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SORAYA BORGES LUCIANA SAYAGO FRANÇA UM ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA DA PSICOTERAPIA EM GRUPO NO TRATAMENTO DE ALCOOLISTAS Monografia apresentada ao Programa de Orientação e Atendimento ao Dependente - PROAD - do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo para obtenção do Título de Especialista em Farmacodependência. São Paulo 2006

UM ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA DA … · esta monografia não teria sido realizada. iv ... álcool, por exemplo, desencadeia aumento da síntese de uma série de enzimas hepáticas,

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SORAYA BORGES

LUCIANA SAYAGO FRANÇA

UM ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA DA PSICOTERAPIA

EM GRUPO NO TRATAMENTO DE ALCOOLISTAS

Monografia apresentada ao Programa de

Orientação e Atendimento ao Dependente -

PROAD - do Departamento de Psiquiatria da

Escola Paulista de Medicina/Universidade

Federal de São Paulo para obtenção do Título

de Especialista em Farmacodependência.

São Paulo

2006

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SORAYA BORGES

LUCIANA SAYAGO FRANÇA

UM ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA DA PSICOTERAPIA

EM GRUPO NO TRATAMENTO DE ALCOOLISTAS

Monografia apresentada ao Programa de

Orientação e Atendimento ao Dependente -

PROAD - do Departamento de Psiquiatria da

Escola Paulista de Medicina/Universidade

Federal de São Paulo para obtenção do Título

de Especialista em Farmacodependência.

Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Gonçalves Moreira

São Paulo

2006

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Dedicatória

Ao Walter pelo companheirismo...

e cumplicidade.

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iii

Agradecimentos

A nossa orientadora, Dra. Fernanda Gonçalves Moreira, que, com sua

compreensão e paciência, nos ensinou sobre o método científico.Também

agradecemos à sua família, esposo e filho, por dividir o seu lar onde sempre

fomos recebidas com muito carinho.

A Maria Cecília Simionato Fallani, pela sua dedicação e disponibilidade.

Ao Thiago Marques Fidalgo, que desde o projeto inicial esteve presente,

proporcionando esclarecimento de dúvidas e incentivo para a continuidade do

trabalho.

A Thaís Pugliani Gracie Maluf que nos incentivou e acreditou neste estudo e pelo

seu carinho.

A todos os pacientes que participaram do estudo, sem a boa vontade dos quais,

esta monografia não teria sido realizada.

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SUMÁRIO

Dedicatória.................................................................................................................... ii

Agradecimentos............................................................................................................ iii

Resumo......................................................................................................................... vi

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1

1.1 Propostas de tratamento......................................................................................... 5

1.2 Os modelos grupais de psicoterapia e sua indicação para o tratamento da dependência etílica....................................................................................................... 10

1.3 A proposta de tratamento do PROAD..................................................................... 14

1.4 O grupo de psicoterapia do PROAD....................................................................... 16

1.5 Os transtornos comóbidos...................................................................................... 19

1.6 Inventário de depressão de Beck........................................................................... 21

1.7 CES-D..................................................................................................................... 22

1.8 Inventário de ansiedade de Beck............................................................................ 23

1.9 DUSI ...................................................................................................................... 24

2. HIPÓTESE................................................................................................................ 26

3. OBJETIVOS............................................................................................................. 28

3.1 Objetivo principal.................................................................................................... 29

3.2 Objetivos secundários............................................................................................. 29

4. MÉTODO.................................................................................................................. 30

4.1 Desenho.................................................................................................................. 31

4.2 População............................................................................................................... 31

4.3 Amostra................................................................................................................... 31

4.4 Grupo controle........................................................................................................ 32

4.5 Instrumentos........................................................................................................... 32

4.6 Análise estatística................................................................................................... 32

4.7 Procedimentos........................................................................................................ 33

5. RESULTADOS......................................................................................................... 35

5.1 Análise descritiva.................................................................................................... 36

5.1.1 Tabela 1 – Dados demográficos da amostra do grupo de tratamento do PROAD e do grupo controle.................................................................................. 36

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5.1.2 Tabela 2 – Escalas dicotômicas – 1º aplicação das escalas no grupo de tratamento do PROAD e grupo controle................................................................ 37

5.1.3 Tabela 3 – Escalas dicotômicas – reaplicação das escalas no grupo de tratamento do PROAD e grupo controle................................................................. 37

5.1.4 Tabela 4 – Comparação da das médias das escalas Beck-A, Beck-D, Dusi e CES-D na aplicação e reaplicação nos grupos de tratamento do PROAD e controle 38

5.2 Análise exploratória................................................................................................ 38

5.2.1 Avaliação dos sintomas depressivos através da escala Beck – D................. 38

5.2.2 Avaliação dos sintomas depressivos através da escala CES – D................. 38

5.2.3 Avaliação dos sintomas de ansiedade através da escala Beck – A.............. 39

5.2.4 Avaliação do uso da substância (álcool) através da escala DUSI................. 39

6. DISCUSSÃO............................................................................................................. 40

7. LIMITAÇÃO.............................................................................................................. 45

8. CONCLUSÃO........................................................................................................... 47

9. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 49

10. ANEXOS................................................................................................................. 51

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RESUMO

Objetivo: A pesquisa verificou a efetividade do grupo de psicoterapia para alcoolistas

do PROAD, com relação à obtenção de benefícios terapêuticos - redução dos

sintomas depressivos e ansiosos e do padrão de uso da substância (álcool) - através

da aplicação de escalas psiquiátricas (Beck-A, Beck-D, CES-D e DUSI). Método:

Comparou-se os resultados das aplicações entre o grupo que recebeu a

intervenção psicoterápica (amostra) e aquele que não teve esse recurso

(controle), em um estudo longitudinal prospectivo. Resultados: Observou-se

inalteração dos sintomas depressivos e incremento da ansiedade e do padrão de

uso de álcool no grupo de psicoterapia do PROAD. Conclusão: Nessa amostra a

grupoterapia não se mostrou eficaz, uma vez que se verificou o aumento de

alguns sintomas comórbidos e uso da substância (álcool), indicando assim a

possibilidade de que esse resultado se deu em função da inadequação da

abordagem e técnica utilizadas com esses pacientes.

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1. INTRODUÇÃO

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Introdução

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Ao se falar em alcoolismo defrontamo-nos com uma relevante questão

de saúde pública que implica, além do sofrimento psíquico para aquele que se vê

desprovido de sua autonomia e liberdade de se abster, conseqüências físicas

diversas que resultam em custos individuais, familiares e sociais. Constata-se,

muitas vezes, desestruturação familiar acompanhada ou não de violência

doméstica e atos criminais. Acidentes de trânsito e absenteísmo ao trabalho são

outros indicadores de estreita relação com a problemática da dependência etílica.

(Seibel, 2000, pág. 51)

De acordo com os dados de 2002 do CEBRID (Centro Brasileiro de

Informações sobre as Drogas), o álcool é a substância psicoativa mais usada no

Brasil. (Carlini,EA...[et al], 2002) Isto possivelmente se explica por uma

confluência de fatores: é uma droga lícita e culturalmente aceita, observando-se

excessiva tolerância ao seu consumo inicial; os comprometimentos clínicos

decorrentes de seu uso crônico não se manifestam de imediato, adiando muitas

vezes em anos o início do tratamento; tem-se um fácil acesso e baixo preço,

associados a pouca fiscalização nos variados pontos de venda.(Niel & Julião,

2006, pág. 135) O alcoolismo se revelou como um dos dez principais problemas

de saúde pública no mundo, configurando-se como a quarta doença mais

incapacitante. (Carlini,EA...[et al], 2002)

Da Silveira e Moreira (2006) assinalam a importância de se fazer uma

diferenciação entre consumo de substâncias psicoativas, fenômeno relativamente

freqüente e que diz respeito ao usuário recreativo que preserva sua liberdade

pessoal de escolher as circunstâncias nas quais fará uso e não tem o seu

comportamento regido pelo desejo imperativo de consumir a substância, daqueles

que apresentam um padrão de uso de risco, já prejudicial à vida do usuário - seja

na esfera pessoal ou social - e caracterizando situação de abuso (cerca de 20%

da população geral), e finalmente aqueles que efetivamente se tornaram

dependentes (aproximadamente 10% da população geral) apresentando

incapacidade de controlar o consumo da substância, sem a possibilidade de

gerenciar essa relação e existir de outra maneira. Há significativa restrição da

capacidade de escolha e autonomia, com um empobrecimento da vida do usuário,

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Introdução

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na medida que há um estreitamento das atividades e relações - restam apenas

aquelas ligadas de alguma forma à substância. O tratamento destina-se

justamente para esses usuários que, apesar da evidência e consciência dos

problemas e conseqüências nocivas do uso, não consegue prescindir da

substância. (Da Silveira & Moreira, 2006, págs. 4 -5)

Para entender a instalação da dependência, De Quadros e Formigoni

(2006) abordam os efeitos do uso de substâncias psicoativas, lembrando que

muitas drogas indutoras de abuso afetam o funcionamento do sistema

dopaminérgico; quando se aumenta a liberação de dopamina, tem-se uma

sensação prazerosa e a tendência a se repetir o uso para obtê-la novamente. Por

outro lado, eles apontam também para os efeitos ansiolíticos do álcool, explicitados

na Teoria Redutora da Tensão, onde o álcool exerce a função de aliviar uma

sensação desagradável, como estados de ansiedade intensos, o que também

favorece a repetição do uso. (De Quadros & Formigoni, 2006, págs. 32 – 33)

O efeito farmacológico da droga favorece a mudança imediata da

percepção da realidade, promovendo um sentimento ilusório de superação dos

problemas; aquele indivíduo que se encontra em uma situação vivencial

insuportável e não consegue resolvê-la, encontra no uso de drogas a

possibilidade de alterar a percepção dessa realidade adversa. O uso de drogas,

nesses casos, dar-se-ia em decorrência de um mal-estar psicológico anterior,

podendo ser causado por um transtorno psíquico (o efeito do álcool, por exemplo,

aliviaria os seus sintomas), como situações existenciais de muito sofrimento -

contextos vivenciais patogênicos, com famílias disfuncionais e/ou condições

sociais muito desfavoráveis. (Da Silveira & Moreira, 2006, pág. 5)

