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ISSN 1519-4612 Universidade Federal Fluminense TEXTOS PARA DISCUSSÃO UFF/ECONOMIA Universidade Federal Fluminense Faculdade de Economia Rua Tiradentes, 17 - Ingá - Niterói (RJ) Tel.: (0xx21) 2629-9699 Fax: (0xx21) 2629-9700 http://www.uff.br /econ [email protected] Professor Associado da Faculdade de Economia/UFF. E-mail: Agroindústria Rural no Brasil: experiências bem e mal sucedidas Carlos E. Guanziroli TD 261 Abril/2010

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ISSN 1519-4612 Universidade Federal Fluminense TEXTOS PARA DISCUSSOUFF/ECONOMIA Universidade Federal Fluminense Faculdade de Economia Rua Tiradentes, 17 - Ing - Niteri (RJ) Tel.: (0xx21) 2629-9699 Fax: (0xx21) 2629-9700 http://www.uff.br/econ [email protected] Professor Associado da Faculdade de Economia/UFF. E-mail:Agroindstria Rural no Brasil: experincias bem e mal sucedidas Carlos E. Guanziroli TD 261 Abril/2010 Economia Texto para Discusso 261 2 RESUMO FormasdiferentesdeagroindustrializaosempreexistiramnoBrasilesempre funcionaramemconsonnciacomaprpriaproduoagrcola.Namaiorpartedos casostrata-sedebeneficiamentodaprpriaproduo,oquegeraumarenda complementardarendaagrcola,nopoderiaexistirseaatividadeagrcola desaparecesse. O que tem evoludo no Brasil no uma forma de agroindstria rural (ou turismorural),independenteouautnomaemrelaosatividadescorriqueirasdo produtorruralfamiliar.Notextomostram-secasosdeagroindstriaruralqueteriam sido bem sucedidos, que so os tradicionais, ligados a atividade do produtor, e tambm mostramos as enormes dificuldades e limitantes que as polticas pblicas tm enfrentado paraimplantar unidades autnomas de agroindstria rural artesanal, principalmente em suas variantes coletivas. Palavras Chave: agroindstria rural, desenvolvimento rural. Economia Texto para Discusso 261 3 1-Introduo Aquestodaagroindstriavemsendodiscutidanosltimosanoscom base em descries e anlises do agronegcio empresarial de grande porte, tanto nas modalidades de integrao horizontal (por contratos), como nas modalidades de mercados spot e de integrao vertical. Estetipodeagroindstriacaptouaatenodamaiorpartedos pesquisadoresporcausadosucessoevidentequeteveeesttendonoBrasile em outras partes do mundo. Existem,noentanto,outrasmodalidadesdeagroindstriamenos estudadasequeremetemmaisaproblemticadodesenvolvimentoruraleda agriculturafamiliaremparticular.Estamosfalandodachamadaagroindstria rural, ou tambm conhecida como agroindstria artesanal. ApsaspesquisasdoRurUrbano,doprofessorGrazianodaSilva,ficou evidentequeosagricultoresfamiliaresnopoderiamdepositarsuasesperanas unicamente na produo agrcola j que esta atividade estaria contribuindo cada vez com menor parcela da renda rural das famlias e que, portanto, dever-se-iam buscaroutrasformasdegerarrenda,comoporexemploatravsdo beneficiamento da produo. Na verdade, essaforma de agroindustrializao sempre existiuno Brasil e sempre atuou em consonncia com a prpria produo agrcola. Na maior parte dos casos trata-se de beneficiamento da prpria produo, o que gera uma renda complementardarendaagrcola,masquenopoderiaexistirseaatividade agrcola desaparecesse. Ou seja, o que teria dado certo e evoludo no Brasil no seriaumaformadeagroindstriarural(outurismorural)independenteou autnomo em relao s atividades corriqueiras do produtor rural familiar. Notextoqueseguemostramoscasosdeagroindstriaruralqueteriam sidobemsucedidos,quesoostradicionais,ligadosaatividadedoprodutor,e tambmmostramosasenormesdificuldadeselimitantesqueaspolticas pblicastmenfrentadoparaimplantarunidadesautnomasdeagroindstria rural artesanal, principalmente em suas variantes coletivas. Surgemdestasanlisessugestesdepolticasquepermitamaperfeioar e, desta forma, viabilizar e expandir as agroindstrias rurais no Brasil. Naprimeirapartedestetrabalhoprocura-seconceitualizarotemada agroindstriarural,segueaissoumaquantificaodofenmenonoBrasil.Na terceirapartetenta-seclassificardiferentestiposdeagroindstriasrurais, seguido por uma exposio de casos positivos ou de sucesso. No final destacam-se os limitantes e os problemas enfrentados pelas polticas publicas que tentaram incentivar a criao deste tipo de atividades com base na organizao coletiva. 