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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Titulo: O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS
Por: ALESSANDRA CRISTINA BITTERNCOURT ALCÂNTARA
Orientador: LUIZ CLÁUDIO LOPES ALVES
RIO DE JANEIRO 2003
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Titulo: O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS
Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como
condição prévia para conclusão de curso
do pós-graduação “lato sensu” em
Docência do Ensino Superior.
Por: Alessandra Cristina Bittencourt
Alcântara.
3
AGRADECIMENTOS
Aos amigos do curso de Docência
Superior, em especial a Mônica Seabra,
Maria Isabel, Irany e Rose. Aos
professores Luiz Cláudio Lopes Alves e
Vilson Sérgio de Carvalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho ao meu marido
Marcelo Roger, que me incentivou
durante todo o curso de pós-graduação.
Também a minha vó, Jovita, por estar
sempre ao meu lado.
5
RESUMO
As aulas de inglês nas escolas são consideradas, na maioria das vezes, chatas,
pois os alunos começam na 5ª série do ensino fundamental com o verbo “to be” e
terminam o ensino médio ainda “decorando” o mesmo verbo e fazendo as
transformações para as formas interrogativa e negativa.
Nesses dez anos de experiência em sala de aula, eu e meus colegas de carreira
percebemos um total descaso com a língua inglesa dentro das escolas. E qual seria o
principal motivo? “Inglês não reprova”. Essa é frase que mais escutamos quando
algum aluno está com nota baixa. Mas quando gostam de uma música em inglês, se
interessam por algum texto da internet em inglês ou algum jogo de vídeo game,
também em inglês, correm e perguntam o que significa, o que quer dizer. Na
verdade, grande parte dos alunos está ciente da necessidade de que se tem em
aprender inglês. A escola é que deve se organizar em relação ao conteúdo e a
metodologia que vai trabalhar. E por que não trabalhar o desenvolvimento oral na
escola? Será que temos tão poucas aulas de inglês?
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 8
A LÍNGUA INGLESA 8
CAPÍTULO II 11
A ESCOLA E O MONOLINGÜISMO 11
CAPÍTULO III 16
APRENDER INGLÊS 16
CONCLUSÃO 23
BIBLIOGRAFIA 24
ÍNDICE 27
7
INTRODUÇÃO
Embora proficiência em inglês seja hoje uma necessidade básica na formação
do indivíduo, o sistema de ensino fundamental e médio, tanto público quanto
particular, mostra uma flagrante incapacidade de proporcioná-la.
Esta deficiência está demonstrada na avalanche de cursos existentes.
Aprendemos Português, Matemática, História e Geografia na escola. Entretanto, para
aprender inglês, para suprirmos a necessidade de proficiência em inglês, temos que
investir em cursos, pois as escolas não cumprem suas atribuições: a de proporcionar
as qualificações básicas necessárias ao indivíduo de uma sociedade em processo de
globalização.
A escola deveria se preocupar, também, com o desenvolvimento oral dos
alunos, pois a fluência na língua da comunidade global, além de ser um instrumento
indispensável nas carreiras acadêmica e profissional do homem moderno, é também
aptidão multicultural e capacidade de interpretar a realidade sob diferentes prismas,
representando portanto o desenvolvimento intelectual.
Na verdade o bilingüismo não é apenas um instrumento acadêmico, uma
ferramenta profissional e uma voz política. O bilingüismo representa habilidades
cognitivas superiores – sensibilidades e percepções ampliadas que permitem entender
diferenças e aprofundar o autoconhecimento, flexibilizando julgamentos e
funcionando como catalisadores da paz mundial.
Esse trabalho trata de como a língua inglesa deveria ser desenvolvida nas
escolas e como ela realmente é.
