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UM TRÁGICO EQUÍVOCO Aspectos sociológicos, filosóficos, psicológicos, biológicos e espirituais do suicídio, analisados à luz da Doutrina Espírita.

UM TRÁGICO EQUÍVOCO · - Assis Azevedo, pela colaboração na formatação da obra e estímulo para a publicação. - Edimilson Correia e Jomar Morais, pela colaboração inicial

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UM TRÁGICO EQUÍVOCO

Aspectos sociológicos, filosóficos, psicológicos, biológicos e espirituais do suicídio, analisados à luz da Doutrina Espírita.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra a meus filhos, Filipe e Lívia, duas joias preciosas em minha vida.

RECONHECIMENTO

- Assis Azevedo, pela colaboração na formatação da obra e estímulo para a publicação.

- Edimilson Correia e Jomar Morais, pela colaboração inicial na revisão.

- Marcelo Campos, Paulo Jorge e Veremundo Júnior, colegas do setor de informática, que colaboraram na digitação de parte da obra.

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UM TRÁGICO EQUÍVOCO

F. Altamir da Cunha

1ª edição

Casa Editora O Clarim

Matão-SP2010

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1ª edição6.000 exemplares

Abril/2010

Capa: Rogério MotaPlanejamento gráfico: Equipe “O Clarim”

Revisão: Enéas Rodrigues Marques

Composto e Impresso:Casa Editora O Clarim(Propriedade do Centro Espírita O Clarim). Fone: (0xx16) 3382-1066 – Fax: (0xx16) 3382-1647C.G.C. 52313780/0001-23 – Inscr. Est. 441002767116Rua Rui Barbosa, 1070 – Cx. Postal, 09CEP 15990-903 – Matão, SPhttp://[email protected]

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UM TRÁGICO EQUÍVOCO

Dados para catalogação na editora

133.901 F. Altamir da Cunha UM TRÁGICO EQUÍVOCO1ª edição: abril/2010 – 6.000 exemplares Matão/SP: Casa Editora “O Clarim”192 páginas – 14 x 21 cm

ISBN – 978-85-7357-098-4 CDD – 133.9

Índice para catálogo sistemático:

133.9 Espiritismo133.901 Filosofia e Teoria133.91 Mediunidade133.92 Fenômenos Físicos133.93 Fenômenos Psíquicos

Impresso no BrasilPresita en Brazilo

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................... 13CAPÍTULO I – ANALISANDO O SUICÍDIO........................... 17CAPÍTULO II – O SUICÍDIO COMO UMA QUESTÃO FILOSÓFICA (a) ..................................... 25CAPÍTULO III – TIPOS DE SUÍCIDIO ..................................... 33CAPÍTULO IV – IDENTIFICAÇÃO DO SUICIDA EM POTENCIAL .................................................................. 39CAPÍTULO V – CAUSAS E FATORES DESENCADEANTES ........................................................... 43CAPÍTULO VI – O SUICÍDIO E A LEI DE CAUSA E EFEITO ................................................................ 61CAPÍTULO VII – INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS E SUICÍDIO ........................................................................... 69CAPÍTULO VIII – SUICÍDIO, UM GRANDE EQUÍVOCO (b) ............................................ 85CAPÍTULO IX – ADOLESCÊNCIA E SUICÍDIO (c) ............... 88CAPÍTULO X – DETERMINISMO E SUICÍDIO (d) ............... 93CAPÍTULO XI – PERDAS, DEPRESSÃO E SUICÍDIO (e) ..... 97CAPÍTULO XII – A INUTILIDADE DO SUICÍDIO (f) ............ 101CAPÍTULO XIII – A INFLUÊNCIA DA CULPA COMO FATOR DESENCADEANTE DO SUICÍDIO (g) ................. 104CAPÍTULO XIV – EGOÍSMO E SUICÍDIO (h) ......................... 108CAPÍTULO XV – ORGULHO E SUICÍDIO .............................. 112

