo e adaptativo, por meio do qual uma organização define (e

redefine) seus objetivos e metas relativas à proteção do ambiente saudável e de

segurança de seus empregados, clientes e comunidade. Neste entendimento a

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gestão ambiental, é um processo sistemático e transparente a ser difundido e

interiorizado por toda a organização, com o propósito de implementar um

monitoramento de responsabilidades que vão ao encontro das metas ambientais, o

que possivelmente exigirá ações de conscientização visando à implementação de

práticas sustentáveis nas empresas, que nesse caso, são fazendas ou propriedades

rurais transformadas em meios de hospedagem.

Considerando-se que os estudos nessa temática, apenas estão iniciando,

existe campo aberto para estudos científicos, pela necessidade de constatação dos

princípios de gestão ambiental adotado nos meios de hospedagem, na perspectiva

do turismo sustentável no espaço rural de Santa Catarina. O estágio atual de

desenvolvimento do turismo no espaço rural das diferentes regiões turísticas de

Santa Catarina, aponta para a necessidade de estudos com o propósito de constatar

os impactos da atividade turística no espaço rural vinculados ou não, ao processo de

planejamento e gestão ambiental.

Assim, justifica-se o interesse em buscar indicadores de estudos para

identificar as práticas de gestão ambiental adotadas nos meios de hospedagem, do

espaço rural de Santa Catarina, nos anos de 2004 a 2006, tomando por base os

preceitos do turismo sustentável, entendido como uma parte de um sistema mais

amplo de desenvolvimento sustentável.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Nas diferentes regiões turísticas de Santa Catarina, o passado e o

presente dialogam freqüentemente, fazendo emergir cenários e realidades que

precisam ser mapeados e caracterizados em seus diferentes estágios assim como

os modelos de gestão, no enfoque do desenvolvimento do turismo sustentável.

Na análise do desenvolvimento do turismo no espaço rural, percebe-se

que a oferta de turismo rural nem sempre apresenta as características apontadas

por Crosby et al (1993), ou seja, que o turismo rural deve harmonizar os interesses

do meio ambiente, da comunidade local e do próprio turismo, conjugando o

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desenvolvimento da atividade turística aos elementos naturais e ecológicos, sócio-

culturais e econômicos. Esta percepção abre campo de pesquisa sobre a realidade

do turismo no espaço rural no que se refere: a integração envolvendo a comunidade

rural, setor público e a iniciativa privada visando impactos positivos na implantação

das atividades turísticas; a qualidade ambiental revelada na imagem dos

equipamentos e atividades nos espaços rurais; a oferta integral articulada com

atividades recreacionais, meios de hospedagem e outras facilidades.

O ambiente resulta da integração das esferas natural, social, econômica,

política e cultural. Para os mais otimistas o turismo é visto como fator de defesa do

meio físico e dos recursos históricos e culturais. Muito embora, as exigências de

mercadológicas e sociais exerçam influência neste processo. Argumenta-

se,freqüentemente, que o turismo proporciona incentivo à restauração dos

monumentos antigos e tesouros arqueológicos, além de promover a manutenção

das tradições culturais, expressas pela arte, pela religião, pelo folclore, pela

gastronomia, pelo artesanato, elementos altamente valorizados pelo turismo rural. O

mais importante, porém, é que as dimensões do turismo sustentável, no espaço rural

devem ser estudadas em profundidade e aplicadas integralmente, para oferecer os

referidos benefícios.

Ao mesmo tempo constata-se, segundo Rodrigues (1998) que a demanda

turística busca qualidade e, pela formação de uma consciência ambiental, passa a

ficar atenta aos aspectos de equilíbrio entre o aproveitamento dos recursos, porém

com a preocupação de que sejam mantidos e conservados.

Ross apud Silva, (1995), destaca que a necessária compatibilidade entre

turismo e o ambiente deve ser objeto de reflexão quando consideramos que

desenvolvimento sustentável implica em proteção ambiental, bem estar da

comunidade residente, satisfação do turista e integração econômica. Proporcionar

renda complementar para as propriedades rurais e estabelecer uma estrutura

econômica e social diversificada pode ser a condição para manter a pirâmide

populacional no meio rural e algumas possibilidades de autodesenvolvimento

através das atividades do turismo no espaço rural.

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As questões decorrentes do turismo no espaço rural recaem em

categorias inter-relacionadas do sistema estrutural e, quando analisadas,

apresentam ferramentas para avaliar os efeitos sócio-culturais, ambientais e

econômicos servindo para estabelecer medidas de prevenção ou minimização dos

impactos desfavoráveis da atividade, especificamente, no que se refere à gestão dos

meios de hospedagem.

Conforme Ruschmann (2000, p.66), “não existe turismo bom ou mal, ou um

que respeita o meio ambiente e outro que destrói. Nenhum tipo de turismo, mesmo

o mais brando, é capaz de não agredir o meio ambiente”. Portanto, as atividades

turísticas desenvolvidas no espaço rural, incluindo meios de hospedagem devem

ocorrer, na perspectiva de agregar valor ao serviço ofertado, refletindo-se na adoção

de uma postura ambientalmente correta. Essa conduta tem sido influenciada por

diversas contingências, a saber: aumento das regulamentações ambientais;

necessidade de agir proativamente para alcançar novos nichos de mercado;

pressões sociais entre outras impostas pela demanda do turismo em espaços

naturais.

Os efeitos do desenvolvimento do turismo no espaço rural, no que se

refere à gestão dos meios de hospedagem, implantados espontaneamente ou

através de ações planejadas, foram alvo de estudo, na presente tese, buscando

respostas para a seguinte questão central de pesquisa:

De que maneira ocorreu o desenvolvimento do turismo no enfoque

estratégico da gestão ambiental nos meios de hospedagem, do espaço rural de

Santa Catarina, no período de 2004 a 2006?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Caracterizar o desenvolvimento do turismo no espaço rural, de Santa

Catarina, com enfoque nos princípios de gestão ambiental adotados pelos meios de

hospedagem, no período de 2004 a 2006.

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1.3.2 Objetivos Específicos

• Identificar a dinâmica de distribuição do turismo no espaço rural de Santa

Catarina, de acordo com as modalidades turísticas e de lazer rural;

• Apresentar um mapeamento dos cenários de gestão ambiental dos meios de

hospedagem, por regiões em SC;

• Analisar alguns princípios de gestão ambiental, praticados nos meios de

hospedagem, considerando os postulados do desenvolvimento sustentável;

• Apresentar propostas estratégicas de gestão para garantir um efetivo

gerenciamento e melhorias ambientais nos meios de hospedagem do espaço

rural, como diferencial mercadológico.

1.4 HIPÓTESES

As pesquisas descritivas e exploratórias permitem o levantamento de

hipóteses, na tentativa de antecipar respostas do problema de pesquisa e, assim,

obter alguma vantagem metodológica, pois como diz Martins (1994) as hipóteses

também possuem a função de orientar e balizar o pesquisador na condução do

trabalho.

Para fundamentar os estudos teóricos e objetivos propostos, trabalhou-se

com três hipóteses, confirmadas pelo instrumento de pesquisa (Apêndice A) e

observações in loco, citadas a seguir:

H1 - A gestão ambiental e ecológica nos meios de hospedagem do espaço rural

catarinense apresenta-se incipiente;

H2 - A ausência da gestão ambiental sustentável nos meios de hospedagem rurais,

é resultado da falta de consciência e sensibilização sobre procedimentos

ambientalmente ecológicos;

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H3 - Apesar do interesse em implantar algum modelo de gestão ambiental, a maioria

dos meios de hospedagem do espaço rural não o implanta pela inexistência de foco

no diferencial mercadológico.

1.5 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia para a presente tese inclui concepções de abordagem,

conjunto de procedimentos e técnicas visando à construção do entendimento da

realidade dos meios de hospedagem no espaço rural, mais especificamente, no

comprometimento com a gestão ambiental.

Selltiz et al (1987), ressaltam que os métodos de pesquisa escolhidos

devem determinar o cenário existente, pois cada método traça um caminho diferente

e revela diferentes relações.

1.5.1 Método de Abordagem

Em seu sentido mais geral Cervo e Bervian, (1992) dizem que o método é

a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim

dado ou resultado desejado.

Quanto à forma de abordagem, foi qualitativa-quantitativa levando-se em

conta que o problema não pode ser traduzido somente em números, mas também,

nos significados das ações e relações humanas. De acordo com Minayo (2000, p.24)

“os dados quantitativos e qualitativos não se opõem. Ao contrário, se

complementam, pois a realidade abrangida por eles interage dinamicamente,

excluindo qualquer dicotomia”.

O fenômeno social tem que ser entendido nas suas determinações e

transformações dadas pelos sujeitos. Compreende uma relação intrínseca de

oposição e complementaridade entre o mundo natural e social, entre o pensamento

e a base material. Minayo (2000, p.25) ainda reforça a necessidade de trabalhar com

a complexidade, com especificidade e com as diferenciações que os problemas e/ou

“objetos sociais” representam.

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Na concepção de utilização de método de abordagem utilizou-se, também,

do método indutivo, buscando na realidade da dinâmica de cada um dos meios de

hospedagem, das regiões do Estado, a existência ou não do compromisso com o

qualidade e consciência ambiental nas modalidades turísticas desenvolvidas no

espaço rural, partindo da constatação de situações específicas e dados particulares

dos meios de hospedagem conforme a prática revelada nas diferentes elementos e

possibilidades de gestão ambiental.

1.5.2 Métodos de Procedimentos

Considerando que a presente pesquisa quer privilegiar mais a análise,

entendendo que o todo e as partes são interdependentes, utilizou-se o método

estruturalista entendendo que a estrutura da gestão ambiental possui um caráter

sistêmico e a modificação em um dos elementos, referentes a tratamento de

efluentes, resíduos sólidos e líquidos, utilização de formas alternativas de energia,

educação ambiental e uso e ocupação do solo, considerando como base os

princípios do turismo sustentável acarretará modificações dos outros elementos.

De acordo com Gil (2002), o objetivo primordial nesta pesquisa é a

descrição das características do fenômeno da gestão ambiental em meios de

hospedagem do espaço rural estabelecendo relações entre as variáveis de estudo,

porque o objetivo da pesquisa exploratória-descritiva é proporcionar mais

familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir

hipóteses. No caso da presente pesquisa, as hipóteses apresentadas servem como

elemento orientador da mesma.

Do ponto de vista dos objetivos e das questões investigadas tiveram um

caráter exploratório, com foco principal na descoberta dos procedimentos, no caso,

sobre as iniciativas de gestão ambiental. Ainda apoiada em Gil (2002) quando

argumenta que “desde que se tenha decidido que a solução de determinado

problema, deverá ser procurada a partir de material elaborado, procede-se a

pesquisa bibliográfica”, buscou-se o aprimoramento de estudos sobre o tema de

gestão ambiental em meios de hospedagens através de base teórica, como forma de

exploração e análise de conteúdos.

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Assim o encaminhamento desta tese baseou-se na pesquisa exploratória-

descritiva, que, segundo Oliveira (1997) tem por finalidade observar, registrar e

analisar o fenômeno em estudo.

1.5.3 Técnicas de Pesquisa

As técnicas de coleta de dados foram de observação direta intensiva

abrangendo a observação assistemática participante das modalidades de turismo no

espaço rural (ecoturismo, agroturismo, turismo cultural, de aventura, entre outras,

desenvolvidas nos meios de hospedagem) e a aplicação de pesquisa, através de

formulário com questões abertas e fechadas, aplicadas nos meios de hospedagem

envolvidos com o turismo rural, além da pesquisa documental: fontes de referência

impressa ou em meio eletrônico e de documentação direta extensiva através da

análise de conteúdo.

O questionário com indicadores e variáveis de estudo, foi elaborado com

questões fechadas e abertas, enfocando aspectos da sustentabilidade ambiental do

turismo no espaço rural, conforme De Conto (2001), Gonçalves (2004), Tibor e

Feldmann (1996), Nahuz (1995), Layrargues (2000), Kinlaw (1997), Abreu (2001),

que tratam, entre outras variáveis, das adotadas nesta pesquisa, ou seja, a

tratamento de efluentes, resíduos sólidos e líquidos, utilização de formas alternativas

de energia, educação ambiental e uso e ocupação do solo.

Assim a coleta de dados aconteceu em três etapas: o pré-teste, que

avaliou o formulário; aplicação do formulário reformulado e a aplicação da entrevista

semi-estruturada e observações assistemáticas.

1.5.4 População da pesquisa

Através do Guia de Turismo Rural (Anexo A) desenvolvido pela SANTUR

em 2002, em edição única, foram elencados todos os empreendimentos hoteleiros

do espaço rural do estado de Santa Catarina, atendendo ao universo da população

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para identificar os estabelecimentos que apresentaram algum comprometimento com

a gestão ambiental.

Considerando que, nem todos os equipamentos listados no referido Guia,

se enquadravam como meios de hospedagem e outros, no momento da pesquisa,

não ofereciam serviços de hospedagem, a população resultou em 41 meios de

hospedagem, efetivamente pesquisados, conforme Tabela 1, a seguir.

Assim, todos os meios de hospedagem do espaço rural, cadastrados junto

ao Guia da SANTUR, e na época de 2004, prestando serviços de hospedagem

constituíram-se em elementos da população e participaram da pesquisa que pode

ser considerada como censo. Ou seja, todos os indivíduos pesquisados se

enquadram dentro de critérios pré-estabelecidos.

Há de se ressaltar, a inexistência de arcabouço documental científico

sobre meios de hospedagem, o que dificultou a constituição do referencial de dados

para o universo ou plano amostral da presente pesquisa. Mesmo sabendo que os

documentos publicados por órgãos oficiais de turismo, carecem de procedimentos

científicos e base conceitual e metodológica na sua elaboração, pois são de cunho

promocional, o referido Guia serviu de referência pelo registro dos meios de

hospedagem, por região, no espaço rural de Santa Catarina.

Martins (1994) referindo-se ao plano amostral de pesquisa conceitua a

população como o conjunto de indivíduos ou objetos que apresentam em comum

determinadas características definidas para o estudo, possibilitando o conhecimento

das variáveis pesquisadas. Neste caso, o tratamento de resíduos líquidos e sólidos,

economia de água e energia ou uso de energia alternativa, controle da qualidade

das águas e educação ambiental.

Tabela 1 - Cadastro de meios de hospedagem rurais

REGIAO Nº de equipamentos

(universo original) Nº de equipamentos (universo pesquisado)

Norte 12 7 Sul Catarinense 8 7 Oeste 6 2 Serra/Planalto 13 13 Litoral/ Grande Florianópolis 6 6 Vale do Itajaí 8 6 TOTAL 53 41

Fonte SANTUR (2002). (adaptado por Novaes. 2004)

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Conforme o referido Guia, foram listadas diversas pousadas e hotéis-

fazenda, separadas por seis regiões que desenvolviam, na época, em 2002, o

turismo rural no Estado, ou seja: região Norte, Sul, Oeste, Região Serrana, Litoral

Centro/Grande Florianópolis e Vale do Itajaí, conforme Figura 1. Ressalta-se que, na

época da realização da pesquisa não existia outro documento de referência e que,

até então, não foi realizada a atualização do referido Guia.

Figura 1 - Divisão turística das regiões catarinenses. Fonte Santur (2002).

O Estado de Santa Catarina apresenta uma divisão microrregional

geográfica territorial, conforme mapa no Anexo B, que segundo o IBGE, compreende

o agrupamento de vários municípios com características naturais e sócio-

econômicas semelhantes, totalizando 20 microrregiões (SEPLAN,1991).

Embora, no mesmo Atlas, conste a divisão turística com 8 regiões a saber:

Região Norte, Litoral Norte, Litoral Centro, Região Sul, Vale do Itajaí, Região

Serrana, Vale do Peixe e Região Oeste, (Anexo C) optou-se por usar a divisão

turística elaborada pela SANTUR em 2002, conforme Figura 1.

1 – Oeste 2 – Norte 3 – Serrana 4 – Vale do Itajaí 5 – Litoral Centro/Grande - Florianópolis 6 – Sul Catarinense

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1.5.5 Formulário de Pesquisa

Foi elaborado instrumento de pesquisa contendo questões fechadas e

semi-abertas tratando da observância dos fatores de extrema relevância na

preocupação e comprometimento dos empreendimentos hoteleiros em relação à

gestão ambiental apoiados nas premissas ecológicas referentes a tratamento de

efluentes, resíduos sólidos e líquidos, utilização de formas alternativas de energia,

educação ambiental e uso e ocupação do solo, considerando como base os

princípios do turismo sustentável. (Apêndice B)

Após a definição da amostra, em janeiro de 2004, realizaram-se contatos

telefônicos com os proprietários ou gerentes dos meios de hospedagem das

diversas regiões, para verificar a existência de práticas ambientais. (Apêndice A). A

pesquisadora explicou os objetivos, bem como a importância da participação do

equipamento nesta pesquisa, nos dois momentos. Em seguida, no final de 2004 e

início de 2005, realizou-se o encaminhamento dos formulários via correio eletrônico

ou postado, com respectiva apresentação e esclarecimentos referentes aos métodos

e procedimentos da pesquisa de campo.

Como uso adicional de procedimentos de coleta de dados, alguns meios

de hospedagem, das regiões pesquisadas, foram visitados, de maneira aleatória, no

período de 2004 a 2006, utilizando-se a técnica de observação direta e entrevista

informal com gerente ou proprietários, como fator de aumento da fidedignidade dos

resultados. Em outras situações, optou-se pela confirmação dos resultados

apontados na pesquisa através de telefonema com preenchimento de formulário

próprio. (Apêndice A).

1.6 A SÍNTESE DOS CAPÍTULOS

A presente tese de doutoramento, apresenta-se estruturada em três

capítulos.

O primeiro capítulo é o da Introdução apresentando a Justificativa através

de uma rápida contextualização histórica e conceitual, as diferentes modalidades do

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turismo no espaço rural e a importância do planejamento e ordenamento ressaltando

a relevância de estudos sobre a gestão ambiental nos meios de hospedagem como

pressuposto para o desenvolvimento sustentável. Na seqüência, apresenta-se o

Problema de Pesquisa, os Objetivos, as Hipóteses e os caminhos metodológicos

para a realização da pesquisa.

O segundo capítulo, trata da Fundamentação Teórica, fazendo uma

abordagem conceitual sobre o turismo no espaço rural, apontando aspectos do

desenvolvimento sustentável e planejamento do turismo de acordo com as

dimensões da sustentabilidade e postulados defendidos pelos estudiosos da área.

Apresentam-se os referenciais que estruturam o marco teórico, de modo a ressaltar

as possibilidades dos meios de hospedagem do espaço rural a adotarem mudanças

comportamentais e práticas saudáveis com relação ao meio ambiente. Ainda

apresenta as experiências de sucesso e iniciativas de gestão ambiental adotadas

em alguns meios de hospedagem.

O terceiro capítulo apresenta os resultados da pesquisa de campo,

analisando e comparando-os com os objetivos e hipóteses de estudo,

caracterizando o cenário do turismo no espaço rural de Santa Catarina, enfocando a

situação relativa à adoção de princípios da gestão ambiental.

Por último, apresentam-se as Considerações Finais com uma síntese da

base teórica e dos resultados, demonstrando a confirmação das hipóteses e,

apontando algumas recomendações de iniciativas ambientais a serem adotadas

pelos meios de hospedagem do espaço rural de Santa Catarina, perspectivando

significância no cenário do desenvolvimento do turismo rural, não só com um

diferencial agregando valor de imagem e diferencial turístico e contribuindo para

melhorar o posicionamento competitivo, mas, principalmente, pelos resultados do

comprometimento sócio-ambiental através de processos de gestão ambiental dos

meios de hospedagem com repercussão na comunidade, visando à integração

homem e natureza num equilíbrio dinâmico e sustentável.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 TURISMO NO ESPAÇO RURAL: GÊNESE E CONCEITUAÇÕES

O Turismo Rural vem apresentando um crescimento contínuo na Europa

desde os anos 70, tendo sido descoberto por vários países como uma forma de

revitalização da economia de zonas rurais, embora Davies e Gilbert (1992) tenham

evidenciado em suas pesquisas o turismo rural acontecendo muito antes da década

de 50. Fora da Europa, outros países como o Canadá, os Estados Unidos e a Nova

Zelândia também descobriram o turismo rural como uma alternativa para

suplementar a receitas de fazendas, ao mesmo tempo em que proporcionam a

conservação do meio ambiente. Pearce (1990) destaca que na Nova Zelândia o

turismo rural apresenta um desenvolvimento com fluxo turístico internacional,

estando a atividade implantada em todo o país e, prestando serviços para uma

classe econômica alta.

Ao que parece, segundo documento expedido pela Embratur (1994), foram

os caçadores e pescadores que deram início a esta prática, pois em função da difícil

acessibilidade das áreas de caça e pesca farta, a única alternativa viável era

pernoitar nos ranchos mais próximos. Com o passar do tempo, essas propriedades

passaram a oferecer maior estrutura de acomodação e lazer, dando origem aos

primeiros hotéis-fazenda, que atualmente são conhecidos como: working farm,

working ranch, Guest farm, ranch resort, ou lodge resort e Wilderness lodge.

Ainda no que se refere as origens do turismo rural, Joaquim (1999) mostra

o pioneirismo da França, onde foi criada a primeira associação do gênero, em 1971,

a Tourisme en espace rural - TER. Em 1972, continua o autor, foi publicado o

célebre Manifeste de tourisme en espace rural, que o preconiza como “um

instrumento de reanimação dos campos na óptica de complementaridade entre a

agricultura, o turismo e o artesanato”, enfatizando “que não deve contribuir para a

colonização dos campos”.

No Brasil algumas ações isoladas e pontuais vêm se destacando segundo

Novaes (2000). É o caso de Lages (SC), pioneira do turismo rural, que em 1984

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buscou uma alternativa turística aproveitando a estrutura existente nas fazendas

centenárias e estâncias de criação de gado. Atualmente, o turismo rural também se

desenvolve em outros municípios de Santa Catarina. No Estado do Espírito Santo,

destacam-se os municípios de Venda Nova do Imigrante e Domingos Martins que

iniciaram organizadamente a atividade a partir da criação da Agrotur, em 1993. No

interior de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia,

entre outros, também na década de 80 e 90 os proprietários rurais organizados em

associações, buscando parcerias com agências de receptivo, apoio dos órgãos

oficiais de turismo, secretarias de agricultura e meio ambiente desenvolvem o

turismo no espaço rural.

Nos diferentes lugares o turismo no espaço rural inclui uma gama de

modalidades, e como atividade multidisciplinar acontece no meio ambiente, fora das

áreas urbanizadas. É um agente motivador do trabalho para as famílias residentes

no campo. Como forma alternativa de turismo as propriedades rurais que possuem

atividade produtiva podem também oferecer diversos tipos de serviços turísticos:

hospedagem, alimentação típica, trilhas, venda de produtos artesanais locais, além

da oportunidade dos visitantes desfrutarem diferentes ambientes rurais, em contato

com a natureza e costumes fora do ambiente urbano. Pode-se dizer que como

existe uma grande variedade de paisagem nas diferentes regiões rurais, bem como

riqueza e diversidade cultural nas propriedades com sistema produtivo peculiar, cada

espaço tem o seu próprio turismo, valorizando assim a identidade local.

Rodrigues (1998), destaca que em Portugal, por exemplo, a expressão

turismo no espaço rural foi adotada oficialmente para designar as modalidades

turísticas típicas do campo: turismo de habitação, turismo rural, agroturismo e hotel

rural. A grande diversidade de termos, conforme cada configuração socioespacial,

faz com que o turismo assuma características próprias, de modo que não se pode

falar, em realidade, em um turismo rural, mas sim em um conjunto de práticas

turísticas em espaço rural.

Já na Espanha, o termo “turismo em áreas rurais” agrega também várias

modalidades.

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Oxinaldi (1994), entendendo que as palavras turismo e rural, são bastante

ambiguas diz que o “turismo rural engloba modalidades de turismo, que não se

excluem e que se completam, de forma tal que o turismo no espaço rural é a soma

do ecoturismo e do turismo verde, turismo cultural, turismo esportivo, agroturismo e

turismo de aventura”.

De acordo com definição de Cals et al. (1995, p. 23):

Sim embargo, es más apropiado referirse a la globalidad de los movimientos turísticos que se desarrollan en el medio rural com la expresión “turismo en espacio rural”, y reservar la de turismo rural para aquellas manifestaciones que en mayor medida se identifican com las especificaciones de la vida rural, su hábitat, su economía y su cultura.

Neste entendimento, aspectos como a diversidade e as diferentes

tipologias dos cenários dos espaços rurais, serão decorrentes das potencialidades e

especificidades históricas, culturais e naturais, aliadas ao potencial das atividades

desenvolvidas e dos serviços prestados. Vários autores discutem a classificação ou

as terminologias apresentando algumas ramificações. Certo é, que o turismo

praticado no meio não-urbano, consiste em várias atividades de lazer, incluindo uma

gama de modalidades envolvendo a globalidade dos movimentos turísticos,

recebendo diferentes denominações. Independente das denominações, o que

importa é que o seu planejamento e gestão deve levar à agregação de valor e

qualidade de vida no espaço rural.

Tanto o arcabouço teórico quanto as observações empíricas ou de

pesquisa revelam as várias possibilidades dos tipos de serviços e/ou produtos

oferecidos, muitas vezes, relacionados às características dos países, regiões,

propriedades ou equipamentos turísticos.

O turismo no espaço rural como atividade multidisciplinar acontecendo em

ambientes fora das áreas urbanas, pode ser um agente motivador de trabalho para

as famílias residentes no campo. As propriedades rurais que possuem ou não

atividades produtivas, podem oferecer não só diversos tipos de serviços turísticos,

como hospedagem, gastronomia típica rural, venda de produtos artesanais loco-

regionais, bem como atividades de lazer permitindo que os visitantes desfrutem de

programações em trilhas ecológicas, eventos culturais, day use na propriedade rural,

entre outras.

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Figueroa (1999), diz que no Chile o turismo rural está vinculado ao

Ministério da Agricultura, que promove as propriedades rurais onde o turista, além de

hospedar-se, participa das lidas do campo e das colheitas.

Os exemplos mais significativos do Turismo em Espaço Rural-TER, na

Europa, de acordo com Joaquim (1999), recobrem ofertas tão distintas como os

qítes ruraux franceses, que correspondem a pequenas casas rurais de três a seis

camas equipadas com cozinhas e sanitários; os chambre d’hôtels também na França

ou os bed and breakfest britânicos que constituem a oferta de quartos mobiliados e

pequeno almoço o accueil à la ferme ou as casas labranza espanholas, que

representam alojamento e recreação obrigatoriamente enquadrados numa

exploração agrícola; e ainda os gîtes d’etapes franceses vocacionados para o apoio

ao turismo pedestre, cicloturismo e turismo eqüestre.

No Brasil existem diferentes conceituações sobre a temática em questão.

Autores como Tulik (1997), Rodrigues (2001), Graziano (1998), Beni (2000), dentre

outros, têm contribuído grandemente para o debate sobre a pluriatividade rural,

enquanto uma nova forma de urbanização do meio rural, através de uma difusão de

atividades e relações econômicas, destacando-se o turismo rural.

A crescente demanda voltada para o espaço rural tem como aspecto

motivador a percepção da atratividade das paisagens rurais. Como diz Pires (2001),

deve-se ao legado de humanização da natureza por meio das atividades

agropastoris e outros aspectos da ocupação do espaço, o cenário da paisagem

cultural do espaço rural, revelados nas obras, instalações e benfeitorias rústicas, nas

moradias com estilo arquitetônico etnicamente representativo, entre outras

construções isoladas.

O aspecto cultural torna-se o vértice para o desenvolvimento sustentável

do turismo rural com a integração do turismo e cultura local, agregando valores ao

produto. Neste sentido, conforme Cavaco (2001, p.19) “ao turismo rural cabe um

papel fundamental de complemento de atividades e rendimentos, de reforço da

identidade e da imagem de lugares, bem cômoda auto-estima das populações, com

seus valores e cultura”, na medida em que estimula a valorização do patrimônio

cultural rural-material através das edificações e imaterial através dos saberes e

fazeres do espaço rural.

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As atividades do meio rural podem representar um instrumento valioso na

revitalização do ambiente cultural de uma região, além de beneficiar o pequeno

produtor rural com uma fonte alternativa de renda e, principalmente, contribuir para

evitar o êxodo rural melhorando a qualidade de vida dos que vivem nessas

localidades, considerando que a modernização da agricultura brasileira, traz para o

campo os serviços de extensão rural que contribuem largamente para o

desenvolvimento das famílias do campo.

A tecnologia e a informática, deixaram algumas famílias em situações complicadas por não terem condições de acompanhar essa modernização da agricultura. Esses agricultores passam a praticar atividades que antes eram características do meio urbano.

