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A alfabetização é uma questão complicada, que está associada a muitos aspectos diferentes da vida. Além disso, as opiniões sobre o que a alfabetização significa mudaram nos últimos anos. Foco no “ABC” Muitas pessoas ainda acham que a alfabetização é simplesmente saber o alfabeto e ser capaz de ler palavras num pedaço de papel. Esta era uma visão comum uns 50 anos atrás, quando o objetivo das escolas e das aulas de alfabetização adulta era fazer com que as pessoas aprendessem as letras e soubessem As pessoas, muitas vezes, dizem que a alfabetização é fundamental para o desenvolvimento, mas o que isto realmente quer dizer? Quer dizer que as pessoas que sabem ler e escrever estão numa posição melhor para melhorarem as suas vidas? Ou que, uma vez que a comunidade estiver lendo e escrevendo como se fosse algo de praxe, o desenvolvimento poderá começar? Ou significa que a vida é simplesmente melhor quando lemos livros e escrevemos cartas? Uma revista trimestral que aproxima os trabalhadores da área de desenvolvimento de várias partes do mundo No.62 MAIO 2005 ALFABETIZAÇÃO Passo a Passo Alfabetização – um alvo móvel Clinton Robinson Como soletrar liberdade Como iniciar e gerir programas de alfabetização Cartas Aprendendo a ler e escrever “Agora o quadro está a olhar para mim!” Comitês lingüísticos O valor da alfabetização para o povo Énxet Recursos Preparação de materiais para a tradução LEIA NESTA EDIÇÃO Tornando-se alfabetizadas, as pessoas podem participar de forma mais plena na sociedade escrevê-las direito. Não importava muito o que havia para ler ou que tipo de coisa as pessoas escreviam. É claro que a alfabetização consiste em saber o que as palavras dizem, mas ela também consiste em muito mais do que isto. Foco nos alunos Mais recentemente, a alfabetização passou a ser vista como empoderadora. Ela oferece aos alunos e às suas comunidades a chance de fazer algo de positivo nas suas próprias vidas e assumir o controle do seu próprio desenvolvimento. Esta abordagem começa com a situação dos próprios alunos. Ela examina a melhor maneira de a alfabetização se enquadrar no que eles já sabem, na forma como a sua sociedade funciona e na forma como eles podem aumentar a sua voz política. Paulo Freire, o educador brasileiro, é muito conhecido por basear a alfabetização no conhecimento e nas circunstâncias dos alunos, de maneira Foto: Barbara Lawes, Mothers’ Union NOTA AOS LEITORES A Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul. A língua portuguesa muda de um continente para o outro. Alguns artigos podem estar escritos em um estilo diferente do português que você fala. Esperamos que isto não venha a mudar a sua apreciação pela Passo a Passo. NB Escrevemos “AIDS/SIDA”, porque alguns de nossos leitores conhecem a doença como “AIDS”, enquanto outros a chamam de “SIDA”.

Uma revista trimestral que aproxima os …tilz.tearfund.org/~/media/Files/TILZ/Publications...Aalfabetização é uma questão complicada, que está associada a muitos aspectos diferentes

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A alfabetização é uma questão complicada,que está associada a muitos aspectosdiferentes da vida. Além disso, as opiniõessobre o que a alfabetização significamudaram nos últimos anos.

Foco no “ABC”Muitas pessoas ainda acham que aalfabetização é simplesmente saber oalfabeto e ser capaz de ler palavras numpedaço de papel. Esta era uma visãocomum uns 50 anos atrás, quando oobjetivo das escolas e das aulas dealfabetização adulta era fazer com que aspessoas aprendessem as letras e soubessem

As pessoas, muitas vezes, dizem quea alfabetização é fundamental para odesenvolvimento, mas o que istorealmente quer dizer? Quer dizer queas pessoas que sabem ler e escreverestão numa posição melhor paramelhorarem as suas vidas? Ou que,uma vez que a comunidade estiverlendo e escrevendo como se fossealgo de praxe, o desenvolvimentopoderá começar? Ou significa que avida é simplesmente melhor quando lemos livros e escrevemos cartas?

A quarterly newsletter linkingdevelopment workeraround the world

Uma revista trimestral que aproxima os trabalhadores da área de desenvolvimento de várias partes do mundo

No.62 MAIO 2005 ALFABETIZAÇÃO

Passo a Passo

Alfabetização – um alvo móvel

Clinton Robinson

• Como soletrar liberdade

• Como iniciar e gerir programas dealfabetização

• Cartas

• Aprendendo a ler e escrever

• “Agora o quadro está a olhar paramim!”

• Comitês lingüísticos

• O valor da alfabetização para o povoÉnxet

• Recursos

• Preparação de materiais para a tradução

LEIA NESTA EDIÇÃO

Tornando-sealfabetizadas, aspessoas podem

participar de formamais plena na

sociedade

escrevê-las direito. Não importava muito oque havia para ler ou que tipo de coisa aspessoas escreviam. É claro que aalfabetização consiste em saber o que aspalavras dizem, mas ela também consisteem muito mais do que isto.

Foco nos alunosMais recentemente, a alfabetização passoua ser vista como empoderadora. Ela ofereceaos alunos e às suas comunidades a chancede fazer algo de positivo nas suas própriasvidas e assumir o controle do seu própriodesenvolvimento. Esta abordagem começacom a situação dos próprios alunos. Ela examina a melhor maneira de aalfabetização se enquadrar no que eles jásabem, na forma como a sua sociedadefunciona e na forma como eles podemaumentar a sua voz política. Paulo Freire, oeducador brasileiro, é muito conhecido porbasear a alfabetização no conhecimento enas circunstâncias dos alunos, de maneira

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NOTA AOS LEITORESA Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul. Alíngua portuguesa muda de um continente para o outro.Alguns artigos podem estar escritos em um estilo diferente doportuguês que você fala. Esperamos que isto não venha amudar a sua apreciação pela Passo a Passo.

NB Escrevemos “AIDS/SIDA”, porque alguns de nossosleitores conhecem a doença como “AIDS”, enquanto outros achamam de “SIDA”.

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ALFABETIZAÇÃO

PA S S O A PA S S O 62

Passo a PassoISSN 1353 9868

A Passo a Passo é uma publicação trimestral queprocura aproximar pessoas em todo o mundoenvolvidas na área de saúde e desenvolvimento. ATearfund, responsável pela publicação da Passo aPasso, espera que esta revista estimule novas idéiase traga entusiasmo a estas pessoas. A revista é umamaneira de encorajar os cristãos de todas as naçõesem seu trabalho conjunto na busca da melhoria denossas comunidades.A Passo a Passo é gratuita para aqueles quepromovem saúde e desenvolvimento. É publicadaem inglês, francês, português e espanhol. Donativossão bem-vindos.Os leitores são convidados a contribuir com suasopiniões, artigos, cartas e fotografias.Editora: Isabel CarterPO Box 200, Bridgnorth, Shropshire, WV16 4WQ, Reino Unido

Tel: +44 1746 768750 Fax: +44 1746 764594E-mail: [email protected]/tilz

Subeditora: Rachel Blackman, Maggie SandilandsEditora – Línguas estrangeiras: Sheila MelotAdministradoras: Judy Mondon, Sarah CarterComitê Editorial: Ann Ashworth, Simon Batchelor,Mike Carter, Paul Dean, Richard Franceys, MartinJennings, Ted Lankester, Simon Larkin, SandraMichie, Nigel Poole, Alan Robinson, José Smith, Ian WallaceIlustração: Rod Mill Design: Wingfinger Graphics, Leeds Impresso por Aldridge Print Group usando-serecursos sustentáveis ou renováveis e processosque não prejudicam o meio ambiente.Tradução: L Bustamante, S Dale-Pimentil, H Gambôa, L Gray, R Head, M Machado, O Martin, J Perry, G van der Stoel L WeissRelação de endereços: Escreva, dando uma breveinformação sobre o trabalho que você faz einformando o idioma preferido para: FootstepsMailing List, 47 Windsor Road, Bristol, BS6 5BW,Reino Unido. E-mail: [email protected]ça de endereço: Ao informar uma mudançade endereço, favor fornecer o número de referênciamencionado na etiqueta.Artigos e ilustrações da Passo a Passo podem seradaptados para uso como material de treinamentoque venha a promover saúde e desenvolvimento,desde que os materiais sejam distribuídosgratuitamente e que os que usarem estes materiaisadaptados saibam que eles são provenientes daPasso a Passo, Tearfund. Deve-se obter permissãopara reproduzir materiais da Passo a Passo.As opiniões e os pontos de vista expressos nascartas e artigos não refletem necessariamente oponto de vista da Editora ou da Tearfund. Asinformações técnicas fornecidas na Passo a Passosão verificadas minuciosamente, mas não podemosaceitar responsabilidade no caso de ocorreremproblemas.A Tearfund é uma organização cristã evangélica quese dedica ao trabalho de desenvolvimento eassistência através de grupos associados, a fim delevar ajuda e esperança às comunidades emdificuldades no mundo. Tearfund, 100 Church Road,Teddington, Middlesex, TW11 8QE, Reino Unido.Tel: +44 20 8977 9144

Publicado pela Tearfund, uma companhia limitada,registrada na Inglaterra sob o No.994339.Organização sem fins lucrativos sob o No.265464.

que eles possam trazer mudança para a suacomunidade. A alfabetização pode serconsiderada como uma condição para ademocracia e a participação política. Assimcomo as pessoas e as comunidades sãodiferentes, os usos da alfabetização tambémsão. Nos últimos anos, os educadorescomeçaram a falar sobre “alfabetizações” noplural, por causa dos vários contextos,propósitos e línguas diferentes em que aalfabetização pode ser usada.

