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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A QUESTÃO DA MAIORIDADE PENAL COMO FORMA DE PREVENÇÃO E SOLUÇÃO DA CRIMINALIDADE INFANTIL Por: Alecsandra Pedrosa da Cunha Orientadora Profa. Ms. Valeska Rodrigues Rio de Janeiro 2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A QUESTÃO DA MAIORIDADE PENAL COMO FORMA DE

PREVENÇÃO E SOLUÇÃO DA CRIMINALIDADE INFANTIL

Por: Alecsandra Pedrosa da Cunha

Orientadora

Profa. Ms. Valeska Rodrigues

Rio de Janeiro

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL COMO FORMA DE

PREVENÇÃO E SOLUÇÃO DA CRIMINALIDADE INFANTIL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em. Direito Penal e

Processual Penal.

Por: . Alecsandra Pedrosa da Cunha.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha querida professora

Valeska Rodrigues que transmituiu

amizade, credibilidade e estímulo, me

ajudando, dessa forma, a realizar esse

presente trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico primeiramente a Deus por ter

me conduzido a concluir essa tarefa e

subir mais um degrau no meu objetivo;

ao meu marido, sempre ao meu lado e

minhas filhas.

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RESUMO

A presente tese monográfica tem como objetivo analisar as várias

opiniões divergentes no âmbito de toda a sociedade que discutem atualmente

sobre a temática da redução da maioridade penal como forma de solução e

prevenção da criminalidade infantil se baseando nos crimes violentos que são

cometidos ou tem a participação de jovens menores de idade.

Analisamos a evolução histórica demonstrando como foi o avanço das

legislações de proteção a criança e ao adolescente ao longo do tempo, ou

seja, desde os primórdios da nossa sociedade até a atualidade.

Dando continuidade, verificamos o que esta previsto na Legislação

Brasileira sobre o tema proposto, enfim, as normas de proteção a criança a ao

adolescente inseridas na Constituição Federal Brasileira de 1988, no Código

Penal, no Código Civil e na Lei Especial de nº 8069/90, que trata do Estatuto

da Criança e do Adolescente.

Ressaltamos todos os princípios constitucionais que tutelam os Direitos

do menor com o objetivo de demonstrar quão os mesmos são fundamentais

no nosso ordenamento jurídico já que não podem ser violados.

Finalizamos a pesquisa monográfica colocando em discussão se a

redução da maioridade penal seria realmente a solução para diminuir a

violência cometida por menores infratores.

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METODOLOGIA

A pesquisa aqui abordada será bibliográfica e descritiva, tendo em vista

que tem como meta alcançar a descrição das características do assunto em

análise, abordando de maneira clara e incisiva toda a investigação aqui

proposta.

Durante todo o decorrer do trabalho serão utilizadas como fontes de

pesquisa, doutrinas referentes ao tema em análise, as legislações vigentes em

nosso ordenamento jurídico, revistas técnicas de Direito, artigos

disponibilizados na Internet, além da jurisprudência, sem deixar de incluir a

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Será realizada uma leitura qualitativa das doutrinas dispostas, onde

possa ter um aprofundamento sobre o assunto pesquisado. Analisando as

opiniões dos ilustres doutrinadores assim como as inovações sobre a

matéria obtendo, dessa forma, uma revisão analítica que poderá surtir na

geração de um posicionamento crítico sobre o tema. Utilizando-se assim do

método dedutivo, uma vez que partirá de uma análise geral para a

específica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................08

CAPÍTULO 1 - Antecedentes Históricos .......................................................10

CAPÍTULO 2 - Considerações sobre a Imputabilidade Penal no Brasil ........16

2.1 Princípios Constitucionais relacionados a Criança e ao Adolescente ....................18 2.2 O menor na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. ..................23 2.3 O menor à luz do nosso Código Penal ...................................................................28 2.4 A Questão da Maioridade Penal face as alterações do Novo Código Civil............34 2.5 A utilização e os efeitos do Estatuto da Criança e do Adolescente........................37

CAPÍTULO 3- Posicionamento dos legisladores e da sociedade sobre o tema

........................................................................................................................56

3.1 Posicionamentos favoráveis à redução da maioridade penal .................57

3.2 Posicionamentos contrários à redução da maioridade penal ..................59

CONCLUSÃO..................................................................................................61

ANEXOS..........................................................................................................63

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...............................................................................121

ÍNDICE.........................................................................................................................125

FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................126

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico visa abordar a redução da maioridade penal

como forma de solução e prevenção da criminalidade infantil em seus diversos aspectos,

apresentando as distintas correntes de pensamento e de discussão existentes, os

procedimentos adotados no Brasil, a legitimidade e as matérias passíveis de serem

argüidas. Pretendemos, assim, através da sistematização de idéias, consubstanciar a

discussão deste polêmico tema.

