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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: UMA ANÁLISE DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL Por: Márcio Pereira Rezende Orientadora Professora Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Em uma conceituação mais abrangente, Holanda (1986, p.276) afirma que ética é “a parte da filosofia que estuda os deveres

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: UMA ANÁLISE DO

SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL

Por: Márcio Pereira Rezende

Orientadora

Professora Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: UMA ANÁLISE DO

SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Pública.

Por: Márcio Pereira Rezende

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que me da à força e o impulso em todos os

momentos da minha vida.

À minha orientadora, Professora Ana Paula Ribeiro

agradeço por ter acreditado no meu projeto.

Aos meus colegas de turma, especialmente àqueles dos

grupos de trabalho, que tanto colaboraram com o meu

desempenho no curso.

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DEDICATÓRIA

À minha família que sempre me apoiou. À minha mulher

Bianca uma guerreira que caminha ao meu lado lutando

diariamente nessa jornada dura da vida, com o objetivo

de tornar nossos sonhos uma realidade, a minha filha

Yasmin, motivo da minha luta constante por dias

melhores.

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RESUMO

Este trabalho visa analisar os valores morais e éticos aplicados no

serviço público, buscando suas bases históricas e suas características na

sociedade atual.

Tem como objetivo geral, fornecer os fundamentos adequados à

compreensão da escolha e aplicação dos preceitos éticos no ambiente

profissional do serviço público do poder executivo federal. Como objetivo

específico, aponta os fundamentos e a evolução histórica da ética na

humanidade, possibilita o entendimento da aplicação dos princípios éticos no

exercício profissional, analisa a conduta ética dos servidores e verifica como o

código de ética pode ser um instrumento que busca a realização dos princípios,

visão e missão da empresa.

O trabalho se estrutura em três capítulos. Inicialmente, apresenta-se a

ética, a partir de seus conceitos, sua história e suas doutrinas. Na seqüência, a

questão da ética no serviço público, processo administrativo disciplinar, o

código de ética profissional do serviço público, a criação de comissões de ética

e finalizando o capítulo II a ética pública e susceptibilidade a desvios éticos. No

último capítulo, a insatisfação da sociedade, o perfil moderno, a transparência e

as mudanças no serviço público.

PALAVRAS-CHAVE: Ética, Valores Morais, Ética Pública e Serviço Público.

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METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa adotada para a elaboração do presente

trabalho será um levantamento bibliográfico, seguido de artigos pesquisados na

internet. Com isso foram utilizados os seguintes procedimentos no processo de

pesquisa desse trabalho:

. Levantamento bibliográfico realizado através de pesquisa de autores

e especialistas no tema abordado;

. E o uso da internet para pesquisa, com artigos variados e de bom

conteúdo para evolução do trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPÍTULO I – ÉTICA..........................................................................................9

1.1 – Conceito de Ética......................................................................................9

1.2 – História da Ética......................................................................................12

1.3 – Doutrinas Éticas......................................................................................16

1.3.1 – Ética Grega...........................................................................................17

1.3.2 – Ética Cristã Medieval...........................................................................17

1.3.3 – A Ética Moderna...................................................................................18

1.3.4 – A Ética Contemporânea......................................................................18

CAPÍTULO II – ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO..............................................21

2.1 – A Questão da Ética no Serviço Público................................................21

2.2 – Processo Administrativo Disciplinar....................................................22

2.3 – Código de Ética Profissional do Servidor Público..............................24

2.4 – Criação de Comissões de Ética.............................................................26

2.5 – Ética Pública e Susceptibilidade a Desvios Éticos.............................27

CAPÍTULO III – SERVIDOR PÚBLICO.............................................................30

3.1 – A Insatisfação da Sociedade com o Serviço Público..........................30

3.2 – O Perfil Moderno do Serviço Público....................................................33

3.3 – Transparência no Serviço Público........................................................34

3.4 – Mudanças no Serviço Público...............................................................35

CONCLUSÃO....................................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................39

ÍNDICE...............................................................................................................41

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INTRODUÇÃO

É certo que a crítica que a sociedade tem feito ao serviço público, seja

ela por causa das longas filas ou da morosidade no andamento de processos,

muitas vezes tem fundamento. Também, com referência ao gerenciamento dos

recursos financeiros, têm-se notícia, em todas as esferas de governo, de

denúncias sobre desvio de verbas públicas, envolvendo administradores

públicos e políticos em geral.

O setor público esteve ao longo dos anos submetido a todas formas de

apropriação e comportamentos que, certamente, em virtude de seus gestores,

chefes ou dirigentes serem alocados através de critérios que não levavam em

conta a condição do conhecimento técnico, mas sim a ascensão política. A

consciência acerca de que o serviço público é um bem do povo e a serviço do

povo era pouco compreendido.

Com isso, os procedimentos no setor público, trazem até os dias atuais

uma certa tendência histórica em funcionar de forma a beneficiar um círculo de

poucos, não importando com os demais, predominando o nepotismo e o

clientelismo como se fosse um comportamento ético, e assim a sensação de

injustiça é observada e os serviços públicos são prestados de forma

inconveniente do ponto de vista ético e até humano. A aplicação de normas

éticas aliadas aos valores morais pode possibilitar uma espécie de controle

disciplinar no setor público.

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CAPÍTULO I

ÉTICA

1.1 – Conceito de ética

De um modo geral, a ética pode ser definida de várias formas, podendo

significar justiça, incluindo princípios que todas as pessoas racionais deveriam

adotar, a fim de reger seu comportamento social, sabendo que eles podem ser

aplicados também a si mesmas. Por meio do estudo da ética, a sociedade

entende o que é moralmente certo ou errado. No entanto, o tema ainda é

bastante controvertido, afinal, aquilo que é eticamente correto para uma pessoa

pode ser errado para outra.

Em sua análise, Vázquez (2000, p.17) afirma que assim como os

problemas teóricos morais não são os mesmos problemas práticos, mesmo

que estejam estritamente relacionados, também não pode ser confundida ética

com moral. A moral não é criada a partir da ética. Mas, é correto afirmar que

todos os princípios morais pressupõem determinadas regras ou normas de

comportamento. No entanto, não cabe à ética estabelecer estas regras morais

em nenhuma sociedade, procurando, apenas, motivar a essência da moral, sua

iniciação na sociedade, bem como as principais qualidades objetivas e

subjetivas deste ato.

Continuando com o tema, o autor ainda afirma que “a ética é a teoria

ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. ou seja, é

ciência de uma forma específica de comportamento humano”. (VÁZQUEZ,

2000, p.23).

