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1 Especialização em Nefrologia Muldisciplinar UNIDADE 3 NUTRIÇÃO PARA A PREVENÇÃO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA ESPECIALIZAÇÃO EM NEFROLOGIA MULTIDISCIPLINAR MÓDULO 7 - NUTRIÇÃO E DOENÇAS RENAIS ANA KARINA TEIXEIRA DA CUNHA FRANÇA SÍLVIA TEREZA DE JESUS RODRIGUES MOREIRA LIMA

unidade - repocursos.unasus.ufma.brrepocursos.unasus.ufma.br/nefro_20142/modulo_7/und3/media/pdf/... · POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

unidade3nuTRiÇÃO PaRa a PReVenÇÃO da dOenÇa RenaL CRÔniCa

eSPeCiaLiZaÇÃO eM neFROLOGia MuLTidiSCiPLinaRMóduLO 7 - nuTRiÇÃO e dOenÇaS RenaiSana KaRina TeiXeiRa da CunHa FRanÇaSÍLVia TeReZa de JeSuS ROdRiGueS MOReiRa LiMa

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

eSPeCiaLiZaÇÃO eM neFROLOGia MuLTidiSCiPLinaR

MóduLO 7 - nuTRiÇÃO e dOenÇaS RenaiS

ana KaRina TeiXeiRa da CunHa FRanÇaSÍLVia TeReZa de JeSuS ROdRiGueS MOReiRa LiMa

unidade3

NEFROLOGIA

nuTRiÇÃO PaRa a PReVenÇÃO da dOenÇa RenaL CRÔniCa

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

AUTOR

ana KaRina TeiXeiRa da CunHa FRanÇaPossui graduação em nutrição pela universidade Federal de Pernambuco (1995), residência em nutrição Clínica no Hospital das Clínicas - uFPe (1998), especialização em nutrição Clínica pela união de ensino Superior do iguaçu - uniGuaÇu (2004), mestrado em docência do ensino Superior pela Faculdade do Maranhão (2005) e em Saúde Coletiva pela universidade Federal do Maranhão-uFMa (2008), e doutorado em Saúde Coletiva pela mesma universidade (2013). atualmente é professora adjunta i da uFMa, desenvolvendo atividades de ensino na área de nutrição e dietética.

SÍLVia TeReZa de JeSuS ROdRiGueS MOReiRa LiMaPossui graduação em nutrição pela universidade Federal de Pernambuco (uFPe), licenciatura em nutrição pela universidade estadual do Maranhão (ueMa), especialização em Saúde Pública pela universidade de Ribeirão Preto (unaeRP) e em nutrição Humana e Saúde pela universidade Federal de Lavras (uFLa), mestrado em Ciências da Saúde pela universidade Federal do Maranhão (uFMa) e doutorado em Fisiopatologia Clínica e experimental pela universidade do estado do Rio de Janeiro (ueRJ). atualmente é professora adjunta i da uFMa. Tem experiência na área de nutrição, atuando principalmente nos seguintes temas: avaliação nutricional, desnutrição, câncer, obesidade , perfil antropométrico, hipertensão e doenças cardiovasculares.

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Coordenação Geralnatalino Salgado Filho

Coordenação adjuntaChristiana Leal Salgado

Coordenação PedagógicaPatrícia Maria abreu Machado

Coordenação de TutoriaMaiara Monteiro Marques Leite

Coordenação de Hipermídia e Produção de Recursos educacionaiseurides Florindo de Castro Júnior

Coordenação de eadRômulo Martins França

Coordenação CientíficaFrancisco das Chagas Monteiro Junior

João Victor Leal Salgado

eQuiPe TÉCniCa dO CuRSO

Coordenação interinstitucionalJoyce Santos Lages

Coordenação de Conteúdodyego J. de araújo Brito

Supervisão de Conteúdo de enfermagemGiselle andrade dos Santos Silva

Supervisão de avaliação, Validação e Conteúdo MédicoÉrika C. Ribeiro de Lima Carneiro

Supervisão de Conteúdo MultiprofissionalRaissa Bezerra Palhano

Supervisão de ProduçãoPriscila andré aquino

Secretaria GeralJoseane de Oliveira Santos

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

O Curso de especialização em nefrologia Multidisciplinar tem como objetivo promover a capacitação de profissionais da saúde no âmbito da atenção primária, visando o cuidado integral e ações de prevenção à doença renal. Busca, ainda, desenvolver e aprimorar competências clínicas/gerenciais na prevenção e no tratamento do usuário do SuS que utiliza a Rede assistencial de Saúde.

Este curso faz parte do Projeto de Qualificação em Nefrologia Multidisciplinar da una-SuS/uFMa, em parceria com a Secretaria de atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SaS/MS), a Secretaria de Gestão do Trabalho e da educação na Saúde (SGTeS/MS) e o apoio do departamento de epidemiologia e Prevenção de doença Renal da Sociedade Brasileira de nefrologia.

essa iniciativa pioneira no Brasil contribuirá também para a produção de materiais instrucionais em nefrologia, de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, disponibilizando-os para livre acesso por meio do acervo de Recursos educacionais em Saúde - aReS. esse acervo é um repositório digital da una-SuS que contribui com o desenvolvimento e a disseminação de tecnologias educacionais interativas.

O modelo pedagógico enquadra-se na modalidade de educação a distância (ead), que possibilita o acesso ao conhecimento, mesmo em locais mais remotos do país, e integra profissionais de nível superior que atuam nos diversos dispositivos de saúde. estamos associando tecnologias educacionais interativas e os recursos humanos necessários para disponibilizar a você, nosso discente, materiais educacionais de alta qualidade, que facilitem e enriqueçam a dinâmica de ensino-aprendizagem.

esperamos que você aproveite todos os recursos produzidos para este curso.

Abrace esse desafio e seja bem-vindo!

