53
JORGE LUIZ FORTUNA DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM FÍGADO, MÚSCULO E RIM DE SUÍNOS ABATIDOS SOB SERVIÇO DE INSPEÇÃO ESTADUAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Monografia apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Médico Veterinário. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal Supervisor: Prof. o Dr. TEÓFILO JOSÉ PIMENTEL DA SILVA Niterói 1997

UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Detecção e quantificação de resíduos de antibióticos em fígado, músculo e rim de suínos abatidos sob serviço de inspeção estadual no estado do Rio de Janeiro.

Citation preview

Page 1: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

JORGE LUIZ FORTUNA

DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM

FÍGADO, MÚSCULO E RIM DE SUÍNOS ABATIDOS SOB SERVIÇO DE

INSPEÇÃO ESTADUAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Monografia apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Médico Veterinário. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal

Supervisor: Prof.o Dr. TEÓFILO JOSÉ PIMENTEL DA SILVA

Niterói

1997

Page 2: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

2

JORGE LUIZ FORTUNA

DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM

FÍGADO, MÚSCULO E RIM DE SUÍNOS ABATIDOS SOB SERVIÇO DE

INSPEÇÃO ESTADUAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Monografia apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Médico Veterinário. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal.

Aprovado em 12 de dezembro de 1997.

Niterói 1997

Page 3: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

3

DEDICATÓRIA

Tudo que sou, Tudo que tenho, Tudo que sei, Devo a vocês, meus pais.

Page 4: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

4

AGRADECIMENTOS

A Deus, nosso Pai Oxalá, pois sem a Sua força nada seria possível.

A Érica Costa Rodrigues, pela paciência, compreensão e incentivo dedicado.

Aos meus amigos Vinicius Cunha Barcellos & Marcello Campos Valverde, que a

amizade seja eterna.

Ao meu Supervisor, Prof. Dr. Teófilo José Pimentel da Silva, pela experiência,

dedicação e, principalmente, paciência no trabalho.

A todos meus amigos que, direta e/ou indiretamente, contribuíram para a

realização desse trabalho.

Às Diretorias do Matadouro Piabetão Indústria e Comércio de Carnes e Derivados

Ltda., ao Médico Veterinário Dr. José Mauro Bereicoa e aos funcionários deste

estabelecimento pela oportunidade e atenção.

Page 5: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

5

“Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo toda a vida.”

- Lao Tsé - Séc. VI a.C.

“Sempre que ensinares, ensina também a duvidar do que ensinas.”

- José Ortega y Gasset - 1883-1955

Page 6: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS........................................................................................................8 LISTA DE TABELAS........................................................................................................9 RESUMO........................................................................................................................11 ABSTRACT....................................................................................................................12 1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................16 2.1 ANTIBIÓTICOS.......................................................................................................16 2.1.1 Penicilina..............................................................................................................16 2.1.2 Aminoglicosídeos.................................................................................................17 2.1.3 Tetraciclinas.........................................................................................................17 2.1.4 Eritromicina...........................................................................................................17 2.2 ANTIBIÓTICOS COMO ADITIVOS ALIMENTARES...............................................19 2.3 PROMOTORES DE CRESCIMENTO.....................................................................19 2.4 PRAZOS DE RETIRADA E TOLERÂNCIA.............................................................21 2.5 TECIDO DE ESCOLHA...........................................................................................24 2.6 OCORRÊNCIA DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM SUÍNOS.........................24 2.7 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS.........................25 3 MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................28 3.1 MÉTODO DE AMOSTRAGEM...............................................................................28 3.2 ANÁLISES LABORATORIAIS................................................................................29 3.2.1 Microrganismos testes........................................................................................30 3.2.2 Potência dos antibióticos.....................................................................................31 3.2.3 “Swab Test on Premises” (STOP) - Teste presuntivo...........................................31

Page 7: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

7

3.2.3.1 Cultivo e produção de esporos.........................................................................31 3.2.3.2 Padronização da suspensão de esporos e determinação do número de esporos

por ml da suspensão........................................................................................32 3.2.3.3 Determinação da sensibilidade das placas......................................................32 3.2.3.4 Preparação das placas para o ensaio..............................................................33 3.2.3.5 Determinação...................................................................................................34 3.2.4 “Bioassay Test” (Bioensaio) - Teste confirmativo...............................................39 3.2.4.1 Preparação das suspensões bacterianas........................................................39 3.2.4.2 Preparação das soluções tampão....................................................................39 3.2.4.3 Preparação dos padrões de antibióticos..........................................................40 3.2.4.4 Preparação das placas para o bioensaio..........................................................41 3.2.4.5 Preparação da amostra.....................................................................................43 3.2.5 Tratamento Estatístico.........................................................................................43 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................44 5 CONCLUSÕES..........................................................................................................49 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................50 7 APÊNDICE.................................................................................................................52 7.1 APÊNDICE 1...........................................................................................................52

Page 8: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

8

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Amostras de tecidos com o swab. O álcool (68%) foi usado para a

desinfecção do saco plástico.........................................................35

FIGURA 2 Corte das hastes dos swabs..........................................................36

FIGURA 3 Colocação do swab na placa.........................................................37

FIGURA 4 À esquerda: placas controles de crescimento das cepas no meio, e

aparecimento de halos de inibição. À direita: leitura das placas.

Neste caso não houve resultados positivos (ausência de halo de

inibição).........................................................................................38

Page 9: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

9

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Antibióticos usados como aditivos para rações de suínos.........18

TABELA 2 - Ganho diário (%) de crescimento em animais alimentados com

rações que continham antibióticos............................................20

TABELA 3 - Prazos de retirada e níveis de tolerância de drogas injetáveis em

suínos........................................................................................22

TABELA 4 - Prazos de retirada e níveis de tolerância de drogas usadas por

via oral em suínos.....................................................................23

TABELA 5 - Concentrações dos antibióticos (ppm); exceto penicilina (UI/mg),

para determinação das curvas-padrão......................................41

TABELA 6 - Sensibilidade adequada para o teste do bioensaio...................42

TABELA 7 - Diâmetro médio dos halos de inibição (mm) obtidos pela cultura

de Bacillus subtillis na concentração de 3,0 x 103 esporos por

placa, para as Concentrações Inibitórias Mínimas (CIM) de cada

antibiótico (ppm)........................................................................45

TABELA 8 - Diâmetro médio dos halos de inibição (mm) nas diferentes

Concentrações Inibitórias Mínimas (CIM) de Clortetraciclina,

Oxitetraciclina e Tetraciclina, obtidos utilizando 3,0 ml da

Page 10: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

10

suspensão de Bacillus cereus na diluição de 10-4 em 100 ml de

Agár 8........................................................................................45

