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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - UCAM CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FINANÇAS CORPORATIVAS PROJETO VEZ DO MESTRE
Rio de Janeiro
2004
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - UCAM CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FINANÇAS CORPORATIVAS
DEBÊNTURES NO BRASIL
Flávia Corrêa Jordy Macedo Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como condição parcial para obtenção do Diploma de Pós Graduação do Curso de Finanças Corporativas na Universidade Cândido Mendes.
Rio de Janeiro
2004 ii
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – UCAM CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FINANÇAS CORPORATIVAS
DEBÊNTURES NO BRASIL
Flávia Corrêa Jordy Macedo Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como condição parcial para obtenção do Diploma de Pós Graduação do Curso de Finanças Corporativas na Universidade Cândido Mendes.
Julgado em:_______________ Conceito:_________________
Rio de Janeiro
2004 iii
AGRADECIMENTO À minha família e aos meus professores e amigos que me ajudaram em todos os momentos. iv
APRESENTAÇÃO
Este trabalho de conclusão de curso de pós graduação tem a iniciativa de expor e
explicar tudo que se refere a um dos tipos de títulos mais utilizados nas Companhias
Brasileiras – as debêntures.
A justificativa para a escolha do tema é única – informar ao egresso da área de
finanças, ou profissionais ou curiosos do assunto, a definição , a história, o uso, as
qualidades e defeitos desse título.
As Debêntures, são títulos que se ajustam perfeitamente às necessidades de
captação das empresas, pois possui flexibilidade, transformando em um dos mais
importantes instrumentos de obtenção de recursos das Companhias Brasileiras. Sendo
valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazos que asseguram a seus
detentores (debenturistas) direito de crédito contra a companhia emissora.
Com uma abordagem simples e acessível para aqueles que desejam conhecer mais
sobre assunto, inicio este trabalho.
SUMÁRIO
1. Introdução ………………………………………………………………………. 01
2. Debêntures ............................................................................................................ 05
2.1. Origem ........................................................................................................... 05
2.2. Síntese Histórica ............................................................................................ 05
2.3. Definição ....................................................................................................... 07
2.4. Criação e Emissão .......................................................................................... 08
2.4.1. Distribuição Privada de Debêntures .................................................... 09
2.4.2. Distribuição Pública de Debêntures .................................................... 09
2.5. Tipos de Debêntures ...................................................................................... 11
2.5.1. Debêntures não garantidas .................................................................. 11
2.5.2. Debêntures (por si) ............................................................................. 11
2.5.3. Debêntures subordinadas .................................................................... 12
2.5.4. Debêntures de lucros ........................................................................... 12
2.5.5. Debêntures com garantia .................................................................... 13
2.5.6. Debêntures com hipoteca .................................................................... 13
2.5.7. Debêntures Garantidas por colateral ................................................... 14
2.5.8. Certificados de garantia de equipamentos ........................................... 14
2.6. Características ................................................................................................ 16
2.7. Forma Legal ................................................................................................... 17
2.8. Formas de Remuneração ................................................................................ 17
2.9. Amortização ................................................................................................... 18
2.10. Classificação de risco ................................................................................. 18
2.11. Processo ...................................................................................................... 19
2.12. Extinção ...................................................................................................... 21
2.13. Células de debêntures ................................................................................. 21
2.14. Operações com debêntures no SND ........................................................... 22
3. Conclusão ............................................................................................................... 24
4. Bibliografia ............................................................................................................. 26
1. INTRODUÇÃO:
Dentre os fatores relevantes para o êxito de uma empresa ou de um
empreendimento, destacam-se a estrutura de capital e a fonte dos recursos que financiarão o
investimento. Estes fatores determinam o custo médio de capital da empresa, que representa
uma media dos diversos componentes de financiamento incluindo dívida e capital próprio.
Em teoria, os empreendimentos serão implementados somente se o retorno esperado
for superior ao custo de médio de capital associado.
As empresas de grande porte possuem maior facilidade para realizar investimentos,
na medida em que geralmente possuem grandes volumes de recursos próprios e
possibilidade de acesso aos mercados financeiros (emissão de dívida e de ações) - em
função da grande quantidade de ativos que podem ser oferecidos como garantia e da maior
estabilidade dos seus fluxos de caixa. Por outro lado, as pequenas e médias empresas
encontram na indisponibilidade de recursos uma das principais dificuldades para seu
desenvolvimento e/ou expansão.
Em função do maior grau de risco associado, e agravados pela atual conjuntura
macroeconômica no Brasil, os empréstimos a pequenas e médias, quando disponíveis,
geralmente possuem condições pouco competitivas, caracterizadas por elevadas taxas de
juros e curtos prazos de pagamento. Na maioria dos casos, o volume de capital próprio por
parte dos empreendedores é relativamente escasso, dificultando a obtenção de recursos para
investimentos.
É crescente a utilização do mercado financeiro doméstico para captação de recursos
de empréstimos pelas empresas de infra-estrutura através de valores mobiliários, compostos
basicamente por notas promissórias comerciais (commercial papers) para o curto prazo e
debêntures para o longo prazo.
