16
uma publicação mensal da FEA-USP Pioneira no estudo da Educação Corporativa (EC) no país, a FEA-USP realizou no final de novembro um simpósio internacional para co- memorar os dez anos de trabalho com o tema. O evento reuniu cerca de 300 pessoas, entre pes- quisadores nacionais e estrangeiros, especialistas em educação, profissionais de recursos humanos de grandes empresas e estudantes de administra- ção, que participaram de discussões sobre a ex- periência das empresas que já possuem sistemas de EC, seus resultados e desafios para o futuro. “Na última década, as práticas e processos de EC cresceram e multiplicaram-se no Brasil. Há motivos para comemorar, mas muito ainda por fazer”, diz a professora Marisa Eboli, da FEA, renomada especialista no tema e organizadora do simpósio. Ela conta que há cerca de 11 anos, quando foi aos Estados Unidos para se especiali- zar nesse assunto, percebeu que o tema “univer- sidade corporativa” ainda assustava um pouco, “porque havia muito a ideia de que a universida- de de empresa fora criada para substituir as uni- versidades tradicionais, o que era uma bobagem. Isso a gente já sabia na época”. Na verdade, o conceito de universidade cor- porativa era apenas uma referência às universi- dades tradicionais por parte das empresas. Isso aconteceu em um momento em que o contexto de negócios passou a exigir outro tipo de forma- ção. Muitas empresas começaram a se preocupar com os três pilares de uma universidade tradicio- nal: geração de conhecimento (pesquisa), assi- milação de conhecimento via cursos (toda a par- te de educação propriamente dita) e a prestação de serviços. O marco inicial do aparecimento do tema no Brasil foi o lançamento do livro de Jean- ne Meister, em 1999, pela Makron Books. “Como todo tema novo chegando ao Brasil, tinha muito aquele tom do modismo e a ideia de que a universidade corporativa iria acabar com todos os problemas das empresas. E, como todo modismo, essa não era a maneira adequada, vamos dizer, de se lidar com um novo processo, uma nova ferramenta”, lembra Marisa Eboli. p.02 p.03 p.14 p.15 ANÁLISE & OPINIÃO FEA ALUNOS FEA FUNCIONÁRIOS FEA CCInt FEA X FEA FEA PROFESSORES PAINEL E AINDA... p.04 p.08 p.12 O avanço da Educação Corporativa no Brasil Os desafios da nova gestão do Departamento de Administração Projeto vai resgatar Recursos Humanos da FEA Educação corporativa aumenta a competitividade das empresas ano 06_edição 56_nov/dez_2009 (CONTINUA NA PÁGINA 4) Professora Marisa Eboli, coordenadora do simpósio e da pesquisa

uma publicação mensal da FEA-USP · Educação Corporativa no Brasil Os desafios da nova gestão do Departamento de Administração Projeto vai resgatar Recursos Humanos da FEA

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uma publicação mensal da FEA-USP

Pioneira no estudo da Educação Corporativa

(EC) no país, a FEA-USP realizou no final de

novembro um simpósio internacional para co-

memorar os dez anos de trabalho com o tema. O

evento reuniu cerca de 300 pessoas, entre pes-

quisadores nacionais e estrangeiros, especialistas

em educação, profissionais de recursos humanos

de grandes empresas e estudantes de administra-

ção, que participaram de discussões sobre a ex-

periência das empresas que já possuem sistemas

de EC, seus resultados e desafios para o futuro.

“Na última década, as práticas e processos

de EC cresceram e multiplicaram-se no Brasil.

Há motivos para comemorar, mas muito ainda

por fazer”, diz a professora Marisa Eboli, da FEA,

renomada especialista no tema e organizadora

do simpósio. Ela conta que há cerca de 11 anos,

quando foi aos Estados Unidos para se especiali-

zar nesse assunto, percebeu que o tema “univer-

sidade corporativa” ainda assustava um pouco,

“porque havia muito a ideia de que a universida-

de de empresa fora criada para substituir as uni-

versidades tradicionais, o que era uma bobagem.

Isso a gente já sabia na época”.

Na verdade, o conceito de universidade cor-

porativa era apenas uma referência às universi-

dades tradicionais por parte das empresas. Isso

aconteceu em um momento em que o contexto

de negócios passou a exigir outro tipo de forma-

ção. Muitas empresas começaram a se preocupar

com os três pilares de uma universidade tradicio-

nal: geração de conhecimento (pesquisa), assi-

milação de conhecimento via cursos (toda a par-

te de educação propriamente dita) e a prestação

de serviços. O marco inicial do aparecimento do

tema no Brasil foi o lançamento do livro de Jean-

ne Meister, em 1999, pela Makron Books.

“Como todo tema novo chegando ao Brasil,

tinha muito aquele tom do modismo e a ideia

de que a universidade corporativa iria acabar

com todos os problemas das empresas. E, como

todo modismo, essa não era a maneira adequada,

vamos dizer, de se lidar com um novo processo,

uma nova ferramenta”, lembra Marisa Eboli.

p.02

p.03

p.14

p.15

ANÁLISE & OPINIÃO

FEA ALUNOS

FEA FUNCIONÁRIOS

FEA CCInt

FEA X FEAFEA PROFESSORESPAINEL E AINDA...

p.04 p.08 p.12

O avanço da Educação Corporativa no Brasil

Os desafios da nova gestão do Departamento de Administração

Projeto vai resgatarRecursos Humanos da FEA

Ed

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orat

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aum

enta

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com

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idad

e d

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resa

s

ano 06_edição 56_nov/dez_2009

(CONTINUA NA PÁGINA 4)

Professora Marisa Eboli, coordenadora do simpósio e da pesquisa

#02

ANÁLISE E OPINIÃO

“Esperamos que as Olimpíadas tragam grandes benefícios para a cidade e para o país e que sua preparação seja feita com competência para que os benefícios superem os custos.”

As

Oli

mp

íad

as

de

2016

AS COMPETIÇÕES SEMPRE EXISTIRAM NA

NATUREZA. Todos os animais e até vege-

tais competem por recursos e para pre-

servar a espécie. Quem ganha sobrevive

e em alguns casos a derrota significa ser-

vir de alimento ou não ter possibilidade

de transmitir seus genes. Os seres huma-

nos, é claro, também competem como

os outros animais, mas a partir de certo

momento da história estas competições

passaram a servir como entretenimento

para diversos grupos e é isto que se cha-

ma competição esportiva.