TABELA 9 - Número de amostras analisadas e positivas pelo STOP, por tipo

de tecido e produtor, de amostras de suínos colhidas em julho

de 1997, no Matadouro Piabetão, Magé-RJ..............................46

TABELA 10 - Diâmetros dos halos de inibição (mm) pelo teste do bioensaio, por

suíno e tipo de tecido positivo no STOP....................................47

Page 11: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

11

RESUMO

Ao mesmo tempo em que os antibióticos tornaram-se de uso rotineiro na criação de animais com função profilática e/ou promotora de crescimento, surgiram as preocupações dos resíduos ou riscos para o consumidor e os programas de monitoramento higiênico-sanitários dos mercados mais exigentes (externo). Assim, com o objetivo de verificar a ocorrência de resíduos de penicilina, estreptomicina, neomicina, tetraciclina, clortetraciclina, oxitetraciclina, e eritromicina e quantificá-los, foram colhidas amostras de fígado, músculo e rim de 42 suínos tipo carne, provenientes de 07 produtores diferentes, abatidos sob serviço de Inspeção Estadual, no município de Magé-RJ, durante o mês de julho de 1997. As amostras foram submetidas inicialmente a um teste de triagem (“Swab Test on Premises - STOP”) com cepas de sensibilidade específica para Bacillus subtilis ATCC 6633 e Bacillus cereus var. mycoides ATCC 11778, e se o resultado fosse positivo, ao teste confirmativo (“Bioassay Test”), com cepas de sensibilidade específica para cada antibiótico: Bacillus subtilis ATCC 6633, Bacillus cereus var. mycoides ATCC 11778, Sarcina lutea ATCC 9341 a, Staphylococcus epidermidis ATCC 12228 e Sarcina lutea ATCC 15957. As amostras analisadas, ou não demonstraram a ocorrência desses resíduos de antibióticos em suínos tipo carne, ou os níveis encontrados estavam dentro dos padrões permitidos pelos órgãos de saúde pública e de inspeção sanitária. Conclui-se, que estes produtores observam os prazos de retirada e tolerância para as drogas veterinárias desses suínos tipo carne, abatidos sob regime de Inspeção Estadual no Estado do Rio de Janeiro, já que a maioria dos produtores de animais de abate, utiliza aditivos na alimentação, principalmente antibióticos, como promotores de crescimento. PALAVRAS-CHAVE : antibióticos, resíduos, carne suína, teste do swab (STOP),

bioensaio.

Page 12: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

12

ABSTRACT

At the time that antibiotics have been used on a practice basis in animal beeding for food production with prophylaxis function and to promote growth, appeared concerns about residues or risks for consumer and the sanitary-hygienic monitoring programs of the strictest market (external). To verity the residues ocurrence of penicillin, streptomycin, neomycin, tetracycline, chlortetracycline, oxitetracycline, and eritromycin, and quantify them, were collected samples of kidney, liver and muscle of 42 swines meat type, deriving from 7 producers, slaughtered under State Inspection, in Magé municipal district - Rio de Janeiro, in July 1997. The samples were tested in a presumptuous test (“Swab Test on Premises - STOP”) using specific sensibility strain for Bacillus subtilis ATCC 6633 and Bacillus cereus var. mycoides ATCC 11778, and if the result of test were positive, tested for confirmation (“Bioassay Test”), using especific strain for each antibiotic: Bacillus subtilis ATCC 6633 e Bacillus cereus var. mycoides ATCC 11778, Sarcina lutea ATCC 9341 a, Staphylococcus epidermidis ATCC 12228 and Sarcina lutea ATCC 16957. The analyzed samples, either didn’t demonstrate the ocurrance of those residues of antibiotics in swines meat type, or the observed levels was in accordance with the permitteds standards for the organs of public health and the sanitary inspection. The conclusion is that these producers observe the retired and tolerance time for the veterinary drugs of those swines meat type, slauthered under State Inspection in Rio de Janeiro State, now that the majority of the slauther animals producers, use additives in the alimentation like growth promoters, and the most used are the antibiotics. KEY-WORDS : antibiotics, residues, swine meat, swab test (STOP), bioassay.

Page 13: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

13

1 INTRODUÇÃO

O uso de drogas, em animais de produção, no tratamento de

doenças é uma prática antiga da Medicina Veterinária. Porém nos últimos anos a

utilização de antibióticos, como promotores de crescimento, vem aumentando,

tornando-se parte integrante do manejo da criação como função de prevenir

doenças e/ou aumentar a produção do rebanho.

Estas drogas têm sido utilizadas principalmente como aditivos em

rações, melhorando a eficiência dos alimentos e proporcionando maior

desenvolvimento e produtividade dos animais. Tem grande importância, também,

a utilização de antibióticos para mascarar sinais clínicos de doença por ocasião

do abate. Entretanto, os agentes antimicrobianos, caso não sejam corretamente

utilizados (terapia indiscriminada com antibióticos, super-dosagem e não

observância do período de retirada do antibiótico antes do abate) podem acarretar

em presença de resíduos de antibióticos nas vísceras e músculos dos animais .

Page 14: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

14

É sabido que a rotina de inspeção “post-mortem” não permite avaliar

a presença destes antibióticos e, geralmente, o período de depleção não é

observado devido à desinformação do produtor. Este fato resulta em risco ao

consumidor, pois estes resíduos, quando presentes, podem prejudicar a saúde

humana, acarretando reações alérgicas, podendo ocorrer choque anafilático e

inclusive morte. Além disso, o uso de forma indireta e a longo prazo, devido à

grande exposição de microrganismos a essas drogas, pode dar origem a uma

seleção de cepas resistentes que poderá ser transferida entre bactérias.

No Brasil, a detecção de resíduos de antibióticos é feita somente em

estabelecimentos de Inspeção Federal, cuja carne é destinada à exportação,

tendo custo operacional elevado. Por outro lado, não se conhece, ainda, trabalho

científico nacional realizado com amostras de suínos abatidos sob serviço de

Inspeção Sanitária Federal e/ou Estadual e/ou Municipal para comercialização no

mercado interno.

Devido aos fatos expostos, observou-se uma necessidade de se

conhecer a realidade deste problema, e assim sendo, este trabalho teve como

objetivos:

• Detectar resíduos de antibióticos em músculos, fígado e rim de

suínos abatidos em matadouros e/ou abatedouros sob serviço de Inspeção

Estadual, no Estado do Rio de Janeiro;

• Verificar se as amostras positivas terão níveis de antibióticos

acima dos permitidos pelos órgãos de saúde pública e de inspeção sanitária;

Page 15: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

15

• Ratificar a importância do Médico Veterinário, da utilização dos

antibióticos em animais de produção de alimentos, aos prazos de retirada e

tolerância para as drogas veterinárias.

Page 16: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ANTIBIÓTICOS

São substâncias químicas produzidas por várias espécies de

microrganismos (bactérias, fungos, actinomicetos) que impedem o crescimento de

outros microrganismos, podendo eventualmente destruí-los (Goodman & Gilman,

1990, p. 675).

Na exploração animal, os antibióticos têm sido utilizados com duas

finalidades principais: (1) aditivos em rações para maior desenvolvimento e

conseqüentemente funcionando como promotores de crescimento; (2) prevenção

ou tratamento de doenças específicas, administrados por via parenteral, oral ou

misturados às rações (Valle, 1985, p. 207).

2.1.1 Penicilina

Cerca de um terço de penicilina G administrada via oral é absorvida

pelo trato intestinal e uma pequena parte é absorvida no estômago. A quantidade

Page 17: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

17

excretada pelas fezes é muito pequena. A penicilina G é rapidamente eliminada

do organismo pelos rins e pequena quantidade na bile (Goodman & Gilman, op.

cit., p. 709).

2.1.2 Aminoglicosídeos

A estreptomicina e neomicina são rapidamente absorvidos quando

administrados via intramuscular e subcutânea. Não são absorvidos

satisfatoriamente por via oral. Os aminoglicosídeos têm alta afinidade pelo tecido

renal, apresentando nefrotoxidade (ibid., p. 731).

2.1.3 Tetraciclinas

São absorvidas de forma incompleta pelo trato gastrointestinal.