Profª. Dra. Ana Emília Figueiredo de OliveiraCoordenadora Geral da una-SuS/uFMa

Prof. Dr. Natalino Salgado Filho Coordenador do Curso de especialização em nefrologia Multidisciplinar da una-SuS/uFMa

O CURSO

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Produçãoeditor GeralChristiana Leal Salgadoeurides Florindo de Castro JúniorHudson Francisco de assis Cardoso Santos

Revisão TécnicaChristiana Leal SalgadoPatrícia Maria abreu Machadoerika Cristina Ribeiro de Lima Carneiro

Revisão OrtográficaJoão Carlos Raposo Moreira

Projeto GráficoMarcio Henrique Sá netto Costa

Colaboradoresantonio Paiva da Silvaantonio Pedro aragãoCamila Santos de Castro e LimaHanna Correa da SilvaJoão Gabriel Bezerra de PaivaLuan Passos CardosoPaola Trindade GarciaPriscila aquinoRaissa Bezerra PalhanoTiago Serra

Copyright @uFMa/una-SuS, 2011. Todos os diretos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou para qualquer fim comercial. a responsabilidade pelos direitos autorais dos textos e imagens desta obra é da una-SuS/uFMa.

unidade una-SuS/uFMa: Rua Viana Vaz, nº 41, CeP: 65020-660. Centro, São Luís - Ma..Site: www.unasus.ufma.br

Esta obra recebeu apoio financeiro do Ministério da Saúde.

Normalizaçãoeudes Garcez de Souza Silva CRB 13ª Região nº Registro - 453

Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA

Nutrição para a prevenção da doença renal crônica./Ana Karina Teixeira da Cunha França; Sílvia Tereza de Jesus Rodrigues Moreira Lima - São Luís, 2015.

45f.: il.

1. Doença renal crônica. 2. Sistema Único de Saúde. 3. Saúde pública. 4. UNASUS/UFMA. I. Oliveira, Ana Emília Figueiredo de. II. Salgado, Christiana Leal. III. Carneiro, Érika Cristina Ribeiro de Lima. IV. Salgado Filho, Natalino. V. Machado,Patrícia Maria Abreu. VI. Título.

CDU 616.61

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a),

a adoção de hábitos alimentares saudáveis tem sido uma das medidas mais importantes para a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, incluindo a doença renal crônica (dRC).

Portanto, nesta unidade vamos conhecer as principais estratégias nutricionais para a prevenção e controle da dRC nos grupos de risco e na população em geral.

Para este estudo, serão abordadas as diretrizes alimentares para uma alimentação adequada, apresentação da dieta daSH, bem como os alimentos mais adequados para a composição de um plano alimentar que visa a prevenção e controle do diabetes mellitus, hipertensão arterial, doença renal crônica e doenças cardiovasculares.

Para isso, você terá à sua disposição os recursos necessários para seu aprendizado.

aproveite-os e bons estudos!

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

APRESENTAÇÃO

OBJETIVOS

• Capacitar o profissional para realização adequada das orientações nutricionais para a prevenção da doença renal crônica.

• Conhecer as principais estratégias nutricionais para a prevenção da doença renal crônica nos grupos de risco.

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Categorias de Taxa de Filtração Glomerular (TFG) na dRC .....21Quadro 2- diretrizes para uma alimentação saudável ....................................24Quadro 3- Participação dos macronutrientes para uma dieta saudável ..26Quadro 4- Como recomendar uma dieta ao estilo daSH .............................31Quadro 5- dicas para reduzir o sódio na dieta ..................................................32Quadro 6- Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de

diabetes mellitus e seus estágios pré-clínicos .............................34Quadro 7- Composição nutricional do plano alimentar indicado para

portadores de diabetes mellitus ........................................................35Quadro 8- ingestão diária aceitável de edulcorantes ......................................37

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA

ada - american diabetic associationaGS - Ácido graxo saturadoaGT - Ácido graxo transdaSH - dietary approachs to Stop HypertensiondCnT - doenças crônicas não transmissíveisdCV - doenças cardiovascularesdM - diabetes MellitusdRC - doença renal crônicadRd - doença renal do diabetesdRi´s - dietary Reference intakesFG - Filtração glomerularHaS - Hipertensão arterial sistêmicaHiperdia - Sistema de Cadastramento e acompanhamento de Hipertensos

e diabéticosida - ingestão diária aceitáveliMC - Índice de massa corporaliSn - international Society of nephrologyiFKF - international Federation of Kidney FoundationKcal - QuilocaloriasMS - Ministério da SaúdenaCl - Cloreto de sódiond - nefropatia diabética

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nKF - national Kidney FoundationOMS - Organização Mundial de SaúdePa - Pressão arterialPad - Pressão arterial diastólicaPaS - Pressão arterial sistólicaPnan - Política nacional de alimentação e nutriçãoPOF - Pesquisa de Orçamentos FamiliaresSBC - Sociedade Brasileira de CardiologiaSBd - Sociedade Brasileira de diabetesSBH - Sociedade Brasileira de HipertensãoSBn - Sociedade Brasileira de nefrologiaSuS - Sistema Único de SaúdeTFG - Taxa de filtração glomerularTRS - Terapia renal substitutivaWHO - World Health OrganizationVeT - Valor energético total

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SUMÁRIO UNIDADE 3 ...................................................................................19

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................21

2 FATORES DE RISCO PARA DOENÇA RENAL CRÔNICA ............22

3 ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO DA DRC ............................... 23

3.1 Alimentação adequada e saudável ............................................ 23

3.2 Controle de peso..........................................................................27

3.3 Atividade física ............................................................................28

3.4 Álcool ............................................................................................29

3.5 Controle estrito da hipertensão arterial e da glicemia............29

3.5.1 Prevenção e controle rigoroso da hipertensão arterial .................... 30

3.5.2 Prevenção e controle rigoroso do diabetes mellitus ......................... 33

REFERÊNCIAS ............................................................................... 41

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

UNIDADE 3

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

1 inTROduÇÃO

a doença renal crônica (dRC) é caracterizada pela perda gradual e irreversível da função dos rins (LuGOn, 2009). Tendo grande impacto na vida dos pacientes, nos serviços de saúde e na sociedade (TinG et al., 2009).