Foco nos meios de vidaEsta visão empoderadora da alfabetização éampliada ainda mais, vinculando-se aalfabetização aos meios de vida – de queforma a alfabetização poderá servir melhoras pessoas, a fim de proporcionar-lhes ummeio de vida? Isto vem da abordagem parao desenvolvimento baseada na diminuiçãoda pobreza. O alvo é capacitar as pessoaspara que tenham novas oportunidadesprodutivas através da alfabetização: rendasmaiores, empregos, novas habilidades e odesenvolvimento de empresas.

Oferecendo oportunidadesO que estas diferentes visões significampara as pessoas, cujo trabalho é ajudar osoutros a se alfabetizarem? As visões emdesenvolvimento sobre a alfabetizaçãoenfatizam o que realmente importa:motivação para aprender e a oportunidadepara usar o que é aprendido. Estas estãointimamente ligadas. Sempre que aalfabetização oferece novas oportunidades,as pessoas querem se alfabetizar. Há trêsfatores muito importantes ao se ofereceremoportunidades relevantes para que aspessoas aprendam a ler e escrever:

Onde a aprendizagem da alfabetizaçãoocorre Ao invés de organizar aulas dealfabetização, é melhor ligar a alfabetizaçãoa outras habilidades que as pessoasqueiram aprender. Assim, a alfabetizaçãopoderia ser combinada com a aprendiza-gem da gestão de microcréditos, com aeducação sobre a saúde reprodutiva oucom a prevenção do HIV/VIH e daAIDS/SIDA. Desta maneira, os grupos demulheres do norte de Gana tiveram êxitono uso da alfabetização como uma boaferramenta para a aprendizagem deconhecimentos essenciais sobre o desen-volvimento comunitário.

Como a aprendizagem da alfabetizaçãoocorre Nós, adultos, aprendemos melhorquando podemos associar os novosconhecimentos a coisas que já sabemos. O método de alfabetização Reflect faz isto,pedindo aos alunos para que falem sobre asua região, a sua saúde, o seu ciclo agrícolaanual ou a tomada de decisão no seupovoado – coisas sobre as quais eles jásabem muito. Juntos, eles criam gráficos etextos, para terem os seus conhecimentospor escrito. O facilitador orienta e sugere,mas são os alunos que controlam oprocesso. Eles determinam tanto o ritmo da aprendizagem quanto o conteúdo. Ométodo Reflect também estimula adiscussão sobre como a vida poderia oudeveria mudar e o que as próprias pessoaspodem fazer quanto a isto. O métodoReflect agora é amplamente usado naaprendizagem da alfabetização e namobilização comunitária por todo omundo.

A alfabetização oferece às comunidades a oportunidade de assumir o controle do seu próprio desenvolvimento.

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Vários tipos de escrita

ESCRITA ROMANA Esta é uma escrita alfabética. Cada letra ou combinação de letras representaum som. A maioria das línguas européias e africanas, assim como algumas línguas asiáticas, comoo vietnamita, usam o alfabeto romano. O alfabeto cirílico (usado, por exemplo, na Rússia, naBulgária e na Mongólia) também é alfabético.

ESCRITA CHINESA Esta é uma escrita ideográfica, em que cada símbolo representa umsignificado ou uma idéia, não um som. Ela é como o sistema numérico, em que todos nósescrevemos, por exemplo, o número 5, mas ele é dito de forma diferente em cada língua. Naprática, ela é muito mais complicada do que isto!

ESCRITA ETÍOPE Esta é uma escrita silábica, em que cada símbolo representa uma combinaçãode sons de consoantes e vogais. Assim, há um símbolo para ba, um outro para be, bi, bu, ka, ta,ma e assim por diante. O birmanês é semelhante à escrita silábica.

Português Aprendendo a ler e escrever

Moré Ti zams ti karem la ti gulse

Russo

Mandarim

Amárico

Birmanês

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ALFABETIZAÇÃO

Para que as pessoas usam a alfabetizaçãoAntigamente, as pessoas se alfabetizavam,simplesmentes porque parecia ser uma boacoisa para se fazer. As pessoas precisam deoportunidades reais para usar a alfabetiza-ção. Há coisas úteis e interessantes para seler? Há possibilidades para se escrever epublicar em âmbito local e nacional? Estassão perguntas fundamentais a serem feitas,antes de se começar a organizar a alfabeti-zação. As crianças e os adultos podemperder a sua alfabetização, se tiverempoucas oportunidades de usá-la. Esteproblema causa uma grande preocupação,quando a alfabetização numa línguaminoritária está se desenvolvendo pelaprimeira vez.

A igreja, muitas vezes, apóia a alfabetiza-ção, para ajudar as pessoas a lerem asescrituras por si próprias. Os programas dealfabetização devem também fazer planos,para ajudar os autores locais a produzirmateriais impressos que as pessoas queiramler. Assim como informações úteis sobre asaúde e o desenvolvimento, estes tambémdevem trazer histórias interessantes eengraçadas e notícias sobre futebol, a

sociedade local e o que está acontecendo nomundo.

Línguas e tipos de escritaUm dos aspectos das muitas “alfabetizações”do mundo é a variedade de línguas e tiposde escrita que as pessoas usam. Na maiorparte do mundo, as pessoas precisam sealfabetizar em mais de uma língua, come-çando com a sua própria língua local oulíngua materna. Depois, elas acrescentamoutras línguas de que talvez precisem, taiscomo o hindi e o inglês na Índia, ou o lingalae o francês no Congo. Na maior parte daÁsia, isto consiste em aprender diferentestipos de escrita ou sistemas de escrita. NaChina, algumas minorias aprendem a suaprópria língua com a escrita romana e,depois, acrescentam o mandarim com aescrita chinesa. Da mesma forma, na Etiópia,as línguas locais são freqüentemente usadascom a escrita romana, mas o amárico, umalíngua muito difundida, é usada com aescrita etíope. Estes tipos de escrita sãomuito diferentes (veja o quadro abaixo).

No nosso mundo globalizado, as pessoasterão uma necessidade cada vez maior de

serem alfabetizadas tanto em línguasdiferentes quanto em escritas diferentes.

Hoje nós sabemos que a alfabetização émuito mais complexa do que se pensava. Ela é mais necessária do que nunca: as vidasde todos são afetadas por decisões tomadaspelas pessoas alfabetizadas. A alfabetizaçãopode conferir, a algumas pessoas, podersobre os outros. A alfabetização permite queas pessoas participem de forma mais plenana sociedade, tenham influência e façam comque as suas vozes sejam ouvidas. Oscomputadores podem ser uma parteessencial da tomada de decisões, e sabercomo se comunicar usando textos escritosproporciona acesso a estas novas tecnologias.

A alfabetização não é a solução para todos ostipos de desenvolvimento, nem solucionarátodos os problemas diários locais. No entanto,ela é um direito que deveria estar à dispo-sição de todos, para que possam se expressarlivremente através da escrita e examinar deforma crítica os textos que as pessoas nopoder produzem. A alfabetização, quandofeita de forma relevante, é hoje, mais do quenunca, um meio de empoderamento.

O Dr. Clinton Robinson trabalha como consultorindependente, com enfoque na educação e nodesenvolvimento. Seus interesses especiais são aaprendizagem adulta e não formal, a alfabetizaçãoe o desenvolvimento social. Seu endereço é 38 Middlebrook Road, High Wycombe, HP13 5NJ, Reino Unido.

E-mail: [email protected]

A alfabetização é um direito que deveria estar ao alcance de todos.

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Ela é uma das muitas pessoas quefreqüentaram as aulas de alfabetizaçãorealizadas pela EFICOR. O povo Korkuvive em povoados isolados nas florestasde Maharashtra, no oeste da Índia. Amaioria são trabalhadores pobres ouagricultores de subsistência. A alfabeti-zação freqüentemente não é vista comoprioridade nesta região, especialmentepara as mulheres. No entanto, estas aulasde alfabetização estão lentamentetransformando as vidas das pessoas.

Jasaiah Akhande tem 21 anos e vive nopovoado de Panchdongri. Como muitasmeninas de famílias pobres do povo

Alfabetização é soletrada como liberdade para muitas mulheres.

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ALFABETIZAÇÃO

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Korku, ela não teve instrução. Sua vidamudou quando a EFICOR começou asaulas de alfabetização no seu povoado em2001, depois de conscientizar as pessoassobre os benefícios da alfabetização. Ela sematriculou, apesar de seus pais acharemque era perda de tempo. Jasaiah estavadecidida a aprender e freqüentou as aulasregularmente. Ela concluiu o curso denove meses e teve boas notas no examefinal. Suas habilidades de aprendizagem esua determinação surpreenderam até oprofessor. Agora, ela sabe ler, escrever efazer contas simples.

Inspirada por isto, ela se matriculou numaescola de 2º grau longe do seu povoado. Adesaprovação de seus pais e a sua pobrezanão a impediram de procurar realizar oseu sonho. Ela obteve um empréstimo deum grupo de poupança em seu povoado,que, ao ver o seu entusiasmo, a suaconfiança e a sua determinação, se dispôsa investir nela. Ela estudou muito e tirou oquinto lugar na sua turma no exame defim de ano.

