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UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
GENITA BEZERRA DE SOUZA
EDUCAÇÃO DO TRÂNSITO PARA ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
MACEIÓ – AL
2013
GENITA BEZERRA DE SOUZA
EDUCAÇÃO DO TRÂNSITO PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho
MACEIÓ-AL
2013
GENITA BEZERRA DE SOUZA
EDUCAÇÃO DO TRÂNSITO PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
______________________________________ PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO
ORIENTADOR
_____________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________ PROF. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA
Dedico a minha mãe por ter me dado a vida; A minha família de coração
Margarida Padilha, Roberto Gil e seus filhos: Ana Paula, Adriana e Roberto pelo
apoio e participação nessa caminhada;
A Jeane por ser muito inteligente e ter sido a minha companheira nos
trabalhos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado forças para chegar aonde
eu cheguei;
A meu orientador Manoel pelo apoio e disponibilidade;
Aos amigos da sala pelo companheirismo, em especial a Jeane que me
acompanhou nas pesquisas;
Aos professores pelos conhecimentos transmitidos;
A minha família pelo apoio e confiança;
Aos funcionários do Núcleo de Educação para o trânsito;
E a todos que me apoiaram nesta nova etapa.
“No trânsito somos todos iguais, com papéis
diferentes, em momentos diferentes. Então é
o maior espaço de cidadania.”
(Nereide Tolentino)
RESUMO
Este trabalho visa identificar através de pesquisa a educação no trânsito para alunos do ensino fundamental, tendo como objetivo compreender como a educação do trânsito poderá ser ensinada em escolas de ensino fundamental. Partindo da seguinte pergunta: Diante da constatação da importância da educação para o trânsito no ensino fundamental. Como realizar essa educação para o trânsito nas escolas de Ensino Fundamental? O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso, por meio de entrevista semi-estruturada, feita a professores do ensino fundamental. Observou-se nessa pesquisa que são poucos, mas ainda existem professores que não estão preocupados com a situação que se encontra o trânsito. Constatou-se que a educação para o trânsito no ensino fundamental é de suma importância. Admitindo, portanto, que o assunto trânsito é um problema social em que todos, inclusive pais e professores, devem participar para que haja melhorias. PALAVRAS-CHAVE: Educação para o trânsito; Ensino Fundamental; Lei de Trânsito
ABSTRACT
This work aims to identify through research the traffic education for elementary school students, with objective of understand how the traffic education can be taught in elementary schools. Starting from the following question: in the face of realization of the importance of traffic education in the elementary schools. How to make this traffic education in elementary schools? The research method used was a case study using semi-structured interview, made with elementary school teachers. Observed in this study that there are few there are still teachers who are not concerned with the situation that the transits today. It was found that the traffic education in elementary education is of utmost importance. Assuming, therefore, that the traffic issue is a social problem in which everyone, including parents and teachers should participate so that there are improvements.
Keywords: Education for transit; Basic education; Traffic Law
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 01 – Relação percentual da rede escolar onde os professores
entrevistados lecionam..............................................................................................24
GRÁFICO 02 – Distribuição, em porcentagem, da faixa etária dos professores
entrevistados..............................................................................................................25
GRÁFICO 03 - Distribuição do tempo de trabalho dos docentes...............................25
GRÁFICO 04 – Resultados referentes a questão do professor entrevistado ser ou
não habilitado para o trânsito.....................................................................................26
GRÁFICO 05 - Distribuição, em porcentagem, da observação ou envolvimento dos
docentes em algum acidente de trânsito....................................................................26
GRÁFICO 06- Distribuição, em porcentagem, do nível de conhecimento dos
professores acerca da nova lei de trânsito que altera os limites de velocidade para
fins de enquadramentos infracionais e de penalidades.............................................27
GRÁFICO 07- Distribuição, em porcentagem, dos professores que obtiveram
disciplinas sobre o trânsito, durante o período de formação educacional.................28
GRÁFICO 08- Distribuição, em porcentagem, dos professores que tiveram alguma
preparação para orientar seus alunos ao convívio com o trânsito.............................28
GRÁFICO 09- Relação percentual de professores sobre a importância dada à
introdução de uma disciplina cujo conteúdo contemplasse aspectos de legislação de
trânsito, voltada para o ensino fundamental ..............................................................29
GRÁFICO 10- Distribuição, em porcentagem, do grau de envolvimento da escola
com o trânsito.............................................................................................................29
GRÁFICO 11- Distribuição, em porcentagem, quanto ao nível que as diretrizes sobre
o trânsito deveriam ser trabalhadas/desenvolvidas...................................................30
GRÁFICO 12- Distribuição, em porcentagem, dos professores que tem algum
conhecimento sobre o envolvimento de algum dos seus alunos em acidentes de
trânsito........................................................................................................................31
GRÁFICO 13- Distribuição, em porcentagem, dos professores tem algum
conhecimento sobre o envolvimento de algum dos familiares de seus alunos em
acidentes de trânsito .................................................................................................31
GRÁFICO 14- Distribuição, em porcentagem, dos professores que acham que o
trânsito exerce influência sobre as relações sociais..................................................32
GRÁFICO 15- Distribuição, em porcentagem, dos professores que acreditam que a
educação para o trânsito nas escolas, possibilitaria uma maior participação social
dos alunos..................................................................................................................32
GRÁFICO 16 – Distribuição, em porcentagem, dos professores que se emocionam
com os problemas gerados pelo trânsito ...................................................................33
GRÁFICO 17- Distribuição, em porcentagem, dos professores que consideram os
problemas do trânsito como uma questão grave para a sociedade...........................33
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO .......................................................................................................12
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................14
2.1 Educação como Instrumento de Transformação ...........................................14
2.2 A Escola como Ambiente de Produção de Conhecimentos .........................15
2.3 Evolução da Educação para o Trânsito ..........................................................17
2.4 Interdisciplinaridade Relacionada à Educação para o Trânsito ...................18
2.5 Ensino Fundamental e sua Estrutura ..............................................................19
2.6 Características e Perfil dos Professores do Ensino Fundamental ...............20
3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................22
3.1 Ética....................................................................................................................22
3.2 Tipo de Pesquisa...............................................................................................22
3.3 Universo.............................................................................................................22
3.4 Sujeitos e Amostra.............................................................................................22
3.5 Instrumento de Coleta de Dados......................................................................22
3.6 Procedimentos para Coleta de Dados..............................................................23
3.7 Procedimentos para Análise dos Dados..........................................................23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................34
REFERÊNCIAS..........................................................................................................36
APÊNDICE.................................................................................................................37
ANEXO.......................................................................................................................40
12
1. INTRODUÇÃO
Quem já não ouviu falar que o trânsito é a utilização das vias por veículos
motorizados, veículos não motorizados, pedestres e animais, para fins de circulação,
parada ou estacionamento. E que se faz necessária a conscientização de todos para
que haja uma qualidade harmônica ao se transitar. Todavia, mesmo com esse
conhecimento parece que existe uma má informação tanto dos pedestres como dos
condutores sobre o correto comportamento no trânsito, pois ainda existe um número
muito grande de acidentes.