As olimpíadas modernas foram ori-

ginadas nas competições dos antigos

gregos, que também deram origem aos

campeonatos específicos por modalida-

de esportiva. Quaisquer que sejam, as

competições de grande porte mobilizam

um grande número de pessoas, não só

os diversos públicos mas profissionais de

várias áre-

as: a área

da saúde faz

pesquisas,

desenvolve

tratamen-

to, exames

e aprimora

seus profis-

sionais com

atendimen-

to direto;

engenhei-

ros cuidam

de equipa-

mentos e

de infraestrutura; e o pessoal de Ciências Sociais estuda e faz

projetos ligados ao relacionamento dos grupos.

Na FEA, os contadores podem auditar os recursos empre-

gados e os atuários calculam os valores dos seguros. Os econo-

mistas analisam os recursos e os resultados para a sociedade.

Os administradores podem empregar seus conhecimentos na

forma de aplicação dos recursos e produção de riqueza pelas

atividades. As ações dos administradores se inserem no âmbi-

to da administração geral, com o planejamento e implantação

de ações, obtenção e remuneração de recursos humanos e ge-

renciamento dos elementos para equilibrar a oferta dos servi-

ços (competições) e as demandas dos públicos. Estas últimas

são as chamadas atividades de Marketing.

No caso das Olimpíadas de 2016, o Comitê Olímpico

Brasileiro propôs o Rio de Janeiro. Há muito embasamento

para esta proposta: o PAN de 2007, realizado no Rio de Ja-

neiro (RJ), e a Copa do Mundo de 2014, que será no Brasil

com a abertura no Rio de Janeiro. Isto deverá trazer muitos

investimentos e visibilidade ao Rio e ao Brasil. O problema

está no resultado final pós-olímpiadas, que ninguém con-

segue antecipar e nos gastos financeiros e sociais que serão

feitos. Uma grande preocupação neste momento é o geren-

ciamento e controle das atividades que serão desenvolvidas

até as Olimpíadas de 2016.

No VIII Marketing Esportivo, evento realizado no dia

11 de novembro pela Associação Acadêmica Atlética Vis-

conde de Cairu da FEA, o medalhista olímpico na natação

Ricardo Prado apresentou uma explicação detalhada sobre a

administração do PAN de 2007, no qual ele desempenhou a

função de administrador. Ele mostrou a preocupação com os

gastos excessivos e com desvios de recursos.

Esperamos que as Olimpíadas de 2016 tragam grandes be-

nefícios para a cidade e para o país e que sua preparação seja

feita com competência e seriedade para que os benefícios su-

perem os custos de sua realização.

MARCOS CORTEZ CAMPOMAR

PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

bém de novas parce-

rias”, explica. A ideia

é alinhar Coaching e

Mentoring para que

sejam um só projeto.

Para Fábio, o ano

de 2009 foi muito in-

teressante. “Tivemos

cinco eventos: três

Networking Night e

dois Mentoring”, diz.

Já em 2010, o pri-

meiro semestre será

de “arrumação da

casa”. Vamos entrar

no segundo semestre

a todo vapor, com

o projeto da nova

biblioteca, Mento-

ring/Coaching, Ne-

tworking Night (re-

modelado, para uma

dinâmica diferente,

com novas parcerias)

e outros projetos”,

conta.

Carreira, recur-

sos humanos, rela-

cionamento entre

ex-alunos e alunos – aproximando as

diferentes profissões. O FEA+ quer

continuar ajudando no desenvolvimen-

to da carreira de cada feano e estreitar

os laços dos alunos com ex-alunos. Para

mais informações, acesse o site: http://

www.usp.br/feamais2/.

#03

“Estamos começando a estabelecer melhor os pontos do Mentoring, a criar uma base mais científica dentro do projeto. A ideia é alinhar Coaching e Mentoring”.

FEA ALUNOS

Novas ideias para 2010 O FEA+, PROGRAMA DE RELACIONAMENTO DE EX-ALUNOS DA

FEA-USP, PROMETE ENTRAR EM 2010 REPLETO DE NOVIDADES.

Ações voltadas para qualidade de vida no trabalho, recursos

humanos, relacionamento de ex-alunos e troca de experiências

com os alunos que ainda estão estudando são algumas das prio-

ridades para o novo ano. E muita coisa boa vem por aí!

A equipe do FEA+ está estudando, por exemplo, uma base

mais científica para o projeto de Mentoring. Para Fábio Affonso,

o Mentoring foi um projeto piloto. “O primeiro foi sobre consul-

toria e o segundo sobre finanças. O intuito do Mentoring é fazer

com que o ex-aluno ajude no desenvolvimento de carreira do

aluno que está na faculdade”, explica.

Segundo Fábio, existe uma confusão a respeito da nomen-

clatura: Mentoring e Coaching. “Basicamente são um tipo de

‘desenvolvimento um a um’. Mas cada um tem sua essência.

O Coaching é mais focado na carreira, objetivos e metas de

cada pessoa; reconhece os pontos fracos e estabelece metas. Já o

Mentoring tem implicações mais afetivas. É um encontro entre

um irmão mais velho e um mais novo. O irmão mais velho vem

e fala para o mais novo sobre o caminho que traçou, as dificul-

dades que encontrou na carreira, etc”, afirma Fábio.

O II Mentoring, encontro que aconteceu no fim de outubro,

teve como palestrante o ex-aluno e vice-presidente de M&A

(Fusões e Aquisições) do Banco Santander, Rafael Noda. “De-

pois do evento, Rafael se ofereceu para um Coach e deu o in-

centivo que precisávamos para começar a pensar melhor neste

projeto. Para que dê certo, precisamos de uma fundamentação

científica mais forte e firme para estabelecer o programa e tam-

Fábio Affonso: eventospromovem troca de experiências

Rafael Noda, palestrante do II Mentoring e ex-aluno da FEA

#04

PAINEL

A Educação Corporativa desenvolve lideranças, alinha as pessoas com os valores e a cultura da organização, desenvolve competências e favorece a gestão do conhecimento.

Ed

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men

ta a

co

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e d

as

emp

resa

s

Professor Guilherme Any Plonski, Gilberto Lara (diretor de RH da Votorantim) e Clarice Martins

Costa (diretora de RH da Renner)

NA OPINIÃO DA ESPECIALISTA EM EC,

AO LONGO DESSES DEZ ANOS HOUVE, POR

PARTE DAS LIDERANÇAS EMPRESARIAIS,

“UMA REAL CONSCIÊNCIA DA IMPORTÂN-

CIA DA EDUCAÇÃO PARA ALAVANCAR

COMPETITIVIDADE NAS EMPRESAS”. Es-

sas lideranças começaram a estruturar

realmente os sistemas de EC a partir

de uma nova concepção, um novo

conceito, para dar sustentação à com-

petitividade.