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10 Segundo Vázquez (2000, p.35), o objeto da ética é a moral, que, por

sua vez, relaciona-se ao comportamento humano. A esse respeito, o autor

ainda afirma que a palavra “moral” é derivada da “mores”, ou seja, costumes.

Assim, o autor conclui que o principal objetivo da ética é a moralidade positiva.

Portanto, ética não se confunde com moral, uma vez que pode ser

compreendida como teoria dos costumes ou a ciência dos costumes. A moral é

o objeto de estudo ético, retirando dela fatos morais e os principais princípios

aplicáveis.

Vázquez (2000, p.12) afirma que a “ética é a teoria ou ciência do

comportamento moral dos homens em sociedade, é a ciência de uma forma

específica de comportamento humano, isto é, corresponde à necessidade de

uma abordagem científica dos problemas morais”.

Ainda para Vázquez (2000, p.16), a ética pode ser definida como “um

conjunto sistemático de conhecimentos racionais e objetivos a respeito do

comportamento humano moral, a ética nos apresenta com um objeto específico

que se deve estudar cientificamente”. Revela, ainda, que a ética é uma

disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri-las. Seu alicerce

está baseado em valores, normalmente em valores do bom. Partindo do

conceito do bom é o que é valioso e do mau o que não tem valor, ou um vício.

Vázquez (2000, p.20) ainda considera que norma é regra de conduta

que impetra dever, qualquer percepção normativa, é regra de conduta, mas o

inverso não ocorre, haja vista que nem toda regra de conduta é norma. As

noções de normas ficam mais claras quando são comparadas à lei natural ou

às leis físicas, as físicas tem finalidades explicativas e as normas têm fim

prático. As normas não têm a ambição de elucidar nada, mas determinar um

comportamento. A norma mostra um dever, direcionada as pessoas com

capacidade para cumprir ou não. É próprio da norma à possibilidade de

violação.

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11 Em uma conceituação mais abrangente, Holanda (1986, p.276) afirma

que ética é “a parte da filosofia que estuda os deveres do homem para com

Deus e a sociedade, ciência da moral”. No entanto, o autor não destaca que a

ética é,também , a obrigação do homem perante si mesmo.

Já para Eler (2007):

Um conceito de ética de origem estritamente humana

pressupõe uma ênfase nos direitos como ponto de

partida que regula todo relacionamento humano

(intrapessoal, interpessoal e estrutural). Um conceito de

ética que flutua do próprio caráter do Deus Criador,

pressupõe que todo relacionamento humano deva ser

regulado por deveres e responsabilidades em relação a

Deus, à verdade, à integridade pessoal, ao semelhante e

às estruturas conjunturais, sociais e institucionais.

Souza (2002, p.13), de uma forma bem simples, explica que ética é um

conjunto de princípios e valores que guiam e orientam as relações humanas.

Esses princípios devem ter características universais, precisam ser válidos

para todas as pessoas e para sempre.

Em sentido restrito, a ética é utilizada para conceituar deveres e

estabelecer regras de conduta do indivíduo, no desempenho de suas

atividades profissionais e em seu relacionamento com clientes e demais

pessoas. É o que se chama de ética profissional, existente em praticamente

todas as profissões e resultado dos usos e costumes que prevalecem na

sociedade. Dessa forma, surgiram os Códigos de Ética, eles oferecem

orientações, estabelecem diretrizes para um nível digno de conduta

profissional. A ética profissional é o conjunto de princípios que regem a

conduta funcional de uma profissão.

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12Entende-se por princípios éticos as idéias básicas que devem nortear

o comportamento das pessoas na sociedade.

O setor público esteve ao longo dos anos submetido a todas formas de

apropriação e comportamentos que, certamente, em virtude de seus gestores,

chefes ou dirigentes serem alocados através de critérios que não levavam em

conta a condição do conhecimento técnico, mas sim a ascensão política. A

consciência acerca de que o serviço público é um bem do povo e a serviço do

povo era pouco compreendido.

Com isso, os procedimentos no setor público, trazem até os dias atuais

uma certa tendência histórica em funcionar de forma a beneficiar um círculo de

poucos, não importando com os demais, predominando o nepotismo e o

clientelismo como se fosse um comportamento ético, e assim a sensação de

injustiça é observada e os serviços públicos são prestados de forma

inconveniente do ponto de vista ético e até humano. A aplicação de normas

éticas aliadas aos valores morais pode possibilitar uma espécie de controle

disciplinar no setor público.

1.2 – História da Ética

Todo ser humano é dotado de uma consciência moral, que o faz

distinguir entre certo ou errado, com isso é capaz de avaliar suas ações; sendo

portanto, capaz de ética. Esta vem a ser os valores, que se tornam os deveres,

incorporados por cada cultura e que são expressos em ações. A ética,

portanto, é a ciência do dever, da obrigatoriedade, a qual rege a conduta

humana.

Isso implica dizer que ética pode ser conceituada como o estudo dos

juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de

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13qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à

determinada sociedade, seja de modo absoluto.

As questões éticas fundamentais devem ser abordadas a partir de

pressupostos básicos, como a história da filosofia, e é nesta que ela busca

fundamentos para regular o desenvolvimento histórico-cultural da humanidade.

A origem da Ética é um assunto muito relativo e discutível.

SANCHEZ ressalta que os problemas éticos são objetos de uma

atenção especial na filosofia grega quando se democratiza a vida política da

região, especialmente de Atenas.

Pitágoras, no século VI a.C., já estudava a ética.

Os sofistas fizeram parte de um movimento intelectual na Grécia do

século V antes de Cristo.

Protágoras de Abdera, nascido em 480 a.C., já pregava o que se devia

fazer perante terceiros para ser virtuoso. Além de protagonizar o célebre

pensamento de que o ser humano é a medida de todas as coisas, reconhecera

no respeito e na justiça as condições de sobrevivência, ou seja, o caminho pelo

qual se chega ao bem, por meio da conduta.

Sócrates nasce em Atenas, no ano de 470 a.C. adversário da

democracia teniense, o mestre de Platão foi acusado de corromper a juventude

e morreu envenenado no ano de 399 a.C. A ética socrática é racionalista. Nela

podemos encontrar: “ a) uma concepção do bem ( como felicidade da alma ) e

do bom ( como o útil para a felicidade ); b) a tese da virtude ( Arete ) –

capacidade radical e última do homem – como conhecimento, e do vício como

ignorância ( quem age mal é porque ignora o bem; por conseguinte, ninguém

faz o mal voluntariamente ), e a tese de origem sofista, segundo a qual a

virtude pode ser transmitida ou ensinada “.