Inicialmente, sintetizamos o tratamento histórico da infância e da juventude,

ressaltando-se os principais acontecimentos desde os primórdios da humanidade até a

atualidade, no cenário internacional e nacional.

Demonstramos a importância fundamental dos acordos internacionais e do

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ao adotar a teoria da proteção integral,

tratando a criança e o adolescente como pessoas em condição peculiar de

desenvolvimento, necessitando, em conseqüência, de proteção diferenciada,

especializada e integral, não tendo por objetivo manter a impunidade de jovens, autores

de infrações penais, inclusive normatizando diversas medidas sócio-educativas que, na

realidade, são verdadeiras penas, iguais àquelas aplicadas aos adultos.

Dando continuidade, expomos a normatização do tema analisando os Princípios

Constitucionais relacionados a Criança e ao Adolescente, bem como a imputabilidade

penal do menor à luz da Constituição Federal de 1988, do Código Penal e do Código

Civil; na seqüência, discutimos o processo de execução das medidas aplicadas aos

jovens infratores através do Estatuto da Criança e do Adolescente, onde ressaltamos

principalmente a eficácia da medida de internação, destacando suas falhas, com o

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objetivo de tentar buscar soluções para a recuperação e ressocialização de jovens que se

envolvem em crimes.

Finalizando a pesquisa monográfica, expomos as distintas formas de análise e

enfrentamento da sociedade brasileira em face as situações de violências cometidas por

menores, com o posicionamento de legisladores sobre a redução da maioridade penal.

Faz-se necessário avaliar o papel do Estado e da Sociedade diante da questão do

jovem infrator, enfocando as estruturas familiares e as iniqüidades sociais, que colocam

o jovem de baixa renda em situação de vulnerabilidade frente ao crime.

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1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS

Nos tempos remotos, os laços de família eram fixados pelo culto a religião não

se dando importância aos laços consangüíneos, em algumas das legislações existentes da

época, como o Código de Manú, na Índia, Código de Hamurabi, na Mesopotâmia e o

Alcorão muçulmano, se permitia que crianças defeituosas, crianças do sexo feminino e

aquelas consideradas débeis fossem eliminadas. Como exceção, na Mesopotâmia, a

Legislação Mosaica, de Moises (Pentateuco - Bíblia Cristã) do povo Hebreu proibia o

sacrifício de crianças como também o aborto, no entanto, permitia a venda de menores

no comércio escravo.

As crianças, na sociedade romana, eram consideradas propriedade de seus pais,

onde prevalecia a autoridade paterna (pater família) que possuíam direito de vida e

morte sobre as mesmas enquanto seus filhos maiores ou menores morassem na sua casa,

nessa época não havia distinção quanto a maioridade. Com o avanço do Direito

Romano, fonte de inspiração das legislações modernas começaram a surgir algumas

legislações de proteção ao menor, sendo definida a maioridade penal a partir dos vinte e

cinco anos com a distinção dos menores púberes e impúberes como também os órfãos.

A curatela obrigatória dos menores de vinte e cinco anos no direito romano

ocorreu no período pós-clássico, na era de Justiniano (direito Justiniano), de acordo com

o entendimento majoritário. A curatela era regida pelos seguintes princípios:

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1) O homem ou mulher com menos de vinte e cinco anos poderia escolher quem

seria seu curador, mas esse deveria ser nomeado pelo juiz, mesmo que fosse para

confirmar o nome do curador que foi deixado em testamento pelo pai desse (a) jovem;

2) O jovem com menos de vinte e cinco anos, para adquirir qualquer débito,

necessitaria da autorização do curador, tendo a mesma autoridade de um tutor;

3) O curador, ou curadores, que não tivesse mais a intenção de continuar com

aquela tutela, deveria apresentar uma razão que fosse plausível, podendo administrar os

bens desse jovem ou se limitar a dar seu consentimento no que fosse requerido.

Na Grécia só eram mantidas vivas as crianças que nascessem saudáveis e de

preferência do sexo masculino porque essa criança era entregue ao Estado, se tornando

seu patrimônio, com o objetivo de transformá-los em futuros guerreiros.