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CAPÍTULO XVI – VAIDADE E SUICÍDIO ............................... 115CAPÍTULO XVII – SUICÍDIO ANTECEDIDO POR HOMICÍDIO - TRAGÉDIAS PASSIONAIS (i) ................... 118CAPÍTULO XVIII – APÓS O SUICÍDIO .................................... 122CAPÍTULO XIX – SUICÍDIO E ATENUANTES ....................... 129CAPÍTULO XX – A ORAÇÃO PELOS SUICIDAS ................... 136CAPÍTULO XXI – A REENCARNAÇÃO DO SUICIDA........... 138CAPÍTULO XXII – ESTUDO DE CASOS .................................. 141CAPÍTULO XXIII – RECAPITULANDO E DIRIMINDO DÚVIDAS ....................................................... 156CAPÍTULO XXIV – MENSAGENS E PARÁBOLAS QUE GERAM ATITUDES POSITIVAS CONTRA AS IDEIAS SUICIDAS ......................................................... 174BIBLIOGRAFIA.................................................................... 185

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INTRODUÇÃO

“O suicídio é um trágico problema de saúde pública em todo o mundo. Ocorrem mais mortes por suicídio do que por homicídio e guerras juntos. É preciso com urgência, em todo o mundo, medidas coordenadas e mais enérgicas para evitar esse número desnecessário de vítimas.” (1)

O suicídio é, sem dúvida, uma das ocorrências mais chocantes para o ser humano. É difícil entender por que algumas pessoas aparentemente saudáveis, bafejadas por oportunidades que muitos desejam, e jovens cheios de vigor, possam inesperadamente de-cidir eliminar a própria vida. Alguns o praticam de forma quase impensada, em momento de desespero, deixando a interrogação para amigos e familiares, sobre a causa de tão tresloucado ato. Mas também existem aqueles que planejam, minuciosamente, o momento propício, o tipo e local mais convenientes. Nas duas situações, o objetivo é o mesmo: fugir de problemas que eles con-sideram insuportáveis.

É um fenômeno que fere a ordem natural da vida. Espera-se que o homem (Espírito encarnado), ao nascer, cumpra o processo natural de crescimento e de desenvolvimento, até que a morte encerre esse ciclo. Como resultado ele aprenderia a conviver com as suas perdas e os seus lutos, bem como com os acontecimentos felizes, preservando o seu mais precioso bem - a Vida. Lamenta-

(1) Catherine Le Galiés-Camus, Subdiretora geral da organizaçãoMundial de Saúde – OMS, para Enfermidades Não-Transmissíveis e Saúde Mental.

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velmente as estatísticas mostram o contrário. Um artigo numa re-vista de grande circulação nacional surpreendeu, na época, à maioria dos leitores, com o destaque: “A cada 40 segundos, alguém se suicida em algum lugar no mundo”. (2)

Com base nesta informação, após alguns cálculos simples, temos como resultado: 788.400 suicídios por ano. É como se todo ano fosse extinta do planeta uma população superior (na época da publicação) à da cidade de Natal – capital do Rio Grande do Norte. Entretanto mais surpresos ficamos, quando pesquisando sobre o assunto fomos informados que, segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, o número de suicídios no ano de 2000, no mundo, atingiu a cifra de um milhão.

“O suicídio é um trágico problema de saúde pública em todo o mundo. Ocorrem mais mortes por suicídio do que por homi-cídio e guerras juntos. É preciso com urgência em todo o mundo medidas coordenadas e mais enérgicas para evitar esse número desnecessário de vítimas” (1). É importante ressaltar que, em 2001, 500 mil pessoas morreram vitimadas por homicídio, e 230 mil por guerra.

Nos países da Europa, as mortes por suicídio superam as de acidente de trânsito. Esta alta estatística dá lugar ao suicídio entre os grandes desafios da atualidade.

As tentativas de suicídio acontecem mais entre as mulheres, embora o número de tentativas com sucesso seja maior entre os homens, tendo a curva um pico próximo aos 50-60 anos. (3)

Na opinião dos especialistas no assunto, existe uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais que poderão estimular os pendores do Es-pírito para distúrbios como: psicose esquizofrênica, estado maníaco-depressivo, depressões, uso de drogas e alcoolismo; que estão frequentemente associados ao histórico dos suicídios.

(2) Superinteressante, Editora Abril, edição 184, jan/2003.(3) HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/suic%C3%ADdio

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Um dos fatores biológicos mais presentes, pela influência que tem sobre o comportamento, gerando a violência e a impulsivi-dade, é o baixo nível de serotonina (um dos neurotransmissores produzidos no cérebro).

Na ótica Espírita, entre outros, existe um fator que, apesar de ser desconhecido pela ciência, é um dos mais importantes na su-gestão e concretização das ideias suicidas – a obsessão. A obsessão é a influência perniciosa que certos Espíritos desencarnados exercem sobre os encarnados. Quando eles encontram na vítima as con-dições favoráveis de fragilidade e aceitação, realizam um verda-deiro domínio, tanto físico quanto mental, responsável por muitos casos de loucura e suicídio. De qualquer forma, o candidato ao suicídio, é sempre alguém sob o peso de intenso sofrimento.