Muitas crianças são vitimas de acidentes no trânsito, levando até a morte. O
que nos faz pensar: Será que se instruídas quanto às devidas práticas
comportamentais no trânsito pelos pais e professores esse índice iria mudar? E
Como realizar esse ensino nas escolas de Ensino Fundamental? Diante esses
questionamentos, este trabalho tem como hipóteses que as crianças quando
recebem orientações de trânsito desde o Ensino Fundamental por pessoas
capacitadas desenvolvem maior conscientização através das informações recebidas,
pois a elas serão apresentadas o que deve ou não se fazer, criando dessa forma
uma responsabilidade ao transitar pelas ruas, a qual será estendida a outros níveis,
no futuro, proporcionando indivíduos mais conscientes no trânsito.
Percebe-se então que a educação para o trânsito, no Brasil, atualmente é
uma realidade a ser considerada, sendo importante a adoção desde o ensino
fundamental até o momento que o indivíduo candidata-se à habilitação inscrevendo-
se no processo necessário à sua obtenção. Mas, infelizmente, os conceitos e
conhecimentos relativos ao trânsito são priorizados apenas no momento que o
indivíduo necessita da Carteira Nacional de Habilitação, momento no qual se
inscreve em um Centro de Formação de Condutores que irá lhe proporcionar
conhecimentos acerca do Código de Trânsito Brasileiro e legislações relacionadas,
sendo este tempo insuficiente para que possa adquirir noções que se encontram
agregadas às exigências do trânsito, como: o respeito à vida, noções de cidadania,
primeiros socorros, dentre várias outras. Nesse sentido, observa-se uma urgente
necessidade de se implantar nos currículos do ensino fundamental, disciplinas
acerca da educação para o trânsito, devendo estas serem trabalhadas
transversalmente e de forma interdisciplinar, para que os seus conceitos sejam
13
assimilados pelos alunos desde a sua infância, e no momento oportuno, tornem-se
condutores e pedestres conscientes dos seus papéis como cidadãos.
A partir de tal concepção, em que se apresenta ainda um índice elevado de
crianças e adultos com comportamentos inadequados no trânsito, ocasionando
mortes. Fato esse que se propaga por encarar a educação para o trânsito só
necessária para adultos com idade para obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação, o que obriga os Centros de Formação de Condutores a reeducar
pessoas que já estão inseridas no trânsito há anos, como pedestres, ciclistas e até
como condutores inabilitados. Isso é, se tanto crianças como adultos estivessem
sendo educadas para o trânsito desde o ensino fundamental a realidade seria de
maneira geral completamente diferente. Com essa justificativa o presente trabalho
teve como objetivo geral buscar compreender como essa educação para o trânsito
poderá ser ensinada nas escolas de Ensino Fundamental. Para tanto pesquisou a
perspectiva dos docentes, atuantes na rede pública e privada de ensino fundamental
do município de Recife-PE, quanto à necessidade de se implantar no ensino
fundamental a disciplina educação para o trânsito, objetivando a formação de
condutores e cidadãos mais conscientes acerca da problemática que se constituiu o
trânsito no Brasil. O que forneceu respaldo sobre o real conhecimento da
valorização na educação escolar para instruções sobre o trânsito; sobre a
possibilidade de futuras ações voltadas ao correto comportamento nas vias, dentre
outras.
A hipótese que norteia esse trabalho relaciona-se com a inserção da
disciplina educação para o trânsito, a ser desenvolvida desde o ensino fundamental,
entendendo que as crianças ao receberem orientações de trânsito já nesse período
por pessoas capacitadas desenvolvem maior conscientização através das
informações recebidas, facilitando a compreensão e a consciência das mesmas em
relação à realidade do trânsito.
14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A Educação como Instrumento de Transformação
Antes de ser imposta a educação no trânsito, muitos pensavam da seguinte
maneira: “A educação de trânsito será a salvação”. É verdade que sua chegada foi
comemorada, porém, seguida de uma dose de decepção, exemplo: determinava-se
a educação nas escolas, mas não havia clareza do que era educação de trânsito,
quais os conteúdos necessários, quem aplicaria, como se daria e como se passaria.
O código de trânsito é bem claro no capítulo VI do art. 74: A educação para o
trânsito é direito de todos e constitui dever prioritários para os componentes do
Sistema Nacional de Trânsito. E no parágrafo único do mesmo capitulo diz: para a
finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante
proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras,
diretamente ou mediante convênio, promoverá: I - A adoção, em todos os níveis de
ensino, de currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança
de trânsito. Logo, fica bastante evidente o direito de temos uma educação para o
trânsito, e também a possível atuação dos órgãos da educação, esporte, através de
propostas do CONATRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras
na contribuição quanto conteúdos programáticos sobre segurança de trânsito. E a
Portaria 147 em 02 de junho de 2009, aprova as Diretrizes Nacionais da Educação
para o trânsito na Pré-Escola e no Ensino Fundamental. Os professores então
passam a ter a oportunidade de desenvolver atividades que deem importância à
adoção de posturas e atitudes voltadas ao bem comum; favorecendo a análise e a
reflexão de comportamentos seguros no trânsito, o respeito e a valorização da vida.
