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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PROCESSO ASILAR DE IDOSOS: A PERSPECTIVA DA FAMÍLIA E DO PRÓPRIO IDOSO Por: Natália Soares da Silva Palmar Orientador Prof. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Iracema que está presente diariamente em minha memória e em meu coração, encorajando-me a ser uma pessoa cada vez melhor. RESUMO

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PROCESSO ASILAR DE IDOSOS: A PERSPECTIVA DA

FAMÍLIA E DO PRÓPRIO IDOSO

Por: Natália Soares da Silva Palmar

Orientador

Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PROCESSO ASILAR DE IDOSOS: A PERSPECTIVA DA

FAMÍLIA E DO PRÓPRIO IDOSO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Terapia de

Família

Por: Natália Soares da S. Palmar

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas oportunidades

que me tem dado e a minha família pelo

exemplo de grandeza e pelo constante

apoio.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha amada avó

Iracema que está presente diariamente

em minha memória e em meu coração,

encorajando-me a ser uma pessoa cada

vez melhor.

RESUMO

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Atualmente, no Brasil, há uma dicotomia entre o atual crescimento do

número da população idosa e o suporte dado pelo Estado a este segmento. A

atual situação de vulnerabilidade vivenciada pela população idosa brasileira é

fruto de uma construção histórica e social pautada no modelo neoliberal.

Apesar de alguns ganhos legais a favor deste segmento da população,

como o Estatuto do Idoso e Leis que regulamentam a Assistência Social, ainda

é necessário a efetivação de alguns direitos.

A família, em sua complexidade, também nos apresenta uma variedade

de posicionamentos quanto aos seus idosos. E, às vezes, a dificuldade em

lidar com eles é tamanha que a “melhor” solução é inseri-los em uma

Instituição Asilar.

Já asilados, os idosos representam a este processo e a si mesmos de

formas distintas, de acordo com a sua história, vínculos afetivos e condição de

vida. Para que a adaptação a esta nova condição seja menos difícil é

necessário profissionais qualificados, propositivos e articulados politicamente

com os direitos do cidadão.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada na monografia teve por base um arcabouço

teórico a respeito da situação política-social da velhice, que nos ajudou a

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compreender o processo de envelhecimento dos trabalhadores brasileiros

como um processo construído histórica e socialmente, e sobre as condições de

asilamento dos mesmos.

Foram utilizados os instrumentos de pesquisa de fontes bibliográficas

documentais, publicações periódicas, busca na internet e materiais de estudo

oriundos do curso de especialização em terapia de família.

Com o intuito de melhor sustentar esta pesquisa a respeito do processo

de asilamento de idosos, utilizamos também levantamentos empíricos

realizados em meu campo de trabalho.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - O Processo de Envelhecimento no Sistema

Capitalista Brasileiro 10

1.1 O Trabalho e a Aposentadoria Sob a Lógica do Capital 10

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1.2 Políticas Sociais do Idoso em Tempos Neoliberais 18

CAPÍTULO II - A inter-relação Idoso e Família 25

2.1 O Papel ocupado pelo Idoso na Família 25

2.2 Análise sobre a trajetória do Idoso até o asilo – Os porquês das famílias sobre a Institucionalização do seu idoso 33

CAPÍTULO III – O Idoso Asilado 39

3.1 A Subjetividade do Idoso Asilado 39

3.2 A Experiência de trabalho em Casas de Repouso para Idosos

no Município de São Gonçalo 44

CONCLUSÃO 51

ANEXOS 53

BIBLIOGRAFIA 62

ÍNDICE 69

FOLHA DE AVALIAÇÃO 70

INTRODUÇÃO

O tema desta monografia foi selecionado devido a minha experiência de

trabalho como Assistente Social, primeiramente, no Centro de Referência

Especializado de Assistência Social da Prefeitura de São Gonçalo no Serviço

de Orientação e Apoio a Pessoas e Famílias vítimas de violência, onde uma

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das demandas envolve o processo de abrigamento de pessoas idosas.

Posteriormente, a minha inserção no serviço social de três Casas de Repouso

para Idosos contribuiu para a minha escolha.

O fator idade sempre ocupou uma posição importante na história. A

descrição da vida humana e sua heterogênea representação por meio de fases

delineadas é uma prática utilizada desde o século VI a.C. pelos filósofos

jônicos. Ariès relata que este sistema das “idades da vida” foi posteriormente

adotado nos escritos bizantinos da época medieval e nos primeiros livros

científicos datados do século XVI. Nestes últimos, a periodização da vida

esboçava as características afirmadas já no século XIV: o perfil das diferentes

etapas biológicas e das funções sociais a elas atribuídas. No século XVIII,

diante da associação do cientificismo evolucionista e da modernização

ocidental, as percepções de juventude e velhice como pólos opostos foram

estabelecidas dentro de um campo de valores pautados nas suas

possibilidades para produção e reprodução do capital. Assim, não contribuindo

mais para a produção de riqueza, a velhice perderia o seu valor simbólico.

Este estudo tem por objetivo analisar como os efeitos da reforma do

Estado brasileiro sobre a vida dos trabalhadores idosos estão diretamente

relacionados com a qualidade de vida na velhice e com os processos de

asilamento deste segmento populacional. Pretendemos conhecer a questão,

suscitar a reflexão e novos debates sobre a maior valorização do idoso e de

sua qualidade de vida, mesmo que este esteja inserido em uma Instituição

Asilar.

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O resultado deste estudo está exposto em três capítulos da seguinte

forma:

No primeiro capítulo construiremos um breve histórico sobre como as

medidas neoliberais, implementadas sob o argumento de superar a crise do

capital, resultam no sucateamento e mudança de concepção da seguridade

social brasileira e analisaremos como as atuais políticas sociais para os idosos

tentam amenizar este período político-econômico.

No segundo capítulo pretende-se analisar o papel que o idoso vem

ocupando no seio de sua família, o tipo de relação mantida e as heterogêneas

possibilidades de vínculos e necessidades, inclusive as provocadas pela

condição neoliberal, que acarretam no asilamento do idoso.

No terceiro capítulo consideraremos a subjetividade do idoso asilado,

como ele percebe e se sente neste processo. Discorrerei também a respeito da

minha experiência de trabalho junto a idosos asilados e dos desafios e

propostas para melhoria deste sistema.

CAPÍTULO I

O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NO SISTEMA CAPITALISTA BRASILEIRO

Neste primeiro capítulo, inicialmente, apresentaremos uma exposição a

respeito das contemporâneas crises que as relações de trabalho vêm

sofrendo, em decorrência das transformações na estrutura sócio-econômica e

política do país. Posteriormente, discorreremos a respeito de que forma o

processo de aposentadoria interfere na condição emocional, familiar e

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financeira do idoso. Objetivamos analisar os determinantes históricos e

conjunturais da denominada questão do trabalho na sociedade brasileira atual

e como esse fato repercute na reforma da previdência e, logo, na vida privada

dos idosos.

1.1 - O Trabalho e a Aposentadoria Sob a Lógica do Capital

Para que possamos melhor compreender de que maneira um indivíduo

responde ao processo de envelhecimento e suas repercussões,

primeiramente, faz-se necessário ressaltar a significativa representação do

trabalho na vida de um indivíduo e como essa importância reflete no seu

processo de envelhecimento. Pacheco (2005) afirma que o trabalho

“(...) ascendeu em todas as categorias sociais como a

mais importante de todas as atividades humanas e que

isto (...) começou quando Locke descobriu que o “labour”

era a fonte de toda a riqueza; e atingiu seu clímax “no

system of labour” de Marx no qual o labour passou a ser a

origem de toda a produtividade e a expressão da própria

humanidade do homem”. (PACHECO, 2005, p.47)

Lukács (1979), numa perspectiva similar, sustenta que a única maneira

possível de capturar as determinações fundamentais que caracterizam o ser

social e seu processo de reprodução seria determinar o trabalho enquanto

complexo fundamental da gênese e do processo de autoconstrução do ser

social. Sua teoria fundamenta-se na perspectiva marxiana, a qual afirma que o

ato do trabalho é o fundamento ontológico do ser social.

O trabalho, então, seria o ato a partir do qual o homem cria a si mesmo,

o ato que estabelece uma ruptura com o ser natural e dá origem ao ser social.

O ser social, “produto histórico e ao mesmo tempo criador de sua própria

realidade social” (IAMAMOTO, 2006:38), condiciona o homem e determina a

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sua consciência. Estabelecido este salto constituidor de um novo tipo de ser,

todo o restante da história nada mais será do que o processo de tornar-se

cada vez mais social do ser social.

De acordo com a teoria Lukacsiana, a vida social não se constitui em

uma simples continuidade da vida natural, mas tem por base a capacidade

teleológica1 dos homens. Portanto, transformando o seu próprio ser a partir da

transformação da natureza, é por intermédio do ato do trabalho que se realiza

o salto ontológico do ser natural ao ser social.

Pautando-se no assunto, Lessa (2000) afirma que o trabalho é um

processo composto pela prévia ideação e pela objetivação, o que resulta na

transformação da realidade e ao mesmo tempo do indivíduo e da sociedade

envolvida. Ao transformar a natureza, os homens também se transformam,

pois adquirem novos conhecimentos e habilidades. As conseqüências do

trabalho não se limitam à produção do objeto imediato, mas sim, estendem-se

por toda história da humanidade.

Na sociedade capitalista o trabalho mantém suas características

centrais e assume características particulares, posto que

“O trabalhador trabalha sob o controle da classe que

detém os meios de produção e o resultado do trabalho é

do capitalista (...)” (MARX, 1987, p.208 apud LIMA, 2004).

LIMA (2004) complementa:

“Deste modo, o trabalhador defronta-se no mercado como

proprietário de sua força de trabalho e todos os meios de

produção se confrontam com ele, no processo de

circulação, como propriedade da burguesia.

Evidentemente, este trabalhador, despojado dos meios

1 Segundo Marilda Iamamoto, a dimensão teleológica é “a capacidade do homem de projetar antecipadamente na sua imaginação o resultado a ser alcançado pelo trabalho, de modo que, ao realizá-lo, não apenas provoca uma mudança de forma da matéria natural, mas nela realiza seus próprios fins”. IAMAMOTO, op. Cit. S/D, P.40.

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de produção, estará também privado dos meios de

subsistência e, ao ser privado destes meios, não poderá

criar nenhum meio de produção. Assim, foram

estabelecidas as condições materiais básicas para que a

realização do trabalho aconteça de forma alienada.”.

