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UNIDADE 01 ECONOMIA Introdução e Conceitos Básicos Prof. MSc. Darcy Pedro Thomaz Objetivos da aprendizagem Compreender a origem do desafio econômico. Entender por que a economia é a ciência da escassez. Conceituar economia e seus principais enfoques na atividade econômica. Analisar a curva de possibilidades de produção na escolha da produção de bens e serviços, compreendendo o conceito de custo de oportunidade como um dos princípios fundamentais da economia. Perceber a importância dos recursos de produção em qualquer processo produtivo. (MENDES, Judas T.G) Plano de Estudo Na intenção de cumprir os objetivos de aprendizagem propostos, a seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade para aprender alguns conceitos básicos de economia que servirão de ferramenta no estudo deste módulo: Introdução e conceitos básicos de economia. A importância de se estudar economia. Os setores econômicos. Os fatores ou recursos de produção. Os bens e serviços. Os sistemas econômicos. Os agentes econômicos e seu papel num processo produtivo. 02

UNIDADE_01

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UNIDADE 01

ECONOMIA

Introdução e Conceitos BásicosProf. MSc. Darcy Pedro Thomaz

Objetivos da aprendizagem

Compreender a origem do desafio econômico. Entender por que a economia é a ciência da escassez. Conceituar economia e seus principais enfoques na atividade

econômica. Analisar a curva de possibilidades de produção na escolha da

produção de bens e serviços, compreendendo o conceito de custo de oportunidade como um dos princípios fundamentais da economia.

Perceber a importância dos recursos de produção em qualquer processo produtivo. (MENDES, Judas T.G)

Plano de Estudo

Na intenção de cumprir os objetivos de aprendizagem propostos, a seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade para aprender alguns conceitos básicos de economia que servirão de ferramenta no estudo deste módulo:

Introdução e conceitos básicos de economia. A importância de se estudar economia. Os setores econômicos. Os fatores ou recursos de produção. Os bens e serviços. Os sistemas econômicos. Os agentes econômicos e seu papel num processo produtivo.

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1 INTRODUÇÃO

Bem-vindo à unidade Introdução e conceitos básicos de economia. Na

etapa inicial do curso, você estudará alguns conceitos básicos de economia e

perceberá a importância da economia na formação profissional dos estudantes.

1.1 Por que estudar Economia?

Inicialmente, a idéia é garantir pelo menos três objetivos:

a) Estimular a percepção e o interesse pelos problemas econômicos, que

estão relacionados aos recursos escassos e as necessidades ilimitadas;

b) Familiarizar-se com as teorias que se propõem a analisar os mesmos

problemas na busca de solução ao atendimento das necessidades da

população que precisam de alimentos, vestuário, atendimento à saúde...;

c) Mostrar e entender o quanto se deve aprender com humildade esta

maravilhosa ciência social que tem como meta fornecer as ferramentas

para facilitam a produção e a distribuição dos bens e serviços.

De que trata a teoria econômica?

A teoria econômica se preocupara com aspectos fundamentais da atividade

econômica que tem como base os seguintes elementos:

a) As necessidades humanas, que são ilimitadas e insaciáveis;

b) Os recursos de produção, que são escassos, ou limitados, porém versáteis

e suscetíveis de serem combinados em proporções diferentes para produzir

determinado produto;

c) Os conhecimentos e as técnicas que facilitam a utilização dos recursos de

produção para produzir bens e serviços que satisfaçam às necessidades

humanas.

A economia trata do bem-estar do homem, por isso, subentende-se, que

ela é uma ciência social. Como tal, relaciona-se com as demais ciências,

participa da organização e relações sociais. Isso implica na distribuição e

utilização de recursos escassos com o objetivo de atender as necessidades

humanas alternativas, tanto quanto possível.

O Estudo da Ciência Econômica

O objetivo de se estudar a ciência econômica é o de fornecer a você,

estudante, ferramentas para iniciar seus estudos e análise dos problemas

econômicos, ou seja, encaminhá-lo para a “arte de pensar”.