Neste sentido, Bricalli et al (2002 p.183) ressalta que:

Dentre essas atividades não agrícolas destaca-se, no setor de serviços, o turismo rural. Essa atividade, além dos benefícios econômicos para as famílias, através do complemento da renda, está sendo capaz de revalorizar o espaço rural substituindo o conceito ou (preconceito) de atrasado, por novos valores que refletem de forma mais real as características do campo.

A revalorização do espaço rural com características peculiares, passou a

desenvolver, além da sua dinâmica habitual, atividades turísticas como o

agroturismo e outras modalidade referenciadas anteriormente, adaptando e incluindo

possibilidades de melhorias na vida rural.

Beni (2002), denomina o turismo rural como o “deslocamento de pessoas

a espaços rurais, em roteiros programados ou espontâneos, com ou sem pernoite

para fruição dos cenários e instalações rurícolas. Neste sentido, alguns autores

valem-se da expressão turismo no meio rural para incluir também o agroturismo”.

Nas origens do turismo rural, complementa Beni (2002), podem ser

identificadas em duas vertentes: a primeira está nas experiências já consolidadas

em vários países, e também no Brasil, consubstanciadas no deslocamento de uma

oferta de serviços de lazer e hospedagem em propriedades rurais produtivas,

mediante a introdução do turismo rural como alternativa de aumento de renda, de

agregação de valor à terra e de meio de fixação de trabalhadores rurais no campo.

Quando o turismo passa a ser então, a principal atividade produtiva explicita o

próprio conceito de turismo rural. A segunda vertente reside nos casos de

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propriedades não produtivas que possuem amplas instalações receptivas, algumas

de valor histórico-patrimonial e arquitetônico de época que, adaptadas, permitem

absorver parte de uma demanda diferenciada. Ainda nesta vertente incluem-se os

modernos hotéis-fazenda e acampamentos de férias para jovem e idosos,

especialmente edificados nas áreas rurais de destacado valor cênico-paisagístico.

Quanto ao agroturismo, o Beni apud Novaes (2000, p.141 ) define como:

“o deslocamento de pessoas a espaços rurais, em roteiros programados ou

espontâneos, com ou sem pernoite, para fruição dos cenários e observação,

vivência e participação nas atividades agropastoris”.

Neste sentido destacam-se dois grandes aspectos que distinguem esses

segmentos do turismo rural. O primeiro é a produção agropastoril em escala

econômica que representa a maior fonte de rendimento da propriedade e o turismo

como receita complementar. O segundo é que as próprias atividades agropastoris

constituem, em si mesmas, o principal diferencial turístico. Neste caso os turistas,

para viverem a autêntica experiência da vida no campo, poderão ou não participar

da rotina diária dos afazeres domésticos ou produtivos da propriedade. Acrescenta

Beni (2000) que as instalações e equipamentos mantêm-se na forma original, tal

qual utilizada pelos proprietários e, se ampliadas para acomodarem os visitantes

deverão conservar as mesmas características arquitetônicas. No entender do autor

supra citado, o turismo rural tem características próprias bem definidas.

Em termos de permanência e de utilização de equipamentos, Beni (2000)

ainda destaca que tanto podem apresentar instalações de hospedagem em casas de

antigas colônias de trabalhadores e imigrantes dos distintos períodos agrários do

Brasil, bem como em sedes de fazendas e casas de engenho dos ciclos do café e

da cana-de-açúcar, que tipificam o patrimônio histórico-arquitetônico e étnico-cultural

de muitos estados brasileiros, quanto também em propriedades modernas,

complexos turísticos e hotéis-fazenda, particularmente voltados aos turistas que

buscam lazer e recreação em atividades agropastoris.

Neste sentido o desenvolvimento do turismo no espaço rural pode ser

entendido como um processo que permite mobilizar todos os recursos do mundo

rural, numa perspectiva de integração de todos os setores e atividades, desde o

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turismo na pequena propriedade ao da grande fazenda, ao artesanato, ao comércio

local, aos eventos, à agroindústria, à pecuária e ao uso moderado dos recursos

florestais.

No veio condutor das diferentes modalidades de turismo no espaço rural,

reportando-se ao agroturismo como uma modalidade praticada dentro das

propriedades, de modo que o turista, independente do tempo de permanência, entre

em contato e participe ativamente das lides rurais, estudiosos desta área afirmam

que:

O agroturismo é uma opção para obter ingressos complementares em comunidades que se ressentem de dependência de setores como agricultura e pecuária, que em seus ciclos, mostram períodos de baixa atividade ou de crises mais severas. Uma das vantagens do turismo é que as compras dos produtos alimentícios são feitas na própria chácara, ou em outras vizinhas, de modo que o aporte econômico favorece diretamente a comunidade (MOLINA, 2001, p.77).

Quanto aos princípios e elementos básicos do turismo no espaço rural

Crosby (1993, p.40) ressalta que, “o turismo rural deve harmonizar os interesses do

meio ambiente, da comunidade local e do próprio turismo”. Isto significa conjugar o

desenvolvimento da atividade turística aos elementos naturais e ecológicos, sócio-

culturais e econômicos.

Assim todo o processo de desenvolvimento do turismo sustentável do

espaço rural deve acontecer e se manter de tal forma e em tal escala garantindo a

viabilidade por um período indefinido de tempo, sem degradar ou alterar o ambiente

em que existe e sem comprometer o desenvolvimento das outras atividades da

propriedade.

Para Lage e Milone (2001), o desenvolvimento sustentável do turismo rural

deve corresponder ao melhoramento da qualidade de vida da população rural, da

melhoria da renda ou do orçamento familiar, dos níveis de ocupação, do tempo livre,

da saúde, em conjunto com o respeito da conservação e preservação do meio

ambiente, da ecologia e da cultura.

Os princípios do turismo rural, segundo Crosby et al (1993), são o uso

sustentável dos recursos, revitalização das economias locais, qualidade do

planejamento e da gestão, incluindo o comprometimento ecológico ambiental no

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processo de gestão dos equipamentos de hospedagem, a integração da população

local, desenvolvimento planificado e monitorado.

Para que ocorra o desenvolvimento sustentável é necessário que o

turismo no espaço rural mantenha, segundo Ansarah (1999), harmonia entre os

interesses do meio ambiente, das comunidades e do turismo. Para isso, também o

espaço rural, deve manter o uso sustentável dos recursos, a revitalização das

economias, a integração da população e do desenvolvimento planejado e controlado

que exige procedimentos de gestão de equipamentos comprometidos com a

sustentabilidade ambiental.

A implantação desta atividade implica em princípios como: uso sustentável

dos recursos; revitalização das economias locais; qualidade de gestão; integração

da população local; desenvolvimento planejado e controlado que implica em

capacidade de carga, baixo impacto e sustentabilidade.

Os objetivos do turismo rural, no entendimento de Crosby et al (1993),

devem favorecer o fluxo econômico no meio rural, provocando a revitalização

econômica e social e, ao mesmo tempo, conservando e melhorando o seu entorno.

2.2 ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E TURISMO NO ESPAÇO RURAL

Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), existe um novo

paradigma a ser enfrentado no século XXI, que é a assimilação de uma percepção

holística do mundo. Fato que envolve a ruptura de antigos valores, associados ao

lucro máximo, que, para serem superados, exigem transformações nas atitudes e

nos padrões de desperdício e consumo. Para atingir perfeita mudança de valor e

inserir a variável ambiental no sistema produtivo contemporâneo, é importante

ocorrer plena conscientização social.

Neste sentido, muitas estratégias ambientais passam a ser propostas. Em

1972, realizou-se em Estocolmo a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente Humano, na qual foram lançadas estratégias mundiais para a

conservação da natureza e a criação de uma agenda global para mudanças; foi

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elaborado, em 1987, o relatório Nosso Futuro Comum, pela Comissão Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento, também denominado Relatório Brundtland

(CMMAD,1991). O relatório sugere estratégias ambientais de longo prazo para

atingir o almejado desenvolvimento sustentável.

A União Internacional para a conservação da Natureza e dos Recursos

Naturais - IUCN - considera desenvolvimento sustentável o processo que melhora as

condições de vida dos ecossistemas. Para Carvalho (1998), o conceito de

desenvolvimento sustentável, apresenta três vertentes principais: crescimento

econômico, equidade social e equilíbrio ecológico. Considerando esse tripé, o

ambiente é uma questão central e relevante para o turismo, pois depende das

condições que a natureza oferece, principalmente no turismo rural. Os investimentos

a realizar no turismo e o desenvolvimento de novos destinos e produtos terão de

evitar a destruição de nossa natureza, passando a abordar a sua magnitude e

valorização para a vida do homem.

Por sua vez, a OEA — Organização dos Estados Americanos considera

que o desenvolvimento do turismo sustentável significa atingir o crescimento de tal

forma que não esgote o meio ambiente natural e humano e preserve a cultura da

comunidade local. Isso implica em usar, porém não esgotar, os recursos locais

naturais e físicos. Implica, também, em que seja feito o possível para preservar e

enriquecer o patrimônio cultural local.

O Fundo Mundial para a Natureza, em 1992, estabeleceu que o Turismo

Sustentável é o turismo e a respectiva infra-estrutura, aos quais se aplicam os

seguintes princípios: usar os recursos naturais, sociais e culturais de forma

sustentável; reduzir o consumo excessivo e o desperdício; manter a diversidade

natural, social e cultural; integrar o turismo no planejamento estratégico; apoiar as

economias locais; envolver as comunidades locais; consultar pessoas envolvidas e o

público; treinar pessoas; fazer um marketing responsável; e realizar pesquisas e

monitoramento.

O surgimento da consciência e sensibilização ambiental da sociedade fará

com que surjam novos produtos turísticos que integrem valores ambientais e

ecológicos. Portanto o “setor” turismo deve estar preparado para esta mudança de

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hábito e atitude do seu demandante. O nível de consciência ambiental depende de

variáveis econômicas e culturais da sociedade, dos diferentes grupos sociais e ainda

dos conflitos de interesse dos diferentes atores envolvidos — setor público, setor

privado e organismos sociais. No Brasil, podemos observar a presença de muitos

dos fatores elencados pela OMT, a escassa integração das políticas públicas de

turismo com as demais políticas de governo, a insuficiência de recursos destinados

aos órgãos públicos de administração do turismo, assim como a falta de recursos

públicos para obras de infra-estrutura básica e para fiscalização das atividades

turísticas, que somados à carência de dados para a construção de indicadores de

sustentabilidade, são os que mais se destacam dentro do setor público. No setor

privado falta ainda maior engajamento e investimentos para uma gestão

socioambiental responsável; a fragmentação em pequenas e micro empresas pode

também ser apontada como outro fator negativo para a difusão mais intensa de

práticas sustentáveis. Entretanto, não se pode, hoje, pensar estrategicamente a

gestão de empresas ou definir políticas públicas ignorando o paradigma da

sustentabilidade.

Pires (2002, p.37) enfatiza que,“mesmo iniciativas minoritárias no contexto

geral do turismo são de grande significado para as mudanças que sobreviverão com

a evolução das idéias e com a afirmação das tendências por um” turismo diferente”.

Uma das ações na gestão do turismo rural é a busca de alternativas

eficientes para utilizar os recursos naturais de forma a minimizar a depredação e a

deterioração. Precisa-se entender a forma de exploração sustentável, onde exista

um planejamento sistêmico que identifique as causas, os efeitos e as conseqüências

desta atividade para o meio.

O homem, ao invés de violentar e desrespeitar as regras que levam à

estabilidade do ecossistema pode muito bem servir de fator exógeno ao sistema

ecológico, assegurando sua estabilidade, conseqüentemente contribuindo para o

desenvolvimento sustentável.

Nas últimas décadas, essa mudança de valores passou a ser tratada com

mais seriedade pelas empresas. Atribui-se a isso contingências, tais como: a

necessidade de gerir a urbanização; o esgotamento dos recursos naturais; o

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esgotamento da capacidade da biosfera em absorver resíduos e poluentes; a

globalização; as pressões sociais e as catástrofes ambientais.

Hoje, sabe-se que a natureza não é assim tão simples e que não existe a

possibilidade de uma ciência única que dê conta de explicar sua complexidade. Essa

consciência deve nos tornar mais humildes e dispostos ao diálogo efetivo. Todos os

saberes são necessários para estudar o meio ambiente. E é através da Educação

Ambiental que os agentes de decisão podem ser informados e orientados para uma

decisão correta em benefício do meio ambiente.

Considerando a Conferência Intergovernamental sobre Educação

Ambiental de Tbilisi, onde ficou evidenciado que todas as pessoas têm direito à

educação ambiental, de acordo com os princípios e objetivos estabelecidos, assim

como o Código de Ética da OMT (2003), e ainda, no caso do Brasil a Lei 9.795 que

traça a Política Nacional de Educação Ambiental, destaca-se que a educação

ambiental deve intensificar a participação responsável nas decisões e procedimentos

acerca da melhoria da qualidade do meio natural, social e cultural. Isso significa

dizer que:

As atividades de Educação Ambiental servem de instrumentos para a concretização de objetivos, desenvolvendo a sensibilização a respeito dos problemas ambientais, além de propiciar uma reflexão a respeito desses problemas e a busca de formas alternativas de solução (NOVAES, 2002, p.97).

Nesta discussão Cascino (1999), indaga sobre os “por quês” da Educação

ambiental, ressaltando que as questões ambientais, na atualidade, têm força e

penetração nas comunidades e que seus desdobramentos são conhecidos, levando-

se em conta a fragilidade do meio natural. Gestada a partir dos grandes debates

sobre o futuro do planeta e o papel que desempenham as novas gerações na

manutenção e no uso sustentável dos recursos naturais, a educação ambiental vem

assumindo importante papel sobre as questões ambientais, provocando a mídia, o

poder público, Ongs, organismos internacionais, educadores e demais grupos de

interesses a se comprometerem com esse processo, criando e efetivando planos de

ações interdisciplinares.

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Como coloca Souza (1998), não existem soluções puramente ecológicas,

biológicas, jurídicas, agronômicas ou políticas, pois o meio ambiente, além de físico

é também social e psíquico e está inserido numa estrutura político-econômico-social.

A progressiva destruição dos ecossistemas naturais de uso turístico é um fato inegável. O processo progressivo,foi detectado pela ecologia, e é mediante a aplicação desse conhecimento que se pode reverter o dano, até se alcançar uma plena compatibilidade e integração entre a atividade turística e a atividade própria do ambiente natural. Até agora a ciência ecológica não foi aplicada à estratégia geral do desenvolvimento turístico, atividade esta que deveria contar, mais que qualquer outra, com claros objetivos de conservação do meio ambiente natural, juntos com os de ordem econômica e social (MOLINA, 2001, p. 98).

Dessa forma abre-se um amplo espaço para uma adequação educacional

e econômica, assim como uma adequação racional de consumo. A deterioração da

qualidade de vida não é puramente um fenômeno de poluição física do solo, das

águas, do ar, do resíduo, mas sobretudo, a poluição social e psíquica.

É nessa discussão das complexas interrelações do homem com o meio

ambiente que Sachs (1994), reelabora o conceito de desenvolvimento sustentável,

partindo do conceito de ecodesenvolvimento, discutida no CIRED de modo mais

intenso, desde o início da década de 70. Assim, referida discussão ampliou os seus

horizontes, como um estilo de desenvolvimento aplicável a projetos não só rurais,

mas também urbanos, oposto à diretriz mimético-dependente tradicionalmente

adotada nos países pobres, orientado pela busca de autonomia e pela satisfação

prioritária de necessidades básicas das populações envolvidas. A integração da

dimensão do meio ambiente é pensada não apenas como uma espécie de coação

suplementar, mas também na qualidade de um amplo potencial de recursos,

utilizando-se de critérios de prudência ecológica.

Na elaboração das ecoestratégias do desenvolvimento, o planejamento

trata de algumas dimensões de sustentabilidade, conforme as idéias de Sachs

(2000):

• Sustentabilidade Social – é a criação de um processo de desenvolvimento

civilizatório baseado no ser e que seja sustentado por uma maior eqüidade na

distribuição do ter, nos direitos e nas condições das amplas massas da

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população, e achatar a distância entre os padrões de vida dos mais ricos e mais

pobres.

• Sustentabilidade Econômica - possibilita uma melhor alocação e gestão mais

eficiente dos recursos e por um fluxo regular do investimento público e privado.

Esta eficiência é macro-social, reduzindo os custos sociais e ambientais, bem

diferente da lógica economicista.

• Sustentabilidade Ecológica – incrementa o aumento da capacidade de recursos

naturais, limitando os recursos não-renováveis ou ambientalmente prejudiciais,

reduzindo o volume de poluição, autolimitando o consumo material pelas

camadas sociais mais privilegiadas, intensificando a pesquisa de tecnologias

limpas e definindo regras para uma adequada proteção ambiental.

• Sustentabilidade Espacial – é aquela voltada a uma configuração rural-urbana

mais equilibrada com ênfase nas seguintes questões: concentração excessiva

nas áreas urbanas, processos de colonização descontrolados, promoção de

projetos modernos de agricultura regenerativa e agroflorestamento,

industrialização centralizada, criação de empregos rurais não agrícolas, e o

estabelecimento de uma rede de reservas naturais e de biosfera para proteger a

biodiversidade.

• Sustentabilidade Cultural – engloba as raízes endógenas dos modelos de

modernização e dos sistemas rurais integrados de produção, respeitando a

continuidade das tradições culturais, e até mesmo a pluralidade das soluções

particulares.

• Sustentabilidade Política – privilegia a negociação da diversidade de interesses

envolvidos em questões fundamentais desde o âmbito local ao global.

É nesta ótica de sustentabilidade que Beni (2000), ressalta que o

planejamento oferece um novo modelo para políticas governamentais, com

estratégias concretas de intervenções corretivas, baseadas nos postulados

interdependentes de eficiência econômica, equidade social e prudência ecológica, e

um novo critério de racionalidade social baseado na crítica ao efeito de

externalização de custos sócio-ambientais, exercido pelo modelo puramente

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econômico, sobretudo quando este planejamento é participativo, com atores sociais,

agentes e reagentes, com uma visão contratual com o meio ambiente.

O planejamento participativo recupera a participação social da sociedade,

de modo que o cidadão contribua na elaboração das ecoestratégias, desde a

informação até a execução da ação proposta, transformando a sociedade civil num

terceiro sistema, à medida que toma consciência de si mesma e começa a

interpelar-se e a conhecer-se.

Segundo Frangialli (1999), na medida em que se proceder um adequado

desenvolvimento da atividade turística, esta poderá reduzir ao mínimo seus efeitos

negativos para o meio ambiente e aumentar consideravelmente seus efeitos

benéficos. Nesta perspectiva aponta-se para o paradigma da sustentabilidade que,

aplicado ao turismo, conforme a Carta de Lanzarote apud Capece (1997), entende

que o desenvolvimento turístico deverá fundamentar-se em critérios de

sustentabilidade, ou seja, há de ser suportável ecologicamente em longo prazo,

viável economicamente e eqüitativo numa perspectiva ética e social para as

comunidades locais. Sendo o turismo um importante instrumento de

desenvolvimento, pode e deve participar ativamente na estratégia do

desenvolvimento sustentável. Uma boa gestão do turismo exige garantir a

sustentabilidade dos recursos dos quais depende.

Retomando Sachs (2000) existem quatro postulados, reunindo idéias

essenciais do enfoque do desenvolvimento sustentável. O primeiro deles é a

prioridade ao alcance de finalidades sociais, redirecionando o processo de

crescimento econômico, visando ao alcance de objetivos sociais prioritários,

traduzidos pelas suas necessidades materiais e psicossociais, como auto

determinação, participação política e auto-realização; o segundo é a valorização da

autonomia buscando um maior grau de controle dos aspectos cruciais do processo

de desenvolvimento, mediante a ação da sociedade civil organizada, no âmbito

local, microrregional ou regional, canalizando e maximizando os seus recursos

disponíveis, num horizonte de respeito às suas tradições culturais e sem incorrer

com isso em auto-suficiência ou isolacionismo; o terceiro é a busca de uma relação

de simbiose com a natureza, abandonando o padrão arrogante de relacionamento

com o meio ambiente biofísico instaurado pela modernidade à luz do processo

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modernizador; e o quarto é a eficácia-econômica, situando a eficiência econômica

como uma alternativa à racionalidade microeconômica dominante, no sentido de

uma internacionalização efetiva da problemática dos custos sócio-ambientais do pro-

cesso de desenvolvimento.

Pode-se, também, reagrupar estes postulados do desenvolvimento

sustentável, de maneira a conceituar mais adequadamente em termos de estratégias

de um desenvolvimento socialmente mais justo, ecologicamente prudente e

economicamente eficaz.

No enfoque do desenvolvimento sustentável, o modelo teórico referencial

proposto por Beni (2000), relaciona-se com os postulados acima referenciados, pois

sugere a análise e o estudo do conjunto das relações ambientais que envolvem os

subsistemas: ecológico, social, econômico e cultural; complementa com a

organização estrutural que envolve a superestrutura e a infra-estrutura, entendendo-

se aqui a importância do papel a ser desempenhado pelos órgãos públicos e demais

organizações e Associações que regulamentam e promovem a atividade turística. E

por último, as ações operacionais que envolvem, no mercado, a oferta e a demanda

relacionadas à produção e ao consumo respectivamente, dependendo ambos do

sistema de distribuição, ou do dinamismo da cadeia produtiva, como o autor coloca,

nos seus estudos mais recentes.

Logo, a gestão ambiental inclui-se na oferta e no sistema de distribuição

como o conjunto dos aspectos da função geral de gerenciamento de uma

organização necessários para desenvolver, alcançar e manter a política e os

objetivos ambientais da organização. Em suma, é o remodelamento do processo

produtivo, tendo por função torná-lo compatível com a fragilidade e harmonia do

meio ambiente.

É somente sob o enfoque da sustentabilidade do turismo, que se pode

garantir e assegurar os componentes dos diferenciais turísticos, o processo racional

de exploração dos recursos ambientais naturais, histórico-culturais e temático-

artificiais. Envolve claramente o meio ambiente, a população residente, no caso a do

meio rural e o sistema econômico.

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Como reforça Beni (2000, p.51), “é o entendimento do conjunto das

relações ambientais do Sistur que em sua dinâmica mantém um processo continuo

de relações dialéticas de conflito e colaboração com o meio ambiente”.

Para Callenbach, et al. (2001,p.86), “os problemas são sistêmicos,

interligados e interdependentes e sua compreensão e solução requerem um novo

tipo de pensamento sistêmico ou ecológico”. Esse novo pensamento precisa ser

acompanhado de uma mudança de valores, passando da expansão para a

conservação, da quantidade para a qualidade, da dominação para a parceria.

Ainda na linha do modelo referencial sistêmico de Beni (2000), aponta

para dimensão ecológica que abrange os diferenciais turísticos naturais

pertencentes aos ecossistemas que apresentam, em sua segmentação físico-

territorial, com significativo poder de atração. O turismo e o meio ambiente estão

intrinsecamente ligados e são interdependentes.

Na perspectiva da dimensão social compreende-se a interatividade dos

membros da comunidade no processo de planejamento do turismo no espaço rural.

É preciso lembrar que os impactos socioculturais do turismo nas comunidades

ocorre lenta e discretamente, porém com pouca ou nenhuma possibilidade de

reversão. Existem fatores que determinam se o resultado dos impactos

socioculturais resulta em impactos na atividade local. Dentre elas pode-se destacar:

a força e coerência da sociedade e da cultura local; natureza do turismo; grau de

desenvolvimento econômico e social da população local em relação aos turistas;

medidas adotadas pelo setor público para administrar o turismo no espaço rural

visando minimizar os custos socioculturais.

A dimensão econômica compreende a inserção ecológica e social de

empresas na vida da comunidade rural, integrando-a na dinâmica da competitividade

regional e nacional mediante a afirmação do local como marca de produtos e

serviços. Relaciona-se com impactos econômicos que podem apresentar variações

significativas entre os diferentes tipos de economia, dependendo dos gastos dos

turistas, dos empregos gerados pelo turismo no espaço rural, dos valores dos

salários e do efeito multiplicador da atividade.

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Quanto à dimensão cultural, Beni (2000) aponta que o espaço cultural é

aquela parte da superfície terrestre que teve sua fisionomia e “aura” originais,

mudados pela ação do homem. É conseqüência da intervenção do trabalho físico e

mental do homem no espaço cultural. Os recursos turísticos culturais são, pois, os

produtos diretos das manifestações culturais. Como não existe cultura apenas – já

que cultura pode ser entendida com conjunto de crenças, valores e étnicas para lidar

com o meio ambiente, compartilhado entre os contemporâneos e transmitido de

geração a geração – vê-se que o que até agora foi aprendido e compreendido como

cultura norte-americana, francesa, italiana, espanhola e tantos outros rótulos

nacionais, nada mais é que uma coleção de subculturas, tantos quantos sejam os

grupos humanos que as produzem.

Neste entedimento, Sessa (1993) afirma que o turismo traz uma dupla

contribuição: direta, como resultado de uma experiência cultural que enriquece a

população visitada e o visitante com a aquisição de valores que ambas possuem;

indireta, que consiste no planejamento (antes da viagem e na verificação natural de

pontos de dúvida entre o turista e o visitado.

Torna-se relevante integrar a dimensão social do turismo com as

dimensões ambiental e econômica, de modo a se obter a visão holística e sistêmica

do turismo sustentável.

Por outro lado, ao mesmo tempo em que o turismo é visto como

importante fator de valorização, também é entendido como fator de degradação

ambiental. É fundamental, segundo Rodrigues (1998), que se entenda o ambiente,

na sua concepção mais abrangente, ou seja, nas suas expressões (natural, ocupada

e construída) que se interpenetram num movimento sincrônico de ações e interações

recíprocas. O meio ambiente é um sistema que obedece a determinadas leis,

suscetível a qualquer ação externa, que pode provocar alterações. Quanto mais

frágil for o sistema, menor será a capacidade de assimilar ou absorver as ações

externas, ou seja, maior será o impacto ambiental.

Cavalcante (2001), alerta para que a política de governo para o

desenvolvimento sustentável esteja atenta à capacidade de suporte, adotando uma

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ação que reconheça os limites dos recursos naturais, garantindo também o nível do

produto social, bem como a qualidade de vida.

Analisando os registros de Beni (2000 e 2003), Sachs (2000) e Frangialli

(1999), entre outros pesquisadores de planejamento e desenvolvimento sustentável

da atividade turística, chama-se a atenção para a importância do comprometimento

sistêmico e ecológico para monitorar os impactos não só do turismo desenvolvido

em áreas urbanas como também equipamentos e atividades desenvolvidas nos

espaços rurais.

Visto pela perspectiva do desenvolvimento rural, o turismo passa a ser

uma das atividades melhor colocadas para assegurar a revitalização do tecido

econômico rural, sendo tanto mais forte quanto conseguir endogeneizar os recursos

naturais, a história, as tradições e a cultura de cada região. Não é só um fator de

diversificação das atividades agrícolas, como um fator de pluralidade, através da

dinamização de um conjunto de outras atividades econômicas que interagem. É o

caso do artesanato, da produção de produtos tradicionais, dos quais se destacam os

produtos agrícolas e gêneros alimentícios certificados, serviços de transportes, de

guias turísticos, meios de hospedagem, restaurantes, museus, etc.

Importa pois, que o turismo no espaço rural, seja promovido de forma

planejada e estrategicamente administrado na busca da sustentabilidade, no

respeito pelas diferenças que caracterizam cada região e pelos requisitos de

qualidade e de comodidade exigidos pela demanda de hábitos ambientalmente

corretos.

2.3 O CONTEXTO DA QUALIFICAÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL

O progressivo debate em torno das questões ambientais, teve seu início

na década de 60, embora as questões relativas à legislação sobre poluição da água,

do ar e a socialização da ética ambiental datem do início do século passado. Esse

movimento intensificou-se conforme quadro a seguir, fazendo com que a sociedade

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de forma geral ficasse mais atenta aos hábitos diários e aos impactos destes hábitos

no meio ambiente.

1957 Surge nos Estados Unidos a exigência de projetos com dispositivos de controle ambiental;

1962 Rachei Carson lança o livro Primavera Silenciosa;

1968 Fundado o Clube de Roma: países que se reúnem para formar um movimento mundial de conscientização ecológica;

1971 A ISO (International Standard Organization), constitui três comitês técnicos para a normalização: O GRANA do ar (TC-146) o da Qualidade da água (TC-147), o da qualidade do solo (TC -148);

1972 O Clube de Roma promove a Primeira Conferência Mundial sobre o meio ambiente em Estocolmo. A Carta de Estocolmo estabelece 23 princípios comuns a todos os paises, capazes de inspirar e orientar a humanidade para a preservação e melhoria do meio ambiente, conforme o Relatório dos Limites do Crescimento;

1975 Primeiro marco internacional com o lançamento da Carta de Belgrado, definindo metas e orientações para a educação ambiental;

1977 Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi, Geórgia;

1978 Por iniciativa da Alemanha, começam a surgir os selos ecológicos e a certificação ambiental;

1983 Criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD;

1987 Como resultado do CMMAD surge o Relatório ”O nosso futuro comum” ou Brundtland;

1991 Realizada a Segunda Conferência Mundial da Indústria em Roterdam sobre Gestão Ambiental;

1992 Conferência da ONU sobre o meio ambiente e desenvolvimento UNCED (Rio 92); Aprovação da Agenda 21;

1992 Edição da Norma Britânica ES 7.750, que cria procedimentos para estabelecer um sistema de gestão ambiental, como base para a lSO 14000;

1996 Editada a Norma ISO 14.000, que trata do sistema de gestão ambiental para as empresas;

1996 OMT, lança a Agenda 21 para a Indústria de Viagem e Turismo, visando o desenvolvimento sustentável;

1999 Aprovado o Código Mundial de Ética do Turismo na Assembléia Geral da OMT;

2002 Cúpula de Quebec lança a Carta de Quebec, com recomendações para operadores do ecoturismo;

2002 Acontece o evento mundial RIO + 10, chamando atenção quanto ao cumprimento das ações das da Conferência da ONU, quanto à qualidade de vida no planeta.

