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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO NUBIA CRISTINA PELAES DA SILVA ESTUDO DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS SOCIAIS NA OPÇÃO DE TRANSPORTE PARA O ESTADO DA BAHIA MACEIÓ - AL 2014

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

NUBIA CRISTINA PELAES DA SILVA

ESTUDO DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS SOCIAIS NA OPÇÃO

DE TRANSPORTE PARA O ESTADO DA BAHIA

MACEIÓ - AL

2014

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NUBIA CRISTINA PELAES DA SILVA

ESTUDO DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS SOCIAIS NA OPÇÃO DE

TRANSPORTE PARA O ESTADO DA BAHIA

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação ―Lato Sensu‖ em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Liércio Pinheiro de Araújo

MACEIÓ - AL

2014

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NUBIA CRISTINA PELAES DA SILVA

ESTUDO DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS SOCIAIS NA OPÇÃO DE

TRANSPORTE PARA O ESTADO DA BAHIA

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação ―Lato Sensu‖ em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

______________________________________________________

PROF.DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

ORIENTADOR

______________________________________________________

PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família que com seu amor me motiva a busca do

aperfeiçoamento.

E a todas as pessoas que de uma maneira ou de outra acreditam e contribuem para

um trânsito melhor.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, Ser Supremo, pelo dom da vida e sabedoria.

A minha família, pelos valores ensinados e por acreditar em todos os momentos no

meu desenvolvimento profissional e pessoal.

A todos os profissionais da FACIMA-UNIP pela valiosa colaboração e contribuições

no desenvolvimento desta pesquisa.

E, a todos aqueles que de forma direta ou indireta contribuíram para o

desenvolvimento deste trabalho.

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―Os professores abrem a porta, mas você deve

entrar por você mesmo.‖

(Provérbio Chinês).

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RESUMO

Com o aumento da renda per capita da população proporcionou a motorização de uma parcela significativa dos então usuários cativos do transporte coletivo, através da aquisição de automóveis e de motocicletas. Em consequência, os acidentes de trânsito representam importante problema mundial pelos índices de morbimortalidade. Para isso, foram utilizados dados do DETRAN de automóveis e de motocicletas para o estado da Bahia e, posteriormente foram especializados com auxilio do software SURFER 8.0. Os resultados mostraram que a opção por motocicletas e automóveis devidos renda per capita, onde as regiões com baixa renda per capita coincide com os municípios com maior parcela de motocicletas, e os municípios maiores renda, são aquelas que percentualmente possuem maiores percentuais de automóveis. Esse comportamento assemelhou aos índices de desenvolvimento municipal. Dessa forma, cada região ou município da Bahia está condicionado às condições socioeconômicas para compra de motocicletas e ou automóveis. Palavras-chave: motocicletas, automóveis, economia.

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ABSTRACT

With increasing per capita income of the population provided the engine of a significant portion of the captives then transit riders , through the acquisition of automobiles and motorcycles . Consequently , traffic accidents represent an important global problem by morbidity and mortality rates . Data were used DETRAN cars and motorcycles to the state of Bahia for it , and subsequently were tight with the aid of SURFER 8.0 software . The results showed that opting for motorcycles and automobiles due per capita income , where regions with low per capita income coincides with the municipalities with the highest proportion of motorcycles , and municipalities larger income percentage are those that have higher percentages of automobiles. This behavior was similar to the rates of municipal development . Thus , each region or municipality of Bahia is subject to the socioeconomic conditions for buying or motorcycles and automobiles. Keyword: motorcycles, cars, economy

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Espacialização percentual da participação de motocicletas, por

municípios, para o estado da Bahia, durante o ano de 2013. .................. 36

Figura 2 – Espacialização percentual da participação de automóveis, por

municípios, para o estado da Bahia, durante o ano de 2013. .................. 37

Figura 3 – Espacialização percentual das motocicletas e automóveis para

Bahia. ....................................................................................................... 38

Figura 4 – Espacialização da renda per capita municipal Bahia. .............................. 39

Figura 5 – Índice de desenvolvimento municipal da Bahia. ...................................... 40

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13

2.1 A Psicologia no Trânsito .................................................................................. 13

2.2 A Psicologia do Trânsito no Brasil .................................................................. 16

2.3 Comportamentos e Deslocamentos no Trânsito ............................................ 17

2.4 Mobilidade Urbana ............................................................................................ 18

2.5 Posse de Veículos Privados ............................................................................. 22

2.6 Custo Social da Motocicleta ............................................................................. 23

2.7 Motociclistas como Novos Usuários do Trânsito .......................................... 24

2.8 Perfil dos Motociclistas .................................................................................... 25

2.8.1 Moto-Boys ....................................................................................................... 25

2.8.2 Moto-Táxis ...................................................................................................... 26

2.9 Fatores Sociais e Políticos - Ganhos Econômicos da Indústria ................... 26

2.10 Acidentes de Trânsito ..................................................................................... 27

2.11 Equipamentos de Segurança. ........................................................................ 31

2.12 Prevenção dos Acidentes de Transito com Motociclistas ........................... 32

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 34

3.1 Ética .................................................................................................................... 34

3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 34

3.3 Universo ............................................................................................................. 34

3.4 Sujeitos da Amostra .......................................................................................... 34

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................... 34

3.6 Plano para Coleta dos Dados .......................................................................... 34

3.7 Plano para a Análise dos Dados ...................................................................... 35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41

REFERENCIAS ......................................................................................................... 42

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1 INTRODUÇÃO

O padrão de mobilidade urbana no Brasil vem se alterando nos últimos anos

com o aumento acelerado da taxa de motorização da população. Um número maior

de veículos privados nas ruas significa mais acidentes de trânsito, maior poluição

veicular e perda de tempo em função dos congestionamentos nos centros urbanos.

Nos países desenvolvidos, os problemas dos acidentes começaram a ser

percebidos pela sociedade e se tornaram graves nas primeiras décadas do século

XX. Nos EUA, o número dos automóveis cresceu muito. Nos países europeus e

também no Japão o problema dos acidentes de trânsito se destacou após a segunda

grande guerra. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, os acidentes

começaram se apresentar como um problema para a sociedade, desde os anos 70,

em decorrência do processo de dependência do transporte motorizado em especial

dos automóveis para a mobilidade humana e de mercadorias (VASCONCELLOS,

2005, p.81).

A mortalidade dos motociclistas se inscreve num marco mais amplo: o do

progressivo agravamento global da violência no trânsito, que levou as Nações

Unidas a proclamar a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020,

procurando, primeiro, estabilizar e, posteriormente, reduzir as cifras de vítimas

previstas, mediante a formulação e implementação de planos nacionais, regionais e

Internacionais.

Os acidentes de trânsito representam importante problema mundial pelos

índices de morbimortalidade. Estatísticas oficiais mostram que mais de um milhão de

pessoas por ano, em todo o mundo morrem por envolvimento em acidentes de

trânsito. Acrescido ao número de mortes, os acidentes deixam entre 20 milhões e 50

milhões de pessoas feridas.

Mais da metade dos domicílios brasileiros já dispõem de pelo menos um

veículo privado para atender aos deslocamentos de seus moradores, com forte

tendência de crescimento da posse desse bem verificada nos últimos anos. Se, por

um lado, isso indica que a população – inclusive os segmentos de menor renda –

está tendo acesso a esse desejado bem durável, por outro, significa grandes

desafios para os gestores dos sistemas de mobilidade, em função da maior taxa de

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motorização da população brasileira, com reflexos diretos sobre a degradação das

condições de mobilidade de todos (maior poluição, acidentes e congestionamentos).

