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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA E DA GESTÃO DE RISCOS EM UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA Por: Marcus Vinícius Gonzalez de Melo Orientador: Prof (a) Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2012 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · Esta monografia tem como objetivo identificar os riscos mais relevantes na atividade bancária e expor o conceito e a

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA E DA GESTÃO DE RISCOS EM UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA

Por: Marcus Vinícius Gonzalez de Melo

Orientador: Prof (a) Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA E DA GESTÃO DE RISCOS EM UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA

Apresentação de monografia ao Instituto A

Vez do Mestre – Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Auditoria e Controladoria.

Por: Marcus Vinícius Gonzalez de Melo

2

AGRADECIMENTOS

...A minha professora orientadora

e aos meus pais pela minha

formação educacional.

3

DEDICATÓRIA

À querida esposa e amiga Andréa

pelo incentivo e apoio de sempre

nos meus projetos de vida e aos

meus pais Ajauri e Lucia pela

minha formação educacional.

4

RESUMO

Esta monografia tem como objetivo identificar os riscos mais relevantes na atividade

bancária e expor o conceito e a importância do controle interno, dos seus sistemas de

informações financeiras, operacionais e gerenciais, além do cumprimento das normas

legais a elas aplicáveis.

5

METODOLOGIA

Esta monografia foi elaborada a partir de um levantamento bibliográfico, por meio de

artigos, publicações na internet, livros, normativos, dentre outros, cuja finalidade é expor

os conceitos, processos e objetivos da auditoria interna e da gestão de riscos em um

ambiente bancário.

A partir desta análise, foram selecionados os pontos básicos para compreensão do tema,

constituindo um entendimento lógico que possibilitasse o alcance do objetivo geral.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................07

CAPÍTULO I A Evolução Histórica da Auditoria ..............................................................................................09

1.1- O surgimento da auditoria...............................................................................................09 1.2- Evolução da Auditoria no Brasil.....................................................................................10 1.3- Legislação aplicável à Auditoria.....................................................................................11

CAPÍTULO II Auditoria Interna: o conceito, a importância e o alcance e o posicionamento hierárquico .........13

2.1- O Conceito de Auditoria Interna ................................................................................13 2.2 A importância e o alcance da auditoria interna ....................................................14 2.3- O Posicionamento hierárquico da auditoria interna ....................................................18

CAPÍTULO III Definições e importância dos controles internos no ambiente bancário ........................21

3.1- Os componentes do controle interno em uma instituição bancária ........................26 3.1.1 Alçadas e limites ..............................................................................................26

3.1.2 Segregação de tarefas ..............................................................................................26 3.1.3 Acesso físico ..............................................................................................27 3.1.4 Acesso lógico ..............................................................................................27 3.1.5 Autorizações ..............................................................................................27 3.1.6 Conciliação ..............................................................................................28 3.1.7 Delimitação de responsabilidades ....................................................28 3.1.8 Disponibilização e padronização de informações ....................................................28 3.1.9 Execução de plano de contingência ....................................................28 3.1.10 Manutenção de registros ..............................................................................................28 3.1.11 Monitoração ..............................................................................................29 3.1.12 Normatização interna ..............................................................................................29 3.1.13 Validação ..............................................................................................29

CAPÍTULO IV O método COSO (Committee of Sponsoring Organization of the Treadway Commission )........31

4.1 Ambiente de controle ................................................................................32 4.2 Avaliação de riscos ................................................................................32 4.3 Atividades de controle ................................................................................32 4.4 Informação e comunicação ................................................................................33 4.5 Monitoramento ................................................................................34

CAPÍTULO V Ambiente regulatório ................................................................................35

5.1 O Acordo de Basiléia I ................................................................................35 5.2 O Acordo de Basiléia II ................................................................................36

CAPÍTULO VI Gestão de risco em uma instituição bancária ................................................................................37

6.1 Os tipos de riscos ................................................................................37 6.2 Identificação e avaliação de riscos ................................................................................39 6.3 Os riscos e a organização ................................................................................40

CONCLUSÃO ................................................................................41

7

BIBLIOGRAFIA ................................................................................42

8

INTRODUÇÃO

O cenário atual do ambiente das organizações vem demandando, cada vez mais, a adoção

de medidas e técnicas de acompanhamento e controle que visam minimizar falhas e evitar problemas

que coloquem em risco a imagem da entidade, diante dos acionistas, dos clientes e do mercado em

geral. Essa nova postura corporativa tem proporcionado a materialização e a aplicação de diversos

mecanismos, objetivando não apenas detectar e mensurar possíveis problemas, assim como o

oferecimento de alternativas de soluções. Entre esses mecanismos, destacam-se as políticas de gestão

de riscos relacionadas à auditoria interna. Enquanto a auditoria externa tem por finalidade emitir

pareceres sobre as demonstrações financeiras, a auditoria interna tem como função principal avaliar o

processo de gestão, no que se refere aos seus diversos aspectos, tais como a governança corporativa,

gestão de riscos e procedimentos de aderência às normas regulatórias, apontando eventuais desvios e

vulnerabilidade as quais a organização esta sujeita.

Diante desse cenário, e ainda, as novas exigências regulatorias que seguem a tendência

mundial de fortalecimento (cada vez mais evidenciado nas estruturas de controle) tem aumentado

consideravelmente por parte das organizações a criação ou o aperfeiçoamento do controle de riscos,

levando, por conseqüência, o aumento do grau de importância das atividades desempenhadas pela

auditoria interna. Nesse sentido, a importância da auditoria interna no processo de gestão tem

aumentado a exigência por um alto grau de especialização do quadro de auditores, o que pressupõe

uma equipe com visão multidisciplinar, atuando de forma coordenada e tendo como finalidade básica

o assessoramento da administração por meio do exame e avaliação, entre outros, os seguintes aspectos:

a) adequação e eficácia dos controles; b) integridade e confiabilidade das informações e registros; c)

integridade e confiabilidade dos sistemas estabelecidos para assegurar a observância das políticas,

metas, planos, procedimentos, leis, normas e regulamentos, assim como da sua efetiva utilização; d)

eficiência, eficácia e economicidade do desempenho e utilização dos recursos, dos procedimentos e

métodos de salvaguardas dos ativos e a comprovação de sua existência, assim como a exatidão dos

ativos e passivos; e) compatibilidade das operações e programas com os objetivos, planos e meios de

9

execução estabelecidos; f) mensuração dos problemas e riscos, assim como o oferecimento de

alternativas de solução. Portanto, a estruturação de uma equipe multidisciplinar e devidamente

capacitada e condição sine qua non para a eficiência e eficácia dos trabalhos, uma vez que as

avaliações dependem da correta decodificação de percepções sobre diferentes assuntos, no que se

refere às pessoas, a logística, aos controles, ao processo de gestão administrativa, entre outros.

10

Capítulo 1- A Evolução Histórica da Auditoria.

1.1- O surgimento da auditoria

Segundo Attie (2011; p.7) “o surgimento da auditoria está ancorado na necessidade de

confirmação por parte dos investidores e proprietários quanto à realidade econômico-financeira

espelhada no patrimônio das empresas investidas e, principalmente, em virtude do aparecimento de

grandes empresas multigeograficamente distribuídas e simultâneo ao desenvolvimento econômico que

propiciou participação acionária na formação do capital de muitas empresas”.

“A contabilidade foi a primeira disciplina desenvolvida para auxiliar e informar o

administrador, sendo ela a formadora de uma especialização denominada auditoria, destinada a ser

usada como uma ferramenta de confirmação da própria contabilidade. Em essência, a causa da

evolução da auditoria, que é decorrente da evolução da contabilidade, foi a do desenvolvimento

econômico dos países, síntese do crescimento das empresas e da expansão das atividades produtoras,

gerando crescente complexidade na administração dos negócios e de práticas financeiras como uma

força motriz para o desenvolvimento da economia de mercado”.