Além desse valores mobiliários, as empresas tomadoras vêm captando através de
contratos de mútuo ou de abertura de crédito, utilizando garantias corporativas ou
vinculação de receita, em operações que utilizam alguns dos instrumentos financeiros de
project finance, devido às dificuldades em ter ativos como garantia real das operações.
Apesar de largamente testados em nosso mercado financeiro, esses contratos
tenderão cada vez mais ser substituídos por valores mobiliários, devido ao fato de serem
desenhados para utilização no mercado de capitais ao contrário dos contratos de
empréstimo tradicionais, possibilitando a reciclagem desses papéis junto aos investidores,
desde que as taxas de risco estejam compatíveis com as fontes das instituições financeiras.
A maior difusão desses papéis deve seguir a tendência de uma redução dos spreads
pagos pelos títulos públicos, com os quais competem e pela atratividade que poderão vir a
ter para investidores institucionais, bancos e seguradoras.
É importante destacar as características dos commercial papers e das debêntures,
pois há uma percepção generalizada de suas vantagens, mas pouco conhecimento sobre
suas limitações, especialmente quanto ao tempo que pode levar para ser negociada uma
emissão de debêntures e os seus limites, em função não só do balanço ou das garantias
oferecidas como também dos registros e procedimentos prévios necessários.
Com esta idéia que começaremos a procurar entender o por que do surgimento das
debêntures, a sua origem e o seu funcionamento e suas correlações com outros fatores no
mercado nacional.
Debênture é um valor mobiliário emitido pelas sociedades anônimas, representativo
de uma fração de um empréstimo. Cada debênture oferece ao debenturista idênticos direitos
de crédito contra a sociedade emissora, direitos esses estabelecidos na Escritura de
Emissão.Trata-se de um título de massa, porquanto as debêntures são sempre emitidas em
bloco.
A finalidade desse tipo de financiamento é a de satisfazer, de maneira mais
econômica, as necessidades financeiras das sociedades por ações, evitando, com isso, os
contratempos das constantes e caras operações de curto prazo.
Dessa forma, as sociedades por ações têm, à sua disposição, as facilidades
necessárias para captação de recursos junto ao público, a prazos longos e juros mais baixos,
com ou sem atualização monetária, e resgates a prazo fixo ou mediante sorteio, conforme
suas necessidades, para melhor adequar o seu fluxo de caixa.
Assim, uma vez identificada a necessidade de captação de recursos financeiros de
terceiros para concretização de investimentos ou para o cumprimento de obrigações
assumidas anteriormente, a administração da empresa levará à Assembléia Geral proposta
para que seja contraído empréstimo, normalmente a longo prazo, mediante a emissão de
debêntures.
A companhia emissora pode efetuar mais de uma emissão de debêntures, sendo que
cada emissão pode ser dividida em séries. Cada série constitui-se de debêntures de igual
valor, conferindo os mesmos direitos.
A Assembléia, obedecendo ao que dispuserem os estatutos, estabelecerá as
características do empréstimo, fixando as condições de emissão, tais como montante,
número de debêntures, prazo, data de emissão, juros (inclusive mediante ágio ou deságio na
emissão), amortizações ou resgates programados, conversibilidade ou não em ações,
atualização monetária e tudo o mais que se fizer necessário, deliberando a respeito.
Uma vez aprovada a emissão de debêntures, cabe à administração da sociedade
praticar todos os atos necessários para a efetivação do empréstimo, mediante a colocação
dos títulos junto ao público, de forma a satisfazer as suas necessidades de recursos.Os
debenturistas têm amparo legal na Escritura de Emissão, proteção acionável através do
agente fiduciário.
A Escritura de Emissão é um instrumento que especifica as condições sob as quais a
debênture será emitida, os direitos dos debenturistas e os deveres da emissora. Da Escritura
de Emissão devem constar, dentre outras, as seguintes condições: montante da emissão,
quantidade de títulos e o valor nominal unitário, forma, condições de conversibilidade,
espécie, data de emissão, data de vencimento, remuneração, juros, prêmio, cláusula de
aquisição facultativa e/ou resgate antecipado facultativo e condições de amortização.
O agente fiduciário é uma das partes envolvidas na Escritura de Emissão,
representando a comunhão dos debenturistas e tendo como uma de suas responsabilidades
exigir que a emissora cumpra com suas obrigações.
2. DEBÊNTURES
2.1.ORIGEM
Debênture é uma palavra advinda do médio ou velho inglês debentur, que, por sua
vez, originou-se do latim debere, que significa dever ou aquilo que deve ser pago. Como o
próprio nome indica, a debênture é, portanto, um título comprobatório de dívida de quem a
emitiu. A expressão inglesa - debenture - é geralmente mais empregada no país do que a
sua correspondente francesa - obligation -, também adotada na legislação brasileira.
2.2.SÍNTESE HISTÓRICA
Não se pode precisar a época do seu surgimento, contudo sabe-se que, há mais de
500 anos, já era usado na prática financeira inglesa um título de características idênticas às
da debênture.