Vamos relembrar a classificação da DRC?A DRC foi classificada em estágios funcionais, de acordo com a taxa de

filtração glomerular (TFG) do indivíduo e a gravidade da doença.- No estágio 1, o indivíduo apresenta lesão renal com filtração glomerular

(FG) preservada;- no estágio 2, há lesão renal com leve diminuição da FG;- nos demais estágios, podem se manifestar sinais e sintomas de dRC

(ROMÃO, 2004).- a terapia renal substitutiva (TRS) geralmente é instituída no estágio 5,

quando a FG é inferior a 15 mL/min/1,73m² (naTiOnaL KidneY FOundaTiOn, 2002)

na tabela 1, você observa o estadiamento da doença renal crônica (dRC).Tabela 1 - Categorias de Taxa de Filtração Glomerular (TFG) na dRC.

Categoria TFG TFG (ml/min/1,73m²) TermoG1 >90 normal ou altoG2 60-89 Levemente diminuídoG3a 45-59 Leve a moderamente diminuídoG3b 30-44 Moderado a severamente

diminuídoG4 15-29 Severamente diminuídoG5 <15 Falência renal

Referência: naTiOnaL KidneY FOundaTiOn. K/dOQi Clinical Practice Guideline for the evaluation and Management of Chronic Kidney disease. Kidney International Supplements, v. 3, n. 1, p. 5-150, 2012.

deste modo, a dRC vem assumindo importância global, em virtude do exponencial aumento dos casos registrados nas últimas décadas (naTiOnaL KidneY FOundaTiOn, 2007). Por muito tempo, sua prevalência foi amplamente subestimada e, a partir do final do século passado, estudos populacionais revelaram que essa prevalência era mais elevada do que se pensava anteriormente (KiRSZTaJn; BaSTOS, 2007).

no Brasil, segundo dados do último censo da Sociedade Brasileira de nefrologia (2013), existem em torno de 100.000 pacientes em tratamento dialítico, sendo 84% dos custos financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que representou gasto de 1,9 bilhão de reais em 2011 para os cofres públicos (BRaSiL, 2012). Sociedade Brasileira de Nefrologia

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nos estágios iniciais da dRC, ainda são escassos os estudos nacionais, entretanto, a SBn estima para a população brasileira uma prevalência de aproximadamente dez milhões de indivíduos. Vale destacar que a prevalência da dRC é menor que a observada por outros países, o que sugere que seja uma doença subdiagnosticada no nosso meio e que a grande maioria dos pacientes falece sem sequer ter acesso à terapia dialítica por falta de diagnóstico (SOCiedade BRaSiLeiRa de neFROLOGia, 2013b).

assim, ao lado do atendimento de média e alta complexidade do paciente que já desenvolveu a dRC, é necessário o aperfeiçoamento da atenção primária, a fim de que sejam reduzidos a incidência de pacientes renais crônicos e os custos para o sistema de saúde (BRaSiL, 2004).

não se sabe ainda quantos pacientes com dRC evoluirão para o último estágio e quais pacientes apresentam maior risco de necessitar de TRS, mas as intervenções que diminuem ou estabilizam a progressão da dRC terão maior impacto se forem implementadas precocemente (BaSTOS; KiRSZTaJn, 2011).

embora os critérios para diagnóstico de dRC estejam agora bem mais claros, a maioria dos pacientes com esta doença é identificada ou tratada com atraso considerável (SALGADO et al., 2010). Nesse sentido, a identificação de grupos de risco para desenvolver dRC é fundamental para dirigir as ações de saúde com eficácia e eficiência (SALGADO, 2009).

2 FaTOReS de RiSCO PaRa dOenÇa RenaL CRÔniCa

a dRC é determinada por interações complexas e seus fatores de risco são divididos em modificáveis e não modificáveis (LEVIN, 2001):

Fatores modificáveis Fatores não modificáveisHiperglicemia idade

Pressão arterial elevada SexoProteinúria Raça

distúrbios metabólicos diabetes

anemia e dislipidemia História familiar de doença renal

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

entre esses fatores, a hipertensão arterial sistêmica (HaS) e o diabetes mellitus (dM) têm grande relevância, pois, no Brasil, constituem os principais fatores de risco para a dRC e são os maiores responsáveis pelos pacientes em terapia dialítica (SBn, 2013). além disso, a presença da obesidade, dislipidemia e tabagismo aceleram a sua progressão (BRaSiL, 2006).

3 eSTRaTÉGiaS PaRa PReVenÇÃO da dOenÇa RenaL CRÔniCa

a prevenção da dRC deve ser implementada por uma equipe multiprofissional no nível de atenção básica à saúde. além de medidas universais de promoção da saúde, como combate ao fumo, ao álcool, ao sedentarismo e à obesidade, a prevenção da dRC pode ser alcançada por meio do controle estrito da glicemia e da pressão arterial nos indivíduos diabéticos e hipertensos, respectivamente (CuPPaRi, 2013).

3.1 alimentação adequada e saudável a adoção de práticas alimentares saudáveis é uma das medidas que pode

contribuir para a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis (dCnT), incluindo a dRC (CuPPaRi, 2013).

O Ministério da Saúde, por meio da Política nacional de alimentação e nutrição (Pnan), lançou o Guia alimentar para a População Brasileira, que tem como objetivo orientar a população a ter uma alimentação saudável e fazer escolhas alimentares mais adequadas, além de conter as primeiras diretrizes alimentares oficiais para a prevenção de DCNT e DRC (BRASIL, 2008). Assim, este Guia alimentar inclui sete diretrizes alimentares e duas diretrizes especiais, conforme o quadro 2.

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Quadro 2 – diretrizes para uma alimentação saudável

diretriz 1 - Os alimentos saudáveis e as refeições

LEITELEITELEITE

- Consuma diariamente alimentos como cereais integrais, frutas, legumes e verduras, leite e derivados, feijões e carnes magras, aves ou peixes.- diminua o consumo de frituras e alimentos que contenham elevada quantidade de açúcares, gorduras e sal.- Valorize a sua cultura alimentar e os alimentos regionais.