2-Agroindstria Rural: o que significa? Comoexistemmuitascaracterizaesdiferentesdotermoacima,temos decididocriarumquadroquesistematizaalgumasvariveisdaagroindstria ruraltaiscomo:propriedade,gesto,mo-de-obra,tecnologia,matriaprima, escala. Economia Texto para Discusso 261 4 Quadro 1: Elementos que compem o conceito de Agroindstria Rural Vetores de Desenvolvimento Descrio da varivelConseqncia PropriedadeDos Prprios agricultores familiares produzem a matria prima e a industrializam. Verticalizao da produo. GestoPor agricultores familiares de forma individual ou associativa Necessidade de Capacitao e assessoria tcnica. Mo de ObraDas famlias envolvidasGerao de Emprego TecnologiaNvel de sofisticao dos equipamentos utilizados, geralmente, no muito elevado, com baixo nvel de automatizao. Necessidade de desenvolver novas tecnologias e de equipamentos industriais com uma certa miniaturizao, que favorecem tambm as pequenas agroindstrias. Matria PrimaProduzida pelos agricultores familiar ou comprada nas vizinhanas Baixo Custo de transporte e maior qualidade. Escala de ProduoCompatvel com o nmero de pessoas que trabalham, ao tamanho dos equipamentos e das instalaes e ao nvel tecnolgico adotado O limite pode ser estabelecido pelo somatrio da produo por scio, desde que no ultrapasse a cinco vezes a produo individual prevista. Fonte: Elaborao prpria a partir de conceitos elaborados por Prezzoto (2002) Comopodeseobservaracima,asagroindstriasruraistrabalhambasicamente comamatriaprimaproduzidanosseusestabelecimentos,ouseja,noseconstituem emunidadesautnomaseindependentes.Aproduoagroindustrialcomplementaa renda obtida na agricultura. Porestemotivooseuestmulo,quasesempre,virtambmdoestmulodas atividades agrcolas propriamente ditas como a produo de leite, de cana-de-acar, demandioca,defrutas,demilho,desunos,etc.,dadoqueaproduodamesma que ser beneficiada e ou transformada pela indstria rural. Apartirdestaconceitualizaopode-sepensartambmnumatipologiade agroindstriasfamiliares.Estatipologiatomaemconsideraoarelaodo processamentodealimentoscomadinmicadaagriculturafamiliar,arelaocomo mercado,avalidaosocialoulegaldaqualidadeesuavinculaocomosaberinter-geracional. Oquadroquesegue,elaboradocombasenotrabalhodeGuimareseSilveira (2008) pode servir de ilustrao sobre esta tipologia: Economia Texto para Discusso 261 5 Quadro 2 : Tipologia de Agroindstrias Rurais Tipode Agroindstria Rural Relaocom Agricultura Relaocom mercado Validao legal Aspectos Culturais Agroindstria Caseira Sem equipamentos especficos Prioridade consumoe vende excedenteem mercados locais Informalidadee nenhum controle sanitrio Agroindstria Familiar Artesanal Produtos tpicos da culinria caractersticade determinada regio Direcionadoao mercado local/regional Segue Boas Prticas de Fabricao (BPF), visando avanar naqualidade sanitria Carter artesanaldo produtofinal, ligadoaum saber intergeracional. Agroindstria Familiar de Pequeno Porte Agroindstria convencional de pequena escala, surgem como oportunidade de renda para uma famlia ou grupo de famlias Mercados regionaiseou nacionais Parmetrosso osmesmosdas grandes indstrias,em termosde controle sanitrio Nohnenhum saberfazer especficoaser valorizado,mas umsaberfazer apreendidona reade tecnologiade alimentos. Fonte: Elaborao prpria com base no trabalho de Guimares e Silveira (200..) Outrosautores(Prezzoto,2002)usamdenominaessemelhantespara identificar o modelo de agroindustrializao descentralizado e de pequeno porte, como: pequenaagroindstria,agroindstriafamiliar,pequenoestabelecimentode industrializaodealimentos,agroindstriadepequenaescala,agroindstriacaseirae agroindstria artesanal. Mas o quadro acima revela que existem pelo menos 3 tipos de agroindstrias: as caseiras,quenorespeitamalegislaosanitriaeproduzemsparaconsumo,as artesanais que so as que incorporam o saber familiar e tradicional e buscam formas de se adequar as necessidades de qualidade, e as pequenas industrias , que so quase iguais as grandes, diferenciando-se apenas pelo tamanho. 3- Importncia Relativa da Agroindstria Rural no Brasil. Analisaraimportnciasocialeeconmicaqueestaindstriaruraltemparao pasfundamentalentenderparaqueelasejatratadacomoumaespecificidade importante para o desenvolvimento do espao rural e no apenas como algo excepcional ou estranho dentro do espao agrcola. Economia Texto para Discusso 261 6 Flores (2002) monstra, com base no Censo Agropecurio 1995-96 do IBGE, que asatividadesrelacionadasindstriaruralestopresentesem,pelomenos,18,26% (887.411 em 4.859.865) do total dos estabelecimentos. Osprodutosqueapresentamumamaiorpresenasoafarinhademandioca,o queijoeorequeijo.Estesprodutosestopresentesem13,45%e7,38%, respectivamente,dosestabelecimentosagropecuriosbrasileiros(Coluna3daTabela 1). Tabela 1 - Principais Produtos da Indstria Rural Brasileira e Contribuio Mdia para a Receita Monetria nos Estabelecimentos at 100 hectares. 