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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O BRINCAR E O BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Tatisa Corrêa de Almeida Orientador Prof. Mary Sue Rio de Janeiro 2005

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CORRÊA DE ALMEIDA.pdf7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I Considerações Históricas a Respeito do Aparecimento do Brinquedo na

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O BRINCAR E O BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Tatisa Corrêa de Almeida

Orientador

Prof. Mary Sue

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O BRINCAR E O BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Educação Infantil e Desenvolvimento. São os

objetivos da monografia perante o curso e não os

objetivos do aluno.

Por: Tatisa Corrêa de Almeida

3

AGRADECIMENTOS

... A Deus, aos meus pais Fernando e

Eni, ao meu irmão Tarlis, ao meu

namorado Cristiano que muito me

ajudaram a concluir esse curso.

4

DEDICATÓRIA

...dedica-se aos professores e a todos

que me ajudaram de alguma forma a

concluir este trabalho.

5

RESUMO

Este tema foi escolhido de modo que possa acrescentar saberes e

experiências de diversos autores e estudiosos, considerando a brincadeira

como uma atividade cultural que tem um papel fundamental no

desenvolvimento infantil e na construção da identidade sócio-cultural da

criança.

É brincando e jogando que a criança ordena o mundo a sua volta,

assimilando experiências e informações e, sobretudo incorporando atividades

e valores.

6

METODOLOGIA

Este trabalho se presta através de leitura de livros, uma tentativa de

apenas provocar, preliminarmente no educador, uma mudança de atitude em

relação ao lazer infantil, visando assim uma pratica mais observadora e critica,

uma visão analítica da brincadeira e fazer com que o mesmo reconheça

amplamente a importância da atividade lúdica no desenvolvimento e na

educação da criança que perpassa em sua fantasia, imaginação e criatividade

no processo de ensino-aprendizagem.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Considerações Históricas a Respeito do Aparecimento do

Brinquedo na Educação 10

1.1 – Brinquedo: a complexidade de um conceito 16

1.2 – A natureza lúdica do ser humano 18

CAPÍTULO II

A criança lúdica 21

2.1 – A criança desde o nascimento ao primeiro ano 23

2.2 – A criança entre dois a quatro anos 28

CAPÍTULO III

Brinquedoteca: resgate de infância ao mundo mágico do brincar 32

3.1 – Origem histórica: da Europa para o Brasil 33

3.2 – Função e diferentes tipos de brinquedotecas 36

3.3 – Organização e funcionamento da brinquedoteca: seleção,

registro, classificação, conservação e empréstimo de brinquedos 37

3.4 – Diferentes espaços (cantinhos) e uma equipe para a

brinquedoteca 40

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

ÍNDICE 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

8

INTRODUÇÃO

Talvez tenhamos parado poucas vezes para observar crianças

brincando, mas se o fizermos, vamos aprender muito sobre elas, mas

principalmente, sobre os caminhos que levam o ser humano à construção da

sua inteligência, do seu conhecimento e da sua felicidade.

Nesse sentido, quando a criança brinca, muitas coisas acontecem e ao

mergulhar em sua atividade lúdica, ela organiza-se todo o seu ser em função

de sua ação e exercita a sua capacidade de concentração, de descobrir, de

inventar, de criar, de imaginar, sendo este momento muito sagrado para ela.

Além do mais, ao brincar está exercitando o seu direito e o seu dever

de crescer harmonicamente, desenvolvendo o potencial que Deus lhe deu, ou

seja, o direito de brincar.

Assim sendo, é brincando que ela expressa sentimentos, emoções que

ela mesmo desconhece; que manifesta as suas potencialidades e, desse

modo, através de experiências as mais variadas, vai aprendendo a viver,

libertando-se de seus medos e amadurecendo de dentro para fora,

devagarinho e com a segurança que só as coisas naturais e verdadeiras

oferecem.

Portanto, é nesse processo tão lindo, tão mágico, que a criança tem o

seu ritmo próprio e, acelerá-lo é prejudicá-lo, pois pela sua condição de ser em

desenvolvimento, toda a criança tem direito a viver sua infância como deve ser

vivida, com respeito também às suas necessidades lúdicas e afetivas.

Felizmente, agora já se sabe que a infância tem que ser respeitada e

que a criança não é um adulto em miniatura. Segundo Santos (1997), a partir

da descoberta da infância e da associação da criança ao brincar, termos como

brinquedos e brincadeiras conotam criança.

Sabemos que não são poucos os estudos e as discussões sobre o

papel do brincar, do brinquedo e da brincadeira na educação infantil, bem

9

como as variadas interpretações a que nos remetem, as quais tem oscilado

através dos tempos.

No entanto, a atividade do brincar ainda é vista por muitos apenas

como uma atividade natural, orientada ou não, que promove apenas o prazer e

o lazer da criança.

Algo preocupante diante da realidade educacional ainda presenciada

na educação da criança pré-escolar, fato que provocou em mim, como

educadora, uma inquietação, levando-me a optar pelo lúdico.

10

CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS A RESPEITO DO

APARECIMENTO DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO.

Ao procurar estudar aspectos sobre o lúdico, em especial od

brinquedos, os jogos e brincadeiras, deparamos com uma grande dificuldade,

a quase inexistência de estudos teóricos sobre como as crianças brincavam no

passado, quais as relações entre suas brincadeiras e vida social, assim como a

aplicação do jogo na vida escolar.

Em relação ao convívio na escola, no passado, as informações são

mais escassas ainda. O que sabemos a respeito desse segmento da vida da

criança no lar e na escola é conseguido através de ilustrações, obras de arte,

cartas, memórias, etc.

Na sociedade ocidental da atualidade, sempre que se fala na criança e

na sua educação, bem como nos seus cuidados, faz-se uma referencia ao

brincar.

Normalmente, a aceitação da brincadeira como parte da infância é

resultado de uma visão social de que o brincar é uma atividade inata inerente à

natureza da criança.

Somente com o rompimento do pensamento romântico que a

brincadeira, da maneira como a concebemos atualmente, ganhou terreno na

educação infantil.

Hoje, partindo de um conjunto de obras que retratam a história de

várias sociedades do passado é que se tentou construir um pedaço da história

do brinquedo e formular idéias a respeito de sua união com a aprendizagem e

o desenvolvimento da criança.

Assim, tentamos com um mero esforço reunir coletâneas de alguns

artigos e livros que abordaram, ainda que de passagem, da vida cotidiana de

várias sociedades ou culturas que mais próximas estiveram da formação da

11

mentalidade ocidental, que influenciaram também nossas práticas

pedagógicas.

Comecemos então pelo lúdico na Bíblia e os estudos sobre o

cristianismo primitivo. Mesmo que não se encontre na Bíblia muitas

referencias a problemas e costumes sociais há algumas de suas passagens

que mencionam o lúdico e a infância.

Rosamilha (1979) menciona, por exemplo, que no livro de Zacarias

(8.5), encontramos a seguinte passagem:

“As praças da cidade encher-se-ão de jovens e de

crianças que brincarão em suas praças.”

Nos tempos atuais, autores cristãos retomam a temática do lúdico de

forma menos dogmática revisando antigos ensinamentos, passando a atribuir

ao brinquedo um significado importante para o desenvolvimento infantil.

No que se refere a tradição helenística de educação, do ponto de vista

do recreio, dos brinquedos, das atividades lúdicas diz-nos Marrou (1973) que a

criança grega, como a nossa ocidental moderna, entra no mundo da música

pelas cantigas de acalanto, na literatura pelos contos de amas-de-leite, de

cujas fábulas fazia parte também personagens animais, bruxas, figuras

temíveis, e outros mitos e lendas.

Em torno dos jogos educativos, foi possível encontrarmos um resumo

sobre o seu aparecimento ao longo da história.

Pode-se situar na antiga Roma e Grécia o surgimento das primeiras

reflexões em relação a importância do brinquedo na educação.

Platão já comentava o quão era importante para a criança “aprender

brincando”, em objeção a utilização da violência e da punição. Ele já defendia

que a responsabilidade e que os deveres necessitariam ser aprendidos, de

forma agradável e prazerosa sem castração do individuo. Da mesma maneira,

Aristóteles seguindo esta mesma linha sugeriu para a educação das crianças

pequenas, o uso dos jogos que imitassem atividades sérias de ocupações

adultas, de modo a prepará-la para a vida futura.

12

Na Antigüidade, utilizavam-se dados, bem como doces e guloseimas

com formato de letras e números para o ensino das crianças. A importância da

educação sensorial nesse período determinou, portanto, o uso do “jogo

educativo” por professores das mais diversificadas áreas.

Todavia, com o advento do Cristianismo o interesse pelo jogo passou

por um sério declínio. A sociedade crista impôs uma educação disciplinadora

através de dogmas, da memorização e da obediência. Deste modo, é castrado

o desenvolvimento da inteligência, não havendo lugar para a expansão dos

jogos.

Entretanto, essa atitude de reprovação do jogo sofreu modificações ao

longo do século XVII, principalmente sob a influencia dos jesuítas.