Para a pesquisadora, os estudos so-

bre EC são dificultados pela falta de um

banco de dados ou de uma associação

que tenha um cadastro de todas empre-

sas que possuem um sistema de educa-

ção corporativa. Com a finalidade de

atenuar esse problema, ao longo des-

ses dez anos ela montou o seu próprio

banco de dados, que considera muito

artesanal.

Segundo Marisa Eboli, hoje existem

no país umas 300, talvez 400 empresas

com sistemas de EC. Essa é uma esti-

mativa aproxima-

da, baseada em

seu banco de da-

dos pessoal. Além

da falta de dados,

existe o problema

de definir qual o

critério que deve

ser usado para

avaliar um sis-

tema e dizer se

ele é, de fato, de

educação corporativa ou apenas um

centro de treinamento e desenvolvi-

mento tradicional.

“As pesquisas e discussões que a gente tem feito têm

também esse objetivo: criar parâmetros para avaliar esses

sistemas. Isso é o que a gente espera fazer na análise mais

aprofundada dos dados da pesquisa que acabamos de reali-

zar e apresentamos no simpósio. Aí poderemos saber quan-

tas das 54 empresas que responderam (veja o quadro com as

principais conclusões) estão perfeitamente alinhadas com os

conceitos de educação corporativa”, explica.

Ela reconhece que a maioria das empresas que possuem

sistemas de EC é de grande porte. Isso não tem relação com

o custo, que é semelhante ao T&D tradicional, mas sim com

a necessidade de ter estrutura e um número relativamente

Evento reuniu pesquisadores, especialistas em educação, estudantes e profissionais do mundo corporativo

grande de funcionários. “Claramente, o perfil que predomi-

na é de empresas grandes.”

RESULTADOS DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA

A relação entre EC e os resultados da empresa que a ado-

ta é uma questão polêmica que apareceu na pesquisa. Veri-

ficou-se que são pouquíssimas as empresas que avaliam os

resultados do seu sistema de EC. No entanto, a professora

Marisa Eboli acredita que os dirigentes percebem a diferen-

ça, embora isso não seja sistematizado. “Não é um sistema de

mensuração onde claramente eu tenho essa relação. Feito o

curso para desenvolver tal competência e essa competên-

cia gerou tal resultado. Não estou falando só de resultados

financeiros. Estou falando de outros resultados: melhoria de

clima, melhoria de qualidade nos produtos e serviços. Na

prática a EC tem múltiplos objetivos: desenvolver lideranças,

alinhar as pessoas com os valores e a cultura da organização,

desenvolver as competências e favorecer a gestão do conhe-

cimento. Com certeza esses são os principais objetivos.”

De acordo com Marisa Eboli, o desenvolvimento da EC no

Brasil foi aos poucos. Veio num crescendo. “Se você pensar

que na década de 1990, nós tínhamos dez casos de universida-

de corporativa no Brasil, percebe que houve uma expansão ao

longo dos anos 2000 até agora. Para a pesquisa, nós montamos

um banco de dados de aproximadamente 800 empresas que

poderiam ter algo que se assemelhasse a Educação Corporati-

va. Dessas, válidas mesmo eram 600, das quais 54 responde-

ram e parece que elas têm sistemas razoáveis”.

Para a pesquisadora, “se for feita uma comparação com

os Estados Unidos, que começaram isso muito antes, lá com

certeza eles têm mais de 2000 universidades corporativas. Se

considerarmos que temos no Brasil umas 300 ou 400, ainda

estamos muito longe. Mas eu não acredito que necessaria-

mente os nossos projetos, em termos de qualidade, deixem a

desejar. Acho até interessante como a gente vem amadure-

cendo o conceito”.

Marisa Eboli vê a EC como uma continuidade da edu-

cação formal. Uma educação continuada em que a empresa

#05acaba tendo um papel mais forte, o que

não exclui as ações de educação conti-

nuada que as pessoas possam fazer por

conta própria e recorrendo ao sistema

formal de educação, mas com certeza

vem da empresa essa preocupação em

facilitar que as pessoas continuem se

desenvolvendo.

A empresa quer cada vez mais con-

tar com pessoas formadas para o seu

contexto de negócios. Porém, esse não é

o tipo de formação dada por uma facul-

dade de administração, cujo papel não

é formar um gestor com conhecimentos

específicos do setor financeiro ou do se-

tor de telecomunicações, do farmacêu-

tico ou de tecnologia. É a empresa que

precisa disso cada vez mais cedo.

O papel de um curso de Adminis-

tração como o da FEA é dar uma for-

mação universal, consistente, com base

em princípios gerais e sólidos. No en-

tanto, a empresa precisa cada vez mais,

além dessa formação universal, de uma

formação específica. “Olhe, eu quero

alguém que conheça o meu negócio,

que conheça o setor em que eu atuo

profundamente. Então aí entra a EC,

a educação continuada e com foco es-

pecífico naquele determinado negócio,

naquele determinado setor. É para isso

que veio a educação corporativa. Por

isso que jamais ela vai substituir a edu-

cação tradicional.”

“As empresas que têm EC buscam

cada vez mais, não só no Brasil, mas no

exerior também, uma intensa parceria

“Eu não tenho dúvidas de que a EC cresceu aqui na FEA, e da importância que teve o fato de a FEA ter acolhido esse tema dez anos atrás.”

com a academia.

Todo mundo só tem

a ganhar com isso.

Essa parceria tem

colocado nas em-

presas uma cultura

de ser menos ime-

diatista. O mundo

acadêmico, por sua

vez, também preci-

sa desse contato com as empresas. Isso

é saudável, amadurece. Ensina a lidar

com a diversidade. São mundos dife-

rentes com características diferentes.

Isso que é legal, porque você tem de

aprender a lidar com o que é diverso,” diz Marisa Eboli.

O PAPEL DO LÍDER

Ao falar sobre EC, a pesquisadora da FEA cita o caso

emblemático da General Electric, que teve a primeira uni-

versidade corporativa em 1956. “A empresa é considerada

uma máquina de formar CEOs. O que faz da GE esse suces-

so? Não é só a universidade corporativa, mas é o papel do

líder nesse processo. O líder exercendo o tempo inteiro esse

papel de educador, de orientar, acompanhar, avaliar, olhar

o futuro e a carreira dessas pessoas e de desenhar estratégias

formais e informais de desenvolvimento de competências.”

O case da GE – afirma ela – mostra que não é possível

separar estratégia de gestão de pessoas e de formação de líde-

res. Isso está muito enraizado e é muito harmônico na gestão

da GE. É uma empresa que está sempre olhando o futuro e

#06

PAINEL

O case da GE mostra que não é possível separar estratégia de gestão de pessoas e de formação de líderes. Isso está muito enraizado e é muito harmônico na gestão da GE.