Enquanto estava na escola, ela tambémteve aulas de costura e, agora, estácomeçando a sua própria alfaiataria. A alfabetização e a instrução de Jasaiahderam-lhe muita confiança. Agora, elasabe fazer sua contabilidade e evitar serpassada para trás.

Aprendizagem em todas as idadesAssinar o próprio nome, reconhecer onúmero do ônibus, lidar com dinheiro efazer uma contabilidade simples são

Como soletrarliberdade

Kuki Rokhum

Nós nem mesmo perguntamos o nome dela: só estávamos preocupados emescutá-la falando com tanto entusiasmo sobre a diferença que as aulas dealfabetização tinham feito na sua vida. Eu não conseguia parar de sorrir aoouvi-la. Ela era só uma mulher comum da tribo Korku, numa região remota daÍndia. Tendo sido uma pessoa que passou a vida toda colocando a impressãodigital nos documentos que precisavam de assinatura, ela estava muitoorgulhosa das suas novas habilidades de alfabetização. Agora, ela sabe assinaro seu nome e não precisa perguntar qual é o número do ônibus quando vaipara o centro no dia de feira. Ela nos contou sobre como isto a tornou confiante.

tarefas bem fáceis para as pessoas quetiveram a oportunidade de estudarquando crianças. Para mulheres comoJasaiah e Nausiben (veja o estudo de casoacima), estas habilidades permitiram querompessem a frustração e a exploraçãoque freqüentemente resultam da falta dealfabetização. Muitas mulheres como elaspassam a liderar grupos de auto-ajuda,onde elas próprias são responsáveis pelasatas e pela contabilidade.

Seu entusiasmo é evidência do impactoque a alfabetização causou em suas vidas.

Kuki (Lalbiakhlui) Rokhum é uma parceira daInterserve, que trabalha com a EFICOR comocoordenadora das Relações com os Doadores.Seu endereço é: EFICOR, 308 Mahatta Tower,B Block Community Centre, Janakpuri, New Delhi – 110 058 Índia.

E-mail: [email protected]: www.eficor.org

Nausiben Gansibhai é umamãe de cinco filhos, quevive em HalmudiGujarat. Seu filho maisvelho tem uma pequenaloja. Quando ele está fora,Nausiben cuida da loja. Noentanto, ela tinha dificuldade para lidar comas transações de dinheiro e não podia viajarsozinha para buscar suprimentos. Ela sesentia muito frustrada por causa disto.Assim, ela entrou para as aulas de alfabeti-zação da Eficor com muita vontade, apesarda zombaria dos outros.

Nausiben agora é uma outra pessoa e diz “Eu me sinto ótima agora que posso fazer ascoisas sozinha. Eu sei ler, escrever, fazer acontabilidade e cuidar da loja sem muitadificuldade. Eu realmente agradeço a Deuspor esta oportunidade.”

Alfabetização e confiança

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ALFABETIZAÇÃO

Beneficiários Quem se beneficiará com osprogramas de alfabetização? Quem será onosso alvo? Serão mulheres, jovens,prisioneiros ou agricultores? Tenha certezadisto já no início.

Faça um levantamento cuidadoso dasnecessidades de alfabetização Faça umlevantamento das necessidades destegrupo-alvo:■ Os alunos precisam da alfabetização na

língua local ou numa segunda língua?

■ Para que precisam da alfabetização?

■ Como os alunos esperam usar ashabilidades que adquirirem com aalfabetização?

■ Os alunos querem aprender acompetência com números também?Para que propósito?

Descubra também sobre os prováveispormenores da aprendizagem:■ Onde e quando as aulas devem ser

realizadas?

■ Quanto tempo as aulas devem durar?

■ Há instrutores disponíveis? Eles devemser homens ou mulheres?

Elabore uma estrutura para o currículoUtilizando as constatações do levantamentodas necessidades, elabore um currículo querealce áreas de aprendizagem fundamen-tais, inclusive objetivos, conteúdo (ler,escrever e competência com números) e ashabilidades de aprendizagem esperadas.

Esta estrutura pode ser usada, então, paracriar um currículo local relevante para asnecessidades particulares dos alunos. Édifícil determinar o que deve ser ensinadoem todos os centros de alfabetização numaregião ou área.

Elabore materiais de alfabetização Algunsdos materiais necessários são:■ manuais de treinamento

■ guias didáticos

■ materiais de aprendizagem para osalunos.

Os materiais didáticos e de treinamentopodem ser na língua usada pelos instrutores.Os materiais dos alunos devem ser sempreescritos na língua usada para ensinar.

Procure elaborar materiais com os alunostambém. Os materiais participativos como

mapas, calendários sazonais e desenhospodem permitir que os alunos produzam osseus próprios materiais.

Treine treinadores e instrutores de alfabetizaçãoMuitas palavras diferentes são usadas paradescrever os instrutores de alfabetização:professores, educadores, facilitadores outreinadores. A LABE usa o termo treinadorespara as pessoas que treinam os instrutores de alfabetização. É importante formar umaequipe de treinadores para treinar osinstrutores locais. Estes treinadores vêm,oferecem treinamento para os instrutores evão embora. Os instrutores é que serão osresponsáveis por dar as aulas dealfabetização no dia-a-dia.

Critérios de seleção Considere cuidadosa-mente os critérios para a seleção tanto detreinadores quanto de instrutores. Considerecoisas como o seu nível de instrução, a suaalfabetização na língua que será usada paraensinar, o sexo, a idade, a religião e ondevivem.

Treine treinadores e instrutoresRecomendamos uma abordagem modular(séries de cursos curtos) para o treinamento.Cada módulo geralmente dura 10 dias, com2–3 meses entre eles. O treinamento deveequipar os instrutores com a teoria daalfabetização adulta, habilidades didáticas ehabilidades práticas. Se os treinadoresprecisarem de treinamento, obviamente estedeverá ser feito primeiro, para que elespossam usar esta aprendizagem notreinamento de instrutores.

Matricule os alunos Uma vez que osinstrutores estiverem treinados, eles deverãomobilizar e incentivar alunos em potencialpara as aulas. Sempre que possível, o ensinodeve ser integrado com os grupos existentes,ao invés de se formarem novas classes paraa alfabetização. O ensino deve ser baseadono que as pessoas estão a fazer (tais comoactividades de microempresa).

Monitorização das actividades de alfabetizaçãoO treinamento deve equipar os treinadorese instrutores com as habilidades básicaspara monitorar e avaliar o impacto da suaaprendizagem da alfabetização. Os treina-dores de alfabetização devem monitorar osinstrutores de alfabetização e avaliar oprogresso com os seus alunos regularmente.

Esperamos que estas orientações o ajudema elaborar um programa pormenorizado.

Stellah Tumwebaze possui muitos anos deexperiência no trabalho de alfabetização adulta com a LABE. O endereço da LABE é PO Box 16176, Wandegeya, Kampala, Uganda.

E-mail: [email protected]

Como iniciar e gerir programas de alfabetização

Stellah Tumwebaze

A LABE (Literacy and Adult Basic Education – Alfabetização e Ensino Básicopara Adultos) é uma organização sediada em Kampala, que trabalha em 14distritos de Uganda. Ela possui ampla experiência na promoção dos direitosde alfabetização. Aqui, eles contam sobre a sua experiência e ajudam-nos aconsiderarmos as etapas básicas a serem seguidas ao iniciarmos umprograma de alfabetização.

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A Organização Mundial da Saúde recebeu com agrado os resultados de uma experiência clínica, quemostra que uma nova vacina contra a malária protege crianças pequenas contra a malária. Emboraainda seja necessário um trabalho muito maior com esta vacina, esta pode representar um grandeavanço.

Já foram criadas muitas vacinas contra a malária nos últimos 25 anos, mas esta (a vacina RTS,S/AS02A) é a primeira a mostrar resultados significativos, proporcionando protecção contra a maláriaem crianças de um a quatro anos de idade na África.

Mundialmente, há cerca de 300–500 milhões de casos a cada ano, resultando em mais de um milhãode mortes. A malária é a principal causa de mortalidade entre crianças com menos de cinco anos deidade, matando uma criança africana a cada 30 segundos. As crianças que sobrevivem à maláriasevera podem ter dificuldades de aprendizagem ou lesão cerebral.

Uma das melhores maneiras de prevenir a malária é proteger as crianças com um mosquiteirotratado a cobrir a cama.

Vacina contra a malária

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CARTAS

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PASSO A PASSO

47 WINDSOR RD

BRISTOLBS6 5BWROYAUME-UNI

Conscientização sobre a importância daamamentaçãoPara a Semana Mundial da Amamentaçãoem 2004, os funcionários da AJINAAplanearam conscientizar os nossos jovenssobre esta questão importante.

Realizamos encontros para os jovens,tanto moças quanto rapazes. Eles ouviramsobre as vantagens da amamentação tantopara o bebê quanto para a mãe e asdesvantagens das mamadeiras, do leiteartificial e das chupetas. Eles foramincentivados a não terem vergonha daamamentação.

Durante aquela semana, quase 600homens e mulheres estiveram presentenum encontro organizado pela ONGAMEGA. Continuamos com mais encon-tros nos centros de saúde e nas igrejas.Foram distribuídos folhetos e camisolas(camisetas) aos funcionários dos centrosde saúde, para incentivá-los a fornecereminformações e conscientizarem as pessoassobre a amamentação. Muitas perguntas

foram respondidas. O folheto ajudou aesclarecer muitas dúvidas e malenten-didos. Por exemplo, descobrimos quemuitas jovens não queriam amamentar,porque achavam que isto estragaria oformato dos seus seios, os quais elasqueriam que permanecessem de pé.Muitos foram embora com o compromissode compartilhar com outros jovens amensagem sobre os benefícios enormes daamamentação.

Simão FilipeAJINAACP 6992, LuandaAngola

E-mail: [email protected]

Protecção de legumesNos anos 60, eu vivia com a minha avó.Ela tinha uma pequena horta perto docomplexo onde plantava legumes. Elaborrifava uma mistura de fezes de cabra e água, para evitar que os animaiscomessem as plantas.

Junte fezes de cabra num recipiente, comoum pote de barro, e cubra com água.Depois de uma semana, agite vigoro-samente, para formar uma pasta grossa. Sea pasta estiver muito grossa, acrescente umpouco mais de água, para poder borrifarmais facilmente. Use um feixe de folhas ouarbustos para borrifar o conteúdo sobre asplantas.

Experimente! Durante todos os anos emque estive na escola secundária, nunca vicabras ou qualquer outro animaldestruindo as plantas da minha avó.Porém, lave os legumes muito bem comágua corrente antes de cozê-los e comê-los.

Moses Ena ObirePO Box 1854Warri, Delta StateNigéria

Conscientização sobre a epilepsiaGostaria de responder à carta do seu leitorsobre crianças que sofrem de epilepsia(Edição 60). No Maláui, a Sue RyderFoundation trabalha com os povoadosrurais, concentrando-se especialmente naspessoas que sofrem de epilepsia e asma.Temos duas actividades principais.Primeiro, treinamos voluntários em cadapovoado em que trabalhamos. Estes sãoselecionados pela comunidade e sãovoluntários genuínos, que não recebemnenhum tipo de remuneração. A Fundaçãotreina-os para reconhecerem a epilepsia eeducarem a comunidade local sobre estadoença. Possuímos 490 voluntários destetipo no momento.

A nossa segunda actividade é fornecerequipes móveis, que organizam “clínicas”regularmente. A maior parte destas sãorealizadas embaixo das árvores. Osvoluntários trazem pacientes para osfuncionários, que realizam o diagnóstico ereceitam medicamentos. O voluntário éresponsável por assegurar que os pacientestomem os medicamentos e por monitorar oseu impacto sobre a epilepsia. Os clientessão vistos uma vez a cada seis semanas.Com o apoio dos voluntários, isto tem sidosatisfatório. O Maláui possui muito poucosmédicos, assim, os nossos funcionários sãoenfermeiros experientes, que fizeram umcurso curto sobre o diagnóstico e otratamento da epilepsia. Actualmente,trabalhamos com 7.000 clientes.

Se desejar mais informações, por favor,entre em contacto, e será um prazer ajudar.

Stephen CarrPresidente, Sue Ryder Foundation no Maláui

E-mail: [email protected]

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CARTAS

A Índia recentemente publicou os resultados do seu último censo, o qual revelou um problema sério:o número cada vez menor de bebês e crianças do sexo feminino. A proporção de meninas de até seisanos de idade baixou de 945 meninas (para cada 1.000 meninos), em 1991, para 927 meninas, em2001.

Nos estados mais ricos e de maior crescimento da Índia, tais como Gujarat e Punjab, o problema éainda mais sério. No entanto, os cristãos possuem a proporção mais alta, com 1.009 meninas para1.000 meninos (esta é a proporção esperada).

As famílias mais ricas agora podem pagar os testes para saber o sexo dos bebês e abortar os do sexofeminino indesejados (embora isto seja ilegal). Esta prática causa muita preocupação. No entanto, asautoridades acreditam que a situação poderá se resolver sozinha ao longo do tempo. Se houvermenos mulheres, o seu valor será mais apreciado. Ao invés de os pais terem de conseguir dotesenormes para casar as suas filhas, talvez as famílias dos rapazes deixem de exigir o dote e, ao invésdisto, dividam os custos do casamento.

Nascimentos de meninas proporcionar sombra, servir de moradiapara os pássaros e proporcionar belezapara os habitantes daquele pedaço deestrada por muitos anos pela frente. E poraquela esperança, valia a pena o esforço.

Os jovens, assim como aquelas pequenasárvores, são a esperança para o futuro doCamboja. Como funcionários daComissão Juvenil, fazendo o nossotrabalho, talvez não façamos tudo comperfeição. Vamos para a comunidade etentamos desenvolver os jovens que Deusdeu às igrejas. Ajudamos demais? A ajudanão é suficiente? Fazemos as coisasdireito? Quem sabe?

Talvez nem todos os jovens em queinvestimos cresçam e sejam líderescristãos eficazes. Porém, alguns deles oserão! Alguns deles, pela suprema graçade Deus, serão como fortes pilares para asociedade por muitos anos pela frente. AComissão Juvenil tem prazer em ser umadas ferramentas de Deus, plantando aesperança para o futuro.

Mark FenderCountry Director of International Teams, CambodiaPO Box 543 Phnom PenhCamboja

Os jovens e as pequenasárvoresO Camboja, assim como os EUA, celebra oDia da Árvore. São penduradas faixas comfrases sobre a importância das árvores edas florestas para o país. Este ano, euparticipei das festividades. Centenas dejovens encontraram-se no escritórios daComissão Juvenil e viajaram de caminhãopara o distrito de Toul Kork, de PhnomPenh. Aqui, eles cantaram e oraram.Depois, pegaram as centenas de mudas deárvores fornecidas pelo governo e foramplantá-las. As pessoas receberam-nos bem,assim como as árvores que carregavam. Oshabitantes locais pediram-lhes plantassemárvores perto das suas casas, e algunsajudaram com o plantio.

Apesar do entusiasmo destes jovens, amaioria sabia muito pouco sobre árvores.Elas haviam sido plantadas corretamente?Elas haviam recebido água suficiente? Elashaviam recebido água demais? Elassobreviveriam até a semana seguinte?Quem sabe!

Olhei para uma das pequenas árvoresrecém plantadas, regada com água, eperguntei-me se sobreviveria. Então, derepente, eu me dei conta do que aquelapequena árvore realmente representava.Esperança para o futuro! Ela talvez nãotivesse sido plantada direito e talvez nãofosse receber os cuidados adequados.Porém, havia uma chance – o potencialdado por Deus – de que a pequena árvoreconsiguisse sobreviver. Ela poderia viver20, 30 ou 80 anos. Ela poderia vir a

EDITORIAL

No nosso mundo de comunicação cada vez mais rápida e global, émuito difícil perceber que um em cada cinco adultos (mais de 860milhões de pessoas) não sabe ler e escrever, e que dois terços destessão mulheres. Além disso, mais de 113 milhões de crianças não têmcondições de freqüentar a escola e serem alfabetizadas.

Entretanto, a educação básica (na qual a alfabetização é fundamental)foi reconhecida como um direito humano mais de 50 anos atrás, naDeclaração Universal dos Direitos Humanos. As Nações Unidas (ONU) anunciou a Década daAlfabetização (2003–2012), para tentar melhorar esta situação. A sua meta é aumentar os índices de alfabetização em 50% até 2015.

É particularmente importante oferecer oportunidades para que as meninas e as mulheres sealfabetizem e se tornem competentes com números. A educação e a alfabetização dão confiança àsmulheres e diminuem todo o tipo de risco de exploração. As meninas beneficiadas com a educaçãogeralmente se casam mais tarde, têm menos filhos e filhos mais saudáveis e geralmente osmandam para a escola.

Esta edição está repleta de artigos úteis e práticos, para ajudar a iniciar e apoiar o treinamento emalfabetização ou incentivar o ambiente alfabetizado. A alfabetização pode ser o caminho para novasliberdades e pode fortalecer a capacidade das pessoas de se comunicarem de muitas formasdiferentes. No entanto, a alfabetização adulta deve sempre respeitar os conhecimentos existentesdas pessoas e estar vinculada a situações reais da vida, ao invés de a uma situação de sala de aula.

Os círculos ou grupos de alfabetização freqüentemente se desenvolvem, transformando-se emgrupos de longa duração, em que os membros continuam apoiando-se e incentivando-se paraaprenderem coisas novas. Os Guias PILARES (agora disponíveis emmais de 30 línguas) podem ser um grande auxílio para a aprendizagembaseada na discussão.

As próximas edições examinarão os Objetivos de Desenvolvimento doMilênio e o planejamento para a sustentabilidade.

Isabel Carter, Editora

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ALFABETIZAÇÃO

Aprendendoa ler eescrever

Os adultos freqüentemente esquecem como aprenderam a ler eescrever quando eram crianças. Isto significa que o processo dealfabetizar pode, às vezes, ser difícil e confuso. Quando hátreinamento em alfabetização disponível, os facilitadorestreinados são as melhores pessoas para ensinar estas habilidades.No entanto, uma compreensão básica do treinamento emalfabetização pode ser muito útil para os pais e para a família eos amigos das pessoas que estão a se alfabetizar.

Formatos das letras

À medida que as pessoas aprendem a

reconhecer as palavras, elas precisam de

practicar a sua escrita. No início, algumas

linhas paralelas podem ajudá-las a reconhecer

os diferentes formatos das letras. Os alunos

podem copiá-los e aprender a escrever

palavras – geralmente começando com os

seus nomes.

Palavras inteirasAntigamente, as crianças primeiroaprendiam a recitar as letras doalfabeto. Agora, as pessoas geralmenteaprendem primeiro a reconhecer oformato de palavras curtas inteiras.Mais tarde, elas aprendem os sons daspalavras, para poderem reconhecerpalavras mais longas.

Como lidar com palavras mais longasAssim que as pessoas ganham confiança para reconhecer e ler pequenaspalavras, elas precisam de aprender como separar em sílabas as palavrasmais longas que não reconhecem. Produzindo o som das letras, elaspodem descobrir a nova palavra. Uma técnica muito útil é pegar umapalavra longa, que foi discutida durante o encontro de alfabetização, esepará-la em sílabas. Por exemplo, pegue a palavra educar:Descubra quantas vogais diferentes a palavra contém (as vogais são a, e, i, o, u) e escreva-as horizontalmente na parte de cima da grade.Descubra quantas consoantes diferentes há e escreva-as verticalmenteno lado esquerdo da grade:

Pratique, dizendo cada uma destas combinações. Se possível, façapalavras novas com as combinações e as letras: cara, dura, cada, careca.Depois, volte e practique, dizendo e escrevendo a palavra inicial.

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Cartões com palavras

Os cartões com palavras são uma

maneira muito boa de ajudar tanto as

crianças quanto os adultos a

aprenderem. Escreva palavras curtas e

conhecidas em cartões ou pedaços de

papel (você pode até colá-los como

rótulos pela casa). Ajude as pessoas a

reconhecerem as palavras e fazerem

frases curtas com os cartões. O uso

de figuras simples pode ajudar as

pessoas a se lembrarem das palavras.

9PA S S O A PA S S O 62

Maneiras de practicara alfabetização

Cartazes Os melhores cartazes usam muitopoucas palavras. Os cartazes quecompartilham informações, usandoumas poucas palavras necessárias, são uma boa maneira de dar confiançaàs pessoas que estão a se alfabetizar. As pessoas podem criar o cartaz juntas,decidir o que é necessário escrever epracticar as palavras antes de escrevê--las no papel.

GráficosPodem-se elaborar vários tipos de gráficos. As folhas deárvores úteis podem ser colhidas e rotuladas. Podem-serotular desenhos simples de legumes e frutas. Os gráficostambém podem mostrar as actividades das diferentesestações. Por exemplo, comoos rendimentos das pessoasmudam ou os problemas desaúde que há ao longo do ano.Tudo isto precisa de rótulos einformações escritas.

MapasOs mapas são uma maneira muito útil para que aspessoas encontrem usos prácticos para as suas novashabilidades de alfabetização. Os alunos podem trabalharjuntos fazendo mapas. Estes poderiam ser mapas da suaregião local, para mostrar os recursos hídricos ou osriscos para a saúde. Quando os mapas estiveremconcluídos, as pessoas podem entrar em acordo sobrerótulos úteis e informações adicionais. Estas poderiamser os nomes das pessoas que vivem em certas casas ouos nomes das plantações, da vegetação, dos riachos oudos prédios da comunidade.

Letras maiúsculasIsto aplica-se somente à escrita romana.As pessoas freqüentemente se enganam aopensar que as letras maiúsculas são maisfáceis de ler. Na verdade, aprender as letrasmaiúsculas é como aprender uma segundalíngua. As palavras deveriam ser sempreescritas em letras minúsculas, com exceçãodos nomes.

Palavras novas

Uma vez que os alunos tiverem as habilidades básicas

para ler e escrever, eles poderão aprender novos

conjuntos de palavras, com cada palavra relacionada com

um tema específico, tais como a família, a casa, legumes.

Isto ajuda os alunos a se lembrarem das palavras novas e

dos seus significados. É importante ajudar os alunos a

compreenderem e copiarem as palavras novas além de

reconhecê-las. Aprender a ler e escrever deve ser

divertido! Os jogos e as canções são uma forma agradável

de os alunos praticarem as suas novas habilidades e se

comunicarem com os outros.

Talho(Açougue)

Igreja doLivramento

EscolaMiyore

Casa daNancy

Correio

Posto de saúde

facilitadores locais. Tentamos evitar estesproblemas sempre que possível.

Burundi, o Maláui e o Sudão possuemalguns dos índices mais baixos dealfabetização adulta. Como eles tambémsão países em que a União das Mães é forte,começamos o trabalho por lá. Com a ajudada LABE, Uganda (veja a página 5), foidesenvolvido um programa piloto, ecomeçamos a trabalhar em oito dioceses.Depois de explicações cuidadosas sobrecomo o programa funcionaria, cada diocesenomeou duas treinadoras de alfabetização.Estas 16 mulheres foram treinadas emUganda pela LABE e pela União das Mães e retornaram aos seus países, para iniciarum programa piloto de três anos.

As comunidades que haviam concordadoem participar tinham de formar um comitêde direcção e encontrar uma pessoa localadequada para ser treinada comofacilitador. O facilitador deveria saber ler eescrever na língua local e ser aceitável paraos alunos locais.

Uma vez que as 12 comunidades haviamsido selecionadas, os facilitadores foramreunidos por uma semana e treinados naformação de grupos, em técnicas de Acção eAprendizagem Participatórias (PLA) e emcomo introduzir a alfabetização com o usodestas técnicas. Assim que eles retornarampara as suas comunidades, as matrículascomeçaram, e o círculo de alfabetizaçãoiniciou o seu trabalho. Os treinadoresvisitaram os facilitadores e os seus círculosde alfabetização a cada duas semanas, atéque eles estivessem bem estabelecidos e ocírculo estivesse a funcionar bem.

voluntários e funcionários remunerados eque segue a estrutura da Igreja Anglicana,desde províncias até comunidades eclesiás-ticas de base. Isto proporciona à União dasMães um contacto quase sem igual comfamílias e comunidades nos locais maispobres, onde os níveis de alfabetizaçãoadulta provavelmente são os mais baixos.

Formação de círculos de alfabetizaçãoOs programas de alfabetização adulta têmum alto índice de reprovação. Nossa amplapesquisa mostrou que isto ocorre, em parte,devido aos métodos de aprendizageminsustentáveis, à falta de financiamento e àfalta de continuidade por parte dos

Em resposta a isto, a União das Mãespesquisou, desenvolveu e implementou o Programa de Alfabetização eDesenvolvimento da União das Mães(MULDP – Mother’s Union Literacy andDevelopment Programme). O programatinha de estar dentro das condiçõesfinanceiras dos alunos adultos e sersustentável e apropriado para eles. Eleprecisava de fazer uso das habilidades edos conhecimentos locais. Acima de tudo,ele tinha de lidar com as desigualdades da sociedade, que, com tanta freqüência,deixam as mulheres impotentes, sem voz einvisíveis nas suas famílias e comunidades.

A União das Mães é uma organizaçãocristã, que trabalha em 76 países ao redordo mundo, através de uma ampla rede de

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ALFABETIZAÇÃO

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“Agora o quadro está aolhar para mim!”

Programa de Alfabetização e Desenvolvimento da União das Mães. Osmembros e trabalhadores da União das Mães por todo o mundo sabem quea falta de alfabetização é um dos principais problemas enfrentados pelasmulheres e meninas, especialmente nas áreas rurais. Sem a alfabetização, é muito mais difícil para as mulheres melhorarem as condições dos seuslares, das suas famílias e comunidades e participar plenamente dasquestões e da administração comunitárias. A alfabetização é fundamentalpara o acesso às poucas iniciativas e oportunidades locais disponíveis. Aalfabetização permite que os formuladores das políticas escutem as vozes e as preocupações das mulheres em âmbito local, nacional e internacional.

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Um grupo de alfabetização em Shombo.

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Barbara Lawes

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ALFABETIZAÇÃO

O programa consiste em compartilhar osconhecimentos e a sabedoria dosparticipantes sobre vários tópicos atravésde discussões. As palavras-chaves a seremaprendidas são tiradas destas discussões. A discussão é, de muitas maneiras, tãoimportante quanto a alfabetização.

Fazendo as coisasfuncionaremForam encontrados vários problemas:■ As pessoas que haviam participado de

programas de alfabetização anteriores e haviam sido reprovadas, estavamrelutantes em participar novamente,porque não queriam correr o risco de sedesapontarem novamente.

■ Alguns alunos deixaram de freqüentaras aulas, porque a abordagem de Acção e Aprendizagem Participatórias (PLA)não se enquadrava nas suas expectativasde como a escola “deveria” ser. Quandose davam conta de que as pessoasestavam se alfabetizando, eles tentavamretornar, mas tinham de esperar até quefosse formado um novo círculo.

■ Muitos pais queriam que os seus filhosfossem matriculados, para lhes dar aoportunidade de aprender.

■ Cada círculo é limitado a, no máximo, 30alunos, mas, às vezes, um número muitomaior de pessoas queria se matricular.

■ É muito mais fácil visitar e apoiar oscírculos de alfabetização, quando elessão formados em grupos de três ouquatro (conforme solicitado). Noentanto, isto nem sempre ocorria.

Todos estes desafios foram enfrentados pelostreinadores ou durante as visitas realizadaspelos funcionários da União de Mães.