- Saboreie refeições variadas, ricas em alimentos regionais saudáveis e disponíveis na sua comunidade.- escolha os alimentos mais saudáveis, lendo as informações nutricionais nos rótulos dos alimentos.diretriz 2 - Cereais, tubérculos e raízes

- Consuma diariamente seis porções do grupo do arroz, pães, massas, tubérculos e raízes. dê preferência aos grãos integrais.

diretriz 3 - Frutas, legumes e verduras- Consuma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três ou mais porções de frutas nas sobremesas e lanches.- Valorize os produtos regionais e varie o tipo de frutas, legumes e verduras consumidos na semana.- Compre os alimentos da estação e esteja atento para sua qualidade e estado de conservação.

diretriz 4 - Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteína

- Consuma uma porção de feijão por dia. Varie os tipos de feijões usados (preto, carioquinha, verde, de corda, branco e outros) e as formas de preparo. use também outros tipos de leguminosas (soja, grão de bico, ervilha, lentilha e fava).- Coma feijão com arroz na proporção de uma parte de feijão para duas partes de arroz. esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e bom para a saúde.

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

diretriz 5 - Leite e derivados, carnes e ovos

- Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, peixes ou ovos. - Os adultos, sempre que possível, devem escolher leite e derivados com menores quantidades de gorduras, enquanto que as crianças, adolescentes e mulheres gestantes devem consumi-los na forma integral.- Consuma carnes magras, dando preferência ao frango

e peixe. Retire a pele e toda a gordura aparente antes da preparação.- Os derivados de carne (charque, salsicha, linguiça, presuntos e outros embutidos) contêm, em geral, excesso de gorduras e sal e devem ser consumidos ocasionalmente.diretriz 6 - Gorduras, açúcares e sal

- Reduza o consumo de alimentos e bebidas com grande quantidade de gorduras, açúcares e sal. - Consulte a tabela de informação nutricional dos rótulos dos alimentos e compare-os para ajudar na escolha de alimentos mais saudáveis. escolha aqueles com menores percentuais de gorduras, açúcares e sódio.- use pequenas quantidades de óleo vegetal quando cozinhar. escolha preparações assadas, cozidas, ensopadas e grelhadas. evite frituras.- Consuma diariamente não mais que uma porção do grupo dos açúcares e doces e uma porção de óleos vegetais, azeite ou margarina sem ácidos graxos trans.

- Reduza a quantidade de sal nas preparações e evite o uso do saleiro na mesa. a quantidade de sal por dia deve ser de uma colher de chá rasa por pessoa, no máximo, distribuída em todas as preparações consumidas durante o dia.- Valorize o sabor natural dos alimentos. acentue o sabor de alimentos cozidos e crus utilizando ervas frescas ou secas ou suco de frutas como tempero.- utilize o sal iodado, mas reduza a quantidade.diretriz 7 – Água

- Use água tratada ou filtrada e fervida para beber e para preparar refeições e sucos ou outras bebidas.- Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições.

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diretriz especial 1 - atividade física

- Torne o seu dia a dia e seu lazer mais ativos. acumule pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias.- Movimente-se. descubra um tipo de atividade física agradável. O prazer é também fundamental para a saúde. Caminhe, dance, ande de bicicleta, jogue bola, brinque com as crianças.

diretriz especial 2 - Qualidade sanitária dos alimentos

Siga as normas básicas de higiene na hora da compra, da preparação, da conservação, da manipulação e do consumo de alimentos.

Fonte: BRaSiL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde. Guia alimentar para a

população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, dF: Ministério da Saúde, 2008. 210 p. (Série a. normas e Manuais Técnicos). disponível em: <http://goo.gl/s7aTFx>

SAIBA MAIS!Vamos conhecer um pouco mais sobre as diretrizes alimentares para

a população brasileira! acesse: http://goo.gl/elcgGs

além das diretrizes estabelecidas pelo Pnan, o Guia alimentar para a População Brasileira está em concordância com a proposta de estratégia Global para Promoção da alimentação Saudável, atividade Física e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS), que estabelece a participação dos macronutrientes (quadro 3) e consumo de colesterol total inferior a 300mg/dia e de sódio < 2,0g/dia, equivalente a 5 g de cloreto de sódio ou sal de cozinha. (BRaSiL, 2008; SBC; SBH; SBn, 2010).

Quadro 3 - Participação dos macronutrientes para uma dieta saudável.

Carboidratos totais: 55% a 75% do valor energético total (VeT). desse total, 45% a 65% devem ser provenientes de carboidratos complexos e fibras e menos de 10% de açúcares livres (ou simples), como açúcar de mesa, refrigerantes e sucos artificiais, doces e guloseimas em geral.

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

Gorduras: 15% a 30% do VeT da alimentação. as gorduras (ou lipídios) incluem uma mistura de substâncias com alta concentração de energia (óleos e gorduras), que compõem, em diferentes concentrações e tipos, alimentos de origem vegetal e animal. São componentes importantes da alimentação humana, contudo, o consumo excessivo de gorduras saturadas, ou seja, as de origem animal, está relacionado a várias doenças crônicas não transmissíveis (doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, entre outras). a gordura saturada não deve ultrapassar 10% do VeT e as gorduras trans não devem passar de 2g/dia (1% do VeT) (BRaSiL, 2008).

Proteínas: 10% a 15% do VeT. São componentes dos alimentos de origem vegetal e animal que fornecem os aminoácidos, substâncias importantes e envolvidas em praticamente todas as funções bioquímicas e fisiológicas do organismo humano. As fontes alimentares mais importantes são as carnes em geral, ovos e leguminosas (feijões) (BRaSiL, 2008).

O valor energético total (VeT) corresponde ao gasto calórico do organismo no período de 24 horas. Varia de pessoa para pessoa e seu cálculo é realizado por um nutricionista, após o diagnóstico nutricional, levando em consideração idade, sexo, altura, peso, entre outros fatores. O VeT é mensurado em quilocalorias (kcal), que serão provenientes dos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras), fibras alimentares e álcool, fornecidos na dieta (BRASIL, 2008).

3.2 Controle de peso

a obesidade se transformou numa epidemia global (POiRieR et al., 2006; RiTZ, 2008). O percentual da população com diagnóstico de excesso de peso está aumentando de maneira alarmante nos últimos 20 anos (nauMniK; MYSLiWieC, 2010). agravando a situação, o aumento da taxa de prevalência da dRC tem ocorrido em paralelo com o aumento da prevalência de obesidade, principalmente no mundo ocidental (FLeGaL et al., 2002; TinG et al., 2009).

a OMS revelou que, em 2008, aproximadamente 500 milhões de pessoas no mundo eram obesas (WHO, 2012). a expectativa é que, em 2015, haja 2,3 bilhões de indivíduos com sobrepeso e mais que 700 milhões de obesos (FORd; MOKdad, 2008). no Brasil, este distúrbio nutricional tem se comportado de forma semelhante, pois dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 (POF) revelam que mais de 50% da população adulta brasileira apresenta excesso de peso. No caso específico da obesidade, 12,4% dos homens e 16,4% das mulheres são classificados nesta categoria (IBGE, 2010).