Segundo Mary Del Priori (1991), a partir do século XVI propagavam-se

duas representações infantis que estavam na base da educação das crianças

índias e mestiças no Brasil: ou seja, o mito da criança-santa e o da criança que

imita Jesus, cujas brincadeiras serviriam de base para uma educação

disciplinar e integradora.

A partir do Renascimento, com a mudança na linha do pensamento,

percebe-se a possibilidade educativa do jogo, reabilitando-o por uma série de

novas concepções pedagógicas. Passou-se a considerar as brincadeiras e os

jogos como uma maneira de resguardar a moralidade dos “miniadultos”.

Proibindo-se os jogos considerados “maus” e recomendando-se àqueles

considerados “bons”.

A brincadeira, neste período sendo vista como um comportamento

infantil e espontâneo ganhou um valor em si, ou seja, passou a ser concebida

como uma atividade inata, vindo a ocupar papel especial como um dos

mediadores entre as crianças e o mundo.

No entanto, vale ressaltar que somente após a ruptura do pensamento

romântico, que a valorização da brincadeira ganhou espaço na educação das

crianças pequenas.

O surgimento de um novo sentimento de valorização da infância

ganhou grande contribuição com os trabalhos de Comenius (1593), Rousseau

(1712) e Pestalozzi (1746). A valorização da brincadeira aqui se baseia em

13

uma “concepção idealista e protetora da infância” (Wajskop, 1995). Aparecia

em proposta educativa emergentes dessa época que eram voltadas para a

educação dos sentidos da criança, fazendo uso de brinquedos e centrados na

recreação.

A infância, entendida como período especial na evolução do ser

humano, dotada, de uma especificidade, batizada por Áries (1986)

posteriormente como “sentimento de infância” traz em decorrência a adoção de

práticas educativas que predominam até hoje: a criança passa a ser vestida de

acordo com sua idade, brinca com cavalinhos de pau, piões e passarinhos e

tem permissão para se comportar de modos distinto do adulto.

Sob a influencia dos pensamentos e das filosofias de suas épocas,

cada um à sua maneira, os pedagogos Friderich Froebel (1782-1852), Maria

Montessori (1870-1909) e Óvide Decroly elaboraram pesquisas a respeito das

crianças pequenas, legando à educação grande contribuição sobre seu

desenvolvimento.

Froebel por exemplo inaugurou uma educação institucional baseada no

brincar, organizando seus “jardins de infância”, os KINDERGARDEN, na

Alemanha.

A constatação e a valorização da brincadeira considerada atividade

espontânea da criança pela Psicologia e pela Psicanálise ajudaram e incitaram

também a educação de uma criança brincante.

As teorias psicológicas de desenvolvimento, de Piaget, Wallon e

Vygotsky e pedagógicas, de Froebel, Decroly e os teóricos da Escola Nova,

como Dewey contribuíram para a formação de uma criança que se define

socialmente pelo brincar ativo.

A divulgação da Psicologia do desenvolvimento e sua influencia nas

creches e escolas maternais a partir dos anos 60/70, inauguraram uma

infância marcada como período básico do desenvolvimento do ser humano,

salientando o papel da brincadeira na educação infantil.

Entretanto, sob a influencia de teóricos como Froebel e Montessori,

percebe-se que nos dias de hoje, grande parte das escolas tem didatizado a

atividade lúdica das crianças, descontextualizando seu uso dos processos

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cognitivos e históricos por elas vivenciados. Vê-se que é dada a prioridade a

utilização de materiais didáticos e brinquedos pedagógicos, procurando

também adotar uma metodologia lúdica como meios de ensino e transmissor

de conteúdos programáticos definidos pelo próprio professor.

Em decorrência disso, a criança nesse tipo de atividade lúdica fica sem

autonomia para decidir se vai ou não brincar, de que maneira (sozinha ou em

grupo), que papel irá assumir e fica sem ação ao escolher um objeto que

desencadeará ou não a sua brincadeira.

É pois, neste poder de decisão adquirida pela criança ao desenvolver a

sua brincadeira, que ela vai construindo mais e mais a sua autonomia e sua

identidade.

No entanto, ao ser controlada pelo adulto, assegura-se apenas a

transmissão do conteúdo didático, utilizando o interesse da criança pela

brincadeira para somente guia-la para a escola, uma vez que a criança fica

impossibilitada de criar suas brincadeiras de forma independente.

A brincadeira quando existe, é caracterizada de forma didatizada, ou

seja, ela se torna pretexto para ao treinamento de noções de forma, tamanho,

cor, domínio de movimentos corporais, etc.

Desse modo, pode se constatar que essas práticas não pressupõem

uma ação educativa planejada e consciente com relação ao brincar por parte

do educador.

Por outro lado, se considerarmos que a criança está inserida no meio

social desde o seu nascimento e, portanto, é considerada como um ser social

que modifica e é modificado pelo meio na medida que interage com outros

sujeitos que compõe a sua sociedade, a brincadeira assume um caráter

totalmente diferenciado, será entendida como uma atividade social da criança.

Sendo encarada nesse sentido, a brincadeira assume grande valor

educativo, pois dá margem à construção do conhecimento por parte da

criança, à medida que se desenvolve e conhece o mundo no qual está

inserida.

A importância do aparecimento do jogo, em especial da brincadeira na

educação, como se viu tem oscilado ao longo dos tempos.

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Antes, o jogo era ligado a recreações e situações que não tinham

relação com o trabalho escolar. Admitia-se que o jogo não servia para a

formação moral nem contribuía para o desenvolvimento cognitivo. Da união

entre o jogo e o ensino surge o jogo educativo como suporte da ação docente,

e a brincadeira tem lugar na educação somente como uma forma de recreação

e de cunho assistencial.

Mas é durante o século XIX que a brincadeira passa a fazer parte

integrante da vida da criança, embora com função preparatória, didatizando a

atividade lúdica da criança, trazendo assim desvantagens à Educação Infantil,

uma vez que a brincadeira ficou exclusivamente sob o julgo da escola e como

uma atividade estabelecida e controlada pelo professor, tirando da criança o

poder e o prazer de brincar.

Ao conceber a criança como sujeito social e histórico, a brincadeira

assume um outro sentido, ela é vista como uma atividade que é construída

socialmente e culturalmente em cada meio social ou cultural. A criança ao

brincar está entrando em contato coma sua cultura, confrontando-se

constantemente com a sua realidade, bem como estabelecendo um

intercâmbio cultural com as demais crianças que constituem o seu grupo

escolar.

Em suma, a brincadeira nessa visão é uma situação privilegiada de

aprendizagem infantil. Definida por Vygotsky (1984)

“A brincadeira tem papel fundamental no processo de

desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança”.

Conceber desta forma a brincadeira na sua relação com a educação

infantil leva-nos a uma reflexão sobre a pratica cotidiana em nossos pré-

escolares que tem atribuído maior importância às brincadeiras didatizadas, pré-

estabelecidas, em detrimento daquelas espontâneas e decididas pela própria

criança.

É necessário para isso, despertar nos profissionais que lidam

diariamente com as crianças um novo olhar sobre o brincar infantil. Pois,

observar e registrar as brincadeiras espontâneas das crianças, assim como

nossas idéias, dúvidas e dificuldades diante dessas situações pode ser um

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grande passo para que comecemos a modificar nossa própria prática

profissional, sendo também o professor um elemento integrante das

brincadeiras infantis.

1.1 – Brinquedo: a complexidade de um conceito.

Tentar definir brinquedo não é tarefa fácil. Quando se pronuncia a

palavra brinquedo cada um pode entendê-la de modo diferente. Muitos são so

significados e as conceituações dadas a esta palavra.

Vários autores também apontam esta dificuldade. Ao darem significado

a brinquedo e ao ato de brincar vão de encontro a uma diversidade de

respostas, como locomoção, manipulação, exploração, integração social de

crianças e muitas outras. Há ainda aqueles que concebem brinquedo como

jogo e jogo como brinquedo.

Desde modo, devido à complexidade encontrada na conceituação de

brinquedo e jogo, foi necessário abordar conceitos e/ou significados atribuídos

por alguns teóricos referentes a brinquedo e jogo e, discutiu-se o lúdico no ser

humano e, especialmente, na criança.

Ao pesquisar o sentido etimológico do verbete brinquedo no português

e em outros idiomas, nota-se também que a definição das noções de

brinquedo, de jogo, e de brincar apresenta uma grande complexidade.

Na Enciclopédia Mirador Internacional (1975) no verbete brinquedo,

esta palavra aparece no século XIX derivada, por sua vez de brinco, jogo de

crianças, divertimento, folguedo, do século XIII, sendo portanto originada de

brincar.

No entanto, há controvérsias sobre a origem do brincar. Poderia ser

do alemão blinken, brilhar, cintilar, como evolução para o sentido de agitar-se,

semelhante a palavra latina caruscare, brilhar, luzir, agitar-se.

Outra hipótese é que teria vindo de brinco, de enfeite da orelha, de

forma anular, que também enfeitava a chupeta das crianças.

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Entre nós o termo brincar é oriundo do latim vinculum, que quer dizer

laço, união. Tal siginificado, não possui equivalente nas línguas européias

possuindo uma especificidade. (Santa Roza, E. 1993, p. 23).

