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PORTO ALEGRE/RS SEMESTRE 2013/2 ANO I • NÚMERO 2 A gente não quer só comida ESPECIAL Bares temáticos vão além dos comes e bebes e aumentam as opções da noite porto-alegrense. págs. 03 a 05 Repórteres do Unipautas acompanharam uma operação do GOE, Grupo de Operações Especiais do Estado, unidade de elite da Polícia Civil no RS. Foto: Michel Meusburger Com que roupa? Brechós tornam-se um hábito em Porto Alegre, trazendo uma ideia totalmente inovadora ao mundo da moda. As roupas são antigas, mas em ótimo estado, o que torna o vestuário em geral sustentável e acessível a todos os interessados. Para o público, as possibilidades são enormes: há brechós para quem procura por fantasias para festas ou para os que procuram um estilo mais ousado e retrô. pág. 13 Pub La Estación simula uma estação metroviária da Europa desde a entrada. Foto: Júlia Molina BRECHÓS PORTO ALEGRE EM DUAS RODAS Construções de ciclofaixas e aluguel de bicicletas ampliam presença de ciclistas na capital. p. 16 ENTREVISTA A jornalista Edieni Ferigollo, apresentadora do SBT Rio Grande Manhã, fala sobre sua carreira e do orgulho de trabalhar na emissora. página 22 Polícia para quem precisa pág. 16 ACADEMIA SÓ PARA MULHERES Academias femininas dividem opiniões ao reservar espaço exclusivo às mulheres. p. 17 FUTURO DO CINEMA CHEGA EM POA Tecnologia IMAX e cinema 6D impressionam o público e apontam para o futuro do cinema. p. 18 UMA INICIATIVA QUE É O BICHO Apaixonada por animais, a estudante Bruna Mendes criou o Open Bar Canino, que ajuda diversas ONGs. p. 14 JORNAL DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UNIRITTER

Unipautas nº 02 (2013/2)

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PORTO ALEGRE/RSSEMESTRE 2013/2ANO I • NÚMERO 2

A gente não quer só comidaESPECIAL Bares temáticos vão além dos comes e bebes e aumentam as opções da noite porto-alegrense. págs. 03 a 05

Repórteres do Unipautas acompanharam uma operação do GOE, Grupo de Operações Especiais do Estado, unidade de elite da Polícia Civil no RS. Foto: Michel Meusburger

Com que roupa? Brechós tornam-se um hábito em Porto Alegre, trazendo uma ideia totalmente inovadora ao mundo da moda. As roupas são antigas, mas em ótimo estado, o que torna o vestuário em geral sustentável e acessível a todos os interessados. Para o público, as possibilidades são enormes: há brechós para quem procura por fantasias para festas ou para os que procuram um estilo mais ousado e retrô.

pág. 13Pub La Estación simula uma estação metroviária da Europa desde a entrada. Foto: Júlia Molina

BRECHÓS

PORTO ALEGRE EM DUAS RODASConstruções de ciclofaixas e aluguel de bicicletas ampliam presença de ciclistas na capital. p. 16

ENTREVISTAA jornalista Edieni Ferigollo, apresentadora do SBT Rio Grande Manhã, fala sobre sua carreira e do orgulho de trabalhar na emissora.

página 22

Polícia para quem

precisapág. 16

ACADEMIA SÓ PARA MULHERESAcademias femininas dividem opiniões ao reservar espaço exclusivo às mulheres. p. 17

FUTURO DO CINEMA CHEGA EM POATecnologia IMAX e cinema 6D impressionam o público e apontam para o futuro do cinema. p. 18

UMA INICIATIVA QUE É O BICHOApaixonada por animais, a estudante Bruna Mendes criou o Open Bar Canino, que ajuda diversas ONGs. p. 14

JORNAL DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UNIRITTER

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2 • UNIPAUTAS • 2013/2

Fale conosco: [email protected]

Aprender fazendo Novo jornal e diploma: conquistas aguardadas

O Jornal UniPautas é um projeto da Faculdade de Comunicação Social (FACS) do Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter/Laureate International Universities. A iniciativa surgiu da necessidade de criar um espaço de divulgação do material produzido nos cursos de jornalismo e publicidade. Seu projeto grá-fico foi desenvolvido pelos designers e professores Sandro Fetter e Jaire Passos.

UniRitter / Laureate International Universities

Campus Porto Alegre: Rua Orfanotrófio, 555Alto Teresópolis • Porto Alegre/RS • CEP 90840-440 • Fone: (51) 3230.3333Campus Canoas: Rua Santos Dumont, 888Niterói • Canoas/RS • CEP 92120-110 • Fone: (51) 3464.2000 www.uniritter.edu.br

Reitor: Telmo Rudi Frantz Chanceler: Flávio D'Almeida Reis Pró-Reitora de Graduação: Laura Coradini Frantz Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão: Márcia Santana Fernandes

Coordenação da Faculdade de Comunicação Social: Laura Glüer

APRESENTAÇÃO EDITORIAL

Marcelo Spalding, professor

Há muitas razões para se comemorar o lança-mento deste segundo

Unipautas, e a principal delas é que este jornal consolida todo um processo de aprendizagem participativa, um processo que vai muito além da imprescindí-vel teoria, muitíssimo além das fórmulas e manuais de redação, um processo que se dá pelo en-volvimento constante dos alunos na construção do conhecimento. Dessa forma, não é a nota final o que sintetiza o trabalho ao lon-go do semestre, e sim as páginas desse jornal.

Ocorre que, assim como “amar se aprende amando”, jornalismo se aprende fazendo jornalismo, e por isso aprender fazendo é sempre a melhor forma de aprender. E nem sei se ainda po-demos usar o verbo “aprender”, já que esse modelo é muito mais um processo de “descoberta”,

de “exploração”: são os próprios alunos, agora convertidos em repórteres, que recorrem aos valores notícia na hora de esco-lher uma pauta, sempre em bus-ca do maior espaço possível na versão final do jornal. Eles mes-mos perguntam por técnicas de entrevista depois de conseguir marcar com aquela fonte fun-damental para a matéria, eles mesmos questionam suas frases, suas vírgulas, sua gramática no momento da redação final, e eles mesmos voltam aos conceitos de design e diagramação na hora de montarmos cada reportagem.

Tal filosofia está muito bem alinhada com a da UniRitter e da Rede Laureate, como percebe-mos nas palavras do Prof. Oscar Hipólito, para quem “a atual pos-tura do professor já é diferente da de 10 anos atrás; ele deixou de ser um mero conteudista e pas-sou a trabalhar mais em uma me-todologia de ensino que motiva o aluno ao aprendizado”.

Por isso apresentamos a você, caro leitor, não um jornal feito

Solon Saldanha, professor

Apesar do crescente núme-ro de pessoas que acredita que o jornalismo impres-

so está com os dias contados, que terminará substituído por plataformas virtuais, há mo-mentos em que todos nós que ainda “habitamos” um espaço de resistência contra esta ideia ficamos realmente felizes. Um destes foi quando da entrega do nosso primeiro Unipautas em pa-pel. A expressão nos olhares dos alunos, a alegria evidente quan-do recebiam em mãos o resultado de mais um semestre de aprendi-zagem foi saborosa demais para os professores envolvidos no processo. E acredito que os pais e demais pessoas agraciadas com estes exemplares também se en-cheram de justo orgulho. Mesmo que o tempo os torne amarelados, sabemos que vão ficar guardados com carinho semelhante ao que trocamos todos, neste período de convívio.

Convívio e trabalho que se repetiu agora, com uma equipe circunstancialmente menor em número, mas não em disposição. Boas pautas, textos, fotos e dia-gramação, agora compartilhados. E que vão ser consumidos com avidez por tantos que esperavam para ver o resultado, com o qual ficarão satisfeitos, tenho certeza.

Do mesmo modo, tenho tam-bém certeza de que outro moti-vo de muita alegria para toda a categoria se aproxima cada vez mais. Profissionais em atividade e profissionais em formação vão receber, em breve, a boa notícia de que o diploma para o exercício do jornalismo voltará a ser exigi-do. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados já aprovou a

admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 206/12), do Senado, que recolo-ca o trem nos trilhos, do qual foi retirado por algum tempo, por decisão equivocada do Supremo Tribunal Federal. Aliás, o próprio STF terminou dando razão à ca-tegoria e ao que clama a socie-dade, recentemente, ao publicar edital de concurso público para provimento de vagas para sua as-sessoria de imprensa. No texto, exige a diplomação que ele pró-prio julgara desnecessária.

Na prática, o tribunal faz o que nenhum dos grandes meios de comunicação social deixou de fazer: acredita na importância da graduação universitária para assegurar a qualidade de quem deseja e precisa contratar. E a UniRitter, que sempre soube dis-so, continuará oferecendo o me-lhor curso possível para ajudar no atendimento desta demanda. Gente boa, como esta turma que acaba de elaborar este segundo Unipautas impresso.

Boa leitura a todos!

por alunos do 3º semestre de Jornalismo, mas um jornal fei-to por apaixonados e promis-sores repórteres, fotógrafos e diagramadores que trabalhando em equipe não apenas constru-íram belíssimas matérias espe-ciais, como Os bares temáticos de Porto Alegre e o perfil do GOE, como também inovaram ao criar a seção Efemérides, o Horóscopo Gaudério e o edi-torial de moda da contracapa.

Devemos agradecer, ainda, aos estudantes do segundo se-mestre que contribuíram com dois textos culturais nessa edi-ção. E aos fiéis estudantes do quarto semestre que fizeram questão de participar novamen-te do Unipautas.

De nossa parte, fica a alegria de ver a repercusão do primeiro número, feito com muita dedica-ção e esforço; o resultado desse segundo, que a partir da expe-riência do anterior pôde ousar mais em alguns aspectos; e a cer-teza do próximo, que renova nos-sa crença no aprender fazendo.

Acima, Felipe, Larissa, Shaly, Lucas, Juliana e Fernanda; abaixo, Júlia e Gabriela

Na web

Acesse as edições anteriores do Jornal Unipautas via internet.

http://www.issuu.com/editorauniritter

Unipautas Edição: Marcelo Spalding Solon Saldanha

Projeto Gráfico: Jaire Passos Rogério Grilho Sandro Fetter

Diagramação: Marcelo Spalding

Consultor em diagramação: Rogério Grilho (MT 7465)

Supervisão fotográfica:Rogério Soares

Revisão:Débora Porto e Pietro Ferreira Convidados: Lenadro Dóro Christian Ordoque Professores envolvidos: Solon Saldanha (Projeto de Jorn. Gráfico), Marcelo Spalding (Red. Jornalística), Rogério Soares (Fotografia) e Cláudia Trindade (Criação Publicitária)

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2013/2 • UNIPAUTAS • 3

Bares temáticos de Porto Alegre ESPECIAL

Um game e um drink, por favor!

Bar de Porto Alegre mistura música, videogames e muitos jogos

Gabriela Fritsch

Obar Woodoo Lounge, lo-calizado na Cidade Baixa, é um ambiente que mis-

tura petiscos, bebidas e jogos dos anos 80 com tecnologia. Ele faz parte da nova mania que está invadindo os bairros boêmios da Capital: os bares temáticos. Em seu interior, a decoração nos remete ao mundo dos games: Nintendo 64, SuperNintendo, Xbox, fliperama, fla-flu, sinuca e dardos são apenas algumas das mais de 100 opções de jogos oferecidos pela casa.

O publicitário Tiago Faccio, um dos sócios, conta que o bar, inaugurado há pouco mais de um ano, surgiu como uma extensão da Agência Woodoo: “todas as sextas fazíamos um churrasco na agência e convidávamos ami-gos e clientes. O pessoal ficava brincando com os jogos que são do meu acervo e jogando os vi-deogames na boa. Com o tempo o evento ficou pequeno e surgiu a oportunidade de criar esse

espaço lúdico que é o bar”.Logo que se chega ao ambien-

te, é possível escolher uma mú-sica no iPad que fica à disposição dos clientes. Em seguida, esco-lher no cardápio um petisco, uma bebida e um jogo. Pode ser Jogo da Memória, Cara a Cara, Pega Vareta, Resta Um, Batalha Naval, Cai não Cai, Banco Imobiliário, dominó, baralho, entre outros. Os jogos ficam na área lounge do bar, onde há puffs, sofás e mesas para jogar.

No bar, os jogos mais dispu-tados de tabuleiro são Jenga e Imagem e Ação, ambos lançados na década de 80. Os videogames também ficam à disposição do público e, segundo a atenden-te Madona Andrade, 21 anos, eventualmente algum cliente reclama: “Moça, eles já estão na quinta rodada! Eu também quero jogar!”, lembra e ri da situação. O local também exibe filmes clás-sicos durante a semana, como O Poderoso Chefão, Clube da Luta e Chuck.

A ambientação voltada para jogos de tabuleiro e games, a escolha de músicas e a exibi-çãao de filmes clássicos veio da inspiração de outros ambientes.

“Conheci dois bares que seguiam essa lógica, um em Londres e

outro em Buenos Aires”. Apesar da influência internacional, o bar porto alegrense inovou: “ne-nhum dos dois envolvia o digital com o analógico, como o Woodoo Lounge”, avalia Faccio.

A atendente Madona Andrade conta que o público predominan-te é jovem, e que nas sextas e sá-bados o movimento é intenso:

“Apesar de a lotação máxima ser de 350 pessoas, o entra e sai faz com que a quantidade chegue a 400 por noite”.

