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UCAM Pós - Graduação Auditoria e Controladoria Monografia A Importância da Auditoria e dos Controles Internos na Divulgação das Informações Contábeis ALUNO: ALEXANDRE MULLER TURMA: 552 2003

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UCAM

Pós - Graduação

Auditoria e Controladoria

Monografia

A Importância da Auditoria e dos Controles

Internos na Divulgação das Informações Contábeis

ALUNO: ALEXANDRE MULLER TURMA: 552

2003

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1. – Informações Contábeis 2

1.1. – Divulgação das Informações Contábeis 3 2. – O Papel da Auditoria Independente 6

2.1. – Contribuição da Auditoria Independente na Melhoria da Qualidade das Informações 7

2.2. – Situação Atual das Informações Auditadas 9 2.3. – Fontes de Informação dos Tomadores de Decisão 9 2.4. – Evolução de Litígios nos EUA de Âmbito Federal 10 2.5. – Evolução de Litígios nos EUA Envolvendo Questões Contábeis 11 2.6. – Relação de Litígios Por Setor nos EUA 1996/1998 12 2.7. – Sugestões dos Controllers para Melhorar a Qualidade dos Serviços de Auditoria 14 2.8. – Perdas Famosas Com Derivativos 16

3. – Controles Internos 19 3.1. – Conceito de Controle Interno 25 3.2. – Interpretação do Conceito de Controle Interno 26 3.3. – Objetivos do Controle Interno 30 3.4. – Características do Controle Interno 31 3.5. – Risco Inerente 32 3.6. – Sistemas Contábeis e de Controle Interno 33 3.7. – Limites Inerentes dos Controles Internos 34 3.8. – Entendimentos dos Sistemas Contábeis e de Controle Interno 35 3.9. – Sistema Contábil 36 3.10. – Ambiente de Controle 37 3.11. – Procedimentos de Controle 37 3.12. – Risco de Controle 38 3.13. – Documentação do Entendimento e Avaliação do Risco de Controle 39 3.14. – Testes de Controle 40 3.15. – Qualidade e Oportunidade da Evidência de Auditoria 43 3.16. – AvaliaçãoFinal de Risco de Controle 45 3.17. – Relação Entre Avaliações de Riscos Inerente x De Controle 45 3.18. – Riscos de Detecção 45 3.19. – Risco de Auditoria em Pequenas Empresas 48 3.20. – Comunicação de Fraquesas 49 3.21. – Perspectiva do Setor Público 49 3.22. – Exemplo da Inter-Relação Entre os Componentes do Risco de Auditoria 50 3.23. – Controles Internos de Instituições Financeiras 51

4.0 – Resolução Nº2554 de 24 de Setembro de 1998 52 CONCLUSÃO 58

BIBLIOGRAFIA 61

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A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA E DOS CONTROLES INTERNOS NA

DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS

Introdução

A divulgação das informações contábeis tem particular importância

dentro da doutrina contábil sendo tratada como um importante capítulo da teoria contábil.

A evidenciação está diretamente ligada aos usuários das

demonstrações contábeis. Segundo alguns autores, a quantidade de informações a serem

fornecidas depende do grau de necessidade desses usuários. Essa consideração é

importante, entretanto, de maneira generalizada, os diversos organismos de

regulamentação contábil, consideram um conjunto mínimo de informações necessárias

para seus usuários, independente de suas necessidades.

Este trabalho pretende abordar, de maneira estruturada, a divulgação

das informações, principalmente, aos usuários externos à empresa. Para tais usuários, o

papel do parecer da auditoria independente assume relevante importância, atestando a

adequada utilização dos princípios de contabilidade geralmente aceitos.

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1.0 - Informações Contábeis

As Demonstrações Contábeis representam uma das principais formas

de comunicação das entidades com a sociedade, como forma de prestação de contas.

(CFC;Resolução nº750/93)

As informações prestadas pelas empresas, contidas nos Relatórios

Contábeis, devem ser úteis, relevantes, oportunas e compreensíveis. Também devem ser

precisas, neutras e representativamente fiel. (CFC;Resolução nº750/93)

"A divulgação financeira deve fornecer informação útil à tomada de

decisões racionais de investimento, concessões de crédito, etc., por investidores e credores

atuais e futuros, bem como outros usuários. (CFC;Resolução nº750/93)

Sem dúvida, a determinação do grupo de usuários da informação

contábil é muito importante na determinação da quantidade e diversidade de informações a

serem fornecidas pela contabilidade.

Definindo-se, por exemplo, os acionistas e outros grupos de

investidores como sendo o grupo apropriado para o foco a ser adotado pela contabilidade,

então a divulgação feita na publicação das informações financeiras pode ser definida como

sendo a apresentação de informação necessária para o funcionamento ótimo de mercados

eficientes de capitais. Esse enfoque é atribuído principalmente em países com participação

forte do mercado de capitais como é os EUA.

Outros interesses podem ser identificados, como na Europa, os

interesses de funcionários e governo tendem a estar no mesmo nível dos acionistas. Na

França, por exemplo as empresas são obrigadas a apresentar um Balanço Social a um

grupo de funcionários anualmente.

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O atendimento pleno das necessidades de informações contábeis de

cada usuário, seria considerado ideal para a contabilidade.

1.1 - Divulgação das Informações Contábeis

As informações de naturezas econômicos e financeiras apresentadas

nos principais relatórios contábeis, incluindo notas explicativas (sentido restrito).

Num sentido mais amplo, a divulgação deve ser abrangente incluindo

outras informações, além das demonstrações contábeis, como por exemplo, relatórios

suplementares e complementares.

A quantidade de informação a ser divulgada, depende, em parte, da

sofisticação do leitor que a recebe. O FASB (Financial Accounting Standards Board)

adota que a informação divulgada em relatórios financeiros deve ser:

"Compreensível para os que possuem um conhecimento

razoável de negócios e atividades econômicas e estão

dispostos a estudar a informação com diligência

razoável." (MELO;1999)

As informações contábeis podem apresentar-se de duas formas:

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• Dados quantitativos - informações financeiras

• Informação não quantitativa: verifica-se a relevância da informação associando-se a

informação qualitativa à informação quantitativa.

No quadro a seguir, demonstra-se como e quais informações as empresas podem divulgar

para atender às necessidades dos usuários.

Relatórios Financeiros

Todas a informações necessárias para decisões de investimentos, créditos e decisões

similares

Relatórios Financeiros

Áreas afetadas diretamente pela existência do FASB

Base de Demonstrações Contábeis

Escopo de reconhecimento e mensuração de conceitos demonstrados

Demonstrações

Contábeis

Notas para

demonstrações

financeiras

Informações

Suplementares

Outros

meios de

relatórios

financeiros

Outras

informações

· Demonstração Exemplos · Políticas Exemplos: · Exemplos: Exemplos: ·

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da Posição

Financeira ·

Demonstração

de Resultado ·

Demonstração

de Fluxos de

Caixa ·

Demonstração

de

Investimentos e

distribuição aos

sócios

Contábeis ·

Contingências ·

Números de Ações do

Capital · Mensurações

alternativas (valores

de mercado de itens

mantidos a custo

histórico)

Mudança na

Evidenciação de

preços ·

Informações de

reservas de

petróleo e gás

Discussão e

análises

gerenciais ·

Carta aos

acionistas

Discussão

sobre

concorrências

e exigências

conforme

Formulário

SEC 10-K ·

Relatórios

dos analistas

· Estatísticas

econômicas ·

Novos

artigos sobre

a companhia

2.0 - O papel da auditoria independente nas demonstrações contábeis

Muito se discute sobre o papel da auditoria, ou seja, seu campo de

atuação, responsabilidades, limites e outros. Define-se como auditoria o processo de se

verificar se o que foi determinado através de, normas, procedimentos internos, manuais,

esta sendo cumprido, não ocorrendo desvios do que foi planejado.

De acordo com o IFAC (1997:23):

"É expressar uma opinião sobre se as demonstrações

contábeis foram preparadas, em todos os aspectos

relevantes, de acordo com uma estrutura conceitual

identificada para relatórios contábeis."

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O auditor deve conduzir seus trabalhos de acordo com as normas

internacionais ou locais de auditoria, com a leis e regulamentações. Essas normas contém

os princípios básicos e procedimentos essenciais, em conjunto com as respectivas

diretrizes.

Esses princípios, ditados pelo Código de Ética dos Contadores que

atuam como Profissionais Liberais, são:

• independência;

• integridade;

• objetividade;

• competência e devido zelo profissional;

• confidencialidade;

• comportamento profissional; e

• normas técnicas.

Dessa forma, pode-se afirmar que as demonstrações contábeis, quando

auditadas, apresentam um grau de comparabilidade maior em relação à observância dos

procedimentos técnicos dos princípios contábeis geralmente aceitos.

Embora o parecer de auditoria aumente a credibilidade das

demonstrações contábeis, o usuário dessas demonstrações não pode presumir que o parecer

seja uma maneira de viabilidade futura segura da empresa e nem da eficiência e eficácia de

que a administração conduziu os negócios da empresa durante o período coberto pelo

parecer. E a responsabilidade de preparar e apresentar as demonstrações contábeis cabe à

administração da empresa, não o isentando de suas responsabilidades.

2.1 - Contribuição da Auditoria Independente na Melhoria da Qualidade das

Informações Financeiras

A função da auditoria independente é muito importante ao mercado de

capitais e a todos os usuários das demonstrações contábeis auditadas para suportar

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determinadas transações e decisões, pela confiança que gera à todo processo, quanto a

qualidade das informações prestadas.

A credibilidade e importância deve-se a diversos fatores, entre os quais

destaca-se, conforme BOYTON & KELL (1995: 35-36):

Conflito de interesses: Muitos usuários das demonstrações contábeis estão preocupados

com o atual ou potencial conflito de interesses entre eles e a administração da entidade.

Esta preocupação estende-se ao receio de que tais demonstrações e as informações

adicionais preparadas pela administração possam ser intencionalmente enviesadas em

favor da administração. Conflitos de interesses podem também existir entre as diferentes

classes de seus usuários, como credores e acionistas. Assim, os usuários procuram obter,

através dos acionistas, a certeza de que a informação está: (1) livre de viés da

administração; (2) neutra com respeito a vários grupos de usuários, isto é, a informação

não é apresentada de forma que favoreça um grupo de usuários em detrimento a outro.

Conseqüência: Demonstrações contábeis publicadas representam uma importante e, em

alguns casos, a única fonte de informações utilizadas na execução de significativos

investimentos, empréstimos e outras decisões. Assim sendo, os usuários querem que essas

demonstrações contenham o máximo possível de informações relevantes. Em função das

conseqüências econômicas, sociais e outras, provenientes de suas decisões, os usuários

procuram os auditores independentes para obtenção da segurança de que estas

demonstrações contábeis foram preparadas de acordo com os Princípios Contábeis

Geralmente Aceitos, incluindo todas as divulgações apropriadas.

Complexidade: Tanto a contabilidade como o processo de preparação das demonstrações

financeiras têm se tornado incrivelmente complexos. As normas de contabilização e

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divulgação de leasing, pensões, imposto de renda e lucro por ação são exemplos deste

fato. Assim como o nível de complexidade aumenta, também aumenta o risco de

interpretações errôneas e erros não intencionais.

Afastamento: Distância, tempo e custo tornam impraticável para a maioria dos usuários

interessados em demonstrações contábeis o acesso direto aos registros contábeis

subjacentes para executar suas próprias verificações das afirmações contidas em tais

demonstrações. É preferível aceitar a qualidade dos dados financeiros, uma vez que,

novamente, os usuários confiam na independência do relatório do auditor para suprir suas

necessidades."

2.2 - Situação Atual das Informações Auditadas

De acordo com o AICPA (1998: 1), ICAEW (1999: 2),

PRICEWATERHOUSECOOPERS (1996: 9), as demonstrações contábeis auditadas estão

deixando de ser a principal fonte de informação de seus usuários para tomada de decisão.

2.3 - Fontes de Informação dos Tomadores de Decisão

Diversos fatores têm afetado as necessidades da informações dos

usuários das informações nos últimos anos. Fatores esses, que derivam em função do:

avanço da tecnologia de informação (comércio eletrônico, telecomunicações e sistemas

integrados); mudanças de estruturas corporativas (concentração de empresas, competição

entre cadeias de empresas, organização dos processos e core business); fluxo de capital

(novos canais de distribuição, participação nos resultados e erosão de margens);

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accountability (diversidade de necessidades, mudanças nos critérios de decisão e maiores

exigências dos usuários das informações); e globalização (blocos econômicos, quebra de

barreiras alfandegárias, menor intervenção governamental e quebra de monopólios).

Diante da complexidade dos negócios, os usuários das informações

necessitam de asseveração das informações de forma contínua para minimizar os riscos,

principalmente os riscos inerentes e de controle, e agregar valor na tomada de decisão.

Por outro lado, evidências empíricas demonstram que litígios contra

empresas e seus auditores têm apresentado um cenário crescente nos Estados Unidos, como

mostra a tabela abaixo:

2.4 - Evolução de Litígios nos Estados Unidos, de Âmbito Federal

Year Filed Federal Cases

1991 156

1992 194

1993 154

1994 227

1995 186

Private Securities Litigation Reform Act

1996 102

1997 154

1998 239

Fonte: PRICEWATERHOUSECOOPERS, Securities Litigation

Newsletter, 1999, p. 1.

Segundo a PRICEWATERHOUSECOOPERS (1999 a: 1), o número

de litígios de esfera federal, após a Private Securities Litigation Reform Act de 1995, nos

Estados Unidos, cresceu 134%, e dentre essas, é crescente o número de litígios envolvendo

questões contábeis.

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2.5 - Evolução de Litígios, nos Estados Unidos, Envolvendo Questões Contábeis

O auditor, contudo, está exposto a questões de litígios, mesmo quando

executados seus exames em conformidade com as normas de auditoria e opinião adequada

em relação às demonstrações contábeis, conforme nota de rodapé do SAS n.º 47 - Audit

Risk and Materiality in Conducting an Audit. (AICPA, 1994, p. AU § 312.03):

"Em adição ao risco de auditoria, o auditor também está

exposto a perdas ou danos a sua prática profissional

decorrente de litígios, publicidades adversas, ou outros eventos

que surgem em conexão com as demonstrações contábeis que

foram por ele auditadas e sobre as quais emitiu-se uma

opinião. Esta exposição está presente mesmo quando o auditor

executou seus exames de acordo com as normas de auditoria

geralmente aceitas e emitiu uma opinião adequada com

relação às demonstrações contábeis".

Nos Estados Unidos, litígios e processos contra empresas de auditoria

têm crescido consideravelmente. Em 1992, havia mais de 4.000 processos pendentes

totalizando mais de trinta bilhões de dólares, e os custo totais das, então, big six com

litígios pagos, advogados e prêmios de seguro (Net Protection Costs) foi de US$ 600

milhões, isto é, 11% da receita total, representando a maior despesa da empresa, exceto

com salários (GELBCKE: 1997).

A tabela abaixo mostra a relação de litígios por setor, nos Estados

Unidos, no período de 1996 a 1998.

2.6 - Relação de Litígios, Por Setor, nos Estados Unidos - 1996/1998

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1996 1997 1998

Setor Número de

companhias

% do

total

de

casos

Número de

companhias

% do

total

de

casos

Número de

companhias

% do

total

de

casos

Automotivo 1 1 6 4 4 1

Banco 6 6 19 12 48 17

Serviços Empresariais

1 1 6 4 9 3

Química/Farmacêutica 2 2 6 4 12 4

Serviços de computadores 15 14 26 16 44 16

Construção 2 2 1 1 2 1

Educação 1 1

Entretenimento 3 3 4 2 5 1

Alimentação 5 5 3 2 1 1

Vidros/Metais 3 3 3 2 6 2

Hardware/Eletrônicos 9 8 15 9 11 4

Saúde 3 3 9 5 8 3

Seguros 6 6 7 4 10 4

Legal 1 1 4 1

Manufatura 5 5 8 5 10 4

Mineração 1 1 4 2 3 1

Óleo/Gás 1 1 2 1 6 2

Papel/Celulose 4 2 5 1

Imobiliário 6 6 2 1 12 4

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Varejo 7 7 11 7 11 6

Telecomunicações 16 15 11 7 33 12

Têxtil/Vestuário 2 2 2 1 5 2

Transporte 1 1 3 2 3 1

Utilidades 1 1 5 3 6 2

Fornecedor atacadista 6 6 5 3 16 6

Fonte: PRICEWATERHOUSECOOPERS, 1998 Securities Litigation Study, 1999 b: 3-4.

O crescimento de litígios, nesse período, deve-se principalmente ao

envolvimento de empresas de setores bancários, de computadores e telecomunicações, que

vêm apresentando oscilações significativas no preço de suas ações de mercado durante esse

período. O número de litígios das empresas desses três setores que representavam 25 per

cento dos casos em 1996, passou a representar 45 per cento dos casos em apenas dois anos.

Cabe ressaltar que uma parcela significativa desses processos está

relacionada à política de deep pockets, uma vez que, sobre o faturamento, as empresas de

auditoria que atuam nos Estados Unidos depositam um percentual para um fundo de

reserva destinado a ressarcir as partes que foram, de alguma forma, prejudicadas em

conseqüência dos trabalhos e opiniões emitidas sob sua responsabilidade.

Outro fator que deve ser analisado com profundidade é a relação

obrigatoriedade versus utilidade das demonstrações contábeis auditadas. Em pesquisa

realizada recentemente nos Estados Unidos, tomando como base os controllers das

empresas americanas listadas na Revista Fortune - as 1000 maiores - e auditadas por uma

das Big Five, sugerem formas de melhoria da qualidade dos serviços de auditoria em

consonância com o parecer das demonstrações contábeis, conforme demonstra o quadro

abaixo (BEHN et alii, 1997, p. 20),:

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2.7 - Sugestões dos Controllers Para Melhorar a Qualidade dos Serviços de Auditoria

Sugestões Itens mencionados por

434 Controllers - %

1. Maior envolvimento pró-ativo nos negócios,

serviços, além dos requeridos pelos princípios

contábeis, e sugestões que agreguem valor.

14

2. Menor rotatividade e melhor treinamento 14

3. Maior rapidez em responder a perguntas técnicas e

melhor antecipação de questões contábeis que afetarão

a companhia

10

4. Melhor conhecimento dos negócios por parte de

gerentes e diretores 9

5. Mais trabalhos de ínterim, melhor planejamento,

coordenação e comunicação 9

6. Maior eficiência, melhor controle dos honorários de

auditoria 8

7. Melhorar a coordenação com os escritórios

internacionais afiliados 6

8. Maior uso de análise de riscos e foco sobre áreas-

chave de auditoria de alto risco 5

9. Aperfeiçoamento nos comentários da carta de

gerência e sugestões de controle interno 4

10. Maior envolvimento e comunicação dos sócios 4

11. Melhor manuseio de questões de auditoria de

sistemas 2

12. Menor agressividade de marketing dos serviços de 1

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consultoria

Como podemos deduzir pela tabela acima, os auditores carecem não só

de maior envolvimento nos negócios do cliente, como de sugestões que possam adicionar

valor à cadeia de informações das empresas.

Inclusive, considerando o fenômeno da globalização, onde as empresas possuem

investimentos e atuam nos diversos países do planeta, a disponibilidade de informações

precisas em tempo real tem papel preponderante na credibilidade das informações

contábeis.

Evidências recentes, como as crises econômicas da Rússia e dos países

do sudeste asiático, demonstram um grau de fragilidade nos sistema de controle e de

informações. Nesta oportunidade, o Banco Mundial aconselhou as empresas de auditoria a

exigirem as demonstrações contábeis em conformidade com as normas internacionais de

contabilidade, e não as locais, a fim de propiciar a transparência das informações

divulgadas pelas empresas (ROGERSON:1998:1-4).

A ampliação do espaço geográfico e o aumento da competitividade das

operações, nos dá a dimensão da importância do papel da evidenciação das informações

contábeis de maneira adequada. Neste contexto, a auditoria assume relevante papel na

contribuição para o fornecimento de tais informações, Dessa forma pode-se afirmar que é

necessária uma supervisão além das que são adotadas pela auditoria tradicional, com o

objetivo de reduzir os riscos e aumentar a qualidade e transparência das informações para

os tomadores de decisão, evitando perdas relevantes, como apresentado na tabela a seguir,

por SILVA NETO (1997:186).

2.8 - Perdas Famosas com Derivativos

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Perda, em US$

milhões Empresa Mercado

25 General Reinsurance Caps

350 Merril Lynch Opções/Volatilidade

125 Societé des Bourses Francaise Futuros

600 London B. of Hammersmith & Fulham Diversos

380 Klockner Hedge

275 Allied Lyons Opções de Moeda

70 ABN AMRO Ajustes Diários

1456 Kashima Oil Derivativos de Moedas

130 Nippon Steel Derivativos de Taxa de

Câmbio

50 Medani Structured Notes

90 AIG Diversos

1340 Metallgesellschaft Corp Derivativos de Energia

(Óleo)

200 Codelco Chile Futuro de Metais

100 Cargill Derivativos

Hipotecários

600 Askin Securities MBS Model

157 P&G DM/US Spreads

121 Mead Corp Swaps

99 Florida State Tresury $ League Derivativos

Hipotecários

10 Kidder Peabody Amortizing Swap

Pricing

19 Gibson Greetings Swaps

10 CIBC (Wood Gundy) Futuros Financeiros

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150 Glaxo Holding Derivativos

Hipotecários

8 Cartepillar Financial Caps and Swaptions

22 ARCO (Pensio Fund) Strutured Notes

34 Dell Computer Swaps e Opções

113 Air Products Swaps de Moedas

51 Harris Trust (Bank of Montreal) Derivativos de Moedas

68 Pacific Horizons Funds Strutured Notes

20 Paramount Communications Inc. Swaps de Taxa de Juros

10 Kidder Peabody Opções de Bond

40 CS First Boston Inv. Management Currency-linked e

outros derivativos

90 Investor Equity Life Insurance Futuros de Bond

1800 Sumitomo Corporation Derivativos de Cobre

1300 Banco Barings Derivativos de Índice

Fonte: SILVA NETO, Lauro de Araújo; DERIVATIVOS: Definições, emprego e risco, 1997,p. 186.

Uma reengenharia no enfoque de auditoria tornou-se necessária para

atender às novas necessidades dos usuários das informações, sejam usuários internos ou

externos.

Para manter e aumentar a credibilidade das informações apresentadas

pelos gestores das empresas, o auditor deve explorar as oportunidades em agregar valor em

todas as áreas do processo decisório das empresas, de forma a garantir a asseveração e a

transparência da informações divulgadas aos seus usuários, internos ou externos, para a

tomada de decisão.

Além dos serviços a emissão de parecer acerca das demonstrações

contábeis de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos, a figura do auditor é,

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pela suas características, o profissional mais indicado para emitir parecer aos diversos tipos

de usuários quanto a: mensuração de desempenho, comércio eletrônico, avaliação de

riscos, confiabilidade nos sistemas, melhoria operacional e de lucratividade, bencmarkirg,

nível de prestação de contas de órgão governamentais, controle interno, auditoria interna,

compliance, qualidade dos produtos, questões ambientais, fusões, aquisições, emissão de

títulos, entre outros.

3.0 - Controles Internos

ORIENTAÇÃO DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE CONTADORES SOBRE

PLANEJAMENTO E CONTROLES INTERNOS

A Federação Internacional de Contadores, elaborou orientação que

cuida da verificação dos controles internos do cliente para efeito do planejamento da

auditoria e para avaliação dos riscos da auditoria. Transcrevemos a seguir uma tradução

livre dessa orientação, por entendermos ser de grande utilidade para o auditor.

IFAC – FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE CONTADORES

GUIA DE ORIENTAÇÃO SOBRE AUDITORIA INTERNACIONAL

As Normas Internacionais de Auditoria – NIAs devem ser aplicadas à

auditoria de demonstrações contábeis. As NIAs também devem ser aplicadas, com as

necessárias adaptações, a auditorias de outras informações e a serviços correlatos.

As NIAs contém princípios básicos e procedimentos essenciais

(identificados pelo tipo negrito) juntamente com orientação correlata na forma de material

explicativo e de outros tipos. Os princípios básicos e procedimentos essenciais devem ser

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interpretados no contexto do material explicativo e de outros tipos que fornecem orientação

sobre sua aplicação.

Para entender e aplicar os princípios básicos e procedimentos

essenciais, juntamente com a orientação correlata é necessário considerar todo o texto da

NIA, incluindo o material explicativo e de outros tipos contidos na NIA e não apenas o

texto em negrito.

Em circunstancias excepcionais, o auditor poderá julgar que é necessário desviar-se de uma

NIA, para atingir o objetivo de uma auditoria mais eficazmente. Quando surgir uma

situação desse tipo, o auditor deve estar preparado para justificar o desvio.

As NIAs somente precisam ser aplicadas a questões relevantes.

A Perspectiva de Setor Público (PSP), emitido pelo Comitê do Setor

Público da IFAC, aparece no final de algumas NIAs. Quando não houver PSP no final da

NIA, a NIA se aplica, em todos os seus aspectos relevantes, ao setor público.

Objetivo desta Norma Internacional de Auditoria (NIA) é estabelecer

normas e proporcionar orientação sobre como obter um entendimento dos sistemas

contábeis e de controle interno e sobre o risco de auditoria e seus componentes: risco

inerente, risco de controle e risco de detecção. (Behn:1997:7)

O auditor deve obter um entendimento dos sistemas contábeis e de

controle interno suficiente para planejar a auditoria e desenvolver uma abordagem de

auditoria eficaz. O auditor deve usar julgamento profissional para avaliar o risco de

auditoria e para projetar procedimentos de auditoria que garantam que esse risco foi

reduzido a um nível aceitavelmente baixo.

"Risco de auditoria" significa o risco de que o auditor de um parecer

de auditoria impróprio, quando as demonstrações contábeis contiverem distorções

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relevantes. O risco de auditoria tem três componentes: risco inerente, risco de controle e

risco de detecção. (Behn:1997:18)

"Risco inerente" é a suscetibilidade do saldo de uma conta ou classe de

transações a uma distorção que poderia ser relevante, individualmente ou quando

considerada em conjunto com distorções em outros saldos ou classes, presumindo que não

houvesse controles internos correlatos.

"Risco de controle" é o risco de que os sistemas contábeis e de

controle interno deixem de prevenir ou detectar, e corrigir em tempo hábil, uma distorção

no saldo de uma conta ou classe de transações que poderá ser relevante, individualmente

ou quando agregada a distorções em outros saldos ou classes. (Behn:1997:19)

"Risco de detecção" é o risco de que os procedimentos de

comprovação de um auditor não detectem uma distorção existente no saldo de u ma conta

ou classe de transações que possa ser relevante, individualmente ou quando considerada

em conjunto com distorções em outros saldos ou classes. (Behn:1997:20)

"Sistema contábil" significa a série de tarefas e registros de uma

entidade através da qual as transações são processadas como meio de manter os registros

contábeis. Esse tipo de sistema identifica, agrupa, analisa, calcula, classifica, registra,

resume e informa transações e outros eventos. (Behn:1997:21)

O termo "sistema de controles internos" significa todas as políticas e

procedimentos (controles internos) adotados pela administração de uma entidade para

ajudá-la a atingir o objetivo de assegurar, tanto quanto for praticável, um modo ordenado e

eficiente de conduzir seus negócios, incluindo o cumprimento de políticas administrativas,

a salvaguarda de ativos, a prevenção e detecção de fraude ou erro, a precisão e integridade

dos registros contábeis, e a preparação oportuna de informações financeiras confiáveis. O

sistema de controle interno vai além das questões diretamente relacionadas com as funções

do sistema contábil e abrange:

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a) "o ambiente de controle" que significa a atitude, consciência e ações globais dos

diretores e da administração com relação ao sistema de controle interno e sua importância

para a entidade. O ambiente de controle tem um efeito sobre a eficácia dos procedimentos

de controle específicos. Um ambiente de controle forte, por exemplo, com controles

orçamentários estritos e uma função de auditoria interna eficaz, pode complementar

significativamente os procedimentos de controle específicos. Todavia, um ambiente forte,

por si só, não garante a eficácia do sistema de controle interno. Entre os fatores que se

refletem no ambiente de controle estão:

• O funcionamento do conselho de administração e seus comitês.

• A filosofia e estilo operacional da administração.

• A estrutura organizacional da entidade e os métodos de atribuir autoridade e

responsabilidade.

• O sistema de controle da administração, incluindo a função de auditoria interna,

políticas de pessoal e procedimentos e segregação de funções.

b) "procedimentos de controle" que significa as políticas e procedimentos, além do

ambiente de controle, que a administração estabeleceu para atingir os objetivos específicos

da entidade. Os procedimentos de controle específicos incluem:

• Relatar, revisar e aprovar conciliações

• Conferir a precisão aritmética dos registros.

• Controlar aplicativos e o ambiente de Sistemas de Informação Computadorizados,

por exemplo, estabelecendo controles sobre:

- mudanças de programas de computador;

- acesso a arquivos de dados.

• Manter e revisar balancetes e contas de controle.

• Aprovar e controlar documentos.

• Comparar dados internos com fontes externas de informações.

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• Comparar os resultados das contagens de caixa, títulos e estoques com os registros

contábeis.

• Limitar o acesso físico direto a ativos e registros.

• Comparar e analisar os resultados financeiros com os valores orçados.

Na auditoria das demonstrações contábeis, o auditor está preocupado

somente com as políticas e procedimentos, dentro dos sistemas contábeis e de controle

interno, que forem relevantes para as asserções contidas nas demonstrações contábeis. O

entendimento dos aspectos relevantes dos sistemas contábeis e de controle interno,

juntamente com as avaliações de risco de controle e risco inerente e outras considerações,

vai permitir ao auditor:

a) identificar os tipos de distorções relevantes que poderiam ocorrer nas demonstrações

contábeis;

b) considerar os fatores que afetam o risco de distorções relevantes;

c) projetar procedimentos de auditoria apropriados.

Ao desenvolver a abordagem de auditoria, o auditor considera a avaliação preliminar de

risco de controle (em conjunto com a avaliação de risco inerente), para determinar qual

seja o risco de detecção apropriado a aceitar para as asserções contidas nas demonstrações

contábeis e também para determinar a natureza, época de aplicação e extensão dos

procedimentos de comprovação para tais asserções.

3.1 – Conceito de Controle Interno

O Controle Interno compreende o plano de organização e todos os

métodos e medidas adotadas na empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a exatidão

e fidelidade dos dados contábeis, desenvolver a eficiência nas operações e estimular o

seguimento das políticas executivas prescritas."

Na leitura dos vários conceitos dados por vários autores que se

ocuparam do assunto, nota-se que não existe uma unidade de pensamento sobre o que se

deve entender por CONTROLE INTERNO.

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A Instrução Normativa n.º 16, de 20.12.91, do Departamento de

Tesouro Nacional, conceitua Controle Interno como sendo:

"O conjunto de atividades, planos, métodos e procedimentos

interligados utilizado com vistas a assegurar que o objetivo dos órgãos e entidades da

administração pública sejam alcançados, de forma confiável e concreta, evidenciando

eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos objetivos fixados pelo Poder

Público."

A Instrução SEST n.º 02, de 05.10.86, estabelece como orientação

específica, as "NORMAS PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA AUDITORIA

INTERNA", estabelecidas pelo Instituto dos Auditores Internos do Brasil, que define

Controle Interno como:

"Qualquer ação tomada pela administração (assim compreendida tanto

a Alta Administração como os níveis gerenciais apropriados) para aumentar a

probabilidade que os objetivos e metas estabelecidos sejam atingidos. A Alta

Administração e a gerência planejam, organizam, dirigem e controlam o desempenho de

maneira a possibilitar com razoável certeza essa realização."

Como podemos ver o conceito é bastante abrangente. O que se

verifica, de imediato, é que o Controle Interno refere-se não apenas aos aspectos

diretamente relacionados às funções de contabilidade e finanças, mas sim a todos os

aspectos das operações de uma empresa.

Com a finalidade de entendermos o que significa CONTROLE

INTERNO, adotaremos a descrição contida no livro Auditoria Interna, de William Attie,

relativa a definição pelo Comitê de Procedimentos de Auditoria do Insituto Americano de

Contadores Públicos Certificados, já descrita anteriormente.

"O controle interno compreende o plano de organização e o conjunto

coordenado de métodos e medidas, adotados pela empresa, para proteger seu patrimônio,

verificar a exatidão e a fidedignidade de seus dados contábeis, promover a eficiência

operacional e encorajar a adesão à política traçada pela administração."

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3.2 -Interpretação do Conceito de Controle Interno

Pela sua amplitude, o conceito de Controle Interno, para ser

compreendido corretamente, deve ser examinado quanto ao seu real significado. Vamos

efetuar a análise, observando os vários fatores que compõem o conceito:

a) Políticas - compreendem o conjunto de declarações de caráter administrativo a respeito

das intenções da organização em relação a um determinado tema. Podem ser conceituadas

como "guias de raciocínio" planejadas para a tomada de decisões em níveis inferiores,

decisões estas aplicáveis a situações repetitivas, tendo em vista canalizar as decisões para

os objetivos estabelecidos. É possível a identificação de dois níveis distintos de

preocupação em termos do estabelecimento de políticas:

- Políticas globais, que afetam todo o comportamento da organização (políticas

estratégicas);

- Políticas operacionais, que tem uma menor faixa de influência e que muitas vezes,

aparecem como verdadeiras "regras de trabalho".

b) Objetivos - devem ser entendidos como seus planos e declarações estratégicas no amplo

sentido. O estabelecimento de objetivos precede sempre a escolha das metas e seleção,

desenho, implementação e manutenção dos sistemas que têm como finalidade a segurança

na consecução dos objetivos.

c) Metas - são alvos específicos, quantificados, dentro de sistemas específicos e podem

também ser denominados como metas operacionais, padrões operacionais, nível de

desempenho ou resultados esperados. Devem ser identificadas em cada sistema, claramente

definidas, mensuráveis, com adequado grau de realismo e consistentes com os objetivos

estratégicos. Os riscos de sua não realização devem ser também explicitamente

reconhecidos.

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d) Plano de organização - é o modo pelo qual se organiza um sistema. A estrutura

organizacional necessita corresponder a uma divisão de trabalho, adequada e balanceada,

de trabalho, de forma que sejam estabelecidas as relações de autoridade e responsabilidade

entre os vários níveis, pelas parcelas de trabalho exigidas para a consecução dos objetivos

da empresa, e de maneira que sejam definidas, claramente, as responsabilidades e

autoridades dos diversos níveis. Representa, em outras palavras, a definição de quem faz o

que, e quem tem autoridade sobre quem na empresa.

e) Métodos e medidas - estabelecem os caminhos e os meios de comparação e julgamento

para se chegar a determinado fim, mesmo que não tenham sido preestabelecidos

formalmente (normas, sistemas, manuais de serviço, rotinas, etc.). A empresa, como um

todo, pode ser caracterizada como a conjunção de vários subsistemas. Cada um dos

subsistemas, por sua vez, compõe-se de uma cadeia de procedimentos destinados a gerar e

registrar informações finais. O planejamento de um sistema, além de resultar num sistema

eficiente, prático, econômico e útil, deve levar em conta a definição de procedimentos

especificamente destinados a promover o controle sobre as operações e as atividades

preferencialmente formalizadas através de manuais.

f) Proteção do patrimônio - compreende a forma pela qual são salvaguardados e defendidos

os bens e direitos da empresa (custódia, controle e contabilização de bens, alçadas, normas,

etc.).

g) Exatidão e fidedignidade dos dados contábeis - correspondem a adequada precisão e

observância aos elementos dispostos na contabilidade. A classificação dos dados dentro de

uma estrutura formal de contas, seguida da existência de um plano de contas que facilite o

seu registro, preparação e contabilização de um manual descritivo do uso das contas

conjugado à definição de procedimentos que possibilitem a análise, a conciliação e a

solução tempestiva de quaisquer divergências são elementos significativos para a

expressão da fiel escrituração contábil (Plano Geral de Contas, regras de contabilização,

manuais de serviços, conciliação contábil dos diversos sistemas com a contabilidade,

levantamentos das contas não escrituradas eletronicamente, etc.)

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h) Eficiência operacional - compreende a ação ou força a ser posta em prática nas

transações realizadas pela empresa. A definição de adequado plano de organização aliada

aos métodos e procedimentos bem definidos, assim como a observação de normas salutares

no cumprimento dos deveres e funções com a existência de pessoal qualificado, treinado

para desenvolver suas atividades e adequadamente supervisionado por seus responsáveis,

tendem a implementar a desejada eficiência nas operações. Finalmente, vamos colocar na

análise dois componentes, que embora não apareçam claramente no conceito de Controle

Interno, estão presentes em todos os fatores acima descritos:

i) Interdependência - pela descrição dos fatores de controle anteriormente dispostos, fácil é

compreender que todos os itens se interinfluenciam de forma acentuada. Esses elementos,

pela importância intrínseca de cada um, são de tal forma essenciais para um controle

interno adequado, que uma grave deficiência de qualquer deles comprometeria o

funcionamento eficiente de todo o sistema. As políticas operacionais são fundamentais ao

planejamento e operação dos sistemas, e estes por sua vez, fluem segundo o "arranjo

organizacional" definido. Assim sendo, se os procedimentos componentes de um sistema

foram estabelecidos de conformidade com uma determinada política, a execução desses

procedimentos corresponde, por si só, ao cumprimento da política estabelecida. Por outro

lado, fica evidente a extrema dificuldade de se ter sistemas eficientes onde inexistem

políticas adequadas, ou em situações organizacionais confusas e vice-versa.

Pessoal - é necessário lembrar que estes planos de políticas, sistemas e organização são

"ferramentas" utilizadas por pessoas.

Dentro de uma visão sistêmica da empresa, fácil é compreender que,

mesmo com sistemas, políticas etc. adequadamente planejados, a eficiência administrativa

será comprometida, se a empresa não dispuser de um quadro de pessoal adequadamente

dimensionado, capaz, eficiente e motivado.

Com base nos fatores acima expostos, podemos definir CONTROLE

INTERNO como sendo o conjunto de políticas estratégicas e operacionais, procedimentos

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e definições de estrutura organizacional, operado por pessoas capacitadas, e que visam

salvaguardar os ativos da empresa, assegurar a fidedignidade das informações contábeis e

gerenciais e estimular a eficiência operacional.

3.3 – Objetivos do Controle Interno

Os problemas de Controle Interno encontram-se, na empresa moderna,

em todos os seus segmentos: vendas, fabricação, desenvolvimento, compras, tesouraria,

etc. O exercício de um adequado controle sobre cada uma dessas áreas assume

fundamental importância para que se atinjam os resultados mais favoráveis com menores

desperdícios.

É impossível conceber uma empresa que não disponha de controles

que possam garantir a continuidade do fluxo de suas operações e informações propostos.

Por analogia, toda empresa possui controles internos. A diferença básica é que estes podem

ser adequados ou não.

A função de contabilidade como instrumento de controle

administrativo é hoje unanimemente reconhecida. Um sistema de contabilidade que não

esteja apoiado em um Controle Interno eficiente e, até certo ponto, inútil, uma vez que não

é possível confiar nas informações contidas em seus relatórios. Informações contábeis

distorcidas podem levar à conclusões erradas e danosas para a empresa.

3.4 – Características do Controle Interno

Um controle interno adequado é aquele estruturado pela administração

e que possa propiciar uma razoável margem de garantia que os objetivos e metas serão

atingidos de maneira eficaz, eficiente e com a necessária economicidade.

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Razoável margem de garantia pode ser entendido como medidas de

efetividade e a custos razoáveis, estabelecidas para evitar desvios ou restringi-los a um

nível tolerável.

Isso significa que erros e procedimentos ilegais ou fraudulentos serão

evitados e, na sua ocorrência, serão detectados e corrigidos dentro de curto prazo, pelos

funcionários, como parte de suas funções habituais.

Medidas de efetividade e de custos razoáveis são a decorrência do

conceito de comparar o valor do risco ou da perda potencial contra o custo do controle

respectivo.

Controles eficientes permitem cumprir os objetivos de maneira correta

e tempestiva com a mínima utilização de recursos.

3.5 - Risco Inerente

Ao desenvolver o plano global de auditoria, o auditor deve avaliar o

risco inerente em nível de demonstrações contábeis. Ao desenvolver o programa de

auditoria, o auditor deve estabelecer uma relação entre essa avaliação e os saldos de contas

e classes de transações relevantes em nível de asserção, ou então presumir que o risco

inerente é alto para a asserção.

Para avaliar o risco inerente, o auditor usa seu julgamento profissional

para avaliar numerosos fatores, como, por exemplo:

Em Nível de Demonstrações Contábeis:

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• A integridade da administração.

• A experiência e conhecimento da administração, bem como as mudanças por que

passou a administração durante o período. Por exemplo, a inexperiência da

administração pode afetar a preparação das demonstrações contábeis da entidade.

• Pressões anormais sobre a administração, como, por exemplo, circunstâncias que

poderiam predispor a administração a distorcer as demonstrações contábeis, como

acontece quando o setor está passando por uma fase de muitos 1racassos ou quando

uma entidade não tem capital suficiente para continuar suas operações.

• A natureza do negócio da entidade, como, por exemplo, o potencial de obsolescência

tecnológica de seus produtos e serviços, a complexidade de sua estrutura de capital,

a significância das partes relacionadas, e o número de locais e dispersão geográfica

de suas instalações produtivas.

• Fatores que afetam o setor em que a entidade opera, como, por exemplo, as

condições econômicas e competitivas, identificadas pelas tendências e índices

financeiros, e as mudanças em tecnologia, demanda do consumidor e práticas

contábeis comuns ao setor.

Em Nível de Saldo de Conta e Classe de Transações:

• Contas das demonstrações contábeis com probabilidade de serem suscetíveis a

distorção. Por exemplo, as contas que requereram ajustes no período anterior ou que

envolvem um alto grau de estimativa.

• A complexidade de transações subjacentes e outros eventos que poderiam exigir o

uso do trabalho de um especialista.

• O grau de julgamento envolvido na determinação de saldos de contas.

• A suscetibilidade de ativos a perda ou apropriação indébita, como, por exemplo,

ativos altamente cobiçáveis e movíveis, como dinheiro.

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• O encerramento de transações anormais e complexas, particularmente no fim do ano

ou perto dele.

• Transações não sujeitas a processamento normal.

3.6 - Sistemas Contábeis e de Controle Interno

Os controles internos relativos ao sistema contábil se ocupam com

atingir objetivos, como, por exemplo:

• Que as transações sejam executadas de acordo com autorização geral ou específica

da administração.

• Que todas as transações e outros eventos sejam prontamente registrados no valor

correto, nas contas apropriadas e no período contábil apropriado, de forma a permitir

a preparação de demonstrações contábeis de acordo com uma estrutura conceitual

identificada para relatórios contábeis.

• Que o acesso a ativos e registros somente seja permitido com autorização da

administração.

• Que os ativos registrados sejam comparados com os ativos existentes a intervalos

razoáveis e que se tomem medidas apropriadas quando houver qualquer diferença.

3.7 - Limites Inerentes dos Controles Internos

Os sistemas contábeis e de controle interno não podem dar à

administração evidencia conclusiva de que os objetivos foram atingidos porque tem

limitações inerentes. Essas limitações incluem:

• A exigência normal da administração de que o custo de um controle interno não

exceda os benefícios a serem obtidos.

• A maioria dos controles internos tende a ser direcionada para transações rotineiras

em vez de para transações não rotineiras.

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• O potencial de erro humano devido a descuido, distração, erros de julgamento e

instruções mal-entendidas.

• A possibilidade de contornar os controles internos por meio de conluio de um

membro da administração ou empregado com partes de fora (terceiros) ou de dentro

da entidade.

• A possibilidade de que uma pessoa responsável por exercer um controle interno

possa abusar dessa responsabilidade. Por exemplo, um membro da administração

que passe por cima de um controle interno.

• A possibilidade de que procedimentos se tornem inadequados devido a mudanças

nas condições e de que o cumprimento desses procedimentos se deteriore.

3.8 - Entendimento dos Sistemas Contábeis e de Controle Interno

Ao obter um entendimento dos sistemas contábeis e de controle

interno para planejar a auditoria, o auditor obtém um conhecimento do projeto dos sistemas

contábeis e - de controle interno, e de sua operação. Por exemplo, um auditor pode

executar um teste de "walk-through", isto é, seguir algumas transações através de todo o

sistema contábil. Quando as transações selecionadas forem exemplos típicos das transações

processadas pelo sistema, esse procedimento pode ser tratado como parte dos testes de

controle. A natureza e extensão dos testes de "walk-through" executados E pelo auditor são

tais que, por si sós, não proporcionariam evidencia de auditoria a apropriada e suficiente

para fundamentar uma avaliação de risco de controle menor do que alto.

A natureza, época de aplicação e extensão dos procedimentos

executados pelo auditor para obter um entendimento dos sistemas contábeis e de controle

interno vai variar dependendo, entre outras coisas:

• do porte e complexidade da entidade e de seu sistema computadorizado;

• de considerações sobre relevância;

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• do tipo de controles internos envolvidos;

• da natureza da documentação dos controles internos específicos da entidade;

• da avaliação de risco inerente feita pelo auditor.

Normalmente, o entendimento por parte do auditor dos sistemas

contábeis e de controle interno significativos para a auditoria é obtido através de

experiência anterior com a entidade e suplementado por:

a) indagações do pessoal apropriado da administração, supervisão etc., em vários níveis

organizacionais dentro da entidade, juntamente com consulta a documentação, como, por

exemplo, manuais de procedimentos, descrições de tarefas e fluxogramas;

b) inspeção de documentos e registros produzidos pelos sistemas contábeis e de controle

interno;

c) observação das atividades e operações da entidade, incluindo observação da organização

de operações computadorizadas, do pessoal administrativo e da natureza do processamento

de transações.

3.9 - Sistema Contábil

O auditor deve obter um entendimento do sistema contábil que seja

suficiente para identificar entender:

a) as principais classes de transações nas operações da entidade;

b) como essas transações são iniciadas;

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c) registros contábeis significativos, documentos de apoio e contas das demonstrações

contábeis;

d) o processo de relatório financeiro e contábil, desde a iniciação de transações

significativas e outros eventos até sua inclusão nas demonstrações contábeis.

3.10 – Ambiente de Controle

O auditor deve obter um entendimento do ambiente de controle

suficiente para avaliar as atitudes, consciência e medidas dos diretores e da a: o ao

controles internos e sua importância para a entidade.

3.11 – Procedimentos de Controle

O auditor deve obter um entendimento dos procedimentos de controle

suficiente para desenvolver o plano de auditoria. Ao obter esse entendimento, o auditor

consideraria o conhecimento sobre a presença ou ausência de procedimentos de controle,

obtido com o entendimento do ambiente de controle e sistema contábil, para determinar se

é necessário qualquer entendimento adicional dos procedimentos de controle. Como os

procedimentos de controle são integrados com o ambiente de controle e sistema contábil, à

medida que o auditor obtém um entendimento do ambiente de controle e do sistema

contábil ë provável que também obtenha algum conhecimento sobre procedimentos de

controle. Por exemplo, ao obter um entendimento do sistema contábil relativo a caixa, o

auditor normalmente fica ciente de se as contas bancárias são conciliadas. Normalmente, o

desenvolvimento do plano global de auditoria não exige um entendimento dos

procedimentos de controle para cada asserção contida nas demonstrações contábeis em

cada saldo de conta ou classe de transação.

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3.12 – Risco de Controle

Avaliação Preliminar do Risco de Controle

Avaliação preliminar do risco de controle é o processo de avaliar a

eficácia dos sistemas contábeis e de controle interno de uma entidade para prevenir ou

detectar e corrigir distorções relevantes. Sempre vai existir algum risco de controle por

causa das limitações inerentes de qualquer sistema contábil e de controle interno.

Depois de obter um entendimento dos sistemas contábeis e de controle

interno, o auditor deve fazer uma avaliação preliminar do risco de controle, em nível de

asserção, para cada saldo de conta ou classe de transações que for relevante.

O auditor normalmente avalia o risco de controle em um nível alto

para uma parte ou para a totalidade das asserções quando:

a) os sistemas contábeis e de controle interno da entidade não forem eficazes;

b) não for eficiente avaliar a eficácia dos sistemas contábeis e de controle interno da

entidade.

A avaliação preliminar do risco de controle para uma asserção contida

nas demonstrações contábeis deve ser alta, salvo se o auditor:

a) puder identificar controles internos relevantes para a asserção que tenham probabilidade

de prevenir ou detectar e corrigir uma distorção relevante;

b) planejar a execução de testes de controle para fundamentar a avaliação.

3.13 - Documentação do Entendimento e Avaliação do Risco de Controle

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O auditor deve documentar nos papéis de trabalho de auditoria:

a) o entendimento obtido dos sistemas contábeis e de controle interno da entidade;

b) a avaliação do risco de controle. Quando o risco de controle for avaliado como menor do

que alto, o auditor também deve documentar a base para as conclusões.

Podem ser usadas técnicas diferentes para documentar informações

sobre os sistemas contábeis e de controle interno. A seleção de uma técnica em particular é

uma questão de julgamento do auditor. As técnicas comuns, usadas individualmente ou em

combinação, são descrições narrativas, questionários, listas de verificação e fluxogramas.

A forma e extensão dessa documentação são influenciadas pelo porte e complexidade da

entidade e pela natureza dos sistemas contábeis e de controle interno da entidade.

Geralmente, quanto mais complexos os sistemas contábeis e de controle interno da

entidade e quanto mais extensos os procedimentos do auditor, mais extensos precisará ser a

documentação do auditor.

3.14 – Testes de Controle

Executam-se testes de controle para obter evidencia de auditoria sobre

a eficácia:

a) do projeto dos sistemas contábeis e de controle interno, isto é, para ver se eles foram

projetados adequadamente para prevenir ou detectar e corrigir distorções relevantes;

b) da operação dos controles internos durante todo o período.

É possível que alguns dos procedimentos executados para obter o

entendimento dos sistemas contábeis e de controle interno não tenham sido planejados

especificamente como testes de controle, mas possam proporcionar evidencia de auditoria

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sobre a eficácia do projeto e operação dos controles internos relevantes para certas

asserções e, conseqüentemente, servir como testes de controle. Por exemplo, ao obter o

entendimento dos sistemas contábeis e de controle interno relativos a caixa. é possível que

o auditor tenha obtido evidencia de auditoria sobre a eficácia do processo de conciliações

bancárias através de indagação e observação.

Quando o auditor concluir que os procedimentos executados para obter

conhecimento dos sistemas contábeis e de controle interno também proporcionam

evidencia de auditoria sobre a adequação da eficácia operacional e projeto das políticas e

procedimentos relevantes para uma asserção particular contida nas demonstrações

contábeis, o auditor poderá usar a evidencia de auditoria, desde que suficiente, para

fundamentar a avaliação de risco de controle a um nível menor do que alto.

Os testes de controle podem incluir:

• Inspeção de documentos que fundamentam transações e outros eventos para

conseguir evidencia de auditoria de que os controles internos operaram

apropriadamente, por exemplo, verificando que uma transação foi autorizada.

• Indagações e observação de controles internos que não deixam pista de auditoria, por

exemplo, determinando quem realmente executa cada função e não meramente quem

deve executá-la.

• Reexecução de controles internos, por exemplo, de conciliação de contas bancárias,

para assegurar que a entidade as conciliou corretamente.

O auditor deve obter evidencia de auditoria por meio de testes de

controle para fundamentar qualquer avaliação de risco de controle que seja menor do que

alto. Quanto mais baixa a avaliação de risco de controle, mais fundamentação o auditor

deve obter de que os sistemas contábeis e de controle interno foram adequadamente

projetados e estão operando eficazmente.

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Ao obter evidencia de auditoria sobre a operação eficaz dos controles

internos o auditor considera como esses controles foram aplicada, a consistência com que,

foram aplicados durante o período e por quem foram aplicados. O conceito de operação

eficaz reconhece que alguns desvios podem ter ocorrido. Desvios dos controles prescritos

podem ser causados por fatores como mudanças no pessoal-chave, flutuações sazonais

significativas em volume de transações e erro humano. Quando forem detectados desvios,

o auditor faz indagações específicas sobre esses assuntos, particularmente sobre o

momento das mudanças de pessoal nas funções-chave dos controles internos. O auditor

então assegura que os testes de controle cobrem apropriadamente esse período de mudança

ou flutuação.

Em um ambiente de Sistemas de Informação Computadorizados, os

objetivos dos testes de controle não diferem dos objetivos de um ambiente manual;

entretanto, alguns procedimentos de auditoria podem mudar. O auditor pode achar

necessário, ou pode preferir, usar técnicas de auditoria assistidas por computador. O uso

dessas técnicas como, por exemplo, ferramenta de interrogação de arquivos ou dados de

testes de auditoria, pode ser apropriada quando os sistemas contábeis e de controle interno

não proporcionam evidência visível que documente a execução dos controles internos que

são programados em um sistema contábil computadorizado.

Com base nos resultados dos testes de controle, o auditor deve avaliar

se os controles internos foram projetados e estão operando como considerado na avaliação

preliminar de risco de controle. A avaliação de desvios pode levar o auditor a concluir que

o nível de risco de controle avaliado precisa ser revisado. Em casos desse tipo, o auditor

deve modificar a natureza, época de aplicação e extensão dos procedimentos de

comprovação planejados.

3.15 - Qualidade e Oportunidade da Evidência de Auditoria

Certos tipos de evidência de auditoria obtidos pelo auditor são mais

confiáveis do que outros. Normalmente, a observação do auditor proporciona evidência de

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auditoria mais confiável do que meramente fazer indagações. Por exemplo, o auditor

poderia obter evidencia de auditoria sobre a segregação apropriada de funções observando

a pessoa que aplica um procedimento de controle ou fazendo Indagações do pessoal

apropriado. Todavia, a evidencia de auditoria obtida por alguns testes de controle como,

por exemplo, observação, diz respeito somente ao momento em que o procedimento foi

aplicado. O auditor pode decidir, portanto, suplementar esses procedimentos com outros

testes de controle que possam proporcionar evidencia de auditoria sobre outros períodos.

Ao determinar a evidencia de auditoria apropriada para fundamentar

uma conclusão sobre risco de controle, o auditor pode considerar a evidencia de auditoria

obtida em auditorias anteriores. Em um trabalho recorrente, o auditor estará ciente dos

sistemas contábeis e de controle interno pelo trabalho executado anteriormente, mas

precisará atualizar o conhecimento obtido e considerar a necessidade de obter evidencia de

auditoria adicional sobre quaisquer mudanças no controle. Antes de depositar confiança

nos procedimentos executados em auditorias anteriores, o auditor deve obter evidencia de

auditoria que fundamente essa confiança. O auditor deve obter evidencia de auditoria

quanto à natureza, época de aplicação e extensão de quaisquer mudanças nos sistemas

contábeis e de controle interno da entidade, desde o momento em que esses procedimentos

foram executados, e avaliar seu impacto sobre a confiança que pretende depositar. Quanto

mais tempo tiver passado desde a execução desses procedimentos, menos garantia pode

resultar.

O auditor deve considerar se os controles internos estiveram em uso

durante todo o período. Se tiverem sido usados controles substancialmente diferentes em

momentos diferentes durante o período, o auditor deve considerar cada um separadamente.

Uma ruptura nos controles internos durante uma parte específica do período exige que se

considere separadamente a natureza, época de aplicação e extensão dos procedimentos de

auditoria a serem aplicados às transações e outros eventos desse período.

O auditor pode decidir executar alguns testes de controle durante uma

visita intermediária, antes do fim do período. Todavia, o auditor não pode depositar

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confiança nos resultados desses testes, sem considerar a necessidade de obter evidencia de

auditoria adicional relacionada com o restante do período. Entre os fatores a serem

considerados estão:

• Os resultados dos testes intermediários.

• A extensão do período remanescente.

• Ocorreram-se mudanças nos sistemas contábeis e de controle interno durante o

período remanescente.

• A natureza e valor das transações e outros eventos, e os saldos envolvidos.

• O ambiente de controle, especialmente os controles de supervisão.

• Os procedimentos de comprovação que o auditor planeja executar.

3.16 - Avaliação Final de Risco de Controle

Antes da conclusão da auditoria e com base nos resultados dos

procedimentos de comprovação e outros tipos de evidencia de auditoria obtidos pelo

auditor, o auditor deve considerar se a avaliação de risco de controle fica confirmada.

3.17 - Relação Entre As Avaliações de Riscos Inerente e de Controle

A administração muitas vezes reage a situações de risco inerente

projetando sistemas contábeis e de controle interno para prevenir ou detectar e corrigir

distorções e, portanto, em muitos casos, os riscos inerentes e de controle estão altamente

inter-relacionados. Em situações desse tipo, se o auditor tentar avaliar os riscos inerente e

de controle separadamente, talvez a avaliação de risco se torne imprópria. Como resultado,

pode-se determinar mais apropriadamente o risco de auditoria em situações desse tipo

fazendo uma avaliação combinada.

3.18 - Riscos de Detecção

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O nível de risco de detecção está diretamente relacionado com os

procedimentos de comprovação do auditor. A avaliação de risco de controle por parte do

auditor, juntamente com a avaliação de risco inerente, exerce influencia sobre a natureza,

época de aplicação e extensão dos procedimentos de comprovação a serem executados para

reduzir o risco de detecção e, portanto, o risco de auditoria, a um nível aceitavelmente

baixo. Algum risco de detecção sempre estaria presente, mesmo se o tivesse que examinar

100 por cento dos saldos de contas ou classes de transações porque, por exemplo, a maior

parte das evidências de auditoria é persuasiva e não conclusiva.

O auditor deve considerar os níveis avaliados de riscos inerente e de

controle ao determinar a natureza, época de aplicação e extensão dos procedimentos de

comprovação necessários para reduzir o risco de auditoria a um nível aceitável. Com

respeito a este ponto, o auditor deve considerar:

a) a natureza dos procedimentos de comprovação, por exemplo, usando testes dirigidos a

partes independentes fora da entidade, em vez de testes dirigidos a partes ou documentação

dentro da entidade, ou usando testes de detalhes para um objetivo de auditoria em

particular, além dos procedimentos analíticos;

b) a época de aplicação dos procedimentos de comprovação, por exemplo, executando-os

no fim do período, em vez de em uma data anterior;

c) a extensão dos procedimentos de comprovação, por exemplo, usando um tamanho de

amostra maior.

Existe uma relação inversa entre o risco de detecção e o nível combinado de risco inerente

e de controle. Por exemplo, quando os riscos inerentes e de controle forem altos, o risco de

detecção aceitável precisa ser baixo, para reduzir o risco de auditoria a um nível

aceitavelmente baixo. Por outro lado, quando os riscos inerentes e de controle forem

baixos, o auditor pode aceitar um risco de detecção mais alto e ainda reduzir o risco de

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auditoria a um nível aceitavelmente baixo. Para uma ilustração da inter-relação dos

componentes do risco de auditoria.

Embora seja possível distinguir testes de controle e procedimentos de

comprovação no que diz respeito a seu objetivo, os resultados de qualquer dos tipos de

procedimento podem contribuir para os objetivos do outro. Distorções descobertas ao

realizar procedimentos de comprovação podem levar o auditor a modificara avaliação

anterior de risco de controle. Para uma ilustração da inter-relação dos componentes do

risco de auditoria.

Os níveis avaliados de risco inerente e de controle nunca serão baixos

o suficiente para permitir ao auditor eliminar a necessidade de executar procedimentos de

comprovação. Independentemente dos níveis avaliados de riscos inerente e de controle, o

auditor deve executar alguns procedimentos de comprovação para saldos de contas e

classes de transações relevantes.

A avaliação dos componentes de risco de auditoria por parte do auditor

pode mudar durante o curso de uma auditoria. Por exemplo, ao executar procedimentos de

comprovação, o auditor pode ter sua atenção voltada para informações que difiram

significativamente das informações que serviram de base para o auditor avaliar riscos

inerentes e de controle originalmente. Em casos desse tipo, o auditor deve modificar os

procedimentos de comprovação planejados, com base em uma revisão dos níveis avaliados

de riscos inerentes e de controle.

Quanto mais alta a avaliação de risco inerente e de controle, mais

evidencia de auditoria o auditor deve obter da execução de procedimentos de

comprovação. Quando o risco inerente e o risco de controle forem avaliados como altos, o

auditor precisa considerar se os procedimentos de comprovação podem proporcionar

evidencia de auditoria suficiente e apropriada para reduzir o risco de detecção e, portanto,

o risco de auditoria, a um nível aceitavelmente baixo. Quando o auditor determinar que o

risco de detecção, relativo a uma asserção contida nas demonstrações contábeis para o

saldo de uma conta ou classe de transações relevante, não pode ser reduzido a um nível

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aceitavelmente baixo, o auditor deve expressar um parecer com ressalva ou parecer com

abstenção de opinião.

3.19 - Risco de Auditoria em Pequenas Empresas

O nível de segurança que o auditor precisa obter para expressar um

parecer sem ressalvas sobre as demonstrações contábeis de entidades pequenas e grandes é

o mesmo. Entretanto, muitos controles internos que seriam relevantes para entidades

grandes não são práticos em pequenas empresas. Por exemplo, em pequenas empresas, os

procedimentos contábeis podem ser executados por poucas pessoas que podem arcar com

responsabilidades operacionais e de custódia e, portanto, é possível que inexista segregação

de funções ou que seja extremamente limitada. A segregação inadequada de funções, em

alguns casos, pode ser compensada por um forte sistema de controle administrativo, em

que existem controles de supervisão do proprietário/gerente devido a conhecimento pessoal

direto da entidade e envolvimento nas transações. Quando a segregação de funções é

limitada e a evidencia de auditoria relativa a controles de supervisão é falha, é possível que

a evidencia de auditoria necessária para fundamentar a opinião do auditor sobre as

demonstrações contábeis tenha de ser obtida totalmente por meio de realização de

procedimentos de comprovação.

3.20 - Comunicação de Fraquezas

Como resultado do processo de obter um entendimento dos sistemas

contábeis de controle interno e dos testes de controle, o auditor pode tomar conhecimento

de fraquezas nos sistemas. O auditor deve levar ao conhecimento da administração, tão

cedo quanto for prático e em um nível apropriado de responsabilidade, as fraquezas

relevantes no projeto ou operação dos sistemas contábeis e de controle interno que tiverem

chegado a sua atenção. A comunicação de fraquezas relevantes à administração

normalmente deve ser feita por escrito. Todavia, se o auditor julgar que a comunicação

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verbal é apropriada, esse tipo de comunicação deve ser documentado nos papéis de

trabalho de auditoria. É importante indicar na comunicação que somente as fraquezas que

chegaram à atenção do auditor como resultado da auditoria estão sendo informadas e que o

exame não foi projetado para determinar a adequação do controle interno para fins

administrativos.

3.21 – Perspectiva do Setor Público

Com respeito ao parágrafo 8 desta NIA, o auditor precisa estar ciente

de que os "objetivos administrativos" das entidades do setor público podem ser

influenciados por preocupações relativas a responsabilidade pública e podem incluir

objetivos que tem sua origem na legislação, regulamentos, portarias governamentais e

diretrizes ministeriais. O auditor deve considerara origem e natureza desses objetivos, ao

avaliar se os procedimentos de controles internos são eficazes para fins de auditoria.

O parágrafo 9 desta NIA diz que, na auditoria das demonstrações

contábeis, o auditor está preocupado somente com as políticas e procedimentos, dentro dos

sistemas contábeis e de controle interno, que forem relevantes para as asserções contidas

nas demonstrações contábeis. Os auditores do setor públicos muitas vezes têm

responsabilidades adicionais, mesmo no contexto de suas auditorias das demonstrações

contábeis, com respeito a controles internos. Sua revisão dos controles internos pode ser

mais ampla e mais detalhada do que em uma auditoria de demonstrações contábeis do setor

privado.

O parágrafo 49 desta NIA trata de comunicação de fraquezas. Pode

haver exigências adicionais de relatório para os auditores do setor público. Por exemplo, as

fraquezas de controles internos encontrados nas auditorias das demonstrações contábeis e

em outras auditorias podem ter de ser informadas ao legislativo ou outros órgãos

governamentais.

3.22 - Exemplo da Inter-relação Entre os Componentes do Risco de Auditoria

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A tabela seguinte mostra como o nível aceitável de risco de detecção

pode variar segundo as avaliações de risco inerente e de controle.

Na avaliação do auditor o risco de controle é:

Alto Médio Baixo

Alto Mínimo Mais Baixo Médio

Médio Mais baixo Médio Mais alto

Baixo Médio Mais Alto Máximo

Existe uma relação inversa entre risco de detecção e o nível combinado

de risco inerente e de controle. Por exemplo, quando os riscos inerentes e de controle

forem altos, os níveis aceitáveis de risco de detecção precisam ser baixos para reduzir o

risco de auditoria a um nível aceitavelmente baixo. Por outro lado, quando os riscos

inerentes e de controle forem baixos, o auditor pode aceitar um risco de detecção mais alto

e ainda reduzir o risco de auditoria a um nível aceitavelmente baixo.

3.23 - Controles Internos de Instituições Financeiras

As autoridades monetárias decidiram dispensar atenção especial aos

controles internos das instituições financeiras e demais entidades sujeitas à fiscalização do

Banco Central do Brasil.

Nesse sentido, o Banco Central, através da Resolução n° 2.554, de 24-

9-98, divulgou a decisão do Conselho Monetário Nacional que:

"Dispõe sobre a implantação e implementação de sistema de controles

internos".

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A citada Resolução determina obrigações quanto à implantação ou

reformulação dos controles internos das entidades que menciona, os quais deverão atingir

determinados objetivos, que especifica. Além de estabelecer cronograma para a realização

do trabalho, transfere aos auditores externos independentes algumas responsabilidades

sobre o acompanhamento da tarefa (art. 3°, parágrafo único, item I e art. 5q, parágrafo

único). Todavia, do ponto de vista da auditoria externa, parece-nos que o ponto mais

importante é o que faculta ao auditor externo independente o exercício da atividade da

auditoria interna, quando não executada por unidade da própria instituição financeira (art.

2°, § 3°, item I).

RESOLUÇÃO Nº 2.554, DE 24 DE SETEMBRO DE 1998.

Dispõe sobre a implantação e implementação de sistema de Controles

internos.

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9Q da Lei nº 4.595, de 31-12-64,

torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 24-

9-98, tendo em vista o disposto no art. 4°, inciso VIII, da referida Lei, nos arts. 9º e 10 da

Lei n° 4.728, de 14-7-65, e na Lei n° 6.099, de 12-9-74, com as alterações introduzidas

pela Lei n° 7.132, de 26-10-83, resolveu:

Art. 1° Determinar às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a Funcionar

pelo Banco Central do Brasil a implantação e a implementação de controles internos

voltados para as atividades por elas desenvolvidas, seus sistemas de informações

financeiras, operacionais e gerenciais e o cumprimento das normas legais e regulamentares

a elas aplicáveis.

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§ 1° Os controles internos, independentemente do porte da instituição, devem ser efetivos e

consistentes com a natureza, complexidade e risco das operações por ela realizadas.

§ 2° São de responsabilidade da diretoria da instituição:

I- a implantação e a implementação de uma estrutura de controles internos efetiva diante a

definição de atividades de controle para todos os níveis de negócios da instituição;

II- o estabelecimento dos objetivos e procedimentos pertinentes aos mesmos;

III- a verificação sistemática da adoção e do cumprimento dos procedimentos definidos em

função do disposto no inciso II.

Art. 2º Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a todos os

funcionários da instituição de forma a assegurar sejam conhecidas a respectiva função no

processo e as responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização, devem

prever:

I- a definição de responsabilidades dentro da instituição;

II- a segregação das atividades atribuídas aos integrantes da instituição de forma a que seja

evitado o conflito de interesses, bem como meios de minimizar e monitorar adequadamente

áreas identificadas como de potencial conflito da espécie;

III- meios de identificar e avaliar fatores internos e externos que possam afetar

adversamente a realização dos objetivos da instituição;

IV- a existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o

correspondente nível de atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e compreensíveis

informações consideradas relevantes para suas tarefas e responsabilidades;

V- a continua avaliação dos diversos riscos associados às atividades da instituição;

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VI- o acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas, de forma a que se possa

avaliar se os objetivos da instituição estão sendo alcançados, se os limites estabelecidos e

as leis e regulamentos aplicáveis estão sendo cumpridos. bem como a assegurar que

quaisquer desvios possam ser prontamente corrigidos;

VII- a existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em

especial para os mantidos em meio eletrônico.

§ 1º Os controles internos devem ser periodicamente revisados e atualizados, de forma a

que sejam a eles incorporadas medidas relacionadas a riscos novos ou anteriormente não

abordadas.

§ 2° A atividade de auditoria interna deve fazer parte do sistema de controles internos.

§ 3º A atividade de que trata o § 2°, quando não executada por unidade específica da

própria instituição ou de instituição integrante do mesmo conglomerado financeiro, poderá

ser exercida:

I- por auditor independente devidamente registrado na Comissão de Valores Mobiliários -

CVM, desde que não aquele responsável pela auditoria das demonstrações financeiras;

II- pela auditoria da entidade ou associação de classe ou de órgão central a que filiada à

instituição;

III- por auditoria de entidade ou associação de classe de outras instituições autorizadas a

funcionar pelo Banco Central, mediante convenio, previamente aprovado por este, firmado

entre a entidade a que filiada à instituição e a entidade prestadora do serviço.

§ 4° No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida por unidade própria. deverá

essa estar diretamente subordinada ao conselho de administração ou, na falta desse, à

diretoria da instituição.

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§ 5º No caso de atividade de auditoria interna ser exercida segundo uma das faculdades

estabelecidas no § 3°, deverá o responsável por sua execução reportar-se diretamente ao

conselho de administração ou, na falta desse, à diretoria da instituição.

§ 6°As faculdades estabelecidas no § 3°, incisos II e III, somente poderão ser exercidas por

cooperativas de crédito e por sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários não

integrantes de conglomerados financeiros.

Art. 3º O acompanhamento sistemático das atividades relacionadas com o sistema de

controles internos deve ser objeto de relatórios, no mínimo semestrais, contendo:

I- as conclusões dos exames efetuados:

II- as recomendações a respeito de eventuais deficiências, com o estabelecimento de

cronograma de saneamento das mesmas, quando for o caso;

III- a manifestação dos responsáveis pelas correspondentes áreas a respeito das deficiências

encontradas em verificações anteriores e das medidas efetivamente adotados para saná-las.

Parágrafo único. As conclusões, recomendações e manifestação referidas nos incisos I, II e

I II deste artigo:

I- devem ser submetidas ao conselho de administração ou, na falta desse, à diretoria, bem

como à auditoria externa da instituição;

II- devem permanecer à disposição do 8anco Central do 8rasil pelo prazo de 5 (cinco) anos.

Art. 4° Incumbe à diretoria da instituição, além das responsabilidades enumeradas no art.

1º, § 2º, a promoção de elevados padrões éticos e de integridade e de uma cultura

organizacional que demonstre e enfatize, a todos os funcionários, a importância dos

controles internos e o papel de cada um no processo.

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Art. 5º O sistema de controles internos deverá estar implementado ate 31-12-99, com a

observância do seguinte cronograma:

I- definição das estruturas internas que tornarão efetivos a implantação e o

acompanhamento correspondentes-até 31-1-99;

II- definição e disponibilização dos procedimentos pertinentes-até 30-6-99.

Parágrafo único. A auditoria externa da instituição deve fazer menção específica, em seus

pareceres, à observância do cronograma estabelecido neste artigo.

Art. 6º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a:

I- determinar a adoção de controles adicionais nos casos em que constatada inadequação

dos controles implementados pela instituição;

II- imputar limites operacionais mais restritivos à instituição que deixe de observar

determinação nos termos do inciso I no prazo para tanto estabelecido;

III- baixar as normas e adotar as medidas julgadas necessárias à execução do disposto nesta

Resolução, incluindo a alteração do cronograma referido no art. 5º.

Art. 7º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

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Conclusão

É indiscutível a importância da função da auditoria independente para

atestar a credibilidade das demonstrações contábeis.

A complexidade das informações, aliada a outros fatores como a

atuação das empresas em vários mercados, contínuas e rápidas alterações em processos e

ambientes nos quais as empresas estão inseridas fez com que empresas de auditoria

procurassem novas formas de atuação a fim de cumprir o seu papel específico.

Dessa forma, embora as informações apresentadas nas demonstrações

contábeis auditadas deixaram de ser relevantes aos tomadores de decisão pelos fatores

descritos abaixo:

• focam um conjunto limitado de riscos (aqueles que afetam distorções relevantes nas

demonstrações contábeis);

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• focam um conjunto limitado de mensuração de desempenho (princípios

fundamentais de contabilidade);

• focam um conjunto limitado de sistemas de informação (sistemas baseados em

transações financeiras históricas e internas);

• focam um conjunto limitado de stakeholders (diretores, investidores e credores).

Diante das novas necessidades dos usuários das informações para

tomada de decisão, as empresas de auditoria promoveram uma reengenharia no seu

enfoque, mudando do tradicional (de resultados) para o sistêmico (de processos), passando

a avaliar os riscos e os controles internos e voltando-se para os negócios dos clientes.

As empresas de auditoria, assim, visando atender a essas necessidades

dos tomadores de decisão, passaram a oferecer diversos tipos de serviços, além das

auditorias das demonstrações contábeis anuais ou semestrais, em casos de instituições

financeiras, expandindo seu campo de atuação, mantendo-se a independência e a

objetividade para atender a necessidades dos diversos tipos de usuários, não apenas os

credores e investidores.

Por controles internos entendemos todos os instrumentos da

organização destinados à vigilância, fiscalização e verificação administrativa, que

permitam prever, observar, ou governar os acontecimentos que se verificam dentro da

empresa e que produzam em seu patrimônio.

Assim, o principal meio de controle de que dispõe uma administração

é a Contabilidade, entretanto, através da escrituração, registra os fatos após sua ocorrência

(controle conseqüente), enquanto outros meios de controle são utilizados para constatar a

ocorrência no momento em que ela se verifica (controle concomitante), existindo ainda

aqueles que prevêem a ocorrência do fato por antecipação (controle antecedente).

São, portanto, meios de controle interno todos os registros, livros,

fichas, mapas, boletins, papéis, formulários, pedidos, notas, faturas, documentos, guias,

impressos, ordens internas, regulamentos e demais instrumentos de organização

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administrativa que formam o sistema de vigilância, fiscalização e verificação utilizado

pelos administradores para exercer o controle sobre todos os fatos ocorridos na empresa e

sobre todos os atos praticados por aqueles que exercem funções direta ou indiretamente

relacionadas com a organização, o patrimônio e o funcionamento da empresa.

Controle Interno é a fiscalização das atividades feita pela própria

empresa (pelo administrador da mesma, por exemplo). E serve para a empresa não ser

furtada ou desperdiçar recursos, o controle internos tem por objetivos: proteger os recursos

da empresa, assegurar a precisão e confiabilidade dos registros contábeis e financeiros e

promover a eficiência dos funcionários.

O controle é uma das funções do administrador. Não basta apenas

planejar, organizar e dirigir a empresa . Sem um controle eficaz , é possível que o

administrador não consiga alcançar os objetivos pretendidos. É o controle que vai indicar

alguma falha ( roubos , desperdícios ) no andamento normal das atividades da empresa.

O controle interno pode ser : preventivo ( que tem por objetivo evitar

desperdícios e irregularidades), detectivo ( para detectar erros ) ou corretivo ( o erro já

existe e o controle vem para corrigi-lo. ).

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