Uma vez que os círculos estavam afuncionar bem, os treinadores continuavama visitá-los ocasionalmente, mas passavamo seu foco principal para novas comuni-dades. Agora há um sistema regular, emque os treinadores treinam 12 facilitadoresduas vezes por ano. Todos os facilitadoresreúnem-se por alguns dias a cada ano, paracompartilhar experiências e receber maistreinamento.

DivulgaçãoOs treinadores são funcionários da Uniãode Mães, empregados pelas suas dioceses,com o apoio da União de Mães. Os facilita-dores recebem pequenos incentivos finan-ceiros, respeito e alguma assistência dassuas comunidades. Eles também sabem queestão oferecendo um serviço muito valiosopara os seus amigos e vizinhos.

Num círculo de alfabetização, leva de 160 a 200 horas para que um aluno se tornealfabetizado e competente com números naprática. Há muitos factores que afetam isto.Algumas pessoas deslocadas, com poucasoportunidades externas, aprendem rápido,pois não podem ir cultivar hortas ourealizar qualquer outra actividade. Ascomunidades que costumam andar longasdistâncias para cultivar terras podem terum intervalo de três a quatro meses semaulas. Elas precisam de mais tempo para selembrarem do que aprenderam antes.

Uma vez que as pessoas se tornamalfabetizadas e competente com números,elas passam rapidamente para a acçãocomunitária e actividades de geração derecursos. A quantidade de actividades comoestas deixou-nos muito surpreendidos. Os círculos pós-alfabetização tambémmostraram ser importantes. Eles oferecem

Comentários dos alunos

‘Toda a minha vida, só via o quadro pela ajanela. Mas agora estou a vê-lo e ele está aolhar para mim.’ Eva Wajo

‘Trabalho como empregada de limpeza. No diado pagamento eu recebia o meu salário semter a possibilidade de verificar se estava certoou não e assinava utilizando a impressãodigital do meu dedo polegar. Agora não possoser mais enganada. Estou feliz.’ Margaret Keji

‘Inscrevi-me como aluno e era tímido einseguro. Aprendi a ler e a rescrever muitorápido agora sou facilitador. Estou muitoorgulhoso porque agora posso ensinar outrosa ler e a escrever também.’ Donatile, Maláui

às pessoas uma oportunidade parautilizarem as suas novas habilidades paraler, escrever cartas, quadros de avisos, ajudarem postos de saúde e estudar mais.

Em junho de 2003, foi realizada umaavaliação final, e o programa foi ampliado,passando a abranger mais cinco dioceses.Agora, há 26 treinadores treinados, 600facilitadores e outros em treinamento. Osfacilitadores podem vir de qualquer fé ou nãoter fé alguma. Há 15.000 alunos em círculosactivos e muitos mais em actividades pós--alfabetização. No momento, este programasó é usado em Burundi, no Maláui e noSudão, mas estão a chegar solicitações demuitas partes do mundo. Temos muita von-tade de ajudar, mas é difícil encontrar verbas.Este é um programa eficaz e sustentável, quemuda as vidas para melhor. Custa somente£20 (libras esterlinas) para ajudar uma pessoaa ler, escrever e contar. É difícil que hajamuitos negócios melhores do que este!

Além das vantagens que a alfabetização e acompetência com números trazem, osmétodos participatórios estão resultandonuma melhor comunicação dentro dasfamílias e entre os vizinhos. As questões desaúde são resolvidas em âmbito comuni-tário, e foram iniciados esquemas de geraçãode recursos, geralmente sem a necessidadede financiamento externo. A sociedade civilfortalece-se e torna-se capaz de aproveitarquaisquer oportunidades possíveis.

Barbara Lawes é a Coordenadora de Projetos emÂmbito Mundial da União de Mães, cujo endereçoé Mother’s Union, Mary Sumner House, 24Tufton Street, London, SW1P 3RB, Reino Unido.

E-mail: [email protected]: www.themothersunion.org

Um projeto pós-alfabetização no Maláui.

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O Comitê da Língua Yemba tem uma forma útil de conscientizar as pessoas e incentivar aalfabetização na língua materna. Eles colocam um quadro na praça do povoado e escrevem umprovérbio na língua materna, o qual é sempre mudado depois de algumas semanas. Sempre que háuma pequena multidão (quase sempre nos dias de feira), uma pessoa do comitê lingüístico lê oprovérbio em voz alta e pergunta se alguém pode ajudar os jovens a compreenderem o seusignificado. Isto dá aos mais idosos a oportunidade de mostrar o seu conhecimento na sua língua ena sua cultura. O membro do comitê explica que conhecimentos como esse são úteis para asgerações mais jovens, mas não são compartilhados, porque não são escritos. Se eles freqüentaremum centro de alfabetização, poderão escrever todos estes conhecimentos e transmiti-los para osfilhos e netos. O voluntário, então, explica-lhes onde encontrar os centros de alfabetização e comoentrar para o comitê lingüístico e distribui os programas das aulas.

Usando provérbios para conscientizar

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ALFABETIZAÇÃO

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Até agora, 77 comunidades de Camarõesfundaram comitês lingüísticos, os quais sãoorganizados e administrados pela comuni-dade. Estes comitês locais reuniram-se paraformar a Associação Nacional de Comitêsde Línguas Camaronesas (NACALCO –National Association of CameroonianLanguage Committees), a qual coordena oseu trabalho e oferece treinamento.

Actividades dos comitêslingüísticosA principal meta do comitê é ensinar aspessoas a ler e escrever, primeiro na sualíngua materna e, depois, na língua oficial, etambém ensiná-las a usar estas habilidadespara o desenvolvimento comunitário. Todosque falam a língua local são incentivados aparticipar do seu comitê lingüístico local,seja qual for a sua religião, a sua idade, oseu sexo ou o seu status social.

O trabalho é coordenado por uma equipe,formada por representantes de todos osvários dialetos, se possível. Esta equipegeralmente se encontra duas vezes por ano,para planear actividades e a acção, informar

sobre o progresso e discutir quaisqueroutras questões. Há um empenho especialem incentivar as mulheres a assumiremfunções de liderança dentro de cadacomitê. O seu envolvimento motiva outrasmulheres e meninas a se registrarem noscentros de alfabetização e deverá melhoraros níveis baixos de alfabetização atuaisentre elas.

O treinamento dos membros é uma funçãofundamental para cada comitê. Os membroscompreendem a importância de oferecerparte do seu tempo para o programa dealfabetização da sua comunidade. Isto podeconsistir em ensinar a alfabetização, ajudar aproduzir manuais de alfabetização e materiaisde pós-alfabetização, oferecer supervisão eacompanhamento para ajudar os professoresalfabetizadores, ou conscientizar as pessoassobre a importância da alfabetização.

Treinamento dostreinadoresO treinamento de treinadores para aalfabetização é uma das prioridades doscomitês lingüísticos, para que possamassegurar o êxito e a sustentabilidade do seutrabalho. Os funcionários da NACALCO, emparceria com a SIL Camarões, oferecem otreinamento inicial. Mais tarde, cada comitêseleciona membros para receber maistreinamento em vários aspectos do trabalho.Todo o treinamento é transmitido a outraspessoas da comunidade. Este sistemaaumenta rapidamente o número de pessoasque trabalham na alfabetização. Grandeparte do trabalho é feito voluntariamente, e otempo das pessoas é limitado. Quanto maispessoas são treinadas, mais se podecompartilhar o trabalho.

A maioria destes voluntários ganha a vidaatravés da agricultura, da carpintaria e do

Comitêslingüísticos

Noé Ngueffo

Camarões possui duas línguas oficiais – francês e inglês – e cerca de 250línguas locais. Com uma população de 15 milhões de pessoas, Camarõespossui um índice oficial de alfabetismo de 63%. Várias comunidadesformaram os seus próprios comitês lingüísticos, para ajudar as pessoas aaprenderem a ler e escrever.

“Interesso-me muito pelodesenvolvimento da

minha língua materna,porque não quero morrer

culturalmente”

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13PA S S O A PA S S O 62

ALFABETIZAÇÃO

Os missionários estabeleceram uma escola emMakxawáya mais de 100 anos atrás e come-çaram a trabalhar na tradução da Bíblia para alíngua Énxet. A sua primeira tradução doEvangelho e dos Atos, juntamente com um livrode hinos, foi publicada em 1911. Foramelaboradas cartilhas de alfabetização para opovo Énxet, e um pequeno grupo se alfabetizou.Algumas pessoas deste primeiro grupotornaram-se líderes de igrejas e compartilharama mensagem cristã. O trabalho na tradução daBíblia ainda continua. Em 1997, foi produzidauma versão revisada do Novo Testamento, e otrabalho de tradução do Antigo Testamentopara a língua Énxet começou em 2003.

Durante a primeira parte do século XX, ospovos indígenas eram quase totalmente mar-ginalizados. O incentivo trazido pela mensagemcristã e o surgimento de um pequeno, massignificante grupo de líderes alfabetizados, foimuito importante. O povo Énxet sentiu que eraimportante – e o sentimento continua.

Hoje, a maioria das pessoas alfabetizadas dopovo Énxet ainda estão ligadas à igreja.Entretanto, os níveis de alfabetização continuambaixos, devido à situação complicada relativa à

língua no Chaco. O guarani é mais comumentefalado que o espanhol nessa parte do Paraguai.Porém, as coisas estão mudando. Muitosjovens agora usam o espanhol, o qual poderá,um dia, substituir o guarani como a segundalíngua de muitos dos falantes do Énxet. Estáhavendo uma melhora lenta nas escolasprimárias governamentais, como resultado deuma grande reforma no sistema educacional dopaís. Sempre que possível, as criançasindígenas escolares agora aprendem a ler e

O valor da alfabetização para o povo Énxet

Tim Curtis escrever na sua língua materna, antes depassarem para o espanhol.

Outros fatores incentivaram o aumento daalfabetização. Há muitas ONGs no Chaco. Estasorganizações estão envolvidas em questões dedireitos da terra, projetos agrícolas em pequenaescala e programas de saúde comunitária. Hátambém ministérios governamentais, assimcomo organizações políticas, diferentes gruposreligiosos e antropologistas. A presença detodas estas organizações ajuda os gruposindígenas a acreditarem que são realmenteimportantes como povo. Estes recém-chegadosoferecem um grande incentivo para a aprendi-zagem do espanhol e a alfabetização nestalíngua. As pessoas que são alfabetizadas têmcondições de se relacionarem mais com estasdiferentes organizações. Elas são mais capazespara participar de conferências nacionais einternacionais que dizem respeito a “questõesindígenas” e avaliar os motivos mistos e freqüen-temente conflitantes destes numerosos grupos.

Saber ler e escrever permite que o pequenogrupo de falantes do Énxet participe de formamais plena e com confiança cada vez maior nasdecisões que afetam as suas vidas e a do seupovo. Fazendo isto, eles estão começando a seintegrar na sociedade paraguaia – sem perder asua identidade como povo.

Tim Curtis fez curso em línguas modernas elingüística. Ele trabalha no Paraguai, com aIglesia Anglicana Paraguaia, há mais de 20anos, apoiando programas educacionais entreos povos indígenas e liderando a equipe detradução da Bíblia.

E-mail: [email protected]

artesanato. Muitos possuem poucainstrução formal. Eles envolvem-se, porquequerem ajudar a desenvolver a sua línguamaterna e transmiti-la para os filhos. Umvoluntário disse recentemente “Interesso-me muito pelo desenvolvimento da minhalíngua materna, porque não quero morrerculturalmente”.

Nos cursos de treinamento, mostra-se aosvoluntários como ensinar a alfabetização deuma forma participatória, a qual envolve osalunos no processo. Eles adquirem prácticano ensino e preparam textos na sua línguamaterna para usar como material nas aulasde alfabetização.

Financiamento para oscomitês lingüísticosA NACALCO promove as contribuiçõeslocais – dinheiro arrecadado de indivíduos,prefeituras locais e organizações – como afonte mais segura e sustentável definanciamento para as actividades doscomitês lingüísticos. Quando é realizado umcurso de treinamento, algumas famíliasoferecem alojamento para os treinadores e osalunos de outros povoados. Outras pessoascontribuem oferecendo ou preparando acomida. De acordo com um provérbioafricano, “Uma pessoa pode ser pobre, masuma comunidade nunca é pobre”. Isto

significa que, dando-se as mãos, as pessoaspobres podem conseguir muita coisa.

Pode ser difícil priorizar a alfabetização,quando as pessoas enfrentam problemasmais urgentes, como a fome e a saúdeprecária. No entanto, os comitês lingüísticoscontribuem com a luta pelo desenvolvimentosustentável em Camarões promovendo a alfa-betização e incentivando a auto-confiança.

Noé Ngueffo é um lingüista, que trabalha com oMinistério da Pesquisa Científica e Técnica. Ele éo Coordenador da NACALCO, BP 8110,Yaoundé, Camarões.

E-mail: [email protected]

O povo Énxet (ou Lengua), do Paraguai, é um povo indígena decaçadores-coletores, com 6.000 pessoas. Alguns deles aindapraticam a caça e a coleta, apesar da perda da maior parte das suasterras nos anos 30, quando a região do Chaco foi aberta para aderrubada de árvores e o cultivo.

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RECURSOS

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LivrosBoletinsMateriais de treinamento

Adult Literacy: A handbook for development workersPaul Fordham, Deryn Holland e Juliet Millican

Este é um livro para pessoas que trabalhamna área do desenvolvimento, sem nenhumtreinamento em educação ou alfabetizaçãoadulta, mas que têm de atender pedidos de“alfabetização”. Ele descreve os diferentesestágios do planejameno e do ensino de umprograma de alfabetização em pequenaescala e oferece sugestões práticas para olevantamento das necessidades, a avaliaçãoe o fornecimento de materiais.

Ele explora, em detalhes, o debate sobre opapel da alfabetização no desenvolvimento.As conseqüências da introdução da alfabe-tização para indivíduos, grupos ou comuni-dades são ilustradas através de váriosestudos de casos da África, da Ásia, daAmérica Latina e do Caribe. O livro contém184 páginas e custa £9,95 (libras esterlinas)mais a remessa postal e a embalagem,podendo ser encomendado através de:

Oxfam, BEBC Distribution15 Albion Close, Parkstone, PooleDorset, BH12 3YDReino Unido

E-mail: [email protected]: publications.oxfam.org.uk

A Guide to Advocacy for Water,Sanitation and HygieneEste livro de referências sobre a defesa dedireitos é produzido pela Water Aid e pelaWSSCC. Ele baseia-se em muitos guias emanuais de defesa de direitos úteis publi-cados nos últimos anos e contém quatroseções. A primeira seção introduz o trabalhode defesa de direitos. A segunda seçãoexamina o processo de planejamento parase realizar o trabalho de defesa de direitos,descrevendo as várias ferramentas e abor-dagens que podem ser usadas. A terceiraseção discute os elos entre a defesa dedireitos e o trabalho de campo prático. A última seção traz uma relação de recursosdisponíveis, publicações, redes e outrasorganizações envolvidas no trabalho dedefesa de direitos.

O livro pode ser obtido gratuitamente. Paraencomendar exemplares, por favor, envieum e-mail para: [email protected]

métodos didáticos e materiais de leitura,escrita e matemática básica.

Este livro custa $55 (dólares americanos),incluindo a remessa postal e a embalagem,e pode ser obtido através de:

International Academic Bookstore7500 West Camp Wisdom RoadDallas, TX 75236EUA

E-mail: [email protected]: www.ethnologue.com

Biblioteca farmacéutica de la OMSEsta é a última versão do CD Rom, a qualcontém mais de 350 publicações relaciona-das com a medicina, em inglês, francês eespanhol. A maioria destas são publicadaspelo Departamento de Política de Medica-mentos e Drogas Essenciais. A bibliotecainclui tópicos sobre:• acesso a medicamentos essenciais• política nacional de drogas• questões de qualidade e segurança• medicamentos tradicionais.

Para as pessoas que possuem um bomacesso à web, o CD-ROM serve de entradapara uma ampla variedade de websites. A biblioteca pode ser obtida gratuitamentee pode ser encomendada através de:

EDM Documentation CentreOMS20 Avenue Appia, CH-1211 Genève 27Suíça

E-mail: [email protected]

Communication and Power:Reflect practical resource materialsDavid Archer e Kate Newman

Este pacote de recursos traz idéias e contribuições depessoas de todo omundo comexperiência no uso daabordagem Reflectpara a alfabetização.Ele é repleto deidéias e exemplospráticos e contémseções sobre apalavra escrita, os números, a palavrafalada e imagens. Este livro pode serbaixado (descarregado) gratuitamenteatravés de:www.actionaid.org.uk/787/reflect.html

Understanding OrganisationalSustainability through AfricanProverbs:Insights for leaders of changeChiku Malunga

Os provérbios africanos possuem muitohumor e sabedoria! Este livro é produzidopela CADECO (Capacity DevelopmentConsultancies) e publicado pela ImpactAlliance Press. Usando idéias de provérbiosafricanos, o livro discute o que são asorganizações, como elas funcionam, comoelas crescem e se desenvolvem e o que astorna eficazes. Os provérbios africanos sãousados para mostrar como as ONGs e asorganizações dedesenvolvimentopodem ter maisintegridade,sustentabilidade e impacto.

Para encomendar umexemplar, por favor,entre em contato comMargaret Johnson:

E-mail: [email protected]: www.cadeco.mw

Urban Health and DevelopmentBeverley Booth, Kiran Martin e Ted Lankester

Este é um manual prático para ser usadoem países em desenvolvimento, que cobretodos os tipos de questões que afetam asaúde urbana. Ele é repleto de informaçõesúteis para melhorar a qualidade de vidadas pessoas pobres nas áreas urbanas. Osexemplares deste livro podem ser obtidosgratuitamente pelos leitores da Passo aPasso. Por favor, entre em contato com aTALC (e mencione a Passo a Passo).

TALCPO Box 49, St Albans, Herts, AL1 5TXReino Unido

E-mail: [email protected]

Local literacies: theory and practiceGlenys Waters

Este livro fornece informações detalhadas epráticas sobre como planejar e organizarum programa de alfabetizaçãocomunitária. Ele examina como lidar comos obstáculos da língua, da cultura e dacomunicação e a necessidade de setrabalhar com a comunidade local comoparceira ativa no processo de alfabetização.Ele cobre teorias sobre a alfabetização econcentra-se no desenvolvimento de

Websites e contatos úteis

Actionaid Trabalha com a alfabetizaçãoadulta em muitos países.Web: www.actionaid.org.uk/787/reflect.html

Literacy and Adult Basic Education(LABE), Kampala, Uganda, trabalha com otreinamento em alfabetização e odesenvolvimento de programas na ÁfricaOriental.E-mail: [email protected]: LABE.8k.com

Asia South Pacific Bureau of AdultEducation (ASPBAE), sediado em Mumbai,Índia – uma rede de organizações nacionaise produtor de recursos.Web: www.aspbae.org

Literacy and Evangelism International,sediada nos EUA – trabalha por todo omundo, apoiando o trabalho da alfabetizaçãoeclesiástica.Web: www.literacyevangelism.org

SIL International Trabalha com centenasde línguas locais no mundo, produzindotraduções da Bíblia.Web: www.sil.org

UNESCO Organização da ONU, quepromove a educação e a alfabetização, commuitos artigos e recursos úteis para baixar(descarregar).Web: www.unesco.org/education

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RECURSOS

As pessoas que trabalham com o desenvolvimento da alfabetizaçãonas línguas locais em muitas comunidades pelo mundo desem-penham um papel pleno no plano de Deus para a humanidade. Isto é porque a alfabetização ajuda a assegurar a comunicação clara entreas pessoas e Deus, através da leitura da Bíblia, e entre as pessoas e opróximo.

• Qual é o elo entre a comunicação clara com o nosso próximo e amá-losassim como amamos a nós mesmos, de acordo com o mandamento deDeus?

Leia Gênesis 11:1-9

• Ao construírem a Torre de Babel, as pessoas queriam melhorar acomunicação entre Deus e si próprias ou desafiá-lo?

• Quais são as conseqüências?

Milhares de línguas diferentes são faladas por todo o mundo, muitasdas quais ainda não foram escritas. Os índices mais baixos de alfa-betização ocorrem nas comunidades em que a educação é realizada

somente em línguas estrangeiras. As pessoas, muitas vezes, já têmdificuldade para falá-las bem. Ler e escrever nestas línguas é aindapior. Nestas regiões, há muita ignorância, pobreza e doença entre aspessoas. Assim, os baixos índices de alfabetização coincidem com asregiões de baixo desenvolvimento. Contudo, Deus não criou aspessoas para que tivessem vidas infelizes na Terra.

• De que forma a literatura cristã nas línguas maternas ajuda as pessoas amelhor compreenderem o plano de Deus para nós?

A Tearfund, através dos seus parceiros, promove o uso das línguaslocais para a alfabetização e o desenvolvimento e incentiva as pessoasa trabalharem juntas na acção para aumentar este uso.

• Que papel estamos a desempenhar para ajudar com isto?

Noé Ngueffo é um lingüista, que trabalha com o Ministério da PesquisaCientífica e Técnica. Ele é o Coordenador da NACALCO, BP 8110, Yaoundé,Camarões.

ESTUDO BÍBLICO

Línguas e a comunicação: o plano de Deus para a humanidade Noé Ngueffo

produção de materiais e a monitorização ea avaliação, num só pacote de 12 volumes.Os materiais foram traduzidos e adaptadosem onze países da Ásia e do Pacífico. Paraobter mais informações, entre em contatocom:

APPEALUNESCO, PROAP920 Sukhumvit Road, Bangkok 10110Tailândia

E-mail: [email protected]: www.unescobkk.org/education/appeal/publicat.htm

The Right ChangeEste vídeo sobre oPrograma de Alfabe-tização e Desenvolv-imento da União deMães pode ser obtidoem DVD ou vídeo. Ele mostra como oprograma estátransformando asvidas dos alunos, dassuas famílias e das suas comunidades. Os exemplares podem ser obtidos por £7(libras esterlinas) cada, incluindo a remessapostal e a embalagem, através de:

Mothers’ Union, Mary Sumner House24 Tufton Street, London, SW1P 3RBReino Unido

E-mail: [email protected]

O pacote custa £23 (libras esterlinas),incluindo a remessa postal e a embalagem,e pode ser encomendado através da ActionAid.

E-mail: [email protected]

Matriz da REFLECTUma nova abordagem para aalfabetizaçao de adultosDavid Archer e Sarah Cottingham

Este manual baseia-se nas experiências dostrês projetos pilotos Reflect e contém idéiaspráticas sobre como usar as técnicasReflect. Ele pode ser baixado (descarregado)gratuitamente em inglês (sem gráficos) naseção de recursos (Resources) do website: www.reflect-action.org

O manual custa £29 (libras esterlinas),incluindo a remessa postal (£15 no ReinoUnido), e pode ser encomendado eminglês, português, bangla, espanhol efrancês. Para encomendá-lo, envie um e-mail para: [email protected]

APPEAL Training MaterialsA APPEAL elaborou uma ampla variedadede materiais de treinamento através deespecialistas em alfabetização da região doPacífico Asiático. Os materiais cobremtodos os elementos necessários para odesenvolvimento de programas dealfabetização, tais como a análise dasnecessidades, a elaboração do currículo, a

■ Escolha 30 frases de um artigo ou livro (dez frases consecutivas do início, do meio e do fim).

■ Faça um círculo em torno de todas as palavras que tenham três ou mais sílabas (separe cadapalavra no número de sons separados, para descobrir quantas sílabas ela tem. Por exemplo, apalavra legibilidade tem seis: le / gi / bi / li / da / de, e impresso tem três: im / pres / so).

■ Some o número total de palavras com três ou mais sílabas e descubra a pontuação SMOG natabela abaixo.

Esta tabela mostra o nível* (ou grau de leitura) SMOG de que uma pessoa precisa para compreendertotalmente o texto que está sendo avaliado. Uma pontuação de 10 ou menos é o nível que a maioriadas pessoas poderia compreender. Para os novos leitores, a pontuação deve ser o mais baixapossível.

*Este é calculado como a raiz quadrada mais próxima para o total de palavras circuladas, mais uma constante de três.

Para descobrir a fórmula SMOG

Número depalavras com três 91–110 73–90 57–72 43–56 31–42 21–30 13–20 7–12 1–6

ou mais sílabas

Pontuação SMOG 13 12 11 10 9 8 7 6 5

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ALFABETIZAÇÃO

PA S S O A PA S S O 62

Publicado pela: Tearfund, 100 Church Rd, Teddington, TW11 8QE, Reino Unido

Editora: Dra Isabel Carter, PO Box 200, Bridgnorth, Shropshire, WV16 4WQ, Reino Unido

Os funcionários da Tearfund passam uma boa parte do seu tempo revisando milhares de pedidos parafinanciamento, os quais não podemos apoiar. Istoafasta-os do trabalho importantíssimo de levar boasnovas aos pobres através das atuais parcerias. Por favor, observe que todas as propostas definanciamento serão rejeitadas, a menos que sejamprovenientes dos atuais parceiros da Tearfund.

A fórmula SMOG (veja o quadro) é ummétodo comum usado para medir alegibilidade dos materiais impressos. Elepode ser usado para diminuir o número depalavras com três ou mais sílabas, pois aspalavras mais curtas são mais fáceis de ler.

Descobrimos também três técnicas deedição muito úteis. Estas são: simplificar aspalavras técnicas, modificar a gramática elevar em consideração o contextosociocultural.

Simplifique as palavras técnicas Substitua ojargão ou os termos técnicos por palavrassemelhantes e mais simples ou explique-oscompletamente, se os leitores precisaremusá-los.

Modifique a gramática Retire os verbosdesnecessários e mantenha o mínimo deações possível na frase. Por exemplo:Os entrevistadores devem ser capazes dedemonstrar cordialidade, sinceridade e

familiaridade com o propósito e o histórico doestudo.

poderia ser simplificado assim:Os entrevistadores devem ser cordiais, sincerose estar familiarizados com o propósito e ohistórico do estudo.

Mude as frases com palavras negativaspara palavras positivas e elimine asnegativas duplas. Use a voz ativa, ao invésda passiva. Por exemplo:Escolha entrevistadores cordiais e sinceros.

Muitos substantivos juntos poderiam serapresentados na forma de uma lista. Porexemplo:Os componentes da entrevista são oplanejamento, a preparação, a formulação deperguntas, a apresentação da entrevista.

passaria a ser:As partes da entrevista são:Planejamento

PreparaçãoFormulação de perguntasApresentação da entrevista.

Contexto sociocultural Leve emconsideração o motivo para simplificar otexto e o público-alvo.

Nossos materiais revisados tinham de:

■ manter a teoria da promoção ecomunicação da saúde

■ usar termos técnicos usados pelosprofissionais da saúde

■ ser fáceis de entender sem seremcomplacentes

■ ser culturalmente neutros – substituindotermos evidentemente australianos oubritânicos (substituindo “o paciente estátão bem quanto um violino” por “opaciente está realmente bem”) ou quepudessem ter significados diferentes emdiferentes contextos culturais, étnicos ereligiosos.

Esperamos que a nossa experiência o ajudea preparar materiais tanto para a traduçãoquanto para pessoas recém alfabetizadas.

Nyomi Graef trabalha na Curtin University ofTechnology, e o Dr. Ross James é o diretor dosRecursos de Comunicação sobre a Saúde.

E-mail: [email protected]

Preparação de materiaispara a tradução

Estivemos envolvidos num projeto de tradução com o fim de fornecermateriais de treinamento para as pessoas que trabalham na área da saúde,para serem usados em programas de rádio. A nossa tarefa era preparar osmateriais originais em inglês para a tradução, tornando-os mais fáceis deler e compreender.

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Nyomi Graef e Ross James