As diretrizes trazem conceitos e diferentes sugestões de como ensinar sobre o
trânsito nestes dois níveis de ensino. No caso do ensino fundamental o assunto
trânsito entra como assunto transversal ao currículo. No entanto ao fazermos um
percurso histórico sobre educação para o trânsito percebe-se que foi na década de
20 nos Estados Unidos que surgiram as primeiras disciplinas visando à inserção da
educação para o trânsito no sistema educacional. Tendo como objetivo a
conscientização dos indivíduos no sentido de práticas mais seguras ao dirigir, assim
como a transmissão de noções e conceitos sobre a estrutura básica da legislação
relativa ao trânsito.
15
A Inglaterra, por sua vez também foi percussora com as questões de trânsito,
porque sua frota de veículo aumentou bastante, sendo necessária a adoção de
normas e medidas capazes de proporcionar maior segurança nos seus vários
sistemas. Surgindo assim investimento em estudos sobre às vias de tráfego para
reduzir os acidentes.
Na década de 30, as companhias de seguros e da Associação Americana de
automóveis é que faziam questão de uma disciplina associada ao trânsito, pois o
número de acidentes aumentará, e como conseqüência também o número de
indenização. O governo americano passava a lançar campanhas de educação
pública voltadas para o trânsito com a finalidade de se reduzir o crescente número
de acidentes (SANTOS, 1989).
Todavia, nem nos Estados Unidos, nem na Inglaterra existia uma disciplina
especifica sobre a educação para o trânsito ou que buscasse a preparação dos
indivíduos para um transito mais seguro, vinculada aos dispositivos legais e normas
que o disciplinavam (PEREIRA, 1980). Foi a Suécia que desenvolveu uma
legislação que responsabilizava de forma mais rigorosa aqueles condutores
responsáveis por graves acidentes em virtude da inobservância dos sistemas
normativos estabelecidos (SANTOS, 1989).
Quanto ao Brasil, apenas no final da década de 60 é que se observou a
adoção de medidas de caráter educativo, através da Resolução do Conselho
Nacional de Trânsito – CONTRAN. (RODRIGUES, 2007).
Em pleno século 21, não vemos ainda em todas as escolas dos Estados
Brasileiros a inserção nos currículos escolares de uma educação voltada para as
questões do trânsito. Há lei, mas parece não haver ainda concretização da mesma
em todas as escolas para a inserção de uma disciplina voltada às questões sobre a
educação no trânsito.
2.2 A Escola como Ambiente de Produção de Conhecimentos
A noção que o mundo é uma totalidade, grande e complexo e seu
conhecimento é feito pelas partes, trouxe a ideia de que a fragmentação facilitaria a
compreensão do conhecimento científico, por isso, orientou a elaboração dos
currículos básicos em certo número de disciplinas consideradas indispensáveis à
construção do saber escolar. Tal simplificação, por outro lado, complicou a
16
compreensão de fenômenos mais complexos. A solução para o problema foi
relacionar as várias disciplinas do currículo. Criando assim três níveis de relação das
disciplinas entre si: multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.
Na multidisciplinaridade, recorremos a informações de várias matérias para
estudar um determinado elemento, sem a preocupação de interligar as disciplinas
entre si. Essa forma de relacionamento entre as disciplinas é a menos eficaz para a
transferência de conhecimentos para os alunos. Já a interdisciplinaridade, aborda
um assunto por meio da interação entre duas ou mais disciplinas. O ensino baseado
nesse elemento proporciona uma aprendizagem muito mais estruturada e rica, pois
os conceitos estão organizados em torno de unidades mais globais, de estruturas
conceituais e metodológicas compartilhadas por várias disciplinas. Enquanto, que a
transdisciplinaridade, observa um assunto, de modo que não se estabelece fronteira
entre uma disciplina e outra. É como se o assunto abordado fosse uma linha
perpassando pelas disciplinas. A cooperação entre as várias matérias é tanta, que
não dá mais para separá-las, por isso, acaba surgindo uma nova "macrodisciplina".
Esse é o estágio de cooperação entre as disciplinas mais difícil de ser aplicado na
escola, pois há sempre a possibilidade de uma disciplina "imperialista" sobrepor-se
às outras.
Apesar das dificuldades encontradas para elaboração de temas transversais.
Quando se uni à interdisciplinaridade e a transversalidade, elas se completam por
que:
“(...) abordam o conhecimento, como algo ativo, inacabado, passível de transformação e de ser vinculado às questões sociais. Portanto, por meio dos temas transversais e da interdisciplinaridade acredita-se ser possível trabalhar o trânsito de uma forma muito mais abrangente e contextualizada para que se possa atingir, com maior eficácia, os objetivos de proporcionar-lhe maior segurança e humanização.” (BOTELHO, 2009).
A preparação não é para uma disciplina isolada sobre o trânsito, mas sim um
tema incluído nos conteúdos já existentes. E, as diretrizes dão orientações didáticas
para as áreas como trânsito em Língua Portuguesa, trânsito em matemática, trânsito
em história.
17
2.3 Evolução da Educação para o Trânsito
Em entrevista sobre a longa espera pela educação de trânsito feita por J.
Pedro Côrrea, à Nereide Tolentino pedagoga e especialista em trânsito, ela diz que
para uma implementação imediata da educação de trânsito no nosso sistema
escolar, três coisas são importantes: 1º Implementar um projeto para o ensino infantil
e fundamental, por meio de atividades inseridas nas disciplinas de cada série como,
por exemplo o Rumo a Escola (parceria Denatran/Unesco). 2º Programar um
projeto para o ensino médio e superior, por meio de atividades inseridas nas
disciplinas de cada série como, por exemplo o Transitando (do programa Volvo). E
3º desenvolver um programa de campanhas. Não esquecendo as empresas que
podem contribuir treinando seus funcionários sobre os comportamentos adequados
no trânsito.