Uma das frequentadoras é a promotora de vendas Tanajara de Moura, 21 anos, que mora em Porto Alegre há dois meses e conta ter se impressionado com o ambiente diferenciado:

“Procurei pela internet algo para fazer e encontrei o Woodoo. Já gostei pelo nome”. Tanajara sa-lienta que o interessante do bar é a possibilidade de ter em um só lugar música, companhia e jogos:

“Em casa nós ficamos alienados, ligados aos smartphones. Aqui a gente se desliga dessa tecnologia e volta no tempo”.

A estudante de Administração Paola Bragagnolo, 20 anos, disse que quis conhecer o bar para ver a nova proposta de negócio que estava sendo oferecida. Paola conta que o que mais chama

sua atenção é a possibilidade de escolher a música que vai tocar no ambiente. “A personalização do atendimento ao cliente e a possibilidade de fazer seu pró-prio entretenimento é muito interessante.”

Uma das histórias inusita-das que aconteceram no local,

segundo o sócio proprietário Tiago, ocorreu durante um even-to: “Uma vez fizemos um campe-onato de Song Pop. Duas pessoas de grupos opostos se conhece-ram, conversaram e acabaram namorando. Isso que é legal. O jogo agrega muito no flerte”, or-gulha-se .

Woodoo Lounge Rua João Alfredo, 577 B. Cidade Baixa

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Os games são cada vez mais presentes em nossa socie-

dade e contribuem para a in-teração social. Segundo dados da Associação de Software de Entretenimento dos Estados Unidos, a idade média do jogador é de 39 anos e 26% dos jogadores têm mais de 50 anos.

Segundo o professor de Design de Games, Christopher Kastensmidt, existem dois ele-mentos fundamentais na popu-larização dos jogos: a interativi-dade e as interações sociais. Para ele, a interatividade leva as pes-soas para muito mais perto dos games do que outras formas de entretenimento: “No filme ou no livro podemos torcer pelo prota-gonista, mas não podemos fazer nada para mudar seu destino”.

Kastensmidt pondera que com a ajuda da internet, todos podem jogar com pessoas do mundo in-teiro, sem ter que sair de casa:

“O ser humano é um ser social e ao jogar temos interações mais intensas”.

A Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Jogos Digitais do UniRitter, Isabel Cristina Siqueira da Silva, clas-sifica a relação entre games e adultos como uma fuga das res-ponsabilidades da vida madura:

“O mundo do entretenimento nos proporciona momentos de fuga da rotina, onde assumimos momentaneamente outra identi-dade e podemos ser invencíveis frente a desafios, ganhando reco-nhecimento e gratificações psico-lógicas motivadoras.”

Jogos entre adultos

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4 • UNIPAUTAS • 2013/2

ESPECIAL Bares temáticos de Porto Alegre

Paixão que virou negócioDe um jeito inusitado, Carlinhos Caloghero partiu de um simples hobby para criar o Brechó do Futebol

Larissa Ody

Para os amantes do espor-te, a paixão pelo futebol não se explica, se sente. O

empresário Carlinhos Caloghero, 31 anos, é um exemplo deste sentimento. Em 2002, cursava Relações Públicas na UFRGS e logo conseguiu um estágio que o permitia passar muito tempo na frente do computador. Com isso, começou a pesquisar na internet sobre camisetas de futebol e a se interessar cada vez mais pelo as-sunto. De brincadeira, anunciou em um site uma camiseta da Itália que havia comprado por R$ 25,00, conseguindo vendê-la por R$ 80,00. Isso foi o ponto inicial para transformar o hobby em um negócio.

Durante os seis meses de es-tágio, Carlinhos montou em seu quarto uma espécie de bre-chó somente com camisetas de futebol, onde trocava e vendia entre seus amigos. Com a ini-ciativa crescendo e seu quarto diminuindo, passou a trabalhar apenas neste projeto, pois estava dando lucro. Como possuía con-tatos em Buenos Aires, ele conse-guiu bastante material de times argentinos e chilenos. Logo, sur-giu a ideia de montar na Capital um hostel, casa de hospedagem comum na Argentina.

O Casa Azul, localizado na Rua Lima e Silva, aceitava camisetas de futebol como pagamento. A partir disso, surgiu a ideia de criar um blog, que ele chamou de Brechó do Futebol. “O Casa Azul começou a fazer sucesso, e então disse para meus amigos:

vamos montar um bar”, conta Carlinhos. Assim, iniciou uma sociedade com André Damiani e André Zimmermann, criando o Brechó do Futebol. Apesar do nome, o estabelecimento é uma combinação entre brechó e bar.

Segundo Carlinhos, o lugar, localizado no Centro Histórico, é bastante procurado por ter uma proposta diferenciada. O público desfruta do bar, onde acontecem transmissões de jogos do mundo inteiro e é frequentado por maio-res de 18 anos, e também do bre-chó, que reúne pessoas de todas as idades. “O diferencial do bar é que, para quem gosta de futebol, virou um point. O do brechó é o reaproveitamento do material

que muitas vezes não serve para uma pessoa, mas pode ser útil para outra”, explica. De acordo com Carlinhos, há uma grande diversidade entre os públicos.

A sistemática do brechó fun-ciona assim: a camiseta dá entra-da no lugar e é colocada em um baú. São tiradas fotos do produ-to que, junto com a descrição e o tamanho, são postadas na fanpage do Brechó do Futebol no Facebook. Após um determi-nado tempo, se o produto não é vendido através da rede social, ele é anunciado para o mundo inteiro através do Mercado Livre e eBay. “O processo é bem sim-ples, mas precisamos respeitá-

-lo para que as coisas funcionem

direito”, declara Carlinhos.No brechó, são oferecidas des-

de camisetas da seleção brasileira da década de 70 a camisetas usa-das recentemente por jogadores em campeonatos mundiais de fu-tebol. “Agora nós temos a camisa que o jogador André Lima usou para marcar o gol que inaugurou a Arena”, destaca o empresário.

No brechó, são oferecidas desde camisetas da seleção brasileira da década de 70 a camisetas usadas recentemente por jogadores em campeonatos mundiais. Foto: Juliana Bernardon

No local, existem araras especí-ficas de camisetas do Grêmio e do Internacional que acabaram atraindo visitas inusitadas de jogadores como Danrlei, Tarciso e de alguns dirigentes dos times gaúchos. A loja e o bar foram recém-ampliados para melhor comportar as camisetas e rece-ber o público.

Brechó do Futebol Rua Cel. Fernando Machado, 1188 - Centro Histórico

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O segredo do brechó é o reaproveitamento: o que não serve para uma pessoa, pode ser útil para outra.”Carlinhos Caloghero, empresário

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2013/2 • UNIPAUTAS • 5

Um restaurante com estilo de skate em POABanx, o primeiro modelo de restaurante com pista de skate no Brasil, completou três anos em outubro

Shalynski Zechlinski

Poucos diriam que o skate, visto como algo marginal quando surgiu na década

de 60, hoje seria modelo para a criação de restaurantes. O Banx, localizado na Zona Norte da Capital, é o primogênito com esta estrutura no Brasil. Ele con-ta com uma pista e escolinha de skate, uma loja com artigos es-portivos e um pub com restau-rante vegetariano.

O restaurante foi criado em 2010 pelos irmãos Fernando e Gustavo Tesch. Inseridos no mundo do skate desde 2004, os irmãos Tesch, através da Swell Skate Park, procuravam traba-lhar com este cenário, mas sem ficarem restritos às pistas. Para Fernando, o empreendimento em uma pista não seria susten-tável: “precisava de um comple-mento para faturar”. Fernando ainda explica que não queria

pegar um segundo emprego que não tivesse nada a ver com aquilo que já estava fazendo.

Além dos tradicionais campeo-natos de skate, o local tem todos os meses uma exposição de arte diferente. Todas as quartas-fei-ras, a noite é Blush, destinada ao público feminino, com uma DJ e aulas experimentais gratuitas. Já nas quintas-feiras, a noite é Old is Cool, que reúne em um happy hour os veteranos do skate com a galera mais jovem. Além disso, o Banx conta com uma programa-ção de Jazz: “a ideia é que além de enriquecer a cultura dos ska-tistas, as pessoas passem a ver o skatista de uma forma legal”, diz Fernando.

A estudante e aluna da esco-linha do Banx, Claudia Correa, já andava de skate antes de co-nhecer o local. Depois de ouvir seus amigos falarem tanto sobre a pista, Claudia resolveu ir até o restaurante. Logo que chegou decidiu que era hora de começar as aulas: “eu resolvi aparecer no Banx e me surpreendi vendo uma amiga minha andando na pista e isso me incentivou a aprender mais do que eu já sabia”. O pro-fessor de aulas de skate Bernardo Silveira diz que é normal quem

já anda há um tempo fazer aulas para aprimorar algumas mano-bras: “mas também têm aqueles que não sabem nada de skate e que vêm para aprender”.

O ambiente atrai diferen-tes públicos. A publicitária Alessandra Volkweis, que não anda de skate, disse que costuma

ir almoçar e prefere o Banx em relação a outros locais do mesmo modelo: “é mais aconchegante, me sinto à vontade”. O estudan-te e skatista Leonardo Adriano frequenta o local mais à noite para fazer happy hours com os amigos e andar de skate.

A maior concentração de bares

e restaurantes com pista de skate, pelo Brasil, é no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, onde se encontram os princi-pais do país. Em Porto Alegre, além do Banx, existe o Complex e o Skate Indoor. Fora do Brasil, Fernando disse que conheceu um Skate Park em Barcelona.

Bares temáticos de Porto Alegre ESPECIAL

Banx conta com pista de skate para prática do esporte. Foto: Shalynski Zechlinski

Pub proporciona a seus consumidores viajar sem sair do lugar

Júlia Molina

O La Estación Pub, localiza-do no bairro Rio Branco, nos remete a uma via-

gem para fora da realidade sem que se saia do lugar: o ambiente é todo decorado de forma a lem-brar uma estação metroviária da Europa. Logo na entrada, já é possível encontrar uma réplica perfeita do primeiro relógio ins-talado na estação de Manchester na Inglaterra.

Além das malas expostas no primeiro andar, há placas indi-cando os caminhos e nas pare-des do banheiro há colagens de jornais do mundo inteiro. Outra ideia simples, porém inovadora, pode ser encontrada no cardápio:

chamar a atenção do público.A primeira estação, logo na

entrada, leva o nome de Velho Continente. Ela proporciona contato direto com o charme, a cultura, a história e presta ho-menagens aos melhores polos de cerveja da Europa. A estação é aconchegante, com música ambiental, ideal para os happy hours: composta por mesas, ca-deiras, quadros em preto e branco

e mapas de metrôs estrangeiros.A estação Munique é onde

ficam as cervejas, sendo o bar propriamente dito. Segundo Wodarski, é onde “tudo aconte-ce”: “Munique foi onde nasceu a Oktoberfest, maior e melhor fes-ta de cerveja do mundo. O bar te leva para lá”, completa. Cadeiras altas, para sentar-se tendo aces-so ao bar estão dispostas, e, ao fundo, o foco é o armário cober-to com uma exposição de cer-vejas artesanais e importadas, edições limitadas e canecões personalizados.

La Plata, a terceira estação, é o polo do esporte, onde as pessoas se entregam ao prazer e à paixão pelo futebol. Bandeiras, placas e flâmulas decoram as paredes. Na televisão, todos os tipos de jogos de futebol são passados, além de rugby e tênis. “Não re-metemos nem à dupla gre-nal,

Próxima parada: La Estación

o chimarrão. É o único pub da América Latina a oferecer essa bebida tão tradicional no RS.

Jonathan Wodarski, 31, um dos sócios do La Estación, conta que a proposta era fazer o cliente

“viajar dentro do bar sem sair do lugar e não ficar num ambiente só, não deixando, assim, a happy hour monótona”. Dividido em quatro “estações”, o pub optou por formas diferenciadas para

nem ao Brasil. Optamos por ou-tro polo muito forte, a Argentina e o Uruguai. Remetemos ao Maradona”, brinca.

A última estação, Grã-Bretanha, decorada em tons de verde e cortinas vermelhas, dá acesso ao palco. A ambientação nos transporta ao país da música, onde nasceram bandas como The Beatles e Rolling Stones. Shows de jazz, pop e rock tomam conta do espaço nas noites de quinta, sexta e sábado.

Segundo Letícia Silveira, as-sessora do La Estacíon, um dos eventos mais populares é o English Pub Quiz, em que toda semana é abordado um tema diferente, e as histórias são nar-radas em inglês pelo britânico Barry. Além disso, é uma “cos-tume party”, onde os clientes podem ir fantasiados de acordo com o tema.

BanxAlameda Maj. Francisco Barcelos, 127 - B. Boa Vista

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La Estación PubRua Miguel Tostes, 941B. Rio BrancoEps, publia

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6 • UNIPAUTAS • 2013/2

Estudantes de jornalismo simulam confrontos de guerra no Exército

Lucas Conceição

C om o objetivo de apro-ximar os jovens do Exército Brasileiro, a

instituição criou o Estágio de Correspondente de Assuntos Militares (ECAM). Neste ano, o Comando Militar do Sul (CMS) recebeu pela primeira vez jor-nalistas e alunos de jornalismo da UniRitter e de outras univer-sidades entre os dias 18 e 25 de Setembro, na capital gaúcha e região metropolitana.