A Teoria Econômica é una, porém, por razões didáticas, é passível de

divisão. Sendo assim, podemos segmentá-la em microeconomia,

macroeconomia, desenvolvimento econômico e economia internacional, e

explicar cada um desses ramos separadamente, como faremos a seguir:

a) Microeconomia

“A teoria dos preços analisa como a empresa e o consumidor interagem e

decidem qual o preço e empresa e o a quantidade de determinado bem ou

serviço em mercados específicos” (VASCONCELLOS, 2004).

Portanto:

- Estuda-se a teoria dos preços nos diversos tipos de mercado, através dos

mecanismos da Oferta e Demanda de bens e serviços.

- Os preços são instrumentos de apoio para o uso eficiente dos recursos

escassos da sociedade e funcionam como um elemento de exclusão.

- Estudam-se o comportamento econômico das unidades decisórias

individuais, como consumidores, proprietários de recursos e negócios, em

um sistema de livre mercado.

b) Macroeconomia

“A macroeconomia estuda a realidade econômica de forma global. Ela se

preocupa com a relação entre os agentes econômicos e o funcionamento da

economia e seu conjunto, como produto agregado, demanda agregada,

consumo, emprego, investimento, crescimento econômico”, (MÜLLER, 2004).

Portanto:

- Trata do sistema econômico como um todo e não de unidades econômicas

individuais. Portanto, estuda o conjunto agregando todos os indivíduos.

- Estuda as condições de equilíbrio, buscando a estabilidade entre a renda e

o dispêndio nacional.

- As políticas econômicas de intervenção procuram sempre estabelecer tal

equilíbrio.

d) Desenvolvimento econômico

“Desenvolvimento é o processo de crescimento de uma economia, ao longo do

qual se aplicam novas tecnologias e se produzem transformações sociais, que

acarretam uma melhor distribuição da riqueza e da renda”, (TROSTER, 1999).

É o processo de acumulação de recursos escassos e da geração de tecnologia

capazes de aumentar a produção de bens e serviços (BS) para a sociedade.

Portanto, caracteriza desenvolvimento:

- Alta renda por habitante,

- Boa estrutura sanitária,

- Baixo índice de analfabetismo,

- Baixa taxa de desemprego,

- Taxa de crescimento da população controlado,

- Distribuição de renda equilibrada, dentre outras características importantes.

d) Economia Internacional

A Economia Internacional é a parte da Economia que estuda as transações

econômicas entre os países, tais como exportações, importações de produtos,

movimento de capitais, prestação de serviços, tais como assistência técnica.

Portanto, estuda as condições de equilíbrio do comércio externo, além dos

fluxos de capitais entre as Nações.

1.2 Métodos de Investigação da Ciência Econômica

Método é um conjunto de idéias sobre a realidade, sempre analisadas

de forma interdependente. Portanto, não se pode ignorar que toda teoria tem

um caráter ideológico, isto é, a predominância de um conjunto de idéias de

como as coisas são e se comportam.

Métodos de análise

De maneira mais simples, podemos dizer que método é um caminho, ou

sistema racional para se chegar a um determinado fim, ou objetivo. É a ordem

que se segue para se estudar um determinado conteúdo. Portanto, método é o

conjunto de processos que o homem, como indivíduo, deve empregar para a

investigação e a demonstração da verdade, em relação ao conhecimento

humano, empírico ou científico.

Na Ciência Econômica, os métodos mais utilizados pelos estudiosos são o

Método Indutivo e o Método Dedutivo.

O Método Indutivo: Parte de fatos específicos para se chegar a conclusões

gerais, dos efeitos para as causas, das conseqüências para os princípios.

Aprende-se com a experiência do dia a dia. Exemplo: o aumento de impostos

reduz a renda disponível no mercado e, por conseqüência, a demanda, o que

pode reduzir a inflação. Nesse método, quando possível, procede-se por

experiência, resultado da observação através de processo histórico, processo

monográfico, processo estatístico.

a) O Método Dedutivo : Parte das conclusões gerais para explicar o

particular, isto é, das causas para os efeitos. Exemplo: as empresas

capitalistas maximizam lucros, e como a GM é uma empresa capitalista,

maximiza lucro. Esse método consiste em explicar os efeitos através das

causas por processo de dedução lógica, processo de dedução

psicológica, processo de dedução matemática.