(LIMA, 2004, p.17)

O mundo do trabalho e as relações a ele inerentes passam, então, por

agudas transformações. O trabalho perde seu caráter inicial de potencializador

do homem para ter como principal característica a produção de produtos e

fundamentos consumistas, produzindo novas possibilidades e novas

necessidades.

Se antes o trabalho era realizado por todos de forma direta, na

sociedade capitalista, com a divisão de classes, o trabalho se realiza a medida

que tiver um poder que obrigue os indivíduos a produzirem e entregarem o

fruto do seu trabalho a outra classe, e a partir daí surgem diversos complexos

sociais (Estado, política, direito, etc.) que serão portadores práticos desse

poder de alguns indivíduos sobre os outros e se tornam cada vez mais

importantes para a reprodução social.

Na sociedade capitalista a reprodução vai se basear na exploração do

homem pelo homem, expressando a necessidade de acumulação de riqueza

da classe dominante. A relação do trabalhador baseia-se em uma submissão

forçada às necessidades de reprodução ampliada do capital.

Essas alterações correspondem à introdução de ações políticas de

cunho neoliberal, fortificadas com a globalização a partir da década de 80, que

pretendem “flexibilizar” não só as estratégias de produção e racionalização

(através de novas tecnologias, políticas, processos de trabalho, produtos e

padrões de consumo), como também as condições de trabalho, direitos sociais

e os compromissos do Estado para com a população trabalhadora.

Em detrimento da globalização do capital e das mutações do capitalismo

global, ocorreu uma desvalorização da força de trabalho como mercadoria,

ocasionando a precarização das relações trabalhistas e o aumento do

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desemprego em massa, o que trouxe como efeito uma menor organização

sindical.

Opondo-se às teses que desconstroem a centralidade do trabalho,

Antunes (1995) afirma que por mais que o capital venha passando por uma

significativa reestruturação produtiva e venha sofrendo impactos com as

mutações tecnológicas, ele não pode eliminar definitivamente o trabalho vivo

do processo de produção de mercadorias. Ele pode sim, aumentar ao máximo

o trabalho morto corporificado no maquinário tecnocientífico em busca da

extração da mais-valia (sobretrabalho) em tempo cada vez mais reduzido,

porém, o trabalho diretamente produtivo ainda permanece como elemento

essencial de produção de valor.

A respeito dessas metamorfoses e sua repercussão no campo social,

Lima (2004) faz o seguinte retrato:

“Somam-se ao desemprego estrutural e a precarização

do trabalho, as perdas dos direitos sociais e trabalhistas e

a segmentação, a heterogeneidade e a dispersão dos que

se encontram inseridos no mercado formal de trabalho.

Os impactos desta nova sociabilidade do capital sobre o

mundo do trabalho têm provocado a quebra das formas

de solidariedade e o enfraquecimento da organização da

classe trabalhadora, além da ampliação exponencial do

pauperismo e da desigualdade social.” (LIMA, 2004, p.3)

Há ainda um paradoxo entre o desenvolvimento científico e a

longevidade, pois ao mesmo tempo em que este desenvolvimento proporciona

um aumento da expectativa de vida, ele deixa de utilizar a experiência das

pessoas idosas. Isto porque as indústrias e as empresas adotam cada vez

mais cedo programas de aposentadoria, deixando de lado os idosos que não

têm mais condição de acompanhar o ritmo imposto e aposentando

arbitrariamente mesmo aqueles que ainda estão com plenas condições de

trabalho.

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“A noção de que tudo é descartável, criada pela

sociedade de consumo, foi se estendendo ao ser

humano: perdeu-se o valor que era dado ao idoso porque,

como ele não era mais uma parte da força produtiva e, na

maioria das vezes, era pobre demais para consumir, era

visto como sem função. É preciso “re-humanizar” esta

função e resgatar o valor do idoso, não só pelo idoso em

si, mas por toda a sociedade.” (MACHADO, 1998)

Segundo Paul Singer (apud. CANÔAS, 1983) o trabalhador não se retira

da atividade remunerada, econômica, mas sim é levado a isto, mesmo que

ainda tenha necessidade de melhorar seu rendimento.

A aposentadoria apresenta-se com o fato do não-trabalho, que provoca

uma ruptura nos laços com a sociedade produtiva; e mais do que isso: provoca

uma sensação de inutilidade, já que na sociedade moderna o homem é

reconhecido pela sua aptidão de produzir e valorizado pela capacidade de

consumir. Aposentados, sobretudo da classe trabalhadora, fora do mercado

formal de trabalho, com tempo livre e não podendo consumir mais como antes,

são postos pela sociedade a assumir papéis de baixo status social. Com o seu

papel de provedor sendo questionado, sua auto-estima sendo diminuída e sua

criatividade sendo empobrecida, os seus projetos de vida vão desaparecendo

e juntamente a estes fatores, na maioria das vezes, aparecem sintomas

depressivos, como discorre PACHECO (2005):

“Velhos trabalhadores aposentados com sintomas de

depressão marcam seus dias pelas solitárias lembranças

do tempo em que trabalharam, produziram e tiveram

valor. Como não é mais possível produzirem, da forma

como introjetaram o trabalho se deprimem debilitando a si

mesmos este fracasso. A percepção que têm do mundo

do trabalho (...) não lhes permite se entenderem como

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sujeitos socialmente produzidos e ler seus estados

depressivos como um fato sócio-cultural (...)”.

(PACHECO, 2005:28)

A aposentadoria, que deveria ser apresentada como prêmio ao

trabalhador pelo afinco da contribuição para o desenvolvimento econômico, é

justamente uma das etapas da vida em que o indivíduo sente-se mais solitário

e improdutivo, tendo significativas conseqüências sociais e emocionais, que

estão diretamente relacionadas à alteração da situação financeira. Isto porque

as condições objetivas de vida dos idosos vêm deteriorando-se

significativamente durante as últimas décadas, devido à aguda defasagem dos

proventos dos aposentados.

Nem mesmo a Previdência Social, uma conquista da classe

trabalhadora, criada por meio da Constituição de 88, fica livre da deterioração

da proteção social proposta pelo neoliberalismo. Com a tendência do

capitalismo mundial em reduzir a seguridade social a um “benefício universal

básico”, tendo o trabalhador que contribuir para companhias ou fundos

privados caso seu benefício seja a cima do previsto, o governo “petista” de Luiz

Inácio da Silva adotou a proposta do Banco Mundial que garante uma

aposentadoria básica para os pobres paga pelo governo, enquanto isso, quem

recebe mais teria que colocar seu dinheiro em um fundo complementar, que

seria aplicado no mercado financeiro para render a aposentadoria no futuro.

Afirmando ainda mais a sua aliança com a política neoliberal, o governo

de Lula concretizou a Reforma da Previdência, responsabilizando os

aposentados pelos problemas econômicos e financeiros do país, alegando

contribuições muito pequenas em vista do grande número de aposentados que

recebem benefício.

Por meio da reforma de 2003, através da Emenda Constitucional 41, o

Governo Lula conseguiu introduzir a cobrança no valor de 11% dos

trabalhadores já aposentados. Essa reforma rompe com o direito dos

aposentados, uma vez que introduz a taxação dos aposentados e não só

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modifica como também fere uma das clausulas pétreas da Constituição

Federal.

CARDOSO (2005) analisa esse processo:

“Deste modo concordamos com Peixoto, quando em seu

estudo afirma que para analisar a reforma do Estado

Brasileiro é necessária “apreende-la como parte

integrante das estratégias engendradas pela burguesia no

contexto da crise global ao capitalismo” (PEIXOTO, 2005,

p.26). Desta forma, entende-se a urgência do governo em

aprovar as reformas, em particular a Reforma da

Previdência”. (CARDOSO, 2005, p.47)

Segundo o ex-secretário de Previdência Social do MPAS, Vinícius

Carvalho Pinheiro, o argumento europeu de envelhecimento não cabe ao

Brasil, já que somente em 2038 atingiremos o percentual de velhos na França.

Na verdade, o que acarreta a falta de recursos previdenciários em nosso país

são a sonegação das contribuições fiscais e sociais e a ampliação do trabalho

informal. Por causa da conivência do Estado com o trabalho irregular e a

sonegação do direito do trabalho legalizado a taxa de crescimento dos

contribuintes aumenta muito pouco. Logo, é no âmbito da lógica da

ineficiência administrativa estatal que se dissemina a chamada crise da

previdência.2

Essas crises, portanto, levam a correlação da aposentadoria com a

pobreza, uma vez que nessa fase aumentam os gastos e diminuem os

rendimentos.

No decorrer dos anos, as reformas reduziram direitos, violaram

contratos com a geração de aposentados e favoreceram a lucratividade do

sistema bancário, aumentando a contribuição dos aposentados. Todas essas

mudanças comprovam o descomprometimento com a classe trabalhadora, o

2 Fonte: Jornal Estado de Minas. Matéria “Rombo do INSS cresce 4 vezes mais que o PIB.”. Belo Horizonte, 10 de setembro de 2006.

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funcionalismo público, com as políticas sociais e com a rede de proteção

social, em detrimento ao fiel apoio aos princípios neoliberais.

São estas significativas mutações que o trabalho vem sofrendo ao longo

dos anos, mais visíveis nos países de terceiro mundo por conta da maior

concentração de renda, que recaem sobre a classe trabalhadora, e, sobretudo

sobre os “velhos” e aposentados. Faz-se necessário ressaltar que estas

transformações são, ainda, agravadas por outras questões sociais oriundas do

desigual desenvolvimento capitalista, como por exemplo, a discriminação racial

e as desigualdades de gênero no mundo do trabalho3.

Considerando que vivemos em uma sociedade capitalista de perfil

neoliberal, há uma decrescente responsabilização do Estado em relação à

melhoria de qualidade de vida da população, visto que a pragmática Neoliberal

defende um menor compromisso do Estado, transferindo a responsabilidade

para o Terceiro Setor. Além disso, há uma diminuição de recursos destinados

à área social, e consequentemente no trato das questões sociais4 pelas

organizações privadas, acarretando, na maioria das vezes, políticas

assistencialistas, clientelistas, pontuais e focalizadas.

Como veremos a seguir, essas novas estratégias da burguesia

capitalista para vencer a crise social do capitalismo vão interferir no papel do

Estado e seus programas sociais.