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ATENÇÃO!a redução de peso e da circunferência abdominal correlaciona-se

com a diminuição da pressão arterial, melhora dos níveis de glicemia e do perfil lipídico (BRASIL, 2006; SBC; SBH; SBN, 2010). A recomendação é a manutenção do peso corpóreo dentro da faixa de normalidade do índice de massa corpórea (iMC - 18,5 a 24,9 kg/m²) e a circunferência abdominal < 102 cm para os homens e < 88 cm para as mulheres (SBC; SBH; SBn, 2010).

dessa forma, a primeira etapa do tratamento dietético inicia-se com a redução de peso corporal para indivíduos que estão acima do peso, por meio de um plano alimentar elaborado por um nutricionista, com restrição de energia e balanceamento adequado de macro e micronutrientes, de modo que a perda de peso seja acompanhada da incorporação de novos hábitos alimentares que permitam a manutenção do peso em médio e longo prazo (COSTa; MendOnÇa, 2009).

SaiBa MaiS!Conheça os desafios na prática clínica da avaliação nutricional na

doença renal crônica, acessando neste link: http://goo.gl/v4lHuO

3.3 atividade física a redução e o controle de peso estão associados não apenas à quantidade

de energia ingerida, mas também ao gasto energético diário. Combinado com uma dieta saudável, a prática de atividade física regular pode melhorar não só a saúde geral, ajudando a perder o excesso de peso e mantê-lo, como também a controlar e diminuir a pressão arterial, diabetes, doença renal, entre outras (SBC; SBH; SBn, 2010; naTiOnaL KidneY FOundaTiOn, 2014).

ATENÇÃO!a recomendação atual é de pelo menos 30 minutos de atividade

aeróbia, de intensidade moderada, realizadas em cinco dias por semana (BRaSiL, 2008; SBC; SBH; SBn, 2010).

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3.4 Álcool

O álcool é uma substância psicoativa com propriedades produtoras de dependência que tem sido amplamente utilizado em muitas culturas ao longo dos séculos. a ingestão de álcool tem efeitos prejudiciais à saúde, independentemente do padrão de consumo (SBC; SBH; SBn, 2010). de acordo com o Relatório Mundial sobre Álcool e Saúde 2014, elaborado pela OMS, o Brasil apresenta consumo de bebida alcoólica acima da média mundial (WHO, 2014).

O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Hipertensão orientam evitar a ingestão excessiva de álcool e recomendam que não ultrapasse 30g de etanol ao dia para homens (duas doses) e a metade para as mulheres (uma dose). Para aqueles que não têm o hábito de consumir bebidas alcoólicas, não se justifica recomendar que o faça (BRASIL, 2006; SBC; SBH; SBN, 2010). Uma dose equivale a aproximadamente 15g de etanol, o que corresponde a uma latinha de cerveja (350 ml), uma dose de whisky, vodka ou aguardente (50 ml) ou uma taça de vinho (150 ml) (SBC; SBH; SBn, 2010).

3.5 Controle estrito da hipertensão arterial e da glicemia

O programa oficial do Ministério da Saúde do Brasil para assistência aos pacientes hipertensos e diabéticos é o “Sistema de Cadastramento e acompanhamento de Hipertensos e diabéticos” (Programa Hiperdia), de abrangência nacional e implementado em todas as unidades ambulatoriais do SuS.

neste contexto, faz-se necessário o aperfeiçoamento da atenção primária no tratamento desses pacientes (BRaSiL, 2004).

existem inúmeras intervenções protetoras vasculares e renais de benefício comprovado, dentre elas:

• controle dos níveis de pressão arterial; • manejo das dislipidemias e do diabetes com controle da glicemia;• adoção de uma alimentação equilibrada com baixa ingestão de sal

e açúcar; • cessação do tabagismo;• redução da ingestão de bebidas alcoólicas;

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• prática regular de exercícios físicos; • acompanhamento médico regular (BRaSiL, 2006; naTiOnaL KidneY

FOundaTiOn, 2014).

3.5.1 Prevenção e controle rigoroso da hipertensão arterial

a HaS é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (Pa). a linha demarcatória que define HAS considera valores de pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg e/ou diastólica (PAD) ≥ 90 mmHg em medidas de consultório nos indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva (SBC; SBH; SBn, 2010; BRaSiL, 2006).

essa doença está frequentemente associada a alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo e a alterações metabólicas, conferindo aumento do risco de eventos cardiovasculares (SBC; SBH; SBn, 2010), doença renal e redução da expectativa de vida (LOPeZ et al., 2006; KeaRneY et al., 2005).

a hipertensão pode ser prevenida e controlada pela alteração de fatores de risco modificáveis, terapia medicamentosa e não medicamentosa. O tratamento não farmacológico deve constituir um componente integral do programa de manejo global de todos os pacientes hipertensos, por meio de modificações do estilo de vida que favoreçam a redução da pressão arterial (BORGeS; CaeTanO, 2005).

Estas modificações consistem na redução do peso corporal, prática regular de atividade física, adoção de uma alimentação saudável, além da redução na ingestão de sódio e álcool e interrupção do tabagismo (BRaSiL, 2006; SBC; SBH; SBn, 2010).

ATENÇÃO! Para indivíduos hipertensos, concomitante a adoção de uma

alimentação saudável preconizada pelo Guia alimentar para a População Brasileira (BRaSiL, 2008), a national Kidney Foundation (nKF) e a SBH recomendam o plano alimentar daSH (dietary approaches to Stop Hypertension), por seu efeito na diminuição da pressão arterial e por retardar a progressão da doença renal crônica (naTiOnaL KidneY FOundaTiOn, 2014; SBC; SBH; SBn, 2010).