Quadro 1 – Histórico das preocupações ambientais e sua evolução para a construção do desenvolvimento sustentável.

Fonte: Donaire (2001),PNUMA (2006), OMT (2003). Adaptada por Novaes (2007).

Observa-se que, paralelamente aos estudos já relatados no histórico da

problemática ambiental, surgiram muitas instituições internacionais de defesa,

preservação ecológica e certificação ecológica, tais como World Wildlife Foundation,

Green Globe, Forest Stewardship Council, Greenpeace, International Hotel in

Environmental Iniciative, Rainforest Alliance, International Ecotourism Society, CST –

Certificación para la Sostenibilidad Turística, CSD – Centro de Estúdios de

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Ecoturismo para lo Desarollo Sostenido, e no Brasil a FUNBIO, ECOBRASIL, S.O.S.

Mata Atlântica, dentre outras.

Dos anos 70 até meados da década de 90, é possivel demarcar uma

fronteira muito clara da atuação empresarial relativa ao meio ambiente. De acordo

com Viola (1992), da típica postura reativa própria dos anos 70, que considerava a

relação entre proteção ambiental e desenvolvimento como absolutamente

antagônica, uma parte do setor empresarial assumiu uma postura proativa e inseriu-

se na comunidade ambientalista em meados da década de 80 como um dos seus

membros mais expressivos, ganhando destaque no início da década de 90. Assim o

modelo de desenvolvimento sustentável, advoga a total complementaridade entre a

proteção ambiental e o desenvolvimento.

Layrargues (2000) diz que o ambientalismo, movimento histórico originado

a partir do recente reconhecimento dos assustadores efeitos negativos da

intervenção antrópica na biosfera, em sua crítica ao modelo civilizatório ocidental,

reprovou os paradigmas norteadores da sociedade industrializada de consumo.

Como alternativa, propôs que se efetuasse uma alteração no rumo das coisas,

objetivando a elaboração dos pilares de uma nova era, pautada a partir de agora

não mais no esgotamento da natureza, mas na sustentabilidade ambiental.

Acontece então um esforço no processo de socialização da “consciência

ambiental”, antes limitada a um reduzido número de pessoas, como cientistas,

ativistas ambientais e funcionários de órgãos ambientais. Este aumento da

consciência ambiental deu origem a um novo segmento de mercado composto por

consumidores com atitudes positivas em relação a produtos verdes ou adoção da

ética no consumo.

Para Nahuz (1995), a gestão ambiental passa a ser todo o conjunto dos

aspectos da função geral de gerenciamento de uma organização necessários para

desenvolver, alcançar e manter a política e os objetivos ambientais da organização.

Em suma, é o remodelamento do processo produtivo, tendo por função torná-lo

compatível com a fragilidade e harmonia do meio ambiente. Nesse sentido, são

identificados os possíveis impactos negativos que a empresa gera ao meio e

medidas mitigadoras são adotadas num processo de busca de tecnologias limpas e

produção competitiva, sem, contudo, alterar as funções gerenciais básicas. Muitos

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conceitos de gestão ambiental são abordados na literatura e alguns deles serão

citados como forma de melhor compreender o constructo.

Por volta de meados da década de 1980, um grande número de empresas

européias começou a adotar práticas ecológicas simples, como programas de

reciclagem, medidas de economia de energia, reutilização de recipientes. Algumas

foram além, implantando programas de qualificação ou Certificação ambiental

através da série das Normas da ISO 14000.

Steger apud Silva et alli (2003), também identificam os anos 80 como os

primórdios da gestão ambiental, por meio da adaptação das empresas norte-

americanas às novas exigências da legislação ambiental. Na Europa, no mesmo

período, as empresas já procuravam adotar atitudes proativas, prevendo as

oportunidades de negócios, advindas da gestão ambiental, considerando as

exigências do mercado. A Alemanha é um dos países onde a conscientização

ecológica está avançada entre a população em geral, empresários e políticos, como

produto da renovação da cultura empresarial, que constitui a base da gestão

ambiental.

Neste contexto, segundo relatório da OMT (2004) muitas iniciativas

voluntárias vem desempenhando um importante papel na regulamentação das

operações de turismo no que se refere às questões ambientais, econômicas e

sociais das empresas turísticas, incluindo-se os meios de hospedagem. O referido

relatório com base na análise de 104 iniciativas voluntárias, em âmbito mundial

fornece uma avaliação da eficácia dos projetos existentes em termos de

desenvolvimento do turismo sustentável, ou seja, comprometimento ambiental

através do gerenciamento de resíduos sólidos, uso eficiente de recursos

energéticos, conservação da água, uso de energia alternativa, uso de alimentos

orgânicos, informação aos hóspedes, treinamento de funcionários, participação

comunitária, construção civil, trilhas para educação ambiental, marketing

responsável, entre outros.

Numa análise do total das Iniciativas Voluntárias de Turismo Sustentável -

IVTS, constatou-se que 56 referiam-se a organizações mundiais que trabalham com

os meios de hospedagem representando 54% e destas, sete especificamente para

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hospedagens rurais e dois para fazendas com produção orgânica. As demais, estão

voltadas para as iniciativas voluntárias sustentáveis em parques, campos de golfe

praias, camping, ilhas, clubes, meios de transportes, operadores de viagens, além

de outros empreendimentos.

Os critérios dessas iniciativas, reportaram-se aos princípios da Agenda 21,

mais especialmente os selos e premiações do Green Globe 21, certificada pela

WTTC, dizendo respeito aos critérios de redução e reciclagem de lixo, economia de

água e energia, uso de alimentos orgânicos e locais, trilhas ambientais, baixa

poluição sonora, entre outras.

A representação das iniciativas voluntárias dos meios de hospedagem,

resumindo a situação atual e algumas tendências, durante a fase de

desenvolvimento, exigências, procedimentos e eficácia dos grupos de rótulos

ecológicos, prêmios e auto-comprometimento dos equipamentos avaliados,

encontra-se no Anexo D.

Destaca-se nas IVTS o Prêmio Geen Hotel, concedido, em 2000 ao

Westin Rio Mar Hotel de Rio Grande-RS, pelo seu programa de reciclagem de

papelão, vidro, papéis, alumínio, embalagens e plásticos.

Nas conclusões do relatório realizado pela OMT, avaliando as iniciativas

voluntárias para o desenvolvimento sustentável, destaca-se que as três categorias

de IVTS, ou seja, selo ecológico, prêmios e iniciativas de auto-comprometimento,

tornaram-se parte da cadeia produtiva do turismo, movimentando as diferentes

empresas em direção à sustentabilidade, apesar do estímulo e suporte cauteloso

dos investidores do segmento.

Os critérios de conduta objetivam aumentar a conscientização levando a

melhorias através de decretos ou outras iniciativas de comprometimento na primeira

fase; identificar e estimular boas práticas com prêmios, na segunda fase; e

multiplicar as práticas e elevar os padrões de desempenho como é feito pelos selos

ecológicos, vem contribuir para a elevação do padrão geral de qualidade do setor

turístico.

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Todos os sistemas de IVTS, através de suas comissões de qualidade

ambiental, monitoram e usam parâmetros de pontuação para verificar o alcance dos

objetivos, exigências e conteúdos, procedimentos, marketing, resultados, projetos

adicionais e perspectivas, dentro de cada categoria.

Embora os selos de meio ambiente ainda estejam em estágio inicial, o

relatório das Nações Unidas (1999) apud, OMT (2004) ressalta que as iniciativas

voluntárias e os acordos constituem um tipo específico entre uma variedade de

instrumentos que podem ser utilizados para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Considerando que a discussão e implementação de programas

ambientais, seja ainda um fenômeno relativamente recente nos equipamentos

turísticos, de acordo com estudos sobre programas de certificação da atividade,

pode-se estimar que muitos selos internacionais, nacionais ou regionais sejam

significativos para potencias consumidores. Este grande número de programas de

certificação já implementados demonstra, não só, a importância desta estratégia

mercadológica para a “indústria” do turismo, mas principalmente para objetivos de

sustentabilidade.

O progressivo debate em torno das questões ambientais, vem se

intensificando ano a ano, e está fazendo com que a sociedade de forma geral fique

mais atenta aos hábitos diários e seus impactos no meio ambiente. Este aumento da

consciência ambiental deu origem a um novo segmento do mercado composto por

consumidores com atitudes positivas em relação à produtos verdes ou a adoção de

ética no consumo.

Os conceitos de sustentabilidade e preservação ambiental vêm sendo,

cada vez mais difundido buscando a consolidação, as empresas estão buscando

desenvolver processos de produção mais apropriados a essa realidade de

conscientização ecológica. Conforme previsão de Ricci (2002), as chamadas

tecnologias limpas são realidade em muitas áreas e, gradativamente, tenderão a

disseminar-se ainda mais intensamente, inclusive nos campos do turismo e

hotelaria.

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Percebendo esta mudança nas atitudes do consumidor, diferentes setores

industriais e comerciais começaram a desenvolver estratégias de marketing e

produção para adequar seus produtos a padrões ambientais, ou produtos

ambientalmente corretos, os "produtos verdes".

No caso do turismo, este fenômeno passa a ser determinante, quando

empresas, especialmente agências e operadoras, tentam ampliar o efeito de

marketing de seus produtos turísticos através da associação com certas palavras,

como turismo ecológico, natural, romântico, alternativo, humano, leve ou ativo. Ao

fazer isto, estes empreendimentos auto caracterizam seus produtos como verdes

mesmo que os mesmos não atendam a nenhum acompanhamento de instituições

certificadoras, para que sejam classificados como ambientalmente corretos.

Segundo Swarbrooke (2000), nesta década empresas começam a sofrer

pressões públicas e políticas para atuarem com ética e responsabilidade social e o

turismo também é influenciado por essa tendência. A expressão turismo sustentável

aparece como uma proposta de maximização dos pontos positivos da atividade,

amenizando ou extinguindo os aspectos desfavoráveis em relação ao meio

ambiente. Os meios de hospedagem, servem de suporte básico para o

desenvolvimento do turismo, sobressaindo-se na busca por tecnologias limpas e

práticas mais sustentáveis. O fato de ser um dos principais elementos do turismo

reafirma a necessidade de redirecionamento nos processos de gestão desses

equipamentos não só nos grandes centros urbanos como também no espaço rural.

No âmbito global, foi a Eco 92 que evidenciou o papel das corporações na

proteção ambiental.

gestão ambiental é um conjunto dos aspectos da função geral de gerenciamento de uma organização (inclusive o planejamento), necessário para desenvolver, alcançar, implementar e manter a política e os objetivos ambientais da organização.( NAHUZ apud SILVA et al, 2003, p. 64 )

Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), para criar um sistema de

gerenciamento ambiental, é necessário investigar as condições internas e externas

que influenciam na organização, ou seja, o meio no qual a organização está

inserida. De acordo com os autores acima citados, a gestão ambiental é um

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processo contínuo e adaptativo, por meio do qual uma organização define (e

redefine) seus objetivos e metas relativas à proteção do ambiente à saúde e

segurança de seus empregados, clientes e comunidade. Então, segundo os autores

a qualidade nas organizações deve ser entendida como uma filosofia que embasa o

modelo de gestão ambiental proposto. Aqui entendido como modelo de gestão

ambiental o conjunto de decisões exercidas sob princípios de qualidade ambiental e

ecológica preestabelecidos, com a finalidade de atingir e preservar um equilíbrio

dinâmico entre objetivos, meios e atividade no âmbito da organização.

Pela definição de Steger (2000), um sistema de gestão ambiental é um

processo sistemático e transparente a ser difundido e interiorizado por toda a

organização, com o propósito de implementar um policiamento e responsabilidades

que vão ao encontro das metas ambientais da corporação, tendo auxílio de

auditorias regulares de seus elementos.

Outro ponto a ser ressaltado é a relutância dos membros da organização

em assumir sua responsabilidade social, realizar novos treinamentos e

conscientizar-se sobre o paradigma ambiental. Muitas vezes, são criadas barreiras

que dificultam a implementação de práticas sustentáveis nas empresas. Essas

barreiras foram identificadas por De Simone e Popoff (2000) como:

• falta de conscientização da sociedade;

• disparidades de muitos problemas ambientais e ignorância dos indivíduos ao

lidarem com eles;

• agilidade ao tomar decisões, visto que as tendências de longo prazo são

ignoradas ou subestimadas;

• estrutura organizacional tradicional que inibe as interações com o ambiente

externo;

• ausência de comprometimento da alta gerência;

• falta de motivação e consciência entre os funcionários de nível médio e baixo;

• falha do sistema de gestão ambiental e da implementação de ferramentas;

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• foco nos impactos da companha e falta de conhecimento dos fornecedores e

clientes.

Todavia, estudos como os de Darnall e Schenini apud Silva (2003) dão a

entender que, a adoção de práticas de gestão ambiental é influenciada pela cultura

da organização, tornando a compatibilidade desses dois elementos um fator

essencial para a efetividade da implantação de medidas que visam aprimorar a

atuação do hotel no que diz respeito à gestão ambiental.

Excetuando-se as iniciativas isoladas de ONGs e as publicações de

autores que não estão vinculadas a certificados ou selos verdes, os programas de

gestão ambiental apresentam três linhas principais de pensamento:

• desempenho sustentado: significa acoplar no nível intra-organizacional;

• o novo paradigma ambiental, associado com lucro e desempenho (KINLAW,

1997);

• ecoeficiência: é a “capacidade de adquirir preços competitivos que satisfaçam as

necessidades humanas e tragam qualidade de vida para a sociedade, enquanto

se reduz os impactos ambientais e a intensidade de recursos através do ciclo de

vida” (DE SIMONE E POPOFF, 2000, p.89);

• capitalismo natural: fornece subsídios para identificar relevantes ganhos, não

somente para as futuras gerações, mas também para os acionistas, pois podem

vir a gerar receitas decorrentes de uma política de valorização do capital natural.

Os hotéis que adotam a postura sustentável partem da reavaliação de

suas atitudes e da conscientização de seus membros, buscando uma postura menos

danosa ao ambiente. Sendo tal postura auferida através da otimização do uso dos

recursos, do reaproveitamento e reciclagem dos resíduos, maneiras simples de

repensar o processo e tentar racionalizá-lo. Em função da contenção do desperdício,

economiza-se nos custos operacionais, crescem as oportunidades de mercado

derivados das novas práticas ambientais, a imagem da corporação é fortalecida,

além de causar um impacto positivo na moral dos empregados, aumentando o

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comprometimento dos clientes internos e o orgulho em ser parte da corporação

(ENZ e SINGUAW,1999).

2.3.1 Sistema de gestão ambiental a ISO 14000

As empresas hoteleiras percebem sua parcela de responsabilidade social

e está, gradativamente, se adaptando às práticas sustentáveis. Como a hotelaria é

um segmento de mercado em expansão que depende diretamente da atratividade

exercida pelo meio ambiente saudável, urge agregar em seus valores, política e

cultura, sua responsabilidade ambiental. Os meios de hospedagem precisam agir

proativamente, para garantirem-se competitivos, agregando valor ao serviço ofertado

e assegurando longevidade à atividade nos meios de hospedagem.

Abreu (2001) chama atenção para mudanças comportamentais relativas

ao meio ambiente, caracterizando um novo tipo de hóspede, mais comprometido

com a prática do turismo sustentável, mudando suas atitudes em relação ao meio

ambiente exigindo práticas ambientalmente mais saudáveis nos meios de

hospedagem.

Para Enz e Siguaw (1999), a transição na conduta empresarial se reflete

na adoção de uma postura mais ambientalmente coerente, pelas empresas

hoteleiras. Esta conduta vem influenciada por circunstâncias adversas: o aumento

das regulamentações ambientais; a necessidade de agir proativamente para

alcançar novos nichos de mercado, ou mesmo, as pressões sociais.

A discussão sobre essa temática leva os diferentes segmentos

empresariais ao entendimento que a responsabilidade empresarial quanto ao meio

ambiente deixou de ter características compulsórias para transformar-se em atitude

voluntária, superando as próprias características da sociedade.

Na definição advinda da norma NBR ISO 14001 (ABNT, 1996) o sistema

de gestão ambiental “é a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura

organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,

procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir,

analisar criticamente e manter a política ambiental”.

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Ao ser utilizada como estratégia de mercado, a gestão ambiental abrange

novos mercados, fortalece a imagem da empresa, reduz os custos operacionais,

melhora o desempenho da empresa, reduz os riscos da atividade, criando-se assim,

um diferencial competitivo, para que as instituições garantam sua sobrevivência no

mercado (KINLAW, 1997; ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO, 2000).

Compreendendo a relevância dos programas de gestão ambiental muitas

empresas, incluindo as hoteleiras, estão optando pelos programas de certificações,

pois estas buscam homogeneizar conceitos, ordenar atividades, criar padrões e

procedimentos do setor produtivo. São duas as principais certificações internacionais

de sistemas de gestão ambiental, a ISO 14000 (eco-management) e a EMAS (Audit

Scheme). Ambas as certificações foram inspiradas nas normas de qualidade ISO

9000, focalizando a adequação dos processos-chaves e sua respectiva

documentação.

Como fator a reforçar a importância do emprego desses elementos, destaca-se o advento da filosofia da qualidade total e certificação ISO 14000 no âmbito das organizações, fato esse que provoca, atualmente, um verdadeiro movimento a caminho da melhoria dos processos e, principalmente, dos produtos finais gerados em tais organizações. (ANDRADE,TACHIZAWA e CARVALHO, 2000, p. 93)

Entre os objetivos das normas IS0 14000, estão: conhecer a legislação

ambiental adequando-se a ela; ter responsabilidades sociais; controlar os custos

ambientais; melhorar continuamente os processos organizacionais; fortalecer a

imagem da empresa, associando seus objetivos da organização aos ditames da

internacionalização dos custos ambientais.

A norma ISO 14001 é o único padrão normativo sobre o sistema de gestão

ambiental. Por outro lado, a norma ISO 14004 é um padrão informativo que orienta a

implementação da ISO 14001.

É importante relatar que a ISO 14001 é uma norma de gestão ambiental,

não de desempenho ambiental. Desse modo, ela define os elementos-chave que

constroem um SGA sem definir com precisão, no entanto, o modo como devem ser

organizados ou implementados. Assim, cada organização fica livre para adaptar o

SGA às suas necessidades particulares. A ISO 14001 não define níveis, valores ou

critérios de desempenho, permitindo que cada organização estabeleça seus próprios

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objetivos e metas, levando em consideração os requisitos reguladores da legislação

nacional, estadual e municipal, bem como os requisitos organizacionais.

Os princípios que embasam as normas ISO 14000 foram elaboradas

visando o manejo ambiental, e relacionam-se ao que a empresa pode fazer para

minimizar os efeitos nocivos ao ambiente causados por suas atividades. Estão

voltadas para o fomento dos processos de impactos ambientais uma vez que

orientam a organização quanto a sua estrutura, forma de operação e de

levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização dos dados e

resultados, sempre atentos para as necessidades futuras e imediatas de mercado e,

consequentemente, à satisfação dos clientes.

Ainda considerando a implantação da ISO 14001, Tibor e Feldmann

(1996) e Nahuz (1996) destacam, quanto às especificações com a instrução de uso

da SGA os elementos estruturais, ou seja, a política ambiental, o planejamento, a

implantação e operação, a verificação e ação corretiva, a avaliação pela alta

administração e a melhoria contínua.

De acordo com Gonçalves (2004), o Sistema de Gestão Ambiental – SGA

é parte do sistema administrativo de uma empresa ou empreendimento turístico e

aborda um gerenciamento ecológico envolvido em uma série de diretrizes,

estratégias, observando a estrutura organizacional, a atividade de planejamento,

responsabilidade, treinamento, práticas e procedimentos, processos e recursos.

Assim o desenvolvimento de políticas e comprometimento ambiental como

a base que permite alcançar objetivos e metas ambientais, através da implantação

de um processo de gestão que passa por auditorias e análise para garantir a

melhoria contínua ficam evidenciados na Figura 2, a seguir.

É preciso considerar que a base fundamenta-se no comprometimento com

as políticas ambientais da administração e dos colaboradores; o segundo nível

demonstra aonde e, em que medida, serão estabelecidos os objetivos qualitativos e

quantitativos; no terceiro nível está o plano de gestão ambiental focando o processo

de implementação de atitudes e procedimentos para alcançar os objetivos e

resultados esperados; no quarto nível aparece o monitoramento do processo através

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das auditorias e estabelecimento de ações corretivas; o quinto nível envolve a

análise e acompanhamento da administração na busca da melhoria contínua que se

consolida no último nível com o comprometimento da organização com a gestão

ambiental.

Melhoria Contínua

_______________

Análise Crítica pela Administração

______________________

Auditoria e Ação Corretiva

_______________________________

Processo de Gestão Ambiental

________________________________________

Alvos, Objetivos e Metas Ambientais

_________________________________________________

Política e Comprometimento Ambientais

Figura 2- Pirâmide do Sistema de Gestão Ambiental ISO 14001. Fonte: HARRINGTON, H. J.; KNIGHT (2001)

A perspectiva futura é a de que as questões relativas à preservação do

meio ambiente deixem de ser um problema meramente legal, com ênfase em

punições legais, para evoluírem para um contexto empresarial pleno de

oportunidades e de ameaças, em que as decorrências ambientais e ecológicas

passem a significar posições competitivas que ditarão a própria sobrevivência dos

meios de hospedagem rurais em seu mercado de atuação.

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Todos os programas de gestão ambiental citados têm como ponto-chave o

reconhecimento dos limites da ecocapacidade e enfatizam a otimização do processo

para minimizar as perdas. Possuem como objetivos: reduzir o uso de matéria-prima

ou recursos no processamento das operações administrativas; reduzir o consumo de

energia; reduzir a utilização de substâncias tóxicas; ressaltar a reciclagem;

maximizar o uso de recursos reaproveitáveis; aumentar a durabilidade dos produtos;

reaproveitar materiais e criar valores adicionais para produtos e serviços,

aumentando a satisfação do cliente e minimizando os impactos ambientais.

Com a ISO 14000, Layrargues (2000) destaca que o controle ambiental,

antes sob a responsabilidade do Estado, passa para o âmbito da sociedade, que

teria no consumidor verde o efeito regulador da mão invisível, funcionando por meio

da lei da oferta e procura. Essa é a justificativa de todo êxtase que precocemente

comemora o seu sucesso, antes mesmo de sua aplicação cotidiana. É bem verdade

que um completo aparato tecnológico de ponta se encontra à disposição do setor

empresarial, todavia, ele só será utilizado caso venha a ser solicitado pelo

consumidor verde, quando indicadores de vendas evidenciarem que as escolhas no

mercado estão sendo selecionadas preferencialmente em função dos produtos

ecologicamente corretos.

A questão ambiental vem afetando diferentes segmentos, incluindo os

meios de hospedagem situados não só nos grandes centros urbanos, como também

os situados em áreas com recursos naturais que exigem igualmente à implantação

de programas de gestão ambiental.

2.4 INICIATIVAS DE GESTÃO AMBIENTAL NO TURISMO E NA HOTELARIA

A crescente necessidade da população dos centros urbanos em usufruir

do lazer em contato com a natureza, a fim de se recuperar do desgaste provocado

pelo cotidiano, leva um segmento de demanda a passar férias, finais de semana e

feriados prolongados a descansar e tentar recuperar-se nos empreendimentos

localizados no espaço rural catarinense. Por isso, a qualidade ambiental, torna-se

um elemento fundamental para a proteção e sustentabilidade dos meios visitados, a

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melhoria das condições de vida das populações receptoras e a qualidade do

usufruto do tempo livre das pessoas. As questões ambientais são questões de

qualidade de vida e, como tal, fazem parte de uma tendência social global referente

à manutenção da saúde.

A necessidade de produtos e espaços sustentáveis, a maior consciência

do consumidor preferindo produtos naturais e atividades em espaços são, portanto,

os maiores argumentos a favor de programas de gestão ambiental.

Neste sentido os empreendimentos precisam buscar uma forma de

diferenciar produtos realmente verdes (ou sustentáveis) dos falsamente verdes, e,

conseqüentemente, atrair o mercado consumidor mais consciente.

O Programa Melhores Práticas para o Ecoturismo (MPE) proposto pelo

Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO, 2006) tem como objetivo principal

capacitar e treinar, in loco grupos de interesse, direta ou indiretamente relacionados

com o meio ambiente, cultura e turismo, interessados em fazer do ecoturismo uma

alternativa econômica sustentável. Em essência, “Melhores Práticas ecoturísticas”

são formas para executar um processo ou operação. São os meios pelos quais

organizações e empresas líderes alcançam desempenho e também servem como

metas para organizações que almejam atingir níveis de excelência (FUNBIO, 2006).

As atuações de organizações como a FUNBIO e a ECOBRASIL em

defesa por uma alta qualidade de vida e o sentido político que a ecologia adquire

vem ao encontro de estudiosos contemporâneos de turismo. Nessas obras fica

priorizada a responsabilidade social de órgãos governamentais e de empresas

particulares do setor, que devem incluir no trivial de seus objetivos a melhoria da

qualidade de vida das populações de núcleos receptores, ao mesmo tempo em que

a melhoria da qualidade de serviços para seus clientes, portanto, beneficiando os

próprios turistas (PELLEGRINI, 1993, p.137).

O programa MPE desenvolvido pela FUNBIO, em parceria com a

ECOBRASIL, apontam alguns indicadores quantitativos voltados para os aspectos

de inventário de estoque, grau de informatização; informação tecnológica; nível de

inovações tecnológicas; eficiência de promoção e vendas; entre outros. Também

fazem exigência em relação aos indicadores qualitativos como: design de produtos e

atualização tecnológica; qualidade na prestação de serviços; gerenciamento e

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capacitação de recursos humanos; desenvolvimento de estratégias; programas de

conservação e educação ambiental; programas de saúde e de segurança no

trabalho; gerenciamento empresarial físico e financeiro; gerenciamento de recursos

e tecnologia; velocidade de atualização e agilidade para mudanças; orientação

voltada para produção e fornecimento; conhecimento do mercado e da clientela.

Em função desses critérios empresas atingem determinado desempenho

de medidas de eficácia e eficiência, "melhores práticas" que devem ser

continuamente atualizadas.

Além destas informações a FUNBIO destaca as entrevistas com clientes e

fornecedores que geralmente enxergam melhor os problemas ou oportunidades do

que alguém de dentro da organização. Outra estratégia consiste em visitas técnicas

a empreendimentos ou projetos de outras organizações para verificar sucessos e

fracassos da gestão. As relações interempresariais com associações profissionais e

cooperativas de serviços e produção também são fonte de informações e

estratégias.

A Declaração de Nuremberg é apontada por Rues (1995), como

referencial de metas para hotéis e restaurantes com orientações e procedimentos

para aplicação de uma gestão ambiental eficiente e consciente em prol do meio

ambiente. O que faz com que equipamentos de hospedagem visualizem o ambiente

como seu principal desafio e como oportunidade competitiva. Nesse contexto,

portanto, as empresas estão entendendo a importância de um objetivo comum, e

não um conflito, entre sustentabilidade econômica e proteção ambiental, tanto para

os dias de hoje como para gerações futuras.

Neste entendimento ressalta-se que as legislações ambientais são rígidas,

embora muitas vezes ineficazes. No Brasil a falta de fiscalização e controle permite

que muitos atos ilícitos sejam praticados contra o meio ambiente sem a ocorrência

de punições, nesse campo os códigos voluntários de conduta ambiental, vêm se

mostrando bastante eficientes trazendo alguns resultados significativos.

A Associação de Hotéis Roteiros do Charme, uma entidade privada

brasileira e sem fins lucrativos que congrega hotéis, pousadas e refúgios ecológicos

adotou o Código Voluntário de Conduta Ambiental.

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Além do compromisso de todos os associados com a proteção do meio

ambiente natural, a associação também participa de projetos específicos de

preservação de fauna, flora e herança cultural.