Já no Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Ferreira (1975) temos

as seguintes acepções para brinquedo: “objeto que serve para as crianças

brincarem”; “jogo de crianças, brincadeira”; “divertimento, passatempo”; “festa,

folia, folguedo”. A palavra brinco também pode ser entendida nesse sentido de

“brinquedo”, mas é menos usada.

Encontramos ainda brincar como “divertir-se infantilmente, entreter-se

uma jogos de crianças ou recrear-se, distrair-se, folgar”.

Temos também o verbete lúdico que deriva do latim ludus, mais

abrangente, que remete às brincadeiras, aos jogos de regras, a competições,

recreação, representações teatrais e litúrgicas.

Vale ressaltar que o ato de jogar é extensivo tanto às noções de

brincar quanto a várias outras atividades, de modo semelhante ao das outras

línguas, sendo usado mais frequentemente para definir passatempos e

divertimentos sujeito as regras.

Desta forma, pode-se afirmar como foi observado até o momento, que

jogo e brinquedo em português são empregados indistintamente, embora na

maioria das vezes, as pessoas se refiram à palavra jogo quando a brincadeira

envolve regras e a brinquedo quando se trata, apenas, de uma atividade não

estruturada.Rosamilha (1979) faz referencia aos termos que, em outros

idiomas, equivalem, em nosso meio ao termo brinquedo, como o termo alemão

“spielen”, o do francês “jouer”, o do espanhol “juguete”, o do italiano “gioco”, o

do russo “ígra”, que são usados tanto para o brinquedo como para o jogo.

Já o termo inglês “toy” tem origem desconhecida e, o termo “play”

apresenta um significado com grande ambigüidade.

Helms (1976) ressalta a palavra “play” como um procedimento

composto de uma gama imensa de atividades. Assim, “play” refere-se àqueles

padrões comportamentais espontâneos que emergem quando alguém se

entrega a uma atividade não estruturada, unicamente pelo prazer que esta lhe

proporciona.

18

Tecnicamente, diz ainda o autor acima, que “play” difere de “games”

que mostra uma estrutura em forma de regras. Ainda que seja não estruturado

como é o “play”, “game” requer um certo grau de conformidade a regras por

parte dos participantes, como no caso de bolas de gude ou no caso do

“baseboll”.

Assim, é através da participação das crianças em “games” que elas

aprendem o significado e o valor das regras e também compreendem os

papéis atribuídos aos companheiros.

Pelo que foi exposto, pode-se concluir que há dificuldade de encontrar-

se uma definição do brincar a partir dos próprios termos “jogo” e “brinquedo”, e

vemos que isso ocorre não só na língua português como também em outros

idiomas. Talvez isso aconteça porque a maior parte da bibliografia utilizada

entre nós seja de língua francesa ou inglesa, e as traduções disponíveis nem

sempre classificam as diferenças.

1.2 – Natureza lúdica do ser humano.

A importância do brinquedo e do jogo como veiculo para o

desenvolvimento social, emocional, e intelectual tem sido reconhecida há

muitos anos por pesquisadores educacionais.

Assim, desde Froebel e Claparéde o jogo e/ou brinquedo tem sido

considerado como um meio importante no desenvolvimento e na

aprendizagem do infante.

Por outro lado, até hoje vem sendo encarado como alguma coisa

frívola e sem significado, pois é preterido na Escola por tarefas mais sérias,

mais didáticas.

Entretanto, autores como Huizinga já ressaltava o valor do brinquedo e

do jogo na vida do individuo e na formação da cultura.

Segundo estudos, verifica-se que o ser humano tem recebido várias

designações: “Homo sapiens”, porque tem como função vital o raciocínio para

aprender, apreender, conhecer e reconhecer o mundo; “Hono faber”, porque

19

fabrica objetos e utensílios; e “Homo ludens”, porque é capaz de dedicar-se à

atividade lúdica, isto é, pelo jogo.

O ato de jogar é tão antigo quanto o próprio homem, pois este sempre

manifestou uma tendência lúdica, isto é, um impulso para o jogo.

Em seu “Homo Ludens” Huizinga (1971) diz o seguinte:

“Encontramos o jogo na cultura como um elemento dado

antes da própria cultura, acompanhando-a e marcando-a

desde as mais distantes origens até a fase de civilização

que agora nos encontramos”.

No entanto, ainda se acordo com o autor acima, o jogo não se limita

apenas à humanidade, seria anterior ao próprio homem, pois já era particado

por alguns animais.

Ele também menciona que:

“os animais brincam tal como os homens... convidam-se

uns aos outros para brincar mediante um certo ritual de

atitudes e gestos. Respeitam a regra que os proíbem

morderem, ou pelo menos com violência, a orelha do

próximo. Fingem ficar zangados e, o que é mais

importante, eles, em tudo, parecem experimentar um

imenso prazer e divertimento”.

Esta ação é observada principalmente com os animais de estimação,

pois muitas pessoas certamente já tiveram a oportunidade de ver seu gato ou

cachorro em casa, brincando, isto é, correndo atrás de algum objeto para

pegá-lo, divertindo-se com seu dono ou com eles mesmos.

Para Piaget, essa atividade lúdica dos animais é de origem reflexa ou

instintiva (lutas, perseguições etc.), como nos casos dos gatinhos que lutam

com a mãe e a mordiscam, sem feri-la.

“Nas espécies superiores, como o chimpanzé, que se

diverte a fazer a água correr, a juntar objetos ou a destruí-

los, a dar cambalhotas e a imitar os movimentos de

marcha etc, e na criança, a atividade lúdica supera

20

amplamente os esquemas reflexos e prolonga quase

todas as ações”. (Piaget, 1971, p.146)

Nesta perspectiva, nota-se que o jogo ultrapassa a esfera da vida

humana, sendo, portanto, anterior à cultura.

Quanto à relação existente entre o jogo e a cultura, Huizinga realizou

um estudo profundo sobre o assunto, abordando a função social do jogo desde

as sociedades primitivas até as civilizações consideradas mais complexas.

De acordo com a tese desse autor, a cultura surge sob forma de jogo,

sendo que a tendência lúdica do ser humano está na base de muitas

realizações na esfera da Filosofia, da Ciência, da Arte (em especial da música

e da poesia), no campo militar e político e até mesmo na área judicial.

Para Huizinga o jogo é um fenômeno eminente cultural e, segundo ele,

“é no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve”.

Portanto, a idéia básica desse autor é que, além dos jogos que são

normalmente incorporados à cultura de um povo, a própria cultura se forma e

se desenvolve impulsionada pelo espírito lúdico.

CAPÍTULO II

A CRIANÇA LÚDICA.

A criança, ao longo da história e da evolução do homem, nem sempre

foi considerada como é hoje.

A trajetória histórica social das crianças, sua inserção na sociedade,

seu papel social e o atendimento oferecido a ela, ontem e hoje, refletem

diferentes concepções de infância.

Desse modo, para abordarmos a trajetória do brincar na vida da

criança e importância para o seu desenvolvimento a nível intelectual,

21

emocional, afetivo, entre outros, é preciso que busquemos numa breve síntese

conhecimentos que nos remetem às concepções de infância,

especificadamente, de criança, dos primórdios aos dias atuais.

Nesse sentido, numa retrospectiva em épocas passadas nota-se que a

criança era caracterizada como um ser frágil, inocente, gracioso, imperfeito e

incompleto e, por sua vez, a infância parecia estar mergulhada no anonimato,

sucumbindo diante de uma sociedade que aparentava existir somente em

adultos.

Sendo assim, a criança passava por um processo de “adultização”

sendo transformada em um adulto miniatura, adquirindo costumes e hábitos

dos adultos.

Entretanto, estudos e pesquisas, têm revelado, em sua maioria, uma

nova visão de criança que nos permite compreender seu desenvolvimento e a

maneira como ela constrói seu conhecimento, entendendo-a como um sujeito

que, desde o nascimento, está inserida num contexto social e dele participa

ativamente.

Assim, nos dias atuais, uma nova concepção de criança vem ocupando

espaço no panorama educacional, ou seja, a criança como ser social e

histórico, como ser constituidor e constituído por seu contexto e pelas relações

que estabelece com outros sujeitos favorecendo o desenvolvimento global do

mesmo.

Vale ressaltar que estas contribuições são de grande valor na medida

em que nos fornecem subsídios para planejar e organizar atividades

compatíveis com cada etapa evolutiva da criança e nos revelam que a criança,

como qualquer outro ser humano, constrói conhecimento.

Os estudos recentes têm desvelado também que as atividades lúdicas

são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento infantil, porque para a

criança não existe atividade mais completa e prazerosa do que o brincar, pois

é através da brincadeira que a criança penetra no meio sociocultural do adulto,

constituindo-se num modo de assimilação e recriação da realidade.

22

Portanto, percebe-se que a trajetória do infante não pode ser pensada

somente pela ótica da razão, pois ela também perpassa pelo caminho do

brincar.