1.2 - Políticas Sociais do Idoso em Tempos Neoliberais

Observamos que as transformações nas relações capitalistas afetam

diretamente a vida da classe trabalhadora, e, sobretudo dos idosos

aposentados. Outro fator que necessita ser exposto, pois vem agravando ainda

3 O Estudo Retratos das Desigualdades do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA) revela que em 2007, enquanto as mulheres brancas ganhavam, em média, 62,3% do que ganhavam homens brancos, as mulheres negras ganhavam 67% do que recebiam os homens do mesmo grupo racial e apenas 34% do rendimento médio de homens brancos. 4 A questão social, “parte constitutiva das relações capitalistas, é apreendida como expressão ampliada das desigualdades sociais: o avesso do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social. Sua produção/reprodução assume perfis e expressões historicamente particulares na cena contemporânea.” (IAMAMOTO, In Temporalis, 2001).

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mais a condição de vida desse segmento da população, são as atuais políticas

em moldes neoliberais.

A questão maior não está na elaboração e implantação de leis, já que a

legislação brasileira voltada ao idoso é abrangente e rica, mas sim em se fazer

efetivar e cumprir as que já existem. Outro problema é que a maioria das

políticas sociais de inclusão implantadas no Brasil são focalizadas, temporárias

e de cunho clientelista e assistencialista.

Em termos sociais, o idoso no Brasil ainda não está bem amparado pela

política de bem estar social. Há necessidade de um maior compromisso ético-

político relacionado ao tratamento da velhice e as conseqüências que dela

acarretam.

Essa problemática torna-se mais evidente quando realizamos um breve

retrocesso e analisamos as propostas já feitas pelo governo voltadas para os

idosos, e quais foram efetivadas e realmente mantidas.

A Constituição Federal de 1988, fruto de lutas e reivindicações

populares pelo avanço da democracia, veio legitimar as políticas sociais no

Brasil. A questão do idoso foi contemplada pela primeira vez em vários artigos

da Constituição, fazendo com que nesta década houvesse uma maior

organização da população idosa em Conselhos ou Associações.

“A geração atual de idosos que estão incluídos nas

políticas de Previdência, assistência social e de saúde

passou por um processo político complexo de mudança,

que foi do Estado liberal dos anos 1920 (Faleiros, 1992) a

um Estado de Proteção Restrita (1930-1945) sob o

Getulismo, que incluiu no sistema protetor apenas os

trabalhadores urbanos. Com a Constituição de 1988

passou a vigorar um sistema de proteção integral.”

(FALEIROS, V.P., 2007)

Sobre o mesmo tema MOREIRA (2008) discorre:

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“No momento da passagem da Ditadura Militar para a

Redemocratização do país, o que antes era um dever da

família, igreja e da sociedade, ficando os idosos a mercê

da filantropia, passa a ser, por lei, dever da família,

sociedade e, agora sim, do Estado. Além de serem alvos

de direitos mais abrangentes, os idosos passam a ter

prerrogativas que os contemplam com serviços e

atenções executáveis no próprio ambiente em que reside

(...)” (MOREIRA, 2008, p.45)

No ano de 1993, através da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS

(Lei nº 8.742/93), os idosos tiveram outros importantes direitos e benefícios

assegurados. O de maior relevância é o Benefício de Prestação Continuada

(BPC), regulamentado em seu artigo 20, um repasse de um salário-mínimo

mensal, gerido às pessoas idosas e portadoras de deficiência que não

possuam condições laborais e de serem providos pelos familiares.

Em 1994 foram estabelecidas as linhas gerais de uma política da

terceira idade no Brasil através da sanção da Lei n. 8842 que definiu a Política

Nacional do Idoso (ANEXO 1). Mas foi somente em três de julhos do ano de

1996 que ela foi regulamentada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

A P.N.I. prevê a integração de ações em diversa áreas, tais como saúde,

previdência social, trabalho, justiça, educação, habitação e urbanismo, com a

proposta de promover a cidadania do idosos.

Podemos destacar vários ganhos conquistados com essa lei: a criação

de programas de aposentadoria feitos pelo Serviço Social do Instituto Nacional

de Seguro Social (INSS), o estímulo por parte do Ministério de Planejamento e

Orçamento para a inclusão de mecanismos na legislação que induzam à

eliminação de barreiras arquitetônicas, a garantia constitucional à assistência

integral nos diversos níveis de atendimento do Sistema único de Saúde (SUS)

dada pelo Ministério da Saúde, o incentivo do Ministério da Educação à

inclusão de disciplinas de gerontologia e geriatria nos cursos superiores, e

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acesso aos centros culturais e de lazer com descontos no ingresso. (GUIDA,

2005)

Contudo ela ainda permanece distante de promover o bem estar social

da população idosa. Em seu artigo, CAROLINO, CAVALNTI e SOARES (2010)

citam BRUNO (2003):

“Na contextualização de Bruno (2003, 78), a Política

Nacional do idoso, “reconhece o idoso como sujeito

portador de direitos, define princípios e diretrizes que

asseguram os direitos sociais e as condições para

promover sua autonomia, integração e participação

dentro da sociedade, na perspectiva da intersetorialidade

e compromisso entre o poder público e a sociedade civil”.

Onde a mesma foi pautada em dois eixos básicos:

proteção social e inclusão social.

Em outro momento de seu texto, Bruno (2003) afirma

que, essa política deveria ser um instrumento de

referência fundamental para o trabalho com o segmento,

porém até hoje foi pouco aproveitada tanto pelos

profissionais como pelos próprios idosos, no sentido de

exigirem a garantia de seus direitos sociais, espaços de

participação política e inserção social. (CAROLINO,

CAVALNTI e SOARES, 2010)

Ainda sobre a Política Nacional do Idoso Teixeira explica que:

“A PNI é uma legislação moderna que reforça a

característica brasileira de legislação complexas ricas de

proteção social, entretanto, com nítido caráter formal,

legalista que não se expressa em ações efetivas de

proteção”. (TEIXEIRA, 2008, p. 266 – 267)

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Em 2003, consolidando os direitos já assegurados pela Constituição

Federal, foi decretado sob a Lei n. 10741 o Estatuto do Idoso que objetiva

regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60

anos. Além de confirmar também a P.N.I., o Estatuto acrescenta novos

mecanismos e dispositivos a fim de conter a discriminação contra os idosos e

protegê-los contra situações de risco, aplicando penas aos infratores quando

necessário.

Mesmo com uma Constituição tão completa e leis específicas, pode-se

observar o distanciamento entre a elaboração e a efetivação das leis.

Os programas sociais, que também deveriam suprir estas

desigualdades, sofrem com o estreitamento de investimentos. A reorientação

dos gastos do Estado com políticas públicas, devido os cortes de recursos,

acarreta na redução de gastos na área social. Assim, o Estado fica instituído

como organização que fornece serviços sociais precarizados, focalizados e

emergenciais para arrefecer os conflitos sociais e lutas de classe.

A este respeito Iamamoto (2001) afirma que:

“(...) a execução da Reforma do Estado choca-se,

radicalmente, com as conquistas sociais obtidas na Carta

Constitucional de 88. Os princípios da privatização,

descentralização e focalização direcionam ações no

campo das políticas sociais públicas. O campo da

Seguridade Social sofre uma clara cisão, uma vez que

apenas a Previdência Social básica permanece como

atividade exclusiva do Estado, enquanto o horizonte da

educação e saúde é o da privatização, ou melhor, da

“publicização”, sujeitas à regulação do mercado, ainda

que subsidiadas pelo fundo público (...)”. (IAMAMOTO,

2001, p.122)

A idéia de focalização (somente para um determinado segmento)

contrapõe a de universalização. Tratando-se do processo de proteção social

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da América Latina, faltaram condições para criar sistemas abrangentes e

universais de políticas sociais. Na década de 80, por exemplo, o que mais se

pôde perceber foi a exclusão e sistemas estratificados, destacando-se acessos

desiguais a benefícios, práticas clientelistas e assistencialistas.

Na década de 90, o capital começou a impor mudanças em cada país e

o neoliberalismo chega ao Brasil de forma tardia, comparando-se aos outros

países, devido a resistências políticas e as correlações de força que estavam

instaladas no país de redemocratização. A supercapitalização gerou a

privatização dos setores públicos, o que provocou uma redução dos direitos e

a limitação das possibilidades preventivas e redistributivas5.

As atuais políticas sociais passam a ser formadas pelo trinômio

“privatização, focalização e descentralização”, baseando-se na privatização de

empresas públicas, programas temporários, emergenciais e condicionais, ou

seja, os beneficiados devem enquadrar-se para a manutenção no programa.

As políticas sociais devem, ainda, ter a correlação da saúde, da

previdência, do sistema de empregos e da educação. Entretanto, a maioria dos

programas é compensatória, aqueles que compensam alguma falta, e

consequentemente acarretam na perda de políticas integradas.

Todavia, alguns autores, como Pestana (2008) possuem perspectivas

otimistas:

”Assim, essa realidade vem mudando, embora de forma

lenta, através de políticas públicas como a Política

Nacional de Saúde do Idoso, o Programa de Saúde do

Idoso e o próprio Estatuto do Idoso, com propostas

inovadoras como as universidades abertas da terceira

idade, centros de convivência, grupos de atividades

físicas e artísticas, suportes sociais como os centros-dia e

casas-lar, com o objetivo principal de fortalecer o papel do

5 Anotações feitas da palestra “Orçamento Público e Seguridade Social. Reformas Sociais e Desafios na Consolidação de Direitos Sociais” ministrada por Elaine Rosseti Behring (Escola de Serviço Social-Uerj) em 25 de outubro de 2006.

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idoso no que diz respeito à sua identidade, autonomia e

cidadania”. (PESTANA, 2008)

É importante lembrar que uma política social possui dupla função:

prevenção de riscos e organização da sociedade. Todavia, quanto aos

aposentados, fica evidente que estes fundamentos não estão sendo

cumpridos, já que são poucos os programas a respeito da aposentadoria.

Como já visto, o discurso neoliberal é de que há uma crise do sistema

previdenciário, que está diretamente relacionada ao envelhecimento da

população, aumento da expectativa de vida, diminuição da taxa de natalidade,

aumento do salário mínimo, aumento do valor dos benefícios e aposentadoria

precoce. Mas o que é possível perceber nos índices um aumento da carga

tributária em torno do PIB; a problemática é que o crescimento não é revestido

em políticas sociais. O impacto da política econômica acaba por atingir o

“esquema de proteção social”.

Torna-se evidente que o Brasil precisa definir, com urgência, uma

conduta ética, que deve ser iniciada com a sensibilização da população em

relação a direitos, sabendo que ser cidadão é lutar para que todos sejam

cidadãos. Deve haver valores éticos em relação a uma velhice respeitosa.

Desta maneira, Goldman (1977) expõe que:

“Desde o nascimento, o homem faz parte da sociedade.