8
CAPÍTULO I
A Língua Inglesa
9
A LÍNGUA INGLESA
Apesar da língua inglesa não ser a língua com o maior número de falantes
nativos, ela tornou-se a língua franca. A língua franca, pode ser definida como a
língua adotada para comunicação entre dois falantes cujas línguas nativas são
diferentes e onde apenas um ou ambos falantes estão fazendo uso desta língua como
uma segunda língua. (Harmer, 2001)² Muitas pessoas que vivem na União Européia,
por exemplo, freqüentemente usam a língua inglesa tanto quanto a língua nativa, e o
crescimento da influência econômica e cultural dos Estados Unidos levou, também,
ao crescimento do uso da língua inglesa em vários lugares do mundo, inclusive no
Brasil. A língua inglesa é a principal língua de comunicação internacional e até
mesmo pessoas que não têm conhecimento dela, identificam algumas palavras,
como: bank, chocolate, hamburger, hot dog, telephone, walkman, táxi. Sabemos que
algumas dessas palavras foram emprestadas à língua inglesa; mas por causa do
crescimento do seu uso, tornaram-se mundialmente conhecidas.
1.1 A língua inglesa como língua franca
Há várias razões para a popularidade do inglês como língua franca. Entre
elas, a história colonial, quando os “Pilgrim Fathers” chegaram a Massachusetts em
1620, trazendo crenças religiosas, desejo pela colonização e também, o mais
importante, a língua inglesa. Embora, alguns anos depois, a fase de colonização
tivesse acabado, a língua inglesa permaneceu e ainda hoje é a língua predominante
do mundo econômico e político.
Destacam-se também:
• Fatores econômicos:
A razão principal pela propagação da língua inglesa foi a difusão do comércio
pelo mundo, e em particular, o surgimento dos Estados Unidos como potência
econômica mundial. É o fenômeno da globalização.
10
• Turismo:
Já sabemos que a língua inglesa é língua de comunicação internacional,
incluindo o turismo. Uma visita aos principais aeroportos do mundo, podemos
verificar placas não somente na língua nativa, mas também em inglês; podemos citar,
ainda, os anúncios feitos pelas companhias aéreas, que além de serem feitos na
língua nativa, também são feitos em inglês.
A língua inglesa é a língua usada no controle do tráfego aéreo em muitos
países e usada extensamente na comunicação do turismo marítimo.
• Troca de informação:
A língua inglesa é freqüentemente a língua franca de conferências, livros,
artigos em áreas tão diversas quanto a astronomia e a zoologia, entre outras. Como
por exemplo, em 1999, um aluno, gerente de vendas de uma grande empresa
farmacêutica alemã, tinha que fazer o TOEFL (Test of English as a Foreign
Language), teste em inglês, para que pudesse ir à Alemanha, fazer um curso muito
importante para a sua promoção; o curso seria totalmente ministrado em inglês,
apesar da empresa ser alemã, e o curso ser feito na Alemanha.
A internet é um dos principais canais de força de informação, que também
tem no seu mercado a predominância da língua inglesa.
• Cultura Popular
A língua inglesa é a língua dominante da cultura popular, por exemplo: a
música pop; mesmo pessoas que não aprenderam a língua, cantam algumas palavras
de suas músicas favoritas; o cinema; a televisão. (Chew, 1993).
11
CAPÍTILO II
A Escola e o Monolingüismo
12
A ESCOLA E O MONOLINGÜISMO
O que tem ocorrido ao longo do tempo é que a responsabilidade
sobre o papel formador das aulas de Línguas Estrangeiras tem
sido, facilmente, retirado da escola regular e atribuído aos
institutos especializados no ensino de línguas. Assim, quando
alguém quer ou tem necessidade, de fato, de aprender uma língua
estrangeira, inscreve-se em cursos extracurriculares, pois não se
espera que a escola média cumpra essa função.
Às portas do novo milênio, não é possível continuar pensando e
agindo dessa forma. É imprescindível restituir ao Ensino Médio o
seu papel de formador. Para tanto, é preciso reconsiderar, de
maneira geral, a concepção de ensino e, em particular, a
concepção de ensino de Línguas Estrangeiras.