Portanto, o objetivo desse estudo foi de estudar algumas características

sociais na opção de compra de automóveis e de motocicletas para o estado da

Bahia.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A Psicologia no Trânsito

A Psicologia do Trânsito nasceu em 1910. Seu precursor foi Hugo

Munsterberg, aluno de Wundt, que a convite de Willian James foi para os Estados

Unidos para ser diretor do laboratório de demonstração de Psicologia Experimental

da Universidade de Harvard. Se inicialmente a tendência americana era de tirar a

Psicologia dos laboratórios e mostrar sua aplicabilidade na sociedade, alguns anos

após, se tornou o arauto da Psicologia Aplicada. Criou a Psicologia Forense e foi o

primeiro psicólogo a submeter motoristas dos bondes de Nova York a uma bateria

de testes de habilidades e inteligência. (ROZESTRATEN, 2003 apud SCHULTZ &

SCHULTZ, 1999).

O reconhecimento da profissão de psicólogo no país ocorreu na década de

1960, por meio da Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, e sua regulamentação

pelo Decreto nº 53.464, de 21 de janeiro de 1964. Nessa época, os psicólogos

iniciaram o movimento de criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais

de Psicologia. Vale ressaltar que os profissionais que atuavam na avaliação das

condições psicológicas para dirigir já contavam com a tradição de mais de uma

década na aplicação dos exames psicológicos (HOFFMANN & CRUZ, 2003;

DAGOSTIN, 2006).

Em função do avanço da legislação de trânsito e da psicologia aplicada nos

anos de 1960, foi regulamentada, em 1968, a criação dos serviços psicotécnicos nos

Departamentos de Trânsito dos estados. Desde então, e com o advento do código

de trânsito brasileiro em 1998, o psicólogo se inseriu no processo de habilitação nos

DETRANs, realizando a avaliação psicológica pericial de motoristas, outrora

denominado de exame psicotécnico, sendo atualmente um procedimento obrigatório

para todos os candidatos à obtenção da carteira de motorista e na renovação, no

caso dos condutores que exercem atividade remunerada dirigindo (VIEIRA et al.,

1956; SPAGNHOL, 1985; BRASIL, 2002).

Cabe lembrar que, dentre as diversas atividades possíveis a serem

realizadas pelo psicólogo no âmbito do trânsito, a Avaliação Psicológica é uma

delas, por se tratar de um processo técnico exigido pela legislação brasileira do

trânsito. Esta atividade é definida através de regramento específico, como as

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Resoluções do Conselho Federal de Psicologia de nº 007 de 2003 e a 007 de 2009.

(Conselho Federal de Psicologia, 2003-2009)

O psicólogo do trânsito que se utiliza dos pressupostos teórico metodológicos

da Psicologia da Saúde, contribui para a prevenção de acidentes e a promoção da

qualidade de vida, do bem estar e da saúde integral da sociedade, quando não se

afasta da concepção biopsicosócio-ambiental do participante do trânsito, adotando

uma postura favorável ao diálogo interdisciplinar e buscando estratégias de

intervenção, prevenção e promoção de comportamentos seguros no trânsito

(PETTENGILL, 2010).

A Psicologia do Trânsito pode ser conceituada como o estudo do

comportamento do usuário das vias e dos fenômenos/processos psicossociais

subjacentes ao comportamento. O conceito é amplo, pois o comportamento do

condutor tem sido estudado em relação a uma diversidade de questões, tais como:

procura visual, dependência de campo; estilo de percepção; atitudes; percepção de

risco; procura de emoções, atribuição, estilo de vida, e carga de trabalho/trabalho;

estresse e representação social. Estas questões indicam a pluralidade de

abordagens que constituem a fundamentação teórica para a pesquisa em Psicologia

do Trânsito.

A real dificuldade da Psicologia de Trânsito é a relação entre

fenômenos/processos psicológicos e acidentes, porque é extremamente difícil obter

informações válidas sobre acidentes e o comportamento que os precedem.

Queiroz e Oliveira (2003) citam estudo realizado pela OMS (Organização

Mundial de Saúde) de 1984, onde se chegou a conclusão de que é necessário um

conhecimento maior dos contextos sócio culturais e psicológicos dos envolvidos em

acidentes de transito para o desenvolvimento de programas de capacitação,

reabilitação e educação mais eficientes e que promovam um comportamento mais

adequado no trânsito, tendo em vista as graves consequências dos acidentes de

trânsito e o alto custo social que representam, pois, o comportamento no trânsito é

fortemente influenciado pela dimensão comportamental, associada a um sistema de

valores.

A difícil obtenção de informações válidas sobre os acidentes e o

comportamento dos que os precedem torna mais difícil relacionar fenômenos

ocorridos com os processos psicológicos dificultando o trabalho da Psicologia de

Trânsito, pois, os registros são muito superficiais quando se referem a fenômenos

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psicológicos subjacentes ao comportamento anterior ao acidente ou à atribuição das

causas.

O psicólogo avaliador deve aproveitar sempre todas as oportunidades,

deixando o mais esclarecido possível para a população em geral sobre a

responsabilidade social e o respeito do seu trabalho.

Após a finalização da avaliação o psicólogo elabora um laudo, com resultado

final conclusivo. Atualmente existem três tipos de resultados possíveis:

I- apto: quando o desempenho apresentado é condizente para a condução de

veículo automotor.

II- inapto temporário: quando não é apresentado desempenho condizente

para a condução de veículo automotor, porém o avaliado possui um tempo para se

adequar e voltar a fazer o processo para a obtenção da CNH.

III- inapto: quando o desempenho apresentado não é condizente para a

condução de veículo automotor.(CRP-PR)

Por esse motivo, outras abordagens fazem-se necessárias, nas quais equipes

multidisciplinares poderão estudar em profundidade a dinâmica dos acidentes.

Embora tais estudos tenham se mostrado úteis na identificação de fatores do

planejamento da via e do veículo que favorecem a ocorrência de acidentes, eles

trazem pouco discernimento dos processos psicológicos envolvidos. Além disso, são

extremamente dispendiosos, razão pela qual outras abordagens são preferidas, e

uma dessas é o estudo observacional.

Ainda que estudos de observação forneçam detalhada informação sobre os

fenômenos psicológicos que ocorrem naturalmente, dizem muito pouco sobre os

determinantes comportamentais. Como a observação fornece pouca oportunidade

para controlar as condições nas quais o comportamento é exibido, ela dificulta

determinar quais fenômenos/processos psicológicos observáveis são específicos de

cada situação.

A necessidade de informação mais detalhada e objetiva tem estimulado

pesquisas, desenvolvidas em veículos instrumentados, que permitem medidas de

parâmetros de direção, tais como, desvio lateral e distância de seguimento. Também

simuladores de direção, que produzem ambientes virtuais e possibilitam um controle

muito mais rigoroso das condições experimentais, estão sendo usados. Entretanto,

esta tendência a um controle mais experimental é também neutralizada por outra

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tendência a uma abordagem mais humanística e empírica, que enfatiza o valor da

avaliação subjetiva do comportamento dos condutores e sua segurança.

2.2 A Psicologia do Trânsito no Brasil

No Brasil o interesse dos psicólogos pelo trânsito remonta a meados do

século XX, de acordo com Hoffmann e Cruz (2003), e ao longo de sua história

podem ser distinguidas quatro etapas nesse desenvolvimento ou evolução.

A primeira etapa é marcada pelo reconhecimento da psicologia como ciência

e profissão. No que diz respeito à Psicologia do Trânsito observa-se seu surgimento

com a criação de instituições de seleção e treinamento industrial e de trânsito, sob a

direção de Roberto Mangue, considerado o expoente da Psicologia do Trânsito do

Brasil (CRUZ e HOFFMANN, 2003 apud CARELLI, 1975) .

Com a criação do Instituto de Seleção e Orientação (ISOP), começou a

avaliar os candidatos a motoristas por meio de entrevistas e provas de aptidão e

personalidade. Em 8 de junho de 1953 o Conselho Nacional de Trânsito, promulga a

obrigatoriedade do exame psicotécnico para os candidatos à profissão de

motoristas, e em 1962 essa resolução é estendida a todos os candidatos à Carteira

Nacional de Habilitação. É a partir de 1963 que há a consolidação da Psicologia do

Trânsito, segundo Cruz e Hoffmann, (2003). Essa segunda fase é marcada

principalmente por uma nova forma de atuar no trânsito, deixando de ser um

trabalho apenas instrumental e de avaliação de aptidões e características de

personalidade. Com a criação dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia,

passa a haver preocupação quanto às questões relacionadas à ética na atividade de

avaliação, bem como quanto à fidedignidade desses meios de avaliação, e medidas

empregadas e sua validade. É nessa fase que Rozestraten é introduzido nesse

cenário havendo uma preocupação com os processos de interação do

comportamento do condutor com o meio e fatores cognitivos associados. Segundo

os mesmo autores, a quarta fase teve início com a promulgação do Novo Código de

Trânsito, que traz consigo a temática referente aos problemas de circulação

humana, levando os psicólogos a repensarem seu papel frente às decorrências

sociais e técnicas, intensificando os estudos e análises da circulação humana não

mais a partir do automóvel, do metrô, do avião, mas a partir dos seres humanos.

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A formação de pesquisadores no domínio da Psicologia do Trânsito demanda

uma avaliação criteriosa do que significa conhecer fenômenos/processos

psicológicos envolvidos na atividade de conduzir veículos.

Como os fenômenos psicológicos nem sempre se mostram claros, esses

pesquisadores experimentam a sensação de estar lidando com o desconhecido. A

compreensão dos fenômenos psicológicos do comportamento do condutor, neste

caso, não configura tarefa fácil devido ao grau de complexidade e plurideterminação

dos eventos. Modelos explicativos do comportamento do condutor, a estruturação de

uma área de estudo é um exercício constante de especulação sobre a realidade

circundante, por meio da criação de modelos teóricos explicativos, da elaboração de

metodologias e técnicas de intervenção, capazes de instrumentalizar o cientista

quanto a esta realidade. A necessidade de explicar o comportamento do condutor de

veículo cria a possibilidade de sistematizar modelos de investigação dos

fenômenos/processos psicológicos subjacentes à natureza desse comportamento.

Segundo Armôa e Souza (2006), a preocupação sobre o fenômeno trânsito

tem conduzido a reflexões em várias áreas de estudos. No Brasil, as vítimas de

acidentes de mutilações permanentes são bruscamente impedidas de levar uma

vida ―normal‖. As discussões atuais sinalizam a urgente necessidade de responder

as problemáticas geradas por este fenômeno. (Interbio v.2 n.1 2008 - ISSN 1981-

3775)

2.3 Comportamentos e Deslocamentos no Trânsito

Segundo Rozestraten (1988), demorou muito até os psicólogos descobrirem

que o comportamento no trânsito pode e deve ser estudado cientificamente, ainda

mais por que se revelou um dos comportamentos mais perigosos. Isso pode ter

acontecido por que as práticas profissionais dos psicólogos ainda se voltavam para

estudos individuais e sociais com ênfase no comportamento individual, e por vezes

de natureza clínica, e ainda restrita na alteração de medidas populacionais, típico,

por exemplo, de uma ciência das práticas naturais.

Em qualquer país do mundo, o sistema de trânsito é um formidável laboratório

de psicologia e interação social. Ao tomar uma condução, dirigir seu automóvel ou

simplesmente caminhar na calçada, o indivíduo ingressa numa rede complexa de

relações humanas.

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Rozestraten (1988) define que o sistema de trânsito funciona através de uma

série bastante extensa de normas e construções, e é constituído de vários

subsistemas, dentre os quais os três principais são: o homem, a via e o veículo. O

homem aqui é um subsistema mais complexo e, portanto, tem maior probabilidade

de desorganizar o sistema como um todo.

O fenômeno ―trânsito‖ segundo Batista (1985), é produzido, então, a partir de

comportamentos de indivíduos e de seus efeitos no ambiente, sendo que este

ambiente, por suas características físicas, possibilitaria a ocorrência de certos

comportamentos e impedindo a ocorrência de outros.

A Psicologia do Trânsito pode, portanto, ser definida como uma área da

psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os comportamentos

humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos, conscientes e

inconscientes que os provocam ou os alteram. Em síntese: é o estudo dos

comportamentos e deslocamentos no trânsito e de suas causas (ROZESTRATEN,

1988)

Em 2003, Rozestraten apresenta outra definição, que dá ênfase aos aspectos

metodológicos que orientam o trabalho na área. Onde tem por seu objeto o

comportamento dos cidadãos que participam do trânsito. Ela procura entender esse

comportamento pela observação e experimentação, do inter-relacionamento com

outras ciências que estudam o trânsito e ajudar, por meio de métodos científicos e

didáticos, na formação de comportamentos mais seguros e condizentes com o

exercício de uma perfeita cidadania.

2.4 Mobilidade Urbana

A mobilidade urbana esta relacionada com a facilidade de deslocamento e o

meio básico de locomoção nas grandes metrópoles é o transporte motorizado. Pires

(2010) refere que "quanto maior os municípios, mais os seus habitantes vão

depender do sistema viário para ter acesso a escolas, hospitais, oportunidades de

trabalho e lazer. É através desse sistema viário que se possibilita o exercício do

direito à circulação das pessoas". As cidades não estavam preparadas para o

processo de urbanização, cujo crescimento da frota de veículos teve como

consequência o aumento dos congestionamentos, poluição e oferta insuficiente de

transportes coletivos.

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A indústria automotiva no Brasil foi inaugurada em 1956, sendo umas das

maiores do mundo. Até 1960 não existia mercado para motociclistas no Brasil, a

indústria brasileira de motocicletas teve seu inicio a partir da década de 1970, com a

chegada de duas empresas japonesas no Brasil. No entanto, a partir de 1994

ocorreu uma estabilização deste mercado e um crescimento considerável em suas

vendas. Até o ano de 1999, o setor era composto três grandes empresas japonesas:

Yamaha, Honda e Suzuki, que juntas somavam 98% do mercado. Atualmente o

setor possui cinco novos competidores: Sundown, Kasinski, Traxx, Dafra e Harley-

Davidson, que também possuem fábrica no país. Em 1993, o setor vendeu 68 mil

motocicletas e passou para 460 mil em 1998 (MARIM, 2010). A partir desta

comercialização de motocicletas ocorreram grandes modificações no contexto

económico e social, que compreenderam: a entrada de produtos chineses,

crescimento de concorrência, baixo custo, baixo valor na manutenção, melhor

mobilidade no trânsito, economia de combustível, maior número de modelos

populares e aumento das linhas de financiamentos e consórcios, o que acarretou no

aumento de motocicletas no país. Os preços também têm influenciado o crescimento

do mercado, enquanto que no ano de 1994, o modelo de motocicleta popular mais

vendido (modelo 125 cilindradas) custava 39,4% do valor de um Gol 1000,

atualmente equivale a 19,6% do valor do mesmo modelo.

De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas,

Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas - ABRACICLO, o crescimento da frota

circulante duas rodas a motor de 1998 a 2010 cresceu 490,8%, sendo que o perfil do

consumidor é: : ocupantes de automotores e de motocicletas.

Os transportes são a infraestrutura com maior potencial para direcionar o

desenvolvimento urbano. Uma visão de futuro passa por explorar de forma

controlada esta vertente em todo o seu limite, por entender e exercer o papel que

compete ao transporte como protagonista da conformação urbana de uma cidade.

Muitas metrópoles latino-americanas vivem um processo constante de reconstrução.

Estima-se que até metade das áreas urbanas das nossas grandes cidades passarão

por uma renovação atingindo tanto vazios urbanos como áreas já edificadas.

A demanda por transportes deriva de um conjunto complexo de fatores, desde

os locacionais até os econômicos, pois, o planejamento dos transportes é um

processo contínuo que não pode se encerrar na formulação de um plano. Tem-se

que haver uma sistematização apropriada para o estudo e o gerenciamento da

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demanda que compreende mais de uma área do conhecimento. É preciso planejar a

mobilidade urbana dentro de um contexto multidisciplinar.

O aumento na renda da população urbana brasileira vem se refletindo de

forma direta na indústria da construção civil. A ascensão econômica dos diferentes

estratos da população demanda uma oferta diferenciada de imóveis. O padrão de

construção que atendia os nossos imigrantes urbanos de décadas anteriores não

mais necessariamente atende as aspirações da nossa classe urbana emergente.

Novos imóveis – sejam eles residenciais, comerciais ou para serviços, ou mesmo

mistos – surgem em praticamente todos os bairros, alterando suas densidades e

exercendo pressão sobre as infraestruturas instaladas. Os deslocamentos antes

pendulares bairro-centro, onde então residiam e trabalhavam nossos habitantes,

agora se dão em múltiplas direções. O aumento da renda também proporcionou a

motorização de uma parcela significativa dos então usuários cativos do transporte

coletivo, através da aquisição de autos e motos. Assim, multiplicam-se as origens e

os destinos das viagens, cresce a demanda pelo transporte privado e cai a demanda

pelo transporte coletivo.

Dentre todas as infraestruturas, a de transportes é a que exige mais recursos

para aumentar a oferta e que requer a maior e melhor compreensão na leitura. No

entanto, e no que se refere à mobilidade urbana, a avaliação dos polos geradores de

viagens, por exemplo, ainda tem sua análise muito limitada a um empreendimento,

no impacto sobre a circulação viária na área de influência do seu entorno e na

quantidade de vagas disponibilizada para o estacionamento de automóveis, onde

prevalece a máxima de quanto mais, melhor. E com o proliferar dos

empreendimentos, multiplicam-se os problemas de circulação na rede.

Em geral, um país cuja população possui poucos automóveis vai ter taxas de

acidentes bem inferiores aos de outro país com grande número de carros. Isso não

acontece porque os primeiros sejam melhores condutores, ou as ruas tenham

melhor traçado ou sinalização, e sim pelo número de veículos em circulação. Porém

são escassos os países que possuem dados discriminados de frota veicular. No

Brasil, o Denatran, no seu site oficial fornece especificações da frota registrada

nacionalmente pela instituição, mas só a partir de 1998, quando já iniciara o que

poderíamos denominar o boom das motocicletas.

O transporte de bens é essencial e vem assumindo uma função cada vez

mais vital para a sociedade e a economia moderna. Mas muito pouco se sabe sobre

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a circulação de cargas urbanas. Por exemplo, o sistema just-in-time, que

proporciona ganhos no processo produtivo através da redução de estoques e da

diminuição no tamanho dos lotes, pressupõe uma maior frequência de entregas e,

portanto, um maior número de viagens veiculares. E o aumento da participação de

veículos de carga na composição do tráfego gera uma nova natureza nos conflitos

viários e na disputa por vagas de estacionamento, entre veículos de passageiros e

carga representados por motos, vans e caminhões de diversas dimensões e

formatos. Torna-se importante, portanto, planejar o sistema de transportes de

maneira mais integrada, levando-se em conta as características particulares e os

interesses de cada setor envolvido.

Podemos observar, em primeiro lugar, a crescente importância que vem

adquirindo a motocicleta no contexto veicular do país. Além disso, o uso maciço da

motocicleta como meio de transporte é um fenômeno relativamente recente.

Segundo o próprio Denatran, em 1970 era um item de baixa representatividade: num

parque total de 2,6 milhões de veículos, só havia registradas 62.459 motocicletas:

2,4% do parque total. Na virada do século, no ano 2000, temos 4,0 milhões de

motocicletas registradas, o que já representa 13,6% do parque veicular. Para 2011,

o número pula para 18,4 milhões, representando 26,1% do total nacional de veículos

registrados pelo Denatran. Concomitantemente, o automóvel vai perdendo

participação relativa: de 70% em 1998, cai sistematicamente até 2011, quando

representa 56,5% do total. O que realmente impressiona é o ritmo de crescimento do

número de motocicletas. Se, entre 1998 e 2011 a frota de motocicletas cresceu

610%, ou seja, cresceu sete vezes no período, a de automóveis cresceu 134%,

pouco mais que duplicando seu número, mas com ampla divulgação da Anfavea –

Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – e cobertura

nacional da imprensa. Ainda neste estudo apresentado pelo Mapa da violência 2013,

se o ritmo atual for mantido, uma simples previsão linear permite verificar que, no

ano de 2024, as motocicletas registradas ultrapassarão os automóveis. No entanto,

se a análise tendencial da Abraciclo 21 – entidade que congrega os fabricantes de

motocicletas e similares – estiver parcialmente correta: ― O futuro deve ser de um

mercado com produção próxima a quatro milhões de motocicletas ao ano, a previsão

referida se concretizará ainda nesta década (MAPA DA VIOLÊNCIA, 2013)

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2.5 Posse de Veículos Privados

Mais da metade dos domicílios brasileiros (54%) dispõe de automóveis ou

motocicletas para os deslocamentos dos seus moradores. Segundo o PNAD 2012,

publicado em 2013 pelo IPEA, esse dado retrata a mudança do perfil de mobilidade

da população brasileira, cada vez mais estruturado no uso dos veículos privados. De

2008 para 2012, por exemplo, o percentual de domicílios que possuía automóvel ou

motocicleta subiu nove pontos percentuais (45% em 2008 para 54% de posse em

2012), sendo que as motocicletas tiveram o maior incremento no período. Grande

parte da população ainda não tem veículos privados à disposição, o que indica uma

possível piora das externalidades negativas do transporte individual nos grandes

centros urbanos, principalmente nas regiões com menor percentual de motorização

(Norte e Nordeste), nos próximos anos.

Por outro lado, a indústria automotiva ainda tem bastante campo para se

desenvolver e as camadas mais baixas têm mais acesso a esse desejado bem

durável. Resta ao poder público estabelecer políticas para mitigar as externalidades

geradas pelo aumento do transporte individual, já que as tendências apresentadas

corroboram a tese de piora das condições de trânsito nas cidades brasileiras.

O automóvel continua sendo o principal veículo de posse das famílias. Em

45% dos lares urbanos há registro desse veículo, sendo que, na área rural, esse

número cai para 28%. Verifica-se, porém, na área rural, um índice maior de posse

de motocicletas – o percentual é quase o dobro (33%) do observado nas áreas

urbanas, superando inclusive a posse de automóvel. As motocicletas estão

presentes em cerca de 20% dos lares brasileiros, percentual que tende a crescer

rapidamente, principalmente nas camadas mais pobres, em função dos menores

preços dos veículos de baixa cilindrada. O problema da maior posse de motocicletas

pelas famílias brasileiras é o correspondente aumento das vítimas de acidentes de

trânsito. De acordo com os dados do DATASUS, são mais de 12 mil mortes por ano

de usuários de motocicletas sendo esse o principal motivo de mortes por acidentes

terrestres (PNAD, 2012).

Ainda segundo indicadores de mobilidade urbana da PNAD 2012, publicado

em 2013 pelo IPEA, de 2008 a 2012, a posse de veículos privados na camada mais

pobre subiu 10 pontos percentuais. 35% das famílias abaixo da linha da pobreza

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(até meio salário mínimo per capita) já usufruem de veículos privados, 12 pontos

percentuais acima do índice de 2008. As faixas mais baixas de renda devem

observar as maiores taxas de crescimento da posse de veículos privados em função

das demandas historicamente reprimidas, das políticas de aumento de renda da

população mais pobre e da ampliação de crédito para essas famílias.

2.6 Custo Social da Motocicleta

A partir de 1991 e com grande intensidade depois de 1996, passou a ocorrer

um grande aumento na produção e uso de motocicletas no país. Este processo foi

facilitado e incentivado por autoridades públicas responsáveis pelas leis relativas à

produção de veículos e determinação de níveis de impostos da indústria. As

motocicletas de dois tempos – altamente poluidoras – foram permitidas e a indústria

de motocicletas, passou a desfrutar de benefícios fiscais. Entre 1995 e 2000, as

vendas anuais de motocicletas dobraram (atingindo 500 mil por ano), dobrando

novamente até 2005 e atingindo 1,6 milhão de unidades em 2007

(www.abraciclo.com.br)

A indústria automotiva foi inaugurada no Brasil em 1956, sendo atualmente

uma das maiores do mundo, com produção, em 2007, de 3,0 milhões de veículos, a

maioria (80%) automóveis. Até 1960, não existia mercado para motocicletas no

Brasil (www.honda.com.br).

As motocicletas não foram economicamente relevantes até os anos 1990,

quando começaram os processos de liberalização econômica e privatização. Em

1990, o Brasil tinha 20,6 milhões de veículos e apenas 1,5 milhão de motocicletas

(IBGE 2000; DENATRAN, 2008).

Algumas motocicletas eram fabricadas no país e outras eram importadas dos

EUA ou do Japão. Elas eram usadas principalmente pelas pessoas de renda mais

alta, por motivo de lazer. A frota de 1,5 milhão de motocicletas em 1991 rapidamente

aumentou para 5 milhões em 2002, chegando a 12 milhões em agosto de 2008. Na

cidade de São Paulo, o número de motocicletas aumentou de 50 mil em 1990 para

245 mil em 2001 e 500 mil em 2007 (DENATRAN, 2008).

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2.7 Motociclistas como Novos Usuários do Trânsito

Ao contrário do que ocorreu nos países asiáticos, nos quais a motocicleta faz

parte do trânsito há mais de 50 anos e em muitos casos é o veiculo motorizado mais

utilizado, no Brasil ela era desconhecida da maioria da população até vinte anos

atrás. O ambiente de trânsito no Brasil foi formado historicamente por pedestres,

ciclistas, caminhões e ônibus, a ele tendo sido agregado o automóvel a partir da

década de 1930 (acentuando- se a partir da década de 1960). Quando a motocicleta

chegou nos anos 1990 ela precisou ―abrir‖ o seu espaço no trânsito. Combatidos

pelos usuários de automóvel, os motociclistas – especialmente os motoboys –

criaram uma identidade de grupo, de natureza antropológica. Este grupo passou a

usar a solidariedade interna como fator de coesão e de defesa do que considerava

uma ameaça à sua participação no trânsito.

Deste fenômeno decorre o comportamento agressivo contra automóveis que

―invadem‖ seu espaço e contra motoristas que se envolvem em acidentes com

motociclistas, gerando com frequência reações de agressão física. Como a maioria

dos motociclistas da primeira fase nunca havia dirigido um automóvel, sua

compreensão das limitações de visibilidade enfrentadas pelos motoristas era

limitada, aumentando mais ainda seu risco na circulação. Assim, os motociclistas

desenvolveram uma visão negativa dos motoristas que serviu para consolidar sua

solidariedade grupal.

Muitos motoristas hoje preferem evitar circular próximo a motocicletas,

provando que a tática de defesa e intimidação foi bem-sucedida. Adicionalmente, as

motocicletas geraram outro tipo de disputa pelo espaço que não ocorria antes no

trânsito brasileiro – aquela com os pedestres. A maior velocidade da motocicleta e o

comportamento imprevisível dos condutores ao circular entre veículos aumentou

muito a probabilidade de acidentes com pedestres, desacostumados a este tipo de

tecnologia no trânsito.

Este comportamento inseguro teve também um suporte legal. Durante a longa

discussão sobre o novo Código de Trânsito Brasileiro, entre 1992 e 1997, uma das

propostas principais referentes à circulação de motocicletas proibia seu trânsito

entre filas de automóveis em movimento. Esta proposta foi vetada pelo Palácio do

Planalto. Hoje, na cidade de São Paulo, a maioria das mortes com motociclistas

ocorrem nesta condição.

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Este fenômeno pode assim ser caracterizado pelo neologismo ―asianização‖

do trânsito brasileiro ( Revista dos Transportes Públicos - ANTP - Ano 30/31 - 2008 -

3º e 4º trimestres).

2.8 Perfil dos Motociclistas

Associação que representa a indústria de motocicletas vem conduzindo

pesquisas junto aos compradores nos últimos dez anos. Na média geral, a maioria

(80 a 85%) das compras é feita por homens, sendo 83% com menos de 40 anos de

idade. A maioria dos usuários (90%) vive em áreas urbanas e a maioria (75%) usa a

moto para ir e voltar do trabalho ou da escola (www.abraciclo.com.br). Uma parte

significativa dos compradores substituiu o transporte público pela motocicleta, seja

pelo menor custo, seja pela má qualidade do transporte público em muitas cidades.

Um aspecto importante é que a maioria dos compradores (80%) paga mensalidades

ou integra grupos de consórcio, o que facilita muito a aquisição do bem.

A motocicleta é um veículo que tem vantagens individuais na forma de custo

de operação e facilidade de estacionamento. No entanto, sua utilização tem

impactos negativos maiores que outros veículos moto rizados. Os custos sociais

associados à utilização de veículos automotores estão relacionados à morte e

ferimentos de pessoas, à poluição gerada pelo uso de combustíveis, à geração do

―efeito barreira‖ – quando a circulação de veículos prejudica as relações sociais dos

moradores – e ao congestionamento (VASCONCELLOS, 2002).

2.8.1 Moto-Boys

Uma parte grande das novas motocicletas é utilizada no serviço de entregas

de pequenas mercadorias, principalmente nas cidades com maior alto grau de

congestionamento, como São Paulo (os motoboys). Neste caso tem ocorrido uma

confluência de dois interesses: o de entrega rápida de mercadorias e o de novas

oportunidades de emprego para jovens.

Como o mercado de trabalho para jovens de baixa escolarização é cada vez

mais reduzido e com níveis de remuneração baixos, a nova atividade é atraente

como alternativa. Esta oportunidade também é reforçada pela disposição destes

jovens de assumir riscos, o que por sua vez é ampliada pela precariedade da

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fiscalização. O resultado concreto é que um verdadeiro ―exército‖ de jovens (a

maioria homens) atravessa a cidade em altas velocidades, serpenteando entre

automóveis e ônibus para chegar rapidamente aos destinos.

2.8.2 Moto-Táxis

Outra parte das motocicletas tem sido usada como moto-táxis, legal e

ilegalmente, para transportar passageiros. Seguindo o exemplo do transporte

coletivo clandestino, o moto-táxi encontrou terreno fértil no novo ambiente de

―desregulamentação‖ e foi apoiado por muitos políticos e gestores públicos. O

problema da segurança do transporte é normalmente negligenciado: não há

treinamento adequado dos condutores e pessoas que nunca usaram uma moto

recebem um capacete e acomodam-se na garupa. Estes serviços são hoje ofertados

em até 90% das pequenas cidades do país e em cerca de 50% nas maiores cidades

cobrando um valor fixo pela viagem semelhante ao do ônibus ou um valor entre R$ 1

e R$ 2 quando o serviço de ônibus não existe (cidades com menos de 30 mil

habitantes).

2.9 Fatores Sociais e Políticos - Ganhos Econômicos da Indústria

Com o apoio político e fiscal do governo federal a indústria automotiva no

Brasil pôde abrir um novo ramo de negócios de grande significância. As vendas

anuais de motocicletas aumentaram de R$ 0,7 bilhão em 1995 para R$ 7,5 bilhões

em 2007, aproximando-se de 20% do valor das vendas de automóveis. O aumento

acelerado desta indústria foi apoiado inicialmente pela liberação da importação em

1991. Mais tarde o governo federal e alguns governos estaduais deram benefícios

fiscais para a produção desses veículos. O caso mais relevante do ponto de vista

econômico foi o da Honda Motores que produz 80% das motocicletas no país e que

abriu uma fábrica na zona franca de Manaus. Em 2006 esta indústria vendeu

1.018.000 motocicletas e faturou R$ 5,9 bilhões. Os benefícios fiscais desta indústria

foram estimados em R$ 1,47 bilhão, correspondendo a 25% das vendas (Folha de

S. Paulo, 27/5/2007).

Todos os estudos produzidos em cima disto demonstram que a motocicleta é

o veículo motorizado mais perigoso que existe, tanto em função de suas

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características físicas quanto das desvantagens que tem frente a veículos maiores e

mais pesados, como automóveis, ônibus e caminhões (World Bank, 1995; 2004).