Continua fazendo parte dela até morrer. É dever da

sociedade criar condições que lhe permitam atravessar

com êxito a velhice – que é, afinal, parte integrante da

sua vida”. (GOLDMAN, 1977, p.119)

Uma sociedade informada e comprometida com os direitos de todos os

cidadãos, neste caso daquele que envelhece, é capaz de através da sua luta

mobilizar o Estado para que este regulamente e garanta o espaço social

reservado a todos e não retire deles os direitos já concedidos.

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CAPÍTULO II

A INTER- RELAÇÃO IDOSO E FAMÍLIA

No Capítulo anterior observamos as transformações na relação

capital/trabalho e nas relações entre o Estado e a Sociedade, através de

medidas que objetivam a minimização da ação estatal. Analisamos também os

reflexos dessas relações na vida dos trabalhadores aposentados e dos idosos

em geral.

Neste capítulo será apresentada uma exposição a respeito do aumento

de contingente de idosos no Brasil e do papel que eles têm ocupado no seio de

sua família.

Pretende-se discorrer sobre as mudanças e as dificuldades

enfrentadas no processo de envelhecimento, demonstrando como estas

transformações repercutem na vida do idoso e como elas acarretam no

asilamento do mesmo.

2.1 – O Papel Ocupado pelo Idoso na Família

O aumento da longevidade do ser humano é um fato histórico e

mundial. O envelhecimento vem, atualmente, modificando o perfil da

população do nosso país, que até pouco tempo era caracterizado como um

país jovem. Esta modificação se expressa no fato do grupo de jovens com

menos de 15 anos ter diminuído a partir de 1980, enquanto que o contingente

de pessoas com idade superior a 60 anos ou mais aumentou. Estas alterações

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na composição da estrutura etária da população brasileira vêm ocorrendo em

decorrência do atual declínio acentuado da taxa de fecundidade (devido à crise

social), associado à queda da mortalidade (por causa das melhores condições

de vida, principalmente saneamento básico) e à urbanização. Assim nos

mostra a pesquisa do IPEA:

“Em 1992, a população menor de 15 anos representava

33,8% do total de brasileiros. Em 2007, esse índice caiu

para 25,2%. Enquanto a proporção de jovens diminui, a

de idosos aumenta. Os idosos respondiam por 7,9%, em

1992, e cresceram para 10,6%.

A Pnad mostra ainda que a fecundidade decresceu no

Brasil, em todos os grupos sociais. Os brasileiros, dos

pobres aos ricos, têm menos filhos. A pesquisa também

confirma que quanto mais estuda uma mulher e quanto

maior o seu salário, é menos provável que ela tenha

filhos.

O fator que aparenta ter mais impacto sobre a

quantidade de filhos é a renda. Quanto maior ela é,

menor é o número de crianças por família (...)”. (IPEA,

2008)

Segundo dados estatísticos do senso do Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), realizado no ano de 2000, a população brasileira vive,

hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de

90. Calcula-se que haja 14,5 milhões de idosos no país, 8,6% da população

total. Outra característica da população idosa brasileira é a feminilização do

envelhecimento (60% de mulheres e 40% de homens), devido às diferenças

entre homens e mulheres nos aspectos sociais, nas condições de vida, no

processo de adoecimento, cuidados com a saúde e até mesmo na

subjetividade.

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De acordo com Berquó (1998), este fenômeno pode ser explicado pelo

fato das mulheres apresentarem condutas menos agressivas, menor exposição

aos riscos no trabalho, maior atenção ao aparecimento de problemas de

saúde, melhor conhecimento destes e maior utilização dos serviços de saúde.

Matheus Papaleo Netto (1996), professor da USP, concorda que essa

diferença pode ser atribuída a fatores comportamentais, relacionados ao fato

de as mulheres se exporem menos a fatores de risco. Ele exemplifica que com

a população masculina há maior incidência de homicídios, acidentes no

trânsito e morte devido o tabagismo. O autor acrescenta que uma outra

justificativa para o maior tempo de sobrevida das mulheres deve-se a um fator

de ordem biológica: vários hormônios femininos atuam sobre as paredes das

artérias, criando uma espécie de proteção que se torna útil principalmente

depois da menopausa.

Porém, é importante destacar que viver mais não é sinônimo de viver

melhor. Algumas mulheres envelhecem em piores condições emocionais,

físicas e financeiras em decorrência de questões sofridas durante toda a vida,

como a violência, a discriminação, os salários inferiores e a dupla jornada.

As idosas de hoje não tiveram a oportunidade de vivenciar em sua

juventude as atuais e significativas conquistas de desenvolvimento profissional

feminino. Claudine Attias-Donfut (2004) nos mostra que esta problemática leva

consequências para a vida da mulher:

“As desvantagens sofridas pelas mulheres na sua vida

profissional e familiar se acumulam ao longo da sua

existência e se acentuam à medida que envelhecem. O

nível das pensões é reflexo de carteiras incompletas e

pouco qualificadas (...). A viuvez freqüente (...) acentua

esse problema econômico que se alia, ao mesmo tempo

ao problema de solidão das mulheres.” (ATTIAS-

DONFUT, 2004, p.92)

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Notamos também que o aumento simbólico do período da juventude

empurrou a velhice para mais adiante. Hoje o sexagenário pode ser um

homem jovem.

Com isso, a velhice ganha o codinome de “melhor idade”, o que para

alguns autores é só uma maneira de mascarar os problemas enfrentados

nesse processo. É claro que essa “melhor idade” pode ser mais facilmente

vivida por classes sociais mais altas, onde há maiores oportunidades de

qualidade de vida.

Há, ainda, diferenças na elaboração da percepção das pessoas sobre

os velhos, de acordo com o papel que eles representam na sociedade. É claro

que quando uma pessoa que tem uma determinada influência social e

econômica envelhece, provavelmente, não vai ser visto da mesma forma que

um idoso advindo da classe trabalhadora. Alguns estudiosos, como GOLDMAN

(1977), afirmam que não é o fator da idade que determina o prestígio

despendido ao idoso, mas sim os recursos que este possui.

Barros (2004), por exemplo, argumenta que:

“Esta noção parece contaminar a representação da

velhice como uma etapa específica da vida, embora não

se enquadrem nessa imagem indivíduos que ocupam

posições importantes num país, numa área profissional,

artística ou religiosa. Estes teriam o “espírito” da

juventude, estariam inseridos socialmente, teriam pleno

controle de si como indivíduos, reforçando com isso a

idéia de que as representações de cada período da vida

dizem respeito mais as construções sociais da realidade

do que à idade cronológica e física do indivíduo,”

(BARROS, 2004, p.17)

Esta mesma autora, em um estudo com famílias de camadas médias do

Rio de Janeiro, reforça a diferença do papel do idoso nas divergentes classes

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sociais e reflete a posição dos idosos de classe média frente às modernas

transformações:

“Tomando os discursos dos avós, vemos que as

transformações da família moderna são o foco central dos

seus discursos. Os mais velhos não se situam como

espectadores destas mudanças realizadas pelas

gerações de seus filhos, mas como agentes e

contemporâneos (...). (BARROS, 1999)

Contudo, quando tratamos de idosos da classe trabalhadora, a realidade

é outra.

A maior inserção da mulher no mercado de trabalho reflete nas relações

da família trabalhadora e atinge até mesmo a fase de ser avó e avô, pois há

um significativo número de lares em que a educação das crianças passa a ser

responsabilidade dos avós. Pode-se perceber uma divergência de opiniões

neste caso, que variam de acordo com a classe social que o idoso está

inserido. Enquanto alguns se sentem realizados em tomar conta dos netos,

pois lhe foi confiada uma tarefa importante e também pelo fato de serem uma

companhia, outros acham que esta não é uma responsabilidade que os cabe,

pois os priva de viver as suas vidas.

Concomitante a isto, segundo José Ferrigno (2003), cresce o número de

idosos que preferem morar sozinhos e não com os filhos, sentindo-se assim,

mais satisfeitos e independentes. A pesquisa feita pela escritora Myriam Barros

(2004) sobre mudança e permanência de valores na família contemporânea de

camadas médias no Rio também enfoca essas mudanças. Afirma a autora:

“(...) parte da geração intermediária a interpelação para o

cumprimento da função de avós que, ao abrirem opções

de relações sociais fora do domínio familiar, se recusam a

participar da família de modo tradicional cuidando de

netos ou assumindo a figura desprestigiada de velhos

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sem sexualidade e sem espaços de sociabilidade

próprios.” (BARROS, 2004, p.20)

Mas, lembremos que esta não é uma realidade da maior parte dos

idosos brasileiros, já que a maioria deles precisa morar com familiares, seja por

necessidade destes ou daqueles. Alguns, mesmo com baixas aposentadorias,

necessitam ser os únicos provedores da família.

“Esta realidade acaba sendo prejudicial para o idoso, pois

a ajuda econômica à família vem em detrimento da sua

própria qualidade de vida, em um momento em que mais

precisa de segurança e tranqüilidade para o atendimento

de suas necessidades” (SANTOS, 2006)

Fato é que, apesar do aumento do número de idosos, generalizando, a

sociedade e família ainda não estão estruturadas para lidar com esse

processo.

“A família lhes tira a voz. O aposentado tem que

descansar, passear, nada de responsabilidades –

totalmente infantilizado, na maioria das vezes. Sem

dinheiro, sem palavra, isolado.” (BARROS, 1999, p.66)

Mesmo residindo na mesma casa em que familiares, é comum idosos

sentirem-se sozinhos, indiferentes e deixados de lado. As sucessivas perdas,

não só físicas e mentais, mas também, de amigos, do trabalho e outros

vínculos sociais, assim como a aparição de doenças e mortes, desestabilizam

o senso de identidade e o papel que o idoso ocupa na família e na sociedade,

levando-o a um estado de melancolia e isolamento.

Entendendo que a família não é natural, e sim uma constituição do

homem, compreendemos que as transformações sociais e culturais constroem

novas formas de organização familiar.

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A perda de autonomia que origina a dependência da família pode levar o

idoso a um processo de insegurança e tristeza. Além disso, por maiores que as

transformações na família possam ser, o idoso tende a criar uma expectativa

em relação à atenção dispensada da família sobre ele. Estes fatores podem

ser geradores de constantes conflitos.

Mesmo porque, na velhice, as características pessoais podem

exacerbar-se. É comum o idoso ou querer delimitar seu espaço na família

sendo autoritário, carrancudo, de difícil temperamento, ou vitimando-se.