Podemos afirmar que os métodos dedutivo e indutivo são indispensáveis para

uma boa análise econômica, pois a economia não é uma ciência exata, mas

social.

NOTA: Estas conclusões são válidas, mas não são necessariamente

verdadeiras.

1.3 Conceitos de Economia

A economia é entendida como um “órgão vivo”, no qual a sociedade se

serve para a criação, a distribuição e o consumo dos bens e serviços.

Para ARISTÓTELES, (384 a.a.C. a 322 a.a.C.), notável filósofo grego,

tido como o primeiro analista econômico, a Economia “é a ciência do

abastecimento, que trata da arte da aquisição”.

Um fato é importante devemos destacar: os autores contemporâneos já

evidenciavam que a essência do problema econômico está no desequilíbrio

entre as múltiplas, crescentes e ilimitadas necessidades humanas e a escassez

de recursos disponíveis para satisfazer as referidas necessidades.

“Economia é a Ciência Social que estuda como o indivíduo e a

sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na produção de

bens e serviços para satisfazer as necessidades humanas”, (VASCONCELLOS

2004).

“Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o

objeto de estudo da Ciência Econômica. São eles:

- Escolha;

- Escassez;

- Necessidades;

- Recursos;

- Produção;

- Distribuição, (VASCONCELLOS, 2004).

Como já se abordou, os recursos produtivos ou fatores de produção são

escassos, ou limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são

ilimitadas e sempre se renovam. Essa condição é fruto do aumento da

população e do contínuo desejo de melhoria do padrão de vida.

Isso acontece independentemente do desenvolvimento do país, pois

nenhum país, por mais desenvolvido que ele seja, dispõe de todos os recursos

necessários para satisfazer todas as necessidades da coletividade. Tem-se,

então, o problema da escassez (recursos limitados X necessidades humanas

ilimitadas).

Portanto, conforme VASCONCELLOS, (2004), a escassez obriga toda

sociedade a escolher entre alternativas de produção e distribuição dos

resultados da atividade econômica. Esse é o centro do estudo da Economia.

1.4 Conceitos Básicos

1.4.1 Recursos de produção (RP)

São os meios imprescindíveis à atividade econômica para produzir os bens e

serviços (BS), que satisfazem as necessidades humanas.

São entendidos como recursos de produção o capital, os recursos

naturais, a mão-de-obra, a tecnologia e a capacidade empresarial. “Esses

recursos de produção (RP) são, também, chamados de fatores de produção

(FP) e constituem a base de qualquer economia. São os meios utilizados pela

sociedade para a produção de bens e serviços e são basicamente as variáveis

analisadas quando os economistas fazem as projeções e inferências sobre as

tendências de evolução do produto interno bruto (PIB) de um país ou região”,

ARBAGE (2003).

De acordo com o mesmo autor, os fatores de produção são limitados,

podem ser aproveitáveis em diferentes usos e são passíveis de serem

combinados de diversas formas.

Para ARABAGE é importante lembrar que nenhuma sociedade, por mais

avançada que seja, possui todos os fatores de produção na qualidade e

quantidade necessária.

Eis os fatores de produção:

CAPITAL

É todo bem destinado à produção de outro bem. É, portanto, toda infra-

estrutura produtiva representada por um conjunto de bens econômicos

heterogêneos, tais como máquinas, ferramentas, instalações, instrumentos,

fábricas, terras cultivadas, matérias-primas capaz de produzir bens e serviços

(BS).

Quanto maior a disponibilidade de capital (K) em uma nação, maior a

possibilidade de geração de novas riquezas, porque a formação de capital é

resultado direto da própria acumulação de riqueza. Serão, portanto, os

investimentos nos meios de produção que irão determinar o ritmo de

crescimento econômico de um país, pois o aumento de produtividade do

sistema econômico e a elevação do rendimento do trabalho humano são o

resultado do emprego eficiente dos bens de capital.