... o Ensino Médio possui, entre suas funções, um compromisso
com a educação para o trabalho.(Parâmetros curriculares).
nacionais, códigos e suas tecnologias. Língua estrangeira
moderna. Brasília: MEC, 1999. pp 49-63.)
A atual transformação do mundo em direção a uma comunidade globalizada é
mais rápida do que parece. As escolas, por sua vez, não têm cumprido com suas
atribuições, no que se diz respeito ao ensino da língua inglesa. Elas continuam presas
a uma metodologia do início do século passado, tendo como ênfase a tradução e a
gramática.
Fluência na língua da comunidade global, além de ser um instrumento
indispensável nas carreiras acadêmicas e profissionais do homem moderno, é
também aptidão multicultural e capacidade de interpretar a realidade sob diferentes
prismas, representando, portanto, o desenvolvimento intelectual. Assim, as escolas
deveriam ter centros de convívios multiculturais, em que os alunos pudessem fazer
13
uso do inglês em situações de necessidade, desenvolvendo habilidades e construindo
o aprendizado a partir de situações de interação.
Estes centros de convívio completam o ensino convencional de inglês
(baseado no language learning) já normalmente oferecido; e devem com a
participação de professores fluentes. E na escola secundária, podem ser
complementados com convênios junto a escolas no exterior ou, até mesmo,
programas de intercâmbio cultural.
A realidade das escolas brasileiras é bem diferente do que se considera o
ideal. Entretanto, a comunidade global, fonte de informação e conhecimento, bem
como meio de realização profissional do homem moderno, exige um meio de
comunicação único. Ou seja, quem não falar inglês, estará parcialmente excluído da
comunidade global e de seu mercado de trabalho.
2.1 O Ensino da Língua Inglesa nas Escolas
A atual transformação do mundo em direção a uma comunidade globalizada é
mais rápida do que parece. No Brasil, famílias de classe média e conscientes da
necessidade de aprender inglês, precisam gastar parte do orçamento em escolas
particulares, mais cursos de inglês. As escolas, ainda hoje, insistem numa abordagem
ao ensino de línguas inspirada numa metodologia do início do século,
comprovadamente ineficaz, deixando de cumprir plenamente suas atribuições: a de
proporcionar as qualificações básicas necessárias ao indivíduo de uma sociedade em
processo de globalização irreversível.
Hoje, quando um aluno do primeiro ano do ensino médio vai assistir sua aula
de inglês, possivelmente, ele estará tendo a mesma aula que um aluno da quinta série
do ensino fundamental. Isso acontece, na maioria das vezes, pela falta de
compromisso, principalmente da escola, no ensino do idioma. Não há qualquer tipo
de incentivo, muito pelo contrário, ainda ouve-se nas escolas, de alunos e, também,
professores, que inglês não reprova.
14
Na verdade , as escolas não adotam nenhum tipo de metodologia para o
ensino da língua inglesa. A grande maioria das escolas adotam livros, nem sempre
escolhidos pelo professor, que não condizem com a realidade dos alunos e nem com
a cultura de um país nativo de língua inglesa.
É importante que as escolas conheçam os três grandes movimentos para que
possam adotar uma metodologia para o ensino de inglês. São eles: Grammar-
Translation, Audiolingualism e Communicative Approach.
2.1.1 Grammar-Translation
Desde o século 18 até meados do século 20, a metodologia predominante foi
sempre tradução e gramática. Esta abordagem calcada na idéia de que o aspecto
fundamental da língua é sua escrita, e de que está determinada por regras
gramaticais, teve sempre como objetivo principal explicar a estruturação gramatical
da língua e acumular conhecimento a respeito dela e de seu vocabulário, com a
finalidade de se estudar sua literatura e traduzir. Essa seria a abordagem que as
escolas trabalham; nem sempre com sucesso.
Em grande parte das escolas, principalmente as públicas, não há um
encadeamento da matéria. Por isso que o aluno está sempre estudando o mesmo
conteúdo, seja qual for a sua série/nível.
