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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA AUTISMO NO ESPAÇO ESCOLAR Por: Anna Paula Paredes Pinto Orientador Profª Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · de alterações genéticas associadas à presença de fatores ambientais predisponentes podem desencadear o aparecimento

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AUTISMO NO ESPAÇO ESCOLAR

Por: Anna Paula Paredes Pinto

Orientador

Profª Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2012

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AUTISMO NO ESPAÇO ESCOLAR

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em....

Por: Anna Paula Paredes Pinto

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus

primeiramente por me dar forças, a

minha família pelo apoio e incentivo,

aos meus filhos e ao meu marido pela

compreensão, aos amigos do curso de

Educação Inclusiva e a orientadora

Mary Sue Pereira.

4

DEDICATÓRIA

A todas as pessoas que

aceitam, amam e acreditam nas

diferenças.

5

RESUMO

O presente trabalho vem investigar a inclusão de crianças com

síndromes do autismo em escola regular de ensino, buscando apresentar as

peculiaridades que o envolvem.

Foram pesquisadas o conceito de Autismo, as características, a

contribuição e a importância da família e do professor, as problemáticas no

cotidiano escolar e as atividades adaptadas que possam desenvolver com o

mesmo.

Considerando que a inclusão nas escolas regulares ainda é um desafio

para os profissionais de educação, família e sociedade, o trabalho tem o

objetivo de mostrar possibilidades e alternativas possíveis para a inclusão

deste no meio social/escolar.

Visto que a escola é um fator primordial na vida da criança, deve se

adequar a visar à aquisição deste aluno com maior independência na sua vida

prática, ressaltando que o professor tenha mais conhecimento dos sintomas e

características do autismo, utilizando métodos e recursos que serão

necessários para estimular a autonomia, envolvendo o aluno em sua

aprendizagem e em seu trabalho, despertando assim, o desejo e a vontade de

aprender.

6

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas por meio

de livros, apostilas do curso, sites e revistas, para aprofundamento do tema

Autismo.

A metodologia de estudo utilizada irá contribuir para o esclarecimento de

vários profissionais educadores que pretendem trabalhar com crianças

autistas.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - AUTISMO 10

CAPÍTULO II - A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR 20

NO PROCESSO DE INCLUSÃO.

CAPÍTULO III – A INCLUSÃO DO AUTISTA NAS SALAS REGULARES. 28

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 40

INTRODUÇÃO

8

Este trabalho tem a finalidade de apresentar através de experiências

docentes no 1º segmento do Ensino Fundamental em instituições

educacionais, na rede pública do Município de Niterói, a inclusão de alunos

portadores de necessidades especiais em classes regulares, encontrando

dificuldades para a garantia real do aprendizado destes alunos, assim como

obstáculos pedagógicos do trabalho efetivo do professor em sala de aula.

Dentre os alunos portadores de necessidades educacionais

especiais, estaremos tratando especificamente do autista, que apresenta “um

transtorno de desenvolvimento” É necessário garantir o resgate deste aluno na

sua auto-estima como aprendente. Não basta garantir apenas, um espaço na

sala de aula nas classes comuns, devemos promover a interação com os

colegas, e é preciso ensinar e dar sentido aos conteúdos, respeitando e

convivendo com as diferenças, oferecendo condições para que o aluno possa

desenvolver-se plenamente.

Assim, podemos identificar questões problemáticas nas situações

do cotidiano, tais como: dificuldade de socialização e aprendizagem do aluno,

pouca preparação do professor, falta de formação profissional nesta área...

Destaca-se que muitas vezes a escola recebe uma criança com

dificuldades em se relacionar, seguir regras sociais e se adaptar ao novo

ambiente. Este comportamento pode ser confundido com falta de limites. E por

falta de esclarecimentos, alguns profissionais da educação desconhecem as

características de um autista.

O papel da escola é primordial no desenvolvimento destas pessoas,

visto que é o primeiro lugar de interação social da criança longe de sua família,

é onde o sujeito se depara e tem que adaptar-se às regras sociais, tarefa de

extrema dificuldade para o autista.

9

Ressalta-se que não se trata de uma questão nova, pois as

dificuldades de adaptação do autista ao contexto escolar são reflexos da pouca

atenção dada pela sociedade a este assunto. No entanto iremos buscar

estratégias apropriadas através de pesquisa, sites, artigos focados para maior

enriquecimento do tema para que possam entender, administrar e adaptar as

crianças para melhor integração no espaço educativo.

Pretende-se ao final deste trabalho extrair conhecimentos científicos

e embasados teoricamente sobre o autismo no espaço escolar, e os desafios e

possibilidades acerca desta temática.

CAPÍTULO I

AUTISMO

10

Embora me seja difícil comunicar-me ou compreender as sutilezas sociais, na realidade, tenho algumas vantagens em comparação com os que tu chamas de ‘normais’. Tenho dificuldade em me comunicar, mas não costumo enganar. (...) Minha vida como autista pode ser tão feliz e satisfatória como a tua vida ‘normal’. Nessas vidas, podemos vir a nos encontrar e a partilhar muitas experiências."

Angel Rivière Gómez

Para que possamos identificar, compreender e atender às

necessidades do autismo é necessário que possamos conhecer as origens do

estudo e suas características, identificar que métodos podemos utilizar para

trabalhar com esses indivíduos.

1.1- Etiologia do Autista

O termo autismo origina-se do grego autós, que significa “de si

mesmo”. Foi empregado pela primeira vez pelo psiquiatra suíço E. Bleuler, em

1911, que buscava descrever a fuga da realidade e o retraimento interior dos

pacientes acometidos de esquizofrenia. Para ele não era uma doença

independente e sim, mais um dos sintomas de esquizofrenia. Kanner não

acredita nesta hipótese.

Mas os pioneiros nesse assunto foram Kanner ( 1943) e Asperger (

1944) , que fizeram seus estudos separadamente e contribuíram para a

divulgação do autismo. Segundo Leo Kanner, psiquiatra austríaco, naturalizado

americano, publicou as primeiras pesquisas relacionadas ao autismo em

1943.. Este autor se tornou um dos fundadores da psiquiatria infantil, onde

descreveu um grupo de onze casos clínicos de crianças, onde constatou uma

nova síndrome, a princípio, de distúrbio autístico do contato afetivo. Esta

denominação deu-se à observação de crianças que não se enquadravam em

11

nenhuma classificação existente na psiquiatria infantil. As crianças

investigadas por Kanner apresentavam inabilidade para se relacionarem com

outras pessoas e situações desde o início da vida (extremo isolamento), falha

no uso da linguagem para comunicação e desejo obsessivo ansioso para a

manutenção da mesma.

Com base nesses aspectos vamos conhecer algumas descrições de

Leo Kanner sobre o autismo:

As relações sociais e afetivas:

Desde o início há uma extrema solidão autista, algo que, na medida do

possível, desconsidera, ignora ou impede a entrada de tudo o que chega à

criança de fora. O contato físico direto e os movimentos ou ruídos que

ameaçam romper a solidão são tratados como se não estivessem ali, ou, não

bastasse isso, são sentidos dolorosamente como uma interferência penosa"

(KANNER, 1943).

A comunicação e a linguagem:

L. Kanner descreveu a ausência de linguagem (mutismo) em algumas

crianças, seu uso estranho nas que a possuem, a presença de ecolalia, a

aparência de surdez em algum momento do desenvolvimento e a falta de

emissões relevantes.

A relação com as mudanças no ambiente e a rotina:

A conduta da criança "é governada por um desejo ansiosamente

obsessivo por manter a igualdade,que ninguém, a não ser a própria criança,

pode romper em raras ocasiões" (1943, p. 22).

Memória:

Capacidade surpreendente de alguns em memorizar grande quantidade

de material sem sentido ou efeito prático.

12

Hipersensibilidade a estímulos:

Muitas crianças reagiam intensamente a certos ruídos e a alguns

objetos. Também manifestavam problemas com a alimentação. . Se algo é

mudado a situação, mesmo em um mínimo detalhe, a situação deixa de ser

idêntica, não podendo então ser aceita.

Outro fato observado foi a dificuldade na atividade motora global e uma

facilidade (habilidade) na motricidade fina,principalmente para girar objetos

circulares.Porém eles tinham uma excelente memória, decoravam nomes,

seqüências e esquemas complexos. Para Kanner essas crianças eram muito

inteligentes.

Finalmente, uma questão que levantou intensa polêmica nos anos

subseqüentes foi a observação de Kanner (1943) acerca das famílias das

crianças que observara. Destacou que entre os denominadores comuns a elas

estavam os altos níveis de inteligência e sociocultural dos pais, além de uma

certa frieza nas relações, não somente entre os casais, mas também entre pais e

filhos. Entretanto, nesse mesmo artigo, Kanner já questionava a natureza causal

entre os aspectos familiares e a patologia da criança: "A questão que se coloca é

saber se, ou até que ponto, esse fato contribui para o estado da criança.

Conclui o seu trabalho, postulando que o autismo origina-se de uma

incapacidade inata de estabelecer o contato afetivo habitual e biologicamente

previsto com as pessoas.

Poucos meses depois de Kanner , o médico Hans Asperger descreveu

casos de várias crianças vistas e atendidas na Clínica Pediátrica Universitária

de Viena. Asperger não conhecia o trabalho de Kanner e "descobriu" o autismo

de modo independente. Publicou suas observações em 1944: "A Psicopatia

autista na infância".

As descrições do autismo feitas por Asperger foram publicadas em

alemão, no pós-guerra, e não foram traduzidas para outra língua, o que

13

provavelmente contribuiu para prolongar o período de desconhecimento a

respeito de seus estudos, até a década de 80.

O trabalho de Asperger só veio a se tornar conhecido nos

anos 1970, quando a médica inglesa Lorna Wing traduziu seu trabalho

para o inglês. Foi a partir daí que um tipo de autismo de alto desempenho

passou a ser denominado síndrome de Asperger.

Descrições de Hans Asperger sobre o Autismo:

As relações sociais e afetivas: Asperger identificava como traço fundamental a limitação de suas

relações sociais, considerando que toda a personalidade da criança está

determinada por esta limitação.

A comunicação e a linguagem:

Estranhas pautas expressivas e comunicativas, anomalias prosódicas e

pragmáticas. As anomalias prosódicas são alterações das propriedades

acústicas da fala - ritmo e entonação, constituindo uma fala estranha nesses

aspectos. As anomalias pragmáticas dizem respeito a uma comunicação

restrita a significados implícitos ou a serem inferidos. Do ponto de vista da

comunicação receptiva, esta anomalia representa a dificuldade de

compreender um chiste ou o sentido ambíguo de palavras ou expressões.

Pensamento: Compulsividade e caráter obsessivo de seus pensamentos.

Comportamento e atitudes:

Tendência a guiar-se de forma alheia às condições do meio.

14

As observações dos casos de Kanner e Asperger apresentam

semelhanças e diferenças que nos interessam. No que tange às diferenças,

cabe ressaltar que Asperger preocupava-se com o aspecto educacional dessas

crianças, preocupação que não era pauta nos estudos de Kanner.

Também são evidentes as diferenças entre as crianças observadas por

um e por outro médico,principalmente no desenvolvimento da comunicação e

da linguagem. Posteriormente, essas diferenças caracterizaram quadros

distintos: o autismo e o transtorno de Asperger.

Como semelhanças, podemos identificar o aspecto considerado como

fundamental no autismo e os demais aspectos descritos, à exceção da

comunicação e linguagem. Não poderíamos deixar de mencionar que, também

para Asperger, o autismo parecia fascinante.

1.2- O que é Autismo?

O autismo caracteriza-se por uma tríade de anomalias comportamentais:

limitação ou ausência de comunicação verbal, falta de interação social e

padrões de comportamento restritos, estereotipados e ritualizados. A

manifestação dos sintomas ocorre antes dos três anos de idade e persiste

durante a vida adulta. A incidência do autismo é de cinco a cada 1.000

crianças, sendo mais comum no sexo masculino, na razão de quatro homens

para cada mulher afetada.

Os sintomas e o grau de comprometimento variam amplamente, por isso

é comum referir-se ao autismo como um espectro de transtornos,

denominados genericamente de transtornos invasivos do desenvolvimento.

Foram estabelecidos critérios de classificação dos transtornos invasivos do

desenvolvimento que estão formalizados no Manual de Diagnóstico e

Estatístico (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria e na

Classificação Internacional de Doenças (CID-10) publicada pela Organização

Mundial de Saúde. A origem do autismo ainda é desconhecida, embora os

15

estudos realizados apontem para um forte componente genético. Não há um

padrão de herança característico, o que sugere que o autismo seja

condicionado por um mecanismo multifatorial, no qual diferentes combinações

de alterações genéticas associadas à presença de fatores ambientais

predisponentes podem desencadear o aparecimento do distúrbio.

• Asa – Americam Society for Autism (Associação Americana de

Autismo);

• Organização Mundial de Saúde, contida na CID-10 ( 10º Classificação

Internacional de Doenças), de 1991;

• DSM-IV – Diagnostic and statistical maneal of mental disorders ( Manual

Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais) da Associação

Americana de Psiquiatria.

A definição da ASA ( Associação Americana de Autismo) desenvolvida

e aprovada em 1977, pelo seu “Borad of directrs”, uma equipe de

profissionais reconhecidos pela comunidade científica mundial, por seus

trabalhos, estudos, pesquisas na área do autismo é, resumidamente a

seguinte:

“ O autismo é uma inadequacidade no

desenvolvimento que se manifesta de

maneira grave por toda a vida. Acontece

cerca de vinte entre cada dez mil nascidos e

é quatro vezes mais comum entre meninos do

que em em meninas”

A síndrome do autismo pode ser encontrada em todo o mundo e em

famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até

agora provar nenhuma causa psicológica, ou no meio ambiente destas

pessoas que possa causar o transtorno. Os sintomas, causados por disfunções

físicas do cérebro, podem ser verificados pela anamnese ou presentes no

exame ou entrevista com o indivíduo, estas características são:

16

• Distúrbios no ritmo de aparecimento de habilidades físicas, sociais e

lingüísticas;

• Reações anormais às sensações, ainda são observadas alterações na

visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de

manter o corpo;

• Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do

pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita de

compreensão de idéias. Uso de palavras sem associação com o

significado;

• Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas.

Respostas não apropriada a adultos ou crianças. Uso inadequado de

objetos e brinquedos.

Indivíduos autistas apresentam comprometimento na interação social,

que se manifesta pela inabilidade no uso de comportamentos não-verbais tais

como o contato visual, a expressão facial, a disposição corporal e os gestos.

Esse comprometimento na interação social manifesta-se ainda na

incapacidade do autista de desenvolver relacionamentos com seus pares e na

sua falta de interesse, participação e reciprocidade social. Há

comprometimento na comunicação, que se caracteriza pelo atraso ou ausência

total de desenvolvimento da fala. Em pacientes que desenvolvem uma fala

adequada, permanece uma inabilidade marcante de iniciar ou manter uma

conversa. O indivíduo costuma repetir palavras ou frases (ecolalia), cometer

erros de reversão pronominal (troca do “você” pelo “eu”) e usar as palavras de

maneira própria (idiossincrática).

Com relação às suas atividades e interesses, os autistas são resistentes

às mudanças e costumam manter rotinas e rituais. É comum insistirem em

determinados movimentos, como abanar as mãos e rodopiar. Freqüentemente

preocupam-se excessivamente com determinados assuntos, tais como

horários de determinadas atividades ou compromissos.

17

Alguns autistas (cerca de 20%) apresentam um desenvolvimento

relativamente normal durante os primeiros 12 a 24 meses de vida, depois

entram em um período de regressão, caracterizado pela perda significativa de

habilidades na linguagem.

Segundo a Organização Mundial de Saúde é classificado como “Um

transtorno evasivo do desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se

manifesta antes dos três anos de idade e pelo tipo característico de

funcionamento anormal em todas três áreas: interação social, comunicação e

comportamento restrito e repetitivo”.

1.3-Características do transtorno autista

As características mais comuns são:

• Dificuldade na interação social

• Dificuldade acentuada no uso de comportamentos não verbais (contato

visual, expressão facial, gestos);

• Sociabilidade seletiva;

• Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e

atividades;

• Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados

(movimento circular);

• Assumir de forma inflexível rotinas ou rituais (ter manias ou focalizar-se

em um único assunto de interesse);

• Maneirismos motores estereotipados (agitar ou torcer as mãos)

• Preocupação insistente com partes de objetos, em vez do todo (fixação

na roda de um carrinho ou na boca de alguém que fala);

• Seguir uma vida rotineira e resistir mais do que uma pessoa comum

resistiria quando ela é mudada;

• Tendência a uma leitura concreta e imediatista do contexto, seja ele

lingüístico ou ambiental.

18

Incapacidade Qualitativa na Interação Social:

• Ignora presença de pessoas e de sentimentos (uso instrumental de

pessoas e comportamento evasivo);

• Não busca apoio ou conforto por ocasião do sofrimento quando isto

ocorre se dá de modo estereotipado;

• Imitação ausente ou comprometida;

• Ausência ou deficiência no contato olho a olho.

Incapacidade Qualitativa na Comunicação Verbal e Não-Verbal e na

Atividade Imaginativa:

• Ausência de modo de comunicação, como balbucio comunicativo,

expressão facial, mímica ou linguagem falada, ausência de contato

visual, retraimento ao contato físico, ausência de antecipação;

• Deficiência na atividade imaginativa, como representação de papeis

de adultos, personagens de fantasias ou animais, falta de interesse 10 em

estórias sobre acontecimentos imaginários;

• Alterações na linguagem que se estende da anormalidade no uso dos

pronomes pessoais até a ecolalia ou até ausência absoluta da fala;

• Incapacidade marcante na habilidade para iniciar ou sustentar uma

conversa com outros e também age como se fosse surdo;

• Opõe-se ao aprendizado.

Repertório restrito de atividade e interesses:

• Estereotipias e repetições (movimentos giratórios, auto-agressão,

ausência da noção de perigo);

• Interesse restrito (interesses por objetos rotatórios, interesse em

empilhar objetos, exploração do meio pelo paladar e/ou olfato);

19

• Resistência a mudança no ambiente;

• Insistência em seguir rotinas (atividade monótona rotineira);

Segundo Gauderer (1997), assim sendo, muitos autistas têm QI normal

ou acima da média, por isso muitos autistas possuem habilidades excelentes,

como por exemplo: em atividades esportivas, em desenhos, pinturas, músicas,

e podem até apresentar uma memória invejável, capaz de armazenar as mais

remotas reminiscências (memória mecânica).

CAPÍTULO II

A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR NO

PROCESSO DE INCLUSÃO

20

“É de fundamental importância o trabalho conjunto

entre a família e profissionais e também haver sempre

necessidade que essa família esteja presente em todos

os momentos. A presença dela ajudará e muito na

progressão, pois muitas vezes a família é o gancho que o

profissional precisa para começar e poder terminar.”

Fátima Alves

2.1- O papel da família

A família é indispensável a vida de qualquer ser humano. O tempo que a

família leva a descobrir ou admitir que seu filho é autista, é um fator muitas

vezes decisivo no progresso dessa criança.

A profunda dor dos pais em relação ao descaso do filho por eles e, da

distância que os separa, naturalmente encarados pela criança põe os pais

muitas vezes a uma sensação de abismo, uma vez que estes são impedidos

de exercer seu papel, de terem o filho nos braços e reciprocamente receber

carinhos.

Este “choque” da mesma maneira os deixa impotentes frente a ausência do

reconhecimento e do sorriso não correspondido

O autismo traz a carga do isolamento social, da dor da família e da

exclusão escolar. É normal que os pais se preocupem, porque há importantes

alterações no meio familiar e, nem sempre, é possível encontrar adaptações

para lidar com essas situações.

A maioria das crianças autistas precisa de assistência e supervisão da

parte dos adultos durante toda a sua infância. A criança deve desempenhar

papéis dentro de casa, o que significa dar a ela responsabilidades, quanto a

higiene pessoal, respeito, limites, conservação do ambiente e utensílios, e

controlar os esfíncteres. Os pais são imprescindíveis como cuidadores e

devem permanecer com a criança o maior tempo possível, estabelecendo com

21

ela laços de confiança que são indispensáveis para o sucesso das etapas de

desenvolvimento. É ela que irá lhe oferecer a primeira formação.

Na integração/inclusão escolar, o aluno, com a orientação dos

profissionais e da família, poderá adquirir competência profissional e pessoal.

A participação da família no processo de inclusão escolar é de grande

importância, entretanto, o que vem ocorrendo é que alguns professores vêm

reclamando da frieza ou insensibilidade dos pais, pela falta de

comprometimento dos mesmos no processo de desenvolvimento e inclusão

dos seus filhos, além do não reconhecimento da atividade pedagógica

realizada pela escola em proveito de seus filhos.

Temos que tentar buscar mais parcerias com os pais para que o

relacionamento família/ profissionais de ensino em geral, deixe de enfatizar

apenas as dificuldades ou deficiências dos alunos, passando a explorar mais

as suas potencialidades.

A Declaração de Salamanca estabelece a necessidade de parceria

entre família, professores e profissionais da escola, com a finalidade de

maximizar os esforços para a inclusão, da melhor forma possível, dos alunos

com necessidades educativas especiais no ensino regular. Ela também

especifica como deve ser essa parceria entre família e escola inclusiva.

Essa parceria propicia:

• Maior apoio aos pais para que assumam seus papéis de pais de

alunos com necessidades especiais;

• Oportunidade de escolha do tipo de provisão educacional que os

pais desejam para seus filhos;

• Que sejam pais parceiros ativos nos processos de tomadas de

decisões para seus filhos.

Contudo, devemos nos preocupar mais com as vitórias do que com seus

fracassos. A família deve agir em conjunto com a escola, dando continuidade

ao trabalho que a mesma vem desenvolvendo com a criança. Sem essa

22

parceria não serão obtidos a qualidade de envolvimento necessário para

assegurar ganhos educacionais para todos os alunos.

É muito importante também propiciar o convívio com outras famílias com

necessidades especiais, onde as mesmas possam relatar experiências

positivas ou negativas que tenham enfrentado no processo da inclusão

escolar.

De acordo com a “Declaração de Salamanca”, no que se refere ao papel

da família nesse processo de inclusão, demanda que se:

Assim, com certeza, as famílias ditas como “funcionais” que se

mobilizam pelo sucesso de seus filhos estarão cada vez mais envolvidas,

participativas e incluídas no processo de tomadas de decisões sobre o ensino

de seus filhos, sobre as condutas a serem adotadas. Com novas alternativas

de envolvimento da família, maior preocupação com a qualidade dos serviços

oferecidos e com mais diálogo aberto e franco, essa situação de

descomprometimento e descompromisso com o sucesso dos alunos, só tende

a mudar!

Existe alguma dica que podem facilitar o dia-dia da família, tais como os

10 mandamentos dos pais com crianças especiais, que são eles:

• Viva um dia de cada vez, e viva-o positivamente. Você não tem controle

sobre o futuro, mas tem controle sobre hoje.

• Nunca subestime o potencial do seu filho. Dê-lhe espaço, encoraje-o,

espere sempre que ele se desenvolva ao máximo das suas

capacidades. Nunca se esqueça da sua capacidade de aprendizagem,

por pequena que seja.

• Descubra e permita mentores positivos: familiares e profissionais que

possam partilhar consigo a experiência deles, conselhos e apoio.

23

• Proporcione e esteja envolvido com os mais apropriados ambientes

educacionais e de aprendizagem para o seu filho desde a infância.

• Tenha em mente os sentimentos e necessidades do seu conjugue e dos

seus outros filhos. Lembre-lhes que esta criança especial não tem mais

do seu amor pelo fato de perder com ele mais tempo.

• Responda apenas perante a sua consciência: poderá depois responder

ao seu filho. Não precisa justificar as suas ações aos seus amigos ou ao

público.

• Seja honesto com os seus sentimentos. Não pode ser um super pai 24

horas por dia. Permita-se a si mesmo ciúmes, zanga, piedade,

frustração e depressão em pequenas necessidades sempre que seja

necessário.

• Seja gentil para consigo mesmo. Não se foque continuamente naquilo

que precisa ser feito. Lembre-se de olhar para o que já conseguiu

atingir.

• Pare e cheire as rosas. Tire vantagem do fato de ter ganho uma

apreciação especial pelos pequenos milagres da vida que os outros dão

como garantidos.

• Mantenha e use o sentido de humor. Desmanchar-se a rir pode evitar

que seja desmanchado pelo stress.

É natural que os pais queiram proteger seu filho, e que tenham dúvidas

quanto a levá-lo à escola, afirmando não ser bom para ele, podendo causar

sofrimento, constrangimento ou se os profissionais da escola saberão cuidar

dele. Porém é necessário e importante deixar, para que a criança fique mais

autônoma.

Para que a inclusão aconteça de fato, deve haver um desejo de ambas

as partes em recebê-las, ressaltando que a participação da família do filho com

24

necessidades especiais no processo de integração, é indispensável para que

ele seja participante e envolvido na sociedade e que todos sejam responsáveis

pelo sucesso de uma escola ‘para’, ‘de’ e ‘por’ todos’.

2.2- A contribuição do professor no processo de inclusão. “A inclusão escolar começa na alma do professor, contagia

seus sonhos e amplia seus ideais. A utopia pode ter muitos

defeitos, mas pelo menos, uma virtude tem:ela nos faz

caminhar".

Eugênio Cunha

Para que a inclusão seja possível, os profissionais de educação devem

pesquisar mais práticas pedagógicas. NUNES ( 2003) sugere algumas dessas

práticas para o educador que procura por uma educação inclusiva:

• Usar instrumentos e procedimentos que não discriminem pessoas

com base na raça, cor, credo, sexo, idade orientação social ou

necessidades especiais;

• Desenvolver uma comunicação efetiva com os pais, evitando

terminologias técnicas utilizando uma linguagem clara e outros

modos de comunicação, quando necessário;

• Ocupar-se de atividades profissionais que beneficiem os alunos,

as famílias, outros colegas e estudantes em assuntos de

pesquisa;

• Participar na seleção e no uso de materiais instrutivos

apropriados, equipamentos e outros recursos que sejam

necessários numa prática efetiva.

Inicialmente o professor precisa criar um vínculo afetivo com a criança

tornando seu papel mais importante, assim deixando o educando mais

confiante e independente para realizar suas atividades de maneira simples

25

como vestir-se, escovar os dentes, amarrar cadarços e utilizar os talheres, por

exemplo,são tarefas que fazem parte da vida social.

Assim como explica Cunha (2009); “Para que a criança autista não se

torne um adulto incapaz de realizar tarefas simples do dia a dia, precisa

aprender diversas atividades que o tornará independente durante seu

crescimento”.(p.34)

Trabalhar com a inclusão é um grande desafio para o professor. É

necessário dedicação, vontade, compromisso e união com a equipe

pedagógica para vencer todos os obstáculos que poderão surgir e dessa forma

desenvolver práticas pedagógicas que possa facilitar o crescimento do

educando.

Incluir uma criança em uma escola dita”normal” ou de classe comum de

ensino regular é muito importante para o desenvolvimento da sua

potencialidade. Por este motivo, buscamos não restringir seu ensino somente à

instituições especializadas a este fim e sim à escolas de ensino regular

comum.

O professor precisa ter uma preocupação do caminho que terá que

percorrer para conseguir alcançar os objetivos propostos, por este motivo é

importante conhecer que tipo de procedimentos pedagógicos, métodos e

recursos que serão necessários para estimular a autonomia, envolver o aluno

em sua aprendizagem e em seu trabalho, despertando assim, o desejo e a

vontade de aprender. Além do professor regente, é necessário ter um

professor mediador (professor de apoio) onde este será intermediário no

processo de linguagem e escrita e nas questões sociais.

O autista precisa ter um currículo adaptado e flexível voltado para as

suas necessidades e individualidades, de forma clara e objetiva para que o

aluno possa traduzir a informação dada apontando ou mostrando a figura

relacionada ao que foi dito.

Estas intervenções sendo feitas diariamente pelo professor de apoio

,juntamente com o professor regente,pode trazer um grande benefício para a

melhora do autista.

26

O próprio professor poderá também fazer um portfólio com as

produções da criança durante a sua permanência na escola. Este trabalho é

fundamental ser realizado para acompanhar o progresso de cada aluno e

poder planejar novas intervenções para o próximo ano.

Outro aspecto relevante no cotidiano do autista, é a rotina. É necessário

uma rotina diária, estruturada para que esses hábitos sejam assimilados e

estabelecidos;

Conforme explica Orrú:

É comum que crianças autistas tenham apego

inadequado a determinados objetos e rotinas.

Por esta razão, é preciso que se realize um

trabalho estruturado e organizado com a

mesma, para que se tire proveito do uso desse

apego rotineiro. Afixação em realizar

determinadas atividades, repetir

permanentemente certas ações, preferir usar as

mesmas roupas, etc., são problemas de

comportamento característicos dessas crianças

que devem ser trabalhadas em seu dia a dia

pelos pais e professores.Tem o intuito de

modificar tais comportamentos por outros úteis e

adequados ao momento, tendo em vista o

desenvolvimento da sua autonomia, iniciativa e

compreensão daquilo que está fazendo ou do

que precisa fazer.

27

CAPÍTULO III

A INCLUSÃO DO AUTISTA NAS SALAS REGULARES

“Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que

todas as crianças devem aprender juntas, sempre que

possível, independentemente de quaisquer dificuldades

ou diferenças que possam ter”

(Declaração de Salamanca,1994)

28

3.1- Inclusão

Entendemos por Inclusão o ato ou efeito de incluir.

O conceito de educação inclusiva ganhou maior notoriedade a partir

de 1994, com a Declaração de Salamanca.

No que diz respeito às escolas, a idéia é de que as crianças

com necessidades educativas especiais sejam incluídas em escolas de ensino

regular e para isto todo o sistema regular de ensino precisa ser revisto, de

modo a atender as demandas individuais de todos os estudantes. O objetivo

da inclusão demonstra uma evolução da cultura ocidental, defendendo que

nenhuma criança deve ser separada das outras por apresentar alguma

diferença ou necessidade especial.

Do ponto de vista pedagógico esta integração assume a vantagem de

existir interação entre crianças, procurando um desenvolvimento conjunto, com

igualdade de oportunidades para todos e respeito à diversidade humana e

cultural.

No entanto, a inclusão tem encontrado imensa dificuldade de avançar,

especialmente devido as resistências por parte das escolas regulares, em se

adaptarem de modo a conseguirem integrar as crianças com necessidades

especiais, devido principalmente aos altos custos para se criar as condições

adequadas. Além disto, alguns educadores resistem a este novo paradigma,

que exige destes uma formação mais ampla e uma atuação profissional

diferente da que têm experiência

Uma escola pode ser considerada inclusiva, quando não faz distinção

entre seres humanos, não seleciona ou diferencia com base em julgamentos

de valores como “perfeitos e não perfeitos”, “normais e anormais”.

É aquela que proporciona uma educação voltada para todos, de forma

que qualquer aluno que dela faça parte, independente deste ser ou não

portador de necessidades especiais, tenha condição de conhecer, aprender,

29

viver e ser, num ambiente livre de preconceitos que estimule suas

potencialidades e a formação de uma consciência crítica.

A escola inclusiva é aquela, como dito anteriormente, que se organiza

para atender alunos não apenas ditos “normais”, mas também os portadores

de deficiências, a começar por seu próprio espaço físico e acomodações.

Salas de aula, bibliotecas, pátio, banheiros, corredores e outros ambientes são

elaborados e adaptados em função de todos os alunos e não apenas daqueles

ditos normais. Possui, por exemplo, cadeiras com braços de madeira tanto

para destros quanto para canhotos, livros em braile ou gravados em fita

cassete, corrimãos com apoio de madeira ou metal, rampas nos diferentes

acessos de entrada e saída , salas de recursos e assim por diante.

Mas, o principal não reside nos recursos materiais, já que em algumas

escolas são difíceis de serem obtidos por todos os estabelecimentos de

ensino. O principal suporte está na filosofia da escola, na existência de uma

equipe multidisciplinar eficiente e no preparo e na metodologia do corpo

docente.

Concluindo o termo inclusão significa que todos os alunos

independentemente de sua condição de incapacidade ou severidade devem

estar matriculados no sistema regular de ensino. Professores que ensinam em

escolas inclusivas relatam que se transformaram em sua comunidade porque

perceberam o que é pertencer a uma sociedade inclusiva.

Inclusão é um tempo que expressa compromisso com a

educação de cada criança desenvolvendo seu potencial

máximo de uma maneira apropriada. (BRASIL,2002.p24)

A escola inclusiva é uma possibilidade que se abre para o

aperfeiçoamento da educação escolar e para o benefício de todos os alunos,

com ou sem deficiência, com isso as escolas deverão adaptar-se a todas as

crianças, abandonando seu caráter discriminativo e seletivo.

A inclusão ensina a todas as crianças a aceitar, trabalhar em conjunto e

como interagir e agir com outras pessoas com habilidades diferentes. Eles

30

aprendem a valorizar as nossas diferenças, ver as habilidades de outros para

contribuir e dar às crianças um senso de união.

3.2- Problemáticas nas situações do cotidiano

Podemos identificar alguns problemas nas situações do cotidiano,

tais como: dificuldade de socialização e aprendizagem do aluno, pouca

preparação do professor ( falta de formação profissional nesta área),recursos

materiais....

A problemática de se conseguir adequar os alunos autistas à

diversidade dos conteúdos também está relacionada ao fato da escola regular

assumir junto a sociedade sua imagem de escola inclusiva, comprometida com

o ensino e aprendizagem, buscando trabalhar dentro de uma integração.

A escola aberta para todos é a grande meta a ser alcançada, mas

também um grande problema na educação inclusiva. A escola inclusiva deve

manter um quadro funcional qualificado e comprometido com esta educação, a

fim de proporcionar ao aluno autista sempre que necessário um

acompanhamento paralelo.

Quando a escola recebe uma criança com deficiência, ela não pode

esquecer que não está recebendo apenas a criança, mas a família também;

onde ambas deverão trabalhar em conjunto para obter um resultado

satisfatório.

E não podendo esquecer que todos os profissionais (desde a direção

até aquele que a recebe no portão ) devem estar incluídos , garantindo o

acesso e a participação de todos, dando a elas possibilidades de

oportunidades diferenciadas oferecidas pela escola, impedindo a segregação e

o isolamento.

Para o autista não existe tratamento médico e sim estimulações para

ajudar a melhorar a criança na sua aprendizagem e comportamento. O

31

primeiro passo a dar para ajudar uma criança autista é tentar identificar os

sintomas. Se não interagir com as outras crianças; se agir como se fosse

surda; se resistir à aprendizagem; se não demonstrar medo aos perigos a que

é exposta; se resistir às mudanças de rotina; se não mantiver o contacto visual;

se tiver obsessão por determinados objetos ou tarefas repetitivas e, se

apresentar agressividade. A partir daí o trabalho poderá ser desenvolvido, com

compreensão de tudo que se pretende executar.

Outra questão se refere aos diversos professores atuantes

despreparados para assumir a inclusão de alunos especiais em suas turmas

regulares. A inclusão desses alunos propicia professores especializados e

preparados para promover a aprendizagem, a socialização e a participação do

mesmo nas escolas. Para que isso ocorra é necessário cursos de Formação

Continuada para desenvolver competências necessárias para atuar com

crianças especiais. Outro fator relevante é a falta de materiais didáticos e

recursos para melhorar o aprendizado das pessoas que são portadores

de necessidades especiais.

3.3- Atividades adequadas e funcionais para alunos com autismo

Para a efetivação da proposta de inclusão escolar, e favorecer o

aprendizado de alunos com necessidades especiais, foi desenvolvido o

conceito de “adaptações curriculares”. Estas envolvem tanto as transformações

que a escola precisa fazer para garantir a acessibilidade aos alunos, quanto

as adaptações pedagógicas ou curriculares, propriamente ditas(CORREIA,

2001; MEC/SEESP, 2003; MACHADO, 2005).

Adaptações curriculares, portanto, envolvem determinar o que o aluno

deve aprender; como e quando aprender; que formas de organização do

ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; e como e

quando avaliar o aluno. Segundo o MEC (MEC/SEESP, 2003) as adaptações

curriculares devem ser realizadas em três níveis:

32

a) Em relação ao projeto pedagógico (currículo escolar) – focalizar

principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio, propiciando

condições estruturais que possam ocorrer no nível de sala de aula e no nível

individual.

b) Relativas ao currículo da classe, que se referem à programação das

atividades elaboradas para sala de aula.

c) E em relação ao currículo individualizado, focalizando a atuação do

professor na avaliação e no atendimento a cada aluno.

Para Correia (1999), a realização de adaptações curriculares também

demanda ações nesses três níveis:

a) Na escola - analisando as características, necessidades e

possibilidades da região onde ela está instalada; os recursos humanos, físicos,

financeiros e didáticos da escola ; as expectativas, interesses e motivações de

pais e alunos; conhecendo bem os grupos específicos de alunos, inclusive os

portadores de necessidades educativas especiais.

b) Na turma - considerando as características socioeconômicas e

culturais dos alunos da turma; as motivações e interesses específicos dos

alunos; o percurso escolar da turma como um todo, e particularmente dos

alunos com necessidades educativas especiais.

c) No aluno - buscando conhecer o que dizem os relatórios médicos

e/ou psicológicos; o percurso escolar do aluno, registros e/ou relatórios de

anos anteriores, como também a incidência dos problemas nas aprendizagens

escolares. Nesse caso, caberão, ainda, adaptações na avaliação dos alunos

considerando as suas características individuais.

Uma das mediações para que o quadro do autista apresente um amplo

progresso e para que eles possam ter uma inclusão escolar de sucesso, tem

33

sido adotadas com maior freqüência os métodos TEACCH e o ABA ambos de

motivação comportamentalista e mais usado para o tratamento dos autistas.

Criado em 1964, o TEACCH foi o programa desenvolvido para atender

os autistas e outros casos que possam existir de distúrbio no desenvolvimento.

Ele é um método baseado em mais de vinte anos de experiência no Programa

Estadual para Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com

Deficiências relacionadas à Comunicação (Trearment and Education of Autistic

and related Communication Handcapped Children –TEACCH). Este método

visa basicamente atender às necessidades diárias dos autistas a fim de

proporcionar a eles uma melhor qualidade de vida (MOREIRA, 2005), além de

desenvolver um programa que se baseia nas habilidades, interesses e

necessidades individuais de cada autista, observando e analisando seus

comportamentos frente aos estímulos recebidos. Eric Schopler e os outros

organizadores do TEACCH começaram a acreditar que o autismo teria suas

bases no aspecto orgânico, isentando, portanto, os pais de serem culpados

pelo seu aparecimento e reforçando por outro lado a importância da

intervenção deles no desenvolvimento e tratamento dos filhos autistas.

Para isso, surge então o TEACCH, a fim de trazer e dar respostas às

necessidades dos autistas de todas as idades e níveis de funcionamento e

também para auxílio dos pais e familiares (GIARDINETTO, 2005).

Este método, portanto, tem por objetivos principais:

• Promover adaptação dos autistas de se desenvolverem ativamente no

meio em que vivem;

• Proporcionar atendimento adequado não só ao autista, mas também à

família do autista e aqueles que vivem com eles; além de fornecer

informações para que o maior número de pessoas conheça o autismo e

suas manifestações. Além disso:

Tem como objetivo apoiar o portador de autismo a chegar à idade adulta com o máximo de autonomia possível. Ajudando-o

34

a adquirir habilidades de comunicação para que possam se relacionar com outras pessoas e, dentro do possível dar condições de escolha para a criança (ASSUMPÇÃO, 1995, apud MOREIRA, 2005, p. 3)10

Assim, de acordo com o Leon e Lewis (1997 apud MOREIRA, 2005)11, os pontos de apoio do TEACCH se baseiam em:

* uma estrutura física bem delimitada, com cada espaço para uma função; *atividades com seqüência e que as crianças saibam o que se exige delas, * uso direto de apoio visual, como cartões, murais. Conforme for reavaliando-se cada criança consegue-se ir mudando suas rotinas para que ela vá se desenvolvendo (p.3

Neste método, o apoio visual é muito usado. Isto porque os autistas

possuem uma habilidade muito grande nesta área e de memória também, bem

mais desenvolvida que nas outras pessoas.

Com isso, pretende-se não somente valorizar os pontos positivos dos

autistas, mas também ajudá-los a desenvolver mais as habilidades de

comunicação, interação social e competências.