É, pois, partindo do principio de que a criança é um ser social e

histórico e que a apropriação do conhecimento acontece desde o seu

nascimento, isto é, o seu desenvolvimento se dá num espaço e tempo através

de sua participação com seus pares, sendo o brincar a sua atividade mais

completa, é que procuramos subdividir este item, na tentativa de apresentar de

forma mais detalhada cada etapa evolutiva de seu desenvolvimento, não

deixando de enfocar o brincar como estratégia potencializadora do

desenvolvimento, que certamente contribuirá na relação criança-adulto-

brinquedo-desenvolvimento.

Devemos lembrar que todas as crianças passam pelos mesmos

estágios, mas cada uma delas têm diferentes fatores que interferem no seu

desenvolvimento, e não apenas a idade, pois é em função da heterogeneidade

de contextos e vivencias, que cada criança constitui sua maneira única de se

desenvolver e de buscar o conhecimento, é apenas uma questão de tempo, de

respeito a individualidade de cada uma delas.

2.1 – A criança desde o nascimento ao primeiro ano.

Ao nascer a criança nada mais é do que um ser com muitas

potencialidades de crescimento e desenvolvimento que precisa adaptar-se a

um mundo novo que deverá conhecer e compreender, em muitas de suas

tentativas ao explorar o ambiente no qual vive constituirá a base de sua futura

atividade lúdica.

Segundo Piaget, (1973), a criança de zero entre dois anos encontra-se

no estágio de desenvolvimento descrito por ele como sensório motor, que se

divide em seis subestágios dos quais descreve as aquisições principais de

desenvolvimento da criança. Este abrange desde os comportamentos reflexos

dos primeiros meses de vida do bebê até o início das representações mentais

23

ou imagens que são os primeiros esboços do pensamento infantil. Nesta

época, como nos diz Cunha (1998), a criança adquire as informações

basicamente através de órgãos do sentido e as suas repostas se caracterizam

por ações motoras que vão se aperfeiçoar com a maturação.

Desse modo, o recém nascido encontra-se imerso num mundo de

impressões visuais, gustativas, sonoras e táteis, não tendo consciência do

“eu”.

Conforme nos aponta o próprio Piaget:

“( ) O eu, no início, está no centro da realidade, porque é

inconsciente de si mesmo e à medida que se constrói

como uma realidade interna ou subjetiva o mundo exterior

vai-se objetivando”. (1985, p.19)

No entanto, mesmo na mais tenra idade, o bebê busca significados

procurando dar um sentido à sua existência e, ao mesmo tempo em que

integra sua personalidade, entra em contato com o seu “eu” pelo brincar.

Quanto ao brincar acredita-se que seja um componente que está

presente desde que a criança nasce, mas que se manifesta de maneira diversa

do das maiores, assim como o é todo o seu conhecimento.

Sendo assim, as primeiras brincadeiras do bebê do nascimento aos

três meses estão relacionadas à descoberta do eu corporal, pois lidar com seu

corpo é uma grande e importante brincadeira da criança, ou seja, é descobri-lo

e, portanto, descobrir a si mesmo. Esta autodescoberta se desenvolve a partir

da percepção de suas possibilidades e limitações que vai se aguçando

conforme o bebê amadurece e brinca com seu corpo, com o corpo da mãe e

dos adultos que cuidam dele. Ele brinca, primeiramente com as mãos e os pés,

depois com o corpo inteiro. Nota-se então, que antes do brincar com os

objetos, vem o brincar consigo mesmo e com as pessoas.

Em torno dos quatro aos seis meses, antes mesmo de ser capaz de

segurar algo nas mãos, o bebê já brinca de abrir e fechar os olhos, fazendo o

mundo aparecer e desaparecer, adquirindo dessa forma diversos modos de

elaborar a angustia de perda.

24

Freud já dizia que uma criança brinca não somente para repetir

situações satisfatórias, mas também para elaborar as que lhe foram

traumáticas e dolorosas.

Arminda Aberastury, em A Criança e Seus Jogos, (1972), fez um

paralelo entre o desenvolvimento infantil e o brinquedo, e apontou que o

brinquedo oferece à criança uma longa série de experiências que

correspondem às necessidades especificas da etapa do desenvolvimento em

que ela se encontra e, por isto mesmo, evoluem e modificam-se em

conformidade com o desenvolvimento infantil.

Freud foi o primeiro a descrever este mecanismo psicológico do

brincar, quando interpretou o brinquedo de uma criança de 18 meses ao fazer

aparecer e desaparecer um carretel, tentando assim dominar a sua ansiedade

em relação ao aparecimento e desaparecimento de sua mãe (simbolizada pelo

carretel) e, ao mesmo tempo, jogá-la fora sem perdê-la, já que o carretel

voltava quando ele desejava, permitindo ao menino descarregar, sem risco

algumas fantasias agressivas e de amor em relação à mãe.

Segundo Machado (1994) quando a mãe brinca de esconde-esconde

com o bebê colocando no seu rosto uma fralda ou cobertor, para tirar o pano

descobrindo a criança, tanto a mãe e o bebê, estão, de certa forma,

exercitando a separação, a individualização.

Percebe-se, então, que a brincadeira de esconder, aparecer e

desaparecer que surge nesta época está relacionada a motivações profundas

que faz com que o bebê experimente, assim, o poder de perder e recuperar o

que ama.

Vale ressaltar que a sua repetição pode transformar-se numa

brincadeira, se for incentivada pelo adulto, no entanto, isso requer dele maior

atenção e disposição para brincar com o bebê, pois ensiná-lo a brincar é

proporcionar ao bebê à atribuições de diferentes sentidos para as suas ações,

de forma agradável e prazerosa.

Já no período de sete a doze meses o bebê gosta de apalpar tudo o

que está a sua volta, lançando-se de todas as maneiras no mundo que tem ao

seu redor, descobrindo o tamanho, a forma, a textura e o peso das coisas que

25

manuseia tanto que a sua ansiedade em tocar nos objetos é toa grande que

pode brincar durante horas e horas, sozinho.

É nesse período também que aparece a fase do “encaixe”, pois é

comum os bebês ficarem entretidos ao descobrirem que pode colocar objetos

um dentro do outro.

Seixas (1979) nos diz que os psicanalistas costumam dizer que o ato

de o bebê descobrir que algo penetrante pode entrar em objeto oco seria o

prenúncio da forma adulta de manifestação de amor, ou seja, entrar em

alguém, receber alguém dentro de si, unir-se / separar-se.

Dessa forma, o bebê passa a brincar com o seu próprio corpo e

também com o das pessoas ao seu lado, de modo a explorar tudo que possa

ser penetrado como boca, olho, nariz, ouvido, etc.

Uma vez sendo realizados esses jogos com seu corpo e com o das

pessoas que a cercam, passa a brincar com coisas inanimadas, por exemplo,

o buraco da banheira, da fechadura, torna-se também objeto de seus

brinquedos.

Em seguida, como expressou Seixas (1979), ao começar a brincar com

os objetos, torna-se visível a manifestação das diferenças anatômicas dos

sexos nos brinquedos, esta, porém se manifesta quando a menina prefere

colocar objetos num lugar oco e o menino escolhe os objetos com os quais

possa penetrar.

Desse modo, brincar nessa faixa etária, é manusear, explorar,

descobrir, experimentar, inventar, criar, isto é, lidar com o mundo de forma

lúdica e prazerosa.

Por volta de um ano, fase em que o bebê passa a ser criança, costuma

ser profundamente marcada por reações afetivas envolvendo alegria e

sofrimento, pois essa nova maneira de ser da criança faz com que ela queira

fazer o que pode e o que não pode, surgindo em contrapartida as primeiras

proibições e ordens negativas do adulto.

Por outro lado, quando suas ações são permitidas e ela percebe a

aceitação por parte do adulto, demonstra total alegria e satisfação que o instiga

as novas iniciativas.

26

Embora a criança não compreenda a atitude do adulto, é

imprescindível que ela transite por todas as emoções, tanto de prazer quanto

de sofrimento, para que aos poucos descubra como poderá satisfazer seus

desejos e agradar seus pais.

No que se refere ao seu desenvolvimento visual e tátil, a arte

apresenta-se como uma das importantes estratégias tendo o desenho e a

pintura como ricas fontes de estimulação para as crianças antes dos dois anos

de idade.

Nota-se que a criança nessa fase pode naturalmente iniciar seus

rabiscos sem ser forçada, pois quando começa a desenhar, seu interesse a

princípio é deixar registrada a sua marca, o que representará a cada fase uam

evolução gráfica que levará à expressão de seus sentimentos e o registro de

sua personalidade em formação. É importante para isso, colocar a sua

disposição diversos materiais que possibilitem o desdobramento de tais

atividades de desenhar e de pintar, como papéis e lápis de cera grosso de

cores variadas, para que ela possa expressar livremente de forma lúdica suas

experiências e desejos, ou seja, ao mesmo tempo em que a criança desenha

brincando, ela brinca desenhando.

No que diz respeito à linguagem, pode se dizer que esta fase é um

grande divertimento, onde o balbucio da fase anterior evolui para as falas, que

vem seguida de mímicas expressivas, que muitas vezes dificulta a nossa

compreensão, mas para a criança isso exprime suas primeiras formas de

linguagem oral, tornando-a um ser falante e participe do mundo adulto em

virtude deste fato.

