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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO PEDAGÓGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A LATERALIDADE DO CANHOTO
Por: Kátia Regina Riente de Macêdo
Prof. Ms. Marco A Larosa
Rio de Janeiro
2001
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A LATERALIDADE DO CANHOTO
Apresentação de monografia ao Conjunto
Universitário Cândido Mendes como
condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
em Psicomotricidade.
Por Kátia Regina Riente de Macêdo.
II
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que, de uma forma ou de outra,
direta ou indiretamente, auxiliaram na concreti -
zação deste trabalho.
III
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho á minha família,
marido e filhas.
Fernanda destra contrariada e
Vitória canhota convicta.
IV
RESUMO
O autor pretende com este projeto contribuir para um bom
ajustamento da criança canhota no meio que a cerca, integrando-a
gradualmente e continuamente a ambientes sociais e escolares , cada vez
mais amplos, enriquecendo sua base de experiências, buscando propiciar um
desenvolvimento global harmonioso.
Até que ponto pais e educadores influenciam na escolha da
lateralidade da criança? Como podemos ajuda-las e não influencia-las nesta
escolha ?
V
METODOLOGIA
O método utilizado para a situação-problema proposta será o
de pesquisa bibliográfica.
VI
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
CAPÍTULO II 17
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 30
CAPÍTULO V 38
CAPÍTULO VI 43
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA 49
ÍNDICE 50
FOLHA DE AVALIAÇÃO 52
ANEXOS 53
VII
08
INTRODUÇÃO
O mundo é dos destros. Apenas 10% da população mundial
(artigo Canhotos 25/05/00, Internet) usa preferencialmente a mão esquerda
para executar suas tarefas. Esta preferência se manifesta claramente nos 1o-
anos de vida e ficando evidente aos 6 anos. Ainda há algumas dúvidas sobre o
fato do canhotismo ser hereditário, entretanto, não está claro até que ponto
este efeito pode ser causa do ambiente externo (acidental ou propositadamente
vindo dos pais que ensinam as crianças serem destras ou canhotas).Se
fizermos uma revisão histórica e lingüística do significado da mão direita e da
esquerda, obteremos como conclusão que a maioria das culturas conceituou a
mão direita como a mão carregada de conotações positivas (a mão boa) frente
à esquerda que representava o negativo, o impuro (a mão má). Já na Bíblia, o
Gênesis relata que os justos serão situados à direita e os injustos à esquerda.
No indo-europeu existia a raiz daks que significava ser útil ou valer. Esta raiz
dá origem a palavra daksina, que significa a direita no sentido de franqueza,
lealdade e amabilidade. Pelo contrário, a palavra vama significava esquerdo
também oblíquo, curvado, hostil, desfavorável e malvado. Em inglês, a direita
se designa com o termo right, que significa reto, direito; a mão direita é a mão
reta. Em francês, gauche significa canhoto e por sua vez esta palavra dá
origem ao verbo guenchir, que significa dar um rodeio, rodear. Em latim, dexter
significa destro ou direito, porém a esquerda se denomina sinester (o obscuro).
Em castelhano, o canhotismo era interpretado como sinal de equívoco e de
abatimento de ânimo.
Esse simbolismo de direita e de esquerda prejudica as crianças
canhotas. Era freqüente ver-se como as crianças canhotas eram forçada a
09
empregar a mão direita porque a mão esquerda era “má” para escrever.
Numerosos transtornos de linguagem, dificuldades escolares, transtornos de
aprendizagem de leitura/escrita e alterações de conduta eram devidos à
contrariação de uma lateralidade que vinha determinada, não de forma
caprichosa e sim escrita no sistema nervoso de cada indivíduo.
O cérebro se divide em duas partes de aparência semelhante
chamadas também pelo nome de Hemisférios Cerebrais. Os hemisférios
cerebrais chamam-se respectivamente Hemisfério Esquerdo e Hemisfério
Direito. O hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo, e o hemisfério
direito controla o lado esquerdo. Os hemisférios são parecidos na forma
externa, porém, possuem funções diferenciadas, o hemisfério esquerdo
manifesta-se através do raciocínio e se expressa através da linguagem oral, e
o hemisfério direito, o faz através da emoção e se expressa através da
linguagem visual ( imagem, desenho ).
Qualquer canhoto poderá ser tão bom com a sua esquerda como
um destro com a sua direita, pois ambos tem igual equipamento neurológico.
Se há canhotos que tem dificuldades de um adestramento à esquerda é
apenas porque tem que se adaptar a um contexto organizado para os direitos.
Isso por muitas vezes, faz com que os canhotos adquiram aptidões com ambas
as mãos.
Os maiores problemas dos canhotos residem nas suas
dificuldades de adaptação à aquelas técnicas que são especificamente de um
mundo de direitos; dificuldades de adaptação a certos utensílios e a situações
escolares que requerem procedimentos da esquerda para a direita ( como por
exemplo, a leitura e a escrita ). Veremos que aos canhotos se impõe um
esforço maior para se adaptarem a um mundo de destro.
10
CAPÍTULO I
OS DOIS LADOS DO CÉREBRO
11
1.1- O Cérebro
Também chamado de Telencéfalo preenche quase que totalmente
a cavidade craniana. É dividido incompletamente por uma fissura sagital, à
fissura longitudinal, em hemisférios cerebrais direito e esquerdo. O tronco
encefálico une-se à superfície inferior. Apresentam duas cavidades, uma em
cada hemisfério, os ventrículos laterais. Estes comunicam-se medialmente com
o terceiro ventrículo, o qual por sua vez une-se, posteriormente, pelo aqueduto
cerebral, ao quarto ventrículo. Externamente, uma camada de substância
cinzenta, o córtex cerebral, cobre o órgão superficialmente; internamente,
localiza-se a substância branca na qual se localizam núcleos de substância
cinzenta.
Cada hemisfério cerebral apresenta uma face dorsolateral, uma
inferior e uma medial. A fase dorsolateral entra em contato com as paredes da
caixa craniana; a face inferior repousa sobre a base do crânio, e a face medial
volta-se para a sua homóloga do outro hemisfério, na fissura longitudinal. Cada
hemisfério cerebral tem três pólos: frontal, temporal e occipital.
A superfície dos hemisférios cerebrais apresenta relevos, os giros
cerebrais, separados por sulcos. Alguns giros e sulcos recebem nomes
especiais. O sulco mais evidente é o lateral. Tem início no encontro entre os
pólos temporal e frontal e prolonga-se para cima e posteriormente. Separando
os lábios deste sulco, vê-se os giros da insula, uma parte oculta do córtex
cerebral. Parte do córtex do lábio inferior da fissura lateral constitui a área
auditiva. Está relacionada ao órgão da audição.
Outro importante sulco na superfície lateral do hemisfério cerebral
é o sulco central. Tem origem no ápice do hemisfério e desce anteriormente,
em direção ao sulco lateral. Anteriormente a esse sulco situa-se o giro pré-
central, importante parte do sistema motor voluntário, denominada área motora
12
voluntária. Posteriormente ao sulco central, localiza-se o giro pós-central,
importante área ligada à sensibilidade corporal ( área sensitiva principal ).
O sulco calcarino situa-se na face medial do hemisfério cerebral e
dirige-se desde o pólo occipital em direção anterior. O córtex que o delimita
relaciona-se à visão e é denominado área visual.
O giro para-hipocampal situa-se junto às faces inferior e medial do
hemisfério cerebral . Está relacionado ao sentido do olfato.
O hemisfério cerebral pode ser dividido em lobos; frontal, parietal,
occipital e temporal. De modo geral, cada lobo está situado em contraposição
ao osso do mesmo nome, mas há muitas variações nas relações de posição
entre as partes do encéfalo e os ossos do crânio, de modo não é possível uma
localização exata daquelas partes na superfície.