Conscientes de que o suicida é um Espírito imortal, e que teve outras oportunidades reencarnatórias, podemos considerar que, como resultado das transgressões às leis da vida, cometidas principalmente no passado, gravou em seu perispírito as desar-monias que hoje o atormentam. Tendo em si os fatores predispo-nentes (matrizes), quando não se encontra amparado pelas ações fortalecedoras (a fé, a caridade, a oração etc.), o suicida, ao ser surpreendido por fatores conhecidos como desencadeantes, se comporta como um recipiente no limite da sua capacidade – uma simples gota provoca o transbordamento.

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CAPÍTULO IANALISANDO O SUICÍDIO

“O que mais sofremos no mundo não é a dificuldade, é o desânimo em superá-la.” (4)

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Edu-cação, Ciência e Cultura – UNESCO, os índices de suicídios em 2002, no Brasil, foi 38,9% mais alto do que em 1993 e, especifi-camente, entre os jovens de 15 a 24 anos, aumentou em 30,8%.

Preocupado com o crescimento alarmante do número de sui-cídios no Brasil, especialmente, em determinado grupo étnico e faixa de idade, o Ministério da Saúde resolveu considerá-lo como um caso de saúde pública.

Transcrevemos abaixo parte do documento da Federação Es-pírita Brasileira – FEB, autorizado para divulgação pelo Minis-tério da Saúde. (*)

O suicídio cresceu no Brasil no período entre 1994 e 2004. O Ministério da Saúde divulgou um estudo inédito e iniciou uma ampla estratégia de prevenção, inclusive com a criação de um site na Internet. A FEB – que mantém uma campanha em Defesa da Vida – foi autorizada pelo Ministério a publicar os dados do es-tudo e informa sobre a visão espírita acerca do suicídio. Abaixo estão os textos sobre o estudo e a estratégia de prevenção.

(4) Xavier, F. Cândido/ Albino Teixeira (Espírito), Passos da Vida, Editora IDE.(*) http://www.febnet.org.br/estudo/ http://www.febnet.org.br/campanhas

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Estudo mostra crescimento dos casos de suicídio no Brasil:

O aumento dos registros de suicídio na última década e as altas taxas entre idosos e indígenas foram decisivos para que o Brasil se tornasse o primeiro país da América Latina a ter uma estratégia nacional voltada à prevenção do suicídio, que passa a ser tratado como problema de saúde pública.

Portaria do Ministério da Saúde no “Diário Oficial” da União instituiu diretrizes nacionais voltadas à prevenção e deu 120 dias para a regulamentação. Estudo feito pelo Ministério aponta que, enquanto a taxa nacional está dentro do índice con-siderado baixo pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a proporção entre maiores de 60 anos e índios de Mato Grosso do Sul está na faixa alta. Em 2004 foram registrados 25 suicídios por 100 mil habitantes com mais de 60 anos. No mesmo pe-ríodo, a taxa entre os índios era de 98 por 100 mil. A média na-cional passou de 3,9 por 100 mil em 1994 para 4,5 por 100 mil em 2004.

Entre as regiões brasileiras, o Sul é onde ocorrem mais sui-cídios. Em 2004, o Brasil registrou que 7.987 pessoas tiraram a própria vida. No Norte do Brasil, foram 446 casos; no Nordeste 1.644; no Sudeste, 2.967; no Sul 2.147; e no Centro-Oeste 783. Os dados do primeiro grande estudo sobre o suicídio, divulgado pelo Ministério da Saúde, contribuíram decisivamente para que o Brasil se tornasse o primeiro país da América Latina a ter uma proposta de ação nacional voltada à prevenção do suicídio por considerá-lo um problema de saúde pública.

Os números mostram que o problema atinge crianças, jovens, adultos e idosos.

Do total de suicídios registrados em 2004, 103 estavam na faixa de 10 a 14 anos. Entre os jovens de 15 a 19 anos, foram 640 casos. Na faixa de 20 a 29 anos está o maior índice de suicidas: 1.946 pessoas naquele ano. Do total de pessoas que se suicidaram

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em 2004, os que tinham idade entre 30 e 39 anos correspondem a 1.712 pessoas. Somaram 1.459 pessoas os que tinham entre 40 e 49 anos de idade. Entre os idosos, os que tinham entre 50 e 59 anos totalizaram 600. Na faixa etária de 70 a 79 anos, 385 se suicidaram. O número caiu para 150 pessoas entre os que tinham mais de 80 anos de idade.