No caso do Brasil, o motivo principal por trás da postura irresponsável das

autoridades públicas na aceitação rápida e irrestrita da motocicleta foi a ideia da

industrialização como um ―bem em si‖ e da motorização da sociedade como

―progresso‖. Paralelamente, o aumento do uso da motocicleta foi associado de forma

demagógica à ―libertação‖ dos pobres, à garantia de que estes grupos sociais

finalmente teriam acesso a veículos motorizados. Esta forma trágica de populismo

está por trás das medidas adotadas. Esta postura, assumida no plano federal pelo

PSDB na década de 1990, prosseguiu com o PT sem nenhuma alteração

significativa. Esta força da ideologia é tão penetrante na sociedade atual que

inclusive importantes entidades de transporte público deixaram-se levar por ela, em

um movimento autofágico.

Este movimento teve consequências ainda mais dramáticas dado o baixo

nível educacional da população brasileira – que afeta a sua capacidade de recolher

e interpretar informações – assim como a ignorância das pessoas em relação aos

riscos existentes, pela falta de informação, pela propaganda competente que

idealiza a motocicleta e pelo silêncio da indústria a respeito dos problemas de

segurança do veículo.

A indústria de motocicletas sempre evitou discutir a insegurança do seu

produto e sempre procurou afastá-lo de uma imagem negativa. Este comportamento

imita o de outros produtores de bens que podem causar danos às pessoas – como a

indústria de fumo e de bebidas – e usa o mesmo argumento bíblico da lavagem de

mãos, de que ela ―vende o que as pessoas querem comprar‖. A indústria esquece,

convenientemente, que no próprio ideário liberal sobre a sociedade de consumo a

universalização das informações completas sobre os produtos é um dos pilares

essenciais para garantir aquilo que este ideário denomina ―escolha livre de

consumidores livres‖ (BAYLISS, 1992).

2.10 Acidentes de Trânsito

Rozestraten (1988, p. 74) define que, acidente é ―uma desavença não

intencionada, envolvendo um ou mais participantes do trânsito, implicando algum

dano e noticiada á polícia diretamente ou através dos serviços de Medicina Legal‖.

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Portanto, há várias classificações de acidentes e acidentados que caracterizam mais

as consequências do acidente do que suas causas e circunstâncias.

Existem alguns critérios de classificação de acidentes: a presença ou não de

uma vítima; a presença ou não de pedestre; o veículo e a especificação da via; o

estado da via; a presença ou não de algum defeito no veículo; o tipo do ser humano.

Conforme um estudo clínico de acidentes realizado no Laboratoire de Psychologie

de la Conduite, em Monthéry, na França (1970), chegou-se a uma divisão em seis

classes, após analisar vários acidentes de trânsito, levando em consideração alguns

critérios:

1- Nível de instrução ou de formação profissional;

2-Estado psicológico: Capacidade de julgamento, aceitação ou não da

responsabilidade;

3- Problemas psíquicos;

4- Tipo de estrada;

5- Estado do veículo: novo, velho, meia idade;

6- Tipo de trajeto;

7- Familiaridade com o trajeto;

8-Adaptação social;

9- Capacidade de dirigir.

Entre esses noves critérios, sete se referem ao motorista, seu estado físico e

psíquico, seus conhecimentos, capacidades e atitudes. Normalmente entende-se por

acidente aquilo que é casual, fortuito, imprevisto, não planejado, um evento não

intencional que produz danos e/ou ferimentos. Quando esse imprevisto origina um

dano grave nas pessoas ou leva à sua morte, converte-se em fatalidade, obra do

destino, produto do acaso. Como nosso eixo de trabalho são os acidentes, devemos

tentar esmiuçar essa visão, utilizando como exemplo o trânsito em nossas

vias públicas. (MAPA DA VIOLÊNCIA, 2013).

Obviamente, ninguém planeja sair à rua e se acidentar, bater o carro ou ser

atropelado por um ônibus. Assim, no microcosmo individual, um acidente se

apresenta como um fato fortuito. Fortuito sim, mas nem tão casual quanto possa

parecer à primeira vista, pois, sabemos que existem ruas, áreas, estradas,

municípios ou países com elevada e constante incidência de acidentes de trânsito

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durante longos períodos de tempo, com intensidade bem superior ao que pode ser

considerado normal. Estradas da morte que atravessam municípios, áreas com

sinalização deficiente (MAPA DA VIOLÊNCIA, 2013).

Segundo Seraphim (2001), "muitos acidentes de trânsito acontecem porque

pelo menos um dos envolvidos não percebe a presença de outros veículos na via.

Esta situação pode explicar parte significativa dos acidentes envolvendo

motocicletas". De acordo com este autor um dado relevante é que os acidentes com

motocicletas matam|10 vezes mais que acidentes com automóveis.

O Brasil situa-se entre os 10 países com maiores índices de mortalidade no

trânsito e o relatório recente da Organização Mundial da Saúde destaca que,

morrem anualmente 400.000 jovens de menos de 25 anos de idade vítimas de

acidente de trânsito, e vários milhões sofrem ferimentos graves ou tornam-se

incapacitados (WAISELFISZ, 2011).

Os estudos divulgados em 2010 e 2013 pela Organização Mundial da Saúde

e divulgados no Mapa da Violência em 2013, para a formulação e suporte a essa

resolução são estarrecedores indicativos de uma séria epidemia letal no trânsito das

vias públicas do planeta. Só no ano de 2010, aconteceram 1,24 milhão de mortes

por acidente de trânsito em 182 países do mundo. Entre 20 e 50 milhões sobrevivem

com traumatismos e feridas. Os acidentes de trânsito representam a 3ª causa de

mortes na faixa de 30-44 anos. A 2ª na faixa de 5-14 e 1ª na faixa de 15-29 anos de

idade.

A OMS estima que, na atualidade, 90% dessas mortes acontecem em países

com rendimentos baixos ou médios que, em conjunto, possuem menos da metade

dos veículos do mundo e vai ser precisamente nesses países que as previsões da

OMS indicam que a situação vai se agravar ainda muito mais, em função de um

esperado aumento nos índices de motorização, sem equivalentes investimentos na

segurança nas vias públicas, como vem acontecendo no Brasil. Atualmente, tais

acidentes já representam um custo global de US$ 518 bilhões/ano. Se nada for feito,

a OMS estima que deveremos ter 1,9 milhão de mortes no trânsito em 2020 e 2,4

milhões em 2030 ( MAPA DA VIOLÊNCIA 2013).

Desde a década de 1970, o Ministério da Saúde do Brasil vem

operacionalizando o conceito de mortes evitáveis. Segundo conceitua o Ministério,

são aquelas cuja evitabilidade é dependente de tecnologia disponível no Brasil, de

tecnologia acessível pela maior parte da população brasileira ou de tecnologia

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ofertada pelo Sistema Único de Saúde. Assim, considerando especificamente os

acidentes de trânsito, o Ministério da Saúde os inclui entre os evitáveis por ações

intersetoriais adequadas, isto é, vidas que poderiam ser salvas nas atuais condições

da infraestrutura social e institucional do país. Esse é o entendimento também da

Organização Mundial da Saúde e do governo brasileiro.

As vítimas dos acidentes de trânsito vão muito além das diretamente

envolvidas no acidente. Maia e Pires (2006), caracterizam os sobreviventes dos

acidentes de trânsito em quatro níveis: primários, secundários, 3º grau e 4º grau de

exposição. Os sobreviventes primários são as vítimas submetidas ao nível máximo

de exposição; sobreviventes secundários são os familiares próximos das vítimas;

vítimas de 3º grau são os profissionais que atuam na emergência e no socorro às

vítimas; vítimas de 4º grau são pessoas da comunidade envolvidas com o acidente,

repórteres, pessoas do poder público; vítimas de 5º grau são aquelas que sofrem o

estresse pelo que veem ou pelo que tomam conhecimento por meio da comunicação

social.

O impacto do acidente e suas consequências na vítima poderão afetar

também a saúde do grupo familiar, comprometendo ou fortalecendo a rede social

para o enfrentamento do problema (Haddad, Morita e Gonçalves, 2007). Muitas

dessas pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o acidente de trânsito irão

precisar de uma intervenção psicológica visando ressignificar o que a experiência

traumática lhe causou acerca da vida, bem como adquirir recursos pessoais, suporte

social e oportunidades para aprender a lidar com a situação.

A evitabilidade dos acidentes e mortes no trânsito nos leva, necessariamente,

a compartilhar a visão zero, estratégia aprovada pelo parlamento sueco em 1997 e

adotada pelos países da União Europeia em que fundamenta-se no princípio que

nunca pode ser eticamente aceitável que alguém morra ou fique gravemente ferido

enquanto se desloca pelo sistema rodoviário de transporte, dentro dessa ótica, zero

não é um número a ser alcançado em uma data específica, mas uma visão da

segurança do sistema que ajuda na construção de estratégias e no estabelecimento

de metas. Contraria a visão atualmente imperante na maior parte dos países do

mundo, na legislação, nas estruturas de fiscalização, nas pesquisas, na mídia, que

focam a atenção, de forma quase exclusiva, na culpa dos usuários (MAPA DA

VIOLÊNCIA, 2013).

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2.11 Equipamentos de Segurança.

O uso de equipamentos de segurança para motociclistas está previsto deste a

implantação do Código de Trânsito Brasileiro, em 1998, em especial o uso do

capacete (BRASIL, 1998). A Associação dos Motociclistas inclui 12 itens para

segurança dos usuários de motos, dentre os principais: o uso de Capacete aprovado

pelo Inmetro; calça e jaqueta de tecido resistente (preferencialmente de couro);

botas ou sapados reforçados e luvas (de preferência de couro).

Em pesquisa publicada em 2010, Demarco et. al, estudaram as diferenças

entre os tipos de capacete e a proteção ao cérebro em caso de impacto,

descobriram que os capacetes que cobrem toda a face são mais eficazes do que os

que deixam a região inferior da face descoberta. Também relataram que a

espessura da espuma e o material de escudo podem interferir na segurança.

Uma análise da efetividade de diferentes tipos de capacete comprovou que os

capacetes de cobertura total de cabeça apresentam os melhores resultados,

salientando também que o afivelamento do equipamento é importante, pois usá-lo

frouxo compromete qualquer potencial proteção (YU WY et al., 2011).

Embora a obrigatoriedade do uso do capacete esteja em vigor desde 1998,

estudos brasileiros encontraram motociclistas lesionados que não estavam usando

o equipamento no momento do acidente (BRASILEIRO ,2011; LIMA, 2004;

PORDEUS, 2010). Em uma destas pesquisas, com dados coletados entre 2008-

2009 em um hospital de pronto-socorro de Aracaju-SE, 77,9% das vítimas, entre

condutores e passageiros, estavam sem este equipamento..

Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, pesquisa populacional

realizada através de inquérito telefônico revelou que a maioria dos motociclistas

utilizava capacete rotineiramente apenas em estados onde a legislação previa este

uso, nos estados em que não havia esta determinação o uso era reduzido

(MCCARTT, 2011). Este estudo mostra a realidade específica desta nação,

caracterizando os tipos de motocicleta, o perfil socioeconômico dos usuários além

do uso de capacete comparado entre os estados. Sabe-se que a realidade brasileira

é diferente em todos estes aspectos.

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2.12 Prevenção dos Acidentes de Transito com Motociclistas

O problema ―Acidentes de Trânsito‖ tem sido incorporado ao cotidiano da vida

das pessoas, silenciosa e assustadoramente. Conhecer melhor essa realidade,

criando subsídios para a tomada de decisões e implementação de ações é o

primeiro passo para a mudança dessa cruel situação. Segundo o Código de Trânsito

Brasileiro (CTB), a segurança e a prevenção de acidentes de trânsito em rodovias

federais são obrigações das autoridades gestoras e operadoras de trânsito e

transporte: o Ministério das Cidades, por meio do Departamento Nacional de

Trânsito (Denatran); o Ministério dos Transportes, por intermédio do Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT); e o Ministério da Justiça, por meio

da Polícia Rodoviária Federal (PRF); além dos Departamentos de Estradas de

Rodagens (DERs) e Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans) (IPEA/

DENATRAN, 2006).

A anatomia de um acidente trata de um modo figurado da estrutura básica

desse acidente, na procura das partes, da estrutura associada ao evento. Por estudo

da ―anatomia de um acidente de trânsito‖ entende-se a análise desse evento

singular, para se conhecer os seus componentes básicos, separadamente; a

estrutura de cada parte e os aspectos que lhe são inerentes, numa perspectiva

pontual, instantânea, de forma estática — a ocorrência ―fotografada‖. Assim

entendida, a identificação dos componentes básicos, compreende:

• a(s) pessoa(s) envolvida(s) — feridos, mortos e pessoas sem ferimento

algum, incluindo-se pedestres e transeuntes que venham a participar do

acidente;

• o(s) veículo(s) envolvido(s) — parcial ou totalmente destruídos; com

pequenos problemas ou, ainda, sem dano algum;

• a via e o ambiente — mobiliário, bens e propriedades públicas e privadas,

além da via e seus equipamentos complementares, bem como as condições

climáticas, iluminação, vegetação e tudo o mais que compõe o ambiente;

• o aparato institucional e os aspectos socioambientais — legislação,

fiscalização e gestão da circulação de bens e pessoas e administração da via

e de seu entorno, bem como as ―regras‖ não escritas e não oficiais aceitas

pela maioria dos usuários, que venham a fazer parte de cultura regional e que

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possam influenciar nos acidentes. A separação em partes permite

investigações mais aprofundadas, desde que cada componente esteja

devidamente identificado em sua origem, de forma a permitir a reversão da

linha de estudo e pesquisa, em se fazendo necessário.

O estudo anatômico do acidente, portanto, examina cada parte ou

―componente‖ de cada acidente, permitindo avaliar os custos associados a cada um

dos componentes examinados. O estudo anatômico, por outro lado, não se

preocupa com a forma do acidente, ou seja, não busca examinar como aconteceu o

acidente ou, como normalmente se conhece, o ―tipo‖ do acidente: se uma colisão

frontal ou lateral, um capotamento ou tombamento.

O estudo da ―morfologia de um acidente‖ é campo de pesquisa que vai além

da descrição das formas dos acidentes, buscando explicar as conexões existentes

entre os diversos elementos, considerando a dinâmica do acidente, visualizando-o

em uma dimensão temporal, estudando as forças atuantes durante o período em

que o acidente ocorreu, os materiais, sua resistência e deformação, incluindo-se o

que se poderia chamar de ―fisiologia dos materiais‖. Por exemplo, a identificação de

elementos, fraturas e análises que indiquem a causa de um dano (pneus e rodas

danificados, relacionando o vínculo do dano com a peça) — se a suspensão de um

veículo ficou danificada antes ou depois de um acidente são investigações que se

situam no campo morfológico do acidente.

Para compreender as formas que são reveladas mediante a observação, é

necessário reunir, comparar e decifrar os padrões espaciais, temporais e culturais

constatados buscando analisar a condição dos elementos/componentes envolvidos,

a teia de relações que os unem e os processos que os ensejam e alteram. Esses

elementos são agrupados entre os ―Aspectos Socioculturais‖ associados a cada

acidente. Dessa maneira, os elementos de um acidente de trânsito não são vistos

como formas separadas, mas em íntimo e dinâmico inter-relacionamento.

Depois de analisar os acidentes sob o aspecto morfológico, os aspectos

socioculturais também são levados em consideração para que se tenha uma visão

compreensiva de cada acidente. Deve-se, nesse caso, considerar a presença ou

não do policiamento, os costumes de uma região, bem como o gerenciamento da via

e a legislação em vigor e a capacidade e disposição da autoridade local em aplicá-la

(IPEA/ Denatran, 2006).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa não segue as exigências éticas e científicas

fundamentais conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96

do Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e

normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, haja vista que,

não houve necessidade de coleta de informações com seres humanos.

3.2 Tipo de Pesquisa

Essa pesquisa trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla,

combinação de abordagens, a saber quanti-qualitativa.

3.3 Universo

O presente estudo abrangeu a frota veicular do estado de Pernambuco,

Região Metropolitana de Recife.

3.4 Sujeitos da Amostra

Para esse estudo foram utilizados dados da frota veicular através do DETRAN

de Pernambuco, sendo esses dados disponibilizados online.

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

Para a coleta dos dados, necessitou de um computador e de internet acesso

das informações necessárias para esta pesquisa.

3.6 Plano para Coleta dos Dados

Os dados foram obtidos no site do DETRAN-PE, no formato de pdf, sendo

esses organizados e convertidos em planilha eletrônica.

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3.7 Plano para a Análise dos Dados

Os dados foram tratados e analisados com auxílio de um software EXCEL

para o tratamento estatístico (Correlação de determinação e gráficos) e, para a

espacialização dos dados utilizou-se o software SURFER 8.0.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 1 , temos a espacialização percentual da participação de

motocicletas, por municípios, para o estado da Bahia, durante o ano de 2013. Nota-

se que percentualmente, a quantidade de motocicletas em relação a frota de

veículos por município e relativamente grande. Percentualmente, o município de

Coronel João Sá foi a obteve a maior relação, com 78,2%, com uma frota veicular de

1201 veículos e 939 motocicletas. Outros municípios destacam-se por elevada

relação de motocicletas com como Brejolândia, Tabocas do Brejo Velho,

Paripiranga, Serra Dourada e Sitio do Mato, com 74,9%, 72,2%, 70,9%, 70,4% e

70,2%, respectivamente.

Figura 1 – Espacialização percentual da participação de motocicletas, por municípios, para o estado da Bahia, durante o ano de 2013.

Fonte: Dados da Pesquisa. Recife/PE. 2013.

-46 -45 -44 -43 -42 -41 -40 -39 -38

-18

-17

-16

-15

-14

-13

-12

-11

-10

-9

0

5

10

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20

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Apesar da alta porcentagem da participação por municípios das motocicletas,

não se reflete na quantidade na representatividade de veículos na Bahia. Devido as

condições financeiras da população e dos municípios, contribui para essa alta

porcentagem, devido a baixo poder aquisitivo dos habitantes, escolhendo as

motocicletas como opção de transporte, já que o custo da compra de um automóvel

e para mantê-lo é relativamente elevando,

Sendo assim, os municípios com as maiores frotas de motocicletas na Bahia

são Feira De Santana, Juazeiro, Vitoria da Conquista, Jequié com 61.052, 28.388,

27.965, 27.965 e 19.429, respectivamente.

A Figura 2 tem a espacialização percentual da participação de automóveis,

por municípios, para o estado da Bahia, durante o ano de 2013. Percebe-se que os

municípios com alta participação da frota de automóveis, em cores amarelo a

vermelho escuro estão os maiores percentuais de automóveis da Bahia, situando-se

na região central, região Metropolitana de Salvador e ao região sul da Bahia. Em

verde, tem-se a baixa taxa de motorização de automóveis, isso pode está associado

as condições socioeconômicos desses município e a alta participação de

motocicletas, visto anteriormente .

Figura 2 – Espacialização percentual da participação de automóveis, por municípios, para o estado da Bahia, durante o ano de 2013.

Fonte: Dados da Pesquisa. Recife/PE. 2013.

-46 -45 -44 -43 -42 -41 -40 -39 -38

LONGITUDE

-18

-17

-16

-15

-14

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LAT

ITU

DE

0

5

10

15

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Na Figura 3 temos a espacialização percentual das motocicletas e automóveis

para Bahia. Somando-se a porcentagem de motocicletas e automóveis, por

município, resulta-se na figura 3. Nota-se que a frota veicular da Bahia é composta

principalmente por esses dois veículos, automóveis e motocicletas, com exceção de

alguns municípios composta por outras fontes de locomoção.

Figura 3 – Espacialização percentual das motocicletas e automóveis para Bahia.

Fonte: Dados da Pesquisa. Recife/PE. 2013.

Figura 4 Nota-se que as regiões com baixa renda per capita coincide com os

municípios com parcela de motocicletas nos respectivos municípios. Já para os

municípios maiores renda, são aquelas que percentualmente possuem maiores

percentuais de automóveis. Dentre os municípios destaca-se a região metropolitana

de salvador, região sul, uma parte da região oeste. Os municípios com maiores

rendas per capitas foram Salvador(R$341,00), Lauro de Freiras(R$322,00),

Barreiras(R$229,00), Itabuna(R$207,00), Feira de Santana (206,98)

-46 -45 -44 -43 -42 -41 -40 -39 -38

LONGITUDE

-18

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-16

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LA

TIT

UD

E

0

5

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20

25

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Figura 4 – Espacialização da renda per capita municipal Bahia.

Fonte: Dados da Pesquisa. Recife/PE. 2013.

A Figura 5 mostra o Índice de desenvolvimento municipal da Bahia. Percebe-

se que nesse mapa que vários municípios que tem a predominância de automóveis

na sua frota, comparado aos de motocicletas, essas áreas em amarelo e vermelho

coincide com as áreas com maiores índices, ou seja, quanto maior índice apresenta

maior desenvolvimento e, consequentemente, maior poder aquisitivo da população

para comprar seu transporte, no caso, o automóvel. No caso das motocicletas

situaram-se nas regiões em verde, com baixo IDH e, consequentemente, tem-se

maiores quantidade de motocicletas, devido ser mais barato que os automóveis,

tanto na aquisição quanto na manutenção.

-46 -45 -44 -43 -42 -41 -40 -39 -38

LONGITUDE

-18

-17

-16

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-14

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TIT

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Figura 5 – Índice de desenvolvimento municipal da Bahia.

Fonte: Dados da Pesquisa. Recife/PE. 2013.

-46 -45 -44 -43 -42 -41 -40 -39 -38

LONGITUDE

-18

-17

-16

-15

-14

-13

-12

-11

-10

-9LA

TIT

UD

E

0.52

0.54

0.56

0.58

0.6

0.62

0.64

0.66

0.68

0.7

0.72

0.74

0.76

0.78

0.8

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da perspectiva do aumento de veículos na Bahia, estudar algumas

condições que leva a compra de motocicletas ou automóveis nos leva a entender e

compreender o comportamento da população na opção de compra dentre esses

veículos.

Nessa pesquisa, foi observado que devido as condições financeiras da

população e dos municípios, contribui para essa alta porcentagem, devido a baixo

poder aquisitivo dos habitantes, escolhendo as motocicletas como opção de

transporte, já que o custo da compra de um automóvel e para mantê-lo é

relativamente elevando,

Também, foi constatado que os municípios com alta participação da frota de

automóveis situando-se na região central, região Metropolitana de Salvador e à

região sul da Bahia.

Outro ponto relevante deve-se a opção por motocicletas e automóveis devido

renda per capita, onde as regiões com baixa renda per capita coincide com os

municípios com maior parcela de motocicletas, e os municípios maiores renda, são

aquelas que percentualmente possuem maiores percentuais de automóveis. Esse

comportamento assemelhou aos índices de desenvolvimento municipal.

Dessa forma, cada região ou município da Bahia está condicionada as

condições socioeconômicos para compra de motocicletas e ou automóveis.

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