Este método nos revela que todos têm suas diferenças, atividades,

necessidades e rotinas e estas devem ser analisadas de acordo com a

especificidade de cada um.

Como já dito, cada criança deve ser analisada individualmente, para que

seu programa de tratamento também seja feito de maneira individual. Não é

porque as crianças têm o mesmo diagnóstico que apresentam as mesmas

dificuldades.

Outros métodos que podem ser trabalhados:

• ABA (Applied Behavior Analysis) ou seja, analise comportamental

aplicada que se embasa na aplicação dos princípios fundamentais

da teoria do aprendizado baseado no condicionamento operante e

reforçadores para incrementar comportamentos socialmente

35

significativos, reduzir comportamentos indesejáveis e desenvolver

habilidades.

• PECS (Picture Exchange Communication System) é um método

que se utiliza figuras e adesivos para facilitar a comunicação e

compreensão ao estabelecer uma associação entre a

atividade/símbolo .

• EQUOTERAPIA

É o nome adotado para todos os métodos terapêuticos que se utilizam do

cavalo para a sua execução.

Esse método,possui benefícios, tais como:

• Desenvolvimento da noção do espaço, equilíbrio, postura, tonificação da

musculatura e melhorias na voz e na pronúncia de palavras em função

da respiração correta;

• Estimulação da atenção seletiva e da concentração;

• Aumento da auto-estima, autonomia, da confiança, desenvolvimento de

sociabilidade e diminuição de agressividade.

O terapeuta atua apenas como mediador, o paciente juntamente com o seu

cavalo irá ter uma relação física e psicológica fundamental para o resultado

esperado.

36

O trabalho é realizado através de uma equipe multidiciplinar envolvendo

terapeuta, instrutor de equitação, médico,pedagogo, fisioterapeuta e

fonoaudiólogo; de acordo com a necessidade da criança.

TERAPIA DO ABRAÇO ( HOLDING TERAPY)

O seu maior objetivo é diminuir o isolamento social, aumentar a

comunicação entre as pessoas e desenvolver laços de união. Deve fazer parte

de um conjunto de terapias, embora pareça ser uma maneira eficiente de

desenvolver as potencialidades da maioria das crianças autistas e de eliminar

comportamentos indesejáveis.

Existem muitas variações de Terapia do Abraço. De um modo em geral

são elementos comuns:

• O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha e lute

para se libertar, até que se acalme e relaxe;

• O adulto deve manter o controlo da criança.

Uma sessão atípica apresenta os seguintes passos:

• Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas de seguida começa a

debater-se. Os pais continuam a abraçá-la;

• A criança debate-se e ocasionalmente começa a gritar. Os pais mantêm

o abraço;

• Os ciclos de luta e gritos podem prolongar-se por mais de uma hora;

Nas primeiras sessões, a criança opõe-se ao contacto fisico, chora, grita,

soluça, depois, progressivamente, relaxa e habitua-se ao corpo dos pais.

A partir de então a criança torna-se mais comunicativa. A insistência em

confrontar a criança é uma importante característica do holding. A

intervenção é realizada mantendo a criança em contacto estreito, fixando-

lhe o olhar, beijando-a e falando com ela.

37

CONCLUSÃO

O autismo caracteriza-se por uma tríade de anomalias comportamentais

Os sintomas e o grau de comprometimento variam amplamente, por isso é

comum referir-se ao autismo como um espectro de transtornos, denominados

genericamente de transtornos invasivos do desenvolvimento.

A partir da realização do presente trabalho vimos que a família é

fundamental na assistência e supervisão do seu desenvolvimento. E que todo

esse processo é marcado por incertezas, dificuldades, ansiedades, mas

também por avanços, alegrias e que devemos respeitar o tempo necessário de

cada aluno.

A relação do autista com a família é de maior importância, pois é a sua

referência. A partir daí que a escola poderá iniciar o seu trabalho em conjunto

com todos aqueles envolvidos no seu aprendizado.

Como foi dito anteriormente para que a inclusão aconteça, a escola

terá que estar disposta a adaptar seu currículo e seu ambiente físico às

necessidades de todos os alunos. O professor deverá identificar, compreender

e atender às necessidades do autista, onde será necessário conhecer as

origens do estudo, suas características, identificar que métodos será possível

utilizar para trabalhar com esses indivíduos.

38

Quanto mais individualizada, enriquecedora e diferenciada for a

educação, mais produtiva será, para a integração e a sua adaptação ao

ambiente social. Todos os profissionais que fazem parte do processo de

inclusão precisam acreditar nos benefícios e nas possibilidades para a sua

efetivação no que diz respeito a inclusão.

A inclusão é possível, basta acreditar!

.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994). Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, Acesso e Qualidade, Ed. UNESCO. NUNES, F. De P. Sobrinho. Inclusão Educacional: Pesquisas e interfaces. Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2003. ORRÚ, Silvia Ester. Autismo, comunicação e linguagem: Interação social no cotidiano escolar. 2º ed. Rio de Janeiro. Wak editora, 2009.

39

SCHWARTZMAN, José Salomão. Autismo Infantil. 1º ed. São Paulo, Mennon editora, 2003

http://www.ama.org.br/site/404.html

http://www.autismo-br.com.br

http://www.psicologiaeciencia.com.br

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

2 AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

AUTISMO

1.1 – Etiologia do autista 10

1.2 –O que é autismo 14

1.3 – Características do Transtorno Autista 17

CAPÍTULO II

A CONTRIBUIÇÃO DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR NO PROCESSO

DE INCLUSÃO.

2.1- O papel da família 20

40

2.2-A contribuição do professor no processo de inclusão. 24

CAPÍTULO III

A INCLUSÃO DO AUTISTA NAS SALAS REGULARES

3.1- Inclusão 28

3.2- Problemáticas na situações do cotidiano 30

3.3- Atividades adequadas e funcionais para alunos com autismo. 32

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 40