Conforme Attie, não se tem conhecimento da data de início da atividade de auditoria. Todavia, sabe-se somente que:

Ø Em 1314 foi criado o cargo de auditor do tesouro da Inglaterra; Ø Em 1559 houve a sistematização e estabelecimento da auditoria dos pagamentos a servidores

públicos pela rainha Elizabeth I; Ø Em 1880 criação da Associação dos Contadores Públicos Certificados (Institute of Chartered

Accountants in England and Wales), na Inglaterra; Ø Em 1886 criação da Associação dos Contadores Públicos Certificados (AICPA), nos Estados

Unidos; Ø Em 1894 criação do instituto Holandês de Contadores Públicos; Ø Em 1934 criação do SEC (Security and Exchange Commission), nos Estados Unidos.

“Foi a partir da criação do SEC, em 1934, nos Estados Unidos, que a profissão de auditor assume

importância e cria um novo estímulo, uma vez que as empresas que transacionavam ações na Bolsa de

Valores foram obrigadas a utilizar os serviços de auditoria para dar maior credibilidade a suas

demonstrações contábeis”.

11

1.2- Evolução da Auditoria no Brasil

A evolução da auditoria no Brasil relaciona-se com a instalação de empresas internacionais

de auditoria independente, dado que os seus respectivos investimentos foram neste País implantados e

compulsoriamente tiveram as suas demonstrações contábeis auditadas. Neste sentido, as principais

características que possibilitaram o desenvolvimento da auditoria no Brasil foram: a) filiais e

subsidiárias de empresas estrangeiras; b) financiamento de empresas brasileiras por entidades

internacionais; c) crescimento das empresas brasileiras juntamente com a descentralização e

diversificação de suas atividades econômicas; d) evolução do mercado de capitais; e) criação das

normas de auditoria promulgadas pelo Banco Central do Brasil em 1972; e f) criação da Comissão de

Valores Mobiliários e da Lei das Sociedades por ações, em 1976.

É importante destacar que a Lei das Sociedades por Ações (Lei n. 6404, de 1976)

determinou que as companhias abertas, além de observarem as normas editadas pela Comissão de

Valores Mobiliários, serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na

mesma comissão. Segundo esta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários

de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação em bolsa ou no mercado de balcão. Por outro

lado, a definição de companhia aberta é mais ampla que o conceito fiscal de sociedade de capital

aberto, pois toda companhia que faz apelo à poupança pública, cria, ao ingressar no mercado de

capitais, relações que inexistem na companhia fechada e que exigem disciplina própria para proteção

da economia popular e no interesse do funcionamento regular e do desenvolvimento do mercado de

valores mobiliários.

A Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976 criou a Comissão de Valores Mobiliários e

estabeleceu a disciplina e fiscalização para as atividades de auditoria das companhias abertas,

conferindo à Comissão o exame (a seu critério) dos registros contábeis, livros ou documentos dos

auditores independentes. Segundo esta Lei somente as empresas de auditoria contábil ou os auditores

contábeis independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários poderão auditar as

demonstrações contábeis de companhias abertas e de instituições, sociedades ou empresas integrantes

do sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários. Ademais, estabeleceu que as

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companhias de auditoria contábil ou auditores contábeis independentes responderão, civilmente, pelos

prejuízos que causarem a terceiros em virtude de culpa ou dolo no exercício de suas atribuições.

1.3- Legislação aplicável à Auditoria

A legislação aplicável às Sociedades por Ações conferida pela Lei n. 6.404, de 15 de

dezembro de 1976, foi atualizada pela Lei número 11.638, que foi sancionada em 28 de dezembro de

2007. Contudo, algumas mudanças foram realizadas permitindo a modernização das normas brasileiras

àquelas internacionais denominadas como Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS).

O Conselho Federal de Contabilidade criou, por meio da Resolução 1055/05, o Comitê de

Pronunciamentos Contábeis, que em sua origem no trabalho combinativo e democrático envolveu,

além do Conselho Federal de Contabilidade, outros organismos constituídos e divulgadores de

opinião, como o IBRACON, a Bolsa de Valores dentre outras, cujo conteúdo é prover a normatização

aplicável aos eventos contábeis e financeiros de forma a constituir um conjunto adequado e uniforme

às diversas instituições organizadas. A partir da Deliberação 520, de 15 de maio de 2007, a Comissão

de Valores Mobiliários (CVM) passou a emitir os pronunciamentos em conjunto com o Cômite de

Pronunciamentos Contábeis (CPC).

Em 2001, no exterior, a Comissão Européia determinou a adoção das Normas

Internacionais de Contabilidade (IAS) que tinham sido emitidas pelo Internacional Accounting

Standards Comittee (IASC) como sendo fundamentais para o preparo das demonstrações contábeis

então aplicáveis para as empresas de capital aberto da Comunidade Europeia. A partir deste evento, o

International Accounting Standards Board (IASB), o qual se tornou o organismo responsável, ao

estilo do nosso Comitê de Pronunciamentos Contábeis, pela emissão de normas contábeis para as

empresas de capital aberto da Comunidade Européia.

Já em 2005, as empresas da Comunidade Europeia adotaram as Normas Internacionais de

Relatórios Financeiros (IFRS), e imediatamente grande parte das empresas que transacionavam em

bolsas de valores europeias passam a adotar as referidas normas. Entretanto, a consequência dessas

determinações no Brasil foi rapidamente refletido pela publicação da Comissão de Valores Mobiliários

13

(CVM), da Deliberação 594 (revoga a 489/05) de 15 de setembro de 2009 aplicável às provisões,

passivos e ativos contingentes, dentre outras.

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Capítulo 2- Auditoria Interna: o conceito, a importância e o alcance e o posicionamento hierárquico.

2.1- O Conceito de Auditoria Interna

A Auditoria Interna tem por finalidade desenvolver um plano de ação que auxilie a

organização a alcançar seus objetivos adotando uma abordagem sistêmica e disciplinada para a

avaliação e melhora da eficácia dos processos de gerenciamento de riscos com o objetivo de adicionar

valor e melhorar as operações e resultados de uma organização. Para o BACEN (2008, p.5), a

auditoria interna é definida como uma atividade de assessoramento à Administração, voltada para a

avaliação e a adequação dos sistemas de controle interno, em relação às atribuições e aos planos,

metas, objetivos e políticas definidos para o Banco Central.

O The Institute of Internal Auditors – IIA, instituto com representatividade global de

auditores internos, sediado nos Estados Unidos da América define que: “Auditoria interna é uma

atividade independente e objetiva que presta serviços de avaliação (assurance) e consultoria e tem

como objetivo adicionar valor e melhorar as operações de uma organização. Desse modo, ela auxilia a

organização a alcançar seus objetivos através de uma abordagem sistemática e disciplinada para a

avaliação e melhoria da eficácia dos processos de gestão de riscos, de controle e governança

corporativa. (AUDIBRA, 2006, p.25).

Por outro lado, a definição do CFC para a auditoria interna na área contábil está descrita na

NBC T12 transcrita a seguir: “A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações,

levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade,

adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de

controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à

administração da entidade no cumprimento de seus objetivos”.

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2.2. A importância e o alcance da Auditoria Interna.

O objetivo geral da Auditoria Interna é avaliar e prestar auxílio à alta Administração e

desenvolver adequadamente suas atribuições, proporcionando-lhes análises, recomendações e

comentários objetivos, acerca das atividades examinadas. O auditor interno deve, portanto, preocupar-

se com qualquer fase das atividades da empresa na qual possa ser de utilidade à Administração. Para

conseguir o cumprimento deste objetivo geral de serviços à administração, há necessidades de

desempenhar atividades tais como: a) revisar e avaliar a eficácia, suficiência e aplicação dos controles

contábeis, financeiros e operacionais; b) definir a extensão do cumprimento das normas, dos planos e

procedimentos vigentes; c) determinar a extensão dos controles sobre a existência dos ativos da

empresa e da sua proteção contra todo tipo de perda; d) determinar o grau de confiança das

informações e dados contábeis e de outra natureza, preparados dentro da empresa; e) avaliar a

qualidade alcançada na execução de tarefas determinadas para o cumprimento das respectivas

responsabilidades, e f) avaliar os riscos estratégicos e de negócio da organização.

Almeida (2007) argumenta que com a expansão dos negócios houve a necessidade de dar

maior ênfase às normas ou aos procedimentos internos, devido ao fato de que o administrador, ou em

alguns casos o sócio da empresa não poderia supervisionar pessoalmente todas as suas atividades. O

autor ainda destaca que o auditor externo ou independente passava um período de tempo muito curto

nas empresas e canalizava o seu trabalho para a análise das demonstrações contábeis. Por outro lado,

para atender a Administração da empresa seria necessária uma auditoria periódica que atendesse com

maior profundidade as outras áreas não relacionadas com a contabilidade, tais como: o sistema de

controle de qualidade, administração de pessoal, dentre outras. Logo, aparece a figura do auditor

interno, cuja atividade fim é verificar se os procedimentos internos estão sendo cumpridos relatando-

os à Administração, em oposição ao auditor externo que possui a missão de emitir uma opinião sobre

as demonstrações contábeis ao público externo.

É importante destacar que a independência é condição essencial para se obter resultados

positivos nos trabalhos desenvolvidos pela Auditoria Interna e que possui dois aspectos principais: a)

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A categoria de Auditor Interno dentro da Organização e o apoio que lhe delega a administração são

fatores determinantes do valor e da amplitude dos serviços que a mesma obterá da função de Auditoria

Interna. Por conseguinte, o Gerente da área de Auditoria Interna deverá atuar sob as ordens de um

administrador de grau suficiente dentro da empresa que lhe assegure um amplo campo de ação e

atenção adequada aos resultados de suas investigações e recomendações, e a efetivação das medidas

sugeridas pelo Auditor; b) já que a mais completa objetividade é essencial à função de Auditoria, os

Auditores Internos não devem planejar nem implantar procedimentos, escriturar registros, ou ter

participação em atividades que, normalmente, devem revisar e avaliar.

As empresas impulsionadas em divulgar sua imagem e seus produtos necessitam de algo

mais concreto na questão confiança no mercado, para que isto ocorra não basta que os próprios

executores de suas tarefas sejam os responsáveis por resposta de grande proporção. Neste sentido,

cria-se então a Auditoria Interna como um departamento de análise, avaliação e credibilidade nas

informações a serem divulgadas. Por outro lado, há um conjunto de fatores que sustentam a

necessidade da criação de um departamento de Auditoria Interna, tais como: 1) Ambiente

Empresarial Contemporâneo em Mudanças: A constante mudança no cenário empresarial exigiu

que as empresas buscassem auxílios para o gerenciamento; 2) Grau de Organização: Uma das

funções mais importantes da Auditoria Interna é exatamente avaliar, criar, adaptar e ajustar os

controles internos à realidade da empresa. E esta função contribui para o sucesso da empresa, no

tocante a este grau de organização; 3) Dispersão Geográfica da Empresa: Fato que justifica a criação

de um departamento de Auditoria Interna com intuito de acompanhamento contínuo das atividades,

fazendo valer o cumprimento das normas e procedimentos determinados pela matriz; 4) Aumento da

complexidade organizacional: A implantação do departamento de Auditoria Interna vem a viabilizar

uma análise promovendo melhorias nos circuitos e procedimentos vigentes, promovendo um

acompanhamento nas rotinas indicando melhorias nos processos já existentes e se necessários a

reformulação; 5) Globalização: a dimensão do negócio causou impacto relevante na estrutura

organizacional. Como acompanhar os processos de transmissão de informações que são gerados a cada

segundo, e manter esta estrutura sólida capaz de atender seus clientes sem falhas nos processos. Nesta

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evolução forma-se uma equipe de auditores que prestam assessoria aos administradores auxiliando-os

na gestão dos negócios; 6) Avanço tecnológico: Junto com este avanço os procedimentos e os

sistemas sofrem alterações, sendo necessário um acompanhamento dos auditores à adequação de

novos processos e a validação destes; 7) Competitividade: A contribuição dos auditores em relação à

competitividade no mercado trouxe às empresas um apoio indispensável com avaliação nos controles

internos e redução nos custos incorridos nos produtos fabricados; 8) Economicidade: cabe a Auditoria

Interna fornecer subsídios para os administradores que sirvam de orientação para a tomada de decisão

e avaliação de riscos em investimentos.

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CUSTOS TÍPICOS BENEFÍCIOS TÍPICOS

A implantação do controle requer, previamente, a análise do tempo que seria despendido de outra maneira em responsabilidades operacionais.

A contabilidade aperfeiçoada salvaguarda mais eficazmente o patrimônio.

Os sistemas de controle exigem, freqüentemente, documentação que tem um custo associado.

O controle melhorado dos recursos usados na produção.

O processo de autorização, num sistema de controle, envolve várias hierarquias de gestão, exigindo um tempo substancial da gestão de nível superior.

A concordância com as políticas e procedimentos ocorre, com mais probabilidade, com verificações e comparações consolidadas.

Por vezes, os sistemas de controle estão em conflito direto com os objetivos operacionais. Por exemplo, as encomendas por telefone podem ser mais eficientes, mas os requisitos do sistema de controle podem exigir que as encomendas sejam colocadas por escrito quando a importância exceda o limite estabelecido.

A não preocupação com a eficiência através de medidas de eficácia.

Quadro 1 –Resumo dos Benefícios de uma Implantação da Auditoria Interna.

Com a expansão das atividades e dos processos, sentiu-se a necessidade de dar maior

ênfase às normas ou aos procedimentos internos, diante do fato de que, de acordo com o crescimento

das organizações, o administrador, ou proprietário da empresa, não poderia supervisionar

pessoalmente todas as etapas das diversas atividades de seu negócio. Desta forma, para atender a

necessidade da administração das empresas seria necessário um auditor mais permanente, que pudesse

executar sua atividade com maior grau de profundidade, conhecendo melhor as diversas atividades da

empresa que estão relacionadas com a contabilidade (controles internos, administração de estoques,

administração de pessoal e administração dos processos, entre outros).

Attie entende que a importância que a auditoria interna tem em suas atividades de trabalho

serve para a administração como meio de identificação de que todos os procedimentos internos e

políticas definidas pela companhia, os sistemas contábeis e de controles internos estão sendo

efetivamente seguidos, e todas as transações realizadas estão refletidas contabilmente em concordância

com os critérios previamente definidos. Nesse sentido, surgiu a auditoria interna, como uma

ramificação da auditoria externa ou independente. O auditor interno é um funcionário da empresa, e

dentro da organização ele não deve estar subordinado àqueles cujo trabalho examina. O auditor interno

19

também não deve desenvolver atividades que possa vir um dia a examinar, para que não interfira em

sua independência.

Portanto, os resultados do trabalho da Auditoria Interna, além de se constituírem em algo

precioso para a satisfação dos Gestores do alto comando, fornecem recomendações corretivas e

preventivas à exposição da organização face aos riscos empresariais que podem ser de natureza;

sistêmica, operacional, financeira, tecnologia da informação, recursos humanos, mercadológicos e de

fatores externos que podem impactar os resultados e estratégias globais da empresa. Assim,

adicionalmente, o trabalho eficaz da auditoria interna libera os Gestores para a condução e o

gerenciamento dos negócios, permitindo-lhes exercer com segurança o processo decisório sobre as

importantes transações Empresariais.

2.3- O Posicionamento hierárquico da auditoria interna.

Em relação à organização do departamento, um ponto de maior relevância é a autonomia e

independência com que conta o departamento de Auditoria Interna da empresa. Nesse sentido, o nível

ao qual o departamento se reporta pode desde logo indicar o grau de independência e autonomia dos

auditores internos.

De acordo com Mello (2005), a auditoria interna é: “Uma atividade de avaliação independente e de assessoramento da administração, voltada para o exame e avaliação da adequação, eficiência e eficácia dos sistemas de controle, bem como da qualidade do desempenho das áreas em relação às atribuições e aos planos, metas, objetivos e políticas definidos pelas mesmas. A ação da auditoria interna estende-se por todos os serviços, programas, operações e controles existentes na entidade. O posicionamento da Auditoria Interna na organização deve ser suficientemente elevado para permitir-lhe o desempenho de suas responsabilidades com abrangência e independência. Em tese, o departamento de auditoria deve sempre estar vinculado ao nível mais alto da organização”.

Para que esta autonomia e independência possam ser consideradas adequadas, torna-se

necessário que a auditoria interna se reporte ao conselho da Direção ou a Diretoria Máxima da

empresa, de modo a poder realmente escapar das ingerências e pressões, bem como manter a liberdade

de agir sobre todas as áreas da organização, sem restrições. Por outro lado, uma subordinação a grau

menor pode criar situações, impossibilitando a execução de seus trabalhos de forma independente.

Entretanto, seria necessário lembrar que o mero posicionamento hierárquico, diretamente sob a direção

20

maior da empresa, não é em si, apenas, uma adequada resposta à existência de independência e

autonomia através do suporte da direção.

A extensão em que esse suporte de fato existe somente pode ser apurada da discussão

franca com a direção de modo a verificar em que grau a direção considera sua auditoria interna

realmente autorizada a examinar vertical e horizontalmente a ações empresariais.

A Auditoria Interna, colocada dessa forma, em nível recomendável para efeito do bom

controle Interno, ficaria situada da seguinte forma em uma estrutura organizacional:

No entanto, o organograma apresentado não é a única forma em que um departamento de

auditoria interna pode se apresentar na estrutura. Poderia ainda haver uma ramificação do

departamento de auditoria interna em cada diretoria, em função do tamanho e da dimensão de cada

departamento. Também devemos considerar empresas e sociedades que formam uma holding. Nesse

caso, apenas a administração da empresa investidora ou controladora possui departamento de auditoria

interna nas sociedades controladas e coligadas.

Tanto a auditoria externa quanto a interna utilizam os mesmos procedimentos de auditoria,

quando cabíveis, baseados no ponto de controle interno identificado e de acordo com o grau de

extensão das atividades aplicadas. A auditoria externa muitas vezes utiliza os trabalhos da auditoria

interna para emitir sua conclusão sobre a opinião, de acordo com os trabalhos desenvolvidos.

Resumidamente, veja as principais diferenças entre auditoria externa e interna no quadro a seguir.

21

Quadro 2

Apesar de a auditoria externa e a auditoria interna aplicarem procedimentos semelhantes em

suas atividades, elas são diferentes e se identificam de acordo com a extensão de seus trabalhos e pela

independência da auditoria quando externa para formar opinião sem interferência da empresa.

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Capítulo 3- Definições e importância dos controles internos no ambiente bancário

Um controle interno pode ser definido como um instrumento de medida, de avaliação ou de

regulamentação dos desempenhos operacionais adotados pelas instituições financeiras em todas as

suas áreas de atuação, com especial atenção àquelas funções que possam expor a instituição a maiores

riscos e, em conseqüência, gerar maiores perdas1.

Martin (2006) ao definir o conceito de Controle Interno, expõe alguns pontos chaves que

devem ser considerados. Primeiramente, o Controle Interno deve ser entendido como um processo,

pois é constituído de diversas atividades que são executadas repetitivamente. Esse processo existe

como um meio para atingir um fim, que são os objetivos da organização. Logo, o Controle Interno não

é e também não pode ser um fim em si mesmo. Em segundo lugar, o Controle Interno é uma atribuição

de todas as pessoas, de todos os níveis da organização, visto que no dia-a-dia de suas atividades, todos

colaboradores têm alguma tarefa / atividade de controle. Neste caso, Martin (2006) versa que o

controle interno é um dos processos básicos de gestão e é realizado para que todos os demais

processos, atividades, operações e transações permaneçam sempre focados nos objetivos, evitando que

haja desvios em relação a esse foco, os quais, quando detectados, devem ser prontamente corrigidos.

Para Martin, o Controle Interno também pode ser considerado conforme a sua finalidade,

podendo ser preventivo ou de resultado (também chamado de detectores). Os controles preventivos

atuam antes da ocorrência do fato, sendo proativos e visando prevenir ou impedir a ocorrência de

eventos de risco, como exemplo: a criação de normativos internos e a análise de crédito de um cliente

antes da concessão de um empréstimo.

Os controles detectores, por outro lado, atuam após a ocorrência do fato, analisando os

eventos que levaram a perdas ou prejuízos. Neste caso, o objetivo não é evitar as perdas, mas

simplesmente analisá-las em termos do motivo que levou à sua ocorrência, as responsabilidades

envolvidas e etc. Tais controles colocam a descoberto falhas no sistema de controles preventivos, os

quais, se existiam, deveriam ter funcionado para prevenir tais perdas. Como exemplo, podemos citar

as reconciliações contábeis e a criação de avaliações de desempenho.

1 Artigo Técnico: Resenha BM&F – nº 143

23

O Comitê de Procedimento de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos

Certificados, AICPA, Estados Unidos afirma:

“O controle interno compreende o plano de organização e o conjunto coordenado dos métodos e medidas, adotados pela empresa, para proteger seu patrimônio, verificar a exatidão e a fidedignidade de seus dados contábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a adesão à política traçada pela administração”.

Segundo Almeida (2009) os controles internos representam em uma organização o

conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas, cujos objetivos são proteger os ativos, produzir dados

contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa.

De acordo com a Instrução Normativa n.º. 16, de 20.12.91, têm-se como princípios de

controles Internos:

a) relação custo / benefício;

b) qualificação adequada, treinamento e rodízio de funcionários;

c) delegação de poderes e determinação de responsabilidades;

d) segregação de funções;

e) instruções devidamente formalizadas;

f) controles sobre as transações;

g) aderência às diretrizes e normas legais.

Segundo a NBC T 11, item 11.4.3.12: O conhecimento do sistema contábil e de controles

internos é fundamental para o Planejamento da Auditoria e necessário para determinar a natureza, a

extensão e a oportunidade dos procedimentos de auditoria, devendo o auditor:

a) ter conhecimento do sistema de contabilidade adotado pela entidade e de sua integração com os

sistemas de controles internos;

b) avaliar o grau de confiabilidade das informações geradas pelo sistema contábil, sua tempestividade

e sua utilização pela administração; e

c) avaliar o grau de confiabilidade dos controles internos adotados pela entidade, mediante a aplicação

de provas de procedimentos de controle, dentro da abrangência definida na NBC T 11.9.

Um sistema de controles internos é um processo que deve ser coordenado pela alta

administração e operado continuamente por todos os níveis hierárquicos. A alta hierarquia e a diretoria

24

para gestão de riscos corporativos são as principais responsáveis pela manutenção de uma cultura de

gestão de riscos adequada, que facilite o entendimento do papel de cada funcionário no processo,

contando com os seguintes objetivos:

– eficiência e eficácia das operações;

– conformidade com leis aplicáveis e regulamentações;

– segurança e integridade dos ativos e dos sistemas de informação

Com o propósito de que haja eficiente acompanhamento dos controles no tocante à

adequação e à aderência, fundamentado na experiência das pessoas que vivenciam os riscos e a

dinâmica de cada área, é interessante adotar um processo de auto-avaliação, a ser aplicado

periodicamente na instituição financeira. Nesse processo, os gestores das áreas são solicitados a

identificar riscos em suas atividades e avaliar se os controles internos praticados estão devidamente

adequados, formalizados e postos em prática, para manter seus riscos potenciais dentro de níveis

“aceitáveis”. Para facilitar a realização, uniformizando a linguagem na instituição, é conveniente

utilizar uma lista que contenha definições e exemplos dos controles internos. O conjunto dessas

informações levará a uma visão consolidada do nível de adequação da relação entre riscos e controles

internos2.

O sistema de controles internos tem papel-chave na gestão dos riscos operacionais, pois

ajuda as instituições a conhecer melhor seus pontos vulneráveis, contribuindo na prevenção e na

detecção de eventos indesejáveis, que possam levar a perdas operacionais inesperadas3.

Desta forma, o Controle Interno existe como meio para alcançar um fim específico, ou seja,

a existência de um sistema de controle só se torna possível a partir do momento em que há objetivos a

serem alcançados.

Uma vez estabelecido os objetivos específicos, o Sistema de Controle deverá ser

implantado, considerando a funções básicas do Controle Interno que, na visão de Rezende & Favero

(2004), são:

2 Artigo Técnico: Resenha BM&F – nº 143 3 Artigo Técnico: Resenha BM&F – nº 143

25

a) a salvaguarda dos interesses da empresa, protegendo os ativos tangíveis e intangíveis de prejuízos

decorrentes de fraudes ou erros involuntários;

b) precisão e a confiabilidade dos informes e relatórios contábeis, financeiros e operacionais, de forma

a assegurar a validade e integridade dos dados utilizados pela gerência na tomada de decisões;

c) o estímulo à eficiência operacional dentro das normas estabelecidas, abrangendo aspectos

relacionados às práticas de treinamento, controle de qualidade, planejamento de produção, política de

vendas, auditoria interna e etc.;

d) aderência às políticas existentes, garantindo o cumprimento não só das leis, normas e regulamentos

externos emanados das autoridades bancárias, mas também das diretrizes, normas e regulamentos

internos.

Como é possível observar, o Controle Interno pode ser considerado sob os aspectos

contábeis e administrativos. Em relação aos aspectos contábeis, os controles internos estão

direcionados ao desenvolvimento de procedimentos que dêem proteção aos ativos e à geração de

informações fidedignas pela contabilidade. Em relação aos aspectos administrativos, os controles

internos promovem a vigilância gerencial, bem como o respeito e obediência às políticas

administrativas (Rezende & Favero, 2004).

Para Oliveira e Linhares (2006, p.3) um dos aspectos importantes no uso dos controles

internos pelas organizações é o de prover os acionistas com razoável segurança de que a condução dos

negócios está adequadamente controlada.

É patente a importância do controle interno a partir do momento em que se torna

impossível conceber uma empresa que não disponha de controles que possam garantir a continuidade

do fluxo de operações e informações proposto. Neste sentido, é de vital importância a confiabilidade

dos resultados gerados por esse fluxo que transforma simples dados em informações a partir das quais

os empresários, utilizando-se de sua experiência administrativa, tomam decisões com vistas no

objetivo comum da empresa.

É de suma importância enfatizar a relação existente entre o controle interno e a auditoria

interna, haja vista que o controle interno possui a função preventiva da organização, com os objetivos

26

elaborados e executados pela alta administração. Ao passo que a auditoria faz parte deste sistema,

auxiliando no cumprimento e detectando fragilidades nos processos.

De uma maneira cada vez mais crescente é evidenciada a importância aos métodos

científicos de administração, ainda que desconhecida uma acepção clara de controle interno, aliás, às

vezes imagina-se ser o controle interno sinônimo de auditoria interna. Na verdade, isto é um equívoco,

uma vez que a auditoria interna equivale a um trabalho organizado de revisão e apreciação dos

controles internos, normalmente executado por um departamento especializado, ao passo que o

controle interno se refere a procedimentos de organização adotados como planos permanentes da

empresa (Attie, p. 188).

Considerando as mudanças e as variáveis incontroláveis do ambiente em que a organização

está inserida, Martin (2006) aborda que “o Controle Interno deve proporcionar uma garantia razoável –

embora nunca absoluta – de que a organização terá sucesso no alcance de seus objetivos. Isto ocorre

porque além de qualquer organização estar sujeita a eventos imprevisíveis e consequentemente

incontroláveis, o conceito de garantia razoável reconhece que o custo da estrutura de controle

organizacional não pode exceder os benefícios esperados com a sua implantação”.

Um dos maiores problemas na implantação do Sistema de Controle Interno é justamente

encontrar o ponto de equilíbrio nessa relação de custo e benefício. Se por um lado o excesso de

controle pode encarecer e tornar mais lenta a realização de uma operação; por outro, um sistema de

controle pouco elaborado pode contribuir para falhas ou fraudes extremamente onerosas para a

organização. Desta forma, ao se estabelecer o Sistema de Controle Interno, é importante identificar o

ambiente em que a organização está inserida e os riscos a que a mesma está exposta.

27

3.1- Os componentes do controle interno em instituição bancária:

3.1.1 Alçadas e Limites

Envolvem a delimitação do âmbito de atuação ou influência de um gestor, via sistema

aplicativo ou de forma manual, quanto a sua condição de vir e aprovar valores ou assumir posições em

nome da instituição, conferida por hierarquia ou por comitês, como por exemplo: a) estabelecimento

de alçadas para que um operador de mercado assuma posições para cada horizonte de investimento; b)

definições de limites para liberação de transações e também sistema para emissão de documento de

ordem de crédito (DOC) e outros; c) limites de risco de mercado (value at risk, stress testing, etc.)

impostos à tesouraria; d) limites de risco de crédito (márgens de garantia para derivativos, scoring /

rating mínimo requerido, limites de cheque especial, etc.) estabelecidos na área comercial.4

3.1.2 Segregação de tarefas

É sabido que a segregação de tarefas baseia-se, normalmente, nos interesses antagônicos

dos indivíduos. Segundo Martin (2006), em um banco o ideal é segregar todas as funções de autorizar,

custodiar, registrar, contabilizar e executar.

O controle interno busca realizar uma análise detalhada da estrutura funcional da

instituição para verificar se há uma adequada segregação de funções. Por outro lado, nos casos em que

a segregação não for possível, a empresa deve considerar que estes são pontos relevantes de

concentração de riscos e, portanto, deve ser implantado algum mecanismo de revisão periódica

independente das operações desses pontos como objetivo de assegurar que todas as normas e

procedimentos do banco estejam sendo seguidos.

Para Martin (2006), no caso de bancos, nos quais nem sempre é possível uma perfeita

segregação de tarefas para todas as transações, é particularmente importante envolver terceiros no

processo de controle interno.

4 Artigo Técnico: Controles internos e gestão de riscos operacionais em instituições financeiras brasileiras: classificação, definições e exemplos; Resenha BM&F – Nº. 143; pág. 43.

28

3.1.3 Acesso físico

Consiste no controle da entrada / saída de funcionários, clientes e / ou equipamentos em

determinadas áreas de uma instituição. Exemplos: a) permissão de acesso via cartão magnético ou

prévia identificação a áreas do banco consideradas de especial sensibilidade (área de numerário,

tesouraria etc.); b) redefinição periódica do acesso físico de funcionários a unidades, em face de

movimentação interna para outras áreas; c) permissão para movimentação de computadores entre

diferentes áreas da instituição.

3.1.4 Acesso lógico

Busca o controle de acesso / alcance de funcionários e / ou clientes a arquivos eletrônicos e

sistemas computacionais, bem como a disponibilização de instruções e treinamento para esses sistemas

aos usuários autorizados. Exemplos: a) estabelecimento de senhas, de modo a impedir o acesso

generalizado de funcionários a sistemas computacionais; b) restrição do acesso de terceiros

(concorrentes, clientes etc.) a relatórios, sistemas e informações confidenciais.

3.1.5 Autorizações

Buscam permitir o encaminhamento de uma operação / transação após conferência,

evidenciada por log no sistema ou assinatura / visto em documentação de suporte. Exemplos: a)

liberação de documentos para cadastro de conta corrente; b) autorização para que um novo produto

seja vendido na rede de agências; c) assinaturas de gestores em autorizações para movimentação

interna de pessoas.

3.1.6 Conciliação

Consiste no confronto de informações de origens distintas, com o objetivo de detectar

inconsistências. Exemplos: a) conferência de informações de relatórios gerenciais, emitidos por

sistema aplicativo, com os registros de controle da unidade; b) conciliação de posicionamento ao final

de um dia por front office e back office; c) comparação dos preços de ativos / passivos nos diferentes

livros das posições proprietárias, de forma a melhor gerenciar riscos de mercado e crédito.

29

3.1.7- Delimitação de responsabilidades

Determina uma definição clara e formal das responsabilidades e da autoridade sobre os

procedimentos criados para certas atividades, focando a limitação de ação acerca dos mesmos, sem

envolver valores (cuja delimitação é tratada no controle interno de alçadas). Exemplos: a) pagamento

de cheques é ação exclusiva da função “caixa”, independentemente de eventual necessidade de alçada

(em função do valor) ou de autorização (evidenciada por intermédio de um visto); b) assinatura de

contratos ou cheques que necessitam de procuração ou delegação de diretores executivos.

3.1.8 Disponibilização e padronização de informações

Visam ao estabelecimento de sistemas de comunicação efetivos entre áreas, de maneira a

assegurar que as informações cheguem a seu destino, contemplando, inclusive, aspectos como

integridade, confiabilidade e disponibilidade. Exemplos: a) definição de política de acesso a

informações, visando preservar a confidencialidade necessária; b) confecção e divulgação interna, em

base regular, de relatórios com dados relativos a perdas de unidades de negócio; c) divulgação de atas

de comitês, fluxos de processos, definição de responsabilidades, status dos planos de ação definidos

pelos controles internos e relatórios de auditoria; d) descrição de fluxos operacionais, funções e

procedimentos.

3.1.9 Execução de plano de contingência

Busca formalizar e testar ações que permitam dar continuidade às operações de unidades

que não possam ser interrompidas, independentemente da adversidade da situação. Exemplos: a)

definição de procedimentos em casos de greve, queda de energia, falhas no sistema telefônico e outros;

b) procedimentos de contingência durante paradas programadas de sistemas computacionais

corporativos.

3.1.10 Manutenção de registros Consiste em fazer a manutenção atualizada, segura e organizada de registros. Exemplos: a)

guarda de dados de operações e / ou transações, permitindo formação de banco de dados com histórico

das áreas, projetos, documentação de suporte; b) organização do arquivo e back-up dos sistemas; c)

registro de sugestões / reclamações realizadas pelos clientes em agência, central de atendimento e

30

outros; d) arquivo de dados exigido por órgão regulamentador (microfilmes de cheques, comprovante

de despesas para fisco, relatórios de auditoria); e) evidência de atividades de controle, exercidas por

meio de vistos / assinaturas em documentos, log em sistemas etc.

3.1.11 Monitoração

É a observação de uma atividade ou processo, para avaliação de sua adequação e/ou

desempenho, em relação às metas, aos objetivos traçados e aos benchmarks, assim como

acompanhamento contínuo do mercado financeiro, de forma a antecipar mudanças que possam causar

impacto negativo para a instituição. Exemplos: a) monitoração do comportamento de usuários de

cartões de crédito (lugares inusitados, produtos diferentes etc.); b) monitoração e questionamento de

flutuações abruptas nos resultados de agências, produtos, carteiras próprias e de terceiros; c)

monitoração de valores realizados e orçados em unidades, com o objetivo de identificar dificuldades /

problemas; d) acompanhamento da concorrência, visando o lançamento de novos produtos.

3.1.12 Normatização interna

Compreende o estabelecimento formal de normas internas, para a execução das atividades

inerentes à unidade. Exemplos: a) definição de normas / regras para viabilizar a efetiva implantação

dos controles internos necessários ao gerenciamento de riscos identificados; b) definição de

procedimentos para contemplar análise de risco no desenvolvimento de novos produtos; c) existência

de normas certificadoras (como ISO 9000).

Martin (2006) afirma que “as normas são documentos escritos utilizados para estabelecer

políticas, fixar atribuições e delegações de poder, delimitar riscos, determinar procedimentos de

trabalho, conceder autorizações, exigir análises, revisões e reconciliações, etc. São instrumentos da

hierarquia da administração de um banco, que servem para indicar e ordenar claramente uma diretriz,

um comando aos que estão sujeitos a ela”.

3.1.13 Validação

Consiste em examinar minuciosamente procedimentos relacionados a uma atividade, com o

intuito de validar informações (internas e externas), obtidas por funcionários ou de clientes, na

documentação de operações financeiras ou em eventual modificação desses procedimentos. Exemplos:

31

a) conferência de documentação entregue por clientes nas áreas de crédito, auditoria interna, contratos

e outros; b) checagem de informações armazenadas em bancos de dados; c) conferência para liberação

de operações financeiras; d) validação de normas e procedimentos internos das áreas; e) validação de

novos produtos em comitês5.

5 Artigo Técnico: Controles internos e gestão de riscos operacionais em instituições financeiras brasileiras: classificação, definições e exemplos; Resenha BM&F – Nº. 143; pág. 44.

32

Capítulo 4- O método COSO

Em 1992, este Comitê das Organizações Patrocinadoras (Committee of Sponsoring

Organization of the Treadway Commission – COSO) desenvolveu um método para avaliação dos

controles internos que se tornou referência mundial para as organizações que se preocupam com a

eficiência de sua estrutura de controle.

Ademais, Reding et al (2007, p.5-8) menciona que o COSO tem como propósito assegurar

a consecução dos seguintes objetivos:

a) Eficácia e eficiência das operações;

b) Confiabilidade e integridade das informações financeiras e gerenciais;

c) Aderência às leis e regulamentos aplicáveis.

Para os integrantes do COSO [AICPA; AAA; FEI; IIA; IMA], o ponto de partida de sua

importância é a definição de controle interno, entendendo-o como um processo, desenvolvido para

garantir, com razoável certeza, que sejam atingidos os objetivos da empresa.

De acordo com Vieira (2007), o COSO define controles internos como um processo

realizado pelo conselho de administração, pela administração e pelos funcionários de uma entidade

que visa dar garantia razoável quanto ao cumprimento dos objetivos da organização, abrangendo as

categorias de eficácia e eficiência das operações; confiabilidade dos relatórios financeiros e

cumprimento das leis e regulamento aplicáveis.

De acordo com o estudo do COSO, publicado em 1992, o processo de controle interno

consiste de cinco componentes inter-relacionados. Tais componentes dependem da maneira como a

governança deseja que a organização bancária seja controlada e como os executivos principais devem

administrá-la. Neste sentido os componentes são os seguintes:

33

Figura 1. Cubo COSO. Representação esquemática das três dimensões dos componentes de uma estrutura de controle.

4.1 Ambiente de Controle.

É o Conselho de Administração, em seu trabalho de governança corporativa e como

representante dos acionistas, que estabelece as diretrizes em relação aos riscos, determinando como os

controles devem ser estabelecidos, limitados, implantados e cumpridos na organização. Nos bancos o

que os controles esperam é poder influenciar o comportamento das pessoas estabelecendo um

ambiente interno de qualidade, segurança e motivação para que elas se sintam incentivadas a aplicar

no seu trabalho todos os recursos de que dispõem (competências, valores éticos, integridade, espírito

de colaboração) para que em conjunto façam com que o banco atinja seus objetivos.

O ambiente de controle é efetivo quando a administração provê suporte às atividades de

controle e os funcionários sabem quais são suas responsabilidades, os limites de sua autoridade e têm a

consciência, competência e o comprometimento de fazerem o que é correto de maneira correta.

4.2 Avaliação de Riscos

O estabelecimento de um sistema de controles internos efetivo num banco requer que sejam

identificados e continuamente avaliados os riscos que são relevantes e que podem impedir ou afetar

negativamente o cumprimento dos objetivos da organização. Essa avaliação deve compreender todos

os riscos que cercam o banco, que são, por exemplo: os riscos de mercado, os riscos de liquidez, os

riscos de crédito, os riscos operacionais, etc.

4.3 Atividades de Controle

34

A atividades de controle devem ser consideradas como parte integrante das atividades

diárias dos bancos. Um sistema de controles internos efetivo deve se apoiar em uma estrutura

organizacional adequada, na qual as atividades de controle estão estabelecidas para cada processo de

operação / gestão do banco e para nível de hierarquia. O primeiro fundamento do controle interno é a

determinação pelo Conselho de Administração dos objetivos e metas, das políticas geais de controle e

a fixação dos limites de risco para o banco como um todo. O segundo fundamento, que é da

responsabilidade da Diretoria Executiva, é o desdobramento ou decomposição dos objetivos, metas e

limites de risco para cada unidade da organização e para cada gestor de recursos, os quais serão

aplicados no controle da administração da área específica de suas atividades.

A partir da estruturação de objetivos e responsabilidades efetuados pela Governança e

pelos executivos do banco, cabe aos órgãos de controle: a) verificar o cumprimento dos objetivos da

gestão e as respectivas atividades de controle para cada processo, divisão ou departamento, bem como

a aderência aos níveis de alçada para aplicação de recursos e ao sistema de aprovações ou autorizações

estabelecido; b) fazer o acompanhamento de “compliance” em relação às leis e regulamentos, internos

e externos, bem como procedimentos de verificação passo a passo dos casos de “noncompliance”; c)

realizar controles físicos (inventário) sobre os ativos de propriedade do banco, bem como a verificação

do seu estado de conservação e liquidez (no caso dos títulos e valores); d) verificações e reconciliações

em todo o sistema de pagamentos e / ou recebimentos, incluindo os recursos de terceiros

administrados pelo banco.

4.4 Informação e comunicação

A comunicação é o fluxo de informações dentro de uma organização e que este fluxo

ocorre em todas as direções, ou seja, dos níveis hierárquicos superiores aos níveis hierárquicos

inferiores e a comunicação horizontal, entre níveis hierárquicos equivalentes.

O processo de comunicação pode ser formal ou informal. O primeiro acontece por

intermédio dos sistemas internos de comunicação, que podem variar de complexos sistemas

computacionais a simples reuniões de equipes de trabalho e são importantes para obtenção das

informações necessárias ao acompanhamento dos objetivos operacionais, de conformidade e de

35

informação. Por outro lado, o segundo processo decorrente de encontros com os fornecedores, os

clientes, autoridades e empregados é a chave para a obtenção das informações necessárias à

identificação de riscos e oportunidades.

Um sistema efetivo de administração e de controle interno de um banco requer a coleta,

registro e a comunicação de um vasto conjunto de dados financeiros, operacionais e de compliance

além de dados obtidos externamente a respeito do mercado, da legislação e das condições econômicas.

Tais dados são absolutamente necessários para a tomada interna das decisões e também para proceder

ao controle de qualidade dessas decisões.

Por outro lado, o controle interno deve verificar, também, a qualidade da comunicação

interna do banco, uma vez que sem uma boa comunicação, se perde grande parte do valor da

informação. As comunicações devem ser sempre confiáveis, tempestivas, acessíveis e consistentes,

quer sejam internas entre as pessoas e os diferentes níveis da organização, quer sejam externas. Os

controles internos devem verificar especialmente a qualidade das comunicações externas para os

participantes mais relevantes do banco, os acionistas, os clientes e as autoridades bancárias.

4.5 Monitoramento

O monitoramento é a contínua verificação da validade e da eficiência de cada categoria do

controle interno e também de todo o processo, em relação aos objetivos da organização bancária.

Como as atividades de controle são diferentes em função de cada objetivo, de cada área e de cada nível

da organização em que são praticadas, o monitoramento deve partir de uma perfeita compreensão do

significado de cada objetivo e das atribuições de cada área em relação a tal objetivo.

36

Capítulo 5- O Ambiente regulatório

No ano de 1974, os responsáveis pela supervisão bancária dos paises do G10 criaram o

Comitê de Regulamentação Bancária e Práticas de Supervisão, sediado no Banco de Compensações

Internacionais (BIS), localizado em Basiléia, na Suíça.

Segundo Martin (2006); com o advento da globalização, tornou-se necessário um

entendimento geral sobre como deveria ser exercida a supervisão bancária em cada país; de forma a

fortalecer, estabilizar e proteger o sistema bancário internacional. Para isso, foi criado o Comitê de

Supervisão Bancária da Basiléia que é formado por representantes de bancos centrais e autoridades

reguladoras dos países do G-10 e de outros países convidados. Tal Comitê não tem autoridade para

exigir que suas recomendações e exigências se tornem obrigatórias em cada país. No entanto, mais de

100 países, incluindo o Brasil, já adotaram as normas do Acordo de Basiléia e as institucionalizaram

nacionalmente através de leis e regulamentos. Inicialmente, sua missão era a de definir um acordo

sobre como deveria ser medido o capital de uma instituição financeira e qual deveria ser o capital

mínimo que lhe deveria ser exigido de forma a evitar perdas inesperadas e até mesmo uma possível

falência.

5.1 O acordo de Basiléia I

Esse primeiro acordo, chamado de Basiléia I, foi publicado em 1988, tendo a sua vigência

iniciada em 1992. Sua grande contribuição foi a de reconhecer que os riscos bancários devem ser

continuamente fiscalizados pelos governos para evitar o risco sistêmico que eles geram.

Com o advento de Basiléia I ficou evidente a preocupação dos reguladores com dois riscos

aos quais as instituições financeiras estavam expostas: o risco de crédito e o risco de mercado.

Em anos recentes, as mudanças no ambiente financeiro mundial, como exemplo a

integração entre os mercados por meio do processo de globalização, o surgimento de novas transações

e produtos, o aumento da sofisticação tecnológica e as novas regulamentações tornaram as atividades e

os processos financeiros e seus riscos cada vez mais complexos. Em conseqüência, surgiu a

preocupação dos banqueiros e outros financistas com um terceiro risco: o risco operacional.

37

Entretanto, as críticas ao Primeiro Acordo da Basiléia levaram à sua evolução, gerando o

Adendo de 1996, quando não só os riscos de crédito, mas também os riscos de mercado passaram a ser

considerados na definição do capital mínimo. De acordo com Xavier (2003), igualmente importante

foi o fato do Comitê abrir a possibilidade das instituições financeiras utilizarem suas metodologias

internas para mensuração e gerenciamento dos riscos a que estão expostas, desde que com anuência e

revisão da autoridade supervisora.

5.2 o acordo de Basiléia II

Após um processo abrangente de consultas – foi promulgado em 2004, tendo como

objetivo fazer com que as mensurações de capital sejam mais qualificadas e tenham mais sensibilidade

ao risco real das exposições, além de detalhar e quantificar um número maior de categorias de risco.

De acordo com Ferreira & Santos (2003), a nova proposta foi estruturada em três pilares:

a) Requerimento mínimo de capital: O capital mínimo deve ser suficiente para cobrir os riscos de

mercado, crédito e operação. b) Supervisão da adequação de capital das instituições: Os bancos

supervisionados devem possuir um método para calcular as suas necessidades de capital em função

dos riscos de suas atividades e operar sempre acima do patamar mínimo exigido. c) Prática de efetiva

disciplina de mercado: Ênfase à importância da transparência a respeito dos riscos, nas demonstrações

financeiras de cada banco.

Para Martin (2006), o Basiléia II, em comparação com o Basiléia I, apresentou maior

flexibilidade para que os bancos façam suas medições de risco, observando-se ainda um incentivo na

forma de redução do capital mínimo exigido para os bancos que fizerem uso de métodos mais

avançados de mensuração.

Na prática, o Basiléia II interfere nos bancos de maneira que a instituição que não possuir

controles internos eficientes e uma metodologia de avaliação de riscos implantada será obrigada a

manter uma quantidade maior de recursos próprios em sua estrutura patrimonial. Por outro lado, a

instituição bancária que investir nesses itens terá que reter um menor volume de recursos. É uma

espécie de seguro compulsório contra o risco (Ferreira & Santos, 2003).

38

Capítulo 6- Gestão de risco em uma instituição bancária

6.1- Os tipos de riscos

Conforme Zeno (2007), para que se tenha uma correta compreensão do que seja risco faz-

se necessário apresentar alguns pontos que devem ser considerados. Primeiramente, o risco sempre

esteve presente nas atividades do ser humano uma vez que cada tomada de decisão envolve um

processo de escolha entre várias alternativas de risco e suas respectivas recompensas. Em segundo

lugar, deve-se perceber que o risco envolve fatos recorrentes ou repetitivos, ou seja, apesar de sua

natureza incerta quanto ao resultado futuro, é possível estimá-lo com base em probabilidades. Por fim,

apesar do ser humano apresentar uma forte aversão a perdas, o risco não deve ser percebido como algo

necessariamente ruim ou negativo. Ao contrário, o risco está associado a um retorno e ambos são

diretamente proporcionais. Quanto maior o risco, maior o retorno. Cabe a cada um decidir ograu de

risco que está disposto a correr.

Segundo o entendimento de Zeno, “o risco corporativo deve ser entendido como a chance

de acontecer algo que cause impacto nos objetivos das corporações. Os riscos corporativos podem

gerar diversas formas de perdas para as empresas, como furtos, fraudes, erros humanos, penalidades

regulatórias e legais, danos à marca, imagem e reputação e até perdas de oportunidade pela não

tomada de ações”.

