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Por que Ano Internacional de Cooperação pela Água? Em dezembro de 2010 a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2013 o Ano Internacional das Nações Unidas de Cooperação pela Água, acatando a proposta do Tajiquistão. O Dia Mundial da Água, celebrado anualmente em 22 de março, será dedicado ao mesmo tema. A UNESCO* foi escolhida pela ONU-Água para coordenar o Ano e o Dia em razão do mandato multidimensional dessa Organização que contempla ciências naturais e sociais, cultura, educação e comunicação, além de seu envolvimento de longo prazo com programas que contribuem para o manejo sustentável de fontes de água potável no mundo. A água, essa incomparável fonte de vida, não tem fronteiras. Por exemplo, 148 países compartilham pelo menos uma bacia hídrica transfronteiriça. Na medida em que a rápida urbanização, as mudanças climáticas e as crescentes carências de alimentos exercem mais e mais pressão sobre as fontes de água doce, o objetivo do Ano é chamar atenção para os benefícios da cooperação no manejo de água. Ele servirá para destacar exemplos bem-sucedidos de cooperação pela água e para explorar questões centrais incluindo diplomacia pela água, manejo transfronteiriço de água e cooperação financeira. Site oficial * Em coordenação com a Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) e com o apoio do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA).

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Campanha da Unesco,2013 ano internacional de cooperação pela água

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Por que Ano Internacional de Cooperação pela Água? Em dezembro de 2010 a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2013 o Ano Internacional das Nações Unidas de Cooperação pela Água, acatando a proposta do Tajiquistão. O Dia Mundial da Água, celebrado anualmente em 22 de março, será dedicado ao mesmo tema. A UNESCO* foi escolhida pela ONU-Água para coordenar o Ano e o Dia em razão do mandato multidimensional dessa Organização que contempla ciências naturais e sociais, cultura, educação e comunicação, além de seu envolvimento de longo prazo com programas que contribuem para o manejo sustentável de fontes de água potável no mundo. A água, essa incomparável fonte de vida, não tem fronteiras. Por exemplo, 148 países compartilham pelo menos uma bacia hídrica transfronteiriça. Na medida em que a rápida urbanização, as mudanças climáticas e as crescentes carências de alimentos exercem mais e mais pressão sobre as fontes de água doce, o objetivo do Ano é chamar atenção para os benefícios da cooperação no manejo de água. Ele servirá para destacar exemplos bem-sucedidos de cooperação pela água e para explorar questões centrais incluindo diplomacia pela água, manejo transfronteiriço de água e cooperação financeira. Site oficial * Em coordenação com a Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) e com o apoio do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA). �

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O que é cooperação pela água?

Ao contrário do que frequentemente se pensa, bons exemplos de cooperação pela água ofuscam fortemente os conflitos relacionados a água. O Tratado da Água do Rio Indus assinado pela Índia e pelo Paquistão em 1960 sobreviveu a três grandes conflitos e vigora ainda hoje. O potencial da cooperação pela água é grande e seus benefícios, seja em termos de economia, sociedade ou meio ambiente, são consideráveis. Todos os sistemas hídricos são extremamente complexos, sejam sistemas de manejo em nível local ou nacional, bacias hidrográficas compartilhadas ou partes no ciclo hidrológico natural. O manejo desses sistemas demanda a ação de múltiplos atores, desde usuários e administradores a especialistas de várias áreas e tomadores de decisão. A cooperação é crucial não somente para garantir a distribuição sustentável e igualitária da água mas também para cultivar e manter relações pacíficas dentro de e entre comunidades. No nível governamental, diferentes ministérios podem cooperar e canalizar o conhecimento sobre o manejo de água para outros setores; no nível da comunidade, usuários podem cooperar por meio de associações de consumidores de água; no nível transfronteiriço, instituições de manejo conjunto podem ajudar a distribuir e proteger fontes compartilhadas; e no nível internacional, as várias agências da ONU podem trabalhar em conjunto para promover o manejo sustentável da água em todo o mundo. Os mecanismos de cooperação variam em termos de estruturas de tomada de decisão, níveis de participação e normas e regulamentações. Eles podem tomar forma de acordos informais ou instituições formais, e vão de simples troca de informação a mecanismos de manejo conjunto. Programa Hidrológico Internacional Do conflito potencial à cooperação potencial

