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UIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS DEPARTAMETO DE EGEHARIA CIVIL Edifícios sustentáveis sob o ponto de vista do consumo de água Trabalho apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil. aiara Bazan de Faria Orientador: Prof. Dr. José Carlos Paliari São Carlos Novembro de 2008

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U�IVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAME�TO DE E�GE�HARIA CIVIL

Edifícios sustentáveis sob o ponto de vista do consumo de água

Trabalho apresentado ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal de

São Carlos como requisito para obtenção do

grau de Engenheiro Civil.

�aiara Bazan de Faria

Orientador: Prof. Dr. José Carlos Paliari

São Carlos

Novembro de 2008

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AGRADECIME�TOS

Aos meus pais e meu irmão, pelo apoio e dedicação, amor e incentivo.

Ao meu professor José Carlos Paliari, pela boa orientação.

À Universidade Federal de São Carlos, em especial os professores do Departamento

de Engenharia Civil.

Aos meus amigos da Universidade, que sempre me apoiaram e me ajudaram em todos

os momentos que eu precisei.

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RESUMO

Atualmente, há uma preocupação geral com o futuro do planeta Terra e com o

abastecimento de água para as populações, principalmente, com a disponibilidade de

mananciais em condições de vazões disponíveis e com a qualidade da água.

A água é um elemento essencial à vida. Apesar de o grande volume de água presente

no planeta, a maior parte desta é salgada, está nos mares e oceanos. A água doce só representa

2,5% do total, sendo que a maior parte está nas calotas polares. Apenas 0,3% da água está

disponível e de fácil acesso.

O Brasil contém 12% da água doce do mundo, sendo privilegiado. Porém, grande

parcela da população não recebe água tratada e 92% do esgoto é lançado nos rios e mares sem

tratamento algum.

Neste trabalho, serão pesquisadas informações sobre a importância da água para a vida

humana, quais seus recursos e a melhor forma de usá-la de forma racional nas edificações.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................6

1.1 Justificativa .............................................................................................................................6

1.2 Objetivos.................................................................................................................................7

1.3 Metodologia ............................................................................................................................7

2 SUSTENTBILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .........................................................9

2.1 Desenvolvimento sustentável .................................................................................................9

2.2 Análise do Ciclo de Vida (LCA) ..........................................................................................13

2.3 Agenda 21.............................................................................................................................13

2.4 Gestão Ambiental .................................................................................................................14

3 SUSTENTABILIDADE E A ÁGUA...............................................................................18

3.1 Porque economizar água.......................................................................................................18

3.2 Cultura Brasileira..................................................................................................................21

3.3 Perdas nos sistemas de água .................................................................................................22

3.4 Exemplos de economia de água............................................................................................27

4 COMO ECONOMIZAR ÁGUA......................................................................................28

4.1 Equipamentos economizadores de água ...............................................................................28

4.2 Medição Individualizada.......................................................................................................33

4.3 Sistema de Reuso de Água....................................................................................................38

4.4 Captação de água da chuva...................................................................................................40

5 CONCLUSÃO..................................................................................................................46

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................47

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição de água no mundo ................................................................................17

Figura 2: Seca na Amazônia em 2005..................................................................................... 18

Figura 3: Água Poluída............................................................................................................ 19

Figura 4: Bacia com Caixa Acoplada de duplo fluxo da Roca................................................ 29

Figura 5: Registro regulador de vazão Ecomaster cromado.................................................... 29

Figura 6: Arejador de vazão constante .................................................................................... 29

Figura 7: Regulador de vazão para chuveiro - 12L ................................................................. 29

Figura 8: Torneira Eletrônica de banca 110/220 V, Linha Vision - Fabrimar ........................30

Figura 9: Torneira de parede, Linha Acquapress Cromado - Fabrimar ...................................30

Figura 10: Medição coletiva ....................................................................................................34

Figura 11: Hidrômetros concentrados no térreo ......................................................................35

Figura 12: Hidrômetro concentrados no barrilete do edifício .................................................36

Figura 13: Hidrômetros no hall de cada pavimento do edifício ..............................................36

Figura 14: Sistema de coleta ....................................................................................................41

Figura 15: Reservatório enterrado ........................................................................................... 43

Figura 16: Sistema Acqua Save ...............................................................................................43

Figura 17: Filtro de entrada e esquema de funcionamento...................................................... 44

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Atividades, origem e ação hidráulica determinante de rupturas em tubulações de

rede de distribuição.................................................................................................................. 24

Tabela 2: Vantagens dos equipamentos economizadores de água .......................................... 31

Tabela 3: Exigências na qualidade de água não potável ......................................................... 40

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1 I�TRODUÇÃO

1.1 Justificativa

A sustentabilidade tem sido cada vez mais comentada e cobrada pela sociedade.

Discute-se como aliar crescimento econômico e avanços tecnológicos com responsabilidade

ambiental. A construção civil é um contribuinte essencial para o aumento da qualidade de

vida e é a atividade humana de maior impacto sobre o meio ambiente; portanto é setor

estratégico para intervenção com relação à construção sustentável, sendo importante para se

desenvolver metas de desenvolvimento sustentável.

Diferentes estratégias são utilizadas para tornar as construções mais eficientes, como

estudos de melhor orientação de fachadas, modificação na geometria e dimensões, uso de

materiais reciclados, entre outros. Por ser um tema muito abrangente, torna-se difícil analisar

se um edifício é totalmente sustentável ou não.

Mesmo assim, a adoção de um sistema de avaliação e classificação do desempenho

ambiental e da sustentabilidade de edifícios tem papel fundamental para difundir e aplicar a

construção sustentável no Brasil, como já existe em vários outros países. A avaliação

ambiental de edifícios traz benefícios que vão além da simples avaliação, pois mostra os

benefícios e as vantagens mercadológicas.

A revista Arquitetura e Construção, da Editora Abril, afirma que edifícios sustentáveis

no Brasil buscam certificado de "construção verde" e aguardam a criação de um selo nacional,

como já existe nos Estados Unidos, concedido pelo Conselho de Green Building (“Construção

Verde”). De acordo com a matéria, no Brasil, apesar de não haver esta certificação, alguns

especialistas estudam uma possível versão nacional do LEED (Leadership in Energy an

Environmental Design), caracterizado pela excelência no uso de energia e no design

ambiental, ou mesmo a criação de um selo genuinamente brasileiro. Alguns empreendimentos

inclusive adotam a cartilha americana no canteiro de obras na expectativa de conquistar a

marca de sustentabilidade.

Assim, vê-se necessário e importante um estudo e definição dos critérios de avaliação

para que um edifício seja considerado sustentável, sendo que neste trabalho, esse estudo será

feito sob o ponto do consumo de água.

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Atualmente, há uma preocupação geral com o futuro do planeta Terra e com o

abastecimento de água para as populações, principalmente, com a disponibilidade de

mananciais em condições de vazões disponíveis e com a qualidade da água.

A água é um elemento essencial á vida. Além de ser utilizada para higiene pessoal e

ambiental, é um importante elemento para o desenvolvimento econômico. Apesar do grande

volume de água presente no planeta, a maior parte desta é salgada, está nos mares e oceanos.

A água doce só representa 2,5% do total, sendo que a maior parte está nas calotas polares.

Apenas 0,3% da água está disponível e de fácil acesso (UNESCO).

O Brasil contém 12% da água doce do mundo, sendo privilegiado. Porém, grande

parcela da população não recebe água tratada e 92% do esgoto é lançado nos rios e mares sem

tratamento algum (www.brasildasaguas.com.br).

Por esses motivos, percebe-se a importância de se otimizar o uso da água, melhorando

os projetos de edifícios e utilizando recursos que podem economizá-la, sendo que essa atitude

é um benefício à vida humana, já que a água é essencial para a sobrevivência.

1.2 Objetivos

O objetivo deste trabalho é descrever as características essenciais em uma edificação

para que a mesma seja considerada sustentável sob o ponto de vista do consumo de água,

visando também incentivar esse tipo de construção, melhorando a qualidade de vida atual e

futura.

1.3 Metodologia

A fim de atingir os objetivos propostos neste trabalho bibliográfico com ênfase em

água será utilizada a metodologia proposta a seguir:

• Pesquisa Bibliográfica: será pesquisado o maior número de informações sobre

sustentabilidade, como ela é aplicada na construção civil e sua importância.

Também serão pesquisadas informações sobre edifícios sustentáveis, como eles

são classificados e se essa classificação existe no Brasil.

• Revisão bibliográfica: Será feita uma leitura dos artigos e teses encontrados

sobre o assunto, coletando o máximo de informações que possam ajudar a

concluir o trabalho. Será focado o estudo em relação à água e sua importância,

pesquisando teses com relação a esse assunto. Serão pesquisadas informações

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sobre a importância da água para a vida humana e quais seus recursos, assim

como a quantidade de água do planeta e como este recurso é utilizado no mundo

e no Brasil.

As fontes de pesquisa utilizadas serão o site do Google Acadêmico

(scholar.google.com.br), do Infohab (www.infohab.gov.br), o site

(www.dominiopublico.gov.br), entre outras fontes.

Assim, será feita uma conclusão final com os pontos relevantes do trabalho, formando assim o

relatório final.

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2 SUSTE�TBILIDADE �A CO�STRUÇÃO CIVIL

2.1 Desenvolvimento sustentável

Como diz Furquim Werneck (2003), Arquitetura Ecológica, Arquitetura Sustentável,

Edifícios Verdes são alguns dos termos que vem se tornando comum nos últimos anos quando

se aborda a relação da edificação com o meio ambiente. Porém, não há uma regulamentação

que direcione essas experimentações na prática, impedindo que objetivos de maior relevância

e impactos sejam atingidos. É necessário, portanto, a definição desta sustentabilidade, ou da

qualidade ambiental de um edifício.

A idéia de desenvolvimento sustentável começou a surgir no início dos anos 70, com

enfoque na preocupação com o desenvolvimento econômico e as limitações ambientais. A

primeira definição de desenvolvimento sustentável foi apresentada em 1987 pela Comissão

Internacional pelo Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland), da ONU

(Organização das Nações Unidas), como “um modelo de desenvolvimento econômico e social

que responda às necessidades das gerações atuais, mas que não comprometa a possibilidade

das gerações futuras de satisfazer às suas” (ONU, 1987 apud SILVA, 2003)

O desenvolvimento sustentável, de acordo com Silva (2003), congrega dimensões

ambiental, social e econômica, conhecida como “Triple Bottom Line”. A dimensão ambiental

requer a proteção do meio ambiente e seus recursos, de modo que não o prejudique,

permitindo a garantia da qualidade de vida no planeta. A dimensão social requer o

desenvolvimento de sociedades justas, com oportunidades de desenvolvimento humano e

qualidade de vida aceitável. A dimensão econômica, por sua vez, requer um sistema

econômico que facilite o acesso a recursos e oportunidades e o aumento de prosperidade para

todos, dentro do limite do que é ecologicamente possível e sem ferir os direitos humanos

básicos (CIB/UNEP-IETC, 2002 apud SILVA, 2003).

A definição de desenvolvimento sustentável foi concretizada na Conferência da Terra, a

Rio 92, onde foi redigida a chamada Agenda 21, que evidencia fatores determinantes de um

desenvolvimento sustentável do planeta. Ela estabelecia uma visão de longo prazo para

equilibrar necessidades econômicas e sociais com recursos naturais do planeta (SILVA,

2003).

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A Agenda 21 teve a adesão de 178 países naquele momento e cresce, a partir daí, a

procura por produtos ambientalmente menos agressivos. Ela mostra que 11 dos seus fatores

estão diretamente ligados com a construção civil e a cidade, sendo suas interpretações mais

importantes para o setor a Agenda Habitat II, a CIB Agenda 21 on Sustainable Construction,

que fala da redução do impacto ambiental através da alteração na forma dos edifícios, e a

CIB/UNEP Agenda 21 for Sustainable Construction in developing countries.

Cinco anos mais tarde do Rio 92 é assinado o Protocolo de Kyoto, no Japão, em que os

países se comprometem a diminuir as emissões de gás a efeito estufa. A partir daí, surgiram

programas locais de incentivo a inclusão de critérios “ambientais” na concepção e construção

de edifícios em diversos países, principalmente no Canadá e países da Europa Ocidental.

A definição do termo de Qualidade Ambiental pouco significa se diretrizes não forem

traçadas e objetivos claros definidos. Fica claro, então, que quanto mais cedo for tomada a

decisão pela obtenção de uma verdadeira Qualidade Ambiental, maiores são as chances de

atingi-la. A escolha e a definição de quais critérios adotar para uma determinada operação

deve ser feita na sua fase de programação. A Qualidade Ambiental passa a ser tão importante

quanto às questões técnicas ou arquitetônicas, mas ela nunca será a mesma para duas

operações distintas, pois é importante a adoção de soluções específicas para cada tipo de

operação.

No Brasil, as atividades de construção e demolição respondem por 10% do PIB e

empregam 9,2 milhões de trabalhadores (CEE/CBIC;FGV, 2001 apud SILVA, 2003).

Números igualmente expressivos em outros países posicionam, em caráter mundial, a

construção civil como um setor estratégico para intervenção.

Para alcançar o desenvolvimento sustentável é necessário que haja construção

sustentável, pois esse setor representa a atividade humana com maior impacto sobre o meio

ambiente. Edifícios e obras civis alteram a natureza, função e aparência de áreas urbanas e

rurais, gerando grandes impactos ambientais. Porém, o setor também contribui de forma

significante com o aumento da qualidade de vida, pois, como diz Silva (2003), ela provê

meios para o atendimento das necessidades humanas básicas (como abrigo, saúde, educação e

interação social).

A construção sustentável pode ser definida como aquela que considera a economia e

eficiência de recursos, o ciclo de vida do empreendimento e o bem-estar do usuário,

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reduzindo significantemente, ou até eliminando possíveis impactos negativos causados ao

meio ambiente e a seus usuários (ECOPLANO, 2006, apud MARQUES e SALGADO 2007).

De acordo com Silva (2003), buscar uma indústria da construção mais sustentável é

fornecer mais valor, poluir menos, ajudar no uso sustentado de recursos, responder mais

efetivamente às partes interessadas, e melhorar a qualidade de vida presente sem comprometer

o futuro. Construção sustentável não é desempenho ambiental excepcional à custa de uma

empresa que saia do mercado, nem desempenho financeiro excepcional, à custa de efeitos

adversos no ambiente e comunidade local. Para isso há a necessidade de implementação de

políticas consistentes e especificamente orientadas para o setor. A adoção de um sistema de

avaliação e classificação do desempenho ambiental e da sustentabilidade de edifícios tem

papel fundamental.

Segundo Salgado e Marques (2007) há vários tipos de sistemas construtivos e materiais

na construção civil e é de grande importância que se conheçam suas reais características, seus

desempenhos e os possíveis impactos negativos. Através desse conhecimento, pode-se chegar

às melhores soluções para um edifício sustentável e é necessário, para que isso ocorra, uma

parceria na execução dos projetos arquitetônico e estrutural.

É necessária a definição de uma base teórica de Qualidade Ambiental para todas as

fases de vida de uma edificação – programação, concepção, escolha de técnicas e materiais,

execução, utilização, manutenção e demolição.

De acordo com a matéria encontrada no site www.piniweb.com.br, Especialistas

discutem a viabilidade econômica de empreendimentos sustentáveis, Agosto de 2008, para

que os empreendimentos sejam sustentáveis ambiental e economicamente, deve-se investir na

concepção de projetos. Porém a conclusão em que chegaram os participantes do Fórum

Empreendimentos Imobiliários Sustentáveis - Viabilidade, Projeto e Execução, é que esse

procedimento esbarra na forte resistência do mercado profissional, seja pela falta de

conhecimento de alternativas, seja pelo uso do argumento de que soluções sustentáveis são

onerosas.

Segundo a arquiteta Joana Gonçalves, do LABAUT/FAUUSP (Laboratório de Conforto

Ambiental e Eficiência Energética do Departamento de Tecnologia da Arquitetura da

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), um edifício eficiente

nasce de um bom projeto, mas ela reitera a necessidade de todos os envolvidos na obra

participarem dos processos.

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O engenheiro Luiz Henrique Ceotto, da Tishman Speyer, aponta que os projetos dos

edifícios são direcionados para a redução dos custos da execução, quando deveriam priorizar

a eficiência operacional. “O impacto do edifício é diretamente proporcional ao custo que ele

gera”, afirma. O engenheiro apresentou estudos que indicaram que 80% dos custos de

empreendimentos comerciais ao longo de 50 anos correspondem ao uso e operação do

edifício. Os custos de execução representam 14%, seguidos da adaptação para reuso (5%),

concepção e projeto (0,8%) e idealização (0,2%).

A retenção e reserva de águas pluviais, lâmpadas de alta eficiência, peças sanitárias de

baixa vazão e reciclagem são os itens sustentáveis que mais geram benefícios sem

comprometer os custos em empreendimentos residenciais, afirma Ceotto.

O tratamento de esgoto e aquecimento solar para aquecimento de água também foram

apontados pelo engenheiro como elementos geradores de impactos positivos no meio

ambiente, mas com altos custos. Ele desconsidera a isolação térmica de fachadas e o uso de

vidro por conta do alto investimento demandado e do baixo retorno.

A Tishman Speyer estima que a execução de um “edifício verde” necessite de um

aporte de 5 a 7% maior que o convencional e representa de 2,5% a 3% do custo do imóvel e

para que o brasileiro invista nesse empreendimento, ele precisa saber das vantagens durante a

operação, pois não irá pagar essa diferença para salvar o mundo, como diz Ceotto. A

construção de um edifício sustentável é viável economicamente, precisa-se tirar a ilusão de

que não é possível. A valorização de um edifício sustentável pode chegar a 14% de acordo

com Ceotto. A incorporadora estima que um edifício residencial convencional (apartamento

de três quartos, sendo duas suítes) tenha um gasto mensal durante sua operação de R$ 8/m²,

contra R$ 5/m² de um sustentável.

Precisa-se inserir a economia operacional de forma efetiva na cultura dos compradores e

investidores.

A opinião dos participantes é de que a indústria da construção ainda não conseguiu

inserir a economia operacional de forma efetiva na cultura dos compradores e investidores.

Hugo Marques da Rosa, presidente da Método Engenharia, diz que o marketing da construção

é direcionado para o produto e precisa-se sensibilizar o comprador.

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2.2 Agenda 21

De acordo com Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, até o começo de 2008 a

Agenda 21 reúne o conjunto mais amplo de premissas e recomendações sobre como as nações

devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentáveis e a

iniciarem seus programas de sustentabilidade.

A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável. Além do

documento em si, a Agenda 21 é um processo de planejamento participativo que resulta na

análise da situação atual de um país, estado, município, região, setor e planeja o futuro de

forma sustentável. E esse processo deve envolver toda a sociedade na discussão dos principais

problemas e na formação de parcerias e compromissos para a sua solução a curto, médio e

longos prazos.

De acordo com Kohler (2003), a Agenda 21 discute o modelo de desenvolvimento

vigente no planeta quando foi criada, em que se perpetuam as diferenças sociais, a má

distribuição de renda, e a dilapidação dos recursos naturais.

A Agenda 21 está dividida em 4 seções, com 40 capítulos, onde são definidas também

115 áreas prioritárias de ação. No Preâmbulo são colocados os objetivos gerais e a

importância dela ser implantada. A seção I refere-se às condições sociais e econômicas,

tratando da relação entre o meio ambiente e a pobreza. A seção II aborda a conservação e o

gerenciamento de recursos, para o desenvolvimento, indicando as formas apropriadas quanto

ao uso dos recursos naturais. Na seção III são apresentadas as diferentes modalidades de apoio

aos grupos sociais organizados, que colaboram em alcançar o desenvolvimento sustentável. A

seção IV refere-se aos meios de implantação da Agenda 21 Global, orientando quanto aos

recursos e mecanismos de financiamento para a sua implementação.

De acordo com um artigo do site do Ministério da Fazenda, a Agenda 21 é uma Agenda

de Desenvolvimento Sustentável, onde, evidentemente, o meio ambiente é uma consideração

de primeira ordem. O enfoque desse processo de planejamento apresentado com o nome de

Agenda 21 não é restrito às questões ligadas à preservação e conservação da natureza, mas

sim a uma proposta que rompe com o desenvolvimento dominante, onde predomina o

econômico, dando lugar à sustentabilidade ampliada, que une a Agenda ambiental e a Agenda

social, ao enunciar a indissociabilidade entre os fatores sociais e ambientais e a necessidade

de que a degradação do meio ambiente seja enfrentada juntamente com o problema mundial

da pobreza.

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2.3 Gestão Ambiental

Furquim Werneck (2003) descreve um referencial que dirá onde, mas não

necessariamente como, deve-se interferir para incrementar os resultados ambientais de uma

edificação. Este referencial está descrito na seqüência.

2.4.1 Gestão Energética

A redução dos níveis de consumo de recursos energéticos em edifícios merece uma

análise especial, já que a construção de hidrelétricas, geradoras de energia no Brasil, é

responsável por grande impacto ambiental, gerando desequilíbrios nos ecossistemas. Além da

falta de investimento, ou de planejamento no setor energético brasileiro nos últimos tempos.

Baseado no conceito de que a melhor energia é aquela que não consumimos, reduzir a

consumação energética do setor da construção civil no Brasil é uma questão de prioridade.

Com esse objetivo, deve-se reduzir os níveis de consumo de energia primária,

utilizando máxima iluminação natural, estímulo do uso de aparelhos econômicos, reduzir o

uso de aparelhos de climatização. Deve-se também incentivar à utilização de fontes

alternativas de energia.

2.4.2 Gestão da água

No Brasil há elevados índices de desperdício de água e a construção civil é

responsável por boa parte dele, seja pelo baixo nível de instrução da mão-de-obra, ou pela

adoção de técnicas construtivas ultrapassadas.

Por isso é importante otimizar esse recurso, economizando água potável através de

sistemas de captação, armazenamento e distribuição, utilização de água das chuvas em

sanitários ou áreas externas, incentivo à utilização de técnicas e materiais “secos”, gestão de

águas pluviais, gestão dos efluentes líquidos.

2.4.3 Gestão de Lixo

A construção civil tem um índice muito alto de desperdício e perdas de materiais,

portanto deve-se fazer a gestão dos resíduos sólidos na concepção e construção do edifício,

privilegiando técnicas e materiais de construção com menor produção potencial de resíduos,

organização e racionalização do canteiro de obras, recolhimento e destinação de embalagens,

favorecer a coleta seletiva de materiais.

2.4.4 Edifício e Meio Ambiente

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A preocupação com o meio ambiente também deve se comprometer com o bem estar

daqueles que sofrem algum tipo de interferência na construção de uma edificação, sejam

usuários diretos ou não.

Num processo de Qualidade Ambiental, deve-se potencializar vantagens ou minimizar

as dificuldades com relação ao clima, relação visual interior x exterior, características sonoras,

visuais e olfativas do entorno e das atividades a serem desenvolvidas no novo edifício,

poluições potenciais, riscos geológicos, impermeabilização e evacuação de águas pluviais,

utilização de mão-de-obra, tecnologias e materiais locais, ligação viária, estacionamentos,

adequação da estrutura com o contexto social existente.

De acordo com Geraldo Gomes Serra, entrevistado pela revista Téchne de abril de

2008, existe bastante confusão sobre o que é sustentabilidade em edificações no mercado. Ele

diz que “A construção com métodos sustentáveis é uma questão de racionalidade. Mais

eficiência, menor custo, racionalidade no uso de recursos e bom desempenho no ponto de

vista térmico e acústico, por exemplo, contribui para a sustentabilidade. Quanto mais

sofisticada for a construção do ponto de vista tecnológico, será mais sustentável por levar em

consideração esses aspectos.”

2.4 Medição da sustentabilidade em edifícios

A avaliação de edifícios sustentáveis ainda está em desenvolvimento no país e há uma

falta de orientação e conhecimento no mercado. Por isso há a necessidade de em método de

avaliação como já existem em vários países. Criado no Reino Unido, em 1990, o BREEAM

(Building Research Establishmnet Environmental Assessment Method) é um dos mais

conhecidos sistemas de avaliação de edifícios; ele embasou vários sistemas orientados para o

mercado, como o GBC (Green Building Challenge) desenvolvido por um consórcio

internacional iniciado pelo Canadá em 1996. O GBC desenvolve uma metodologia de

avaliação que pode ser incrementada ou simplificada para atender às necessidades de cada

local.

O GBC procura se diferenciar como uma nova geração de sistemas de avaliação,

refletindo diferentes prioridades, tecnologias, tradições construtivas e considerando valores

culturais de diferentes países.

A implementação de uma construção sustentável encontra dificuldades de mercado,

devido à ótica dos agentes financeiros (POST, 2002 apud SILVA, 2003), que examinam o

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fluxo monetário indiferentes a empreendimentos ecológicos/sustentáveis, ou não. Por isso há

a necessidade de uma conscientização de que a ela traz benefícios, tem melhor desempenho e

viabilidade econômica a longo prazo.

A avaliação ambiental de edifícios traz benefícios que vão além da simples avaliação,

porque mostra os benefícios e as vantagens mercadológicas (SILVA, 2003). A classificação

de desempenho e uma certificação é o método mais eficiente para ressaltar esses benefícios.

Por isso há a necessidade de um método simples que permita identificar edifícios com melhor

desempenho.

O Brasil formalizou a sua integração ao projeto GBC durante a Conferência Sustainable

Building 2000 com a apresentação das intenções e estratégias da equipe brasileira para o

desenvolvimento de uma metodologia nacional de avaliação de impactos ambientais de

edifícios.

Segundo Silva (2003), é fundamental desenvolver um método a luz das prioridades,

condições e limitações brasileiras. Através das questões metodológicas exploradas nos

modelos internacionais, e em consulta às partes interessadas da construção civil no Estado de

São Paulo, delinearam-se as diretrizes para o desenvolvimento de um método nacional de

avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios.

Acredita-se que, enquanto não houver uma metodologia simples para identificar

edifícios com maior desempenho, não haverá alterações no desempenho ambiental das

edificações. As normas dão à garantia de um desempenho mínimo, sem incentivar os

empreendedores a atender patamares superiores. Além disso, a população não tem

conhecimento sobre esse assunto, não se interessando em comprar edifícios com bom

desempenho ambiental.

2.5 Análise do Ciclo de Vida (LCA)

Estudos e métodos para avaliação ambiental de edifícios têm sido especialmente

derivados da avaliação de processos ou produtos industrializados, cuja metodologia aceita é a

Análise do Ciclo de Vida (LCA), originalmente definida pela SETAC (1991) apud SILVA,

2003, como sendo um “processo para avaliar as implicações ambientais de um produto,

processo ou atividade, através da identificação e quantificação dos usos de energia e matéria e

das emissões ambientais; avaliar o impacto ambiental desses usos de energia e matéria e das

emissões; e identificar e avaliar oportunidades de realizar melhorias ambientais. A avaliação

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inclui todo o ciclo de vida do produto, processo ou atividade, abrangendo a extração e o

processamento de matérias-primas; manufatura, transporte e distribuição; uso, reuso,

manutenção; reciclagem e disposição final (sic)”. Ela caracteriza o que se tornou conhecido

como “berço ao túmulo” (cradle-to-grave), pois considera o impacto ambiental de todo o

ciclo de vida de um sistema. Pode-se perceber então a complexidade de avaliação de um

edifício por este método, o que limita sua aplicação.

Como diz Silva (2003), a necessidade de se avaliar o desempenho ambiental de

edifícios veio quando foi constatado que os edifícios chamados verdes consumiam ainda mais

energia que aqueles resultantes da prática comum de projeto e construção; além disso, houve

um consenso entre pesquisadores e agências governamentais de que este era um dos métodos

mais eficientes para elevar o nível de desempenho ambiental tanto dos edifícios já existentes,

quanto de novas edificações.

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3 SUSTE�TABILIDADE E A ÁGUA

3.1 Porque economizar água

Atualmente, há uma preocupação geral com o futuro do planeta Terra e com o

abastecimento de água para as populações, principalmente, com a disponibilidade de

mananciais em condições de vazões disponíveis e com a qualidade da água.

A água constitui um elemento essencial à vida, devendo chegar com qualidade e

quantidade adequadas para atender às suas necessidades. O homem, além de utilizar a água

para o desempenho de suas atividades enquanto ser vivo – higiene pessoal e ambiental,

lavagem de utensílios, cocção, entre outros – faz uso da água especialmente como elemento

de desenvolvimento econômico (em, por exemplo, processos industriais de transformação e

fabricação, como veículo de transporte, solvente, refrigerante e insumo incorporado).

De acordo com dados do International Hydrological Programme da UNESCO sobre

recursos hídricos, o volume total de água no planeta é calculado em torno de 1,4 bilhões km³.

Porém, 97,5% dessa água é salgada, e está basicamente nos mares e oceanos. A água doce,

que só representa 2,5% do total, está em sua maior parte nas calotas polares, estando apenas

0,3% desta disponível e de fácil acesso em lagos, rios e lençóis subterrâneos pouco profundos.

Figura 1: Distribuição de água no mundo (Fonte: ANA; FIESP; SINDUSCON (2005) Conservação e Reúso da Água em Edificações).

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Como diz o livro A água, de José Galizea Tundisi e Takako Matsumura Tundisi,

acreditava-se que a água era um recurso infinito, assim como a capacidade de autodepuração

do sistema. Pensava-se que a tecnologia desenvolvida pelo homem poderia tratar qualquer

tipo de água contaminada e recuperá-la. Na verdade, o recurso é finito, pois a quantidade de

água líquida depende de demanda, e a capacidade de autodepuração dos sistemas tem limite e

os custos para transformar água de qualquer qualidade em água potável estão se tornando

proibitivos.

O Brasil é um país privilegiado, pois 12% da água doce do mundo está aqui. Temos no

Brasil alguns dos maiores recordes encontrados: maior rio do Mundo (Rio Amazonas com

7.025 km de extensão), quedas de água com os maiores fluxos de água do Planeta (Guaíra

com 13.301.000 m3 por segundo de água - hoje encoberta sob o lago de Itaipu, Queda de

Paulo Afonso no Rio São Francisco com 2.830.000 m3 por segundo, Urubupungá no Rio

Paraná com 2.745.000 m3 por segundo). Temos ainda um dos maiores lagos do planeta, a

Lagoa dos Patos com 10.1444 Km2 de área e com uma profundidade de 6,75m.

Em contrapartida, as maiores concentrações populacionais do país encontram-se nas

capitais, distantes dos grandes rios brasileiros, como o Amazonas, o São Francisco e o Paraná.

O maior problema de escassez ainda é no Nordeste, onde a falta d’água por longos períodos

tem contribuído para o abandono das terras e para a migração aos centros urbanos como São

Paulo e Rio de Janeiro, agravando ainda mais o problema da escassez de água nestas cidades.

Figura 2: Seca na Amazônia em 2005

Além disso, os rios e lagos brasileiros vêm sendo comprometidos pela queda de

qualidade da água disponível para captação e tratamento. Na região amazônica e no Pantanal,

por exemplo, rios como o Madeira, o Cuiabá e o Paraguai já apresentam contaminação pelo

mercúrio, metal utilizado no garimpo clandestino, e pelo uso de agrotóxicos nos campos de

lavoura. Nas grandes cidades, esse comprometimento da qualidade é causado por despejos de

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esgotos domésticos e industriais, além do uso dos rios como convenientes transportadores de

lixo.

Há no país sérios problemas de gerenciamento do recurso da água, com índices de

saneamento básico encontrados apenas em países da continente Africano, de acordo com

dados do site www.brasilescola.com.br :

• 30 milhões de habitantes dos 150 milhões do Brasil não recebem água tratada.

• 92 % do esgoto produzido no país é lançado nos rios e no mar sem qualquer

tratamento.

• Os rios são responsáveis por 51 % do consumo de água no país.

• No Brasil todos os dias são lançados 10 Bilhões de litros de esgoto nos rios e

no mar.

Figura 3: Água poluída.

Os recursos hídricos têm profunda importância no desenvolvimento de diversas

atividades econômicas. Em relação à produção agrícola, a água pode representar até 90% da

composição física das plantas. A falta de água em períodos de crescimento dos vegetais pode

destruir lavouras e até ecossistemas devidamente implantados. Na indústria, para se obter

diversos produtos, as quantidades de água necessárias são muitas vezes superiores ao volume

produzido.

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Observando os dados abaixo, encontrados no site www.brasildasaguas.com.br,

percebe-se a necessidade de começar a utilizar a água de forma prudente e racional, evitando

o desperdício e a poluição, pois:

• Um sexto da população mundial, mais de um bilhão de pessoas, não têm

acesso a água potável;

• 40% dos habitantes do planeta (2.400 milhões) não têm acesso a serviços de

saneamento básico;

• Cerca de 6 mil crianças morrem diariamente devido a doenças ligadas à água

insalubre e a um saneamento e higiene deficientes;

• Segundo a ONU, até 2025, se os atuais padrões de consumo se mantiverem,

duas em cada três pessoas no mundo vão sofrer escassez moderada ou grave de

água.

Sendo assim, economizar água torna-se um fator benéfico e essencial à vida e a melhor

solução para a manutenção de nossa existência é a prática da preservação dos recursos

hídricos.

3.2 Cultura Brasileira

A relação entre a cultura brasileira e o consumo de água tem sido muito discutida e

lentamente melhorada, devido ao grande número de informações recebidas através da TV,

internet e a divulgação dos próprios órgãos que cuidam da água e esgoto, em seus indicadores

recebidos nas residências e indústrias.

Mesmo assim, com o conhecimento e a conscientização de que o risco de diminuição de

água no futuro possa afetar intensamente nosso meio de vida, a mudança de uma cultura é

sempre muito lenta e a percepção para que o consumo deste recurso natural seja de forma

sustentável, utilizando apenas o necessário e consumir conscientemente, demanda de uma

mudança também comportamental, que deveria ser trabalhada desde o início escolar.

Segundo pesquisa da agência Nacional das águas, 40% da água retirada no país é

desperdiçada. Nas grandes cidades, em função do crescimento demográfico significativo e,

conseqüentemente, de uma demanda maior de água potável, há uma preocupação das

empresas de água e esgoto com as perdas de água que acontecem nos sistemas de

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abastecimento, devido à necessidade de maiores investimentos por parte das mesmas

(DANTAS e MORAES). Essas perdas de água nos sistemas de abastecimento de água,

juntamente com a não utilização da água de uma maneira racional, representam um volume

significativo que é desperdiçado, além de representar parcela significativa de água tratada que

vai diretamente para a rede coletora de esgoto sem atingir o seu objetivo.

Um grande contribuinte do desperdício de água em edifícios é a medição não individual

de água presente na maioria dos condomínios. Há uma redução de 15 a 30% do consumo de

água na edificação quando há medição individualizada, pois adotando este sistema, o usuário

arca por aquilo que ele consome e pesquisas mostram que a preocupação maior com o

consumo da água se traduz, na verdade, na economia financeira que isto traz, e não a real falta

que irá acontecer no futuro com o desperdício do presente.

Não há dúvidas de que vários órgãos têm trabalhado e divulgado informações para que

nossa cultura seja mudada, mas o governo também tem que assumir um papel na luta contra o

consumo irracional, com ações extremamente simples, de baixo custo para que o povo

entenda a importância que a água tem em nossas vidas, que não só dependemos dela para

viver, mas ela como recurso natural que tem ligação direta com todos os aspectos da

civilização humana, com o desenvolvimento agrícola e industrial, como componente

bioquímico de seres vivos e meio de vida de várias espécies vegetais e animais.

Mesmo sendo um consenso de que esta conscientização e a mudança cultural e

comportamental seja um problema complexo, o assunto tem tomado proporções mundiais, e

os resultados possivelmente aparecerão.

Como mudar a cultura de um país inteiro é um processo extremamente lento e que

demanda de uma grande divulgação de informações e conscientização da população, é

possível que os empreendimentos da construção já possam economizar água em seus

edifícios, através de pequenas ações que podem ser muito eficientes em relação ao consumo

de água. Mas para isso, os investidores e colaboradores do setor precisam se conscientizar de

que esta é uma proposta viável e os compradores precisam saber da economia que fariam ao

longo do uso do empreendimento ao investir em imóveis sustentáveis.

3.3 Perdas nos sistemas de água

As perdas nos sistemas de abastecimento de água podem ser divididas em perdas físicas

e perdas não físicas. As perdas físicas são aquelas que representam a parcela não consumida

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de água. As perdas não físicas são as que correspondem à água consumida e não

contabilizada.

As perdas físicas ocorrem principalmente devido a vazamentos no sistema, envolvendo

a captação, a adução de água, o tratamento, a reservação, a adução de água tratada e a

distribuição, além de procedimentos operacionais como lavagem de filtros e descargas na

rede, quando estes provocam consumos superiores ao estritamente necessário para operação.

É um desperdício desse recurso natural e acarreta na necessidade de maior exploração dos

mananciais, além de não incentivar o uso racional da água. A redução dessas perdas

diminuiria os custos de produção da água tratada e aumentaria a oferta de água sem a

necessidade de aumentar a produção.

As perdas não físicas originam-se de ligações clandestinas ou não cadastradas,

hidrômetros parados ou que submedem, fraudes em hidrômetros e outras. São também

conhecidas como perdas de faturamento, uma vez que seu principal indicador é a relação entre

o volume disponibilizado e o volume faturado. A redução dessas perdas permitiria aumentar a

receita tarifária, melhorando a eficiência dos serviços prestados e o desempenho financeiro do

prestador de serviços, contribuindo indiretamente para a ampliação da oferta efetiva, uma vez

que induz à redução de desperdícios por força da aplicação da tarifa aos volumes efetivamente

consumidos.

O combate a perdas ou desperdícios implica, portanto, redução do volume de água não

contabilizada, exigindo a adoção de medidas que permitam reduzir as perdas físicas e não

físicas, e mantê-las permanentemente em nível adequado, considerando a viabilidade técnico-

econômica das ações de combate a perdas em relação ao processo operacional de todo o

sistema.

Nas empresas de abastecimento de água e esgotamento sanitário do País um dos

principais programas é o controle de perdas nos sistemas de abastecimento de água, pois na

maioria dos sistemas, o índice de perdas encontra-se ainda elevado, geralmente acima dos

35% (DANTAS e MORAES).

Nos sistemas de abastecimento de água as perdas físicas totais de água são as que

ocorrem entre a captação de água bruta e o cavalete do consumidor (TARDELLI FILHO,

2004). Há também as perdas nas economias de consumo, correspondendo àquelas que

ocorrem no interior das edificações, em razão não apenas de vazamentos, mas também de

mau uso.

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Uma pesquisa feita em Salvador, em 79 edifícios, mostrou que nas instalações

hidráulicas das áreas comuns em 30 edifícios, e em 56 edifícios foi encontrado vazamento nos

aparelhos hidráulicos dos apartamentos, num total de 238 apartamentos, sendo que nas

instalações hidráulicas da parte comum dos edifícios, a maior incidência foi no reservatório

inferior, e, na parte interna dos apartamentos, a maior incidência foi no vaso sanitário do

banheiro social, concluindo que se torna necessário a adoção de ações por todos os envolvidos

visando a economia de água e a redução, ou mesmo a eliminação, dos desperdícios.

(DANTAS e MORAES).

As perdas que possuem maior grau de dificuldade de controle são as que ocorrem na

rede distribuição, decorrentes de vazamentos nas tubulações, nos ramais prediais e descargas.

Tais perdas podem ser altas, demandando ações corretivas complexas, onerosas e de retorno

duvidoso, se não forem realizadas com critérios e controles técnicos rígidos (SILVA et

al.,2004).

A magnitude das perdas será tanto maior quanto pior for o estado das tubulações,

principalmente nos casos de pressões elevadas. As perdas físicas em redes de distribuição

ocorrem, em ordem crescente de importância, nas seguintes peças: registros, juntas, anéis,

hidrantes e tubos. Nestes últimos podem ocorrer até 95% das perdas na distribuição, quando

estão rachados, perfurados ou partidos (DA SILVA, 2005).

O quadro seguinte, retirado do trabalho de Fernando José Araújo da Silva (2005),

mostra as atividades, origem e ação hidráulica determinante de rupturas em tubulações da

rede de distribuição.

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Tabela 1: Atividades, origem e ação hidráulica determinante de rupturas em tubulações da

rede de distribuição.

Atividade original da falha

Origem técnica da falha Causa da ruptura na

tubulação (ação hidráulica)

Subdimensionamento Sobpressão

Ausência de ventosas Subpressão

Cálculo incorreto de transientes Sub e sobpressão

Regras de operação mal planejadas Sub e sobpressão

Falta de articulação entre setores Sobpressão

Planejamento e projeto

Corpo técnico sem treinamento ou deficiente Sub e sobpressão

Construtivas

Materiais

Peças

Equipamentos

Construção

Corpo técnico sem treinamento ou deficiente

Não aplicável

Enchimento Sub e sobpressão

Esvaziamento Sobpressão

Manobras Sub e sobpressão

Ausência de regras de operação Sub e sobpressão

Operação

Corpo técnico sem treinamento ou deficiente Sub e sobpressão

Sem manutenção

Mal feita

Corpo técnico sem treinamento ou deficiente

Interação deficiente entre operação e usuário

Manutenção

Tempo de resposta

Não aplicável

Inexistência de projeto Sub e sobpressão

Expansão Ausência de visão conjunta da rede com a que será expandida

Sub e sobpressão

Fonte: SILVA et al. (2004)

De acordo com a Sabesp, Sistema de Abastecimento de água de São Paulo, existe

grande dificuldade quanto aos indicadores de perdas de água em sistemas públicos de

distribuição de água, tanto que os índices utilizados oferecem dúvidas e polêmicas obrigando

os informantes, muitas vezes, a utilizarem as palavras “estimada” e “aproximada”.

O Consórcio PCJ, que desde 1998 vem tentando uniformizar os indicadores regionais,

promoveu em 2004, com o apoio da SANASA Campinas, uma palestra seguida de debate

sobre o tema. Foram abordados os indicadores recomendados pelo Ministério das Cidades e

como primeiro resultado o programa do Consórcio PCJ elaborou um Termo de Referência

para a contratação de consultoria especializada para o levantamento de diagnóstico e cálculo

regional do índice de perdas, através dos mesmos, indicadores, oferecendo subsídios para uma

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mesma linguagem, ao setor, no âmbito do Comitê PCJ, contribuindo para que o mesmo ocorra

em todo o país.

O PURA, Programa de uso Racional da Água da Sabesp, adotou uma política de

incentivo ao uso racional da água que envolve ações tecnológicas e mudanças culturais para a

conscientização da população quanto ao desperdício de água. O vem atuando desde 1995 com

eficácia, em parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP e o

Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT, que oferece as bases de sustentação tecnológica do

programa.

Foram desenvolvidos os projetos-pilotos para criação da metodologia de ação, em

Hospitais, Escolas Estaduais, Cozinhas Industriais, Prédios Comerciais e Condomínios, entre

outros, com resultados surpreendentes.

Para identificar as melhores ações de redução do consumo de água é necessário avaliar

o potencial de redução do consumo de água que o imóvel apresenta. Quanto maior for o

consumo, maiores as alternativas para redução.

As soluções propostas pelo PURA para diminuir o consumo de água são compostas

por diversas ações, como:

• Levantamento do perfil de consumo do cliente e avaliação do potencial de

redução;

• Diagnóstico preliminar das instalações hidráulicas;

• Caracterização de hábitos e vícios de desperdício;

• Elaboração de cadastro de rede de água e rede de incêndio;

• Pesquisa/correção de vazamentos em rede de água, reservatórios e instalação

hidráulica predial;

• Estudo de alternativas para substituição de equipamentos hidráulicos

convencionais por equipamentos economizadores de água;

• Estudo de alternativas para reaproveitamento de água de processo e utilização

de água de reúso;

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• Implantação de programa específico para redução de consumo de água em

cozinhas industriais, hotelaria e lanchonetes;

• Controle de qualidade da água do imóvel;

• Gestão do consumo após a intervenção.

Em geral, há retorno do investimento da implantação do PURA rápido ou até imediato.

3.4 Exemplos de economia de água

Para combater o desperdício de água, a Sabesp implantou o PURA na própria empresa

para servir de exemplos e em mais alguns lugares como hospitais, escolas, escritórios, entre

outros. Na escola Fernão Dias Paes, em São Paulo, onde o programa foi implantado em 1997,

em dois meses, foi investido R$ 5130,39 e o consumo de água reduziu em 94%. O retorno do

investimento aconteceu em apenas cinco dias. Para isso, foram detectados e concertados

vazamentos visíveis e não visíveis na rede externa, nos reservatórios e nas instalações

hidráulicas e prediais, houve a troca de equipamentos convencionais por outros

economizadores de água e houve uma campanha educacional.

Esse exemplo mostra como pode ser viável a redução do consumo de água e como há

um retorno do investimento. Assim, deve haver campanhas no país incentivando esse tipo de

ação e incentivando os novos empreendimentos a investir em equipamentos economizadores

de água, assim como peças hidráulicas de boa qualidade.

Um trabalho feito por Gisele Vidal Vimieiro e Valter Lucio de Pádua, no bairro Capitão

Eduardo, periferia de Belo Horizonte, mostrou que o consumo de água pode ser reduzido

implantando equipamentos economizadores. Foram instaladas 14 torneiras de fechamento

automático, 9 válvulas de descarga de vazão regulável, 13 reguladores de vazão para torneiras

e 1 caixa de descarga de embutir nas instalações sanitárias de 37 residências de famílias que

apresentavam renda mensal de até três salários mínimos. O consumo de água de cada

residência foi levantado 18 meses antes e 7 meses após a instalação dos equipamentos

economizadores. Através dos dados obtidos, foram comparados os consumos de água antes e

depois da instalação dos equipamentos nas residências. Verificou-se que nas residências

houve uma economia de 220m3 de água de jul/04 a jan/05 (em média 0,90m3

mensais/residência), correspondendo a 7,5% do consumo (VIMIEIRO e PÁDUA, 2006).

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4 COMO ECO�OMIZAR ÁGUA

Para a economia de água em edifícios, podem ser tomadas medidas desde a fase de

planejamento e projeto, até o uso e operação do edifício. De acordo com Vilhena (2007) , na

fase de projeto, deve-se optar por dispositivos de equipamentos eficientes e economizadores.

Preferir a medição setorizada /individualizada, utilizar procedimentos regulares para

identificar e reparar vazamentos, definir uma meta de projeto quanto ao consumo de água,

elaborar medidas de gestão de água de chuva incorporadas no projeto, utilizar medidas de

infiltração, como uso de pavimentos permeáveis e faixas vegetadas filtrantes. Pode-se também

prever a coleta e tratamento da água da chuva para uso em irrigação, descargas sanitárias e

usos não potáveis, assim como tratamento e reuso de água servida para descarga sanitária e

utilizar sistemas de drenagem mais sustentáveis.

Ainda de acordo com este autor, podem ser tomadas medidas de economia de água

incorporadas na construção, como treinamento e conscientização da equipe, definição de meta

de consumo de água para a etapa da construção, medição do consumo mensal de água na fase

de canteiro, por m2 construído (m3/m2), controle e verificação da meta de consumo por

trimestre e ao final da obra, controle global, medidas de gestão de água de chuva incorporadas

na etapa da construção, volume de água da chuva / água cinza captada, tratada e reutilizada na

fase de canteiro, em %consumo mensal.

Na fase de operação, o autor propõe a definição de uma meta de consumo de água para a

etapa de operação, com controle trimestral e global da meta de consumo, verificação do

consumo mensal (m3), por ocupante (l/ocup/dia), anual (m3), consumo / área (m3/m2/ano),

consumo mensal de água para uso e operação do edifício (exceto irrigação), por m2

construído, consumo mensal de água para irrigação(l /m2 irrigado), parcela do consumo

mensal de água para irrigação resultante de coleta e tratamento de água da chuva.

4.1 Equipamentos economizadores de água

Umas das maneiras mais simples de se economizar água em um edifício é utilizar os

chamados equipamentos economizadores de água. Hoje já existem empresas que fazem um

levantamento do perfil de consumo do cliente e avaliação do potencial de redução, assim

como um diagnóstico preliminar das instalações hidráulicas, caracterização de hábitos e vícios

de desperdício, pesquisa/correção de vazamentos em rede de água, reservatórios e instalação

hidráulica predial e estudam alternativas para substituição de equipamentos hidráulicos

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convencionais por equipamentos economizadores de água, com a finalidade de reduzir o

consumo do cliente.

Experiências internacionais com equipamentos sanitários economizadores têm sido bem

sucedidas na redução do consumo de água, desde a década de 80. Como os programas de

conservação de água que dependiam dos consumidores demoravam a trazer resultados, tendo

que mudar a cultura de um povo, nos anos 90, esses programas enfatizaram mais a adoção dos

equipamentos economizadores, que garantiam uma redução mais automatizada do consumo

de água. Muitos desses dispositivos hoje apresentam utilização consagrada, principalmente

dentre os grandes consumidores dos setores industrial e comercial (PÁDUA e VIMIEIRO,

2006).

O banheiro é o local mais indicado para instalação desse tipo de equipamento, já que é

um ponto crítico em relação ao consumo de água (GRISHAM & FLEMING, 1989 apud

VIMIEIRO e PÁDUA, 2006). Esse consumo para fins de higiene pessoal está entre 65% e

75% do total de água utilizada no domicílio.

A utilização desses equipamentos é uma das maneiras mais eficientes de reduzir o

consumo de água, tendo esses equipamentos, também, que satisfazer o usuário. De acordo

com JENSEN (1991) e USEPA (1995) apud VIMIEIRO e PÁDUA, 2006, esses aparelhos

apresentam como vantagem a amortização do investimento num prazo curto a médio.

Há hoje no mercado da construção civil brasileira vários equipamentos hidráulicos

economizadores de água que podem ser implantado em novos edifícios sendo eficientes

contra o combate de desperdício de água.

Foi realizada em Recife – PE uma pesquisa para avaliação dos resultados financeiros,

econômicos e ambientais de ações sustentáveis, visando reduzir o consumo e o desperdício de

água, em edifícios residenciais de grande porte, na Região Metropolitana do Recife-PE. Essas

ações consistiriam do uso de equipamentos redutores de vazão para lavatórios, chuveiros e

duchinhas, torneiras hidromecânicas, bacias sanitárias de baixo consumo e instalação de

hidrômetros individuais nos apartamentos. Foram realizados testes e simulações para

avaliação da economia de água resultante do uso desses equipamentos. Foi constatado que os

investimentos com essas ações atingiriam apenas 0,23 % do valor do orçamento total da obra.

Além disso, essas ações reduziriam em 49% as despesas com consumo de água nos

apartamentos, de modo que o tempo de retorno dos investimentos seria de 10 meses. Os

resultados obtidos permitem concluir que ações sustentáveis, visando o uso racional da água,

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trariam resultados financeiros positivos para os condôminos e benéficos para o meio ambiente

(CARVALHO E GUSMÃO). Essa pesquisa mostra a importância e eficiência do uso desses

equipamentos que podem ser implantados pelas construtoras, nos edifícios, antes de sua

entrega aos futuros condôminos.

Existem bacias sanitárias que apresentam um sistema de duplo fluxo, ou seja, permitem

descargas com vazões diferenciadas para arraste de líquidos e para arraste de sólidos. Em

geral, as vazões nominais são de 3 e 6 litros/descarga, respectivamente. Essa bacia apresenta o

mesmo princípio da válvula de descarga convencional, permitindo, mediante acionamento de

botões distintos, descarga completa para arraste de sólidos e meia descarga para arraste de

líquidos. Segundo (Hamzo, 2005 apud Carvalho e Gusmão), a economia conseguida na troca

das bacias tradicionais pelas de sistema duplo fluxo seria, em média, de 44,2%.

Figura 4: Bacia com caixa acoplada de duplo fluxo da Roca.

Há equipamentos que são reguladores de vazão e podem ser acoplados em aparelhos de

lavatório, torneiras, misturadores de banca, bidês e caixas acopladas, entre outros metais.

Figuras 5, 6 e 7: Registro regulador de vazão Ecomaster cromado, Arejador de vazão

constante, Regulador de vazão para chuveiro – 12L, respectivamente (Fonte:

www.nardinieletrica.com.br).

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Os reguladores de vazão reduzem a passagem de água e conseqüentemente mantém a

vazão diminuída, diminuindo o desperdício de água. Os arejadores de vazão são peças

instaladas nas extremidades das torneiras. A água passa através de uma tela que incorpora o ar

que penetra por orifícios laterais. A água fica espumada e dá a sensação de mais volume,

muito embora haja a redução de vazão. Arejadores proporcionam a diminuição de desperdício

visto que a sensação de mais volume produz o efeito de não necessidade de abrir a torneira

com a vazão máxima.

Esses equipamentos reduzem o consumo de água sem a necessidade de que o usuário

mude seus hábitos. Há também no mercado as torneiras com temporizadores. Existem as

torneiras de acionamento elétrico, que acionam com a aproximação das mãos e as torneiras

com acionamento manual e fechamento automático, que liberam uma quantidade de água por

certo período de tempo. De acordo com o fabricante, elas podem economizar até 70% de

água.

Figuras 8 e 9: Torneira Eletrônica de Banca 110/220V Linha Vision - Fabrimar e

Torneira de parede linha Acquapress cromado – Fabrimar, respectivamente (Fonte:

www.nardinieletrica.com.br).

A utilização desses equipamentos traz grande economia no consumo de água e o retorno

financeiro do investimento é rápido. São peças importantes para diminuir o consumo de água

sem depender do usuário, além de serem de simples instalação.

Apresenta-se na Tabela 2 a comparação de gasto de equipamentos comuns e

equipamentos economizadores.

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Tabela 2: Vantagens dos equipamentos economizadores de água.

Equipamento Convencional Consumo

Equipamento Economizador Consumo Economia

Bacia com caixa acoplada 12 litros/descarga Bacia VDR 6 litros/descarga 50%

Bacia com válvula bem regulada 10 litros/descarga Bacia VDR 6 litros/descarga 40%

Ducha (água quente/fria) - até 6 mca 0,19 litros/seg

Restritor de vazão (8 litros/min ) 0,13 litros/seg 32%

Ducha (água quente/fria) - 15 a 20 mca 0,34 litros/seg

Restritor de vazão (8 litros/min) 0,13 litros/seg 62%

Ducha (água quente/fria) - 15 a 20 mca 0,34 litros/seg

Restritor de vazão (12 litros/min) 0,20 litros/seg 41%

Torneira de pia - até 6 mca 0,23 litros/seg

Arejador vazão cte (6 litros/min) 0,10 litros/seg 57%

Torneira de pia - 15 a 20 mca 0,42 litros/seg

Arejador vazão cte (6 litros/min) 0,10 litros/seg 76%

Torneira uso geral/tanque - até 6 mca 0,26 litros/seg Regulador de vazão 0,13 litros/seg 50%

Torneira uso geral/tanque - 15 a 20 mca 0,42 litros/seg Regulador de vazão 0,21 litros/seg 50%

Torneira uso geral/tanque - até 6 mca 0,26 litros/seg Restritor de vazão 0,10 litros/seg 62%

Torneira uso geral/tanque - 15 a 20 mca 0,42 litros/seg Restritor de vazão 0,10 litros/seg 76%

Torneira de jardim - 40 a 50 mca 0,66 litros/seg Regulador de vazão 0,33 litros/seg 50%

Mictório 2 litros/uso Válvula automática 1 litro/seg 50%

Fonte: Relatório Mensal 3 Projeto de Pesquisa Escola Politécnica / USPxSABESP - Junho/96 e informações técnicas da ASFAMAS

Pela tabela, pode-se perceber as grandes vantagens no uso dos equipamentos

economizadores de água. É necessário haja uma conscientização para que projetistas e

usuários passem a utilizá-los, pois o retorno há um retorno financeiro, além de ajudar a cuidar

do meio ambiente, diminuindo o consumo de água.

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A cada dia surge no mercado produtos com recursos tecnológicos que proporcionam um

menor consumo de água sem reduzir o conforto. Alguns fabricantes de materiais hidro-

sanitário informam a disponibilidade de novos produtos capazes de economizar água

(AGUIAR, 2008). Esses equipamentos são de fácil acesso e tem eficiência garantida em

economia de água e precisam estar mais presentes nos edifícios em prol do meio ambiente.

4.2 Medição Individualizada

No Brasil, a medição do consumo de água em condomínios é feita, na maioria, por um

sistema coletivo, onde um único medidor é instalado na edificação e a conta de água é

dividida igualmente entre todos os usuários.

A medição individualizada nas residências é outro fator que afeta o consumo de água.

Quando se paga proporcionalmente aos volumes consumidos, há uma tendência de redução no

consumo de água. No Canadá, um estudo feito em 1999, pelo Governo de British Columbia,

mostrou que as residências que não possuíam medição individualizada consumiram 70% a

mais água (457 L/hab.dia) do que as que possuíam esse tipo de medição (269 L/hab.dia).

(BAZZARELLA, 2005).

A implantação de medição individualizada em edifícios já existentes pode ser inviável,

pois pressupõe uma concepção do sistema predial de água diferenciada daquela usualmente

empregada, acarretando custos adicionais. Porém, esta deve ser uma tendência nas novas

edificações, tendo em vista seu caráter mais justo, além de ser um indutor ao uso racional da

água, evitando desperdícios (DANTAS, 2003).

No passado, as construtoras não se preocupavam com qual tipo de medição do

consumo de água adotariam nos projetos de sistemas prediais hidráulicos. Em geral, elas

optavam pelo que pensavam que resultasse em um menor custo, o que obviamente coloca o

sistema de medição coletiva em primeiro lugar, principalmente em função do custo dos

hidrômetros. Assim, a população, mesmo achando injusto o rateio uniforme da água

consumida, acabou por habituar-se a esse tipo de sistema de medição e, desta forma,

contribuindo para o desperdício de água nas edificações. Além disso, a dificuldade na

detecção de vazamentos por parte do condomínio ou até mesmo a falta de consciência do

morador quando detecta um vazamento em sua unidade habitacional e não providencia a sua

correção, contribuem para o desperdício (PERES, 2006).

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De acordo com Reis e Lima (2000) apud Peres, 2006, em uma pesquisa realizada em

36 edifícios, na cidade de Goiânia, sendo 35 residenciais de diferentes padrões e um

comercial, as despesas correspondentes à água e ao esgoto destes condomínios representam

21,5% do total de todas as despesas do edifício. Em São Paulo, por exemplo, as despesas com

as taxas de água e esgoto de condomínios representam 17% do total. Por este motivo, a

preocupação da população que vive em edifícios multifamiliares com a economia de água

vem crescendo, pois a conta de água e esgoto está tornando-se representativa no orçamento

familiar (PERES, 2006).

Essas estatísticas mostram a importância da medição individualizada que, por ser mais

justa fazendo com que cada usuário pague pelo que realmente consumiu, leva a uma

diminuição do desperdício de água, além de ser mais fácil de detectar resolver problemas com

vazamentos.

O sistema de medição coletiva (Figura 10) consiste, basicamente, na leitura periódica

do hidrômetro principal, ou seja, do macromedidor, localizado na interface ramal predial e

alimentador predial, a qual fornecerá pela diferença entre leituras consecutivas, o consumo

total de água na edificação. Este consumo refere-se a toda água utilizada no edifício, ou seja,

tanto àquela consumida dentro dos apartamentos ou das salas comerciais quanto à utilizada

nas áreas comuns (PERES, 2006).

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Figura 10: Medição coletiva (Fonte: DANTAS, 2003)

De acordo com este autor, o rateio da conta de água pode ser por partes iguais,

proporcional a área de construção da unidade da edificação ou pelo número de pessoas por

unidade habitacional.

Na medição individualizada, há a necessidade de instalação de um hidrômetro para

cada habitação podendo existir um medidor coletivo para as áreas comuns do edifício. De

acordo com Dantas (2003), a medição pode ser concentrada ou distribuída, sendo a

concentrada de mais fácil instalação, manutenção e leitura, caso esta seja manual, pois os

medidores são instalados próximos uns aos outros.

A escolha do local para a colocação dos hidrômetros deve seguir os seguintes critérios

(COELHO; MAYNARD, 1999) apud PERES, 2006:

• Fácil acesso para facilitar o processo de leitura;

• Boa iluminação e livre das intempéries;

• Facilitar as ações de substituição e aferição do hidrômetro;

• Facilitar as ações de corte no fornecimento de água dos inadimplentes e

religação após a liquidação dos débitos.

No caso da instalação dos hidrômetros no térreo do edifício, cada apartamento teria

que ter sua própria tubulação, sendo inviável no caso de edifícios com um grandes número de

apartamentos, devido ao custo das tubulações. A Figura 11 mostra um esquema dessas

instalações.

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Figura 11: Hidrômetros concentrados no térreo (Fonte: PERES, 2006).

Os hidrômetros podem ainda se localizar no barrilete do edifício ou no hall de cada

um dos pavimentos, como mostram as figuras 12 e 13, sendo que se localizados no barrilete

apresentam o mesmo problema dos concentrados no térreo, tendo ainda o problema de perda

de carga elevada, sendo que a pressão mínima em qualquer ponto da tubulação deve ser de

5kPa, recomendado pela norma NBR 5626 (ABNT, 1998) apud Peres, 2006.

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Figura 12: Hidrômetros concentrados no barrilete do edifício (Fonte: Peres, 2006).

Figura 13: Hidrômetros no hall de cada pavimento do edifício (Fonte: Peres, 2006).

De acordo com Dantas (2003), há a viabilidade de implantação da medição

individualizada, pois apesar dos custos serem mais altos, há um retorno financeiro após a sua

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implementação. A medição individualizada é uma forma simples e fácil de se economizar

água, tendo assim um retorno financeiro para os usuários e um bom resultado para o meio

ambiente. Ela deve ser sempre uma alternativa para os projetos de condomínios.

4.3 Sistema de Reuso de Água

O reuso da água para fins não potáveis foi impulsionado em todo mundo nas últimas

décadas, devido a crescente dificuldade de atendimento da demanda de água para os centros

urbanos e algumas localidades no meio rural, pela escassez cada vez maior de mananciais

próximos e/ou de qualidade adequada para abastecimento após tratamento convencional.

De acordo com MUFFAREG (2003), as imagens mais comuns associadas ao reuso da

água são normalmente àquelas ligadas ao abastecimento doméstico, industrial e agrícola. O

reuso da água, entretanto, afeta outras utilizações do recurso hídrico, como a da diluição dos

despejos nos cursos de água receptores, o uso de mananciais para abastecimento, a navegação,

as atividades recreacionais, a pesca, e mesmo a geração de energia elétrica. Torna-se assim

recomendável que o reuso da água seja abordado sob a ótica do uso múltiplo dos recursos

hídricos.

O Brasil, apesar de possuir um grande potencial de água doce, tem áreas onde existe

escassez, observada, por exemplo, na região Nordeste, na região metropolitana de São Paulo,

e no Distrito Federal. O reuso, como um importante recurso no gerenciamento de recursos

hídricos, já possui regulamentações no Brasil (GENERINO, 2006).

Esse sistema pode ser usado em conjunto com vários outros para ajudar a diminuir o

consumo de água. Ele preserva a água potável exclusivamente para atendimento de

necessidades que exigem a sua potabilidade, como para o abastecimento humano

(MACHADO)

Este autor diz ainda que a tecnologia do reuso/reciclo acoplada com a regeneração da

água surge como um esforço de engenharia ambiental, buscando uma solução para a

utilização mínima de água em um processo produtivo e a máxima proteção ambiental como o

menor custo possível. Somando-se a este cenário, com o início da cobrança pela captação e

liberação de efluentes nas bacias hidrográficas, estão sendo introduzidas novas prioridades

nos planejamentos estratégicos de grandes indústrias.

A água de reuso é uma importante fonte alternativa geradora de benefícios, no entanto

há ainda muita dificuldade de quantificar os benefícios de reuso de água. Uma maneira de

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obter essa avaliação seria o planejamento integrado dos recursos de água, através da

elaboração e execução de projetos visualizando a sustentabilidade em longo prazo das fontes

de água (MILLER, 2006).

O consumo de águas domésticas para fins não potáveis poderá ser originário somente

das águas cinza ou até mesmo do esgoto bruto. Quanto ao uso de água de esgoto bruto tratado

trabalhos têm sido desenvolvidos avaliando a sua aplicabilidade no que se refere à

aceitabilidade por parte dos usuários, qualidade da oferta e quantidade da demanda

(MALINOWSKI, 2006 apud AGUIAR, 2008).

O termo água cinza é utilizado, em geral, para água servida originada em residências

(ou também escolas, escritórios ou edifícios públicos), que não possui contribuição de

efluentes de vasos sanitários. É a água residual proveniente do uso de lavatórios, chuveiros,

banheiras, pias de cozinha, máquina de lavar roupa e tanque (BAZZARELLA, 2005).

Em virtude da alta quantidade de água cinza oriunda do consumo residencial é lícita a

necessidade de se adotar ações para aproveitamento desta fonte abundante para uso não

potáveis (AGUIAR, 2008). O reuso não deve ser considerado somente como fonte alternativa,

mas como um componente de redução de consumo e melhorias do ponto de vista ambiental

(CRISTOVA-BOAL, et al., 1996).

O reuso de água cinza enquadra-se no reuso não-potável, dividido de acordo com sua

finalidade, como por exemplo: para fins agrícolas, industriais, domésticos, recreacionais, para

manutenção de vazões, para aqüicultura e para recarga de aqüíferos subterrâneos

(BAZZARELLA, 2005).

Segundo este autor, a água cinza pode ser utilizada para todos os fins citados acima,

destacando-se, principalmente, o reuso doméstico (rega de jardins residenciais, lavagem de

veículos e de áreas impermeáveis, descarga de vasos sanitários) e agrícola. Para Eriksson et

al. (2002) apud Bazzarella, 2005, diferentes tipos de água cinza podem ser adequados para

diferentes tipos de reuso e irá requerer diferentes tipos de tratamento, dependendo do reuso

que se pretende dar a ela.

Para poder usar a água cinza como água de reuso é importante conhecer suas

características físicas (temperatura, cor, turbidez e o conteúdo de sólidos suspensos) e

químicas (compostos orgânicos, nutrientes, compostos de enxofre e outros). Deve-se conhecer

também as características microbiológicas.

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Os aspectos quantitativos, tanto de produção quanto de demanda de água cinza, estão

muito relacionados com o consumo de água dentro das residências, que variam

principalmente de acordo com a região, com o clima e com os costumes dos habitantes

(BAZZARELLA, 2005).

A utilização de sistemas de reuso traz o ônus de alguém se tornar “produtor de água” e,

portanto, responsável pela gestão tanto qualitativa quanto quantitativa desse insumo.

Cuidados específicos devem ser considerados para que não haja risco de contaminação a

pessoas ou produto, ou danos em equipamento (ANA; FIESP; SINDUSCON , 2005).

Para a viabilidade da implantação desse sistema, é necessário um estudo das vantagens

econômicas, pois é um sistema mais complexo e que deve-se tomar o cuidado para que não

haja contaminação. No Brasil, este sistema precisa ser mais estudado, e regularizado, pois as

vantagens ambientas são certas, já que ele diminuiria a utilização da água potável, além de

diminuir o despejo de esgoto em geral.

4.4 Captação de água da chuva

O sistema de captação de águas pluviais é uma das alternativas para a redução da

escassez de água e conservação das águas dos mananciais. O aproveitamento de água de

chuvas através da captação e do armazenamento não é uma idéia nova, mas durante algum

tempo foi esquecida por planejadores dos setores público e privado. Atualmente, este cenário

já começa a mudar, pois já existem projetos e leis que incentivam o uso da água de chuva. Sua

utilização, se introduzida em grande escala e aliada à conscientização dos usuários, pode

aumentar o abastecimento existente de água, minimizar o problema de falta d’água e reduzir o

problema das enchentes. Os trabalhos em busca de soluções para minimizar o problema da

escassez de água encontraram a tecnologia como um forte aliado.

A China, país que está enfrentando escassez de água em várias regiões, aposta na

construção de grandes tanques para armazenamento de águas pluviais. A iniciativa já

beneficia cerca de 15 milhões de pessoas. A técnica era utilizada pelos chineses há vários

séculos, mas fora abandonada em favor das redes de abastecimento de água captada em rios e

açudes. Com o esgotamento de várias fontes, técnicos aprimoraram o sistema e voltaram a

adotá-lo (ZOLLET, 2005).

A idéia da aplicabilidade dos sistemas de coleta, armazenamento, utilização e infiltração

das águas pluviais, instalados em todos os tipos de construções, é um instrumento

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extremamente importante no controle do balanço hidrológico, como medida corretiva e

preventiva do impacto causado ao ciclo da água local, pelas atividades humanas, nas áreas

urbanas das bacias hidrográficas (FENDRICH, 2002).

Já que para tornar a água potável é necessária uma filtragem mais fina, além da retirada

de agentes patogênicos e remoção de elementos químicos, o que torna os custos muito

elevados, a água de chuva captada pode ser usada para fins não potáveis, substituindo a água

potável da rede pública em diversas aplicações, tais como vasos sanitários, máquina de lavar,

irrigação de jardins, lavagem de carros, limpeza de pisos, diversos processos industriais. Além

de utilizar uma fonte de água disponível e abundante e evitar o desperdício de água tratada

(que tem um custo alto), a utilização de água de chuva pode trazer uma grande economia em

uma residência, além de contribuir para a proteção deste recurso natural indispensável.

As exigências mínimas para o uso da água não-potável são apresentadas na Tabela 3, a

seguir, em função das diferentes atividades, de acordo com a ANA – Agência Nacional de

águas.

Tabela 3: Exigências na qualidade de água não potável

Usos Exigências

Água para irrigação, rega de jardim,

lavagem de pisos.

Água para descarga em bacias sanitárias

Água para refrigeração e sistema de ar

condicionado

- não dever apresentar mau cheiro

- não devem conter componentes que agridam plantas

ou estimulem crescimento de pragas

Água para lavagem de veículo

Água para lavagem de roupa

- não deve ser abrasiva

- não dever manchar superfícies

Água para uso ornamental

Água para uso na construção civil

- não deve propiciar infecções ou contaminação por

vírus ou bactérias

Fonte: (Conservação e reuso das águas em edificações, ANA; FIESP; SINDUSCON, 2005).

Existe uma grande diversidade de técnicas para captação e aproveitamento de água

pluvial. Percebe-se que os sistemas antigos eram tecnologicamente mais simples. Com o

passar dos anos, essas técnicas foram sendo aprimoradas, a fim de fornecer para o consumidor

final, uma água de melhor qualidade.

O sistema de captação de água de chuva compõe-se por uma área de captação ou área

de contribuição (telhado); subsistema de condução (calhas e dutos); dispositivo para desvio

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das primeiras chuvas (by-pass); reservatório (cisterna); tratamento; meio elevatório (balde

com corda, sarilho com manivela, bombas hidráulicas); e reservação (caixa d’água), (COSTA,

et al., 2006). É importante ressaltar que o reservatório deve possuir um sistema de

abastecimento com água potável, para as épocas de estiagem. Também deve-se lembrar que o

sistema de captação de água de chuva deve possuir um tipo de mecanismo que descarte ou

filtre as primeiras águas, pois essa primeira água é responsável pela limpeza do telhado e

contém muitas impurezas com folhas, poeira e fezes de pássaros e outros animais.

Figura 14: Sistema de coleta. (Fonte: www.ecocasa.com.br)

O sistema funciona da seguinte maneira:

• Área de captação: a quantidade de água de chuva que pode ser armazenada

depende da área de captação, da precipitação atmosférica do local e do

coeficiente de Runoff. A área de captação normalmente é o telhado ou laje de

cobertura da edificação. Dependendo do uso final da água captada e do

tratamento aplicado, a captação pode até ser feita em pátios e calçadas. Para

que não ocorra o entupimento nos condutores que levam água até o

reservatório, o sistema de captação deve conter sistema de peneiras para

retirada de folhas e galhos. Pode-se usar uma grade que percorra toda a calha,

por exemplo.

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• Condutores: o sistema de condutores horizontais e verticais faz o transporte da

água de chuva da cobertura até o armazenamento.

• Armazenamento: sistema composto por reservatórios com objetivo de

armazenar a água coletada. Se a área da coleta, a precipitação média da região

e a demanda mensal forem conhecidas, pode-se calcular o volume mínimo do

reservatório de água de chuva.

Segundo May (2004), o problema do tamanho do reservatório pode ser visto de duas

maneiras:

• Quantidade de água necessária para suprir a demanda;

• Encontrar a demanda com um grau de confiabilidade alto.

Geralmente, o reservatório de armazenamento é o componente mais dispendioso do

sistema de captação de água de chuva, por isso requer um cuidado especial no seu

dimensionamento. Dependendo do volume obtido no cálculo e das condições do local, o

armazenamento da água de chuva poderá ser realizado para atender as seguintes situações:

• Armazenar água somente para demanda de alguns dias;

• Armazenar água para demanda de 1 ou 2 meses;

• Ou demandas maiores (6 meses ou 1 ano)

Segundo May (2004), os métodos para cálculo do reservatório de água de chuva podem

ser classificados em 4 principais grupos:

• Métodos desterminísticos: os dados referentes à precipitação e demanda são

analisados;

• Métodos aproximados: baseados em relações empíricas conhecidas;

• Métodos de modelação: também conhecidos como métodos de transição

probabilística de matriz;

• Método de análise de sistema.

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Figura 15: Reservatório enterrado. (Fonte: www.agua-de-chuva.com)

Existe também um sistema chamado Acqua Save. Esse sistema prevê a utilização do

telhado e calhas como captadores da água de chuva, que é dirigida para um filtro auto-

limpante e levada para uma cisterna ou tanque subterrâneo. Para essa finalidade, é utilizado

um modelo exclusivo de cisterna que forma com o filtro um conjunto eficiente e simples de

instalar, mesmo sob a terra. Para evitar que a sedimentação do fundo da cisterna se misture

com a água, esta é canalizada até o fundo, onde por meio de um "freio de água" ela brota sem

causar ondulações. Estocada ao abrigo da luz e do calor, a água se mantém livre de bactérias e

algas. Uma outra parte do sistema cuida de sugar a água armazenada de pontos logo abaixo da

superfície, para não movimentar eventuais resíduos.

O sistema pode ser aplicado tanto em residências em construção - pode ser feito um

sistema paralelo ao da água da rua - e incluir o uso em descarga de banheiros, lavagem de

roupa e torneiras externas, como em casas já construídas. Onde não se quer ou não for

possível mexer nas instalações existentes, é possível aproveitar a água de chuva para jardins,

piscina, limpeza de calçadas, lavar carros, entre outros usos.

Figura 16: Sistema Aqua Save (Fonte: www.acquasave.com.br)

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Figura 17: Filtro de entrada e esquema de funcionamento

(Fonte:www.acquasave.com.br)

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5 CO�CLUSÃO

Pode-se perceber cada vez mais a necessidade de construções sustentáveis do ponto de

vista do meio ambiente, pois o planeta está sofrendo mudanças drásticas em relação ao clima

e aos recursos naturais, cada vez mais prejudicados pela ação do homem.

A importância da água na vida humana é clara e essencial e saber que ela é um recurso

esgotável e cada vez mais escasso mostra a importância de ser bem utilizada, com

racionalidade e consciência ambiental.

Os meios para se economizar esse recurso são vários e precisam ser conhecidos por

todos, pois além de fazer um bem à natureza, usar esse recurso com responsabilidade traz

economia nas contas de água.

As informações da importância da água e de como ela é rara devem ser divulgadas nas

escolas e para toda a população, mas como a mudança de hábitos de um povo é um processo

muito lento, os projetistas já devem utilizar dos recursos que independem dos usuários para a

economia da água.

Apesar de o Brasil ser um país privilegiado, tendo aqui 12% da água doce do mundo,

ainda há muito o que se fazer para utilizar deste recurso com responsabilidade ambiental, pois

sabe-se que no país a maioria dos esgotos não são tratados e muitas pessoas ainda não

recebem água tratada em suas casas.

A água deve ser bem cuidada para que não falte no futuro, podendo dar tranqüilidade e

qualidade de vida às próximas gerações.

A construção civil utiliza muito do recurso da água e precisa usa-la com mais

consciência, podendo reduzir em muito seu consumo, não só durante as contruções, como nos

seus projetos. È importante diminuir o desperdício nos edifícios e para isso basta seguir todos

os recursos já existentes hoje em benefício da água.

As edificações devem ter projetos melhor elaborados e utilizar dos vários tipos de

equipamentos economizadores de água, sistemas de água de reuso e captação de água da

chuva, em benefício do meio ambiente sem prejudicar o usuário. As medições de água em

condomínio devem ser individualizadas, sendo mais justo ao usuário e ainda ajudando na

economia de água.

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6 REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS

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