Normalmente os hemisférios cerebrais funcionam como um todo
único. Se as fibras nervosas que os unem forem secionada, cada hemisfério
passa a funcionar como uma entidade independente no controle do corpo.
O cérebro é dividido em dois hemisférios: o Hemisfério Direito e o
Hemisfério Esquerdo. O sistema nervoso humano está em comunicação com
o cérebro mediante uma conexão cruzada, cada um dos hemisférios controla
os movimentos da parte oposta do corpo, assim a mão, pé e olhos
esquerdos estão conectados ao hemisfério direito e a mão , pé e olhos
direitos com o hemisfério esquerdo . Os dois hemisférios sincronizam e
harmonizam os movimentos, sem interferência de um na atividade do outro.
Nos animais não encontramos preferência pelo uso das patas, pois não existe
essa lateralidade, os hemisférios cerebrais são simétricos com relação às suas
funções, porém nos seres humanos o funcionamento dos hemisférios
cerebrais são assimétricos e o desenvolvimento deles está relacionado a
exercitação da função de cada um. Se ambos os hemisférios controlam as
funções mais simples , as mais complexas tem sua dominação apenas por um
hemisfério. É possível o treino de uma habilidade da mão não preferencial e
13
deixá-la com a mesma habilidade da outra, como no caso da aprendizagem de
instrumentos musicais.
1.2- Hemisfério Esquerdo
A função primária do hemisfério esquerdo constitui o controle da
conduta verbal, a qual inclui a capacidade para ler, escrever, falar e entender o
material verbal. O hemisfério esquerdo é o responsável direto pelas aptidões
motoras e sensoriais do lado direito do corpo, assim da coordenação bilateral
de ambos os lados do corpo. As lesões do hemisfério esquerdo provocam,
geralmente, problemas motores mais profundos e gerais que s do hemisfério
direito.
Juntamente com o controle das aptidões verbais, o hemisfério
esquerdo intervém, também, nas de caráter espacial e não - verbal, se bem
que não na mesma medida que o faz com o hemisfério direito.
1.3- Hemisfério Direito
Ele é considerado um hemisfério não - verbal ou visoespacial. É
responsável pela situação do espaço tridimensional e pelo trabalho com as
coordenadas espaciais, assim como o de desenhar. Recorda material visual
e auditivo não - verbal. Dirige as atitudes rítmicas relacionadas com a
altura do som e discrimina entre matizes de cor. O hemisfério direito é o
responsável pela execução das funções automáticas e pelo controle das
atitudes sensoriais e motoras do lado esquerdo do corpo. O hemisfério direito
é, igualmente, o que dirige a orientação tridimensional e a resolução de
problemas onde intervém a idealização espacial.
Não obstante, é o hemisfério não - verbal que possuem algumas
capacidades verbais básicas, ou seja, pode entender certo tipo de linguagem,
porém não é capaz de responder verbalmente. Controla os impulsos dirigidos
até o lado esquerdo do corpo, este também encontra-se sob o controle do
hemisfério esquerdo.
14
Segundo Gades, os sistemas de ensino convencionais
encontram-se saturados de funções verbais. Isso não afeta a criança com
lesão ou disfunção cerebral no hemisfério direito. Entretanto, quando se
apresenta uma disfunção ou lesão no hemisfério esquerdo, as possibilidades
de que existe um fracasso escolar são muito maiores do que se a lesão se
localizar no hemisfério direito. As crianças com uma lesão no hemisfério
esquerdo passam mais despercebidas na escola, porque o ensino fundamenta-
se no verbalismo. No caso concreto de estudantes com uma disgrafia, o
trabalho do professor pode ser muito importante ao tentar compreender esse
escolar com disgrafia e orientar o caso até um profissional fonoaudiológico
para um diagnóstico adequado.
1.4- Localização inter-hemisférica e concomitantes funções corticais
superiores , segundo Vítor da Fonseca :
Hemisfério Esquerdo Hemisfério Direito
Global
- Organização e seriação -Organização gestaltista
- Análise - Síntese
- Funções tudo ou nada - Funções difusas e graduadas
- Processo elaborativo e - Processo imediato e
conceitual emocional
- Categorização das alterações - Sustentação da situação do
do envolvimento envolvimento
- Vigilância primária - Vigilância secundária
- Atenção auditiva - Atenção visual
- Ritmo - Música
- Organização voluntária e - Organização involuntária e
consciente automática
15
Lóbulo frontal
- Fluência verbal - Detecção de erros?
- Regulação do comportamento pela fala - Consciência social?
- Julgamentos recentes de tipo verbal
- Escrita
- Praxias
- Julgamentos verbais
- Consciencialização
Lóbulo temporal
- Raciocínio verbal - Padrões do ritmo
- Memória verbal- auditiva - Memória auditiva não-verbal
- Vocabulário - Memória visual de longo termo
- Memórias para faces
Lóbulo parietal
e occipital
- Cálculo - Percepção do espaço
- Leitura - Percepção de fundo
- Escrita - Discriminação
- Praxias construtivas - Praxia construtiva espacial
- Praxias ideacionais - Memória visual de curto termo
- Síntese, percepção da forma - Reconhecimento visual
- Aquisições associativas
- Apreensão de seqüências e de objetos e figuras
16
1.5- Modalidades dos hemisférios cerebrais, artigo “Você conhece seu
cérebro“, -Internet , temos o seguinte quadro:
Hemisfério Esquerdo
Hemisfério Direito
Verbal : Usa palavra para manobrar, descrever e definir.
No verbal : Tem conhecimento das coisas, através de uma relação não verbal.
Analítico : Soluciona as coisas passo a passo e parte por parte.
Sintético : Une as coisas para formar todos os conjuntos.
Simbólico : Usa um símbolo para representar algo.
Concreto : Relaciona-se com as coisas tal com são e no momento presente.
Abstrato : Toma um pequeno fragmento de informação e usa-o para representar o todo.
Analógico : Observa semelhança entre as coisas, compreende as relações metafóricas.
Temporal : Leva em conta o tempo e a ordem das coisas em sucessão.
Atemporal : Não tem sentido de tempo.
Racional : Extrai conclusões baseadas nas razões e nos dados.
Não racional : Não necessita basear-se na razão nem nos danos.
Não Espacial : Não vê as relações entre uma coisa e outra, e como as partes se unem para formar um todo.
Espacial : Vê as relações entre uma coisa e outra, e a maneira como as partes unem-se para formar um todo.
Lógico : Extrai conclusões baseando-se na lógica, tudo segue uma ordem lógica, como por exemplo um teorema matemático e um argumento bem exposto.
Intuitivo : Baseia-se em dados incompletos, sensações e imagens.
Linear : Pensa em função de idéias encadeadas, de modo que um pensamento.
Holista : Observa a totalidade das coisas de uma só vez, percebe as formas e estruturas em conjunto
17
CAPÍTULO II
CAUSAS DO CANHOTISMO
18
2.1 - Causas do canhotismo
A causa não tem bem uma explicação 100% correta. Admite-se
que é hereditário. Há também a hipótese de que nos primeiros anos a criança
não tem preferência, que ela pode ser treinada pelo ambiente. Há muito mais
canhotos em família de canhotos. O pai canhoto inconscientemente poderia
provocar o treinamento da mão esquerda nos filhos. Mas esta teoria também
não tem resultado confiante, já houve muitos desvios.
Mas é certo que a explicação deve levar em consideração uma
série de fatores diferentes:
2.2- Genética
Em pesquisas (Artigo “Meu filho é canhoto”- internet 25/05/00 )
descobriu-se que onde ambos os pais eram canhotos havia 50% de chance do
filho também ser canhoto, um pai canhoto e outro destro 17% e quando ambos
os pais são destros 2% de chance. Já em outro artigo ( “Os quatro modos de
ser canhoto”- internet 21/05/01 ) esses números mudam para 26% se ambos
os pais forem canhotos, 20% se apenas um for canhoto e 10% quando ambos
são destros. Considera-se o canhotismo como caráter herdado por falta de
prova. Mas não há comprovação de um gene que determine qual irá ser o
hemisfério dominante no cérebro.