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A UNESCO e a água A UNESCO desenvolveu uma série de entidades dedicadas à água desde que começou a lidar com questões relacionadas à água em 1956. O Programa Hidrológico Internacional (PHI), criado em 1975, foi a primeira iniciativa intergovernamental pela água doce do sistema das Nações Unidas. Esse programa conta com uma rede de 18 centros relacionados à água e 29 cátedras da UNESCO relacionadas à água; ele baseia-se em três caminhos: ciência hidrológica, educação e capacitação. Notavelmente, o programa Do Conflito Potencial à Cooperação Potencial (PCCP) opera dentro do PHI oferecendo apoio a usuários de fontes transfronteiriças com vistas a implementar o manejo conjunto e igualitário de seus recursos compartilhados. A família da água da UNESCO inclui outras entidades como o Instituto para Educação sobre a Água (UNESCO-IHE) em Delft (Holanda), o maior centro de pós-graduação em água no mundo. O Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos (WWAP) é um programa da ONU-Água acolhido pela UNESCO com secretariado em Perugia (Itália). O WWAP coordena a produção do Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento da Água, que analisa o estado dos recursos hídricos com a contribuição dos 31 membros da ONU-Água. A partir de 2014, o WWAP produzirá anualmente relatórios sobre água incluindo temas específicos, além de um relatório global a cada cinco anos. A implementação do Programa Hidrológico Internacional também baseia-se em programas e iniciativas transversais, alguns dos quais são gerenciados em conjunto com a Organização Meteorológica Mundial (WMO) ou a Universidade das Nações Unidas (UNU), tais como Hidrologia para o Meio Ambiente, Vida e Políticas (HELP), Regimes de Escoamento de Dados Internacionais Experimentais e de Rede (FRIEND) e Iniciativa Internacional sobre Enchentes (IFI).

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ONU-Água

A ONU-Água, um mecanismo interagencial que foi formalmente estabelecido em 2003 pelo Comitê de Alto Nível sobre Programas, é resultado de uma longa história de estreitas colaborações entre agências da ONU. Foi criada para agregar valor a iniciativas da ONU ao fomentar maior cooperação e compartilhamento de informações entre agências da ONU e parceiros externos. A ONU-Água concentra seus esforços em: Fornecer informações, resumos de políticas e outros materiais de comunicação para

decisores e administradores que lidam com questões relacionadas à água, direta ou indiretamente, e para o público em geral.

Construir uma base de conhecimentos sobre questões ligadas à água por meio de sistemas eficientes de monitoramento e relatório, e facilitando o acesso à informação por meio de relatórios regulares e disponibilidade online.

Oferecer uma plataforma para discussões por meio do sistema ONU para identificar desafios globais cruciais de manejo da água, analisar opções para enfrentar esses desafios e assegurar a disponibilidade de informações confiáveis e análises sólidas para dar forma ao debate de políticas globais sobre a água.

Hoje, a ONU-Água constitui-se de 31 membros do sistema ONU e 27 parceiros externos. A Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGA), em sua resolução A/RES/65/154 declarando 2013 o Ano Internacional de Cooperação pela Água, convida o secretário-geral, em cooperação com a ONU-Água, a organizar atividades adequadas ao Ano.

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Mensagens-chave para o Ano Internacional de Cooperação pela Água

A cooperação pela água é chave para a segurança, a erradicação da pobreza, a igualdade social e de gênero A governança inclusiva e participativa da água e a cooperação entre diferentes grupos de usuários pode ajudar a derrubar a desigualdade do acesso à água, aumentar a segurança da água e superar a escassez, assim contribuindo para erradicar a pobreza e melhorar as condições de vida e oportunidades educacionais principalmente de mulheres e crianças. A cooperação pela água gera benefícios econômicos Todas as atividades econômicas dependem da água. A cooperação pode levar ao uso mais eficiente e sustentável dos recursos hídricos, inclusive por meio de planos de manejo conjunto que gerem benefícios mútuos e melhores padrões de vida. A cooperação pela água é crucial para preservar os recursos hídricos e proteger o meio ambiente A cooperação pela água é a base do compartilhamento de conhecimentos relacionados aos aspectos científicos da água incluindo troca de informações e dados, estratégias de manejo e boas práticas e conhecimento sobre o papel da água na preservação de ecossistemas, fundamental para o bem-estar humano e para o desenvolvimento sustentável. A cooperação pela água gera paz O acesso à água pode ser fonte de conflito, mas também é catalisador de cooperação e construção da paz. A cooperação em uma questão tão prática e vital quanto o manejo da água pode ajudar a superar tensões culturais, políticas e sociais e pode fomentar a confiança entre diferentes grupos, comunidades, regiões ou estados.