Grande parte desta absorção ocorre no estômago e nas primeiras porções do

intestino delgado. As tetraciclinas concentram-se no fígado e são excretadas

através da bile no intestino, onde são parcialmente reabsorvidas. Devido a sua

circulação entero-hepática, podem ser encontradas no sangue muito tempo após

a suspensão do tratamento. Todas as tetraciclinas são excretadas na urina e nas

fezes, mas a principal via de excreção é a renal (ibid., p. 742).

2.1.4 Eritromicina

Page 18: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

18

Absorvida na parte superior do intestino delgado, porém é inativada

pelo suco gástrico. Apenas 2 a 5% da eritromicina administrada por via oral é

excretada pela urina, enquanto que 12 a 15% é excretada após via intravenosa. O

antibiótico concentra-se no fígado e é excretado pela bile (ibid., p. 750).

TABELA 1 Antibióticos usados como aditivos para rações de suínos (Cavalcanti, 1987).

ANTIBIÓTICOS ANIMAL DOSAGEM INDICAÇÃO PARA USO

Bacitracina de zinco Leitões

Suínos em crescimento

40 - 120 g/ton

10 - 50 g/ton

Promotor do crescimento e da eficiência alimentar Promotor do crescimento e da eficiência alimentar

Espiramicina pamoato

Suínos

50 g/ton

30 g/ton (até o desmame) 5 g/ton (do desmame à engorda)

Tratamento da pneumonia, diarréia, pneumoenterite, piobacilose. Promotor do crescimento e da eficiência alimentar

Eritromicina isotiocianato

Leitões

Suínos - acabamento

10 - 70 g/ton

10 g/ton

Promotor do crescimento e da eficiência alimentar Promotor do crescimento e da eficiência alimentar

Lincomicina

Suínos

40 g/ton

100g/ton,;40 g/ton

35 g/ton

Para controle da disenteria, Para tratamento e controle da disenteria Prevenção de enterites bacterianas

Neomicina

Suínos

70 - 140 g/ton

25 - 50 g/ton

7,5 - 10 g/ton

Tratamento e prevenção de enterites bacterianas Promotor de crescimento e da eficiência alimentar Idem

Oxitetraciclina

Suínos, crescimento

10 - 50 g/ton

50 - 100 g/ton

Promotor de crescimento e da eficiência alimentar Prevenção de enterites bacterianas

Penicilina procaína

Suínos

10 - 50 g/ton

50 - 100 g/ton

Promotor do crescimento e da eficiênia alimentar Prevenção das enterites bacterianas

Tilosina Suínos 100 g/ton Prevenção de disenteria hemorrágica

Virginiamicina

Suínos(até 10 sem.)

Suínos(até 6 meses)

10 - 100 g/ton

5 - 20 g/ton

Promotor do crescimento e da eficiência alimentar Promotor do crescimento e da eficiência alimentar

Page 19: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

19

2.2 ANTIBIÓTICOS COMO ADITIVOS ALIMENTARES

Os aditivos alimentares são definidos como drogas; substâncias

químicas ou biológicas, colocados diretamente na ração animal em pequenas

quantidades, com objetivo de desempenho ou produção (Shillam, 1974, p. 230).

Segundo Cavalcanti (1987, p. 295), os principais antibióticos usados

como aditivos para rações de suínos são: bacitracina; espiramicina; eritromicina;

lincomicina; neomicina; oxitetraciclina; penicilina; tilosina; virginiamicina. Contudo,

apenas a eritromicina, neomicina, oxitetraciclina, penicilina e virginiamicina são

indicados como promotores de crescimento (Tab. 1).

2.3 PROMOTORES DE CRESCIMENTO

Muito dos antibióticos usados estabelecem no uso veterinário, não

somente para o tratamento de doenças em animais, mas também como

prevenção de doenças; aumentar a eficiência da utilização do alimento e

principalmente como promotores de crescimento (Mercer, 1975, p. 3).

Várias teorias têm sido propostas para a influência do uso do

antibiótico sobre o crescimento e ganho de peso do suíno: (1) redução da

destruição bacteriana de vitaminas e aminoácidos; (2) favorecimento às bactérias

que sintetizam nutrientes essenciais; (3) redução da competição da microflora

intestinal; (4) prevenir o aumento da parede intestinal, permitindo melhor absorção

Page 20: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

20

dos nutrientes; (5) inibição da produção de toxina bacteriana (Cavalcanti, op. cit.,

p. 299).

Experimentos feitos por Cromwell* (apud Cavalcanti, op. cit., p. 302),

ratificava o maior ganho diário de crescimento nos animais alimentados com

rações que continham antibióticos. Destacando-se para o maior aumento nos

animais mais jovens (Tab. 2).

TABELA 2 Ganho diário (%) de crescimento em animais alimentados com

rações que continham antibióticos (Cavalcanti, 1987).

CONTROLE ANTIBIÓTICO AUMENTO %

FASE INICIAL (9 a 26 Kg)

Ganho diário, Kg

Ração / ganho

0,39

2,32

0,46

2,16

16

7

FASE DE CRESCIMENTO (17 a 49 Kg)

Ganho diário, Kg

Ração / ganho

0,59

2,91

0,66

2,78

11

5

FASE DE CRESC. FINAL (20 a 86 Kg)

Ganho diário, Kg

Ração / ganho

0,68

3,37

0,71

3,30

4

2

* CROMWELL, G. L. Uso de antibióticos nos Estados Unidos. Suinocultura Industrial no 37, Outubro, 1981, p. 24.

Page 21: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

21

2.4 PRAZOS DE RETIRADA E TOLERÂNCIA

O prazo de retirada (também conhecido como período de depleção

ou de depuração) é o tempo requerido para o resíduo atingir concentração segura

(Jackson* apud Booth & McDonald, 1992, p. 940).

Os intervalos do prazo de retirada variam de acordo com a droga,

forma de dosagem e via de administração; variando desde algumas horas até

dias ou semanas (Tab. 3 e 4). Estes prazos de retirada referem-se ao intervalo de

tempo em que se suspende a medicação até o momento do abate (Booth &

McDonald, 1992, p. 940).

Entende-se por tolerância a concentração máxima de resíduos

admitida nos produtos animais destinados ao consumo (Braz, 1986, p. 2228).

Segundo Booth & McDonald (1992, p. 936), o nível de tolerância é o

nível máximo permitido de concentração da droga no alimento em um

determinado tempo de abate, colheita, processamento, estocagem e

comercialização até o tempo do seu consumo.

A tolerância a drogas está estabelecida somente para o produto

alimentar cru, fresco ou não-cozido. O cozimento degrada os antibióticos

tetraciclínicos em produtos alimentares contendo até 5 a 10 ppm, enquanto que

os níveis restantes após a inativação pelo calor são calculados como menores do

que 1 ppm. As temperaturas de congelamento degradam a penicilina nos tecidos,

* JACKSON, B. A. J. Am. Vet. Med. Assoc.; 1980, 176 : 1141.

Page 22: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

22

porém níveis detectáveis persistem de 8 a 21 dias. O congelamento possui pouco

efeito sobre a degradação da oxitetraciclina (Mercer, 1975, p. 23).

TABELA 3 Prazos de retirada e níveis de tolerância de drogas injetáveis em

suínos (ibid., p. 946).

DROGA

Prazo de

retirada antes

do abate (dias)

Nível de tolerância (ppm)

Azaperona 0 Tecidos comestíveis, 0

Cloridrato de oxitetraciclina 26 - 28 0,1

Cloridrato monoidrato de lincomicina 2 0,1

Eritromicina básica 14 0,1

Gentamicina 40 Carne: 0,1 /Fígado: 0,3/ Rim e

Gordura: 0,4

Penicilina G procaína 7 0

Penicilina G procaína, sulfato de

diidroestreptomicina (DHS)

30 Penicilina: 0 / DHS: nenhum

publicado

Sulfato de diidroestreptomicina 30 0

Tilosina (implante) 14 0,2

Tiidrato de ampicilina 15 0,01

Page 23: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

23

TABELA 4 Prazos de retirada e níveis de tolerância de drogas usadas por via

oral em suínos (ibid., p. 947).

DROGA

Prazo de

retirada antes

do abate (dias)

Nível de tolerância (ppm)

Bacitracina 0 0,05 (0,02 unidade/g)

Cloridrato de clortetraciclina 5 - 10 Músculo: 1; gordura: 0,2;

fígado: 4; rim: 2

Cloridrato de tetraciclina 7 0,25

Clortetraciclina, sulfametazina, penicilina 15 CTC: gordura, 0,2;

sulfametazina: 0,1; penicilina:0

Diidroestreptomicina 30 Nenhum publicado

Eritromicina 7 Tecidos comestíveis: 0,1

Estreptomicina ... Tecidos comestíveis: 0

Gentamicina 14 Carne: 0,1; fígado: 0,3; rim,

gordura: 0,4

Lincomicina 6 Tecidos comestíveis: 0,1

Oxitetraciclina 26 Tecidos comestíveis: 0,1

Penicilina 0 Tecidos comestíveis: 0

Tilosina 2 0,2

Virginiamicina 0 Rim, pele, gordura: 0,4; fígado:

0,3; músculo: 0,1

Clortetraciclina, sulfatiazol 7 CTC: rim, 4; fígado, 1; gordura,

0,2; sulfa: 0,1

Page 24: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

24

2.5 TECIDO DE ESCOLHA

Variam consideravelmente de tecido para tecido, as concentrações

de resíduos de drogas. Geralmente, observa-se mais elevados em tecidos de

estocagem, como a gordura corpórea, ou em órgãos que metabolizam e excretam

antibióticos. Como exemplo, temos que os resíduos geralmente são mais

elevados na gordura corpórea, no fígado e/ou nos rins (Booth & McDonald, op.

cit., p. 949).

É proposto o rim como tecido de escolha na pesquisa de

antibióticos, já que quase todas as drogas pesquisadas têm uma rápida ação

renal (Goodman & Gilman, op cit., p. 685). Os aminoglicosídeos (estreptomicina e

neomicina) possuem grande afinidade com o tecido renal, assim sendo, podem

ser detectados de 6 a 10 dias após o término do tratamento (ibid., p. 731). Os

antibióticos derivados das tetraciclinas apresentam uma circulação entero-

hepática (ibid., p. 742).

2.6 OCORRÊNCIA DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM SUÍNOS

Nos trabalhos internacionais os resíduos de antibióticos mais

pesquisados são: penicilina, estreptomicina, tetraciclinas (clortetraciclinas e

oxitetraciclinas), neomicina, tilosina e outros. O monitoramento realizado pelo

“Food Safety Inspection Service” (FSIS) / “United State Department of Agriculture”

(USDA) no ano de 1985; de 356 amostras de rins de suínos, encontrou-se

resíduos de antibióticos em 1,7% destas amostras (Cordle, 1988, p. 423).

Page 25: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

25

Mais tarde, o “Food and Drug Administration” (FDA) relatou uma

ocorrência de resíduos de antibióticos de 13,1% em suínos (Van Dresser et al ,

1989, p. 1703).

No Brasil o monitoramento de resíduos de antibióticos em carnes

iniciou-se em 1979 com a criação do Programa Nacional de Controle de Resíduos

Biológicos em Carne (PNCRBC) do Ministério da Agricultura (MA), para atender

exigências do mercado externo importador. Este programa prevê o controle de

resíduos de penicilina, estreptomicina, tetraciclinas eritromicina, neomicina,

oxitetraciclina, clortetraciclina em amostras de rim, fígado e músculo de aves,

suínos, equídeos e bovinos, utilizando o “Swab Test on Premises” (STOP) e o

“Bioassay” (Bioensaio), como métodos analíticos (Brasil, 1986, p. 45). Assim, nas

70 análises efetuadas, pelo Laboratório de Referência Nacional (LARA) / Pedro

Leopoldo- MG / MA, em amostras de suínos destinados à exportação no ano de

1995, não foi observada nenhuma violação de resíduos de antibiótico (Brasil,

1996, p. 17305)

2.7 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS

Os métodos utilizados para a detecção de resíduos de antibióticos e

quimioterápicos em carne, vísceras, urina e plasma podem ser divididos em dois

grupos: microbiológicos e físico-químicos. Os métodos microbiológicos baseiam-

se em reações de sensibilidade de cepas microbianas a certas drogas ou grupo

de drogas. Têm como vantagens o fato de serem simples e processados em

grande número de amostras em pouco tempo (Ybarra, 1995, p. 32).

Page 26: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

26

Um método rápido para detectar resíduos em rins, consiste em

pequenos cubos de tecido renal colocados diretamente sobre quatro placas

contendo agar semeados com diferentes cepas bacterianas (Bacillus subtilis

America Type Culture Collection (ATCC) 6633, Micrococcus luteus ATCC 9341,

Staphylococcus aureus ATCC 6538 e Escherichia coli ATCC 9637). Embora

ocorra inibição, este método não determina qual antibiótico está presente, além

de não ser um método quantitativo (Takács & Kovács, 1969, p. 12).

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos desenvolveu o

“Swab Test on Premises” (STOP) como método presuntivo utilizando Bacillus

subtilis ATCC 6633 para a detecção de resíduos de antibióticos (penicilina,

estreptomicina, tetraciclina, clortetraciclina, oxitetraciclina, eritromicina e

neomicina) em músculos e vísceras (Reamer, 1974, n.p.). Concomitantemente,

Fugate (1974, p. n.p.) desenvolveu o teste do Bioensaio, feito caso o teste

presuntivo dê resultado positivo. Este teste utiliza uma série de microrganismos

sensíveis e resistentes especificamente a determinados antibióticos, qualificando

e quantificando resíduos de antibióticos.

O teste do swab em matadouros destina-se a detecção de

antibióticos em carcaças no local do abate. Este teste é feito em animais

suspeitos de terem recebidos antibióticos. Usa-se fígado e/ou rim como tecido

para o teste. A análise do tecido é relativamente rápida, não requerendo que a

carcaça seja conservada por mais de 18 horas. Um swab esterilizado é usado

colocando-o no interior da amostra (fígado ou rim). Transfere-se este swab para

uma placa de ágar contendo microrganismos sensíveis aos antibióticos. O não

crescimento de microrganismos ao redor do swab (formação de um halo) indica

Page 27: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

27

que alguma(s) substância(s) inibidora(s) está(ão) presente(s) na carcaça. No

entanto, o crescimento ao redor do swab indica ausência de antibióticos ou

substâncias inibidoras. Porém, o teste STOP, não identifica e nem quantifica o

antibiótico, sendo, portanto, um teste apenas presuntivo (Booth & McDonald, op.

cit., p. 949).

Page 28: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

28

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 MÉTODO DE AMOSTRAGEM

As amostras foram colhidas no Matadouro Piabetão Indústria e

Comércio de Carnes e Derivados Ltda., exclusivo para o abate de suínos, sob o

serviço de Inspeção Estadual, localizado no município de Magé no Estado do Rio

de Janeiro. A colheita foi realizada durante o mês de julho de 1997 com o total de

42 suínos, sendo 6 suínos para cada um dos 7 produtores, procedentes de 7

municípios diferentes, dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná

(Apêndice 1).

Para efeito de delineamento experimental, foi determinado que a

proporção observada seria uma amostra para cada 15 suínos (1 : 15).

Considerou-se como uma amostra músculo, fígado e rim

procedentes do mesmo animal.

Cada tecido foi embalado individualmente em saco de polietileno de

baixa densidade com fecho hermético, mantido em uma geladeira portátil, com

Page 29: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

29

gelo, até a chegada ao Laboratório de Tecnologia de Carnes da Faculdade de

Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde eram

analisadas (STOP) no Laboratório de Controle Microbiológico de Produtos de

Origem Animal (P.O.A.) e congeladas em freezer (-30 oC) à espera do resultado.

Caso não fosse possível a análise no mesmo dia, as amostras eram congeladas,

e posteriormente, o processamento da análise era realizado, no máximo 4 dias

após a colheita.

3.2 ANÁLISES LABORATORIAIS

Este trabalho foi realizado no laboratório de Controle Microbiológico

de P.O.A. do Departamento de Tecnologia dos Alimentos da Faculdade de

Medicina Veterinária da UFF.

O método empregado foi baseado no “Microbiology Laboratory

Guidebook” do FSIS/USDA (Fugate, 1974, n.p.; Reamer, 1974, n.p.). Sendo este,

o método oficial adotado pelo Laboratório de Referência Animal (LARA) / MA

(Brasil, 1986, p. 45).

A análise de resíduos de antibióticos em carnes foi realizado em

duas etapas: (1) STOP, como teste presuntivo. Os microrganismos utilizados são:

Bacillus subtilis ATCC 6633 e Bacillus cereus var. mycoides ATCC 11778. (2)

Caso o STOP seja positivo, passa-se para o teste do Bioensaio, que utiliza

microrganismos sensíveis e resistentes aos diferentes antibióticos. Este teste

qualifica e quantifica resíduos de antibióticos.

Page 30: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

30

3.2.1 Microrganismos testes

Os microrganismos foram obtidos no LARA / Pedro Leopoldo-MG /

MA, que por sua vez, os obteve no “America Type Culture Collection” (ATCC). As

espécies empregadas na metodologia foram:

STOP: Bacillus subtilis ATCC 6633; Bacillus cereus var. mycoides

ATCC 11778.

Bioensaio: Micrococcus luteus ATCC 9341a (penicilina susceptível,

eritromicina susceptível); Bacillus cereus var. mycoides ATCC 11778 (tetraciclina

susceptível); Staphylococcus epidermidis ATCC 12228 (neomicina susceptível);

Bacillus subtilis ATCC 6633 (estreptomicina susceptível); Micrococcus luteus

ATCC 15957 (eritromicina resistente); Staphylococcus epidermidis (estreptomicina

resistente).

O Bacillus subtilis não apresentou sensibilidade adequada para

tetraciclina, oxitetraciclina e clortetraciclina e, portanto, utilizou-se também no

STOP, o Bacillus cereus var. mycoides como microrganismo de triagem, já que

esta bactéria apresentou sensibilidade adequada para estas três substâncias. A

suspensão de Bacillus cereus utilizada foi obtida no LARA. Sua diluição era 10-4 e

a quantidade utilizada 3,0 ml em 100 ml de Agár Antibiótico nº 8 Difco® 0667-17-5

(Agár 8). Este procedimento é o mesmo utilizado no LARA / Pedro Leopoldo-MG

nestes casos (Fernandes*, 1997).

* Comunicação pessoal da autora em 16 jul. 1997, no LARA/Pedro Leopoldo-MG/MA.

Page 31: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

31

3.2.2 Potência dos antibióticos

Os padrões utilizados (SIGMA) e suas potências (µ/mg), exceto para

penicilina (UI/mg) foram: eritromicina-959; estreptomicina-761; neomicina-680;

tetraciclina-999; clortetraciclina-800; oxitetraciclina-1000; penicilina-1592.

3.2.3 “Swab Test on Premises” (STOP) - Teste presuntivo

3.2.3.1 Cultivo e produção de esporos

Cultiva-se o Bacillus subtilis ATCC 6633 à 30 ºC + 1 ºC em 3 tubos

com Agár Antibiótico nº 1 Merck® 5272 (Agár 1) inclinado, por 24h. Em seguida

transfere-se a cultura de 2 tubos para garrafas de Roux, utilizando-se 3 ml de

solução salina a 0,85% estéril para lavar cada tubo. Incuba-se à 35 oC por 24

horas, em meio contendo 300 ml de Agár 1 e 180 mg de sulfato de manganês

monohidratado (Reagen®). Após este prazo de incubação, coloca-se à

temperatura ambiente para aguardar que a taxa de esporulação atinja no mínimo

80%. O controle desta taxa é feito à partir do 8o dia em culturas de Bacillus

subitilis preparadas em garrafas de milk, simultaneamente a da garrafa de Roux,

para evitar o excesso de manuseio na cultura principal. As lâminas são coradas

pelo método de Wirtz-Conklin (Bier, 1984, p. 989), atingindo a taxa esperada no

20o dia.

A cultura é coletada com 25 ml de solução salina estéril, sendo feita

três lavagens. Em seguida procede-se uma centrifugação, e reconstituição do

Page 32: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

32

sedimento com 30 ml de solução salina estéril. O resultado é aquecido à 70 oC

por 30 minutos e guardado em geladeira.

3.2.3.2 Padronização da suspensão de esporos e determinação do número de

esporos por ml da suspensão

Nesta etapa são preparadas inicialmente uma série de diluições

decimais (10-2 à 10-10) à partir da diluição-mãe, afim de se determinar o número

de esporos por ml. As placas são preparadas em triplicata para cada diluição,

contendo para cada uma 1 ml da diluição, inoculada em meio Agár Antibiótico no 5

Difco® 0277-17-7 (Agár 5). Incuba-se a 30 oC por 18 horas. A contagem ótima,

entre 30 e 300 Unidades Formadoras de Colônias (UFC), ocorreu na diluição 10-6

e os resultados foram: 34 x 106 ; 41 x 106 e 52 x 106 com média igual a 42,33 x

106 esporos por ml da diluição.

3.2.3.3 Determinação da sensibilidade das placas

A técnica sugere que a concentração inicial para se proceder a

determinação da sensibilidade das placas seja de 1 x 105 (Reamer, 1974, n.p.), e

esta foi calculada através da aplicação da fórmula (volume inicial) x (concentração

inicial) = (volume) x (concentração desejada) ou seja, (42,33 x 106) x (1 ml) = (X) x

(1 x 105), que resultou em X = 423,3 ml, o que significaria um volume muito

pequeno para o trabalho (1 ml da diluição-mãe para 4,2 ml de solução salina).

Optou-se, então, pela diminuição da concentração de esporos por ml, afim de se

obter um volume suficiente para que se pudesse iniciar a determinação da

sensibilidade. Utilizou-se 423 ml de solução salina para 1 ml da diluição-mãe,

Page 33: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

33

resultando numa concentração de 1 x 103 esporos por ml quando da inoculação

de 1 ml desta diluição (diluição 1) em 99 ml de Agár 5.