Os destros tem o hemisfério esquerdo bem mais volumoso do que
o direito, enquanto que nos canhotos não tem muita diferença. Dentro do útero
se vê diferenças entre a artérias que irrigam os hemisférios do cérebro.
As digitais dos canhotos nos polegares e nas mãos são
parecidas e nos destros são diferentes. Como as digitais são determinadas
pelos genes a causa de serem similares ou diferentes tem causa genética.
Nos gêmeos idênticos, a digital da mão direita de um é parecida
com a mão esquerda do outro. Se há uma falha no lado direito de um, haverá
uma similar no lado esquerdo do outro. Isso nos leva a crer que o canhotismo
pode ser genético.
19
2.3- Hormônios
A testosterona influencia tanto a lateralização funcional do
cérebro quanto a diferença entre os sexos, há mais canhotos homens do que
mulheres. Uma das teorias mais aceitas reza que um aumento do efeito da
testosterona no cérebro durante a gestação atrasaria o desenvolvimento do
lado esquerdo do cérebro, dando vantagem ao lado direito.
2.4- Influência sócio-cultural
Como a repressão do uso da mão esquerda ou mesmo a
conversão forçada para a mão direita.
2.5- Fatores mecânicos
Como a posição do feto no útero, que influenciam o
desenvolvimento da lateralização funcional do cérebro antes mesmo do
nascimento, já que ao nascer o cérebro já tem simetrias, e já existem
diferenças no movimento das duas mãos.
2.6- Patologias ou problemas de parto
Complicações no parto são mais comuns entre filhos canhotos,
e são associadas a vários problemas também relacionados à preferência pela
mão esquerda: autismo, epilepsia, paralisia cerebral, síndrome de Down,
nascimento prematuro, estrabismo, e até esquizofrenia. Mais isto não quer
dizer que canhotos tendem a ter esses problemas, e sim que pessoas que tem
esses problemas são canhotas mais freqüentemente do que as outras.
20
2.7- Grau de preferência
O simples uso das mãos e do cérebro, estimulando e
direcionando a lateralização funcional, já que o grau de preferência por uma
das mãos aumenta com a idade.
Há várias maneiras de se tornar destro ou canhoto, e descobriu-
se que os fatores acima citados interagem entre si, uns compensando ou
exacerbando o efeito dos outros. Concluímos que não há uma única forma de
ser canhoto, mas ao menos quatro: hereditário, congênito ( inato sem ser
herdado ), aprendido, ou resultar de dados ao cérebro.
Independente do que causa a preferência manual, alguma
diferença deve haver entre o cérebro de destros e canhotos. De fato, há
diferenças anatômicas e funcionais. Nos homens destros, o sulco central é
mais profundo no lado esquerdo do que no lado direito do cérebro; nos homens
canhotos essa assimetria é menor ou invertida. Nas mulheres não existe essa
diferença. Uma outra estrutura chamada plano temporal é assimétrica nos
destros ( maior no lado esquerdo ), e simétrica nos canhotos.
As diferenças funcionais conhecidas estão na representação das
sensações e dos movimentos das mãos. No córtex motor, a região do cérebro
que dá ordem de se movimentar, há mais células para cuidar dos movimentos
da mão direita nos destros,e da mão esquerda dos canhotos – o que
provavelmente garantem movimentos mais precisos na mão preferida de cada
um. No córtex somatossensorial dos destros, a região que recebe os sinais da
mão direita é maior do que a esquerda. Mas apenas a metade dos canhotos a
representação da mão esquerda é maior do que a da direita – o que por um
lado é curioso, mas por outro ajuda a explicar por que os canhotos usam
melhor a mão direita do que os destros usam a esquerda. Metade dos
canhotos usam o olho direito (dominância lateral incompleta). Os canhotos não
são tão completamente esquerdo quanto os destros são direito. Muitas funções
lateralizadas nos destros variam nos canhotos. Os destros gesticulam mas com
a mão direita quando falam, enquanto os sinistros usam ambas a mãos
indiferentemente.
21
CAPITULO III
LATERALIDADE
22
3.1-Evolução da Lateralização
A presença de predomínio lateral, não obstante, ocorre em outras
espécies inferiores, porém não se dá com a mesma intensidade e nem com a
mesma freqüência que na espécie humana. Nos animais mamíferos, existe um
certo predomínio lateral, porém este tende a diminuir quanto mais elevada for
a hierarquia das espécies. Somente no homem é que a dominância lateral se
dá com elevada intensidade. Nas espécies inferiores não existe uma distinção
entre as funções de ambulatórias e preensoras. Nas superiores existe
diferenciação entre ambas.
Existem muitas controvérsias sobre a origem da lateralidade,
contudo é inegável que o fator genético ou a disposição familiar condiciona de
forma importante a criança. A posição do feto pode justificar o predomínio
lateral posterior do indivíduo. Igualmente, os condicionamentos sociais e
educativos podem determinar ou forçar a lateralidade da criança. Os fatores
ambiental e hereditário devem ser estudados conjuntamente no momento de se
explicar a lateralidade.
A criança não apresenta a lateralidade plenamente definida até a
adolescência e sim apresenta sinais de lateralização desde de praticamente o
início de sua vida. Por volta dos nove meses de idade o bebê, ao pegar um
objeto, insinua a lateralidade futura. Quando se iniciam as primeiras praxias
unimanuais começa a se definir mais claramente a lateralidade. Quando uma
criança com dois anos de idade pega uma colher, pode-se observar que já
existe uma preferência pelo uso de uma das mãos em muitos casos. Quando a
criança começa a pagar o lápis, também apresenta uma tendência para faze-lo
com a mão que, posteriormente, será a dominante. Por volta dos três anos de
idade observa-se, às vezes, um,a ambidestria gráfica, a qual não deve ser
contrariada pelos professores ou pelos pais, pois se resolve facilmente a
eleição definitiva de uma das mãos pela própria criança. Aos seis anos de
idade, a criança já conhece a sua lateralidade e pode-se dizer que o grau de
automatização é suficientemente intenso para que ela possa iniciar as
aprendizagens de leitura/escrita.
23
Em determinadas profissões pode existir uma ambidestria que
obrigue o sujeito a ter igual destreza em ambas as mãos. Então, essa não é
uma ambidestria patológica como o é a falta de lateralização suficientemente
definida nas crianças, porém não deixa de ser algo de excepcional e que
requer uma especial capacidade de aprendizagem no sujeito que a possui.
3.2- Lateralidade
Os movimentos se tornam tão acurados quanto mais se define no
homem a dominância homolateral.
Inicialmente os movimentos das crianças são desordenados,
sem seqüência e precisão. E são bilaterais. Não predomina um lado, dizem os
fisiologistas, devido a não completa maturação do córtex cerebral. À medida
que a cresce e sofre as experiências do meio ambiente, os seus movimentos
mais refinados e que exigem precisão, passam de bilaterais para homolaterais
(mão, olho, ouvido e pé), especializando-se um lado do corpo, direito ou
esquerdo, e tomando – se o lado contrário responsável pelas tarifas mais
grosseiras, como auxílio do movimento, da preensão, e estabilização do
equilíbrio.
A lateralização é a tradução de uma assimetria funcional. Os
espaços motores que correspondem ao lado direito e ao lado esquerdo do
corpo não são homogêneos. Esta desigualdade vai se particularizar no
decorrer do desenvolvimento. No maior n° de casos, esta lateralização é
homogêneos e sem ambigüidade.