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Principais eventos mundiais 11 de fevereiro – Encontro de inauguração na Sede da UNESCO, Paris (França) 22 de março – Dia Mundial da Água. Eventos em Haia (Holanda) e Nova Iorque (United Estados Unidos) Maio – 2a Cúpula da Água da Ásia-Pacífico, Bangkok (Tailândia) 1-6 de setembro –Semana Mundial da Água, Estocolmo (Suécia) Setembro – Conferência sobre Cooperação pela Água no Tajiquistão 8-11 de outubro – Cúpula da Água 2013 em Budapeste (Hungria)

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Fatos e números relacionados ao Dia Mundial da Cooperação pela Água

Demanda crescente 85% da população mundial vivem na metade mais seca do planeta. 780 milhões de pessoas não têm acesso à água limpa e quase 2,5 bilhões não têm acesso a saneamento adequado. De seis a oito milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de desastres e doenças relacionados à água. Várias estimativas indicam que, baseando-se em negócios como é de costume, por volta de 3,5 Terras seriam necessárias para sustentar uma população global usufruindo do mesmo estilo de vida de um europeu ou estadunidense médio. O crescimento da população global previsto de 2-3 bilhões de pessoas nos próximos 40 anos, combinado a mudanças de alimentação, resulta em um aumento de demanda por alimentos projetado em 70% até 2050. Mais da metade da população do mundo vive em áreas urbanas, e o número de moradores de cidades aumenta a cada dia. As áreas urbanas, embora estejam mais bem-servidas do que as áreas rurais, lutam para dar conta do crescimento populacional (OMS; UNICEF, 2010). Com o aumento esperado da população, até 2030, a demanda por alimentos deve aumentar em 50% (70% até 2050) (BRUINSMA, 2009), enquanto a demanda por energia hidrelétrica e de outras fontes renováveis aumentará em 60% (WWAP, 2009). Essas questões são interconectadas – um aumento da produção agrícola, por exemplo, aumentaria substancialmente o consumo tanto de água quanto de energia, levando a uma disputa cada vez maior entre setores consumidores de água. A disponibilidade de água deve diminuir em várias regiões. No entanto, estima-se que o consumo global de água na agricultura deve aumentar por volta de 19% até 2050, e será ainda maior caso não haja progresso tecnológico ou intervenção de novas políticas.

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Água para irrigação e produção de alimentos constitui uma das maiores pressões sobre os recursos hídricos. A agricultura é responsável por mais ou menos 70% da retirada de água doce global (até 90% em algumas economias em crescimento acelerado). A mudança de hábitos alimentares predominantemente baseados em carne e laticínios é o que tem maior impacto sobre o consumo de água. A produção de 1 kg de arroz, por exemplo, demanda mais ou menos 3.500L de água, 1kg de carne bovina demanda mais ou menos 15.000L (HOEKSTRA; CHAPAGAIN, 2008). Essa mudança na alimentação representa o maior impacto no consumo de água dos últimos 30 anos, e provavelmente continuará a ocorrer para além da metade do século XXI (FAO, 2006). Em torno de 66% do território da África é árido ou semiárido e mais de 300 das 800 milhões de pessoas na África subsaariana vivem em um ambiente com escassez de água – o que significa que dispõem de menos de 1.000m3 per capita (NEPAD, 2006).

O impacto da mudança climática O IPCC prevê que a crise da água aumentará na Europa central e do sul, e que, até os anos 2070, o número de pessoas afetadas por ela aumentará de 28 a 44 milhões. Os cursos de água no verão devem baixar até 80% no sul da Europa e em algumas partes da Europa central e do leste. O custo de adaptação aos impactos de um aumento de 2oC na temperatura média global pode alcançar de US$70 a 100 bilhões por ano entre 2020 e 2050 (WORLD BANK, 2010). Desse custo, entre US$13,7 bilhões (cenário mais seco) e US$19,2 bilhões (cenário menos seco) serão relacionados à água, predominantemente por meio de abastecimento de água e gestão de cheias. Um recurso sem fronteiras A água não está confinada a fronteiras políticas. Estima-se que 148 Estados tenham bacias internacionais em seu território. Existem 276 bacias hidrográficas transfronteiriças na África, 60 na Ásia, 68 na Europa, 46 na América do Norte e 38 na América do Sul. 185 das 276 bacias hidrográficas transfronteiriças, quase dois terços, são compartilhadas por dois países. 256 são compartilhadas por 2, 3 ou 4 países (92,7%), e 20 por cinco ou mais países (7,2%), o máximo sendo 18 países que compartilham a mesma bacia hidrográfica transfronteiriça (do rio Danúbio). A Federação Russa compartilha 30 bacias hidrográficas transfronteiriças com países ripários, Chile e Estados Unidos 19, Argentina e China 18, Canadá 15, Guiné 14, Guatemala 13 e França dez.