A debênture é um instrumento tradicional de captação de recursos pelas empresas,
normalmente de longo prazo, utilizado em vários países. No Brasil, adquiriu características
peculiares, tornando-se um papel criativo e moldando-se às técnicas de engenharia
financeira, com a finalidade de atingir os objetivos desejados.
A Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas ou Lei das S/A), com as
alterações introduzidas em seu texto, é o documento básico que regula a emissão de
debêntures, aplicando-se, outrossim, as normas regulamentares editadas pelo Conselho
Monetário Nacional, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Banco Central.
Embora a elas já se referisse a antiga Lei das Sociedades Anônimas (Decreto-Lei nº
2.627/45), foi apenas após o surgimento da Lei nº 6.404/76 que a debênture começou,
efetivamente, a ser utilizada como instrumento de captação no Brasil. Entre outras medidas,
a Lei das S/A fixou limites para emissões, disciplinou os registros de Escritura de Emissão e
formalizou a emissão de certificados de debêntures.
Um grande número de emissões ocorreu nos primeiros anos da década de 80, e os
fundos de pensão foram os principais tomadores desses títulos, quer pela atratividade do
retorno dos papéis, quer pela faculdade de serem convertidos em ações.
Entretanto, devido às numerosas alterações tributárias sofridas pelas debêntures ao
longo do tempo, o mercado praticamente ficou estagnado até 1987, quando, por razões de
isonomia fiscal, determinou-se que os títulos deveriam ter características padronizadas para
efeito de incidência daquelas normas tributárias.
Naquela época, a ANDIMA criou o SND - Sistema Nacional de Debêntures,
sistema que faltava para viabilizar um mercado secundário destinado à negociação desses
papéis e que constituía pré-requisito para implantação de um mercado primário dinâmico.
Após 1987, com as mudanças tributárias introduzindo a isonomia fiscal e o
surgimento, a partir de 1988, do SND - Sistema Nacional de Debêntures, e da
multiindexação (através de prêmios), o mercado desse título retornou progressivamente,
estando em expansão desde então.
Por suas características, o desenvolvimento do mercado de debêntures tem como
base o suporte dado pelos investidores institucionais. Entretanto, já há um grande esforço
consolidá-lo junto aos investidores em geral, como ocorre em outros mercados.
Resumindo seu histórico, podemos classifica-lo em quatro fases.
• Fase I : 1860 – autorização legislativa expressa através do Decreto 177-A,
de 15.09.1893, e obrigação ao portador através do Decreto- Lei 781, de
12.10.38, criando a debênture;
• Fase II : Lei 4.728, de 14.07.65 ( Lei do Mercado de Capitais ), colocando a
debênture em seu contexto;
• Fase III : Lei 6.385, de 07.12.76, criando a CVM e definindo a debênture
como valor mobiliário;
• Fase IV : Resoluções do Banco Central, Instruções da CVM, SND da
Andima e Cetip, desenhando a debênture em sua feição atual.
2.3. DEFINIÇÃO
Debêntures são valores mobiliários emitidos por sociedades por ações,
representativos de um empréstimo contraído pela sociedade anônima emitante, cada título
dando direito aos titulares da mesma série idênticos direitos contra a sociedade, como
representação de uma fração do mútuo.
Por serem títulos mais conhecidos, este trabalho não traz, sobre as debêntures, o
mesmo tipo de análise histórica feita com relação ao CP, entrando-se mais em seu aspectos
práticos de mercado.
A função econômica de uma emissão de debêntures seria a de um
empréstimoatravés de captação de recursos diretamente junto ao público investidor,
podendo haver ou não intermediação através de instituições financeiras.
A participação de um agente financeiro, no caso de não ser um subscritor, seria um
mero corretor do lançamento ou representante de terceiros na operação. As debêntures
podem ser emitidas por meio de colocação privada ou pública e nesse caso, é comum o uso
de garantia firme de subscrição.
A estrutura jurídica das debêntures indica que se trata de contrato de mútuo, pelo
fracionamento do empréstimo em títulos negociáveis, reembolso gradual de médio e longo
prazo, acrescido das vantagens prometidas. A debênture tem natureza jurídica de título de
crédito – literal, autônomo, causal e cartular
Só as sociedades por ações, ou seja, as sociedades anônimas ou a inexistentes
comanditas por ações, podem emitir debêntures como está definido na Lei 6.404/76 ( Lei
das S.A.). Por captarem recursos de forma massiva junto ao público, são também valores
mobiliários, como é passada na Lei 6.385/76, que criou a CVM e tratou da matéria.
2.4. CRIAÇÃO E EMISSÃO
Chama-se criação o ato de dar forma à debênture. A data de emissão é aquela em
que a debênture é colocada em circulação, podendo ter vencimento com prazo determinado
ou indeterminado. A competência para deliberar sobre a sua emissão é da assembléia geral
extraordinária.
O valor nominal tem que ser em moeda corrente nacional, exceto para emissões no
exterior. Pode haver vários tipos, envolvendo o preço de colocação. Os direitos assegurados
aos subscritores e debenturistas estarão definidos obrigatoriamente na escritura e em seus
adiantamentos.
Cada emissão deverá ter os atos societários pertinentes registrados na Junta
Comercial e nos registros competentes para as garantias. Dependente se ser emissão pública
ou privada, irá ainda a registro na CVM e na Bovespa.
Para debêntures com emissão no exterior, é necessária a autorização do Banco
Central, devendo envolver sociedades estrangeiras investidores, e elas só podem ter
garantia real ou flutuante. A negociação no mercado Brasileiro de títulos emitidos no
exterior exigirá a autorização da CVM.
Somente as sociedades anônimas podem emitir debêntures. Existem, porém,
algumas impedidas de fazê-lo como, por exemplo, as sociedades de crédito imobiliário (Lei
nº 4.380/64) e as instituições financeiras (Lei nº 4.595/64), exceto quando não recebem
depósitos e desde que previamente autorizadas pelo Banco Central.
A distribuição das debêntures pode ser pública ou privada.
2.4.1. Distribuição Privada de Debêntures
A distribuição privada de debêntures não precisa de registro na CVM, embora possa
haver necessidade de prestação de informações a tal órgão. Esta modalidade de emissão
destina-se, exclusivamente, aos acionistas da emissora ou a um círculo restrito de
investidores com relacionamento junto à emissora, devendo observar as condições
estabelecidas em lei, que definem as características básicas do referido título.
Apesar de não haver definição legal acerca das características principais da
colocação privada de valores mobiliários, entende-se que se enquadram nesta hipótese as
emissões que não envolvem uma oferta pública, conforme detalhado a seguir.
2.4.2. Distribuição Pública de Debêntures
A Lei nº 6.385/76, que criou a CVM, determina em seu artigo 19 que
nenhuma emissão pública será distribuída no mercado sem prévio registro, caracterizando
emissão pública a venda, promessa de venda, oferta à venda ou subscrição, assim como a
aceitação de pedido de venda ou subscrição de valores mobiliários, quando os pratiquem a
emissora, seus fundadores ou as pessoas a elas equiparadas, mediante:
a) a utilização de listas ou boletins de venda ou subscrição, folhetos, prospectos ou
anúncios destinados ao público; e/ou
b) a procura de subscritores ou adquirentes para os títulos, por meio de empregados,
agentes ou corretores; e/ou
c) negociação realizada em loja, escritório ou estabelecimento aberto ao público,
com a utilização dos serviços públicos de comunicação, quando houver.
Equiparam-se à emissora o seu acionista controlador e as pessoas por ela
controladas; o coobrigado nos títulos; as instituições financeiras e demais sociedades que
tenham por objeto distribuir emissão de valores mobiliários; e quem quer que tenha
subscrito valores de emissão, ou os tenha adquirido à emissora, com o fim de os colocar no
mercado.
O prazo de colocação no mercado primário de debêntures não conversíveis em
ações é de seis meses a contar da data do deferimento do pedido de registro pela CVM,
conforme Ofício CVM nº 885, de 3/11/98, sendo que ao término desse prazo o saldo não
subscrito deverá ser cancelado.
No caso de debêntures conversíveis em ações, deverá ser observado o prazo de
seis meses a partir do encerramento do período de preferência concedido aos acionistas da
emissora.
2.5. TIPOS DE DEBÊNTURES
2.5.1. Debêntures não garantidas
Debêntures não-garantidas são emitidas sem a caução de qualquer tipo específico
de colateral. Portanto, representam uma reivindicação sobre os lucros da empresa, não
sobre seus ativos. Há três tipos básicos de debêntures não-garantidas: debêntures,
debêntures subordinadas e debêntures de lucros.
2.5.2. Debêntures (por si)
As debêntures têm uma reivindicação sobre quaisquer ativos da empresa que
restarem após terem sido satisfeitas as reivindicações de todos os credores com garantia. O
contrato sob o qual uma debênture é emitida poderá conter restrições a respeito da emissão
de debêntures futuras ou empréstimo com garantia.
Já que o possuidor da debênture é apenas um credor geral, estas cláusulas poderão
ser bastante importantes. Apenas as empresas de grande credibilidade podem emitir
debêntures. As debêntures conversíveis geralmente são deste tipo.
2.5.3. Debêntures Subordinadas
As debêntures subordinadas são aquelas que estão especificamente subordinadas a
outros tipos de dívida. Embora os possuidores de dívida subordinada se alinhem abaixo de
todos os outros credores a longo prazo.
Quanto à liquidação e o pagamento de juros, suas reivindicações precisam ser
satisfeitas antes das de acionistas comuns e preferenciais. Algumas pessoas consideram as
debêntures subordinadas como um tipo de capital próprio. O risco mais elevado das
debêntures subordinadas geralmente as torna um método mais dispendioso de
financiamento para a emitente.
Se as debêntures subordinadas forem conversíveis, elas poderão ter uma taxa de
retorno inferior às das debêntures. A existência de debêntures subordinadas é benéfica aos
possuidores de debêntures regulares (prioritárias) no caso de liquidação.
2.5.4. Debêntures de Lucros
Uma debênture de lucros exige o pagamento de juros somente quando existirem
lucros disponíveis para efetuar o pagamento. Geralmente, essas debêntures são emitidas
durante a reorganização de uma empresa falida ou prestes a falir.
Os juros não pagos são acumulados e devem ser pagos antes de qualquer
distribuição de fundos a acionistas comuns. Em vista da frágil reivindicação do debenturista
de lucros sobre os ativos da empresa. A taxa de juros estipulada é geralmente bem elevada.
2.5.5. Debêntures com Garantia
Há uma variedade de debêntures com garantia para levantar fundos a longo prazo.
Os tipos básicos são: debêntures com hipotecas, debêntures garantidas por colateral e
certificados de garantia de equipamentos.
Debêntures com garantia, como empréstimos a curto prazo com garantia, têm
ativos específicos como colateral. Se a emitente deixa de observar quaisquer cláusulas do
contrato de debêntures com garantia, o agente fiduciário poderá liquidar o colateral para
satisfazer às reivindicações do possuidor de debêntures. Se a reivindicação total do
possuidor de debêntures não for satisfeita através da liquidação, ele se torna um credor
geral.
2.5.6. Debêntures com Hipoteca
Uma debênture com hipoteca é uma debênture garantida com um vínculo sobre
propriedade real ou edificações. Normalmente, o valor de mercado do colateral é maior do
que o montante da emissão da debênture.
Algumas debêntures com hipotecas são garantidas por hipotecas gerais, de forma
que todos os ativos da empresa atuem como colateral. Uma debênture de primeira hipoteca
dá ao seu possuidor a primeira reivindicação sobre ativos garantidos. Uma debênture de
segunda hipoteca dá ao seu possuidor uma reivindicação secundária sobre ativos já
garantidos pela primeira hipoteca.
A debênture de primeira hipoteca é obviamente a mais segura, já que o possuidor
tem prioridade para reivindicar os ativos empenhados . Embora a primeira e segunda
hipotecas sejam mais comuns, podem-se registrar hipotecas subseqüentes. As
reivindicações de possuidores de debêntures de primeira hipoteca precisam ser satisfeitas
antes do pagamento de quaisquer reivindicações de hipotecas subseqüentes.
2.5.7. Debêntures Garantidas por Colateral
Se o título possuído por um agente fiduciário consistir de ações e (ou) debêntures
de ou5ras companhias, as debêntures garantidas, emitidas contra este colateral, são
chamadas de debêntures garantidas por colateral. Já que os ativos de companhias holding
consistem de ações e debêntures de suas subsidiárias, as companhias holdíng são as
emitentes básicas de debêntures garantidas por colateral.
Muitas dessas debêntures possibilitam a substituição de ativos permanentes,
contanto que seja mantido um prêmio colateral predefinido sobre o montante emprestado.
O valor do colateral geralmente precisa ser de 25% a 35% superior ao valor das debêntures.
2.5.8. Certificados de Garantia de Equipamentos
Os certificados de garantia originariamente de equipamentos foram usados
basicamente pelas companhias ferroviárias, para financiar a compra de equipamentos. Hoje
são geralmente usados por linhas aéreas, de navegação e frotas de caminhões, para
financiar seu "estoque rodante" - aviões, caminhões ou barcos.
A fim de obter o equipamento, um pagamento inicial de 20% ou 25% é feito pela
empresa (tomador) ao agente fiduciário, que é normalmente um banco. Este vende
certificados para levantar os fundos adicionais exigidos para comprar o equipamento do
fabricante. A companhia paga contraprestações periódicas ao agente fiduciário, que então
paga dividendos aos possuidores do certificado.
Os certificados vencem em séries e são resgatados pelo agente, usando o saldo das
contraprestações. A contraprestação final é usada para resgatar quaisquer certificados
remanescentes. Após a contraprestação final, o agente transfere o direito de posse do
equipamento à companhia.
A contraprestação anual ao agente é determinada com o objetivo de cobrir o custo
de dividendos, resgatar certificados e pagar as despesas de garantia em cada período da
vida do contrato de garantia. Embora tenha sido discutido neste capítulo, deveria ficar claro
que os certificados de garantia de equipamentos são essencialmente uma forma de leasing.
Para se entender melhor as garantias nas debêntures, é importante ter clara , a
título de exemplo, a classificação dos créditos na falência, lembrando que só se passa à
classe seguinte de credores depois de paga integralmente a anterior.
Resumidamente, primeiro são pagos os créditos trabalhistas, depois os fiscais
(União, estados/distrito federal e municípios, nessa ordem). Após gastos com o processo, a
classe seguinte é composta pelos credores (debenturistas inclusive) que tenham garantia
real. Se estiverem todos satisfeitos, passa-se aos credores com privilégio especial.
Seguem-se os credores com privilégio geral , os credores sem preferência são em
geral bancos, que financiam o capital de giro, e os fornecedores, que financiaram as
compras da empresa. Mas ainda abaixo deles podem estar tomadores subordinados de
títulos de emissão de sociedades anônimas (inclusive debêntures). Por ultimo, a falência
pagaria os direitos dos sócios, inclusive as ações convertidas de debêntures.
A partir disso, pode-se perceber que a posição creditícia dos debenturistas é muita
variada e deve ser observada, com atenção, já na escritura de emissão pelos interessados na
sua subscrição.
Esse ponto é importante para mostrar as fragilidades de análises comparativas
entre os mercados Brasileiro e Norte-americano ou Europeu, onde algumas normas
processuais locais privilegiam o crédito de curto prazo em relação ao longo prazo, alterando
substancialmente tanto a lógica do risco de crédito quanto as taxas de juros e o sucesso da
utilização desses papéis como fonte para os projetos de infra-estrutura ou empresariais em
geral.
As garantias acessórias das debêntures podem ser de diferentes naturezas. É
comum haver garantia fidejussória, representada por fiança na escritura de emissão e aval
nos títulos, dada em geral por controladores.
Como já foi comentado, as condições da emissão podem trazer privilégios e
preferências, representando uma posição creditícia especial sobre o ativo da companhia.
Pode haver uma garantia lastreada em recebíveis, através de securitização. Podem ser
usados, ainda convenants representados por um conjunto de obrigações que exijam, sob
pena de vencimento antecipado, o atendimento de índices financeiros, que asseguram,
direta ou indiretamente, o pagamento da dívida.
2.6. CARACTERÍSTICAS
Uma sociedade anônima pode fazer várias emissões, que podem ser divididas em
séries, com juros fixos ou variáveis, gerar participação nos lucros e oferecer prêmio de
reembolso.
As debêntures podem ter amortização ou resgate parciais e prazo de vencimento
determinado ou não, podem ser adquiridas pela própria emitente e mantidas em tesouraria e
têm prazo superior a um ano, sendo mais freqüentes os prazos de três anos, com
repactuações, em geral, anuais.
2.7. FORMA LEGAL
Quanto a forma, as debêntures podem ser nominativas, quando constar o nome do
titular no certificado, ou nominativas escriturais, quando não há necessidade da emissão do
certificado. Nesse último caso, elas serão mantidas em contas de depósito em nome do
titular, em instituição financeira depositária pela emissora.
2.8. FORMAS DE REMUNERAÇÃO
Pode-se falar em juros remuneratórios fixos ou flutuantes, prêmio de reembolso,
prêmio de continuidade ou permanência, participação nos lucros – renda variável,
remuneração repactuada ou reprogramada, deságio e correção monetária, sendo vedado,
para títulos internos, a indexação cambial.
As variações nas taxas de juros praticadas pelo mercado Brasileiro fizeram com
que a repactuação se tornasse a regra nas emissões de debêntures simples ou conversíveis.
Através da cláusula de repactuação existente na escritura de emissão, as taxas de juros
pagas aos tomadores são revistas pela sociedade emitente a cada seis meses ou a cada ano,
dependendo de cada caso, fixando um novo período de remuneração para a série de
debêntures.
Essa cláusula tem a vantagem de permitir a emissão de títulos com prazos mais
longos que aqueles que o mercado aceitaria tomar sem a repactuação e tem a desvantagem
do risco de toda a emissão ser apresentada para resgate.
2.9. AMORTIZAÇÃO
Admitem-se as seguintes formas de amortização:
• Resgate Facultativo (a qualquer tempo, segundo critérios prefixados);
• Resgate Programado (mecanismo fixado na escritura: mensal, trimestral ou
anual);
• Amortização Parcelada (reduz valor delas por pagamento, sem resgate);
• Fundo de Amortização (constituído pela emissora)
2.10. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
Nos mercados mais maduros, sempre que se fala em emissão de títulos para o
mercado de hoje, fala-se em contratação de uma agência independente classificadora de
riscos para dar um rating para o papel. Esse rating apresentará um grau de risco
diferenciado em função de suas características.
Diante de tantas opções de investimento em um mundo globalizado, os
investidores e seus administradores de carteiras acostumaram-se a utilizar-se de agentes
intermediários, que os orientam sobre riscos, tendo se tornado hoje o rating um importante
instrumento de decisão.
Uma mudança de avaliação da percepção de risco pode fazer com que um mercado
em momento de pouca segurança acompanhe essa avaliação causando o efeito de manada.
Teoricamente as sociedades serão tão melhores para um mercado que as
desconheça quanto melhores forem os seus sistemas de informações e o seu uso de práticas
de governança corporativa.
Se torna claro, o fato que também influem o seu risco de crédito e a remuneração
compatível a seus acionistas e investidores, sendo que, no caso das debêntures, são as
importantes as taxas de juros, o prazo de pagamento, as condições e as garantias. Essas
avaliações independentes mantêm a qualidade de risco de portfólios de investidores e forma
o preço de títulos para underwrites e corretores.
2.11. PROCESSO
Cabe privativamente à Assembléia Geral deliberar sobre a emissão de debêntures.
Nessa ocasião, serão discutidas e aprovadas as condições sob as quais as debêntures serão
emitidas, estipulando-se o montante do empréstimo, prazo, juros, épocas de amortização e
de resgate, garantias, espécie de debêntures, conversibilidade ou não, prêmios, repactuação
e tudo o mais que for necessário para caracterizar os títulos que serão emitidos.
A Assembléia Geral pode delegar ao Conselho de Administração a deliberação
sobre a oportunidade da emissão; a época e as condições de vencimento, amortização ou
resgate; a época e as condições do pagamento dos juros, da participação nos lucros e do
prêmio de reembolso, se houver; o modo de subscrição ou colocação; e o tipo das
debêntures.
Ao Conselho de Administração também pode ser delegada a decisão sobre o
cancelamento das debêntures não colocadas durante o prazo de distribuição, bem como
daquelas mantidas em Tesouraria, neste último caso mediante declaração do agente
fiduciário de que as debêntures canceladas não são de titularidade de debenturistas.
A emissão de debêntures está subordinada à outorga de uma Escritura de Emissão
de debêntures, lavrada por instrumento público ou particular, assinada pelos representantes
legais da sociedade e com a participação do agente fiduciário dos debenturistas, em se
tratando de emissão para colocação pública.
As condições da Escritura de Emissão terão por base aquelas aprovadas em
Assembléia Geral. A modificação das condições da Escritura de Emissão será feita através
de aditamentos, que podem ter origem em decisão da Assembléia Geral de Debenturistas ou
constituir meramente um aprimoramento de cláusulas por iniciativa da emissora ou do
agente fiduciário.
Os atos preliminares à emissão de debêntures são:
a) arquivamento e publicação da ata da Assembléia Geral que deliberou a emissão
de debêntures no Registro do Comércio (Junta Comercial);
b) inscrição da Escritura de Emissão no Registro Geral de Imóveis do lugar da sede
da emissora.
Caso a emissora tenha oferecido garantias reais para a emissão, estas deverão ser
previamente constituídas, de acordo com a lei civil.
Todos esses atos deverão ser praticados pelos administradores da emissora, que
responderão pelas perdas e danos causados à emissora ou terceiros no caso de não
cumprimento dos mesmos.
Uma vez emitidas, as debêntures ganharão vida no mercado primário. A função
principal do mercado primário é a colocação de debêntures oriundas de novas emissões. O
mercado primário é representado pelas instituições coordenadoras, garantidoras e
colocadoras das emissões, que formam o pool ou consórcio dos underwriters.
A partir daí, as debêntures passam a ser negociadas no mercado secundário, que é
aquele que permite a transferência de recursos e títulos anteriormente adquiridos no
mercado primário entre investidores e/ou instituições.
2.12. EXTINÇÃO
Ocorrerá pelo pagamento no vencimento ou antecipado, considerando-se haver prazo
determinado ou indeterminado. Pode haver amortização parcial e resgate parcial ou o título
pode ser comprado pela própria emitente.
Há também outros casos, como prescrição, falência, permuta, compensação,
confusão ou dissolução. De qualquer modo, é necessário manter os registros por cinco anos
na sociedade.
2.13. CÉDULAS DE DEBÊNTURES
É um instrumento de captação garantido por penhor de debêntures emitidas por
outras sociedades por ações. Há um descasamento entre o instrumento creditório e as
condições dos títulos que servem de garantia. Nesses títulos, há transferência de risco da
emissão das companhias para instituição financeira emissora das cédulas.
Há uma dupla proteção para o tomador dessas células – o penhor das debêntures e a
credibilidade da emissora. Elas só podem ser emitidas por bancos comerciais, múltiplos, de
investimento ou de desenvolvimento. São escriturais e têm registro no Sistema Nacional de
Ativos da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos e custódia em
instituição autorizada pela CVM.
2.14. OPERAÇÕES COM DEBÊNTURES NO SND
O projeto de reestruturação do SPB – Sistema Nacional Brasileiro tem como
principal objetivo aumentar a solidez do Sistema Financeiro Nacional por meio da redução
do risco sistêmico, transferindo para o mercado o risco de crédito que hoje recai sobre a
Autoridade Monetária quando permite a existência de saldo negativo nas contas Reservas
Bancárias mantidas pelas instituições financeiras.
Conforme a ANDIMA , o que quer se evitar, em ultima instâncias, seria os déficits
sistemáticos verificados nessas contas, estimados em um valor alto, na casa dos bilhões, ao
longo do dia, tenham que ser cobertos pelo Banco Central, com o objetivo de afastar o
chamado risco sistêmico, situação em que a inadimplência de um ou mais agentes acarreta
novas insolvências, ameaçando o sistema como um todo.
