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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A CINESIOTERAPIA NA ENTORSE DE TORNOZELO DE GRAU I Por: Mônica Ana da Silva Professor Orientador: Marco Antônio Chaves Professora Co-orientadora: Cristie Novaes Campelo Rio de Janeiro, 28 de Julho de 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A CINESIOTERAPIA NA ENTORSE DE TORNOZELO DE GRAU I

Por: Mônica Ana da Silva

Professor Orientador: Marco Antônio Chaves

Professora Co-orientadora: Cristie Novaes Campelo

Rio de Janeiro, 28 de Julho de 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A CINESIOTERAPIA NA ENTORSE DE TORNOZELO DE GRAU I

Por: Mônica Ana da Silva

Trabalho monográfico apresentado

como requisito para obtenção do

Grau de Especialista em

Psicomotricidade.

Rio de Janeiro, 28 de Julho de 2001.

ii

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade

de mais uma conquista em minha

vida...

iii

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DEDICATÓRIA

Dedico aos que já passaram e aos

que estão presentes neste momento

em minha vida por tudo que já

fizeram e ao que ainda irão

compartilhar...

iv

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RESUMO

Neste trabalho abordaremos a recuperação funcional de entrose

de tornozelo de grau I na Cinesioterapia.

Verificaremos a anatomia e a biomecânica relativa ao tornozelo,

bem como os movimentos comuns ao pé e suas articulações, examinaremos

os aspectos clínicos e fisiológicos, a fisiopatologia, os exames complementares

e as complicações decorrentes das lesões. Iremos observar através da

auxiliação clínica suas condições, elaborando assim exercícios adequados.

Verificaremos a importância da cinesioterapia com o objetivo de promover um

maior desempenho para o paciente, fortalecendo toda a musculatura dos

membros inferiores, amenizando possíveis traumas, evitando recidiva.

v

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SUMARIO

Agradecimento Iii

Dedicatória Iv

Resumo V

I – Problema 9

1.1 – Introdução 10

1.2 - Objetivo Geral 10

1.2.1 - Objetivos Específicos 10

1.3 - Limitação do Estudo 10

1.4 - Delimitação do Estudo 10

1.5 - Questões de Estudo 10

1.6 – Hipóteses 11

II – GLOSSÁRIO 12

III - SUPORTE TÉÓRICO 14

3.1 Anatomia 14

3.1.1 - Aspectos Gerais 14

3.1.2 - Componentes Ósseos 14

3.1.3 – Ligamentos 14

3.2 - Músculos da Articulação do Tornozelo e suas Classificações

Funcionais

15

3.2.1 - Grupo Anterior 15

vi

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3.2.2 - Grupo Lateral 15

3.2.3 - Grupo Posterior 15

3.3 – Irrigação 15

3.4 – Inervação 16

3.5 - Biomecânica do Tornozelo 17

3.5.1 - Aspectos Gerais 17

3.5.2 - Eixo da Flexo Extensão 17

3.5.3 - Eixo do Compromisso 17

3.5.4 - Classificação dos Movimentos do Tornozelo 17

3.6 - Fisiologia Articular do Tornozelo 18

3.6.1 - Articulação Talo Crural 18

3.6.2 - Articulação Subtalar 19

3.7 – Fisiopatologia 20

3.7.1 - Derrame Articular 20

3.7.2 – Dor 20

3.7.3 – Marcha 20

3.8 – Patologia 21

3.8.1 - Definição de Entorse 21

3.8.2 – Sintomatologia 21

3.8.3 – Etiologia 21

3.8.4 - Diagnóstico Clínico 22

3.9 – Testes 22

3.9.1 - Amplitude Articular 22

3.9.2 - Movimentos Simples 22

3.9.3 - Movimentos Combinados 22

3.9.4 - Testes Específicos 23

3.9.5 - Testes Musculares 23

3.9.6 - Testes Sensitivos 24

3.9.7 - Exames Complementares 24

vii

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3.10 - Tipos de Entorse 24

3.10.1 - Grau I ou leve 24

3.10.2 - Grau II ou Moderado 24

3.10.3 - Grau III ou Grave 25

3.11 - Avaliação Fisioterápica 25

3.11.1 – Anammese 25

3.11.2 – Inspeção 25

3.11.3 – Palpação 26

3.12 –Cinesioterapia 26

3.12.1 – Definição 26

3.12.2 – Objetivos da Cinesioterapia 27

3.12.3 - Classificação da Cinesioterapia 27

3.12.4 – Cinesioterapia na Recuperação de Entorse de Tornozelo

de Grau I

27

IV - PROTOCOLO PARA ENTORSE DE TORNOZELO GRAU I 29

V – METODOLOGIA 31

5.1 – Tipo de Pesquisa 31

5.2 – População 31

....5.3 - Amostra 31

VI – CONCLUSÃO 32

VII – RECOMENDAÇÕES 33

BIBLIOGRAFIAS 34

ANEXOI 35

Viii

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I. PROBLEMA

A aplicação das técnicas de cinesioterapia em pacientes com

entorse de tornozelo de grau I, buscando uma melhor recuperação através de

movimentos, afim de proporcionar a prevenção das possíveis complicações.

1.1 - Introdução

As articulações e músculos do tornozelo e pé são projetados para

dar estabilidade, assim como, mobilidade as estruturas terminais do membro

inferior, pois, precisa sustentar o peso corporal quando o indivíduo está de pé,

ser capaz de absorver forças e acomodar-se a superfícies irregulares, e assim,

precisa ser capaz de tornar-se uma alavanca estrutural rígida, para impulsionar

o corpo para frente durante a marcha ou corrida.

Devido ao esforço a que estas estruturas são submetidas, a

incidência de lesões é considerável e a entorse de tornozelo está entre as mais

comuns, acometendo a população de um modo geral, já que ela pode ocorrer

simplesmente ao se passar em um buraco, ao caminhar em solos irregulares

ou escorregadios, incluindo o âmbito esportivo, principalmente nos esportes de

saltos ou com bola.

A presente pesquisa, visa mostrar como a cinesioterapia

empregada adequadamente, se torna eficaz na recuperação do paciente que

sofreu entorse de tornozelo de grau I.

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1.2 - Objetivo Geral

Minimizar o efeito patológico da limitação articular precoce,

através da cinesioterapia na entorse de tornozelo de grau I.

1.2.1 – Objetivos Específicos

• Promover o controle do movimento e da amplitude articular;

• Melhorar a capacidade funcional;

• Favorecer o fortalecimento muscular.

1.3 – Limitação do Estudo

Entorse de tornozelo

1.4 – Delimitação do Estudo

Esta pesquisa foi desenvolvida junto a pacientes de 18 a 35 anos,

portadores de entorse de tornozelo de grau I, sexo masculino, na Clinica São

João de Deus do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.

1.5 – Questões de Estudo

A cinesioterapia é eficaz na entorse de tornozelo ?

A cinesioterapia recupera a entorse de tornozelo ?

Com a realização da cinesioterapia é possível uma amplitude de

movimento ?

A cinesioterapia apresenta resultado no bloqueio articular ?

A cinesioterapia é aconselhável com a presença de edema ?

A dor articular da entorse de tornozelo melhora com a

cinesioterapia ?

Quantas sessões de cinesioterapia devem ser realizadas ?

Devemos iniciar a propriocepção logo após o tratamento

cinesioterápico.?

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1.6 – Hipóteses

H1 – A cinesioterapia é eficaz na recuperação funcional das

entorses de tornozelo de grau I.

H2 – A cinesioterapia não é eficaz na recuperação funcional das

entorses de tornozelo de grau I.

H3 – A cinesioterapia é indiferente na recuperação funcional das

entorses de tornozelo de grau I.

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II – GLOSSÁRIO

Aderência – União entre superfícies contínuas de revestimento cutâneo,

mucosa ou serosa, originado de processos inflamatórios dessas mesmas

superfícies.

Algia – Patologia. Dor regional, sem alterações somáticas perceptíveis.

Artelho – Articulação da perna com o pé, tornozelo.

Artrografia – É um exame radiológico de uma articulação realizado sob

contraste.

Biomecânica – O estudo dos fundamentos mecânicos das atividades

biológicas, em especial as musculaturas.

Derrame – Extravasamento de líquido

Distensão – Lesão muscular provocada por movimentos bruscos e

caracterizada por demasiado estiramento das fibras musculares, com ruptura e

formação de pequenos hematomas.

Edema – Acúmulo excessivo de líquido nos espaços dos tecidos,

especialmente do tecido conjuntivo difuso, devido a perturbações dos

mecanismos reguladores do metabolismo da água.

Efusão – Derrame ou saída de líquido do organismo.

Entorse – Série de lesões, variáveis segundo o tipo de articulação e a

intensidade do traumatismo, que se produzem numa articulação que sofreu

movimento que não chega a ocasionar luxação, resultando, pois, de

traumatismo ligamentar.

Equimose – Inflamação do sangue extravasado do tecido sub cutâneo. É

provocada por traumatismo, mas pode surgir espontaneamente devido a

excessiva fragilidade vascular.

Hematoma – Acúmulo de sangue no tecido provocado por

extravasamento ou por lesões dos vasos. Quase sempre é de origem

traumática, porém, pode surgir espontaneamente durante a evolução de

alguma doença que provoque a fragilidade articular.

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Hemorragia – Saída de sangue para fora dos vasos sangüíneos. Pode ser

externa (quando o sangue é eliminado para o exterior do organismo, como

ferimentos externos ou para órgãos que se comunicam com o exterior, como as

vias urinárias, os pulmões, o aparelho digestivo). Ou interna (quando o sangue

invade cavidades, como peritônio, pleura, pericárdio, meninges, ou se difundem

nos intertícios dos tecidos).

Ligamento – Estrutura constituída por tecido fibroso forte, que se insere

pelas extremidades em ossos ou cartilagens, constituindo assim, meio de união

de articulações ou de partes ósseas ou cartilaginosas.

Patologia – Ramo da medicina que se ocupa da natureza e das

modificações estruturais, e/ou funcionais, produzidas pela doença no

organismo.

Tendão – Cordão de tecido conjuntivo fibroso, redondo ou achatado, no

qual termina um músculo e que serve para inserir esse músculo num osso ou

noutra formação anatômica

Tendão de Aquiles – O mais forte tendão do corpo humano, situado

póstero inferiormente em cada perna, estendendo-se ao osso calcâneo.

Tornozelo – Cada uma de duas regiões do corpo humano que reúnem a

perna ao pé correspondente, e compreendem duas articulações: fíbula com

tíbia, e fíbula com o tarso e as partes moles que as circundam.

Tumefação – Inchação, aumento do volume de uma parte por infiltração,

tumor.

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III – SUPORTE TEÓRICO

3.1 – Anatomia

3.1.1 – Aspectos Gerais

O tornozelo e o pé, são estruturas inter-relacionadas que

possuem sincronismo anatômico e funcional, permitindo: o apoio, a

sustentação e a deambulação.

3.1.2 – Componentes Ósseos

O pé e constituído por trinta e três articulações e vinte e seis

ossos, dividindo-se em :

• Tarso – composto por sete ossos (cuboide, navicular

cuneiformes central, medial e intermédio, tálus e calcâneo).

• Metatarso – composto por cinco ossos (numerados de medial

para lateral).

• Falanges – compostas por quatorze ossos, sendo três em

cada dedo, com exceção do hálux que contem dois ossos.

3.1.3 – Ligamentos

o ligamento maior e o ligamento deltóide medial são formados por

uma porção tíbio navicular, uma porção tíbio calcânea, uma formação tíbio talar

posterior. A porção tíbio navicular vem da tíbia até o osso navicular e cobre a

porção tíbio talar anterior, que alcança o cálo do tálus. A porção tíbio calcânea

estende-se ate o sustentáculo do tálus e recobre parcialmente a porção tíbio

navicular. Outros ligamentos são: o ligamento talufibular anterior, o ligamento

talufibular posterior e o ligamento calcâneo fibular posterior que estende-se em

direção quase horizontal, da fossa do maléolo lateral até o processo posterior

do tálus distal e proximal a estes ligamentos, abaúla-se a cápsula da

articulação, o garfo dos maléolos e fixado pelos ligamentos tíbio fissular

anterior e posterior.

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3.2 – Músculos da Articulação do Tornozelo em suas Respectivas

Classificações Funcionais

3.2.1 – Grupo Anterior

• Tibial Anterior – Função primaria de dorsi-flexão do pe.

• Extensor Longo dos Dedos – Dorsi-flexão do tornozelo

3.2.2 – Grupo Lateral

• Fibular Longo – Eversão do pé e estabilizador lateral do pé.

• Fibular Curto – Eversão do pé.

3.2.3 – Grupo Posterior

• Tibial Posterior – Inversão do pé

• Flexor Longo dos Dedos – Flexor plantar dos dedos e inversão

dos pés.

• Flexor Longo do hálux – Inversão do pé e flexão do hálux

• Triceps Sural – Flexão plantar e inversão do pé.

3.3 – Irrigação

A artéria poplítea é uma continuação direta da artéria femural que

passa para o oco poplíteo e se bifurca nas artérias tibiais anterior e posterior,

indo abaixo do joelho. A artéria tibial posterior segue o mesmo curso do nervo

tibial e irriga os músculos da região posterior da perna, após contornar a região

posterior, digo, a região maleolar interna, alcança a planta do pé para se

bifurcar nas artérias plantares interna e externa, abaixo da bifurcação da artéria

poplítea esta se ramifica lateralmente, cruza a membrana interóssea e percorre

a face lateral da perna para irrigar os músculos laterais, termina como arterial

lateral do calcâneo.

Abaixo do oco poplíteo, a bifurcação poplítea origina a artéria

tibial anterior que passa entre a tíbia e a fíbula cruzando a borda superior da

membrana interóssea, depois, corre ao longo da face anterior da membrana.

Irriga os músculos do compartimento anterior da perna, atinge o dorso do pé

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como artéria dorsal do pé (pediosa). Os ramos terminais formam as artérias

metatársicas e digitais dorsais, comunicam-se com os ramos plantares distais

das artérias plantares.

3.4 – Inervação

O nervo tibial é essencialmente uma continuação do nervo ciático

e entra na perna entra as duas porções dos gêmeos, e se afunda até o solear

para entrar no compartimento posterior da perna. O nervo ciático termina no

ângulo superior do espaço poplíteo, onde se divide nos: ciático poplíteo interno

e externo.

O ciático poplíteo interno inerva os músculos da perna e inerva os

flexores plantares dos pés, termina em ramificações plantares, digo, nervos

plantares: Plantar interno, emite ramos cutâneos sensitivos para a face plantar

dos três artelhos mediais e a face medial do quarto artelho. Seus ramos

motores inervam o abdutor do hálux, o flexor do hálux, o flexor curto dos dedos

e os dois primeiros lumbricais.

O nervo plantar externo cruza a face plantar do pé, e depois se

divide em dois ramos superficiais e profundos, sempre a sensibilidade à face

plantar dos artelhos restantes na face lateral do pé, faz a inervação motora do

músculo quadrado plantar, flexor curto do dedo mínimo, abdutor do dedo

mínimo e o restante dos músculos interósseos plantares lumbricais.

A outra divisão do nervo ciático, o ciático externo, passa

lateralmente fora do espaço poplíteo, passa por trás da cabeça da fíbula sobre

a fáscia profunda e cruza a face lateral do colo da fíbula. O nervo ciático

poplíteo externo não inerva musculatura nenhuma, simplesmente inerva duas

radículas para a articulação do joelho e derradeiramente se divide nos nervos

fibulares profundo e superficial. O nervo fibular superficial percorre a perna em

frente a fíbula. Inerva os músculos enversos do pé, a área sensitiva do nervo

fibular superficial e a face lateral da perna e do dorso do pe. O nervo fibular

profundo segue para a membrana interóssea entre a tíbia e a fíbula e percorre

inervando os dorsi-flexores do pé e termina inervando o extensor curto dos

dedos.

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Inerva uma pequena área sensitiva entre os dois primeiros artelhos no dorso do

pé, os nervos fibulares profundo e superficial terminam em ramos sensitivos

que inervam o dorso do pé e a face antero-lateral da perna.

3.5 – Biomecânica do Tornozelo

3.5.1 – Aspectos Gerais

O tornozelo possui duas articulações importantes que são

consideradas primordiais para seu funcionamento efetivo: As articulações

talocrural e subtalar.

Sabemos que o tornozelo é peça fundamental entre o pé e a

perna, distribuindo forças, permitindo a adaptação do pé aos acidentes de

terreno, gerando a marcha, corrida, salto e o equilíbrio.

Existem dois eixos que atravessam esta articulação onde são

desenvolvidos os movimentos.

3.5.2 – Eixo da Flexo-Extensão

Onde são gerados os movimentos de dorsi-flexão e flexão plantar

do tornozelo.

3.5.3 – Eixo do Compromisso (Finck ou Henke)

Onde ocorre os movimentos de inversão e eversão.

3.5.4 – Classificação dos Movimentos do Tornozelo

Os movimentos ao nível do tornozelo são classificados em

simples e combinados.

Simples

a) Flexão ou dorsi-flexão – é a aproximação do segmento

distal da perna.

b) Extensão ou flexão plantar – é o afastamento do segmento

distal da perna.

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Estes movimentos são desenvolvidos nas articulações talocrural e

subtalar no eixo transversal ou da flexo-extensão.

c) Supinação – a região plantar e desviada para a linha

media.

d) Pronação – a região plantar e afastada da linha media,

desviada portanto, externamente, a pronação e a supinação ocorrem

em torno de um eixo longitudinal com a participação das articulações

do tarso anterior, subtalar e tarso metatarso.

e) Adução – movimento gerado na articulação subtalar, ocorre

somente quando há movimento de flexão plantar associado, tendo

como ponto de referencia o osso calcâneo, este roda internamente.

f) Abdução – movimento gerado na articulação subtalar,

ocorre somente quando há movimento de flexão plantar associado,

tendo como ponto de referencia o osso calcâneo, este roda

externamente.

Combinados

Os movimentos combinados são formados pelo somatório dos

movimentos simples.

a) Inversão – resultante da combinação da flexão plantar, adução

e supinação.

b) Eversão – combinação de dorsiflexão, adução e pronação.

3.6 – Fisiologia Articular do Tornozelo

3.6.1 – Articulação Talo Crural

Os movimentos de dorsi-flexão plantar ocorrem nesta articulação

e são os mais amplos da articulação do tornozelo. Obedecem ao gínglimo ou

dobradiça e a flexão plantar possui maior amplitude articular do que a dorsi-

flexão.

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A flexão plantar é maior em sua amplitude articular do que dorsi-

flexão porque a região posterior da tróclea do tálus é maior que a anterior.

Encontramos no eixo transverso uma inclinação entre os dois

maléolos, lateral e medial, em torno de oito graus, sendo o maléolo lateral mais

baixo que o medial; assim muitos autores chegaram a conclusão de que o tálus

apresenta uma adaptação mecânica à pinça meleolar.

Sendo o maléolo lateral mais baixo que o médio, digo, medial, em

torno de oito graus, o eixo da flexo-extensão deve passar pelos pontos de

inserção dos ligamentos mediais e laterais.

Portanto, a superfície articular do tálus se modifica

horizontalizando-se em relação a tíbia, de onde recebera as cargas em posição

adequada. Sua forma e considerada um cône.

A porção anterior do tálus e mais larga que a posterior, e durante

os movimentos do tornozelo as superfícies sofrem adaptações, principalmente

a fíbula.

Pelos diversos movimentos oferecidos pela tróclea do tálus e

sendo a fíbula o componente principal de adaptação, esta também apresenta

movimentos próprios.

Durante a dorsi-flexão, a fíbula se desloca para cima, realiza

rotação externa, abdução e retrocede; na flexão plantar ocorre o mecanismo

inverso.

3.6.2 – Articulação Sustalar

Nesta articulação são realizados os movimentos combinados sob

o eixo de compromisso (Finck ou Henke); este passa através da porção mais

externa da tuberosidade maior do calcâneo, atravessa o seio do tarso e avança

sobre o tálus.

Os movimentos combinados de inversão e eversão são os

responsáveis pelo mecanismo mais freqüente de trauma de tornozelo.

O eixo de compromisso (Finck ou Henke) e dividido em três

componentes distintos:

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a) Componente vertical – Onde ocorre a abdução;

b) Componente Horizontal – Onde ocorrem os movimentos de

pronação e supinação;

c) Componente transversal – Onde ocorrem a dorsiflexão e a

flexão plantar.

3.7 – Fisiopatologia

3.7.1 – Derrame Articular

Ele ocupará as regiões de fundo de saco na articulação do

tornozelo, sendo geralmente percebido pelo momento do volume na região

anterior desta articulação, quando é palpado entre os tendões do tibial anterior

e extensor longo dos dedos.

3.7.2 – Dor

E uma reação de defesa complexa, subjetiva, orientando o

diagnóstico sobre o grau de gravidade de uma lesão, bem como, o tratamento

adequado, servindo também de parâmetro para estabelecer limites

terapêuticos mais precisos. A dor provoca uma reação reflexa de defesa, não

permitindo, por vezes, a retomada de apoio ou exame no local do acidente;

aparecem as contraturas antálgicas reflexas, colocando em tensão os

ligamentos lesados e os músculos que estabilizam a pinça maleolar.

3.7.3 - Marcha

O paciente poderá apresentar marcha claudicante em função da

dor local, como também no sentido de “poupar” articulações de lesões

posteriores, fazendo da marcha um mecanismo de defesa.

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3.8 – Patologia

3.8.1 – Definição de Entorse

Segundo Calliet, a entorse é a lesão dolorosa mais comum do

tornozelo, esta condição varia desde uma distensão simples até a ruptura dos

ligamentos, com ou sem arrancamento dos ossos nos quais se fixam.

O tornozelo sofre uma entorse quando os ligamentos são

hiperextendidos. Isto se dá mais freqüentemente quando uma tensão e

aplicada ao tornozelo que está em posição instável. O tornozelo está mais

instável em flexão plantar , nesta posição uma inversão ou eversão forçada

distenderá os ligamentos. Os ligamentos mais lesados numa entorse, são

principalmente os laterais e mediais do tornozelo.

Resumindo, a palavra entorse e literalmente definida como” uma

lesão articular na qual algumas fibras do ligamento de sustentação são rotas,

mas, a continuidade do ligamento permanece “intacta”, sem deslocamento ou

fratura.

3.8.2 – Sintomatologia

Verificar quais foram as sensações no local do acidente, servindo

assim, como parâmetro indicativo de graduação da lesão.

Dor intensa sem redução, creptação ou estálido, hematomas

mediatos de grande extensão, não retomada de apoio e deformidades

articulares, geralmente são indicativos de lesão grave do tornozelo.

Sintomas Atuais – os dados clínicos atuais permitirão análise

completa da articulação lesionada e serão pontos iniciais para a elaboração

terapêutica posteriormente.

3.8.3 – Etiologia

As entorses geralmente ocorrem devido a instabilidade cápsulo-

ligamentares, sobrecarga gerada nas práticas desportivas diversas, como:

esportes de contato, de salto, corridas, alterações em terrenos irregulares e

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deficiências musculares. Estes são os fatores mais comuns que predispõem às

lesões desta articulação.

3.8.4 – Diagnóstico Clínico

É obtido através de avaliação clínica, observando assim sinais e

sintomas como: edema, dor, hematoma, tumefação e o exame radiográfico.

Pode ser necessário para diferenciar uma entorse simples de uma fratura não

desviada de fíbula e se a estabilidade do tornozelo é duvidosa, está indicada

radiografia sob estresse sob anestesia local ou geral para excluir uma ruptura

do ligamento lateral.

3.9 – Testes

3.9.1 – Amplitude Articular

Realizam-se os testes em todos os padrões de movimentos,

simples e combinados, analisando as posições antálgicas de dor nos

movimentos que expõem as regiões lesadas.

Estes movimentos são passivos, ativos ou contra-resistidos, de

acordo com o grau da lesão.

3.9.2 – Movimentos Simples

a) Dorsi-flexão (20 graus).

b) Flexão plantar (40-50 graus).

c) Pronação (5 graus)

d) Supinação (5 graus)

3.9.3 – Movimentos Combinados

a) Inversão (5 graus)

b) Eversão (5 graus)

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3.9.4 – Testes Específicos

O teste da gaveta anterior é encontrado geralmente em lesões

crônicas de seqüelas lesionais de grandes proporções com frouxidão cápsulo-

ligamentar anterior.

O teste só é fiel se for executado com o pé neutro sem dorsi-

flexão ou flexão plantar do tornozelo, pois, na dorsi-flexão há o choque entre o

colo anterior do tálus e a tíbia, e na flexão plantar pela freagem da cápsula

anterior e ligamento talofibular anterior íntegro.