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14 Platão em Ética das virtudes, estuda a mesma como objeto de seu

exame a disposição da alma, estudando as suas funções de forma a

desenvolver. Platão desenvolve o estudo das funções da alma, pela virtude,

nas obras Filebo e A República.

O discípulo de Sócrates considerava que a ética se relacionava

intimamente com a filosofia política. Ela dependia da sua concepção

metafísica, da sua doutrina da alma ( "princípio que anima ou move o homem e

consta de razão, vontade ou ânimo, e apetite; a razão que contempla e quer

racionalmente é a parte superior, e o apetite, relacionado com as necessidades

corporais, é a inferior").

Ante as dificuldades do indivíduo de aproximar-se da perfeição, torna-

se necessária ao ser humano a participação em um Estado ou Comunidade

política. O homem é bom enquanto cidadão. A idéia do homem somente se

realizaria na comunidade. A ética levaria necessariamente à política.

Aristóteles em Ética a Nicômaco, trata a política e em outros trabalhos

exerce grande influência sobre os pensadores de então e de toda a história da

humanidade.

Discípulo de Platão, também chamado de estagirita, viveu de 384 a

322 antes de Cristo, Aristóteles se opões ao dualismo ontológico de Platão.

Para ele a idéia não é uma realidade distinta dos indivíduos. A idéia existe

somente nos seres individuais. Entretanto, o homem deve tornar concreta uma

realidade que é só potencia em seu pensamento. A grande resposta, o grande

objetivo para ele está na felicidade. Para se alcançar a felicidade, entretanto, o

homem deve ter uma vida elevada, uma vida contemplativa guiada pela razão.

A ética de Aristóteles está unida à sua filosofia política, em razão de

ser a comunidade social e política o meio necessário da moral. Somente nela

poderia alguém realizar o ideal da vida teórica na qual se baseia a felicidade. O

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15homem é um animal político que só se realiza vivendo em sociedade, a vida

moral é necessária para esta vida social e, finalmente, somente assim o ser

humano poderia se realizar em sua vida teórica na qual consistiria a felicidade.

Dos filósofos estóicos, há menor rigor no tratamento da Ética. Estobeu

considera a ética como uma conduta volvida à realidade de cada época,

portanto, mutável.

Lopes de LOPES DE SÁ conclui que em todos (...) estudos filosóficos

da questão, mesmo diante das mudanças do ambiente por alterações

conceituais, observa-se que a preocupação é o homem, em suas formações

espiritual e mental, com vistas aos seus procedimentos perante terceiros, mas

sempre buscando praticar o que não venha a ferir ou prejudicar a quem quer

que seja, inclusive o responsável pelo ato.

Hobbes achava que o básico na conduta humana era a conservação

de si mesmo como o bem maior.

O filósofo holandês, de origem portuguesa, desenvolveu em sua Ética

o que Descartes preconizara.

Fichte encara a ética como auto-afirmação do ser.

Hegel confundia a lei e o Estado como as materializações do bem. O

mesmo autor, além de Green e de Corce, entre outros, chegaram a entender a

ética como o buscar assumir a Deus, como algo infinito em virtudes.

Bérgson estabelece uma ética caracterizada por:"análises restritas ou

fechadas e amplas ou abertas, mas, denuncia um forte sentimento de respeito

à consciência ética como regente da atividade ética e uma forte ligação entre

os fenômenos da matéria e do espírito".

Pode-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista, em três

aspectos:

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161) o agir em conformidade com a razão;

2) o agir em conformidade com a natureza e com o caráter de cada indivíduo;

3) a união permanente entre ética e política. A ética era uma maneira de

educar o sujeito moral no intuito de propiciar a hamonia e os valores

coletivos, sendo ambos virtuosos.

1.3 – Doutrinas Éticas

As doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em

diferentes épocas e sociedades como respostas aos problemas básicos

apresentados pelas relações entre os homens, e, em particular, pelo seu

comportamento moral efetivo. Por isto, existe uma estreita vinculação entre os

conceitos morais e a realidade humana, social, sujeita historicamente à

mudança. Por conseguinte, as doutrinas éticas não podem ser consideradas

isoladamente, mas dentro de um processo de mudança e de sucessão que

constitui propriamente a sua história. Ética e história, portanto, relacionam-se

duplamente: a) com a vida social e, dentro desta, com as morais concretas que

são um dos seus aspectos; b) com a sua história própria, já que cada doutrina

está em conexão com as anteriores (tomando posição contra elas ou

integrando alguns problemas e soluções precedentes), ou com as doutrinas

posteriores (prolongando-se ou enriquecendo-se nelas)

Em toda moral efetiva se elaboram certos princípios, valores ou

normas. Mudando radicalmente a vida social, muda também a vida moral. Os

princípios, valores ou normas encarnados nela entram em crise e exigem a sua

justificação ou a sua substituição por outros. Surge então a necessidade de

novas reflexões ou de uma nova teoria moral, pois os conceitos, valores e

normas vigentes se tornaram problemáticos. Assim se explica a aparição e

sucessão de doutrinas éticas fundamentais em conexão com a mudança e a

sucessão de estruturas sociais, e, dentro delas, da vida moral. Sobre este

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17fundo histórico-social e histórico-moral, examinemos agora algumas doutrinas

éticas fundamentais.

1.3.1 – Ética Grega

Os problemas éticos são objeto de uma atenção especial na filosofia

grega exatamente quando se democratiza a vida política da antiga Grécia e

particularmente de Atenas. Ao naturalismo dos filósofos do primeiro período (os

pré-socráticos), sucede uma preocupação com os problemas do homem, e,

sobretudo, com os problemas políticos e morais. As novas condições que se

apresentam no século V (a. n. e.) em muitas cidades gregas — e

especialmente em Atenas — com o triunfo da democracia escravista sobre o

domínio da velha aristocracia com a democratização da vida política, com a

criação de novas instituições eletivas e com o desenvolvimento de uma intensa

vida pública, deram origem à filosofia política e moral. As idéias de Sócrates,

Platão e Aristóteles neste campo estão relacionadas com a existência de uma

unidade democrática limitada e local (o Estado-cidade ou polis), ao passo que

a filosofia dos estóicos e dos epicuristas surge quando este tipo de organização

social já caducou e a relação entre o indivíduo e a comunidade se apresenta

em outros termos.

1.3.2 – Ética Cristã Medieval

O cristianismo se eleva sobre as ruínas da sociedade antiga; depois

de uma longa e sofrida luta, transforma-se na religião oficial de Roma (séc. IV)

e termina por impor o seu domínio durante dez séculos. Ruindo o mundo

antigo, a escravidão cede o seu lugar ao regime de servidão e, sobre a base

deste, organiza-se a sociedade medieval como um sistema de dependências e

de vassalagens que lhe confere um aspecto estratificado e hierárquico. Nesta

sociedade, caracterizada também pela sua profunda fragmentação econômica

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18e política, devido à existência de uma multidão de feudos, a religião garante

uma, certa unidade social, porque a política está na dependência dela e a

Igreja — como instituição que vela pela defesa da religião —; exerce

plenamente um poder espiritual e monopoliza toda a vida intelectual. A moral

concreta, efetiva, e a ética - como doutrina moral — estão impregnadas,

também, de um conteúdo religioso que encontramos em todas as

manifestações da vida medieval.

1.3.3 – A Ética Moderna

Entendemos por moderna a ética dominante desde o século XVI até

os começos do século XIX. Embora não seja fácil reduzir as múltiplas e

variadas doutrinas éticas deste período a um denominador comum, podemos

destacar a sua tendência antropocêntrica — em contraste com a ética

teocêntrica e teológica da Idade Média — que atinge o seu ponto culminante na

ética de Kant.

1.3.4 – A Ética Contemporânea

Incluímos na ética contemporânea não só as doutrinas éticas atuais,

mas também aquelas que, embora tenham surgido no século XIX, continuam

exercendo o seu influxo em nossos dias. Tal é o caso das idéias de

Kierkegaard, Stirner ou Marx.

As doutrinas éticas posteriores a Kant e a Hegel surgem num mundo

social que, depois da Revolução de 1789, não só conheceu a instauração de

uma ordem social que se apresenta conforme a natureza racional do homem,

mas também uma sociedade na qual afloram e se aguçam as contradições

profundas que explodirão nas revoluções sociais do século passado e do

presente. A sociedade racional dos iluministas do século XVIII, bem como o

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19Estado hegeliano, encarnação da razão universal, revelam na realidade

burguesa uma profunda irracionalidade. A ética contemporânea surge,

igualmente, numa época de contínuos progressos científicos e técnicos e de

um imenso desenvolvimento das forças produtoras, que acabarão por

questionar a própria existência da humanidade, dada a ameaça que seus usos

destruidores acarretam. Finalmente, a ética contemporânea, na sua fase mais

recente, não só conhece um novo sistema social — o socialismo —, mas

também um processo de descolonização e, paralelamente a ele, uma

reavaliação de comportamentos, princípios e heranças que não se enquadram

no legado ocidental tradicional.

No plano filosófico, a ética contemporânea se apresenta em suas

origens como uma reação contra o formalismo e o racionalismo abstrato

kantiano, sobretudo contra a forma absoluta que este adquire em Hegel. Na

filosofia hegeliana, chega a seu apogeu a concepção kantiana do sujeito

soberano, ativo e livre; mas, em Hegel, o sujeito é a Idéia, Razão ou Espírito

absoluto, que é a totalidade do real, incluindo o próprio homem como um seu

atributo. A sua atividade moral não é senão uma fase do desenvolvimento do

Espírito ou um meio pelo qual o Espírito — como verdadeiro sujeito — se

manifesta e se realiza.

A reação ética contra o formalismo kantiano e o racionalismo absoluto

de Hegel é uma tentativa de salvar o concreto em face do formal, ou também o

homem real em face da sua transformação numa abstração ou num simples

predicado do abstrato ou do universal. De acordo com a orientação geral que

segue o movimento filosófico, desde Hegel até os nossos dias, o pensamento

ético também reage:

a) contra o formalismo e o universalismo abstrato e em favor do homem

concreto (o indivíduo, para Kierkegaard e para o existencialismo atual; o

homem social, para Marx);

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20b) contra o racionalismo absoluto e em favor do reconhecimento do irracional

no comportamento humano (Kierkegaard, o existencialismo, o pragmatismo e a

psicanálise);

c) contra a fundamentação transcendente (metafísica) da ética e em favor da

procura da sua origem no próprio homem (em geral, todas as doutrinas que

examinamos, e, com um acento particular, a ética de inspiração analítica, a

qual, para subtrair-se a qualquer metafísica, refugia-se na análise da linguagem

moral).

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CAPÍTULO II

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

2.1 - A Questão da Ética no Serviço Público

Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em corrupção,

extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos ter como ponto de

referência em relação ao serviço público, ou na vida pública em geral, é que

seja fixado um padrão a partir do qual possamos, em seguida julgar a atuação

dos servidores públicos ou daqueles que estiverem envolvidos na vida pública,

entretanto não basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse

padrão seja ético,acima de tudo.

A questão deveria ser conduzida com muita seriedade, porque

desfazer a imagem negativa do padrão ético do serviço público brasileiro é

tarefa das mais difíceis.

Refletindo sobre a questão, acredita-se que uma alternativa, para o

governo, poderia ser a oferta à sociedade de ações educativas de boa

qualidade, nas quais os indivíduos pudessem ter, desde o início da sua

formação, valores arraigados e trilhados na moralidade. Dessa forma, seriam

garantidos aos mesmos, comportamentos mais duradouros e interiorização de

princípios éticos.

Outros caminhos seriam a repreensão e a repressão, e nesse ponto há

de se levar em consideração as leis punitivas e os diversos códigos de ética de

categorias profissionais e de servidores públicos, os quais trazem severas

penalidades aos maus administradores.

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22As leis, além de normatizarem determinado assunto, trazem, em seu

conteúdo, penalidades de advertência, suspensão e reclusão do servidor

público que infrigir dispositivos previstos na legislação vigente. Uma das mais

comentadas na atualidade é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece

normas de finanças públicas voltadas para responsabilidade na gestão fiscal.

O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões éticos

dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou seja, de caráter

público, e sua relação com o público. A questão da ética pública está

diretamente relacionada aos princípios fundamentais, sendo estes comparados

ao que chamamos no Direito, de “Norma Fundamental”, uma norma hipotética

com premissas ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver

relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás,

podemos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais da

boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos e essenciais a

uma vida equilibrada do cidadão na sociedade.

2.2 – Processo Administrativo Disciplinar

O regime disciplinar contempla um conjunto de regras que visam não

só a orientar condutas e procedimentos a serem observados por servidores

públicos, como também a prever as sanções cabíveis quando restarem

infringidas as regras estabelecidas. Compreende, pois, o regime disciplinar o

sistema normativo a ser observado na esfera das relações estatutárias

mantidas entre a Administração Pública e seus servidores.

Constatada a inobservância ou o desrespeito a tais normas, passo

seguinte consistirá em atender de forma ágil e imediata ao dever de apurar a

irregularidade cometida. Tal orientação exsurge dos termos da própria Lei

8.112/90 que, em seu art. 143, dispõe que “a autoridade que tiver ciência de

irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração

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23imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar,

assegurada ao acusado ampla defesa”. A completar essa

orientação,inscrevem-se na aludida disposição legal os deveres de comunicar

à autoridade competente as irregularidades de que se tiver ciência (art. 116,

VI), assim como o dever de representar contra ilegalidade, omissão ou abuso

de poder (art.116.XII).

A apuração de irregularidade, todavia, não pode ser feita de qualquer

modo ou sem a observância e o respeito a fórmulas procedimentais.

Indispensável, para que o ato punitivo não sofra questionamento e não venha a

ser posteriormente anulado, que a autoridade competente oriente a apuração

correspondente por meio de mecanismos instrumentais representados e

concretizados pelo Processo Administrativo Disciplinar.

O Processo Administrativo Disciplinar passa a desempenhar, nesse

contexto, importante papel, constituindo-se em meio que a lei coloca à

disposição do administrador para, no exercício do poder disciplinar que lhe é

inerente, apurar e coibir, quando for o caso, os atos irregulares e ilícitos

funcionais por servidores públicos.

A punição de eventual conduta irregular praticada por servidor no

desempenho de suas atribuições exige, pois, não só a tipificação desta,

conforme as disposições legais inscritas no regime disciplinar respectivo, como

também a sua apuração por meio do processo administrativo disciplinar.

O processo disciplinar presta-se,como visto, a realizar a integração

entre as normas de conduta que em lei se vêem explicitadas e a sanção

prevista para o caso de infringência a qualquer delas.

Oportuno ver, pois, que a exata compreensão dos procedimentos

estabelecidos é de todo necessária para que, punida uma conduta

induvidosamente inadequada, não venha a decisão a ser anulada por vícios e

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24falhas insanáveis, impondo uma insuportável desmoralização às normas e à

própria autoridade administrativa, criando uma descabida e inaceitável

aparência de impunidade que se presta a incentivar de forma crescente outras

atitudes igualmente irregulares e a impor ao servidor honesto e dedicado as

conseqüências de atos irresponsáveis, imorais e desonestos praticados por

pessoas pouco ou nada compromissadas com a Administração pública.

2.3 – Código de Ética Profissional do Servidor Público

O Sistema de Gestão de Ética do Poder Executivo Federal é

fundamentado nos Decretos 1.171 de 1994.

Os principais objetivos do Código de Ética são incentivar a adesão de

todos os agentes públicos e administrados; estabelecer regras de conduta

internas e externas; preservar a imagem e a reputação do agente público e da

Administração Pública; evitar conflitos de interesse; possibilitar o exercício da

cidadania sendo mais um canal de acesso ao cidadão; e dar transparência às

atividades desenvolvidas no serviço público.

Nele estão estabelecidos princípios e valores (regras deontológicas)

que visam a estimular um comportamento ético na Administração Pública.

Merecem destaque os seguintes:

I – A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios

morais como primados maiores que devem nortear a conduta do servidor

público;

II – A honestidade como um valor a ser perseguido: o servidor público “não

terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o

conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente

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25entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, “caput”

e 4º, da Constituição Federal”;

III – O bem comum como fim último da Administração Pública;

VIII – O direito à verdade que toda pessoa tem: “O servidor pode omiti-la ou

falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou

Administração Pública”;

IX – Cortesia e boa vontade no trato com cidadão que paga seus tributos,

direta ou indiretamente, os quais custeiam, inclusive, a remuneração do

servidor;

X – Respeito aos usuários dos serviços públicos, não deixando as pessoas à

espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções nem

permitindo a formação de longas filas ou qualquer outra espécie de atraso na

prestação do serviço.

Esse código também estabelece deveres e vedações que devem ser

observados pelos servidores públicos, alguns dos quais já se encontram

estabelecidos na lei que instituiu o Regime Jurídico do Servidor Público, Lei nº

8.112/90. Dentre as condutas vedadas, destaca-se:

a) usar do cargo ou função para obter favorecimento, para si ou para outrem;

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito

por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda

financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer

espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua

missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

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26j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu

serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos

de cunho duvidoso.

Esse código não foi instituído por lei. Logo, em atenção ao princípio

constitucional da legalidade estrita (“ninguém será obrigado a fazer ou deixar

de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, art. 5º, II, da CF), o

descumprimento de suas regras não podem gerar sanção que afete o

patrimônio jurídico do servidor. Por isso a penalidade nele prevista é apenas a

de censura. De qualquer modo, esse Código serve para estimular o

comportamento ético no setor público, desde que as regras deontológicas e as

que fazem referência a deveres e vedações sejam devidamente divulgadas.

2.4 – Criação de Comissões de Ética

O Decreto nº 6.029 de 2007 instituído pelo Presidente da República

Luís Inácio Lula da Silva determinou a Comissão de Ética Pública do Poder

Federal visando a promoção de atividades éticas dos executivos do Poder

Público Federal por meio da integração de órgãos e programas que motivem o

desenvolvimento da ética pública. Com isso, busca auxiliar com a implantação

de políticas públicas com ações transparentes, bem como fácil acesso da

comunidade como forma primordial ao exercício da gestão pública confiável.

Para isso, é primordial a promoção de procedimentos que

compatibilizem as normas com a ética pública, articulando ações,

estabelecendo e efetivando metodologias de incentivo ético na gestão federal.

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27 Embora regido por um Código de Ética, o servidor público nem sempre

tem conhecimento das normas de conduta por ela estabelecidas. Cabe às

comissões de Ética, portanto, não somente a avaliação da conduta do servidor,

mas a disseminação dos preceitos éticos descritos no código. Sendo assim,

importante se faz que o trabalho das comissões de ética não se restrinja a

reuniões para analisar e julgar os comportamentos inadequados dos

servidores, mas propiciem espaços de discussão e reflexão onde os servidores

possam se auto-avaliar enquanto equipe, tendo em vista a prestação de

serviços à comunidade pautadas nos valores éticos.