Isto faz com que a integração familiar, a troca de experiências e o

fortalecimento das relações se transformem radicalmente.

BARROS (1999) analisa a relação inter geracional dentro da família:

“(...) A hostilidade que aparece é, portanto, aparente e a

falta de respeito presente na interação, quebrando

determinados tabus sociais exprime, continuamente, as

posições socialmente separadas nas relações familiares:

de um lado os avós que estão em um processo de

retirada da vida social e, de outro, os netos que, aos

poucos, assumem um lugar na vida social. Segundo

Radcliffe-Brown “a relação implica a permissão de faltar o

respeito”.” (BARROS, 1999, p.16)

As diferentes percepções quanto às transformações sócio-culturais

também são motivos de conflito:

“A coexistência de concepções distintas coloca em relevo

os conflitos entre gerações e as contradições entre

valores modernos e tradicionais, entre interesses e

proeminência do grupo ou do indivíduo, revelando a

presença de visões mais ou menos hierarquizadas e mais

ou menos igualitárias sobre as relações familiares. (...)

Assim, embora sob a bandeira e os lemas “lar doce lar” e

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do refúgio do homem moderno, a família é a arena onde

os conflitos se apresentam.” (BARROS, 1999, p.68-69)

Há, ainda, um grande número de idosos que sofrem com a ausência e,

mais grave, com a negligência da família.

Os maus-tratos também são um dos principais problemas enfrentados

pelos idosos e, na maioria das vezes, o autor é um familiar. Segundo a

Delegacia de Atendimento e Proteção ao Idoso (Deapti), as maiores queixas

recebidas são referentes aos maus tratos e ameaças. As violências sofridas

nem sempre são físicas, elas também podem ser verbais, por coação

psicológica e por violação de direitos.

Papaléo (1999) afirma que nem sempre foi assim, ou seja, antigamente,

o prestígio das pessoas não caía de acordo com o aumento da idade. Ele

expõe que nas sociedades primitivas os velhos eram objeto de veneração e

respeito, sendo-lhes confiadas importantes responsabilidades sociais e

econômicas; além de serem alvo de uma grande admiração por parte dos

jovens, que recorriam a eles em busca de conselhos. Na doutrina de Confúcio

(551-479 A.C.) todos os integrantes da família tinham a obrigação de obedecer

aos mais velhos, havendo, portanto, uma supervalorização da experiência e

tradição dos mais velhos.

A resposta do idoso frente às mudanças sociais ocasionadas pelo

processo de envelhecimento vai depender de como o envelhecimento é

representado para si próprio, como a sociedade o encara e como o idoso

percebe seu papel na família. Por isso, é essencialmente importante que o

lugar que ele representa na família seja reconhecido e respeitado por todos,

principalmente por ele mesmo, mantendo a percepção de si como sujeito

singular e capaz de auto-reflexão.

Percebemos, então, que apesar da população idosa ser a de maior

crescimento proporcional, atualmente, no Brasil, o governo, a população e a

própria família não sabem lidar com o aumento significativo desse segmento

da população. Fato esse percebido através da não valorização, da falta de

respeito, e até mesmo, do preconceito da sociedade em relação à velhice.

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A falta de estrutura familiar, ou financeira ou afetiva ou emocional, para

acolher e cuidar do seu idoso acarreta, na maioria das vezes, no asilamento,

como veremos no próximo item.

2.2 - Análise Sobre a Trajetória do Idoso até o Asilo – Os

Porquês das Famílias Sobre a Institucionalização do Seu Idoso

Como já visto, as sociedades modernas capitalistas, sobretudo as

ocidentais, foram levadas a pensar de acordo com os princípios capitalistas,

passando a valorizar somente quem produz do ponto de vista do capital ou

possui condições de consumo. Ao cultuar valores do progresso, da inovação,

da juventude como força viril de trabalho, dos padrões estéticos de beleza e,

principalmente, do consumo, pois são estes fatores que dão lucro ao capital,

produzem uma imagem negativa da velhice, quase sempre a associando a um

processo contínuo de degradação de suas capacidades, dependência,

principalmente física e psicológica e à invalidez.

A velhice geralmente é marcada por numerosos estereótipos

negativos, que são criados pelas relações sociais e culturais. Os velhos pobres

e assalariados são os que mais sofrem com as discriminações. Ainda é muito

freqüente associar o processo de envelhecimento a algo pesado, feio e triste.

A historicidade e experiência conquistadas ao longo da vida tornam-se

obsoletas, à medida que sofrem com o desprezo da sociedade e, às vezes, da

própria família.

“À medida que a idade avança, existe uma progressiva

perda de recursos físicos, mentais e sociais, a qual tende

a despertar sentimentos de desamparo. A velhice parece

deixar o indivíduo impotente, indefeso, fragilizado para

tomar suas próprias decisões, para enfrentar seus

problemas, o cotidiano, não só diante dos familiares, mas

também da sociedade como um todo. Sendo assim, o

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idoso tem sido visto como uma pessoa improdutiva,

ultrapassada(..). Além disso, nem sempre é amparado

pelos familiares e, muitas vezes, são obrigados a morar

em asilos ou albergues, forçados a viverem isolados, na

solidão, longe de parentes e amigos.” (DAVIM, 2004)

A partir, especialmente, da década de 80, quando um boom de idosos

acontece no Brasil, diferentes grupos de convivência para este contingente

passam a existir no país. Desde então, surge uma rede de instituições de

prestação de serviços com o objetivo de prover à terceira idade cuidados

integrais à saúde. O estabelecimento asilar foi uma dessas primeiras

instituições, preocupadas em suprir necessidades básicas como alimentação e

moradia aos idosos.

Apesar da Lei 8.842, de janeiro de 1994, priorizar no artigo 4º, parágrafo

III, atendimento ao idoso pelas famílias, ao invés do asilar, e do Decreto nº

1.948 de 03 de julho de 1996, indicar, no artigo 3º, que a instituição asilar tem,

por finalidade, atender, em regime de internato, o idoso sem vínculo familiar ou

sem condições de prover a própria subsistência, de modo a satisfazer suas

necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social, o aumento

da demanda pela institucionalização é significativo e abrange vários perfis de

idosos.

O Professor Jaime Luiz Cunha de Souza, em entrevista para o site da

Universidade Federal do Pará, expõe a reflexão que o fez investigar o tema da

velhice e escrever a sua dissertação de mestrado "Do exílio da sociedade à

sociedade do asilo":

"Eu estava chegando em casa e meus familiares

assistiam ao filme “Um homem chamado cavalo”. Em

uma determinada cena, uma mulher idosa era jogada pra

fora da tenda porque não tinha nenhum guerreiro que

fosse seu marido e ela não teria como sobreviver só.

Então, era atirada para a morte. Era a forma como aquela

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sociedade descartava os indivíduos considerados inúteis,

que não tinham determinado papel dentro daquele grupo

social. Começamos a discutir sobre o absurdo daquela

situação. Até que, em um momento de reflexão, pensei:

será que fazemos diferente?". (SOUZA, 2009)

O mesmo estudioso analisa:

"Quando chega um determinado momento, o indivíduo vai

perdendo seus papéis sociais e o trabalho não o aceita

mais. Se nessa esfera não é aceito, ele também começa

a perder o seu papel no âmbito familiar. O indivíduo

começa a ser considerado inútil, um incômodo. Então, ele

vai ser descartado em algum lugar". (SOUZA, 2009)

Este autor é radical em suas teorias, quando afirma que a trajetória do

idoso até o asilo tem uma única causa: a rejeição, que é mascarada por várias

justificativas: a falta de tempo, as condições da vida moderna.

"Na verdade, existe uma série de coisas que podem

servir como tentativa de justificativa. Mas o que acontece

é um individualismo exacerbado, prejudicando quem não

representa mais o paradigma de indivíduo proposto pela

sociedade.” (SOUZA, 2009)

Contudo, para discutirmos estas motivações, precisamos refletir sobre a

situação familiar do idoso no Brasil onde há efeitos cumulativos em eventos

socioeconômicos, demográficos e de saúde. O estudo realizado por DAVIM

(2004) nos mostra que transformações sociais como o tamanho da prole, as

separações, a mortalidade, a viuvez, os recasamentos e as migrações

originam tipos de arranjos familiares onde o morar sozinho ou em asilos,

podem ser, sim, a única alternativa para o idoso.

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“No Brasil, o suporte provido pela família - base principal

do apoio oferecido ao idoso pelo tripé família-

comunidade-Estado - como na maioria dos países em

desenvolvimento, deverá enfrentar dificuldades

crescentes como: 1) a não existência de políticas sociais

de suporte aos cuidadores, em referência aos familiares

ou outros indivíduos que prestam auxílio direto ao idoso

em suas atividades básicas, a saber: alimentação, auxílio

domiciliar, assistência médica e serviços de orientação,

entre outros; 2) o tamanho das famílias no Brasil, que

vem diminuindo devido à queda da fecundidade; 3) o

aumento na proporção de separações conjugais, idosos

residindo sozinhos, casais que optam por não ter filhos, e

mães que criam sozinhas seus filhos; 4) idosos residindo

com familiares cuja renda total não ultrapassa três

salários mínimos e 5) por fim, o sistema de suporte formal

que não tem sido capaz de substituir o papel da família.”

(DAVIM, 2004)

Apesar da questão da institucionalização de idosos ainda continuar

sendo um assunto delicado, visto que sua aceitação social como alternativa

ainda não é consensual, há um crescimento da demanda por este serviço. Isto

porque estes estabelecimentos emergem como uma alternativa de suporte

social para atenção à saúde do idoso e, segundo DAVIM (2004), estas

Instituições constituem-se, na maioria das vezes, opção ímpar para uma

melhor qualidade de vida desses indivíduos.

Os asilos, atualmente chamados de Instituições de Longa Permanência,

representam uma opção, principalmente, para um perfil específico de idosos:

os que necessitam de atenção profissional especializada em decorrência de

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algum comprometimento de saúde ou problemas mentais. Quando as famílias

não possuem condições financeiras de manter em sua própria residência o

aparato necessário (inclusive cuidadores e enfermeiros) aos cuidados do idoso

com alguma sequela, a Institucionalização é a solução menos onerosa e

também, mais prática.

Também é possível se observar que a maioria dos idosos asilados é

viúvo. A este respeito, Pestana (2008) discorre:

“O que sugere que a existência da família não garante a

permanência do mesmo no núcleo familiar; ela estaria

segura pela presença do cônjuge. A perda do cônjuge

como fator determinante para o asilamento também foi

retratada (...).