1995-96 InformantesQuantidade (T) Contribuio Mdia Receita Monetria Produtos (1) Nmero (2) %* (3) Produzida(4) Vendida(5) (5) / (4) %(6) nos estab. < 100 ha ** (7) Acar31.1290,64%19.83116.28082,09%R$ 76,08 Aguardente de Cana21.7650,45%106.98093.95387,82%R$ 1.793,89 Aguardente de Frutas2750,01%1075349,77%R$ 198,73 Aguardente de Uva9270,02%3414814,16%R$ 54,17 lcool de Cana3770,01%4.8654.68396,26%R$ 906,52 Apara de Mandioca6.1660,13%4.6131.20526,13%R$ 25,55 Azeite de Dend1.5150,03%2.9262.85397,48%R$ 736,42 Canjica de Milho3.1000,06%3555615,87%R$ 6,87 Canjiquinha de Milho9500,02%687182,67%R$ 4,56 Carim de Mandioca1.8140,04%1.85989948,38%R$ 305,38 Carne de sol e outras27.4380,56%3.62280822,30%R$ 67,73 Coalhada de Leite4.3290,09%1.24341433,33%R$ 73,36 Compotas de Frutas10.3040,21%1.46844130,04%R$ 41,92 Couros e Peles48.2790,99%1.7771.38778,03%R$ 28,08 Creme de Leite23.0640,47%6.50682412,67%R$ 29,22 Doce de Leite7.5490,16%2.9942.69790,07%R$ 594,53 Embutidos112.8132,32%9.4772.54226,83%R$ 66,79 Farinha de Mandioca653.73913,45%1.478.9791.123.29275,95%R$ 592,99 Frutas Cristalizadas6990,01%33625375,47%R$ 573,51 Fub de Milho75.6811,56%56.3695.79310,28%R$ 17,75 Fubarina de Milho8070,02%81352063,93%R$ 155,49 Fumo em Rolo ou Corda26.3560,54%18.84317.37992,23%R$ 1.029,96 Garapa de Cana2.6040,05%3.6732.26361,61%R$ 328,23 Gelia de Frutas18.2450,38%1.21741934,39%R$ 28,48 Licor de Frutas4180,01%944951,56%R$ 95,44 Manteiga82.5681,70%6.5164.12663,32%R$ 73,39 Massa de Mandioca2.6010,05%1.6181.11668,99%R$ 163,78 Melado69.4121,43%20.6829.51346,00%R$ 68,07 Outros Produtos72.2781,49%74.32742.16656,73%R$ 194,97 Pasta de Frutas15.6630,32%4.3733.07370,27%R$ 119,53 Polvilho de Mandioca87.9101,81%40.74924.39959,88%R$ 140,58 Queijo e Requeijo358.6197,38%202.262162.98380,58%R$ 867,91 Rapadura56.6451,17%79.26767.45485,10%R$ 491,05 Suco de Uva1.8520,04%36012534,74%R$ 68,66 Tapioca de Mandioca18.4210,38%7.2974.96468,02%R$ 285,48 Tiquira de Mandioca1.5680,03%99069970,60%R$ 293,94 Vinagre de Cana2980,01%811113,93%R$ 16,28 Vinagre de Uva5.8950,12%92420422,03%R$ 22,95 Vinho de Frutas1.4230,03%90636740,56%R$ 143,24 Vinho de Uva19.9060,41%25.36310.42441,10%R$ 259,72 Xarope de Aa16.0850,33%17.3122081,20%R$ 6,73 Geral-----R$451,58 * Nmero de estabelecimentos que informaram desenvolver esta atividade dividido pelo nmero total de estabelecimentos.Fonte: extrado de Flores (2002) Outras tabelasquefiguramnotextoacimacitado,mostramaseguintesituao (presena de agroindstrias) em termos de grandes regies: Norte - farinha de mandioca (40,04%); Sul- queijo e requeijo (18,82%) e embutidos(10,82%); Nordeste-farinha demandioca(18,01%);eCentro-Oeste-queijoerequeijo(12,73%).Aexceoa Economia Texto para Discusso 261 7 regioSudesteondeoprodutoqueapresentamaiorpercentualdepresenaqueijoe requeijo com 8,47%. Em termos estaduais, os maiores percentuais ocorrem nos Estados do Amazonas eParondeaproduodefarinhademandiocaocorreem67,41%e48,02%dos estabelecimentos. Apenas nos estados do E. Santo, R de Janeiro, S. Paulo e M Grosso, nenhum produto atinge presena superior a 10%. Os estados que apresentam uma maior diversidade de atividades de indstria rural so: R G do Sul, S Catarina, Piau, M Gerais e Cear. SegundoFlores(opcit)acontribuiomdiadasatividadesrelacionadas industriaruralparaareceitamonetriadosestabelecimentosinformantesdosestratos inferioresa100hectaresfoideR$451,58(ltimalinhadacoluna7daTabela1). As atividades com as maiores contribuies so: aguardente de cana, R$1.793,89; fumo em rolooucorda,R$1.029,96;lcooldecana,R$906,52;queijoerequeijo,R$867,91; azeitededend,R$736,42;docedeleite,R$594,53;farinhademandioca,R$592,99; frutas cristalizadas, R$573,51; e rapadura, R$491,05 (pp 12). Em geral, os produtos da indstria rural commaior contribuio para a receitamonetria so aqueles commaior percentual da produo destinada aos mercados.Emsntese,aimportnciaeconmicadasatividadesligadasindstriarural bastanteexpressivaemtermosdesuacontribuioparaarendamonetria,do percentualdaproduodematrias-primasquetransformadaedopercentualde estabelecimentos que informaram desenvolver estas atividades. Verifica-se assim que a indstria rural tem importante contribuio a dar para o desenvolvimentodoespaorural,particularmentenaquelasregiesondefatores estruturais diversos reduzem a competitividade da produo voltada diretamente para o mercado de atividades tradicionais como produo de arroz, milho e feijo. 3-AgroindstriasRuraisseminterveno governamental e bem sucedidas. Existem no Brasil inmeras experincias bem sucedidas de agroindstrias rurais quesurgirameevoluramdeformanaturaleespontneasemmaiorinterveno governamental. Tal vez o caso mais emblemtico neste sentido seja a regio conhecida como Oeste Catarinense. Estaregiosenotabilizouporserpioneiranoestabelecimentodosistemade integraoagroindustrialentregrandesagroindstriaseaagriculturafamlia.Este sistemaimplantadopelaSadianosanos70surgiupelasnecessidadescoincidentesde doissetores:umaestruturadepequenosagricultoresfamiliaresquenotinhaterra suficiente para uma explorao agrcola em escala e que ademaisse localizava em reas montanhosaspoucopropciasparaalavouraemgrandeescala,eumaestrutura industrialqueprecisavafugirdoscompromissosdeumafolhasalarialpermanentee custosa, na parte de produo de frangos. ASadia(eaPerdigao)entregaaoprodutorospintos,asvacinas,araoeo avirioedoassistnciatcnicae,oagricultorfamiliarseencarregadetratardos animaisatomomentoprvioaoabate(40diasaproximadamente).Nessemomentoa SadiarecebeosfrangosedescontadaNotafiscal: osvaloresadiantadoseumaquota pelaamortizaodoavirio.Sobraparaoagricultorumarendaestveltodomseo estercodegalinha,queelevenderparaaagroindstriadectricosdeSoPaulo.A vantagemparaaSadiaever-seliberadaderiscodepragas,defolhasalarialecargas trabalhistas, e o que mais importante, de conflitos trabalhistas que antes acostumavam interromper todo o fluxo produtivo cada vez que havia uma greve. Economia Texto para Discusso 261 8 Estesistemapermitiuquecrescessenaregioomaiorcomplexodeproduo, abate e transformao de carne suna e de aves do Brasil e Amrica Latina. Almdaproduointegradadefrango,Mior(2008)revelaquehumagrande quantidadedeoutrosprodutosetiposdeprodutoresenvolvidosnaindstriade transformao rural como chamada pelo IBGE. Mais de 80% do valor da produo da indstria rural de Santa Catarina foi produzido por estabelecimentos agropecurios com menosde50hectares,oquedenotaaimportnciadestaatividadeparaaagricultura familiar.Nocasodoprocessamentodoleite,dos59milprodutoresdequeijoe requeijo,havia,em1995,maisde21milquecomercializavamestesderivados.A anlisedaevoluoporprodutoindicaadinmicadistintaentreosderivadosdeleite (queijoerequeijo),embutidosdesunos(salameelingia)edecana-de-acar (melado) (Mior, 2008, pp 12). Outro dado importante que distingue as cadeias de sunos edeleite,almdonmerodeprodutores,aparticipaodaproduodequeijoe requeijocolonialnototaldequeijosdoestadoquandocomparadoadeembutidosde sunos.Em1995aproduodequeijoerequeijonaspropriedadesruraisdoestado alcanou13miltoneladas,oquepraticamenteequivaleaototaldequeijoproduzido pelaagroindstriaconvencional.Noprocessamentodecarnesuna,pelocontrrio,a produodeembutidosnaspropriedadesrurais,de2miltoneladas,insignificante perto da produo industrial de derivados. Fonte: Extrada da Mior (2008) Atabelaacima,elaboradaporMior(2208)mostraqueacadeiadesunos,em que o nmero de agricultores que produziam embutidos aumentou de 35mil, em 1975, Economia Texto para Discusso 261 9 para41milem1985,edepoisdiminuiupara17mil,em1995.Possivelmente,os nmerosrefletemoimpactocrescentedaindustrializaoconvencionalsobrea produo artesanal. J no caso do leite, a reduo do nmero de produtores de queijoe requeijo da dcada de 80 para a de 90 foi pequena (de 41 mil para 33 mil) e o volume da produo diminuiu pouco (de 7 para 6 mil toneladas). Segundo Mior (2008) o processo espontneo de surgimento de agroindstrias as vezes comea pela mulher do agricultor. No passado no muito distante a tendncia do agricultor para o comrcio e o processamento era vista com um aspecto negativo para o bomexercciodaprofissodeagricultornamedidaemquepriorizariaaesferada comercializao(donegcio)emdetrimentodaesferadaproduo(trabalho).Hojea comercializaopassaasercondiosinequanondarealizaodaproduoda agroindstriaeacaractersticapessoaldapessoaenvolvidanissoestsendore-valorizada na regio. 4-ImpactosPositivosdeAgroindstriaRuralInduzida Por Governos. Umadasprincipaisexperinciasbemsucedidasnainduodeprocessosde beneficiamentodaproduoporinstanciasgovernamentaisfoiimplementadano DistritoFederal.ASecretariadeAgriculturalocalformuloueexecutou,noperodo 95/98,oPROVE(ProgramadeVerticalizaodaPequenaProduoFamiliar).Este programa,quandodesuaimplantao,tinhacomoprincipalobjetivoviabilizara verticalizaodaproduodepequenosprodutoresdebasefamiliarcomoformade gerarrendaeempregonocampo.Procurava-seviabilizarascondiestcnicas, econmicasefinanceirasquepermitissemaosagricultoresfamiliaresconstruremsuas agroindstrias e comercializarem a sua produo.SegundoFlores(2003)osresultadosobtidospeloPROVE,emtermosde geraodeemprego-surgimentode300pequenasagroindstriasdebasefamiliar, gerando7.400empregos,dosquais2.400diretos-erenda,foramconsiderados satisfatrios. No entanto, os crticos ao programa procuram salientar que para que estes resultados fossem atingidos foi necessrio um nvel elevado de subsdios.Este autor afirma que como, em geral, estes produtores esto descapitalizados, notmacessoaocrditoruraleassistnciatcnica,notmconhecimentosde tcnicasmodernasdegesto,nodominamtcnicasdeconservaoeembalagemda produo, estes incentivos adotados pelo PROVE so considerados fundamentais para a viabilizaodaatividadedeindstriaruralnasunidadesfamiliares.Mesmosendo baixososinvestimentosiniciais,eestandoosinsumosdisponveisnasunidades produtivas, este apoio , quase sempre, fundamental (pp10).EmMinasGeraisfoicriadooutroprojeto,denominadoSeloAzul(verFlores 2003),cujoprincipalobjetivoretirardaclandestinidadeaagroindstriaartesanal mineira.Esteprojetoprocurapromoveranormatizao,certificaoegarantiade qualidade da produo artesanal dos produtos, comocachaa,lingia, queijo e doces, osquaissoarraigadosnatradiomineira,visandoaumentarovalordaproduoe reduzir os seus custos. CombaseemValdemar(2008)osprincipaisefeitosdasexperinciasbem sucedidas de agroindustrializao rural podem se sintetizar da seguinte maneira: Economia Texto para Discusso 261 10 Elevao/complementao da renda familiar no meio rural: SegundoMior(2008)arendadasfamliasenvolvidasnoprocessamentode alimentosmelhorousignificativamenteemSantaCatarinaapsaimplantaodas agroindstrias.Naregiooeste-catarinense,onmerodeagricultoresqueganhavam maisdoque trssalriosmnimosmensaispassoude7,4%para48%apsafundao do empreendimento. E, dos agricultores que possuam entre um e trs salrios mnimos subiude37%para51,9%apsaimplantaodaunidadedetransformaoparafins mercantis. Reduodavulnerabilidadeeconmicadosagricultores familiares Outrapesquisarealizadacomasagroindstriasfamiliaresemtodo o Estadodo RioGrandedoSul(Weisz,2008),60%dasfamliasquepossuemoprocessamentoda produoparavendaapontamjustamenteparaamelhoriadarendacomooprincipal fator proporcionado pela agroindustrializao. Descentralizao da produo e das fontes de renda Nooesteparanaense72,5%daspropriedadescomagroindstriastmat20 hectarese80%continuaramcomamesmaquantidadedeterraapartirda industrializaodaproduonosdomiclios.Resultadossemelhantessoencontrados na regio da central do Rio Grande do Sul, onde a maioria das propriedades tem menos de 20 hectares enquanto que os mdulos rurais da regio (op cit) OcupaoegeraodeempregonomeioruralReduodo xodo rural No Rio Grande do Sul, tendo por base as 1.528 agroindstrias pesquisadas, 77% dosempreendimentostiveramafamliacomoaresponsvelpelatransmissodo conhecimentodasformasdeproduoeprocessamentoe38%tiveramoscursos tcnicoscomoresponsvel(opcit).EmSantaCatarina,combaseem1.116 agroindstrias, 53% tiveram o aprendizado unicamente pela famlia e em 20% dos casos seconciliouoconhecimentofamiliarcomoproporcionadopeloscursos.Portanto,na maior parte dos casos, as mercadorias produzidas nesses espaos acabam sendo reflexos dosconhecimentosquesoherdadosjuntocomopatrimniofamiliar(depaipara filho). Flores(2003)tambmnmerosexpressivosdegeraodeempregodireto, medidoemtermosdeequivalente/homem/ano,paraatividadesselecionadas:mandioca 429.113EHA,leite59.725EHA,fumo17.199EHA;ecana-de-acar6754 EHA. Valdemar(2008)revelaquenasagroindstriasrurais,nointuitodebaixarseus custos,geralmentesoasprpriasfamliasosagentesresponsveispela comercializaodosprodutosfinais,diminuindodeformasignificativaonmerode intermedirios.UmapesquisanaMesorregioGrandeFronteiradoMercosul,que compreende o Rio Grande do Sul, Santa Catariana e Paran, apontou que em 80% dos casos a comercializao feita por um membro da agroindstria. No Rio Grande do Sul, das 1.528 agroindstrias identificadas no censo, mais de 60%efetivavamacomercializaodosprodutosdiretamentecomosconsumidores, Economia Texto para Discusso 261 11 46% atravs dos estabelecimentos comerciais na sua maioria localizados nos municpios e 27% atravs das feiras. NoOesteCatarinense130agroindstriasfamiliaresgeravam1.040postosde trabalhodiretos(sendoque650eramocupadospelosprpriosagricultores)emais 2.600 indiretos, obtendo uma remunerao mdia por empregado de mais de