O diretor executivo de jorna-lismo do Grupo RBS, Marcelo Rech, abriu o estágio contando suas experiências como corres-pondente de guerra. Ressaltou a importância do estágio na cons-trução da vida profissional dos

futuros jornalistas e salientou a falta de preparação para cobertu-ras de zonas de combate: “hoje é feita uma cobertura muito frou-xa, mal sedimentada”.

Os alunos tiveram ain-da a oportunidade de parti-cipar da coletiva de impren-sa com o Ministro da Defesa Celso Amorim, que esteve em Porto Alegre para falar sobre a Operação Laçador. Além disso, foi apresentada aos estagiários a possibilidade de carreira jorna-lística dentro do campo militar.

A experiência culminou com o “Dia Verde”, que foi o exercí-cio mais próximo da realidade da atividade militar que os estagiá-rios participaram na região me-tropolitana. Foram feitos circui-tos, em que os alunos passavam e recebiam orientações de como seria feito o resgate de feridos e de como seria o jornalista deve se comportar em caso de confronto com a tropa.

GERAL Segurança Nacional

Uma semana no Exército Brasileiro Fotos: Alexandre Tessler

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2013/2 • UNIPAUTAS • 7

Segurança Nacional GERALO centro de comunicaçãoShállon Teobaldo

O Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX) é o órgão

central de comunicação dentro das Forças Armadas. A sede do CCOMSEX fica em Brasília e é responsável pela divulgação ins-titucional, relações públicas e in-formações públicas do Exército Brasileiro (EB).

De acordo com o Tenente Coronel Costa Neto, responsável pelo CCOMSEX, o objetivo maior do Centro é preservar e fortale-cer a imagem do exército: “100%

das solicitações de imprensa são respondidas pelo EB”, diz.

Os jornalistas que desejam fazer parte da imprensa do EB precisam passar pela Escola de Formação Complementar do Exército (Esfcex) e podem ser militares temporários (oito anos) ou de carreira.

Existem cinco Comandos Militares no Brasil, e dentro de cada um deles existe uma ses-são de comunicação responsável por auxiliar e manter atualizada a base do CCOMSEX sobre os acontecimentos relacionados ao Exército na sua região. A comuni-cação social do Comando Militar

do Sul é chefiada pelo Coronel Germer.

Segundo o Tenente Coronel Costa Neto, as principais de-mandas da sala de imprensa do Exército são Garantia da Lei e da Ordem (GLO), força de paz, defesa cibernética, ação subsi-diária, serviço militar, Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e Comissão da Verdade.

Somente Comandantes, as-sessores de comunicação e espe-cialistas podem responder pelas Forças Armadas à mídia e infor-mações de âmbito nacional só po-dem ser dadas pelo CCOMSEX.

O museu militarAlexandre Tessler

E m frente à escadaria da Igreja Nossa Senhora das Dores, uma das mais anti-

gas da cidade, e à altura do núme-ro 630 da rua dos Andradas está localizado o Museu Militar do Comando Militar Sul (MMCMS), que abriga o acervo militar da re-gião Sul do País.

O acervo conta com materiais que vão desde documentos, fo-tografias e honrarias a carros de combate, viaturas, canhões e armamentos.

Para o Sargento Ianko,

histo riador do MMCMS, os obje-tos expostos ajudam a entender um pouco da história das Forças Armadas brasileira e remontam desde o período colonial até che-gar aos dias de hoje. Conforme os registros do local, a média de público que visita o museu é boa, ficando em torno de seis mil pes-soas no mês.

O sargento explica que exis-tem alguns projetos cujo objeti-vo é mostrar um pouco da histó-ria do Exército Brasileiro para a sociedade. : “Temos atualmente três projetos que são desenvolvi-dos com escolas, soldados e aca-dêmicos”, afirma o oficial.

Um dos projetos é “A Escola vai ao Museu”, que realiza visi-tas guiadas gratuitas para estu-dantes do ensino fundamental e médio, da rede publica e privada. Para as escolas da rede pública da capital, é disponibilizado um ôni-bus do Exército para o transporte até o local.

O Museu do Exército é aberto ao público e funciona de terças a quintas das 10h às 16h, sextas das 9h às 12h e sábados, domin-go e feriados das 13:30 às 17h. Também é possível fazer o agen-damento de visitas guiadas de terça a sexta-feira, pelo telefone 51 3226.5883.

O treinamento dos militares brasileirosAndré Neves

O Exército, a Marinha e a Força Aérea do Brasil trabalham para proteger

o país em suas fronteiras, além de zelar pela paz no Brasil e em outros pontos do mundo. Missão que só é possível com muito treinamento.

Desta forma, a Operação Laçador, que aconteceu durante os dias 16 á 27 de setembro e con-tou com a participação de 8.000 militares do 5° Comando Militar do Sul, serviu para treinar os co-nhecimentos dos militares e tes-tar os equipamentos utilizados em batalhas.

De acordo com o Ministério da Defesa, a operação consiste em uma simulação de guerra cujo objetivo é preparar as Forças Armadas para atuar de forma coordenada e eficaz em confli-tos convencionais. Os exercícios envolvem simulações de ataque, defesa de espaço aéreo e terres-tre, além de missões de busca e salvamento e ações cívico-sociais.

O Ministro da Defesa Celso Amorim, que veio até o RS para inspecionar de perto as ativi-dades, falou sobre a Operação Laçador: “É um exercício

fundamental porque somente através do conhecimento con-junto das três forças é possível defender o país de uma maneira mais eficaz, fazendo com uma maior economia de meios e com maior eficiência nos resultados.”

O Ministro ainda destacou a comunicação que foi utilizada e como foi trabalhado entre as for-ças: “A nossa defesa cibernética, que começa a crescer e que já foi utilizada inclusive em situações reais, é que vai contribuir efeti-vamente para proteger os siste-mas de comunicações para que nossos planos não sejam revela-dos para um eventual inimigo”.

A Operação teve investimen-to de R$ 7,5 milhões, e após a sua conclusão foram apresen-tados resultados informando como as tropas agiram durante o treinamento.

Para coordenar todas as opera-ções que aconteciam no RS, um Centro de Controle foi montado na sede do Comando Militar do Sul (CMS), em Porto Alegre, de onde saíam todos os comandos para os militares. Sistemas mo-dernos permitiram a integração, o estabelecimento de comunica-ções seguras e o acompanhamen-to de todas as ações realizadas pelas tropas.

Nossa defesa cibernética vai contribuir efetivamente para proteger os sistemas de comunicações.”Celso Amorim, Ministro da Defesa

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8 • UNIPAUTAS • 2013/2

GERAL Segurança Pública

A S.W.A.T dos gaúchos

Repórteres do Unipautas acompanharam uma operação do GOE, Grupo de Operações Especiais do Estado, unidade de elite da Polícia Civil no RS

Juliana Bernardon Lucas Conceição

Há 46 anos atuando no Rio Grande do Sul, o Grupo de Operações Especiais

(GOE) é destaque dentro da Policia Civil no combate e pre-venção de crimes. Criado em 1967 pelo Coronel Pedro Américo Leal, antigo chefe da Polícia Civil, quando os índices apontavam uma elevação nos crimes contra o patrimônio (roubos a bancos, latrocínio e extorsões mediante sequestro) e contra a vida (ho-micídios), o grupo vem desarti-culando ao longo dos anos várias quadrilhas. Por ser uma unidade de recursos e operações especiais, os policiais civis do GOE têm à sua disposição armamento dife-renciado, como fuzis, carabinas, espingardas e pistolas.

O grupamento serve de apoio a todos os órgãos da polícia em atividades operacionais, como cumprimento de mandados de prisão, busca e apreensão, escol-ta de armamentos e entorpecen-tes. Também atua na segurança ostensiva e de autoridades, como guarda de honra de eventos, es-colta de presos de alta pericu-losidade, apoio a polícias civis de outros estados e ao Poder Judiciário. Teria, inclusive, ser-vido de modelo para a criação da S.W.A.T da polícia de Los Angeles.

Para 2014, quando Porto Alegre será sede da Copa do Mundo, o GOE já está em trei-namento e ficará responsável por ajudar na prevenção a cri-mes e operações antiterroris-mo. Chefiado pelo Delegado da Policia Civil, Bolívar Lhantada, desde fevereiro deste ano, o gru-po está treinando periodicamen-te, natação, trilha na mata, defe-sa pessoal, operações táticas, tiro, musculação, rapel, ações táticas em aeronave e também contam com um carro blindado.

No Rio Grande do Sul, além do GOE, pertencente à Polícia Civil, existe outro sistema de opera-ção especial para segurança os-tensiva da sociedade, chamado BOE (Batalhão de Operações Especiais), da Brigada Militar.

O batalhão tem como principal característica a defesa e controle civil quando há conflito popula-cional. É aquartelado, com mais efetivo, possuindo também um grupo de cães farejadores e um Grupo de Ações Táticas Especiais, o GATE. Márcia Beck, chefe de investigação do GOE, ressalta que “o êxito do trabalho policial passa também pela união com a Brigada Militar, com respeito às atribuições de cada um”.

No Palácio da Polícia, enquanto era realizada a reunião na madrugada do dia 12 de setembro

com todas as guarnições ouvindo atentamente as instruções do delegado Bolívar Lhantada, me cha-mou a atenção as mulheres que ali estavam, cada uma com um jeito especifico e bem feminino.

Muitas delas eram mães de família e estavam fazendo parte da equipe que iria cumprir a opera-ção Afilhados. Olhando para estas policiais, cheguei à conclusão que durante a atuação não havia dis-tinção por serem do sexo feminino, e realmente o papel delas foi fundamental para a equipe, pois em momentos como a prisão de um dos criminosos o lado psicológico no poder da conversa foi de grande importância.

A operação Afilhados buscava o cumprimento de 12 mandados de prisão e 27 de busca e apreen-são, todos efetuados com sucesso. Vejo que o Grupo de Operações Especiais trabalha muito em cima de investigações bem minuciosas, conseguindo in-formações muito precisas de todos os citados nos mandados que foram cumpridos.

A oração faz parte da rotina deles, principalmen-te antes do inicio da operação, onde todos se reú-nem para fazer os ultimos ajustes, é quando todas as forças se unem para o cumprimento do dever.

Lucas Conceição

A experiência e o olhar de dois jovens em uma operação do GOEFazia frio às 4h35 da madrugada do dia 12 de

setembro. Dentro do Palácio da Polícia, sob o comando do delegado Bolívar Lhantada, observáva-mos o momento em que os integrantes das Forças de Segurança Pública do Estado passavam os últimos detalhes da estratégia da operação Afilhados, que tem como objetivo o combate ao tráfico de drogas.

A investigação, desencadeada por meio de de-núncias, ocorreu nos bairros Itatiaia, Rincão da Madalena e Loteamento Princesa em Gravataí. Ao chegarmos lá, iniciou-se uma movimentação para cumprir os 12 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão. Fiquei admirada com a agilidade e inteligência dos cães farejadores que cumprem um importante papel neste tipo de investigação, por mais que muitas vezes os bandidos consigam arti-cular maneiras de despistar o cheiro ou local onde se encontram as drogas.

Depois de longas horas, a operação resultou na apreensão de duas espingardas, uma mira a laser, uma pistola calibre 9mm, 30 gramas de maconha, 10 gramas de cocaína, 200 pedras de crack, uma balança de precisão e aproximadamente R$ 2 mil em dinheiro. Voltando para Porto Alegre, o clima era de dever cumprido e satisfação pelo trabalho realizado.

Juliana Bernardon

Foto: Michel Meusburger

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2013/2 • UNIPAUTAS • 9

Fundação, que há doze anos deu lugar à FASE, ainda vive para muitos cidadãos

Paulo Nunes

Alemão chegou na Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor

(FEBEM) com mais ou menos oito anos de idade, trazido por policiais militares que haviam o encontrado junto com seus dois irmãos na rua, passando fome, em situação de total abandono. Na instituição, apesar de convi-ver com os menores infratores, vendo queima de colchões, re-voltas, brigas e fugas, ele nun-ca se envolveu. Acreditava que ali tinha o que não teria lá fora: seis refeições diárias. E assim o Alemão cresceu: “eu retinha o que era bom e descartava o que era ruim”.

Hoje, mais de 30 anos depois, com 20 anos de efetivo servi-ço na Brigada Militar, Alemão traz o histórico de um menino que viveu toda sua juventude na FEBEM, mas nem por isso dei-xou de estudar e acreditar que era possível um futuro melhor. Inclusive em setembro deste ano Alemão ganhou medalha de PM destaque do Comando de Policiamento da Capital pe-los relevantes serviços presta-dos, entre eles, grande número

de prisões por tráfico de drogas, roubo de veículos e porte ilegal de armas. Convidado para fazer uma nova visita no local que lhe serviu de abrigo por muitos anos, Alemão recusou, disse que era muito difícil para ele relembrar aquele tempo e que não queria seu nome divulgado para não dar publicidade a um assunto que prefere ser apenas parte de uma história. A história da sua vida.

A FEBEM em que se criou Alemão não existe mais, há 12 anos, mas está bem latente na memória de muitos porto-ale-grenses. Hoje a FASE (Fundação de Assistência Sócio Educativa) ligada à Secretaria da Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, é o órgão estatal especiali-zado em atender estes menores infratores. As medidas são de internato sem probabilidade de saídas externas e semiliberdade com saída externa para cursos e visitas aos pais nos finais de semana.

Em Porto Alegre, uma das uni-dades da FASE, chamada CASE I (Centro de Atendimento Sócio Educativo- Porto Alegre 1), fun-dada em março de 1998, abriga ao todo 70 jovens vivendo em um gi-násio, muitos sem possibilidade de saídas externas. Ao centro do ginásio, há uma quadra de futsal. Ao lado da quadra, uma mesa de ping-pong. Rodeando a quadra, paredes grafitadas de um lado e, do outro, salas de aula onde os

Assistência Social GERAL

internos cursam compulsoria-mente o ensino fundamental e médio, nos turnos manhã, tarde ou noite, sob a responsabilidade da Escola Estadual Tom Jobim.

No andar de cima, celas com portas de ferro, que são chama-das de quartos, são o abrigo dos internos que somente saem dali para atividades no próprio giná-sio. Em um dos cantos, pequenas arquibancadas servem para os in-ternos assistirem a “Malhação”

A rotina da casa começa às 7 horas, com o café da manhã, e se estende até as 23 horas, quando todos devem estar recolhidos aos seus quartos. “A movimentação é intensa dentro da unidade”, disse o assessor Paulo Volmar, encarregado das realizações de cursos e oficinas. Os menores também recebem a visita de duas denominações evangélicas que realizam cultos semanais para os internos.

todos os dias em uma televisão antiga de 29 polegadas. Mas o que mais chama a atenção dos in-ternos são as oficinas oferecidas. No mês de setembro, uma turma de internos concluiu o curso de montador de bicicleta: “Cursos como este fazem parte de um projeto que permite ao menor receber bolsa de estudo, gerando uma pequena renda com a qual pode ajudar sua família”, disse o diretor Domacir Correia.

FEBEM, uma página quase virada

Prédio conta com quadra de futebol e mesas de ping-pong. Ao redor, as celas. Crédito: Paulo Nunes

UNIDADES DE INTERNAÇÃO DA FASEData de

InauguraçãoCapacidade

PopulacionalCIP- Carlos Santos* 1989 90CASE- Padre Cacique 1864 90CSE 1974 120CASE- POA I 1998 62CASE- POA II 1992 72CASE- Feminino 1962 33Unidades da Capital 467

UNIDADES DE SEMILIBERDADEData de

InauguraçãoCapacidade

PopulacionalCAS- POA Masculino 2010 20CAS- POA Feminino 2011 12Unidades da Capital 32

Temporariamente, em virtude das reformas, a população da unidade CIP-Carlos Santos foi transferida para o prédio do CASE-Padre Cacique.Fonte: Assessoria de Informação e Gestão - FASE/RS

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Batalha pela igualdade de gêneroONG gaúcha vem lutando há quase quinze pelo direito de travestis e transexuais

Shalynski Zechlinski

Fundada em maio de 1999, a ONG Igualdade – Associação de Travestis e

Transexuais do Rio Grande do Sul nasceu da necessidade de existir uma organização para apoiar e defender o direito das travestis e transexuais de Porto Alegre. Desde a sua fundação, a Igualdade realiza oficinas temá-ticas semanalmente para discutir assuntos trazidos pelas próprias travestis e transexuais, assim buscando melhorias nas condi-ções de vida e saúde, o respeito e a efetivação dos direitos huma-nos para elas.

A fundadora e presidente da ONG, Marcelly Malta, diz que as conquistas realizadas são re-sultado de um trabalho árduo, tanto a nível regional quanto a nível nacional. “Em 29 de ja-neiro deste ano foi aprovado o registro do nome civil para as travestis”, ressalta. Para ela, a

maior conquista da Igualdade foi resultado de ações que gera-ram a aprovação para o uso do nome social, desde o ano passa-do. Entre outras conquistas da organização está uma ala de tra-vestis e transexuais no Presídio Central de POA.

Em parceria com o Serviço de Assessoria Jurídica Universitária da UFRGS (SAJU), a Igualdade conta com o apoio voluntário de profissionais das áreas de Psicologia e Direito, disponibili-zando seu espaço físico para a re-alização de estágios obrigatórios do curso de Psicologia. No ano de 2000, a organização teve seu primeiro projeto aprovado, inti-tulado Construindo Igualdade em Saúde, Cidadania e Direitos Humanos. Ele é baseado no res-gate da cidadania das travestis e na busca pelos seus direitos. Desde então, vem desenvolven-do projetos não só para o nosso Estado, mas para o Brasil inteiro visando a melhoria na qualidade de vida de travestis e transexuais de todo o país.

Através de ações preven-tivas realizadas nas zonas de meretrício, em Porto Alegre, a militante Joyce Maria da Silva

busca divulgar o trabalho da ONG e acolher travestis com problemas sociais. Segundo Joyce, as ações são destinadas principalmente às travestis que trabalham nessas zonas para a

prevenção e o tratamento de DSTs. “A Igualdade representa tudo na minha vida e, graças aos projetos realizados, hoje posso ser eu mesma”, declara a transe-xual que teve seu Registro Geral

emitido em agosto deste ano. Ainda, a militante afirma que tem orgulho do que faz, dando apoio a pessoas que passam pe-las mesmas dificuldades e lutam pelos mesmos direitos.

GERAL Igualdade Social

Motogirls em Porto AlegreMulheres no volante já não é mais novidade nas ruas da Capital. Agora elas também estão sobre duas rodas, inclusive trabalhando como

“motogirls”

Fernanda Fontoura

Já ficou no passado a histó-ria de que a maioria dos ho-mens é quem são adeptos a

motocicletas, agora as mulheres também estão no comando das motos e afirmam que amam tra-balhar em liberdade.

Para Nielca Nunes Fontoura, 43 anos, motogirl, que trabalha há cinco anos e seis meses na profissão, a melhor recompensa é o fato de se sentir livre ao an-dar de moto e manter uma ro-tina diária flexível. “Tornei-me motogirl porque os horários são flexíveis e amo andar de moto, inclusive dirijo desde meus 17 anos”, ressalta.

Seguindo com o mesmo pen-samento, Jane Pires dos Santos, 30 anos, trabalha como motogirl há um ano e três meses e comen-ta por que optou pela profissão, mesmo com o perigo no trânsi-to. “É uma profissão perigosa e o ritmo de trabalho é puxado, mas nos trás liberdade”, afirma.

Contudo, como toda profissão tem suas vantagens e desvanta-gens, para elas, as dificuldades ainda são maiores devido às placas mal sinalizadas, à quan-tidade de obras, ao desrespeito e à falta de conscientização das

pessoas no trânsito. Outro pro-blema constatado é o precon-ceito: “Além dos motoboys, nós, motogirls, também somos vis-tas como marginais. É só encos-tar do lado de qualquer carrinho de luxo, que automaticamente o motorista fecha a janela”, comen-ta Jane.

Para Nielca, é necessária uma reeducação no trânsito. “As pes-soas devem se respeitar mais e mudar alguns hábitos como parar em cruzamentos sem si-nalização. As multas deveriam ser mais rigorosas, só assim as pessoas iriam se conscientizar mais”, explica. Diminuindo, as-sim, o risco de novos acidentes, discussões e outros problemas vistos atualmente.

Sobre as diferenças entre ho-mens e mulheres na profissão, Nielca afirma que não vê diferen-ça, “sendo homem ou mulher, o importante é ser um bom pro-fissional, fazendo o trabalho de maneira correta, respeitando as regras que foram colocadas e fa-zendo os cursos necessários para exercer a profissão”, finaliza.Nielca e Jane no intervalo, com suas motos. Foto: Fernanda Fontoura

Marcelly Malta representando a ONG em seminário. Foto: Divulgação.

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2013/2 • UNIPAUTAS • 11

Igualdade Social GERAL

Comunidades quilombolas em POADescendentes de negros ainda lutam por direitos territoriais

Thiago Santos do Nascimento

Ao chegar à comunidade Quilombo Família Silva, localizada no bairro Três

Figueiras, temos a impressão de estar voltando no tempo, mais precisamente ao século 17, quando os negros, trazidos para cá nos navios negreiros, foram escravizados e forçados a tra-balharem para seus “senhores”. Quatro séculos depois, a Pequena África, como a localidade é cha-mada pela moradora Lígia Maria da Silva, mantém os resquícios dos primeiros povos que aqui chegaram.

Rodeada de condomínios lu-xuosos, a comunidade fica no final da Rua João Caetano, en-tre as Avenidas Carlos Gomes e Nilo Peçanha, comportando um total de 15 famílias. Todas elas descendentes de ex-escra-vos, que vieram do interior do Rio Grande do Sul à procura de condições melhores: “Meus avós, Naura Borges da Silva e Alípio Marques dos Santos, eram na-turais de São Francisco de Paula e Cachoeira do Sul. Ambos vie-ram para cá na década de trinta e ocuparam esse território para construírem suas vidas sociais e culturais”, afirma a moradora Lígia Maria da Silva.

Ainda hoje, os moradores das comunidades quilombolas man-têm as tradições das matrizes africanas do passado, seja nos cultos religiosos, nas danças e até mesmo no trabalho diá-rio. “Procuramos manter viva a

memória de nossos pais e avós, e de outros príncipes africanos que ainda vivem espiritualmente nos vigiando e guardando nossos filhos e netos”, completa Lígia.

Para a professora Regina Weber, doutora em História do Negro no Brasil, mesmo viven-do com as condições precárias, os moradores das quilombos não desanimam em momento algum:

“muito pelo contrário, estão acos-tumados em ir à luta, resistem a cada dia”. Segundo a professora, apesar de muitas vezes as pes-soas que vivem nas quilombos conviverem com a escassez do serviço público, como a falta de luz ou de redes de saneamento básico e de água, é através do trabalho nos campos existentes em algumas comunidades que elas conseguem o seu sustento de vida: “Como essas pessoas praticamente são excluídas da sociedade, dificilmente elas fo-ram estudar ou conseguir uma formação acadêmica que as co-loque em condições melhores no Estado. Mesmo assim, a tal pa-dronização intelectual, imposta pelo Estado não é maior do que o convívio social que eles mesmos criaram”, afirma.

De acordo com o professor e historiador Marçal Paredes, a maior parte dessas famílias é descendente dos negros bantos, escravizados pelos europeus e trazidos para o Estado ainda no século 18. “O negro no Rio Grande do Sul foi, por muitos anos, ignorado pela história. No entanto, maior parte do territó-rio era ocupada pelos escravos”, afirma Paredes. “O que levou à diminuição da maior parte da po-pulação escrava foram as cons-tantes guerras e lutas contra a

exploração do trabalho escravo. As guerras civis foram motivos para que grande parte morresse ou fugisse para fora do Estado, procurando vida melhor”, con-clui o historiador.

Para o professor, grandes par-tes dessas comunidades não são vistas com o merecido respeito até mesmo pelos centros acadê-micos. Para Marçal, a história dos negros é escondida ou mal contada pelos historiadores, e até mesmo ignorada pelas uni-versidades: “A elite, que se jul-ga intelectual, deveria aprender com essas pessoas que, com suas vidas humildes, têm muito a en-sinar. O Rio Grande do Sul não foi colonizado somente por ita-lianos e alemães”.

Atualmente, de acordo com dados da Federação das Associações das Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul, existem mais de 130 co-munidades remanescentes no Estado, na qual maior parte de-las ainda luta pelos direitos de seus territórios. Porto Alegre comporta cinco dessas comuni-dades: Alpes, Areal da Baronesa, Comunidade Quilombola da Vila dos Sargentos, Família Fidélix e a já citada Família Silva.

A comunidade da Família Silva foi o primeiro quilombo urbano a receber do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em maio de 2009, a titulação que garante o direito de posse de seu territó-rio. Ainda assim, o advogado da Frente Nacional de Defesa dos Territórios Quilombolas, Onir de Araújo, afirma que a política imposta por parte do instituto é negligente com relação às outras comunidades.

Estátua de Zumbi dos Palmares em Salvador, o último dos líderes do histórico Quilombo dos Palmares. Foto: Leandro Osório

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GERAL Cidade

Imóveis que preservam a história

O palacete construído pela família Malcon

Imóveis tombados da Capital têm proteção legal da Secretaria da Cultura

Shállon Teobaldo

Existem hoje, na capital gaúcha, cerca de 70 imó-veis tombados. Segundo

o professor de Arquitetura e Urbanismo do UniRitter, Luiz Antônio Bolcato Custódio, Porto Alegre tem três tipos de prote-ção aos seus imóveis. Há os bens tombados, que são estruturados a partir da Lei de Tombamento – Lei complementar 275/92, onde os imóveis não podem ser de-molidos nem mutilados e são escolhidos com base na sua im-portância arquitetônica ou his-tórica e que passa a integrar o Patrimônio Cultural da cidade.

Além desse tipo de proteção, há o inventário: “o inventário em Porto Alegre não é um ins-trumento de conhecimento, mas é por lei um instrumento de pro-teção”, explica Custódio. Os bens inventariados são divididos em duas categorias: de estruturação e de compatibilização.

A terceira forma de proteção são as áreas de interesse cultural, que na capital gaúcha chegam a aproximadamente 120 localida-des as quais, por razões de arqui-tetura e paisagem, são preserva-das pelo município.

A prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) tem uma equi-pe que cuida especificamente do patrimônio histórico e cultural da cidade. De acordo com a SMC, o tombamento de imóveis e es-paços de valor cultural na capi-tal pode ser procedido pelo poder público, ou requerido por qual-quer pessoa física ou jurídica que more em Porto Alegre.

Segundo o professor Custódio, poucas das mansões e casas an-tigas da cidade foram recupe-radas ou restauradas: “muitas vezes as famílias proprietárias conservam, às vezes as famílias decidem por diversas razões, so-bretudo o fator econômico, dei-xar decair até que o patrimônio seja demolido”, diz. Bens prote-gidos pela lei não podem sofrer esse tipo de dano, de acordo com Custódio: “a estrutura arquitetô-nica da cidade conta a história de Porto Alegre, principalmente no Centro Histórico onde todos os edifícios são preservados”.

A arquitetura antiga da ca-pital gaúcha segue estilos ale-mães, portugueses e italianos. Podemos ver diferentes formas dependendo do bairro e situação econômica que o povo daquela região vivia na época em que as casas e prédios foram construí-dos. Custódio conta que se ob-servarmos no Bairro Moinhos de Vento, ainda existem mansões e palacetes com jardins, pois era um bairro povoado pela burgue-sia, em contrapartida ao mode-lo arquitetônico da Cidade Baixa segue um estilo mais simples, casas térreas, planas de porta e janela, decorrente das pessoas mais pobres que viviam ali.

As pessoas interessadas em tornar um bem protegido por al-gumas das leis de Porto Alegre devem observar algumas diretri-zes estabelecidas pela Secretaria Municipal da Cultura: o imóvel deve ter total identificação, tanto de localização quanto de proprie-tário, dados históricos, entorno ur-bano, descrição e análise da edifi-cação e levantamento fotográfico.

A partir do levantamento des-sas informações é feita uma aná-lise e o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (COMPAHC) decide por liberar ou não o tombamento.

Wagner Miranda

Um exemplo de mansão preservada na capi-tal gaúcha está situado

na Rua Cel. Bordini, no Bairro Moinhos de Vento. Neste ende-reço, há 58 anos, foi construída a residência da família Malcon. Para a edificação, o casal proprie-tário contratou o arquiteto fran-cês Armando D’Ans para o proje-to e o famoso decorador italiano Rossi para a ambientação de seu interior. O glamouroso palacete foi edificado para múltiplas fun-ções: conforto, aconchego e vida ao ar livre. O espaço já foi Casa Cor Sul e, atualmente, é a sede do Consulado da Argentina em Porto Alegre.

A casa branca em estilo

neoclássico é uma das mais gran-diosas mansões sobreviven-tes entre os edifícios no bairro. Dentre os elementos que com-puseram o projeto de construção, estão elementos rústicos, valori-zação do piso, herança da colo-nização portuguesa. Além disso, charme e descontração podem ser percebidos já do lado de fora do ambiente.

No ano de 1955, a morada foi ocupada por Salomão Malcon, empresário e cônsul do Líbano no Estado, sua esposa, Mona Malcon, e os dois filhos, Ricardo e Renato Malcon. Os filhos pas-saram a infância e juventude na casa, recebendo colegas de escola e construindo diariamente diver-sas amizades, que foram cultiva-das até os dias atuais. Os meninos somente deixaram o lar quando

formaram as próprias famílias.A mansão ficou habitada pela

família até 1992, quando, após a morte de seu esposo, a dona deci-diu despedir-se do local. No ano seguinte, a morada viria a servir de cenário para a Casa Cor Sul, que se instalou no Estado pela segunda vez naquela ocasião.

Nascido no Líbano e naturali-zado brasileiro, Salomão Malcon era comerciante de tecidos em Pelotas, cidade em que havia chegado aos 17 anos. Desde o ano da construção do palácio, ele se dedicava à construção civil em Porto Alegre. Os donos da man-são recebiam inúmeras visitas diárias de amigos e empresários, embaixadores, governadores, diplomatas e grandes personali-dades, que se encantavam pelo casarão.

Imóveis preservados revelam a história da arquitetura de Porto Alegre. Foto: Rogério Soares

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Moda responsável e consicenteBrechós consolidam busca por um estilo alternativo e tornam-se cada vez mais importantes na Capital

Júlia Molina

Os brechós estão se tor-nando um hábito comum nas ruas de Porto Alegre,

tanto em termos de lojas quanto no uso das roupas que elas ven-dem. E isso traz uma ideia total-mente inovadora no mundo da moda. Um dos lemas adotados é deixar de lado o consumismo abusivo, pelo fato de trabalha-rem com peças usadas e exclu-sivas. Elas são antigas, porém em ótimo estado, o que torna o vestuário em geral sustentável e acessível a todos os públicos interessados.

Um comerciante chamado Belchior abriu sua primeira loja de artigos usados no século XIX, no Rio de Janeiro - inclusive a palavra “brechó” surgiu a partir de seu nome. Logo depois, este tipo de comércio se tornou co-mum em grandes cidades. Mas

só a partir dos anos 90 é que a moda que valoriza estilos de épo-cas passadas começou a se propa-gar, saindo da Europa para o res-to do mundo. E, há apenas uma década, se consolidou no Brasil.

O diferencial dessas lojas para o público porto-alegrense são as distintas possibilidades que estão à disposição dos apai-xonados por um estilo alternati-vo: há os brechós para quem pro-cura por fantasias para festas ou também para os que procuram

Cidade GERAL

um estilo mais ousado e retrô, tanto roupas (camisetas, calças, blazers, vestidos e etc.) como acessórios.

Em sintonia com a susten-tabilidade, Babi Andrade, dona de um dos brechós mais pro-curados de Porto Alegre, Casa da Traça, enfatiza: “trabalha-mos muito com essa ideia de reciclagem”. E o interesse pelo estilo da casa vem de um públi-co mais jovem, apaixonado por arte e música. Babi acrescenta a

diversidade das peças e objetos que vendem na loja, desde um guarda-roupa hippie até new wave e pin up: “mas sempre li-gados a peças vintage”, finaliza.

Já o Retrô Brechó tem uma proposta pouco usual: não tra-balha com vendas, somente com locação. Roupas vintage, de dé-cadas passadas (de 20 a 80) ser-vem para festas à fantasia ou ca-samentos temáticos. Além das roupas, o Retrô aluga objetos de decoração que servem para ambientação de festas, cenários, ensaios fotográficos, editoriais de moda, etc.

Luciane Castro, 43, dona do brechó, explica: “eu quero que seja um lugar de história, que passe de geração em geração. Será de tamanha riqueza daqui uns anos. Cada peça tem uma história, um histórico passa-do, uma maneira de despertar a curiosidade de como as coisas aconteciam antigamente”.

Frequentador assíduo dos brechós há alguns anos, Jonas Soares, 20, estudante de Publicidade e Propaganda, ex-plica que a exclusividade das pe-ças vendidas em brechós é muito

atraente para os consumidores, assim como os baixos preços e o conceito de preservação: “O consumo sustentável está total-mente implícito no ato da com-pra em brechós. A reutilização de uma peça que poderia estar indo para o lixo traz um reflexo positi-vo para o meio em que vivemos”, afirma.

Angela Pellenz Rolim, dona do brechó Nossa Senhora das Maravilhas, conta que o público frequentador de brechós ainda é minoria. “Por mais novo que seja esse conceito de sustentabilida-de, infelizmente, ainda existe muito preconceito. São pensa-mentos de uma cultura muito antiga, de que roupas usadas podem passar energias não de-sejadas”, lamenta.

Além da exigência por um con-sumo consciente, os clientes têm a oportunidade de vender suas antigas peças, já que as pessoas mudam, assim como o estilo e a silhueta. Por isso, “passar adian-te” o que já não lhe serve mais, torna ainda mais responsável, permitindo a reutilização de pe-ças usadas. E o meio ambiente agradece.

O brechó Xica Bacana. Foto: Júlia Molina

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14 • UNIPAUTAS • 2013/2

Uma iniciativa que é o bichoApaixonada por animais, a estudante Bruna Mendes criou o Open Bar Canino, que ajuda diversas ONGs

Juliana Bernardon

Em outubro de 2011, quan-do completou 19 anos, a estudante de Arquitetura e

Urbanismo Bruna Mendes, hoje com 21 anos, fez um pedido de aniversário que fez a diferença na vida de animais de estima-ção. Ao invés de pedir presentes para si, pediu que seus convida-dos lhe dessem porções de ração para que então pudesse fazer uma doação. Sabendo sobre sua paixão por animais, seus amigos continuaram ajudando e isso motivou Bruna a dar assistência a ONGs que precisavam de doa-ções. Com o apoio do publicitá-rio Felipe Gomes, seu namorado, tiveram a ideia do nome: Open Bar Canino.

Em menos de dois anos, atra-vés das redes sociais Bruna já arrecadou mais de quatro to-neladas de ração com o proje-to, ajudou mais de mil animais e beneficiou diversas ONGs. A cada ano ocorre uma grande ar-recadação que dura três meses. As doações podem ser feitas não só pessoalmente, como também online. Diariamente, Bruna atu-aliza as redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) divulgan-do pedidos de ajuda, animais para adoção e outros conteúdos.

“Durante as arrecadações e sema-nas que antecedem os eventos, a coisa fica mais corrida. Preciso organizar pontos de coleta, pro-curar patrocinadores e verificar toda a estrutura”, explica.

Bruna passa por maus mo-mentos diariamente. Como o projeto é focado no apoio aos

animais, muitas pessoas vão a sua procura para lhe entregar animais que muitas vezes são achados na rua ou abandonados por seus donos: “Essas pessoas não entendem que animais não são descartáveis, que ao deixar um animal em um abrigo elas es-tão fazendo parte do problema, não da solução”. Apesar das di-ficuldades, a estudante já conse-guiu dar um lar a alguns animais de estimação abandonados, que hoje estão em boas condições na casa de seus amigos.

A estudante de Publicidade e Propaganda Stani Kniphoff, 20 anos, optou por adotar um vira-

-lata pelo Open Bar Canino, que chamou de Thor. “Sempre tive na cabeça que eu adotaria, não me vejo comprando um cachorro”, declara. Stani também demons-tra muito carinho e dedicação ao seu pet: “Ele sabe que tem um lar onde é amado e muito mimado. Ele é o bebê da casa”. A estudante

GERAL Animais

diz que só quem tem uma paixão por animais consegue entender o quanto são importantes. Para ela, Thor não é apenas um cachorro, mas sim um membro da família.

O Open Bar Canino ajuda não apenas uma ou duas ONGs, e sim várias. Conforme o projeto vai crescendo, sempre direcionando as doações conforme o número de animais de cada projeto/pro-tetora e as necessidades de cada lugar. Bruna acha que existe mui-ta gente com ideias para ajudar, mas não colocam em prática por medo de não dar certo: “A ver-dade é que tudo começa peque-no, vai depender da sua força de vontade para que a coisa cresça”, destaca. Através de vários even-tos, como a primeira feijoada be-neficente do Open Bar Canino, Bruna traz diferentes maneiras de arrecadações. Logo após a feijoada, houve o “Encãotro de cães”, em comemoração aos dois anos do projeto.

Open PetO Open Pet é um comple-

mento do trabalho realizado por Bruna Mendes no Open Bar Canino. A loja virtual busca dar atendimento personalizado, e os produtos oferecidos têm um design diferenciado. Através da campanha We Love Mutts (Nós Amamos Vira-Latas), que trans-mite a ideia de que não é necessá-rio mais canis e gatis, e sim pes-soas dispostas a auxiliar aqueles que já existem, é feita uma doa-ção semestral de parte do lucro ao Open Bar Canino.

Além de produtos para cães e gatos, o site ainda possui uma sessão especial com um mural contendo fotos de pets para adoção.

www.openpet.com.brBruna Mendes, criadora do Open Bar Canino, com suas doações. Foto: Arquivo pessoal

Para Bruna, deixar um animal em um abrigo é parte do problema. Foto: Arquivo

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2013/2 • UNIPAUTAS • 15

Uma nova realidade para carroceiros e carrinheiros

Lei Municipal pretende retirar das ruas de Porto Alegre as carroças e carrinhos até 2016

Wagner Miranda

Ao andar pelas ruas de Porto Alegre, já se nota uma diminuição da cir-

culação de carroças e carrinhos. Isso se dá pelo fato de no dia 10 de setembro de 2008 passar a viger uma Lei Municipal de número 10.531, que instituiu o Programa de Redução Gradativa do Número de Veículo de Tração Animal e de Veículos de Tração Humana. No dia primeiro de setembro, a norma entrou em vigor na Zona 1, que abrange os bairros Ponta Grossa, Chapéu do Sol, Restinga e parte da Lomba do Pinheiro.

O projeto, denominado “Todos Somos Porto Alegre”, pro-posto pelo agora vice-prefeito da capital gaúcha, Sebastião Mello, tem em seus desígnios oferecer formação profissional aos carro-ceiros e carrinheiros, bem como promover a inclusão no merca-do de trabalho. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que os trabalhadores deixem de exer-cer as suas atividades nas ruas, entregando à prefeitura os seus carros.

Para Sebastião Mello, não é aceitável que no século XXI ainda existam pessoas que dependam de um veículo de tração humana ou animal para se sustentarem.

“Em primeiro lugar, entendemos que o ser humano tem condições sim de levar uma vida digna sem precisar puxar um carrinho. O trabalhador pode ser um bom profissional de mercado, mas para isso é preciso que haja pro-gramas de incentivo. Assim como é o Todos Somos Porto Alegre”, frisou o atual vice-prefeito.

A Lei estabelece o prazo má-ximo de oito anos, a contar do dia da publicação da norma, para que sejam extinguidas as carro-ças e carrinhos das ruas. Neste período, serão oferecidos cur-sos como carpintaria, garçom, camareira, manicure, auxiliar

administrativo, auxiliar de pa-daria, auxiliar de pizzaiolo, entre outros. Os ingressantes passam a receber uma bolsa formação no valor de R$ 678 mensal.

Carrinheiros mostram-secéticos em relação à Lei

Carrinheiro vindo da Bahia, João Batista, 66 anos, diz não acreditar na execução do proje-to, mas sim na conscientização das pessoas. “Para substituir as carroças e carrinhos, é preciso que nós, cidadãos, possamos manter a limpeza”. Além disso, seu João assegura que o trabalho desempenhado é uma maneira de auxiliar na preservação de Porto Alegre: “Eu colaboro com a limpeza da cidade”, declarou em alto e bom som para as pes-soas que caminhavam pela Rua dos Andradas.

Coordenador do Programa Todos Somos Porto Alegre,

Animais

Fernando Mello explicou o traba-lho realizado antes de a Lei pas-sar a ser cumprida. “O objetivo foi fazer com que os carroceiros e carrinheiros entendessem que o programa é de inclusão social”, ponderou. Além disso, lembrou o procedimento que será reali-zado com os veículos entregues:

“as madeiras das carroças serão retiradas e, possivelmente, uti-lizadas no curso de carpintaria”.

O carroceiro e carrinheiro Carlos Eduardo, 18 anos, afir-mou que o projeto não é váli-do. Questionado sobre a bolsa formação de R$ 678, cedida aos alunos dos cursos, ele repudia o valor: “Pra mim é muito baixo”, aponta. O jovem trabalhador lembra que já passou por situa-ções complicadas com os respon-sáveis do programa: “já fui abor-dado umas 10 vezes e falaram um monte de coisas para que eu saia das ruas e retire a carroça e o car-rinho”, concluiu.

Drogas GERAL

Filhos do CrackO retrato de uma jovem grávida e seu companheiro evidencia o problema do vício em crack

Porto Alegre, Bairro Santa Tereza, Avenida Cruzeiro do Sul, 11 horas e 30 minutos. Em frente a um bre-

chó, ao relento, sobre dois colchões velhos de solteiro, alheios a tudo e a todos, repousa um casal. Além dos colchões, seu patrimônio se resume a uma garrafa de água e uma pequena sacola plástica com roupas. O cheiro forte de urina está impregnado nas roupas e nos colchões.

Ele: Douglas M. E., 26 anos. Ela: Michele O., 20 anos. Ambos há três anos são moradores de rua, e Michele está com sete meses de gravidez, sem casa, sem teto, sem alimento e sem dinheiro. Ele, com a mesma sor-te, tem uma diferença: aceita tratamento. Ela, não; já perdeu a esperança. “É muito difícil largar”, afirma, conformada com a situação. “O bebê vai nascer normal como o outro”, completa. O casal tem um filho com menos de dois anos que é criado pelo avô paterno, o pai de Douglas, um sargento da aeronáutica que mora em Canoas: “Ele já jogou a toalha” diz o filho em refe-rência a seu pai.

Depois de uma noite inteira fumando crack, o ra-paz confessa estar cansado dessa vida de viciado. Ele acredita num futuro sem drogas, apesar de ter fugido do tratamento algumas vezes. “´É mais fácil conse-guir pedra do que alimento. Pedra a gente consegue 24 horas por dia. Alimento de madrugada, só no lixo”, afirma Douglas.

Se apesar da gestação em meio à droga e ao lixo o pri-meiro filho do casal nasceu saudável, segundo Michele, não se pode ter a mesma certeza sobre a criança que vai nascer. Sem pré-natal, sem acompanhamento médico, a sorte desta criança dependerá do destino, e provavel-mente os avós terão que criar mais um filho das ruas. Mais um filho do abandono. Mais um filho do vício. Mais um filho da maldita pedra de crack.

Paulo Nunes

Lei estabelece extinção das carroças e carrinhos das ruas. Foto: Wagner Miranda

Repórter do UniPautas conversa com casal flagelado pelo crack. Foto: Paulo Nunes

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bicicleta como meio de trans-porte”. O movimento reúne pessoas, com suas bikes, toda última sexta-feira de cada mês para pedalar pela Capital e em mais de 300 cidades ao redor do mundo. Com a reivindicação de ocupar espaço nas ruas, visa também ser um contraponto aos meios de transporte urba-no. No blog do grupo, a descri-ção é precisa: “A Massa Crítica leva alegria e outros elementos mais humanos – braços, pernas e rostos ao asfalto. Não tem re-presentantes, porta-vozes nem líderes. Ela tem tantas vozes quanto participantes”.

GERAL Mobilidade

Porto Alegre em duas rodas

Com a construções de ciclofaixas, adeptos das pedaladas levam às vias suas “magrelas” e defendem meios de transporte sustentáveis

Gabriela Fritsch

O número de ciclovias na Capital cresce cada vez mais. Segundo a ONG

Mobilize Brasil, Porto Alegre já está em 12º lugar no ranking de ciclofaixas entre as principais ca-pitais do país.

Neste ano, o Plano Diretor Cicloviário (PDC) completa qua-tro anos. O Plano prevê que 20% do valor arrecadado com multas seja destinado à educação e à construção de ciclovias. Desde então já foram construídos 17,5 quilômetros, do total de 50 qui-lômetros previstos até a Copa do Mundo. O objetivo das ciclovias, conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), é o bem-estar e a prática da sustentabilidade.

O publicitár io André Azambuja, de 29 anos, mora na Cidade Baixa, um dos pontos de encontro dos ciclistas da Capital.

Diz já ter utilizado as ciclovias e acha importante que a cidade esteja preparada para que cada pessoa possa decidir a melhor maneira para se locomover, seja de carro, moto, ônibus ou bicicleta. “Como já temos ruas para os carros, acho importante haver vias para bicicletas”, diz. Azambuja comenta que ape-sar da boa iniciativa, os órgãos responsáveis carecem de inteli-gência na hora de crias projetos e diz que é possível perceber a existência de desinteresse: “Eu acredito que a forma como al-gumas ciclo faixas foram feitas acabam atrapalhando o fluxo viário”.

A estudante de História, Clara Martinez, 18 anos, cultiva o há-bito de andar de bicicleta desde sua infância. Hoje, percebe que o ciclismo é uma ótima alternati-va para fugir do estresse de uma maneira saudável e anda de bici-cleta quando precisa fazer traje-tos curtos ou quando quer fazer um passeio ao ar livre. Há cerca de dois anos, Clara participa do Grupo Massa Crítica: “Desde que o movimento surgiu, eu já tinha interesse em participar. Não vou a todos os encontros, mas sim nos que posso”.

O grupo Massa Crítica intitu-la-se como “uma celebração da

Aluguel de bicicletas foi implementado em 2012. Foto: Gabriela Fritsch

Outra iniciativa que visa transformar Porto Alegre

em uma cidade preocupada com o trânsito sustentável é o siste-ma de aluguel de bicicletas.

Implementado em 2012, o método, batizado de Sistema de Bicicletas Públicas- SAMBA, visa oferecer uma opção de trans-porte sustentável e não poluente. Conectadas a uma central de ope-rações via internet e alimentadas por energia solar, os clientes cadastrados no programa Bike Poa podem retirar uma bicicleta,

Aluguel de bicicletas

Como já temos ruas para os carros, acho importante haver vias para bicicletas.”André Azambuja, publicitário

utilizá-la e devolvê-la na mesma ou em outra estação.

O usuário vai até a estação mais próxima e liga para um te-lefone. Após digitar o número de sua estação e a numeração da bike escolhida, espera uma luz verde acender e faz a retirada.

O projeto já conta com mais de 28 estações ativas espalhadas pela cidade, localizadas no Mercado Público, Usina do Gasômetro, Menino Deus, Planetário, Museu Iberê Camargo, Cidade Baixa e outros.

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Academias ..... só para .. mulheresAcademias femininas são locais em que as mulheres se sentem à vontade e dispostas para realizarem seus exercícios com exclusividade

Fernanda Fontoura

As mulheres estão ficando cada vez mais vaidosas e preocupadas com seu cor-

po, e por isso a cada dia a procura por academias femininas aumen-ta. Em Porto Alegre, já existem academias exclusivas, como a Tonu’s, que atende somente o pú-blico feminino com idade entre 13 a 74 anos. A academia, inaugu-rada há 6 anos, faz parte de uma franquia nacional e possui mais de 36 unidades no país.

A gerente da Tonu’s Camila Cardoso, empresária e educado-ra física, 28 anos, ressalta que a academia surgiu através de uma pesquisa em que o idealizador observou que as mulheres que-rem resultado e também se diver-tir na academia: “Essas mulheres procuram um modelo diferen-ciado de treinamento e não se adaptam em academias conven-cionais, mulheres que querem re-sultado e ao mesmo tempo se di-vertir, conviver”. Todas as alunas passam por uma avaliação para checar suas condições físicas e de que maneira ela será conduzida nas aulas para que possam atin-gir seus objetivos.

Já o personal trainer Victor Mesquita, 28 anos, acredita que tais academias poderiam não existir: “vivemos integrados em uma sociedade em que existem

muitas academias agradáveis onde ambos os sexos conse-guem conviver de forma natu-ral”. Entretanto, ele reconhece que boa parte das mulheres que frequentam as academias femini-nas gostam de uma privacidade maior para malhar, sem a presen-ça “pesada” do público masculino. Ainda segundo Mesquita, o trei-no das academias são baseados

Fitness SAÚDE

Academia inaugurada há 6 anos faz parte de uma franquia nacional com mais de 36 unidades no país. Foto: Fernanda Fontoura

O jornalismo contra-hegemônico depende do leitor, a quem serve.”Alexandre Haubrich, editor do Jornalismo B

no objetivo de cada pessoa, exis-tindo cuidados específicos e exer-cícios mais “populares” entre as mulheres, mas, de forma geral, os exercícios não necessariamen-te são diferentes.

Maria Isabel Penna Lopes, pu-blicitária, 53 anos, frequentou di-versas academias e por fim op-tou pela academia feminina: “Ali existem só mulheres e mulheres

de verdade, sem exibição ou dis-puta, pessoas que estão ali para melhorar o seu corpo e qualidade de vida”, afirma.

Além da Tonu’s, existem ou-tras academias femininas em Porto Alegre, como a Curves, que é a primeira academia para mulheres no Brasil e no mundo, e a Línea, que está com as portas abertas na Capital desde 2006.

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18 • UNIPAUTAS • 2013/2

O cinema do futuro chega em POA

Literatura Crônicas de gols, cestas e nocautes

Tecnologia IMAX e cinema 6D impressionam o público e apontam para o futuro do cinema

Daniel Fagundes, João Pedro Zettermann, Luiza Guerim e Paola Gonçalves

Em maio de 2013, o IMAX, que se autodenomina “a mais moderna experiên-

cia cinematográfica do mundo”, chegou em Porto Alegre. O IMAX é um formato de cinema criado no Canadá, com grande definição de imagem, som surround com 14 mil watts de potência e tela gigante, de 13 por 21 metros. A capital gaúcha é a terceira cida-de brasileira a receber essa nova forma de vivenciar a sétima arte.

A tecnologia foi criada em 1967, por Graeme Ferguson, Roman Kroitor, Nicholas Mulders e William C. Shaw, mas foi ape-nas em 1971 que foi inaugurada a primeira sala de cinema IMAX, em Toronto, Canadá. A partir de então, mais de 320 salas foram criadas pelo mundo.

A grandiosidade do IMAX não se limita apenas à alta resolução das imagens. Existe um aspecto físico que potencializa a experi-ência do cinema. A tela levemen-te côncava aumenta a profundi-dade do campo de visão, dando um maior realismo e proximida-de com a ação do filme. Outra ca-racterística fundamental dessas

salas é a ausência de poltronas laterais, proporcionando a todos o mesmo campo de visão.

O novo formato impressiona e surpreende a quem assiste: “É in-crível, eu nunca tinha visto nada igual. A resolução e o tamanho da tela deixam a impressão de que estamos dentro do filme”, disse

a bióloga Laura Guerim, de 25 anos. Para a jornalista Bruna Cabrera, de 23 anos, assistir a um filme nesta nova tecnologia mudou a sua referência: “Ficará muito difícil ver um filme em um cinema normal agora. Com o som e a imagem tão impressio-nantes, dá para ver detalhes que

tu não veria em outro formato.”O IMAX não é a única expe-

riência nova e impressionante do cinema na Era Digital. O cha-mado Cinema 6D, já há alguns anos no Brasil, ainda que por enquanto apenas em versões de demonstração, tem um alto índi-ce de aprovação, segundo Jorge

Luiz Vasques, há dois anos dono de um cinema 6D itinerante de Pelotas.

O cinema 6D utiliza a tecnolo-gia do 3D juntamente com outros recursos, permitindo uma expe-riência sinestésica: “O público tem a sensação que está dentro do filme. Associada à tecnologia 3D, foi desenvolvida uma tecno-logia para dar maior realidade, onde as poltronas acompanham os movimentos do filme, simula-ção de vento e água, tornando o filme mais emocionante”, afirma Vasques.

Embora essas duas formas de cinema já impressionem o públi-co, agora a expectativa é que esse mercado cresça cada vez mais, se espalhando pelo país. É o futuro do cinema chegando (finalmen-te!) ao Brasil.

Em Porto Alegre

O IMAX foi criado no Canadá pela empresa IMAX Corporation, no ano de 1967. A tecnologia chegou aos cinemas brasileiros no dia 6 de fevereiro de 2009, no Shopping Bourbon, em São Paulo.

Em Porto Alegre, a primeira sala de cinema com tecnologia IMAX foi inaugurada no dia 24 de maio de 2013, no Cinespaço do Shopping Bourbon Wallig. O investimento foi de aproxi-madamente de 5 milhões de reais. (Emanuele Paim, Jessica Marquezotti, Guilherme Wunder, Mariela Moraes).

CULTURA Cinema

Tecnologia IMAX aumenta a sensação de profundidade do 3D. Foto: Divulgação

Gabriela Fritsch

O publicitár io Lúcio Humberto Saretta, 41 anos, autografou sua ter-

ceira obra, “Lições de Barbearia- crônicas de gols, cestas e no-cautes”, na 59º Feira do Livro de Porto Alegre. Autor de mais dois livros, Saretta conta que a obra pode ser classificada como

“jornalístico-literário” e aborda assuntos relacionados a futebol, boxe, basquete e atletismo.

Escritor desde 2006, o autor afirma que sua criatividade para escrever o livro surgiu a partir da leitura de diversas biografias de jogadores de futebol, histó-rias de clubes e torneios: “É uma pequena obra que fala sobre os

grandes nomes do passado”, afir-ma Saretta, para quem o tema do livro leva os leitores a filosofar sobre diversos temas.

Segundo o escritor, o espor-te é muito importante na obra e exerce a função de um “fio condu-tor” da história, além de refletir alegrias e tristezas.

Para Saretta, o ato de escrever não é nem profissão nem hobby e sim uma forma de se expressar. Fã de narrativas literárias, pre-fere escrever crônicas, que são narrações curtas e objetivas: “As crônicas tem a finalidade de falar de coisas simples, mas sem dei-xar de ter um conteúdo profundo. Serve como uma higiene mental, tendo efeito rápido e positivo na vida das pessoas”, conclui.

de Lúcio Humberto SarettaEdições Besouro Box

184 pgs, R$ 30,[email protected]

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2013/2 • UNIPAUTAS • 19

Acessibilidade na Feira

Do blog para o livro

Fernanda Fontoura e Shalynski Zechlinski

Há pelo menos nove anos que a Feira do Livro de Porto Alegre se preocu-

pa com a acessibilidade de pes-soas que possuem necessidades especiais e com deficientes vi-suais. Em 2004, foi criada uma biblioteca com livros escritos em braile, na área infantil e juvenil, uma parceria entre a Câmara do Livro e a Confraria do Braile. Nos últimos anos, fo-ram implantadas rampas para o acesso de cadeirantes e desde o ano passado foram contratados guias em braile e intérpretes de libras.

A coordenadora do balcão de informações da Feira, Elaine Maritza, conta que neste ano

houve dificuldade na contra-tação de intérprete de libras. Elaine explica que foi feita a contratação de um intérpre-te apenas para os finais de semana: “eles normalmente têm outro emprego e fazem libras como uma atividade free”.

As mudanças chamaram a atenção do médico e escri-tor Waldomiro Manfroi: “por causa da acessibilidade, hoje os cadeirantes estão em toda a parte”.

A cadeirante Flávia Maria Vital (foto), de São Paulo, vi-sitou a feira pela sexta vez e diz que a cada ano a estrutura para cadeirantes tem melho-rado: “O que acontece aqui acontece em todo o lugar”, relata Flávia, que ainda se queixa do calçamento.

Juliana Bernardon e Larissa Ody

Três autores que iniciaram sua vida literária escre-vendo em blogs e agora

seguem também o caminho das publicações impressas e digitais. Esse foi o tema do debate Do Blog para o Livro, ocorrido na 59º Feira do Livro de Porto Alegre. A mesa teve a participação de Cris Lavratti, autora do livro Olhar do Cotidiano, Léo Lima, autor de Encontros e Desencontros e Bibiana Benites, autora do livro Clarice por Todos os Lados.

Segundo Cris Lavratti, seu blog foi criado para passar suas ideias e escolhas. “Criei o blog em 2009. Contava minha vida, minha história e tive um ótimo retorno das pessoas graças ao Facebook e ao Twitter”, comenta. Cris também afirma ter feito vá-rias oficinas para ter uma noção técnica da escrita de contos, en-tre elas a Santa Sede – Crônicas de Botequim que a inspirou para escrever seu livro. “Um li-vro pra mim era um sonho muito

distante. Não achava que tinha capacidade”, explica.

Autora do blog Enttreaspas, Bibiana Benites escreveu seu li-vro a partir de seu TCC da facul-dade de Jornalismo, cursada em Santa Catarina. “A intenção ini-cial era trocar informações com as pessoas e a partir daí contar o que eu sentia”, relata. Além do blog, Bibiana aposta em redes so-ciais como o Facebook para divul-gar suas crônicas e poemas. “Fiz uma fanpage como uma forma de continuação do blog. Existe uma interação maior e um bom retor-no dos leitores”, complementa.

Léo Lima possui seu blog com textos de romance desde 2010.

“Sempre gostei muito de histórias. Depois de um tempo pensando na possibilidade de publicar um livro, criei coragem para mandar o que escrevi para a editora”, de-clara. Léo ainda diz ter projetos de outros romances para o futuro e dá incentivo para quem gosta de escrever. “Digo para as pesso-as que tem a paixão pela literatu-ra criarem um blog e deixar fluir essa vontade”, conclui.

Feira do Livro CULTURA

Foto: Felipe Moraes

A Feira do Livro e os saldosFernanda Chaves e Rafaela Amaral

Os saldos representam uma pequena, porém tra-dicional parte da Feira do

Livro de Porto Alegre, pois fazem a diferença no bolso de quem ama literatura. André Gambarra, sócio-gerente da Livraria Nova Roma, conta que atualmente os saldos ocupam cerca de 10% da

Feira, com bancas espalhadas pela Praça da Alfândega, já que não há um único espaço especí-fico dedicado a este setor.

Segundo Gambarra, o públi-co recorre aos saldos porque lá é possível encontrar volumes por quase metade do preço de mercado: “As pessoas procuram nos sebos o que geralmente se vê em grandes livrarias por um pre-ço absurdo, e mesmo sendo de

segunda mão, os saldos têm uma grande venda na Feira do Livro.”

A estudante de História Thamiris Athanásio, 22 anos, diz que a questão dos valores da Feira ainda deve ser trabalhada, mas que encontra muitos vo-lumes de qualidade nos saldos.

“Nos saldos existem muitas coi-sas boas sobre diversos assuntos, sempre vale a pena dar uma boa pesquisada, tem de tudo”, diz.

Um livro pra mim era um sonho muito distante. Não achava que tinha capacidade.”Cris Lavratti, escritora

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efemérides de Porto Alegre

CULTURA HistóriaTodo ano tem datas comemorativas que são relevantes e conhecidas no jornalismo como efemérides. No senso comum são chamadas de datas redondas. Em 2013, a cidade e o Estado comemoram algumas efemérides, como os 175 anos do hino rio-grandense, os 200 anos da Igreja Nossa Senhora das Dores, os 50 anos da realização da III Universíade e os 18 anos da Fundação Thiago Gonzaga. Confira na matéria elaborada em conjunto pela turma.

200 anos da

Igreja Nossa

Senhora das Dores

Localizada no centro da cidade, mais especificamente na Rua da Praia, a conhecida Igreja Nossa Senhora das Dores completa nes-se ano 200 anos. Em 1813, acon-teceu a inauguração da Capela Mor e o translado da imagem da padroeira. Há 75 anos, a igreja foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na categoria de Sítio Histórico Urbano. Sua arquitetura é classificada como

“eclética”, pois mistura influên-cias portuguesas, egípcias e gre-gas. Existe a lenda que um dos escravos que trabalhava na cons-trução da capela foi acusado in-justamente por roubo de tijolos e antes de ser enforcado, amaldi-çoou o projeto, que previa duas torres na igreja, dizendo que ele nunca se concretizaria. O fato é que, por diversos motivos, a obra demorou mais de 100 anos para chegar à sua conclusão. (Gabriela Fritsch)

50 anos da

Universíade

Há exatos 50 anos a cida-de de Porto Alegre sediou a III Universíade de Verão, uma es-pécie de Olimpíadas para uni-versitários, organizada pela Federação Internacional do Desporto Universitário (FISU). O evento é considerado até hoje como o maior realizado na his-tória da cidade. A cerimônia de abertura aconteceu no Estádio Olímpico Monumental, princi-pal estádio dos jogos, porém as provas ocorreram em diversos lo-cais espalhados pela Capital. As modalidades disputadas foram atletismo, basquetebol, esgrima, ginástica artística, polo aquático, natação, saltos ornamentais, tê-nis e voleibol. Cerca de 700 atle-tas de 27 países participaram do evento. Uma vila olímpica com dezenas de prédios e mais de 450 apartamentos foi constru-ída especialmente para receber

o público, incluindo um ginásio de esportes que hoje é o Ginásio da Brigada Militar. (Larissa Ody)

80 anos do

Jornal do Comércio

Há 80 anos, em maio de 1933, o empresário Jenor Cardoso Jarros fundava o primeiro jor-nal de perfil econômico do Rio Grande do Sul, o “Consultor do Comércio”. O impresso trazia in-formações aos atacadistas sobre a chegada dos produtos ao por-to da Capital. Na década de 50, o jornal trocou o nome para Jornal do Comércio, a fim de ampliar as temáticas e matérias aos leitores. Atualmente a redação é compos-ta por 65 profissionais em diver-sos assuntos, como tecnologia da informação, infraestrutura, agronegócio e mercado de capi-tais, sempre voltados à economia. (Felipe Moraes)

40 anos da

Agência Escala

A Agência Escala Comunicação e Marketing comemorou em agosto seus 40 anos. A agên-cia surgiu da holding da MPM, na época a mais importante e

premiada empresa da publici-dade brasileira, em 1973. Com o aumento do volume de negócios, cresceu o envolvimento dos só-cios locais e eles acabaram assu-mindo o controle total da opera-ção. Nascia assim a Escala. Hoje a agência atende mais de quarenta clientes e é uma das mais impor-tantes do sul do país. (Gabriela Fritsch)

65 anos de Caio

Fernando Abreu

Em 2013, o escritor e jornalis-ta gaúcho Caio Fernando Abreu faria 65 anos. Como jornalista, Caio trabalhou em equipes de grandes revistas, como Veja e Isto É. Em Porto Alegre, atuou nos jornais Zero Hora e Folha da Manhã. Também se destacou na área teatral e literária, com di-versos prêmios. Em 1994, Caio descobriu-se portador do vírus HIV. Veio a falecer em 1996, em Porto Alegre. Seus restos mortais jazem no cemitério São Miguel e Almas. (Júlia Molina)

18 anos do

Vida Urgente

A Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, liderada e criada em 1996 por Diza e Régis Gonzaga, pais do adolescente que faleceu na capital gaúcha na noite de 20 de maio de 1995 em um aciden-te de trânsito, chega nesse ano à sua “maioridade”. A Fundação lançou o projeto Vida Urgente com o objetivo de prevenir ou-tros acidentes iguais aos que levaram a vida de seu filho. Em alusão aos 18 anos, foi lançada a campanha #18épouco, que bus-ca sensibilizar a sociedade para ajudar com contribuições para a causa não ser esquecida. (Lucas Conceição)

40 anos de

Exército de um

homem só

Se estivesse vivo, Moacyr Scliar, falecido em 2011, estaria comemorando 40 anos de uma obra que na opinião de especia-listas se incorporou à literatura brasileira como uma das peças de ficção mais importantes da dé-cada de 70: o romance Exército de um homem só. Na obra, Scliar cria o Capitão Birobidjan basea-do na história do militante anar-quista Henrique Scliar, tio do au-tor. (Paulo Nunes)

50 anos do Miss

Universo de Ieda

Maria Vargas

Há 50 anos, a porto-alegrense Ieda Maria Vargas consagrou-

-se a primeira brasileira a ven-cer o Miss Universo, em Miami Beach. O seu primeiro título de beleza foi conquistado em 1962, aos seus 17 anos, como Rainha das Piscinas do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, tornou-

-se Miss Porto Alegre e Miss Rio Grande do Sul. Em 22 de junho de 1963, elegeu-se Miss Brasil, derrotando 24 candidatas. Durante seu reinado, a miss pas-sou por 21 países. Depois de mo-rar quase dois anos nos Estados Unidos, retornou a Porto Alegre e casou com o empresário José Carlos Athanásio em 1968. Logo após vieram os filhos Rafael e Fernando. (Fernanda Fontoura)

100 anos da

União Brasileira dos

Escoteiros do RS

Neste ano a União dos Escoteiros do Brasil (UEB), no Rio Grande do Sul, está comemo-rando seu centenário. Fundada em agosto de 1913, atualmen-te, o estado possui cerca de 155 Grupos Escoteiros, organizados em 38 distritos. Baseada na Promessa e na Lei escoteira, a prática escoteira é um exemplo de fraternidade, lealdade, al-truísmo, responsabilidade, res-peito e disciplina. (Shalynski Zechlinski).

Igreja das Dores completa 200 anos. Foto: Gabriela Fritsch

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História CULTURA

Os 175 anos do hino Rio-GrandenseEm 1838, um maestro rendido pelos rebeldes na Revolução Farroupilha criou a canção que se tornaria o hino do RS

Juliana Bernardon

Somos um povo que canta seu hino. Para quem nas-ceu no Rio Grande do Sul,

não saber cantar o hino Rio-Grandense é praticamente uma afronta às tradições. Poucos, porém, conhecem sua curiosa história.

Apesar de a letra ter sido for-malizada apenas em 1966, foi durante a Revolução Farroupilha de 1838, há 175 anos, que o

hino ganhou vida, com música do maestro Joaquim José de Mendanha. Em 1838, em Rio Pardo, Mendanha foi rendido pelos rebeldes e foi obrigado a compor algo que exaltasse a re-volução e o Estado. Esta melodia era apenas musicada, foi então que o capitão Serafim José de Alencastre, que também era en-tendido de música e poesia, re-solveu escrever uma letra para a composição, então surgindo o primeiro hino.

Quase um ano após a tomada de Rio Pardo, surgiu uma nova letra do hino. Foi cantado como Hino Nacional, mas seu autor é desconhecido. Tempos depois apareceu uma terceira letra, que foi a que mais caiu no agrado

popular, composta por Francisco Pinto da Fontoura. A letra é basi-camente a mesma adotada hoje como oficial, porém teve estrofes suprimidas.

O hino definitivo veio então por volta de 1933, ano em que es-tavam no auge os preparativos para a “Semana do Centenário da Revolução Farroupilha”. Foi então que um grupo de inte-lectuais escolheu uma das ver-sões para ser a letra oficial. O Instituto Histórico e a Sociedade Rio-Grandense de Educação conseguiram fazer a harmoni-zação e oficialização do hino, em 1934, mas foi só em 1966 que o hino foi oficializado como Hino Farroupilha, ou Hino Rio-Grandense.

Hino, assim como a bandeira, é um símbolo do Estado. Foto: Brayan Martins.

Histórias do RádioChristian Astigarraga Ordoque*,

convidado especial

O final do século XIX e o período de início do século XX foi de uma efervescência tecnológica incrível. Muitas invenções e

descobertas foram feitas neste período e não raro vários pesqui-sadores trabalhavam isolados sobre o mesmo tema. E assim foi com o Rádio, vários estudiosos pesquisaram a transmissão de informações sem fio (o telégrafo desde a década de 1830 estava em funcionamento) e podemos encontrar três pais do Rádio. O primeiro e consagrado como pai do Rádio foi o Italiano Guglielmo Marconi, que no ano de 1896 fez a primeira transmissão e recep-ção de telegrafia sem fio. Quando Marconi faleceu, no dia 20 de Julho de 1937, todas as emissoras de Rádio do mundo fizeram dois minutos de silêncio em reconhecimento. O segundo foi o Padre brasileiro Landell de Moura, que no ano de 1900 demonstrou a transmissão da voz humana em uma distância de 8 km por on-das eletromagnéticas. O terceiro foi o canadense Fassenden, que também em 1900 criou o conceito de Rádio moderno ao combi-nar dois sons simultâneos para gerar um terceiro, por exemplo, voz e música.

A polêmica sobre o Dia do Rádio no BrasilO Dia do Rádio é comemorado no dia 25 de Setembro porque é o dia do nascimento de Edgar Roquette Pinto, considerado o

“Pai do Rádio Brasileiro”. Médico de formação, foi membro da Academia Brasileira de Letras e foi um homem preocupado com a difusão da ciência em todo o Brasil. Existe, porém, uma polêmica sobre qual teria sido a primeira Rádio do Brasil. Roquette Pinto fundou em 1923 a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC que é considerada por muito estudiosos do Rádio a primeira Rádio do Brasil, pela sua abrangência e por seu caráter educativo. Entretanto, a Rádio Clube de Pernambuco realizou a sua primei-ra transmissão em 6 de abril de 1919. Esta transmissão não teve muita repercussão pois o número de aparelhos receptores era muito pequeno. Essa emissora continua até hoje em atividade e pode ser ouvida on-line no endereço www.radioclubeam.com.br.

O programa Mais Antigo do Rádio BrasileiroO programa mais antigo do Rádio brasileiro é A Hora do Fazendeiro, que se encontra na Rádio Inconfidência AM de Belo Horizonte (MG). O programa iniciou no ano de 1936 e portanto está no ar há 77 anos. O programa vai ao ar às 17 horas, possui 2 horas de duração e é destinado ao setor do agronegócio. A Rádio pode ser escutada neste link: www.inconfidencia.com.br.

Christian Astigarraga Ordoque é historiador Licenciado e Bacharel pela UFRGS e Especialista em História Contemporânea pela FAPA. Participou dos projetos Memória Gerdau, Memória Ipiranga, Memória Copesul, entre outros. É colunista do site de orientação profissional www.aspiranteprofissional.com.br e Sócio da História Empresarial Consultoria: www.historiaempresarial.com.br.

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22 • UNIPAUTAS • 2013/2

O rosto mais feliz da TV porto-alegrenseTrazer a informação e a prestação de serviço ao telespectador faz parte do cotidiano de Edieni Ferigollo, que atua no comando do SBT Rio Grande Manhã.

Larissa Ody

A apresentadora Edieni Ferigollo, natural de Frederico Westphalen,

formou-se em jornalismo no ano de 2003 pela PUCRS. Iniciou sua carreira profissional em 2004, na RBS TV, como repórter e apre-sentadora do Jornal do Almoço na região da Serra Gaúcha. Hoje atua no comando do telejornal SBT Rio Grande Manhã, trans-mitido pelo SBT RS. Edieni relata sua rotina como editora-chefe do programa, seus desafios na car-reira jornalística e o que é neces-sário, segundo ela, para se tornar um bom profissional na área do comunicação.

Unipautas: Como surgiu a paixão pelo jornalismo?

Edieni: Desde criança tinha paixão pela escrita. Adorava sentar e escrever. Depois, veio a opção pelo jornalismo. Adoro contar a história das pessoas. Histórias de amor, luta, coragem, fé, dor transformada em alegria, conquistas, superação, enfim, histórias de vida, de gente como a gente.

Tua família te apoiou no momento em que escolhestes esta carreira?

Sim. No início, meu pai tinha receio e me aconselhou bastan-te. A gente sabe como o mercado

de trabalho é competitivo neste meio e como há empresas que pa-gam baixos salários aos profissio-nais. Mas passado esse primeiro temor, tive muito apoio do meu pai e da minha mãe, sem eles eu não seria nada. Eu vim do inte-rior, de Frederico Westphalen, muito novinha (16 anos) para morar na capital. Tive que en-carar os desafios de morar so-zinha e ainda iniciar uma facul-dade. O apoio de meus pais foi fundamental.

Qual foi o teu maior de-safio durante a carreira de jornalista?

O maior desafio é sempre o próximo. Todo dia é um novo dia, cheio de notícias a serem apuradas, de reportagens espe-ciais e de entradas ao vivo. E ao vivo tudo pode acontecer.

Como surgiu a ideia/pro-posta de ser a apresentadora do SBT Rio Grande Manhã?

Recebi o convite com muito entusiasmo. Depois de cinco anos longe do SBT, trabalhando como repórter e apresentadora da RBS, retornei à casa como repórter. Em 2010, surgiu na emissora a ideia de colocar no ar um programa matinal, o SBT Rio Grande Manhã. Fui escolhida para assumir os cargos de edito-ra-chefe e apresentadora, o que me deixou muito feliz. Este pro-grama é um filho meu. Tenho o maior carinho por ele e a maior alegria de acordar cedo todos os dias.

Como é a rotina da editora--chefe de um telejornal?

Eu acordo todos os dias bem cedinho, leio os jornais e acesso os principais sites de notícias do país. Às 5 horas da madrugada

chego ao SBT para preparar o programa. Minha função é orga-nizar o espelho do jornal, revisar as laudas e deixar os textos com a minha personalidade. Temos uma equipe que trabalha 24 ho-ras para preparar as notícias e deixar os telespectadores bem informados. Depois vou para a maquiagem, coloco o figurino e entro no estúdio uns 10 minu-tos antes do programa começar. Permaneço no ar, ao vivo, por 30 minutos. Em seguida, preparo minha entrada em rede nacio-nal, no SBT Manhã 2ª Edição, com César Filho. Logo após esta entrada ao vivo, tenho mais uma entrada ao vivo nos comerciais do SBTRS, em boletins chama-dos de Redação SBT. Terminadas as participações ao vivo, come-ço a preparar o programa do dia seguinte.

Tens alguma história curiosa para contar durante o tempo como jornalista?

São muitas histórias, princi-palmente quando fazemos mui-tas entradas ao vivo. Em certa ocasião, em uma participação ao vivo no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio em Farroupilha, um telespectador levantou um cartaz atrás de mim e meu cinegrafista abandonou a câmera para pedir que ele retiras-se o cartaz. Ali fiquei eu, passan-do as informações, sem entender nada do que estava acontecendo. Só fui entender depois. Ao vivo é assim, acontece de tudo.

O que tu achas do jor-nalismo online? As redes sociais ajudam ou atrapa-lham na hora de transmitir informação?

Jornalismo online é o presente

e o futuro. Já as redes sociais são fontes de pautas, mas sem-pre lembrando que temos que ter o cuidado de averiguar as informações postadas antes de divulgá-las.

Para ti, o que é necessá-rio para se tornar um bom profissional na área da comunicação?

Gostar de ler, ser criativo, ou-sado, ter vontade de fazer dife-rente, ser curioso, ético e estudar muito.

Como é trabalhar na TV

Mais Feliz do Brasil? Quais comunicadores da emissora tu mais admiras?

É uma delícia. O SBT RS é mi-nha segunda casa. Trabalhamos com entusiasmo, com gar-ra e com um sorriso no rosto. Admiro muitos profissionais de todas as emissoras. Do SBT: Neila Medeiros, Karyn Bravo, Carlos Nascimento, Cesar Filho, Raquel Sheherazade e Roberto Cabrini.

Ser jornalista é... Uma vocação.

Edieni Ferigollo, apresentadora do SBT Rio Grande Manhã. Foto: Divulgação.

ENTREVISTA

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2013/2 • UNIPAUTAS • 23

Dóro Leandro Dóro é jornalista, cartunista, ilustrador,quadrinista, contista e oficineiro.

HUMOR

1º de dezembro Dia Mundial do Combate a AIDS

Horóscopo GaudérioJuliana Bernardon

Áries 21/03 a 20/04Tem mania de ser sempre o pri-meiro em tudo! Tu tá recém pen-sando em preparar o mate e ele já tá ali, perguntando se tá pronto.

Touro 21/04 a 20/05Primeiro vê se acha algo bonito, depois fica ali, observando. É dos mais cabeçudos, quase sempre é o dono da cuia e da bomba.

Gêmeos 21/05 a 20/06Tchê, esse só quer prosear. Conta o causo que sabe que é uma bele-za, mas isso com a cuia na mão, até o povo ficar nervoso.

Câncer 21/06 a 21/07Esse é aquele tão sentimental, que até com a cuia na mão ele chora. É um inferno, tem me-mória que lembra de tim-tim por tim-tim quem ganhou cada Grenal.

Leão 22/07 a 22/08Mais convencido impossível. Gosta de ser aplaudido, toma chimarrão só se o povaréu esti-ver lhe olhando.

Virgem 23/08 a 22/09Mais louco por limpeza não há. Antes de preparar o mate, lava as mãos e confere tudo. Tá sem-pre com uma vassoura na mão

correndo atrás da sujeira.

Libra 23/09 a 22/10É danado de namorador, não pensa em outra coisa. Também gosta de política, mas fica em cima do muro, só olhando a in-diada lá embaixo.

Escorpião 23/10 a 21/11Não existe aquela que vingança é um prato que se come frio. É pre-parando o mate que trama seus planos. É o loco dos loco, não faz cerimônia quando é pra puxar o facão.

Sagitário 22/11 a 22/12O índio aqui acha que é o melhor, fica mexendo o mate com a bom-ba que nem é dele. Acha que tá tomando milk shake.

Capricórnio 23/12 a 20/01Esse é o verdadeiro introvertido, pra tomar chimarrão e entrar no rancho é um custo. Não quer in-comodar ninguém.

Aquário 21/01 a 19/02Acha que o negócio de chimarrão tá superado. Porém adora um po-varéu, convida todo vivente que estiver passando pra prosear.

Peixes 20/02 a 20/03É melhor não contrariar. Vive com a cabeça nas nuvens e jura que faz a roda do chimarrão com os daqui e com os do além.

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24 • UNIPAUTAS • 2013/2

CONTRACAPA

Os estudantes da UniRitter, inquietos, procuram sempre inovar o look improvisando e misturando diferentes tendências. Cada

aluno segue o padrão de moda que mais se identifica e que seja confortável. Alguns buscam um look mais social, enquanto outros optam por visuais mais ousados. Clássico, básico, alternativo, roqueiro.

Moda dos inquietos

“Procuro fazer um mix sendo ousado e elegante ao mesmo tempo”

Maiderson Chrischon, 24, Design de Moda

“Gosto de coisas confortáveis. Sou metida a andar de skate, então não uso salto nem sapatilhas. Me inspiro em tudo que vejo.” Gabriela Lisboa, 23, Administração

“Personalizo todas as minhas roupas.” Rafaela Gonçalves, 17, Publicidade e Propaganda

“Procuro adaptar o meu estilo tradicional com referências na

internet”, Marciano Dallenogare, 22, Publicidade e Propaganda

“Busca na música a inspiração para os meus looks”, Priscila Cloque Fagundes, 23, Design Gráfico

Texto e edição: Júlia Molina e Shalynski Zechlinski Fotos: Júlia Molina, Marcos Dantas e Shalynski Zechlinski