A perda do cônjuge provoca uma mudança com

repercussões psicológicas e econômicas, principalmente

quando se trata de um casal ajustado e sem apoio de

familiares (...).” (PESTANA, 2008)

O fato da necessidade de maior inserção dos membros da família no

processo produtivo assalariado, causando menor disponibilidade de tempo,

também são justificativas para a Institucionalização de idosos.

Outro fator motivador do asilamento é o conflito familiar e vínculo familiar

pouco estreito, o que acarreta na impossibilidade do idoso morar com a família.

Vale, ainda, ressaltar que a maioria desses idosos foi levada às instituições

por familiares ou por iniciativa própria.

Pestana (2008) resume:

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“Dentre as principais causas da inserção de idosos em

instituições asilares destacam-se: condições precárias de

saúde, distúrbios de comportamento, necessidade de

reabilitação, falta de espaço físico para que seus

familiares o abriguem, falta de recursos financeiros,

abandono do idoso pela família que não consegue manter

o idoso sob os seus cuidados.” (PESTANA, 2008)

O asilamento torna-se inevitável para alguns idosos, mas a percepção

que cada um possui diante desta perspectiva é extremamente singular, como

observaremos no próximo capítulo.

CAPÍTULO III

O IDOSO ASILADO

Neste último capítulo elucidaremos a respeito do segmento de

idosos exclusivamente asilados.

Falaremos sobre a sua percepção em relação a sua condição de

vida, o vínculo afetivo que se mantém com a família e a comunidade e como

estes fatores interferem diretamente na sua qualidade de vida.

Por fim, ilustraremos a minha experiência de trabalho com idosos

e com Instituições Asilares no Município de São Gonçalo.

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3.1- A Subjetividade do Idoso Asilado

No Brasil, a primeira instituição voltada para os cuidados da velhice foi o

Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada, em 1890, na Cidade do Rio de

Janeiro/RJ. Esta Instituição asilar não abrigava apenas os idosos pobres,

prosseguindo numa óptica filantrópico-assistencialista do início do século XIX,

mas também aqueles que tinham recursos financeiros. Para estes, no ano de

1909, foi criada uma ala especial na referida instituição, pois residiam mediante

pagamento de mensalidade.

Desde a sua gênese, o objetivo do espaço asilar não era promover a

recuperação, seja ou física ou psíquica, do indivíduo ali residente e incentivar

sua reinserção social, como acontece nos hospitais, por exemplo. A porta era

só de entrada, não havia de saída. Era e, na maioria das Instituições continua

sendo, um lugar depositário, tutelador de indivíduos.

Tuteladora, pois retira do sujeito o seu direito à liberdade, colocando-o

mediante cárcere, e o seu direito à dignidade subjetiva, pois, geralmente,

esses idosos são vítimas de práticas infantilizadoras e exacerbantes por parte

dos funcionários.

“(...) o mais comum é que, sob muitos aspectos, o idoso

seja tratado com aquele misto de condescendência e

impaciência característico de grande parte das relações

adulto-criança”. (NETTO, Jordão. 1986)

Além disso, a maioria das Instituições não oferece espaços privativos,

sendo toda área comum, inclusive quartos, remetendo-nos aos internatos.

Essa falta de privacidade e individualidade provoca a mortificação do EU,

sendo acompanhada por novas regras e costumes impostos pela Instituição.

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Segundo Goffman, todos nós temos uma “cultura

aparente” fomentada pela convivência familiar, em que

adquirimos hábitos e maneiras próprias de agir que são

aceitas por esse grupo que nos acolhe. Porém, quando

se chega a uma instituição total, se é despojado dessa

vida comum e, pelas “boas-vindas”, novas regras e

condutas são ditadas, impondo-se um “rearranjo do eu”.

(Goffman, apud. FALEIROS, Naiara, JUSTO, José)

Em instituições filantrópicas ou públicas a realidade é ainda diferente

das chamadas Casas de Repouso privadas. Aquelas possuem maior numero

de idosos, estes de classes mais baixas e até mesmo moradores de rua,

menos investimentos e, assim, menos recursos e atividades para os

residentes, tornando-os com menos autonomia e capacidade para

desempenhar as suas atividades de vida diária (AVD).

“Nas instituições filantrópicas o sedentarismo é um fator

marcante, o que contribui para que o idoso se torne

dependente mais cedo, criando, dessa forma, um ciclo

vicioso: o idoso tende a se tornar menos ativo, por

conseguinte, suas capacidades físicas diminuem,

desencadeando o sentimento de velhice, que por sua vez,

pode causar estresse, depressão (...). Assim, esta perda

de autonomia funcional se reflete em imagem corporal

negativa e auto-estima baixa, interferindo de forma

negativa na qualidade de vida”. (CADER, 2006).

Percebemos que algumas pesquisas indicam que idosos asilados

consequentemente são menos autônomos do que os não asilados, contudo,

não é o fato de serem institucionalizados que os tornam menos autônomos. De

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certo, a maioria dos asilos não possui as ferramentas necessárias para a

assistência integral ao idoso, o que os torna mais sedentários, todavia, como

observamos no capítulo anterior, um dos motivos para que o idoso seja asilado

é justamente o fato dele não ser autônomo. Portanto, a relação

causa/conseqüência predominante é o idoso já possuir uma certa dependência

e consequentemente ser asilado por não ter quem cuide dele.

Segundo BARROS (1999) as pessoas possuem diversas identidades

que são acionadas de acordo com o momento em que vivem e com as

possibilidades que pode assumir. Assim, as referências devem ser

contextualizadas mesmo para nos referimos a uma pessoa de idade avançada

como velho. Em um asilo, por exemplo, essa identidade de velhice assume

maior relevância em detrimento de outras.

Os idosos residentes em uma Instituição Asilar representam a si

mesmos e o lugar em que vivem de maneira heterogênea, de acordo com a

sua lucidez e os motivos que o levaram a estar lá.

De acordo com alguns estudos nas áreas de geriatria e gerontologia, as

preocupações relativas ao distanciamento da família, os sentimentos de

solidão e abandono, a exclusão social, a inatividade, além de dores e

sofrimentos decorrentes de perdas naturais foram classificados como fatores

que influenciam diretamente as condições de saúde desta população,

associado-os ao aparecimento de doenças.

Como esses idosos perdem um pouco a sua posição de agentes,

quando tinham uma função laborativa ou ocupavam um papel ativo no seio de

sua família, comumente, ficam presos ao passado, somente referindo-se a

antigas situações. O presente aberto, o tempo indeterminado, acarreta na falta

de perspectivas futuras. Não apresentam qualquer projeto de vida, o tempo

funde-se com o tempo histórico, restringindo suas expectativas à cotidianidade.

Outro fator presente nesta vivência é a relação que os idosos residentes

mantêm entre si. Fornós descreve este quadro:

“En general, el contacto entre ellos era escasso, apenas

si conocían los unos a los otros, se comunicaban muy

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poco entre si cada cual parecía vivir aisladamente”.

(FORNÓS, apud. FALEIROS, Naiara; JUSTO, José,

2007)

Se não forem estimulados a tal, Idosos asilados constroem pouco ou

nenhum vínculo afetivo entre si. Mantêm maior afeição aos funcionarios do que

aos seus semelhantes.

“A manutenção rígida do cotidiano asilar em detrimento

de estímulos à sociabilização entre os internos, a

indisposição dos indivíduos, a condição física dificultadora

que diminui a freqüência dos contatos interpessoais e a

evitação de relações identificatórias com o outro que

representa “a minha velhice”, são alguns motivos que

reforçam a continuidade dessa situação”. (FALEIROS,

Naiara; JUSTO, José, 2007)

Mesmo interagindo de forma precária, o relacionamento desses idosos

com a Instituição (profissionais e os outros hóspedes) torna-se um contexto

"familiar”. Isto porque ocorre uma substituição de elementos, uma vez que a

convivência cotidiana familiar de origem (pais, irmãos, filhos...) torna-se, na

maioria das vezes, esporádica.

Em sua pesquisa, FALEIROS e JUSTO (2007) perceberam que o

contato dos residentes da Instituição específica estudada com seus

respectivos familiares é escasso, sendo que apenas poucos idosos afirmaram

serem visitados assiduamente. Mesmo aqueles que possuem familiares

residindo em locais próximos à Instituição mostraram-se sentir dependentes

dos cuidados do asilo. Este rompimento da sua rede social (a família e a

sociedade) exacerba a tendência ao isolamento psicossocial, acarretando nas

poucas trocas afetivas entre os idosos asilados.

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Contudo, geralmente, os residentes não fazem queixas da Instituição,

pelo contrário, procuram fatores positivos, como se quisessem conformar a si

mesmos, numa tentativa de tornar sua vivência mais satisfatória.

Jordão Netto (1986) nos apresenta duas idéias a respeito desta

resignação:

“ (...) ou o idoso sente-se receoso em criticar a instituição

por crer que isto poderá prejudicá-lo, de alguma forma,

junto aos dirigentes; ou o fato de terem sido, em geral,

pessoas social, política e economicamente pouco

participativas faz com que percebam o asilo como um

prolongamento dessa situação, onde possuem ainda

estabilidade e segurança”. (NETTO, 1986)

Segundo PESTANA e SANTO (2008), o fato de estar em um asilo é

mais difícil para os homens do que para as mulheres, sendo mais críticos em

relação à vida na Instituição. Por sua vez, as mulheres geralmente apresentam

um discurso mais conformado, geralmente relacionado aos serviços prestados

pela Instituição.

Assim, o processo asilar relaciona intimamente uma representação

contraditória, já que por um lado os idosos recebem cuidados essenciais e

sentem-se acolhidos pela Instituição pelo fato de não ocuparem mais um lugar

na rede relacional comunitária em que estavam inseridos; por outro, possuem

um sentimento de exclusão e impotência, carentes do contato com os outros e

de exercerem ativamente sua cidadania, liberdade de ir e vir, de se expressar,

de tomar decisões...

Para combater este quadro de isolamento e inatividade física e mental,

os asilos devem trabalhar pelo estreitamento das relações interpessoais,

inclusive no contexto comunitário, indispensáveis à manutenção da cidadania

do idoso.

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No próximo item será discorrido a minha experiência de trabalho com

idosos e com Instituições Asilares, onde a minha demanda prioritária é a

reinserção social do idoso.

3.2- A Experiência de Trabalho em Casas de Repouso para Idosos no Município de São Gonçalo

A minha experiência de trabalho com idosos se iniciou quando ainda

cursava Serviço Social na Universidade Federal Fluminense no campo de

estágio do Serviço Social do Comércio SESC-SG. Nesta Instituição a demanda

maior era a realização de programas e projetos para a promoção da qualidade

de vida da terceira idade na comunidade.