R$ 300,00 pormsem2001.Nessecontexto,amdiademo-de-obradetidadiretamentepor agroindstria superou as 8 pessoas por agroindstria. No Rio Grande do Sul, tendo por base os 1.528 empreendimentos, a mdia de postos de trabalho por agroindstria chegou a 4,72, sendo que 3,51 pertenciam ao prprio ncleo familiar e 1,21 eram trabalhadores contratados (Mior 2008). Outro estudo que congregou os estados do Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul mostrou que das 76 agroindstrias analisadas, 52% utilizavam somente mo-de-obrafamiliar,quantoqueasdemaisconciliavamtrabalhadoresdogrupodomsticoe contratados de fora da regio (Valdemar, 2008). Mudanas nas relaes de gnero Nasagroindstriasfamiliares,aorganizaoeadivisodastarefasdentrodo grupofamiliartemacontecidocomainclusodetodososmembrosdodomiclionas atividadesdebeneficiamentodaproduo.Mior(2005,p.199)advertequeno somente na comercializao que a importncia da mulher agricultora ganha relevo, pois a esfera da produo da agroindstriafamiliar tambm reserva umlugar extremamente importanteparasuaao.Issoporque,atradioartesanalnaconfecodeprodutos porpartedamulhermarcaemmuitoscasosopontodepartidaparaaampliaoda atividade em termos de escala e rearranjo do trabalho na propriedade. 5-Limitantes e Entraves enfrentados pelas agroindstrias rurais Umdosprincipaisproblemasenfrentadospelasagroindstriasruraisartesanais ou semi-profissionais incapacidade em se adaptar as exigncias sanitrias previstas na legislao. SegundoMior(2008)paracaracterizaraqualidadetimaexistiriamos seguintes aspectos a serem contemplados: ecolgico, o social, o cultural e a aparncia. Oaspectoecolgicosereferescaractersticasdoprocessodaproduoda matriaprimaedaindustrializaodosprodutos,buscando-seconseqnciasmais favorveisparaasadedosconsumidoreseparaomeioambiente.Noprocessode produoprimria,podemocorrercontaminaesdagua,doaroudosolo, ocasionadas por dejetos e/ou por resduos de produtos txicos. Ousodeconservantessemcritriostcnicosclaros,podeserquestionado medida que muitos deles, convencionalmente usados na produo dos alimentos, podem prejudicar a sade dos consumidores.Mior (op cit) diz quepoderiahaver requisitos de informaoobrigatriacomo,porexemplo,osanitrio,olegal,onutricionaleo ecolgicoeoutrosquepodiamserconsideradosdeinformaonoobrigatriaou opcional como, por exemplo, o cultural, o social, a aparncia e a facilidade de uso, que podem ser considerados como de qualidades no obrigatrias. Economia Texto para Discusso 261 12 DieselETAL(2008)tambmmostraqueparaalgunsdessesatoresas exigncias sanitrias podem significar dificuldades para a consolidao da agroindstria rural.Dentreestesfatores,pode-secitarcomofundamentalaincompatibilidadeda escaladeproduodasagroindstriasfamiliarescomasexignciasdosgrandes circuitos de mercado, pautados pela padronizao e regularidade no fornecimento. Para que esses investimentos em sanidade sejam feitos fundamental resolver os entravesemtermosdedisponibilidadedematria-prima,mo-de-obraecapital, carnciadeequipamentoseinstalaesapropriadosaescaladesejvel,afaltade organizaopoltica,administrativaecomercial,poucadisponibilidadedeinfra-estrutura pblica, a inadequao e o desconhecimento das legislaes sanitrias, fiscal e tributria. Diesel (op cit) explica que em decorrncia das restries legalizao, verifica-se a manuteno da produo artesanal de alimentos na informalidade, pp 23. Paradoxalmenteoprpriomovimentoquelevaasagroindstriasfamiliares padronizao dos produtos, atravs do atendimento de requisitoslegaisvigentes, acaba com um dosingredientesfundamentais queinteressa ao turismo rural, que oproduto diferenciado.Hoje,percebe-sequehumaameaadedescaracterizaodestaproduo artesanalpelaadoodeprocessosindustriaisdeproduoexigidosnalegislao sanitria vigente. Noentanto,naQuartaColniadeRioGrandedoSulteriaseconseguidouma espciedecertificaoouumselodequalidadechamadadeSaborGachoque permitiuaqualificaoere-estruturaodaproduoartesanalparaatenderas exignciassanidade.Apartirdissoteriahavidoumagrandeadesoemfavorda propostadeimplantaodeagroindstriasfamiliares,gerandograndenmerode unidadesdeproduoemdiferentesestgiostecnolgicoseemsituaesdiversasem relao ao cumprimento de requisitos legais.SegundoDiesel(opcit)Talfatopermiteafirmarqueinvestimentoemmarcas locaiscomumsistemadecertificaodaqualidade,apoiadoemumaestratgiade marketing pode significar a potencializao desta atividade. Emoutrasregies,comonoNordeste,noentanto,osprogramasde agroindustrializaaoruralpromovidosporinstanciasgovernamentaisnoteriamdado tocerto.SegundoavaliaorealizadapelaFECAMPem2004:Amaioriados projetosdeagroindstriasfracassouporquedemandammaiorcapacidadedegesto, somaiscomplexospordemandaremconhecimentosdegestodaproduoeda comercializao. O fracasso se deve no apenas ausncia dessas capacidades, como tambmdificuldadedeseconquistarumaestruturaorganizacionalcoletivapara operar uma verdadeira empresa, como qualquernegcio em umambiente de mercado competitivo (pp 93). Economia Texto para Discusso 261 13 Gesto Cooperativa na Cadeia do Caj no NordesteSoconhecidososbenefciosqueoassociativismopodeproporcionaraosprodutoresrurais, cabendo destacar:Facilitar o acesso ao crdito. Permitir a incorporao de meios e tcnicas mais eficazes de produoindispensveis eficincia das exploraes. Contribuir para a reduo de custos na aquisio de insumos, mquinas e equipamentos agropecurios. Induzir integrao entre as diversas etapas do processo produtivo, da comercializao e do processamento. Possibilitar o aumento da produo e da produtividade. Favorecerganhosdeeficincianaetapadecomercializaodaproduo,como conseqente aumento e apropriao de renda pelo produtor.Paraqueistopossaacontecernecessrioqueacooperativatenhaumaltonvelde administraoegerenciamento,inibindoocartermeramenteassistencialistaoupaternalista. Acimadetudo,asempresascooperativasdevemsercompetitivaseatraentesparaseus associados.Agarantiadequeacompetitividadesejaatingidapressupequealgumas dificuldadessejamsuperadascomoabaixaacumulaodecapital,oinvestimentoem tecnologia e a competitividade de seus produtos por meio de ganhos de escala e qualidade. Contudo, a prtica do associativismo encontra ainda uma srie de obstculos que entravam o seu desenvolvimento, dentre os quais podem se destacar:Carnciadepessoalqualificado para gerir associedadese para asmltiplasatividades necessrias ao desenvolvimento das cooperativas. Inadequao da poltica de crdito por parte da maioria dos bancos. Faltadeconhecimento,porpartedosprodutoresrurais,dosreaisobjetivosda cooperativa e do exato papel a ser desempenhado por essas entidades. Baixacapacidadedepoupanadosassociadosparacapitalizaodesuascooperativas nos nveis necessrios. Ineficientes aes de capacitao para associados, dirigentes e funcionrios. Faltadeentrosamentoentreosrgosque,diretaouindiretamente,atuamno associativismo. Incipiente integrao cooperativista.Considervel proporo das cooperativas agropecurias que trabalham com castanha de caju no Nordesteenfrentaosproblemaslistadosanteriormente.Nessesentido,vriasdessas cooperativas encontram-se atualmente endividadas e inadimplentes, estando impossibilitadas de operar com o sistema financeiro. Asquesededicaram apenas comercializao, e contrataram pessoal temporrio para a poca de pico da atividade, possuem agora maiores chances de sobrevivncia.Cabe assinalar que uma delas,aCoopercaju, beneficia-sede um acordode comercializao baseadono comrcio justo com uma ONG sua, que paga um preo superior ao que se paga no mercado internacional, mas impergidospadresdequalidade,regularidadeegesto.Mesmoassim,essacooperativa tambm passa por dificuldades financeiras por acordos no cumpridos com a CONAB e com a Fundao Banco do Brasil. O nascimento, evoluo e amadurecimento do associativismo deve ser um processo gradualde conquistadeconfianaesolidariedadeentrepessoaseougruposfamiliaresquenodeveser impostodeformaabruptaouincentivadoexageradamente,sobpenadeabortaresseprocesso antes que frutifique. Aevoluo favorveldo cooperativismoencontra-seem risco por todososfatoresenunciados acima.Deve-seavaliarseestaounoumaformadeproduoquedevaserincentivadano futuroousedevemserprivilegiadas,porenquanto,asmini-fbricasdegestofamiliar,que aparentemente so mais eficientes, at que haja real avano do cooperativismo na regio. (Extrado do Estudo IICA/BNB sobre a Cadeia do Caju,2008) Economia Texto para Discusso 261 14 Existemcasosemqueocorreaprendizado,massempresurgemproblemas administrativos,cujasoluonemsempreatendeosanseiosdacomunidade.Em primeiro lugar, encontra-se a dificuldade de administrar a participao da comunidade nosesforosdetrabalhoenadistribuiodosresultadosfinanceiros.Temsetornado umatarefacomplexaaconstruodeumsistemaaceitvelderemuneraopor esforo. O comportamento oportunista por parte de alguns leva ao descontentamento e desintegraodogrupo.Essetipodecomportamentotpicoemtentativasde organizaocoletivaemcomunidadesquenopossuemessatradio.Noh mecanismos culturais de punio ou estmulo, ou ainda, no se consegue criar arranjos institucionais(formaisouinformais,culturais)quepossaminibircomportamentosdo tipooportunista.emsegundolugar,existeresistnciaporpartedascomunidadesem aguardar a natural maturao dos projetos produtivos. Esse problema est relacionado s prprias necessidades bsicas e imediatas dos pobres, que exigem solues no curto prazo(pp 94). Assim,muitasfamliasabandonamoprojetoe,aofinal,apenasalgumas assumemagesto,otrabalhoeosbenefcios.Emgeral,formam-segrupospequenos, pormmaiscoesos,determinadosporlaosdeparentescoouporumalideranaforte. Issonosignificaqueapenasumpequenogruposebeneficia,poisocrescimento econmicodessepodegerarefeitosindiretosepositivosparaosdemaismembrosda comunidade,sejanaformadecriaodepostosdetrabalhosejapelacompradeseus produtos. Outros projetos no tm a mesma sorte e so completamente paralisados.Oscasosdesucessodemonstramquearelaocusto-benefcioparaprojetos comunitrios,combaseempequenosgrupos,maiselevada.Essesprojetossomais sustentveisdoqueprojetoscoletivosgrandesquefracassamporinadequaoao processo de gesto e acabam tendo benefcio nulo. Algumas comunidades conseguiram adaptaroprojetoaoseuperfilculturalelograramevitarumfracassototal.A caractersticaprincipaldessesprojetosencontra-semuitasvezesnasuasimplicidade, queseadaptatradiolocaldegestoindividualebaixonveldecapacitaoe escolaridade dos beneficirios. 6-Concluso ConformeseviuacimaaagroindustrializaoruralsempreexistiunoBrasile sempreatuouemconsonnciacomaprpriaproduoagrcola.Namaiorpartedos casostrata-sedebeneficiamentodaprpriaproduo,oquegeraumarenda complementardarendaagrcola,masquenopoderiaexistirseaatividadeagrcola desaparecesse. Ou seja, o que teria dado certo e evoludo no Brasil no seria uma forma deagroindstriarural(outurismorural)independenteouautnomoemrelaos atividadescorriqueirasdoprodutorruralfamiliar.Asagroindstriasruraistrabalham basicamente com amatria prima produzidanos seus estabelecimentos, ou seja, no se constituememunidadesautnomaseindependentes.Aproduoagroindustrial complementa a renda obtida na agricultura. Viu-se tambm que existem agroindstrias rurais de trs tipos, as artesanais para autoconsumo,asmodernasquerespeitamalegislaosanitriamasquemantmos atributostradicionaisdesaberequalidadeeasquesopequenasmasatuamdeforma parecida as grandes, com nveis de padronizao da produo elevados. Economia Texto para Discusso 261 15 Asagroindstriastradicionaisestopresentesem20%daspropriedadese processamprincipalmentemandioca,leite, queixos, vinhos e cachaa, sendono Sul do pasondeteriamtidomaiorsucesso.NoRiograndedoSul,ParaneSantaCatarina encontram-seinmeroscasosnoquaishouveconsidervelgeraodeemprego, aumento da renda famlia com melhora nas relaes de gnero. No Nordeste, entretanto, osucessoteriasidomenor,sobretudonasexperinciasqueforamaceleradasporpolticas pblicas ineficazes.Onascimento,evoluoeamadurecimentodoassociativismodeveserum processogradualdeconquistadeconfianaesolidariedadeentrepessoaseougrupos familiares queno deve serimposto de forma abrupta ou incentivado exageradamente, sobpenadeabortaresseprocessoantesquefrutifique.Oprincipalproblemaquedeve serresolvidoantesdeincentivaressasagroindstriascoletivaseouindividuaisa carnciadepessoalqualificadoparagerirassociedadeseparaasmltiplasatividades necessrias ao desenvolvimento das cooperativas. Oscasosdesucessodemonstramquearelaocusto-benefcioparaprojetos comunitrios,combaseempequenosgrupos,maiselevada.Essesprojetossomais sustentveisdoqueprojetoscoletivosgrandesquefracassamporinadequaoao processo de gesto e acabam tendo benefcio nulo. Trata-se, portanto de incentivar processos de capacitao em gesto, aprendizado tecnolgicoeestudosdemercadoquepermitamviabilizaraagroindustrializaonas regies mais pobre do pais onde ela pode colaborar com a gerao de emprego e renda, sempre que bem concebidas e treinadas previamente. BIBLIOGRAFIA Diesel,VEtAl(2008);AsAgroindstriasRuraisTradicionaisEOTurismoNa QuartaColnia-Rs:InterfacesESinergiasInIvCongresoInternacionalDeLaRed Sial, Mar Del Plata, Octubre 2008. FECAMP,2004:ProjetodeCombatePobrezaRuralProjetoSoJosEstadodo CearProjetoSoJosFuncionamentoeResultadosImediatos.Relatriode Consultoria Tcnica Verso Preliminar Para Discusso Interna. FloresF.FernandesFilho&F.R.Campos(2002)AIndstriaRuralnoBrasil.IN Revista Economia e Sociologia Rural da SOBER, maro de 2002. Guanziroli, C, Meirelles, H (2008): Estudo Da Cadeia Produtiva Do Caju E Validao De Metodologia Para Acompanhamento Dos Sistemas Agroindustriais. BNB/IICA. 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