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i
UM MODELO DE PR-DESPACHO
HIDROTRMICO PARA MERCADOS DE
ENERGIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE ENGENHARIA DE BAURU
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA
UM MODELO DE PR-DESPACHO
HIDROTRMICO PARA MERCADOS DE
ENERGIA
Andr Henrique Benetton Verglio
Orientador: Prof. Dr. Leonardo Nepomuceno
Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Augusto Cicogna
Dissertao de mestrado submetida ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica da Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB), da Universidade Estadual Paulista (UNESP), como parte dos requisitos para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia Eltrica.
Bauru, 02 de setembro de 2011
ii
Verglio, Andr Henrique Benetton. Um modelo de pr-despacho hidrotrmico para mercados de energia / Andr Henrique Benetton Verglio, 2011.
157 f. il.
Orientador: Leonardo Nepomuceno
Dissertao (Mestrado) Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia, Bauru, 2011
1. Pr-despacho de gerao. 2. Algoritmos genticos. 3. Simulao
Hidreltrica 4. Otimizao matemtica. I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia. II. Ttulo.
iii
iv
Agradecimentos Agradeo a Deus pela sade e pela paz que sempre me deu para enfrentar os desafios e
guiar meus caminhos.
Agradeo aos meus pais Pedro e Lucinei pelo apoio e incentivo nesses dois anos de
trabalho.
minha irm Paula e a todos os amigos que diretamente ou indiretamente me
ajudaram nestes anos.
Ao Edson, Alessandro, Maria Cludia, Jlio e a Ellen e a todos os demais que freqentam
ou freqentaram o LEESP pela amizade e coletividade.
Aos funcionrios do laboratrio, da seo de graduao e ps-graduao pelo apoio
constante durante o mestrado e aos professores da ps-graduao pelos ensinamentos
recebidos.
Ao Prof. Dr. Marcelo Augusto Cicogna que contribuiu diretamente e ativamente para o
desenvolvimento e resultados apresentados.
Ao orientador, Prof. Dr. Leonardo Nepomuceno no s pelos ensinamentos e pelo
conhecimento recebido, mas tambm por toda a pacincia e amizade que demonstrou pelos
seus orientados nestes dois anos.
FAPESP pelo apoio financeiro por meio do processo 2009/04160-7.
v
Resumo
Verglio, Andr H. B. (2011). Um Modelo de Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados
de Energia. Dissertao (Mestrado) Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2011.
Este trabalho tem como objetivo a concepo, implementao, soluo e teste de um
modelo de Pr-Despacho de gerao (PD) para o ambiente de mercados de energia, que supra
as deficincias dos modelos de PD adotados no Brasil. Assim, a abordagem proposta deve
introduzir novos aspectos de modelagem, tais como: i) aspectos associados aos mercados de
energia internamente ao modelo de PD; ii) a representao das inter-relaes entre os
mercados pool e bilateral em um nico modelo de PD; iii) a discretizao do problema em base
horria, possibilitando, de fato, a implementao de um mercado de curtssimo prazo; iv) a
avaliao da funo de custo de oportunidade como base para a insero de objetivos
associados otimizao da produo de energia hidrulica no mercado pool; v) a concepo e
implementao de um simulador hidrulico para a correta validao das restries hidrulicas
do modelo de PD.
vi
Abstract
Verglio, Andr H. B. (2011).A Hydrothermal Short-Term Generation Scheduling Model
for Energy Markets. Dissertation (Masters degree) Universidade Estadual Paulista, Bauru,
2011.
This research aims at the conception, implementation, solution and testing of the
proposed Hydrothermal Short Term Generation Scheduling Model (PD), for the energy market
environment that serves the deficiencies of models adopted in Brazilian PD. Thus, the
proposed approach must introduce new aspects of modeling, such as: i) Aspects associated
with energy markets internally to the PD model; ii) The representation of relationship between
pool and bilateral markets in one unique PD model; iii) discretization of the problem on an
hourly basis, allowing, in fact, the implementation of a for short-term market; iv) evaluation of
the role of opportunity cost as the basis for the inclusion of goals associated with optimization
of hydraulic power pool market; v) the conception and implementation of a hydraulic
simulator to validate the proper constraints of the hydraulic model of PD.
vii
Sumrio 1 Introduo .......................................................................................................................... 2
1.1 Um pouco de histria ............................................................................................ 2
1.2 Mercados de energia ............................................................................................. 3
1.3 Ferramentas utilizadas no Brasil ........................................................................... 3
1.4 Objetivos do trabalho ............................................................................................ 4
1.5 Organizao do trabalho ....................................................................................... 5
2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao .................................................................................... 8
2.1 A Usina Hidreltrica ............................................................................................... 8
2.1.1 Reservatrios ............................................................................................................. 9
2.1.2 Afluncias ................................................................................................................ 10
2.1.3 Engolimento, Vertimento e Defluncia ................................................................... 12
2.1.4 Cota de montante do reservatrio .......................................................................... 12
2.1.5 Cotas do canal de fuga ............................................................................................ 13
2.1.6 Usinas afogadas ....................................................................................................... 13
2.1.7 Altura de Queda ...................................................................................................... 15
2.1.8 Conjuntos turbina/gerador ...................................................................................... 15
2.1.9 Engolimento Mximo e Potncia Mxima ............................................................... 16
2.1.10 Rendimento ............................................................................................................. 18
2.1.11 Funo de Produo ................................................................................................ 19
2.2 A Usina Termoeltrica ......................................................................................... 19
3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia ........................... 23
3.1 Funo Objetivo .................................................................................................. 26
3.2 Restries ............................................................................................................ 27
3.2.1 Atendimento da demanda....................................................................................... 27
3.2.2 Restries de limites operacionais .......................................................................... 28
3.2.3 Restrio de metas energticas ............................................................................... 28
3.2.4 Contratos Bilaterais ................................................................................................. 29
3.2.5 Balano de gua....................................................................................................... 30
3.2.6 Volume mdio armazenado .................................................................................... 31
3.2.7 Altura de queda lquida ........................................................................................... 31
3.2.8 Funo de produo de energia .............................................................................. 31
3.2.9 Defluncia ................................................................................................................ 32
viii
3.2.10 Restrio de limite de volume armazenado ............................................................ 32
3.2.11 Restrio de limite de turbinagem .......................................................................... 32
3.2.12 Restrio de vertimento .......................................................................................... 32
3.3 Decomposio do modelo ................................................................................... 33
4 Curvas de Perdas Hidrulicas ............................................................................................ 36
4.1 Levantamento de dados ...................................................................................... 36
4.2 Produtividade e perdas hidrulicas ..................................................................... 37
4.3 Algoritmo ............................................................................................................. 43
4.4 Exemplo de clculo de perdas hidrulicas .......................................................... 45
4.5 Curvas de perdas para toda a usina .................................................................... 47
5 Determinao do nmero de mquinas ............................................................................ 51
5.1 Mtodo da curva equivalente total ..................................................................... 51
5.2 Nmero de mquinas atravs de algoritmos genticos ..................................... 56
5.2.1 Algoritmos genticos no modelo de PDHME .......................................................... 59
5.2.2 DNA, bases nitrogenadas e amostragem ................................................................ 60
5.2.3 Genes e despacho dirio ......................................................................................... 62
5.2.4 Indivduo e populao ............................................................................................. 63
5.2.5 Grau de adaptabilidade do indivduo ...................................................................... 64
5.2.6 Seleo natural e elitismo ....................................................................................... 66
5.2.7 Reproduo e mutao ........................................................................................... 68
5.2.8 Modelo de algoritmo gentico ................................................................................ 69
6 Pr-Despacho de Gerao (PD) ......................................................................................... 73
6.1 Soluo do Modelo Proposto pelo Mtodo de Pontos Interiores Primal-Dual
com Barreira Logartmica ........................................................................................................ 73
6.2 Algoritmo de Soluo do PD ................................................................................ 87
7 Simulador Hidrulico ........................................................................................................ 89
7.1 Balano de gua .................................................................................................. 90
7.2 Modelo de Simulao Hidrulica......................................................................... 90
7.3 Heurstica de Verificao de Limites ................................................................... 93
7.4 Algoritmo ............................................................................................................. 94
ix
7.5 Consideraes do algoritmo ................................................................................ 95
8 Estudos com o Simulador Hidrulico ................................................................................. 98
8.1 Caso de Reservatrio cheio e grande afluncia .................................................. 98
8.1.1 Dados ....................................................................................................................... 98
8.1.2 Resultados ............................................................................................................. 100
8.1.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 100
8.2 Caso de reservatrio vazio com vazo afluente insuficiente. ........................... 101
8.2.1 Dados ..................................................................................................................... 101
8.2.2 Resultados ............................................................................................................. 101
8.2.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 101
8.3 Caso de turbinagem acima da capacidade da usina ......................................... 102
8.3.1 Dados ..................................................................................................................... 102
8.3.2 Resultados ............................................................................................................. 103
8.3.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 103
8.4 Tempo de viagem das guas entre duas usinas ................................................ 104
8.4.1 Dados ..................................................................................................................... 104
8.4.2 Resultados ............................................................................................................. 105
8.4.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 105
9 Estudos com o PDHME Sistema Teste ........................................................................... 107
9.1 Caso Base ........................................................................................................... 107
9.1.1 Dados ..................................................................................................................... 107
9.1.2 Resultados ............................................................................................................. 110
9.1.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 111
9.2 Caso com Metas Hidrulicas Modificadas ......................................................... 112
9.2.1 Dados ..................................................................................................................... 112
9.2.2 Resultados ............................................................................................................. 112
9.2.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 114
9.3 Caso com Incluso do Mercado Bilateral .......................................................... 115
9.3.1 Dados ..................................................................................................................... 115
9.3.2 Resultados ............................................................................................................. 116
9.3.3 Anlise dos resultados ........................................................................................... 117
10 Estudos com o PDHME Sistema Interligado Nacional ................................................... 119
10.1 PDHME Completo .............................................................................................. 119
10.1.1 Dados ..................................................................................................................... 119
x
10.1.2 Resultados ............................................................................................................. 121
10.1.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 123
10.2 PDHME com Meta Alterada .............................................................................. 124
10.2.1 Dados ..................................................................................................................... 124
10.2.2 Resultados ............................................................................................................. 124
10.2.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 125
10.3 PDHME com a incluso do mercado bilateral ................................................... 126
10.3.1 Dados ..................................................................................................................... 126
10.3.2 Resultados ............................................................................................................. 127
10.3.3 Anlise dos Resultados .......................................................................................... 128
11 Concluses, dificuldades e projees futuras. ................................................................. 130
11.1 Concluses ......................................................................................................... 130
11.2 Dificuldades encontradas .................................................................................. 131
11.3 Trabalhos futuros .............................................................................................. 132
Apndice ..................................................................................................................................... 1
Bibliografia ................................................................................................................................. 1
xi
Lista de Figuras Figura 2.1 Representao esquemtica de uma usina Hidreltrica ........................................... 9
Figura 2.2 Cascata de usinas utilizada nas ilustraes ............................................................ 10
Figura 2.3 Representao das afluncias de um reservatrio ................................................. 11
Figura 2.4 - Usina Afogada ........................................................................................................ 14
Figura 2.5 Potncia mxima e engolimento mximo, ambos em funo da queda lquida ..... 16
Figura 2.6. Curva colina para uma mquina da usina de Camargos ........................................... 18
Figura 2.7 Curva da funo de custos de gerao para uma termoeltrica tpica ................... 20
Figura 2.8 Custos de Gerao e Lances de Mercado para uma termoeltrica tpica ................ 21
Figura 3.1 Diagrama em blocos do modelo............................................................................. 33
Figura 4.1 Produtividade e Curva de Perdas Hidrulicas para a Usina Hidreltrica de Furnas . 38
Figura 4.2 Perda devido ao rendimento para a hidreltrica de Furnas ................................... 40
Figura 4.3 - Perdas devido ao rendimento e ao nvel de jusante para a hidreltrica de Furnas . 41
Figura 4.4 - Perdas do rendimento, nvel de jusante e perda de carga para Furnas ................... 41
Figura 4.5 Perdas Hidrulicas para a hidreltrica de Furnas ................................................... 42
Figura 4.6 Perdas hidrulicas para 8 mquinas em operao da usina de Furnas ................... 43
Figura 4.7 Curva Colina para a hidreltrica de Furnas ............................................................. 47
Figura 4.8 Perda Hidrulica de Furnas para reservatrio a 100% da capacidade ..................... 47
Figura 4.9 Perda Hidrulica de Furnas para reservatrio a 50% da capacidade....................... 47
Figura 4.10 Curvas de produtividade para a hidreltrica M. de Moraes ................................. 48
Figura 4.11 Perdas Hidraulicas por mquina para a hidreltrica Mascarenhas de Moraes ..... 49
Figura 5.1 Perdas Hidrulicas por mquina para a hidreltrica Mascarenhas de Moraes ....... 52
Figura 5.2 Envoltria inferior das mquinas para a hidreltrica M. de Moraes ....................... 53
Figura 5.3 Perdas Hidrulicas por mquina e equivalente para a hidreltrica M. de Moraes.. 54
Figura 5.4 Faixas de mquinas em operao para a hidreltrica M. de Moraes ...................... 55
Figura 5.5 Determinao de nmero de mquinas a partir de um despacho de 500 MW ........ 56
Figura 5.6 Perdas hidrulicas para a hidreltrica de Capivara ................................................. 57
Figura 5.7 Envoltria inferior para a hidreltrica de Capivara................................................. 58
xii
Figura 5.8 Faixas de nmero de mquinas em operao para a hidreltrica de Capivara ....... 58
Figura 5.9 Grfico de amostragem para a hidreltrica de Capivara ........................................ 61
Figura 5.10 Porcentagem de seleo de cada um dos 4 indivduos a serem escolhidos .......... 67
Figura 5.11 Esquema do algoritmo gentico para o modelo PDHME ...................................... 70
Figura 7.1 Esquema de Simulao para uma hidreltrica em um intervalo de tempo ............. 91
xiii
Lista de Tabelas Tabela 2.1 Polinmios de cota de montante versus volume. .................................................. 12
Tabela 2.2 Polinmios de defluncia versus cota do canal de fuga ......................................... 13
Tabela 2.3 Polinmios de defluncia versus Cota do Canal de Fuga ....................................... 14
Tabela 4.1 Polinmios da hidreltrica de Furnas .................................................................... 46
Tabela 4.2 Tabela de rendimentos para uma mquina da usina de Furnas ............................. 46
Tabela 5.1 Codificao das bases nitrogenadas do DNA e RNA humano................................. 60
Tabela 5.2 Tabela de amostragem para a hidreltrica de Capivara......................................... 61
Tabela 5.3 Exemplo de gene ................................................................................................... 62
Tabela 5.4 Gene do pr-despacho da hidreltrica de Capivara ............................................... 63
Tabela 5.5 - Gene e dados do pr-despacho da hidreltrica de Capivara ................................... 63
Tabela 5.6 DNA de um pr-despacho do sistema eltrico ....................................................... 63
Tabela 5.7 Populao de pr-despachos do sistema eltrico .................................................. 64
Tabela 5.8 Crossing over de dois indivduos ........................................................................... 68
Tabela 5.9 Filho mutante ....................................................................................................... 68
Tabela 8.1 - Volumes Mximos e Mnimos de Reservatrios .................................................... 98
Tabela 8.2. Polinmios de Volume versus Cota de Montante.................................................... 99
Tabela 8.3. Polinmios de Defluncia versus Cota do Canal de Fuga ......................................... 99
Tabela 8.4. Pr-Despacho de Jurumirim para os casos 8.1 e 8.2 ................................................ 99
Tabela 8.5. Resultados do caso 8.1.......................................................................................... 100
Tabela 8.6. Resultados do Caso 8.2 ......................................................................................... 101
Tabela 8.7. Pr-Despacho para o Caso 8.3 ............................................................................... 102
Tabela 8.8. Resultados do Caso 8.3 ......................................................................................... 103
Tabela 8.9. Volume inicial e Vazo Incremental ...................................................................... 104
Tabela 8.10. Pr-Despacho para o Caso 8.4 ............................................................................. 104
Tabela 8.11 Resultados do Caso 8.4 ........................................................................................ 105
Tabela 9.1 Demanda para o sistema teste ............................................................................ 108
Tabela 9.2 Meta hidrulica para o sistema teste .................................................................. 108
xiv
Tabela 9.3 de Potncia e parmetros de custos dos lances das termoeltricas ....................... 108
Tabela 9.4 Dados das hidreltricas para o primeiro intervalo de tempo............................... 108
Tabela 9.5 Restries hidrulicas ......................................................................................... 109
Tabela 9.6 Polinmios de cota de montante versus volume ................................................. 109
Tabela 9.7 Polinmios de cota de canal de fuga versus defluncia ....................................... 109
Tabela 9.8 Limites de gerao e polinmios de perdas hidrulicas ....................................... 110
Tabela 9.9 Pr-despacho para o caso base ........................................................................... 110
Tabela 9.10 - preo spot para o caso base. .............................................................................. 111
Tabela 9.11 - Metas hidrulicas modificadas para o sistema teste .......................................... 112
Tabela 9.12 Pr-Despacho para o Caso com Metas Hidrulicas Modificadas ........................ 113
Tabela 9.13 - Preo spot do caso com meta hidrulica modificada .......................................... 113
Tabela 9.14 - preo spot do caso base. .................................................................................... 113
Tabela 9.15 Energia contratada das usinas no mercado bilateral. ........................................ 115
Tabela 9.16 Pr-Despacho do caso com incluso do mercado bilateral ................................ 116
Tabela 9.17 preo spot do caso com incluso do mercado bilateral ..................................... 116
Tabela 9.18 - preo spot do caso base. .................................................................................... 116
Tabela 10.1 Usinas hidreltricas utilizadas na simulao...................................................... 120
Tabela 10.2 Usina termoeltrica equivalente utilizada na simulao ................................... 120
Tabela 10.3 Demanda Horria .............................................................................................. 121
Tabela 10.4 Computadores utilizados para a anlise de desempenho computacional.......... 121
Tabela 10.5 Pr-Despacho parcial para o caso base ............................................................. 122
Tabela 10.6 Preo spot para o caso base .............................................................................. 122
Tabela 10.7 Desempenho computacional para o caso base .................................................. 122
Tabela 10.8 Pr-despacho parcial para caso de metas alteradas .......................................... 124
Tabela 10.9 Preo spot para o caso de metas alteradas........................................................ 125
Tabela 10.10 Preo spot para o caso base ............................................................................ 125
Tabela 10.11 Desempenho computacional para o caso com metas alteradas ...................... 125
Tabela 10.12 Contratos bilaterais fixados para a termoeltrica equivalente ....................... 126
Tabela 10.13 Pr-Despacho parcial com contratos bilaterais................................................ 127
xv
Tabela 10.14 Preo spot para o caso com contratos bilaterais.............................................. 127
Tabela 10.15 Preo spot para o caso base ............................................................................ 127
Tabela 10.16 Desempenho computacional para o caso de incluso do mercado bilateral .... 128
Captulo 1
Introduo
Captulo 1 - Introduo
2
1 Introduo
1.1 Um pouco de histria
Durante a dcada de 70 o setor eltrico mundial passou por grandes mudanas. A
crescente necessidade de gerao de energia eltrica para a indstria e a crise do petrleo
levou os pases a repensarem seus modelos energticos. Em pases mais dependentes da
gerao termoeltrica comearam a ser discutidos meios de se aumentar a eficincia de seus
sistemas, e mecanismos de se incentivar a sociedade a pesquisar alternativas para aumentar
essa eficincia. Na dcada seguinte comearam a surgir os primeiros estudos sobre os
mercados de energia eltrica (Caramanis, Bohn e Schweppe 1982), onde a livre concorrncia
incentivaria empresas a se tornarem mais competitivas no fornecimento de energia eltrica.
No Brasil, devido a sua grande abundncia de recursos hdricos e o domnio da
tecnologia de gerao hidreltrica, optou-se por intensificar a tendncia de construo de
usinas hidreltricas. Por muito tempo essa caracterstica nica aliada realidade poltica da
poca manteve o Brasil em uma posio confortvel quanto a esta questo. At o incio dos
anos 90 o sistema energtico brasileiro era estatal, onde o governo tinha total controle e
monoplio sobre todos os aspectos do fornecimento de energia eltrica. Foi ento que houve
o processo de abertura econmica, e o setor eltrico brasileiro acabou por acompanhar esta
tendncia. Houve privatizaes e um setor que antes era totalmente controlado por apenas
um agente passou por um processo conhecido como desregulamentao, e a partir da
comeou a ser implantado o mercado de energia eltrica. Diante desta realidade foi criada a
Cmara de Comercializao de Energia Eltrica (CCEE), que tem como objetivo viabilizar a
comercializao de energia eltrica no Sistema Interligado Nacional (CCEE 2011).
Mas a energia eltrica no pode ser tratada da mesma forma que os outros bens de
consumo pois possui caractersticas nicas, como a impossibilidade de armazenamento de
energia eltrica em grande escala, a necessidade de atendimento da demanda em tempo real,
limites operacionais da transmisso e o acoplamento das usinas hidreltricas em uma mesma
cascata hidrulica. Devido a todas essas peculiaridades a energia eltrica deve ter uma
modelagem econmica de mercado prpria (Galiana, Kockar e Franco 2002), diferentes dos
modelos econmicos aplicveis a outros setores da economia.
Captulo 1 - Introduo
3
1.2 Mercados de energia
Na literatura, so apresentados dois modelos de mercados de energia eltrica: o pool
(Schweppe, et al. 1988) e o bilateral (Cheng, McGilis e Galiana 1998). No mercado pool os
agentes geradores e consumidores oferecem lances em um leilo de energia, que avaliado
por ferramentas computacionais onde os geradores com melhores lances so gradativamente
despachados at o atendimento da demanda, desde que sejam respeitadas as restries de
operao do sistema. No mercado bilateral os geradores e consumidores podem firmar
contratos entre si, sem que haja a participao dos operadores no sistema. Em casos onde
esto presentes os dois mercados, e eles so bem estruturados (Galiana, Kockar e Franco
2002), o fechamento dos leiles feito em base horria ou at mesmo a cada meia hora. Isso
permite uma maior flexibilidade nos contratos e tambm uma melhor representao do que
realmente acontece no sistema eltrico, onde no prazo de um dia a demanda de energia pode
variar de valores relativamente pequenos at perto do mximo possvel de ser gerado pelo
sistema.
Existem vrias ferramentas para o fechamento dos leiles e validao dos contratos,
como por exemplo o despacho econmico e o Pr-Despacho de gerao (PD). Esses modelos
calculam o quanto de energia eltrica cada fornecedor deve gerar de acordo com o seu lance,
validam os contratos bilaterais e calculam o preo da energia para o mercado pool. Esses
preos so chamados de spot, e so calculados para cada perodo de fechamento do leilo, ou
seja para um sistema que opera em base horria, no perodo de 1 dia sero calculados 24
preos spot, um para cada hora do dia.
1.3 Ferramentas utilizadas no Brasil
Mesmo aps o processo de desregulamentao de mercado, o setor eltrico brasileiro
continua utilizando ferramentas que foram criadas para o ambiente anterior criao dos
mercados de energia e que no refletem a realidade do mercado competitivo. Atualmente o
setor eltrico utiliza dois programas para seu planejamento: o NEWAVE e o DECOMP.
O NEWAVE calcula a poltica de operao em longo prazo (5 anos), o DECOMP, partindo
dos resultados do NEWAVE, realiza a discretizao mensal para 1 ano, sendo que no primeiro
ms feita uma discretizao semanal (Bittencourt 2011) e so calculados os preos apenas
para 3 patamares de energia: leve, mdia e pesada.
Captulo 1 - Introduo
4
Sendo assim, esses modelos s conseguem fechar o mercado em base semanal, no
conseguindo representar a dinmica do mercado e a operao diria em curtssimo prazo.
Outra limitao dessa abordagem a aparente falta de relao entre os preos spot calculados
pelo modelo adotado e a situao hidrolgica real do sistema eltrico. Um exemplo disso foi
que as vsperas do racionamento de energia em 2001, os preos de mercado calculados por
esse modelo estavam baixos, o que teoricamente deveria sinalizar que no faltaria energia
(Masili 2004).
1.4 Objetivos do trabalho
Este trabalho tem como objetivo desenvolver, implementar e simular um modelo de
pr-despacho de gerao hidrotrmico de curtssimo prazo para mercados de energia
(PDHME). O modelo proposto tem a capacidade de calcular os preos da energia eltrica para
cada hora do dia, de forma que tais preos sejam sensveis tanto demanda que o sistema
requer quanto aos recursos disponveis para a gerao de energia. O modelo tambm capaz
de representar as principais restries fsicas impostas aos sistemas de gerao de energia,
tanto de natureza eltrica quanto hidrulica.
Para a resoluo deste problema foi empregada uma tcnica de decomposio do
PDHME nos subproblemas de PD (da Silva 2010) e no problema de simulao hidrulica
(Cicogna 1999). Essa decomposio resulta em um sistema modular, onde as grandezas
eltricas so totalmente separadas das grandezas hidrulicas. Assim, a soluo do PDHME
neste trabalho dividida em dois modelos independentes que interagem entre si para a
obteno dos resultados.
O PD a parte do modelo que cuida de calcular as potncias geradas por cada usina,
tanto termoeltricas quanto hidreltricas, levando em conta as restries eltricas, como por
exemplo as potncias mximas e mnimas que cada usina pode gerar, e tambm calcula o
preo da energia no mercado pool, que o mercado onde feito o leilo da energia. O
simulador hidrulico responsvel por avaliar os aspectos hidrulicos do problema, como por
exemplo os nveis dgua dos reservatrios, as vazes que passam pela usina, a interferncia
da quantidade de gua que sai de uma usina e chega na outra e o tempo de viajem dessas
guas.
Para uma efetiva separao das restries eltricas e hidrulicas, foi utilizada a
estratgia do clculo das perdas hidrulicas (Soares e Salmazo 1997), que conseguem
concatenar as variveis que influem no desempenho da hidreltrica em uma funo que
Captulo 1 - Introduo
5
envolve apenas variveis de natureza puramente eltrica. Neste trabalho foi utilizada uma
variao do clculo das perdas hidrulicas, que usa por base a produtividade da usina, como
em (Arce Encina 2006).
A validao do modelo proposto no trabalho feita atravs de simulaes envolvendo
tanto um sistema teste, onde pode-se mostrar mais detalhadamente o comportamento do
modelo proposto e da tcnica de soluo, quanto para o Sistema Interligado Nacional (SIN). No
sistema teste pode-se verificar os nveis de despacho para cada usina analisada, os preos spot
para cada hora do dia e os custos totais de gerao. J para o SIN feita uma abordagem mais
generalista, mostrando os preos calculados e tambm apresentada uma anlise de
desempenho computacional para cada caso analisado.
1.5 Organizao do trabalho
No captulo 1 mostrado um pouco da histria dos mercados de energia e como o Brasil
est contextualizado nesse mbito. Tambm apontada uma breve discusso sobre as
ferramentas computacionais utilizadas e os objetivos do trabalho.
No captulo 2 so apresentadas todas as principais variveis e metodologias inerentes
aos sistemas hidrotrmicos. Nele feita uma apresentao detalhada sobre o funcionamento
das hidreltricas, a relao entre elas e seus reservatrios, e a relao que as hidreltricas de
uma mesma cascata tm entre si. Tambm feita uma breve discusso sobre as
termoeltricas e suas curvas de custo de gerao.
No captulo 3 apresentado o modelo matemtico, com destaque para a minimizao
de custos de gerao, onde minimizado o custo real das termoeltricas e um custo de
oportunidade para as hidreltricas (da Silva 2010). Tambm descrita em detalhe a
representao de restries dos limites fsicos inerentes do problema, as restries de gerao
de ordem eltrica, restrio de programao de longo prazo e as restries do subproblema
hidrulico.
No captulo 4 so apresentados detalhes sobre a tcnica do clculo de curvas
hidrulicas, que um importante dado para a formulao do problema.
No captulo 5, so mostrados mtodos de determinao do nmero de mquinas em
operao de cada usina presente no pr-despacho. Ser estudada brevemente uma tcnica de
soluo aproximada para o clculo do nmero de mquinas. A seguir a metodologia que
utiliza algoritmos genticos, que proposta neste trabalho, apresentada em detalhe.
Captulo 1 - Introduo
6
No captulo 6 apresentada a modelagem do pr-despacho de gerao e sua resoluo
pelo mtodo de pontos interiores primal-dual com barreira logartmica.
No captulo 7 apresentado o simulador hidrulico em detalhes, sua formulao
matemtica, as heursticas adotadas e o algoritmo de resoluo empregado.
No captulo 8 so apresentados estudos com o simulador hidrulico, mostrando suas
principais caractersticas e possveis intervenes deste para o modelo como um todo.
No captulo 9 so apresentados estudos de caso para o pr-despacho de um sistema
teste com 2 termoeltricas e 4 hidreltricas. Como as dimenses do sistema teste so
reduzidas, esses estudos so apresentados detalhadamente, permitindo avaliar de forma
efetiva as principais caractersticas do modelo proposto.
No captulo 10 so feitos estudos de caso com o SIN. Devido grande dimenso do
problema, feita uma anlise generalista, mostrando os preos spot da energia e os custos de
gerao. Tambm apresentada uma anlise de desempenho computacional para cada
estudo de caso realizado, para avaliar sua capacidade em lidar com sistemas de dimenses
reais.
No captulo 11 so apresentadas as principais concluses do trabalho e so descritas
algumas dificuldades que foram encontradas para a sua realizao. Finalmente feita uma
anlise de possveis contribuies para trabalhos futuros.
Captulo 2
Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
8
2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
Os sistemas hidrotrmicos de gerao so aqueles em que h a presena de usinas
hidreltricas e termoeltricas de gerao atuando em conjunto para o suprimento da
demanda de energia do sistema. Neste captulo, so descritos os principais conceitos, mtodos
e tcnicas relacionados aos sistemas hidrotrmicos de gerao. Esses conceitos sero
utilizados em captulos posteriores como base para a descrio do modelo de pr-despacho de
gerao proposto neste trabalho e tambm do modelo de simulao hidrulica.
Na seo 2.1 sero estudados os principais conceitos relacionados s usinas
hidreltricas. Na seo 2.2 so descritos os detalhes do processo de gerao de usinas
termoeltricas.
2.1 A Usina Hidreltrica
A usina hidreltrica utiliza a energia potencial da gua em seu reservatrio a qual
transformada em energia eltrica, atravs de processos eletromecnicos. Neste processo a
energia potencial transformada em energia cintica quando a gua desce pela tubulao da
usina, o que movimenta as ps da turbina produzindo energia cintica de rotao. A turbina
est conectada atravs de um eixo a um gerador, o qual transforma essa energia cintica de
rotao em energia eltrica atravs do princpio de induo eletromagntica.
Na Figura 2.1 esto representadas, de forma esquemtica, as principais variveis
relacionadas a uma usina hidreltrica, as quais sero utilizadas neste trabalho.
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
9
Figura 2.1 Representao esquemtica de uma usina Hidreltrica
Em que:
x: volume do reservatrio (hm) (hectmetros cbicos)
xmax: volume mximo do reservatrio (hm)
xmaximorum: volume de segurana (maximorum) do reservatrio (hm)
xmin: volume mnimo do reservatrio (hm)
xtil = xmax - xmin: volume til do reservatrio (hm)
q: vazo turbinada pela usina (engolimento) (m/s)
v: vazo do vertedouro (vertimento) (m/s)
u=q+v: vazo total da usina (defluncia) (m/s)
hm(x): cota de montante do reservatrio (m)
hj(u): cota de jusante do canal de fuga (m)
hb=hm(x)-hj(u): altura de queda bruta (m)
2.1.1 Reservatrios
O volume do reservatrio de uma hidreltrica pode variar entre valores mximos e
mnimos. Acima do volume mximo existe uma faixa chamada de volume de segurana,
denominado volume maximorum (xmaximorum), que define o estado de iminente colapso da
usina, servindo como uma garantia para que a usina no sofra danos em caso de grandes
cheias. O volume abaixo do mnimo chamado de volume morto, pois ele no pode ser
aproveitado para a gerao de energia. O volume intermedirio entre o mximo e o mnimo
chamado de volume til, que o que pode ser aproveitado para a gerao de energia eltrica.
vertedouro
v
q
hj
xmax hm
Casa das mquina
xmin
xtil
x
hb
u
xmaximorum
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
10
Dependendo das caractersticas da usina, os reservatrios das hidreltricas podem ter
duas classificaes distintas: reservatrios de acumulao e os de compensao. Os
reservatrios de acumulao tm grande capacidade de armazenamento e de variao em seu
volume de gua, e as usinas com esse tipo de reservatrio so chamadas de usina de
reservatrio. Os reservatrios de compensao tm uma pequena capacidade de regulao,
permitindo apenas uma pequena variao no seu volume de gua, e as usinas que tem esse
tipo de reservatrio so chamadas de usinas a fio dgua.
A Figura 2.2 apresenta um exemplo de esquema de cascata de usinas. Nota-se que,
mesmo Itaipu sendo a maior hidreltrica do pas e tendo um reservatrio muito grande, ela
considerada uma usina a fio dagua por sua limitada capacidade de regulao, e que so as
usinas de reservatrio a montante que realmente regulam toda essa enorme quantidade de
gua. Esse um dos motivos pelos quais um bom planejamento hdrico to importante para
o sistema energtico brasileiro.
Figura 2.2 Cascata de usinas utilizada nas ilustraes
2.1.2 Afluncias
A vazo afluente a medida da gua que chega ao reservatrio. Ela classificada por
dois tipos: natural e incremental. A vazo afluente natural a vazo total correspondente a
todas as descargas hidrulicas vindas a montante, como por exemplo a vazo de rios e riachos,
incluindo-se tambm a vazo incremental. A vazo incremental aquela que adentra ao
manancial devido drenagem da rea ao redor do rio e de lenis freticos. As vazes naturais
Itaip
Ilha Solteira Usina de reservatrio
Usina a fio dgua
Legenda:
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
11
das usinas a montante podem ser medidas, mas a vazo incremental no pode ser medida por
ter sua origem em lenis freticos de dentro da terra ou em cursos dgua no conhecidos.
Um ponto importante de se separar as afluncias nestas duas classificaes que desta
maneira podemos dividir a afluncia que chega ao reservatrio em duas parcelas: uma de
natureza controlvel e outra de natureza incontrolvel. A vazo afluente natural das usinas a
montante a controlvel, pois por meio de medies e do controle das barragens pode-se
prev-la e control-la. J a vazo incremental a parcela que no pode ser controlada
diretamente pela interferncia humana. A Figura 2.3 mostra uma representao das afluncias
que se adentram a um reservatrio. Nota-se que a vazo afluente da usina 3 composta pela
soma das vazes defluentes das usinas 1 e 2, que so controlveis, mais uma vazo
incremental, que no necessariamente precisa ser um rio ou crrego mas representa todas as
vazes de natureza no controlvel que se adentram ao reservatrio da usina 3.
Figura 2.3 Representao das afluncias de um reservatrio
A vazo incremental no pode ser medida de maneira direta, mas pode ser determinada
subtraindo-se a vazo afluente total do reservatrio (que conhecida) das vazes afluentes
naturais de todos os reservatrios a montante, como mostrado na equao (2.1):
k ik i
y u u (2.1)
Em que:
y: vazo incremental.
uk: vazo natural da usina afluente.
i: conjunto de todas as hidreltricas afluentes a usina analisada.
ui: vazo natural da usina analisada.
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
12
2.1.3 Engolimento, Vertimento e Defluncia
Em geral so considerados 3 tipos de vazes que passam atravs das hidreltricas: o
engolimento, o vertimento e a defluncia.
O engolimento a vazo de gua que retirada pelos condutos forados da usina e que
passa pelas turbinas para gerar energia eltrica. O engolimento tambm conhecido como
vazo turbinada. Esta vazo tem um limite superior denominado engolimento mximo, que a
vazo turbinada que produz a potncia mxima do conjunto de turbinas para uma dada altura
de queda lquida.
O vertimento, tambm conhecido como vazo vertida, a parcela que passa
diretamente pelos vertedouros da usina sem passar pelas turbinas, e serve para regulao do
nvel de reservatrio.
A defluncia a vazo total que passa pela usina, a qual definida pela soma das vazes
turbinada e vertida, conforme mostrado na equao (2.2).
u q v (2.2)
2.1.4 Cota de montante do reservatrio
A cota de montante do reservatrio uma medida crucial para o estudo, pois atravs
dela que podemos saber a quantidade de gua que temos disponvel para a gerao de
energia.
A cota de montante pode ser obtida como sendo uma funo do volume armazenado.
No Brasil essa funo representada por polinmios de at 4 grau, devido a no-linearidade
da relao entre a cota de montante e o volume armazenado. Na tabela abaixo apresentam-se
alguns exemplos de polinmios de volume versus cota de montante 2 3 4
0 1 2 3 4mh x a a x a x a x a x , em que os termos 0 1 2 3 4, , , ,a a a a a so os coeficientes do polinmio.
Tabela 2.1 Polinmios de cota de montante versus volume. Usina a0 a1 a2 a3 a4
Jurumirim 542,2366 0,006502 -6,8E-07 5,18E-11 -1,7E-15 Porto
Primavera 248,1332 0,000642 -5E-09 0 0
Contudo, na prtica, o que se tem como dado a cota de montante hm e no o volume
armazenado. Ento para se obter o volume armazenado feita uma busca linear no polinmio
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
13
de volume versus cota de montante e assim pode-se obter o volume armazenado a partir da
cota de montante.
2.1.5 Cotas do canal de fuga
A cota do canal de fuga de uma hidreltrica, tambm conhecida como cota de jusante,
pode variar dependendo da defluncia da usina, ou seja, quanto mais gua deflui da usina,
mais alto ser o nvel dgua imediatamente jusante. A cota de jusante uma medida
importante pois uma das variveis determinantes para o clculo da altura de queda dgua
da usina.
A cota de jusante matematicamente representada como uma funo da defluncia.
Assim como na cota de montante, no Brasil a cota de jusante representada por polinmios
de at 4 grau, chamados de polinmios de defluncia versus cota do canal de fuga 2 3 4
0 1 2 3 4jh u a a u a u a u a u . A Tabela 2.2 ilustra polinmios de cota-defluncia para as
usinas de Jurumirim e Porto Primavera. Nessa tabela, os termos 0 1 2 3 4, , , ,a a a a a so os
coeficientes do polinmio.
Tabela 2.2 Polinmios de defluncia versus cota do canal de fuga Usina a0 a1 a2 a3 a4
Jurumirim 531,395 0,003363 -4,4E-07 0 0 Porto Primavera 234,498 0,000708 -2,5E-08 4,65E-13 -3,3E-18
2.1.6 Usinas afogadas
Existem casos em que as usinas encontram-se muito prximas uma da outra, ocorrendo
o afogamento do canal de fuga de uma usina pelo reservatrio da usina imediatamente a
jusante. A Figura 2.4 mostra um exemplo de usina afogada. Note que o nvel de gua do
reservatrio da usina abaixo interfere diretamente no nvel de jusante da usina acima,
ocasionando assim o afogamento da usina.
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
14
Figura 2.4 - Usina Afogada
Quando isso ocorre a cota de jusante da usina afogada passa a ser representada por
vrios polinmios de cota-defluncia, cada um deles com referncia a um valor da cota do
reservatrio a jusante zref. No sistema brasileiro, um exemplo de afogamento a usina de So
Simo. Conforme demonstrado na Tabela 2.3, so utilizados vrios polinmios de cota versus
defluncia para a usina de So Simo, uma para cada cota de montante zref do complexo de
Ilha Solteira, usina a qual est imediatamente a jusante de So Simo.
Tabela 2.3 Polinmios de defluncia versus Cota do Canal de Fuga
Usina Coeficientes dos polinmios
a0 a1 a1 a2 a3 zref (m) Furnas 671,63 1,017E-3 -1,799E-7 2,513E-11 0 -
So Simo
315,59 2,350E-3 -1,380E-7 5,234E-12 -7,85E-17 317,0 321,73 1,932E-4 1,339E-7 -6,63E-12 1,166E-16 322,0 325,15 -2,023E-4 1,106E-7 -5,16E-12 7,897E-17 325,0 327,96 -3,790E-5 4,897E-8 -1,68E-12 2,041E-17 328,0
Se a cota montante do reservatrio da usina a jusante z estiver entre dois valores de
referncia fornecidos pela tabela associada ao polinmio cota versus canal de fuga 1refz e 2refz ,
necessrio fazer uma interpolao linear para o clculo da altura de queda de jusante da
usina afogada, conforme mostrado em (2.3):
11 2 1
2 1ref
ref ref
z zhj hj hj hj
z z (2.3)
Em que:
z: cota de montante do reservatrio a jusante. 1refz : cota de montante do reservatrio jusante referncia inferior (fornecida na tabela
com os polinmios cota versus defluencia). 2refz : cota de montante do reservatrio jusante referncia superior (fornecida na
tabela com os polinmios cota versus defluencia).
Usina Afogada
hj(u) u
zref
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
15
hj: cota de jusante a ser calculada.
hj1: cota de jusante da usina afogada calculada por meio do polinmio utilizando a
referncia inferior 1refz .
hj2: cota de jusante da usina afogada calculada por meio do polinmio utilizando a
referncia superior 2refz .
2.1.7 Altura de Queda
Em uma hidreltrica existem perdas de energia referentes ao atrito da gua nos canais
de aduo. Como a usina hidreltrica utiliza energia potencial hidrulica para gerar energia
eltrica, essa perda de energia representada por meio de uma perda na altura de queda,
denominada perda de carga (pc). No sistema brasileiro, essa perda representada em metros
e calculada atravs de uma constante (c) podendo assumir 3 formas diferentes de clculo:
uma porcentagem da queda bruta conforme definido em (2.4), uma altura fixa conforme
definido em (2.5), ou como uma funo da turbinagem conforme definido em (2.6).
. bpc c h (2.4)
pc c (2.5)
2.pc c q (2.6)
A altura de queda que j leva em considerao a perda de carga chamada de queda
lquida (hl), dada conforme (2.7).
hl hb pc (2.7)
2.1.8 Conjuntos turbina/gerador
A casa das mquinas de uma usina hidreltrica genrica constituda por um certo
nmero de conjuntos de mquinas (Nc) sendo que cada conjunto de mquinas tem um
nmero de unidades geradoras (Nm) e essas unidades so construdas com um tipo de turbina
(geralmente tipo Francis, Kaplan ou Pelton).
Cada mquina de um conjunto de mquinas possui uma potncia efetiva (pef) que a
mxima potncia ativa possvel de ser gerada em regime permanente, uma altura de queda
efetiva (hef) que a menor queda lquida em que se obtm a potncia efetiva, e um
engolimento efetivo (qef) que a vazo turbinada necessria para gerar a potncia efetiva na
condio de altura de queda efetiva.
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
16
2.1.9 Engolimento Mximo e Potncia Mxima
A potncia mxima o maior valor de potncia que pode ser produzida para uma
determinada altura de queda lquida em uma mquina da usina, j se levando em
considerao as limitaes da turbina e do gerador. O engolimento mximo de uma mquina
a vazo turbinada que produz a potncia mxima em uma dada altura de queda lquida.
Os conceitos de potncia mxima e engolimento mximo esto interligados entre si.
Para cada altura de queda, uma mquina capaz de produzir uma potncia mxima a custa do
engolimento mximo. A Figura 2.5 mostra um esquema de curvas de potncia mxima e do
engolimento mximo de uma turbina, em funo da altura de queda lquida disponvel.
Figura 2.5 Potncia mxima e engolimento mximo, ambos em funo da queda lquida
Percebe-se em ambos os casos, tanto para a potncia mxima quanto para a
turbinagem mxima, que h dois comportamentos distintos nas curvas de antes e de depois da
altura de queda efetiva. Tambm percebe-se que o valor mximo, tanto para a potncia
quanto para o engolimento, se d quando a altura de queda lquida se iguala queda efetiva.
Quando a altura de queda menor que a queda efetiva, a potncia mxima da usina
limitada pela capacidade da turbina. Quando a altura de queda lquida maior que a queda
efetiva, a capacidade de gerao limitada pelo gerador.
Por outro lado, percebemos que quando a altura de queda maior que a queda efetiva,
o engolimento mximo apresenta uma queda, enquanto a potncia mxima se mantm. Isso
significa que quando a usina opera com uma queda lquida acima de seu valor efetivo, poupa-
se gua, pois a usina pode gerar a mesma energia com menos gua.
O engolimento mximo pode ser calculado de duas formas: atravs de um polinmio de
engolimento mximo versus altura lquida (qmax=q(hl)), ou atravs de uma representao
simplificada.
ph (MW)
hl (m) hef
limitao pela Turbina
limitao pelo gerador
q (m/s)
hl (m) hef
qef
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
17
Na representao simplificada o engolimento mximo calculado conforme mostrado
em (2.8).
maxk
efef
hlq qh (2.8)
Sendo que:
= 0,5 se hl < hef e a turbina for do tipo Francis ou Pelton
= 0,2 se hl < hef e a turbina for do tipo Kaplan
= -1 se hl > hef
O clculo descrito pela equao (2.8) se emprega apenas para uma mquina da usina.
Para mltiplas mquinas e conjunto de mquinas, pode-se fazer uma extrapolao atravs da
equao (2.9):
max max1
.cN
km
nq N q (2.9)
No clculo do engolimento mximo pela representao simplificada, a altura de queda
lquida funo da defluncia da usina, que por sua vez funo do engolimento das turbinas
(2.2). Por causa disso, a determinao do engolimento mximo requer um clculo envolvendo
os valores de engolimento mximo e de altura de queda lquida da usina.
O clculo do engolimento mximo da usina em funo do volume armazenado e da
vazo vertida segundo (Cicogna 1999) descrita no algoritmo a seguir:
Algoritmo para Clculo do Engolimento Mximo
INICIO
Passo 1: Inicializao
Calcular a cota de montante: hm(x)
qmax qef
Passo 2: Clculo da queda
u qmax + v
Calcular cota de jusante: hj(u)
Calcular alturas de queda bruta (hb) e lquida (hl)
Passo 3: Clculo do engolimento mximo por mquina
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
18
SE a usina tiver representao detalhada:
Utilizar o polinmio que representa a funo
(qmax(hl))
FIM SE
SE a usina tiver representao simplificada:
Calcular o engolimento mximo de cada mquina atravs
da equao (2.8)
Calcular o engolimento mximo da usina atravs da
equao (2.9)
FIM SE
Passo 4: Atualizao e teste de convergncia
Comparar o valor do engolimento mximo calculado com o do
passo anterior. Caso o novo valor seja muito diferente do
anterior, voltar para o Passo 2. Caso contrrio, encerrar.
2.1.10 Rendimento
Em uma mquina, o processo de transformar energia hidrulica em eltrica est sujeito
a um rendimento, que varivel dependendo da situao em que a mquina est sendo
submetida. A Figura 2.6 apresenta, como exemplo, o rendimento da usina de Camargos em
funo da potncia e da queda lquida, que devido a sua forma conhecida como curva colina.
Em geral, no sistema brasileiro a curva de rendimento fornecida atravs de matrizes de
dados envolvendo a potncia ou a turbinagem versus a altura de queda bruta ou lquida.
Figura 2.6. Curva colina para uma mquina da usina de Camargos
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
19
2.1.11 Funo de Produo
A funo de produo hidrulica responsvel por quantificar a gerao de energia
eltrica de uma hidreltrica. A funo de produo hidrulica utilizada nesse trabalho dada a
seguir, em (2.10):
. . . .p q g hl (2.10)
Em que:
p: potncia (W)
: rendimento do conjunto turbina-gerador
: peso especfico da gua (kg/m)
q: vazo turbinada (m/s)
g:acelerao da gravidade (m/s)
hl: queda lquida (m)
Uma explicao detalhada envolvendo a deduo da funo de produo pode ser
encontrada em (Cicogna 1999).
Em muitos casos a potncia conhecida, mas necessrio calcular a turbinagem. Para
isso basta isolar a turbinagem em (2.10) para se obter (2.11).
. . .pqg hl (2.11)
2.2 A Usina Termoeltrica
A segunda maior fonte de gerao de energia no Brasil a termoeltrica. Segundo a
(ANEEL 2011), em 2010 as termoeltricas j representavam cerca de 28% do total da
capacidade instalada.
As termoeltricas se dividem em dois grupos principais: as usinas convencionais, onde
um combustvel queimado para gerar energia, e as usinas nucleares, onde utilizado
material nuclear para a gerao de energia.
Para as usinas termoeltricas, o gasto com a produo de energia eltrica dado de
forma direta, ou seja, quanto maior a gerao, maior o gasto com combustvel. Alm de gastos
com combustvel, a termoeltrica tambm tem gastos com mo de obra, manuteno, entre
outros. A soma de todos os gastos pode ser modelada atravs de uma funo crescente de
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
20
gerao trmica, geralmente aproximada por um polinmio de 2 grau, chamada de funo de
custos de gerao da termoeltrica.
A Figura 2.7 apresenta um exemplo de funo de custo de gerao para uma
termoeltrica tpica:
Figura 2.7 Curva da funo de custos de gerao para uma termoeltrica tpica
Em que:
Custo o custo da operao ($).
pt a potncia gerada pela termoeltrica.
ptmin a potncia mnima que a termoeltrica pode gerar.
ptmax a potncia mxima que a termoeltrica pode gerar.
Para este trabalho utilizada uma outra funo de custos para as termoeltricas, a
curva de custos de lances de mercado. Esta funo tem como objetivo permitir que os agentes
dem lances no preo da energia de forma mais abrangente, atravs de um polinmio de
segundo grau em funo da potncia gerada f pt . Com isso os agentes sero
despachados de acordo com o quanto eles querem lucrar, conforme cada potncia
despachada. importante destacar, que apesar de os agentes estarem aptos a dar lances no
mercado de energia com valores diferentes dos valores de custos reais, suas despesas sero
sempre calculadas com base nesses custos reais, que so dados pela curva de custo de
gerao. A Figura 2.8 mostra uma proposta de curva de custos de lances que teoricamente
poderia ser gerada a partir de uma funo de custos de lances reais:
ptmin ptmax pt (MW)
Custo ($)
Captulo 2 Sistemas Hidrotrmicos de Gerao
21
Figura 2.8 Custos de Gerao e Lances de Mercado para uma termoeltrica tpica
Como visto na figura, a funo de custos de lances foi feita de forma que a curva de
custos de lances seja um pouco maior do que a curva de custos reais, pois desta maneira o
agente produtor de energia ter algum lucro.
Uma observao importante que caso o agente submeta ao mercado pool uma
funo de custos de lances alta , com objetivo de aumentar seus lucros,, este poder no ser
despachado pelo mercado devido ao alto preo do lance. Contudo, se esse agente submeter
ao pool uma funo de custos de lances muito baixa (abaixo de seus custos reais, por exemplo)
poder ter prejuzo em sua operao, mesmo que seja bem despachado pelo operador do
sistema. Mostra-se que em um ambiente de mercado ideal, os agentes tendem a dar lances
muito prximos de seus custos reais.
ptmin ptmax pt (MW)
Custo ($) Curva de Custos de Lances
Curva de Custos
Captulo 3
Modelagem do Pr-Despacho
Hidrotrmico para Mercados de
Energia
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
23
3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de
Energia
Para a formulao do problema de pr-despacho para mercados de energia proposto
um modelo de otimizao onde a funo objetivo visa diminuir os custos associados a gerao
de energia, tanto do ponto de vista das usinas hidreltricas quanto das termoeltricas. As
termoeltricas apresentam um custo varivel de gerao real, pois a gerao de energia est
diretamente relacionada ao consumo de um combustvel que tem um preo definido pelo
mercado. A partir desses custos, os agentes de gerao termoeltrica podem estabelecer
curvas de custo dos lances de mercado de energia, as quais sero empregadas neste trabalho.
No caso das hidreltricas no h um custo varivel real envolvido, pois a gua dos rios
um recurso natural pelo qual os agentes ainda no tm que pagar. Assim, para este caso, este
trabalho adota o chamado custo de oportunidade, proposto primeiramente em (da Silva 2010)
e (Luciano 2010), que busca estabelecer custos econmicos para as perdas hidrulicas, as quais
sero descritas em detalhe no captulo.4
No modelo de otimizao aqui proposto, foram acrescentadas as principais restries de
gerao, associadas tanto s partes eltricas quanto s hidrulicas da modelagem e tambm
restries de metas energticas para as usinas hidreltricas, que relacionam os modelos de
curto prazo com os modelos de programao de mdio e longo prazo. Na abordagem
proposta, modelos de mdio e longo prazos so os responsveis por calcular o valor das metas
energticas dirias para o presente modelo de curto prazo
Com relao tcnica de soluo para resolver o modelo proposto, prope-se a
decomposio do problema em dois subproblemas fundamentais: o problema de pr-
despacho de gerao (PD), que envolve apenas as variveis relacionadas parte eltrica do
problema, e que calcula uma poltica de gerao diria, em base horria para o mercado pool;
e um modelo de simulao hidrulica, que basicamente envolve apenas variveis associadas
parte hidrulica do modelo. Essa tcnica de decomposio do problema tem sido utilizada para
a soluo de modelos descritos no mbito do projeto temtico (S. Soares 2007) e ser
detalhada na seo 3.3. Esse tipo de decomposio tem ainda implicaes importantes quando
o PD utilizado no ambiente de mercados de energia.
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
24
O modelo de Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia (PDHME) proposto
matematicamente formulado atravs do problema de otimizao (3.1).
O PDHME tem como objetivo a minimizao dos custos dos lances dos agentes trmicos
e dos custos de oportunidade hidrulica, sujeito s seguintes restries: o atendimento da
demanda em cada intervalo de tempo, os limites de gerao de usinas trmicas e hidrulicas
em cada intervalo de tempo, as metas energticas dirias, os limites dados por contratos
bilaterais pr-estabelecidos, as equaes de balano de massa das usinas hidrulicas, as
equaes de produo hidrulicas, as restries de limites nas vazes armazenadas, turbinadas
e vertidas, alm de restries adicionais utilizadas no clculo da vazo mdia e altura de queda
lquida.
, ,1
, ,
minimo max,
minimo max,
,1
, , ,
, , ,
. :
( )
, ( )
, ( )
, ( )
, ( )
, ( )
T
j j t i i tt j i
j t i t tj i
j j t j
i i t iT
i t it
j t j m tm
i t i n tn
Min C pt Co ph
s a
pt ph D t a
pt pt pt j t b
ph ph ph i t c
ph i t d
pt pbt j t e
ph pbh i t f
(3.1)
, , 1 , , , 6
, 1 ,,
, , , ,
, , , ,
, , ,min
, ( )10
, ( )2
, , ( )
. . , , , . . , ( )
, ( )
i t i t i t k t tv i tk i
i t i tmedi t
medi t i i t i i t i t
i t i t i t i t
i t i t i t
i
tx x y u u i t g
x xx i t h
hl hm x hj u pc hb q i t i
ph g q p hb hl hl q i t j
u q v i t k
x max,min max
, , ,
,
, ( )
, ( )
0 , ( )
i t i
i i t i t i t
i t
x x i t l
q q q hl i t m
v i t n
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
25
Em que:
T= nmero total de intervalos de tempo.
t= ndice dos intervalos de tempo.
j= ndice das usinas termoeltricas.
jC = funo de custos de lances da usina termoeltrica j ($).
,j tpt = potncia gerada pela termoeltrica j (MW).
tpreco = preo da energia eltrica no intervalo t ($).
i = ndice das usinas hidreltricas.
iCo = funo custo de oportunidade da hidreltrica i ($).
,i tph = potncia gerada pela hidreltrica i no intervalo de tempo t (MW).
tD = Demanda energtica total no intervalo de tempo t (MW).
minimojpt =potncia mnima que pode ser gerada pela termoeltrica j (MW).
maxjpt = potncia mxima que pode ser gerada pela termoeltrica j (MW).
minimoiph =potncia mnima que pode ser gerada pela hidreltrica i (MW).
maxiph =potncia mxima que pode ser gerada pela hidreltrica i (MW).
i = Meta energtica diria para a hidreltrica i (MWh).
, ,i n tpbh = potncia da hidreltrica i no intervalo de tempo t reservada para n contratos
bilaterais previamente firmados (MW).
, ,j m tpbt = potncia da termoeltrica j no intervalo de tempo t reservada para m
contratos bilaterais previamente firmados (MW).
,i tx = volume armazenado no reservatrio da hidreltrica i e no intervalo t (hm -
hectmetros cbicos).
y = vazo incremental afluente (m/s).
k=ndice das usinas a montante da usina i.
i =conjunto de todas as usinas imediatamente a montante da usina i .
u = vazo defluente (m/s).
tv= tempo de viagem da gua entre a usina k e a usina i.
t = tamanho do intervalo t em segundos (1 hora = 3600 segundos).
,medi tx = volume mdio do reservatrio da hidreltrica i no intervalo t (hm).
,i thl = altura de queda lquida da gua na hidreltrica i durante o intervalo t (m).
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
26
ihm = polinmio de cota de montante da hidreltrica i (m).
ihj = polinmio de cota de jusante da hidreltrica i (m).
,i tpc = perda de carga da usina i no intervalo de tempo t.
= peso especfico da gua (kg/m).
g = acelerao da gravidade (m/s).
,i t = rendimento da usina i no intervalo de tempo t.
,i tq = vazo turbinada da hidreltrica i no intervalo de tempo t (m/s).
,i tv = vazo vertida da hidreltrica i no intervalo de tempo t (m/s).
minix = volume mnimo de reservatrio para a hidreltrica i (hm).
maxix = volume mximo de reservatrio para a hidreltrica i (hm).
miniu = defluncia mnima para a hidreltrica i (m/s).
maxiu = defluncia mxima para a hidreltrica i (m/s).
min,i tq = turbinagem mnima para na hidreltrica i durante o intervalo t.
max,i tq = mximo de turbinagem da hidreltrica i durante o intervalo t.
As sees a seguir apresentam detalhes sobre a funo objetivo e todas as restries
referentes ao problema (3.1). A seo 3.1 apresenta explicaes e detalhes sobre a funo
objetivo. A seo 3.2 apresenta o detalhamento e as explicaes para cada uma das restries
do problema. A seo 3.3 demonstra a tcnica empregada na decomposio do problema 3.1
de maneira em que as variveis de natureza eltrica e hidrulica sejam tratadas em separado.
3.1 Funo Objetivo
A funo objetivo envolve os custos dos lances dos agentes das termoeltricas e os
custos de oportunidade de gerao das hidreltricas.
A funo de custo de lances das termoeltricas representada, em geral, atravs de
funes polinomiais de segundo grau ou superior, e relaciona a potncia gerada e o custo
financeiro para a sua gerao. Nesse trabalho, foram utilizados polinmios de segundo grau,
em que cada termoeltrica tem sua prpria funo. A equao (3.2) mostra a funo de custo
dos lances trmicos:
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
27
2, , ,( ) 2 1 0j j t j j t j j t jC pt b pt b pt b (3.2)
Em que b2j, b1j e b0j so os coeficientes do polinmio de potncia versus custo da
termoeltrica j. Conforme j discutido no captulo 2, importante destacar que os lances
dados pelos agentes no devem ser necessariamente iguais aos parmetros reais da curva
de custos, mas podem ser ligeiramente superiores, de modo a buscar aumentar os preos spot
e os lucros lquidos desses agentes.
O custo de oportunidade de gerao das hidreltricas uma medida econmica do
quanto a hidreltrica pode perder quando no estiver gerando em seu ponto de mxima
produtividade. Assim, este um custo relativo. Esse custo permite precificar a potncia
perdida (que no teve a oportunidade de ser aproveitada, em funo da operao em
pontos fora da mxima produtividade) calculada pela curva de perdas hidrulicas. A expresso
(3.3) define o custo de oportunidade de gerao das hidreltricas, o qual foi inicialmente
proposto em (Luciano 2010) e (da Silva 2010):
, , ,( ) ( )i t i t t i i tCo ph Preo L ph (3.3)
Em que:
Preot o preo spot da energia no intervalo de tempo t
iL a funo de perdas hidrulicas da hidreltrica i.
Os valores de Preot; t=1,...,T so calculados com base nos multiplicadores de Langrange
das restries de atendimento da demanda, conforme mostrado na equao (3.4).
1t tPreo (3.4)
Em que 1t o multiplicador de Langrange associado restrio de atendimento da
demanda no intervalo de tempo t. Demonstra-se no Apndice que o clculo dos preos Preot;
t=1,...,T deve obedecer a relao mostrada em (3.4), de modo a satisfazer as condies de KKT
para o problema proposto.
3.2 Restries
3.2.1 Atendimento da demanda
A restrio de atendimento da demanda transcrita abaixo, em (3.5):
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
28
, , ( )j t i t tj i
pt ph D t a (3.5)
Esta restrio estabelece que o somatrio da potncia gerada por todas as
termoeltricas j, mais o somatrio da potncia gerada por todas as hidreltricas i, ambas para
um intervalo de tempo, devem se igualar a demanda energtica para este intervalo de tempo.
Essa igualdade deve ser atendida pois tanto no caso de falta de gerao quanto no excesso
ocasionaria uma violao na lei de conservao de energia.
3.2.2 Restries de limites operacionais
A seguir transcrevem-se as restries de limites operacionais das usinas termoeltricas e
hidreltricas:
min max, , ( )j j t jpt pt pt j t b (3.6)
min max, , ( )i i t iph ph ph i t c (3.7)
A expresso (3.6) define que a potncia gerada pela termoeltrica j em um intervalo de
tempo t deve ser superior ao limite mnimo e inferior ao limite mximo estabelecido para esta
usina. Do mesmo modo na expresso (3.7) a potncia gerada pela hidreltrica i em um
intervalo de tempo t deve ser superior ao limite mnimo e inferior ao mximo estabelecido
para esta usina.
Estas restries limitam a potncia dos geradores das usinas termoeltricas e
hidreltricas dentro de seus limites de operao mximos e mnimos, isto , so os limites
fsicos de cada usina para que elas operem dentro da margem de segurana, e devem ser
observados para todos os intervalos de tempo.
3.2.3 Restrio de metas energticas
Transcrevem-se a seguir as restries de metas energticas do modelo:
,1
( )T
i t it
ph i d (3.8)
Esta restrio estabelece que o somatrio das potncias geradas por uma hidreltrica i
em todos os intervalos de tempo deve ser igual meta energtica.
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
29
A meta energtica restringe a produo de energia diria pelas hidreltricas, de maneira
a limitar a quantidade de gua utilizada por esta usina de modo a respeitar o planejamento
hdrico feito por modelos de mdio e longo prazo. Esta restrio foi introduzida em forma de
potncia gerada, e no de limite hidrulico, pois ser utilizada no despacho eltrico, onde
sero utilizadas apenas restries de natureza eltrica.
A restrio de meta energtica diferencia de forma importante o modelo proposto dos
modelos de PD que tm sido utilizados pelo setor eltrico brasileiro, nos quais esta restrio
no aparece. A introduo dessa restrio especialmente importante para o ambiente de
mercados, pelos seguintes motivos: i) o risco de dficit de energia intrinsecamente mitigado
por esta restrio, j que no existe a possibilidade de a usina gastar mais energia do que
aquela que est estabelecida na meta energtica. Assim, nesse caso, no h necessidade de
utilizar, no modelo de PD, funes objetivo artificiais, de minimizao de risco de dficit
futuro; ii) A deciso de risco de dficit futuro estabelecida por modelos de mdio e longo
prazos, atravs do clculo de valores para as metas energticas, como o que se espera que
seja; iii) As metas energticas decompem o problema de PDHME proposto nos subproblemas
de PD e simulao hidrulica, conforme discutido no incio do presente captulo, o que diminui
de forma bastante expressiva o esforo computacional para a sua soluo, inclusive para
problemas reais, de grande porte; iv) Os preos spot calculados pelo modelo de PDHME,
quando as metas so introduzidas, possuem uma correlao muito coerente com a
disponibilidade energtica estabelecida pelas metas. Assim, por exemplo, para situaes
energticas envolvendo situaes de seca, os preos aumentam de forma consistente e
coerente. No modelo adotado pelo setor eltrico, em geral essa correlao esperada entre a
situao hidrolgica e os preos spot no tem sido verificada em alguns casos.
3.2.4 Contratos Bilaterais
Contratos bilaterais so contratos de fornecimento de energia entre um gerador e um
consumidor de energia eltrica. Estes contratos so firmados diretamente entre as entidades
produtoras e consumidoras, e o operador do sistema no tem interveno no preo firmado
neste contrato e nem nos montantes contratados. Na grande maioria dos mercados bilaterais
em operao no mundo os agentes produtores e consumidores repassam ao operador do
sistema apenas a potncia contratada para cada intervalo de tempo t, sendo que os preos
praticados nesse mercado so sigilosos.
Abaixo, transcreve-se as restries de contratos bilaterais para os agentes trmicos e
hidrulicos, respectivamente:
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
30
, , , , , ( )j t j m tm
pt pbt j m t e (3.9)
, , , , , ( )i t i n tn
ph pbh i n t f (3.10)
A inequao (3.9) estabelece que a potncia gerada pela termoeltrica j no intervalo de
tempo t no pode ser menor do que o estabelecido pela soma dos m contratos bilaterais
estabelecidos entre a usina j e todas as demais cargas com quem esta tem contrato. De forma
anloga, a inequao (3.10) define que a potncia gerada pela hidreltrica i no intervalo de
tempo t no pode ser menor do que o definido pela soma dos n contratos bilaterais
estabelecidos entre a usina i e todas as demais cargas com quem esta tem contrato.
3.2.5 Balano de gua
O balano de gua tem por objetivo calcular o volume de gua armazenado no fim do
intervalo de tempo para cada reservatrio i do sistema, levando em considerao toda a gua
que entrou e saiu deste reservatrio neste intervalo. O clculo do balano de guas reescrito
a seguir:
, , 1 , , , 6 , ( )10i t i t i t k t tv i tk itx x y u u i t g (3.11)
Esta equao expressa que o volume do reservatrio ix ao final do intervalo de tempo t
igual ao volume deste reservatrio no tempo imediatamente anterior ( , 1i tx ) mais a
diferena de volume para o intervalo de tempo atual. Essa diferena de volume calculada
como sendo o incremento das vazes que entram e saem do reservatrio
, , ,i t k t tv i tk i
y u u , dados em m/s. Na composio da expresso, esse incremento nas
vazes posteriormente multiplicado pelo tempo, em segundos, de um intervalo de tempo
(t), resultando em m, e finalmente esse valor transformado em hm (hectmetros cbicos)
atravs da diviso por 106. A diferena de volume calculada somando-se a vazo incremental
do reservatrio analisado ( ,i ty ) com a somatria das defluncias que passaram pelas usinas
imediatamente a montante ,k t tvk i
u levando-se em considerao o tempo (tv) de viagem
das guas entre elas e a usina analisada, e subtraindo-se esse total da vazo defluente da usina
analisada ( ,i tu ).
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
31
3.2.6 Volume mdio armazenado
Para uma previso mais realista, no se utiliza o valor da vazo exatamente ao final do
intervalo para se fazer os clculos do prximo intervalo, mas sim um valor mdio que
representaria a variao do volume em todo o intervalo, e no somente ao final ou incio dele.
O clculo da vazo mdia dado a seguir, na equao (3.12):
, 1 ,, , ( )2i t i tmed
i t
x xx i t g (3.12)
Nessa equao, o volume mdio armazenado para o perodo atual a mdia aritmtica
entre o volume armazenado ao final do perodo passado e o volume armazenado ao final do
perodo atual. Esse valor de vazo mdia utilizado para o clculo da altura de queda lquida,
discutida a seguir.
3.2.7 Altura de queda lquida
A altura de queda lquida importante porque ela uma das componentes da energia
potencial da gua que efetivamente ir gerar energia eltrica na usina. Transcreve-se abaixo a
expresso (3.13) que calcula a altura de queda lquida no modelo proposto:
, , , , , ( )med
i t i i t i i t i thl hm x hj u pc i t i (3.13)
A altura de queda lquida igual altura de montante, que calculada atravs do
polinmio cota versus volume aplicando-se o volume mdio como referencial, subtraindo da
cota de jusante, que definida atravs do polinmio defluncia versus cota, e subtraindo-se
tambm a perda de carga para a situao operacional atual.
3.2.8 Funo de produo de energia
A funo de produo da hidreltrica calcula a gerao de energia eltrica a partir do
estado de operao atual da usina. A funo reescrita a seguir:
, , , ,. . , , , . . , ( )i t i t i t i tph g q p hb hl hl q i t j (3.14)
A potncia gerada pela hidreltrica ph igual multiplicao do peso especfico da gua
com a acelerao da gravidade, o rendimento (que uma funo no-linear de vrias variveis
hidrulicas), a altura de queda lquida e a vazo turbinada.
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
32
3.2.9 Defluncia
A defluncia a vazo total de gua que sai de uma usina, conforme reproduzido na
equao (3.15), a seguir.
, , , , ( )i t i t i tu q v i t k (3.15)
Perceba que a defluncia nada mais do que a soma da vazo turbinada com a vazo
vertida.
3.2.10 Restrio de limite de volume armazenado
O volume de gua armazenado em um reservatrio no pode ser menor que seu limite
mnimo, pois isso poderia causar problemas no processo de gerao, como redemoinhos ou
cavitaes na turbina. O volume armazenado tambm no pode ser maior que seu mximo,
pois a gua poderia transbordar pela barragem. Na equao (3.16) transcrevem-se as
restries de limite de volume armazenado.
min max, , ( )i i t ix x x i t l (3.16)
A expresso (3.16) define o volume armazenado no reservatrio da hidreltrica i em um
intervalo de tempo t o qual deve respeitar o limite mnimo e o limite mximo pr-estabelecido
para este reservatrio.
3.2.11 Restrio de limite de turbinagem
A turbinagem tambm tem limites de operao que devem ser respeitados, os quais so
formulados conforme reescrito na equao (3.17) a seguir.
min max, , , , ( )i i t i t i tq q q hl i t m (3.17)
Essa expresso define que a turbinagem da hidreltrica i no tempo t deve ser maior que
a mnima turbinagem permitida pra essa usina i e menor que o resultado da funo de
turbinagem mxima dessa mesma usina no tempo t.
3.2.12 Restrio de vertimento
Na expresso (3.18) transcreve-se a restrio de vertimento mnimo.
, 0 , ( )i tv i t n (3.18)
Essa restrio garante que o modelo nunca atribuir valores negativos de vertimento, o
que seria fisicamente impossvel j que isso significaria que a gua estaria subindo a represa ao
invs de descer.
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
33
3.3 Decomposio do modelo
Para a resoluo do modelo PDHME, o modelo proposto foi decomposto em duas
partes: um modelo de Pr-Despacho de gerao (PD) e um modelo de Simulao Hidrulica.
Essa decomposio feita intencionalmente de maneira a retirar as variveis hidrulicas do
problema de PD, deixando este apenas com variveis eltricas. A soluo do problema de PD
dividida em duas etapas , as quais envolvem o clculo do nmero de mquinas, que feito de
forma heurstica e ser discutido no captulo 5 e o clculo do pr-despacho propriamente dito,
o qual discutido no captulo 6.
A Figura 3.1 mostra um diagrama de blocos que descreve de forma esquemtica a
interao entre os dados de entrada e sada relacionados aos principais mdulos de
programao utilizados para a soluo do PDHME que foram desenvolvidos no decorrer desse
trabalho de pesquisa. Nesse diagrama, destacam-se os subproblemas de PD e de simulao
hidrulica, alm do mdulo de levantamento das curvas de perdas hidrulicas, importante
para a formao da funo de custo de oportunidade, que compe o modelo proposto.
Figura 3.1 Diagrama em blocos do modelo
Hidreltricas Termoeltricas
Variveis hidrulicas
Levantamento das curvas de perdas hidrulicas
Variveis eltricas
Calculo do nmero de mquinas e pr-despacho de gerao
Corrige limites das restries de potncia
Max/Min
Simulador Hidrulico
NO hidraulicamente
factvel?
SIM
Fim
Variveis eltricas
Captulo 3 Modelagem do Pr-Despacho Hidrotrmico para Mercados de Energia
34
O levantamento das curvas de perdas hidrulicas apresentado no captulo 4, onde
sero discutidas as principais componentes de perdas no processo de gerao das usinas
hidreltricas, e como essas perdas podem ser integradas em uma nica funo matemtica
que associa a cada valor de potncia ativa gerada, um determinado valor de perdas totais
calculado.
A formulao do problema de PD, resultante da decomposio do modelo PDHME
proposto, resolvido estritamente com variveis de natureza eltrica. Ele foi dividido em duas
etapas: o clculo do nmero de mquinas e o pr-despacho. O clculo do nmero de mquinas
discutido no captulo 5. Mostra-se que o problema de PDHME pode ser reformulado e
resolvido atravs de algoritmos genticos. O problema de Pr-Despacho discutido no
captulo 6, o qual foi resolvido usando-se o mtodo de pontos interiores primal-dual com
barreira logartmica.
A partir das solues calculadas para o PD, as potncias despachadas das hidreltricas e
termoeltricas so repassadas ao simulador hidrulico, que verificar se os despachos
calculados pelo PD so factveis do ponto de vista das restries hidrulicas do modelo
PDHME. Caso o despacho calculado pelo PD no seja hidraulicamente factvel, o simulador
hidrulico basicamente corrigir os limites de potncia mxima e mnima das hidreltricas,
repassando posteriormente esses novos valores para o PD que dever ser nov