Como Assistente Social, atuando em um outro segmento, a experiência

com a população idosa deu-se de maneira diferente, em decorrência do perfil

da mesma.

Há um ano coordeno o Serviço de Orientação e Apoio Especializado a

Pessoas e Famílias Vítimas de Violência do Centro de Referência

Especializado de Assistência Social (CREAS) da Prefeitura de São Gonçalo.

De acordo com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004), o

CREAS é unidade pública de atendimento especializado da assistência social

de abrangência municipal ou regional da proteção social especial do Sistema

Único da Assistência Social (SUAS). Nestes espaços são ofertados serviços de

proteção a índivíduos e famílias vítimas de violência, maus-tratos ou outras

formas de violação de direitos. Apesar do serviço englobar qualquer segmento

da população, a maior demanda é de idosos vítimas de violência. As formas de

violência são variadas: física, psicológica, sexual, ameaças, negligência,

cárcere privado e abuso financeiro.

Quando não há possibilidades do caso ser solucionado através de

atendimentos e orientações à família de forma sistêmica, o Ministério Público é

acionado e ou o agressor é afastado da residência ou o idoso passa a ser

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cuidado por outro membro da família ou, em último caso, geralmente quando

não possui bens ou outros familiares que possam ser responsabilizados, ele é

encaminhado para um Abrigo conveniado da Prefeitura, caso não possua

renda, ou para uma Casa de Repouso Particular, se possuir renda.

Estes idosos recebem a notícia do asilamento com menos pesar, pois

conseguem visualizar e compreender com maior clareza que irão para um local

onde terão maior proteção e assistência, mesmo porque, a maioria deles não

possui condições financeiras satisfatória.

Atualmente, também trabalhando no Serviço Social de três Casas de

Repouso para idosos particulares no município de São Gonçalo, observa-se

que a aceitação da institucionalização por parte dos idosos dá-se de maneira

diferente. Aqueles com pouca ou nenhuma referência familiar, os com menor

condição financeira e, logicamente, os que não são lúcidos aceitam melhor o

asilamento.

Quanto às características do espaço físico destas instituições asilares

dirigidas ao idoso, normalmente são locais com espaço e áreas físicas

semelhantes a grandes alojamentos, principalmente os abrigos públicos.

É importante ressaltar que a atual gestão da Promotoria de Justiça de

Proteção ao Idoso e a Pessoa Portadora de Deficiência do núcleo de São

Gonçalo, juntamente com as fiscalizações da Alta Complexidade da Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Social, tentam implementar um novo conceito

em Instituições Asilares, exigindo as normas expedidas pela portaria n. 810 do

CREMERJ (em anexo), dependências adequadas, equipe multidisciplinar

(obrigatoriamente médico, enfermeiros, técnico de enfermagem de acordo com

o n. de idosos, assistente social, psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta),

inscrição nos respectivos conselhos profissionais e no Conselho do idoso na

cidade. Assim, a qualidade destas Instituições, mesmo que a pequenos

passos, tende a melhorar.

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O grande desafio continua sendo uma proposta de trabalho voltada

para manter o idoso independente e autônomo, com possibilidades de vida

social e afetiva.

O processo de trabalho do Serviço Social (ANEXO II) nestas Casas de

Repouso particulares inicia-se com o estudo social do idoso (modelo de

anamnese social no ANEXO III), por meio de entrevista social ao idoso,

quando o mesmo é capaz de fornecer informações a seu respeito, e a sua

família.

A seguir, algumas informações obtidas por meio da Anamnese Social:

No campo de trabalho confirma-se a tendência nos estudos

relacionados com os idosos, de que a participação masculina é menor, sendo

o asilamento uma experiência essencialmente feminina. Este índice está

logicamente relacionado à mortalidade diferencial de sexo e às menores

aposentadorias femininas, que impossibilitam a contratação de

acompanhantes para cuidar na própria residência.

Há ainda a prevalência dos idosos que são dependentes ou semi-

dependentes, ou por não serem lúcidos, com ênfase no Mal de Alzheimer, ou

por possuírem algum comprometimento motor, principalmente em decorrência

de Acidente Vascular Cerebral.

Quanto à faixa etária, a maioria dos idosos possui entre 75 e 90 anos.

Estudos relatam que a faixa etária representa ponto

importante na população idosa, pelo maior risco em

adoecer e apresentar maior grau de dependência, quanto

mais avançada ela se apresenta. (DAVIM, 2004)

Observando-se o estado civil, a grande maioria é de viúvos ou solteiros,

condição que contam para a maior solidão na velhice. O nível de escolaridade

é predominantemente baixo.

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“Esses percentuais mostram o grande número de

pessoas com pouco ou nenhum grau de escolaridade,

pois o analfabetismo no idoso representa uma realidade

nos países em desenvolvimento, como, por exemplo, o

Brasil, principalmente quando se trata de idosos que

viveram sua infância em época em que o ensino não era

prioridade, principalmente com relação à mulher”.

(DAVIM, 2004)

Ao questionarmos com quem moravam antes de serem inseridos nas

instituições, identificamos que é proporcional o número de idosos que ou

residiam sozinhos ou moravam com a família.

Quando questionado o motivo da institucionalização, o motivo

predominante é o fato da família não conseguir fornecer os cuidados

necessários ao idoso, buscando maior assistência (neste sentido, predominam

os idosos com alguma dependência). Há ainda os que não possuem

relacionamento familiar afetivo estreito (principalmente os que não têm filhos

ou quando os têm não foram presentes na vida dos mesmos) e os que

possuem comportamento conflituoso (dificultando o relacionamento familiar).

A maioria dos residentes lúcidos das três Casas de Repouso expressa

que seria melhor estar em sua própria casa, todavia, logo mudam o discurso,

em tom de conformismo, dizendo que isso não é possível, então que também é

bom estar na Instituição pelo fato dos serviços prestados.

Além do Serviço Social fornecer orientações a cerca dos direitos dos

idosos e das responsabilidades das famílias para com os mesmos, a fim de

que os dias destas pessoas não sejam vazios e com o conhecimento de que

muitos estudos têm apontado para a relação entre os vínculos sociais e o

status de saúde do idoso, o serviço social propõe projetos e atividades com a

dimensão da sociabilidade, que inclui o estreitamento das relações de

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convivência familiar e o estabelecimento de vínculos sociais com a

comunidade.

Faz-se necessário ressaltar a dificuldade de implementar atividades de

lazer no cotidiano destes idosos. Devido à falta de costume, muitos se negam

a praticar qualquer ação.

A Instituição não pode limitar-se apenas em fornecer condições

objetivas para a sobrevivência. A saúde do idoso asilado deve ser vista de

maneira totalizante, de forma a atender as necessidades sociais e

psicológicas.

Em geral, as famílias têm se mostrado solícitas às intervenções do

serviço social, uma ou outra resiste um pouco mais em manter-se mais

presente. Contudo, é necessário reconhecer as histórias de vida de cada idoso

e as possíveis mágoas existentes dentro desta família.

Percebe-se que realmente alguns idosos vivem melhor e recebem maior

assistência em Casas de Repouso do que no seio de sua própria família

(referindo-se à Instituições idôneas e regulamentadas), seja devido a

comprometimentos físicos e mentais ou a dificuldades financeiras da família,

todavia, outros vivenciam o não reconhecimento e o abandono.

Para que, enquanto profissionais, possamos transformar a realidade do

funcionamento de Instituições Asilares, é necessário, primeiramente, a

atualização, por parte de instituições de ensino, dos recursos humanos que

atuam nas casas asilares. É também importante o desenvolvimento de projetos

ou ações por parte de órgãos ou instituições competentes junto à

administração dos asilos para conhecimento da legislação pertinente, com

vistas à adequação necessária, quando for o caso.

Os Conselhos Municipais, necessitando serem ativos e organizados,

juntamente com outros órgãos governamentais e não governamentais devem

prestar orientação às instituições para conhecer melhor o processo de

envelhecimento, com vistas a qualificar os serviços de atendimento. O

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envolvimento dos idosos em atividades de vida diária e a participação dos

mesmos em atividades comunitárias devem ser entendidos como meio de

mantê-los ativos, atuantes e participativos.

Muitas vezes o idoso asilado não é visto como sujeito. É necessário

perceber a relação que se mantém com este sujeito como uma relação de

troca, pois eles ainda têm muito a fornecer. No trabalho com idosos podemos

compreender a riqueza da convivência, com as experienciais vividas pelos

idosos e a transmissão de suas sabedorias.

Ao invés de rejeitar o velho, devemos desmistificar os negativos

conceitos vigentes e admitir o tesouro acumulado dentro dele no decorrer dos

anos, a experiência; e mais do que isto, mas do que o passado, devemos

auxiliá-lo a fazer parte do presente, garantindo-lhe qualidade de vida, e como

diz Beauvoir, um porvir póstumo.

Assim, o idoso, asilado ou não, deve ter efetivados todos os seus

direitos inerentes à cidadania humana.

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CONCLUSÃO

Este trabalho objetivou demonstrar como as transformações

político-sociais repercutem diretamente na qualidade de vida dos

trabalhadores, sobretudo os idosos. Essas alterações são refletidas na

dinâmica da família como um todo. Procurou-se co-relacionar essas mudanças

com a motivação da família em asilar o seu idoso, que vivencia este processo

de forma heterogênea.

Para alcançar este intuito, realizamos um aprofundamento teórico a

respeito da crise do capital e das transformações Estado/sociedade/família e

seus efeitos sociais ao processo de envelhecimento e sobre o processo de

asilamento dos idosos e sua subjetividade. Para ilustrar esta análise

realizamos um levantamento empírico sobre o processo asilar no campo de

trabalho.

Os resultados alcançados estão expostos da seguinte maneira:

No primeiro capítulo fizemos uma sistematização a respeito da crise do

modo de produção capitalista e o quanto essas transformações afetaram o

mundo do trabalho, e logicamente o sistema de aposentadoria, o que gerou

uma agudização da questão social. Pontuamos também as políticas sociais

que objetivam minimizar a vulnerabilidade vivenciada pelos idosos e o quanto

ainda é necessário uma maior articulação para realmente efetivá-las.

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O segundo capítulo expôs o aumento do percentual de idosos no

Brasil, suas condições de vida, e a função que eles têm representado para a

sua família, observando as transformações ocorridas no interior das mesmas.