Os hotéis, pousadas e refúgios ecológicos que fazem parte desta

Associação, reconhecendo a necessidade da preservação do meio ambiente para

sobrevivência desta e das gerações futuras, considerando que os princípios

fundamentais do ambientalismo estão intimamente ligados aos conceitos modernos

de eficiência, se comprometem a adotar as posturas ambientais contidas neste

Código de Ética e de Conduta Ambiental, que procura um objetivo comum e não o

conflito entre a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico.

Não se trata de nenhum mega e custoso programa social, mas tão

somente do estímulo a práticas ambientais no dia a dia de cada um. Ele tem como

objetivo, segundo a Associação de Hotéis Roteiros do Charme (2006), com medidas

singelas, buscar grandes resultados práticos, tais como:

• incentivo à manutenção paisagística em torno da casa dos empregados que

vivem com suas famílias dentro da propriedade, através da premiação mensal

do jardim mais bem cuidado, escolhido por eles mesmos;

• incentivo à redução do desperdício de energia, premiando aqueles que

consomem menos que a média consumida em casas do mesmo tamanho e

padrão existentes nas redondezas;

• incentivo à redução de energia consumida pelo hotel, através da distribuição de

prêmios;

• incentivo à reciclagem de resíduos sólidos produzidos pelo hotel, através da

recompensa financeira para empregados;

• encorajamento à participação dos vizinhos no programa de reciclagem, através

da estocagem comum em local apropriado, a fim de se obter as quantidades

mínimas exigidas pelos catadores;

• encaminhamento a instituições de caridade de roupa de cama, mesa e banho

que não puderem ser transformadas;

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• incentivo ao aprimoramento profissional através de condições adequadas para o

estudo, horário de trabalho compatível com horário escolar e absorção pela

empresa de todo ou parte dos custos dos estudos para os empregados e seus

familiares (isto é, as facilidades necessárias para a continuidade dos estudos

dos empregados, assistências médica e dentária, de acordo com os princípios

da empresa sustentável).

Outra iniciativa de qualificação no Brasil foi o Programa Hóspedes da

Natureza- PHN enquanto um conjunto de ações planejadas de modo a proporcionar

a qualificação de pessoal, a implementação de projetos e a certificação de hotéis e

congêneres, em relação ao aprimoramento de suas responsabilidades sócio-

ambientais. Este programa foi lançado pela Associação Brasileira da Indústria

Hoteleira - ABIH em 1999 e durou até 2003, quando foi firmado um convênio de

parceria com o Instituto da Hospitalidade – IH, visando a incorporação do referido

programa no Programa de certificação do turismo sustentável – PCTS.

Vale destacar que o PCTS é um programa bem mais abrangente,

contemplando outras ações visando apoiar os empreendedores do turismo a

responder aos novos desafios do setor de turismo e contribuir para o

desenvolvimento sustentável do país, pois o novo paradigma do turismo sustentável.

Considera a autenticidade cultural, a inclusão social, a conservação do meio

ambiente e a qualidade dos serviços, como peças fundamentais para a viabilidade

do turismo ao longo prazo.

No contexto do PCTS, os requisitos são aqueles descritos na Norma NIH-

54 Meios de hospedagem - requisitos para a sustentabilidade e a certificação que irá

atestar que determinado meio de hospedagem tem um desempenho mínimo e um

sistema de gestão que atende aos requisitos de sustentabilidade, (PCTS,2006),

passando pelas fases do processo de certificação, conforme a Figura 3, a seguir.

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Figura 3 - Fluxograma do processo de certificação. Fonte PCTS (2006)

O pressuposto que orienta parte proposta do PCTS, entre outros critérios

é o de gestão ambiental, o qual se refere a um processo criativo de transformação

do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes, concebidas em função

das potencialidades deste meio, impedindo o desperdício inconsiderado de recursos,

e cuidando para que estes sejam empregados na satisfação das necessidades de

todos os membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos

contextos culturais e não restrito apenas à introdução de tecnologias limpas, mas

sim de soluções amplas, adequadas, integradas e eficazes do ponto de vista

ambiental e social.

Como responsabilidade sócio-ambiental compreende-se ações de

favorecimento na integração homem-natureza, em equilíbrio dinâmico, onde não

hajam hierarquias pré-estabelecidas, mas sim valores eqüitativos de importância.

Dessa forma, os aspectos culturais de cada comunidade humana tornam-se

relevantes, a partir do pressuposto que foram construídos historicamente com base

naquela interação.

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Com base nesses pressupostos, considera-se que a gestão dos meios de

hospedagem deve demonstrar atitudes responsáveis na redução dos impactos

ambientais, portanto, adotando uma conduta voltada para o equilíbrio do ambiente.

Dessa maneira, a responsabilidade ambiental torna-se um importante instrumento

gerencial para dar condições de competitividade às organizações de qualquer

segmento do turismo e da hotelaria.

No que diz respeito às empresas o que pode ser aplicado também para

os meios de hospedagem, Callenbach, et al. (2001), registram que o exemplo mais

importante da mudança de expansão para conservação, de quantidade para

qualidade é a mudança nos critérios fundamentais de “sucesso”, do crescimento

econômico para a consciência ecológica. [...] A administração com consciência

ecológica inclui a restrição do crescimento econômico, introduzindo também a

sustentabilidade como critério fundamental de todas as atividades de negócios. O

que persiste num sistema vivo ao longo do tempo é o padrão de organização, isto é,

a teia de relações que define o sistema como um todo integrado. Esse padrão, a

verdadeira essência do sistema, é uma característica qualitativa .

Algumas linhas de ação definem a percepção e responsabilidade

ambiental das empresas, influindo nas suas funções e estruturas internas. De acordo

com Cavalcanti (2001), a função ambiental na empresa tem por atividade/

responsabilidade controlar a performance interna e externa da regulação ambiental,

por meio de: capacitação e informação das pessoas; mensuração das emissões do

lixo, dos produtos e processos nocivos; elaboração de planos de emergência;

manter contato com a comunidade (órgãos governamentais, vizinhança, entidades

ambientalistas e públicos em geral); influenciar a estratégia política da empresa

desde o lançamento de uma nova planta, produto e/ou serviço.

Partindo desses pressupostos, entende-se que no desenvolvimento das

atividades de prestação de serviços em meios de hospedagem a situação passa

pelo mesmo processo visando à implantação da gestão ambiental.

Como precursor no desenvolvimento da gestão ambiental na hotelaria, há

a Inter-Continental Hotéis e Resorts, cadeia hoteleira com mais de 190

empreendimentos, espalhados por 70 países. Os hotéis pertencentes a essa cadeia

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agem com compromisso social e são benchmarks de práticas sustentáveis na

hotelaria.

Em 1990, a instituição lançou o programa de iniciativas ambientais,

instituindo metas de comprometimento ambiental; são elas:

• conservar recursos naturais, sem sacrificar hóspedes e inalterando os padrões

de segurança e conforto do hotel;

• selecionar produtos e materiais de fontes ambientais responsáveis;

• minimizar e gerenciar os resíduos eficazmente;

• conhecer e compreender as diferenças regionais, criando soluções compatíveis

com a particularidade/peculiaridade da localidade;

• identificar maneiras para participar das ações comunitárias;

• usar a educação ambiental para desenvolver a consciência ambiental.

A Inter-Continental Hotéis e Resorts, em parceria com a World Business

Council for Sustainable Development (WBCSD), identificou práticas e técnicas

viáveis para a hotelaria. Por causa do grande comprometimento dos membros da

instituição, resolveu-se criar um manual de referência ambiental e divulgar tais

práticas e técnicas, O programa tomou-se o catalisador da International Hotels

Environment Iniciatives (IHEI), programa específico do segmento hoteleiro que tem

por objetivo disseminar informações a respeito de como melhorar a performance

ambiental nos hotéis. As ecotécnicas, desenvolvidas e divulgadas pela International

Hotels Environment Iniciatives (lHEI) fundamentam-se na estruturação técnica de

modelos ambientais (Swarbrooke, 2000).

Os meios de hospedagem que adotam a postura sustentável partem da

reavaliação de suas atitudes e da conscientização de seus membros. Com isso,

buscam uma postura menos danosa ao ambiente, por meio da otimização do uso

dos recursos, do reaproveitamento e da reciclagem dos resíduos.

Reportando-se ao esgoto e lixo no contexto da ecologia rural, os autores

dizem que:

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com o ambiente amplo e densidade populacional baixa, os meios rurais, de maneira geral, não sofrem drasticamente os impactos da falta de saneamento ambiental. No ambiente esparso, a poluição é diluída, ficando o problema mais localizado, porém ela não deixa de existir. É evidente que uma família e uma pequena comunidade bebe e usa a água, alimenta-se de produtos locais e adquire produtos beneficiados nas cidades com suas embalagens. Tudo isso gera esgoto e lixo que é destinado ao meio. ( NATAL et al,2004, p. 62)

Natal et al (2004), ainda lembra que, os empreendimentos rurais,

incluindo-se os meios de hospedagem, geralmente adotam soluções próprias para

questões de saneamento. Muitas vezes sem orientação e desconhecedores dos

riscos retiram água de cacimbas mal cuidadas e erroneamente localizadas nas

imediações do equipamento, lançam águas servidas no terreiro ou em córregos

próximos, contaminando o ambiente. Fazem monturos de lixo também no ambiente.

Além disso, muitas vezes criam animais em estábulos ou granjas improvisadas e

localizadas muito próximo do equipamento.

Neste sentido, De Conto (2001) chama atenção para a importância de

estudos relacionados ao comportamento de turistas e prestadores de serviço

turísticos em relação ao manejo de resíduos sólidos no âmbito dos meios de

hospedagem, ressaltando:

O desenvolvimento de estudos sobre o gerenciamento de resíduos sólidos em hotéis permite desencadear o processo de sensibilização dos agentes responsáveis pelo manejo desses resíduos. Tais estudos buscam o manejo ambientalmente saudável dos resíduos, tendo como desafio mudanças comportamentais dos turistas, tornando-os agentes multiplicadores, principalmente na identificação de resíduos e na sua separação. Um hotel ambientalmente organizado, que busca em suas atividades não desperdiçar, reutilizar materiais, separar materiais nos serviços oferecidos aos turistas, demonstra ser um local não apenas para hospedagem, mas também para desenvolver o processo ensino/aprendizagem. O hotel passa a ser uma escola a partir do momento em que implanta seu plano de gerenciamento de resíduos e o socializa para todos os turistas. ( DE CONTO, 2001, p.67)

Ainda, a autora acima, destaca no gerenciamento dos resíduos sólidos as

instituições: IHA, IHEI e UNEP que apresentam informações importantes para

estudos e diagnósticos dos resíduos gerados nos hotéis, controle da tipologia e

quantidade dos resíduos gerados, medidas para redução de desperdícios, para

reciclar os resíduos, utilização de matéria orgânica, putrescível como adubo,

reutilização dos artigos de toalete, condições de estocagem de resíduos e controle

da geração de resíduos perigosos.

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Abreu (2001,p.58), considera a atividade hoteleira como potencial

impactante do meio ambiente quando se refere “à utilização dos recursos naturais

como água e energia; (...) ao lixo que é gerado nesses locais, aos equipamentos,

aos produtos de uso diário, aos efluentes líquidos misturados com detergentes e

outros dejetos orgânicos, e a tantos outros fatores (...)

Os conceitos de sustentabilidade e preservação ambiental vêm-se

difundindo e consolidando, as empresas estão buscando desenvolver processos de

produção mais apropriados a essa realidade de conscientização ecológica. As

chamadas tecnologias limpas já são realidade em muitas áreas e, gradativamente,

tenderão a disseminar-se ainda mais intensamente, inclusive nos campos do turismo

e da hotelaria, conforme prevêem Lamprecht e Ricci (2001).

Natal et al (2004) se reportam ao abastecimento de águas no contexto de

ecologia rural, chamando atenção para a aplicação de fertilizantes químicos e

produtos tóxicos de ação inseticida. Nessas áreas, a alteração do ambiental, pela

perda da cobertura vegetal primitiva e revolvimento da terra, altera acentuadamente

o fluxo das águas de precipitação. Com o aumento do escoamento superficial os

contaminantes são levados mais rapidamente aos fundos de bacias, atingindo os

corpos d’água, além de contaminar o lençol de água e de aqüíferos, gerando águas

de nascentes contaminadas que atingem os rios usados para captação e uso nas

propriedades rurais.

Considerando que todas as pessoas têm direito à educação ambiental, a

Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental de Tbilisi (1977) que até

hoje é marco referencial na Educação Ambiental de diversos países, apresenta os

seguintes princípios e objetivos básicos da Educação Ambiental :

• considerar o meio ambiente em sua totalidade, seja nos aspectos naturais ou

criados pelo homem;

• constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar e

continuando através de todas as fases do ensino formal e não-formal;

• aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada

disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada;

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• examinar as principais questões ambientais, dos pontos de vista local, regional,

nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as

condições ambientais de outras regiões geográficas;

• concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta a perspectiva

histórica;

• insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional

para prevenir e resolver os problemas ambientais;

• considerar de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de

desenvolvimento e de crescimento;

• ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais;

• destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a

necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para

resolver tais problemas;

• utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para

comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando

devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais.

Zolcsak (2002), reconhece que a educação ambiental promove

experiências concretas sobre o ambiente, facilitando a descoberta de interrelações

entre os ambientes físicos, biológicos e sociais e desta maneira, motivando a

apreciação e o senso de responsabilidade pela conservação do ambiente.

Existem diversas classificações de correntes da educação ambiental,

Sorrentino (1995), colocando-as em 4 grandes categorias, tanto de teoria tanto da

prática: conservacionista; educação ao ar livre; gestão ambiental; e economia

ecológica.

A primeira está ainda bem presente nas sociedades avançadas, e mesmo

no Brasil, através da atuação de diversas entidades que defendem o manancial das

matas e da fauna.

A segunda, “educação ao ar livre”, esta presente no trabalho de antigos

naturalistas como escoteiros, espeleólogos, adeptos do montanhismo e educadores

que enfatizam as caminhadas ecológicas, as trilhas de interpretação da natureza,

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turismo ecológico, alem daqueles que buscam o auto-conhecimento no contato com

a natureza.

A terceira categoria, “gestão ambiental”, possui forte implicação política e,

portanto, bastante presente nas lutas dos movimentos sociais pela despoluição das

águas e do ar, pela crítica ao sistema capitalista predador da natureza, pela

participação democrática das populações nas decisões que lhes afetam.

A quarta categoria, chamada de “economia ecológica”, inspira-se no

conceito de ecodesenvolvimento formulado por Sachs e aparece na elaboração de

documentos importantes como o Nosso Futuro Comum (Comissão Brundtland,

1987), Nossa Própria Agenda (1989) e no Cuidando do Planeta Terra (PNUMA/

WWF. Esta categoria está presente na atuação de organismos internacionais como

a FAO e UNESCO, ongs e Associações Ambientalista que defendem tecnologias

alternativas no trato da terra, no uso da energia e no tratamento de resíduos.

Sendo assim, a função de uma atividade de Educação ambiental, tanto

formal quanto informal, é despertar a razão e a emoção para um melhor

aproveitamento das informações que estão sendo transmitidas, protegendo os

recursos por meio da compreensão dos seus valores.

Os meios de hospedagem do espaço rural tem se revelado em expansão,

porém é preciso vincular a atratividade exercida pelo meio ambiente saudável, como

fator de agregação aos valores, políticas, cultura do setor e responsabilidade

ambiental.

2.5 A GESTÃO AMBIENTAL NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM E O DIFERENCIAL MERCADOLÓGICO.

Na definição advinda da norma NBR ISO 14001 (ABNT,1996), o sistema

de gestão ambiental “é a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura

organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,

procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir,

analisar criticamente e manter a política ambiental”.

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Ao ser utilizada como estratégia de mercado, a gestão ambiental abrange

novos mercados, fortalece a imagem da empresa, reduz os custos operacionais,

melhora o desempenho da empresa, reduz os riscos da atividade, criando-se assim,

um diferencial competitivo, para que as instituições garantam sua sobrevivência no

mercado (KINLAW, 1997; ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO, 2000).

O segmento hoteleiro, como visto acima, transforma-se ao agregar o

paradigma ambiental, nas experiências e procedimentos usados em diferentes

programas de gestão comprometida com os melhoramentos ecológicos, ações e

planos de melhoria ambiental permanentes. E, esta deve ser uma atitude visível em

procedimentos ambientalmente corretos agregando “negócios” num mundo cada vez

mais “verde”, fazendo com que o caráter ambiental se torne um diferencial,

atendendo às exigências do mercado.

O processo criativo de transformação do meio com a ajuda de técnicas

ecologicamente prudentes, concebidas em função das potencialidades deste meio,

impede o desperdício de recursos, cuidando para que estes sejam empregados na

satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a

diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais e não restrito apenas à

introdução de tecnologias limpas, mas sim de soluções amplas, adequadas,

integradas e eficazes do ponto de vista ambiental e social.

Neste sentido Tachizawa e Faria (2002), revelam algumas questões

relativas à gestão e responsabilidade ambiental, relacionadas ao aumento da

qualidade e competitividade; atendimento ao consumidor com preocupações

ambientais; à comunidade e às pressões de Ongs ambientalistas. Enfim, estar em

conformidade com a política ambiental da empresa além de melhorar a imagem

perante o mercado.

A gestão ambiental envolve a passagem do pensamento mecanicista para

o pensamento sistêmico, e um aspecto essencial dessa mudança diz respeito à

concepção da natureza e de uma sociedade ambientalmente mais comprometida

incluindo-se, portanto, os equipamentos turísticos voltados para a hospitalidade no

espaço rural.

Ainda, Tachizawa e Faria (2002), tratando da responsabilidade social e

ambiental, enfatizam a relação direta com o conceito de efetividade enquanto

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capacidade de cumprir as metas do desenvolvimento econômico-social. A

efetividade está vinculada à satisfação da sociedade com o atendimento das

demandas sociais, econômicas culturais e naturais. Portanto uma organização é

efetiva e, no caso dos meios de hospedagem no espaço rural, quando mantêm uma

postura ambientalmente responsável. Os autores ainda reforçam que é preciso levar

em conta a lucratividade no cumprimento de questões ambientais, o crescimento

mundial dos movimentos ambientalistas, a valorização de práticas ambientais e o

faturamento dependente direto dos consumidores que darão preferência aos

produtos e serviços ecologicamente corretos.

Para Enz e Siguaw (1999), os meios de hospedagem precisam agir

proativamente para garantir sua competitividade, agregando valor ao serviço

ofertado e assegurando a sustentabilidade.

Autores como Gohr, Moretto Neto e Santana (2002), fazem referência as

principais transformações do setor turístico ligados à globalização da economia,

avanços tecnológicos, mudanças nas condições de oferta e demanda e aos

problemas ambientais. Assim destacam a imagem de respeito com a natureza como

uma importante estratégia para os meios de hospedagem, tentando compatibilizar

benefícios econômicos e conservação do entorno.

De acordo com Backer (1998) apud Dreher (2004), tudo indica, pelas

necessidades mercadológicas, que a questão ambiental fará parte, em curto prazo,

das responsabilidades de gestores, sejam quais forem os setores econômicos e

sociais. Assim a necessidade de produtos e espaços sustentáveis, a maior

consciência do consumidor serão, portanto, os maiores argumentos a favor de

programas de gestão ambiental e, conseqüentemente, para atrair um mercado

consumidor mais consciente.

A gestão ambiental na hotelaria pode ser implementada adotando-se

tarefas ou procedimentos específicos a cada processo do hotel. Como ponto comum

destaca-se o desperdício que deve ser definitivamente abolido em qualquer

indústria, evidenciando à reutilização ou readaptação de produtos, para que se

tornem recarregáveis ou reaproveitados.

O processo de sensibilização e conscientização dos membros deve ser

sistemático e contínuo, pois visa mudanças de atitudes, onde a cultura do

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desperdício dá lugar à racionalização dos recursos. Através desse tipo de atitude,

disseminados em todos os setores produtivos e instituições, é possível alcançar um

desenvolvimento menos danoso aos habitantes do planeta. Utilizando-se do

paradigma ambiental para transformar atitudes nas empresas será uma das

soluções para a busca de uma realidade menos cruel para todos.

Logo a transição na conduta empresarial reflete-se na adoção de uma

postura ambientalmente coerente. Essa conduta tem sido influenciada pelas

diversas contingências acima citadas, mas também pelo aumento das

regulamentações ambientais e necessidade de agir proativamente para alcançar

novos nichos de mercado.

Abreu (2001), alerta para o advento de um novo tipo de hóspede: «os

ilustres hóspedes verdes’ que dão título à sua obra. Esse tipo de hóspede, atento à

necessidade da prática de um turismo mais sustentável, vem mudando sua atitude

em relação ao meio ambiente e exigindo práticas ambientalmente mais saudáveis no

âmbito dos meios de hospedagem. Além disso, segundo o autor, os cuidados com o

meio ambiente acabam sendo um fator decisivo para a escolha entre um ou outro

hotel.

Desponta, nesse contexto, segundo Layrargues (2000) o consumidor

verde, que é aquele em cujo poder de escolha do produto incide, além da questão

qualidade/preço, uma terceira variável: o meio ambiente, ou seja, a determinação da

escolha de um produto agora vai além da relação qualidade e preço, pois este

precisa ser ambientalmente correto, isto é, não prejudicial ao ambiente em nenhuma

etapa do seu ciclo de vida. Dizem até que, de agora em diante, o simples ato da

compra determina uma atitude de depredação ou preservação do ambiente,

transferindo o ônus da responsabilidade ambiental à sociedade, não mais ao

mercado ou Estado.

Deste modo pode-se inferir que, ao ser utilizada como estratégia de

mercado, a gestão ambiental abrange novos segmentos, fortalece a imagem

ecológica, reduz os custos operacionais, melhora o desempenho das atividades,

reduz os riscos, e cria assim, um diferencial competitivo, para os meios de

hospedagem no espaço rural.

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3 RESULTADOS

3.1 O CENÁRIO DAS ATIVIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO RURAL DE SANTA CATARINA

As características próprias das fazendas e propriedades rurais de Santa

Catarina com diferentes estruturas, oferecem instalações de hospedagem, oferta do

patrimônio histórico-arquitetônico e étnico-cultural, além dos recursos naturais. Em

alguns casos, as atrações oferecidas estão relacionadas com o negócio principal da

propriedade podendo ser denominadas de propriedades temáticas.

Através da realização de uma pesquisa empírica desenvolvida no presente

trabalho, constatou-se que os equipamentos rurais de Santa Catarina, oferecem uma

amálgama de atividades, muitas vezes, não diretamente relacionadas com a

principal atividade econômica da propriedade.

Assim o cenário do espaço rural de Santa Catarina configurado nos

atrativos e atividades potenciais, específicas e diferenciadas, segundo Novaes

(2003) revela-se através:

• Monocultura ou plantações diversificadas – observação, aprendizado de técnicas

agrícolas, “colheita de maçãs” na região do Vale do Contestado e Região

Serrana; observação e colheita de uvas na região do Vale do Contestado, Serra

Catarinense e Encantos do Sul, além da visitação e compras nas vinícolas, entre

outras, oferecidas pelos meios de hospedagem do espaço rural;

• Fauna Nativa - a maioria das fazendas oferecem a chance de ver e estar perto

de animais e aves típicos da região, através dos roteiros disponibilizados aos

visitantes e turistas;

• Acesso às lides do campo – estimulado através da organização de caminhadas,

cavalgadas e outros passeios em espaços naturais, ou modificados pelas

atividades agropastoris com traços da cultura local;

• Restaurante típico colonial – a maioria das fazendas ou propriedades rurais

oferecem a possibilidade de experimentar a culinária típica rural, com a

preparação de refeições, cafés coloniais, biscoitos e doces caseiros, com

produtos produzidos na propriedade ou moradores locais;

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• Loja de lembranças e artesanato típico – atividade que incrementa a renda

através da venda de produtos com preços atrativos, dentre eles objetos de vime,

couro, lã, rendas, bordados, artesanato de madeira, etc. A produção de

artesanato típico, além de revitalizar as atividades tradicionais, constitui-se em

fonte de trabalho e renda;

• Museu / exposição – pequenos museus ou exposições temporárias são

organizadas, no caso da fazenda possuir maquinário agrícola antigo, peças ou

móveis antigos construções de valor e interesse históricos. Enfim, museu rural,

museu da banana, da maçã, do vinho entre outros cativam os visitantes e

turistas;

• Opções de entretenimento para crianças – São organizadas atrações e áreas de

lazer dirigidas para crianças incluindo os programas de educação ambiental,

atividades de recreação e lazer como caminhadas, banhos de rio, jogos, etc;

• Eventos – O espaço rural permite a realização de alguns eventos como parte de

suas atrações, (rodeios, Festas do colono, campeonatos de bocha, Festa do

queijo e do vinho, Festa do Morango, Festa da colheita, leilões, entre outros

eventos esportivos e culturais);

• Ecoturismo - praticado em florestas, montanhas, rios, cachoeiras, ou seja nos

espaços naturais com objetivo específico de admirar, estudar, desfrutar de

paisagens, sua fauna e flora ou reviver aspectos culturais. O que implica numa

atitude científica ou filosófica de quem o pratica. Para Ceballos-Lascurain (2000),

a busca do equilíbrio entre o que se desfruta e prioridade de conservação é o

que caracteriza o ecoturismo. Constata-se a implantação de agências de turismo

receptivo com roteiros programados e atividades como trekking, canyoning,

cavalgada, rafting, rapel, caminhadas, esportes náuticos e passeios de charrete

nas diferentes regiões do Estado;

• Hospedagem alternativa – são os meios de hospedagens que oferecem

atividades de recreação e lazer: Pousada rural, hotel fazenda, camping

ecológico, eco-hotéis, vilas de campo, etc, que aproveitam os recursos humanos

locais, muitas vezes administrados dentro de modelos de administração familiar.

Outros, em menor número, apresentam modelos de gestão dentro dos padrões

da moderna administração hoteleira.

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Este cenário permite inferir que existe uma aproximação da realidade

constatada, através da pesquisa empírica com o referenciado pelos autores como:

Oxinaldi (1994), Tulik (1997), Rodrigues (1998), Cavaco (2001) Graziano (1998),

Beni (2002), dentre outros, confirmando as discussões sobre a pluriatividade rural,

enquanto uma nova forma de urbanização do meio rural, através de uma difusão de

atividades e relações econômicas.

Logo, também em Santa Catarina como em outros estados ou países, o

deslocamento de pessoas a espaços rurais, em roteiros programados ou

espontâneos, com ou sem pernoite, buscam as diversidade de atividades seja pela

vivência e participação nas atividades agropastoris, turismo de aventura, turismo

cultural e de eventos rurais, turismo esportivo, turismo de habitação, compras de

produtos coloniais e artesanato local entre outras atividades que não se excluem e

que se completam, independente das diferentes conceituações sobre a temática.

Neste contexto, as propriedades rurais de Santa Catarina, que possuem

atividade produtiva ou não podem oferecem diversos tipos de serviços turísticos:

hospedagem, gastronomia típica, venda de produtos artesanais locais, lazer e

entretenimento, além da oportunidade dos visitantes desfrutarem diferentes

ambientes rurais, em contato com a natureza e costumes fora do ambiente urbano.

Pode-se dizer que como existe uma grande variedade de paisagem nas diferentes

regiões rurais, bem como riqueza e diversidade cultural nas propriedades com

sistema produtivo peculiar, cada espaço tem o seu próprio turismo, de modo que não

se pode falar, em um turismo rural, mas sim em um conjunto de práticas turísticas

em espaço rural.

Considerando a configuração do cenário das atividades turísticas que

ocorrem em Santa Catarina, vale destacar o papel fundamental das mesmas, como

complemento de rendimentos, de reforço da identidade e da imagem de lugares,

bem como da auto-estima das populações, com seus valores e cultura, na medida

em que estimula a valorização do patrimônio cultural rural-material através das

edificações e imaterial através dos saberes e fazeres do espaço rural.

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75

3.2 A PANORÂMICA DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM NO ESPAÇO RURAL

O órgão oficial de turismo do estado de Santa Catarina – SANTUR

elaborou, em 2002, um Guia de Turismo Rural do Estado (Anexo A) apresentando a

capacidade de hospedagem distribuída por região, totalizando 52 equipamentos e

820 unidades habitacionais, que serviu de base para a presente pesquisa. Deste

universo fazem parte pousadas, propriedades rurais transformadas em meios de

hospedagem, porque possuem amplas instalações receptivas, algumas de valor

histórico-patrimonial e arquitetônico de época que, adaptadas, permitem absorver

parte de uma demanda diferenciada. Ainda incluem-se os modernos hotéis-fazenda,

especialmente edificados nas áreas rurais de Santa Catarina, de destacado valor

cênico-paisagístico.

Vale destacar que, os dados acima não revelam a realidade atual, pois

existem propriedades que oferecem serviços de hospedagem assim como meios de

hospedagem construídos recentemente e até outros que, na época, não se

cadastraram no referido guia de hospedagem. Outros documentos como o Guia para

Profissionais de Turismo lançado pelo Ministério e governo de Santa Catarina, em

2004, apresentando os destinos catarinenses das oito regiões do estado,

apresentam outros meios de hospedagem. Do mesmo modo, uma publicação

realizada pela ABIH-SC, em 2003, sobre os roteiros turísticos integrados (Anexo E),

também faz referência aos meios de hospedagem registrando somente os filiados à

referida associação, no entanto, inclui alguns do espaço rural, distribuídos nas

diferentes regiões, conforme mapeado no processo da política de Regionalização do

Turismo em Santa Catarina.

Também foi publicado, em 2003, pelo Órgão oficial de turismo do Estado

de Santa Catarina, um levantamento ilustrado sobre os principais atrativos dos 18

municípios da Serra Catarinense, destacando o potencial turístico revelado na

cultura, história, atrativos naturais e equipamentos turísticos. (Anexo F)

O desenvolvimento do turismo no espaço rural de Santa Catarina está

incrementando novas atividades e programações oferecidas pelos meios de

hospedagem. Algumas delas possuem uma evidente base agrícola ou pecuária

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tradicional, outras investindo na criação de aves e animais exóticos, agricultura

orgânica, fruticultura, cultivo de plantas ornamentais, programas de lazer e

entretenimento no espaço rural, eventos diversos, entre outros.

O turismo de rios e represas, em várias regiões do Estado, destaca-se

como importante fator de indução do crescimento das atividades do turismo de

aventura e esportes aquáticos no espaço rural com investimentos na hotelaria.

As programações de cursos especiais de culinária típica e artesanato local

ou roteiros de visitações nas propriedades rurais têm influenciado na movimentação

de turistas e visitantes em diferentes regiões do estado de Santa Catarina,

movimentando a taxa de ocupação hoteleira, especialmente na região Serrana.

Constata-se ainda que a oferta turística no espaço rural de Santa Catarina

é diversificada, mas para satisfazer o cliente, segundo Rodrigues (1998) os meios de

hospedagem precisam permanecer constantemente atentos às expectativas e

necessidades da demanda real e potencial como também analisar os impactos da

atividade.

Conforme os resultados da pesquisa, alguns equipamentos estão

investindo na adaptação de seus produtos e serviços, desenvolvendo a qualidade e

promovendo, gradativamente, as adequações necessárias, segundo as exigências

do mercado. Por outro lado, são iniciativas que demonstram limitações, em relação

ao modelo de gestão de meios de hospedagem, mais especificamente, em relação à

gestão ambiental.

Estudos de De Conto (2004), Dreher (2004), Gonçalves (2004),Tigre

(1994), Layrargues (2000) entre outros, retomados na análise dos resultados da

pesquisa de campo, na conclusão do subitem 3.3.1, permitem inferir que esta oferta

de produtos e serviços, assim como a comunidade rural necessita de intervenções

do poder público cumprindo com o seu papel em prol do desenvolvimento

sustentável e demais segmentos da sociedade civil organizada, no sentido de

instrumentalizar os proprietários rurais envolvidos com o turismo no espaço rural.

Como diz Beni (2003), o equilíbrio entre a atividade humana e o

desenvolvimento e a proteção do ambiente exige uma repartição de

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responsabilidades em relação ao consumo e ao comportamento face aos recursos

naturais.

Isto implica na integração de considerações ambientais na formulação e

na implementação de políticas econômicas e setoriais, nas decisões das autoridades

públicas, na operação e no desenvolvimento dos processos de produção e nos

comportamentos e nas escolhas para o desenvolvimento do turismo rural. Implica,

igualmente, na existência de um diálogo real e a pactuação de ações de parceria.

3.3 O RESULTADO E ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO

3.3.1 Os comparativos e análises da gestão ambiental, por regiões

O primeiro contato com os empreendimentos hoteleiros no espaço rural de

Santa Catarina, ocorrido em 2004, foi através de telemarketing. Inicialmente foram

selecionados todos meios de hospedagem, conforme constava no referido Guia da

SANTUR. Utilizou-se de comportamento ético em relação à exposição dos

resultados, apresentando os dados, regionalmente. Além dos telefonemas

realizaram-se algumas visitas técnicas para observações e entrevistas

assistemáticas. O resultado da pesquisa de 2004, em relação aos indicadores de

condutas ou princípios de gestão ambiental, por regiões, aparece na Tabela, a

seguir:

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Tabela 2 – Distribuição dos meios de hospedagem por região

MUNICÍPIOS N° de Hotéis Cadastrados

N° de Hotéis Pesquisados

N° de Hotéis Pesquisados que apresentam algumas práticas ambientais

% de Hotéis Pesquisados que apresentam algumas práticas ambientais

Região Norte

Araquari 1 1

Campo Alegre 1 1

Itapoá 1 1

Joinville 3 3

São Francisco do Sul 1 1

TOTAL 12 7 7 100%

Região Sul

Araranguá 1 0

B. Arroio Silva 1 1

Imaruí 2 1

Jaguaruna 1 1

Lauro Muller 1 0

Pedras Grandes 1 1

TOTAL 8 7 4 57,14%

Região Oeste

São Jose dos Cedros 1 0

Treze Tílias 1 0

TOTAL 6 2 0 0,00%

Região Serrana

Bom Jardim da Serra 1 1

Lages 5 3

Urubici 5 3

Painel 1 1

São Joaquim 1 0

TOTAL 13 13 8 61,54%

Região Litoral Centro

Angelina 1 0

Antonio Carlos 1 0

Florianópolis 1 1

Gov. Celso Ramos 1 1

Sto. Amaro da Imperatriz 1 0

São Pedro de Alcântara 1 0

TOTAL 6 6 2 33,33%

Região Vale do Itajaí

Benedito Novo 1 0

Gaspar 2 2

Presidente Getúlio 1 0

Rio dos Cedros 1 1

Massaranduba 1 1

TOTAL 8 6 4 66,66%

Fonte: SANTUR e pesquisa realizada por Novaes (2004)

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A pesquisa evidenciou que na Região Norte a totalidade (100%) dos

equipamentos entrevistados estão voltados para comportamentos ambientalmente

corretos. Ressalta-se que, este quadro não representa a totalidade dos

equipamentos existentes na época, nem que os pesquisados adotam a maioria

práticas ambientais elencados nos indicadores apresentados na Tabela 3.

Na Região Norte, dos 7 meios de hospedagens, pelo menos 1, adota em

sua prática de gestão ambiental um dos indicadores apontados. O que ainda

apresenta pouca significância se considerarmos que somente 3, fazem a coleta

seletiva do lixo e somente 2 estão envolvidos com educação ambiental.

Na Região Sul a porcentagem de meios de hospedagem ambientalmente

comprometidos chega a 57,1%, embora dos 7 meios de hospedagem, somente 4

apresentaram um indicador de comprometimento com a gestão ambiental, de modo

incipiente, em relação à coleta seletiva do lixo, tratamento de esgoto, educação

ambiental e economia de água e energia.

É possível inferir que os resultados apontam para o baixo nível de

utilização de práticas ambientais em todas as regiões que desenvolvem turismo no

espaço rural. As iniciativas ainda incipientes revelam a inexistência de uma cultura

organizacional inovadora e direcionada às exigências do mercado.

Na Região Oeste as iniciativas neste sentido não foram constatadas, pela

dificuldade de comunicação, resultando na pesquisa com somente 2 meios de

hospedagem dos cadastrados na Santur (2002), e que não permitiu diagnosticar as

situações de comprometimento ambiental.

Já na Região Serrana, foi possível pesquisar a totalidade (13) dos

equipamentos cadastrados, quando 61,5% dos equipamentos pesquisados

apresentaram procedimentos voltados para a gestão sustentável, conforme Figura 4.

O que é representativo, mesmo que as ações sejam de coleta seletiva do lixo,

educação ambiental e utilização de formas alternativas de geração de energia, sem

contar com os demais indicadores timidamente visíveis, na Tabela 3.

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Na região de Lages, conhecida como a capital do turismo rural aparece a

maior concentração de hotéis-fazenda e investimentos em hotéis e pousadas

temáticas, além dos condomínios rurais. Constatou-se pelas visitas técnicas aos

meios de hospedagem que alguns gerentes e proprietários têm claro a percepção

de que os hóspedes verdes já estão influenciando o mundo dos serviços turísticos,

definindo com precisão os tipos de produtos e serviços que preferem. Assim, os

dirigentes estão repensando seus produtos, serviços e suas formas de gestão,

buscando novas alternativas que não agridam o meio ambiente.

Figura 4 - Hotéis pesquisados no espaço rural que apresentam práticas ambientais Fonte: pesquisa realizada por Novaes (2004)

Na Região do Litoral Centro dos seis hotéis cadastrados e pesquisados,

na época, somente 33,3% desenvolvem alguma prática de gestão ambiental. Na

verdade, somente 2 hotéis, apresentam práticas ambientais, mais especificamente

em relação à educação ambiental e coleta seletiva de lixo, além de outros

procedimentos ambientais isolados.

Na Região do Vale do Itajaí existem muitos equipamentos que não se

cadastraram no Catálogo da Santur. Considerando que a pesquisa foi realizada

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com 6 meios de hospedagem e somente 4 usam de práticas ambientais, no

comparativo das regiões passa a representar, proporcionalmente, o segundo maior

percentual de comprometimento com condutas ambientais. Nesta região 66,6%

reconhecem a importância e adotam algum procedimento ambiental. Ressalta-se

que nas visitas técnicas ficou evidenciado, pelas gerências, a preocupação em

ampliar a adoção dos indicadores pesquisados, principalmente em relação à

educação ambiental, coleta e tratamento dos resíduos.

De Conto (2005), chama atenção para a importância da realização de

pesquisas sobre o manejo de resíduos no âmbito dos diferentes meios de

hospedagem para auxiliar no esclarecimento de possibilidades de melhorias na

construção de relações entre diferentes etapas de gerenciamento desses resíduos,

que constituem crescentes problemas sociais e ambientais.

Em conversa com alguns dirigentes dos meios de hospedagem, ficou

evidenciada, a percepção da maioria, em relação aos hóspedes que atentos à

gestão ambiental nos meios de hospedagem, e procedimentos adotados com os

resíduos sólidos, consumo da água e de energia e, conseqüentemente, a redução

dos desperdícios nesses meios de hospedagem, demonstrando comprometimento

com a gestão ambiental, o que passa a agregar valor e diferencial mercadológico.

Sabe-se que a implantação de um processo de educação ambiental

implicaria numa sensibilização, transmissão de conhecimento e busca de um

comprometimento do visitante como do cidadão da comunidade, visando sua

conscientização para modificação de comportamentos, valores e hábitos sociais.

A Figura 4, anteriormente apresentada, na página 80 permite fazer um

comparativo dos resultados percentuais, por região, o que não representa a

totalidade dos equipamentos cadastrados no catálogo da Santur (2002), conforme

mencionado na metodologia da pesquisa . Numa análise global constata-se que a

gestão ambiental, na grande maioria dos meios de hospedagem no espaço rural

ainda é insignificante e sem foco resultante de planejamento e gestão. Mesmo

assim, destacou-se na Região Serrana, Vale do Itajaí e Região Sul o

comprometimento de alguns meios de hospedagem do espaço rural, globalmente

visualizado na Tabela 2, na página 78 anteriormente exposta.

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Tabela 3 - Indicadores de gestão ambiental e sua verificação nos meios de hospedagem do espaço rural.

Indicadores Presença dos indicadores nos hotéis por região

Norte Sul Oeste Serrana Litoral Centro

Vale do Itajaí

%

01-Coleta seletiva de lixo 3 2 - 8 2 4 46,34%

02-Controle de qualidade de mananciais de água 1 - - - 1 2 9,75%

03-Controle de qualidade do solo para plantio 1 - - - 1 1 7,31%

04-Educação ambiental com hospedes e funcionários 1 1 - 2 1 3 19,51%

05-Políticas de economia de água e energia elétrica 1 1 - 1 1 2 14,63%

06-Preocupação com impacto no momento da construção do hotel - - - - - 2 4,87%

07-Preservação de Sambaquis e Sítio Arqueológicos - 1 - - - 3 9,81%

08-Preservação de trilhas ecológicas 1 - - 1 1 1 9,81%

09-Reaproveitamento de lixo orgânico 1 - - 1 1 1 9,81%

10-Reflorestamento - - - - - 1 2,43%

11-Reserva particular de preservação 1 - - - - - 2,43%

12-Supervisão de profissionais da área ambiental - - - 1 1 1 7,31%

13-Trabalhos educativos junto a escolas 2 - - - 1 3 14,63%

14-Tratamento de esgoto sistema orgânico 1 1 - 1 1 2 14,63%

15-Utilização de formas alternativas de geração de energia 1 - - 3 - 2 14,63%

Fonte: Novaes ( 2004)

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Quanto às atividades realizadas que demonstram algum comprometimento

com a gestão ambiental, ressalta-se na Tabela 3 e as Figuras 5 e 6 que salvo, um

ou outro equipamento, as ações ainda não decorrem de situações de gestão

ambiental estratégica, devidamente planejada. Na totalidade dos 41 meios de

hospedagem pesquisados, aparecem somente 3 equipamentos (7,3%), que aplicam

projetos ambientais com supervisão de profissionais da área.

Quanto à Coleta seletiva de lixo, menos da metade dos meios de

hospedagem, ou seja, 46,3% da amostragem realizam tal procedimento. O que

revela preocupação, pois com a tendência de aumento do turismo em áreas

naturais, crescerá o volume de resíduos. O não tratamento destes resíduos pode

contribuir significativamente para a degradação do ambiente, em detrimento da

qualidade de vida no espaço rural.

A coleta seletiva é definida pela ABNT como “coleta que remove os

resíduos previamente separados pelo gerador, tais como: papéis, latas, vidros e

outros” (NBR 12.980, 1993, p.3). A temática é bastante abordada atualmente, pois

afeta a humanidade e o meio ambiente.

Conforme defendido por vários autores “a associação do consumo” à

“qualidade de vida” representa precisamente um destes valores de fundamental

importância para a questão ambiental. A principal alternativa está na adoção de

Programas de Coleta Seletiva e Reciclagem, como esforço para diminuir os

resíduos.

Nesse sentido, a educação ambiental é uma peça fundamental para o

sucesso de qualquer programa de coleta seletiva, que ameniza o impacto negativo

das populações e dos turistas sobre o meio ambiente rural. Essa forma de

educação, que neste caso visa ensinar o cidadão sobre o seu papel como gerador

de lixo, é principalmente dirigida às escolas, mas sem deixar de abranger a

comunidade inteira. Quando à população fica ciente do seu poder ou dever de

separar o lixo, passa a contribuir mais ativamente com programas desta natureza.

Com isso, há uma diminuição cada vez maior dos materiais outrora destinados ao

aterro sanitário e uma maior economia de recursos. A informação sobre a realização

da coleta seletiva deve ser divulgada regularmente ao público em geral, prestando

contas dos benefícios e metas. No desenvolvimento dos programas de educação

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ambiental destaca-se o efetivo papel dos órgãos públicos na implantação e

monitoramento das políticas de educação ambiental.

A educação ambiental com hóspedes e funcionários apresentou uma

participação de 19,5%, o que permite inferir que embora ainda represente o mínimo,

tal realidade tende a expandir-se considerando que é condição necessária para a

construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado.

A educação ambiental deve envolver aspectos primordiais relacionados

com o desenvolvimento e o meio ambiente, tais como: população, saúde, direitos

humanos e degradação da flora e fauna, promovendo cooperação e diálogo entre

indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida, baseados

em atender às necessidades básicas de todos.

O tratamento de esgoto e o reaproveitamento de lixo orgânico, embora

incipiente, somado representa 26,8%. Atualmente a questão ambiental não se

restringe aos problemas de poluição gerado na saída do processo, mas sim à

operação por completo, não só das indústrias mas também dos demais segmentos

econômicos, incluindo-se os serviços turísticos e de hospedagem.

Os fatores que tornam a reciclagem do lixo economicamente viável

convergem, para a proteção ambiental e a sustentabilidade do desenvolvimento,

pois referem-se à economia de energia, à economia de matérias-primas, à economia

de água e à redução da poluição do subsolo, do solo, da água e do ar. Convergem

também para a promoção de uma forma de desenvolvimento econômica e

socialmente sustentável, resultando pois em ganhos para a sociedade.

Outros indicadores como utilização de formas alternativas de geração de

energia em 14,6% dos MHER ; trabalho educativo junto às escolas (14.6%);

preservação de trilhas ecológicas em 12,1% dos equipamentos, permite reforçar que

a questão ambiental se torna mais evidente, também no segmento dos meios de

hospedagem, como conseqüência da pressão dos consumidores, dos órgãos de

regulação e das organizações não governamentais.

Autores como Goldner, Ritchie e McIntosh (2002), destacam que os

turistas também precisam ser educados em relação ao consumo, com obrigações e

responsabilidades, no sentido de colaborarem com os projetos ambientalmente

responsáveis. Assim os programas de educação ambiental passam pela

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sensibilização e envolvimento de todos os atores envolvidos no processo: setor

público, iniciativa privada, organizações não-governamentais, organismos

voluntários e comunidade.

Destaca-se que todos os meios de hospedagem precisam ter clareza de

suas operações, de entradas (água, energia e matéria-prima) e das saídas (produtos

resultantes das atividades diárias), nunca esquecendo que os resíduos sólidos como

restos de alimentos, resíduos de limpeza de jardim, composto orgânico mesmo que

indesejáveis, constituem esses produtos.

Figura 5 - Representação regional dos indicadores ambientais Fonte Novaes (2006)

01-Coleta seletiva de lixo02-Controle de qualidade de mananciais de água03-Controle de qualidade do solo para plantio04-Educação ambiental com hospedes e funcionários 05-Políticas de economia de água e energia elétrica 06-Preocupação com impacto no momento da construção do hotel07-Preservação de Sambaquis e Sítio Arqueológicos08-Preservação de trilhas ecológicas09-Reaproveitamento de lixo orgânico10-Reflorestamento11-Reserva particular de preservação12-Supervisão de profissionais da área ambiental13-Trabalhos educativos junto a escolas14-Tratamento de esgoto sistema orgânico15-Utilização de formas alternativas de geração de energia

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Norte Sul Oeste Serrana Litoral Centro Vale do Itajaí

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Visualizando os resultados, por região, conforme Figura 5, constata-se que

a Região do Vale do Itajaí, embora com a representatividade de 6 meios de

hospedagem, apresentou, proporcionalmente, as maiores contribuições quanto ao

comprometimento com a gestão ambiental

Reforçando a importância do envolvimento integrado de ações e agentes

na direção da sensibilização ambiental, De Conto (2005), recomenda desenvolver o

programa como um instrumento de difusão de conceitos práticos de

responsabilidade ambiental, promovendo ações que envolvam todo o empresariado

dos meios de hospedagem rural, a comunidade, o poder público, os fornecedores,

os funcionários e, principalmente, os hóspedes.

As práticas ambientais realizadas nos equipamentos de hospedagem do

espaço rural de Santa Catarina ainda são relativamente limitadas, o que denota

preocupação em relação à preservação do patrimônio ambiental.

Os meios de hospedagem no espaço rural como toda empresa utilizam os

recursos naturais e, ao se utilizarem deles, contribuem para a redução dos mesmos ,

o que passa a ser representativo nos impactos ambientais decorrentes do lixo

gerado, do uso dos diferentes equipamentos e utensílios, dos produtos orgânicos e

químicos de uso diário, dos efluentes lançados nos rios, entre outros.

Os demais indicadores ambientais foram de pouca representatividade

apesar da tendência de alterações positivas no contexto de trabalho educativo nas

escolas, reaproveitamento do lixo orgânico, preservação de sambaquis e sítios

arqueológicos, qualidade do solo para plantio.

Analisando os resultados globais da Figura 6, confirma-se o baixo

comprometimento com a adoção de práticas de gestão ambiental, nos meios de

hospedagem do espaço rural de Santa Catarina. Tal resultado é influenciado pela

cultura da organização, fator essencial para a efetividade da implantação de

medidas que visam aprimorar a conduta dos meios de hospedagem no que diz

respeito à gestão ambiental.

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Figura 6 – Representação global dos indicadores ambientais em Santa Catarina Fonte Novaes (2006)

Com base nos resultados apresentados, pôde-se inferir que o turismo no

espaço rural catarinense não pode ser considerado de atitudes e hábitos

preservacionistas, na sua totalidade. O turismo ainda apresenta-se como um

consumidor das paisagens, algumas vezes um instrumento de descaracterização

das comunidades anfitriãs e sua cultura e causador de impactos no ambiente

natural.

01-Coleta seletiva de lixo02-Controle de qualidade de mananciais de água03-Controle de qualidade do solo para plantio04-Educação ambiental com hospedes e funcionários 05-Políticas de economia de água e energia elétrica 06-Preocupação com impacto no momento da construção do hotel07-Preservação de Sambaquis e Sítio Arqueológicos08-Preservação de trilhas ecológicas09-Reaproveitamento de lixo orgânico10-Reflorestamento11-Reserva particular de preservação12-Supervisão de profissionais da área ambiental13-Trabalhos educativos junto a escolas14-Tratamento de esgoto sistema orgânico15-Utilização de formas alternativas de geração de energia

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

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O homem ainda é o principal agente a desrespeitar as regras que levam à

estabilidade do ecossistema. As atividades do turismo rural necessitam de políticas

específicas no que diz respeito à gestão ambiental e responsabilidade sócio-

ambiental, na perspectiva de alcançar as vertentes de crescimento econômico,

equidade social e equilíbrio ecológico.

Quanto à gestão dos meios de hospedagem do espaço rural de Santa

Catarina, as práticas ambientais de certo modo bastante incipientes, ainda exigem

programas de educação ambiental, para utilizarem de tecnologias limpas e de novas

formas de gerir os meios de hospedagem de modo a minimizar os desperdícios e

racionalizar o uso dos recursos naturais.

Considerações de pesquisas de manejo de resíduos sólidos, em Caxias

do Sul, realizadas por De Conto (2004), expõe dados que apresentam uma parte,

ainda limitada, da situação desses resíduos gerados no âmbito dos meios de

hospedagem. Mas apontam para uma análise, uma reflexão e uma mudança de

condutas que os agentes responsáveis por esses meios devem desenvolver em

relação aos serviços que realizam e aos resíduos resultantes dos mesmos. Assim,

reforça a autora, é de suma importância que os meios de hospedagem assumam

suas responsabilidades pela geração dos resíduos sólidos; desenvolvendo um

ambiente adequado para a segregação, acondicionamento e armazenamento dos

resíduos; inserindo programas de sensibilização dos funcionários para problemas

relacionados aos resíduos sólidos em relação ao meio ambiente.

Dreher (2004), pesquisando sobre a responsabilidade ambiental dos

hotéis de Blumenau, destaca as falhas de compreensão sobre responsabilidade

ambiental, no atual comportamento dos empreendedores. Neste contexto, percebeu-

se que a maioria deles possui visão limitada sobre a responsabilidade ambiental,

pois dizem que compreendem a problemática, contudo não apresentam condutas

ecologicamente corretas. Entende-se que só há responsabilidade quando há

participação e comprometimento.

Ainda a autora relata, em sua pesquisa, que a maioria dos

empreendedores turísticos percebem a problemática ambiental e a necessidade de

transformação da precariedade da situação atual, concordando que a política

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ambiental inserida no plano de negócios pode ser um dos instrumentos de

minimização dos problemas.

Gonçalves (2004), realizou uma pesquisa junto ao Hotel-Escola SENAC

Águas de São Pedro, e concluiu que, considerando a discussão teórico-conceitual

dos sistemas de gestão ambiental, pode-se afirmar que, atualmente, os

consumidores estão mais sensíveis aos aspectos visíveis da questão ambiental, mas

ainda não são exigentes quanto à qualidade ambiental das operações

implementadas pelas empresas que lhes prestam serviços.

No caso específico do hotel-escola, observou-se que as melhorias

ambientais desenvolvidas, inicialmente, não foram fruto de uma exigência do

mercado, mas decorreram, aparentemente do caráter educacional que envolve o

empreendimento, de uma visão mais abrangente de sua alta administração no que

se refere à responsabilidade social e às futuras pressões da nova legislação

hoteleira em vigor no Brasil.

Verificou-se, também nos estudos acima, que a implantação do SGA

baseado na ISO 14000 não chegou a se caracterizar, num primeiro momento, como

um diferencial turístico que contribuísse para melhorar o posicionamento competitivo

do hotel diante da concorrência, ainda que as questões relativas ao meio ambiente

sejam fundamentais para essa atividade.

A pesquisa de Tigre (1994) sobre a gestão ambiental, demonstrou que a

regulamentação governamental é o principal indutor da adoção de soluções

ambientais pela indústria. O mercado, sozinho, é insuficiente para alterar o

comportamento das empresas em relação ao meio ambiente. Assim, uma política

pública de controle da poluição, por mínima que seja, é vital para a transição à

sustentabilidade com uma gestão ambiental coerente, enquanto indicadores não

apontarem a existência de um número significativo de consumidores verdes a ponto

de tal fato implicar estímulos para a reconversão industrial às tecnologias limpas.

Layrargues (2000), em pesquisa realizada sobre sistema de

gerenciamento ambiental em empresas, chegou a conclusão que, a proposta

empresarial de “mudança de rumo em direção a uma nova era” perde seu

fundamento. O núcleo central que representa a estrutura vital dos paradigmas

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norteadores da civilização industrializada de consumo permanece inalterado, não

ocorreram mudanças paradigmáticas. O que ora se presencia explicita apenas

mudanças de comportamentos dirigidos ao estilo de consumo, e não mudanças de

valores. Pode ser que a cultura do desperdício seja substituída pela cultura da

reciclagem, mas essa é uma transição míope, pois, enquanto não se questiona a

ideologia do consumismo, ela obedece unicamente ao interesse empresarial em

recuperar sua matéria-prima ao menor custo possível.

Tratando especificamente sobre unidades produtivas rurais no Estado de

São Paulo, Esteves (2004), fazendo um estudo sobre a sustentabilidade do turismo

rural, dentro das dimensões econômicas, sociais, ambientais e culturais apontadas

por Beni (2000), concluiu que apesar de variar bastante de uma UPR para outra,

existe uma preocupação ambiental, fato que indica uma tendência favorável, devido

à valorização dos aspectos voltados para preservação ambiental.

Ainda pesquisas realizadas na temática de gestão ambiental, por Polizelli

et al (2005), De Simone e Popoff (2000), Zolcsak (2002), Esteves (2004) entre

outros, falam de um cenário que demonstra perspectivas de avanço no

comportamento das empresas estudadas, com início de uma postura mais integrada

em relação às questões ambientais. Contudo, ao mesmo tempo, os meios de

hospedagem, mostram-se carentes de alguns instrumentos de intervenção como o

marketing ambiental.

3.3.2 Os resultados e análises da aplicação dos questionários

Na constatação de que a implementação de programas de gestão

ambiental, seja um fenômeno relativamente recente nos equipamentos turísticos, de

acordo com estudos sobre programas de certificação da atividade; que meios de

hospedagem estão agregando valor e significativos para potencias consumidores do

turismo, aliado a debate em torno das questões ambientais; que a sociedade de

forma geral está mais atenta aos hábitos diários e seus impactos no meio ambiente;

que o aumento da consciência ambiental deu origem a um novo segmento do

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mercado composto por consumidores com atitudes positivas em relação à produtos

verdes ou a adoção de ética no consumo e, considerando as possibilidades de

implantar práticas ambientalmente corretas nos equipamentos do espaço rural

aplicou-se a presente pesquisa.

A finalidade foi a identificação do cenário da gestão ambiental nos meios

de hospedagem do espaço rural de Santa Catarina, com a aplicação de

questionários (Apêndice B), aplicado em 2005, junto aos dirigentes dos referidos

equipamentos, distribuídos nas regiões turísticas.

Adotou-se como referência, para a escolha da amostra o Guia de Turismo

Rural desenvolvido pela SANTUR, em 2002 (Anexo A).

Conforme o referido Guia, foram listados diversas pousadas rurais e

hotéis-fazenda, separados por seis regiões que desenvolviam, na época, em 2002, o

turismo rural no Estado, ou seja: região Norte, Sul, Oeste, Região Serrana, Litoral

Centro e Vale do Itajaí.

Considerando que, nem todos os equipamentos listados no referido Guia,

eram meios de hospedagem ou, no momento da pesquisa, não estavam oferecendo

serviços de hospedagem, a amostra resultou em 41 meios de hospedagem,

efetivamente pesquisados.

Os resultados a seguir, apresentados em forma de gráficos, constam no

Apêndice C, em forma de planilhas numéricas.