Para a professora Marisa Eboli,

“há motivos para comemorar, mas muito

ainda por fazer”

EDUCAÇÃO CORPORATIVA DEVE INCLUIR

TODA A CADEIA DE VALOR

A educação corporativa é realizada

no Brasil destacadamente por grandes

empresas, o que evidencia a necessi-

dade de visão da cadeia de valor, com

o suporte para que pequenas e médias

empresas possam desenvolver sistemas

de educação corporativa (SEC) em

conjunto com as grandes.

Essa foi uma das principais conclu-

sões da Pesquisa Nacional sobre Práti-

cas e Resultados da Educação Corpora-

tiva, coordenada pela professora Marisa

Eboli, da FEA-USP, que levantou da-

dos de 54 empresas do país.

A PESQUISA APUROU TAMBÉM QUE:

• O responsável pelo SEC das em-

presas pesquisadas tem maturidade

pessoal, técnica e gerencial;

• os SEC são recentes e estão liga-

dos a níveis estratégicos nas empresas;

• as ações educacionais são voltadas para o atendimento

das estratégias das empresas;

• os resultados das ações do SEC são desvinculados da

avaliação por desempenho e da remuneração;

• há um grande potencial de crescimento das práticas de

educação à distância;

• existe grande oportunidade de associar as ações a re-

sultados com ferramentas tipo BSC; e

• há necessidade de focar ações na conscientização e

participação dos líderes no SEC.

EMPRESAS PESQUISADAS

A maioria das empresas respondentes é do setor indus-

trial ou de serviços (68%), privadas (81%), de capital nacio-

nal (67%), com atuação internacional (63%), faturamento

acima de R$ 1 bilhão (57%) e com mais de mil colaborado-

res (70%).

O estudo apurou que os responsáveis pelos SEC são

em sua maioria mulheres (70%), têm idade entre 30 e 49

anos (72%), são graduados em administração ou psicologia

(59%), pós-graduados em administração e RH (72%), geren-

PESQUISA

#07

“A EC é um processo que exige uma mudança cultural e uma mudança organizacional. Com certeza, esse é um desafio muito grande.”

pensando em pessoas. Uma empresa que se apoia na tecno-

logia e na gestão de pessoas, no desenvolvimento de novas

lideranças para preparar a sucessão dos líderes atuais.

“A EC é um processo que exige uma mudança cultural

e uma mudança organizacional. Com certeza, esse é um

desafio muito grande. EC não é só para o público inter-

no. Ela tem um impacto na cadeia de valor das empresas

também. Várias têm programas para formar competências

em fornecedores, distribuidores. Isso vem crescendo cada

vez mais.”

Hoje a situação da EC no Brasil é radicalmente diferente

de 1998, quando Marisa Eboli foi para os Estados Unidos,

em um programa de professor visitante na Wharton School,

para se especializar nesse tema.

“Quando voltei, tinha gente que olhava para mim meio

torto, mas houve uma pessoa, a pro-

fessora Maria Tereza Leme Fleury, que

foi a minha orientadora no mestrado e

no doutorado, que me deu espaço. Ela

podia não concordar com tudo, podia

até achar esquisito, mas dava espaço.

Eu não tenho dúvidas de que a EC

cresceu aqui na FEA, e da importância

que teve o fato de a FEA ter acolhido

esse tema dez anos atrás e a influên-

cia que isso teve para o resto do Brasil.

Não é à toa que a FEA é a primeira na

América Latina. Hoje temos discipli-

nas de EC tanto no mestrado como no

doutorado”, destaca Marisa Eboli.

tes ou diretores (61%) e têm entre um e dez anos de empresa

(61%).

A pesquisa levantou dados sobre a estrutura dos SEC (a

maioria existe há mais de quatro anos), alinhamento estra-

tégico e inserção na cultura, integração com as demais áreas

da empresa, modelo de governança, internacionalização da

EC, programas educacionais, práticas de ensino à distância,

integração com gestão do conhecimento, mensuração e ava-

liação de resultados, papel dos líderes, comunicação dos re-

sultados, investimentos (40% das empresas gastam entre 1%

e 3% da folha de pagamento com o SEC).

DESAFIOS

De acordo com a pesquisa, os desafios da educação cor-

porativa no momento são:

• acesso irrestrito a todos os públicos internos e externos;

• conscientização e participação das lideranças em todo o

processo da educação corporativa;

• valorização da meritocracia como elemento crítico no

desenvolvimento das pessoas;

• integração entre ações da EC e as demais áreas da em-

presa;

• superar barreiras culturais (inter-

na e externa) para consolidação da

EC;

• apropriada mensuração e avalia-

ção dos resultados obtidos com a

EC;

• consolidação das práticas existen-

tes no mercado;

• EC como elemento indutor da

sustentabilidade na empresa.

TENDÊNCIAS

O Grupo de Pesquisas em Educação

Corporativa, responsável pelo estudo,

levantou informações sobre as tendên-

cias atuais da EC: uso contínuo das

tecnologias de informação; parcerias

com outras empresas para a formação

de universidades setoriais; integração

entre ações da EC e as demais áreas da

empresa; e consolidação das práticas

existentes no mercado.

#08

“O objetivo da graduação de Administração é a formação de líderes com competências para atuar nas organizações . Queremos ter orgulho da graduação como temos da pós-graduação.”

FEA PROFESSORES

Des

afi

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ova

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tão

do

Dep

art

am

ento

de

Ad

min

istr

açã

o

FAZER UMA REVISÃO TOTAL DA GRADUA-

ÇÃO, INCLUINDO ESTRUTURA, GRADE CUR-

RICULAR E CONTEÚDO DO PROGRAMA É O

GRANDE E PRINCIPAL DESAFIO QUE O PRO-

FESSOR ADALBERTO AMÉRICO FISCHMANN

COLOCOU COMO META DA SUA GESTÃO. O

professor assumiu a chefia do departa-

mento de Administração para o biênio

2009/2011, no dia 9 de outubro.

“Embora a graduação seja boa, ela

não nos orgulha. Precisamos melhorar a

estrutura do programa, engessada pelo

currículo mínimo que é defasado e des-

colado da realidade. O objetivo da gradu-

ação de Administração é a formação de

líderes com competências para atuar nas

organizações brasileiras. Vamos encarar

esse desafio. Queremos ter orgulho da

graduação como temos da pós-gradua-

ção”, explica professor Adalberto.