Assim, a implementação do novo SPB representará um alinhamento aos padrões
internacionais, devendo exigir maior cuidado de seus participantes no gerenciamento do
risco associado aos pagamentos e recebimentos de recursos, através da utilização de
salvaguardas, que também contribuirá para melhorar o risco do Brasil.
Muitas das mudanças também devem produzir impactos no dia-a-dia de empresas,
investidores institucionais e pessoas físicas. Afina, se por um lado o novo mogdelo permite
acesso a recursos em tempo real, por outro, exige que esses mesmos recursos estejam
disponíveis em conta corrente no momento de se efetuar uma aplicação financeira.
Tais modificações certamente demandarão um monitoramento mais preciso do fluxo
de caixa ao longo do dia, devendo ainda, favorecer o surgimento de novos produtos
bancários.
Com essas mudanças a Associação – ANDIMA, criou um comitê especialmente para
acompanhar o assunto. Seus integrantes têm apresentado propostas e se constituído em
interlocutores do Banco Central no que diz respeito ao segmento de renda fixa.
No que se refere ao Sistema nacional de Debêntures – SND, cabe destacar os
procedimentos adotados pela ANDIMA para adapta-lo a essas mudanças. Apresentados a
seguir:
No sistema atual, as instituições realizam operações por conta própria ou para
terceiros, procedendo o registro nos respectivos sistemas, que não sensibilizam
imediatamente as contas reservar bancárias.
Com exceção dos lançamentos de operações próprias, cambiais, ou no selic, a
liquidação geralmente ocorre entre a transição Banco – compe (serviço de compensação de
cheques e outros papéis em que a liquidação é defasada e pelo valor líquido multilateral,
acontecendo no dia seguinte ao da compensação, no caso de cheques de valor igual ou
superior a determinado limite (R$300,00) – reservas bancárias, diretamente através das
contas reservas bancárias, sem o estabelecimento de salvaguardas.
No novo sistema, as transferências de recursos entre contas reservas bancárias serão
efetuadas somente através do STR – sistema de transferência de reservas, uma a uma, em
tempo real, de forma final e irrevogável.
Assim, as operações realizadas pelas instituições financeiras poderão ocorrer
direitamente no STR ou no SELIC, na CETIP ou nas câmaras de compensação, que
utilizarão sistemas com salvaguardas para promover a liquidação pelo valor líquido, mesmo
em caso de inadimplência de participantes, também através do STR.
3. CONCLUSÃO
Procurou-se mostrar neste trabalho de conclusão de curso – Pós Graduação em
Finanças Corporativas – as características mais importantes de um dos valores mobiliários
mais usado entre nós, para captação de recursos de empréstimo de forma massiva junto ao
público, como reza a Lei 6.385/76.
Debêntures são valores mobiliários emitidos por sociedades por ações,
representativos de um empréstimo contraído pelas mesmas, cada título dando aos portadores
de uma mesma série idênticos direitos contra a sociedade, cada um representando uma
fração do mútuo.
São títulos de longo prazo, basicamente simples ou conversíveis, normalmente com
boas garantias, com rentabilidades menores que uma emissão de Comercial Papers e com
muito maior liquidez, embora em um mercado incipiente.
Percebeu-se também que as debêntures é o instrumento mais comum de
securitização de obrigações de médio e longo prazos para operações de captação de recursos
no mercado de capitais nacional, que envolvam sociedades por ações e um instrumento
adequado tanto para empréstimos tradicionais como para operações de project finance.
As debêntures, por serem instrumentos de captação no longo prazo, são mais
adequadas para os suportes financeiros de operações de infra-estrutura, possuindo um
mercado secundário mais ativo, já com algum volume de negociação e possuindo
instrumentos de opções de venda e de compra para o investidor ter acesso à liquidez
independentemente do prazo final de vencimento – alongamento de prazo.
Entretanto, é importante observar que as debêntures são títulos que têm seus limites
circunscritos pelo balanço da sociedade emissora, pelas garantias ou mesmo pelas
características do capital, se conversíveis. Acerca disso, as debêntures têm características e
aceitação muito diferentes em função de serem ou não conversíveis em ações.
Finalmente o papel dos agentes financeiros nessa emissões é de crucial importância,
como se procurou mostrar neste trabalho de conclusão de curso , tal a diversidade de
posições em que podem atuar. Pode-se mesmo imaginar um cenário em que agentes
financeiros, públicos ou não, possam garantir funding para operações de mercado, não
apenas pela subscrição ou colocação de recursos, mas também pela utilização de
instrumentos financeiros que permitam apenas garantia ou dilatação de prazos para
tomadores, como já vem sendo ensaiado em algumas operações.
Com este trabalho, foi apresentado dados que explicam as debêntures, passando por
sua origem, história , definição, tipos, características, criação e extinção. Esperando que
com este trabalho tenha conseguido tirar as duvidas existentes, e fazendo com que crie um
maior interesse por esse titulo tão usado no Brasil.
4. BIBLIOGRAFIA
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Nacional de Debêntures. Rio de Janeiro, Andima, 1998.
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