Figura 7 - Origem geográfica dos hóspedes. Fonte Novaes (2005- 2006)

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A origem dos hóspedes que utilizavam os MHER do espaço rural de Santa

Catarina, no período de 2004 a 2006, indicou que 100% dos hóspedes, da região

Sul eram provenientes de municípios do estado. Em menor percentual os hotéis

rurais do Litoral Centro (86%) e da Região Serrana (75%), também recebiam

hóspedes de Santa Catarina, confirmando uma demanda de turismo rural regional,

com eventuais ocorrências de hóspedes de outros estados. Na Região Norte

revelou-se a procedência do Paraná, talvez pela localização, próximo de Curitiba,

inclusive nesta região apareceu a visita de europeus.

Figura 8 - Classe de Renda dos hóspedes. Fonte Novaes (2005- 2006)

A classe de renda dos turistas, conforme relatado pelos meios de

hospedagem ficou entre 6 e 10 salários mínimos para os hóspedes da Região

Serrana com mais de 65% seguida do Região do Litoral Centro ou a Grande

Florianópolis com 55% dos hóspedes e da Região Sul com 43%.

Num comparativo com a coluna que representa a faixa de 2 a 5 salários

mínimos aparece um certo equilíbrio, sobressaindo-se os MHER da Região Sul,

Norte e Litoral Centro, em torno de 50% dos equipamentos que recebiam hóspedes

dentro da referida faixa salarial.

Os hóspedes com renda superior a 10 salários mínimos, apareceram nos

MHER da Região do Vale do Itajaí, seguido da Região Norte com 13%.

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Figura 9 - Procedimentos para gestão ambiental, no enfoque da sustentabilidade. Fonte Novaes (2005-2006)

Da totalidade dos MHER, por região do Estado de Santa Catarina,

pesquisados no período, quanto aos procedimentos de gestão ambiental,

sobressaiu-se a Região Norte (86%), seguida dos meios de hospedagem localizados

no Vale do Itajaí (67%), Região Serrana (54%), Sul (54%) e Litoral com 33%,

conforme representado na Figura 9. Evidenciou-se, na referida figura, que os meios

de hospedagem do Litoral Centro foram os que menos investiram em procedimentos

ambientais.

Esses resultados, embora num recorte temporal, permitem estabelecer

uma relação com o referencial de Enz e Singuaw (1999), quando os hotéis,

incluindo-se os do espaço rural, começam a sinalizar a adoção de alguns

procedimentos de gestão ambiental.

Observando-se as colunas da Figura 9, que representam a não utilização

de procedimentos ambientais nos MHER, confirmam-se as afirmações apresentadas

por De Simone e Popoff (2000), de que barreiras dificultam a implementação de

práticas ambientais tais como: falta de conscientização, ausência de

comprometimento e falta de motivação, entre outros. Situações decorrentes de

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políticas públicas de educação ambiental, ainda não efetivamente implantadas e que

naturalmente envolveriam os demais segmentos da sociedade civil organizada.

Figura 10 - Na inexistência da coleta seletiva. Fonte Novaes (2005-2006)

Na inexistência de coleta seletiva os resultados revelaram que a maioria

do lixo era eliminado como lixo comum, recolhido pela Prefeitura, com exceção de

um equipamento da Região Norte e outro da Serrana que procediam a incineração.

Figura 11 - Na existência da coleta seletiva do lixo. Fonte Novaes (2005-2006)

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Na ocorrência de coleta seletiva constatou-se que os MHER da Região

Serrana (88%), Litoral (100%) e Vale do Itajaí (100%), Sul (100%) e Norte (80%)

realizavam a reciclagem. Uma minoria vendia para os recicladores e outros

permitiam que os catadores fizessem a coleta do material reciclável.

Destarte aos resultados revelados, caracterizarem tão somente a coleta

seletiva do lixo, os estudos realizados por De Conto (2004), chamam atenção para o

planejamento eficaz e integrado com a comunidade e o poder público nas ações

voltadas para o gerenciamento de resíduos, envolvendo ações de manejo,

tratamento e destino final.

Referenciando ao que acontece com os programas de minimização e

reciclagem de resíduos sólidos, nas redes hoteleiras, segundo Rues (1995),

Goldner, Ritchie e McIntosh (2002), é possível inferir que nos meios de hospedagem

do espaço rural de Santa Catarina, embora ainda se constitua num desafio, as

iniciativas voluntárias em relação à gestão ambiental, começam a aparecer.

Figura 12 - Quanto à destinação dos resíduos líquidos. Fonte Novaes (2005-2006)

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Quanto à destinação dos resíduos sólidos, a grande maioria utiliza fossa

séptica, sendo que 83% são os meios de hospedagem do Litoral Centro, seguidos

da Região Serrana (77%) e Sul com 71%. Porém já aparecia o tratamento por

sistema orgânico em 29% dos meios de hospedagem da Região do Vale do Itajaí,

seguida do Litoral Centro (17%). Na Região Serrana somente 8% faziam o

tratamento. Foi possível constatar que alguns hotéis rurais do Vale do Itajaí (14%),

Região Norte (25%), Região Serrana (15%) e Sul (14%) realizam tratamento parcial

dos resíduos líquidos.

Figura 13 - Origem da água de consumo do empreendimento. Fonte Novaes (2005-2006)

A totalidade dos MHER era servida por água da rede pública,

especialmente o Litoral. Nas outras regiões Norte e Sul existindo um certo equilíbrio

com percentuais em torno de 50%. Na Região do Vale 67% dos hotéis possuía poço

artesiano, certamente pela distância dos centros urbanos.

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Figura 14 - Tratamento da água. Fonte Novaes (2005-2006)

Na grande maioria dos MHER existia tratamento da água com cloro, pois a

água era oferecida pela rede pública. Outros além de receber água da rede pública

também utilizavam água do poço artesiano, com destaque para o Vale do Itajaí

(67%), Região Serrana (50%) e Região Norte (25%). Constatou-se a utilização de

poço comum na Região Sul.

Figura 15 - Utilização de rios, açudes, lagos para lazer. Fonte Novaes (2005-2006)

Tanto os meios de hospedagem da Região Serrana, Litoral Centro e Sul,

utilizavam do manancial de águas de rios, açudes e lagos para a realização de

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programações de lazer. Os MHER da Região Norte (67%) e Vale do Itajaí (83%)

também utilizavam o manancial hidrográfico da propriedade como um apelo de

atratividade para o equipamento.

Figura 16 - Existência de controle de qualidade das águas. Fonte Novaes (2005-2006)

No entanto, conforme a Figura 16, ficou evidenciado, nos MHER, a pouca

preocupação com o controle e tratamento da qualidade das águas, especificamente

no Litoral, Vale do Itajaí e Região Sul. Visualiza-se que a representatividade dos

meios de hospedagem do espaço rural da Região Norte fazendo tratamento da água

é de 40%, Região do Litoral Centro (17%) e da Região Serrana 15% dos

equipamentos.

Figura 17 - Utilização de energia alternativa. Fonte Novaes (2005-2006)

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Por outro lado, a Figura 17 ressaltou o número de meios de hospedagem

que não utilizavam algum processo de energia alternativa, no caso o Sul (86%), o

Vale do Itajaí e a Região do Litoral com 83% dos equipamentos.

Muito embora a Região Norte tenha evidenciado comprometimento com

57% dos MHER utilizando procedimentos alternativos de energia. A Região Serrana

aparece com 38% e os demais com 17% dos equipamentos buscando a utilização

de energia alternativa.

Figura 18 - Sistema de energia alternativa adotado. Fonte Novaes (2005-2006)

Considerando os meios de hospedagem que utilizavam alguma fonte de

energia alternativa, ressalta-se que o uso de lareira e fogões para aquecimento da

água nos meios de hospedagem da Região Serrana, Vale e Norte correspondia a

50% dos equipamentos. O uso de placas de aquecimento solar ocorreu em dois

equipamentos da Região Norte, um do Vale do Itajaí e outro da Região Serrana. O

uso de energia eólica somente ocorreu nos MHER da Região Serrana (38%).

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100

Figura 19 - Técnicas de adubagem em horta e pomares. Fonte Novaes (2005-2006)

A grande maioria dos meios de hospedagem não fazia adubagem, embora

na Região Serrana a adubagem orgânica viesse despontando, no período, seguida

dos meios de hospedagem da Região Sul. A Região Norte foi a que apresentou

menor percentual de uso de adubação orgânica, em torno de 15%, se comparada

com as demais regiões que sinalizam o uso de adubagem orgânica.

Figura 20 - Preocupação com a educação ambiental Fonte Novaes (2005-2006).

Constatou-se que a preocupação com a educação ambiental aplicada com

hóspedes e funcionários, acontecia, em maior proporção nos meios de hospedagem

da Região Norte, seguida do Vale do Itajaí e Região Serrana. Ao mesmo tempo em

que, com exceção da Região Norte, nos equipamentos do Litoral Centro, Sul e em

menor proporção também na Região Serrana, existiam limitações em relação à

implantação de programas de educação ambiental.

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Retomando o referencial teórico de Abreu (2001), Swarbrook (2000), Rues

(1995), De Simone e Popoff (2000) e De Conto (2004), pode-se inferir que, a

atividade hoteleira, também no espaço rural de Santa Catarina, impacta o meio

ambiente, no que se refere a utilização dos recursos naturais como água energia,

geração de lixo, efluentes líquidos misturados com detergente e outros dejetos

orgânicos. Ainda compartilha-se com as idéias dos autores quando destacam que a

adoção de práticas ambientais é influenciada pela cultura da organização e da

sociedade incluindo-se os turistas, configurando a necessidade de intensificação dos

programas de educação ambiental.

Figura 21 - Programas referentes à educação ambiental. Fonte Novaes (2005-2006)

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Os indicadores relacionados aos programas de educação ambiental

apareceram pouco representativos, embora no Vale do Itajaí a preocupação com a

paisagem nativa tivesse a maior representação, em torno de 43% dos meios de

hospedagem, aparecendo em seguida a Região Serrana e Norte. O incentivo à

economia de energia e diminuição da produção de lixo foi mais representativa na

Região Sul com 40% e na Região do Vale do Itajaí com 29% dos meios de

hospedagem preocupados com o processo.

Figura 22 - Plano de ocupação do solo orientado para preservação de áreas naturais.

Fonte Novaes (2005-2006)

Ainda ficou evidente que as preocupações durante o processo de

construção não levaram em conta um plano de ocupação do solo, salvo na Região

do Vale do Itajaí onde 50% das edificações sinalizaram preocupação com a

distribuição harmônica e preservação dos espaços naturais.

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Figura 23 - Distribuição das edificações, com lay-out das instalações. Fonte Novaes (2005-2006)

Os resultados aqui expostos, embora não exaustivamente analisados,

representam um cenário ainda bastante limitado em relação ao comprometimento

ambiental, embora alguns procedimentos indiquem avanços, especialmente nos

meios de hospedagem da Região Norte, no Vale do Itajaí e na Região Serrana. O

cenário apresentado demonstra perspectivas favoráveis na aplicação de práticas

ambientalmente comprometidas na gestão dos meios de hospedagem do espaço

rural de Santa Catarina, no período de 2004 a 2006.

A tendência é de que, em médio prazo, a intensificação do debate em

torno das questões ambientais, interfira no comportamento dos proprietários ou

gerentes dos meios de hospedagem no espaço rural.

Ao mesmo tempo o aumento da consciência ambiental vem apresentando

um novo segmento do mercado composto por consumidores com atitudes positivas

em relação aos produtos ambientalmente comprometidos ou mesmo com a adoção

de ética ambiental no consumo. Os conceitos de sustentabilidade e preservação

ambiental vêm sendo, cada vez mais, difundido fazendo com empresas de prestação

de serviços incluindo-se os meios de hospedagem desenvolvam processos de

produção mais apropriados a essa realidade de conscientização ecológica.

O surgimento da consciência e sensibilização da sociedade fará com que

surjam novos produtos turísticos que integrem valores ambientalmente ecológicos o

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que remeterá à mudanças de comportamento dos prestadores de serviços no

espaço rural. O nível de consciência ambiental dos turistas tende a ser cada vez

mais exigente em relação às práticas ambientais, que dependem de fatores

culturais, educacionais e econômicos.

Neste contexto os meios de hospedagem do espaço rural, se quiserem

permanecer no mercado, deverão buscar novas estratégias. E a gestão ambiental

pode abranger novos mercados, fortalecer a imagem desses equipamentos turísticos

rurais, reduzindo os custos operacionais, melhorando o desempenho, criando-se

assim, um diferencial competitivo. Ressalta-se a importância de um objetivo comum,

compatibilizando a sustentabilidade econômica e proteção ambiental, tanto para os

dias de hoje como para gerações futuras.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento comprometido com a gestão ambiental no espaço

rural, deve fundamentar-se em critérios de sustentabilidade, ou seja, há de ser

suportável ecologicamente em longo prazo, dentro de perspectiva ética e social para

as comunidades locais. Sendo o turismo no espaço rural um importante instrumento

de desenvolvimento, conforme apresentado nas políticas de desenvolvimento do

turismo, pode e deve participar, ativamente, nas estratégias do desenvolvimento

sustentável.

A gestão do turismo exige garantir a sustentabilidade dos recursos dos

quais depende. Assim, todo o processo de desenvolvimento do turismo sustentável

do espaço rural deve acontecer e se manter de tal forma e em tal escala garantindo

a viabilidade por um período indefinido de tempo, sem degradar ou alterar o

ambiente em que existe e sem comprometer o desenvolvimento das outras

atividades da propriedade ou equipamento rural.

A expressão turismo sustentável aliada à gestão ambiental, aparece na

presente tese, como uma proposta de maximização dos aspectos positivos da

atividade turística rural, amenizando ou extinguindo os impactos relacionados às

questões ambientais.

Considerando que, no sistema turístico, os meios de hospedagem servem

de suporte básico para o desenvolvimento do turismo, devem sobressair-se na

busca por tecnologias limpas e práticas mais sustentáveis. O fato de serem um dos

principais elementos do turismo, permite reafirmar a necessidade de

redirecionamento nos processos de gestão, não só nos grandes centros urbanos

como também no espaço rural.

Estudos realizados nesta temática e experiências adotadas em relação à

gestão ambiental, revelam que com criatividade muitos equipamentos hoteleiros,

conseguiram com pouco investimento, grandes alterações nos resultados,

agregando valor interno e externo, pelo uso de medidas ambientalmente corretas.

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A abordagem dos aspectos ambientais como conscientização e evolução

do pensamento ambiental, dando destaque à gestão ambiental dos meios de

hospedagem no espaço rural, reforça o fato de que o meio ambiente é o elemento

central do produto turístico e a implementação de princípios ambientais nestes

equipamentos será influenciada pelo perfil cultural e educacional das pessoas que

estão no gerenciamento das atividades e das que são colaboradoras, ou mesmo da

comunidade local.

O referencial teórico da presente pesquisa, discutiu conceituações do

turismo no espaço rural atrelados ao desenvolvimento sustentável para chegar no

contexto da gestão ambiental nos meios de hospedagem, mais especificamente, os

do espaço rural de Santa Catarina. Nesta relação, por um lado, pretende-se buscar a

mudança de uma postura reativa que ainda marca o modelo de gestão dos meios de

hospedagem. Por outro lado, chamar atenção para a responsabilidade dos órgãos

públicos, quanto ao ordenamento, normalização, legislação e fiscalização, já que

existe a regulamentação que disponibiliza instrumentos ao poder público para

implementação da política de desenvolvimento, o que afeta também o espaço rural.

Os resultados evidenciaram que as práticas ambientais realizadas nos

equipamentos de hospedagem do espaço rural de Santa Catarina, no período de

2004 a 2006, ainda eram bastante limitadas, com exceção de poucos meios de

hospedagem da Região Norte, seguido dos MHER da Região do Vale do Itajaí,

Região Serrana. O meios de hospedagem localizados Litoral Centro apresentaram

resultados de menor investimento em procedimentos ambientais.

Na análise dos resultados globais, destacou-se o baixo comprometimento

com a adoção de práticas de gestão ambiental, nos meios de hospedagem do

espaço rural de Santa Catarina. Neste caso, com o tratamento de resíduos líquidos e

sólidos, economia de água e energia ou uso de energia alternativa, controle da

qualidade das águas e educação ambiental.

Na realidade os MHER, demonstraram pequenas incidências de práticas

ambientais, nitidamente pontuais, uma vez que o lixo, na maioria, ainda era

eliminado como lixo comum; os resíduos sólidos passavam pelo uso de fossas

sépticas, a água utilizada era da rede pública, com uma minoria de MHER com poço

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artesiano; pouca preocupação com o controle e tratamento das águas; pouco uso de

fontes de energia alternativa e uso de adubagem orgânica nas hortas. Embora

alguns MHER demonstraram alguma prática de educação ambiental, denota-se

ainda a necessidade de intensificar a implantação de programas e ações em relação

à preservação do patrimônio ambiental do espaço rural de Santa Catarina.

Os demais indicadores ambientais pesquisados, no que se referiu à

alterações positivas no contexto de trabalho educativo nas escolas,

reaproveitamento do lixo orgânico, preservação de sambaquis e sítios arqueológicos

e qualidade do solo para plantio, também não apresentaram resultados de destaque.

Assim, com referência às hipóteses levantadas, a pesquisa revelou

baixo nível de utilização de práticas ambientais, no período de 2004 a 2006. O que

vem confirmar a H1 e a H2 demonstrando que a conscientização sobre os

problemas ambientais ainda é incipiente na preocupação das empresas hoteleiras

quanto ao gerenciamento ecológico. Fato que envolve a ruptura de antigos valores,

associados ao lucro, que, para serem superados, exigem transformações nas

atitudes e nos padrões de desperdício e consumo. Para atingir perfeita mudança de

valor e inserir a variável ambiental no sistema produtivo dos meios de hospedagens,

torna-se necessária à mudança do pensamento mecanicista para o pensamento

sistêmico. É fundamental destacar que vivemos em tempos de transformação, isto é,

passa-se de um modelo burocrático, prestador de serviços para um modelo

empreendedor, de responsabilidade social onde o Estado deve assumir o seu papel

em conjunto com as empresas privadas e demais organizações.

Apesar do resultado da pesquisa apontar o interesse dos gerentes ou

proprietários, em implantar algum modelo de gestão ambiental, a maioria dos meios

de hospedagem do espaço rural de Santa Catarina não o implanta pela inexistência

de conhecimentos, de foco no diferencial mercadológico ou mesmo de visão

empreendedora, a exemplo do que vem acontecendo nos modelos de gestão da

hotelaria dos centros urbanos, confirmando a H3. Esta questão ficou evidenciada

pelas conversas informais junto aos proprietários e gerentes dos meios de

hospedagem. Logo, o progressivo debate em torno das questões ambientais, deve

ser intensificado, visando à implantação de um modelo de gestão que fique mais

atento aos hábitos diários e seus impactos no meio ambiente rural. O aumento da

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consciência ambiental, por parte dos dirigentes e proprietários dos MHER, garantirá

a prestação de serviços a um novo segmento de mercado, composto por

consumidores com atitudes positivas em relação aos produtos verdes ou a adoção

de ética no consumo.

Logo, é possível inferir que o comprometimento com a gestão ambiental

nos meios de hospedagem do espaço rural de Santa Catarina, acontecerá na

medida em que se intensificar o processo de educação ambiental junto aos

gestores MHER, visando formar a consciência de que a responsabilidade ambiental

é uma questão de bom senso na realização de qualquer atividade ou prestação de

serviços, com investimentos em programas de preservação da natureza.

A adoção de práticas de gestão ambiental é influenciada pela cultura da

organização, tornando a compatibilidade desses dois elementos um fator essencial

para a efetividade da implantação de medidas que visam aprimorar a atuação dos

meios de hospedagem do espaço rural de Santa Catarina no que diz respeito à

gestão ambiental. Assim, os responsáveis pela gestão dos meios de hospedagem

no espaço rural também necessitam assumir a postura de aderir à responsabilidade

ambiental, entendendo que a criação de condições competitivas saudáveis, em face

às exigências ambientais do mercado, devem estruturar-se de forma adaptativa e

integrativa.

Assim, evidencia-se que os meios de hospedagem no espaço rural de

Santa Catarina como outras atividades utilizam os recursos naturais e, ao se

utilizarem deles, contribuem para a redução dos mesmos, o que passa a ser

representativo nos impactos ambientais decorrentes do lixo gerado, do uso dos

diferentes equipamentos e utensílios, dos produtos orgânicos e químicos de uso

diário, dos efluentes lançados nos rios, entre outros. Tais resultados são

influenciados pela cultura da comunidade, fator essencial para a implantação de

medidas junto às comunidades do entorno, o que tem interferência direta na conduta

dos colaboradores, vinculados aos meios de hospedagem, no que diz respeito à

gestão ambiental.

Muito embora, as discussões sobre as questões ambientais venham se

intensificando, na prática, os investimentos precisam ocorrer para o avanço da

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conscientização e procedimentos ecológicos. Assim os programas de educação

ambiental devem envolver todos os atores no processo: setor público, iniciativa

privada, organizações não-governamentais, organismos voluntários, turistas e

comunidade.

Os meios de hospedagem no espaço rural de Santa Catarina podem usar

de comprometimento ambiental, servindo de multiplicadores no processo, com

influência no seu entorno, quando nas suas atividades não desperdiçam, reutilizam

materiais, separaram materiais nos serviços oferecidos aos turistas, demonstrando

ser um equipamento não apenas para hospedagem, mas também para desenvolver

o processo de educação ambiental.

As recomendações para adoção de um modelo de gestão ambiental para

os meios de hospedagem do espaço rural, não pretendem indicar, necessariamente,

a implantação da série de normas ISO 14000, mas tão somente, ações e atitudes

comprometidas com gerenciamento ecológico relacionado aos serviços de

abastecimento e uso da água, energia elétrica, rede sanitária, tratamento de

efluentes e coleta de resíduos sólidos, visando à minimização de danos ao conjunto

das relações ambientais do Sistur, que em sua dinâmica mantém um processo

contínuo de relações dialéticas de conflito e colaboração com o meio ambiente. Os

problemas são sistêmicos, interligados e interdependentes e sua compreensão e

solução requerem um novo tipo de pensamento sistêmico.

Considerando a implantação e o desenvolvimento dos meios de

hospedagem do espaço rural de Santa Catarina, muitas vezes, desprovido de

projetos arquitetônicos, assim como planos de negócios incluindo a gestão

ambiental, apresentam-se algumas recomendações, tomando por base e

devidamente adaptado à realidade rural de cada região, o que vem sendo adotado

na Carta Ambiental dos Hotéis do Roteiro do Charme, subsídios de gestão ambiental

da matriz de classificação dos meios de hospedagem da ABIH, orientações do

PCTS do Instituto da Hospitalidade (2005), ou ainda nas Iniciativas Voluntárias para

o Turismo Sustentável- IVTS:

• Instituir um Comitê de gestão ambiental para meios de hospedagem no espaço

rural, em parceria com a Associação Brasileira de Turismo Rural - ABRATURR e

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ABIH-SC, institucionalizando a implantação de selo ambiental para meios de

hospedagem;

• Elaborar um conjunto de indicadores relevantes para situações específicas, ou

seja, redução do uso de matéria-prima ou recursos no processamento das

operações administrativas; redução do consumo de energia e água; redução da

utilização de substâncias tóxicas; implantação de processos de reciclagem;

maximização do uso de recursos reaproveitáveis; tratamento da água e de

resíduos sólidos e líquidos; reaproveitamento de materiais e criação de valores

adicionais para produtos e serviços, educação ambiental, entre outros.

• Definir critérios mínimos de participação, tal como um sistema de pontuação ou

graduação, podendo estimular a adesão dos meios de hospedagem e o seu

avanço para melhores níveis de sustentabilidade, a exemplo do que acontece

nas Iniciativas Voluntárias para o Turismo Sustentável, referendadas pela OMT;

• Considerar o investimento na proposta de educação ambiental com funcionários

e comunidades rurais, pois sem o conhecimento do fenômeno turístico,

formação de imagens mentais, interiorização de informações e alcance do

conhecimento não se consegue as ações efetivas. A proposta de educação

ambiental também envolverá os hóspedes sobre a importância dos

procedimentos adotados nos Meios de hospedagem do espaço rural;

• Divulgar os procedimentos relativos às condutas ambientais adotadas pelos

meios de hospedagem de Santa Catarina, como ferramenta de Marketing e

maior competitividade de mercado.

As propostas acima apresentadas, têm por base, experiências de gestão

ambiental, implantadas por alguns meios de hospedagem em área urbana (redes

nacionais e internacionais) e no espaço rural como é o caso de alguns

equipamentos dos Hotéis de Charme ou ainda dos critérios das IVTS, dos mais

simples ou mais exigentes. Nesse sentido, considerando o aspecto multi e

interdisciplinar, as realidades loco-regionais, a necessidade de envolvimento da

comunidade interna e externa, Associações, as Universidades e demais

organizações ligadas diretamente e indiretamente ao sistema do turismo rural de

Santa Catarina, incluindo-se as Instituições governamentais responsáveis pela

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implantação das políticas de desenvolvimento do turismo, incluindo as do espaço

rural. Recomenda-se, inicialmente a organização de eventos visando a articulação

desses atores, promovendo a socialização e discussão da temática ambiental para

evocar a construção e o comprometimento coletivo com a efetivação de

procedimentos de gestão ambiental no espaço rural de Santa Catarina.

Esse novo pensamento precisa ser acompanhado de uma mudança de

valores, decorrentes da educação ambiental, passando da expansão para a

conservação, da quantidade para a qualidade, da dominação para a parceria, na

perspectiva de não só aumentar a satisfação do cliente, principalmente, minimizando

os impactos ambientais.

Os meios de hospedagem do espaço rural de Santa Catarina, que

adotarem uma postura sustentável, partindo da reavaliação de suas atitudes e da

educação e conscientização de seus funcionários e clientes, estendendo para a

comunidade onde estão inseridos, estarão buscando uma postura menos danosa ao

ambiente que, além otimizar o uso dos recursos, reaproveitando e reciclando

resíduos, economizarão custos operacionais, atingindo novos mercados derivados

das novas práticas ambientais. São propostas de procedimentos para os meios de

hospedagem, que incluem no trivial de seus objetivos a melhoria da qualidade de

vida das populações de núcleos receptores rurais, pois as questões ambientais são

questões de qualidade de vida e, como tal, fazem parte de uma tendência social

global referente à manutenção da saúde.

A partir dessas recomendações visualiza-se uma situação diferenciada

com os meios de hospedagem no espaço rural de Santa Catarina agregando-se ao

paradigma ambiental. Nesta perspectiva, tais processos não serão considerados

apenas pela diminuição dos custos operacionais e sim, como um diferencial

competitivo, além de garantir uma imagem altamente positiva dos meios de

hospedagem do espaço rural de Santa Catarina.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – planilha de resultados gerais, por região. REGIÃO NORTE

Práticas de gestão ambiental: Coleta seletiva de lixo reciclável e envio para reciclagem.

Contato

Data 19/01/2004

Hora: 15:25

Empreendimento

Nome: A

Cidade: / Campo Alegre

Práticas de gestão ambiental: Coleta seletiva do lixo reciclável e reaproveitamento do lixo orgânico

Contato

Data 19/01/2004

Hora: 15:42

Empreendimento

Nome: B

Cidade: Joinville

Práticas de gestão ambiental: Controle da qualidade das águas do rio e tanques de pesca, solo paraplantio e árvores

Contato

Data 19/01/2004

Hora: 16:20

Empreendimento

Nome: C

Cidade: Joinville

Práticas de gestão ambiental: Trabalho educativo junto a escolas coleta seletiva de lixo

ContatoData: 19/01/2004Hora: 16:40

EmpreendimentoNome: DCidade: Joinville

Práticas de gestão ambiental: Possui uma reserva ambiental onde pratica educação ambiental na mata Atlântica, sistema orgânico de tratamento de residuos líquidos

Contato

Data: 19/01/2004Hora: 16:40

Empreendimento

Nome: ECidade: São Francisco do Sul

Práticas de gestão ambiental: Reserva particular de preservação

Contato

Data: 19/01/2004

Hora: 17:40

Empreendimento

Nome: F

Cidade: Itapoá

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Práticas de gestão ambiental: Energia solar e política de economia (Água e Energia)

Contato

Data: 19/01/2004

Hora: 18:25

Empreendimento

Nome: G

Cidade: Araquari

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REGIÃO SUL

Práticas de gestão ambiental: Coleta seletiva de lixo, recolhimento do lixo por catadores e Prefeitura

Contato

Data: 19/01/2004

Hora: 14:20

Empreendimento

Nome: A

Cidade: B. Arroio Silva

Práticas de gestão ambiental: Tratamento de esgoto implantado pela UNISUL, ecoturismo

desenvolvimento de programas para educação ambiental, preservação de sambaquis e sítios

arqueológicos na propriedade

Contato

Data: 19/01/2004

Hora: 14:52

Empreendimento

Nome: B

Cidade: Jaguaruna

Práticas de Gestão Ambiental: Coleta Seletiva e Produção de Adubo Orgânico

Contato

Data: 19/01/2004

Hora: 15:58

Empreendimento

Nome: C

Cidade: Pedras Grandes

Práticas de Gestão Ambiental: Coleta Seletiva

Contato

Data: 19/01/2004

Hora: 16:42

Empreendimento

Nome: D

Cidade: Imaruí

Obs.: Os outros 4 (quatro) meios de hospedagem dessa região não apresentavam práticas ambientais, na época da pesquisa

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123

REGIÃO OESTE Obs.: Os 2 (dois) meios de hospedagem dessa região não apresentavam práticas

ambientais, na época da pesquisa

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124

REGIÃO SERRANA

Praticas de gestão ambiental: Todo o municipio é abastecido por torre de energia eôlica.