Buscou-se discorrer sobre as mudanças e as dificuldades enfrentadas no

processo de envelhecimento, juntamente com os novos rearranjos familiares, e

de que maneira essas mudanças acarretam no asilamento do mesmo.

No terceiro capítulo analisamos como o idoso vivencia o processo de

asilamento, o que depende das condições de vida e de saúde, do grau de

vínculo afetivo familiar e dos motivos que ocasionaram o seu asilamento.

Expus também os resultados da minha experiência de trabalho com idosos, o

caminho percorrido para o abrigamento e a sua já inserção em uma Instituição.

Procurou-se também suscitar uma reflexão a respeito da possibilidade

do Serviço Social, assim como outras profissões que trabalham com este

segmento, contribuir para que os trabalhadores possam vir a ter um processo

de envelhecimento bem sucedido.

Para tanto, a importância de estudos, como este, de base científica

para a reforma da estrutura, para a eliminação de todo e qualquer preconceito

e especificamente àquele contra a velhice.

É de extrema importância que o profissional de Serviço Social tenha

um compromisso ético-político e esteja engajado em lutas sociais, buscando

promover uma relação dialética, de empoderamento do usuário, requerendo a

autonomia e real cidadania, uma sociedade democrática de fato.

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ANEXO I

POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO (LEI N. 8.842, DE 4 DE JANEIRO DE 1994)

Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências.

O Presidente da República:

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Da Finalidade

Artigo 1º - A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Artigo 2º - Considera-se idoso, para os efeitos desta Lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.

CAPÍTULO II

Dos Princípios e das Diretrizes

SEÇÃO I

Dos Princípios

Artigo 3° - A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes princípios:

I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;

II - o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos;

III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

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IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política;

V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta Lei.

SEÇÃO II

Das Diretrizes

Artigo 4º - Constituem diretrizes da política nacional do idoso:

I - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações;

II - participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos;

III - priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência;

IV - descentralização político-administrativa;

V - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços;

VI - implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo;

VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;

VIII - priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família;

IX - apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento.

Parágrafo único - É vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou de enfermagem permanente em instituições asilares de caráter social.

CAPÍTULO III

Da Organização e Gestão

Artigo 5º - Competirá ao órgão ministerial responsável pela assistência e promoção social a coordenação geral da política nacional do idoso, com a

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participação dos conselhos nacionais, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso.

Artigo 6º - Os conselhos nacional, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso serão órgãos permanentes, paritários e deliberativos, compostos por igual número de representantes dos órgãos e entidades públicas e de organizações representativas da sociedade civil ligadas à área.

Artigo 7º - Compete aos conselhos de que trata o artigo anterior a formulação, coordenação, supervisão e avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas.

Artigo 8º - À União, por intermédio do ministério responsável pela assistência e promoção social, compete:

I - coordenar as ações relativas à política nacional do idoso;

II - participar na formulação, acompanhamento e avaliação da política nacional do idoso;

III - promover as articulações intraministeriais e interministeriais necessárias à implementação da política nacional do idoso;

IV - vetado;

V - elaborar a proposta orçamentária no âmbito da promoção e assistência so-cial e submetê-la ao Conselho Nacional do Idoso.

Parágrafo único. Os ministérios das áreas de saúde, educação, trabalho, previdência social, cultura, esporte e lazer devem elaborar proposta orçamentária, no âmbito de suas competências, visando ao financiamento de programas nacionais compatíveis com a política nacional do idoso.

Artigo 9º - Vetado.

Parágrafo único - Vetado.

CAPÍTULO IV

Das Ações Governamentais

Artigo 10 - Na implementação da política nacional do idoso, são competências dos órgãos e entidades públicos:

I - na área de promoção e assistência social:

a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais.

b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros;

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c) promover simpósios, seminários e encontros específicos;

d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso;

e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso;

II - na área de saúde:

a) garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde;

b) prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas;

c) adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares, com fiscalização pelos gestores do Sistema Único de Saúde;

d) elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares;

e) desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais;

f) incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais;

g) realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de determinadas doenças do idoso, com vistas a prevenção, tratamento e reabilitação; e

h) criar serviços alternativos de saúde para o idoso;

III - na área de educação:

a) adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educa-cionais destinados ao idoso;

b) inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal, conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto;

c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos superiores;

d) desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de comunicação, a fim de informar a população sobre o processo de envelhecimento;

e) desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância, adequados às condições do idoso;

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f) apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às diferentes formas do saber;

IV - na área de trabalho e previdência social:

a) garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto a sua participação no mercado de trabalho, no setor público e privado;

b) priorizar o atendimento do idoso nos benefícios previdenciários;

c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento;

V - na área de habitação e urbanismo:

a) destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-lares;

b) incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições de habitabilidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção;

c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular;

d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas;

VI - na área de justiça:

a) promover e defender os direitos da pessoa idosa;

b) zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar abusos e lesões a seus direitos;

VII - na área de cultura, esporte e lazer:

a) garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais;

b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional;

c) incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais;

d) valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cul-tural;

e) incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação na comunidade.

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§ 1º - É assegurado ao idoso o direito de dispor de seus bens, proventos, pensões e benefícios, salvo nos casos de incapacidade judicialmente comprovada.

§ 2º - Nos casos de comprovada incapacidade do idoso para gerir seus bens, ser-lhe-á nomeado Curador especial em juízo.

§ 3º - Todo cidadão tem o dever de denunciar à autoridade competente qualquer forma de negligência ou desrespeito ao idoso.

CAPÍTULO V

Do Conselho Nacional

Artigo 11 - Vetado.

Artigo 12 - Vetado.

Artigo 13 - Vetado.

Artigo 14 - Vetado.

Artigo 15 - Vetado.

Artigo 16 - Vetado.

Artigo 17 - Vetado.

Artigo 18 - Vetado.

CAPÍTULO VI

Das Disposições Gerais

Artigo 19 - Os recursos financeiros necessários à implantação das ações afetas às áreas de competência dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais serão consignados em seus respectivos orçamentos.

Artigo 20 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias, a partir da data de sua publicação.

Artigo 21 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Artigo 22 - Revogam-se as disposições em contrário.

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ANEXO II

CASA DE REPOUSO............................

Papel do Serviço Social na Instituição

O trabalho do Serviço Social em Instituições Asilares relaciona aspectos emocionais, psicológicos e sociais do idoso. O Serviço Social é o elo entre o idoso e sua família e entre a instituição e a comunidade da qual faz parte. O Serviço Social tem como objeto de trabalho o indivíduo enquanto sujeito de sua própria história social e como agente dentro de seu grupo.

Nesta Casa de Repouso em tela, a base do exercício profissional do Assistente Social é o Estudo Social do idoso, que irá direcionar o trabalho deste profissional; devendo conhecer as tensões que influem nas vidas envolvidas, bem como as características de comportamento pessoal e do grupo.

Desta forma, depreende-se que o Serviço Social para atuar precisa resolver problemas de relações sociais que se expressam na prática cotidiana entre os indivíduos e entre eles e as organizações.

A clínica do Serviço Social visa a reinserção social do indivíduo, mesmo que este continue dentro da Instituição. O Serviço Social traz para este processo a possibilidade de articulação com o social, por meio de uma rede de parceiros que promovem a integração do idoso na comunidade e a melhora da sua aceitação pessoal e social, através de apresentações culturais, oficinas de artesanato, tardes dançantes na Casa de Repouso, com a participação de familiares e amigos dos hospedados, dentre outras.

Também constitui como prática do setor, a orientação aos familiares a respeito dos direitos dos idosos, previdência social, benefícios, políticas sociais; além da conscientização da responsabilidade da família na assistência aos mesmos e a importância do convívio familiar e da afetividade.

Este perfil do profissional de Serviço Social é o desejado para que se diminua o abismo estabelecido entre cidadãos com mais de 60 anos e a sociedade da qual fazem parte, resgatando a cidadania destes indivíduos. O profissional desta área tem a possibilidade, por sua formação e atualização, de compreender, interpretar e explicar o problema do isolamento do idoso e de inseri-lo no contexto social.

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_________________________ Natália Soares da S. Palmar

Assistente Social

CRESS 18923- 7 Região

ANEXO III

Casa de Repouso

ANAMNESE SOCIAL Cadastro:_________ Data de inclusão na Instituição: _____/_______ /_____ I- Dados Pessoais Nome: ________________________________________________________________ Data de Nascimento: _____ /_______ /_______ Idade: _____ Sexo: F ( ) M ( ) Estado Civil: _________________ Raça:________________________________________ Naturalidade: _________________________________ Município de Origem: __________________________ Profissão: _____________________________________ Documentos: Identidade ________________________ CPF ________________________ Outros ________________________ Filiação:_______________________________________ _______________________________________

O idoso é lúcido? ( )Sim ( )Não Condição Física do Idoso: ( )Independente ( )Semi Dependente ( )Dependente

II- Composição Familiar

Nome

Parentesco

Profissão

Telefone

III- Instituição Antes de vir para a Instituição residia com quem?______________________________ Responsável pelo Abrigamento:_____________________________________________ Motivo da Institucionalização:______________________________________________

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Responsável perante a Instituição:___________________________________________ Endereço do Responsável:_________________________________________________ Telefone do Responsável:__________________________________________________ VI- Perfil Sócio- Econômico Idoso com Interdição Judicial? ( )Sim ( )Não Recebe Benefício Previdenciário: ( )Sim ( )Não Quais (valor):_____________________________ _____________________________ Responsável pelo recebimento:______________________________________________ Renda Total:____________________ Possui bens? ( )Sim ( )Não

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YAAKOUB, Melissa C.. Violência contra o idoso. Cadernos IPUB. s/d.

ÍNDICE

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67

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O Processo de Envelhecimento no Sistema Capitalista Brasileiro 10

1.1 – O Trabalho e a Aposentadoria sob a Lógica do Capital 10

1.2 – Políticas Sociais para o Idoso em Tempos Neoliberais 18

CAPÍTULO II

A Inter-Relação Idoso e Família 25

2.1 – O Papel Ocupado pelo Idoso na Família 25

2.2 – Análise sobre a Trajetória do Idoso até o Asilo-Os Porquês

das Famílias sobre a Institucionalização do seu Idoso 33

CAPÍTULO III

O Idoso Asilado

3.1 – A Subjetividade do Idoso Asilado 39

3.2 – A Experiência de Trabalho em Casas de Repouso para Idosos

no Município de São Gonçalo 44

CONCLUSÃO 51

ANEXOS 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 62

ÍNDICE 69

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: