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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Abordagem Neurocientífica das áreas comprometidas do cérebro no espectro do autismo. Por: Cristhiany de Jesus Santos Orientador Prof. Marta Relvas Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · visual dependente, então deste sistema sensorial e da atenção seguido do ... pelo controle da fonação. Ainda, segundo o referido

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Abordagem Neurocientífica das áreas comprometidas do cérebro no espectro do autismo.

Por: Cristhiany de Jesus Santos

Orientador

Prof. Marta Relvas

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Abordagem Neurocientífica das áreas comprometidas do cérebro no espectro do autismo.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neurociência Pedagógica

Por: Cristhiany de Jesus Santos.

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AGRADECIMENTOS

....A Deus, sempre e por todas as

coisas, pela oportunidade de aqui

estar, pelos dias felizes, pela saúde,

pelo trabalho, pela família abençoada

que me destes, pela vida... Obrigada

Senhor!

A orientadora, Marta Relvas, mulher de

fibra, admirável precursora na área de

neuroeducação. Obrigadada por nos

fazer olhar a educação com um olhar

diferenciado.

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DEDICATÓRIA

..... aos meus amores; Marciano Lima ,luz

da minha vida, pelo inestimável apoio de

sempre e minha filha linda; Camila,

alegria da minha vida e responsável por

minha realização como mãe. Se tento ser

melhor, tento para vocês.

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RESUMO

O presente trabalho refere-se a um estudo de cunho bibliográfico sobre

linguagem, os comprometimentos nas áreas responsáveis no processo de

comunicação e linguagem, posteriormente sobre o autismo e o

comprometimento da linguagem em um cérebro autista.

O autismo é uma síndrome, portanto um conjunto de sintomas, presente

desde o nascimento e que se manifesta invariavelmente antes dos 3 anos de

idade. Ele é caracterizado por respostas anormais a estímulos auditivos e/ou

visuais e por problemas graves na compreensão da linguagem oral.

Para esta pesquisa, serão ressaltados os aspectos neurocientíficos e

anatomofisiológicos da linguagem. As áreas da linguagem anatômicas mais

complexas constam da área de Broca, ou área 44 e parte da área 45 de

Brodmann, área de Wernicke, ou área 42 de Brodmann.

A expressão verbal depende da área de Broca localizada no giro frontal

inferior; no córtex das bordas posteriores do sulco temporal superior encontra-

se na área de Wernicke classicamente responsável pela compreensão e

interpretação simbólica da linguagem.

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METODOLOGIA

Para a realização desta pesquisa, será necessária leituras de bibliografias diversas relacionadas a área neurocientífica, pedagógica e autismo.

A metodologia empregada, constitui-se de uma pesquisa bibliográfica de

cunho dissertativo. Buscou-se para fundamentar esta pesquisa, vários autores, dentre eles, Carlos Gadia (2006), Lou de Oliver (2011), Marta Pires Relvas (2010), Michael Gazzaniga (2006), referências on line, PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, 2004, entre outros.

Observou-se que no autista, prevalece os problemas na linguagem, na

socialização, que as áreas responsáveis pela linguagem e comunicação são comprometidas.

Portanto, faz-e necessária uma abordagem inicial sobre a linguagem,

como é o processo normal da linguagem e posteriormente o que é o autista, e como são afetadas as áreas da linguagem no cérebro autista. .

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SUMÁRIO

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Organização da linguagem no cérebro humano 09

CAPÍTULO II - Autismo 18

CAPÍTULO III – Intervenções Neuropedagógicas em Casos de Autismo 27

CONCLUSÃO 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34

WEBGRAFIA 36 ÍNDICE 37

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho, é um estudo aprofundado de quais áreas do

cérebro de um autista são comprometida, oriundo de como é organizada a linguagem no cérebro humano.

O objeto de estudo refere-se especificamente como entender os

substratos neurais do léxico mental no autista. O estudo necessita inicialmente levantar questões abrangentes sobre o cérebro humano.

Dentro do tema escolhido, a partir do entendimento neurofuncional, o

educador adquirirá possibilidades de comunicação com o indivíduo autista, auxiliando de forma precisa onde é exatamente a sua deficiência, possibilitando portanto condições favoráveis ao trabalho nesta área.

Para se chegar a esse conhecimento, foi estudado através das diversas

leituras, podemos justificar que pacientes autistas sofrem perda na capacidade de linguagem, assim como podemos inferir diversas coisas acerca da organização funcional do léxico mental. .

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CAPÍTULO I

Organização da Linguagem no Cérebro Humano

1.1. Aspectos neurobiológicos da linguagem

A linguagem é um exemplo de função cortical superior, cujo desenvolvimento se sustenta, de uma forma, em uma estrutura anatomofuncional geneticamente determinada e,de outra, em um estímulo verbal que depende do ambiente. Segundo Marta Pires Relvas a capacidade de se comunicar é extremamente complexa e envolve todas as áreas cerebrais, para que se desenvolvam.

As observações relacionadas ao cérebro e linguagem, iniciciaram-se partir das observações e dos estudos sobre as patologias da fala. Conforme Lent (1994), Jakubovicz e Cupello (1996) e Rocha (2000), no século XIX, Marc Dax observou que lesões no hemisfério esquerdo acarretavam um importante distúrbio da capacidade lingüística, levando os pacientes à incapacidade em falar. Paul Broca, em 1961 confirmou esta referida ovação, pois o mesmo acreditava no princípio da localização, isto é, o tipo e o grau da afecção é diretamente proporcional ao local e à extensão da lesão sobre a massa encefálica.

A função da linguagem é bastante complexa,envolve uma rede de neurônios distribuída entre diferentes regiões cerebrais. Um indivíduo em contato com os sons do ambiente, a fala engloba múltiplos sons que ocorrem simultaneamente, em várias freqüências e com rápidas transições entre estas. O ouvido tem papel de sintonizar este sinal auditivo complexo, decodificá-lo e transformá-lo em impulsos elétricos, os quais são conduzidos por células nervosas à área auditiva do córtex cerebral, no lobo temporal e, então, processa novamente os impulsos, os transmite às áreas da linguagem, armazena o sinal acústico por um período de tempo.

“Linguagem é a expressão e a recepção de idéias e sentimentos” (Critchley, 1975)

De acordo com o artigo “ Distúrbios da Aquisição da Linguagem e da Aprendizagem”, 2004; A área de Wernicke, situada no lobo temporal,

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reconhece o padrão de sinais auditivos e os interpreta para formar conceitos ou pensamentos, ativando um grupo distinto de neurônios para diferentes sinais.

Em consonância, neurônios da porção inferior são ativados no lobo

temporal, os quais formam uma imagem do que se ouviu, e os neurônios do lobo parietal, que armazenam conceitos relacionados. E dessa forma, a rede neuronal envolvida forma uma complexa central de processamento.

A atividade das redes neuronais convergentes assegura a compreensão e a expressão da linguagem. Ativadas, estas redes reconstituem os conhecimentos para remetê-los à consciência, onde estimulam os centros de mediação entre conceitos e linguagem e onde permitem a formulação correta de palavras e estruturas sintáticas associadas aos conceitos. Como o cérebro registra simultaneamente aspectos variados das percepções e das ações, estas redes produzem também representações simbólicas como as metáforas.

Segundo Carlos Gadia(2006) verbalização de um pensamento, acontece inversamente. Inicialmente, é ativada uma representação interna do assunto, que é canalizada para a área de Broca, na porção inferior do lobo frontal, e convertida nos padrões de ativação neuronal necessários à produção da fala. Também estão envolvidas na linguagem áreas de controle motor e as responsáveis pela memória.

Segundo Relvas(2010), os dois hemisférios cerebrais são idênticos quando visualizados macroscopicamente, entretanto, funcionalmente, eles são diferentes, existindo atividades nervosas superiores que são desenvolvidas unicamente por um dos lados. A frente do sulco central, estão situados o lobo frontal e a área pré-frontal, que é importante para o controle da fala. O córtex situado ao redor da fissura lateral, é denominado de região perissilvana, em cuja porção controla a compreensão da linguagem.

O hemisfério cerebral esquerdo é responsável por 98% do domínio e do

controle da linguagem falada e escrita. Os movimentos do corpo são comandados pelo hemisfério cerebral do lado oposto. Em uma pessoa destra, o hemisfério dominante é o esquerdo. Na fissura lateral ou de Sylvius está localizada a área de Broca anteriormente e a área de Wernicke posteriormente.

A expressão verbal depende da área de Broca localizada no giro frontal inferior, no córtex das bordas posteriores do sulco temporal superior encontra-se na área de Wernicke classicamente responsável pela compreensão e interpretação simbólica da linguagem. Os estudos de neuroimagem para

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entender as bases biológicas da leitura nos permitem conhecer os mecanismos cognitivos do aprendizado em geral.

O processo de leitura depende da decodificação das palavras, fluência e compreensão da escrita. Na leitura, processo, ocorre primeiramente a análise visual dependente, então deste sistema sensorial e da atenção seguido do processamento lingüístico da leitura, para a associação grafema-fonema e leitura da palavra.

Neste processo, fazem parte, a região occipital onde se localiza o córtex

visual primário, associada ao processamento dos símbolos gráficos e áreas do lobo parietal, associadas à função viso-espacial diretamente relacionadas ao processo gráfico.

Frequentemente, a fala caracteriza-se tem características relacionadas à articulação, ressonância, voz, possíveis problemas do desenvolvimento, atingindo 3 a 15% das crianças, e podem ser classificadas em atraso, dissociação e desvio.

Como afirma Rocha (1999), a área de Broca é a área cortical responsável pelo controle da fonação. Ainda, segundo o referido autor, a motricidade dos músculos da face, língua, faringe e laringe, é controlada pelos nervos cranianos trigêmio, facial, hipoglosso e acessório. Para o autor, os atos motores de fonação são organizados pela área de Broca (córtex pré – motor) que controla o córtex motor associado a musculatura dos órgão fonoarticulatórios (OFAS).

Portanto, o papel da área de Broca é organizar os atos motores para

produzir distintos fonemas que constituem palavras de uma frase. O autor afirma que parte desta informação é enviada, ao mesmo tempo em que é transmitida para os núcleos dos nervos cranianos anteriormente citados. O cerebelo é responsável pela seqüenciação dos movimentos na fala e pela monitoração da fonação, ou seja, se o ato motor foi executado da forma anteriormente planejada.

“A fonação acontece de forma dependente dos circuitos neurais para a movimentação automatizada da mandíbula, língua, músculos toráxicos e diafragma. Para isso é necessário a participação dos núcleos de base (Globo Pálido, Substância Negra, Núcleo Rubro, Núcleo caudado) sendo estas, estruturas sub-corticais controladoras do automatismo motor. A proção fonética é realizada através da área de Broca e transmitida ao córtexmotor por meio desses núcleos.”(ROCHA, 1999)

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A área de Broca é responsável pela organização fonética da fala e esta localizada, geralmente no hemisfério esquerdo. Já as áreas encarregadas da organização da prosódia (entonação, segmentação suprafonética, modulação emocional e etc.) estão localizadas no córtex frontal direito. Desta forma é que são possíveis trocas de informações entre os dois hemisférios paraintegração entre a programação fonética e a prosódia, estas trocas são realizadas através do corpo caloso.

“Neurônios distribuídos no

tronco cerebral, entre os núcleos cocleares e os colículos superiores, especializam-se em reconhecer características dos fonemas utilizados pelas línguas humanas.”(ROCHA, 1999)

Os neurônios do tronco cerebral são ativados por características que são restritas a cada fonema. No núcleo geniculado medial são recebidas informações do tronco cerebral, no qual os fonemas foram identificados para o reconhecimento de radicais de palavras, prefixos nominais, conjugações verbais, etc. Logo após, os neurônios talâmicos transferem os resultados do processamento realizado para o córtex auditivo.

“Os circuitos

interhemisféricos são capazes de veicular informações de um lado a outro do cérebro. Os neurônios calosos são essencialmente células de forma piramidal cujas fibras arborizam extensamente no córtex oposto, onde exercem efeitos excitatórios sobre neurônios-alvos de tipos diversos. O corpo caloso sugere a existência de assimetrias morfológicas e funcionais dos hemisférios cerebrais e que a linguagem é um exemplo típico dessa assimetria”.( LENT, 1994)

De acordo com Gazzaniga, (2006); a linguagem é a única entre as funções mentais em que apenas humanos possuem um sistema verdadeiro de linguagem. Como é organizada a linguagem no cérebro humano e o que esta organização funcional e anatômica pode dizer acerca da arquitetura cognitiva do sistema de linguagem. Sabe-se há mais de um século que regiões ao redor da fissura de Sylvius em análises detalhadas dos efeitos de lesõesdo hmisfério dominante esquerdo participam da compreensão e da produção da linguagem.

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Entretanto, modelos clássicos são insuficientes para compreender as computações que fornecem a base da linguagem. Novas formulações, com base em análises detalhadas dos efeitos de lesões neurológicas (apoiadas por aprimoramentos em análise de imagens estruturais), neuroimagem funcional, eletrofisiologia humana e modelos computacionais fornecem agora algumas modificações surpreendentes de antigos modelos. O processamento da linguagem envolve representar, compreender e comunicar informação simbólica, seja escrita ou falada. Durante a leitura e a escrita, as questões mais importante são como os significado de como as palavras são armazenadas no encéfalo e como se tem acesso a eles via sinais de entrada visuais ou auditivos

“Áreas especializadas no encéfalo codificam os sinais de entrada da linguagem e produzem sinais de eferência, mas a riqueza da capacidade lingüística escapa a uma análise simples da organização da linguagem. As características mais significativas são seu tempo de processamento surpreendentemente rápido e seu amplo depósito”.( Gazzniga, 2006)

No entanto, o sistema da linguagem humano é complexo, e ainda há muito para ser aprendido acerca de como a biologia do cérebro permite a riqueza do discurso e a compreensão da linguagem que caracterizam a vida diária.

O futuro da pesquisa em linguagem é promissor a medida em que

modelos psicolingüísticos combinam-se com a neurociência para elucidar o código neural para essa singular capacidade mental humana.

1.2. Aspectos gerais da linguagem deficiente

Segundo Gazzaniga, (2006); a complexidade do sistema de linguagem, assim como a ausência de um modelo de linguagem animal, entretanto, retarda a elucidação de sua estrutura e de seu mecanismo neural, e assim, a batalha para esclarecer os mecanismos neurais da linguagem contínua a ser um dos grandes desafios científicos para a neurociência cognitiva.

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O ser humano é incapaz de descrever o mapeamento das detalhadas e definidas funções psicolingüísticas do sistema de linguagem na complexa estrutura anatômica do cérebro.

O autor ainda afirma que embora as evidências atuais acerca da

organização das funções da linguagem no cérebro estejam muito além dos modelos clássicos, estes ainda influenciam muito o pensamento atual.

As alterações da linguagem situam-se entre os mais freqüentes

problemas do desenvolvimento, atingindo 3 a 15% das crianças, e podem ser classificadas em atraso, dissociação e desvio. A etiologia das dificuldades de linguagem é diversa e pode envolver fatores orgânicos, intelectuais/ cognitivos e emocionais (estrutura familiar relacional), ocorrendo, na maioria das vezes, uma inter-relação entre todos esses fatores.

Sabe-se que as dificuldades de aprendizagem também podem ocorrer

em concomitância com outras condições desfavoráveis (retardo mental, distúrbio emocional, problemas sensório-motores) ou, ainda, ser acentuadas por influências externas, como, por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente ou inapropriada.

Afasia é a denominação dada a alguns dos distúrbios da linguagem falada causados por acidentes vasculares cerebrais na sua fase aguda. Entretanto, nem todos os distúrbios da linguagem podem ser chamados de afasia. São chamados de afasia apenas aqueles que atingem regiões realmente responsáveis pelo processamento da linguagem e não distúrbios do sistema motor, do sistema atencional, e outros que seriam apenas coadjuvantes do processo. Diferentemente de um doente que não consegue falar devido a paralisia de um nervo facial, os portadores de afasia podem apresentar problemas de linguagem sem ter qualquer problema no funcionamento muscular facial.

Segundo Lent (2002), as afasias são classificadas em afasia de expressão, de compreensão e de condução, de acordo com os sintomas do paciente e com a região cerebral atingida.

A afasia de Broca é também chamada de afasia motora ou não-fluente, já que as pessoas têm dificuldade em falar mesmo que possam entender a linguagem ouvida ou lida. Pessoas com esse tipo de afasia têm dificuldade em dizer qualquer coisa, fazendo pausas para procurar a palavra certa (anomia). A marca típica da afasia de Broca é um estilo telegráfico de fala, no qual se

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empregam, principalmente, palavras de conteúdo (substantivos, verbos, adjetivos), além da incapacidade de construir frases gramaticalmente corretas (agramatismo). É provocada por lesões sobre a região lateral inferior do lobo frontal esquerdo.

Quando Broca descreveu pela primeira vez o distúrbio agora conhecido como afasia de Broca, ele o denominou de afemia e o relacionou com uma lesão no córtex frontal ventral lateral esquerdo nas regiões anatômicas conhecidas como pars triangularis e pars opercularis, mais tarde definidascitoarquitetonicamente como áreas de Brodmann 44 e 45, e comumente referidas agora como área de Broca. Gazzaniga, 2006, pag. 404.

Em Gazzaniga, 2006, pag. 405, afasia de Wernicke é basicamente um distúrbio de compreensão da linguagem. Pacientes com essa síndrome apresentam problemas para compreender a linguagem falada e escrita e, algumas vezes, não conseguem entender coisa alguma. Eles são isolados da comunicação com os outros devido a seus problemas de compreensão e não conseguem falar sentenças com significado.

Pacientes de Wernicke, segundo o autor, podem produzir um discurso aparentemente fluente, ao contrário dos padrões quebrados do discursondos afásicos de Broca, porém falam coisas sem sentido.

A síndrome conhecida como afasia de Wernicke foi inicialmente relacionada com a área hoje denominada área de Wernicke, nos estudos clássicos do século XIX, iclui o terço posterior do GTS. Entretanto, deficiências na compreensão da linguagem também são causadas por lesão na junção entre os lobos parietal e temporal, incluindo os giros supramarginal e angular. Gazzaniga, 2006, pag. 405.

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A afasia de compreensão ou afasia de Wernicke atinge uma região cortical posterior em torno da ponta do sulco lateral de Sylvius do lado esquerdo. Os pacientes não conseguem compreender o que lhes é dito, emitem respostas verbais sem sentidos não conseguem demonstrar compreensão através de gestos. Apesar de possuir uma fala fluente, ela não tem sentido pois não compreendem o que eles mesmos dizem. Na afasia de Broca, a fala é perturbada, mas a compreensão está intacta, na afasia de Wernicke, a fala é fluente, mas a compreensão é pobre.

A afasia de condução é provocada por lesão do feixe arqueado, feixes que conectam a área de Broca com a área de Wernicke. Os pacientes seriam capazes de falar espontaneamente, embora cometessem erros de repetição e de resposta a comandos verbais.

“Assim como no caso da afasia de Broca e da área de Broca, algumas vezes as lesões que poupam a área de Wernicke ainda determinam deficiências na compreensão. Em um estudo de 70 pacientes com afasia de Wernicke, sete apresentavam lesões restritas a regiões fora da área de Wernicke. Em contraste, alguns pacientes que apresentavam afasia de Wernicke podiam ser capazes de compreender melhor conforme suas afasias melhoravam com o tempo, levando a afasia moderada ou mesmo apenas uma síndrome anômica.” Gazzaniga, 2006. Pág, 405.

A proposta de prejuízo no acesso ao léxico, surgiu, por exemplo, de experimentos com priming de palavras. Alguns estudos concluíram que afásicos de Broca não apresentam priming semântico em tarefas de decisão lexical, embora indivíduos-controle normais e afásicos de Wernicke apresentem latências de reação mais rápidas para as palavras relacionadas a palavra primária. O autor afirma que, correlatos anatomicamente da afasia, portanto, podem não apreender as alterações fisiológicas no cérebro que acompanham a síndrome afásica. Esses achados recorda das falhas do método de correlação anatômica para determinar a anatomia funcional da linguagem humana. Uma

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certeza que existe a respeito disso é a necessidade de dados obtidos por múltiplos métodos, a fim de exaurir as formas de organização da linguagem.

De acordo com o artigo “Alterações da Linguagem”, site: www.psiqweb.med.br, afasia pode ser entendida como uma perturbação da linguagem caracterizada pela perda parcial ou total da faculdade de exprimir os pensamentos por sinais e de compreender esses sinais. Alguns autores referem a Afasia como a perda da memória dos sinais pelos quais se realiza a troca idéias. De qualquer forma, o fato dominante na Afasia é a incompreensão da palavra falada e a impossibilidade, em grau variável, de ler ou de escrever.

A definição de Afasia segundo o artigo, exclui as perturbações restritas à função da linguagem (Dislexia) e que estão sob a dependência de uma desorganização global do funcionamento cerebral, tal como acontece na confusão mental. Ela exclui, também, as dificuldades de comunicação resultantes de uma alteração do aparelho sensorial (surdez, cegueira), ou do sistema motor, como ocorre na Disartria ou na hemiplegia, os quais intervêm normalmente na percepção e/ou na expressão da lingüística.

Assim sendo,de acordo com o artigo em questão, para o diagnóstico da Afasia é importante que ela aconteça sem que haja alguma patologia dos aparelhos sensoriais e sem que hajam paralisias capazes de impedir a elocução da palavra oral ou sua expressão escrita. A Afasia sempre diz respeito à perda dos conhecimentos de linguagem adquiridos, o que normalmente se acompanha de algum prejuízo das funções intelectuais. Seria, então, a perda da inteligência específica da linguagem, tanto para expressar o pensamento por meio da palavra oral ou gráfica, quanto para compreender a palavra falada ou escrita (na Afasia motora pode estar preservada a capacidade de compreender).

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CAPÍTULO II

AUTISMO O termo autismo tem origem grega: "autos" significa "de si mesmo".De

acordo com Lou de Oliver, 2011, pág. 111; autismo pode ser definido como uma alteração cerebral, afetando a comunicação do indivíduo com o meio externo. Isso atrapalha ou impede a capacidade de estabelecer relacionamentos, reconhecer pessoas e/ ou objetos, tornando o indivíduo alienado em relação ao ambiente. Alguns autistas apresentam normalidade na inteligência e fala, enquanto outros apresentam também retardo mental, mutismo ou outros retardos no desenvolvimento da linguagem.

Podem ainda ser fechados e distantes, presos a comportamentos

restritos e a rígidos padrões de comportamentos restritos e a rígidos padrões de comportamento. As vezes, podem desenvolver rituais em outros distúrbios, como balançar-se, agitar as mãos e os braços, entre outros.

O autismo pode ser entendido como um distúrbio que pode variar do

grau leve ao severo, sendo considerado como limitrofia, em casos leves. Alguns podem ser diagnosticados como indivíduos com traços autísticos e, entre outros, também podem ser vistos como portadores da Síndrome de Asperger, que é considerada por muitos, um tipo de autismo com inteligência normal.

Indivíduos com espectro autista enfatizam traços anômalos da fala,

como a escolha de palavras pouco usuais, inversão pronominal, ecolalia, discurso incoerente, crianças não-responsivas a questionamentos, prosódia aberrante e falta de comunicação. Estudos reconhecem a ausência de fala em alguns indivíduos ao grau de severidade do autismo, à tendência a retardo mental ou a uma inabilidade de decodificação auditiva da linguagem.

A compreensão e a pragmática no autista, estão diferentemente

afetadas, e nas circunstâncias incluem prosódia aberrante, ecolalia imediata e/ou tardia e perseveração (persistência inapropriada no mesmotema). Demais sintomas estão também presentes, distinguindo essas crianças daquelas com apenas atraso de linguagem; nos sintomas incluem, particularmente, perturba- ções da comunicação não-verbal, comportamentos estereotipados e perseverantes, interesses restritos e/ou inusuais e alteração das capacidades sociais.

O Autismo Infantil foi definido por Kanner (Kanner L. Autistic

disturbances of affective contact. Nervous Child. 1943), sendo inicialmente

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denominado Distúrbio Autístico do Contato Afetivo, como uma condição com características comportamentais bastante específicas, tais como: perturbações das relações afetivas com o meio, solidão autística extrema, inabilidade no uso da linguagem para comunicação, presença de boas potencialidades cognitivas, aspecto físico aparentemente, normal, comportamentos ritualísticos, início precoce e incidência predominante no sexo masculino.

Uma peculiaridade importante da criança com autismo é a falta de relacionamentos sociais. Constantemente isolada, não conforta seus pais e muitas vezes não admite ser confortada por estes, estranhos parecem ser conhecidos para eles, não é cooperativa e parece não se importar com sentimentos e interesses das pessoas. Age como se fosse surda e às vezes é agressiva e destrutiva. Apresenta atraso ou ausência total de na aquisição da linguagem. Quando fala, não inicia e nem mantêm uma conversação, ou seja, não usa a fala para a comunicação.

Antigamente, supunha-se uma causa orgânica, mas com o avanço da

literatura psicanalítica surgiu a hipótese de que os pais seriam, de certa maneira, os causadores desta problemática. Atualmente, esta teoria caiu totalmente em desuso devido à enorme gama de estudos científicos, documentando um comprometimento orgânico neurológico central. Esta mudança nos conceitos obriga a uma reformulação teórica, difícil de ser aceita por certos grupos que até então detinham o controle e o poder de tratamento destas crianças e que se vêem ameaçados com estas novas descobertas. É importante que os pais tenham conhecimentos atualizados para poderem questionar ou escolher o tratamento adequado para seus filhos.

De acordo com Relvas, 2010, pag.78, as características mais comuns

que podem variar de intensidade e cujapresença não é obrigatória, são: - não establecer contato com os olhos; - parece que não escuta; - pode desenvolver a linguagem, porém repentinamente pode

interromper; - age como se não tomasse conhecimento do que acontece com os

outros; - agride pessoas sem motivos; - é inascessível perante as tentativas de comunicação; - restringe-se e fixa-se em poucas coisas, ao invés de explorar o

ambiente; - apresenta certos gestos imotivados, como balnçar as mãos ou

balançar-se; - cheira ou lambe os brinquedos ou os objetos; - mostra-se insencível ao ferimento, podendo ferir-se intencionalmente.

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Alguns casos de autismo tem a causa identificada, como por exemplo,

crianças com Sindrome de X Frágil, neurofibrimatosa, rubéola congénita. A interrelação não ocorre sistemáticamente, ou seja, nem todos os casos evoluem para um autismo. Entretanto, a maioria não tem causa e nenhum exame mostra qualquer lesão no sistema nervoso para justificar tão complexo comprometimento no comportamento e na cognição.

A lesão neurológica pode não restringir a área de comportamento, outras

áreas cerebrais podem estar lesadas, levando a quadros neurológicos dos mais variados: deficiencia mental, transtornos de atenção e hiparatividade, crises eplépticas, déficits motores, falta de coordenação, diagnosias, apraxias.

Lou de Oliver, 2011, pág.112 afirma que o autismo, atualmente pode ser

asociado a diversas sídromes, mas isso debe ser visto com cuidado, levando-se em conta a margen de erro de diagnóstico a as características de cada síndrome. Os síntomas podem variar amplamente e, por isso, prefere-se definir o autismo como um espectro de transtornos, onde a característica básica é a tríade de comprometimentos que confere uma característica comum a todos eles.

Além destes síntomas, existem diversas síndromes identificáveis

genéticamente ou que apresentam quadros de diagnósticos, que também estão englobadas no espectro do autismo. A tríade é reconhecida por falhas ou dificuldades (qualitativas) na comunicação, na interação social e, como consequenia vem as dificuldades comportamentais.

Estas falha e dificuldade qualitativa da comunicação, pode ser entendida

como a dificuldade de utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal (isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal).

Dentro da grande variação neste transtorno, podem-se encontrar

austistas sem linguagem verbal e com dificuladades na comunicação (ausencia ou falha de uso de gstos, ausencia de expressão facial, entre outros), como também é possível encontrar autistas com linguagem verbal, mas sem fluencia, ou então, de forma repetitiva e/ou não comunicativa, ou ainda, apenas repetindo o que lhes foi dito, o que é conhecido como ecolalia imediata. Ou podem também repetir frases ouvidas em momentos anteriores (horas ou días), o que é chamado de ecolalia tardia.

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Sobre falha e dificuldade qualitativa na sociabilização, que são os pontos cruciais no autismo, pode-se estar sujeitos a gerar falsas interpretações. A falha ou a dificuldade está na relação com outras pessoas, na incapacidade do altista de compartilhar sentimentos, emoções, gestos, gostos e em não conseguir diferenciar as pessoas umas das outras, e em alguns casos, pessoas de objetos.

Sobre falhas e dificuldades qualitativas na imagin ação,pode-se

caracterizar por rigidez e inflexibilidade, estendendo-se as varias áreas do pensamento, da linguagem e do comportamento do autista, podendo apresentar comportamentos obsessivos e ritualísticos ( o que o assemelha ao TOC), incompreensão ou pouca compreensão da linguagem, irritabilidade diante de mudanças desde as mais simples até as mais severad e falhas ou dificuldads em procesos criativos.

Para Eugênio Cunha, (Autismo Infantil, Práticas educativas na escola e na família) o autismo pode aparecer nos primeiros anos de vida ou durante o período do desenvolvimento da criança. Normalmente, as anormalidades se tornam aparentes por volta da idade de três anos. Alguns números relatam que a taxa média de prevalência do Transtorno Autista é de cerca 15 casos por 10.000 indivíduos, sendo mais comum entre os meninos.

Durante muitos anos, a leitura psicanalítica enfatizou o papel da função materna e paterna no aparecimento do autismo. Hoje, sabe-se que o autismo é um transtorno Invasivo, e as pesquisas científicas creditam o comprometimento a alterações biológicas, hereditárias ou não. É um conjunto de sintomas, onde a capacidade para pensamentos abstratos, jogos imaginativos e simbolização fica severamente prejudicada. A criança cria formas próprias de relacionamento com mundo exterior. Não interage normalmente com as pessoas, inclusive com os pais, e nem manuseia objetos adequadamente, gerando problemas na cognição, com reflexos na fala, na escrita e em outras áreas.

A observação é extremamente relevante na avaliação do grau de autismo. Na escola, deve-se utilizar o afeto e atentar para os estímulos peculiares do autista para conduzi-lo ao aprendizado, porque na educação quem mostra o caminho é quem aprende e não quem ensina. Ainda que o espectro demande cuidados por toda a vida, o derrotismo é o maior inimigo da criança. É fundamental que a concepção na educação não seja centrada apenas na patologia, mas principalmente no indivíduo. O processo educacional limitado à concepção do déficit pode tornar a prática pedagógica restritiva, mas apoiada nas necessidades do aprendente e no amor do educador gera autonomia.

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Algumas crianças autistas, com inteligencia mais desenvolvida, podem demonstrar uma grande fixação por determinados asuntos, geralmente não relacionados a sua idade, quase sempre asuntos de difícil entendimento ou até mesmo uma rapidez para cálculos ou rápida e grande capacidade para memorização, que pode ser confundida com extrema superioridade no nível de inteligencia. Debe-se verificar bem esta característica que, quando se apresenta, não deixa de ser uma superioridade de inteligencia, mas apenas para camuflar o aspecto autista de alienação.

2.1. Considerações sobre linguagem no autista

De acordo com Carlos Gadia 2006, hoje sabe-se que o autismo não é uma doença única, mas sim um distúrbio de desenvolvimento complexo, que é definido de um ponto de vista comportamental, que apresenta etiologias múltiplas e que se caracteriza por graus variados de gravidade. Na manifestação clínica dos diferentes quadros observa-se a influência de fatores associados que não necessariamente fazem parte das características principais do autismo. Entre eles cita-se como de grande importância a habilidade cognitiva.

"Características dos transtornos de linguagem em crianças autistas são as dificuldades de fazer a transição de um evento para outro e de usar a linguagem para interagir socialmente." (GADIA, 2006, p. 427).

Os diferentes graus de possibilidades na comunicação, nas habilidades sociais e nos padrões de comportamento na criança autista motivaram a expressão transtornos globais do desenvolvimento (TGDs), que constituem o espectro dos transtornos autistas.

Os comportamentos que definem o autismo incluem déficits qualitativos

na interação social e na comunicação, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de interesses e atividades.

“As dificuldades na interação social em crianças autistas podem manifestar-se como isolamento ou comportamento social impróprio; pobre

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contato visual; dificuldade em participar de atividades em grupo; indiferença afetiva ou demonstrações inapropriadas de afeto; e falta de empatia social ou emocional. Ele afirma que com o passar dos anos muitos sintomas podem se tornar mais suaves, mas adolescentes e adultos com altismo tem interpretações equivocadas a respeito de como são percebidos por outras pessoas, e o adulto autista, mesmo com habilidades cognitivas adequadas, tende a isolar-se.” Carlos Gadia, Transtorno da Aprendizagem. Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar, 2006

A comunicação pode apresentar diferentes graus de dificuldades, tanto na habilidade verbal quanto na não verbal, de compartilhar informações com os outros. Algumas crianças não desenvolvem habilidades de comunicação. Outras tem uma linguagem imatura, caracterizada por jarjão, ecolalia, reversões de pronomes, prosódia anormal, entonação monótona, etc.

Alguns autistas adquirem habilidades verbais, mas apresentam déficits

persistentes em estabelecer conversação, por falta de reciprocidade. Uma peculiaridade no autista é a dificuldade em compreender o aspecto abstrato da comunicação, como sutilezas de linguagem, piadas ou sarcasmo, bem como problemas para interpretar a linguagem corporal e expressões faciais.

“Estudos tem demonstrado que testes de capacidade cognitiva, particularmente o QI verbal, aprentam um fator preditivo em relação a possibilidade de vida independente funcional na idade adulta. O QI não verbal, bem como a presença de linguagem comunicativa, é um importante fator prognóstico”. CARLOS GADIA, Transtornos da Aprendizagem- 2006

Para Lou de Oliver, pág, 114, a pesar de muitos afirmarem não haver

uma causa conhecida para o autismo, já houve estudos, mesmo questionados, citando a hiperoxigenação logo após o nascimento e em pesquisa realizada pelo autor sobre anoxia perinatal, apresentaram mais tendencia ao autismo. Nesta linha de raciocinio, o autor afirma que entende-se que a oxigenação cerebral pode ter forte influencia no autismo.

O autismo pode ainda não ter uma única causa, mas sem dúvida, são muitas as opções que podem e devem ser citadas até mesmo para se incentivar a

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continuidade de pesquisas e, futuramente, novas descobertas em relação a este importante disturbio.

“É comum um bebê parecer normal, estabelecendo contato visual, reconhecendo país e parentes próximos, tendo habilidade para segurar objetos, reconhecer de onde vem uma voz ou um som (olhando nesta direção), chorar e sorrir de forma normal e, de repente sem nenhum motivo aparente, regredir até a alienação do autismo. Mas também pode ser comum, em outros casos, o bebê apresentar, desde o nascimento”, as características do autismo. Lou de Oliver “ Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento.” 2011

Para Eugênio da Cunha, todos os autistas têm acentuada dificuldade de interação social. O autismo possui diferentes níveis de gravidade e está relacionado com outros sintomas que começam na infância. Há casos severos de alteração comportamental e de auto-agressão, mas é absolutamente certo que o diagnóstico precoce, o tratamento especializado e a educação adequada propiciam maior independência e melhoram a qualidade de vida em qualquer nível de autismo, tornando a interação entre escola e família altamente relevante.

Damásio e Maurer, 1978 discorre sobre pesquisas neuroanatômicos iniciais realizados em pessoas com autismo iniciaram de escassos estudos post-mortem, feitos na década de 80. Diversas estruturas foram descritas como alteradas em pessoas com autismo, entre elas o lobo frontal medial, temporal medial, gânglios da base e tálamo, redução no número de células de Purkinje no cerebelo (vérmix e hemisférios) (RITVO et al., 1986), alterações anatômicas no sistema límbico, cerebelo e região da oliva inferior do bulbo (BAUMAN e KEMPER, 1985).

Diante das estruturas enumeradas dos estuados da neuroimagem, a amígdala apontada como importante para a compreensão das bases neurobiológicas do autismo, viando que suas funções relacionam-se a sociabilidade e padrões emocionais. Além disso, o tálamo, o qual recebe inúmeras aferências, mediando e refinando esta “circuitaria”, também vem sendo estudado como estrutura relevante para o estabelecimento do quadro. Os estudos recentes têm proposto que a integridade e o funcionamento de estruturas subcorticais ao nascimento, como a amígdala e o tálamo, têm grandes repercussões no funcionamento de estruturas corticais.

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De acordo com Gazzaniga, 2006;

Amígdala: são grupos de neurônios anteriores ao hipocampo no lobo temporal medial que estão envolvidos no processamento emocional. É considerada um componente-chave junto com o córtex orbitofrontal e parte dos núcleos da base. A amígdala,está envolvida em tarefas emocionais, variando do condicionamento aversivo as respostas sociais. Seu papel na resposta a eventos emocionais aversivos e ameaçadores, também possui importante papel na resposta a estímulos positivos. Atua em algumas tarefas de aprendizado nas quais um estímulo de recompensa está associado a um estímulo neutro.

Tanto em humanos como em outras espécies, a amígdala está estreitamente envolvida no aprendizado emocional, além disso, está relacionada a aprendizagem e na memória declarativa emocional ou explícita, por meio de interações com o hipocampo; também está envolvida em respostas sociais e tem um papel na vigilância e na emoção

Tálamo: são grupos de núcleos, especialmente os principais núcleos relés sensoriais para aferências somatossenssoriais, gustativas, auditivas, visuais e vestibulares par o córtex. Também contém núcleos envolvidos nos circuitos dos núcleos da base com o córtex e outros grupos nucleares especializados.

É parte do diencéfalo, uma região subcortical localizada no centro da massa do prosencéfalo. Existe um tálamo em cada hemisfério, e eles são conectadoa na linha média, na maioria dos humanos, pela massa intermédia. O tálamo tem sido referido como “portão para o córtex” porque, com excessão de algumas aferências olfativas, todas as modalidades sensoriais fazem relés sinápticos no tálamo antes de seguir para as áreas sensoriais corticais primárias.

O tálamo está dividido em vários núcleos que agem como núcleos de transmissão (relés) específicos para as informações sensoriais que chegam. O núcleo geniculado lateral recebe informação das células ganglionares da retina e envia axônios para o córtex visual priitóriamário.

O tálamo, não está envolvido somente em retransmitir a informação sensorial primária, mas também em receber aferências da base, do cerebelo, do neocórtex e do lobo temporal medial e enviar projeções de volta a essas estruturas para criar circuitos envolvidos em diferentes funções. Contém células nervosas que levam a informação de quatro sentidos (visão, audição,

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paladar e tato) para o córtex cerebral. Sensações de dor, temperatura e pressão também são enviadas através do tálamo.

Sabe-se que no autismo há a perda na capacidade da linguagem, um fator importante é de que os neurônios do núcleo reticular talâmico formam uma rede inibitória lateral de células que podem agir na modulação das eferências talamocorticais, controlando parcialmente a passagem do fluxo de informação para o córtex.

Portanto, a medida em que se adentra nas pesquisas, se pode ter a certeza de que o corpo humano é um sistema interdependente, nada funciona sozinho, a amígdala e o córtex orbitofrontal interagem para produzir respostas emocionais adaptativas, uma vez existente perda em algum desses sistemas neurais, ocorrerá perda no outro sistema.

Entender os circuitos de uma região cerebral não fornece somente informações de seu funcionamento, mas também informa como ele interage com outras regiões do sistema nervoso. O papel da linguagem na função da área de Wernicke e nas funções intelectuais guardamos as informações depois de transformá-las em linguagem compreensível, codificando-as. A área de Broca área de formação das palavras. Todos estes sistemas tem suas funções especificar, porém se relacionam, e a interação entre eles é essencial ao pleno funcionamento do sistema nervoso.

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CAPÍTULO III

Intervenções Neuropedagógicas em Casos de Autismo

Os avanços na área da neurociência, bem como pesquisas diversas, permitiram que muitos aspectos do universo autista fossem descobertos, tornando possível diferenciar o autismo clássiico de outras Síndromes que compartilham das mesmas características entre elas a Síndrome de Asperger.

O Neuropedagogo tem um papel fundamental ao avaliar, encaminhar para diagnóstico por médico, pode o neuropedagogo elaborar estratégias de ensino para o estímulo do autista para que este conquiste dentro de sua realidade a maior independência possível e o apoio à equipe escolar que precisa entrar neste universo criando oportunidades de inclusão social. A neuropedagogia é a ciência que estuda como interferir na estrutura neurológica, cognitiva, emocional e sócio-interativa do individuo.

De acordo com Newra Tellechea, 2010,a Prevalência dos Transtornos Neurológicos, (por 10.000 Epilepsia: 65, Paralisia Cerebral: 25, Demência: 25, Parkinsonismo:20, Malformacões Congênitas:7,Esclerose Múltipla: 6, Síndrome de Down:5,Autismo: 22, Transtornos do Espectro Autista (TEA): 66. O autismo afeta 1/150 a 200 crianças. Custo com TEA, no Reino Unido, ultrapassa 27 bilhões de libras/ano.

Raramente é diagnosticado antes dos 2 anos. Pouco se sabe sobre os sintomas iniciais quanto ao desenvolvimento neurológico, comportamental e cognitivo dos lactentes com TEA. As causas subjacentes ou o processo através do qual surgem os sintomas também não são claramente determinados. Há indicações de que os primeiros sintomas comportamentais são manifestados ainda no primeiro ano de vida

Segundo Gadia (2007, p. 426) Hoje se sabe que o autismo é um transtorno genético complexo que ainda deve ser mais esclarecido. Autismo é um espectro de um distúrbio. Pode acometer desde um portador grave de retardo mental, que não fala, até um matemático ou físico muito inteligente, mas isolado socialmente.

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3.1. Atividades da vida diária para autistas

Atividades de Vida Diária (AVDs) são aquelas envolvidas nos cuidados pessoais, tais como escovar os dentes, usar o banheiro, vestir-se, alimentar-se, etc. Ao dominar as AVDs a pessoa com autismo aumenta sua independência e melhora suas possibilidades de inclusão social, participando mais ativamente do ambiente em que vive.

De acordo com Eugênio da Cunha, para o aluno com autismo, o que mais importa é a aquisição de habilidades sociais e a autonomia. Para que a criança não se torne um adulto incapaz de realizar tarefas simples do dia-a-dia, ela precisa aprender atividades que a tornará mais independente durante seu crescimento. Essas atividades são escolhidas em razão da sua utilidade. Escovar os dentes ou vestir-se é necessário aprender. Entretanto, podem existir atividades ou habilidades específicas que poderiam ser treinadas, fazendo parte de um currículo funcional e prático.

De acordo com o artigo: (AUTISMO INFANTIL: Práticas educativas na escola e na família) de Eugênio da Cunha; relata que uma criança típica aprende por meio de brincadeiras, com os pais, com os colegas e professores na escola. Faz amizades e adquire habilidades motoras e cognitivas. Simplesmente vivendo ela aprende. As impressões na criança penetram em sua mente pelos seus sentidos e a formam. Para uma criança autista as coisas não são bem assim. Há uma relação diferente entre o cérebro e os sentidos e as informações nem sempre geram conhecimento.

Os objetos não exercem atração em razão da sua função, mas em razão do estímulo que promovem. Assim, uma tesoura passa a ser apenas um objeto de contato sensorial, perdendo qualquer outra função. A criança típica aprende que um lápis chama-se lápis, podendo ela desenhar com ele ou também simbolizar um aviãozinho, mas a criança autista tem dificuldade para reconhecer sua utilidade, simbolizar, nomear e, por isso, passa a ter prejuízos na linguagem.

O autista precisa aprender a função de cada objeto e o seu manuseio adequado. Quando ele vê uma bola, por exemplo, não deseja chutá-la ou jogá-la com a mão, como todos normalmente aprendem, mas cria formas insólitas de manuseio. As estereotipias causam atraso no desenvolvimento psicomotor. Diante disso, tudo passa a ter valor pedagógico: os usos, as habilidades e as atividades mais elementares da vida.

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A criança com autismo é especialmente atraída por objetos que giram e balançam. O professor ou professora deve aproveitar o próprio fascínio que os objetos exercem e ensiná-la o uso correto. Não deve permitir que permaneça obsoleta em seus movimentos repetitivos. Para isso, vai necessitar de muita paciência e não esperar resultados imediatos. O grande foco na educação deve estar no processo de aprendizagem e não nos resultados, porque nem sempre eles virão de maneira rápida e como esperamos.

A educação na escola deve ser vivenciada na sala de recursos e na sala comum com os demais alunos. Normalmente, a concentração para atividades pedagógicas é muito pequena. Mas ainda que seja exíguo o momento que a criança permanece concentrada, ele deve ser repetido dia após dia, de maneira lúdica e agradável, para não haver enfado e irritabilidade. Ela precisa receber uma educação individualizada, com ênfase na mudança de alguns comportamentos e aprendizado de outros.

A fala do professor precisa ser serena, explicita e sem pressa. Ele deve sempre utilizar comandos de voz, nomeando os objetos e as atividades. É relevante que os comandos tenham alguma função. Por exemplo: se o aluno subir na cadeira, poderá não ter sentido para ele o professor dizer “não faça isso!”, porque nem sempre saberá o que fazer ao ouvir o “não”. O certo é dar-lhe um objetivo, dizendo: “coloque os pés no chão!”.

3.2. Diagnóstico Neuropedagógico com Autistas

Segundo Newra Tellechea,2010,as características do espectro do autismo mais aparentes são: déficits Sociais, em geral, até os 24 m; déficits de comunicação, em geral, até os 24 m, repertório restrito de interesses pode não ser aparente até os 36 m.

Crianças com autismo que desenvolvem linguagem e brinquedo simbólico até os 5 anos, tem um melhor prognóstico. Intervenções antes dos 3 anos e meio tem um impacto maior do que após os 5 anos de idade.

Para o neuropedagogo, é importante tomar como base as refertências cronológicas de crianças típicas, Newra Tellechea Rotta no 1.° Encontro Brasileiro para pesquisa em Autismo, apresentou os seguintes modelos:

Indicadores Precoces: 0-6 meses Crianças Típicas Viram a cabeça quando chamadas Seguem a direção do olhar da mãe quando ela olha para um alvo visível

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Começam a desenvolver Atenção Compartilhada Respondem a demonstração de afeto de outros Respondem a emoções

Crianças Autistas Não reagem quando chamadas Não respondem a pistas sociais a não ser com estímulos muito repetidos Demonstram respostas afetivas mínimas Mais passivas e quietas

Indicadores Precoces: 7-12 meses Crianças Típicas Começam a demonstrar Atenção Compartilhada Demonstram Referência Social (procuram informação emocional na face de adultos quando em situações incertas) Comunicação vocal simples Início de capacidades imitativas

Crianças Autistas Maior incidência de posturas anormais Necessitam mais estímulos para responder ao nome Hiperorais (põe tudo na boca) Aversão ao toque social Prestam pouca atenção ao desconforto de outros Falta de sorriso social e de expressão facial apropriada

Indicadores Precoces: 13-14 meses Crianças Típicas Comunicação receptiva/expressiva Maior incidência de “faz-de-conta” Exibem Atenção Compartilhada Crianças Autistas Atenção Compartilhada muito limitada Ausência de funções pré-linguísticas (apontar) Falta de Empatia Não demonstram jogo imaginativo

Características de TEA surgindo entre 12 e 24 meses de vida: Déficits e atraso no surgimento da atenção conjunta Resposta diminuída ao nome Imitação diminuída Retardo na comunicação verbal e não-verbal Retardo motor Freqüência elevada de comportamentos repetitivos (agitação das mãos, etc)

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Exploração viso-motora atípica de objetos Extremos no temperamento Menor flexibilidade em desfocar a atenção visual

3.3. Relação Autismo e Neurônios Espelho

Os neurônios espelho foram descobertos por Rizzolatti e colaboradores na área pré-motora de macacos Rhesus na década de 90, alguns pesquisadores demonstraram que alguns neurônios da área F5, localizada no lobo frontal, que eram ativados quando o animal realizava um movimento com uma finalidade específica (tipo apanhar uma uva passa com os dedos) também eram ativados quando o animal observava um outro indivíduo (macaco ou ser humano) realizando a mesma tarefa.

De acordo com Gallese, 2005, os neurônios espelho foram associados a inúmeras variações do comportamento humano: imitação, teoria da mente, aprendizado de novas habilidades e leitura da intenção em outros humanos e a sua disfunção poderia estar envolvida com a gênese do autismo.

De acordo com Rizzolatti e Craighero (2004), o que caracteriza e garante a sobrevivência dos seres humanos é o fato de sermos capazes de nos organizar socialmente, e isso só é possível porque somos seres capazes de entender a ação de outras pessoas. Além disso, também somos capazes de aprender através da imitação e essa faculdade é a base da cultura humana (Ramachandran & Oberman, 2006; Rizzolatti et al., 2006)

Conforme Ramachandram e Oberman, 2006, crianças com autismo têm grande dificuldade para se expressar, compreender e imitar sentimentos como medo, alegria ou tristeza. Por isso se fecham num mundo particular e acabam desenvolvendo sérios problemas de socialização e aprendizado. O comportamento autista reflete um quadro compatível com a falha do sistema de neurônios-espelho. O entendimento de ações (essencial para a tomada de atitude em situações de perigo), a imitação (extremamente importante para os processos de aprendizagem) e a empatia (a tendência em sentir o mesmo que uma pessoa na mesma situação sente, a qual é fundamental na construção dos relacionamentos) são funções atribuídas aos neurônios-espelho e são exatamente essas funções que se encontram alteradas em pessoas autistas.

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De acordo com Lameira, Gawryszewski, Pereira Jr, 2006, por conta da imensa dificuldade para expressarem-se, compreenderem e imitarem sentimentos tais como medo, alegria ou tristeza, os autistas isolam-se em um mundo particular e por fim, desencadeiam problemas referentes a socialização e aprendizado. O comportamento autista reflete um quadro compatível com a falha no sistema de neurônios-espelho, pois, o entendimento de ações (essencial para a tomada de atitude em situações de perigo), a imitação (extremamente importante para os processos de aprendizagem) e a empatia são funções atribuídas aos neurônios-espelho e são exatamente essas funções que se encontram alteradas em crianças autistas. As pesquisas sobre neurônios espelho são recentes, eles diante de todas essas descobertas podem explicar muitas habilidades mentais que permaneciam sem explicação, diante de experimentos e os neurocientistas acreditam que o aparecimento e o aprimoramento dessas células proporcionou o desenvolvimento de funções importantes como linguagem, imitação e aprendizado.

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CONCLUSÃO

A medida que se estuda o cérebro humano, se consegue compreender

que os sistemas neurais interage entre si, dentro de seu complexo conjunto de

sistemas, realizando a todo momento, sinapses, novas conexões para produzir

respostas. Uma resposta é resultado de um processo cerebral eficiente e

rápido.

Com este trabalho, buscou-se analisar os aspectos neurofisiológicos da

linguagem, buscando o entendimento das áreas de Broca e Wernicke e Broca,

assim como as funções dos neurônios espelho, a fim de dar um suporte teórico

a profissionais da educação em torno do entendimento neuronal do

comprometimento no autista.

As definições presentes nestes capítulos demonstraram que a

linguagem é aspecto fundamental para o estabelecimento da comunicação

humana, e para tanto, definimos as considerações sobre autimo e linguagem.

Assim, diante da análise desenvolvida, no terceiro capítulo, foi possível

citar as funções dos neurônios espelho e autismo, já que ficou demonstrada a

associação entre essas células e empatia, percepção dos atos e intenções

alheios e aprendizado da linguagem, funções deficientes nos autistas.

Com base neste estudo, vemos que é possível desenvolver um

trabalho com autistas visando o reforço da linguagem, observando sempre as

especificidades, que o autista é capaz de aprender ao seu momento,

dependendo de como é realizado o trabalho.

Embora não possamos curar os déficits cognitivos subjacentes ao

autismo, é através do seu entendimento das coisas que poderemos planejar

programas neuropedagógicos eficientes, com o objetivo de vencer o desafio de

um distúrbio do desenvolvimento tão singular, como é o autismo.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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Newra Tellechea Rotta - 2010 AUTISMO O DESAFIO DO DIAGNÓSTICO PRECOCE 1º ENCONTRO BRASILEIRO PARA PESQUISA EM AUTISMO – EBPA 2010

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Organização da linguagem no cérebro humano 09

1.1 – Aspectos neurobiológicos da linguagem 09 1.2 – Aspectos gerais da linguagem deficiente 13

CAPÍTULO II - Autismo 18

2.1 – Considerações sobre linguagem no autista 20

CAPÍTULO III – Intervenções Neuropedagógicas em Casos de Autismo 27

3.1_ Atividades de vida diária para autistas 28 3.2._ Diagnóstico Neuropedagógico com Autistas 29 3.3._ Relação Autismo e Neurônios Espelho 31 CONCLUSÃO 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34

WEBGRAFIA 36 ÍNDICE 37