Na Idade Média, o Direito Canônico, que constituía o Direito Penal da Igreja,

detendo o domínio do poder, herdou a legislação Romana. O cristianismo contribuiu de

início com o reconhecimento do direito a dignidade para todos inclusive para as crianças

começando a surgir alguma proteção aos menores. Assim, atenuou o tratamento severo

que era imposto nas relações familiares entre pais e filhos, onde fez prevalecer, segundo

a bíblia, o dever do respeito. Em contrapartida, filhos gerados fora do casamento eram

discriminados e não possuíam nenhuma proteção da igreja, e em alguns países como

Inglaterra e Itália, continuavam punindo crianças na faixa etária de dez e onze anos.

A Declaração de Genebra, de 1924,1 também chamada Declaração dos Direitos

da Criança, primeira declaração internacional do gênero, foi de extrema importância

para o Direito Internacional das crianças e adolescentes, determinando 22 anos depois,

1 Anexo I na Integra

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em 1946, a criação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), instituição

que defende os interesses das crianças até os dias de hoje.

Dois anos após a criação da Declaração de Genebra, foi elaborado no Brasil o

Decreto Legislativo de 1º de dezembro de 1926 que implantou o Código de Menores,

determinava que não se poderia prender um menor de dezoito anos que tivesse cometido

ato infracional, e que o menor de quatorze anos deveria ser conduzido para abrigo ou

permanecer sob a guarda de pessoa idônea.

No ano de 1959 foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos da Criança2 e

finalmente, em 1979, foi celebrado o ANO INTERNACIONAL DA CRIANÇA. A

partir desse momento se iniciou um debate para a elaboração de uma norma de ação

específica. Anos depois, em 1985, a Assembléia Geral das Organizações das Nações

Unidas (ONU) aprovou as Regras de Beijing,3 regras mínimas para administração da

justiça de menores.

Atualmente as normas internacionais tratam da educação, saúde, adoção, bem

como das normas de Direitos Humanos.

No Brasil, até a criação da sua própria legislação penal, foi seguida a Legislação

Portuguesa. Em 1830 criou-se o Código Criminal do Império, baseado no Código Penal

Francês de 1810, com a maioridade penal se dando aos quatorze anos. O critério usado

era o do discernimento, na faixa dos sete aos quatorze anos onde esse menor era

encaminhado as casa de correção se ficasse evidente que o mesmo tinha consciência dos

seus atos no momento em que cometia alguma infração, há relatos de condenação à

2 Anexo II (Ibidem anexo I) 3 Anexo III na Integra

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prisão perpétua de crianças de oito anos, com a argumentação da noção plena do ato no

momento do feito.

No Código Penal Republicano, de 1890, ficou decidido que os menores até nove

anos de idade eram inimputáveis e os maiores de nove e menores de quatorze anos

deveriam ser submetidos ao critério do discernimento, e até os dezessete anos de idade

seriam apenados com 2/3 da pena de um adulto.

Em 1551 foi fundada a primeira casa de recolhimento de crianças do Brasil que

era administrada por jesuítas que procuravam auxiliar as crianças negras e índias em

relação aos padrões de educação bárbaros que eram impostos por seus pais. Em 1906,

essas casas se transformaram em escolas de prevenção, com o objetivo de educar e

regenerar menores abandonados e em conflito com a lei.

No século XVIII o Estado começou a se preocupar com as crianças órfãs que

eram abandonadas nas portas das igrejas e foi criada, com base no que era usado na

Europa, a Roda dos Expostos, mantida pelas Santas Casas, onde eram colocadas as

crianças não desejadas.

Apenas no final do século XIX começaram a surgir idéias que inovaram a forma

de tratar a criminalidade infantil e juvenil. A norma disposta no código de 1890 foi

revogada em 1921 com a promulgação da lei 4212/21,4 que estabeleceu no seu artigo 20

que os menores de quatorze anos não sofreriam sanções por crimes cometidos e aqueles

entre quatorze e dezoito anos seriam submetidos a processo especial. Em 1927 com a

publicação do Decreto nº 17.943-A foi criado o primeiro Código de menores do Brasil

com medidas assistenciais, preventivas e protecionistas com a criação do Juiz de

menores.