Seja para obtenção de prazer, seja para aliviar o desprazer, o uso crônico

de substâncias psicoativas faz com que o organismo altere seu funcionamento

"normal" para se adaptar à presença constante da substância de abuso. Ocorrem

adaptações nos diversos sistemas afetados pela droga, como os processos de

"tolerância" e de "sensibilização". A tolerância faz com que sejam necessárias doses

maiores da substância para obtenção dos mesmos efeitos, uma vez que depois de

repetidas administrações de algumas drogas, altera-se a biodisponibilidade da droga

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Introdução

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na circulação, altera-se absorção e metabolização da droga, assim como se

conferem alterações nos próprios locais de ação das drogas.O uso freqüente de

álcool, por exemplo, desencadeia aumento da síntese de uma série de enzimas

hepáticas, aumentando a taxa de metabolismo da substância, ou seja, após a

ingestão, obtém-se menores níveis de álcool no sangue ou no cérebro, do que de

início. (De Quadros & Formigoni, 2006, págs. 33 – 34)

A "sensibilização", por sua vez, é a potencialização de um efeito inicial

da droga, indicando um aumento da responsividade do organismo a essa

substância. A teoria de Robinson e Berridge propõe que a administração repetida

de drogas de abuso alteraria de maneira marcante e duradoura o funcionamento

dos sistemas neurais de recompensa do organismo - tornar-se-iam hiper-

sensíveis e hiper-responsivos à droga e aos estímulos a ela associados,

promovendo um "desejo exagerado" para seu consumo e colocando os indivíduos

dependentes permanentemente propensos à recaída. Ocorreria, então, uma

"sensibilização" neuronal induzida pelo uso repetido.( Robinson e Berridge, apud

De Quadros & Formigoni, 2006, pág. 34)

Mas a dependência de drogas, assim como os processos adaptativos

de "tolerância" e "sensibilização", não são conseqüências inevitáveis do consumo

crônico de drogas de abuso. Os organismos variam em relação à sensibilidade

aos efeitos agudos das drogas e a suscetibilidade para o desenvolvimento da

"tolerância" e "sensibilização". A variabilidade individual se dá por fatores

genéticos, características de personalidade do usuário, o significado social da

droga e da sua forma de consumo e condições sócio-culturais (por exemplo, que

acabam por estimular comportamentos imediatistas na compensação de

sentimentos desagradáveis). (De Quadros & Formigoni, 2006, pág. 35)

Bettarello (2000), salienta o quanto a personalidade pode favorecer o

desenvolvimento das dependências, assim como conferir relativa imunidade a ela, na

medida que pessoas mais bem estruturadas psiquicamente conseguem

compreender o potencial destrutivo existente no uso intenso de drogas, assim como

são mais receptivos às sinalizações do meio sócio-familiar e menos influenciáveis

pela cultura do hedonismo e imediatismo. (Bettarello, 2000, pág. 356)

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Introdução

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Motta e Queiroz (2006) mencionam os modelos psicológicos de

compreensão do alcoolismo, baseados em teorias psicodinâmicas, que fazem

referência a defeitos estruturais da personalidade preexistentes ao consumo do

álcool. Esses defeitos seriam: insegurança, baixa resistência à frustração, carências

identificatórias (ausência de modelos identificatórios significativos, especialmente os

parentais – ausência afetiva), busca de prazer imediato, fragilidade egóica e

oralidade, além de apresentarem capacidades afetivas e cognitivas pouco

desenvolvidas e imaturas, ou seja, vulnerabilidade das estruturas psíquicas. (Motta e

Queiroz, 2006, pág. 152) Tem-se precária mobilização do universo imaginário, com

poucas possibilidades de criar para si uma antecipação dos desejos e prazeres

possíveis na vida, na troca afetiva com o outro. Essas dificuldades afetivas

aumentam os riscos de autodestruição. Há notoriamente uma incapacidade de

acessar recursos pessoais espontaneamente. Ao beber, o indivíduo teria um alívio

momentâneo das suas angústias. (Bettarello, 2000, págs. 357 – 358)

Olivenstein postula que, por motivos não elucidados, ter-se-ia dado

uma falha estrutural no psiquismo em formação de alguns indivíduos, isso em

fases muito precoces da infância - seria o "estágio do espelho quebrado". Esses

indivíduos tentariam reiteradamente completar suas identidades com o auxílio da

droga, tornando-se dependentes. (Olivenstein, 1990)

1.1 Propostas de tratamento

Uma vez instalada, faz-se necessário entender como se deu a

evolução da compreensão da toxicodependência, já que isso implica mudanças

nas propostas de tratamento. A dependência de substâncias psicoativas a

princípio, era considerada um desvio de caráter, dada a conotação moralista

através da qual era vista e abordada. Seu conceito evoluiu para um distúrbio de

base orgânica, um problema de saúde, uma questão médica. Contudo, logo se

conflagrou a limitação desse modelo médico, já que fatores psicológicos e sócio-

culturais mostraram-se igualmente influentes na instalação da dependência, aos

conhecidos fatores fisiológicos. ( De Quadros & Formigani, 2006, pág. 31)

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Introdução

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Dessa forma, Sonenreich, Estevão e Silva (2000) assinalam que o

tratamento para o abuso de substâncias psicoativas não se restringe à inclusão

de componentes químicos e farmacológicos, tendo a intervenção psicossocial

fundamental importância nesse processo. Eles concluíram que os distúrbios de

conduta e/ou relacionamento podem ser tratados com recursos psicológicos uma

vez que a psicoterapia efetua mudanças na atividade cerebral, agindo sobre as

manifestações neurofisiológicas e sobre as atividades das redes neuronais.

Assim, tem-se na literatura e nas instituições de saúde mental a recomendação

majoritária de psicoterapia para os pacientes com distúrbios psíquicos

relacionados ao uso abusivo de álcool e outras substancias psicoativas, ainda que

se diferenciem quanto às denominações atribuídas a tais práticas (intervenções

psicossociais ou psicoterapia), à fase de aplicação de tais recursos e aos

métodos, técnicas e abordagens teóricas propostas. (Sonenreich, Estevão &

Silva, 2000, pág. 342)

Da Silveira e Moreira (2006) apontam, por sua vez, a existência de uma

diversidade grande de propostas terapêuticas e possibilidades de intervenção.

Não se chegaram a consensos e verdades absolutas – recursos esses muitas

vezes utilizados com o propósito inconsciente de aplacar as angústias e o

sentimento de impotência que freqüentemente assolam os profissionais da área.

Evidenciou-se, por outro lado, baixa efetividade de toda essa multiplicidade de

tratamentos disponíveis, considerando-se como critério de eficácia a abstinência

após o tratamento. Os programas mais bem sucedidos apresentaram um índice

de aproximadamente 35% de recuperação decorridos 2 anos do período em que

o paciente estava sendo tratado no serviço. (Da Silveira & Moreira, 2006, pág. 6)

Segundo Motta e Queiroz (2006), foi a partir dos anos 70 que se

iniciaram as avaliações científicas das eficácias dos modelos de tratamento

existentes. Nesta ocasião formulou-se o conceito de MATCHING, segundo o qual

não existe o “melhor” e “ideal” tratamento para a totalidade dos dependentes, mas

sim aquele esquema terapêutico que melhor se adequada a cada paciente. (Motta

& Queiroz, 2006, pág. 155)

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Introdução

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De fato, Da Silveira e Moreira (2006) colocam que da mesma forma

que cada ser humano traça sua própria trajetória de vida, a busca e o encontro

com a droga (seja ela qual for) também adquire sua singularidade enquanto

significado e sentido para cada indivíduo. (Da Silveira & Moreira, 2006, pág.6 )

O Institute of Medicine Washington corrobora essa forma de

entendimento no qual se têm tratamentos diferenciados para indivíduos

diferentes, com problemáticas distintas. Faz-se necessário esse cuidado para

indicar o tratamento mais adequado para cada dependente. (Sonenreich, Estevão

& Silva, 2000, pág. 343)

Por exemplo, em uma abordagem psicodinâmica trabalham-se

prioritariamente os fatores inconscientes desencadeantes do uso abusivo, o que

demandará um tempo mais prolongado, mas, segundo Lima e Fuks (2006), será

possivelmente mais efetiva na medida que reconstrói aspectos da personalidade

que poderão estar relacionados a essa manifestação sintomática. Um tratamento

que propicia a criação de vínculos mais prolongados (seja com o terapeuta, seja

com os outros pacientes), permite veicular questões transferenciais de abandono

e de culpa, conteúdos encontrados com freqüência na psicodinâmica dos

dependentes. (Lima e Fuks, 2006, pág. 247)

O terapeuta, nessa abordagem, tem a liberdade como fundamento ético

da sua prática profissional, ou seja, deverá estar atento para que o paciente, dado

seu próprio dinamismo psíquico, não reproduza no tratamento o padrão de

dependência com a droga. Deve-se visar à cessação de qualquer estado de

dependência (com a substância, com a instituição de tratamento, com os terapeutas)

e a conquista de autonomia por parte do paciente. É o acesso aos dinamismos

inconscientes que promoverá tal autonomia, na medida que aumenta a capacidade

do autoconhecimento e a auto-determinação. (Lima e Fuks, 2006, pág. 245)

Sonenreich, Estevão e Silva (2000) vêem a doença na função de

justificativa do hiato que se observa entre o modo de viver do indivíduo, e seu

projeto de vida. A dependência desresponsabilizaria, dessa forma, o indivíduo

desse conflito e os sintomas viriam como uma prova de sua impotência, do “não

consigo”. O encontro com o analista possibilita limitar esse campo do “não

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Introdução

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consigo”, ampliar os recursos do paciente para realizar seus objetivos e resgatar

sua autonomia. (Sonenreich, Estevão & Silva, 2000, pág. 345)

Bettarello (2000) aborda a necessidade de tornar a experiência de

participação no mundo mais interessante que o consumo de substâncias

psicoativas cujo efeito promove uma mudança imediata da percepção da

realidade e um sentimento ilusório de superação dos problemas. Os mecanismos

defensivos e a baixa tolerância à frustração dos toxicodependentes fazem com

que eles evitem o reconhecimento e enfrentamento das dificuldades. A negação

do consumo, por exemplo, é uma tentativa de se esquivar de uma situação que

lhes gera sofrimento psíquico. (Bettarelo, 2000, pág. 362)

Com relação a esse aspecto de negação do consumo e dificuldade de se

considerar, de se reconhecer como dependente, Toscano (1998) acredita que esses

comportamentos se dariam em parte à ameaça que a ruptura com a droga

representa ao precário equilíbrio psíquico conseguido por esses indivíduos, mantido

com a repetição do consumo e a sensação prazerosa e de completude fulgaz, e a

expectativa de vir experimentá-las novamente. (Toscano, 1998, págs. 97-107)

Zimerman (2000) aponta que mecanismos de defesa são tipos de

operações mentais que têm como objetivo reduzir as ansiedades (tensões

psíquicas internas) e que quanto mais imaturo e menos desenvolvido estiver o

Ego, mais primitivas serão as defesas, como a “negação”, na tentativa de se

evitar a tomada de conhecimento de experiências emocionais ansiogênicas. Esse

aspecto é aqui abordado, uma vez que Zimerman aponta o menor uso de

mecanismos defensivos primitivos (negações, dissociações, identificações

projetivas, idealizações e controle onipotente) como um aspecto de mudança

psíquica esperada de uma ação terapêutica analítica bem sucedida. (Zimerman,

2000, págs. 119 – 120)

Por outro lado, é nesse sentido que Bettarello (2000) ressalta a

importância do acolhimento ao paciente, principalmente no momento de

sensibilização ao tratamento, e isso implica na suspensão de um juízo

moralizante e da culpabilização do dependente, que inviabilizariam qualquer

possibilidade de ajudá-lo. (Betarello, 2000, pág. 358)

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Monras (2000), ao fazer um estudo a respeito das indicações de

terapia grupal para alcoolistas, também assinala a necessidade de maiores

cuidados terapêuticos nos primeiros meses, fase que considera crítica para

abandonos, principalmente para homens e jovens menores de 35 anos de idade,

que apresentaram maior índice de abandono de tratamento.

Bettarello (2000) sinaliza também que na clínica da dependência, em

função do nível primitivo de funcionamento psíquico dos pacientes, fazem-se

necessárias modificações na técnica psicanalítica convencional. A neutralidade

analítica, o distanciamento emocional, silêncios prolongados e atitudes

exclusivamente interpretativas do terapeuta podem gerar nos pacientes

frustrações impossíveis de serem elaboradas, e interrupções precoces dos

tratamentos. O psicoterapeuta assume uma atitude mais ativa de confrontação

(com o cuidado para não se criar um clima persecutório – o paciente não deve

percebê-la como ataque. Como assinalou Zimerman (2000), na grupoterapia a

coesão e o apoio grupal facilitam a utilização dessa técnica), exploração e

descriminação dos sentimentos (os pacientes têm dificuldade de reconhecer,

controlar e verbalizar estados afetivos), clarificação, assinalamento e sugestões.

Com uma evolução favorável do tratamento, o paciente vai adquirindo mais

recursos psíquicos e o psicoterapeuta gradativamente vai se tornando menos

tolerante. (Bettarello, 2000, pág.359)

Olievenstein propõe que o terapeuta aceite estabelecer uma relação

fusional com o paciente, no início do tratamento, colocando-se no lugar da droga

até o paciente conseguir estabelecer outras inserções sócio-afetivas. Tem-se a

exigência de uma modificação gradativa da atitude do terapeuta de acordo com a

estruturação egóica que o paciente vai conquistando (“estratégia do funil”). A

atitude inicial, semelhante à materna, vai adquirindo conotações de maior

exigência, à semelhança do papel de um pai, que exerce a lei e impõe limites. Da

mesma forma que o pai favorece a entrada do filho no mundo adulto, o terapeuta

encaminha o paciente para a autonomia. (Olievenstein,1985)

Escobar (2006) vê como objetos na análise, o sujeito e sua “falta” –

vindo a droga completar esta falta existente, na medida que se ajusta a ela e a

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Introdução

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anula temporariamente. A droga, de certa forma, seria um objeto preexistente no

imaginário, no inconsciente dinâmico do indivíduo e o encontro com a substância

tem o significado de um “reencontro”. Na toxicomania, dessa forma, o consumo

ganha uma conotação que vai além da incorporação da substância apenas, mas é

a assimilação com o objeto inscrito no imaginário e por essa razão não se pode

considerar o consumo de drogas, no estado de dependência, como a atuação de

uma estrutura química em um organismo, apresentando resultados previsíveis

cientificamente. Ele aponta também para o fato de que na cultura pós-moderna , e

a própria dinâmica psíquica do toxicômano, não há lugar para o conflito

intrapsíquico; a droga vem sempre associada a um tipo de solução, uma resposta

externa imediata de prazer e recusa / negação da falta. A satisfação tem que ser

imediata para o dependente, pois estamos falando de um ego mal constituído, onde

se predomina o processo primário de funcionamento psíquico, incapaz de controlar

ou adiar satisfações. A ação, muitas vezes, substitui o pensamento e o processo de

simbolização fica muito prejudicado. (Escobar, 2006, págs. 218 – 220)

Nesse sentido, Lima e Fuks (2006) explicam que um grande número de

pessoas, pela baixa capacidade de elaboração interna, não apresentam condições

para se beneficiar de uma abordagem psicodinâmica e seus atendimentos não têm

um sentido reconstrutivo, mas focado na melhora do sintoma, sendo

necessariamente mais dirigidos. Mais uma vez se evidencia a importância de se

avaliar as necessidades de cada paciente. (Lima & Fuks, 2006, pág. 247)

1.2. Os modelos grupais de terapia e sua indicação para o tratamento da

dependência etílica

Ávila (1999) resgata a visão freudiana de que o homem é um ser em

relação e que no seu funcionamento psíquico e suas condutas, há

necessariamente a presença do outro; o psiquismo humano, logo, seria moldado

e modelado nas relações vinculares, originadas das identificações. Os grupos

humanos seriam origem, matriz e forma organizadora da experiência mental

humana. Com a formação de um grupo, e, à medida que o indivíduo estabelece

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Introdução

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uma comunicação grupal, torna-se capaz de observar seus padrões de

comportamento em relação aos outros e modificá-los. Decorre uma influência

mútua e contínua entre os membros dos grupos, por meio de variados estímulos,

e isso gera novos consensos e comportamentos. (Ávila, 1999, págs. 69 – 71)

O tratamento em grupo de dependentes de álcool e outras drogas

difundiu-se no mundo todo desde a utilização dessa técnica pelos Alcóolicos

Anônimos (1935). A idéia original de se valer das emoções coletivas e promover

uma terapia que atua pelo grupo, deu-se em 1905, com Pratt, no tratamento de

pacientes tuberculosos em uma enfermaria. A identificação dos pacientes com o

médico e a idealização do mesmo, exerciam função continente do grupo,

acelerando o processo de recuperação de seus componentes.(Marques & Silva,

2000, pág. 381)

Lima e Fuks (2006) trazem que a psicoterapia de grupo é uma das

abordagens de psicoterapia que proporciona atendimento, com a utilização das

técnicas psicodinâmicas em larga escala, a um maior número de pessoas. Nota-

se que essa modalidade desenvolveu-se em períodos que se fazia necessário um

processo de adaptação dos sujeitos, como na II Guerra Mundial – onde um

grande número de soldados apresentou transtornos mentais e havia a

necessidade de tratá-los rapidamente para devolvê-los às batalhas. Isso gerou

um questionamento acerca da finalidade adaptativa desse recurso e sobre sua

efetividade nas transformações caracterológicas do psiquismo do sujeito. (Lima &

Fuks, 2006, págs. 240 – 241)

Lima e Fuks (2006) concluem que tanto a técnica individual como a

grupal possibilitam tais transformações, sendo que, tal como os indivíduos que

apresentam algum transtorno de personalidade e/ou desvio de conduta, os

tóxicodependentes possuem traços de caráter egossintônicos – comportamentos

que incomodam aos outros mas não a eles próprios e no grupo, com o feedback

dos outros pacientes, tem-se a possibilidade de refletir acerca dos seus

comportamentos. Traços egossintônicos podem tornar –se egodistônicos e isso é

primordial para se obter motivação para o processo de mudança. (Lima e Fuks,

2006, pág. 241)

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Introdução

12

Toscano (1998) menciona que o grupo também deve ser utilizado

como recurso terapêutico na clínica da dependência, já que funciona como

elemento identificatório, da mesma forma que oferece uma nova oportunidade de

inserção social diferente da anterior, que tinha a droga como elo de ligação.

(Toscano, 1998, págs.97 – 107)

Brasiliano (1997) sinaliza que com o grupo tem-se aberto um espaço

de reflexão, podendo cada membro resgatar o sentido de suas vivências e a partir

dessa apropriação da própria história, tentar encontrar uma outra solução para a

transformação de sua realidade adversa, que não lhe seja tão prejudicial como as

drogas. (Brasiliano apud Lima e Fuks, 2006, pág. 244)

Uma outra característica muito importante que justifica a opção por

essa estratégia de tratamento na clínica da dependência, é que o grupo minimiza

a freqüência e intensidade das mitomanias, que são recursos de resistência muito

usados pelos dependentes no atendimento individual. As inverdades veiculadas

no setting grupal são facilmente decodificadas pelos demais colegas de

tratamento, ampliando seus impactos e tornando-as mais difíceis de serem

utilizadas. (Lima e Fuks, 2006, pág. 244)

Simões, Ribeiro e Lima (1996) notam outro aspecto que endossa essa

indicação para a tóxicodependência: o dependente estabelece com a droga uma

relação narcísica e complementar, onde se resulta uma não-relação com o outro.