O teste é feito com o terapeuta colocando sua mão na face

anterior da tíbia e segurando o calcâneo com a outra mão, em seguida ele

deverá deslocar o calcâneo e o tálus anteriormente enquanto empurra a tíbia

em sentido posterior, normalmente o ligamento talofibular anterior é tenso em

todas as posições da articulação do tornozelo e não deverá haver movimentos

de deslocamento do tálus sob a tíbia.

No entanto, em circunstâncias anormais, o tálus deslizará

anteriormente sob o encaixe do tornozelo e poderá ser percebido em estalido

durante o movimento.

Para testar a estabilidade do ligamento deltóide na face medial,

fixe a parna do paciente segurando-a em torno da tíbia e do calcâneo e everta

o pé.

Se o ligamento deltóide estiver roto, perceberemos uma grande

lacuna no encaixe do tornozelo.

O teste de Freeman-Bomberg, é realizado para se verificar

através do desequilíbrio proporcionado por ele, a integridade das estruturas

mecanorreceptoras que garantem a propriocepção.

O teste é realizado com o paciente de pé, com apoio unipodal e

olhos fechados, verificando o seu equilíbrio.

3.9.5 – Testes Musculares

Testam-se todos os músculos do tornozelo

a) Tibial posterior

b) Flexor longo dos dedos

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c) Flexor longo do hálux

d) Fibulares longo e curto

e) Tibial anterior

f) Extensor longo do hálux

g) Extensor longo dos dedos

h) Tríceps sural.

3.9.6 – Testes Sensitivos

Testa-se a sensibilidade da pele na extremidade inferior lesada

examinando-se os dermátomos correspondentes.

Na face medial do pé encontra-se o nervo safeno; na face dorsal

verifica-se o nervo fibular, na face lateral o nervo sural; no reflexo aquilio, o

controle pertence à raiz de S1.

3.9.7 – Exames Complementares

Raio X (radiografia)

3.10 – Tipos de Entorse

3.10.1 – Grau I ou Leve

Caracterizado por estabilidade radiológica em todos os planos,

conserva-se a intergridade das fibras ligamentares.

Encontra-se pequena reação vasomotora geralmente

caracterizada pelo edema, dor leve na fase aguda e pronto restabelecimento

do apoio e marcha.

3.10.2 – Grau II ou Moderado

Caracterizado por lesão vasomotora mais abrangente com

presença de hematoma e edema de maior dimensão.

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Verifica-se pequena instabilidade radiológica.

O apoio e retomada da marcha são difíceis e ocorrem após

regressão do quadro álgico e inflamatório.

Há ruptura parcial na solução de continuidade das fibras

ligamentares.

3.10.3 – Grau III ou Grave

Presença de instabilidade radiológica por estresse de grande

abertura, podendo existir avulsões ósseas.

3.11 – Avaliação Fisioterápica

3.11.1 – Anamnese

Deve-se verificar o tempo decorrido da lesão, o mecanismo de

trauma, pois, através dele poderá se evidenciar qual ou quais os

compartimentos lesionados. Saber se o paciente sofreu a lesão pela primeira

vez ou se é recidivante, pois, neste caso poderá haver instabilidade cápsulo-

ligamentares. Os sintomas no local do acidente também são importantes, pois,

estes poderão indicar a gravidade da lesão. Perguntar sobre as medidas

tomadas logo após a lesão, como: uso de calor ou frio, se foram feitas

mobilizações na região lesionada, verificar qual o tipo de tratamento médico

realizado (analgésicos, antiflamatórios), imobilizações (tala gessada, órteses),

tratamento cirúrgico. Os sintomas atuais serão o ponto inicial para elaboração

da conduta terapêutica.

3.11.2 – Inspeção

Verifica-se se há edema, equimose, hematoma e locais onde se

encontram. Também deve-se verificar se há cicatrizes indicativas de pós-

cirurgias ou seqüelas de traumas graves.

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Deve-se observar se o paciente utiliza tipos diferentes de

calçados, estabilizadores, imobilizadores, talas, enfaixamentos, meias

elásticas, muletas e outros, durante a avaliação.

3.11.3 – Palpação

É feita em zonas ósseas e regiões de inserção ligamentar e

tendinosa.

Zonas Ósseas:

a) Extremidade inferior ou distal da fíbula.

b) Extremidades inferiores da tíbia.

c) Zona da articulação calcâneo-cubóide e ossos cuneiformes.

d) Base do quinto metatarsiano.

Zonas Ligamentares e Partes Moles:

a) Zona fibular do talo fibular anterior.

b) Zona ligamentar do calcâneo fibular.

c) Compartimento medial e sindesmose tíbio-fibular.

d) Investigação do derrame articular.

3.12 – Cinesioterapia

3.12.1 – Definição

É a terapia ou tratamento através do movimento e engloba

recursos e técnicas variados, incluindo: alongamento, exercícios respiratórios,

exercícios para fortalecimento muscular, reeducação da postura, equilíbrio,

dentre outros.

Um dos seus principais aspectos é englobar além da realização

de exercícios estáticos e dinâmicos associados à respiração, a reeducação da

postura e movimento através da conscientização corporal, o resgate da auto-

imagem e a orientação de condutas para as atividades da vida diária.

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3.12.2 – Objetivos da Cinesioterapia

a) Promover a atividade quando e onde seja possível minimizar

os efeitos da inatividade.

b) Corrigir ineficiência de músculos específicos ou grupos

musculares e reconquistar a amplitude normal do movimento

da articulação sem perturbar a obtenção do movimento

funcional eficiente.

c) Encorajar o paciente a usar habilidades reconquistadas por ele

no desempenho de atividades funcionais normais e assim

acelerar sua reabilitação.

3.12.3 – Classificação da Cinesioterapia

a) Ativa Livre – Onde o paciente executa os movimentos sozinho,

e sem nenhuma ajuda externa. A única resistência eventual é

a luta contra a força da gravidade.

b) Ativa Resistida – O próprio paciente executa os movimentos,

mas terá que vencer uma resistência que poderá ser dada por

algum dispositivo mecânico ou pelo próprio fisioterapeuta.

c) Semi-Ativa ou Semi-Assistida – O paciente obtém o auxílio de

faixas, toalhas, elásticos ou do próprio fisioterapeuta.

d) Passiva – Os movimentos são executados pelo fisioterapeuta

sem a ajuda do paciente.

3.12.4 – Cinesioterapia Aplicada na Recuperação Funcional das

Entorses de Tornozelo de Grau I

Nas lesões leves, como é o caso das entorses de grau I, a

marcha pode ser permitida, mas atividades como correr e pular devem ser

evitadas por alguns dias.

Nos dois ou três primeiros dias pode e deve ser aplicada a

cinesioterapia passiva (sempre precedida de um ou outro recurso com função

analgésica e relaxamento muscular) nos movimentos antálgicos.

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A movimentação precoce da articulação, favorece a eliminação do

edema e dificulta a formação de aderências que possibilitariam uma rigidez

articular.

Após esses primeiros dias, iniciam-se os exercícios ativo-

assistidos para dorsi-flexão do tornozelo, onde, o paciente será auxiliado por

faixas, toalhas ou pelo próprio fisioterapeuta. Nesta fase os exercícios de dorsi-

flexão são mais utilizados porque, numa entorse por inversão, a flexão plantar

está presente colocando em tensão os feixes do ligamento talo fibular anterior

e o grupo tríceps sural em encurtamento. O movimento de dorsi-flexão coloca o

tríceps sural em alongamento, por isso, ele deve ser mais exercitado.

Após a diminuição do edema e do quadro álgico, os exercícios

ativos livres devem ser iniciados e realizados com ambos os pés para que o

paciente possa comparar o arco completo de movimento entre o pé afetado e o

não afetado. A iniciação precoce desses exercícios é importante para evitar

aderência, fibroses e retrações musculares.

Nesta fase, o paciente deverá realizar todos os movimentos da

articulação do tornozelo, dando ênfase no início aos movimentos antálgicos

que são a eversão e a dorsi-flexão. O paciente poderá executar esses

exercícios ativos livres em bicicletas estacionárias, subindo e descendo rampas

e escadas ou com o auxílio de pranchas e bolas.

Os exercícios ativos resistidos serão iniciados, tão logo o

fisioterapeuta considere que a evolução clínica do paciente assim permita.

Esses exercícios serão realizados com o auxílio do fisioterapeuta

(resistência manual na maca) e com a ajuda de faixas elásticas e pesos

(tornozeleiras) para aumentar a força muscular.

É importante ressaltar que nesta fase de fortalecimento muscular,

é necessário um trabalho de reeducação proprioceptiva, com o objetivo de

evitar recidivas. Visto que a propriocepção é um recurso orgânico de prevenir

ou reduzir a gravidade das entorses de tornozelo, porque estimula os

receptores articulares, aumentando a resposta adaptativa às mudanças

bruscas dos eixos articulares.

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IV – PROTOCOLO PARA ENTORSE DE TORNOZELO GRAU I

Etapa I

Redução do edema – Crioterapia (30 minutos) com uso de

bandagem em posição de drenagem, massagem linfática, alongamento

Etapa II

Exercícios (após redução de edema e do quadro álgico e arco

completo de movimento) – exercícios ativos sem resistência;

DD – Encaixe do quadril flexão perna para o abdome realizar

movimentos de tornozelo.

DD – ponte com apoio em um só pé.

PO – peso do corpo em um dos lados. Apoiar os dedos no chão e

fazer mobilização de tornozelo em todas as direções (ponte).

Etapa III

Fortalecimento e resistência – exercícios ativos resistido

DO – Extensão Theraband para inversão, eversão, flexão

PO – planti-flexão no piso

Planti-flexão na espuma

Giro plano de um e dois pinos

Paciente no giro de um pino e fisioterapeuta jogando a bola

Fisioterapeuta jogando a bola para o paciente que está em pé e

unipodal, chutando a bola e depois trocando de perna

Paciente em cima de bola medicinibool e o fisioterapeuta

equilibrando-o

Paciente pula na espuma de frente, costas e de lado

Escada: uma perna no degrau fazendo semi-flexão de joelhos e

outra esticada em direção ao chão

Subir e descer a escada mantendo o membro lesado parado

Pular na cama elástica.

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Etapa IV

Para Treino da Marcha:

Tomada de peso antero-anterior e latero-lateral

Escada para apoio dos membros inferiores

Barra paralela

Caminhada 90º

“OBS” Este protocolo foi elaborado com período de dois meses em três

sessões semanais com duração de uma hora.

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V – METODOLOGIA

5.1 – Tipo de Pesquisa

Foi realizada uma pesquisa do tipo bibliográfica e de campo.

5.2 – População

A população em tese foi realizada com um grupo de pacientes do

sexo masculino de18 a 35 anos de idade atendidos na Clínica São João de

Deus, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.

5.3 – Amostra

Obtivemos uma amostragem com 10 pacientes, que foram

submetidos ao tratamento protocolo por um período de dois meses.

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VI – CONCLUSÃO

Tendo como suporte os conhecimentos apresentados nesse

estudo, conclui-se que a cinesioterapia é eficaz na recuperação funcional das

entorses de tornozelo de grau I, confirmando assim, a hipótese desta

monografia.

A reabilitação deve seguir alguns passos, consistindo, na

proteção das estruturas lesadas, ganho completo da amplitude de movimentos,

prevenção da atrofia muscular, manutenção da função proprioceptiva, melhora

da força muscular e retorno à agilidade para diferentes atividades

Conforme os conhecimentos abordados no estudo, comprova-se

que quanto maior e melhor orientada a quantidade de estímulos

proprioceptivos e a aplicação da cinecioterapia, não só reduz a gravidade das

entorses de tornozelo como promove um retorno mais rápido ás atividades da

vida diária.

Após o resultado de dois meses de atendimento fisioterápico,

segundo o protocolo supra-mencionado, obtivemos resultados satisfatórios,

como a abolição da dor, diminuição do edema, aumento da amplitude articular,

com isso, o paciente pode voltar a realização de suas atividades diárias.

É importante ressaltar, que a cinesioterapia deverá ter o auxílio de

outros recursos fisioterapêuticos, para assim, possibilitar uma recuperação

completa e diminuir o risco de recidivas. Estes recursos serão mencionados

nas recomendações.

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VII – RECOMENDAÇÕES

a) Durante a fase aguda, recursos como eletroterapia e

termoterapia são fundamentais para diminuição de edema,

diminuição do quadro álgico e do processo inflamatório.

b) A hidrocinesioterapia pode ser utilizada durante a fase aguda,

já que na água não existe ação da força da gravidade,

causando assim, menor pressão sobre a articulação lesada.

c) A cinesioterapia deverá ser iniciada com a diminuição dos

sinais e sintomas do paciente, que geralmente caracterizam a

fase sub-aguda.

d) Após a fase de fortalecimento muscular deve-se fazer um

trabalho de reeducação prorioceptiva com o objetivo de evitar

recidivas.

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BIBLIOGRAFIA

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Editora Manole. (25-7,30137-8).

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FERREIRA, ª B. H. (1986). Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio

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GARDINER, D. (1986). Manual de Terapia por Exercícios. 2ª Ed. São Paulo:

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Janeiro: Editora Guanabara Koogan. (cap 23).

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Rio de Janeiro: Editora Atheneu. (p.232-7).

LIPPERT, L. (1996). Cinesiologia Clínica para Fisioterapeutas. 2ª Ed. Rio de

Janeiro: Editora Revinter. (216-7).

MCMINN, R. R. H. & HUTEHINYS, R. T. (1991) Atlas Colorido de Anatomia

Humana. 2ª Ed. São Paulo: Editora Manole. (total 283 – 284 – 317 – 318 – 320

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PETERSON, L. & DESVSTROM,P. (1996). Traumas no Esporte 3. São Paulo:

Editora Documenta Novatris. (p. 35-41).

POLISUK, J. & GLODFELD, S. (1988). Pequeno Dicionário de Termos

Médicos. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Atheneu.

SALGADO, A S. I. (1990) Fisioterapia nas Lesões de Tornozelo. Curitiba:

Editora Lovise. (Capítulos 1,2,3,5 e 7).

SALTER, R. (1985). Distúrbios e Lesões do Sistema Músculo Esquelético. 2ª

Ed. Rio de Janeiro: Medsi Editora Médica. (487-8).

XHARDEZ, Y. (1990). Manual de Cinesioterapia. Rio de Janeiro: Editora

Atheneu. (4,5,12 e 73).

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ANEXO I

Figuras

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Fonte: Atlas Colorido de Anatomia Humana

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Fonte: Atlas Colorido de Anatomia Humana

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Fonte: Atlas Colorido de Anatomia Humana.

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Fonte: Atlas Colorido de Anatomia Humana

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Fonte: Atlas Colorido de Anatomia Humana.