A quantidade de esporos por placa capaz de determinar uma

sensibilidade adequada para o trabalho foi encontrada por método de “tentativa-e-

erro”, partindo-se de 1 ml da diluição 1 para 99 ml de Agár 5 e, em seguida,

diminuindo-se o inóculo progressivamente até que se obtivesse halos de inibição

superior à 10 mm de diâmetro para as concentrações inibitórias mínimas (CIM)

dos antibióticos pesquisados (Tab. 7). O resultado esperado foi obtido com 0,75

ml da diluição 1 em 99 ml de Agár 5, o que correspondeu a 3,0 x 103 esporos por

placa, uma vez que cada placa contém 4 ml de Agár 5 semeado.

Sensibilidade das placas preparadas com a suspensão de Bacillus

cereus obtida no LARA (Tab. 8).

3.2.3.4 Preparação das placas para o ensaio

As placas deste teste contém 2 camadas: uma camada base e uma

camada de agár semeado. Para formar a camada base espalha-se na placa de

petri cerca de 10 ml de Agár 5, e após solidificação adiciona-se sobre esta

superfície camada com 4 ml de Agár 5 semeado (0,75ml da diluição 1 em 99 ml

de Agár 5).

Depois de preparadas, duas placas são submetidas a um controle

de qualidade, onde, uma delas é incubada para controle do crescimento

bacteriano, e a outra recebe um disco de penicilina 2 µg (P2) antes de ser

Page 34: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

34

colocada na estufa. As placas são consideradas aptas se após 18 horas a 30 oC,

ocorrer crescimento regular em toda superfície na primeira placa, e a segunda

apresentar halo de inibição de diâmetro igual ou superior a 32 mm. Depois de

prontas as placas ficam estocadas em geladeira por no máximo 2 dias.

3.2.3.5 Determinação

A amostra é retirada do freezer e parcialmente descongelada à

temperatura ambiente. É feito uma desinfecção do saco plástico (álcool 68%) no

local a ser perfurado com a ponta da haste do swab. Com aponta da haste do

swab esterilizado perfura-se o invólucro e o tecido, perfurando-o e, ao mesmo

tempo, girando a haste do swab, pelo menos 5 vezes. Logo em seguida, introduz-

se o swab na amostra, mantendo-o por 30 minutos (Fig. 1).

Após este período os swabs tinham a haste cortada (Fig. 2), eram

removidos, e colocados nas placas, sofrendo uma ligeira pressão para que se

assegurasse um bom contato com o Agár 5 semeado(Fig. 3). Esta operação era

realizada com o auxílio de pinça e tesoura previamente flambadas. As amostras

voltavam a ser congeladas para o caso de haver necessidade do bioensaio.

As placas são incubadas a 30 oC por 18 horas, e após este período,

é feita a leitura, verificando-se a presença ou não de zonas de inibição (Fig. 4).

Page 35: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

35

FIGURA 1 Amostras de tecidos com swab. O álcool (68%) foi usado para a

desinfecção do saco plástico.

Page 36: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

36

FIGURA 2 Corte das hastes dos swabs .

Page 37: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

37

FIGURA 3 Colocação do swab na placa .

Page 38: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

38

FIGURA 4 À esquerda: placas controles de crescimento das cepas no meio e

aparecimento de halos de inibição. À direita: leitura das placas.

Neste caso não houve resultados positivos (ausência de halo de

inibição) .

Page 39: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

39

3.2.4 “Bioassay Test” (Bioensaio) - Teste confirmativo

Este teste é realizado sempre que o STOP apresenta resultado

positivo. São utilizados microrganismos sensíveis e resistentes aos diferentes

antibióticos estudados, e as análises são feitas após extração destas substâncias

através de soluções tamponadas. Os resíduos de antibióticos são qualificados e

quantificados.

3.2.4.1 Preparação das suspensões bacterianas

As diluições utilizadas foram preconizadas por Fugate (1974, n.p.):

para Micrococcus luteus e Staphylococcus epidermidis (estreptomicina

resistente), utilizou-se 0,5 ml da suspensão com 40% de transmitância para 100

ml de agár. Para Staphylococcus epidermidis ATCC 12228, utilizou-se 0,1 ml da

suspensão com 80% de trasmitância para 100 ml de agár. O comprimento de

onda foi medido no espectrofotômetro Micronal® B280 a 580 nm.

3.2.4.2 Preparação das soluções tampão

Neste teste são utilizados 4 diferentes tampões, tanto para diluir os

padrões de antibiótico, quanto para extrair possíveis resíduos dos tecidos. Antes

da preparação os sais devem ser secos a 50 oC por 3 horas e mantidos em

dessecador.

Page 40: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

40

a) Tampão fosfato 1%, pH 6,0 (± 0,1): 8,0 g de fosfato de potássio

monobásico (Reagen®) e 2,0 g de fosfato de potássio bibásico (Reagen®). Diluir

em 1 litro de água destilada.

b) Tampão fosfato 0,1 M, pH 8,0 (± 0,1 ): 16,73 g de fosfato de

potássio bibásico e 0,523 g de fosfato de potássio monobásico. Diluir em 1 litro de

água destilada.

c) Tampão fosfato 0,1 M, pH 4,5 (± 0,1 ): 16,3 g de fosfato de

potássio monobásico. Diluir em 1 litro de água destilada.

d) Tampão fosfato 0,2 M, pH 8,0 (± 0,1 ): 33,46 g de fosfato de

potássio bibásico e 1,046 g de fosfato de potássio monobásico. Diluir em 1 litro de

água destilada.

3.2.4.3 Preparação dos padrões de antibióticos

Concentrações dos antibióticos utilizadas para determinação das

curvas-padrão (Tab. 5).

a) Eritromicina: Inicialmente dissolver o pó em 2,0 ml de metanol, e

continuar as diluições com tampão fosfato 0,2 M, pH 8,0. Podem ser mantidas por

até 14 dias sob refrigeração.

b) Penicilina: Dissolver o pó em tampão fosfato 1%, pH 6,0. Dura

no máximo 36 horas sob refrigeração.

Page 41: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

41

c) Estreptomicina: Dissolver o pó em tampão fosfato 0,1 M, pH 8,0.

Dura 7 dias sob refrigeração.

d) Neomicina: Dissolver o pó em tampão fosfato 0,2 M, pH 8,0.

Dura 7 dias sob refrigeração.

TABELA 5 Concentrações dos antibióticos (ppm), exceto penicilina (UI/mg),

para determinação das curvas-padrão.

ANTIBIÓTICO Concentrações (ppm) para determinação das

curvas padrão

Estreptomicina 0,125 : 0,25 : 0,50 : 1,0 : 2,0 : 4,0

Neomicina 0,125 : 0,25 : 0,50 : 1,0 : 2,0 : 4,0

Penicilina (UI/mg) 0,0125 : 0,025 : 0,05 : 0,1 : 0,2 : 0,4

Eritromicina 0,025 : 0,05 : 0,1 : 0,2 : 0,4 : 0,8

Clortetraciclina 0,005 : 0,01 : 0,02 : 0,04 : 0,08 : 0,16

Tetraciclina e Oxitetraciclina 0,04 : 0,08 : 0,16 : 0,32 : 0,64 : 1,28

3.2.4.4 Preparação das placas para o bioensaio

As placas contém 2 camadas: uma camada base e uma camada de

Agár semeado. A camada base deve conter aproximadamente 10 ml do Agár

apropriado para cada antibiótico/microrganismo (Tab. 6), após o vazamento do

Agár na placa de Petri, espera-se até a solidificação.