O processo de aprimoramento já ha-

via sido iniciado na gestão do professor

Isak Kruglianskas que, de acordo com

o regulamento da USP, deixou a chefia

do departamento um mês antes de com-

pletar 70 anos, data limite para requerer

a aposentadoria. O tema agora ganhou espaço privilegiado no

programa apresentado pelo professor Adalberto ao conselho

do departamento e reflete a preocupação de boa parte dos seus

membros. A meta do professor Adalberto é encaminhar as alte-

rações do programa durante o próximo ano para que, em 2011,

seja implementado. Reconhece, porém, que não será uma tarefa

fácil. Na sua avaliação, a qualidade da graduação não tem rece-

bido a atenção necessária em toda a USP.

Vamos analisar o conteúdo do programa e adaptar a gra-

de curricular. É uma tarefa complexa porque dependemos

de outros departamentos que precisam atender demandas de

outras faculdades. Os professores, por sua vez, nem sempre

estão motivados e não têm flexibilidade de horário. Quanto à

parte opcional, pretendemos incluir disciplinas importantes

como, por exemplo, Ética e Filosofia da Administração. A

reflexão proporcionada por esses temas ajudaria na formação

de líderes mais fortes para o exercício da profissão”, analisa o

professor Adalberto.

Na sua opinião, é preciso reverter o quadro. “Os alunos

entram no primeiro ano com toda motivação, muito bem

preparados para enfrentar o vestibular. Eles sentem o impac-

to, perdem o interesse pelo curso, não têm prazer de frequen-

tar as aulas e acabam se desviando para o lado profissional.

Na pós-graduação é diferente. O departamento tem contro-

le sobre os programas e sabe onde quer chegar. Melhorar a

qualidade da graduação é nossa responsabilidade para com a

Celebração da posse: Eduardo Vasconcellos, Jacques Marcovitch, Adalberto Fischmann, Marcos Campomar e Isak Kruglianskas

MISSÃO CUMPRIDA

“Deixei o de-

partamento com

alegria e com a

satisfação de ter

dado a minha co-

laboração. A maior

conquista foi ter

ajudado a criar

um ambiente de

harmonia e cola-

boração. Isso foi

essencial para a

alta produtividade

que colocou o departamento em lugar de destaque no

ambiente acadêmico nacional e internacional”, diz o

professor Isak Kruglianskas.

A aposentadoria compulsória, porém, não diminuiu

o seu ritmo de trabalho. Como o mais novo colaborador

sênior da pós-graduação da FEA, ele criou uma nova

disciplina – Gestão Ambiental – dando continuidade à

sua linha de pesquisa.

Foram dois biênios (2006/2007 e 2008/2009) à fren-

te do departamento que assumiu após coordenar por

quatro anos a pós-graduação na gestão do professor

Eduardo Pinheiro Gondim de Vasconcellos. Seu sucessor,

o professor Adalberto Fischmann, também foi coorde-

nador da pós por dois mandatos. “Dei continuidade ao

trabalho iniciado e sei que esse é também o objetivo do

professor Adalberto”, analisa professor Isak.

Na sua avaliação, renovação e intercâmbio são as mar-

cas dos últimos anos. A contratação de nove professores deu

novo fôlego ao quadro e a presença de docentes em ativida-

des no exterior aumentou, bem como o número de projetos

com apoio de órgãos como a CAPES. “Para nossa satisfação,

o número de artigos publicados em periódicos internacionais

aumentou significativamente”, afirma professor Isak.

#09

A qualidade da graduação ganhou espaço privilegiado no programa e reflete a preocupação de boa parte dos professores do departamento.

sociedade”, afirma o professor Adalberto.

O Departamento de Administração se prepara para

comemorar em 2010 os 30 anos da Fundação Instituto de

Administração (FIA). Uma data que resume a origem do

departamento que surgiu em 1964, mas teve sua semente

plantada em 1946, com o Instituto de Administração (IA),

que já tinha o compromisso do ensino e pesquisa na área,

além da realização de seminários, simpósios, conferências e

da prestação de serviços.

O intercâmbio de profissionais, o compartilhamento de

conhecimento e a internacionalização da FEA são aspectos

que, na proposta da gestão do professor Adalberto, vão me-

recer toda a atenção.

RAIO X DO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

Total de professores........76

Doutores.........................45

Associados......................16

Titulares..........................15

Professores voluntários.....9

Professores visitantes........4

Chefia: Prof. Dr. Adalberto Américo Fischmann

Vice-chefe: Prof. Dr. Lindolfo Galvão de Albuquerque

Graduação

Coordenador: Prof. Dr. Hamilton Luiz Corrêa

Vice-coordenador: Prof. Dr. Jorge Luiz de Biazzi

Pós-Graduação:

Coordenador: Prof. Dr. Lindolfo Galvão de Albuquerque

Vice-coordenador: Prof. Dr. Martinho Isnard Ribeiro de Almeida

Pesquisa:

Coordenador: Profª. Drª. Maria Sylvia Macchione Saes

Vice-coordenador: Prof. Dr. Cesar Alexandre de Souza

Cultura e Extensão

Coordenador: Profª. Drª. Ana Cristina Limongi França

Prof. Isak deixa a chefia do departamento para ser colaborador sênior

#10

FEA PROFESSORES

Responsabilidade e sustentabilidade não são modismos, mas mudanças efetivas que estão orientando o planejamento estratégico das empresas.

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ran

sfor

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prá

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s O TEMA RESPONSABILIDADE SOCIOAM-

BIENTAL GANHA DIA A DIA MAIS ESPAÇO

NO PLANEJAMENTO DAS EMPRESAS. Para

quem não acompanha esse processo

parece ser apenas mais um tema explo-

rado pela mídia e pelo marketing. Os

avanços, contudo, são inquestionáveis

e o importante é que os conceitos estão

virando práticas e já se pode até mesmo

identificar e disseminar as best practices.

A constatação é da professora Rosa

Maria Fischer, que há 15 anos coorde-

na o Centro de Empreendedorismo So-

cial e Administração em Terceiro Setor

(CEATS), entidade criada com o apoio

institucional da Fundação Instituto de

Administração (FIA) para conduzir

pesquisas, consultorias, o MBA Gestão

e Empreendedorismo Social e a produ-

ção de dissertações e teses sobre a área

no programa de pós-graduação.

“Não dá para ficar apenas no discur-

so. E este é

um papel

importante

da escola:

pesquisar ,

identificar,

analisar e

disseminar”,

afirma a

professora

Rosa que,

por conta

da intensa

atividade do

CEATS, é

convocada para avaliar programas

e modelos do mundo corporativo

como o Guia EXAME de Sustenta-

bilidade, da revista EXAME – Edi-

tora Abril, e o Prêmio Itaú-Unicef,

iniciativa da Fundação Itaú Social

e do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, com

coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Edu-

cação, Cultura e Ação Comunitária – CENPEC.