O estudo feito pelo Ministério da Saúde que aponta que, no ano de 2004, alguns Estados e capitais brasileiros já apresentavam taxas de suicídio comparáveis aos países com índices preocu-pantes. No Brasil, a taxa de mortalidade por suicídio era de 4,5 mortes por 100 mil habitantes.

De acordo com o estudo, que abrangeu o período de 1994 a 2004, o Rio Grande do Sul tinha, em 2004, a maior taxa de mor-talidade masculina por suicídios do Brasil: 16,6 casos por 100 mil homens. Já entre as capitais, maior incidência foi em Macapá (AP), com 13,6 suicídios por 100 mil homens. No que diz respeito às mulheres, Mato Grosso do Sul era o Estado que apresentava as maiores taxas – 4,2 mortes por 100 mil mulheres –, e, entre as capitais, Teresina (PI), com taxa idêntica.

O estudo apurou, ainda, que, embora a mortalidade no sexo masculino seja mais elevada – de 3,7 mortes de homem para uma morte de mulher, o aumento proporcional das taxas, de 1994 a 2004, foi maior entre o público feminino: de 24,7% para as mu-lheres e de 16,4% para os homens.

Conforme divulgado, em 1996, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), internacionalmente, as taxas de suicídio variam de 25 mortes por 100 mil habitantes, nos países do Leste Europeu e Japão, até menos de dez mortes por 100 mil habitantes, na Es-panha, Itália, Irlanda, Egito e Holanda.

Para o coordenador do grupo de trabalho, o psiquiatra Carlos Felipe Almeida d’Oliveira, a alta incidência de suicídios é um problema que pode ser evitado. “Na maioria dos casos existe psi-copatologia diagnosticada e tratável”, adverte.

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Informações como estas atestam a desinformação daqueles que afirmam que as altas taxas de suicídio são um fenômeno tí-pico de países em desenvolvimento, cujas condições de miséria e outros fatores socioeconômicos estimulam o desespero, e con-duzem ao autoextermínio.

O Brasil tem uma taxa de suicídio relativamente baixa.O suicídio está a cada dia se tornando um desafio mundial,

inclusive, para países reconhecidos como de primeiro mundo, conforme podemos observar nas informações a seguir:

Nos Estados Unidos, nos últimos 50 anos, a taxa de suicídio, entre jovens de 15 a 24 anos, quase triplicou, fazendo do suicídio, nesta faixa de idade, a terceira maior causa de mortes; e na França há mais morte por suicídio do que por acidentes nas estradas. As taxas do Japão e França são, respectivamente, 24,1 e 19 suicídios por 100 mil habitantes.

No final de 2002, a China, pela primeira vez, publicou uma pesquisa relativa ao suicídio entre os chineses, com o seguinte resultado: 287 mil pessoas suicidam-se por ano; o suicídio é uma das cinco grandes causas de morte (juntamente com a apoplexia, doenças pulmonares, câncer hepático e pulmonar). A investi-gação mostra que todos os anos suicidam-se na China 23 pessoas para cada 100 mil habitantes. A cifra relativamente alta em com-paração com muitos outros países, apresenta características parti-culares: as mortes na zona rural são o dobro das urbanas, e 90% dos mortos são lavradores pobres – e com muita frequência do sexo feminino. A China é o único país do mundo, onde os sui-cídios femininos superam os masculinos (em 25%).

Os países do Leste Europeu são os recordistas em média de suicídio por 100.000 habitantes. A Lituânia (41,9), Estônia (40,1), Rússia (37,6), Letônia (33,9) e Hungria (32,9). Guatemala, Fili-pinas e Albânia estão no lado oposto, com a menor taxa, variando entre 0,5 e 2. (3)(3) HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/suic%C3%ADdio

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Por que será que, em países onde predomina a tranquilidade econômico-financeira, ou que são considerados de primeiro mundo, existe este desgosto pela vida?

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 943, assim interro-gou Allan Kardec aos Espíritos:

“De onde vem o desgosto pela vida que se apodera de alguns indivíduos sem motivos plausíveis?”

– Efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da sacie-dade. Para aqueles que exercem as suas faculdades com um fim útil e segundo as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente; suportam as suas vi-cissitudes com tanto mais paciência e resignação quanto mais agem tendo em vista a felicidade mais sólida e mais durável que os espera.”

Façamos uma rápida análise sobre estes três fatores em des-taque para compreendermos os seus efeitos negativos:

Ociosidade – Disse muito bem o Mestre Jesus: “O Pai até hoje trabalha, e Eu também trabalharei”, numa clara alusão ao trabalho como necessidade que não se pode desprezar.

Todo ocioso é negligente. Como consequência, é presa fácil de pensamentos negativos que, funcionam como verdadeiros plugues, através dos quais Espíritos oportunistas agem, desenca-deando muitas obsessões e tragédias, entre elas, os suicídios.

A falta de fé – Estudos realizados comprovam a importância da fé como combustível que mantém acesa a esperança na supe-ração dos conflitos e provações da vida.

Não foi em vão que Jesus afirmou: “[...] pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé do tamanho de um grão de mos-tarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível”. (5)

(5) Mt: 17: 20.

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Quem não tem fé, não tem esperança, não acredita na vitória e desiste de lutar. Alguém já disse: “O homem não morre apenas quando deixa de viver, mas também quando perde a esperança”.

A saciedade – Todo processo evolutivo do Espírito realiza-se sob a preocupação constante em atingir os objetivos, tanto no as-pecto material quanto no espiritual. Quando valorizamos apenas as conquistas materiais, ao conseguirmos tal intento nos sentimos saciados. Sem mais objetivos, a vida, então, apresenta-se monó-tona e insuportável. Isto explica muito bem por que em países onde predomina a tranquilidade econômico-financeira, e cujos habitantes não têm objetivos mais nobres (conquistas espirituais, por exemplo), as taxas de suicídio são tão altas.

São inúmeros os fatores que desencadeiam o suicídio. Po-demos citar: os de natureza moral, depressivos, existenciais, eco-nômicos, sociais, espirituais, as enfermidades degenerativas, e outros. Porém nenhum deles desencadeará o suicídio se não en-contrar na vítima o fator predisponente (estado peculiar; na maioria das vezes, reflexo de infrações cometidas hoje ou ontem), com o qual interage, agravando o quadro de dor e sofrimento, já interpretado pela vítima, como quase insuportável (cada Espírito reagirá de acordo com a sua idiossincrasia).

Essa realidade faz-nos compreender que o que é motivo de suicídio para uns, necessariamente, não o será para outros. Tudo depende da carga de aflição gerada pelo próprio Espírito diante das provações.

Entre tantos outros, existentes na literatura espírita, tomamos como aval, para este pensamento, a mensagem de Albino Tei-xeira, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier. (4)

O que mais sofremos no mundoNão é a dificuldade. É o desânimo em superá-la.

(4) Xavier, F. Cândido/ Albino Teixeira (Espírito), Passos da Vida, Editora IDE.

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Não é a provação. É o desespero diante do sofrimento. Não é a doença. É o pavor de recebê-la. Não é o parente infeliz. É a mágoa de tê-lo na equipe familiar. Não é o fracasso. É a teimosia de não reconhecer os próprios

erros. Não é a ingratidão. É a incapacidade de amar sem egoísmo. Não é a própria pequenez. É a revolta contra a superioridade

dos outros. Não é a injúria. É o orgulho ferido.Não é a tentação. É a volúpia de experimentar-lhes os alvitres.Não é a velhice do corpo. É a paixão pelas aparências. Como é fácil de perceber, na solução de qualquer problema,

o pior problema é a carga de aflição que criamos, desenvolvemos e sustentamos contra nós.

Esta é a grande verdade: nós geramos aflições desnecessárias

porque não agimos com coragem, paciência e resignação ante as provações que nos surpreendem. Sem dúvida, esta atitude é con-sequência da ignorância a respeito do verdadeiro objetivo da vida e dos complexos mecanismos que nos convidam a evoluir.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap V, item 14), lemos que a calma e a resignação, firmadas na fé no futuro e na ma-neira de encarar a vida, são o melhor preservativo contra o sui-cídio e a loucura.

A morte não significa o fim da vida, e a reencarnação é instru-mento divino através do qual o Espírito evolui, retornando a um corpo físico, para a reparação dos erros cometidos no passado.

Ninguém foge aos impositivos da lei de causa e efeito, que o Mestre Jesus interpretava com tanta sabedoria – a cada um, se-gundo as suas obras.