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

Dieta Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH)O que é ?a daSH incentiva o consumo de frutas,

legumes, leite e produtos lácteos isentos de gordura, alimentos com baixo teor de gordura, cereais integrais, peixes, aves, feijões, sementes e oleaginosas (Quadro 4). ela também contém menor teor de sódio, doces, açúcares e bebidas açucaradas.

Quais as suas vantagens?esta abordagem minimiza o consumo de gordura saturada, gordura

trans e colesterol e salienta nutrientes que estão associados com a redução da pressão arterial, principalmente potássio, magnésio e cálcio, proteínas e fibras” (NATIONAL KIDNEY FOUNDATION, 2014). Quadro 4 - Como recomendar uma dieta ao estilo daSH.

• escolha alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total. Por exemplo, carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequena quantidade.

• Consuma muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia.

• inclua duas ou três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia.

• Prefira os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral.

• Consuma oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana (uma porção é igual a 1/3 de xícara ou 40 gramas de castanhas, duas colheres de sopa ou 14 gramas de sementes, ou 1/2 xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas).

• Reduza a adição de gorduras. utilizar margarina light e óleos vegetais insaturados (como azeite, soja, milho, canola).

• evite a adição de sal aos alimentos. evitar também molhos e caldos prontos, além de produtos industrializados.

• diminua ou evite o consumo de doces e bebidas com açúcar.Fonte: u.S. dePaRTMenT OF HeaLTH and HuMan SeRViCeS. national institutes of Health.

national Heart, Lung, and Blood institute. Your guide to lowering blood pressure. Bethesda, Md: nHLBi Health information Center, 2003. disponível em: <http://goo.gl/nuvCBn>.

Sendo assim, a eficácia da dieta DASH na redução da pressão arterial está associada ao conjunto de nutrientes e não exclusivamente ao sódio. no entanto, o sódio exerce um papel importante na redução da pressão arterial e benefícios ainda maiores são alcançados quando se associa a uma restrição de sódio (SaCKS et al., 2001).

LEITELEITELEITE

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Restrição de sódio

dietas ricas em sódio aumentam os níveis de pressão arterial, causando danos aos rins ao longo do tempo, sendo uma das principais causas de insuficiência renal (naTiOnaL KidneY FOundaTiOn, 2014).

ATENÇÃO!Vale ressaltar que a relação entre pressão arterial e a quantidade

de sódio ingerido é heterogênea. este fenômeno é conhecido como sensibilidade ao sal (SBC; SBH; SBn, 2010). Os indivíduos chamados sal-sensíveis apresentam maior predisposiçã ao desenvolvimento de hipertensão em decorrência da ingestão salina e cerca de 30 a 60% dos pacientes com hipertensão primária ou essencial são sal-sensíveis.

O consumo total de sódio pode ser considerado proveniente de três fontes: 10% de sódio contido no próprio alimento (sódio intrínseco), 75% de alimentos processados e 15% de sal de adição usado no preparo da refeição (sódio extrínseco) (COSTa; MendOnÇa, 2009).

uma ingestão de sódio entre 2000 e 2400mg/

dia tem sido recomendada, o que corresponde a 5 a 6g diária de sal de cozinha (naCl), cerca de metade do sal ingerido pela população brasileira (CuPPaRi, 2013).

desse modo, a dietoterapia baseia-se em uma dieta hipossódica (veja o quadro 5), tendo como base a restrição de sódio extrínseco, por meio do controle do sal de adição, além da exclusão de alimentos processados, como enlatados, embutidos, conservas, molhos prontos, caldos de carne, temperos prontos, defumados e bebidas isotônicas, por serem as principais fontes de sódio da dieta (COSTa; MendOnÇa, 2009).Quadro 5 - dicas para reduzir o sódio na dieta.

• utilize carnes frescas, ao invés de processadas. Cortes frescos de carne bovina, frango ou porco contêm sódio natural, mas o conteúdo ainda é muito menor do que as carnes salgadas e defumadas (ex.: carne de sol, bacon, presunto...), que possuem sódio extra adicionados durante o processamento.

• escolha frutas e legumes frescos, pois são muito pobres em sódio. Frutas congeladas também são baixas em sódio.

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

• ao comprar legumes congelados, escolher aqueles que são rotulados como “fresco congelado” e não os que contêm temperos ou molhos adicionados.

• adquira o hábito de ler os rótulos dos alimentos. O teor em sódio é sempre listado no rótulo. Às vezes, o alto teor de açúcar em um produto, como biscoitos recheados, pode mascarar o alto teor de sódio, por isso é importante verificar todos os rótulos.

• Compare várias marcas de um mesmo alimento até encontrar aquele que tenha menor teor de sódio, uma vez que isso vai variar de marca para marca.

• Selecione especiarias e temperos que não contenham sódio em seus rótulos, ou seja, escolha temperos naturais, como alho, folha de louro, cominho, orégano, manjericão, etc.

• Se você tiver pressão arterial elevada, a restrição de sódio na dieta pode não só baixar a pressão arterial, mas pode melhorar a sua resposta aos medicamentos para pressão arterial.

• Sal é um gosto adquirido que pode ser desaprendido. demora cerca de 6-8 semanas para se acostumar a comer alimentos com quantidades muito menores de sal, mas uma vez que isso é feito, será difícil comer alimentos salgados.

Fonte: adaptado de: naTiOnaL KidneY FOundaTiOn. Prevention: get healthy. 2014. disponível em: <http://goo.gl/rfFpV1>.

3.5.2 Prevenção e controle rigoroso do diabetes mellitus (dM)

O dM é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta, em comum, a hiperglicemia, que é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. A classificação do DM proposta pela OMS, american diabetic association (ada) e acatada pela Sociedade Brasileira de diabetes (SBd) é baseada na etiologia e inclui quatro classes: dM tipo 1, DM tipo 2, DM gestacional e outros tipos específicos de DM. Ainda há duas categorias, referidas como pré-diabetes, que são a glicemia de jejum alterada e a tolerância à glicose diminuída. essas categorias não são entidades clínicas, mas fatores de risco para o desenvolvimento de dM e doenças cardiovasculares (dCV) (SOCiedade BRaSiLeiRa de diaBeTeS, 2014). no quadro 6 estão descritos alguns valores de glicose plasmática para o diagnóstico de diabetes mellitus.

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Quadro 6 - Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de diabetes mellitus e seus estágios pré-clínicos.

Categoria Jejum1 2h após 75 g de glicose Casual2

Glicemia normal < 100 < 140Tolerância à

glicose diminuída> 100 a <

126 ≥ 140 a < 200

diabetes mellitus ≥ 126 ≥ 200≥ 200 (com

sintomas clássicos)3

1O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo oito horas; 1Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição; 1Os sintomas clássicos de dM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso.

Nota: O diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de dM.

Fonte: SOCiedade BRaSiLeiRa de diaBeTeS. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014. 2014. disponível em: <http://goo.gl/aS9huC>.

a frequência do dM está assumindo proporções epidêmicas na maioria dos países, em virtude do aumento e do envelhecimento populacional, da maior urbanização, da crescente prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como da maior sobrevida desses pacientes (WHO, 2002).

OBSERVAÇÃOesse crescente número de indivíduos com dM tem repercutido

de maneira importante sobre o aparecimento de novos casos de dRC (aVeSani, 2013). em países desenvolvidos, o dM é o maior responsável por pacientes com dRC em TRS, e no Brasil é a segunda causa (uniTed STaTeS RenaL daTa SYSTeM, 2012; SOCiedade BRaSiLeiRa de neFROLOGia, 2013a).

a doença renal do diabetes (dRd), tradicionalmente denominada de nefropatia diabética (nd), é uma complicação crônica do diabetes mellitus. as anormalidades observadas são aumento da excreção urinária de albumina e redução da TFG (de BOeR et al., 2011; dWYeR et al., 2012).

ATENÇÃO! Para uma situação ideal, pessoas com diabetes devem receber

atendimento de uma equipe de saúde que inclua médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, entre outros, com experiência em diabetes.

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

Na abordagem multiprofissional, os indivíduos com diabetes devem ser estimulados a assumir um papel ativo em seu tratamento. O plano de cuidado deve ser formulado com a colaboração entre o paciente, família e equipe de saúde (aMeRiCan diaBeTeS aSSOCiaTiOn, 2014).

Os objetivos do tratamento são restabelecer as funções metabólicas; evitar complicações agudas; manter a glicemia o mais próximo possível da normalidade; controlar fatores de risco, como obesidade, hipertensão arterial e dislipidemias; retardar ou evitar as complicações crônicas e possibilitar melhor qualidade de vida (ViGGianO, 2009).

Para prevenção não só do dM, como também das doenças cardiovasculares e da dRC, o Ministério da Saúde, por meio do Guia alimentar da População Brasileira, recomenda mudanças no estilo de vida, com ênfase na adoção de uma alimentação saudável e prática regular de atividade física (BRaSiL, 2008).

Para o portador de dM, a terapia nutricional inclui um plano alimentar individualizado (Quadro 7) e com intervenções múltiplas. as recomendações dietéticas da SBD seguem semelhantes àquelas definidas para a população geral, considerando todas as faixas etárias, com redução energética e de gorduras, mediante oferta de grãos integrais, leguminosas, hortaliças e frutas e limita a ingestão de bebidas açucaradas. ela também recomenda a restrição moderada de proteína, redução de sal e adoção de uma dieta tipo daSH, com a finalidade de controlar a glicemia e prevenir DCV e DRC (SOCIEDADE BRaSiLeiRa de diaBeTeS, 2014). Quadro 7 - Composição nutricional do plano alimentar indicado para portadores de diabetes

mellitus.

Carboidratos totais: 45% a 60% do valor energético total (VeT), não inferiores a 130g/dia. Os alimentos que contém esse nutriente são fontes de energia, fibra, vitaminas, minerais, contribuindo ainda com a palatabilidade da dieta. Para indivíduos que necessitam reduzir peso, o consumo de preparações que contém sacarose deve ser cuidadoso porque trazem na sua composição altas concentrações de gordura.

Fibras alimentares: no mínimo 14g/1000 kcal. As fibras são encontradas nos vegetais e podem ser divididas em solúveis e insolúveis. as solúveis possuem efeitos benéficos na glicemia e no metabolismo dos lipídeos, enquanto as insolúveis agem contribuindo para a saciedade e controle de peso, além da preservação da saúde intestinal. as principais fontes alimentares são frutas, verduras, legumes, farelo de aveia, semente de linhaça, além de leguminosas.

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Gorduras: até 30% do VeT da alimentação. a meta é limitar a ingestão de ácido graxo saturado (aGS), ácido graxo trans (aGT) e colesterol, com a finalidade de reduzir o risco cardiovascular. - aGS: < 7% do VeT. algumas fontes são carnes gordas, manteiga, óleos de

coco e dendê, leite integral e embutidos. - aG trans: <2% do VeT. São encontrados em alimentos industrializados

que contenham em sua composição gordura hidrogenada vegetal. a finalidade da redução na ingestão da gordura trans é porque ela eleva as concentrações do LdL colesterol e reduz a do HdL colesterol.

- aG polinsaturado: até 10% do VeT. as principais fontes são óleos vegetais (soja, milho e girassol), soja, linhaça e peixes de águas frias e profundas (salmão, sardinha, cavala e arenque).

- aG monoinsaturado: completar o percentual de forma individualizada, não ultrapassando os 30% do VeT destinados para a oferta total de gordura. as principais fontes são azeite de oliva, óleo de canola, oleaginosas (castanha, amêndoas e nozes) e abacate. estes aG contribuem na diminuição do colesterol total e LdL-colesterol, além da ação antitrombótica e inibição da agregação plaquetária.

- Colesterol: < 200mg/dl.

Proteínas: 15% a 20% do VeT para portadores de dM com função renal normal ou 0,8 a 1g/kg de peso/dia. indivíduos com nefropatia incipiente se beneficiam com uma dieta com menor teor de proteína por reduzir a microalbuminúria e proteinúria. a oferta de proteínas de boa qualidade biológica devem provir de carnes magras (bovina, aves e peixes), soja, leite e derivados de baixo teor de gordura. Leguminosas (feijões, ervilha, lentilha, grão de bico e fava) e oleaginosas (nozes, castanha do Brasil, amêndoa, entre outras) devem complementar a oferta de proteína da dieta.

Vitaminas e minerais: seguem as recomendações das dietary Reference Intakes (DRI) para a população não diabética. Deficiências de vitaminas e minerais são frequente em indivíduos diabéticos. Para atingir as necessidades diárias desses nutrientes, deve-se adotar um plano alimentar variado, com consumo mínimo de duas a quatro porções de frutas e de três a cinco porções de hortaliças cruas e cozidas. É importante variar os tipos e as cores desses vegetais, pois são ricos em nutrientes diferentes.

Fonte: adaptado de: SOCiedade BRaSiLeiRa de diaBeTeS. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014. 2014. disponível em: <http://goo.gl/dOw4vQ>.

Os edulcorantes não são essenciais ao tratamento do diabetes como a medicação oral/insulina e a monitorização da glicemia, mas podem favorecer o convívio social e a flexibilidade do plano alimentar. Os adoçantes à base de acessulfame-K, aspartame, sacarina sódica e sucralose mostram-se seguros quando consumidos respeitando a ingestão diária aceitável (ida) (STandaRdS, 2012). no quadro 8, estão descrito alguns valores nutricionais no que tange ao consumo diário aceitável de edulcorantes.

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Quadro 8 - ingestão diária aceitável de edulcorantes.

Edulcorante Quantidade (mg/kg de peso corpóreo)aspartame 40

acessulfame-K 15Sacarina 5

Ciclamato 11Sucralose 15

estévia 4Fonte: STandaRdS of medical care in diabetes - 2012. Diabetes Care, v. 35, n. 35, supl. 1, p.

S4-10, 2012. disponível em: <http://goo.gl/NezOZ2>.

em termos práticos, deve-se multiplicar a recomendação do edulcorante pelo kg de peso do indivíduo. então, se ele possui 70 kg, a quantidade que ele pode usar de aspartame será 2,8g/dia (ou seja, 2.800mg/dia, que corresponde a 70kg X 40mg de aspartame). Vale destacar que um sachê de adoçante à base de aspartame contém 1g de produto, sendo aproximadamente 40mg de edulcorante aspartame (PeReiRa; MaRCOLinO-JuniOR; FaTiBeLLO-FiLHO, 2000). diante disto, pode-se observar que o uso moderado de adoçantes, utilizando sachê ou as gotas correspondentes para adoçar cada porção de bebida, dificilmente atingirá a recomendação da IDA, porém, não convém abusar de um grande número de produtos lights e diets.

Portadores da fenilcetonúria são os únicos que devem evitar o aspartame, pois ele contém fenilalanina em sua composição.

VAMOS PRATICAR? Que aspectos da dieta devem ser enfatizados para um paciente

hipertenso e diabético que esteja sendo acompanhado pelo Hiperdia?Considerando as informações fornecidas pelo Hiperdia, como a

equipe multiprofissional poderia atuar na prevenção da doença renal ?

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nesta unidade, você estudou que:

• A capacidade e aperfeiçoamento dos profissionais da atenção primária para o atendimento precoce aos pacientes com fatores de risco para dRC torna-se necessário para prevenir ou estabilizar a progressão da doença.

• a terapia nutricional é fundamental e constitui-se na adoção de uma alimentação saudável, rica em frutas, vegetais e alimentos integrais, com baixa ingestão de sal e açúcar, redução da ingestão de bebidas alcoólicas, além de intervenções específicas, de acordo com a condição clínica e nutricional do paciente.

• a adoção do plano alimentar daSH torna-se uma estratégia importante, por seu efeito na diminuição da pressão arterial e da glicemia, e por retardar a progressão da dRC.

• a prevenção da dRC pode ser alcançada por meio de medidas universais de promoção da saúde, como a adoção de hábitos alimentares saudáveis, combate ao sedentarismo e obesidade, controle da glicemia e da pressão arterial nos indivíduos diabéticos e hipertensos.

esperamos que você tenha conseguido apreender a importância da terapia nutricional na prevenção da dRC e que os assuntos aqui abordados possam auxiliar a sua prática na atenção básica.

até o próximo estudo!

SÍNTESE DA UNIDADE

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Especialização em Nefrologia Multidisciplinar

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1 inTROduÇÃO

Os sistemas de atenção à saúde são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o conjunto de atividades cujo propósito primário é promover, restaurar e manter a saúde de uma população para se atingir os seguintes objetivos:

O alcance de um nível ótimo de saúde, distribuído de forma equitativa;

a garantia de uma proteção adequada dos riscos para todos os cidadãos;

O acolhimento humanizado dos cidadãos, a provisão de serviços seguros;

Efetivos e a prestação de serviços eficientes (MENDES, 2011).

a doença renal crônica (dRC) caracteriza-se pela diminuição progressiva da função dos rins e, por sua característica de cronicidade, acarreta limitações físicas, sociais e emocionais, que interferem de modo significativo na qualidade de vida de portadores de dRC.

Tais intervenções devem ser focadas na abordagem global dessa população, por meio de equipes interdisciplinares, uma vez que se pode obter melhor qualidade do atendimento prestado e, consequentemente, maior adesão dos pacientes ao tratamento.

nos últimos anos, alguns estudos têm avaliado a importância do trabalho em equipe interdisciplinar no tratamento de pacientes com dRC, com base em intervenções psicoeducacionais. esses estudos têm como objetivo principal a divulgação de informações sobre a dRC, sua prevenção e seu tratamento para os pacientes e seus familiares. Os benefícios desse tipo de intervenção foram observados em um estudo no qual os pacientes que receberam cuidado interdisciplinar na pré-diálise tiveram sobrevida de oito meses a mais após entrarem em terapia dialítica, quando comparados aos pacientes que receberam apenas o cuidado médico tradicional (deVinS et al., 2005).

Você sabe qual é a diferença entre os conceitos de multidisplinaridade e interdisplinaridade?

2 O PaPeL da enFeRMaGeM

a atuação do enfermeiro na prevenção e diminuição da progressão da dRC se dá de uma forma ampla, a partir da necessidade do usuário.

É necessário que se conheça os fatores de risco, bem como o diagnóstico e a

GOVERNO FEDERAL

Presidenta da República

Dilma Rousseff

Ministro da Saúde

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Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - UFMA

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COORDENAÇÃO GERAL DA UNA-SUS/UFMA

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