Nessa idade a palavra torna-se um desafio para a criança, pois ela

aprende com facilidade, por isso para um bom desempenho da linguagem é

necessário que se permita a sua participação nas conversas dos adultos, que

lhe dê atenção sempre que ela falar, que lhe conte histórias mostrando as

figuras e que se faça uso de outras formas que ajudarão a criança a falar e

aumentar seu vocabulário de forma prazerosa.

Na faixa etária entre um a dois anos o mundo da criança se expande

rapidamente e nada é mais importante para ela do que seus brinquedos, pois

27

estes oferecem um mundo do tamanho de sua imaginação. Mesmo que as

brincadeiras não sejam plenamente compartilhadas entre as crianças dessa

fase, elas entreolham-se, sorriem, trocam brinquedos, atiram objetos umas nas

outras, mas suas brincadeiras são desenvolvidas paralelamente, pois embora

usem o mesmo brinquedo, cada criança segue o seu percurso independente.

Vale ressaltar que somente por volta dos três anos, que essa brincadeira

paralela evoluirá para a brincadeira cooperativa, tornando-a mais “social”.

Nesse período, a criança também já é capaz de usar as coisas,

pessoas e objetos com outro sentido, pois está entrando no mundo do faz-de-

conta, onde uma coisa pode ser outra, uma pessoa pode ser um personagem,

uma criança pode ser um objeto, ou seja, a criança dá significados pessoais a

objetos e brincadeiras que realiza.

Desse modo, no final dessa fase a criança procura imitar as atividades

cotidianas do adulto, embora a imitação esteja presente nas ações da criança

desde os três meses de idade quando os objetos e pessoas estavam

presentes no seu campo visual.

Vale salientar que a fase do faz-de-conta e de imitação de criança será

melhor abordada no período que compreende a criança de dois a quatro anos,

que tratarei logo a seguir, no próximo item referente ao capitulo da Criança

Lúdica.

2.2 – A criança entre dois a quatro anos.

A criança de dois anos há muito pouco tempo deixou de ser um bebê

imaturo, no entanto, até chegar aos quatro anos passará ´por transformações

comportamentais que lhe proporcionarão grandes mudanças em seu

desenvolvimento, em seus aspectos gerais.

Segundo Piaget (1973), a criança de faixa etária compreendida entre

dois e quatro anos está inserida no primeiro período do subestágio pré-

operacional, denominado pré-conceitual da fase de desenvolvimento descrita

por ele, do estágio das operações concretas.

28

É durante este período que a criança desenvolve o pensamento e o

planejamento mental ocorre antes de sua ação, bem como a função

representativa reveste-se de grande importância na qual um objeto representa

o outro, incitando a imaginação da criança.

Ele também destaca as diferenças existentes entre a inteligência

motora e a representativa, pois a primeira não permite uma compreensão

simultânea e completa do conjunto de acontecimentos, embora acompanhe os

acontecimentos com a mesma velocidade da ação. Já a segunda é capaz de

agrupar os acontecimentos isolados, graças à função simbólica, pode evocar o

passado, representar o presente e antecipar o futuro, pois seu campo de ação

é bastante abrangente, permitindo distancia de espaço muito grande entre

sujeito e objeto.

Nota-se que o principal progresso desse período em relação ao

anterior é o desenvolvimento da capacidade simbólica, ou seja, através do

simbolismo, a criança usa os objetos disponíveis para representar a coisa que

imagina, sem proibições ou castigo.

Nesse período, portanto, inicia e alcança pleno desenvolvimento o

chamado jogo simbólico ou faz-de-conta, no qual a criança dá significados

pessoais a objetos e as brincadeiras que realiza, observando o que aconteceu

à sua volta, em sua casa, na rua, na escola, e reproduz posteriormente em

suas brincadeiras o que viu, apresentando, inclusive, sentimentos e emoções

frente ao fato.

Brincar para a criança de dois a quatro anos é um meio de expressão

que simboliza suas experiências, o conhecimento de seu pequeno mundo,

seus desejos, suas frustrações, seus sonhos e fantasias.

Sendo capaz de representar, pois já adquiriu a capacidade de recordar

os acontecimentos do passado e apresentá-los do jeito e da maneira que

compreenda, ela se utiliza dos mecanismos da imitação, do jogo simbólico, dos

desenhos e da linguagem, usando como pano de fundo as atividades lúdicas,

sendo suas formas de manifestação.

29

Assim, é capaz de usar um telefone imitando sua mãe, ou brincar de

fazer comida, de arrumar a casa e de fazer qualquer coisa percebida no seu

cotidiano passado, pois a imitação é uma forma de recordação da criança.

A imitação para Vigotsky não é mera cópia de modelo, mas

reconstrução individual daquilo que é observado nos outros, sendo pois

reavaliada, pela visão erguida na concepção da zona de desenvolvimento

proximal, como não sendo algo meramente mecânico, uma vez que a criança

só consegue imitar aquilo que está próximo de seu desenvolvimento.

Tal como a imitação, o jogo simbólico é uma forma de representação;

ambos representam à realidade.

No entanto, no jogo simbólico a ação vai muito além da realidade

aparente, uma vez que, a criança recorda, inventa, imagina, transforma e se

expressa. Por exemplo, um pedaço de pau pode ser um avião, um carro, um

cavalinho ou qualquer outra coisa. É o faz-de-conta que aparece.

A função desse tipo de atividade lúdica, de acordo com Piaget:

“Consiste em satisfazer o eu por meio de uma

transformação do real em função dos desejos: a criança

que brinca de boneca refaz sua própria vida, corrigindo-a

à sua maneira, e revive todos os prazeres ou conflitos,

resolvendo-os, compensando-os, ou seja, completando a

realidade através da ficção”. (1969, p.29)

Portanto, o jogo simbólico, de imaginação ou imitação, tem como

função assimilar a realidade, sendo uma manifestação da estrutura mental

representativa da criança.

Dessa forma, a criança reproduz na brincadeira a sua própria vida,

utiliza-se o faz-de-conta para resolver situações que no real não é capaz.

Assim, seus medos, angústias e inseguranças são, nesse momento, recriados

a seu modo.

Sendo assim, é através desta conduta lúdica que a criança expressa e

integra as experiências já vividas.

De acordo com Oliveira (1997), quando Vigotsky discute o papel do

brinquedo, refere-se especificamente à brincadeira do “faz-de-conta”.

30

“Numa situação imaginária como a da brincadeira de “faz-

de-conta”, a criança é levada a agir num mundo

imaginário, onde a situação é definida pelo significado

estabelecido pela brincadeira e não pelos elementos reais

concretos presentes”. (Ibid., p.66)

Com a utilização do brinquedo, a criança aprende a atuar em uma

esfera cognitiva, dirigida por motivações e tendências internas. Se antes o

objeto determinava o pensamento, agora é inverso, isto é, a criança passa a

abstrair as características do objeto e se prende mais ao significado definido

pela brincadeira. Assim, o que na vida real é natural e passa sem ser notado,

na brincadeira torna-se regra e contribui para que a criança comece a entender

o universo particular dos mais variados papéis que desempenha em seu

mundo lúdico. Com o passar do tempo essa regra vai se estruturando na

mente da criança e só mais tarde, entre cinco e sete anos, é que podemos

esperar que ela compreenda as regras do jogo, pois, de dois a quatro anos,

suas brincadeiras são egocêntricas.

Brougère (1998) ainda destaca outro critério importante, ou seja, que a

brincadeira não tem conseqüências, pois quando ela termina o mundo não vai

ser transformado e sempre se pode começá-la novamente.

Vale ressaltar que é esta ausência de conseqüência que faz com que a

brincadeira seja uma atividade sem riscos, onde se pode experimentar,

inventar, tentar alguma coisa sem medo de ser repreendido pelo real.

Depois dessa abordagem referente ao faz-de-conta e a imitação que

se inicia na vida da criança nesse período, é preciso também em algumas

linhas relatar algumas mudanças que ocorrem com a criança de dois a quatro

anos no que diz respeito aos outros aspectos de seu desenvolvimento.

A idade que vai dos dois até quatro anos é marcada por um período de

“transição” na vida da criança, pois ora age como se tivesse dois anos, ora

tendo plena consciência de seus atos, como se tivesse três e/ou quatro anos.

Esse período também é marcado pela grande “explosão motora” da

criança, pois ela gosta de correr, pular, arrastar, puxar, empurrar, já é capaz de

manejar objetos pequenos usando o polegar e o indicador (como forma de

31

pinça), dessa forma usa os lápis executa suas garatujas, o que demonstra que

a sua motricidade fina está mais apurada por conseguir desempenhar tais

habilidades.

A capacidade de modelar e rabiscar nessa faixa etária são

experiências de suma importância para o seu desenvolvimento visual e tátil.

É preciso destacar que qualquer interferência por parte do adulto no

sentido de “ensinar” a desenhar ou de apressar essas etapas poderá acarretar

sérios prejuízos na criança. Sendo necessário ter muito cuidado nessa fase e

permitir que a criança siga o percurso normal iniciando assim, o seu processo

gráfico.