2.1.2 Audiolingualism
O primeiro grande movimento em oposição ao método tradicional de
gramática e tradução ocorreu por volta dos anos 50, quando o behaviorismo e o
estruturalismo estavam na moda. Os lingüistas passaram a valorizar a língua na sua
forma oral. Sustentavam que o aprendizado de línguas estaria relacionado a reflexos
condicionados, e que a mecânica de imitar, repetir, memorizar e exercitar palavras e
frases seria instrumental para se alcançar habilidade comunicativa. Esta visão acabou
dando origem aos métodos audiovisuais, baseados em automatismo e atrelados a
planos didáticos tipo Livro 1, Livro 2.
15
Essa abordagem não é adotada pelas escolas de um modo geral, pois as
mesmas não têm como objetivo a prática oral. Ficando esse tipo de trabalho para os
cursos livres.
2.1.3 Communicative Approach
A partir dos anos 70 e 80, surgem novas teorias nas áreas da lingüística e da
psicologia educacional. Piaget e Vygotsky já haviam proposto que o conhecimento é
construído em ambientes naturais de interação social, estruturados culturalmente.
Cada aprendiz constrói seu próprio aprendizado baseado em experiências de fundo
psicológico resultantes de sua participação ativa no ambiente.
Noam Chomsky afirma nos anos 60 que a língua é uma habilidade criativa e
não memorizada, e que não são as regras da gramática que determinam o que é certo
e o que é errado, mas sim um representante nativo da língua e da cultura que
determina o que é aceitável ou não. (Brown, 1994)
Em 1985 Stephen Krashen estabelece uma clara distinção entre estudo formal
e assimilação natural de idiomas, entre informações acumuladas e habilidades
desenvolvidas. Segundo ele, as línguas são difíceis de serem ensinadas, mas serão
aprendidas se houver o ambiente apropriado, uma vez que o aprendizado de um
idioma se dá pela assimilação subconsciente de seus elementos (pronúncia,
vocabulário e gramática) em contextos sociais.
Essa abordagem também não é adotada pelas escolas, embora seja utilizada
pela maioria dos cursos livres.
16
CAPÍTULO III
Aprender Inglês
17
APRENDER INGLÊS
O que significa “aprender inglês” ?
Se “aprender inglês” significa conhecer sua estrutura , saber formar frases
interrogativas e negativas, decorar verbos irregulares e transformar frases para a voz
passiva, então muitas pessoas que terminaram o ensino médio, já estão prontas para o
mundo globalizado. Nesse caso, “aprender inglês” significa armazenar informações e
conhecimento a respeito da estrutura gramatical da língua na sua forma escrita
predominantemente.
Se “aprender inglês” ter um certificado do curso Y, algumas pessoas também
estão prontas. Nesse segundo caso, significa marchar no compasso de um plano
didático predeterminado, memorizando vocabulário, frases e expressões de forma
mecânica ou repetitiva em contextos fora da realidade do aluno. O pensamento
continua a se estruturar nas formas da língua mãe e o esforço é todo dirigido a
traduzir rapidamente.
Entretanto, se “aprender inglês” significa falar com naturalidade, acompanhar
filmes e notícias da CNN, ter acesso a toda informação na internet, argumentar e
defender seus pontos de vista, comprar e vender em inglês, construir laços ou
namorar em inglês, então a maioria dos brasileiros não está preparada para o século
XXI. Nesse terceiro caso, “aprender inglês” significa desenvolver habilidade
funcional. É o que a lingüística moderna denomina de language acquisition –
assimilação natural. É um processo equivalente ao de assimilação da língua mãe
pelas crianças. É reaprender a estruturar o pensamento, desta vez nas formas de uma
nova língua. Cada um desenvolve de acordo com seu próprio ritmo, num processo
que produz habilidade prática, comunicação criativa, e não necessariamente
conhecimento. É comportamento humano, fruto de convívio, de situações reais de
interação em ambientes de cultura estrangeira. A realidade do aprendiz faz parte do
contexto em que a comunicação ocorre.