Na visão das instituições financeiras, risco pode ser tudo aquilo que cause impacto ao

capital, podendo ser originário de eventos esperados ou não.

As operações bancárias envolvem riscos com vistas à obtenção de lucros. Ainda que os

riscos no setor bancário historicamente estejam concentrados em operações bancárias tradicionais, as

empresas de serviço bancário têm evoluído em resposta a um mercado mais voltado para a tecnologia

e para as mudanças na legislação. Estas mudanças têm permitido aos bancos expandir produtos e

superar a diversidade geográfica. Por outro lado, aumentam a complexidade e o significado dos riscos

das operações bancárias. Logo, os bancos vêm amadurecendo no sentido de conhecer os tipos de riscos

a que estão expostos e, como condição básica para esse conhecimento, deve-se possuir um sistema de

gerenciamento de riscos que se dê na seguinte ordem:

39

1) Identificando riscos utilizando definições habituais, as categorias de risco, como essas são

definidas, são, portanto, fundamento das atividades de supervisão;

2) Mensurando riscos fazendo uso de métodos usuais de avaliação – riscos não podem ser sempre

quantificados monetariamente, por exemplo: diversas deficiências de controle interno podem

indicar risco excessivo nas transações;

3) Avaliando o gerenciamento de risco para determinar se os sistemas do banco identificam e

avaliam riscos adequadamente e se existem controles para níveis de risco.

Análises originárias da forma acima exposta levaram o Comitê de Supervisão Bancária da

Basiléia, consoante descrições contidas no documento: Core Principles for Effective Banking

Supervision (1997), a encontrar e definir os principais riscos das instituições financeiras.

De acordo com Zeno, via de regra, os riscos mais comuns enfrentados pelas empresas são

os seguintes:

1) Risco de crédito: são perdas oriundas de obrigações não honradas ou por meio da

diminuição da capacidade do tomador de recursos de honrar seus compromissos, resultando

em inadimplência;

2) Risco operacional: possibilidade de perdas potenciais de uma empresa no momento em que

seus sistemas e controles internos não são capazes de conter falhas humanas ou de

equipamentos;

3) Risco de mercado: quando ocorrem perdas decorrentes de mudanças repentinas nos fatores

de mercado, tais como taxas de juros e de câmbio, preços de ações e “commodities”;

4) Risco legal: são perdas decorrentes de violação de legislação, de contratos claros ou mal

documentados, criação de novos tributos, etc.

É importante mencionar que independentemente da maneira como os riscos são

classificados, o importante é reconhecer que é da essência da atividade bancária tomar riscos.

“Portanto, o processo de gestão de riscos não se constitui em eliminá-los, mas sim em controlá-los.

Esse controle só será eficiente se a identificação e a avaliação dos riscos forem muito bem feitas”

(Ferreira & Santos, 2003).

40

Segundo o relatório de “Riscos Globais 2013” divulgado pelo Fórum Econômico Mundial

podem ser distinguidos três tipos de riscos:

1) Riscos operacionais, tais como falhas em processos e erros humanos;

2) Riscos estratégicos, que são assumidos voluntariamente após serem avaliados e comparados

com as recompensas potenciais;

3) Riscos externos, que estão além da capacidade de influenciar ou controlar.

No caso das empresas, pode-se dizer que os dois primeiros tipos de riscos podem ser

administrados por meio dos novos métodos e diretrizes de Gestão de Riscos, com foco,

principalmente, na cultura organizacional e no cumprimento (compliance) dos requisitos legais,

regulamentares e institucionais.

6.2- Identificação e avaliação de riscos No ambiente bancário, Martin (2006) afirma que o processo de identificação dos riscos é

realizado a partir da influência de fatores externos e internos que podem ocasionar eventos de risco.

Dentre os fatores externos, estão os fatores sistêmicos globais, tais como: crises financeiras, guerras,

alterações imprevistas de preços em commodities etc.; como também os fatores sistêmicos nacionais

que englobam os aspectos políticos, econômicos e sócio-demográficos de um país. Por outro lado, os

fatores internos abordam aspectos do próprio setor bancário, como as autoridades bancárias, as

demandas pelos serviços bancários, a atuação da concorrência, a tecnologia utilizada, os equipamentos

de apoio à atividade bancária, os processos de trabalho utilizados, as pessoas da organização e o risco

de não-conciliação entre as operações de captação e aplicação.

Assim, tão logo identificados, os riscos devem ser priorizados em função do seu potencial

de perdas para o banco. Em outras palavras, isto significa dizer que os riscos devem ser mensurados

por meio de determinadas técnicas ou critérios quantitativos que permitam compará-los entre si

levando em consideração as diferentes dimensões de forma a fundamentar políticas consistentes e

objetivas para sua gestão e controle.

41

Segundo Martin (2006), há dois conceitos sobre avaliação de risco: o conceito de risco

intrínseco e o conceito de risco residual. O risco intrínseco de uma atividade bancária retrata o

montante de riscos aos quais a mesma está exposta, se não efetuar nenhuma ação visando reduzir o seu

impacto ou a possibilidade de sua ocorrência. Já o risco residual significa o montante dos riscos que

permanecem latentes numa atividade bancária, após o esgotamento de todas as medidas para sua

gestão e controle. Todavia, cada evento de risco deve ser avaliado em termos de suas possíveis

conseqüências para a empresa, o que significa analisar o seu impacto em termos de perdas para a

organização bancária e a possibilidade de sua ocorrência se não forem tomadas medidas de controle

adequadas.

Para Martin (2006), tanto o impacto quanto a possibilidade de ocorrência devem ser

medidos, preferencialmente, por métodos quantitativos para que seja facilmente percebido o grau de

relevância de cada risco.

6.3- Os riscos e a organização

Para nortear os executivos e também os controles internos, Martin (2006) afirma que a

governança de um banco deve determinar o grau de aceitação de riscos que a organização estará

disposta a enfrentar. O nível de aceitação de riscos implica, por exemplo, na fixação de diretrizes e

limites máximos para a realização de determinadas operações ou para adoção de métodos de trabalho.

Logo, aos executivos cabe trabalhar dentro de tais diretrizes e limites, desenvolvendo procedimentos e

mecanismos para gerir os riscos inerentes às operações sob sua responsabilidade. O controle interno

possui a incumbência de verificar se a gestão de riscos está sendo executada de maneira eficaz e

eficiente, além de observar se o grau de aceitação de riscos estabelecido para o banco está sendo

executado nas diversas áreas de sua atuação e também em termos do banco como um todo.

Ademais, é importante considerar que não há ambientes de negócio que possam ser

considerados isentos de risco e os controles internos não existem para criar tais ambientes. Como já

dito anteriormente, a função dos controles internos é a de assegurar, com um grau razoável de

probabilidade, que os objetivos de um banco sejam alcançados, através de uma administração

competente dos recursos aplicados em suas operações e produtos e dos riscos que lhes são associados.

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CONCLUSÃO

Há até bem pouco tempo, a palavra risco era tida apenas como um componente

imponderável dos negócios com o qual as empresas eram obrigadas a lidar no seu dia-a-dia. Premiadas

por diversos fatores que resultaram em sérios prejuízos, falências e problemas de liquidez, as

organizações financeiras e em especial, as bancárias, foram levadas a destinar mais atenção e um

volume bem maior de recursos para a proteção dos seus ativos.

Assim, as autoridades monetárias de diversos países cuidaram de normatizar internamente

a criação e implantação de controles internos nos bancos que atuam em seu país, tendo por base a

metodologia COSO, que fundamentou a mesma normatização no âmbito internacional e que em

síntese significa conhecer a empresa e seu respectivo ambiente, seus objetivos e os riscos à que a

mesma está exposta.

Assim, o sistema de controle interno dessas instituições passa a atuar de forma mais focada

nos pontos que poderiam sujeitar a organização a maiores riscos e torna-se um instrumento

indispensável para o seu sucesso, uma vez que sua principal função é a de cuidar para que os objetivos

organizacionais sejam alcançados de forma eficiente e eficaz.

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