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Quando foi elaborado o Código Penal de 1940 no nosso ordenamento jurídico,

adotou-se o critério biológico em relação à inimputabilidade, estabelecendo-se a idade

de dezoito anos para a imputabilidade penal, modelo ainda considerado como situação

irregular, estando os menores sujeitos à legislação especial. No ano de 1942 foi criado o

SAM - Serviço de Assistência do Menor, através do Decreto Lei nº. 3799/41 redefinido

em 1944 pelo Decreto Lei nº. 6.865.5, o modelo de atendimento prestado ao menor

infrator era o chamado correcional-repressivo.

No ano de 1964 surgiu a FUNABEM - Fundação Nacional do Bem-Estar do

Menor pela lei 4.5136, órgão de administração publica indireta ligado diretamente a

presidência da republica, com uma proposta pedagógica-assistencial progressista,

também de padrão correcional repressivo; foi substituída em 1990 pelo CBIA - Centro

Brasileiro para a Infância e Adolescência.

O CBIA visava o reordenamento institucional das estruturas herdadas da

FUNABEM, entretanto, este órgão foi extinto antes de atingir o seu objetivo.

Em 1995 criou-se o departamento da criança e do adolescente (DCA)7, órgão

que integrava a secretaria nacional dos direitos humanos do ministério da justiça, o

mesmo coordenou a política nacional de garantia dos direitos da criança e do

adolescente.

Com a promulgação da Constituição da Republica Federativa do Brasil em 1988,

após movimentos populares a favor da infância e da juventude, como também com a

4 Anexo IV na Integra comentários 5 Anexo VI (Ibidem anexo IV) 6 Anexo VII na Integra 7 Anexo VII (Ibidem anexo IV)

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pressão de organismos internacionais, como o UNICEF, ficou definida, no artigo 2278 ,

os direitos da criança e do adolescente e no artigo 2289 , que a maioridade penal se dá

aos dezoito anos de idade.

A doutrina adotada pelo Direito Brasileiro é a da Proteção Integral que considera

e reconhece os direitos especiais da Criança e do Adolescente, dada a condição de

indivíduos em condições peculiares de desenvolvimento.

Em 1989 a Assembléia-Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU)

sancionou a Convenção sobre os Direitos da Criança e o Brasil fez parte dos Estados

Signatários. Neste contexto, os nossos legisladores criaram o Estatuto da Criança e do

Adolescente, lei nº8069/90 revogando todas as outras leis infraconstitucionais que

tratavam do assunto.

8 Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos:I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á em consideração o disposto no art. 204.

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2. CONSIDERACOES SOBRE A IMPUTABILIDADE NO BRASIL

9 Art. 228 - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.

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Observamos, atualmente, um aumento dos índices de criminalidade cometidos

diretamente por menores, ou com a participação dos mesmos como co-autores10 ou

partícipes,11 incluindo infrações realizadas de forma brutal e violenta. A veiculação pela

mídia de casos de homicídios que chocaram toda a população brasileira com a

participação de menores, bem como, a recente apresentação do documentário Falcão –

Meninos do Trafico, reabriu novamente uma antiga discussão com opiniões divergentes

em todo âmbito da sociedade: a redução da imputabilidade penal no Brasil.

Alguns doutrinadores e legisladores, como também parte da opinião pública,

defendem a redução da maioridade penal como forma de coibir a violência, sustentando

que os menores de dezoito anos têm ampla noção do que fazem, sugerindo, assim, que a

imputabilidade penal seja reduzida para dezesseis anos. Por outro lado, há

entendimentos de que o menor de dezoito anos não possui desenvolvimento mental

completo para compreender o caráter ilícito de seus atos, defendendo-se, assim, o

critério biopsicológico.12 Ademais, o rebaixamento etário da imputabilidade penal fere

os preceitos normatizados na Constituição da República, bem como as normas

10 “Se autor é aquele que possui o domínio do fato, é o senhor de suas decisões, co-autores serão aqueles que têm o domínio funcional dos fatos, ou seja, dentro do conceito de divisão de tarefas, serão co-autores todos os que tiverem uma participação importante e necessária ao cometimento da infração, não se exigindo que todos sejam executores, isto é, que todos pratiquem a conduta descrita no núcleo do tipo.”(Greco, Rogério. Curso de Direito Penal, Parte Geral, Volume 1, 5ª edicao, Editora Impetus, p. 489) 11 “ A participação em sentido estrito, como espécie do gênero concurso de pessoas, é a intervenção em um fato alheio, o que pressupõe a existência de um autor principal. O participe não pratica a conduta descrita pelo preceito primário da norma penal, mas realiza uma atividade secundaria que contribui, estimula ou favorece a execução da conduta proibidada...”(Bitencourt, Cezar Roberto, Tratado de Direito Penal, Parte Geral 1, 10ª edicao, Editora Saraiva, p.522) 12 “ ...O criterio biológico, portanto, reside na aferição da doença mental ou no desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Contudo, mesmo que comprovado, ainda não será suficiente a fim de conduzir à situação de inimputabilidade. Será preciso verificar se o agente era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento(critério psicológico). A escolha do legislador foi pela adoção dos dois critérios, simultaneamente, surgindo, com isso, o criterio biopsicologico.( Greco, Rogério. Curso de Direito Penal, Parte geral, Volume 1, 5ª edicao, Editora Impetus, p. 447)

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18

infraconstitucionais previstas no Código Penal e no Estatuto da Criança e do

Adolescente.

Existem, ainda, discussões sobre a responsabilidade do Estado, da família e da

sociedade diante dessa problemática, e sobre o nosso sistema carcerário atual,

ineficiente e caótico, que certamente não seria o mais indicado para ressocialização

desses jovens.

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2.1 PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS RELACIONADOS À CRIANCA E AO ADOLESCENTE

Quando o povo faz surgir uma nova ordem jurídica fundamental, a mesma nasce

baseada em fundamentos, ideais, que nada mais são do que os princípios

constitucionais. Princípio não é fonte do Direito, e é sim, fundamento dessa fonte. Os

princípios estão para a ordem jurídica assim como a estrutura de um edifício está para a

construção civil.

Princípios constitucionais são as bases, os fundamentos da ordem jurídica. Há

princípios expressos e princípios implícitos na Constituição da Republica Federativa do

Brasil. Ferir um princípio é muito mais grave que ferir uma regra. A ordem jurídica é

constituída por várias regras que irão dispor sobre situações específicas, porém todas

deverão estar baseadas nos princípios constitucionais. Então, quando se fere um

princípio, esta se ameaçando toda a ordem jurídica e quando se fera uma regra, se fere

um pedaço daquele ordenamento jurídico.

A Constituição da Republica Federativa do Brasil, ápice do nosso ordenamento

jurídico é um conjunto de normas formadas por princípios as quais devem ser seguidas

pelas demais normas jurídicas constitucionais e infraconstitucionais.

De acordo com o ilustre doutrinador Jose Afonso da Silva:

“ Os princípios são ordenações que se irradiam e imantam os sistemas de normas são [como observam Gomes Canotilho e Vital Moreira], ‘núcleos de condensações’, nos quais confluem valores e bens contitucionais”13

13 Silva, Jose Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, 22ª Edição, Editora Malheiros, p.92

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Esses princípios demonstram todos os valores que estão consolidados na nossa

sociedade. São normas jurídicas qualificadas já que tem uma eficácia maior, orientando

as demais normas jurídicas, inclusive as constitucionais, são essência da própria

constituição, de eficácia plena e imediata, vinculantes, hegemônicas, imperativas e

coercitivas para o poder publico e para a coletividade.

Os princípios constitucionais são multifuncionais tendo como principais

funções: normogenética, sistêmica, orientadora, vinculantes, interpretativas e supletivas.

A função normogenética significa que os princípios constitucionais são os

fundamentos das normas jurídicas, os vetores que direciona a aplicação das normas

jurídicas. Dessa forma qualquer norma jurídica contraposta ao conteúdo dos princípios

constitucionais não são legítimos.

A função sistêmica prevê que examinando os princípios constitucionais há uma

visão unitária do texto constitucional tendo como conseqüência a unidade do sistema

jurídico fundamental onde se relacionam harmoniosamente o direito, os princípios e as

normas jurídicas.

A função orientadora mostra que os princípios constitucionais servem de

orientação para a criação legislativa e aplicação das normas jurídicas constitucionais e

infraconstitucionais.

A função vinculante é aquela em que as regras do sistema jurídico estão

vinculadas aos princípios constitucionais que a inspiraram, ou seja, a sua conformidade

aos princípios constitucionais, sendo harmônicas são validas, se não são compatíveis são

ilegítimas. Os princípios constitucionais servem de parâmetros na percepção da

constitucionalidade e legalidade das regras jurídicas.

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21

A função interpretativa tem dupla função: a interpretação dos próprios princípios

constitucionais sempre correlacionados a mudança nos valores da sociedade e a

interpretação das normas jurídicas a luz dos princípios constitucionais que deve estar

sempre em harmonia, ou seja, nunca em conflito com os mesmos.