Quanto à linguagem, há uma organização de seu aparelho fonador, o

que lhe permite falar mais facilmente, articulando melhor as palavras. A criança

já faz referencias as pessoas e objetos pelo nome e nessa atividade há um

aumento considerável de seu vocabulário. Quer saber o nome de tudo.

É também nessa fase que surge a fala egocêntrica, que é um modo de

falar para si própria e consiste na repetição de palavras por simples prazer.

Assim como os bebês balbuciam por prazer, as crianças nessa fase

repetem palavras e frases como se estivessem pensando em voz alta ou

descrevendo suas ações. Somente quando sentir necessidade de se

comunicar com alguém, seja com a professora ou com outras crianças é que a

sua fala tornar-se-á socializada. Isso por sua vez ocorrerá normalmente

durante essa face, quando a criança se inicia na Educação Infantil.

Portanto, é necessário que a criança entre dois a quatro anos expresse

sua forma de pensar, organizar, desorganizar, destruir e construir o mundo e

onde pode, de modo simbólico, através de sua atividade lúdica, mostrar seus

sentimentos, vontades e fantasias.

32

CAPÍTULO III

BRINQUEDOTECA: RESGATE DA INFÂNCIA AO

MUNDO MÁGICO DO BRINCAR.

Em termos do que já foi descrito, de Froebel a nosso dias o brincar foi

sendo cada vez mais utilizado na educação, constituindo-se numa peça

essencial na formação da personalidade, nos domínios da inteligência, na

evolução do pensamento e de todas as funções mentais superiores,

transformando-se num meio viável para a construção do conhecimento.

É, pois dentro deste contexto de valorização e reconhecimento do

brinquedo, como veiculo de crescimento infantil e possibilitador de auto-

afirmação da criança como ser histórico-social, que surgiram as

Brinquedotecas.

Sendo assim, as Brinquedotecas despontaram para resgatar a infância

e proporcionar à criança o acesso ao mundo mágico de brincar, bem o de

como representar o reconhecimento do direito de brincar e a valorização do

brinquedo como fonte de desenvolvimento e equilíbrio.

Na mesma direção, a Associação Gaúcha de Brinquedotecas (AGAB)

aponta que:

“A finalidade das Brinquedotecas é criar espaços lúdicos,

onde a criança tenha possibilidade de conviver,

naturalmente, com jogos e brincadeiras em diferentes

contextos, bem como proporcionar condições para que se

cumpra o direito da criança BRINCAR”.

No intuito de aclamar o nosso entendimento acerca da Brinquedoteca,

procurar-se-á confinar esse item, apenas visando tecer algumas considerações

referentes à sua origem histórica; a sua função; os diferentes espaços

presentes nela (os cantinhos); a seleção, o registro, a classificação, a

conservação e o empréstimo dos brinquedos; os tipos existentes, e os

33

brinquedistas, pois escrever acerca das Brinquedotecas produziria, com

certeza, uma outra monografia.

3.1 – Origem histórica: da Europa para o Brasil.

A brinquedoteca, de acordo com o próprio nome, é uma instituição que

possui um conjunto organizado de brinquedos.

Na abordagem anteriormente, observa-se que a valorização do

brinquedo criou a brinquedoteca como instituição que empresta brinquedos e

oferece novos espaços de exploração lúdica.

Quanto a fundação da primeira brinquedoteca, esta ocorreu como nos

coloca Bomtempo (1987), em 1934 em Los Angeles, porém sua difusão se

deu, realmente a partir da década de sessenta quando as mesmas começaram

a ganhar significado como um organismo nitidamente comprometido com

questões sócio-culturais, além de expressarem um caráter puramente lúdico.

Já em 1967, na Grã-Bretanha a partir de pesquisas sobre o

desenvolvimento da criança realizadas na Universidade de Nothingham foi

criada a primeira Ludoteca que tinha por objetivo fornecer apoio a crianças

portadoras de necessidades especiais, mostrando a importância terapêutica da

atividade do brincar.

Segundo Bomtempo (1987), a Brinquedoteca é conhecida nos países

de língua inglesa como toy library e como ludoteca em outros países, como a

França, Bélgica e Suíça, sendo para o brinquedo o que a biblioteca é para o

livro.

Vale ressaltar, que a Brinquedoteca brasileira diferencia-se das

ludotecas e das “toy libraries” porque estas têm seu trabalho mais voltado para

o empréstimo de brinquedos, ao passo que, a Brinquedoteca brasileira, o

trabalho destina-se para o brincar, propriamente dito.

Cunha (1984) nos aponta, a nível de informação, que muitas ludotecas

estão funcionando, em Portugal, não só junto às Universidades, mas também

espelhadas pelas mais longínquas aldeias. Ela ainda destaca alguns países

34

pertencentes à Associação Internacional de Brinquedotecas, a saber: EUA,

Canadá, Argentina, Austrália, Dinamarca, Islândia, Gana, Hong Kong, Hungria,

Índia, Israel, Jamaica, Japão, Polônia, Ilhas Seichelas, África do Sul, tailândia,

Uruguai, Colômbia, Cuba e Zimbábue.

Dessa forma, a brinquedoteca assumiu várias funções e o movimento

neste campo ganhou força em vários países da Europa, seja como organismo

vinculados à escola ou como organismo independente com a iniciativa de

particulares.

Nesse sentido, divulgada na Europa a partir dos anos sessenta, a

brinquedoteca penetrou no Brasil constatando também o reflexo desse

movimento de valorização do brinquedo, principalmente a partir da década de

80, levando as instituições a voltarem a atenção para o brincar infantil.

Como se vê, a preocupação com o direito de brincar da criança parece

ter se dispersado pelo mundo todo e tem sido o ápice central nas discussões

que tem levado os profissionais da Educação Infantil a repensarem a

importância da brincadeira dessa faixa etária.

Cunha (1992) fez um levantamento desde 1971 a 1985 acerca do

surgimento das brinquedotecas no Brasil, que merece aqui ser destacado

como forma de esclarecimento no entender desse processo.

Em 1971, em virtude da inauguração do Centro de Habilitação da

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Paulo foi

realizada uma grande exposição de brinquedos pedagógicos, com intuito de

mostrar aos pais de excepcionais, profissionais e estudantes, o que estava

disponível no mercado, transformando a mesma pelo interesse despertado, em

um Setor de Recursos Pedagógicos dentro da APAE.

Desse modo, esse Setor mencionado acima implantou em 1973, o

Sistema de Rodízios de Brinquedos e Materiais Pedagógicos, a Ludoteca, em

que todos os brinquedos existentes no Setor Educacional da APAE foram

então centralizados e passaram a ser utilizados nos moldes de uma biblioteca

circulante. Tal rodízio provocou maior valorização da utilização dos brinquedos

passando a ser objeto de interesse não somente de educadores, mas também

35

médicos, enfermeiros, psicólogos, pais e outras pessoas que gostavam de

brinquedos.

No entanto, apesar do interesse despertado, ainda não era fácil

convencer as pessoas de que trabalhar com brinquedos era assunto sério.

Para que esse reconhecimento começasse a acontecer, foi realizado

em 1974, no Anhembi, o Congresso Internacional de Pediatria, no qual foi

apresentado por uma equipe de pediatras da Suécia um trabalho sobre a

importância do brinquedo na recuperação de crianças hospitalizadas e na

preservação da saúde mental das crianças. Este acontecimento contribuiu

para a valorização do Setor de Recursos Pedagógicos da APAE.

Em vista dessa valorização, sentiu-se a necessidade de criar

brinquedos que atendessem a objetivos determinados, tanto que, em 1978 foi

realizada uma exposição de brinquedos feitos com sucata, na própria APAE,

estes, por sua vez, eram catalogados, embalados e entravam no sistema de

rodízio.

Por outro lado, a escassez de material existente que enfocasse a

importância do brinquedo e do brincar como rico instrumento no processo de

ensino-aprendizagem da criança exigiu a pedido do Centro Nacional de

Educação Especial CENSP-MEC, a elaboração do livro Material Pedagógico-

manual de utilização que foi publicado em 1981, em dois volumes, pelo MEC-

FENAME.

As brinquedotecas foram surgindo por todos os lados, em vários

pontos do país e cada nova brinquedoteca que era aberta representava um

espaço a mais para o crescimento não só das crianças beneficiadas, mas

especialmente dos adultos que a elas se dedicavam, pois trabalhar em uma

brinquedoteca é participar de uma deliciosa aventura que se renova a cada dia

que, certamente desperta a criatividade e enriquece a vida de todos os que

dela participam.

36

3.2 – Função e diferentes tipos de brinquedotecas.

“Todas as Brinquedotecas buscam como princípios

norteadores: valorizar o ato de brincar, respeitar a

liberdade, a iniciativa, a criatividade, a autonomia da

criança, possibilitando a formação da auto-imagem

positiva”.

(AGAB, Associação Gaúcha de Brinquedotecas, R.S.)

Em outras palavras, as brinquedotecas existem para atender às

necessidades lúdicas e afetivas das crianças, vale lembrar que existem

também crianças diferentes em situações diversas. E, para atender a essas

diferenças, as brinquedotecas têm que ser diferentes também.

Mesmo tendo finalidades e princípios comuns, as brinquedotecas se

diferenciam, ora através de características culturais, ora pela situação

geográfica, ora por materiais, ora por espaços disponíveis e funções.

Desse modo, quanto aos tipos, hoje temos brinquedotecas em

diferentes lugares e com montagens variadas localizadas em favelas, museus,

circos, creches, escolas, presídios, hospitais e em caminhões.

Existem também outros tipos, como as brinquedotecas temporárias,

em condomínios, hotéis, clubes, ou seja, dependendo de cada tipo, sua função

também varia, mas o importante é que os princípios e as finalidades sejam

sempre preservados em qualquer situação.

Assim, diferenciados tipos de brinquedotecas têm surgido sendo

resultado do esforço de proporcionar condições favoráveis para que a criança

exerça o seu direito de brincar, de forma agradável e prazerosa, apesar das

dificuldades que possam existir, em relação a qualquer deficiência, a doença, a

pobreza, pois a criança precisa brincar em quaisquer circunstâncias, caso

contrário, poderá acarretar algum comprometimento em seu desenvolvimento

global.

Enfim, depois do que foi abordado fica claro que, acima de tudo, a

brinquedoteca independente de seu tipo e função serve para fazer as crianças

37

felizes, resgatando sua infância e proporcionando à elas o acesso ao mundo

mágico do brincar.

3.3 – Organização e funcionamento da Brinquedoteca: seleção,

registro, classificação, conservação e empréstimo de

brinquedos.

A semelhança de uma biblioteca, para que uma brinquedoteca possa

funcionar adequadamente é necessário que haja organização de seu material.

Assim para que haja possibilidade de escolher os jogos, brinquedos ou

materiais adequados é indispensável que eles tenham sido classificados

previamente, pois de nada adianta termos milhares de brinquedos se não

soubermos onde encontrá-los e quais as suas características.

Deve haver, então, na mesma, um cadastro contendo todas as

informações sobre o material existente, sejam brinquedos, livros, etc.

No caso dos brinquedos, como nos coloca Cunha (1994), para

subsidiar uma utilização mais técnica e facilitar seu aproveitamento como

recurso pedagógico, a Brinquedoteca pode ter o seu Setor de Recursos

Pedagógicos, isto é, e acervo de brinquedos catalogados e classificados

segundo um Sistema de Classificação que permita a localização do brinquedo

certo para determinada situação de uso.

Dessa forma, para que seja possível classificar todos os materiais de

uma maneira que atenda às necessidades mais imediatas dos possíveis

interessados em buscar informações sobre os mesmos, entre eles educadores

e crianças, foi desenvolvido o Sistema de Classificação de Jogos, Brinquedos

e Materiais Pedagógicos N.C., cuja elaboração tem por intenção facilitar o

acesso ao material disponível na Brinquedoteca.

No que concerne a esse Sistema de Classificação, especialistas como

Cunha (1994), Santos (1994) e outros apontam que as classificações de jogos

e brinquedos são tão numerosas que seria impossível e mesmo desnecessário

citá-las todas, no entanto, elas podem ser agrupadas em diversas categorias

38

que foram surgindo frequentemente no decorrer da evolução das diversas

concepções do brincar, várias delas subsistindo e se superpondo.

Em vista disso, Cunha (1994) apresenta de acordo com seus estudos,

dezesseis categorias que compõem o Sistema de Classificação de Jogos,

Brinquedos e Materiais Pedagógicos que são descritos por ela, da seguinte

maneira, ou seja, número de registro; localização; data de entrada; nome do

brinquedo; fabricante e local; código e ano de fabricação; componentes;

embalagem; preço; tipo; atividades propostas; tema; área de desenvolvimento;

conteúdo de programação escolar; idade aproximada e, número de jogadores.

Vale ressaltar que alem das categorias anteriormente já especificadas,

podem existir outras que sejam consideradas básicas para que o brinquedo

possa ser compreendido e utilizado adequadamente pela criança.

No entanto, a classificação depende, na maioria das vezes, do espaço

disponível para a exposição dos brinquedos, podendo se apresentar de

maneira global ou mais detalhada dando margens também para que o

educador crie a sua própria classificação, ou seja, aquela que se mostrar mais

adequada à sua Brinquedoteca.

Assim sendo, depois de registrado, etiquetado e catalogado, antes do

brinquedo ser colocado à disposição das crianças, algumas providencias

devem ser tomadas no sentido de garantir a qualidade da sua utilização na

Brinquedoteca.

Cunha (1994) enumera algumas recomendações que podem ser de

grande utilidade na preparação dos brinquedos para a circulação, que merece

ser destacados como fonte de informação para as pessoas envolvidas com

esta função.

A autora coloca que primeiro é necessário analisar o brinquedo na

intenção de provocar na criança o interesse pelo mesmo; segundo, ela diz que

é primordial examinar o brinquedo para verificar se não oferece perigo; em

terceiro é preciso registrá-lo; já em quarto é indispensável olhar o brinquedo

observando sua funcionalidade e embalagem quanto a sua durabilidade, fator

determinante da sua conservação.

39

Desse modo, não desperdiçar, não estragar, zelar pelas coisas, não

importando a quem possa pertencer, são hábitos salutares que podem e

devem ser cultivados na Brinquedoteca, como também a conservação dos

brinquedos, a manutenção da higiene são aspectos básicos para que nela se

desempenhe um bom e rico trabalho.

É sabedor que os brinquedos despertam grande interesse quando são

novidade, e já é habitual querer observar nos rostos das crianças um brilho

diferente em seu olhar ante um brinquedo novo, diante disso, buscou-se

estimular o pensamento e as habilidades das crianças por meio de um Sistema

de Empréstimo de Brinquedos, possibilitando a troca semanal, sendo uma

excelente opção oferecida por uma Brinquedoteca.

Nesse sentido Cunha (1994), apresenta algumas de suas vantagens,

ou seja, quando a criança faz uso desse Sistema ela tem a oportunidade de

conhecer e utilizar brinquedos diferentes; ela enriquece o ambiente familiar ao

introduzir um elemento que poderá tornar possível uma melhor integração por

facilitar um relacionamento prazeroso através do lúdico; ela aprende a usufruir

sem ter que possuir os objetos e, acima de tudo é também uma maneira de

fazer com que a criança se habitue a participar de um serviço comunitário, o

que certamente contribuirá para sua melhor integração social.

Contudo, se houver apenas o empréstimo de brinquedos, como

acontece em muitos lugares na Europa, não se trata de uma Brinquedoteca,

poderá ser uma Ludoteca ou uma Biblioteca de empréstimo de brinquedos.

Portanto:

“O que caracteriza a Brinquedoteca é o espaço para

brincar e a oportunidade de desenvolver atividades

lúdicas; de maneira geral, não é apenas um lugar que tem

muitos brinquedos, mas uma instituição baseada numa

proposta educacional, um lugar onde o mágico, o lúdico,

a criatividade e o afeto têm prioridade”. (Cunha,1994’)

40

3.4 – Diferentes espaços (cantinhos) e uma equipe para a

Brinquedoteca.

“Quando alguém chega à porta de uma Brinquedoteca

deve ser tocado, deve ser atingido pela magia do lugar;

precisa sentir que chegou a um lugar especial, pois é o

lugar onde se respeita o ser humano criança e o mistério

do ser vir a ser”. (Cunha, 1994, p. 15)

É, pois, nesse ambiente de magia, encanto, beleza e alegria que a

criança mergulhará num mundo de sonhos e de descobertas, no qual a

decoração do local, desde as cores bem alegres, assim como as variedades

de formas e de materiais devem transmitir para ela ou qualquer um que

adentrar nesse espaço, manifestações de afeto e de apreciação pela infância a

tal ponto que se sinta esperada e bem-vinda.

Cumpre ressaltar que a decoração deve ser também um convite à

exploração, desafiando a todo o momento a vontade de experimentar, de

explorar e de descobrir e o que a imaginação da criança permitir.

Desse modo, nela podemos encontrar vasta variedade de ambientes,

no qual o acervo de distribui, normalmente em salas, amplas ou mesmos

pequenas, de forma a permitir, facilitar e enriquecer as brincadeiras. Os

brinquedos tendem a ficar à vista e, de preferência, em estantes da altura das

crianças, com a arrumação do mobiliário que permita formar ambientes

propícios para o desenrolar das atividades lúdicas. São criados cantinhos do

brincar, nos quais os mais freqüentes são: canto do “faz-de-conta”, de leitura e

de contar histórias, das invenções, das sucatas, dos jogos, dos brinquedos

tradicionais, etc. Cantinhos e ambientes que desafiam a criança a brincar

explorando, experimentando, inventando, descobrindo e aprendendo.

Porém, quem vai trabalhar na Brinquedoteca?

Embora exista o lado técnico a ser considerado, em primeiro lugar é

necessário que se pense no lado humano das pessoas que vão compor esta

equipe, pois, se não tivermos pessoas alegres, afetivas, criativas e com desejo

41

de trabalhar, não ocorrerá o fenômeno Brinquedoteca, como se expressou

Cunha (1994).

Nesse sentido, ao responsável pela Brinquedoteca, cabe não só a

função de atendimento ao publico como também a organização do fichário,

aquisição e manutenção de brinquedos, a elaboração do cadastro e a

classificação dos mesmos.

Além dos profissionais que nela são encontrados, entre eles,

coordenadora, ludotecária, secretaria, animador (a), entre outros, cumpre aqui

também salientar o trabalho do brinquedista.

Santa Marli Pires dos Santos (1995. p.11-12) define brinquedista como

“aquele profissional que trabalha com criança, fazendo a mediação

criança/brinquedo. Esta função é a mais importante dentro da Brinquedoteca e

pressupõe uma formação específica. Entende-se que o brinquedista, antes de

mais nada, deva ser um educador, ou seja, antes de ser um especialista em

brinquedo, ele deve ter em sua formação, conhecimentos de ordem

psicológica, pedagógica, sociológica, literária, artística, enfim, elementos que

lhe dêem uma visão de mundo e um conhecimento sólido sobre criança,

brinquedo, jogo, brincadeira, escola, homem e sociedade”.

Na verdade, é indispensável conhecer como a criança pensa, age, se

desenvolve e quais as suas necessidades nas diferentes etapas de seu

desenvolvimento, pois a brinquedista também é uma educadora e como tal,

necessita de uma formação acadêmica, pois não se pode transformar a

criança em platéia do nosso espetáculo, mas temos que oportunizar e

favorecer as situações ara que ela viva completamente a sua própria história.

Conforme diz Cunha (1994):

“(...) na Brinquedoteca ela é o artista e os educadores são

os expectadores (...)” (p.73).

Finalmente, depois do que foi descrito é imprescindível ressaltar que a

Brinquedoteca não existe somente para “distrair” as crianças, ao contrario, sua

preocupação reporta-se à formação do ser humano integral e ao período de

vida no qual ele está sendo cultivado.

42

Iniciamos falando do resgate do infância ao mundo mágico do brincar,

que também intitula esse mesmo capitulo, mas será que não estaremos

discorrendo, também, do resgate da criança reprimida e dispersa dentro de

cada um de nós?

Pois, quando a infância não é vivenciada plenamente, a integridade do

ser humano integro, para ser capaz de amar e gozar a vida em sua plenitude,

necessita de ter o seu lado “criança” resguardado, o que significa o seu lado

sensível, dócil e de sua possibilidade de encantamento, de descoberta e de

criação, qualidades infantis que nos enternecem e que certamente,

permanecem aprisionadas dentro de nós e que podem e merecem ser

resgatadas.

Assim, resta-nos somente dizer:

Que as Brinquedotecas nos ensine a brincar, nos encantem e liberem

a nossa criança interior!

Quem sabe, teremos sujeitos mais críticos, criativos, sonhadores e

participativos, sendo pois co-autores de uma sociedade mais justa e

democrática, que lhes permite estar, pensar e atuar no mundo no qual está

inserido, rompendo assim com preconceitos e estereótipos.

43

CONCLUSÃO

“Quando a criança brinca está feliz... é em grande parte

no brinquedo que a criança se prepara para tal estado (o

estado de homem)”. (Leif e Delay, 1968)

A citação acima resume o que tentamos abordar ao longo deste

trabalho, porém o que deixamos destas linhas não se esgota aqui, pois

conforme descrevemos existem uma gama de teóricos cujos estudos

debruçaram-se sobre a importância do brincar, do brinquedo e da Educação

Infantil. Estes deram margens a diversas interpretações, que numa analise

mais profunda necessitaria até mesmo uma pesquisa de campo,

estabelecendo assim um confronto entre a teoria e a pratica, o que no

momento não foi o nosso caso, mas que poderá ser em produções futuras.

Entretanto, apesar de tudo que foi explicitado até aqui, há ainda

grande número de educadores que desconhecem e/ou ignoram o papel

educativo da brincadeira no processo de desenvolvimento e aprendizagem da

criança, e por isso, deixam escapulir momentos riquíssimos no cotidiano

escolar em que a brincadeira poderá constituir-se numa das molas propulsoras

do desenvolvimento cognitivo, social e moral da criança. Também por

desconhecer o suporte teórico-metodológico da brincadeira na educação

infantil dão conotações equivocadas àquilo que as crianças em determinados

momentos manifestam através de suas brincadeiras.

Isso nos faz ver mais uma vez que o que está ocorrendo na pré-escola

é a prática do brincar como uma atividade que completa o rol de um quadro de

atividades, ou seja, parece estar ligada a uma espécie de tradição no espaço

pré-escolar, sem contudo ser entendida pelo seu real valor, sendo sempre as

mesmas brincadeiras e dirigidas pela professora.

Tal realidade nos leva a colocar a questão de que é necessário um

olhar mais apurado sobre aquilo que é e o que faz esse pequeno ser chamado

criança, bem como buscar a essência da brincadeira no seu processo de

desenvolvimento global.

44

Vale ressaltar que as observações das crianças em suas relações

entre si e com os outros objetos no momento da brincadeira, constitui elemento

essencial para o professor da educação infantil, não somente para aprofundar

o conhecimento sobre o universo cultural de seus alunos, identificando os

conhecimentos e valores construídos pelos mesmos em suas vivencias, mas

de posse destes conhecimentos favoreça o processo de ensino-aprendizagem

dos alunos.

Desse modo, o professor possuirá subsídios para poder avaliar,

interferir e programar atividades pedagógicas significativas que enriqueçam o

repertório da criança e que, acima de tudo, cooperem para o processo de

construção do conhecimento da criança.

Portanto, a atividade lúdica não deve estar relacionada somente ao

cumprimento da tarefa, e sim ser encarada como um momento educativo em

que a criança, agindo com liberdade, na integração com as outras crianças,

com o professor e com os objetos, caminha na construção de conhecimentos,

impulsionando assim sua aprendizagem e seu desenvolvimento psicossocial.

Nesse sentido, uma atividade como a brincadeira que engloba fatores

como liberdade de expressão, conhecimentos, criação, leitura de mundo e

tantos outros, não deve ficar subjugada a segundo plano; ela, com todas as

outras atividades escolares, necessita ser olhada com seriedade e respeito,

tendo em vista os caminhos que esta abre em relação a aprendizagem e ao

desenvolvimento infantil.

De tudo, resta-nos afirmar que o brincar é a forma infantil da

capacidade humana de exploração e experimentação do mundo para, assim,

poder dominar a realidade, pois é brincando que a criança traduz seus

desejos, interpreta o desconhecido, projeta o que lhe causa dor interior e

também os seus medos instintivos.

Como vimos ao longo de nossa caminhada, o brincar é uma criação

contínua, pela qual a criança conquista sua relação com o mundo e entra em

contato com a realidade, pois através da brincadeira a criança recorre à

fantasia e exerce domínio sobre seu próprio mundo, criando várias estratégias

para solucionar seus problemas de vida.

45

Dessa forma, é através da atividade lúdica que a criança toma

conhecimento de si mesma e do mundo que a cerca, pois brincando a criança

desenvolve a percepção, a memória, a inteligência, a experimentação e a

convivência com o outro.

Assim, todos esse fatores mencionados ao longo de nossa discussão

são de suma importância para a formação de um adulto integrante e integrado

ao seu grupo social.

Encerrando aqui os nossos comentários quanto ao que estamos vindo

explorando constantemente, acreditamos que realizamos esse trabalho no

sentido de estar contribuindo para uma mudança de olhar sobre a brincadeira,

o brincar e o brinquedo na educação infantil, tanto nos cursos de formação do

educador quanto no trabalho efetivo junto às crianças, dando subsídios para

que o professor da educação infantil ao lhe dar com a questão lúdica possa

utilizá-la com êxito em sua prática pedagógica, favorecendo o processo ensino-

aprendizagem na educação infantil.

46

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50

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Considerações Históricas a Respeito do Aparecimento do

Brinquedo na Educação 10

1.1 – Brinquedo: a complexidade de um conceito 16

1.2 – A natureza lúdica do ser humano 18

CAPÍTULO II

A criança lúdica 21

2.1 – A criança desde o nascimento ao primeiro ano 23

2.2 – A criança entre dois a quatro anos 28

CAPÍTULO III

Brinquedoteca: resgate de infância ao mundo mágico do brincar 32

3.1 – Origem histórica: da Europa para o Brasil 33

3.2 – Função e diferentes tipos de brinquedotecas 36

3.3 – Organização e funcionamento da brinquedoteca: seleção,

registro, classificação, conservação e empréstimo de brinquedos 37

3.4 – Diferentes espaços (cantinhos) e uma equipe para a

brinquedoteca 40

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

ÍNDICE 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

51

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – A Vez do Mestre

Título da Monografia: O BRINCAR E O BRINQUEDO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Autor: Tatisa Corrêa de Almeida

Data da entrega: 26/07/2005.

Avaliado por: Conceito: