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Neste artigo, pretende-se discutir e apresentar a temática da tutela ambiental e os impactos sociais decorrentes da construção de obras de grande porte. Para isso, faz-se necessário o estudo ambiental destas obras com as respectivas consequências sociais delas decorrentes, bem como as políticas públicas voltadas à proteção da sadia qualidade de vida da população diretamente atingida. Devem harmonizar-se os interesses econômicos, sociais e ambientais na construção de uma função socioambiental da propriedade e dos direitos humanos fundamentais.
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Tutela Ambiental e os Impactos Sociais Decorrentes da Construção de Obras de Grande
Porte1
Environmental Protection and Social Impacts Resulting from the construction of Great
Buildings
Felipe Braga de Oliveira*
Resumo
Neste artigo, pretende-se discutir e apresentar a temática da tutela ambiental e os impactos
sociais decorrentes da construção de obras de grande porte. Para isso, faz-se necessário o
estudo ambiental destas obras com as respectivas consequências sociais delas decorrentes,
bem como as políticas públicas voltadas à proteção da sadia qualidade de vida da população
diretamente atingida. Devem harmonizar-se os interesses econômicos, sociais e ambientais na
construção de uma função socioambiental da propriedade e dos direitos humanos
fundamentais.
Abstract
This paper discuss and presents the theme of environmental protection and social impacts
resulting from the construction of major buildings. For this, the environmental study is
necessary for these buildings with their social consequences arising therefrom, as well as
public policies aimed at protecting the healthy quality of life of the directly affected
population. Should harmonize economic, social and environmental concerns in building a
social and environmental function of property and fundamental human rights.
Palavras-chave: Meio ambiente. Impacto ambiental. Obras.
Keywords: Environment. Environmental impact. Buildings.
1 Artigo apresentado como requisite parcial à obtenção do título de Especialista em Direito Público pelo Centro Universitário do Norte/Laureate Universities. * Mestrando em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Pós-graduado (Especialista) em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Cândido Mendes/RJ. Professor Voluntário da Universidade do Estado do Amazonas. Advogado.
INTRODUÇÃO
O meio ambiente, hoje, tem alcançado preocupações de dimensões globais, e sua
tutela, seja repressiva ou preventiva, adquire contornos extremamente amplos dentro de nossa
sociedade, seja através de previsão Constitucional, com políticas públicas voltadas à
salvaguarda do meio ambiente e da sadia qualidade de vida às presentes e futuras gerações,
seja através de legislações infraconstitucionais, obrigando o administrador público a adotar o
planejamento e uso racional do meio ambiente, através do denominado sistema de comando e
controle ambiental, ou seja, aquele estruturado fundamentalmente por meio de instrumentos
jurídico-administrativos de regulamentação e intervenção em prol do meio ambiente, tais
como os relativos à implementação do planejamento ambiental, da regulação, do
licenciamento e monitoramento ambiental, como exemplo, o EIA (Estudo Prévio de Impacto
Ambiental) e RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), previstos no artigo 225, §1º, inciso
IV, da Constituição Federal Brasileira, evitando-se, assim, a segregação social fortemente
implementada através de governos que não respeitam as normas ambientais de proteção à
vida em todas as suas formas, principalemente a vida humana.
Portanto, o cerne da questão ora apresentada neste trabalho encontra-se na
modificação do meio ambiente, fazendo-o suportar obras de grande porte e ocasionando
impacto para além do natural, especialmente na vida humana, no que se refere à segregação
social decorrente da “necessidade” do poder público nas mencionadas construções.
1. MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL
O meio ambiente, por diversas vezes conceituado, é “a interação do conjunto de
elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da
vida em todas as suas formas” (SILVA, 2007, p. 20).
Antunes (2014, p. 580) conceitua meio ambiente como “um conjunto de ações,
circunstâncias, de origem culturais, sociais, físicas, naturais e econômicas que envolvem o
homem e todas as suas formas de vida” acrescentando que “é um conceito mais amplo do que
o de natureza, o qual em sua acepção tradicional limita-se aos bens naturais que existem
independentemente da ação humana. Daí ser possível falar-se em meio ambiente urbano”.
Dessa forma, a legislação que aborda o meio ambiente, especialmente o art. 3º, inciso
I, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, expõe que “entende-se por meio ambiente,
o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Nesse diapasão, para melhor compreensão do abrangente conceito de meio ambiente,
há quatro aspectos em que o termo pode ser analisado, segundo entendimento do Supremo
Tribunal Federal2, quais sejam: meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho.