Noutros, ao contrário, e particularmente no caso dos canhotos ,
podemos observar discordância. Estas discordâncias atingem a organização do
olhar e a organização da prevalência manual. Em muitos casos de dislexia,
constata-se uma dominância cruzada da mão e da visão, como, por exemplo,
pessoas com predomínio ocular destro e que são canhotos manuais, etc , ...
24
A lateralização é uma característica especificamente humana,
que afeta de forma específica a linguagem e que guarda relação direta com a
dominância de um hemisfério cerebral sobre o outro, durante o processo de
execução da linguagem. A lateralização traduz–se em um predomínio motor
sobre um segmento direito ou esquerdo. Em geral, admite–se que o hemisfério
esquerdo é o hemisfério dominante para a linguagem nos indivíduos destros, e
nos canhotos sucede o contrário. O hemisfério esquerdo é definido como
“hemisfério verbal” e o hemisfério direito como o “hemisfério não verbal ou
espacial”.Na maioria das pessoas existem predomínio destro. Os indivíduos
canhotos são uma minoria.
A lateralidade surge de um conflito inter-hemisférico, que
determina, seres humanos, predominância, ao mesmo relativa , de um
hemisfério cerebral sobre o outro.
A lateralidade nem sempre se apresenta de forma
homogeneamente implantada e nem em grau suficiente , principalmente na
infância, já que uma atividade como a escuta finalmente pode estar sendo
influenciada por uma lateralização incorretamente definida. Chamamos
predomínio lateral bem estabelecido quando o emprego da mão, olho e pé se
encontra bem definido e a maior eficiência e fluidez correspondem á mão
direita ou á mão esquerda.
Igualmente, uma lateralidade bem definida não apresenta
transtornos lingüísticos ou perceptivo–motores. Geralmente, o ambidestrismo
supõe a alteração do predomínio lateral, e a freqüência de transtornos
psicomotores e de leitura / escrita, em crianças ambidestras, é mais alta do que
em crianças com lateralidade bem definida. A ambidestra é sinônimo de
languidez e de indeferenciação inter- hemisférica,e não de destreza como
comumente se crê. Ao nível manual, diferentes grau de lateralização podem
ser observados e devem ser explorados detalhadamente nos casos de uma
suposta disgrafia:
- Lateralidade gráfica: a mão que a criança utiliza para a escrita, para
desenhar ou para escrever;
25
- Lateralidade funcional: para mão que emprega de forma preferencial
para a execução de praxias unimanuais como comer, jogar tênis,
recortar, etc;
- Lateralidade neurológica: é a autêntica definição da latualidade das
pessoas e vem condicionado pelas estruturas neurológicas. Muitas
vezes, ela se encontra mascarada e somente é detectada mediante
provas neurológicas – psicológica de precisão.
É tarefa primária do professor que trabalha com a criança em
desenvolvimento ou em reabilitação, observar se está já estabeleceu a
dominância lateral, se é esquerda ou direita ou se apresenta – se com uma
dessas situações?
- Ambidestras: com lateralização completa de direita e esquerda.
- Cruzadas: pé e olho direito e mão esquerda, por exemplo.
- Desorganizadas: reações confusas, ora do lado direito, ora do lado
esquerdo do corpo.
O levantamento deve ser realizado, os alunos classificados, e os
exercícios especializados para exercerem uma ação educativa eficaz,
auxiliando o aluno a lateralizar-se plenamente, evitando–se disfunções futuras.
3,3- Fortalecimento da lateralidade
Em princípio, é ao redor dos 4 anos que a preferência lateral das
crianças se afirma . Algumas tem, já nesta idade, marcada predominância do
lado esquerdo, que se reforça progressivamente; outras a tem do lado direito,
que também se vai reforçando. Entretanto, um certo número de crianças
apresentam, desde o início, tendência a servir-se da mão esquerda; pouco a
pouco, porém, sob influência do meio educativo, elas aprendem, para tarefas
determinadas, a servir-se da mão direita, particularmente no grafismo;
aparentemente tornam-se manidestras, mas sua nova lateralidade corre o risco
de ficar imprecisa; podem permanecer canhotas quanto ao olho diretor ou o pé.
Assim o professor pode ter alunos:
-destros integrais bem lateralizados;
26
-canhotos integrais bem lateralizados;
-alunos com predominância imprecisa;
-destros com um atraso de lateralidade;
-canhotos para certas atividades, destros para outras;
- canhotos contrariados tendo aprendido a escrever com a mão direita.
Neste último caso o professor deve observar a dominância lateral
da criança sem contentar-se com a prova escrita, que pode ser enganosa, pois
provavelmente já fez parte de um treinamento que disfarça a verdadeira
predominância.
As atividades motoras, freqüentemente pouco familiares e só
raramente tendo sido o objeto de um treinamento específico, permitem a
utilização de provas em que a espontaneidade infantil é mantida.
Para encontrar a dominância genética é preferível, na maior parte
das vezes, realizar provas de velocidade e de força ao nível dos membros
superiores; os resultados obtidos serão confirmados pela busca da dominância
dos membros inferiores.
A comparação da dominância visual com a dominância motora
permite-nos detectar discordâncias que devem ser levadas ao conhecimento
familiar e ou ao escolar.
3,4- Exercícios de reforço da lateralidade
O professor deverá tomar cuidado para não impor este ou aquele
lado para o arremesso, esta ou aquela mão para a manipulação. Pelo contrário,
uma vez fixada a tarefa, dar a maior liberdade para realiza-la. Nas instruções, o
professor deverá evitar a utilização dos termos” direita”, “ esquerda”, para
permitir que a lateralidade se manifeste na ação, sem que este ou aquele modo
de simbolização venham falsear a experiência da criança.
27
3.4.1- Exercícios de manipulação, malabarismo ( coordenação óculo-manual )
-modelagem
-recorte
-colagem
-trabalhos manuais diversos
-exercício de preensão
-malabarismo com bolinhas, saco de sementes, e com aparelhos (
bastonetes, cubos de plásticos,... )
3.4.2- Jogos e atividades de expressão livre
-arremessos (principalmente para os membros superiores )
-deslocamentos com obstáculos para os membros inferiores
3.4.3- Atitude a ser adotada em relação às crianças com dificuldade:
Se durante os exercícios não se manifestar nenhuma dominância
nítida, recorrer à observação quando houver situações mais significativas que
solicitem mais a força e a vivacidade do que a precisão. Esta observação não
deve ser descoberta pela criança e deve ser feita sem nenhuma ansiedade por
parte do professor.
-Jogo de puxar o bastão ( observar a mão escolhida expontaneamente
para esta prova de força )
-arremessos consecutivos (se houver contradição deve-se considerar que a
dominância genética corresponda ao braço de força)
-chutar a bola (se a prova dos membros inferiores confirmar a dos
membros superiores a dominância assim observada pode ser considerada
como verdadeira).
3.5- Preferência por uma das mãos
O desenvolvimento da preferência por uma das mãos depende da
maturação cerebral. Ainda que seja muito generalizada a idéia de que o bebê
não mostra preferência por uma das mãos nos primeiros meses, já no
28
nascimento há um alto índice de assimetria na postura, dada pela
preponderância da atitude de reflexo tônico-cervical. Este reflexo não só tem
um marcado efeito sobre a posição dos braços como também das outras
extremidades. A postura lateral da cabeça, nos primeiros meses, predispõe a
criança a olhar as atividades da mão que tem à frente. Desse modo, no
primeiro passo da coordenação de olhos e mão, já pode haver indícios de
preferência por uma das mãos. Durante os primeiros quatro meses o
predomínio normal encontra-se indicado pelo uso de uma das mãos na
atividade espontânea, assim como o pegar. A preferência manual, de acordo
com vários autores, aparece após os seis meses de idade e se faz mais
marcada depois dos dois anos, possivelmente.
Na construção de torres com cubos, estes são colocados com
mais precisão com a mão direita. As crianças ambidestras ( ambilaterais )
tendem a atrasar-se no desenvolvimento da linguagem. Ainda durante o
primeiro ano de vida, a criança, ao pegar um objeto pequeno, o apreende
melhor com os dedos de uma das mãos do que os das duas juntas. Desde
muito cedo, tenta utilizar as duas mãos na preensão dos objetos, deixando à
outra um papel auxiliar. Também descobre que, mediante a inclinação e flexão
do tronco, pode alcançar melhor os objetos à distancia com somente uma das
mãos. A tendência ao uso unilateral manifesta-se no lançamento, construção
de torres, desenho e alimentação.
Nos casos em que a criança eleja a direita ou a esquerda para a
escrita, e de uma forma persistente tenda a executar somente atividades
gráficas, sem as praxias unimanuais com a mesma mão com a qual escreve,
haverá de respeitar a sua escolha e reforçar a dita lateralização. Uma criança
canhota ou destra, que o é de forma clara e que não tem dificuldades de
aprendizagem deve continuar com a mesma mão que o elegeu. Em nenhum
caso se deve contrariar a mão de um destro ou canhoto em definido, pois, com
freqüência , criam-se transtornos graves, especialmente quando o processo
maturativo da criança não é plenamente satisfatório.
29
É freqüente em canhotos ou em destros debilmente definidos ou
em ambidestros, que tendem a escrever com uma ou outra mão
indistintamente ou que o façam com uma só mão, uma tendência a realizar
giros inversos, escrita embaraçada, solta e com dificuldades de estruturação
espaço-temporal. Ao mesmo tempo muitas destas crianças tem
umdiscrepância entre a lateralidade gráfica e a lateralidade funcional, sendo
destro para algumas atividades e canhotos para outras e, na escola, já desde a
pré-escola apresentam pertubações de aprendizagem. Em geral, os problemas
de troca de mãos para escrever, não são conflitivos se se realizarem antes dos
seis anos de idade, porém em crianças com dificuldades de laterização e
aprendizagem que empregam somente uma das mãos não se deve trocar a
mão com a qual escrevem se já tem seis anos de idade ou mais. Em caso de
já se ter contrariado esta lateralidade é preferível reduzir as dificuldades que
apresenta a mão com a que o acostumaram a escrever ( caso de canhoto
contrariado ) por meio de reeducação psicomotora antes de voltar a trocar a
mão com a qual escreve novamente. Não devemos esquecer que um canhoto
contrariado, e que está acostumado a escrever com a mão direita, vá criando
engramas corticais difíceis de alterar, principalmente após ter passado vários
anos.
30
CAPITULO IV
PROBLEMAS E DISCRIMINAÇÃO DO CANHOTO
31
4.1- Dificuldades Escolares
Usualmente, o professor preocupa-se em ensinar bem as técnicas
instrumentais aos direitos, esquecendo-se de indicar aos canhotos como se
lhes devem adaptar. Estes tentam fazer como os direitos e muitas vezes saem-
se mal. Ficam entregues a si próprios, imitam e experimentam formas sem
qualquer apoio e algumas vezes ainda ouvem ralhos por não fazerem tão bem
como os direitos.
Os cadernos, os livros, a escrita, a orientação da luz na sala e
muitas outras particularidades, estão quase sempre apenas previstas em
função dos direitos, esquecendo-se freqüentemente de ensinar aos canhotos:
- Como se orientar em relação à luz,
- Como se sentar na atitude correto para os canhotos escreverem,
- Como colocar os braços e as mãos sobre o papel,
- Como orientar a folha de papel,
- Como segurar na caneta,
- Como desenhar as letras com a mão esquerda,
- etc.
4.2- Dificuldades de Leitura
O fracasso escolar cria uma verdadeira segregação das crianças ,
na caso totalidade dos casos, devem-se a leitura não adquirida no fim do ano.
O problema que então se coloca é o de determinar se este insucesso surge de
dificuldades eletivas ou de causa mais globais sócio-culturais ou afetivas. Não
se deve descuidar a importância das pressões culturais e seu papel na criação
de uma forte motivação na criança. Daí a importância do investimento familiar
na escolaridade de um individuo.
Porém, se a criança tiver problemas de desenvolvimento
funcional esta pressão do meio familiar pode passar de positiva para negativa,
na medida em que a família compreenda mal o fracasso da criança e, por esta
razão, adote uma atitude culpabilizante.
32
4.2.1- Os aspectos funcionais do aprendizado da leitura
Percebemos três grandes causas funcionais nos problemas de
leitura-escrita;
- Os déficits da função simbólica que podem ser observados nas
debilidades.
- Os atrasos ou os defeitos da linguagem.
- Os problemas essencialmente psicomotores.
A escrita, como a linguagem, é essencialmente um modo de
expressão e de comunicação. Entretanto, a linguagem é anterior ao grafismo e
o aprendizado da leitura e da escrita apóia-se numa linguagem expressiva em
cujo nível a sucessão sonora e a qualidade dos sons emitidos não manifestem
déficits patentes. Em outras palavras, antes do aprendizado da leitura, é
preciso ajudar a criança a utilizar a linguagem mais rica e correta possível.
Relacionar os problemas de orientação com a dificuldade de
aprendizado da leitura é algo clássico e que sobressai da evidência. Da
observação desta concordância, passa-se logo a fazer uma relação de caso e
efeito. Na verdade, felizmente, não é necessário que uma criança tenha podido
verbalizar sua direita ou sua esquerda para que possa ser confrontada com o
aprendizado da leitura.
A dificuldade de orientação e o problema de leitura não passam
de dois sintomas ligados à mesma causa: a dislateralidade.
A leitura de um texto é feita graças a uma sucessão de
movimentos oculares bruscos e ritmados, orientados obrigatoriamente da
esquerda para a direita. A organização desta motricidade ocular é muito
precoce.
Os primeiros anos da escolaridade básica estão quase totalmente
voltados para a aprendizagem da leitura. A leitura é a utilização de símbolos
gráficos que por sua vez são símbolos de sons que evocam objetos, ou seja, a
fala é a simbologia sonora de imagens mentais e a escrita é a simbologia
gráfica desses símbolos sonoros.
33
Assim, para que a criança possa aprender a ler corretamente,
deverá:
- Falar corretamente, com boa articulação e boa organização da sintaxe
das frases;
- Possuir um vocabulário rico e diferenciado;
- Compreender que o pensamento pode ser comunicado através de um
conjunto de símbolos sonoros que são a fala ou através de um conjunto de
símbolos gráficos, que são a escrita;
- Ter um desenvolvimento psicomotor que lhe permita a eficaz execução
de todos os pormenores das finas coordenações dos movimentos necessários
aos atos de leitura e de escrita (respiração, articulação, fonação, somestesia,
equilíbrio, percepções espacial e rítmica).
Alguns canhotos têm defeitos de articulação ou dificuldades na
aquisição da função simbólica da linguagem. A. Jadoulle refere uma maior
percentagem de dificuldades de fala em crianças canhotas ou de lateralização
mal definida, o que no entanto não poderá ser generalizável, dado haver muitas
crianças direitas com as mesmas dificuldades.
Na linguagem, a frase é uma seqüência rítmica, sonora, que se
processa temporalmente. A criança, para a leitura, deverá possuir uma
maturidade psicomotora que lhe permita estruturar células rítmicas cada vez
mais longas e mais complexas. As dificuldades de organização rítmica,
aparecem, porém, tanto em canhotos como em direitos, segundo M. Stambak.
As dificuldades de equilíbrio, de somestesia, de coordenação e de
dissociação de movimentos, também estão na origem de muitos problemas de
leitura, tanto de canhotos como de direitos.
Onde os canhotos encontram maiores dificuldades é sobretudo na
área da organização espacial.
A frase escrita ocupa um dado espaço no papel e para se ler uma
frase é necessário que se percebam bem todos os sinais, as suas diferenças e
os espaços que ocupam, ou seja, é necessário que a criança tenha uma boa
34
percepção espacial.
As noções de espacialidade, tais como: dentro, fora, frente, atrás,
direita, esquerda, perto, longe, etc., são noções que se vão adquirindo nas
vivências práticas do quotidiano. Logo, num mundo de direitos, os canhotos
terão menos oportunidades de vivenciação que lhes permitam um
adestramento tão qualitativo como para os direitos.
4,3- Dificuldades de Escrita
A escrita é, antes de mais nada, um meio de comunicação e um
meio de expressão pessoal.Este modo de expressão apóia-se num código
gráfico a partir do qual devem ser encontrados os sons portadores do sentido.
Ele exige, portanto, o desempenho de dois sistemas simbólicos concordes: um
sonoro, outro gráfico.Estas duas exigências fundamentais justificam a
importância concedida à dimensão afetiva e ao nível da função simbólica na
aprendizagem da leitura e da escrita. Entretanto, a constituição do código
gráfico e sua decifração reclamam, por outro lado, a atuação de funções
psicomotoras.
A atividade de escrever implica a imitação de um movimento com direção
definida (de esquerda para direita), a cópia de formas com uma certa
orientação e o desdobramento do movimento no espaço de representação.
Além disso, a criança deve ser capaz de identificar os sons e ter compreendido
a significação simbólica da passagem do som ao sinal gráfico. No plano espaço
temporal, deve estar apta a compreender o código que permite passar da
sucessão temporal antes depois para a transposição gráfica esquerda-direita.
Há algumas particularidades da escrita dos canhotos que são
características:
- Tendência para começar pela última página do caderno;
- Tendência para começar a escrever muito afastado do início ou mesmo
35
quase no fim da linha;
- Saltar linhas (sem que seja falta de atenção ou de organização espacial);
- Inversões em espelho (escrever palavras ou letras ao contrário, sobretudo: E
7,3,5,L);
- Inversões de letras (UO em vez de OU, ON em vez de NO);
- Confusões, como PARTO em vez de PRATO, ESTE em vez de SETE,
etc.
- Umas letras são mais susceptíveis de confusões do que outras (db qp un) e
alguns erros podem parecer ser devidos a confusões auditivas, mas na
realidade devem-se a indiferenciações perceptivo-espaciais: OSSOS em vez
de TREMOÇOS, PORTA em vez de CORTA.
Na escrita manuscrita, as retas efetuam-se normalmente da
esquerda para a direita e de cima para baixo, enquanto que as rotações se
fazem no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, o que é fácil de
executar com a mão direita mas difícil com a esquerda, tendo por isso a
tendência para efetuarem estes traçados no sentido oposto (retas da direita
para a esquerda e de baixo para cima e arcos no sentido dos ponteiros do
relógio).
A "escrita em espelho", que parece uma aberração inexplicável,
aparece bastante nas crianças canhotas que têm sido treinadas a escrever
com a mão direita. Como há uma simetria na organização pratica dos
movimentos das mãos direita e esquerda, quando a criança se distrai e os seus
movimentos automáticos do ato de escrever escapam ao seu controle
voluntário, a sua tendência de escrever da direita para a esquerda emerge e
processa-se sem que ela se dê conta de tal, aparecendo as palavras escritas
em sentido inverso.
O canhoto tem a tendência a dobrar o punho quando escrevem.
Esta postura deve ser corrigida porque além de cansativa, pode causar
deformação na coluna. O certo é escrever com a folha inclinada à 45 . O
canhoto geralmente desenha um perfil voltado para a esquerda, enquanto o
destro para a direita.
36
Freqüentemente as crianças canhotas fazem desenhos que são a
imagem em espelho das figuras que copiam. Isto é natural, sendo expressão
da lateralidade. A criança não deve ser corrigida.
Sobre este ponto, Ajuriaguerra e Diatkine , ( A criança esquerdina- Internet ),
referem que:
- A tendência para escrever da direita para a esquerda é maior nos
canhotos que nos direitos;
- A escrita em espelho é facilmente corrigida em crianças sem outras
dificuldades, mas é difícil e lenta nas crianças com desordens de organização
espacial, psicomotricidade ou mentais.
Sendo a ortografia, para além da aprendizagem das suas regras,
função das capacidades de percepção e de atenção, todas as dificuldades
gnósicas, práxicas e simbólicas, bem como problemas que entravem as
capacidades de concentração (sobretudo de origem afetiva), dificultam a
organização dos automatismos ortográficos, sendo raro que dificuldades de
leitura não se transformem em dificuldades de ortografia.
Erros ortográficos, inversões, inserções, omissões, separações e
confusões, são quase sempre derivados de deficiências instrumentais,
chegando mesmo a aparecer erros gramaticais de pessoa, gênero e número.
Tudo isto produz na criança frustrações, conflitos, hesitações,
bloqueios e estados de tensão que lhe fazem perder muito tempo, a tornam
insegura e se refletem na atividade gráfica.
4,4- Outras Dificuldades
Nas crianças canhotas há geralmente uma falta de jeito e uma
lentidão que geram uma produtividade escolar por vezes insuficiente e de fraca
qualidade, sendo freqüentes as dificuldades da motricidade manual fina.
O canhoto contrariado é ainda mais lento que o esquerdinho que
utiliza livremente a sua mão dominante. Em média a eficiência da mão
37
esquerda, nos canhotos , é inferior à eficiência da mão direita nos direitos, mas
esta situação fica bem patente e marcada nas crianças canhotas contrariadas
ou submetidas a pressões e oposições familiares.
Os canhotos submetidos a estas condições ficam por vezes
marcados psicologicamente, podendo apresentar sentimentos de inferioridade
e de culpabilidade e/ou agressividade recalcada, que podem vir a desenvolver-
se nos quadros carateriais que por vezes acompanham o esquerdismo.
Nos jogos há também alguns problemas. No pembolin, a mesa é
adaptada para os destros. Nas cartas, quando têm-se elas em mão, elas abrem
para a direita para poder vermos os números. Na queda de braço só pode ser
usado o braço direito. No pólo ainda é ilegal canhotos jogarem, a única e
convincente razão para isto é a tentativa de se preservar a segurança dos
cavalos, que são treinados para tacadas do lado direito.
Os objetos são feitos apenas para destros: o abridor de lata, a
tesoura (já há uma sendo lançada), as maçanetas das portas, o corrimão das
escadas na direita, instrumentos musicais de corda, relógio de corda, etc.
Socialmente se cumprimenta usando a mão direita.
Na infância, pode haver problemas emocionais por não conseguir
usar os objetos, o que levam à alguns achar-se desajeitados ou lentos para
aprender.
38
CAPITULO V
CONSELHOS
39
5.1-Conselhos aos Pais:
- Observar a criança, para saber em que situações emprega o lado
esquerdo e que partes do seu corpo utiliza preferencialmente.
- Jamais pensar que "canhotismo" é defeito ou debilidade mental. Trata-se
apenas de uma coisa tão natural como a cor dos cabelos ou dos olhos.
- Nunca contrariar a tendência natural da criança, antes pelo contrário,
criar-lhe um clima de liberdade e espontaneidade;
- Não fazer à criança exigências de perfeccionismo nem transmitir-lhe nada
que possa fazê-la sentir-se imperfeita, incapaz ou culpada;
- Ter em conta que ela poderá ter também insuficiências ligeiras, tais
como:
-falta de habilidade
- certa lentidão
- dificuldades de ritmo
- dificuldades de organização espacial
- etc.
- Proporcionar-lhe jogos de destreza manual (deixando-lhe inteira liberdade
para brincar à esquerda ou à direita, como lhe aprouver), tais como:
- construções
- encaixes
- enfiamentos
- recortes
- colagens
- modelagens
- desenhos com esferográficas de várias cores,
- etc.
A entrada para o Jardim Infantil vai permitir à criança encontrar
um meio que muito a motiva nas suas atitudes pré-instrumentais. É no entanto
necessário um permanente contacto da família com a educadora,
estabelecendo formas conjuntas de apoiar a criança na definição da sua
40
lateralidade e no seu adequado adestramento.
É importante não matricular a criança na escolaridade básica
antes dela ter a maturidade intelectual, verbal e instrumental necessárias para
poder iniciar a aprendizagem da leitura e da escrita. É melhor esperar do que
forçar a criança a iniciar algo para a qual ainda não está devidamente
preparada. Usualmente as crianças canhotas podem ter mais necessidade de
amadurecimento do que as direitas, para iniciar uma aprendizagem da leitura e
da escrita.
O desejo compreensível de alguns pais não quererem que o seu
filho "perca o ano", vem por vezes causar graves problemas onde, se
esperasse um ano, naturalmente, não os haveria (e muitas vezes, devido a
esta pressa, os mecanismos instrumentais ficam desorganizados, acabando
por perder mais tarde mais do que um ano).
É importante que os pais dominem a sua ansiedade perante o
esquerdismo do seu filho e as suas dificuldades. A ansiedade é extremamente
contagiosa e só causa problemas ao normal desenvolvimento da criança.
Alguns pais, com as melhores intenções, chegam a tomar a
iniciativa de impor aos seus filhos, em casa, trabalhos suplementares de leitura
e escrita, temendo que reprovem o ano. Este procedimento vai aumentar a
tensão da criança e sobrecarregá-la com um trabalho que já lhe é penoso na
escola, podendo confundi-la quando a metodologia for diferente da sua
professora, causando-lhe cansaço físico e fadiga mental, que a podem levar a
uma diminuição das suas capacidades de aprendizagem e até a um certo ódio
contra a matéria escolar.
5.2- A Ação dos Professores:
O professor atento nota imediatamente as crianças que
apresentam tendências esquerdinas ou que utilizam indiferentemente ambas
as mãos, nas mais diversas tarefas escolares.
41
Em presença de um destes casos, o professor deverá enviar a
criança a uma consulta psicológica da especialidade, a fim de ser
diagnosticado o tipo de lateralidade e de ser aconselhado sobre os
procedimentos educativos mais adequados para esse caso.
5.3- A Ação da Educadora na Pré-Escolaridade
Proporcionar jogos voltados para áreas de:
- Percepção Visual
- Percepção Auditiva
- Atenção Visual
- Atenção Auditiva
- Memória Visual
- Memória Auditiva
- Percepção Tátilo-Cinestésica
- Expressão Verbal
- Expressão Dramática
- Expressão Plástica
- Expressão Dançada
- Expressão Musical (especialmente voltada para ritmos)
- Jogos de simbologia gráfica (sons-sílabas-letras-significados; letras de
plástico, textos em computador, etc.)
- Noções práticas de lateralidade: direita, esquerda, frente, atrás, longe,
perto, dentro, fora, por cima, por baixo, etc.
- Grafismos no quadro e em papel grande
- Matemática: seriações, associações, quantificações, etc.
- Conhecimento das partes do seu corpo
- Pré-Leitura
- Pré-Escrita
5.4- A Ação do Professor na Escolaridade Básica
A entrada na escolaridade básica e o início das aprendizagens
42
instrumentais requerem um grande esforço de adaptação por parte de todas as
crianças, algumas das quais chegam a necessitar de três e quatro meses para
se adaptarem. Para o canhoto, os obstáculos que opõem a esta adaptação são
mais numerosos, pelo que mais do que qualquer outro necessita de maior
atenção do professor.
O professor deverá estar preparado para compreender e permitir
que a criança canhota trabalhe em ritmo mais lento que as outra e apresente
mais dificuldades, não se inibindo de a encorajar realçando todos os seus
sucessos e evitando atribuir-lhe classificações que sejam apenas a avaliação
do trabalho produzido, olvidando os seus esforços.
Se houver necessidade, o professor não se deverá coibir de
atrasar o ensino da escrita para os casos mais graves, proporcionando-lhes
primeiro bastantes exercícios de pré-escrita que lhes permitam uma adequada
maturação para o início da leitura e da escrita (se o não fizer, pretendendo que
uma criança imatura siga um programa metodológico para o qual ainda não
está preparada, só vai arranjar complicações, aumentando os obstáculos e as
dificuldades).
Nada é mais perigoso para toda a vida escolar de uma criança,
canhota ou não, do que iniciar prematuramente uma aprendizagem para a qual
não tem ainda maturação suficiente
43
CAPÍTULO VI
CRENÇAS E SUPERTIÇÕES
44
É crença no mundo atual, especialmente nos centros
culturalmente inferiores, o fato de que as pessoas canhotas são prejudicadas
socialmente, tendo em vista que as atividades da vida diária são evidentemente
mais adaptadas ao destro, citando-se como exemplo marcante, as cadeiras
escolares. Errado entretanto é treinar o canhoto a usar efetivamente o lado
direito do corpo, tendo o risco de formar no futuro um homem inseguro e com
graves disfunções. O lado dominante do corpo surge naturalmente, e é aquele
que a criança encontra mais facilidade em usar nas tarefas mais refinadas de
cortar, pintar, escrever, desenhar, lançar e arremessar, entre outras.
As roupas de homens e mulheres são abotoados de lados
contrários. Segundo Fincher (1977), o costume veio do período Vitoriano,
quando uma mulher nobre era usualmente vestida por sua empregada, e pelo
fato das empregadas serem geralmente destras, era mais fácil para elas,
abotoarem da esquerda para direita. Ao contrário, um nobre senhor usualmente
se vestiam sozinhos e não precisavam de ajuda para fechar os botões..
As alianças de casamento são usadas no terceiro dedo da mão
esquerda. No início, os egípcios acreditava que a Vena amoris (veia do amor)
ia do terceiro dedo da mão esquerda para o coração e por isso colocavam o
anel de casamento neste dedo que proveria uma relação mais próxima com o
coração da pessoa.
Chineses e europeus acreditam que se alguma pálpebra
esquerda for arrancada algo muito ruim acontecerá, e algo bom irá acontecer
quando alguém arrancar uma pálpebra direita.
Os irlandeses acreditam que quando você está numa viagem e vê
três pega ou pica-pica (uma espécie de corvo) na sua esquerda, você estará
com azar. Dois pegas na sua direita, porém, significa sorte. Você terá um ano
inteiro de sorte quando você ouvir um cuco na sua direita.
45
Se sua palma direita coçar, você ira receber algum dinheiro; se
sua palma esquerda coçar, você perderá dinheiro. Esta superstição pode ser
encontrada na Europa, América, algumas partes da África, e entre alguns
ciganos.
Quando você entrar numa casa da Escócia e pisar primeiro com o
pé esquerdo você estará trazendo demônio ou mal azar para dentro de casa.
Esta é o famoso costume "primeiro passo" que pode ser encontrado na Europa.
Esquimós acreditam que todos os canhotos sejam poderosos
feiticeiros.
Em Marrocos canhotos são considerados como demônios ou
pessoas malvadas.
No passado (talvez isto continue se manifestando nos dias
atuais), todos judaicos tinham que estar longe de algum dos "cem defeitos
físicos" listados por Maimonides. Inclui-se na lista cegos, mancos, anões, etc...
e canhotos.
No budismo, Buda descreve que o caminho para o Nirvana (o
estado de purificação e salvação) se divide em duas partes. Um é o caminho
da mão esquerda que é o jeito errado de se viver, e que as pessoas deveriam
evitar e seguir o caminho da mão direita porque este é o caminho digno para a
purificação da alma.
Nos países islâmicos e na Índia, as pessoas são proibidas de
comer com sua mão canhota porque isto é considerado sujo – literalmente. As
pessoas destes países certa vez já usaram a mão esquerda para limpar o
corpo depois de defecarem, uma vez que o papel higiênico é uma invenção
recente. Esta restrição é um jeito fácil de se distinguir a mão suja da mão com
que se deve comer (eles usam a mão para comer) para propostas higiênica.
46
No Irã, os ladrões capturados têm suas mão direitas decepadas
como punição. O motivo é simples: sem a mão direita, o ladrão precisa usar a
esquerda. Usar a mão esquerda, no Irã, é considerada uma atitude desonrosa.
Essa mão é usada apenas para fazer higiene anal.
O preconceito destro está em todos os lugares como superstição
e herança de costume: fazer o sinal da cruz com a mão direita, entrar em casa
no Ano Novo com o pé direito, quando alguém está infeliz dizemos que ele
acordou com o pé esquerdo.
47
CONCLUSÃO
Não há dois canhotos iguais, tal como não há duas pessoas
iguais. Cada caso de esquerdismo deverá ser considerado como caso único e
singular. Cada criança canhota possui as suas próprias características
específicas e é em função destas que se deve delinear a estratégia educativa a
adotar.
Não há receitas educativas que se possam aplicar genericamente
aos canhotos. Cada caso deverá ser devidamente avaliado pelo psicólogo e só
após efetuado o diagnóstico será possível o aconselhamento aos pais e
educadores dos princípios educativos mais apropriados para cada um.
Se insistirmos numa regra geral, ela será a de ajudarmos a
criança a lateralizar nitidamente o seu lado dominante.
Quando a lateralidade é indefinida ou ligeiramente esquerda,
aconselha-se uma educação da direita, mas controladamente, sob a
observação do psicólogo especialista, eventualmente parando e optando pelo
esquerdismo, ao mínimo sinal de perturbação emocional.
Se a lateralidade é nitidamente esquerda e resistiu aos primeiros
anos de uma retificação do meio (sem brutalidades nem pressões), é
necessário que se encoraje o canhotismo ao mesmo tempo que se procurará
dissipar tudo o que eventualmente possa ter trazido para a criança sentimentos
de inferioridade. Segundo Ajuriaguerra, a educação da mão esquerda é
nitidamente indicada em todas as crianças cujo esquerdismo seja
acompanhado de insuficiência intelectual, atraso motor ou de dificuldades de
natureza afetiva.
Se decidirmos educar a mão direita, num canhoto, há que ter em
conta um certo número de precauções:
- Fazer com que a criança aceite esta aprendizagem como um enriquecimento
seu;
- Evitar qualquer rigor, deixando a criança utilizar a mão esquerda quando
quiser;
- Não olvidar ou repudiar a mão esquerda nas tarefas que não são a escrita,
48
deixando-lhe inteira liberdade nas ações da vida corrente;
- Estar com muita atenção às reações caracteriais durante esta aprendizagem,
sobretudo comportamentos de oposição ou demissão.
Há crianças que sendo canhotas, podem utilizar
espontaneamente a sua mão esquerda em todas as ações da vida quotidiana,
ao mesmo tempo que podem aprender a escrever com a mão direita sem
quaisquer dificuldades, evitando assim os problemas se escrever com a mão
esquerda.
Outras crianças, porém, não conseguem fazê-lo, entrando em
situação de problema e após algumas tentativas infrutíferas voltam à mão
esquerda, o que deve ser apoiado ao mesmo tempo que se tomam medidas no
sentido de ajudá-las a ultrapassar algum sentimento de frustração que possa
ter surgido pelo seu fracasso em escrever com a direita.
Se a criança é ambidextra, a pior situação em que se poderá
encontrar uma criança que se pretende ajudar a aprender a escrever, pois que
não é boa à direita nem à esquerda, entravando-a nos seus circuitos
neurológicos mais do que se ela fosse direita ou esquerda, poder-se-á começar
por um adestramento à direita, com todos os cuidados já atrás referidos.
Para uma boa destreza na escrita, interessa sempre uma
pronunciada predominância. Quando uma criança está nitidamente lateralizada
à esquerda, é sempre conveniente educá-la à esquerda. Nestes casos, a
decisão, depois de diagnosticada a sua tendência natural, deverá ser
estabelecida pelo psicólogo, pela família e pela escola.
49
BIBLIOGRAFIA
Fonseca, Vitor da -Psicomotricidade: Filogênese, Ontogênese e
Retrogênese.
2 ed. Revista e aumentada – Porto Alegre
Artes Médicas,1998.
Le Boulch, Jean – Educação Psicomotora: psicocinética na idade
escolar. – Porto Alegre
Artes Médicas, 1987.
Lofiego, Jaquelinne Lanza – Disgrafia:Avaliação Foaudiológica.
Livraria e Editora Revinter Ltda-RJ, 1995
Rosadas, Sidney de Carvalho – Educação Física Especial para
Deficientes.
2 ed. Livraria Atheneu RJ/SP –1986
Souza, Romeu Rodrigues de – Anatomia para Estudantes de
Educação Física.
Editora Guanabara Koogan S.A. – Rio de Janeiro-RJ 1982
http://www.cerebronosso.bio.br/paginas/canhoto.html
http://www.oficinacriativa.com.br/htm
http://www.geocities.com/dnamp3/canhoto/htm
http://www.geocities.com/dnamp3/canhoto/criança.hrm
ÍNDICE
AGRADECIMENTO III
DEDICATÓRIA IV
RESUMO V
METODOLOGIA VI
SUMÁRIO VII
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
O Dois Lados Do Cérebro
1.1 – O cérebro 11
1.2 – Hemisfério Esquerdo 13
1.3 – Hemisfério Direito 13
1.4 – Localização Inter-hemisférica 14
1.5 – Modalidades dos Hemisférios 16
CAPÍTULO II 17
Causas do Canhotismo
2.1 – Causas do Canhotismo 18
2.2- Genética 18
2.3- Hormônios 19
2.4- Influência sócio-cultural 19
2.5- Fatores Mecânicos 19
2.6- Patologias ou problemas de parto 19
2.7- Grau de Preferência 19
CAPITULO III 21
Lateralidade
3.1- Evolução da Lateralidade 22
3.2- Lateralidade 23
3.3- Fortalecimento da lateralidade 25
3.4- Exercícios de reforço da lateralidade 26
3.4.1- Exercícios de manipulação 26
3.4.2- Jogos 27
3.4.3- Atitudes 27
3.5- Preferência por umas das mãos 27
CAPÍTULO IV 30
Problemas e discriminação dos canhotos
4.1- Dificuldades escolares 31
4.2- Dificuldades de leitura 31
4.2.1- Os aspectos funcionais 32
4.3- Dificuldade de escrita 34
4.4- Outras dificuldades 36
CAPÍTULO V 38
Conselhos
5.1- Conselhos aos Pais 39
5.2- Ação dos Professores 40
5.3- Ação da Educadora na pré-escolaridade 41
5.4- Ação do Professor na escolaridade básica 41
CAPÍTULO VI 43
Crenças e Supertições
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA 49
ANEXOS 51
Folha de Avaliação
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas
Pós-Graduação “Latu Sensu”
Titulo da Monografia:
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Data da Entrega:_________________________
Avaliado por:________________________________Grau ________________
Rio de Janeiro, _____ de ________________de 20___
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Coordenador do Curso
ANEXOS 5
ANEXOS 6