Esses bens de capital são de origem interna e externa, isto é, há

importação de recursos de produção (RP) de outras nações, pois, nem sempre,

o país possui capacidade de recursos necessários para gerar os bens e

serviços suficientes para suprir a necessidade demandada para o investimento

e o consumo.

RECURSOS NATURAIS (Terra)

É o fator de produção denominado simplesmente terra. Portanto, os

recursos naturais (RN) consistem nas riquezas naturais de que uma nação

dispõe. Não são resultantes da atividade produtiva, mas podem ser

incorporados às atividades Econômicas.

Os Recursos Naturais são a base do sistema, em que se assentará o

capital. Nesse sentido, trata-se do terreno onde será construída a plataforma

industrial. Referem-se, também, às riquezas disponíveis do mundo animal e

vegetal (de natureza biológica), recursos minerais e solo (a grande fonte

fornecedora de matéria-prima).

Os recursos minerais e o solo são caracterizados como não-renováveis,

por isso não podem ser repostos na sua forma original. Segundo a teoria

clássica, “era a grande e única fonte de riqueza”.

“Consistem em todos os bens econômicos utilizados na produção e que

são obtidos da natureza, como os solos (urbanos e agrícolas) os minerais, as

águas (dos rios, dos mares, dos oceanos e do subsolo), a fauna, a flora, o sol e

o vento (como fonte de energia) entre outros”, (MENDES 2004).

FORÇA DE TRABALHO (Na)

A mão-de-obra é a capacidade criativa do homem, destinada à produção

de bens e serviços (BS) pelo uso do capital (K) e dos recursos naturais (RN)

para atender às necessidades dos indivíduos.

A qualidade do trabalho humano, aliada à sua infinita capacidade criativa

é o grande diferencial no processo produtivo. Será, sem dúvida, o grande

diferencial na competição entre organizações e nações.

Segundo a teoria clássica, “valor econômico dos bens e serviços (BS)

reside na quantidade de trabalho gasto na sua produção”. Assim, o trabalho

humano se constitui no mais importante dos fatores de produção (FP), pois é a

única fonte de todo progresso humano.

Esse enfoque é verdadeiro, partindo-se do princípio de que todo capital

(K) detém, na sua composição, uma transfusa parcela de trabalho, através da

íntima relação entre os dois importantes fatores de produção (FP).

“Os recursos humanos incluem toda atividade humana (esforço físico

e/ou mental) utilizada na produção de bens e serviços, como: os serviços

técnicos do advogado, do médico, do economista, do engenheiro, ou a mão-de-

obra do eletricista, do encanador”, (MENDES 2004).

Divisão do trabalho

Na abordagem dos recursos humanos, como fator de produção, é

conveniente tratar de alguns aspectos da divisão do trabalho que, sem dúvida,

corroboram os critérios de produção desenvolvidos dentro das organizações.

Com origem na teoria clássica, a divisão do trabalho é a especialização

de funções que permite o uso, com a máxima vantagem, de aptidões e

recursos de cada indivíduo (exemplo: montagem de um automóvel).

- Outras vantagens: simplificação de funções; a especialização; uso mais

intensivo de capital por trabalhador (mecanização), o que evita a

duplicidade de equipamentos ou instrumentos; economia de tempo; dentre

outras.

- Interdependência de funções (sistema tradicional de produção).

- Produção em Células (nova modalidade de produção).

Tecnologia

É o estudo das técnicas. A tecnologia é a maneira correta de executar

uma tarefa. É o saber como (know-how) e o saber porquê (know- why).

A tecnologia é o conhecimento humano aplicado à produção.

A tecnologia é o ativo das organizações sujeito à depreciação,

amortização e obsoletismo, como qualquer outro bem usado na produção.

A tecnologia possui um preço e pode ser adquirida no mercado. É um

importante diferencial no plano de competitividade entre organizações e

nações. Em se tratando de países, há certa dependência das nações em

estágios de desenvolvimento inferiores da tecnologia de que dispõem as

nações desenvolvidas, obrigando os países em desenvolvimento a pagar

“royalties”, como resultado do fornecimento de tecnologia sob a forma de

licença de produção.