O Decreto nº 6.029, veio reforçar que no regime democrático brasileiro

os agentes públicos devem agir, somente, como representantes dos interesses

públicos, a fim de subsidiar o processo de tomada de decisão da autoridade

pública, desde que, dentro dos padrões legais e éticos. Pra isso, é primordial

que não haja qualquer tipo de tratamento privilegiado do servidor, parentes,

amigos ou do partido político.

2.5 – Ética Pública e Susceptibilidade a Desvios Éticos

Programas de fortalecimento institucional e de modernização do

Estado, desenvolvidos principalmente nos anos 90, não contemplaram ações

específicas para o estabelecimento de um modelo efetivo de gestão da ética.

Países que tradicionalmente deram atenção aos problemas

relacionados com a ética desenvolveram programas de sucesso, tendo em

comum aos seguintes pontos:

a) definição de valores éticos;

b) profissionalização dos recursos humanos;

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28c) adoção de normas claras que traduzem, para a prática do dia-a-dia, os

valores éticos definidos;

d) Estrutura de gestão com independência e autonomia para executar ações

voltadas para o aperfeiçoamento das normas – capacitação, orientação,

investigação e sanção, tornando efetivo os limites que devem ser observados

na conduta dos servidores(CEP,2001).

Os eixos primordiais para o desenvolvimento de um modelo de Gestão

da Ética seriam:

a) normalização, relacionado com a existência de normas eficazes

disciplinadoras da conduta funcional;

b) administração, relacionado com as capacidades de promoção e gestão das

referidas normas;

c) infra-estrutura, relacionado com a disponibilidade das condições

instrumentais e capacidade gerencial para que as instituições públicas

cumpram suas missões.

Em maio de 1999 foi criada a Comissão de Ética Pública (CEP) do

Governo Federal, vinculada ao Presidente da República. As principais funções

dessa Comissão são revisão das normas que dispõem sobre conduta ética na

Administração Pública Federal e a elaboração e proposição da instituição do

Código de Conduta das Autoridades, no âmbito do Poder Executivo Federal.

A CEP vem desenvolvendo atividades destinadas a ampliar o

conhecimento da problemática da ética pública, por meio da promoção de

seminários abertos, divulgação do seu trabalho junto às entidades públicas e a

sociedade em geral, e a realização de estudos específicos.

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29Um desses estudos relaciona-se com a tentativa de identificar e

relacionar os componentes que influem no contexto ético de entidades

públicas, possibilitando assim implementar as medidas compensatórias

necessárias para minimizar a ocorrência de desvios éticos.

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30

CAPÍTULO III

SERVIDOR PÚBLICO

3.1 – A Insatisfação da Sociedade com o Serviço Público

Segundo Muller (2006), a insatisfação com a conduta ética no serviço

público é um fato que vem sendo constantemente criticado pela sociedade

brasileira. De modo geral, o país enfrenta o descrédito da opinião pública a

respeito do comportamento dos administradores públicos e da classe política

em todas as suas esferas: municipal, estadual e federal. A partir desse cenário,

é natural que a expectativa da sociedade seja mais exigente com a conduta

daqueles que desempenham atividades no serviço e na gestão de bens

públicos.

A falta de ética, tão criticada pela sociedade, na condução do serviço

público por administradores e políticos, generaliza a todos, colocando-os no

mesmo patamar, além de constituir-se em uma visão imediatista.

Refletindo sobre a questão, acredita-se que um alternativa, para o

governo, poderia ser a oferta à sociedade de ações educativas de boa

qualidade, nas quais os indivíduos pudessem ter, desde o início da sua

formação, valores arraigados e trilhados na moralidade. Dessa forma, seriam

garantidos aos mesmos, comportamentos mais duradouros e interiorização de

princípios éticos (MULLER, 2006).

Outros caminhos seriam a repreensão e a repressão, e nesse ponto há

de se levar em consideração as leis punitivas e os diversos códigos de ética de

categorias profissionais e de servidores públicos, os quais trazem severas

penalidades aos maus administradores.

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31 Para Mafra Filho (2008, p.113), os códigos de ética trazem, em seu

conteúdo, o conjunto de normas a serem seguidas e as penalidades aplicáveis

no caso do não cumprimento das mesmas. Normalmente, os códigos lembram

aos funcionários que estes devem agir com dignidade, decoro, zelo e eficácia,

para preservar a honra do serviço público. Enfatizam que é dever do servidor

ser cortês, atencioso, respeitoso com os usuários do serviço público. Também,

é dever do servidor ser rápido, assíduo, leal, correto e justo, escolhendo

sempre aquela opção que beneficie o maior número de pessoas. Os códigos

discorrem, ainda, sobre as obrigações, regras, cuidados e cautelas que devem

ser observadas para cumprimento do objetivo maior que é o bem comum,

prestando serviço público de qualidade à população. Afinal, esta última é quem

alimenta a máquina governamental dos recursos financeiros necessários à

prestação dos serviços públicos, através do pagamento dos tributos previstos

na legislação brasileira – ressalta-se, aqui, a grande carga tributária imposta

aos contribuintes brasileiros. Também, destaca-se nos códigos que a função do

servidor deve ser exercida com transparência, competência, seriedade e

compromisso com o bem estar da coletividade.

Os códigos não deixam dúvidas quanto às questões que envolvem

interesses particulares, as quais, jamais, devem ser priorizadas em detrimento

daquelas de interesses públicos, ainda mais se forem caracterizadas como

situações ilícitas. Dentre as proibições, tem-se o uso do cargo para obter

favores, receber presentes, prejudicar alguém através de perseguições por

qualquer que seja o motivo, a utilização de informações sigilosas em proveito

próprio e a rasura e alteração de documentos e processos. Todas elas evocam

os princípios fundamentais da administração pública: legalidade,

impessoalidade, publicidade e moralidade – este último princípio intimamente

ligado à ética no serviço público. Além desses, também se podem destacar os

princípios da igualdade e da probidade.

Do ponto de vista da Comissão de Ética Pública, a repressão, na

prática, é quase sempre ineficaz. O ideal seria a prevenção, através de

identificação e de tratamento específico, das áreas da administração pública

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32em que ocorressem, com maior freqüência, condutas incompatíveis com o

padrão ético almejado para o serviço público. Essa é uma tarefa complicada,

que deveria ser iniciada pelo nível mais alto da administração, aqueles que

detém poder decisório.

A Comissão defende que o administrador público deva ter Código de

Conduta de linguagem simples e acessível, evitando termos jurídicos

excessivamente técnicos, que norteie o seu comportamento enquanto

permanecer no cargo e o proteja de acusações infundadas. E vai mais longe ao

defender que, na ausência de regras claras e práticas de conduta, corre-se o

risco de inibir o cidadão honesto de aceitar cargo público de relevo. Além disso,

afirma ser necessária a criação de mecanismo ágil de formulação dessas

regras, assim como de sua difusão e fiscalização. Deveria existir uma instância

à qual os administradores públicos pudessem recorrer em caso de dúvida e de

apuração de transgressões, que seria, no caso, a Comissão de Ética Pública,

como órgão de consulta da Presidência da República (MULLER, 2006).

Diante dessas reflexões, a ética deveria ser considerada como um

caminho no qual os indivíduos tivessem condições de escolha livre e, nesse

particular, é de grande importância a formação e as informações recebidas por

cada cidadão ao longo da vida.

A moralidade administrativa constitui-se, atualmente, num pressuposto

de validade de todo ato da administração pública. A moral administrativa é

imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da

instituição a que serve, e a finalidade de sua ação: o bem comum. O

administrador público, ao atuar, não poderia desprezar o elemento ético de sua

conduta.

A ética tem sido um dos mais trabalhados temas da atualidade, porque

se vem exigindo valores morais em todas as instâncias da sociedade, sejam

elas políticas, científicas ou econômicas.

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33 É a preocupação da sociedade em delimitar legal e ilegal, moral e

imoral, justo e injusto. Desse conflito é que se ergue a ética, tão discutida pelos

filósofos de toda a história mundial.

3.2 – O Perfil Moderno do Serviço Público

A prestação de um serviço público cada vez mais satisfatório e

adequado às necessidades da população atende hoje a uma exigência da

própria Constituição Federal, segundo o Princípio da Eficiência que deve

orientar toda a atuação da Administração Pública. Vale dizer que a eficiência

constitui, conforme acréscimo da Emenda Constitucional 19/98, ao lado da

legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade (transparência)

da atuação administrativa, alicerce norteador dos modos de agir no serviço

público em geral, sempre para a produção de resultados pontuais, justos e

úteis à sociedade.

Vázquez (2000, p.170), Brasileiros cada vez mais bem informados e

conscientes dos seus direitos reclamam avanços significativos na condução

estatal, certos de que o respeito aos valores democráticos não se coaduna com

a lentidão ou com o descaso burocrático. A Administração Pública, portanto,

deve modernizar-se, sintonizada com a urgência das novas agendas da

cidadania. E bem mais do que uma simples conveniência, a modernização do

serviço público é um imperativo inafastável.

A transformação, é claro, passa pela valorização dos servidores

públicos, que precisam ser reconhecidos segundo méritos objetivamente

apurados. O Estado deve, por isso mesmo, investir no constante

aperfeiçoamento de seus quadros, estimulando a qualificação técnica

continuada dos seus colaboradores, independentemente dos diferentes níveis

de carreira que ocupem. Do servidor mais humilde aos mais graduados, todos

devem ter oportunidades de crescimento intelectual e profissional. Enquanto

militam pela prestação de um serviço público mais ágil, mais produtivo,

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34iniciativas desse tipo contribuem ainda para a melhoria da própria auto-estima

dos funcionários, como é naturalmente desejável.

3.3 – Transparência no Serviço Público

Do ponto de vista do setor há que se estabelecer um padrão de

conduta efetiva, legitimado pela sociedade, e que se expresse não

prioritamente na existência de normas e regulamentos proibitivos das condutas

lesivas ao interesse público, mas através de políticas e ações do Estado que

resgatem a credibilidade institucional que se perdeu ao longo do tempo,

gerando resultados e promovendo o bem estar social de maneira inequívoca,

recuperando o interesse público como foco e finalidade da existência de um

Estado nacional e assegurando, pelo que se denomina transparência, a

participação cidadã nas ações de um governo.

Segundo o Presidente da Comissão Nacional de Ética Pública, Carneiro

(2002), o processo de modernização do Estado se desenvolveu em quatro

fases distintas. Numa primeira, o foco da modernização estava voltado para o

ganho de eficiência: ou seja, a Administração tinha o objetivo de fazer mais

rapidamente e melhor a prestação do serviço público. Numa segunda fase, a

ênfase se deslocou para o conceito da eficácia, o foco no resultado desejado

pela clientela, significando a sociedade usuária dos serviços do Estado. Na

terceira fase, o Estado percebeu que não adiantava apenas fazer certa a coisa

certa, mas faze-la com transparência, com o alcance do olhar da cidadania; a

publicidade dos atos da Administração passa a ter tanta importância quanto o

próprio ato. A perseguição de modelos de gestão pública que possam ser

entendidos como éticos esbarra em algumas importantes indagações

merecedoras de reflexão, dentre as quais: O que se constitui um padrão ético

par o setor público? É a transparência plena dos atos públicos o caminho mais

curto para se alcançar o conceito da ética como um conjunto de princípios,

valores, ideais e regras que constituem um padrão requerido pela sociedade

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35para todos os que exercem os chamados poderes deveres do Estado? Os

recursos tecnológicos disponíveis na sociedade podem ser os agentes

diferenciais na promoção da ética pela transparência plena dos atos públicos?

A Constituição Federal estabelece no seu artigo 37, os princípios

norteadores da atuação das Administrações nas três esferas de Governo que

integram a Federação, que são os princípios da legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência, integrada à exigência de licitação pública

como regra de aquisição de bens e serviços.

Segundo Ramos (2000), a transparência é uma importante

característica do que se espera da administração pública, a qual vem sendo

cada vez mais vigiada e controlada pelo cidadão, o verdadeiro patrão do

servidor público. Sendo assim, uma nova cultura na área de comunicação deve

considerar a cidadania, no sentido de se buscar novas formas de organização

do trabalho em um Estado democrático, com o objetivo de reduzir as

desigualdades sociais (Educação para todos); a responsabilidade, no sentido

de concretizar o desejo de interesse público à realização do bem comum.

Desejo de todo o cidadão; e a responsabilização de informar a gestão

realizada. Obrigatoriedade de prestação de contas ao cidadão, o que

pressupõe o maior envolvimento dos funcionários na busca da maior eficácia

do Estado.

3.4 – Mudanças no Serviço Público

De acordo com Nunes (2008), a mudança que se deseja na

administração pública sugere numa gradativa mais necessária transformação

cultural dentro da estrutura da organizacional da pública, isto é, uma

reavaliação e valorização das tradições, valores morais e educacionais que

nascem em cada um de nos e se forma ao longo do tempo criando assim um

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36determinado estilo de atuação no seio da organização baseada em valores

éticos.

A sociedade brasileira, consiste em direito e deveres onde muitos

deixam levar pelo poder econômico, fazendo com que muitas pessoas sofram

com a desigualdade social. O desempenho profissional público precisa ser

desenvolvido dentro da ética, onde as instituições públicas e privadas

valorizam esta postura moral. O profissional tem cumprido suas funções

respeitando seus colegas e seu espaço físico de trabalho.

A administração pública, porém esta limitada as disciplinas com

direitos e deveres dando liberdade ao ser humano buscando forma de se

interagir com o outro alem de regular suas praticas do dia a dia.

Para Nunes (2008), o estado é constituído de três elementos

originários e indissociáveis, povo, território, e governo soberano. Povo é o

componente humano do estado; território é sua base física; governo soberano

é o elemento condutor do estado que exerce o poder de autodeterminação e

auto-organização, emanada do povo, não há poder sem estado

independentemente em soberania, segundo a vontade livre de seu povo e de

fazer cumprir as decisões forçadas pelo poder do estado.

A organização do estado é matéria constitucional que divide a

política do território nacional, poderes, forma de governo, investimetos diretos.

Através da legislação, organização administrativa de suas autarquias, objeto do

direito administrativo que visa uma administração com responsabilidade ao

serviço publico de uma sociedade.

A democracia é a mais delicada de forma política e social, também a

mais difícil de realizar, pois pressupõe cultura política e estabilidade

econômico-social. As políticas sócias se situam no interior de um tipo particular

de estado. São formas de interferência do estado visando à manutenção das

relações sócias de determinada formação social. O processo de definição de

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Em uma conceituação mais abrangente, Holanda (1986, p.276) afirma que ética é “a parte da filosofia que estuda os deveres

37política para a sociedade reflete aos conflitos, os arranjos feitos nas esferas de

poder que perpassam as instituições do estado e da sociedade como um todo.

O comportamento humano no ambiente de trabalho é que faz uma

boa eficaz na empresa em que trabalha, pois as mesmas selecionam pessoas

que possam também trazer lucros e uma inter relação bem favorável ao interior

e exterior da empresa.

Ainda para Nunes (2008), a gestão de pessoas esta ocorrendo para

manifestar mudanças nas pessoas, e esta exigindo cada vez mais aos

profissionais de cada setor de trabalho mais fidelidade pelo que faz alem de

desenvolver trabalhos que possam trazer informações e conhecimentos para

sua auto-realização. Hoje o mundo esta passando pelo momento competitivo,

onde as empresas procuram qualificar seus servidores, somos sabedores que

as pessoas precisam das organizações, pois seus objetivos precisam esta

direcionados para a empresa. Porem o cidadão precisa se atualizar para poder

lidar com o publico dando atenção ao grupo de pessoas qual estão em

constante movimento em busca de uma ética profissional descente e um bom

poder de eficácia .

A ação e a cooperação das pessoas são fundamentais para mudar a

forma de administrar e persistir boas atitudes e reconhecer o papel da cultura

organizacional, percebendo as pessoas como atores que participam e

influenciam as mudanças.

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38

CONCLUSÃO

Conclui-se, assim, que as questões éticas, estão cada vez mais

visíveis na cena pública brasileira dada a multiplicação de casos de corrupção

e, sobretudo, a reação da sociedade frente a um tal grau de desmoralização da

relações sociais e políticas. Com os escândalos e as denúncias de corrupção

expostas pela mídia, refletir sobre essas questões traz à tona os conceitos

éticos que envolvem a busca por melhores ações, tanto na vida pessoal como

na vida pública daqueles a quem, legalmente, devem decência à sociedade.

Assim, a ética é esperada na conduta responsável por parte do

agente público, com o claro e definitivo objetivo de diminuir o mau uso da

máquina pública, evitando, por conseguinte, as vantagens desleais e as

práticas que prejudiquem o contribuinte.

Depois de décadas de preconceito e de abandono, no sentido de não

cumprir o seu papel por falta de condições objetivas, de formação e

capacitação profissional, de motivação para a importância de seu trabalho, o

servidor público compreende o sentido de seu espaço nas instituições do

Estado; recebe treinamento especializado e permanente para desempenhar

cada vez melhor as sua funções e capacita-se para participar das decisões da

gestão pública.

O servidor público, independente do que reza a sua legislação, seja

de qualquer setor, precisa, antes de mais nada, ser fiel ao serviço que presta à

comunidade, ser digno do respeito da sociedade e assim passar a ser a

imagem de um serviço público honesto, mesmo nos tempos atuais. É

necessário que tenha respeito ao povo e à vocação natural da cidade.

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398 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARMANDO DA COSTA, José. Teoria e Prática do Processo Administrativo

Disciplinar. Brasília: Brasília Jurídica, 1999.55p.

Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Comissão de Ética: Editora

CEMAD, 2002,177p.

Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994. Aprova o Código de Ética

Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Disponível

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS..........................................................................................3

DEDICATÓRIA....................................................................................................4

RESUMO.............................................................................................................5

METODOLOGIA..................................................................................................6

SUMÁRIO............................................................................................................7

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPÍTULO I – ÉTICA..........................................................................................9

1.1 – Conceito de Ética......................................................................................9

1.2 – História da Ética......................................................................................12

1.3 – Doutrinas Éticas......................................................................................16

1.3.1 – Ética Grega...........................................................................................17

1.3.2 – Ética Cristã Medieval...........................................................................17

1.3.3 – A Ética Moderna...................................................................................18

1.3.4 – A Ética Contemporânea......................................................................18

CAPÍTULO II – ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO..............................................21

2.1 – A Questão da Ética no Serviço Público................................................21

2.2 – Processo Administrativo Disciplinar....................................................22

2.3 – Código de Ética Profissional do Servidor Público..............................24

2.4 – Criação de Comissões de Ética.............................................................26

2.5 – Ética Pública e Susceptibilidade a Desvios Éticos.............................27

CAPÍTULO III – SERVIDOR PÚBLICO.............................................................30

3.1 – A Insatisfação da Sociedade com o Serviço Público..........................30

3.2 – O Perfil Moderno do Serviço Público....................................................33

3.3 – Transparência no Serviço Público........................................................34

3.4 – Mudanças no Serviço Público...............................................................35

CONCLUSÃO....................................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................39

ÍNDICE...............................................................................................................41