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A África tem por volta de um terço das maiores bacias hidrográficas internacionais do mundo. Virtualmente todos os países da África subsaariana, juntamente com o Egito, compartilham pelo menos uma bacia hidrográfica internacional. Dependendo de como se faz a contagem, existem entre 63 (UNEP, 2010) e 80 (UNECA, 2000) bacias hidrográficas e lacustres transfronteiriças no continente africano. A maioria das nações ricas está mantendo ou aumentando seu consumo de recursos naturais (WWF, 2010), mas está exportando suas pegadas para nações produtoras, tipicamente mais pobres. As populações europeia e norte-americana consomem uma quantidade considerável de água virtual embutida em comida e produtos importados. Cada pessoa na América do Norte e na Europa (excluindo os países da ex-União Soviética) consome pelo menos 3m3 por dia de água virtual em alimentos importados, em comparação a 1,4 m3 por dia na Ásia e 1,1m3 por dia na África (ZIMMER; RENAULT, s.d.). A apropriação de terra também é outro fenômeno cada vez mais comum. A Arábia Saudita, um dos maiores produtores de cereais do Oriente Médio, anunciou que cortaria a produção de cereais em 12% ao ano para reduzir o uso não-sustentável de águas subterrâneas. Para proteger a segurança da água e dos alimentos, o governo saudita lançou incentivos a corporações para arrendar grandes pedaços de terra na África para a produção agrícola. Ao investir na África para produzir suas lavouras usuais, a Arábia Saudita economiza o equivalente a centenas de milhões de galões de água por ano e reduz a taxa de esgotamento de seus aquíferos fósseis. Quase todos os países árabes sofrem de escassez de água. Estima-se que 66% da água doce de superfície disponível na região árabe origina-se fora dela. A poluição também não tem fronteiras. Até 90% da água de saneamento em países em desenvolvimento é escoada sem tratamento para rios, lagos e zonas costeiras altamente produtivas, colocando em risco a saúde, a segurança alimentar e o acesso a água potável e adequada para banho. 85% da água usada mundialmente não é coletada ou tratada, de 83 a 90% em países em desenvolvimento. Cooperação, uma realidade contrastante Existem numerosos exemplos em que águas transfronteiriças provaram ser geradoras de cooperação. Aproximadamente 450 acordos sobre águas internacionais foram firmados entre 1820 e 2007 (OSU, 2007). Mais de 90 acordos internacionais sobre águas foram arquitetados para ajudar a gerir bacias hidrográficas compartilhadas no continente africano (UNEP, 2010). No entanto, 60% das 276 bacias hidrográficas internacionais no mundo não têm nenhum tipo de arranjo cooperativo para seu manejo (DE STEFANO et al., 2010).

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A ONU-Água conduziu uma prospecção global em 2011 para determinar o progresso do manejo sustentável de recursos hídricos usando abordagens integradas. Resultados preliminares da análise de dados de mais de 125 países mostram que houve adoção generalizada de abordagens integradas com impacto significativo sobre o desenvolvimento e o manejo de água em nível de país: 64% dos países desenvolveram planos de manejo integrado de recursos hídricos (IWRM – integrated water resources management), tal como o requerido no Plano de Implementação de Joanesburgo, e 34% relatam estágio avançado de implementação. No entanto, o progresso parece ter desacelerado em países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio e baixo desde a pesquisa de 2008. Fonte: Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos, 2012.