“O Guia propicia o monitoramento e alguma avaliação

das práticas empresariais. Em 10 anos pode-se observar que

responsabilidade e sustentabilidade não são modismos, mas

mudanças efetivas que estão ocorrendo no modo como os

dirigentes das empresas estão orientando seu planejamento

estratégico e sinalizando os valores predominantes da cul-

tura empresarial. O Itaú Unicef é um modelo de projeto so-

cial realizado com base no conceito das alianças estratégicas

intersetoriais. Agrega organizações de peso que lhe dão le-

gitimidade, tem um processo técnico e metodológico muito

cuidadoso coordenado pelo CENPEC e foca a relação entre

organizações da sociedade civil e a escola pública. O mais

importante é que, ao longo do tempo, a premiação motivou

toda uma aprendizagem em função do processo e criou uma

dinâmica entre os diferentes atores sociais que dela partici-

pam em todo o Brasil”, analisa a professora Rosa.

Na avaliação da professora Rosa, a educação é o grande nó

do desenvolvimento sustentável do país. “Há avanços como a

universalidade de acesso no ensino fundamental, mas estamos

longe da qualidade de ensino. E, principalmente, temos um

quadro dramático no que concerne ao ensino médio. A maior

parte dos jovens de baixa renda não consegue chegar, ou se

chega não consegue finalizar o nível médio. Isto contribui para

manter quadros de pobreza e exclusão social e acena para uma

enorme carência de trabalhadores para o mercado de traba-

lho. Infelizmente, não creio que a sociedade como um todo

esteja se dando conta do tamanho do problema e disposta a

pressionar o Estado por ensino universal e de qualidade. No

Profa. Rosa: sinalizando iniciativas

2009 está na oitava edição. Tem como

objetivo reconhecer e estimular o tra-

balho de organizações sem fins lucra-

tivos que contribuem, em articulação

com a escola pública e outras políticas,

para a educação integral de crianças e

adolescentes brasileiros.

PORTAL PRÓ-MENINOS

O CEATS participou também do

desenvolvimento do portal Pró-Me-

nino, criado em 2002. O ob-

jetivo dessa iniciativa da Fun-

dação Telefonica é promover

os direitos da criança e do

adolescente e apoiar organiza-

ções que lidam com o público

infanto-juvenil, a fim de con-

tribuir para o aprimoramento

de suas práticas e atuações. O

público-alvo do Pró-Menino é

formado pelas organizações públicas

e privadas de atendimento direto ou

indireto a crianças e adolescentes, tais

como Conselhos dos Direitos e Tute-

lares, organizações sociais que lidam

com o público infanto-juvenil, juízes,

promotores e outros atores da Política

de Atendimento. O Portal promove

há cinco anos o Concurso Causos do

ECA, concurso literário e cultural que

premia histórias sobre experiências de

cidadania vividas com a efetivação

das diretrizes previstas no Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA). As

histórias finalistas são reunidas em um

livro lançado durante o evento de pre-

miação e distribuído gratuitamente.

#11

“Não dá para ficar apenas no discurso. E este é um papel importante da escola: pesquisar, identificar, analisar e disseminar.”

âmbito da FEA, sinto muito interesse

pelo tema e acredito que podemos aproveitar melhor o que

essa motivação poderia criar”, diz a professora Rosa.

GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE

Lançado em 2000, como o Guia EXAME de Boa Cida-

dania Corporativa, o anuário é o maior levantamento de

sustentabilidade corporativa no Brasil. A metodologia ava-

lia estratégias, compromisso e práticas das empresas nas três

dimensões da sustentabilidade: ambiental, econômico-finan-

ceira e social. Em 2008, pela primeira vez, o Guia elegeu, en-

tre as 20 empresas-modelo, a Empresa Sustentável do Ano.

A escolhida foi a Natura, única empresa presente entre os

destaques das nove edições do anuário e que tem a preocu-

pação com a sustentabilidade impregnada em sua estratégia

desde a fundação, em 1969, quando lançou seus primeiros

cosméticos feitos com ativos naturais.

PRÊMIO ITAÚ UNICEF

O Prêmio Itaú-Unicef é uma iniciativa da Fundação

Itaú Social e do Fundo das Nações Unidas para a Infância

– UNICEF, com coordenação técnica do Centro de Estu-

dos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária

– CENPEC. Acontece a cada dois anos, desde 1995, e em

Hector Nuñez, presidente do Walmart no Brasil, empresa que liderou o Prêmio EXAME de Sustentabilidade, é ladeado pela professora Rosa Maria Fischer e Alexandre Caldini, diretor-superintendente da Editora Abril

#12

FEA X FEA

Vamos analisar a evolução da presença feminina nos departamentos e na administração da FEA e avaliar qualitativamente a contribuição da mulher para a faculdade.

Pro

jeto

res

ga

ta

recu

rsos

hu

ma

nos

da

FE

A O PONTO DE PARTIDA FOI MOSTRAR A

EVOLUÇÃO DA PRESENÇA FEMININA NA

FEA. Afinal, era só observar as salas de

aula, os corredores e as áreas adminis-

trativas da FEA para notar que o cená-

rio havia mudado – e muito – nas duas

últimas décadas. A partir dessa obser-

vação, a professora Diva Benevides Pinho fez uma primeira

abordagem do tema no livro comemorativo dos 60 anos da

faculdade – FEA no Tempo –, lançado em 2006.

O projeto ganha fôlego agora com o levantamento com-

pleto dos recursos humanos da FEA, trabalho que está sen-

do executado com a colaboração da Assistência Técnica de

Comunicação e Desenvolvimento (ATC&D). “Vamos ana-

lisar a evolução da presença

feminina nos departamentos

e na administração da FEA

e avaliar qualitativamente a

contribuição da mulher para

a faculdade. O levantamento

vai permitir, porém, outras

abordagens e registrar a his-

tória da instituição. Os núme-

ros falam por si quando se faz

apuração de dados”, explica a

professora Diva.

O trabalho em andamento

consiste na análise das fichas

dos servidores ativos e inati-

vos que fizeram parte da FEA

de 1980 até hoje. Dados como

data de ingresso, função, alte-

rações de função que ocorre-

ram no período, afastamentos,

nomeações e designações para

cargos públicos importantes e,

no caso dos que saíram, a data

de desligamento e motivo.