Por meio ambiente artificial, compreende-se o “espaço urbano construído, consistente
no conjunto de edificações (chamado de espaço urbano fechado), e pelos equipamentos
públicos (espaço urbano aberto)” (FIORILLO, 2014, p. 63).
Não há como desvincular o conceito de meio ambiente artificial daquele ligado à sadia
qualidade de vida. Isto porque a intervenção humana no meio ambiente deve visar,
primordialmente, a melhoria do bem-estar social, indissociável do chamado “Estado de Bem
Estar Social”, pregado por John Maynard Keynes (1883-1946), estrutura política e social na
qual o estado se tornou o responsável por suprir as demandas da população não apenas
regulando os serviços, como também os fornecendo à sociedade, objetivando garantir um
nível mínimo de qualidade de vida para os cidadãos.
Tem-se por certo, que o bem-estar dos habitantes de determinada localidade não se
dissocia dos direitos ao lazer, à saúde e à segurança. O art. 182 da Carta da República de 1988
impõe como objetivo do Poder Público Municipal ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o mencionado bem-estar de seus habitantes.
Em rápida análise, Beltrão (2009, p. 25) disserta que “deriva desse aspecto urbano a
necessidade de planejamento e ordenamento do território, avaliação do processo de
urbanificação e redução de impactos, para alcançar o equilíbrio ambiental nas cidades”
(itálico nosso).
Chama-se atenção para a primazia da necessidade de planejamento nas modificações
realizadas no meio ambiente natural, coadunando-se o que se convenciona nomear de meio
ambiente artificial, para reduzir impactos causados por obras de grande e pequena monta.
Portanto, este trabalho buscará esclarecer a questão da modificação do meio ambiente,
fazendo-o suportar obras de grande porte que ocasionem impactos ambientais, tão nocivos à
vida humana, sobretudo quando gera a segregação social, em contraponto ao exercício do
poder econômico do Estado.
2 ADI 3.540-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1º-9-2005, Plenário, DJ de 3-2-2006.
2. A TUTELA JURIDICA DO MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL
A Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, de 1972, proclamou que
“natural ou criado pelo homem, é o meio ambiente essencial para o bem-estar e para gozo dos
direitos humanos fundamentais, até mesmo o direito à própria vida”. Assim, pela primeira vez
no âmbito jurídico, o meio ambiente foi tratado como direito humano, seja ele em seu aspecto
natural ou artificial.
Em relação à ordem constitucional brasileira, o art. 225 da CR/88 asseverou ser direito
de todos o meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo este essencial à sadia qualidade
de vida. Nesse aspecto, remonta a tempos pretéritos a tutela do meio ambiente artificial,
podendo-se falar de sua proteção efetiva no Código Civil de 1916, na medida em que este
previa a outorga de licenças, embora não tratasse de modo hialino do meio ambiente
(BELCHIOR, 2011, p. 56).
Reflexo disso, o Código Civil de 2002, que deriva da mudança da sociedade brasileira
e tendo o direito como sua fonte reguladora, instituiu que toda a propriedade e, por isso, o
meio ambiente artificial, deve ter a sua função social bem como a função ecológica,
protegendo a fauna, a flora, as belezas naturais e o patrimônio histórico e artístico.
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, em seu art. 4º, assevera ser seu
objetivo a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.
Dessa forma, todas as modificações no meio ambiente urbano devem ter como
finalidade, além do engrandecimento econômico, a qualidade de vida dos moradores da região
ou da cidade como um todo. Qualquer alteração no meio ambiente artificial deve ter como
cerne a sadia qualidade de vida dos habitantes, embora se tenha em mente que a possibilidade
de não causar transtornos seja remota.
Ademais, o dispositivo 225 da Constituição Federal impõe ao Poder Público o dever
de defender e preservar o meio ambiente com toda a qualidade necessária para usufruto do ser
humano, ocasionando para este o bem-estar necessário. Dessa forma, rememora-se que toda e
qualquer obra realizada pelo Poder Público ou pela iniciativa privada deve ter como escopo a
tutela ambiental não somente em seu aspecto natural.
A Lei nº 10.257/2001, que tem a finalidade de regulamentar os arts. 182 e 183 da
CR/88 e estabelecer o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade
urbana, traz como princípios norteadores da política urbana a gestão democrática por meio da
participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da
comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano.