Page 42: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

42

Em seguida, pipeta-se 4,0 ml de Agár semeado com o

microrganismo ou suspensão de esporos adequado para o trabalho. As placas

são submetidas a um controle de qualidade com discos de antibióticos de maneira

que cada disco seja capaz de produzir um halo de inibição diferente (Tab. 6).

TABELA 6 Sensibilidade adequada para o teste do bioensaio.

MICRORGANISMO

Base / Camada

semeada

Halo mínimo

esperado

Micrococcus luteus ATCC 9341 a Agár n.º 1 / n.º 2 (Merck® 5272)/(Difco® 0270-17-4)

P2 : 44 mm

Micrococcus luteus ATCC 9341 a Agár n.º 11 / n.º 11 (Merck® 5269)

E2 : 37 mm

Micrococcus luteus

Eritromicina resistente ATCC

15957

Agár n.º 11 / n.º 11 (Merck® 5269)

E2 : ND

S2 : 24 mm

Bacillus subtilis ATCC 6633 Agár n.º 5 / n.º 5 (Difco® 0277-17-7)

S2 : 30 mm

Bacillus cereus var. mycoides

ATCC 11778

Agár n.º 8 / n.º 8 (Difco® 0667-17-5)

T5 : 38 mm

Staphylococcus epidermidis

ATCC 12228

Agár n.º 11 / n.º 11

(Merck® 5269)

N5 : 27 mm

Staphylococcus epidermidis

Estreptomicina resistente

Agár n.º 5 / n.º 5 (Difco® 0277-17-7)

N5 : 22 mm

S2 : ND

Page 43: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

43

3.2.4.5 Preparação da Amostra

Homogeneizar, no mínimo 1 minuto, 10 g da amostra com 40 ml do

tampão apropriado. Aguardar por 30 minutos e em seguida colocar uma alíquota,

deste extrato, em orifícios alternados da placa de bioensaio, previamente

colocada sobre a camada semeada com o Agár apropriado. As placas são

incubadas a 30 ºC por 18 horas, e após este período, é feita a leitura, verificando-

se a presença ou não de zonas de inibição.

3.2.5 Tratamento Estatístico:

Para a caracterização da ocorrência de determinada variável

(resíduos de inibidores bacteriano em carne de suíno) a qual ocorre X vezes num

total de n amostras, a ocorrência p=x/n teve como intervalo de confiança, para

definição de seus limites de confiança, p±1,96 npp /)1( − . Não foi observado

nenhum tipo de correlação entre os resultados falso-positivos, produtor e tecidos

dos animais (Snedecor & Cochran, 1989, p. 23).

Page 44: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

44

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As placas foram preparadas com sensibilidade para detectar

quantidades de resíduos de antibióticos iguais ou menores aos limites máximos

permitidos pela legislação (Brasil, 1996, p. 17305). A única exceção foi a

eritromicina, uma vez que seu nível máximo tolerado é zero e a CIM, portanto, foi

a menor possível. Utilizou-se concentração de 3,0 x 103 esporos de Bacillus

subtilis ATCC 6633 por placa, o que resultou nos diversos diâmetros médios dos

halos de inibição para as concentrações inibitórias mínimas (Tab. 7). Em relação

às tetraciclinas, a sensibilidade adequada foi obtida com 3,0 ml da diluição-mãe

de Bacillus cereus var. mycoides ATCC 11778 em 100 ml de Agár 8 (Tab. 8).

Com a sensibilidade utilizada era possível detectar com margem de

segurança qualquer resíduo, dos antibióticos pesquisados que estivesse presente

acima dos níveis máximos permitidos (Booth & McDonald, 1992, p. 939).

Foram colhidas amostras de 42 animais, de procedência variada,

totalizando 126 peças analisadas pelo STOP. Considerando-se cada tipo de

tecido (músculo, fígado e rim) separadamente, quatro peças, em 126 (3,17%)

Page 45: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

45

TABELA 7 Diâmetro médio dos halos de inibição (mm) obtidos pela cultura de

Bacillus subtilis na concentração de 3,0 x 103 esporos por placa,

para as Concentrações Inibitórias Mínimas (CIM) de cada antibiótico

(ppm).

ANTIBIÓTICOS

CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA (ppm)

DIÂMETRO DO HALO DE INIBIÇÃO (mm)

Neomicina 0,25 14,7 Estreptomicina 0,25 13,3 Eritromicina 0,05 13,7

Penicilina (UI/ml) 0,025 13,7 Oxitetraciclina 0,08 10,5 Clortetraciclina 0,01 10,5 Tetraciclina 0,08 12,5

TABELA 8 Diâmetro médio dos halos de inibição (mm) nas diferentes

Concentrações Inibitórias Mínimas (CIM) de Clortetraciclina,

Oxitetraciclina e Tetraciclina, obtidos utilizando 3,0 ml da

suspensão de Bacillus cereus na diluição de 10-4 em 100 ml de

Agár 8.

CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA

MÍNIMA (ppm)

HALOS DE INIBIÇÃO (mm)

CLORTETRACICLINA OXITETRACICLINA TETRACICLINA

0,01 12,3 _ _

0,08 _ 14,5 15,0

Page 46: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

46

deram resultados positivos: 3 rins, em 42 (7,14%) e 1 fígado, em 42 (2,38%).

Nenhuma amostra de músculo apresentou resultado positivo (Tab. 9).

TABELA 9 Número de amostras analisadas e positivas pelo STOP, por tipo de

tecido e produtor, de amostras de suínos colhidas em julho de 1997,

no Matadouro Piabetão, Magé-RJ.

PRODUTOR RIM no Pos %

FÍGADO no Pos %

MÚSCULO no Pos %

TOTAL no Pos %

1 6 0 0 6 0 0 6 0 0 18 0 0

2 6 0 0 6 0 0 6 0 0 18 0 0

3 6 0 0 6 0 0 6 0 0 18 0 0

4 6 0 0 6 0 0 6 0 0 18 0 0

5 6 0 0 6 0 0 6 0 0 18 0 0

6 6 2* 33,3 6 1** 16,6 6 0 0 18 3 16,6

7 6 1*** 16,6 6 0 0 6 0 0 18 1 5,6

TOTAL 42 3 7,1 42 1 2,4 42 0 0 126 4 3,2

* Suínos no 2 e 6; ** Suíno no 2; ***Suíno no 5.

O motivo pelo qual, só foram encontrados resíduos em rim e fígado

pode ser explicado pelo fato de que as tetraciclinas concentram-se no fígado e

são excretadas através da bile, urina e fezes, mas a principal via de excreção é a

renal (Goodman & Gilman, op. cit., p. 742).

Ao se proceder o teste do bioensaio das quatro amostras positivas,

provenientes do STOP, três apresentaram zona de inibição, porém os diâmetros

Page 47: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

47

dos halos de inibição foram menores do que os padrões obtidos nas diferentes

concentrações inibitórias mínimas de referência para clortetraciclina,

oxitetraciclina e tetraciclina, utilizando Bacillus cereus var. mycoides ATCC 11778

na concentração de 3,0 ml da diluição de 10-4 em 100 ml de Agár 8 (Tab. 10).

