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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Objetivos: Monografia apresentada ao Projeto A Vez do Mestre Universidade Candido Mendes como parte dos requisitos para obtenção do grau de Especialista em Pedagogia Empresarial. Curso: Pedagogia Empresarial Autor: Milce Maria Peres Almeida

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DA CONSTRUÇÃO DO

CONHECIMENTO

Objetivos: Monografia apresentada ao

Projeto A Vez do Mestre – Universidade

Candido Mendes como parte dos

requisitos para obtenção do grau de

Especialista em Pedagogia Empresarial.

Curso: Pedagogia Empresarial

Autor: Milce Maria Peres Almeida

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DA CONSTRUÇÃO DO

CONHECIMENTO

Autora:

Milce Maria Peres Almeida

Orientador:

Carlos Alberto Cereja de Barros

Rio de Janeiro

Julho/ 2005

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AGRADECIMENTOS

A todos os autores, corpo docente do Projeto “A Vez do

Mestre”, ao professor Carlos Alberto Cereja de Barros

pela revisão dos textos. Aos nossos filhos e alunos e

pessoas que, direta e indiretamente, contribuíram para

a confecção desse trabalho acadêmico e sua constante

atualização.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu esposo Peter, que

tanto me incentivou e contribuiu com o

aperfeiçoamento desse trabalho.

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RESUMO

Pesquisas e estudos da comunidade acadêmica têm revelado que a cultura

da avaliação escolar em nosso país representa um dos grandes entraves para

uma prática pedagógica competente. Os docentes, de um modo geral, sentem

dificuldade em lidar com um sistema de avaliação que, além de se constituir num

grande desafio, é o principal definidor do fracasso ou do sucesso do aluno na

escola.

Os altos índices de evasão e de repetência que caracterizam o fracasso

escolar evidenciam uma grande contradição da escola. Fala-se em igualdade de

direitos e de oportunidades para todos os cidadãos e, no entanto, a prática escolar

se mostra excludente em relação à maioria da população, expulsando da escola

grande números de alunos.

A avaliação escolar é uma questão muito séria e tem raízes políticas

pedagógicas profundas no sistema educacional inserido num sistema social

determinado. O fenômeno avaliativo não é neutro; ele ocorre no cotidiano da sala

de aula e se orienta por uma determinada concepção de homem, de sociedade,

de cultura e educação.

O processo de construção do conhecimento pelas crianças no espaço

escolar ganhou um novo enfoque a partir do momento em que as teorias de base

psicológica sobre o conhecimento, possibilitaram um novo olhar acerca dos

conceitos de desenvolvimento e aprendizagem, como fatores indispensáveis ao

conhecimento geral( humano, cognitivo, social, político e econômica) do alunos.

As implicações pedagógicas decorrentes dessa mudanças têm levado alguns

educadores a repensar a educação e a mudar suas posturas frente as questões

do ensino, entre quais, encontra-se a avaliação escolar.

O presente estudo priorizou como tema, esta questão que nos últimos anos

vem instigando educadores e especialistas para as mudanças necessárias no

campo educacional, mesmo que o modelo de escola que ainda predomina no

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Brasil, guarde em sua estrutura e funcionamento os ranços de uma avaliação

educacional que ainda tem como fundamentos: a classificação, a nivelação, a

competição é o que é mais grave a exclusão.

Nesta perspectiva de analise o trabalho procurou com base no artigo 24 da

Nova LDB 9394/96, demonstrar que é possível uma avaliação processual,

continuada, qualitativa, formativa e diagnostica que considere os alunos como

seres em construção. E que seja capaz de leva-los à superação das dificuldades

em nome da um caminhar que tem na autonomia intelectual, social e afetiva a sua

grande meta.

Investir nessa nova visão da Avaliação significa apostar no homem, na sua

capacidade de desejar, criar, tentar e arriscar, mesmo que nesta sua caminhada

ele tenha que voltar muitas vezes alguns passos, para alcançar enfim o lugar que

procura no cenário dinâmico da vida e do mundo social.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada destina-se a apoiar os professores na aula e

palestras de conteúdo programático teórico, bem como as vivências adquiridas no

decorrer de suas atribuições, tornando o assunto mais atraente e compreensível

para os educadores.

Nesse viés, a pesquisa de avaliação da aprendizagem, em consonância

com a Proposta Curricular do Ensino Fundamental e Médio, sugere uma avaliação

que deve ser entendida como fonte de informação e referência para a formulação

e reformulação das ações pedagógicas, objetivando a formação integral do

educando e o cumprimento da função social da escola.

A proposta da pesquisa de avaliação deve ser entendida como uma

atividade dinâmica e sistemática, que permeia e subsidia a prática pedagógica,

através de instrumentos práticos, que possam dar um redimensionamento e

redirecionamento para novos procedimentos do Sistema Educacional no

atendimento de toda a demanda, com o objetivo do desenvolvimento integral do

educando.

Nesse contexto, há necessidade de referenciais que sejam claros no

processo avaliativo, não podendo se limitar à verificação da aprendizagem de

conteúdos ou atividades, usando-se tão somente os instrumentos de provas e

notas, embora façam parte desse processo. Por isso, a avaliação deve contemplar

uma concepção mais ampla, uma vez que envolve formação de juízos e

apreciação de aspectos qualitativo. Essa deve ser compreendida como uma ação

reflexiva do processo da aprendizagem.

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SUMÁRIO

Introdução 9

1. A avaliação e as contradições do sistema escolar

1.1 A cultura da repetência 11

1.2 Uma análise histórico sociológica 13

1.3 A indiferença à diferença 15

2. A avaliação numa perspectiva de mudança

2.1 A avaliação diagnóstica, qualitativa, formativa. 20

2.2 O papel do educador 22

2.3 O olhar da Psicopedagogia 24

3. Uma abordagem sistêmica da mudança

3.1 Características, procedimentos e instrumentos de avaliação 27

3.2 O contato didático-pedagógico 29

3.3 Ensinar e avaliar competências 31

Conclusão 33

Bibliografia 36

Índice 38

Folha de Avaliação 39

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Introdução

A escolha de uma temática que refletisse a experiência da autora desta

pesquisa, como docente que atua no primeiro segmento do Ensino Fundamental

foi a razão da delimitação do tema proposto para esta pesquisa bibliográfica: A

avaliação na perspectiva da construção do conhecimento.

O enfoque dado á Avaliação Escolar é resultante de uma série de

discussões no âmbito das escolas e dos sistemas de ensino que a partir da

regulamentação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) e dos

Parâmetros Curriculares Nacionais têm levado professores e especialistas a

repensar seus sistemas e critérios de avaliação no interior das unidades de

ensino.

Com um trabalho crítico e reflexivo que tenta articular teoria e experiência

pedagógica, busquei a partir de um levantamento bibliográfico que incluiu autores

como Celso Vasconcellos, Luchesi, Jussara Hoffman, Phillipe Perrenoud entre

outros, os subsídios teóricos para a fundamentação de minhas análise sobre o

tema.

O objetivo do estudo é demonstrar que o repensar sobre a avaliação

escolar é um caminho na busca de um ensino que leve os alunos do primeiro

segmento do Ensino Fundamental à autonomia intelectual e que neste caminhar o

pedagogo tem muito a contribuir com suas intervenções. Refletir sobre todas

essas questões tendo como pano de fundo as vivências de aula foi o grande

desafio desta pesquisa.

Para melhor compreensão deste tema, rico e polêmico, dividiu-se o assunto

delimitado em três partes. Na primeira parte comenta-se a avaliação escolar como

um processo que se faz nas contradições do sistema escolar, quando se analisa

as visões que acompanharam a avaliação escolar ao longo de sua história: a

cultura da repetência, uma análise histórica e sociológica e a indiferença à

diferença. Na segunda parte analisa-se as perspectivas de mudanças quando a

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abordagem volta-se para a avaliação diagnóstica e para o importante papel do

educador enquanto mediador na construção desta nova visão de avaliação no

espaço escolar. N a terceira e última parte questiona-se as dificuldades para a

implementação de uma pedagogia diferenciada e as janelas que se abrem para

que o educador possa mudar sua ação pedagógica.

Assim, minha intenção foi estudar com razoável profundidade em tema que

é um permanente desafio para os que ensinam e fazem desse estudo uma

contribuição para que outro educadores possam criar em suas salas de aula,

novos procedimentos, estratégias e recursos avaliativos que estimulem os alunos

“a quererem aprender”, sem medos, sem bloqueios ou temores, mas com a auto-

estima de quem descobre que conhecer pode ser uma experiência prazerosa.

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A AVALIAÇÃO E AS CONTRADIÇÕES DO SISTEMA ESCOLAR 1.1 A cultura da repetência

Alarmantes índices de repetências e evasão na escola pública vêm

ocorrendo no nosso sistema de ensino e são comprovados por diversas

investigações. Já em 1936 o Serviço de Estatística Educacionais da Secretaria

Geral da Educação registrava 53,52% de reprovação, evidenciando que o

fenômeno da repetência não é recente. Franco (1991) aponta a complexidade

da questão da reprovação, analisada em função da classe social dos alunos,

ao denunciar que 50% das crianças da escola pública repetem a 1a série do

ensino de 1o grau e que, na rede particular, o mesmo índice, nesta série, não

chega a 5%.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – MEC,

“... o fracasso escolar recai sobre os setores menos favorecidos da

sociedade, numa evidência de que a escola não se reorganizou para ensinar

de modo satisfatório esse setor da população”.

Estatística do IBGE – Indicadores Sociais – mostram dados elevados da

reprovação e evasão: no ensino do 1o grau ( Fundamental ), de cada 1.000 alunos

que iniciam, 204 terminaram a 8a série (21%), dos quais somente 58 não

repetiram um ano durante os 8 anos (6%) – Vasconcelos (1993).

A avaliação escolar é uma questão muito séria e tem raízes político-

pedagógicas profundas no sistema educacional inserido num sistema social

determinado.

O fenômeno avaliativo não é neutro; ele ocorre no cotidiano da sala de aula

e se orienta por uma determinada concepção de homem, de sociedade, de cultura

e educação.

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As diferenças entre os alunos – culturais, econômicos e sociais – são reais

e representam diferentes estímulos, níveis e modos de aprendizagem.

Pretendendo ser “neutra”, “científica” e “técnica”, a avaliação reduz a situação

escolar, socialmente determinada, a uma relação objetiva entre o aluno e o

conhecimento, ignorando outros determinantes desta relação, como aqueles de

ordem política e social.

Através da aprovação – reprovação, a avaliação, na escola, separa os

supostos “capazes” dos “incapazes”, discriminando e selecionando socialmente os

alunos. Nesse sistema, o aluno que não é “bem sucedido” é convencido a se

conformar com a privação do saber a reconhecer a sua importância, a sua

desvalia. Ele é o responsável por esta situação, é “fraco de idéias”, “não tem

dons”, aptidão e mérito próprios. Assim, vai formando desde cedo, um auto-

conceito negativo de ignorância e de incapacidade.

A reprovação não estima o aluno a aprender, a estudar, mas ocasiona, na

maioria das vezes, o desânimo e a baixa de auto-estima que levam ao abandono

da escola. Vários estudos já mostraram que a repetência não resolve o problema

de ensino e aprendizagem do aluno. Pelo contrário, provoca tensão, que dificulta e

até impede a aprendizagem, o avanço, o desenvolvimento e o crescimento do

aluno. Pesquisas significativas têm demonstrado que o nível de auto-estima,

quando elevado, contribui de maneira altamente positiva para a aprendizagem e

sucesso do aluno na escola.

A diversificação do currículo, valorizando não somente as habilidades

intelectuais dos alunos, mas os seus dons artísticos, as habilidades físicas e

motoras e todas as formas de expressões das inteligências, concorre para o

incremento da auto-estima dos estudantes.

É fundamental, hoje, reverter em nossas escolas a cultura da repetência e

criar a cultura do sucesso. Eliminar a cultura da repetência é acreditar que todos

têm condições de aprender.

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1.2 Uma análise histórico – sociológica

O que é um aluno fracassado?

“O aluno fracassado é aquele que não adquiriu no prazo previsto os novos conhecimentos e as novas competências que a instituição, conforme o programa, previa que adquirisse” ( Isambert-Jamati, 1971).

O êxito e o fracasso são realidades socialmente construídas nas diversas

fases da trajetória escolar, através das práticas de avaliação que dependem da

arbitrariedade do professor ou do sistema educativo.

A história da educação brasileira está profundamente marcada pelo

autoritarismo que atravessou a sociedade ao longo de sua trajetória. Quando se

pensa que os primeiros educadores lançaram mão da catequese, que em outras

palavras significou a imposição da cultura mais forte, à cultura considerada mais

fraca, porque era a do povo dominador, entende-se o “porquê” da estrutura

escolar burguesa que inaugura o ensino no país.

Como a educação é um reflexo da sociedade e de suas relações de classe,

a avaliação escolar como um dos processos educacionais que se dá no interior

das escolas, já nasce sob a égide do autoritarismo, ou seja, como um instrumento

que parte, separa, discrimina os que nascem para o sucesso e aqueles que estão

fadados ao fracasso.

Compreender esta concepção de avaliação escolar, significa analisar as

visões que atravessarão a educação, sobretudo no século XIX e XX, momento em

que a escola se consolida e vive uma série de experiências pedagógicas

experimentais que a consolidam como instituição voltada para a formação do

“saber sistemático”.

Maria Lúcia Arruda Aranha (1996) comenta uma nota de Fernando Azevedo

sobre a educação no século XIX que se faz no modelo de ensino deste tempo:

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“ Em 1836 havia na cidade de São Paulo apenas dois professores de primeiras letras, um da freguesia da Sé, outro de Santa Efigênia (...) ambos partidários dos castigos corporais como meio de disciplina e punição para os malandros que não queriam estudar. Numa representação a câmara municipal pedia a concessão de alguns castigos físicos em suas escolas”.

Esta situação real revela o quanto o saber estava vinculado ao poder,

estabelecendo os métodos de ensino, os recursos utilizados na prática dos

professores e as formas e visões da avaliação. Assim para um modelo de escola

que se pautava na ideologia burguesa, numa sociedade recém saída da

escravidão, elitista e preconceituosa, só podia adotar métodos tradicionais e

conseqüentemente formas repressoras nas suas avaliações.

A avaliação somativa, classificatória e dirigida engloba visões que ainda

sobrevivem dos dias atuais, corresponde a um ensino verbalístico, tradicional,

aprisionado à memorização e à quantidade de conteúdos, sendo usada como uma

espécie de punição para os alunos que têm dificuldade de aprender e enfrentar

estas dificuldades dentro de um sistema fechado que vê a aprendizagem como

uma “camisa de força” e não como um processo de possibilidades.

Esta avaliação que com o tempo tornou-se um mito, porque passou a

significar aprendizagem, estava fundamentada em critérios quantitativos e a nota

era símbolo de “status” , “competição” , “poder”. A inteligência, conceito

associado às teorias inatistas que a viam como algo herdado, inato, acaba por

discriminar os alunos que tinham ritmo diferenciado.

Sobre isto Tereza Pena Firme (1992) comenta:

“A avaliação escolar tem um lado cruel, que é o de condenar ao fracasso aqueles que por razões subjetivas têm um aprendizado que não atende ao ritmo da escola. Neste sentido, ela pune, enquanto se coloca como um instrumento político a serviço das classes dominantes”.

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É este aspecto político que fez da avaliação um elemento técnico a serviço

do autoritarismo, dando ao professor o poder acima do que se pode chamar de

autoridade. Fazendo o uso dos seus recursos, a escola fez da avaliação uma

produtora de problemas, na medida em que gerou bloqueios, sentimentos de

baixa-estima, fracasso e expulsou muitas pessoas da escola.

Todas as invasões ideológicas, políticas, tendencionais, acabaram por levar

a escola a separar-se da vida, a colocar-se como uma instituição que em vez de

formar para a cidadania, preocupou-se basicamente em promover uma castração

à informação e formação. Hoje, visualizar a avaliação como um desafio e não

como mito, é uma questão que está no cotidiano dos educadores verdadeiramente

comprometidos com um ensino que leve aos alunos a emancipação intelectual,

social, humana. Esta posição envolve uma postura crítico-reflexiva e o que é mais

importante, um repensar das práticas pedagógicas que insistem em reproduzir um

modelo de escola que já não cabe no mundo da tecnologia.

Superar as visões classificatória, reprodutora e discriminatória de educação

é lutar por um ensino de qualidade, que faça da escola um espaço concreto de

crescimento integral dos alunos.

1. 3 A indiferença à diferença

A avaliação educacional, nesse século, revela fortemente sua incapacidade

em valorizar e respeitar as diferenças individuais dos educadores, em qualquer

área do seu desenvolvimento ( social, intelectual, moral, físico, etc. ).

Essencialmente na escola o diferente é negativo. Persegue-se a homogeneidade,

a uniformidade, demonstrando-a por padrão normal. Pode-se-ia dizer, inclusive,

que o diferente é normal em educação.

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Partindo de tal concepção, fundamenta-se o olhar do professor em critérios

corporativos de domínio de conhecimento que resultam em descrições

classificatórias de desempenho. Muitos são os procedimentos avaliativos que sem

dúvida alguma pune os desvios ao padrão estabelecido e premiam os que dele se

aproximam. Salienta Gardner (1995) que a tendência das escolas em tornar a

educação uniforme tratando todos os alunos da mesma maneira e aplicando o

mesmo tipo de teste é inadequado em termos científicos e ofensiva em termos

éticos. Muitos testes formais são planejados para marcar diferenças entre os

indivíduos ao invés de elicia-las. Em muitos países se obtém uma educação de

maior qualidade sem utilizar-se de processos educativos e avaliativos

unidimensionais.

O autoritarismo e a arbitrariedade do processo avaliativo originam- se

muitas vezes de uma incansável busca de um padrão uniforme, através da

definição de critérios comparativos. Persegue-se incansavelmente o homogêneo

na escola e todas as diferenças são obstáculos impeditivos de aprendizagem: os

alunos agitados ou muito quietos, os alunos pobres, doentes, de idades diversas,

com talentos inesperados, com diferenças físicas e mentais, que falam muitas

línguas... De tal forma o olhar do professor vasculha por desvios ao padrão

comparação, resultado da perversidade de uma escola seletiva e excludente, e

perigosamente monótona na sua incapacidade de se enriquecer com as diferentes

experiências de vida e de diferentes formas de pensar de muitas e muitas crianças

diferentes.

Segundo Coll (1996):

“Num sistema de educação com objetivos, conteúdos e métodos de ensino idênticos para todos os alunos, existem apenas duas maneiras de levar em consideração as diferenças individuais: excluir aqueles que não podem alcançar as aprendizagens estipuladas, por considerá-los carentes de competência intelectual e das aptidões mínimas exigidas, ou fazê-los repetir o processo educativo tantas vezes quanto necessárias para alcançar esses aprendizados. “

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Coll continua esclarecendo sobre as diferenças individuais afirmando que as

características individuais dos alunos são resultado de sua história pessoal e

podem ser modificadas em função das suas experiências educativas; as

características individuais mais relevantes não são traços estáticos e fixos,

estando sujeitos à evolução.

Como provocar no professor a descoberta e o respeito às diferenças do

sujeito? Segundo Piaget, o respeito que gera reciprocidade consiste na

capacidade de se colocar racionalmente no ponto de vista de outras pessoas:

“A valorização de um parceiro exige que se faça da escala de valores dele a sua própria e isso novamente obriga a considerar um certo número de conseqüências morais, sem as quais se entraria em contradição. (Piaget in Kesseling, p. 184)

Descentrar é assim, perceber o ponto de vista do outro e que leva a

relativizar os próprios critérios de julgamento.

O olhar do professor em avaliação tende a centrar-se em critérios próprios e

regidos, absolutos, incapaz sequer de uma aproximação com o pensar da criança,

do jovem ou do adulto, dos seus valores ou expectativas.

O desafio de pensar a avaliação como um processo tem levado um número

significativo de professores de ensino fundamental a vivenciar a angústia de ter

que mudar ou lutar por uma mudança de postura no seu fazer pedagógico. Muitos

desses professores, que foram formados nas práticas tradicionais e tiveram toda a

sua formação baseada em critérios de avaliações rígidos e estabelecidos “a priori”

vivenciaram experiências que mostram que nunca é preciso investir no novo, em

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novas formas, em conhecimento que estão aí na contemporaneidade, desafiando

todos para novas formas de conhecimento.

Estes desafios que por um lado amedrontam os que durante toda sua vida

viveram sob o autoritarismo dos modelos, por outro podem servir de estímulo para

que coordenadores, especialistas, responsáveis pelos sistemas de ensino e

professores vivam uma nova experiência de busca, de estudos, aprofundamento

no sentido de um novo olhar sobre o próprio desconhecimento sobre a avaliação.

Sobre isto Luckesi (2992,pág.26) comenta:

“Os juízos de valor parecem fáceis de serem aplicados, por profissionais que ainda, não reconhecem que além de implicar aspectos subjetivos estes juízos envolvem escolhas e nunca critérios padronizados que justifiquem um fazer pedagógico em nome de uma suposta igualdade”.

Este comentário de Luckesi ilustra as contradições que envolvem o ato de

avaliar e para as quais os professores de hoje devem estar atentos. Este é um

desafio: buscar uma avaliação formativa, que em vez de julgar a todos com os

mesmos critérios, procure ver em cada sujeito a singularidade potencial que eles

podem lançar mão para vencer suas dificuldades.

Mas os desafios são para ser enfrentados com ousadia, conhecimento e

humildade, porque sair de uma concepção de ensino fragmentada, hierarquizada,

conteudista e alcançar uma visão holística e dialética dos saberes, é um processo

que exige muitas vezes sofrimentos e vontade de querer superar o que está

estabelecido.

A avaliação vista como um “bicho papão”, tem suas faces num modelo de

educação racionalista, cartesiana, que em nome do individualismo utilizou-se de

valores liberais para excluir, sobretudo, a escola pública, que controla o acesso ás

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posições de mobilidade na esfera social. Logo, a avaliação é usada como

instrumento político em favor dos detentores do poder há muitos e muitos anos.

Superar experiências históricas como estas, que fizeram da avaliação

escolar um instrumento de exclusão, faz parte hoje de uma nova visão de

educação que teve nas teorias do desenvolvimento da inteligência, de base

psicológica e na psicanálise, os novos paradigmas que influenciam as novas

formas de pensar a educação.

Hoje o conhecimento é visto como uma categoria que se constrói no

processo de ação do sujeito sobre o mundo, ou seja, como um caminho que se faz

no pensar e no agir individual e coletivo. O conteúdo do processo de

aprendizagem é cada vez mais valorizado, numa prova de que o sujeito aprende

nas trocas interativas que estabelecem no meio das relações com os outros.

Sobe isto Vygostsky ( 1985 pág.63) comenta:

“O conhecimento ‘internalizado a partir da experiência cultural dos sujeitos sociais no meio cultural. Trocando saberes, dialogando, interagindo, a criança constrói conhecimento potencial em conhecimento real”.

Esta visão de conhecimento mostra que ele é um processo, é dinâmico e interativo

e não cabe numa avaliação classificatória que não considera a individualidade.

Assim, a avaliação como um desafio permanente deve ser vista pela

escola, pelos professores e pelos sistemas de ensino como um processo a ser

discutido no interior da escola, sempre em busca de um aprimoramento cada vez

maior, para que se faça as transformações da prática pedagógica e dos

instrumentos necessários para acompanhar o movimento das transformações

históricas.

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2. A avaliação numa perspectiva de mudança

2.1 A avaliação diagnóstica, qualitativa, formativa

A nova LDB no seu artigo 24 comenta as formas de avaliação que

correspondem ao que hoje se chama de avaliação diagnóstica demonstrando um

avanço na visão de ensino e de aprendizagem.

Segundo a posição do teórico espanhol Gimeno Sacristan (1998 p. 327)

“A avaliação justifica sua utilidade pedagógica quando é utilizada como recurso para conhecer o progresso dos alunos e o funcionamento dos processos de aprendizagem com o fim de intervir em sua melhora. Esse poder diagnóstico pode ser utilizado em vários sentidos; no conhecimento dos alunos, no conhecimento das suas condições pessoais, familiares ou sociais do aluno tendo em vista a perspectiva global dos sujeitos sociais e do conhecimento cultural”.

Esta visão do diagnóstico como um termo retirado da nomeclatura médica,

significa no âmbito da avaliação, o poder de detectar as dificuldades do aluno no

processo de construção do conhecimento. Neste sentido, diagnosticar é não

permitir que o aluno chegue a um momento final do seu processo escolar, sem

que a escola tenha utilizado todos seus recursos pedagógicos para promover

superação das dificuldades.

Quantas vezes, os professores na sua prática pedagógica convivem com os

problemas dos alunos, durante todo o ano letivo, não realizando qualquer tentativa

na direção de diagnosticar o problema. Diante disto, o que fazem é rotular o aluno

com dificuldade de “deficiente”, incompetente” , para não usar expressões como

“burro”, “preguiçoso”. Este procedimento é próprio do modelo de um processo que

envolve múltiplas dimensões do fazer humano.

Sobre isso acentua César Coll ( 1998 p.115)

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“ A avaliação escolar ao mesmo tempo que possibilita aos sujeitos sociais demonstrarem seu conhecimentos também serve de avaliação para professores e sistemas de ensino redimensionarem seus projetos pedagógicos”.

Isto revela que a avaliação diagnóstica tem um caráter contínuo, na medida

em que deve acontecer durante todo o processo de construção dos conceitos.

Quando avalia de forma continuada, o professor tem condições de analisar

e observar o crescimento dos alunos, assim como suas defasagens.

Esta avaliação processual tem na realidade uma finalidade formativa que

leva o aprimoramento dos sujeitos, à sua melhoria e conseqüentemente à

autonomia. Além disto ela serve de tomada de consciência que ajuda os

professores e alunos a refletirem sobre o processo, observando as falhas e as

possibilidades presentes nas potencialidades dos sujeitos.

Diagnosticar as dificuldades dos alunos significa portanto permitir que eles

tenham a oportunidade de rever os conteúdos por meio de outros procedimentos.

Por esta razão, a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, prevê o uso de

estratégias diferenciadas e de meios que facilitem a compreensão dos alunos,

mesmo que o professor tenha que voltar ao conteúdo dado. Na verdade este

procedimento pedagógico significa ganho e não perda como pensam os que

defendem a quantidade no lugar da qualidade. Conforme afirma Paulo Freire

(1997 p. 16)

“O homem está sempre reconstituindo, porque o seu aprendizado é um processo rico atribuição de novos significados ao que ele já conhece. Esta possibilidade de reconstruir é que faz dos homens permanentes atores e autores de sua história”.

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Assim pode-se dizer que a Avaliação Diagnóstica é uma possibilidade de

crescimento para aos alunos que apresentarem dificuldades no seu processo de

desenvolvimento intelectual, pois permite que o erro deixe de ser sinônimo de

fracasso e proporciona aos sujeitos em construção a oportunidade de superarem

suas dificuldades na busca da autonomia integral pelo saber.

2.2 O papel do educador.

Nessa concepção de avaliação, o educador assume o papel de um

pesquisador que investiga quais problemas os alunos enfretam e por quê:

estudando com cuidado as produções realizadas, conversando com os alunos

sobre elas, considerando as razões que os levam levaram a produzi-las de uma

determinada maneira e não de outra, ouvindo suas justificativas, detecta os “nós”

que estão emperrando o processo. Assim percebe o que não entenderam bem,

porque fizeram esta ou não aquela interpretação, porque cometeram este ou

aquele engano... O papel do educador na construção de um novo conceito de

avaliação escolar é o de mediador, que ao mesmo tempo em que cria condições

para que aprendizagem aconteça, fica dependente da resposta do aluno para

poder crescer pedagogicamente.

Por isso a avaliação é também auto-avaliação, na medida em que cria

espaços para que este professor questione a sua prática e possa avançar na

busca de novos saberes.

Só assim a avaliação é instrumento de aprendizagem: quando o educador

utiliza as informações conseguidas para planejar suas intervenções, propondo

procedimentos que levem os alunos a atingir novos patamares de conhecimento.

Essas intervenções podem exigir formas diversificadas de atendimento e

alterações de várias naturezas na rotina diária de sala de aula, no uso do tempo e

do espaço, na organização dos grupos; as informações que o professor colhe

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nesse processo de avaliação também vão leva-lo a decidir-se pelo atendimento

individualizado, em grupos ou coletivo, pela inclusão de novas atividades ou

materiais.

Para assumir esse processo constante de avaliação, para inseri-lo em sua

rotina, o educador observa e interage com os alunos: é imprescidível partilhar com

eles a análise de suas produções, para reconhecer seus avanços e suas

dificuldades, desenvolvendo a consciência dos progressos feitos em relação a

situação anteriores. Isso ajuda-os a desenvolver autonomia, tornar-se sujeito de

seu processo de aprendizagem e melhorar suas competências.

Mudar a postura do educador frente a avaliação é também um processo

que depende do projeto político – pedagógico da escola, uma vez que, é preciso

investir neste educador, leva-lo a discutir seus problemas pedagógicos, oferecer-

lhe oportunidades de capacitar-se e recriar sua prática pedagógica.

Pedro Demo (1996 p.11) comenta

“As escolas precisam criar espaços para que os professores se reúnam e possam discutir as questões educacionais. Isolado na sala de aula se apoio ou acompanhamento fica difícil para os docentes avançar e transformar suas visões do ensino, da aprendizagem, do saber”.

A avaliação escolar, por si só é um tema polêmico, onde raramente é

possível falar em unanimidade, daí a necessidade de discussão permanente, de

estudo dos critérios muitas vezes impostos pela escola, que não alcançam a

realidade do aluno e nem mesmo seu ritmo de aprendizagem.

Um bom mediador está sempre atento as dificuldades de seus alunos

intervindo de forma significativa e estimulando os seus alunos a “querer aprender”

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e a buscar novos caminhos neste processo contínuo que é a construção do

conhecimento.

Para que ele se transforme neste mediador faz-se necessário ousar romper

com os velhos paradigmas, estar atentos às mudanças do mundo contemporâneo,

sempre aberto às formas de conhecimento e sobretudo ao seu comprometimento

com o conhecimento do aluno nos aspectos: formativos, informativos, intelectual,

emocional e afetivo da aprendizagem.

2.3 O olhar da Psicopedagogia sobre a avaliação escolar

O que se assistiu durante toda a história recente da escola brasileira, foi a

avaliação escolar com documento que dava aos alunos com “notas abaixo da

média estabelecida”, - fosse pela escola ou pelo sistema – o atestado de

fracassado escolar.

Em nome deste atributo da escola, muitos professores sentiam-se com o poder

de dar diagnóstico clínicos sobre o estado mental da criança, sempre com base

nos resultados da avaliação escolar: Assim, algumas falas coloquiais, até hoje

ouvidas nas escolas, constatam esta colocação:

“- Fulano não aprende, porque não tem jeito para estudos”

“- Sicrano tem problemas “de cabeça”. Coitado! Deve ser deficiente”!

“- Beltrano, puxou a família. Seus irmãos tinham muita dificuldade de

aprender”.

Durante muito tempo os professores se deram “ao luxo” de realizar,

diagnósticos médicos sobre o desempenho dos seus alunos. Quando não diziam

que seus alunos apresentavam “um problema de aprendizagem”, eles afirmam

que o mesmo era portador de uma deficiência mental que os impedia de aprender.

No momento em que surge a Psicopedagogia, como uma especialização que

tenta a partir de estudos fundados na Psicologia e na Psicanálise estudar, analisar

e intervir nos problemas de natureza pedagógica que envolvem o processo ensino

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– aprendizagem um novo olhar é lançado aos problemas de aprendizagem

geradores do chamado “fracasso escolar”. A função do educador se distingue da

do clínico, que terá por obrigação interna, buscar remover as causas mais

profundas que levaram ao quadro do não aprender.

Segundo Maria Cecília Almeida e Silva (1998 p. 17):

“A Psicopedagogia é um campo científico novo que tem por objeto o SER

COGNOSCENTE, visto à luz das contribuições teóricas do desenvolvimento da

Psicologia, da Psicanálise, da Pedagogia nas suas dimensões relacional, racional

e afetiva”.

Assim, a Psicopedagogia como um campo em construção na educação,

traz um novo olhar para os educadores e sobretudo para a avaliação escolar, até

bem pouco tempo tida como uma única forma capaz de testar o conhecimento

humano sistemático, independente do fato dos sujeitos de aprendizagem

apresentam características diferentes. Quando compara os obstáculos do sujeito

na aprendizagem dos mecanismos e defesa do EU em Freud, Maria Cecília

Almeida e Silva ( 1998 p. 17 ) complementa afirmando: “Os impasses da

aprendizagem são produtos defensivos que se relacionam com demandas

enraizadas num longo tortuoso processo adaptativo”. Assim é necessário que haja

uma intervenção que leve ao desejo de aprender, ou seja, que faça com que este

sujeito supere os obstáculos, descubra-se como um ser em potencial, com

possibilidades de continuar tentando os caminhos da aprendizagem.

Estas e outras tantas colocações feitas por educadores são reveladoras de

que a escola estabelecia como senso comum seu caráter classificatório,

determinando aqueles que deveriam avançar e aqueles que deveriam permanecer

no mesmo ano escolar.

Quando a nova LDB instituiu os mecanismos de “aceleração dos

conteúdos” entendemos que foi no sentido de não permitir que os erros do

passado se repitam daqui para frente.

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Tudo isto, tem que ser levado em conta no processo de mudança, pois ao

professor do primeiro segmento do Ensino Fundamental sempre foram dadas

poucas possibilidades de avançar, até mesmo em razão da sua carga horária de

trabalho, da péssima remuneração que o obriga a trabalhar em dupla jornada em

estabelecimentos diferentes, sem falar nas difíceis condições de trabalho que

envolvem turmas numerosas impossibilitando o atendimento individual,

prejudicando a preparação e correção de tarefas e comprometendo o tempo para

planejar.

Repensar a avaliação escolar na perspectiva da mudança, é tomar

consciência do aspecto cruel e injusto da avaliação classificatória, que visualiza o

aluno, com um número e não como um sujeito em processo de construção de sua

identidade social.

A autora em questão consegue sintetizar neste recorte, o real papel dos

psicopedagogos na educação, quando afirma:

“O psicopedagogo tem a sua práxis profissional construída a partir de um olhar

para o movimento do sujeito. Esta compreensão deve ser encontrada no aprendiz,

para aJudá-lo a constituir-se adequadamente ao seu contexto sócio-histórico. O

aprendiz é visto como objeto de estudo da Psicopedagogia, sem que se perca de

vista o sujeito na sua caminhada”.

Isto demonstra que o sujeito não pode ser avaliado fora do processo sob o

risco de cometer-se uma injustiça ou mesmo julga-lo a partir de padrões

reducionistas. Pensar o aluno numa visão integrada na qual o cultural, o social, o

psíquico, o físico, o biológico interferem na construção e um primeiro passo na

mudança do olhar sobre a avaliação.

Quando se fala em sujeito, a Psicopedagogia visualiza o aluno como um ser

desejante, que na sua complexidade deve ser olhado como sujeito histórico. A

avaliação classificatória ao atribuir “notas” que são critérios quantitativos, excluem

a subjetividade e as singularidades próprias dos seres humano. O mais grave

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desta visão reprodutora e reducionista do saber, é que ela impede a maior parte

destes sujeitos de construir saberes ou mesmo de passar suas experiências no

meio social.

É neste sentido que a Psicopedagogia tem um importante papel para a

mudança de postura dos professores da escola fundamental diante da avaliação

escolar, porque demonstra que o aluno como sujeito não é só emoção ou mesmo

razão, ele é um conjunto de emoções, sentimentos, saberes inconsistentes,

históricos que estão presentes na sua memória genética, afetiva, racional. Esta

multiplicidade de olhares revela aos educadores, um novo olhar, fazendo-os ver as

dificuldades de aprendizagem não mais como deficiência inatas ou irreversíveis,

mas como problemas que ao serem detectados e trabalhados com seriedades

abrem mil janelas para a superação das dificuldades e para o crescimento.

3. Uma abordagem sistêmica da avaliação

3.1 Característica, procedimentos e instrumentos de avaliação

Tendo em vista o redirecionamento da ação pedagógica – da abordagem

transmissiva do conhecimento para a abordagem de construção do conhecimento

– a concepção da avaliação é processual, dinâmica, participativa e

problematizadora:

Como processual – ocorre contínua e permanente no decorrer do processo

de aprendizagem do aluno para verificação do seu desenvolvimento: avanços,

dificuldades e possibilidades;

Dinâmica - utiliza, em todos os aspectos ( cognitivos, afetivos e

psicomotores ), diversos instrumentos e procedimentos para um melhor

conhecimento e acompanhamento do aluno;

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Participativa - envolve tudo e todos; alunos, professores, pais e outros

profissionais da escola refletem sobre a prática educativa da sala de aula e da

escola como um todo;

Problematizadora - investiga o desenvolvimento e necessidades do aluno

para intervenção nessa realidade e auto-regulação do processo de ensino e

aprendizagem; levanta dados para compreensão do processo de aprendizagem

do aluno e para reflexão do professor sobre sua própria prática pedagógica.

A complexidade do processo de aprendizagem dificulta, na avaliação, o

estabelecimento de instrumentos e procedimentos indicadores do real

desenvolvimento dos alunos como um todo, nos diferentes aspectos cognitivos,

afetivos e sociais.

É a partir da concepção de ensino – aprendizagem, da relação pedagógica

que estabelece, das orientações da prática educativa e do entendimento da

função avaliativa no processo de ensino, que se torna possível delinear

procedimentos de avaliação capazes de informar sobre os processos de

aprendizagem que ocorrem na trajetória da escolaridade do aluno.

Assim, o professor deve utilizar técnicas e instrumentos de avaliar

diferenciados, cientes de que há diferentes tipos de avaliação e de que ela

desempenha funções diversas. A seleção desses procedimentos deve também

considerar as diferenças dos alunos – suas formas variadas de expressão e de

comunicação – bem como a especificidade dos conteúdos curriculares.

Compete à criatividade do professor a escolha de procedimentos de

avaliação que favoreçam o uso de diferentes linguagens para a manifestação do

processo de desenvolvimento do aluno como um todo.

A observação de forma sistemática ou informal, no cotidiano da escola e

em sala de aula, permite ao professor acompanhar, orientar e ajudar o aluno no

seu processo de aprendizagem. É aconselhável que o professor adquira o hábito

de registros dessas observações para que constituam subsídios de análise e

discussão em conselhos de classe.

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A produção coletiva do conhecimento em trabalhos em grupo, orientados

pelo professor, é um valioso recurso em que se avalia a cooperação, troca, o

confronto, o partilhar de idéias, o envolvimento e o comprometimento dos alunos.

A produção escrita constitui um instrumento importante de avaliação

quando utilizada de maneira significativa, procurando resgatar o seu objetivo de

ajuda ao aluno no seu processo de aprendizagem. O nível de complexidade das

“provas ”deve corresponder ao que foi ensinado em sala de aula, e seu conteúdo

deve ser significativo para o aluno, evitando-se a “prova”difícil, complicada, como,

também, aquela de baixo nível cognitivo. Os resultados devem ser analisados e

discutidos com os alunos e pais. A “prova” deve ser um entre muitos outros

instrumentos de avaliação.

Todas as produções devem ser analisadas para se ter um quadro da real

aprendizagem dos alunos. É importante considerar os textos, relatórios orais e

escritos, resumos, jogos e outras formas de expressão, como momentos de

sistematização e registros capazes de permitir maior conhecimento do aluno, de

seus avanços, progressos e dificuldades. Pode ser grande auxílio no processo

avaliativo a organização de “pastas individuais” onde se colecionam os trabalhos

mais significativos dos alunos.

A auto-avaliação, se bem conduzida, constitui-se num importante

instrumento de formação do aluno, que permite o desenvolvimento de sua

consciência crítica. Os critérios de auto-avaliação devem ser definidos

conjuntamente entre professores e alunos durante o processo de ensino e

aprendizagem.

Os conselhos de classe constituem um momento, um espaço da avaliação

do processo pedagógico na busca de alternativas para superação dos problemas

educativos da escola. Essa avaliação se realiza de forma participativa envolvendo

professores, coordenadores e alunos. O conselho de classe é uma instância

coletiva que reflete a relação professor-aluno, as concepções de ensino e de

aprendizagem e, também, a concepção de avaliação que o professor tem.

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A avaliação na escola crítica e criativa deve ser um meio e não uma

finalidade, constituindo-se num dos pontos vitais da prática pedagógica do

professor. Ela deve refletir os princípios filosóficos, políticos, sociológicos e

pedagógicos que orientam a relação educativa com vistas ao crescimento e ao

desenvolvimento do aluno em sua totalidade.

3.2 O contrato didático-pedagógico

Ninguém fica indiferente ao julgamento de seus conhecimentos ou

competências. O primeiro movimento de cada um é o de tentar mostrar suas

qualidades, portanto, é o de se defender contra a manifestação de suas lacunas e

de seus limites. Quem avalia sente-se honrado, em contrapartida, por não se

deixar enganar, por razões muito honrosas e outras mais confusas. Portanto, é

normal que todo relatório de avaliação tenha uma dimensão conflitual e se pareça,

em parte, com o jogo de gato e rato.

Se não se pode apagar totalmente esse aspecto, pode-se tentar arranjar o

contrato pedagógico e didático de modo que não impeça o essencial, aprender e

ensinar. Esse contrato produzirá mecanismos de defesa se:

- consideram-se os erros e os obstáculos como ocasiões de aprender

( Astolfi, 1997);

- “trabalha-se explicitamente a relação com o saber e o sentido do

trabalho escolar

- não se imputam as dificuldades de aprendizagem à pessoa do

aluno, à sua família, a seu patrimônio genético, mas às condições

de aprendizagem;

- aceitam-se todas as questões, sem estigmatizar nenhuma, nem

faze-la voltar contra seu autor;

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- fazem-se regulações em torno dos métodos de trabalho, quando se

institui um conselho de classe, considerando suas competências em

relação aos métodos de trabalho e aos dispositivos didáticos;

- desenvolve-se uma cultura que permita a coexistência e a

cooperação de alunos desiguais, com respeito mútuo;

- associa-se os pais à avaliação, mais do que lhes impor;

- reconhece-se a negociação como modalidade legítima de trabalho

em todos os níveis”. (Perrenoud, 1996)

Poderíamos entender essa lista, inspirando-nos nas pedagogias novas.

Esses exemplos são suficientes para expressar um contrato didático pedagógico

de não renunciar à avaliação lúcida, mas modificar o clima, a cultura, as regras do

jogo para que a lucidez não destrua a auto-imagem, a autoconfiança, o orgulho de

pertencer a uma família e a uma cultura, o sentimento de ser capaz.

Afirma Perrenoud (2001)

“Quando se propõe atitudes de auto-socioconstrução dos saberes, não se trata,

em nenhum momento de esconder de uma criança ou de um adolescente suas

dificuldades ou que ainda lhe resta muito a aprender. Quando seu médico lhe diz

que você está doente e que deve tomar medidas enérgicas, você não o acusa de

Ter pensamentos negativos, não lhe atribui a intenção de desmoraliza-lo, você

compreende que ele realiza seu trabalho. Por que, quando toma a forma de um

balanço, a avaliação formativa seria mais complacente do que um diagnóstico?”

3.3 Ensinar e avaliar competências

A abordagem por competências, não tem como objetivo primeiro facilitar a

avaliação lúcida e cooperativa. É, no entanto, um de seus efeitos benéficos. De

fato, não se pode desenvolver e avaliar competências sem uma observação

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qualitativa dos fatos e gestos, palavras, raciocínios, hesitações, estratégias,

decisões, caminhos do sujeito frente a um problema.

Tal observação passa necessariamente por um diálogo, solicita uma parte

importante de auto-avaliação ou, pelo menos, de explicitação. Faz o aluno e o

professor entrarem na complexidade e afasta definitivamente da busca e da

discriminação dos erros. Em suma, trata-se de proceder à análise, crítica e

instrumentada de uma prática de identificação e de resolução de problemas.

A avaliação das competências deverá Ter algumas características que toda

avaliação autêntica deveria respeitar:

- não inclui senão tarefas contextualizadas;

- aborda problemas complexos;

- contribui para que os estudantes desenvolvam mais suas

competências;

- exige a utilização funcional de conhecimentos disciplinares;

- não há qualquer limitação de tempo fixado arbitrariamente quando

da avaliação de competências;

- a tarefa e suas exigências são conhecidas antes da situação de

avaliação;

- exige uma certa forma de colaboração entre pares;

- a correção considera as estratégias cognitivas e metacognitivas

utilizadas pelos estudantes;

- a correção somente considera erros importantes na ótica da

construção das competências;

- os critérios de correção são múltiplos e proporcionam várias

informações sobre as competências avaliadas;

- deve determinar as forças dos estudantes;

- as informações extraídas da avaliação devem considerar as

aptidões dos estudantes, seu conhecimentos anteriores e seu grau

atual de domínio das competências visadas;

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- os mesmos procedimentos de avaliação são exigidos a todos os

estudantes e o apoio necessário está disponível para aqueles que

têm dificuldades;

- a avaliação é guiada pelas exigências da validade ecológica.

Enquanto a escola der tanto peso à aquisição de conhecimentos

descontextualizados e tão pouco a transferência e a construção de competências,

toda avaliação correrá o risco de ser transformar em um concurso de excelência.

Pode-se dizer, para concluir, que não se poderia separar a reflexão sobre

das disciplinas, do contrato pedagógico e didático e dos procedimentos de ensino

e de aprendizagem.

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CONCLUSÃO

Falar de avaliação escolar é sempre difícil, não só por ser este um dos

temas educacionais mais polêmicos, como também pelo fato dos processos

avaliativos na escola envolverem visões, posturas e valores diferenciados.

Contudo, no momento em que a nova LDB da educação Nacional tenta

implementar oficialmente uma nova forma de visualizar a avaliação no interior das

escolas entendemos que o momento é realmente de mudanças, devendo as

escolas investir na capacitação dos professores e no estudo dos novos

procedimentos pedagógicos, que vêem na avaliação diagnóstica formativa uma

das possibilidades de avanço.

Quanto a psicopedagogia como campo interdisciplinar de conhecimentos de

caráter interventivo nas dificuldades de aprendizagem dos alunos, reconhecemos

que sua contribuição é fundamental para os professores dos alunos,

reconhecemos que sua contribuição é fundamental para os professores que atuam

neste primeiro segmento do Ensino Fundamental, no qual os problemas são bem

maiores e as taxas de evasão e repetência ainda alarmantes.

Durante todo o estudo, análise e discussão do tema delimitado, procurou-se

acentuar o caráter duplo da avaliação escolar, que pode ser utilizada como auxílio

para o processo de crescimento e auto-reflexão de alunos e professores como

pode se transformar num recurso de discriminação, exclusão e segregação.

Atualmente, já não é mais uma questão de escolha, mas de romper com os

ranços do passado que produziram o fracasso escolar. Considera-se como

fracasso escolar uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda

da escola.

Neste novo caminhar rumo à avaliação diagnóstica, formativa continuada,

permanente que colabore na construção da autonomia dos sujeitos nesta busca

por construir conhecimentos e superar limitações a avaliação escolar deve ser

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vista como um processo pedagógico, dialético que colabore para a libertação dos

alunos e educadores em suas caminhadas.

Educar para a liberdade é função do professor; educar-se para ser livre é

função do aluno, e isso só se concretiza na interação aluno/professor, aluno/aluno,

aluno/conhecimento.

Avaliar é um ato de amor que nos conduz a novos e diferentes caminhos e

realizações.

Queiramos ou não a avaliação é uma potente arma que pode destruir ou

construir a aprendizagem.

A avaliação e a aprendizagem são indissociáveis e pressupostos básicos

para o sentido da vida.

“Ninguém jamais ensinou nada a ninguém”, “o aluno é o agente da sua

própria aprendizagem. Nenhum professor sabe tudo, ele deve ser grato às

perguntas que o levam a descobrir as respostas juntamente com os seus alunos”.

Carl Rogers/ Ilza Sant’Ánna

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São Paulo: Papirus, 1991.

BECKER, Fernando. A Epistemologia do professor: o cotidiano da escola.

Petrópolis: Vozes, 1993.

GARDNER, Howard. Inteligência Múltiplas a teoria na prática. Porto Alegre: Artes

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HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-

escola à universidade. Porto Alegre: Educação & Realidade, 1993.

LUCKESI, Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem escolar. 3a ed. São

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PERRENOUD, Phillippe. Avaliação – Da excelência à regulação das

aprendizagens – Entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

SALVADOR, César C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento.

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SAUL, Ana Maria. Avaliação emancipatória: desafio à teoria e à prática de

avaliação e reformulação de currículo. São Paulo: Cortez Autores Associados,

1988.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação Concepção dialética-libertadora do

processo de avaliação. São Paulo: Libertad, 1995.

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ANEXO

Índice de anexo

Anexo 1>> Internet

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ANEXO 1

INTERNET

www.viajus.com.br/artigos

ABORDAGEM PRELIMINAR AVALIAÇÃO ESCOLAR: UMA PROPOSTA PARA REFLEXÃO NA SALA DE AULA Gilmar J. Fava A trajetória da Educação brasileira vem sendo marcada pelo fracasso escolar, pelos altos índices de repetência, evasão e analfabetismo, o que têm gerado amplas discussões mo cenário nacional, em busca de se garantir uma aprendizagem de qualidade. Esforços em vários aspectos são feitos para construir alternativas que venham provocar mudanças estruturais na escola como um todo e na prática pedagógica dos professores. Diante deste cenário, é necessário que a Secretária de Educação e Cultura, através de um planejamento Estratégico, empreenda esforços para que essas questões possam ser amenizadas de forma que se garanta melhoria da qualidade do ensino público, tendo para isso, a mobilização dos educadores para repensarem a prática educativa e elaborarem um documento que possa orientar e nortear o processo avaliativo, dentro de uma abordagem social e interacional. Desse modo, a construção de uma proposta de avaliação da aprendizagem deve ter início a partir de estudos de diversos referencias bibliográficos, Propostas Curriculares de alguns estados e municípios, e tendo como parâmetros a legislação vigente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação número 9394/96, dentre outras e resultados de Pesquisas Nacionais, Estaduais e Municipais, bem como o relato de experiências vivenciadas por professores. Poder-se-ia, numa versão preliminar, passar-se por um processo de discussão e reconstrução na qual possam participar professores de toda a rede de ensino e técnicos da SE, o que a tornaria mais legítima e próxima de nossa realidade, cuja finalidade seria de se apresentar diretrizes que poderiam nortear o processo de avaliação da aprendizagem, reconhecendo-se a complexidade que é a prática avaliativa, e se acreditar que a avaliação da aprendizagem pode ocorrer de forma humana, inclusiva e coerente com o dinamismo da sociedade contemporânea e suas implicações em que o indivíduo se constrói educativamente.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da Pesquisa: A Avaliação na Perspectiva da Construção do Conhecimento

Data da Entrega:.........................................................................................................

Auto Avaliação: Como você avaliaria este trabalho?

....................................................................................................................................

....................................................................................................................................

....................................................................................................................................

....................................................................................................................................

....................................................................................................................................

.................................................................................................................................. .

Avaliado por:..........................................................Grau............................ .

..................................,............de...........................de 200.....