A tecnologia de produto é a maneira diferenciada de apresentar um

produto novo, com particularidades e diferencial, em relação a um produto

antigo.

A tecnologia de processo é a inovação no processo de produção, com

redução na quantidade de operações, ou tempo na obtenção do produto e até

racionalização de matéria-prima.

Capacidade Empresarial

É a união de todos os demais fatores de produção (FP). É a seiva vital

do Sistema Econômico. Será a capacidade empresarial que irá possibilitar o

suprimento de bens e serviços (BS) que os indivíduos precisam para satisfazer

as suas necessidades.

Capacidade empresarial é conjugar todos os fatores de produção (FP),

reunindo os elementos e possibilitando a participação no processo produtivo

que será tanto mais eficaz e duradoura, quanto mais eficientes forem as ações

de planejamento, organização, produção, comercialização e administração

financeira.

Capacidade empresarial é uma visão muito clara das oportunidades de

investimento, possibilidades de financiamento da produção, obtenção e

utilização adequada dos fatores de produção (FP), e é, a organização e a

coordenação eficiente das operações.

Eficiência: Ação, força, virtude de produzir um efeito.

Eficácia: qualidade de quem é eficaz. É o bom resultado.

Para um melhor entendimento, podemos dizer que os recursos de produção

(RP) são constituídos pelos fatores de produção (FP) e pelos insumos (SI).

Assim, poderemos representar: RP = FP+SI.

Portanto, os recursos de produção (RP) se constituem no estoque de recursos

humanos (Na) e recursos patrimoniais, que se compõem de recursos naturais e

de capital.

As questões centrais da Economia

1. Limitação dos fatores de produção (FP).

2. Necessidade de satisfação dos ilimitados desejos dos indivíduos.

Há um conflito quantitativo e qualitativo em que se centram os aspectos de:

a) O que e quanto produzir?

b) Como produzir?

c) Para quem produzir?

A resposta a essas questões provêm da sociedade organizada.

Assim:

a) O que e quanto produzir?

A resposta é proporcionada pelo conhecimento das máximas

possibilidades de produção de que dispõe um País (como custo de

oportunidade, regionalização de produção).

b) Como Produzir?

Está estritamente relacionado às possibilidades técnicas de produção. É

a harmonização entre os recursos humanos (RH) e as máquinas, para evitar

desperdícios.

c) Para quem produzir?

É a resposta que será dada por quem responde pela política econômica.

É a decisão de distribuição dos bens e serviços (BS) produzidos à Sociedade,

(distribuição de renda (Y) X consumo das pessoas (C).

Combinação ideal entre produção e distribuição (Silva, 99).

1.5 Alguns Conceitos Importantes

Atividade econômica: é o processo permanente de transformação de

fatores de produção (FP) em bens e serviços (BS), destinados a satisfazer as

necessidades humanas presentes e futuras.

Bens: “são meios materiais de satisfazer as necessidades humanas”,

(Oskar Lange).

Serviços: Bens não tangíveis que satisfazem as necessidades humanas.

Como característica fundamental, os serviços não podem ser armazenados.

São consumidos no momento do fornecimento. Sua avaliação de qualidade é

instantânea.

Bens de Capital: São os bens utilizados na produção de outros bens,

mas que não se desgastam totalmente no processo produtivo. (Ativo Fixo)

Bens de Consumo: São os bens que se destinam diretamente ao

atendimento das necessidades humanas. Não retornam ao processo produtivo.

Bens Intermediários: São os bens que se transformam ou se agregam

na produção de outros bens e se consomem totalmente no processo produtivo

(insumos, matéria prima).

Bens Finais: São os bens vendidos para utilização ou consumo final e

para exportação.

Fatores de Produção: São os recursos de produção da economia. São

constituídos pelos recursos humanos, capacidade empresarial, terra, capital e

tecnologia.

1.6 Os Problemas Econômicos Fundamentais

Da escassez de recursos ou fatores de produção associada às

necessidades ilimitadas do homem, originam-se os problemas econômicos

fundamentais: O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?

- O que e quanto produzir?

Segundo VASCONCELLOS, (2004), a escassez de recursos de

produção (RP) obriga a sociedade a escolher, dentro de um leque de

possibilidades de produção, que tipo de produtos serão produzidos e as

respectivas quantidades de produtos a serem produzidos.

- Como produzir?

Para VASCONCELLOS, (2004), a sociedade terá de escolher quais

recursos de produção (FP) serão utilizados para a produção de bens e serviços

(BS), usando o nível tecnológico existente. Os bens e serviços produzidos

serão decididos pela concorrência entre os diferentes produtores. A escolha

recairá sobre os critérios mais eficientes, levando-se em conta o menor custo

de produção possível.

- Para quem produzir?

“A sociedade também decidirá a participação de seus membros na

distribuição dos resultados da produção, na distribuição da renda, na

determinação dos salários, na renda da terra, nos juros, nos lucros e até na

repartição das propriedades e da maneira como elas se transmitem por

herança”, (VASCONCELLOS 2004).

O critério usado pela sociedade para resolver os problemas econômicos

fundamentais depende do sistema econômico de cada país.

1.7 Sistemas Econômicos

Afirma VASCONCELLOS, (2004), que um sistema econômico é a forma

política, social e econômica em que está organizada uma sociedade. É um

específico sistema de organização da produção, distribuição e consumo dos

bens e serviços (BS) que as pessoas usam para a satisfação de suas

necessidades.

Os elementos básicos são os seguintes:

fatores de produção;

empresas ou entidades;

conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais.

Os sistemas econômicos mais conhecidos são o sistema capitalista e o

sistema socialista.

- O sistema econômico capitalista ou de mercado é regido pelas forças de

mercado, em que atua, primordialmente, a livre iniciativa e a propriedade

privada dos fatores de produção. A concorrência é a ferramenta de decisão

de mercado.

- O sistema socialista, ou de economia centralizada, ou planificada é regido

por um órgão central de planejamento, em que predomina a propriedade

pública dos fatores de produção. O órgão central de planejamento é que

decide as regras de mercado.

1. 8 A Curva de Possibilidades de Produção

Diz VASCONCELLOS (2004), que a curva de possibilidades expressa a

capacidade máxima de produção de uma sociedade, supondo o pleno emprego

dos fatores de produção de que essa sociedade dispõe em determinado

momento. Portanto, a escassez de recursos impõe um limite à capacidade

produtiva de uma sociedade, que terá de fazer escolhas entre opções de

produção.

A análise conjunta de escassez de recursos e das ilimitadas

necessidades humanas conduz à conclusão de que a Economia é uma ciência

ligada a problemas de escolha. Recursos escassos produzem variados BS.

Esta variação impõe escolha de bem ou serviço (BS) a se produzir.

Possibilidades de Produção entre dois bens (Silva, 99)

Alternativas Quando a produção

Do bem Y é...

... a produção do

bem X é:

A 12 0

B 11 20

C 8 37

D 4 48

E 0 50

Na primeira alternativa (A), todos os fatores de produção seriam

alocados para a produção de Y (máquinas). Em (E), seriam alocados todos os

recursos para a produção de X (alimentos) e, nas alternativas intermediárias

(B, C, D), os fatores de produção seriam distribuídos na produção de um e de

outro bem.

Com a redução de produção de Y, aumenta a produção de X, porque a

escassez de fatores de produção (FP) leva à redução de Y para a expansão de

produção de X, ou vice-versa.

Representação gráfica da curva de possibilidades de produção. (Silva, 99)

A curva de possibilidades de produção e o desemprego de fatores

(Vasconcellos, 2004).

“A curva ABCDE indica as possibilidades de produção de máquinas e de

alimentos nessa economia hipotética. Qualquer ponto sobre a curva significa

que a economia irá operar em pleno emprego, isto é, serão utilizados todos os

recursos de produção disponíveis”, (VASCONCELLOS 2004).

Todos os pontos abaixo da curva (U) indicam que a economia está

operando com capacidade ociosa, ou com desemprego.

Os pontos acima da curva indicam que a demanda é maior do que a

oferta e essa estrutura produtiva será incapaz de atender à procura de bens e

serviços, demonstrando a necessidade de ampliação da produção, do contrário

haverá espaço para outras empresas adentrarem o mercado de produção.

Custo de Oportunidade

Conforme VASCONCELLOS (2004), é a transferência dos fatores de

produção de um bem X para produzir um bem Y, isto é, deixa-se de produzir

parte do bem X para se produzir mais do bem Y. O custo de oportunidade é,

também, chamado de custo implícito, ou alternativo. Por exemplo, no gráfico

1.1, para aumentar a produção de X de 20 para 37 (passar do ponto B para o

C), sacrifica-se o custo de oportunidade de produção de Y. Na verdade,

transferem-se fatores de produção de Y para a produção de X.

1.9 O Funcionamento de uma Economia de Mercado

Com o auxilio de VASCONCELLOS (2004), para se entender o

funcionamento de um sistema econômico, vamos supor uma economia de

mercado que não tenha participação do governo e também não tenha

transações com o exterior. Isso significa trabalhar com uma economia fechada,

em que os agentes econômicos são somente as famílias e as empresas. As

famílias são as proprietárias dos fatores de produção (FP) e as fornecedoras

de recursos de produção (RP) às empresas. Portanto, as unidades familiares

abastecem as unidades de produção, através do mercado dos fatores de

produção (FP). As empresas, por sua vez, pela combinação dos fatores de

produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias no mercado de

bens e serviços.

A esse fluxo de fatores de produção e de bens e serviços, denomina-se

de fluxo físico da economia. Denomina-se fluxo físico, porque sua mensuração

ocorre por meio de quantidades físicas de bens e serviços, tais como

toneladas, metros quilos, litros, caixas, instalações, máquinas, veículos.

Fluxo Físico da Economia (Vasconcellos, 2004)

Pode-se observar, na figura acima, que as famílias e as empresas

exercem uma dupla função. No mercado de bens e serviços (BS), as famílias

demandam bens e serviços e, por sua vez, as empresas oferecem os bens e

serviços. No mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os fatores

de produção (FP), que são de sua propriedade, enquanto as empresas

demandam os recursos de produção (RP).

Porém, o fluxo físico da economia só se torna possível com a presença

do dinheiro, que se utiliza para remunerar os fatores de produção (FP) e para o

pagamento dos bens e serviços (BS). Assim, simultaneamente ao fluxo físico,

tem-se um fluxo monetário da economia, que acontece pela multiplicação das

quantidades físicas pelo preço unitário de cada unidade física.

Fluxo Monetário = Quantidade produzida x preço unitário (FM= QPxPU )

Fluxo Monetário da Economia (Vasconcellos, 2004)

Juntando os dois fluxos, o físico e o monetário, da economia tem-se o

fluxo circular de renda.

Fluxo Circular da Renda (Vasconcelos, 2004)

Evidentemente, o mercado de bens e serviços e o mercado de fatores de

produção funcionam conjuntamente por meio da oferta e da demanda,

determinando os preços dos bens e serviços, isto é, onde se formam os preços

dos bens e serviços. No mercado de fatores de produção, são determinados os

preços dos fatores de produção entendidos como a remuneração dos recursos

de produção por meio do pagamento de salários (S), juros (J), aluguéis (W),

lucros (U), depreciação (D), tributos indiretos (Ti),”royalties”.

O fluxo circular da renda é o elo de relação que se estabelece entre as

famílias e as empresas. O fluxo completo incorpora também o setor público por

meio dos impostos indiretos e dos gastos públicos e o setor externo, que inclui

todas as transações com importações (M) e exportações (E) e o movimento

financeiro com o resto do mundo.

Algumas Considerações Importantes

Para VASCONCELLOS (2004), os bens de capital (K) destinam-se à

fabricação de outros bens e serviços e não se desgastam totalmente no

processo produtivo, como máquinas, equipamentos, instalações. Eles fazem

parte do ativo fixo das empresas e contribuem para melhoria da produtividade

da mão-de-obra (Na).

Os bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das

necessidades humanas e não voltam ao processo produtivo. De acordo com

sua durabilidade, podem ser classificados como duráveis, como, por exemplo:

geladeiras, fogões, televisores, automóveis de passeio, ou como bens não-

duráveis, como alimentos, produtos de limpeza e serviços.

Os bens intermediários que se transformam ou agregam na produção de

outros bens e serviços e são consumidos totalmente no processo produtivo,

como insumos, matérias-primas, componentes. Porém, os bens finais são

vendidos para o consumo, ou utilização final. Os bens finais se dividem em

bens de consumo e bens de produção.

Os fatores de produção, ou recursos de produção da economia, como já

foi mencionado anteriormente, constituem-se em recursos humanos (RH),

capital (K), tecnologia e recursos naturais.

Os fatores de produção (FP) são remunerados:

Fator de produção Tipo de remuneração

Trabalho Salário

Capital Juro

Terra Aluguel

Tecnologia Royalty

Capacidade Empresarial Lucro

Fator de Produção e Tipo de Remuneração (Vasconcellos, 2004)

Vê-se que o lucro (U) é entendido como remuneração ao fator de

produção, representado pela capacidade empresarial dos proprietários das

empresas.

2 OS SETORES ECONÔMICOS

Os recursos econômicos, ou fatores de produção estão presentes em todas

as atividades de produção com diferentes intensidades, isto é, a proporção em

cada um desses fatores varia de setor para setor. Assim, de acordo com a

intensidade de uso dos recursos, são classificadas as atividades de produção.

Desse modo, tem-se:

a) O setor primário, que compreende as atividades primárias relacionadas à

agricultura, como lavoura permanente, temporária, fruticultura,

hortifrutigranjeiros, bem como, as atividades relacionadas à pecuária, que

abrangem a criação e abate de gado, de suínos e aves, pesca e caça; sem

se esquecer das atividades relacionadas à extração vegetal, como

produção florestal e extração mineral, como a retirada da terra de minério

de ferro e produção de sal bruto.

b) O setor secundário, que abrange atividades secundárias de produção tais

como indústria extrativa mineral, indústria de transformação de alimentos,

de fiação e tecelagem, de metalurgia, moveleira, química, do vestuário, de

calçados, de eletrodomésticos, de telecomunicações, de transportes,

automobilística, produtos de matérias plásticas, bebidas, construções do

setor público e privado.

c) O setor terciário relacionado às atividades terciárias de produção, como o

comércio atacadista e varejista; o serviço de transportes rodoviários,

ferroviários, aeroviários e hidroviários; o serviço de comunicações, televisão

e radiodifusão e serviço de correios e telégrafos; serviços de intermediação

financeira relacionada a bancos, corretoras de valores, seguradoras, bolsas

de valores; serviços imobiliários, bares, lanchonetes, restaurantes, hotelaria;

serviços de consertos e manutenção de eletrodomésticos, veículos e

máquinas; serviços de saúde relacionados a hospitais, laboratórios;

serviços educacionais, culturais, lazer, cultos religiosos; serviços pessoais

ligados à higiene pessoal, cabeleireiros e barbeiros.

De forma sucinta, o setor primário utiliza, com mais intensidade, os

recursos relacionados à terra. O setor secundário ou de transformação utiliza,

com maior ênfase, os recursos relacionados à capital. O setor terciário está

relacionado ao fator trabalho.

REFERÊNCIAS

MÜLLER, Antônio. Manual de economia básica. Petrópolis: Vozes, 2004.

MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia, Fundamentos e Aplicações.

São Paulo: PEARSON (Prentice Hall), 2004.

REIS, Ricardo Pereira. Fundamentos de economia aplicada (Curso de

extensão à distância). UFLA – Universidade Federal de Lavras, MG.

VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manoel E. Fundamentos de

Economia. São Paulo: Saraíva, 2004.