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Práticas de cooperação pela água Compartilhamento de água, potencial fonte de conflito A competição pela água levou ao aumento de conflitos pela água na China, particularmente durante as duas últimas décadas. Os conflitos nacionais predominam desde 1990, com mais de 120 mil disputas por água somente na China durante esse período. O conflito direto surge mais comumente em nível local e é geralmente causado pela construção de uma represa, direitos ambíguos de retirada de água ou deterioração da qualidade da água.* Alguns pesquisadores acreditam que entre 70% e 80% dos conflitos rurais no Iêmen sejam pela água. A situação é afetada por uma população crescente, pela má gestão da água, pela prospecção ilegal e pelo influxo de refugiados da Somália. O conflito é exacerbado pelo fato de que o Iêmen é um dos países com maior escassez de água no mundo.* Exemplos de resolução pacífica de conflitos relacionados à água O Tribunal da Água de Valência Toda quinta-feira ao meio-dia na praça da catedral de Valência (Espanha), à primeira badalada das doze do sino, um “alguacil” ou condestável sai de um prédio vizinho. Acompanham-no oito homens vestidos com longas camisas pretas tradicionalmente usadas por fazendeiros da região. Eles são membros da ancestral instituição Tribuna del Agua. Em audiências públicas, o tribunal decide disputas pela distribuição de água entre oito canais que irrigam os 17.000 hectares de terras dos pomares onde se cultiva frutas cítricas, arroz, uvas e pêssegos para os mercados espanhóis e internacionais. Ele foi inscrito na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. Sabedoria sobre água de Valência, artigo do UNESCO Courier O conselho dos homens sábios

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Lago Titicaca Há vinte anos, a Bolívia e o Peru criaram a Autoridade Autônoma Binacional do Lago Titicaca em reconhecimento à importância do manejo conjunto do lago. Essa instituição tem o objetivo de dissolver potenciais conflitos relacionados à água e fomentar a cooperação. Tratado para a Bacia do Dniester Em novembro de 2012, a República da Moldávia e a Ucrânia assinaram o Tratado Bilateral pela Cooperação sobre a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Dniester. O novo tratado identifica princípios e fornece um modelo para cooperação em controle e prevenção de poluição da água, regulação do fluxo de água e conservação da biodiversidade. Conselho Ministerial da Água dos Países Árabes Os Estados Árabes estão usando vários mecanismos de cooperação para gerir seus recursos hídricos compartilhados em uma região de problemas relacionados à água, e um deles é o Conselho Ministerial da Água. Sua primeira sessão ministerial ocorreu em Junho de 2009 em Argel. O conselho definiu, então, sua estratégia para 2010-2030. Bacia do Rio Mekong A Bacia do Rio Mekong ilustra as complexas relações entre estados e a rivalidade entre instituições relacionadas à água. Conflitos transfronteiriços pela água foram contidos, em geral, nessa bacia, mas o aumento da escassez de água devido a fatores ambientais e de desenvolvimento pode minar esse equilíbrio frágil no futuro. Comissão Conjunta entre Canadá e Estados Unidos O Canadá e os Estados Unidos da América compartilham várias bacias hidrográficas e alguns dos maiores lagos do mundo. Estabelecida sob o Tratado de Águas Fronteiriças de 1909 entre EUA e Canadá, A Comissão Conjunta Internacional ajuda os governos dos dois países a encontrar soluções para o manejo de suas águas compartilhadas. Uma rede de expertise na Bacia do Nilo A Iniciativa Socioeconômica e Projeto de Compartilhamento de Benefícios (2010) da Bacia do Nilo busca construir uma rede de profissionais, especialistas, representantes dos setores público e privado, acadêmicos e sociólogos de toda a bacia para explorar planos de compartilhamento de benefícios.

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O Tratado da Água do Rio Indus O Tratado da Água do Rio Indus, assinado entre Paquistão e Índia em 1960, sobreviveu a três grandes conflitos e permanece válido hoje em dia. O Aquífero Guarani O Aquífero Guarani é compartilhado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Em agosto de 2010, os presidentes dos quatro países assinaram um acordo de cooperação para ampliação do conhecimento sobre o aquífero e identificação de áreas críticas. Os quatro países comprometeram-se em promover a conservação e proteção ambiental do Aquífero Guarani para garantir o uso igualitário de seus recursos hídricos. * Fonte: Relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos, março de 2012 Mais informações sobre o programa Do Conflito Potencial à Cooperação Potencial (PCCP) Cronologia de conflitos pela água em todo o mundo Base de dados sobre águas transfronteiriças, acordos internacionais e eventos relacionados à água

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Cooperação pela água - Bibliografia Artigos

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