TABELA 10 Diâmetros dos halos de inibição (mm) pelo teste do bioensaio por

suíno e tipo de tecido positivo no STOP.

MICRORGANISMO TESTE

PRODUTOR 6 SUÍNO NO 2 SUÍNO NO 6 RIM FÍGADO RIM

PRODUTOR 7 SUÍNO NO 5

RIM

Bacillus cereus var.

mycoides ATCC 11778

9 mm 8 mm _

10 mm

A ocorrência de 3,17% de amostras positivas, concorda com os

resultados do monitoramento realizado pelo FSIS/USDA no ano de 1985 (1,7%)

(Cordle, op. cit.); e as investigações do FDA que relataram 13,1% de incidência

de resíduos de antibióticos em suínos tipo carne (Van Dresser et al., op. cit.).

Este resultado falso-positivo pode ter ocorrido devido ao

congelamento das amostras antes de se proceder a análise. Segundo Walton*

(apud Ybarra, 1995, p. 62), o processo de congelamento e descongelamento

* WALTON, J. R. Antibiotics, animals, meat and milk. Zbl. Vet. Med., v. 30, 1983, p. 81-92.

Page 48: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

48

acarreta danos as membranas dos tecidos, favorecendo a liberação de

substâncias inibidoras normalmente presentes no interior das células,

especialmente renais. Uma destas substâncias seria a lisozima.

Por sua vez, não foram detectados resíduos de penicilina,

neomicina, estreptomicina e eritromicina em nenhuma das quatro amostras

analisadas pelo bioensaio.

Estes resultados estão em concordância com as 70 análises (STOP

e Bioensaio) pelo LARA / Pedro Leopoldo-MG, em amostras de suínos destinados

à exportação no ano de 1995, quando não foi observado nenhuma violação de

resíduos de antibióticos (Brasil, 1996, p. 17305).

Page 49: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

49

5 CONCLUSÕES

Embora seja um eficiente teste de referência, o STOP não pode ser

o único utilizado na verificação da ocorrência de resíduos de antibióticos em carne

e vísceras de animais produtores de alimentos, devido à possibilidade de reações

falso-positivas, sendo sempre necessário a utilização de uma técnica para a

confirmação dos resultados, que neste caso foi o teste do bioensaio.

As amostras analisadas, ou não demonstraram a ocorrência de

resíduos de antibióticos, ou os níveis encontrados estavam dentro dos padrões

permitidos pelos órgãos de saúde pública e de inspeção sanitária.

A maioria dos produtores de animais de abate, utiliza aditivos na

alimentação, principalmente antibióticos, como promotores de crescimento.

Conclui-se, assim, que os produtores e, principalmente, Médicos Veterinários,

vêm observando os prazos de retirada e tolerância para as drogas veterinárias.

Page 50: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

50

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIER, O. Bacteriologia e Imunologia: em suas aplicações à Medicina e à Higiene. 23a ed. São Paulo : Melhoramentos. 1984, 1234 p.

BOOTH, N. H., McDONALD, L. E. Farmacologia e Terapêutica em Veterinária. 6a ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan. 1992, 997 p.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. DAS, DIPOA. Portaria no 51 de 06 de fevereiro de 1986. “Programa Nacional de Controle de Resíduos Biológicos em Carne - PNCRBC”. Brasília. 1986, D.O., p. 2228.

______. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. DAS, DIPOA. Portaria no 110 de 26 de agosto de 1996. Exige a implantação do programa “Procedimentos Padrão de Higiene Operacional - PPHO”. Brasília. 1996, D.O., p. 17298 - 17306.

BRAZ, M. B. A toxicologia veterinária e a preservação da saúde pública. Rev. Port. Ciênc. Veter. Vol. LXXXI, no 477. Lisboa, jan./mar. 1986, p. 45 - 46.

CAVALCANTI, S. S. Produção de Suínos. Campinas : Instituto Campineiro de Ensino Agrícola. Campinas. 1987, 453 p.

CORDLE, M. K. USDA Regulation of residues in meat and poultry products. J. Anim. Sci. Vol. 66. 1988, p. 413 - 433.

FERNANDES, M. F. B. Comunicação Pessoal. Laboratório de Referência Animal do Ministério da Agricultura. Pedro Leopoldo-MG, em 16/07/1997.

FUGATE Jr., H. G. Determination of antibiotic residues in animal tissues In: Microbiology Laboratory Guidebook. Washington D.C.: Scientific Service. APHIS. United States Department of Agriculture / Food Safety Inspection Service. 1974, n.p.

Page 51: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

51

GOODMAN, L. S., GILMAN, A. G. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 8a ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan. 1990, 1232 p.

MERCER, H. D. Antimicrobial drugs in food - Producing animals. Control Mechanisms of Governmental Agencies. Veterinary Clinics of North America. Vol. 5, no 1. Fev. 1975, p. 3 - 34.

REAMER, R. Laboratory communication no 3 In: Microbiology Laboratory Guidebook. Washington D. C. Scientific Service. APHIS. United States Department of Agriculture / Food Safety Inspection Service. 1974, n.p.

SHILLAM, K. W. G. The use of food additives in the production of food. J. Sci. Food Agric. Vol. 25. 1974, p. 230.

SNEDECOR, G. W., COCHRAN, W. G. Statistical Methods. 8a ed. Ames : Iowa State University Press. : 1989, 503 p.

TAKÁCS, J., KOVÁCS, S. Demonstration of antibiotic residues in the meat of sloughtered animals. Acta Veterinaria Academiae Scientiarum Hungaricae. Tomus 19 (1). 1969, p. 11 - 19.

VALLE, R. P. Resíduos de antibióticos em alimentos. Rev. Bras. Med. Vet. 7 (7). 1985, p. 206 - 208.

VAN DRESSER, W. R. et al. Drug residues in food animals. J. Am. Vet. Med. Assoc. Vol. 194, no 12. Junho. 1989, p. 1700 - 1710.

YBARRA, M. L. Detecção e quantificação de resíduos de antibióticos em músculo, fígado e rim de bovinos abatidos sob Inspeção Federal na grande Belo Horizonte-MG. Belo Horizonte, 1995. 98 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais.

Page 52: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

52

7 APÊNDICE

APÊNDICE 1 Procedência dos animais dos quais foram colhidos amostras.

PRODUTOR MUNICÍPIO / ESTADO NO SUÍNOS

ABATIDOS

FÍGADO MÚSCULO RIM

1 PONTE NOVA-MG 150 6 6 6

2 ARAPOTI-PR 145 6 6 6

3 ITÚ-SP 100 6 6 6

4 TORRE DA PEDRA-SP 120 6 6 6

5 PIRAÍ DO SUL-PR 130 6 6 6

6 PONTA GROSSA-PR 120 6 6 6

7 PALMEIRA-PR 150 6 6 6

TOTAL ------------------- 915 42 42 42

Page 53: UFF - Monografia - Resíduos de Antibióticos

53

F 745 Fortuna, Jorge Luiz Detecção e quantificação de resíduos de

antibióticos em fígado, músculo e rim de suínos abatidos sob serviço de Inspeção Estadual no Estado do Rio de Janeiro / Jorge Luiz Fortuna - Niterói. [s.n.], 1997.

52 f.

Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal Fluminense, 1997.

1. Carne Suína - Resíduos de Antibióticos. 2. Carne Suína - Adulteração e Inspeção. I. Título.

CDD 614.31