18
Portanto, quando se pensa em “aprender inglês” precisa-se saber o que se
quer para buscá-lo.
3.1 Teoria de Stephen Krashen
A teoria de Stephen Krashen é a teoria sobre o aprendizado de línguas
estrangeiras, baseado no language acquisition. Para que se possa entender essa
teoria, é preciso que se faça a distinção entre language learning e language
acquisition.
O conceito de language learning está ligado à abordagem tradicional ao
ensino de línguas, assim como é ainda hoje praticada na escola secundária. A atenção
volta-se à língua na sua forma escrita e o objetivo é o entendimento pelo aluno da
estrutura e das regras do idioma através de esforço intelectual e de sua capacidade
dedutivo-lógica. É um processo progressivo e cumulativo, através do qual se oferece
ao aluno conhecimento a respeito da estrutura da língua estrangeira, de seu
funcionamento; conhecimento esse que venha a se transformar na habilidade de
entender e falar essa língua.
Language acquisition refere-se ao processo de assimilação natural, intuitivo,
fruto de situações reais de interação humana. É semelhante ao processo de
assimilação da língua mãe pelas crianças; processo esse que desenvolve
familiaridade com a língua na sua forma oral, produzindo habilidade prática e não
necessariamente conhecimento. Krashen sustenta que language acquisition explica
não só o desenvolvimento da língua mãe, mas também a assimilação de línguas
subseqüentes, sendo mais importante do que language learning para a assimilação da
língua estrangeira, não só para crianças, mas também para adultos.
Portanto, o que a lingüística aplicada moderna preconiza (especialmente para
crianças) é acquisition.
19
3.2 Dificuldades em aprender a língua inglesa
Qualquer situação lingüística envolve habilidades além da chamada
funcional; pois envolve seres humanos. A simples tarefa de comprar um cachorro
quente em Nova Iorque pode ter várias por exemplo: um “hot dog” pode ser com ou
sem molho; uma coca-cola pode ser com ou sem gelo; ou seja, a conversa pode ser
interrompida por sons ou perguntas inesperadas para as quais o falante não saberia
formular respostas. Nem sempre o falante foi treinado para agir no contexto. O que
várias escolas prometem, o chamado inglês funcional, na maioria das vezes, é uma
ilusão de aprendizado rápido, instantâneo, desmentido pela experiência real.
Desde a revolução industrial no Reino Unido, o idioma britânico firmou-se
como a linguagem de negócios. As idéias iluministas vindas daquele país
despertaram os olhares da comunidade acadêmica européia. Logo, o interesse por
aprender espalhou-se pelo continente e dali para o resto do mundo. Em um país
aspirante a capitalista industrial como o Brasil, a necessidade dessa língua para a
sobrevivência no mercado de trabalho está mais do que consolidada. É premente,
também, a questão do acesso aos meios de produção e informação, como a internet,
as ferramentas de computação e os meios de comunicação.
Além das promessas de se aprender a falar em poucas semanas, há outros
mitos, como a gramática ser dispensável, a tradução ser um erro ou turmas pequenas
serem mais eficientes do que as grandes. A verdade é que, em qualquer processo de
aprendizagem, tudo aquilo que faça aprender está certo; dentro de limites, com
certeza.
O estudioso francês Edgar Morin atenta para necessidade de se incorporar à
prática de aula os problemas cotidianos. Para Morin, defensor da teoria da
complexidade, o saber não pode ser compartimentado, mas, sim, assumido como
algo complexo em essência, parte de um processo maior que é a formação do
indivíduo.
20
Isso explica porque muitas pessoas desistem, outras gastam fortunas em vão e
outras aprendem simplesmente assistindo à tv e ouvindo músicas. O processo
depende de uma confluência favorável em todos os aspectos para que o aprendizado
de fato tome lugar.
É muito comum, atualmente, a utilização de conceitos da neurolingüística no
ensino de línguas. Essa filosofia prioriza a exposição do aluno ao idioma, em
estruturas graduais, e a incorporação pela repetição. Pois bem, novamente, isso pode
funcionar perfeitamente para alguns e ser um desastre para outros. Estudos
avançados em universidades estrangeiras confluem para a existência de vários estilos
de aprendizagem, chamados no meio acadêmico de learning styles. Com isso,
dividem-se os alunos em predominantemente visuais (aprendem mais facilmente
observando), auditivos (têm maior facilidade em absorver conteúdos falados) e
tácteis (aprendem melhor fazendo atividades em que se exercitem, literalmente
colocando as mãos na massa). Esse último tipo, por exemplo, aprende
maravilhosamente bem se movimentando pela sala e tem forte tendência ao tédio
quando sentado. Qualquer metodologia que não contemple essa diversidade caminha
a passos seguros para o fracasso.
Para alguns, em determinadas situações, basta ouvir, repetir e pronto.Em
outros momentos, pode se fazer necessária uma explicação, seguida de um exemplo.
Há os que se valem do lúdico, com desenhos e anotações coloridas. Há os que
precisem de elementos culturais. Mas uns podem preferir uma poesia, outros uma
reportagem. Um executivo talvez aprenda melhor assistindo BBC em vez de MTV,
ao contrário de um adolescente que venera Britney Spears. Mas, e se o executivo for
louco pela Britney e o adolescente for um autêntico artista político?
Novamente, é a especificidade da situação que moldará o quadro da
aprendizagem. O educador espanhol Fernando Hernández aponta como uma das
tarefas indispensáveis o levantamento de dúvidas e a definição dos objetivos da
aprendizagem. E combate a idéia de que o conteúdo deve agradar. Para ele, é
necessário, principalmente, despertar curiosidade. Podemos dizer que isso se dá por
21
um acordo. Uma das partes deve dominar um conhecimento e convencer a outra da
necessidade de saber determinado assunto. Para isso deve haver disposição de
ambos. E confiança mútua. O processo tem de ser articulado o suficiente para se
fazer crer e, assim, emocionar sua platéia o suficiente para que aprenda. O aluno
precisa estar aberto a isso e jamais ser ignorado em seu questionamento. Precisa
entender o que está sendo feito e saber exatamente seu papel no processo. O
pensador espanhol César Coll, catedrático da Universidade de Barcelona, enfatiza a
importância da tomada de responsabilidade pelo conhecimento de ambas as partes,
professor e aluno. É indissolúvel, e tem o mesmo peso, a atuação de um e outro na
construção do saber.
3.3 Inglês na Infância
O período ideal para tornar uma pessoa bilíngüe é a infância e a adolescência.
Estudos no campo da neurolingüística, da psicologia e da lingüística demonstram
que, por fatores de ordem biológica e psicológica, quanto mais cedo, melhor. O ritmo
de assimilação das crianças não só é mais rápido, como o teto mais alto. Além disso,
a criança, muito mais do que o adulto, precisa e se beneficia do contato humano.
Crianças têm grande resistência ao aprendizado formal, artificial e dirigido. Elas
constroem o aprendizado através de situações reais de interação da língua e da
cultura estrangeira. A autenticidade do ambiente é mais importante do que o caráter,
lúdico ou não, das atividades. Somente crianças conseguem assimilar uma segunda
língua com pronúncia exata e isenta de outros desvios. Isto torna a qualificação do
facilitador de fundamental importância. Se o mesmo falar inglês com sotaque
estrangeiro, e com desvios idiomáticos que normalmente caracterizam aquele que
não é nativo, a criança os assimilará, provavelmente para sempre. Portanto, além de
habilidade no plano afetivo, o facilitador deve ter um domínio do idioma equivalente
ao de língua mãe.
A criança não é ensinada; ela aprende. A nós, cabe apenas criar o ambiente
propício. Este ambiente, ao contrário dos ambientes adultos, que tendem a ser
conceptuais e abstratos, deve ser material e concreto, com amplo espaço para
22
improvisação e criação. No plano pisicológico-afetivo deve haver uma conexão forte
entre aprendiz e facilitador. Este, deve saber desempenhar um papel mais de
assistente e menos de líder, abrindo espaço nos momentos em que o aprendiz se
predispõe a liderança.
Predeterminar o rumo dessa relação através de um plano didático seria como
criar um manual sobre como conquistar uma namorada ou como construir amizades.
Atividades predeterminadas, sem lugar para improvisação, são intrusivas, inibem a
criatividade, e desrespeitam diferenças individuais. Quaisquer materiais ou
atividades planejadas por adultos, estariam na contramão, correndo o risco de se
configurarem num subject-matter centered plan, quando o que se deseja é um child-
centered plan.
Portanto, se a escola não souber demonstrar conhecimento ou preocupação
com o aspecto psicológico-afetivo do ambiente de aprendizado e apenas lhe mostrar
orgulhosamente o material didático específico para ser usado com crianças, saiba que
este não é o ambiente ideal para o aprendizado da língua inglesa.
23
CONCLUSÃO
O grande problema enfrentado pelos professores de língua inglesa é a
metodologia que deve ser usada nas escolas. Tem-se usado de uma metodologia
antiga, baseada na gramática e na tradução. Essa metodologia não motiva mais os
alunos e, também, não os prepara para enfrentar a realidade de um mundo
globalizado ou o mercado de trabalho.
Observando o interesse dos alunos pelo inglês em sala de aula e o interesse
fora dela, com músicas ou filmes por exemplo, percebia-se que algo estava errado e
era realmente com a metodologia.
Desenvolver a habilidade funcional, trabalhando com o processo de
assimilação natural, language acquisition, é reaprender a estruturar o pensamento nas
formas de uma nova língua, através de situações de interação. Alguns cursos de
línguas trabalham dessa maneira e os resultados são positivos.
A realidade da maioria das escolas é bem diferente da realidade dos cursos,
mas a metodologia precisa ser mudada rapidamente.
Portanto, chegou o momento das escolas mudarem a metodologia do ensino
de inglês, pois só assim, o professor terá alunos mais motivados e interessados em
sala de aula.
Além disso, o que é de maior importância, o Brasil hoje está inserido no
mundo globalizado; em que a língua inglesa é o meio principal de comunicação.
24
BIBLIOGRAFIA BROWN, H. Douglas. Principles of Language Learning and Teaching. Prentice Hall Regents, 1994. CHIBLI, Faoze . Revista e Educação. Edição Outubro 2002. HARMER, Jeremy. The Practice of English Language Teaching. Longman. Third Edition, 2001. KRASHEN, Stephen D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. Prentice Hall International, 1987. SHANNON, S. M. The Hegemony of English. Linguistic and Education, 1995.
25
ANEXO
26
ANEXO
27
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 8
A LÍNGUA INGLESA 8
1.1 A língua inglesa como língua franca 9
CAPÍTULO II 11
A ESCOLA E O MONOLINGÜISMO 11
2.1 O ensino da língua inglesa nas escolas 13
2.1.1 Grammar-translation 14
2.1.2 Audiolingualism 14
2.1.3 Communicative approach 15
CAPÍTULO III 16
APRENDER INGLÊS 16
3.1 Teoria de Stephen Krashen 18
3.2 Dificuldades em aprender a língua inglesa 19
3.3 Inglês na infância 21
CONCLUSÃO 23
BIBLIOGRAFIA 24
ANEXO 25
ÍNDICE 27
28
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da monografia: O Ensino da Língua Inglesa nas Escolas Brasileiras.
Autor: Alessandra Cristina Bittencourt Alcântara
Data da entrega: 30 de agosto de 2003.
Avaliado por: __________________________________ Conceito: _______
Avaliado por: __________________________________ Conceito: _______
Avaliado por: __________________________________ Conceito: _______
Conceito Final: _________
_________________, ____ de _________________ de _______ .