O grupo adquire a função de limite para esse narcisismo, propondo uma não-

relação com a droga, através da relação com os outros integrantes do grupo.

(Simões, Ribeiro & Lima apud Lima & Fuks, 2006, pág. 244)

Lima e Fuks (2006) citam também o quanto o grupo contribui para a

percepção e clarificação do sofrimento pela busca da identidade que o

dependente vivencia, na medida que vê o outro com a mesma dificuldade. Com a

expressão da palavra, segundo esses autores, dar-se-ia significativa ampliação

dos desejos de mudança. O grupo funcionaria ainda como mobilizador das

vivências emocionais que decorreram nos momentos de experimentação da

substância, podendo fazê-los resgatar os medos, as inseguranças, as

incompletudes e dificuldades de relacionamentos que marcaram a existência dos

dependentes. (Lima & Fuks, 2006, pág.144)

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Introdução

13

Marques e Silva (2000), por sua vez, falam do quanto se percebe uma

aceleração do processo psicoterápico no grupoterapia, em função da

interdependência que se dá entre os pacientes, com compartilhamento de

experiências, sentimentos, atitudes e dificuldades. A reabilitação de um membro,

por exemplo, é altamente motivadora aos outros e é possível notar a importância

que atribuem ao aconselhamento do parceiro, muitas vezes até mais que o do

terapeuta. (Marques e Silva, 2000, págs. 383 – 384)

Burrow (1926), por sua vez, pontua a importância do grupo enquanto um

espaço no qual o indivíduo percebe que o seu problema não lhe é exclusivo,

rompendo-se assim, o isolamento e o segredo dos seus males, o que reduz a

resistência e amplia as possibilidades de melhora (Marques e Silva, 2000, pág.381)

Essa redução da resistência associada à possibilidade de se comparar

aos outros e compartilhar seus sofrimentos também foram abordadas por

Marques e Silva (2000), que constatam ainda que durante o processo terapêutico

grupal é possível reorganizar as percepções do mundo e de si e restabelecer as

trocas com o meio. Assim, o grupo terapêutico, na medida que reproduz o modelo

familiar e social, cria situações semelhantes às vivenciadas pelo indivíduo no seu

lar e comunidade, e essa experiência contínua promove redução da ansiedade e

elaboração de conflitos com seu mundo interno e externo, possibilitando o resgate

gradativo da autonomia e facilitando a reinserção na sociedade. Tem-se,

igualmente, um incremento na auto-estima quando esse indivíduo se vê aceito

pelos membros do grupo, o que contribui para a organização de uma nova

identidade individual e coletiva. (Marques e Silva, 2000, pág.384)

Segundo Simões... “Se lá fora suas vidas são permeadas pelo

preconceito, pela desvalorização e pelas conseqüentes dificuldades de inserção

social, aqui no grupo e na instituição, poderão então aparecer os medos de

exclusão que serão trabalhados no intuito de possibilitar uma experiência social

menos ameaçadora e mais continente” (Simões, et. al, 1996, pág.54).

Lima (2001) corrobora que a psicoterapia de grupo é preconizada como

forma de tratamento na dependência de drogas por várias propostas terapêuticas

e pondera que a psicoterapia permite aos dependentes interagirem com outras

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Introdução

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pessoas que enfrentam o mesmo problema, possibilitando estarem juntos e

reunidos sem ser com a finalidade de usar a substância. O grupo promove o

apoio mútuo e novos relacionamentos interpessoais em um momento no qual,

muitas vezes, o paciente se afasta de antigos companheiros usuários. Os novos

relacionamentos contribuem para o aumento da motivação ao tratamento e à

expectativa de se sair bem sucedido na tentativa de viver sem as drogas ou o

álcool. (Lima, 2001, págs. 56 – 57)

Contudo, conforme apontaram Marques e Silva (2000), o estudo da

efetividade dos tratamentos tem sido restrito, principalmente no que diz respeito

ao formato grupal. Já Sonenreich, Estevão e Silva (2000) analisam o quanto a

resistência à pesquisa daqueles que seguem uma abordagem psicanalítica a

coloca à margem dos debates intelectuais e da prática psiquiátrica atual, uma vez

que tanto os usuários quanto os profissionais de saúde e os organismos de apoio

à pesquisa querem verificar a relação entre custos e benefícios. (Marques & Silva,

2000, pág. 383)

1.3 A proposta de tratamento do PROAD

A formação do ambulatório do PROAD se deu em 1989, adotando o

modelo biopsicossocial para compreender e tratar a dependência, ou seja,

entendendo-na como um transtorno de origem multifatorial, onde se dá uma

interação dinâmica entre variáveis individuais (aspectos biológicos/ genéticos,

características psicológicas e estrutura da personalidade, crenças e valores

pessoais) e ambientais, desde o meio ambiente imediato (família, escola,

disponibilidade do produto na comunidade da qual se faz parte) até o mais

distante (influencia ambiental, meios de comunicação, valores e normas sociais).

(Motta e Queiroz, 2006, págs.153 – 154)

Tem-se a concepção de que os problemas relacionados ao consumo de

álcool se dão numa série contínua, podendo as pessoas nela se deslocar ao longo

do tempo. Dessa forma, diferente da abordagem dicotômica, que considera o

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Introdução

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indivíduo como tendo ou não a doença – que por sua vez é crônica e incurável,

exigindo abstinência total do dependente para impedir sua progressão – o PROAD

propõe uma maior variedade de opções de tratamento, onde a moderação do

consumo passa a ser uma alternativa possível. (Niel & Julião, 2006, pág. 143)

O objetivo do tratamento é construído com o paciente, escutando sua

demanda e respeitando sua subjetividade. O projeto terapêutico, dessa forma, é

dinâmico e variável de paciente para paciente (de acordo com as metas e as

possibilidades de cada um), como pode alterar-se para um mesmo paciente ao

longo do tempo. (Niel & Julião, 2006, pág. 143)

São três os pressupostos básicos adotados no atendimento dessa

instituição, que são os pressupostos da lei francesa de 1970: o tratamento é

gratuito, destinado àquele que quer se tratar (voluntariedade/ procura espontânea/

demanda interna) e tem-se o compromisso de manter o anonimato daqueles que

procuram ajuda. (Motta & Queiroz, 2006, págs.153 – 154)

Desde o acolhimento, o paciente tem a possibilidade de ir se

reapropriando de sua história, acessando eventos passados e organizando-os

cronologicamente, aumentando o auto-conhecimento e tornando-os menos

alienados de si. (Motta & Queiroz, 2006, pág. 154)

A psicoterapia de grupo promove atenção múltipla e simultânea aos

pacientes que integram o grupo e se dá com a livre discussão entre eles, que

expressam opiniões, pensamentos, questionamentos e comentários sobre si e

sobre o outro. Todas as falas são importantes e válidas, tem-se uma terapia

realizada em conjunto, onde cada paciente se responsabiliza pelo seu tratamento.

Pressupõe-se que ela possibilita modificações intrapsíquicas e mudanças nas

relações com o mundo externo, recolocando o paciente no papel de sujeito de

suas ações. (Motta & Queiroz, 2006, pág. 155)

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Introdução

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1.4 O grupo de psicoterapia do PROAD

No PROAD, o referencial teórico-técnico que embasa o trabalho do

grupo de psicoterapia para alcoolistas é o da psicanálise, entendendo que a

tóxicodependência se dá em função da relação que o indivíduo estabelece com a

droga, neste caso com o álcool, não responsabilizando a substância em si pela

situação do paciente. Ao contrário, pressupõe-se um sujeito ativo, que busca, usa

e perde o controle sobre o álcool, tornando-se um alcoolista. (Laufer, 1990)

Dias, horários e duração das sessões são contratados. Como pontua

Toscano (1998) o contrato e o setting terapêutico são aspectos muito relevantes,

na medida que os dependentes precisam aprender a conviver com normas

estáveis e objetivas. Ter um referencial de tempo e de espaço contribui para

organização interna dos pacientes. (Toscano, 1998, págs. 97 – 107)

Em entrevista com Fallani, a psicoterapeuta que coordena tal grupo,

ressalta que a proposta psicanalítica na clínica das dependências coloca o

terapeuta em uma série de impasses, uma vez que a queixa trazida pelo paciente,

o uso da substância, é geralmente prazerosa, não raro tendo se constituído na

sua única fonte de vida e de identidade. No caso do álcool, então, esta relação é

mais ambígua, pois relatam que “ele” (o álcool) foi, e é, seu companheiro, seu

confidente, está presente nas horas de alegria (função comemorativa do álcool)

e/ou nas de tristeza (para “afogar” as mágoas), e grande parte do trabalho implica

em ajudá-los a encontrar substitutos para esta substância. A fragilidade egóica e

a intolerância à frustração dos pacientes, impõem mudanças à abordagem

psicanalítica tradicional, exigindo do terapeuta um comportamento mais flexível,

que não se limite à interpretação da resistência e da transferência. A essência da

psicanálise, no entanto, é mantida, tendo como fundamento as teoria de Melanie

Klein e Bion para a compreensão do funcionamento psíquico do dependente.

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Introdução

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Nas palavras de Zimermam:

“Da mesma forma como nas psicoterapias individuais, também as grupoterapias podem funcionar por um período de tempo longo ou curto, podem ter uma finalidade de insight destinado a mudanças caracterológicas, ou podem se limitar a benefícios terapêuticos menos pretensiosos, como o de uma simples remoção de sintomas; da mesma forma, podem objetivar à manutenção de um estado de equilíbrio; ou podem limitar-se à busca de uma melhor adaptabilidade nas inter-relações humanas em geral”. (Zimermam, D. 1997, pág. 95)

A leitura a respeito do que se passa no mundo interno dos participantes

do grupo segue princípios fundamentais da escola kleiniana/bioniana, sem

contudo um excesso de rigidez. É importante notar que a problemática atual dos

pacientes vai mais além das conflitivas clássicas das pulsões e defesas, fantasias

e ansiedades, agressão destrutiva e culpa, etc. “O aspecto predominante na

atualidade consiste em que se reconheceça em cada indivíduo e no grupo como

um todo, além da habitual presença dos sintomas e traços caracterológicos, o

desempenho de papéis, posições, valores, projetos, atitudes, configurações

vinculares, pressões da realidade exterior, sempre levando em conta que a

subjetividade permanentemente acompanha e é inseparável dos processos da

cultura e da vida social contemporânea” (Zimermam, D., 2000, pág. 203)

A psicoterapia de grupo, assim, tal como colocou Lima e Fuks (2006),

revela-se uma tarefa essencialmente reflexiva e de vivência emocional de

aspectos transferenciais subjacentes na história de vida dos pacientes que

integram o grupo. Na linha psicodinâmica adotada no grupo de psicoterapia do

PROAD, o sintoma (uso abusivo de álcool) é entendido como manifestação de um

conflito. (Lima & Fuks, 2006, pág. 247)

O encaminhamento dos pacientes para o grupo de psicoterapia se dá

por indicação dos psiquiatras da equipe ou dos acolhedores, e normalmente eles

(os pacientes) já têm conhecimento do porquê da conduta e vêm sendo

sensibilizados para tal.

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Introdução

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Depois de encaminhados, esses pacientes passam por uma entrevista

individual para que a psicóloga avalie a adequação do encaminhamento, assim

como tenha a oportunidade de explicar o funcionamento do grupo e abordar as

expectativas e fantasias dos pacientes quanto ao trabalho a ser iniciado. São

utilizados alguns critérios de exclusão para o ingresso ao grupo: pacientes com

déficit intelectual, depressão grave, estados psicóticos e transtorno de

personalidade anti-social.

O grupo acontece com no mínimo um e no máximo dez participantes.

O paciente que faltar por três vezes consecutivas, sem avisar, será contatado

pela terapeuta, que o convidará a vir para uma próxima sessão. Caso ocorra nova

falta, isto será interpretado como indisponibilidade para continuar o grupo, e assim

sendo, sua vaga fica disponível. Contrata-se igualmente o sigilo das sessões. O

tempo de duração desse grupo é indeterminado, sem data prevista para o

encerramento definitivo.

A esse respeito, Lima e Fuks (2006) avalia que em uma terapia com

um tempo de duração e prazo para seu término pré-determinado, constata-se um

fortalecimento das defesas grupais com a proximidade do término previsto. O

mesmo se observa com a aproximação do período de férias ou quando se é

necessária uma interrupção prolongada para a troca do terapeuta. Os pacientes

normalmente sentem-se como se estivessem na eminência de ser

“abandonados”. Com uma duração mais prolongada, pode-se trabalhar essas

questões transferenciais. (Lima & Fuks, 2006, pág. 247)

Incentiva-se a abstinência no dia do grupo, porém, quando isso não

ocorre, o grupo e a terapeuta discutem a participação desse paciente na sessão.

Nesta abordagem um dos objetivos é desenvolver a progressiva

responsabilização do paciente por sua vida, o que contradiz a deliberação

exclusiva de terapeuta neste assunto (Brasiliano Silva, 1997).

É um grupo homogêneo se considerarmos a substância de abuso,

constituído por pessoas que estão passando pela mesma problemática (uso

abusivo de álcool). Mas Lima e Fuks (2006) pontuam que do ponto de vista

analítico são pessoas com características psicodinâmicas distintas que

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Introdução

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“elegeram” um sintoma comum. O PROAD, apesar de entender como semelhante

a demanda clínica do alcoolista e do usuário de substâncias ilícitas, percebeu na

prática que existem diferenças significativas expressas pela escolha do objeto de

dependência e a identificação com os demais membros do grupo fica prejudicada

se esses usuários de álcool e os usuários de outras drogas não estiverem em

grupos diferentes. (Lima & Fuks, 2006, pág. 247)

Segundo Àvila (1999), tem-se a emergência de uma “identidade

grupal”, uma idéia de distintividade entre os membros de um grupo e outras

pessoas, eles se reconhecem e ganham a condição de “pertencer”, muitas vezes

perdidas há um longo tempo. Esses integrantes buscam-se entre si e

estabelecem trocas significativas de idéias, sentimentos, projetos, sonhos,

expectativas, percepções e fantasias. É essa dinâmica grupal que pode não

acontecer se os pacientes não se identificarem e não se aceitarem

verdadeiramente. (Ávila, 1998, pág 67)

Entendendo o grupo como heterogênio nas suas questôes

psicológicas, ele é conduzido sem ênfase nos sintomas e sem o “desejo de cura”.

O objetivo é fomentar o crescimento interno de cada paciente, na medida que eles

vão se apropriando e conhecendo seus conflitos inconscientes. Com isso espera-

se minimizar a sintomatologia. (Lima & Fuks, 2006, pág.147)

1.5. Os transtornos comórbidos

Segundo um estudo epidemológico do ECA (Epidemologic Catchmente

Área) feito em 1990, as taxas de transtornos psiquiátricos associados àqueles por

uso de álcool e outras drogas na população geral foram de 8% de homens e

23,4% de mulheres para transtornos depressivos. Com relação aos transtornos de

ansiedade, obteve-se tal resultado: 2,1% de homens e 7,9% de mulheres para

distúrbios de pânico; 13,5% de homens e 33,1% de mulheres para distúrbios

fóbicos. (Seibel & Toscano, 2000, págs 303 - 304)

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Introdução

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Estudos norte-americanos, de perspectiva psiquiátrica, como

“Syndromes of drug abuse and dependency” (Anthony JC, Helzer JE);

“Psychopathology in hospitalized alcoholics” (Hesselbrock MN, Meyer RE, Keener

JJ); “Outcome at six to twelve month post impatient treatment for cocaine and

alcohol dependence” (Miller NS, Millman RB, Keskinen BA) e “The clinical

implications of alchoolism and affective disorder” (Schukit MA) confirmam ser de

prevalência extremamente alta a coexistência entre abuso e dependência de

substâncias psicoativas e psicopatologia. Na população que recebeu diagnósticos

de transtornos de ansiedade, tais como ansiedade generalizada, transtorno de

pânico e transtorno obsessivo-compulsivo, foi constatada a taxa de 13, 3% de

prevalência de dependência de álcool. (Seibel & Toscano, 2000, págs. 304 - 305)

O uso de drogas pode ser causa do transtorno mental (abuso de

substâncias psicoativas com conseqüências psicopatológicas), conseqüência

(doença psiquiátrica primária com subseqüente abuso de substância), ou

simplesmente ocorrer na presença de outro diagnóstico psiquiátrico (diagnóstico

duplo primário e/ou situações em que existe uma etiologia comum causando as

duas doenças). (Seibel &Toscano, 2000, pág. 304)

Assim, em 1997, no PROAD, contatou-se que 44% dos seus pacientes

apresentaram transtorno depressivo ao longo da vida. Em 77% desses pacientes, a

depressão se instalara antes da dependência, o que reforça a hipótese que ela se

instalou na tentativa de “automedicação” para um transtorno psíquico não identificado

na ocasião. Ou seja, alguns sintomas da depressão como tristeza, baixo auto-estima

e incapacidade de sentir prazer, podem ser aliviados quando o indivíduo utiliza

substâncias psicoativas, fazendo assim com que ele passe a usar a droga como

“remédio” para sua depressão, sem ao menos saber-se deprimido. (Da Silveira &

Moreira, 2006 pág. 5 ) Essas reações depressivas de transtornos depressivos

maiores não apresentarão remissão sintomática com a interrupção do uso apenas, o

que já acontece com as reações depressivas acarretadas pelo uso pesado de álcool

e que atinge de 60 a 80% dos pacientes. (Niel & Julião, 2006, pág. 139 )

Contudo, como apontou Seibel & Toscano (2000), existem dificuldades

no estabelecimento da etiologia e do curso dos transtornos comórbidos com

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Introdução

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precisão, sendo que na maioria dos casos não é possível identificar o que se

iniciou primeiro. Na prática clínica, é preferível considerar a coexistência dos

diagnósticos (Seibel & Toscano, 2000, pág. 304)

Esta pesquisa trabalhou a hipótese de que a psicoterapia em grupo

para dependentes de álcool auxiliaria de forma positiva a evolução do tratamento.

Objetivou-se verificar sua eficácia através da alteração do padrão de uso do

álcool, assim como alteração dos sintomas depressivos e dos sintomas ansiosos.

De uma forma geral, a escolha dos instrumentos para a avaliação de

intervenção psicoterápica tem se dado, principalmente, em função de fatores

como facilidade de aplicação, bons índices de confiabilidade, validade e

consistência interna dos mesmos.(Gorenstein, Andrade & Zuardi, 2000)

1.6. Inventário de Depressão de Beck

O Inventário de Depressão de Beck (BDI) foi desenvolvido por Beck e

colaboradores, em 1961, para avaliar a intensidade da depressão. A tradução do

BDI para o Português foi efetuada em 1982 e validado por Gorenstein & Andrade

em 1996. Seu desempenho foi comparado com a State-Trait Anxiety Inventary

(STAI), e também, com a escala de Hamilton, em amostras de 270 estudantes

universitários, 117 pacientes ambulatoriais com Síndrome do Pânico, e 30

pacientes psiquiátricos, em tratamento ambulatorial, com depressão. A consistência

interna da versão para o Português foi de 0,81 na amostra de estudantes e de 0,88

na amostra de pacientes deprimidos, sendo esses índices semelhantes aos

observados em outros países (Gorenstein, Andrade & Zuardi, 1999).

O Inventário de Depressão de Beck (BDI) é, provavelmente, a medida

de auto-avaliação de depressão mais amplamente usada tanto em pesquisa como

em clínica, tendo sido traduzido para vários idiomas e validado em diferentes

países. (Gorenstein, Andrade & Zuardi, 1999).

A escala original consiste de 21 itens, incluindo sintomas e atitudes. Os

itens referem-se a tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação,

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Introdução

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sensação de culpa, sensação de punição, auto-depreciação, auto-acusações,

idéias suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção

da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbios do sono, fadiga, perda de

apetite, perda de peso, preocupação somática, diminuição da libido. (Gorenstein,

Andrade & Zuardi, 1999).

Cada categoria contém quatro ou cinco alternativas que expressam

níveis de gravidade dos sintomas depressivos. A pontuação para cada categoria

varia de zero a três, sendo zero a ausência dos sintomas depressivos e três a

presença dos sintomas mais intensos. (Gorenstein, Andrade & Zuardi, 1999).

Há várias propostas de diferentes pontos de corte para distinguir os

níveis de depressão utilizando o BDI.. De acordo com Beck, a escolha do ponto

de corte adequado depende da natureza da amostra e dos objetivos do estudo.

(Gorenstein , Andrade & Zuardi , 1999).

1.7. CES-D

A Escala de rastreamento populacional para depressão do Centro de

Estudos Epidemiológicos (CES-D) é um instrumento auto-aplicável de 20 itens,

desenvolvido por Radloff, em 1977, com a finalidade de detecção de sintomas

depressivos em populações adultas. A escala compreende itens relacionados a

humor, comportamento e percepção, que foram considerados relevantes em

estudos clínicos sobre depressão (Radloff, 1977).

A caracterização de humor depressivo é determinada por respostas

referentes aos sintomas presentes no período correspondente à semana que

precede a aplicação. Grande parte da contribuição para o desenvolvimento desse

instrumento adveio de outras escalas de sintomas depressivos, tais como: Escala

de Depressão de Zung (Zung, 1965), o Inventário de Depressão de Beck (Beck et

al, 1961), a escala auto-aplicável de Raskin (Raskin et al, 1967), a Escala de

Depressão de Minnesota Multiphasie Personality Inventary - MMPI (Dahlstrom e

Welsh, 1960) e a Escala de Depressão de Gardner (Weissman, 1977). A CES-D

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Introdução

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vem sendo amplamente utilizada em estudos clínicos e populacionais (Radloff,

1977; Myers e Weissman, 1980; Roberts e Vernon, 1983; Wells et al, 1987). Os

resultados desses estudos indicam considerável convergência com outras escalas

de depressão e boa discriminação com relação a escalas não-análogas como, por

exemplo, a Escala de Afeto positivo de Bradburn (Weissman et al, 1977).

As respostas a cada uma das questões são dadas segundo a

freqüência com que cada sintoma esteve presente na semana precedente à

aplicação do instrumento: “raramente ou nunca” corresponde à pontuação zero;

“durante pouco ou algum tempo” corresponde à pontuação 1; “ocasionalmente ou

durante um tempo moderado” corresponde à pontuação 2; e “durante a maior

parte do tempo ou todo o tempo” corresponde à pontuação 3. A pontuação pode,

portanto, variar entre 0 e 60 (pontuação de 0 a 3 em cada um dos 20 itens),

(Weissman et al,1977).

A CES-D foi escolhida entre outros instrumentos pela sua fácil

aplicabilidade, pelo seu foco em sintomas depressivos, por empregar critérios de

uma semana de duração da sintomatologia depressiva (aproximando-a, portanto,

dos critérios de RDC) e por ter sido amplamente utilizada. A validação de escala

para o Brasil foi feita por Dartiu Xavier da Silva & Miguel R. Jorge (1977).

1.8 Inventário de Ansiedade de Beck

O Inventário de Ansiedade de Beck, por sua vez, foi desenvolvido para

avaliar o rigor dos sintomas de ansiedade em pacientes deprimidos.

Selecionaram-se 21 itens que refletissem somaticamente, afetivamente e

cognitivamente os sintomas característicos de ansiedade mas não de depressão.

Esta lista de verificação de ansiedade mostrou uma boa consistência interna

(0,92) e boa confiabilidade teste-reteste com intervalo de uma semana r(58) =

0,75 (Gorenstein, Andrade & Zuardi).

A escala consiste de 21 itens descrevendo sintomas comuns em

quadros de ansiedade. Ao respondente foi perguntado o quanto ele ou ela foram

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Introdução

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incomodados por cada sintoma, durante a semana que passou, dentro de uma

escala de 4 pontos, variando de 0 (não a todos) a 3 (severamente). Os itens

somados resultam em escore total que pode variar de 0 a 63 (Gorenstein,

Andrade & Zuardi).

A confiabilidade de 21 itens do BAI foi avaliada em uma amostra de

160 indivíduos. A escala apresentou boa consistência interna (0,92) e uma faixa

de correlação de cada item com o total variando de 0,30 até 0,71 (mediana =

0,60). Uma amostra de 83 pacientes completou o BAI duas vezes com intervalo

de uma semana, sendo a correlação entre os escores de 0,75 (gl = 81),

(Gorenstei, Andrade & Zuardi).

Em resumo, o BAI constitui uma nova medida de ansiedade que foi

cuidadosamente construída para que se evitasse confusão com depressão.

Preliminarmente a validade de sustentação dos dados é conveniente

para ser usada em populações psiquiátricas como um critério e como um

resultado de medida. Assim, a escala fornece a pesquisadores e clínicos um

conjunto de critérios seguros e válidos que podem ser usados para ajudar a

diferenciar entre ansiedade e depressão e para esclarecer resultados de pesquisa

e investigações teóricas das duas síndromes (Gorenstein, Andrade & Zuardi).

1.9 DUSI

Segundo Fidalgo e Da Silveira (2004), A “Drug Use Screening Inventory”

(DUSI) é um questionário desenvolvido com a finalidade de triagem de uso de álcool

e outras drogas entre adolescentes. A escala tem como finalidade avaliar o

desempenho na DUSI de um grupo de adolescentes em atendimento por problemas

relacionados ao uso de substâncias. O método utilizado foi através da avaliação de

41 adolescentes atendidos no PROAD (Programa de Orientação e Atendimento a

dependentes) do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, São Paulo, em 2003,

comparativamente a um grupo de 43 adolescentes da população geral. Os

resultados obtidos com este estudo foram: a média de pontos na escala de uso de

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Introdução

25

substâncias da DUSI foi de 6,68 com desvio-padrão de 3,8 entre os adolescentes em

tratamento enquanto que no grupo de comparação a média foi de 1,88 pontos com

desvio-padrão de 2,5 (teste t: t = 6,8; p < 0,001). Ao se avaliar os diversos possíveis

pontos de corte da escala, observou-se que o melhor desempenho da mesma foi

obtido com a utilização do ponto de corte 2/3, que identificou corretamente 85 % dos

dependentes (sensibilidade = 0,85) e 70 % dos não casos (especificidade = 0,70). O

estudo das propriedades psicométricas da DUSI revelou que o instrumento teve um

bom desempenho ao discriminar populações clínica e não-clínica de adolescentes

em nosso meio (Fidalgo e Da Siveira, 2004).

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2. HIPÓTESE

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Hipótese

27

A psicoterapia em grupo para dependentes de álcool auxilia de forma

positiva a evolução do tratamento.

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3. OBJETIVOS

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Objetivos

29

3.1 Objetivo principal

Avaliar o desempenho da psicoterapia em grupo dos pacientes em

tratamento no Programa de Alcoolismo do PROAD, no que diz respeito à redução

dos sintomas ansiosos, depressivos e redução do uso da substância (álcool).

3.2 Objetivos secundários

1. Comparar as medidas da escala de ansiedade em uma amostra de

usuários de álcool com tratamento psicoterápico e em um grupo

controle sem tratamento psicoterápico;

2. Comparar as medidas de duas escalas de depressão em uma

amostra de usuários de álcool com tratamento psicoterápico e em

um grupo controle sem tratamento psicoterápico;

3. Comparar a medida de uma escala do uso de substância (álcool) em

uma amostra de usuários de álcool com tratamento psicoterápico e

em um grupo controle sem tratamento psicoterápico;

4. Avaliar a evolução dos sintomas de ansiedade e depressão em uma

amostra de usuários de álcool com tratamento psicoterápico e em

um grupo controle sem tratamento psicoterápico;

5. Avaliar a evolução do uso de substância (álcool) em uma amostra de

usuários de álcool com tratamento psicoterápico e em um grupo

controle sem tratamento psicoterápico.

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4. MÉTODO

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Método

31

4.1 Desenho

Estudo longitudinal prospectivo controlado não randomizado.

4.2 População

Pacientes do Programa de Alcoolismo do PROAD - Programa de

Orientação e Assistência a Dependentes.

4.3 Amostra

Pacientes do grupo de psicoterapia do Programa de Alcoolismo do

Programa de Orientação e Assistência a Dependentes - PROAD, totalizando sete

sujeitos que estão em acompanhamento psiquiátrico, foram entrevistados pela

psicoterapeuta e, verificou-se a adequação do encaminhamento e obediência aos

critérios de inclusão e exclusão.

1- Critérios de Adequação:

Entende-se adequação do encaminhamento quando os pacientes

estejam sensibilizados e motivados com relação à sua real disposição para um

tratamento longo e difícil.

2- Critérios de Inclusão:

Os critérios de inclusão para grupoterapia, são pacientes dependentes

somente de álcool por tratar-se de um grupo homogêneo em relação à substância

utilizada (álcool) e pacientes que não estiverem enquadrados nos critérios de

exclusão.

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Método

32

3- Critérios de Exclusão:

- Pacientes que apresentam déficit intelectual;

- Pacientes com depressão severa;

- Pacientes em estados psicóticos Pacientes com transtorno de

personalidade anti-social.

4.4 Grupo controle

Um grupo de pacientes alcoolistas do CAPS/ AD - Centro de Atenção

Psicossocial Álcool e Drogas de Diadema, pareado por sexo e idade, não estando

em tratamento grupal psicoterápico, mas em acompanhamento psiquiátrico.

Nenhum dos pacientes do grupo controle apresentava déficit

intelectual, depressão grave, estados psicóticos e transtorno de personalidade

anti-social, que foram os critérios de exclusão adotados para o grupo de

psicoterapia do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes – PROAD.

4.5 Instrumentos

- Inventário de Depressão de Beck (BDI);

- CES - D;

- Escala de Ansiedade de Beck;

- DUSI

4.6. Análise estatística

Análise quantitativa com auxílio do programa de estatística SPSS 10.0.

Sendo feita uma análise exploratória com posterior associação dos dados.

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Método

33

Inicialmente feita análise descritiva dos dados demográficos e das

variáveis numéricas resultantes das escalas aplicadas. Num segundo momento

os resultados das escalas foram transformados em variáveis dicotômicas

utilizando os seguintes pontos de corte:

- DUSI - 2/3

- CES-D - 15/16

- BeckA - 15/16

- BeckD - 15/16

Foi então feita análise descritiva das freqüências obtidas das variáveis

dicotômicas.

Finalmente foi feita a análise exploratória comparando-se as médias

das escalas no pré-teste e pós-teste dos grupos de tratamento e controle

utilizando o teste T de tudent.

4.7 Procedimentos

A pesquisa teve início com uma entrevista com a coordenadora do Grupo

de Psicoterapia do PROAD, onde se avaliou a abordagem teórica por ela adotada,

critérios de inclusão e exclusão de pacientes para esse grupo, o contrato terapêutico,

características e técnicas utilizadas nesse trabalho, assim como seus objetivos.

Na primeira etapa da pesquisa, foram levantados os dados pessoais do

grupo de psicoterapia do PROAD a ser estudado, para que fossem identificados

os pacientes do grupo controle. O emparelhamento foi pela idade, sexo e estado

civil. O nível de escolaridade não pôde ser usado como critério de comparação

devido à impossibilidade de emparelhamento com o grupo controle.

Selecionado o grupo controle, deu-se início o processo de aplicação

das escalas.

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Método

34

Em ambos os grupos foi acordado antecipadamente com os pacientes

o dia e o horário das aplicações que foram feitas individualmente e executadas no

próprio local de tratamento.

No período de outubro/novembro de 2005 foi efetuada a primeira

aplicação das escalas e abril/maio de 2006 a reaplicação das mesmas.

Os pacientes que participaram da pesquisa foram submetidos a uma

avaliação quanto a sintomas de depressão, ansiedade e uso de substância (álcool).

Aos participantes da pesquisa era entregue, na primeira avaliação, o

“Termo de Consentimento e Livre e Esclarecido” e explicado, de forma geral, os

objetivos da pesquisa. Após a assinatura do “Termo de Consentimento e Livre

Esclarecido” era iniciada a aplicação dos instrumentos.

Esta aplicação era supervisionada pelas coordenadoras do estudo, que

forneciam informações sobre o preenchimento das escalas e também, respondia

às dificuldades específicas surgidas no decorrer do referido preenchimento.

Este mesmo procedimento foi repetido na reaplicação, onde

novamente era aplicada as quatro escalas (Anexo 1).

Todos os sujeitos que participaram da primeira aplicação das escalas,

do PROAD e grupo controle, participaram da reaplicação.

No momento da reaplicação das escalas, um paciente do PROAD não

freqüentava mais o grupo de psicoterapia, sendo necessário, fazer essa reaplicação

no seu domicílio. O grupo do PROAD contava com 8 pacientes e sua formação,

contudo, um paciente não aceitou participar da pesquisa, totalizando N = 7

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5. RESULTADOS

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Resultados

36

5.1 Análise descritiva

5.1.1 Tabela 1 – Dados demográficos da amostra do grupo de tratamento do

PROAD e do grupo controle

PROAD CONTROLE

N % N %

Sexo

Masculino 4 57,1 4 57,1

Feminino 3 42,9 3 42,9

Idade

40/50 2 28,5 2 28,5

50/60 2 28,5 2 28,5

60/70 3 42,9 3 42,9

Escolaridade

Ensino fundamental completo 1 14,2 3 42,9

Ensino fundamental incompleto 1 14,2 3 42,9

Ensino médio completo 1 14,2 0 0

Ensino médio incompleto 0 0 1 14,2

Superior completo 2 28,5 0 0

Superior incompleto 2 28,5 0 0

Estado Civil

Solteiro 3 42,9 3 42,9

Divorciado 1 14,2 1 14,2

Separado 0 0 0 0

Casado 3 42,9 3 42,9

Viúvo 0 0 0 0

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Resultados

37

5.1.2 Tabela 2 – Escalas dicotômicas – 1º aplicação das escalas no grupo de

tratamento do PROAD e grupo controle.

PROAD CONTROLE

N % N %

DUSI (uso problemático de álcool) 6 85,7 7 100

CES-D (diagnóstico de depressão) 5 71,4 7 100

BECK-A (diagnóstico de ansiedade) 7 14,3 6 71,4

BECK-D (diagnóstico de depressão) 6 14,3 6 28,6

5.1.3 Tabela 3 – Escalas dicotômicas – reaplicação das escalas no grupo de

tratamento do PROAD e grupo controle.

PROAD CONTROLE

N % N %

DUSI (uso problemático de álcool) 7 100 7 100

CES-D (diagnóstico de depressão) 7 100 7 100

BECK-A (diagnóstico de ansiedade) 7 57,1 5 71,4

BECK-D (diagnóstico de depressão) 5 28,6 7 100

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Resultados

38

5.1.4. Tabela 4 – Comparação da das médias das escalas Beck-A, Beck-D, Dusi

e CESD na aplicação e reaplicação nos grupos de tratamento do PROAD e

controle

PROAD CONTROLE

Escore N Média Desvio padrão P Z N Média Desvio

padrão P Z

Beck-A 7 10,71 9,214 p<0,05 6 22,17 7,885 p=1

Beck-A pós 7 17,43 8,979 -2,371 5 20,4 2,074 ,000

Beck-D 6 14,33 9,245 p>0,05 6 22 6,753 P<0,05

Beck-D pós 5 22,6 15,176 -0,921 7 30,43 8,101 -2,032

Dusi 6 21 4,336 p<0,05 7 20,43 2,149 p>0,05

Dusi pós 7 21,59 4,648 -2,032 7 19,86 2,34 -,0597

CES-D 5 35,6 14,293 p>0,05 7 45,86 10,915 P<0,05

CES-D pós 7 39,71 11,996 -1,214 7 49,14 8,877 -2,214

5.2. Análise exploratória

5.2.1 Avaliação dos sintomas depressivos através escala Beck–D

A primeira aplicação da escala Beck–d no PROAD, resultou em

pontuação média de 14,33 com desvio-padrão de 9,24. Na segunda aplicação, a

média foi de 22,60 pontos e o desvio-padrão de 15,17. Não houve alteração no

sintomas de depressão (Z = -0,921; p>0,05).

A primeira aplicação da escala Beck-d no grupo controle, resultou em

pontuação média de 22,0 pontos com desvio-padrão de 6,75. Na segunda

aplicação, a média foi de 30,43 pontos e o desvio-padrão 8,10. O aumento do

sintomas de depressão foi estatisticamente significativo. (Z = -2,032, p< 0,05).

5.2.2 Avaliação dos sintomas depressivos através da escala CES-D

A escala CES-D, observou-se na primeira aplicação média de 35,6 pontos

e desvio-padrão de 14,29. Na segunda aplicação, média de 39,71 e desvio-padrão

de 11,99. Estatisticamente o resultado não foi significativo. (Z = -1,21; p>0,05).

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Resultados

39

No grupo controle, com a aplicação da escala CES-D, observou-se na

primeira aplicação média de 45,86 pontos e desvio-padrão de 10,91. Na segunda

aplicação, média de 49,14 pontos e desvio-padrão de 8,87. Houve um aumento

dos sintomas de depressão estatisticamente significativo. ( Z = -2,214; p<0,05).

5.2.3 Avaliação dos sintomas da ansiedade através da escala Beck-A

No Grupo de Tratamento de Grupoterapia, a primeira aplicação da

escala Beck para Ansiedade resultou em pontuação média de 10,71 pontos, com

desvio-padrão de 9,21. N a segunda aplicação, a média foi 17,43 pontos e desvio-

padrão 8,97. Este aumento observado foi estatisticamente significativo. (Z = -

2,371; p<0,05).

A escala Beck-A, na primeira aplicação do grupo controle, resultou em

pontuação da média de 22,17 e desvio-padrão de 7,88. N a segunda aplicação, a

média foi 20,4 pontos e o desvio-padrão 2,07 (p = 1). Não houve alteração do

sintoma ansiedade.

5.2.4 Avaliação do uso de substância (álcool) através da escala

DUSI - ÁREA -1

A primeira aplicação da escala DUSI, no Grupo de Tratamento de

Grupoterapia observou-se média de 21 pontos e desvio-padrão de 4,33. Na segunda

aplicação, média de 21,59 pontos e desvio-padrão de 4,64. Houve um aumento do

uso da substância (álcool) estatisticamente significativo (Z = -2,032 p< 0,05).

No grupo controle, a primeira aplicação a média foi 20,43 pontos e o

desvio-padrão de 2,14. N a segunda aplicação, a média foi de 19,86 pontos e o

desvio-padrão de 2,34. Não houve alteração estatística significativa quanto ao uso

de substância (álcool) no grupo controle (Z = - 0, 597; P>0,05).

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6. DISCUSSÃO

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Discussão

41

Como pudemos conferir na teoria, são diversos os critérios e

possibilidades de avaliar a eficácia de uma intervenção psicoterápica grupal:

Monras (2000), por exemplo, tomou como indicador de eficácia a aderência ao

tratamento, atribuindo aos abandonos a classificação de fracasso terapêutico.

Zimerman (2000), por sua vez, enumera diversas mudanças psíquicas

que podem ser conferidas com uma ação terapêutica exitosa, tais como:

diminuição das ansiedades paranóides e depressivas (com os pacientes

conseguindo assumir suas responsabilidades pelo que fizeram a si e aos outros);

desenvolvimento de um “espírito de grupo”, com boa capacidade de comunicação

e interação com os demais; modificação na qualidade das relações objetais

internas e externas; menor uso de mecanismos defensivos primitivos (negações,

dissociações, identificações projetivas, idealizações, controle onipotente);

capacidade de fazer novas identificações (aquisição de novos modelos de

identificação, com abandono dos modelos identificatórios arcaicos e patológicos);

integração de partes reprimidas e cindidas, projetadas em outras pessoas ou

ocultas dentro de si mesmo; melhora na capacidade de suportar frustrações e

absorver perdas; capacidade de reparar danos infringidos aos objetos e a si

mesmo; uma diminuição das expectativas impossíveis de serem alcançadas

provindas de um Ego Ideal e de um Ideal de Ego; abrandamento de superegos

rígidos, de natureza arcaica e punitiva; libertação de áreas autônomas do Ego;

compreensão e aceitação da existência de uma “dependência boa” em relação

aos outros, com confiança/ respeito/ amizade; maior utilização da linguagem

verbal em detrimento da não-verbal, expressa por meio de actings e

somatizações; aquisição de uma individuação, um sentimento de identidade, a

diferenciação entre o “eu” e o outro; a obtenção da autonomia, da liberdade

interna que confere ao indivíduo o estatuto de sujeito livre; possibilidade de

experimentar relações afetivas com outras pessoas; uso adequado de

identificações projetivas, menor distorção na percepção do outro e

desenvolvimento da empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro); ruptura

de papéis cronificados e aceitação das diferenças; desenvolvimento da

capacidade de ser “continente” das ansiedades, tanto para si como para os outros

e uma boa introjeção do terapeuta – identificação com a capacidade para fazer

insight e interpretações. (Zimerman, 2000, p.189 -190).

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Discussão

42

Valendo-se das idéias de Melanie Klein e Bion, teóricos que

embasaram o trabalho de Fallani (psicoterapeuta do grupo do PROAD), teríamos

as seguintes concepções para a “cura analítica”:

Klein: “Onde houver uma posição esquizoparanóide (predominância do

instinto de morte, inato – representado pelo sentimento de inveja -, com a

conseqüente dissociação do Ego e dos objetos, bem como a projeção destas

partes explicadas), deve ficar a posição depressiva (o indivíduo faz a integração

dos objetos parciais em totais, e assume a culpa pelos seus ataques destrutivos,

e faz as devidas reparações) (Klein apud Zimerman, 2000, pág. 188)

Bion: “Onde houver onipotência, devem ficar a capacidade de pensar e

o aprendizado pela experiência”; “Onde houver a função -K (negação do

conhecimento das penosas realidades, internas e externas), deve ficar a função K

(é a inicial de knowledge, conhecimento). “Onde houver ansiedade de

aniquilamento (inonimada, “terror sem nome”), deve haver um nome para a

mesma”; “Onde houver a parte psicótica da personalidade, deve estar a não-

psicótica”, sendo que, em termos de dinâmica grupal, isso equivale ao seu outro

postulado: “Onde houver supostos básicos inconscientes, deve ficar o grupo de

trabalho”. (Bion apud Zimerman, 2000, pág. 188)

Contudo, Zimerman (2000) ressalta que os resultados terapêuticos não

excluem benefícios terapêuticos que se dão mesmo que não se afira profundas

modificações estruturais internas, com evidentes mudanças caracterológicas e de

conduta do indivíduo (resultados analíticos). Assim, esses benefícios podem ser:

a resolução de crises situacionais agudas; remoção de sintomas; melhoras

adaptativas – ajuste familiar, social e/ou profissional. (Zimerman, 2000, pág. 187)

Nossa pesquisa focou-se na alteração dos padrões de consumo do

álcool e dos sintomas depressivos e ansiosos para verificar a eficácia do grupo.

O que se constatou, contudo, foi um incremento da ansiedade e do

padrão de uso etílico, com inalteração dos sintomas depressivos.

Segundo Zimerman (2000) a ansiedade expressa uma ânsia, um desejo

impossível, e se forma no Ego com o objetivo de sinalizar um perigo eminente que

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Discussão

43

venha ameaçar o equilíbrio interno. Ele pontua que a presença de um certo grau de

ansiedade é terapeuticamente útil, sendo que a grupoterapia não se desenvolve se a

ansiedade for inexistente ou excessiva. (Zimerman, 2000, págs. 117; 146)

Normalmente os pacientes iniciam o grupo com muita ansiedade, medo e

ambivalência, estando a serviço das resistências. (Edward & Dare, 1997, pág. 194)

Nessas primeiras etapas se processam as rupturas de estereótipos, acompanhadas

de certa confusão individual e grupal. É esperado um incremento das ansiedades e

fantasias, tanto com a entrada de elementos novos, como com a saída de outros

(seja por desistência/abandono ou alta) (Zimerman, 2000, pág. 187). O grupo de

psicoterapia do PROAD, entretanto, não se verificava em nenhum desses momentos

– a entrada do último paciente se deu no final do primeiro semestre do ano passado,

ou seja, aproximadamente um ano antes da primeira aplicação, e a última

desistência ocorreu em setembro do ano passado também.

Edward e Dare (1997) aponta outro momento que justificaria um

incremento da ansiedade, por ser muito estressante aos pacientes: quando se

instala a abstinência, esse período inicial de sobriedade é marcado pela

necessidade de enfrentamento de dificuldades e responsabilidades que até então

estavam sendo ignoradas/ postergadas enquanto o indivíduo estava

constantemente intoxicado. (Edward & Dare, 1997, pág. 195) Zimerman (2000)

assinala que toda mudança de atitude e de conduta implica em sofrimento e

aumento da ansiedade. (Zimerman, 2000, pág.94)

Zimerman (2000) faz a ressalva de que os indivíduos no grupo têm

características específicas e ritmos diferentes de elaboração e capacidade para

efetuar mudanças, contudo se o grupo é coeso, o crescimento se processa

uniformemente, apesar das diferenças individuais. É importante o terapeuta

identificar qual ansiedade está comum ao grupo todo, incluindo sua pessoa, para

poder interpretar e intervir adequadamente. (Zimerman, 2000, pág. 119)

O modelo kleiniano sugere que os tipos de ansiedade que emergem no

campo grupal variam e acompanham o momento evolutivo deste, podendo ser do

tipo paranóide (temor de um ataque ao Ego); depressiva (temor da destruição dos

objetos); ou confusional (transição entre as duas anteriores). (Klein apud

Zimerman, 2000, pág. 118)

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Discussão

44

Cabe questionarmos se um grupo aberto, tal como se configura o do

PROAD, com a entrada de novos membros em diferentes momentos (três

paciente iniciaram em 09/ 2004; dois pacientes ingressaram em 01/2005; e dois

em 06/2005), consegue uma coesão semelhante ao de um grupo fechado, em

que todos os membros começam e terminam juntos, sem nenhum membro novo.

Com um grupo fechado esses momentos/ etapas grupais se configuram e são

identificados com mais facilidade.

A ansiedade, se excessiva, acaba por ser um grande fator de risco

para o uso abusivo de álcool (Zimerman, 1997, pág. 223). É necessário entender

o que vem promovendo o incremento da ansiedade e do consumo e o porquê da

terapia grupal não estar diminuindo o sintomas depressivos. A pesquisa não

conseguiu identificar benefício terapêutico quanto a redução da ansiedade e

depressão para esses pacientes que compõem o grupo de psicoterapia do

PROAD, e ao contrário, deve-se avaliar a pertinência da manutenção dessa

atividade no projeto terapêutico dos mesmos, uma vez que se evidenciou um

aumento significativo no consumo da substância e, segundo Edward (1997), a

terapia dirigida para o insight deveria ser contra-indicada para pacientes que

estejam abusando do álcool, uma vez que o uso continuado da substância

prejudicará o progresso terapêutico, da mesma forma que pode se dar um sério

comprometimento clínico desses pacientes, antes de se dar o entendimento das

razões psicológicas subjacentes ao comportamento aditivo. (Edward & Dare,

1997, pág. 195)

Segundo Zimerman, (1997) no início do tratamento, a técnica psicanalítica

fica afastada para grupo de alcoolistas, porque interpretar um alcoolista em atividade

ou abstêmio há pouco tempo, faz com que se mobilize ansiedade no paciente, a qual

, pode levá-lo ao consumo de álcool, tornando assim, a razão do insucesso da

psicanálise com a doença. (Zimerman, 1997, pág. 224).

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7. LIMITAÇÃO

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Limitação

46

O escopo do trabalho limita a generalização das conclusões.

Há a necessidade de se reproduzir esse estudo, com a mesma

metodologia, em outros grupos de psicoterapia para alcoolistas, que utilizem a

mesma técnica e abordagem teórica, para se verificar a efetividade desta

pesquisa.

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8. CONCLUSÃO

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Conclusão

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Não se constatou a hipótese prevista. Ao contrário do esperado os índices

de ansiedade e uso de substância cresceram longitudinalmente e não houve

alteração do índice de depressão, nos pacientes do PROAD em grupoterapia.

Nessa amostra a grupoterapia não só não foi eficaz como aumentou

sintomas comórbidos, indicando-se a hipótese de que tal ocorreu pela não adequação

de abordagens e técnicas de comprovada eficácia para esse tipo de paciente.

Esse estudo traz à luz a necessidade de um grande cuidado para a

adequação de tratamento psicoterapêutico para esse tipo de paciente, sob risco

de que, ao não se proceder assim, o tratamento apresente efeito paradoxal de

aumento de danos.

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9. REFERÊNCIAS

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Referências

50

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10. ANEXOS

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Anexos

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Anexo 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, _____________________________________ (paciente) fui

informado a respeito dos objetivos da pesquisa de maneira clara e detalhada.

Fui informado pelas psicólogas, Soraya Borges e Luciana Sayago

França (pesquisadoras responsáveis) de que todos os dados são confidenciais,

bem como o meu tratamento não será modificado em razão desta.

Estou ciente de que poderei retirar meu consentimento em participara

da pesquisa no momento que eu quiser, antes ou durante a mesma.

_______________________________________

Nome do paciente

_______________________________________

Assinatura

_______________________________________

Nome do pesquisador

_______________________________________

Assinatura

Data da entrevista ____/_____/_______