O levantamento começa

em 1980 por uma razão: de

1946 até essa data, a história

da FEA com o registro de to-

dos os pro-

fessores e

Profa. Diva: novo projeto

mia e Administração

da Universidade de São

Paulo, 1946-1981, fez

parte da comemoração

do 35º aniversário da

FEA/USP e do 50º da

USP. Uma comissão

especial formada pelos

professores Laerte de

Almeida Moraes, An-

tonio Peres Rodrigues

Filho, Ruy Aguiar da

Silva Leme, Luiz de

Freitas Bueno, Milton

Improta e Dorival Tei-

xeira Vieira conduziu o

projeto, coordenado pela pro-

fessora Alice Canabrava, por indicação

do professor Sérgio de Iudícibus, diretor

da Faculdade de Economia e Adminis-

tração na época.

Com o título A Instituição, volume

I, é apresentada a perspectiva histórica

da Faculdade, dos Institutos e Funda-

ções, unidades de apoio e entidades

associativas de estudantes, incluindo-

se, ao final, os documentos oficiais da

instituição. Um artigo de Alice Ca-

nabrava analisa as condições sociais,

econômicas e políticas da Fundação

(págs. 7 a 33). Na terceira parte do

livro, no capítulo As Publicações, há

outros artigos de sua autoria. No vo-

lume II, Personália, encontram-se os

quadros da administração acadêmica,

corpo docente e discente, pesquisado-

res e corpo administrativo.

#13

Com isso, o projeto da professora Diva pode avançar. “A história é a base de tudo e pode nos dar subsídios para entender o que é a FEA hoje.”

funcionários está presente na obra História da Faculdade de

Economia e Administração da Universidade de São Paulo,

coordenada e organizada pela professora Alice Piffer Cana-

brava. Os dois volumes – A Instituição e Personália – foram

publicados em comemoração do 35º Aniversário da FEA/

USP e do Cinquentenário da USP, em 1984. “Eu tive o pra-

zer de participar desse trabalho e de escrever um dos capítu-

los. Com esse levantamento, vamos ter a base para registrar

a história da FEA de 1980 até os dias de hoje e ampliar para

outros ângulos como a pós-graduação. São três décadas de

história”, diz a professora Diva.

“Serão catalogados aproximadamente 240 servidores ati-

vos e 684 servidores inativos e/ou desligados da FEA. Cada

servidor pode ter de uma a até 20 fichas que serão digitadas

de acordo com o padrão estabelecido”, explica Roberta de

Paula, funcionária da ATC&D escalada para o trabalho.

Com isso, o projeto da professora Diva pode avançar. “A

história é a base de tudo e pode nos dar subsídios para enten-

der o que é a FEA hoje”, diz a professora Diva.

HISTÓRIA DA FEA

O lançamento da obra História da Faculdade de Econo-

Registros da história da FEA

#14

FEA FUNCIONÁRIOS

“Conheço todo mundo e procuro me dar bem com todos. Tenho vários ‘filhos’ aqui na FEA. Já me disseram que estou na profissão errada, que deveria ser psicóloga.”

Sim

pa

tia

na

hor

a d

o ca

ELA CHEGA ÀS 5H50 DA MANHÃ, PRE-

PARA O CAFÉ DE TODOS OS FUNCIONÁ-

RIOS DA FEA, QUE INCLUI LEITE, CAFÉ,

PÃO E MANTEIGA E AINDA ORGANIZA

AS GARRAFAS TÉRMICAS DE TODAS AS

SALAS ADMINISTRATIVAS, BIBLIOTECA

E MANUTENÇÃO. “Não sei o número

certo, mas acho que umas 60 pesso-

as passam pela cozinha todo dia”, diz

Anay Fátima Lima, copeira da FEA-

USP há oito anos.

Enquanto o café da manhã é servido

(das 7h30 às 10h da manhã), ela faz a

higienização das garrafas que foram le-

vadas às salas no dia anterior. Às 10h, o

movimento acalma e começa a segunda

parte do dia: o preparo do café da tarde

que é entregue por ela nas salas da FEA.

São 35 litros de café preparados na parte

da manhã e 10 litros de leite. Na parte

da tarde, 28 litros de café. Só de açúcar

são usados 1,5 kg na parte da manhã e

1 kg na parte da tarde. Anay fica na FEA até

as 14h, sem intervalo, e depois vai para casa

cuidar das três filhas e do marido.

As dificuldades da função são mais físicas.

“É muito peso, é o braço que dói, a tendinite

que ataca. A outra copeira está afastada por

doença e eu sou a única copeira oficial da FEA.

É um trabalho gostoso, não é desgastante. Para

algumas atividades, conto com a ajuda da Fran-

cisca, terceirizada da Higilimp”, conta.

Por vontade própria, Anay fez um curso

de computação básica na FEA. “Fui atrás e

fiz. Foi bom porque ajudou na organização

dos estoques, já que aprendi a usar as ferra-

mentas básicas do computador”, conta. E fez

também um curso de inglês. Era a melhor alu-

na da sala. “Sempre foi meu sonho aprender inglês e tenho

facilidade, mas não tinha tido a oportunidade. Fiz isso por

mim”, conta. Anay também concluiu o ensino básico, depois

que entrou na FEA. “A FEA me proporcionou isso. Minhas

filhas me incentivam muito a começar algo novo, uma facul-

dade, por exemplo. Ainda não sei se irei fazer. Nunca digo

não a nada. Quem sabe? O que gosto daqui é ter essa liber-

dade de ação”, conta.

Mas Anay também é um pouco mãe, psicóloga e conse-

lheira. “Conheço todo mundo e procuro me dar bem com

todos. Tenho vários ‘filhos’ aqui na FEA. Disseram que estou

na profissão errada, que deveria ser psicóloga. Já conheço a

carinha de cada um que chega aqui, sei quando estão tristes

ou alegres, e muitas vezes me chamam de canto para desaba-

far alguma coisa”, diverte-se.

O segredo é manter o bom humor. “Eu particularmente

levo as coisas bem leve e acho que as pessoas gostam de

mim. Tem que ter jogo de cintura porque aqui lidamos com

muita gente, não dá para levar as coisas a ferro e fogo. E

uma coisa que não dá para mim é ser antipática e chata.

Não quero ser assim”, conta.

Para Anay, o segredo é manter o bom humor

vir para cá”, explica o professor. Cerca

de 3 mil alunos já fizeram o intercâmbio

pela CCInt. Na reunião de orientação

aos alunos que vão viajar, o professor

Riccio fala bastante da importância de

cada um lá fora, tanto para a imagem do

Brasil quanto para a imagem da FEA.