Além disso, principia a cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais
setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social. Dessa
forma, sempre deve ser atendido o interesse dos indivíduos que compõem a cidade, mas
também deve-se levar em consideração os anseios e preocupações da população residem em
uma área de possível modificação no âmbito artificial.
Nada obstante, impõe como geração de normas a audiência do Poder Público e da
população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com
efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou
segurança da população.
Vale ressaltar, novamente, a Declaração de Estocolmo que menciona:
o homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras. A esse respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o “apartheid”, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira permanecem condenadas e devem ser eliminadas.
Dessa forma, a tutela jurídica, em seus aspectos legal ou social, deve levar em
consideração o bem-estar da população, seu conforto e seus interesses, para além dos
interesses públicos relativos aos projetos de governo ou interesses econômicos, por mais
importantes que sejam estas visões, tendo em vista o caráter antropocêntrico do direito
ambiental bem como a ligação indissolúvel entre meio ambiente, sadia qualidade de vida e
dignidade da pessoa humana, que posteriormente serão melhor relacionadas.
Importante mencionar que tal estruturação doutrinária, jurisprudencial e legislativa
estatal possui uma forte contraposição à segregação que havia em tempos atrás promovida
pela sociedade e pelo próprio Estado. Hoje não podemos aceitar que se imponha uma cláusula
de retrocesso social, através da manifestação da exclusão social, já analisada por Michel
Foucault, quando estudando, dentre outros assuntos, o comportamento social, adentrou em
hospitais psiquiátricos, também chamados de “espaços artificiais” e assim concluiu acerca do
princípio de exclusão: “não, mas uma separação e uma rejeição. Penso na oposição razão e
loucura. Desde a alta Idade Média, o louco é aquele cujo discurso não pode circular como os
dos outros: pode ocorrer que sua palavra seja considerada nula e não seja acolhida, não tendo
verdade nem importância, não podendo testemunhar na justiça, não podendo autenticar um
ato ou um contrato” (2009, p.10).
Ora, sob tal aspecto, os loucos mencionados por Foucault, dentro de um processo
analógico, podem ser comparados àquela parcela da população que fora retirada de sua estada
inicial e habitual, para serem marginalizados e condenados a viver em áreas com pouca
infraestrutura e sem condições de uma vida digna – registrem-se as favelas – através de
construções de obras estatais sem qualquer tipo de planejamento racional para tanto. É o caso
das grandes obras públicas, que colocam em confronto os ditames do desenvolvimento
econômico e a dignidade da pessoa humana.
A preocupação com o meio ambiente e a sua influência na qualidade de vida das
pessoas vem se tornando mais presente nas discussões cotidianas, seja no ambiente familiar,
no ambiente laboral, nos ambientes sociais e acadêmicos, bem como na elaboração das
políticas públicas.
Em outras palavras, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um
direito de todos e um dever de todos, Poder Público e coletividade de defendê-lo e preservá-lo
para as futuras gerações.
Para ocorrer o gerenciamento desse meio ambiente existe o denominado sistema de
comando e controle ambiental, ou seja, aquele estruturado fundamentalmente por meio de
instrumentos jurídico-administrativos de regulamentação e intervenção em prol do meio
ambiente, tais como os relativos à implementação do planejamento ambiental, da regulação,
do licenciamento e monitoramento ambiental.
Nesse sentido quanto à gestão ambiental ensina Pozzetti (2000, p. 82)
a gestão no Brasil, tem se valido especialmente de instrumentos de comando e
controle, envolvendo, sobretudo, restrições quantitativas e gerenciais ao uso de bens
e serviços ambientais.
Em sendo assim, esses mecanismos de comando e controle tem por finalidade a gestão
ambiental para se evitar o dano ao meio ambiente, seja ele natural ou artificial, em função de
obra de grande potencial de degradação ambiental.
O licenciamento ambiental de empreendimentos de grande porte exige a prévia
realização de estudos de impacto ambiental, o Estudo de Impacto Ambiental/EIA e o seu
consequente Relatório de Impacto Ambiental/RIMA. Estes estudos vem previstos na Carta
Maior em seu art. 225, §1º, inciso IV.
Exigir-se-á o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) E, conforme exposto anteriormente,
quando a atividade for potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. Na
Lei nº 6.938/81 a degradação vem definida logo no início:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a)prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (itálico nosso)
Dessa forma, entende-se por degradação ambiental toda a modificação ou alteração
substancial e negativa do meio ambiente, causando prejuízos extensos à flora, à fauna, às
águas, ao ar e à saúde humana. (BELTRÃO, 2008, p. 16).
Como instrumento de avaliação dessa degradação ambiental se tem o EIA, previsto na
Resolução nº 237/97 do CONAMA. Assim, o EIA nada mais é do que a avaliação, mediante
estudos realizados por uma equipe técnica multidisciplinar, da área onde se pretende exercer
atividade causadora de significativa degradação ambiental, procurando ressaltar os aspectos
negativos e/ou positivos dessa intervenção humana.
No art. 11 da Resolução CONAMA n° 237/97 tem-se a previsão de realização de
estudos necessários ao processo de licenciamento por profissionais legalmente habilitados que
serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas,
civis e penais.
Nesse sentido, o EIA/RIMA, propriamente, não protege o meio ambiente. Tal
procedimento não impõe nenhum comando sobre preservação ambiental ou controle de
poluição. Logo, não se trata de uma norma ambiental substantiva, mas procedimental.
O EIA/RIMA consiste em um procedimento pragmático que objetiva tornar acessível
ao agente decisório todas as informações relevantes sobre os potenciais impactos que o
projeto proposto poderá ocasionar (BELTRÃO, 2008, p.16).
Em outras palavras, o EIA/RIMA evidencia informações relevantes ao administrador
público e à sociedade. A decisão governamental há de ser racional e realizada de acordo com
as provas e informações científicas colhidas nesses estudos.
Nesse sentido ensina Herman citado por Beltrão (2008, p. 16):
Se a elaboração do EIA por si só já é considerada uma tarefa delicada, complexa e sofisticada, o planejamento ambiental, então, seria, por assim dizer, o maior desafio proposto ao administrador público e à sociedade como um todo em matéria ambiental. Um “plano” poderia ser conceituado como o esquema de ação, a longo prazo, formulado como uma série de etapas sincronizadas, todas dirigidas à consecução de um determinado objetivo político que, no nosso caso, é a proteção ambiental
Em outras palavras, planejar é um desafio para a proteção ambiental, seja ela do meio
natural ou do ser humano que dele faz parte.
Nesse EIA/RIMA encontram-se alguns princípios de observância obrigatória, dentre
eles o do Planejamento racional.
O planejamento racional por parte das autoridades governamentais é essencial para
assegurar que as melhores decisões serão tomadas com vistas ao interesse da coletividade e do
meio ambiente.
Os Princípios Gerais do Direito Ambiental podem ser conceituados como indicadores
que conferem unidade e coerência a formação de normas de proteção ambiental, podendo ou
não integrar ao direito positivo (SIRVINSKAS, 2009, p. 59).
A doutrina diverge na denominação dos Princípios do Direito Ambiental. De uma
forma geral, classifica-se como Princípios do Direito Ambiental: o da prevenção, o do
poluidor-pagador, o do usuário-pagador, o da solidariedade intergeracional, da participação
popular, do planejamento racional, da informação, da responsabilidade ou reparação
ambiental, da cooperação, do desenvolvimento sustentável, dentre outros. Apenas o Princípio
do planejamento será objeto de estudo nesta pesquisa.
O EIA/RIMA nada mais é do que um planejamento. Consiste em um procedimento
que pretende gerar e colher informações do proponente do projeto, dos consultores e do
público em geral sobre um dado projeto para servir como base para a decisão a ser tomada
pelo ente governamental competente.
Nesse sentido ensina Barbosa (2011, p. 23) quando fala da governância na Amazônia:
A governança é a estruturação de marcos institucionais no interior do planejamento
estratégico das instituições que compõem o Estado; planejamento esse que, de forma
dinâmica, diagnostica condições sociais e políticas e identifica atores envolvidos, de
modo a construir os suportes necessários para atingir os objetivos previamente
definidos pelo Estado.
Em sendo assim, o planejamento serve de suporte para a governança. Assim também
leciona Freitas (2010, p. 108):
ressalta-se, cristalinamente, a necessidade de o EIA lastrear-se em dados técnicos sólidos e convincentes, adequar-se à legislação que rege a matéria e a impossibilidade de o administrador decidir com fundamento em critério discricionário. No art. 2° da Resolução CONAMA n° 01/86, estabelecem-se diversos fatores a serem levados em conta no estudo e no relatório que se lhe segue, conhecido como RIMA. Observe-se que a relação é exemplificativa, pois a cabeça do artigo usa a expressão “tais como”.
Nesse cenário, o autor demonstra que vários aspectos técnicos devem ser
considerados, tendo em vista a tecnicidade exigida na confecção do estudo, merecem destaque
o aspecto sociológico, tendo em vista sua complexidade, a qual envolve a problemática da
população direta e indiretamente afetada, devendo ser aí considerados: o uso e a ocupação do
solo da área, a organização social da população, as relações sócio culturais, educação, saúde,
lazer, transporte das pessoas.
Nesse direção ensina Barbosa (2011, p. 23):
A estruturação abrange o conhecimento e a administração estratégica das inter-
relações dos aspectos culturais, éticos, socioeconômicos, políticos, ambientais,
tecnológicos e científicos, considerando-se que segurança, defesa e uso racional do
meio ambiente são meios capazes de assegurar a efetividade da governança.
Em outras palavras, a governança ocorre quando se estruturam todos esses aspectos
acima mencionados.
Portanto, no intuito de prevenir impactos significativos ao meio ambiente que podem
ser causados por um determinado projeto, o EIA/RIMA deve ser estruturado antes que tal
ação ocorra, sendo consequentemente, inconcebível a sua realização simultaneamente ou após
a respectiva ação.
Por fim, sabe-se que o Direito Ambiental tem como viés a tutela compartilhada e
integrada dos direitos sociais e dos direitos ecológicos, o que se convencionou chamar de
direitos fundamentais socioambientais (SARLET, I. FENSTERSEIFER, 2014, p. 29). Assim,
devem coadunar-se os interesses ambiental e social.
3. IMPACTO AMBIENTAL
O impacto ambiental se dá quando homem e natureza confrontam-se, causando, direta
ou indiretamente, alguma alteração ao meio ambiente. Ou seja, “impacto ambiental é uma
modificação busca causada no meio ambiente” (ANTUNES, 2014, p. 581).
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução nº
001/1986, definiu, juridicamente, o conceito de impacto ambiental, asseverando:
Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma ou matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais.
No entanto, apesar da vasta interpretação que se pode inferir da referida Resolução do
CONAMA, não se pode considerar impacto ao meio ambiente aquilo que não o altera
significativamente, de forma que haja desequilíbrio em sua ordem (TINOCO. KRAMER.,
2004). Isso porque o meio ambiente é capaz de absorver determinadas agressões, sem que sua
estabilidade seja atingida.
De todo modo, há conceito normativo mais recente de impacto ambiental, proveniente
da Resolução nº 237/1997, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que em seu art. 1º, III,
estabelece o denominado impacto regional, sendo todo e qualquer impacto ambiental que
afete diretamente, no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados.
Há os impactos mencionados corriqueiramente nos trabalhos relativos ao meio
ambiente, enfocando aqueles que causam alterações desfavoráveis à saúde, no que tange, por
exemplo, a localização inadequada de materiais sólidos, bem como àquelas ligadas à
segurança, como o aumento da criminalidade.
No entanto, pouco se questiona sobre à relação de bem-estar em sentido estrito da
população que sofre com o impacto ambiental, podendo ser compreendido como “conjunto de
condições que definem um determinado padrão de qualidade de vida que deve ser aferido
levando-se em conta as condições peculiares de cada comunidade especificamente
considerada” (ANTUNES, 2014, p. 584).
Há possibilidade conhecer e buscar minimizar ou impedir os impactos ambientais por
meio dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e o seu consequente Relatório de Impacto ao
Meio Ambiente (RIMA), mencionados supra. Trata-se da aplicabilidade dos princípios da
precaução e prevenção, concernentes ao direito ambiental, que visam encontrar eventual dano
no qual ainda se tenha uma incerteza científica bem como naqueles em que se conhece o
cenário de sinistro, respectivamente.
O Estudo de Impacto Ambiental tem origem, primordialmente, do Princípio 17 da
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD),
conhecida como Rio 92, que expôs “a avaliação de impacto ambiental, como instrumento
nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas que possa vir a ter impacto
negativo considerável sobre o meio ambiente e que dependam de uma decisão da autoridade
nacional competente”.
A ordem constitucional brasileira impôs a necessidade do EIA em seu art. 225, §1º,
inciso IV. Considera Paulo de Bessa Antunes (2014, p. 606) ser o Estudo Prévio de Impacto
Ambiental “uma informação técnica posta à disposição da administração, com vistas a
subsidiar o licenciamento ambiental de obra ou atividade capaz de potencial ou efetivamente
causar significativa degradação ambiental”.
Dessa maneira, para obter o licenciamento necessário para início de obras ou
atividades, deverá o processo estar fundamentado em um EIA (desde que haja significativo
impacto ambiental). Este possui aspectos formais e materiais indispensáveis para a sua
aprovação, todos previstos essencialmente nas Resoluções nº 1/86 e nº 1/88, dentre eles
identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de
implantação e operação da atividade.
Importa dizer, que não há óbice para a equipe técnica responsável pelo EIA discorra
sobre requisitos não elencados pela legislação, desde que o façam de maneira motivada. Além
disso, o órgão ambiental poderá adotar as diretrizes que julgar pertinente, pois “o que a norma
busca é ter a informação, não especificando a maneira pela qual ela se incorporará ao EIA”
(ANTUNES, 2014, p. 623).
Diante disso, é certo que o impacto pode afetar o meio ambiente natural. No entanto,
quanto impacto acarretará qualquer ingerência no meio ambiente artificial, especificamente
em relação aos indivíduos que lá residem ou que indiretamente têm ligação com a área?
Sabe-se que a Resolução 1/86 do CONAMA não exige, de modo equivocado, a
análise dos impactos sociais de um projeto suscetível ao EIA. Isto abre margem para que os
empreendedores bem como os governos federal, estadual e municipal, não juntem às
avaliações ligadas ao solo, à área degradada etc., as hipóteses de impacto para a população
direta ou indiretamente interessada.
Não se pode olvidar que a própria construção do direito ambiental faz com que as
questões relativas aos impactos sociais de um projeto estão abarcadas, de maneira indireta, na
interpretação teleológica da legislação. Não fosse assim, a política de desenvolvimento
urbano não teria como finalidade proporcionar a sensação de bem-estar de seus habitantes.
Dessa forma, exige-se do Poder Público, na execução da referida política, os valores que
traduzem e despertem essa sensação de bem-estar (FIORILLO, 2014, p. 619).
Essa pré-compreensão jurídico-ambiental que decorre, precipuamente, de sua
interdisciplinaridade, faz com que a margem aberta pela ausência de norma impositiva de
realização do Estudo de Impacto Ambiental com vertente social seja completada pela
hermenêutica jurídica ambiental.
Assim, Germana Neiva (2011, p. 190-191) assenta que o intérprete ambiental deve,
obrigatoriamente, observar as seguintes hipóteses ao interpretar quaisquer normas relativas ao
meio ambiente:
1) o conceito de bem ambiental é conglobante (pois envolve várias dimensões, quais sejam, natural, artificial, cultural e do trabalho); 2) a ordem jurídico-ambiental é repleta de conceitos jurídicos vagos, obscuros e indeterminados, o que demanda sua delimitação e preenchimento pelo intérprete; 3) o ordenamento jurídico brasileiro adotou a visão antropocentrista alargada e intergeracional do meio ambiente; [...] 6) o direito fundamental ao meio ambiente sadio tem natureza eminentemente principiológica em virtude de a dimensão ecológica da dignidade humana (núcleo essencial) ser uma moldura deôntica que será preenchida pelo intérprete no caso concreto; [...] 8) o meio ambiente equilibrado é um dever fundamental, sendo obrigação e responsabilidade de todos (Poder Público, sociedade e do próprio intérprete) o compromisso com o equilíbrio ambiental;
À vista disso, os impactos sociais devem ser objeto de estudo prévio de qualquer
projeto modificador do meio ambiente artificial ou natural, na medida em que, sendo o direito
ambiental eminentemente antropocêntrico, tem a finalidade de coadunar a dignidade da
pessoa humana, que é fundamento da República brasileira.
Por fim, acertadamente, ao refletir sobre os impactos sociais e humanos de projetos e
obras com impacto ambiental, Antunes (2014, p. 630) evidencia que
...se a avaliação dos impactos ambientais, em última análise, tem como finalidade a pesquisa e o descobrimento das repercussões geradas por um projeto especificamente considerado, e que, no próprio conceito de poluição, estão incorporadas as perturbações sensíveis da atividade social e econômica, não se pode deixar de incluir nas análises dos impactos tudo aquilo que seja repercussão na vida social e econômica da população da área de influência do projeto. Necessário se faz que o aspecto qualidade de vida seja examinado de forma muito clara e precisa.
4. A SEGRAGAÇÃO SOCIAL DECORRENTE DA CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE
GRANDE PORTE
O Brasil, recentemente, foi cenário da Copa do Mundo de Futebol, organizado pela
FIFA em 2014. Para isso, diversas obras foram realizadas nas cidades-sede, como
Manaus/AM, Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP e outras nove.
Para a realização de tal evento, inúmeras obras de grande impacto foram realizadas,
como a construção de vias de acesso, alargamento de ruas e avenidas, transporte público em
trilhos, centro de convenções, centros de treinamentos de equipes, estádios etc. Todas essas
obras têm significativo impacto ambiental, especialmente no meio ambiente artificial,
coadunando em transtornos para a população residente em áreas de construção ou entornos.
Durante a execução das obras relativas ao evento mundial supramencionado, inúmeras
famílias foram desapropriadas ou tiveram que, de modo não espontâneo, deixar sua residência
procurando outras localidades para fixar-se.
Não obstante, está sendo noticiado recentemente a desapropriação de diversas famílias
por conta das obras das Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. Em 05 de setembro de 2013, a
Empresa Brasil de Comunicação (Agência Brasil) divulgou que “terrenos desapropriados
pela prefeitura do Rio em 2010 e 2011 para a construção do corredor do BRT Transoeste
estão desocupados”. Tal denúncia foi feita pelo Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, que
levou organizações de direitos humanos ao local no Recreio dos Bandeirantes3.
Nesta desocupação mais de 400 famílias sofreram o impacto da obra ligada ao
transporte público. Não está em discussão a primazia do interesse público sobre o interesse
privado. O que se questiona é o interesse da coletividade envolvida no impacto ambiental das
grandes obras.
3 Disponível em: http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2013-09-05/familias-tiveram-casas-desapropriadas-sem-necessidade-para-obras-da-copa-no-rio-denuncia-comite. Acesso em: 10/08/2015.
O cerne da questão está ligado às baixas indenizações das pessoas que são
desapropriadas e, por conseguinte, tendem a serem levadas para locais muito distantes. Trata-
se, muitas vezes, de especulação imobiliária na qual o sistema de produção capitalista está
arraigado.
Para além da questão estritamente financeira, o que está longe de ser, essas pessoas
são levadas para locais distantes dos centros urbanos, fazendo uma verdadeira segregação
social. Tanto é assim que o Portal UOL de notícias divulgou estar acontecendo a marcação de
casas para desapropriação, da mesma forma que se fazia nas casas de judeus pelos nazistas4.
No entanto, não somente nas obras casuais, por força de eventos internacionais, que
ocorrem tal modificação e ingerência no bem-estar da coletividade que reside em determinado
território. Obras de grande impacto surgem diuturnamente em um país em desenvolvimento
como o Brasil, como por exemplo a criação de conjuntos habitacionais de médio e alto
padrão.
Wanderleia Nascimento (2009) demonstra em minúcias as grandes obras que são
suscetíveis de causar impacto ambiental na região do Tarumã, na cidade de Manaus/AM,
sustentando que
a construção de edificações, a pavimentação de ruas, e outros processos de ocupação nas cidades, resultam na impermeabilização do solo, causando graves impactos ambientais, como o aumento do escoamento superficial da água e o rebaixamento do lençol freático. O aumento do volume de água escoado para os cursos d’água, associado ao assoreamento dos mesmos, resulta nas inundações, com prejuízos sociais e econômicos.
Além disso, a construção de aeródromos, de responsabilidade tanto de particulares,
como do próprio Estado, geram a segregação social, uma vez que retira daquelas pessoas
envolvidas, o direito de permanecerem em áreas anteriormente ocupadas.
As obras de grande impacto que coadunam em modificações na localidade e modo de
vida das populações infringem o próprio conceito de cidadania. Segundo Dias (2011, p. 277),
o fato de o direito ambiental ter sido incluído pela primeira vez como fundamental à pessoa humana reveste-o de um importante papel no conceito de cidadania [...]. Este quadro torna a questão ambiental indissociável do conceito de cidadania. Qualquer ameaça a esse direito coloca em perigo a própria existência do cidadão, que desse modo se vê na contingência de ao menor se preocupar em protegê-lo, para garantir a sua sobrevivência e das futuras gerações.
4 Disponível em: http://esporte.uol.com.br/rio-2016/ultimas-noticias/2011/06/22/mp-compara-prefeitura-do-rio-a-nazistas-na-desapropriacao-de-imoveis-para-copa-e-olimpiada.jhtm. Acesso em: 10/08/2015
Assim, não somente a mudança na localização geográfica das residências das pessoas
realocadas é afetada, mas também seu modo de vida, suas atividades e, por conseguinte, sua
cidadania.
É indigna a segregação social decorrente das obras de grande impacto ocorrida
hodiernamente no Brasil. Tem-se claramente que a dignidade da pessoa humana é o cerne do
neoconstitucionalismo e um dos princípios basilares do Direito como um todo, especialmente
no aspecto ambiental.
Isto porque reconhece-se o “valor intrínseco a cada existência humana, já que a
fórmula de se tomar sempre o ser humano como um fim em si mesmo está diretamente
vinculada às ideias de autonomia, de liberdade, de racionalidade e de autodeterminação
inerentes à condição humana” (SARLET; FENSTERSEIFER, 2014, p. 44-45).
Ademais, o conteúdo essencial do princípio da dignidade da pessoa humana está
relacionado ao meio ambiente como um todo, de modo que é necessária a qualidade da água,
dos alimentos, do ar, mas também da paisagem, do patrimônio histórico, das manifestações
musicais bem como a do lazer.
Ora, a própria Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio 92), em seu Princípio de nº 1, assevera que “os seres humanos
constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Têm
direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio ambiente”. Dessa forma,
essa harmonia com o meio ambiente e a centralidade do ser humano ocasionam a primazia da
dignidade humana em todos os aspectos do Direito.
Sófocles, neste diapasão, acertadamente testificou que “há muitas maravilhas neste
mundo, mas a maior de todas é o homem”. Diante disso, as relações sociais criadas na
localidade, a vizinhança, o sentimento de segurança, os transtornos legais e contratuais de
uma troca de endereços e a ida para um lugar distante de maneira compulsória, retiram do ser
humano a sua dignidade enquanto indivíduo. O próprio direito ao lazer, que embora possa
usufruí-lo em outro local fora em parte tolhido, está insculpido no art. 2º, I, da Lei nº
10.257/2001 (Estatuto das Cidades) e figura como piso vital mínimo (FIORILLO, 2014, p.
647), sofrerá restrições.
A mudança de residência e as baixas indenizações, conforme já exposto, trazem como
consequência a segregação das pessoas para lugares muito distantes ou, até mesmo, para
regiões de favelas, por conta do alto custo em locais mais próximos. Fiorillo (2014, p. 647)
acrescenta restar evidente
que os modos de criar, os modos de fazer e principalmente os modos de viver dos brasileiros nas diferentes cidades no Brasil – e diante das desigualdades sociais e regionais existentes no país – revelarão suas necessidades em face do tempo de que podem livremente dispor uma vez cumpridos os afazeres habituais.
Além disso, de maneira mais precisa, o direito ao lazer está intimamente ligada à
incolumidade físico-psíquica da pessoa humana, fazendo parte então do direito à saúde (ou
sadia qualidade de vida), integrando toda a estrutura ordenada da dignidade da pessoa
humana.
CONCLUSÃO
Conclui-se, através do presente estudo, que a sociedade busca, ao longo dos anos,
minimizar os efeitos da segregação social, frente à incansável imposição do sistema
capitalista e do impulso do desenvolvimento econômico.
Nota-se que há, atualmente, uma tutela jurídica que deve levar em consideração o
bem-estar e uma vida digna e sadia da população, com conforto e interesses sociais
devidamente reconhecidos. Sobressalta-se o aspecto humano e, diante do caráter
antropocêntrico do direito ambiental, buscar-se-á salvaguardar a população da imposição
desenfreada da necessidade de desenvolvimento econômico, neste caso, a construção de obras
de grande porte, uma vez que os efeitos segregadores decorrentes de tais medidas podem
acarretar em efeitos degradadores de repercussões amplas e de difícil ou impossível reparação
posterior.
Portanto, devem coadunar-se os interesses sociais e ambientais, traduzido nos direitos
humanos socioambientais.
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