Contato

Data: 20/01/2004

Hora: 15:00

Empreendimento

Nome: A

Cidade: Bom Jardim da Serra

Práticas de gestão ambiental: Coleta seletiva do lixo reciclável, energia solar implantada a pouco

Contato

Data: 20/01/2004

Hora: 15:20

Empreendimento

Nome: B

Cidade: Lages

Práticas de gestão ambiental: Coleta seletiva de lixo para reciclagem na cidade

Contato

Data: 20/01/2004

Hora: 15:34

Empreendimento

Nome: C

Cidade: Lages

Praticas de gestão ambiental: Modelo de gestão do Sesc, todos os procedimentos necessários são adotados e supervisionados por uma Bióloga Márcia Spiler

Contato

Data: 20/01/2004

Hora: 15:40

Empreendimento

Nome: D

Cidade: Lages

Práticas de gestão ambiental: preocupação intensiva com o meio ambiente porém não utiliza nenhuma

conduta escrita de gestão ambiental.

Contato

Data: 20/01/2004

Hora: 16:02

Empreendimento

Nome: E

Cidade: Urubici

Práticas de gestão ambiental: separação do lixo reciclável, fossa orgânica, educação ambiental com hospedes, que normalmente tem bastante consciência ambiental.

Contato

Data: 20/01/2004

Hora: 16:09

Empreendimento

Nome: F

Cidade: Urubici

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125

Práticas de gestão ambiental: Fossa séptica feita pela vigilância sanitária, lixo - Coleta seletiva e reaproveitamento do orgânico, politica de economia de água e energia elétrica com hospedes e funcionários, e previsão de implantação de energia solar.

Contato

Data: 20/01/2004

Empreendimento

Nome: G

Cidade: Urubici

Práticas de gestão ambiental: coleta seletiva de lixo reciclável.

Contato

Data : 20/01/2004

Hora: 15:45

Empreendimento

Nome: H

Cidade: Painel

Obs.: Dos 13 (treze) meios de hospedagem pesquisados 5 (cinco) não

apresentavam, na época, comprometimento ambiental institucionalizado.

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126

REGIÃO LITORAL CENTRO

Práticas de gestão ambiental: Coleta seletiva de lixo, recolhido pela prefeitura.

Contato

Data: 22/01/2004

Hora: 15:36

Empreendimento

Nome: A

Cidade: Florianópolis

Práticas de gestão ambiental: o hotel dispões de uma equipe que trabalha com escolas e grupos e trata da parte de educação ambiental, referente aos demais procedimentos praticam a coleta seletiva de lixo.

Contato

Data : 22/01/2004 - 10/03/2004

Hora: 15:41 - 14:27

Empreendimento

Nome: B

Cidade: Governador Celso Ramos

Obs.: Os outros 4 (quatro) meios de hospedagem dessa região não apresentavam

práticas ambientais, na época da pesquisa

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127

REGIÃO VALE DO ITAJAÍ

Praticas de gestão ambiental: Coleta seletiva de lixo, geradores de oxigênio para a lagoa, trilhas ecológicas voltadas para educação ambiental.

Contato

Data : 20/01/2004

Hora: 16:40

Empreendimento

Nome: A

Cidade: Gaspar

Práticas de gestão ambiental: no momento da construção do hotel foram construidos tanques para tratamento do esgoto, o lixo é totalmente reciclado, o hotel praticou reflorestamento de algumas áreas de acordo com o exigido pela prefeitura de Gaspar, existe um projeto para implatação de uma horta.

Contato

Data: 22/01/2004

Hora: 17:39

Empreendimento

Nome: B

Cidade: Gaspar

Práticas de gestão ambiental: o lixo reciclável é levado a Blumenau, o hotel foi inteiramente construido com madeira reflorestada, e a procupação com a natureza esta em primeiro lugar nas políticas do hotel, utilização do forno a lenha para aquecimento da água e do ambienta interno.

Contato

Data: 20/01/2004

Hora: 16:56

Empreendimento

Nome: C

Cidade: Rio dos Cedros

Práticas de gestão ambiental: Coleta seletiva do lixo e preservação das trilhas ecológicas

Contato

Data: 19/01/2004

Hora: 16:50

Empreendimento

Nome: D

Cidade: Massaranduba

Obs.: Os outros 2 (dois) meios de hospedagem dessa região não apresentavam

práticas ambientais, na época da pesquisa

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128APÊNDICE B: modelo do formulário de pesquisa

Instrumento para coleta de dados, referente à gestão ambiental nos empreendimentos hoteleiros do espaço rural de Santa Catarina. 1. Características da demanda: 1.1. Origem geográfica_________________________________________________ 1.2. Classe de Renda__________________________________________________ 1.3 Faixa etária______________________________________________________ 1.4 Grupal, individual, familiar, etc._______________________________________ 2. Existem procedimentos para gestão ambiental, visando aplicar a sustentabilidade neste

equipamento? ( ) Sim ( ) Não ( ) Em fase de projeto ( ) Em fase de implantação

Obs.: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Como é tratado o lixo recolhido? 3.1 Se não existe coleta seletiva? ( ) Todo o lixo é eliminado como lixo comum ( ) O lixo é incinerado ( ) Despejado em lixões. ( ) Enterrado 3.2 Se existe coleta seletiva do lixo ( ) É feita reciclagem ( ) O lixo é vendido para recicladores ( ) É recolhido gratuitamente por catadores ( ) Enviado para depósitos especializados (usinas de compostagem) 4. Quanto a destinação dos resíduos líquidos: ( ) Não existe qualquer tipo de tratamento ( ) Fossa séptica ( ) Fossa com sistema orgânico de tratamento ( ) Poço Morto ( ) É feito tratamento parcial. Em que condições são devolvidos ao meio ambiente?__________________________________________________________________________ ( ) É feito tratamento total dos resíduos. Em que condições são devolvidos ao meio ambiente?__________________________________________________________________________ 5. De onde provem a água de consumo do empreendimento? ( ) Rio ( ) Poço artesiano ( ) Rede pública ( ) Poço comum ( ) Lago ( ) Outro ________________________________ 6. A água de utilização mencionado no item anterior passa por algum tipo de tratamento? ( ) Não ( ) Sim. Qual? ___________________________________________________________ 7. O equipamento utiliza para atividade de lazer áreas com mananciais de água como, rios, açudes,

igarapés, lagos, etc.? ( ) Não

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129( ) Sim. 8. Se a resposta anterior foi sim. Existe o controle de qualidade de suas águas? ( ) Sim. Qual, e com que freqüência é realizado _________________________________ ( ) Não____________________________________________________________________ 9. O empreendimento utiliza-se de alguma forma de geração de energia alternativa? ( ) Sim ( ) Não 10. Em caso de resposta anterior “sim”. Qual é o sistema? ( ) Fotovoltáico, onde placas solares de silício convertem a luz do sol em eletricidade ( ) Lareiras e fogões que aqueçam o ambiente ou a água utilizada ( ) Placas solares para aquecimento da água ( ) Hidráulico (roda d’água) ( ) Energia eólica ( ) Outros 11. Caso haja cultivo de hortas ou pomares na propriedade, quais as técnicas de adubagem? ( ) Não é feita adubagem ( ) Química ( ) Orgânica 12. Há preocupação com a educação ambiental? Quem é o alvo? ( ) Sim ( ) Cliente

( ) Funcionários ( ) Clientes e funcionários

( ) Não 13. Se a resposta anterior foi sim: o que é trabalhado referente à educação ambiental? ( ) Manutenção de áreas de preservação ( ) Ações especificas para proteção de espécies ameaçadas ( ) Prevenção de alimentação artificial dos animais silvestres ( ) Paisagismo com espécies nativa, manter as características do local ( ) Identificação de espécies de flora ( ) Conservação da vegetação nativa ( ) Incentivo para economia de energia e diminuição da produção de lixo. ( ) Outros _________________________________________________________________ 14. No momento da construção do equipamento foi elaborado um plano de ocupação do solo orientado

para preservar as áreas compreendidas pela propriedade? ( ) Não ( ) Sim. Quais os critérios? ____________________________________________ 15. Quanto a distribuição das edificações, existe algum critério que orienta o lay-out das instalações, e

em que sentido? ( ) Não ( ) Sim. Qual?______________________________________________________

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130

APENDICE C – Tabulação dos resultados da aplicação dos questionários

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131

Serrana Litoral centro

Vale do Itajaí

Norte Sul

1 Aspectos do empreendimento e/ ou propriedade Área total do terreno Ano de inicio da atividade turística Tipo de público que freqüenta Origem geográfica Estado 75% 15 86% 6 56% 5 50% 8 100% 7

América do Sul 5% 1 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

Europa 5% 1 0% 0 0% 0 6% 1 0% 0

Brasil 10% 2 14% 1 11% 1 0% 0 0% 0

Sul do Pais 5% 1 0% 0 33% 3 44% 7 0% 0

total 100% 20 100% 7 100% 9 100% 16 100% 7

Classe de Renda menor que 2 salários 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

entre 2 e 5 salários 33% 5 45% 5 40% 2 50% 4 57% 4

entre 6 e 10 salários 67% 10 55% 6 20% 1 38% 3 43% 3

maior que 10 salários 0% 0 0% 0 40% 2 13% 1 0% 0

total 100% 15 100% 11 100% 5 100% 8 100% 7

Faixa etária menores de 18 anos todos

entre 18 e 25 anos

entre 26 e 30 anos

entre 31 e 40 anos

entre 41 e 60 anos

maiores de 60 anos

Grupo, individual, familiar, etc.

total

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132

Serrana Litoral centro

Vale do Itajaí

Norte Sul

2 Existem procedimentos para gestão ambiental, visando aplicar a sustentabilidade neste equipamento?

Sim 54% 7 33% 2 67% 4 86% 6 57% 4

Não 38% 5 67% 4 33% 2 0% 0 43% 3

Em fase de projeto 0% 0 0% 0 0% 0 14% 1 0% 0

Em fase de implantação 8% 1 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

total 100% 13 100% 6 100% 6 100% 7 100% 7

3 Como é tratado o lixo recolhido?

Se não existe coleta seletiva todo o lixo é eliminado como lixo comum 83% 5 100% 4 100% 2 67% 2 100% 4

o lixo é incinerado 17% 1 0% 0 0% 0 33% 1 0% 0

despejado em lixões. 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

Enterrado 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

total 100% 6 100% 4 100% 2 100% 3 100% 4

Se existe coleta seletiva do lixo é feita reciclagem 88% 7 100% 2 100% 4 80% 4 100% 3

o lixo é vendido para recicladores 13% 1 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

é recolhido gratuitamente por catadores 0% 0 0% 0 0% 0 20% 1 0% 0

enviado para depósitos especializados (usinas de compostagem) 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

total 100% 8 100% 2 100% 4 100% 5 100% 3

4 Quanto a destinação dos resíduos líquidos: Não existe qualquer tipo de tratamento 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

Fossa séptica 77% 10 83% 5 57% 4 50% 4 71% 5

Fossa com sistema orgânico de tratamento 8% 1 17% 1 29% 2 13% 1 14% 1

Poço Morto 0% 0 0% 0 0% 0 13% 1 0% 0

É feito tratamento parcial 15% 2 0% 0 14% 1 25% 2 14% 1

É feito tratamento total dos resíduos 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

total 100% 13 100% 6 100% 6 100% 8 100% 7

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133

Serrana Litoral centro

Vale do Itajaí

Norte Sul

5 De onde provem a água de consumo do empreendimento? Rio 13% 2 0% 0 0% 0 0% 0 22% 2

Rede pública 31% 5 100% 6 33% 2 50% 4 56% 5

Lago 0% 0 0% 0 0% 0 13% 1 0% 0

Poço artesiano 50% 8 0% 0 67% 4 25% 2 0% 0

Poço comum 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 22% 2

Outro 6% 1 0% 0 0% 0 13% 1 0% 0

total 100% 16 100% 6 100% 6 100% 8 100% 9

6 A água de utilização mencionado no item anterior passa por algum tipo de tratamento?

Não 23% 3 0% 0 17% 1 29% 2 29% 2

Sim 77% 10 100% 6 83% 5 71% 5 71% 5

total 100% 13 100% 6 100% 6 100% 7 100% 7

7 O equipamento utiliza para atividade de lazer áreas com mananciais de água como, rios, açudes, igarapés, lagos, etc.? Não 0% 0 0% 0 17% 1 33% 2 0% 0

Sim 100% 13 100% 6 83% 5 67% 4 100% 7

total 100% 13 100% 6 100% 6 100% 6 100% 7

8 Se a resposta anterior foi sim. Existe o controle de qualidade de suas águas? Não 85% 11 83% 5 100% 5 60% 3 100% 7

Sim 15% 2 17% 1 0% 0 40% 2 0% 0

total

100% 13 100% 6 100% 5 100% 5 100% 7

9 O empreendimento utiliza-se de alguma forma de geração de energia alternativa? Não 62% 8 83% 5 83% 5 43% 3 86% 6

Sim 38% 5 17% 1 17% 1 57% 4 14% 1

total 100% 13 100% 6 100% 6 100% 7 100% 7

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Serrana Litoral centro

Vale do Itajaí

Norte Sul

10

Em caso de resposta anterior “sim”. Qual é o sistema?

Fotovoltáico, onde placas solares de silício convertem a luz do sol em eletricidade

0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

Lareiras e fogões que aqueçam o ambiente ou a água utilizada 50% 4 0% 0 50% 1 50% 2 100% 1

Placas solares para aquecimento da água 13% 1 0% 0 50% 1 50% 2 0% 0

Hidráulico (roda d’água) 0% 0 100% 1 0% 0 0% 0 0% 0

Energia eólica 38% 3 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

Outros 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

total 100% 8 100% 1 100% 2 100% 4 100% 1

11 Caso haja cultivo de hortas ou pomares na propriedade, quais as técnicas de adubagem? Não é feita adubagem 46% 6 67% 4 67% 4 86% 6 57% 4

Química 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0

Orgânica 54% 7 33% 2 33% 2 14% 1 43% 3

total 100% 13 100% 6 100% 6 100% 7 100% 7

12 Há preocupação com a educação ambiental? Quem é o alvo? Cliente 0% 0 17% 1 0% 0 0% 0 0% 0

Funcionários 15% 2 0% 0 17% 1 43% 3 14% 1

Clientes e funcionários 46% 6 33% 2 50% 3 57% 4 43% 3

Não há preocupação 38% 5 50% 3 33% 2 0% 0 43% 3

Total

100% 13 100% 6 100% 6 100% 7 100% 7

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135

Serrana Litoral centro

Vale do Itajaí

Norte Sul

13 Se há preocupação com a educação ambiental: o que é trabalhado referente à educação ambiental? Manutenção de áreas de preservação 11% 3 11% 1 0% 0 13% 2 20% 2

Ações específicas para proteção de espécies ameaçadas 7% 2 11% 1 0% 0 13% 2 0% 0

Prevenção de alimentação artificial dos animais silvestres 0% 0 0% 0 0% 0 6% 1 10% 1

Paisagismo com espécies nativas, mantendo as características do local 30% 8 22% 2 43% 3 25% 4 30% 3

Identificação de espécies de flora 11% 3 11% 1 0% 0 0% 0 0% 0

Conservação da vegetação nativa 19% 5 11% 1 14% 1 19% 3 0% 0

Incentivo para economia de energia e diminuição da produção de lixo. 22% 6 22% 2 29% 2 19% 3 40% 4

Outros 0% 0 11% 1 14% 1 6% 1 0% 0

total 100% 27 100% 9 100% 7 100% 16 100% 10

14 No momento da construção do equipamento foi elaborado um plano de ocupação do solo orientado para preservar as áreas compreendidas pela

propriedade?

Não 85% 11 67% 4 50% 3 71% 5 86% 6

Sim 15% 2 33% 2 50% 3 29% 2 14% 1

total 100% 13 100% 6 100% 6 100% 7 100% 7

15 Quanto a distribuição das edificações, existe algum critério que orienta o lay-out da das instalações? Não 69% 9 83% 5 50% 3 71% 5 86% 6

Sim 31% 4 17% 1 50% 3 29% 2 14% 1

total 100% 13 100% 6 100% 6 100% 7 100% 7

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136

ANEXOS

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137

ANEXO A - Cadastro dos meios de hospedagem rural – Guia da SANTUR ( 2002)

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138

ANEXO B - Mapa da divisão microregional de SC. Fonte: Atlas Escolar de Santa Catarina (1991).

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139

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140

ANEXO C - Mapa das regiões turísticas de SC.

Fonte: Atlas Escolar de Santa Catarina (1991).

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141

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142

ANEXO D - Selos internacionais de IVS

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143

Nº DENOMINAÇÃO ÁREA DE ATUAÇÃO

GRUPO-ALVO PRIMEIRO ANO

BREVE DESCRIÇÃO Nº DE LICENÇAS

01

Qualitát Plus Kleinwalsertal

Áustria

Meios de hospedagem (todos os tipos)

1988

Com a introdução do primeiro selo ecológico local, o Silberdistel (cardo de prata), em 1988, o Kleinwalsertal tornou-se o pioneiro internacional para selos ambientais em turismo. O projeto evoluiu e transformou-se no selo de qualidade Qualit Plus Kleiwalsertal. Seu estatuto contém agora uma pequena parte destinada aos critérios ambientais e, desde 1997, é considerado o mais alto padrão de qualidade socioambiental da região. No ano de 2001, 1 59 empreendimentos foram certificados, sendo que 111 dos licenciados são. meios de hospedagem. Esse volume representa cerca de 45% de toda a capacidade local de leitos. Esse selo é direcionado a todos os tipos de meios de hospedagem, comércio e indústria, teleféricos e bondinhos de montanha, transporte público, agricultura, escolas de esqui e snowboarding, cabanas de montanha, outlets e eventos r Austria. O órgão dirigente é a organização de turismo de Kleiwalsertal, a Kleiwalsertal Tourismus.

159

02 Blaue Schwalbe Europa Meios de hospedagem (vários tipos)

1990 Em 1990, o projeto privado Blaue Schwalb (banco de areia azul) foi iniciado por Vertrãglich Reisen. Da Finlândia à Itália, spa, hotéis e acomodações particulares para férias e negócios podem ser candidatos ao selo. Em 2001, foram certificados 118 participantes.

118

03 Grüne Hand — Wir tun etwas für die Umwelt

Áustria Meios de hospedagem (hotéis e particulares)

1991 Essa iniciativa privada, que significa “mão verde — fazemos algo pelo meio ambiente”, foi criada em 1991 e dirigida pelo proprietário do Hotel Birkenhof. Esse projeto local foi destinado a hotéis em Saalbach-Hinterglemm, em Salzburgo, na Áustria. Até o outono de 2001, sua organização dirigente decidiu reavaliar os critérios e o processo de verificação em função das seguintes razões: o questionarnento intenso que a certificação ecológica sofre em toda a Europa, a importância desse tipo de certificação para o desenvolvimento do turismo sustentável, o interesse da OMT por essa certificação e a grande importância do estudo da OMT.

04 Gite Panda Belgique Bélgica Meios de hospedagem (refúgios)

1992 O projeto Gite Panda Belgique (a organização WWF da Bélgica), implementado em 1992 na região de Wallonie, identifica a adequação de meios de hospedagem como os “refúgios rurais” ou “refúgios sazonais” estabelecidos em parques naturais ou em um município, sob um contrato de Biodiversidade ou sob um Plano Comunal de Desenvolvimento da Natureza (PCDN) com rigorosos critérios ecológicos e socioeducacionais. Até 1 5 projetos Gite Panda foram certificados na Bélgica.

15

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144

05 Umweltsiegel Lungau Áustria Meios de hospedagem (vários tipos)

1992 Significa selo ambiental Lungau. Foi desenvolvido desde 1992 mediante parceria entre o Comitê Ecológico de Lungau e a Região de Turismo de Lungau. Foi orientado para todos os tipos de meios de hospedagem situados na pequena localidade de Lungau, em Salzburgo, Áustria. O primeiro ano de premiação foi 1992 e, em 2001, o projeto atingiu a marca de 100 licenças concedidas.

100

06 Wir führen einen umweltorientierten Hotel – und Gaststãttenbetrieb, Deutschland

Alemanha Meios de hospedagem (todos os tipos)

1993 Começou em 1991 como um prêmio nacional na Alemanha, dirigido pela Associação Alemã de Hospedagem e Gastronomia. É direcionado aos meios de hospedagem de pequeno e médio porte e concedeu cerca de 500 licenças em 2000. A gestão criou um manual com 40 itens denominados “Como dirigir uma empresa voltada para o meio ambiente”. Cada associação regional de meios de hospedagem na Alemanha é responsável por todas as etapas: inscrição, verificação, certificação e planejamento de marketing.

500

07 Alcúdia — Municipi Ecoturistic

Espanha Meios de hospedagem (vários tipos)

1994 È um selo ecológico local das llhas Baleares de Maiorca, sob a coordenação do município de Alcúdia. O processo de premiação teve início em 1994 e seu propósito é promover o respeito ao meio ambiente e implementar medidas considerando as políticas ambientais globais. Esse selo é destinado a hotéis e restaurantes. Em 2001, 14 hotéis e3 restaurantes haviam sido certificados.

17

08 Den Grønne Nøgle Dinamarca, Suécia, GnDenl e Estônia

Meios de hospedagem (todos os tipos)

1994 Significa chave verde e foi desenvolvido no início da década de 1990 pela Associação de Hotéis, Restaurantes e Indústria do Turismo (HORESTA). A “chave verde” é um diploma que premia hotéis, albergues da juventude, centros de convenções e férias, áreas de camping e casas de temporada na Dinamarca, Suécia, Groenlândia e Estônia. A premiação teve início em 1994, sendo que a maioria das empresas certificadas é composta de albergues da juventude e hotéis (20% da capacidade total de leitos). Em 2000, 106 empreendimentos foram certificados na Dinamarca, 1 na Groenlândia e 9 na Suécia.

116

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145

09 ECOTEL Certification Mundial Meios de hospedagem (hotéis)

1994 Foi iniciada em 1993 pela HVS lnternational Eco Service, a qual auxilia empresas hoteleiras a planejarem e implementarem programas ambientais. Desde 1994, mais de 1.100 estalagens, hotéis e resort internacionais, espalhados por todo o mundo, se candidataram para a certificação, porém apenas 40 membros foram certificados por 1 a 5 prêmios (globos) e apenas 3 no mundo possuem todos os 5 globos. Muitos hoteleiros consideram essa certificação a mais confiável e mais difícil de se atingir, em virtude dos seus critérios rigorosos e pontuação a ser alcançada em cada departamento do hotel.

40

10 Nachhaltigkeits- Zertifizierung für Hotelbetriebe (“Label õ-plus”)

Suíça Meios de hospedagem (hotéis)

1994 Em 1994, o selo Õko-Grischun (Eco-Ebex) iniciou suas atividades como um selo regional no distrito de Graubünden, na Suíça. Direcionava-se aos meios de hospedagem e restaurantes. Em 2001, a organização dirigente ampliou sua área de atuação e os critérios para o aumento da sustentabilidade. O selo tornou-se um sistema de certificação nacional e passou a ser denominado como Nachhaltigkeits-Zertifizierung für Hotel betriebe (Label 5-pl us), dirigido pela organização &i . Agora, destina-se a hotéis ecológicos em toda a Suíça. Os candidatos são premiados recebendo de 1 a 5 selos È-plus. Até o final de 2002, a organização dirigente planejava certificar 50 hotéis.

0

11 Naturprodukt Nationalpark Hohe Tauern

Áustria Meios de hospedagem (todos os tipos) e outros empreendimentos

1994 Fundada em 1994, é uma das primeiras marcas dirigidas pela Associação Nationalpark-Region HoheTauern e já concedeu 37 licenças em 2001, sendo 16 delas para hotéis. Significa produtos naturais do Parque Nacional HoheTauern. O projeto é destinado a empreendimentos que operam na área de manufatura e agricultura ecológica, restaurantes e meios de hospedagem associados.

37

12 Standardy pro ubytovaci zarizerni venkovské turistiky

República Tcheca

Meios de hospedagem (hotéis-fazenda de temporada)

1994 Seu nome pode ser traduzido como padrões para meios de hospedagem rurais. Esse selo destina-se a serviços de hospedagem rural. O projeto é dirigido, desde seu início, pela organização European Centre for Ecotogical and Agricultural Tourism (ECEAT) da República Tcheca, que é o primeiro país europeu a certificar hotéis-fazenda ecológicos. Desde 1994, 70 meios de hospedagem obtiveram o nível básico (estrelas) e cerca de 50 estabelecimentos também alcançaram um ou mais critérios especiais da ECEAT.

120

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146

13 UmweltsiegelTirol-Südtirol Áustria e Itália

Meios de hospedagem (todos os tipos)

1994 O selo Umweltsiegel Tirol começou em 1994, na Áustria. No ano seguinte foi ampliado e incluiu a área italiana do Tirol, passando a denominar-se Umweltsiegel Tirol-Südtirol (selo ambiental Tirol — sul do Tirol). O selo austríaco foi gerido por Landesregierung Innsbruck e o selo italiano do sul do Tirol por Südtirol Tourismus Werbung e Südtirol Landesregierung. O projeto dirige-se a hotéis, hospedarias, apartamentos de temporada, fazendas, áreas de camping, hospedagens particulares, pensões e hotéis de eventos na Áustria e na Itália. Em 1996, a iniciativa foi contemplada com o prêmio Tourism forTomorrowAward (Prêmio Turismo para o Futuro). A última certificação, de 86 empreendimentos no sul do Tirol e de 143 nõTirol, foi realizada em 1999. Atualmente, novas inscrições para esse certificado não são mais possíveis. Na realidade, desde 2001, a direção austríaca recomenda o empreendimento certificado a se inscrever ma premiação do selo ecológico oficial da Áustria. A direção italiana oferece ao empreendimento a implementação de um novo sistema de gestão ambiental, denominado Umweltzertifizierung für die Tourismusbranche.

14 Gite Panda France França Meios de hospedagem (refúgios)

1995 Foi implementado em 1992 pela Federation des Parcs Naturels Regionaux de France, a federação de parques naturais da França. O selo reconhece a adequação dos meios de hospedagem classificados pela Gite Panda France quanto às regulamentações de parques nacionais e regionais da França a partir de rigorosos critérios ecológicos e socioeducativos. Até o momento, 258 certificações Gite Panda foram feitas em 31 parques regionais e 5 parques nacionais da França.

258

15 PATA Green Leaf Program / APEC/ PATA Code for SustainableTourism

Ásia e Pacífico

Meios de hospedagem (todos os tipos) e empresas de turismo (todas as áreas)

1995 O projeto PATA Green Leaf Program foi implantado por Pacific Ásia TraveI Association (PATA) em 1992, porém não existe mais. Fundiu-se ao Green Globe 21 devido à falta de monitoramento ambiental. Esse programa permitia que empresas de turismo individuais da região da Ásia e do Pacífico utilizassem o PATA Green Seal simplesmente assinando um termo de compromisso. Também encorajava empresas de turismo a estabelecer diretrizes ambientais detalhadas para esse setor da indústria.

16 Sistema de Turismo Responsable (Biosphere Hotéis Quality for Life)

Espanha Meios de hospedagem (vários tipos)

1995 È um sistema de certificação privada independente com aspectos ambientais e culturais, dirigido pelo Instituto de Turismo Responsable desde 1997. O logo inclui o nome Biosphere Hotéis — Quality for Life. Destina-se a hotéis localizados na reserva da biosfera da Ilha de Lanzarote (Espanha) e entregou 18 licenças em 2001. A organização dirigente pretende estender a iniciativa para outras áreas da biosfera na Europa.

18

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17 David Beílamy Conservation Award

Reino Unido Meios de hospedagem (parques, áreas de camping e trailer)

1996 Essa competição de três níveis é dirigida pela Associação Britânica de Parques Privados e Públicos, em conjunto com o Professor David Bellamy, um ambientalista muito conhecido e sua presença é uma das razões do sucesso do certificado. O processo de certificação teve início em 1996 e fornece status, além de uma auditoria ambiental. Direciona-se a parques, áreas de camping e trailer e também a parques privados no Reino Unido. No ano de 2001, foram concedidas 165 licenças ouro, 164 prata e 100 bronze.