O professor Riccio é membro hono-

rário da CCInt de Psicologia da USP,

a convite da diretora da faculdade, a

professora Emma Otta. Foi convidado

para assessorar a faculdade a realizar os

convênios e para passar a experiência

da FEA para eles. “Já fizemos isso em

outras faculdades. Nossa experiência

ajuda muito e sou o único que lida com

isso aqui. É uma tarefa que desempenho

com prazer, pois é muito gratificante ver

os resultados desses convênios”, afirma

o professor Riccio.

#15

“Agora nossa meta é alcançar países como China, Rússia,Lituânia, países árabes e África do Sul.”

FEA CCInt

Em expansão O ANO DE 2009 FOI ÓTIMO PARA A CCINT-FEA E 2010 TEN-

DE A SER MUITO MELHOR. “Nós já estamos à frente de qualquer

faculdade do Brasil. Somos a faculdade com o maior número

de intercambistas estudando fora e também de intercambis-

tas que escolhem a FEA como destino. Agora nossa meta é

alcançar países como China, Rússia, Lituânia, países árabes

e África do Sul, por exemplo”, conta o professor Edson Luiz

Riccio, presidente da CCInt-FEA desde 1995.

São 15 anos de experiência, firmando convênios, com

características diferentes. A FEA mantém cerca de 100 con-

vênios com outras universidades e o número de estrangei-

ros que escolheram a faculdade para fazer intercâmbio au-

mentou de 112 (em 2008) para 127 (em 2009). Para 2010,

foram fechados novos acordos: European Business School

(Alemanha), Universität Konstanz (Alemanha), IE Busi-

ness School (Espanha), Université Paris-Sorbonne (Fran-

ça), Audencia Nantes Ecole de Management (França), IAE

Aix-en-Provence (França), Telecom Ecole de Management

(França), Arnhem Business School (Holanda), Laurea Uni-

versity of Applied Sciences (Finlândia).

A FEA tem também o acordo de duplo-diploma com a

Euromed Marseille-França, uma das mais importantes es-

colas de gestão da Europa, e está trabalhando para ampliar

essa modalidade. “Temos atualmente quatro alunos na Fran-

ça terminando o período de janeiro a dezembro. Para 2010,

apenas um aluno está a caminho. E aqui, temos um aluno da

Euromed participando de programa de duplo-diploma que

será concluído até julho de 2010”, conta o professor.

O processo de duplo diploma demora até dois anos para

ser concluído. Para essa tarefa, o professor Riccio conta com

a ajuda da professora Marici Sakata, especialista em educa-

ção, que cuida de todo o processo de estudo dos currículos,

sistema pedagógico e do curso em si.

O aumento do número de intercambistas de fora se deve

também à presença dos feanos no exterior. “Eles represen-

tam o Brasil lá fora e as pessoas acabam ficando curiosas em

Para professor Riccio, o programa será ainda melhor em 2010

oria do Desenvolvimento Econômico. Seus seminários sobre a

economia brasileira e teoria econômica têm despertado grande

interesse de alunos e professores, tanto pelos expositores con-

vidados como pelo fato de o professor Delfim combinar a visão

acadêmica com a experiência adquirida no exercício de cargos

públicos no país e no exterior.

FEA MIX

O principal desafio será aprimorar a qualidade do ensino de graduação e pós-graduação, buscando sempre a excelência na formação dos alunos.

#16

GENTE DA FEAUma publicação mensal da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo Assistência de Comunicação e DesenvolvimentoNOV/DEZ 2009_TIRAGEM 2.000 EXEMPLARES

Av. Prof. Luciano Gualberto, 908 Cidade Universitária - CEP 05508-900

Diretor da FEA CARLOS ROBERTO AZZONI

Coordenação GeralLU MEDEIROS

ASSISTÊNCIA DE COMUNICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA FEA-USP

Edição: PRINTEC COMUNICAÇÃO LTDA.

VANESSA GIACOMETTI DE GODOY – MTB 20.841ANTONIO CARLOS DE GODOY – MTB 7.773

Reportagem:DINAURA LANDINI E CAMILA BROGLIATO RIBEIRO

Projeto Gráfico: ELOS COMUNICAÇÃO E EDEMILSON MORAIS

Layout e Editoração Eletrônica: CAROL ISSA

Fotos:ISMAEL BELMIRO ROSÁRIO, MILENA NEVES

E ROBERTA DE PAULA

O NOVO REITOR

O professor João Grandino Rodas

assume no próximo dia 25 de janeiro a

Reitoria da USP. Foi o escolhido pelo

governador José Serra na lista tríplice

com os eleitos no segundo turno reali-

zado em 10 de novembro para condu-

zir pelos próximos quatro anos a mais

importante Universidade do país.

No documento em que formalizou sua candidatura –

Compromisso USP – destacava que o principal desafio seria

“manter e aprimorar a qualidade do ensino de graduação e

pós-graduação, buscando sempre a excelência na formação

dos alunos”. Com essa perspectiva em foco, o então diretor

da Faculdade de Direito elencava as frentes de ação: avalia-

ção continuada do ensino, melhoria da infraestrutura física e

ELEIÇÃO

computacional, análise da essência do ensino para ajudar na

formação do aluno como cidadão, além da aquisição das habi-

lidades profissionais.

João Grandino Rodas (63 anos) é um dos maiores espe-

cialistas do país em Direito Internacional, com passagem pelo

Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul, comando jurí-

dico do Itamaraty e presidência do Conselho Administrativo

de Defesa Econômica (Cade), órgão vinculado ao Ministério

da Justiça. É graduado em Direito, Educação e Letras pela USP.

Fez mestrados em Diplomacia pela Fletcher School of Law and

Diplomacy, em Ciências Político Econômicas pela Faculdade

de Direito da Universidade de Coimbra (1970) e em Direito

pela Harvard University (1978). O doutorado em Direito foi

pela Universidade de São Paulo (1973) e, em 2006, foi nomea-

do diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Prof. João Grandino Rodas

SALA ANTONIO DELFIM NETTO

A FEA homenageou o professor

emérito Antonio Delfim Netto com a

inauguração no dia 3 de dezembro, de

uma sala com o seu nome no FEA-2. O

evento contou com a presença dos eco-

nomistas Carlos Antonio Rocca e Otávio de Barros.

Após longo período de atuação na vida pública, no Executi-

vo e no Legislativo, e como embaixador do Brasil na França, o

professor Delfim Netto retornou em 2007 à FEA-USP, onde fez

sua carreira acadêmica, da graduação em Ciências Econômicas

à conquista do título de Professor Catedrático da cadeira de Te-

HOMENAGEM

Evento homenageou professor Antonio Delfim Netto