Algumas sugestões de aulas são apresentadas através de sites como estes:
http://educacaotransitoportalprofessor.wordpress.com/sugestoesdeaulas, e
http://www.detran.ba.gov.br/download/educacao/modulo_basico.pdf com a intenção
de apresentar propostas educativas, que abordem o tema trânsito através de
estratégias interativas, colaborativas e cooperativas. Entre esses temas estão:
regras do trânsito; organização do trânsito; educação no trânsito: como prática de
cidadania; meios de transporte e trânsito; a relação entre pedestres e motoristas;
placas de trânsito; sinalização de trânsito; a vida em trânsito; comportamento
adequado no trânsito; transporte urbano; vias utilizadas pelos meios de transportes;
policiamento e fiscalização; acidentes de trânsito; uso de cinto de segurança.
Dentre outros. Todos transmitidos através de um plano de aula que evidência o
conteúdo aos objetivos específicos e com sugestões de atividades dinâmicas e
criativas.
Transmitir como funciona o sistema trânsito como um todo, através de
conteúdos que expliquem o que é desenvolvimento urbano, movimento, velocidade,
direito de ir e vir, segundo, Nereide são conteúdos básicos para os cursos nas
escolas.
É, suposto que fazendo desta maneira, a apresentação das regras e
proibições seja mais compreendida e aceita, e o cumprimento das mesmas,
certamente virá não por medo, mas por consciência de um dever que deve ser
18
cumprido, pois se trata de uma tarefa de âmbito social e uma questão de saúde
pública.
2.4 Interdisciplinaridade Relacionada à Educação para o Trânsito
Apesar de muitas escolas ainda não terem inserido em seus currículos uma
disciplina referente ao trânsito. A escola Conêgo Camargo na capital do Paraná é
uma exceção, pois implantou a mais de 7 anos na grade curricular, o projeto de
educação para o trânsito. E, segundo Edicléia Cruz da Silva, coordenadora
educacional, teve êxito, porque os acidentes no entorno da escola diminuíram muito.
“Os alunos ficam muito mais atentos ao que acontece no trânsito”, enfatizou a
coordenadora.
Através de livros de apoio e muita pesquisa, os professores dessa escola
aplicam a educação no trânsito durante um mês em conjunto com outros conteúdos
propostos, e ao final levam os alunos a aula prática na Escola de Trânsito do estado.
A educação ainda é o melhor caminho para a construção social de crianças,
jovens e adultos, como menciona Anderson Gomes Secretário de Educação no
caderno Todos por uma Escola Legal:
“A escola de educação básica é lugar onde se ensinam práticas de civilidade, de respeito aos direitos humanos, onde crianças, jovens e adultos adquirem conhecimentos e desenvolvem ações educativas para exercício da cidadania.”
A educação por se tratar de um processo de construção social permanente e
sistemático, que se concretiza com as relações entre os seres humanos e natureza,
acaba por refletir a problemática da sociedade em que está inserida. Logo, a escola
inserida numa sociedade violenta não pode cumprir a tarefa de educar para a
cidadania se as unidades de ensino e as pessoas que as freqüentam refletem essa
violência.
Portanto, uma educação voltada para o trânsito nos currículos escolares,
principalmente no nível fundamental, se faz necessária e muito importante, mas não
surtirá efeito para essas crianças, se as pessoas que fazem a escola demonstrem
irresponsabilidades no trânsito. “Elas, crianças são muito mais vitimas do que
causadoras de acidentes!.” (CORRÊA, 2009) Todavia, uma educação voltada a
19
questões sobre o trânsito, instituída por professores capacitadas e conscientes de
seu papel como agentes de mudança social, juntamente com o exemplo de
condutas corretas no trânsito, dos familiares, parentes, vizinhos, amigos mais
próximos, servirá como alicerces para uma pré-conscientização dos pequeninos
sobre a realidade do trânsito, preparando-os para futuros cidadãos mais
compromissados com a situação dessa via. “Ora, sabemos que nada é tão perigoso
quanto bons conselhos seguidos de maus exemplos” (Idem).
Então, além de uma educação advinda das instituições de ensino
fundamental e médio deverá se ter também uma consciência coletiva entre os
adultos, que para os pequeninos por em prática no futuro as aulas aprendidas no
âmbito educacional, necessitam de exemplos vivos, principalmente, vindo daqueles
que eles admiram, respeitam e tentam imitá-los ao longo de suas vidas.
2.5 Ensino Fundamental e sua Estrutura
O trânsito hoje, de acordo com o Ministério da Saúde, virou questão de saúde
pública, por conta dos inúmeros casos de acidentes envolvendo motoristas,
pedestres, ciclistas, e todos aqueles que constituem o trânsito. 6% das deficiências
físicas em todo o mundo deve-se a acidentes de trânsito. No Brasil, os acidentes de
trânsito são o segundo maior problema de saúde pública, perdendo apenas para a
desnutrição. O país é dono de 3,3% da frota mundial de veículos, mas também de
5,5% do total mundial de acidentes. O número de acidentes fatais no Brasil, em
2007, para cada 10.000 veículos, está na proporção de 4,7%, enquanto que no Piauí
é de 12,1%, segundo dados do DETRAN. O total de acidentes com vítima registrado
no Piauí no ano de 2008 foi de 3.522.
Nada como uma operação conjunta para diminuir o número de acidentes de
trânsito. A Operação Funil, lançada pela Secretaria de Segurança Pública no dia 22
de dezembro de 2011, é um exemplo disso, tendo como objetivo reduzir os
acidentes e o número de mortes nas vias urbanas, nas rodovias distritais e rodovias
federais que cortam o DF.
Tudo acontece através de uma fiscalização que é feita em conjunto pelo
Departamento de Trânsito do DF (Detran), polícias Civil e Militar, Departamento de
Estradas de Rodagem do DF (DER-DF) e Polícia Rodoviária Federal. Todavia, essa
operação além das ações integradas de fiscalização também compreende ações
20
integradas de educação de trânsito, advertindo os condutores sobre os riscos de
acidentes provocados principalmente pelo excesso de velocidade e pela embriaguez
ao volante. Com intervenções de teatro de bonecos e entrega de material educativo.
Dados do Distrito Federal (GDF) divulga que em cerca de três meses de
fiscalização, entre 22 de dezembro de 2011 e 12 de fevereiro de 2012, a ação
reduziu em 53,3% o número de acidentes (15 para 7) com vítimas fatais nas BRs
020, 040, 060, 070 e 251. Nas mesmas rodovias, o total de mortes caiu 31,6%, de
19 para 13, durante o mesmo período.
A idéia da Operação Funil já deu certo, e ainda continua dando certo, pois
houve a interação de todos que estavam inseridos no projeto, e também a utilização
de ações educativas. Mais uma vez conclui-se que um projeto sem participações,
colaborações jamais sairá do papel, e se sair provavelmente não dará certo.
2.6 Características e Perfil dos Professores do Ensino Fundamental
Na página da Abetran Associação Brasileira do Trânsito, divulga-se que está
em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado do Tocantins, o Projeto de Lei nº
254, de autoria do Deputado Estadual Osires Damaso (DEM), que dispõe sobre a
inclusão da matéria “Educação para o Trânsito” como disciplina obrigatória no
currículo das Escolas de Ensino Fundamental e Médio da rede estadual de ensino.
Essa proposta é uma indicação do Vereador Neivon Bezerra (DEM) de
Paraíso do Tocantins. Os objetivos específicos são: conscientizar crianças e
adolescentes sobre a responsabilidade social no trânsito; reduzir as ocorrências
relativas a acidentes e violência no trânsito; e acima de tudo, educar os futuros
condutores de veículos sobre princípios de cidadania e ética, observando a
legislação vigente no país.
Esses políticos assustados com o grande índice de acidentes no trânsito, e
por isso, considerando esse assunto como um problema de saúde pública estão
agora mais do que nunca, articulando propostas que amenize essa situação.
Partindo da idéia de que:
“É educando os nossos filhos que vamos evitar as tragédias tão comuns no Brasil, pois, sabemos que é na infância e adolescência que se verifica a maior aceitação de ensinamentos e condutas (deputado Osires Damaso)."
21
Se estes em conjunto com outros políticos, educadores, empresários e todos
os órgãos competentes pelas diretrizes do trânsito, empenharem- se pela inclusão
da matéria educação para o trânsito em todas as escolas, tanto de redes estaduais,
municipais e privadas, principalmente nos primeiros anos de aprendizagem, é
provável que no amanhã diminua em 80% ou mais o índice de mortes no trânsito.
22
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ética
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais
conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº
93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa a
Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao
responder o questionário. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Foram coletados dados a respeito do trânsito, para que se
possa obter maiores informações sobre a população pesquisada.
3.2 Tipo de Pesquisa
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla, combinação de
abordagens, a saber quanti-qualitativa.
3.3 Universo
O presente estudo abrangeu a área de educação (Estadual, Municipal,
particular) da cidade do Recife-PE.
3.4 Sujeitos
A amostra deu-se por conveniência quando lançou-se mãos população de
professores do ensino fundamental, sendo 20% da rede particular; 30% do município
e 50% da rede estadual do Município de Recife-PE.
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
Construiu-se um instrumento estruturado, um questionário com perguntas
objetivas que levavam a repostas abertas. Composto por Anselmo Sebastião
23
Botelho, com 17 perguntas, que abrange a caracterização dos sujeitos, cujas
primeiras variáveis incorporadas retratam o percentual do perfil dos professores
pesquisados (faixa etária, tempo de trabalho, etc.), e as outras retratam o
conhecimento dos docentes sobre assuntos diretamente ligados ao trânsito dentro
de seus ambientes de trabalho.
3.6 Planejamento para Coleta dos Dados
Na oportunidade, o questionário foi entregue pessoalmente aos professores,
no tal de 100, que concordaram em responder e participar da pesquisa. Foram
respondidos 100 questionários.
3.7 Planejamento para Análise dos Dados
Os dados foram tratados e analisados com auxilio de um software Excel para
o tratamento estatístico (média). Quanto a parte qualitativa recorreu se a análise de
conteúdo enquanto técnica para dar sentido as falas dos sujeitos entrevistados.
24
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A relação da rede escolar do ensino fundamental com seus quantitativos
percentuais de professores, encontra-se apresentada no gráfico 01. Verifica-se que,
dos 100 professores pesquisados, 20% fazem parte da Rede de ensino particular,
30% do Município e 50% da Rede Estadual. Ou seja, a maior demanda de
professores do ensino fundamental está na Rede de Ensino Estadual, logo o
Governo Estadual precisa se empenhar em ações governamentais que visem à
implantação de ações voltadas para a introdução de uma disciplina que vise educar
os alunos da rede de ensino fundamental sobre os devidos comportamentos no
trânsito. De acordo com os dados estatísticos a maioria dos professores
entrevistados tem como principal perfil: ensinar na rede estadual, possuir idade
maior que 40 anos, ter mais de 5 anos de profissão e possuir carteira de habilitação.
Gráfico 01- Relação percentual da rede escolar de ensino fundamental onde os professores
entrevistados lecionam.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Parece então, que a participação, principalmente, do Governo do Estado e
dos professores mais experientes (faixa etária acima de 40 anos, conforme
demonstra o gráfico 02) sobre a inserção da disciplina educação no trânsito poderá
ajudar bastante na construção de um ensino voltado para a educação no trânsito.
25
Gráfico 02- Distribuição, em porcentagem, da faixa etária dos professores entrevistados.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Observa-se que a idade entre 20 e 25 anos possuem 5% dos professores,
entre 26 e 30, possuem 15%, entre 31 e 40, 30% e acima de 40 anos, 50%, Isto é, a
maior faixa de idade dos professores entrevistados está acima de 40 anos o que nos
dá a noção de que possuem docentes mais experientes e maduros capazes de
entender a necessidade fundamental de existir uma disciplina voltada para as
questões do trânsito.
Em relação ao tempo de profissão como docente, gráfico 03, verifica-se que a
maioria dos professores lecionam a mais de 5 anos totalizando 60% do resultado, os
outros 40% estão divididos entre os tempos com menos de 2 anos de ensino com
5%, de 2 à 3 anos também com 5% e entre 3 e 4 , 4 e 5 anos de tempo de ensino
encontra-se 10% dos professores
Gráfico 03- Distribuição do tempo de trabalho dos docentes
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Nesse resultado observa-se que há uma maior quantidade de docentes que
trabalham há mais tempo, o que indica também uma experiência bastante vasta
26
sobre os conteúdos a serem ensinados, e certamente uma consciência mais
apurada do que necessita ser acrescentado o retirado do currículo.
Quanto a questão de possuírem ou não a Carteira Nacional de Habilitação
(CNH), gráfico 04, observa-se que 70% dos entrevistados possuem habilitação, logo
estes conhecem na prática os transtornos ocasionados no trânsito. Os 30%
restantes não conhecem como condutores de veículos, mas como pedestres e
também sabem os riscos que o trânsito oferece para quem transita.
Gráfico 04- Resultados referente à questão do professor entrevistado ser ou não habilitado
para o trânsito
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Em relação ao conhecimento do docente sobre assuntos ligados ao trânsito e
ao ambiente de trabalho, apresentado no gráfico 05, verifica-se que 70% dos
docentes já presenciaram ou se envolveram em acidentes de trânsito, enquanto
30% alegam não terem presenciado ou se envolvido em acidentes. Trânsito é coisa
séria, não se deve brincar no trânsito. É tanto que essa estimativa aponta que é bem
maior o conhecimento e envolvimento em acidentes de transito.
Gráfico 05- Distribuição, em porcentagem, da observação ou envolvimento dos docentes em
algum acidente de trânsito.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
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A maioria dos docentes pesquisados presenciou ou se envolveu em acidentes
de trânsito, e continuam apenas tendo conhecimento parcial da legislação do
trânsito. E durante sua formação não tiveram nenhuma disciplina que contemplasse
o ensino sobre o trânsito.
Sobre o conhecimento da nova lei de trânsito, apresentado no gráfico 06, fica
evidenciado que apenas 5% dos docentes possuem o conhecimento total da lei de
trânsito, já 25% admitem não terem nenhum conhecimento sobre essa lei e 70%
confirmam ter um conhecimento parcial. Estes índices comprovam a deficiência no
conhecimento da legislação, algo que é de suma importância para a manutenção da
segurança no trânsito e a implantação da disciplina de educação para o trânsito nas
escolas de educação infantil e ensino fundamental..
Gráfico 06- Distribuição, em porcentagem, do nível de conhecimento dos professores acerca
da nova lei de trânsito que altera os limites de velocidade para fins de enquadramentos
infracionais e de penalidades.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Sendo assim, através dos resultados apresentados no gráfico 07, comprova-
se que 75% não obtiveram disciplinas sobre o trânsito durante sua formação,
enquanto apenas 25% tiveram. Logo, percebe-se que essa deficiência da não
utilização de uma disciplina voltada para questões sobre o trânsito dentro da sala de
aula, não é apenas de hoje, mas já de algum tempo.
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Gráfico 07- Distribuição, em porcentagem, dos professores que obtiveram disciplinas sobre o
trânsito. durante o período de formação educacional.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Portanto, verifica-se, através dos dados apresentados no gráfico 08,
que 80% dos docentes não foram preparados para orientar seus alunos ao convívio
com o trânsito, e apenas 20% obtiveram esse preparo. Mais uma vez as estimativas
apresentam o porquê da deficiência para aplicação de uma disciplina sobre os
devidos comportamentos no trânsito dentro da sala de aula.
Gráfico 08- Distribuição, em porcentagem, dos professores que tiveram alguma preparação
para orientar seus alunos ao convívio com o trânsito.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Embora que a grande maioria tem consciência sobre a importância de uma
disciplina voltada exclusivamente para o trânsito, nas escolas, conforme demonstra
o gráfico 09. Onde 45% observam a disciplina sobre o trânsito como muito
necessária, 50% como sendo necessária e apenas 5% como indispensável. De
acordo com esses dados observa-se que para os professores entrevistados do
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Ensino Fundamental é necessária uma disciplina que evidencie sobre a legislação
do trânsito, mas, não muito necessária, nem indispensável.
Gráfico 09- Relação percentual de professores sobre a importância dada à introdução de uma
disciplina cujo conteúdo contemplasse aspectos de legislação de trânsito, voltada para o
ensino fundamental.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Quanto a influência do trânsito nas relações sociais, demonstrada pelo
envolvimento da escola com o trânsito, gráfico 10, Constata-se que a maioria dos
professores relatam que o envolvimento da escola com as ações relacionadas ao
trânsito é regular 50%; ruim e péssimo ficaram com 45% de estimativas e bom com
5%, ou seja, ruim e péssimo, apesar de não ter superado o nível regular, seus
dados foram alarmantes e preocupantes, pois, notar-se que as escolas não estão
dando os devidos valores a produção de ações sobre o trânsito.
Gráfico 10- Distribuição, em porcentagem, do grau de envolvimento da escola com o trânsito
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Neste contexto, pode-se afirmar que o envolvimento da escola com ações
relacionadas ao trânsito pode ser considerado como ruim e péssimo. Então, as
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diretrizes sobre o trânsito deveriam ser desenvolvidas em todo território nacional, e
não apenas local, conforme resultados apresentados no gráfico 11.
Gráfico 11- Distribuição, em porcentagem, quanto ao nível que as diretrizes sobre o trânsito
deveriam ser trabalhadas/desenvolvidas.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Onde se observa que 80% dos entrevistados concordam que as diretrizes
sobre o trânsito deveriam ser desenvolvidas em todo território nacional e 20%
acham que deveriam ser desenvolvidas como um assunto local.
Obviamente por se tratar de um assunto Nacional o Trânsito, ele deve mesmo
ser explorado em dimensões mais amplas, porém respeitando a singularidade de
cada Região, Estado e Município.
Os resultados apresentados no gráfico 12 demonstram que 55% dos
docentes afirmam ter conhecimento que seus alunos já sofreram acidentes, e. de
diversas gravidades, com alguns chegando até a falecer. Enquanto que, 10%
admitem que nenhum aluno sofreu acidente e 30% divulga não ter o conhecimento
sobre o assunto. Mas, observa-se que a quantidade de alunos acidentados ainda é
assustadora, mas essa realidade pode mudar através de uma conscientização
veiculada por uma educação para o trânsito.
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Gráfico 12- Distribuição, em porcentagem, dos professores que tem algum conhecimento
sobre o envolvimento de algum dos seus alunos em acidentes de trânsito.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Em relação a este mesmo tema, mas voltado para os familiares dos alunos,
gráfico 13, verifica-se que a situação torna-se mais agravante, com 65% os
professores confirmando que familiares de alunos já sofreram acidentes, 30% diz
não saber se algum familiar sofreu acidente e 5% diz que familiares de alunos não
sofreram acidentes.
Gráfico 13- Distribuição, em porcentagem, dos professores tem algum conhecimento sobre o
envolvimento de algum dos familiares de seus alunos em acidentes de trânsito
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
O índice de familiares de alunos do ensino fundamental acidentados é
bastante intenso. Pode-se concluir então de acordo com a pergunta anterior que
tanto os alunos como seus familiares tem sofrido com a questão de acidente de
trânsito quase na mesma proporção.
Sobre a ação social do trânsito, demonstrada no gráfico 14, verifica-se que
95% dos entrevistados admitem que o trânsito exerce “com força” uma influencia
sobre as relações sociais, enquanto 5% diz que não. Esse índice comprova que os
32
docentes entrevistados têm a consciência que o assunto trânsito é algo de
fundamental importância para a sociedade. Como menciona Nereide Tolentino –
pedagoga e especialista em trânsito “No Trânsito somos todos iguais, com papéis
diferentes, em momentos diferentes. Então é o maior espaço de cidadania.”
Gráfico 14- Distribuição, em porcentagem, dos professores que acham que o trânsito exerce
influência sobre as relações sociais.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Percebe-se, através dos dados apresentados no gráfico 15, que a mesma
quantidade (95%) dos professores pesquisados que admitiu o trânsito como
componente que exerce influência sobre as relações sociais, comprovam que uma
educação voltada para o trânsito nas escolas possibilitaria uma maior participação
social entre os alunos. Com toda certeza esses docentes admitem que os
pequeninos ao estudarem sobre o trânsito passaram de uma voz passiva para uma
voz ativa, e, claro com uma maior participação na sociedade.
Gráfico 15- Distribuição, em porcentagem, dos professores que acreditam que a educação
para o trânsito nas escolas, possibilitaria uma maior participação social dos alunos.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
Em relação ao emocional, transmitido pela intranqüilidade, quanto aos
problemas do trânsito ser um fator bastante evidente nos docentes entrevistados,
percebe-se uma preocupação maior, onde 95% dos professores não estão
33
intranquilos quanto ao problema do trânsito, conforme descreve os resultados
apresentados no gráfico 16.
Gráfico 16 – Distribuição, em porcentagem, dos professores que se emocionam com os
problemas gerados pelo trânsito
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
E, mais uma vez, gráfico 17, os professores entrevistados comprovam em
maior número 95%, que os problemas do trânsito são questões graves, enquanto
5% acham que não é. Enquanto houver pessoas ainda vendo a situação do trânsito
como não grave, ela não mudará.
Gráfico 17- Distribuição, em porcentagem, dos professores que consideram os problemas do
trânsito como uma questão grave para a convívio social.
Fonte: dados da pesquisa. Recife/PE. 2012.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como uma das fontes de combate à violência no trânsito está à educação
para o trânsito ainda nos primeiros anos escolares, estratégia essa que será
ministrada à longo prazo.
Logo, esse trabalho tenta constatar a hipótese que ao se inserir a disciplina
educação para o trânsito no nível fundamental, as crianças que receberem essas
orientações pelos educadores, desenvolveram uma maior conscientização sobre os
problemas encontrados no trânsito, diminuindo certamente a violência nessa via.
Diferente da realidade passada e atual onde a maior parte das pessoas só passa a
entender o funcionamento adequado no trânsito no momento da obtenção da CNH.
Para se comprovar essa hipótese passa-se a analisar os dispositivos legais e
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que poderão permitir a
implantação de uma infra-estrutura para o desenvolvimento e aplicabilidade dessa
disciplina; as possíveis perspectivas dos docentes quanto essa necessidade de se
implantar no ensino fundamental a disciplina educação para o trânsito, dentre outras
coisas. E a pesquisa de campo feita com professores atuantes na rede pública e
privada de ensino fundamental do município de Recife-PE, ajudou nessa
compreensão.
Percebeu-se então que existem leis e diretrizes que norteiam a implantação
de uma disciplina voltada para conteúdos sobre o transito e até mesmo sites, e blogs
que ajudam na preparação de aulas práticas com parâmetros intradisciplinares e
transdisciplinares. Mas, na maior parte das escolas não se aplica esta lei, e nem se
usam esses conteúdos para apoio.
Observou-se que a maior parte dos professores entrevistados faz parte do
ensino Estadual, por isso, constata-se uma maior falta de cumprimento da lei dentro
desse âmbito educacional. Sendo necessária a observância do Governo Estadual
sobre tal acontecimento. Logo, nota-se também que a maioria tem idade superior a
40 anos, ou seja, são pessoas experientes, porém não tanto sobre questões do
trânsito, pois, admitem não terem tido durante sua formação disciplinas que
trouxesse informações sobre o trânsito, e agora como professores também dizem
não receber instruções para a aplicabilidade de conteúdos sobre o trânsito que os
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direcionem a transmitir-los para seus alunos. O que nos ajuda há compreender um
pouco sobre tal imprudência: um erro do passado continua ainda sendo repetido.
Todavia, a maior parte dos professores entrevistados tem consciência da
situação do trânsito, admitindo que uma disciplina no ensino fundamental sobre o
trânsito, que contemple a realidade a qual ele se encontra, seria necessária para
uma construção social mais consciente sobre as leis e os problemas encontrados no
trânsito.
Todavia, o que chama mais atenção nesse questionário são dois aspectos:
1º- alguns professores, embora poucos 5%, admitem está tranqüilos, quanto à
situação a qual o trânsito se encontra; 2º- apenas, 5% vêem à introdução de uma
disciplina, cujo conteúdo contemple aspectos de legislação de trânsito como algo
indispensável.
Baseando-se em relatos de escolas que implantaram essa educação sobre o
trânsito, e que deu certo. Constata-se que a educação para o ensino fundamental é
de suma importância, pois os pequeninos aprenderiam desde cedo que o assunto
trânsito não é apenas do DETRAN, do CONTRAN, do DNER, admitindo que seja
também um problema social em que todos devem participar para que haja
melhorias, inclusive os pais e os professores.
Vale ressaltar, entretanto, que este trabalho não foi elaborado com a
pretensão de estancar as análises sobre a inserção de uma educação voltada para o
trânsito nas escolas de ensino fundamental, mas sim como instrumento que possa
instigar estudantes e pesquisadores a investigar ainda mais a grande importância
em implantar em todas as escolas ainda no ensino fundamental esta educação.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Código Nacional de Trânsito. Código de trânsito brasileiro, instituído pela Lei no. 9.503, de 23 de setembro de 1997. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004. SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma Ciência Pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989. ARAÚJO, Julieta. Educação de trânsito na escola. 1. ed. Florianópolis: D.N.E.R. - 16º Distrito Rodoviário Federal, 1977. PEREIRA, Arnaldo Luís Santos. A engenharia de tráfego: conceituação e histórico. Salvador: CET/GEIPOT, 1980. RODRIGUES, J. P. P. O currículo interdisciplinar e a educação para o trânsito. Revista Eletrônica de Divulgação Científica. Faculdade de Educação Ciências e Letras Don Domênico. Guarujá-SP, 2007. TOLENTINO, Nereide. A Longa Espera pela Educação de Trânsito. Projeto Transitando-Volvo. São Paulo-SP, 2009. BOTELHO, Anselmo Sebastião. A Educação para o trânsito em Escola do Ensino Fundamental e sua relevância na formação de futuros condutores. Pós-graduação em Gestão de Educação e Segurança no trânsito. Belo Horizonte –MG, Agosto/2009. GOMES, Anderson. Cadernos Todos por uma Escola Legal. Secretária de Educação, 2012. CÔRREA, J.Pedro. 20 anos de Lições de Trânsito no Brasil. Curitiba: Volvo, 2009. Educação no Trânsito: Sugestões de aula, portal do professor. Blog publicado no ano de 2007, pelo Ministério da Educação. Disponível em http://educacaotransitoportalprofessor.wordpress.com/sugestoesdeaulas. Acesso realizado em 13/03/2012. GUIMARÃES, Maria José Santana, BARRETO, Reny Carneiro Barreto, SOUZA, Raimundo Oliveira MAGALHÃES, Sônia Maria de Oliveira. Educar para transformar, transformar para educar: Trabalho de Parceria da Secretária de Educação com o Detran; publicado em12/01/2009. Disponível em http://www.detran.ba.gov.br/download/educacao/modulo_basico.pdf. Acesso realizado em 13/03/2012.
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APÊNDICE
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
Prezado Docente, este questionário diz respeito à um trabalho monográfico acerca da
viabilidade de se inserir a disciplina Educação para o Trânsito, no âmbito do Ensino
Fundamental, com o objetivo de se reduzir o número de acidentes de trânsito. Pelo exposto,
gostaria de contar com a sua colaboração no que se refere à resposta deste questionário
para a viabilidade da pesquisa e
consecução dos trabalhos.
1. Em que escola leciona?________________________________________
2. Sua faixa etária:
( ) Entre 20 e 25 anos
( ) Entre 26 e 30 anos
( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Acima de 40 anos
3. Há quanto tempo leciona:
( ) Há menos de 2 anos
( ) Entre 2 e 3 anos
( ) Entre 3 e 4 anos
( ) Entre 4 e 5 anos
( ) Acima de 5 anos
4. Você é habilitado(a)(possui Carteira Nacional de Habilitação)?
( ) Sim
( ) Não
5. Já presenciou ou se envolveu em algum acidente de trânsito?
( ) Sim
( ) Não
6. Seu nível de conhecimento acerca da nova lei de trânsito, Lei nº 11.334, de
25 de julho de 2006 que altera os limites de velocidade para fins de
enquadramentos infracionais e de penalidades, é:
( ) Total
( ) Parcial
( ) Não tem conhecimento
7. No seu processo de formação, teve alguma disciplina relacionada às
questões sobre educação no trânsito?
( ) Sim
( ) Não
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8. Você teve alguma preparação para orientar seus alunos em relação ao
convívio com o trânsito?
( ) Sim
( ) Não
9. Você acredita que a introdução de uma disciplina cujo conteúdo
contemplasse aspectos de legislação de trânsito, voltada para o Ensino
Fundamental seria:
( ) Indispensável
( ) Muito necessária
( ) Necessária
( ) Pouco necessária
( ) Irrelevante
10. Qual o grau de envolvimento da escola onde trabalha, com o trânsito?
( ) Ótimo
( ) Bom
( ) Regular
( ) Ruim
( ) Péssimo
11. Você entende que o trânsito, nas escolas, deveria ser
trabalhado/desenvolvido sob diretrizes em qual nível?
( ) Em todo território nacional;
( ) Como um assunto local;
( ) Deveria ter uma diretriz nacional porém adaptado às diversas realidades
locais.
12. Algum aluno seu já se envolveu em acidente de trânsito?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não tem conhecimento
13. Você tem conhecimento se algum aluno já teve familiares envolvidos em
acidente de trânsito?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não tem conhecimento
14. Você acredita que o trânsito exerce influência sobre as relações sociais?
( ) Sim
( ) Não
15. Você acredita que a educação para o trânsito nas escolas, possibilitaria
uma maior participação social dos alunos?
( ) Sim
( ) Não
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16. Você se sente tranquilo(a) com os problemas gerados pelo trânsito?
( ) Sim
( ) Não
17. Você considera estes problemas como uma questão grave? (ou seja que se
apresenta como obstáculo para a concretização da plenitude da cidadania).
( ) Sim
( ) Não
Obs.: Este questionário foi reproduzido do trabalho de Pós-graduação de BOTELHO,
Anselmo Sebastião.
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ANEXO