429

18 Hiiumaa Roheline M — Loodussbbralik Teenindus

Estônia Meios de hospedagem (todos os tipos)

1996 Esse selo local foi desenvolvido em 1994 porTheWest-Estonian Archipelago Biosphere Reserve’s Hiiumaa Centre. Todos os tipos de meios de hospedagem e empresas de catering localizados em Hiiumaa podem candidatar-se a ele. Em 2000, 7 candidatos foram certificados. Aproximadamente 50% dos visitantes reconheciam o selo e 70% fizeram sua escolha a partir dele ao procurar acomodação.

7

19 Umweltgütesiegel auf Alpenvereinshütten

Alemanha, Áustria e Itália

Meios de hospedagem (cabanas alpinas)

1996 É um seio especial para cabanas situadas na alta região dos Alpes, direcionado aos clubes alpinos da Alemanha, Áustria e região sul do Tirol. Os 43 critérios de medição são todos compulsórios. A premiação começou em 1996 e, até o momento, há 24 licenciados no total, sendo 12 na Alemanha, 11 na Áustria e 1 na região sul doTirol.

24

20 Bayerisches Umweltsiegel für das Gastgewerbe

Alemanha Meios de hospedagem (todos os tipos)

1997 (competições únicas em 1991 e 1993/94)

Em 1991 e 1993/94, os primeiros empreendimentos foram premiados na estrutura regional do projeto Umweltbewubter Hotel- und Gaststãttenbetrieb. Desde 1997, o selo ecológico oficial da Bavária, denominado Bayerisches Umweltsiegel für das Gastgewerbe (locais de hospedagem e gastronomia ambientalmente responsáveis), é um programa de certificação com três níveis (bronze, prata e ouro) dirigido por Bayerisches Staatsministerium für Landesentwicklung und Umweltíragen (Ministério do Meio Ambiente), o órgão governamental local. Essa certificação destina-se a hotéis, meios de hospedagem privados, áreas de camping e apartamentos de temporada localizados na Alemanha. No ano de 2001, 200 prêmios foram entregues.

200

21 Certificación para la Sostenibilidad Turística

Costa Rica Meios de hospedagem (todos os tipos) e empresas de turismo (todas as áreas)

1997 A certificação foi iniciada em 1997 pelo Instituto de Turismo da Costa Rica, com o propósito inicial de classificar e certificar to dos tipos de empresas de turismo nacional. Na sua primeira fase, o programa gratuito estava aberto apenas para o setor hoteleiro, sendo que, em 2000, 46 estabelecimentos foram certificados. Uma diferenciação nos requisitos de certificação, de acordo com o tamanho do hotel, pode acontecer no futuro. Além disso, em breve os critérios socioculturais e ambientais também devem ser abertos para agências de viagens.

46

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148

22 Das Õsterreichische Umweltzeichen für Tourismusbetriebe

Áustria Meios de hospedagem (todos os tipos)

1997 Esse é o selo ecológico oficial da Áustria, dirigido pelo Bundesministerium für Land- und Forstwirtschaft, Umwelt und Wasserwirtschaft (Ministério do Meio Ambiente) desde 1996. Foi o primeiro selo nacional para turismo na Europa. A premiação constitui-se de um abrangente sistema que avalia 135 critérios rígidos. Esse selo verifica produtos e serviços, sendo direcionado a todos os tipos de empresas de hospedagem. Em 2001, 150 empreendimentos foram licenciados. Desde 2000, os estabelecimentos de hospedagem doTirol também podem se inscrever para esse selo.

150

23 Green Key for Holiday Houses

Dinamarca Meios de hospedagem (casas de temporada)

1997 Desde 1997, é um selo local para casas de temporada na Ilha de Moen. É um sistema de avaliação bastante simples com 9 critérios. Desde 2000, o projeto evolui para tornar-se um selo nacional completo (cooperação intensa com Den Grønne Nøgle). Em 2001, 54 casas foram certificadas.

54

24 National Ecotourism Accreditation Program (NEAP)

Austrália Meios de hospedagem (vários tipos) e produtos turísticos (oferta turística)

1997 Implementado em 1996 pela Associação de Ecoturismo da Austrália, esse projeto está aberto a qualquer pacote, meio de hospedagem ou atrativo dos dois setores da indústria turística australiana: turismo ambiental e ecoturismo. O NEAP é atualizado a cada 3 anos. Em sua primeira edição, 260 produtos foram premiados e publicados. É o primeiro programa com esse perfil na Austrália, pois foi desenvolvido pela e para a indústria. Hoje em dia é muito conhecido entre os turistas australianos e também entre gestores de áreas protegidas envolvidos no processo de certificação. Colaboração com o Green Globe 21 também faz parte dos planos futuros da organização.

260

25 Strutture ricettive consigliate per Vimpegno in difesa dell’ambiente

Itália Meios de hospedagem (hotéis)

1997 Foi lançado em 1997 pela Legambiente, associação nacional para proteção do meio ambiente. Todo o projeto é diretamente inspirado nos princípios ecológicos contidos na Agenda 21. Começou a atuar na região do Mar Adriático e foi estendido para outras localidades italianas. Seu objetivo é abranger toda a Itália. No momento, 51 hotéis foram certificados na área de Riccione e novas iniciativas estão em progresso na província de Rimini e na região de Emilia-Romagna.

51

26 El Distintivo de Garantia de Calidad Ambiental (El Distintivo)

Espanha Meios de hospedagem (todos os tipos)

1998 Esse selo ecológico governamental oficial da região da Catalunha é dirigido pela sua província. Desde 1998 foi direcionado para produtos e serviços como áreas de camping, por exemplo. Em 2000 o selo ampliou sua atuação, direcionando-se também aos hotéis. No ano seguinte, 9 áreas de camping, 1 albergue da juventude e 3 hotéis foram certificados. A iniciativa combina excelente gerenciamento ambiental com ótimos componentes de desempenho.

13

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27 Green Tourism Business Scheme

Reino Unido Meios de hospedagem (todos os tipos)

1998 É um projeto muito bem-sucedido que possui 3 níveis de certificação. O selo foi desenvolvido por uma parceria entre The Scottish Tourist Board e SEA Ltd. Direciona-se a todos os tipos de estabelecimentos de hospedagem tais como bed and breakfast, self catering, hotéis, hospedarias, albergues da juventude, parques, atrações turísticas, além de outras empresas escocesas. O processo de certificação teve início em 1998 e concedeu 254 licenças em 2001. Apenas empreendimentos com certificação ouro estão em condições de se candidatar ao ISO 14001. Projetos pilotos regionais serão implementados, de forma a estendê-lo para todo o Reino Unido. A organização dirigente demonstra interesse em desenvolver uma base de dados e um programa de benchmarking nacionais para o estabelecimento de diretrizes gerais dentro de sua área de atuação.

254

28 GreenLeaf Eco-Rating Program

Canadá Meios de hospedagem (todos os tipos)

1998 Foi lançado por TerraChoice Environmental Services Inc. por interesse de Hotel Association of Canada. Desde 1998, a organização TerraChoice opera esse programa com o apoio da American Express, visando à premiação de hotéis, motéis, resort, B&8 e chalés no Canadá e à melhoria de seu desempenho ambiental. Até o momento, 250 meios de hospedagem foram certificados após um programa de 3 anos. Um dos parceiros envolvidos (Environment Canada) chegou a iniciar um programa voluntário de incentivo para que os funcionários do governo federal se hospedem nos “hotéis verdes” durante as viagens de negócios

250

29 Hôtel au Naturel França Meios de hospedagem (hotéis)

1998 Foi criado pela Federation des Parcs Naturels Regionaux em 1992. A iniciativa reconhece proprietários de hotéis localizados em parques naturais regionais franceses. Esses hotéis integram ações de proteção ambiental em sua rotina de atividades mediante um programa de longa duração. O projeto compreende uma cadeia de 13 hotéis certificados, localizados nos parques regionais franceses. A meta para os próximos 5 anos é reconhecer 40 estabelecimentos hoteleiros na associação de comércio.

40

30 Milieubarometer Países Baixos

Meios de hospedagem (áreas de camping)

1998 É um sistema de três níveis (bronze, prata e ouro) dirigido por Stichting Keurmerk Milieu, Veiligheid en Kwaliteit. Criada em 1998, essa iniciativa direciona-se às áreas de camping e parques nos Países Baixos. Em 2001, 180 licenças foram concedidas. Empreendimentos certificados com o nível ouro automaticamente conseguem a certificação Milieukeur, que é reconhecida nacionalmente. Desde a sua criação, o selo ecológico é um projeto de autofinanciamento. Dois dos seus objetivos a longo prazo são estabelecer padrões ambientais para empresas do setor de lazer e atingir reconhecimento internacional.

180

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150

31 Ôko-Pikto Europa Meios de hospedagem (áreas de camping)

1998 É a legitimação de produtos no principal guia de áreas para trailer e camping da Europa, o qual possui tiragem de 300.000 cópias e menção de 5.500 áreas para acampamento. Desde 1 998, o prêmio é dirigido por ADAC Publishing House, o clube alemão do automóvel. Voltado aos campings europeus, o projeto teve 500 licenciados no ano de 2001. Foca-se no uso de fontes alternativas de energia (pelo menos 30% das exigências energéticas totais) e consumo de água (economia de pelo menos 30% das necessidades hídricas totais de água não potável).

500

32 Regionalmarke Biosphãrenreservat Schorfheide-Chorin

Alemanha Meios de hospedagem (todos os tipos) e empresas do trade

1998 Projeto criado por Kulturlandschaft Uckermark e.V. em 1998. Direciona-se a estabelecimentos de hospedagem e gastronomia, assim como artesanato e artes, processamento de alimentos, apicultura, pesca, silvicultura, horticultura e agricultura na Reserva da Biosfera de Schorfheide-Chorin, na Alemanha. Em 2001, 53 membros foram certificados; dentre eles estavam 7 meios de hospedagem e 13 estabelecimentos de gastronomia.

53

33 Umweltsiegel Uckermark Alemanha Meios de hospedagem (vários tipos)

1998 Esse pequeno selo sub-regional é o primeiro da região de Brandemburgo, no leste da Alemanha, desenvolvido pelo Tourismusverband Uckermark, a associação de turismo de Uckermark. Desde 1998, foi direcionado para hotéis e hospedarias na região de Uckermark, em Brandemburgo Land e teve 1 9 licenciados em 2000. Os serviços para os hotéis certificados são muito limitados e a iniciativa, provavelmente, cessará suas atividades em breve.

19

34 Urlaub auf Biohõfen -Deutschland

Alemanha Meios de hospedagem (hotéis- fazenda ecológicos)

1998 Na Alemanha, (Jrlaub auf Biohõfen (férias em fazendas orgânicas) é um teste de qualidade dirigido pela ECEAT do país desde 1998 e já licenciou 143 empreendimentos em 2001. Esse selo é independente de qualquer suporte financeiro e seu objetivo é apoiar a agricultura ecológica por meio do turismo leve. É um projeto exclusivamente direcionado para hotéis-fazenda reconhecidos por produção orgânica e que possuam instalações de hospedagem na Alemanha. Os licenciados são publicados no guia Urlaub auf Biohãfen, juntamente com uma avaliação detalhada do desempenho das fazendas. Desse modo, a publicação mantém sua transparência e oferece informações altamente confiáveis sobre as iniciativas. Em 2002, a ECEAT Alemanha apresentou um novo sistema referente aos critérios.

143

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35 EcoLabei Luxembourg Luxemburgo Meios de hospedagem (todos os tipos)

1999 Desde 1999, esse é o selo ecológico oficial de Luxemburgo, dirigido pelo Ministério do Turismo. Os licenciados são hotéis, albergues da juventude, meios de acomodação privados, apartamentos de férias, refúgios e áreas de camping. Em 2000, 21 empreendimentos foram certificados. Essa quantia representa cerca de 10% dos campings e cerca de 3% dos hotéis e albergues da juventude de Luxemburgo. A organização de certificação ecológica oferece seminários genéricos para empreendimentos e candidatos interessados. Os membros da comissão examinadora são consultores ambientais de Luxemburgo e estrangeiros.

21

36 Green Globe Certification Mundial Meios de hospedagem, operadoras de turismo e destinos

1999 A iniciativa foi estabelecida, em 1994, pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo*. Sua função é transformar os princípios da Agenda 21 em ações práticas para a indústria mundial de viagens e turismo. Esse projeto ambiental direciona-se a meios de hospedagem, operadoras de turismo e destinos de todo o mundo. Baseia-se mais no comprometimento do que no desempenho. Em 1999, uma joint ventur,e foi formada com o Australia’s Cooperative Research Centre for Sustainable Tourism (CRC), um centro de pesquisas para o turismo sustentável, com a finalidade de operar na região Ásia—Pacífico e com CAST e Green Seal, para operar nas Américas. Em maio de 2001, o Green Globe também trabalhou em projetos no Canadá e nas llhas Fiji.

37 Cuida Agli Agriturismi Bioecologici

Itália Meios de hospedagem (hotéis- fazenda ecológicos)

1999 O selo foi implementado pela Associação Italiana para Agricultura Biológica (Associazione Italiana per I’Agricoltura Biologica — A.I.A.B.), em 1998, em cooperação com a WWF da Itália, a Associação Italiana de Bioarquitetura, a Compagnia della Natura (operadora italiana especializada em turismo sustentável), a Eco&Eco e hotéis-fazenda orgânicos. O propósito dessa iniciativa é estabelecer um projeto de certificação, a fim de avaliar cada hotel- fazenda ecológico aberto à visitação na Itália e desenvolver a confiança dos consumidores. Todos os membros certificados são mencionados na edição do Cuide for Bio-Ecological Holiday Farms, o guia dos hotéis-fazenda ecológicos publicado pela Tecniche Nuove e distribuído para todas as livrarias do país. Em 2000, 135 empreendimentos de 145 candidatos receberam o prêmio.

135

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38 Les Clefs Vertes França Meios de hospedagem (áreas de camping e trailer)

1999 É o selo ecológico nacional para áreas de camping, trailer e conjuntos de bangalôs da França. A direção do projeto está a cargo da Fundação de Educação Ambiental de Paris* desde 1999. No ano de 2000, 49 licenças foram entregues. A organização dirigente coopera com editoras de guias turísticos estrangeiros como o Le Guide Suisse. Posteriormente, o grupo-alvo deve ser ampliado para albergues e centros de férias franceses.

49

39 Nordic Ecolabeling: Miljërnãrkning av hotel

Países Nórdicos

Meios de hospedagem (hotéis)

1999 O Miljõmãrkning av hotel, conhecido como cisne nórdico, é o primeiro projeto de certificação ecológica oficial dos países Nórdicos (Finlândia, Islândia, Noruega, Suécia e Dinamarca). As agências nacionais de certificação ecológica são responsáveis pela direção do projeto desde 1 999. Direciona-se a produtos e serviços como hotéis, estabelecimentos de hospedagem curta, restaurantes, instalações para eventos e piscinas. Concedeu 28 licenças em 2001. Esse é um projeto muito exigente, constituído de critérios de medição e gerenciamento. Além disso, é o primeiro que demanda critérios de limitação para o consumo de água e energia, limpeza e substâncias perigosas, bem como de produção de lixo por pernoite.

28

40 Õko-Proof-Betrieb Mundial Meios de hospedagem (hotéis)

1999 Esse projeto é bastante conhecido e a companhia de certificação independente TUV Umwelt Cert Umweltgutachter GmbH é a sua gestora desde 1999. Direciona-se a hotéis e centros de férias em todo o mundo. O candidato deve preencher 75% dos critérios exigidos e, após uma certificação bem-sucedida, os licenciados podem tentar uma certificação de acordo com DIN EN ISO 14000. O projeto foi desenvolvido para o mercado internacional com o intuito de avaliar o desempenho da gestão ambiental de hotéis. A iniciativa pretende se transformar em um selo econhecido no mundo inteiro e que foi iniciado na Alemanha. Em 2000, foram certificados 18 empreendimentos na Alemanha. Para o ano seguinte estimou-se a certificação de hotéis em Dubai, Espanha, Turquia e outros locais.

1 8

41 Entreprise éco- dynamique Bélgica Meios de hospedagem (hotéis) e empreen- dimentos não turísticos

2000 O selo Entreprise éco-dynamique (empresa ecodinâmica) possui três níveis de certificação. Desde 2000, a gestão do projeto está sob responsabilidade de lnstituit Bruxellois our la Gestion de l’Environnement (1GB E), o departamento do meio ambiente e energia de Bruxelas. Direciona-se a empresas privadas, assim como a hotéis e centros de conferência com matrizes na região da capital Bruxelas. Em 2001, de um total de 35 empresas certificadas, encontravam-se 7 hotéis.

35

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42 Label Vert Bélgica Meios de hospedagem (vários tipos)

2000 Significa selo verde. É um novo selo regional gerido pela Fédération Touristique du Luxembourg Belge desde 2000. Essa iniciativa destina-se a hotéis, áreas de camping e alojamento localizados nessa pequena região belga. Os dirigentes colaboram com a Fundação Õko-Fonds, em Luxemburgo. Em 2000, fpram designadas 6 licenças.

6

43 Power Smart Green Hotel Program

Canadá Meios de hospedagem (todos os tipos)

2000 Foi lançado em dezembro de 2000 por BC Hydro and Power Authority. O projeto esta aberto a qualquer estabelecimento de hospedagem do Canadá que tenha banheiro privativo nos apartamentos e se comprometa com a implantação de medidas para economizar energia, conservar água e reciclar lixo. Esse programa incentiva hotéis a desenvolver seu próprio programa ambiental ideal. Até o ano 2000, do total de 3.400 estabelecimentos de hospedagem da Columbia Britânica, 42 meios de hospedagem foram nomeados Green oú Green Plus.

42

44 Groene Duim Países Baixos

Meios de hospedagem (vários tipos) e destinos

2001 O Groene Duim, polegar verde, é um prêmio de alcance mundial dirigido pela TU! dos Países Baixos, desde 2000. O projeto contempla meios de hospedagem e pacotes turísticos ambientalmente corretos pertencentes aos catálogos de viagem da TUI Netherlands. Em 200.1, 40 hotéis, além de todos os estabelecimentos da cadeia hoteleira Landidyll, 4 hotéis da cadeia Grecotel e 2 destinos (Rauris/AT e Bad Hofgastein/AT) receberam o prêmio. Esse projeto cessou suas atividades no verão de 2001 em conseqüência do efeito negativo observado por um grupo de consultores enviados para inspeção pela organização dirigente.

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154

45 Umweltzertifizierung für die Tourismusbranche — Einführung von Umweltmanagement- systemen nach der Norm ISO für kleine Betriebe

Itália Meios de hospedagem (vários tipos)

2001 Fruto de uma parceria entre Siidtirol Marketing, Det NorskeVeritas Itália e associações hoteleiras, esse projeto foi lançado em 1999, na região sul doTirol (Itália). Suas atividades são possíveis graças à cooperação entre Provincia Autonoma di Boizano-Alto Adige (província autônoma de Bolzano-Alto Adige) e Agenzia Provinciaie per la Protezione deil’Ambiente e la Tutela dei Lavoro (agência de proteção ao meio ambiente e tutela do trabalho). Esse projeto segue outra iniciativa da região denominada Umweitsiegel Tirol Südtirol, voltada aos estabelecimentos de hospedagem de pequeno porte, iniciativa essa que foi considerada muito restrita e substituída pelo sistema de gestão ambiental ISO 14001. A lista das exigências contém todos os pontos incluídos no ISO 14001, os princípios de medição e gerenciamento referente a todos aspectos ecológicos. Para serem certificados, os candidatos devem estar de acordo com todos os pontos dessa lista e com a legislação ambiental em vigor. A organização incentiva empreendimentos certificados pelo seio Umweltsiegel Ti rol-Südti rol e outros empreendimentos da Áustria e da Itália a se candidatarem ao novo sistema comum, designado Umweltzertifizierung für die Tourismusbranche — Einführung von Umweltmanagementsystemen nach der Norma ISO für kleine Betriebe. Em 1999, 86 empreendimentos foram premiados com o selo ambientai no sul do Tirol. Atualmente não é mais possível se candidatar a ele. Em 2000, apenas 4 empreendimentos participaram do novo sistema e 2 já haviam sido certificados em 2001.

2

46 LeeValley Eco- Label Project Irlanda Meios de hospedagem (todos os tipos) e outros empreen- dimentos

Esperado para 2001/02

Em 1999, esse projeto comunitário foi lançado oficialmente na Irlanda por LeeValley Enterprise Board. Refere-se principalmente a produtos, porém está cada vez mais direcionado para a qualidade ambiental de determinadas regiões turísticas irlandesas. A obtenção de uma marca de qualidade ambiental fundamentada na área reforça o conceito do desenvolvimento sustentável dos recursos sociais e ambientais. Atualmente, o projeto está envolvido em um processo de transição. LeeValley é a única região na Irlanda empreendendo um projeto desse tipo. Mesmo estando nas etapas iniciais de desenvolvimento, o projeto obteve um grande reconhecimento no período de 1999 a 2001.

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47 VIABONO Alemanha Meios de hospedagem, destinos e serviços adicionais

2001 Desde 2001, VIABONO é a nova marca de cobertura ambiental nacional na Alemanha. A iniciativa é gerida pela VIABONO GmbH em parceria com associações das áreas de turismo, meio ambiente, consumidor, comunidade, ministérios e governo. Direciona-se a empreendimentos de hospedagem na Alemanha. Também existem planos para que essa iniciativa forneça a licença aos destinos turísticos e serviços adicionais. A VIABONO deve se desenvolver em uma plataforma eletrônica para que os turistas encontrem produtos e serviços turísticos relacionados ao meio ambiente e natureza, lazer, cozinha regional, férias familiares ou arte e cultura.

48 Vorbildliche Campingplãtze in Deutschland

Alemanha Meios de hospedagem (áreas de camping)

1972 É um prêmio de três níveis dirigido pela Deutscher Tourismusverband, a associação alemã de turismo, que teve início oficialmente em 1972. O objetivo , a longo prazo, é tornar o turismo alemão competitivo em âmbito nacional mediante a melhoria de qualidade das áreas de camping públicas e privadas da Alemanha. Os principais critérios são integração das áreas com a paisagem e informações fornecidas aos clientes. Em 2000, havia 32 áreas de camping premiadas.

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49 British Airways Tourism for Tomorrow Award

Mundial Meios de hospedagem (vários tipos), operadoras de turismo, destinos e reservas naturais

1992 É um prêmio internacional fundado, em 1993, pela agência ambiental da companhia British Airways. Direciona-se a operadoras de turismo, hotéis, administrações de parques nacionais e outras instituições turísticas domundo inteiro. Essa iniciativa encoraja, mediante a seleção de projetos mundiais que sirvam de exemplos das melhores práticas ambientais do segmento turístico, empresas a preservar o meio ambiente. Um ganhador é selecionado em .cada uma das cinco regiões onde atua: Pacífico, Sul, Américas, Europa e Reino Unido. Um vencedor geral também é nomeado.

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50 CHA/AMEX Green Hotel ier of the Year

Caribe Meios de hospedagem (hotéis)

1996 Foi lançado, em 1996, por Caribbean Alliance for Sustainable Tourism (CAST). Esse prêmio, apoiado pela American Express, foi criado para reconhecer boas práticas ambientais entre os membros da Associação Caribenha de Hotéis. Inovação, criatividade e desafio são premiados todos os anos em duas categorias: hotéis de pequeno e de grande porte. A reutilização de jornais velhos em caixas para nidificação de pintos ou de sacas de cebolas e batatas para a área destinada ao lixo (economizando US$ 32 por dia) são exemplos de idéias premiadas em 2000. Nesse ano, havia de 50 a 60 inscritos e, destes, somente dois foram premiados em ambas as categorias. Os membros selecionados a princípio são anunciados na Conferência Caribenha da Indústria Hoteleira e promovidos por CHA e CAST.

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51 PRHTA Annual Green Hotel & Green lnn Awards

Porto Rico Meios de hospedagem (hotéis)

1996 Foi lançado, em 1995, pela Associação de Turismo e Hotelaria de Porto Rico. Esse projeto recompensa anualmente as iniciativas de acordo com seu tamanho (um prêmio Green Hotel e um prêmio Green lnn). Baseia-se em um programa de prêmios semelhante ao desenvolvido, em 1994, pela Fundação Caribenha de Reciclagem para a Associação Caribenha de Hotéis. Os critérios são básicos, porém detalhados e incentivam albergues e hotéis porto-riquenhos a darem seus primeiros passos no campo ambiental. Simples comprometimentos como um programa para reciclar papelão, vidro, papel, óleo, alumínio, plástico, entre outros materiais, já foram premiados. No futuro, o projeto pode desenvolver um padrão de certificação ecológica para ser concedido a todas as atividades que preencham um número mínimo de exigências.

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52 International Hotéis Environment lnitiative (IHEI)

Mundial Meios de hospedagem (hotéis)

1992 Foi fundada, em 1992, por um consórcio de diretores de 10 grupos multinacionais de hotéis (The Princes ofWales Business Leaders Forum). Funciona como uma plataforma não competitiva que incentiva melhorias contínuas no desempenho ambiental de toda a indústria hoteleira. Suas parcerias foram multiplicadas com associações hoteleiras, órgãos governamentais, ONG, órgãos de turismo e empreendimentos, a fim de estimular e auxiliar a fixação de iniciativas locais. Por exemplo, a IHEI iniciou o prêmio Green Hoteliers Award em parceria com a Associação Internacional de Hotéis e Restaurantes e com a American Express. Esse prêmio contempla um hoteleiro por seus esforços relacionados ao melhor desempenho ambiental. A IHEI planeja desenvolver uma nova iniciativa para a indústria da hotelaria denominada Sitting and Design Programme. O projeto engloba a definição de normas para que hotéis causem danos mínimos ao meio ambiente e reduzam os impactos ambientais provenientes de suas atividades. Atualmente, os membros hoteleiros representam mais de 11 .000 hotéis nos cinco continentes, ou seja, mais de 1,9 milhão de apartamentos.

53 Environmental Management Guide for Smail Hoteis and Resorts

llhas Fiji Meios de hospedagem (hotéis)

1998 Esse guia foi implementado, em 1998, nas llhas Fiji, pelo Conselho de Turismo do Pacífico Sul*. O programa apresenta uma estrutura para hotéis pequenos e médios e resorts e fornece idéias por meio das quais as operadoras podem desenvolver sua própria gestão ambiental. O projeto foi custeado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento mediante o conselho TCSP. Essas orientações são elaboradas a partir de uma quantidade considerável de publicações sobre gestão ambiental para hotéis e indústria do turismo. Além disso, estimula os candidatos a consultarem esses documentos e organizações como Green Globe, Environmental Hoteis of Auckland iniciative, international Hoteis Environment initiative, etc.

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54 Caribbean Alliance for Sustainable Tourism

Caribe Meios de hospedagem (hotéis)

1999 A Aliança Caribenha para o Turismo Sustentável foi criada em 1999. A organização ajuda os hoteleiros do Caribe na gestão eficaz dos recursos ambientais e promove os esforços dos membros da Associação de Hotéis do Caribe na implementação de boas práticas ambientais. O projeto é um elo real entre todos os investidores da área do turismo. Essa rede também contemplaseus membros com os prêmios Green Hotel Award e Green Area of the Year Award. Eles fornecem, ainda, informação e apoio ao programa Green Globe.

55 ECOCAMPING — Integriertes Umweltmanagement auf Campingplãtzen

Alemanha, Áustria,Suíça e Itália

Meios de hospedagem (áreas de camping)

1999 Desde 1999, essa é a rede para campings na Europa, com um sistema integrado de gestão ambiental dirigido pela organização Bodensee-Stiftung. Desde 2001, a rede tem compreendido 14 áreas de campihg em Lake Constance (Alemanha), seis em Lago Maggiore (Itália) e 14 em Baden Württemberg (Alemanha). A próxima etapa inclui a concepção do selo ECOCAMPING com critérios fixos e componentes gerenciais flexíveis.

56 KENYA ECORATING SCHEME

Quênia Meios de hospedagem, operadoras de turismo, reservas naturais e instalações esportivas

2001 É uma iniciativa bastante nova, iniciada pela Sociedade de Ecoturismo do Quênia em 2001. O objetivo desse programa é preservar os recursos naturais e culturais do Quênia e melhorar a vida da população local. A organização de IVTS dirigente quer desenvolver uma estrutura de padrões de gestão ambiental para operadoras de turismo, hoteleiros, operadoras de alojamentos e camping, assim como gestores de destinos turísticos. O progresso de um sistema de classificação deve levar à certificação de empreendimentos identificados por selo ecológico. Além disso, o programa utilizará estratégias de marketing para se promover e fará a divulgação das empresas que alcançarem tal certificação. No longo prazo, o plano é identificar uma rede de organizações e/ou indivíduos que possam fornecer apoio e conselhos diretos para empreendimentos em busca de certificação.

Fonte: OMT. Iniciativas para o turismo sustentável. (2004), reorganizado por Novaes (2007)

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ANEXO E – Publicação da ABIH-SC- roteiros turísticos integrados.

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ANEXO F – Guia turístico da serra catarinense com meios de hospedagem. fonte SANTUR

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