A função supletiva demonstra que os princípios constitucionais completam a

aplicação do direito as situações fáticas ou concretas que ainda não foram

regulamentadas.

A eventual contradição entre os princípios constitucionais diante de cada caso

concreto deverá ser resolvida segundo seu significado no ordenamento constitucional

com interpretação globalizada, no qual existirá uma maior eficácia para solucionar o

conflito.

Diante disso os princípios constitucionais são os mandamentos normativos

superiores do sistema jurídico que orientam a elaboração das regras jurídicas e sua

aplicação, tendo incidência direta nas lacunas do direito.

Consoante o ensinamento do ilustre jurista Celso Antonio Bandeira de Mello:

“Violar um principio é muito mais grave que transgredir uma norma.... É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade conforme o escalão atingido..... Isto porque com o ofende-lo, abatem-se as vigas que os sustem e alui-se toda a estrutura neles esforçadas”.14

A Constituição da Republica Federativa do Brasil consagra no seu artigo 3º seus objetivos fundamentais.15

14 Mello, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1980, p.230. 15 Art. 3º da CRFB/88 – Constituem objetivos fundamentais da Republica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, de raça, sexo cor e idade e quaisquer outras formas de discriminação.

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22

Em relação aos princípios orientadores do direito da criança e do adolescente os

mesmos materializam o principio da dignidade da pessoa humana conforme esta

consolidado no artigo 1º, III, da Constituição da Republica Federativa do Brasil.16

Os Princípios Orientadores do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei

8069/90, que concretizam a doutrina da proteção integral são:

1) Principio da Prioridade Absoluta:

Consagrado no artigo 227 da Constituição da Republica e artigo 4º da Lei

8069/9017. Este principio prevê a prioridade que foi tutelada pelo legislador em favor

das crianças e adolescentes em todas as áreas de interesses da sociedade onde é levado

em consideração a condição de pessoa em desenvolvimento. A proteção que deve ser

dada a criança e ao adolescente devera ser garantida pelo poder publico, bem como a

família e a sociedade.

16 Art. 1º da CRFB/88 - A Republica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – ...; II – ...; III – A dignidade da pessoa humana; IV – ...;V – .... Parágrafo Único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

17 Art. 4° da Lei 8069/90 - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.Parágrafo único - A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

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23

Segundo Dalmo de Abreu Dallari:

“a enumeração não é exaustiva, não estando, aí, especificadas todas as situações em que deverá ser assegurada a preferência à infância e juventude, nem todas as formas de assegurá-la.Seguindo a mais moderna técnica legislativa, trata-se de uma norma aberta, com um mínimo legal, mas permissiva de uma interpretação ampla a permitir o respeito e aplicação da doutrina da proteção integral.”18

2) Principio do melhor interesse:

É um principio que orienta o legislador na sua analise da lei que será

determinada de acordo com as necessidades da criança e do adolescente. É um principio

garantidor dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, direitos esses

protegidos constitucionalmente.

De acordo com canotilho:

“os princípios, ao constituírem ‘exigência de optimizacao’, permitem o balanceamento de valores e interesses( não obedecem, como as regras, à ‘logica do tudo ou nada’), consoante seu ‘peso’ e a ponderação de outros princípios eventualmente conflitantes(...) em caso de ‘conflito entre principios’, estes podem ser objecto de ponderação, de harmonização, pois eles contem apenas ‘exigencias’ ou ‘standards’, que, em primeira linha(prima facie), deve ser realizada.19

3) Principio da Municipalização ou da Descentralização :

A Constituição da Republica Federativa do Brasil nos seus artigos 20320 e 20421

descentralizou e ampliou a política assistencial.

18 DALLARI, Dalmo de Abreu. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado, Comentários Jurídicos e Sociais, São Paulo, 1996, Malheiros Editores, 2ª edição, p.26. 19 Canotilho, J.J Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra 1998. Editora Almedina. Pagina 1035. 20 Art. 203 da CRFB/88 - A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da

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24

De acordo com o sistema de gestão atuais baseados na descentralização

administrativa, o legislador constituinte dividiu a execução de programas de política

assistencial aos Estados e Municípios e também entidades beneficentes e de assistência

social.

A Municipalização através do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente

procura resguardar os direitos fundamentais infanto-juvenis para dar eficácia a pratica

da doutrina da proteção integral, com a instalação de seus conselhos tutelares. É

primordial a participação do Ministério Público fiscalizando se estão sendo

implementados os programas sociais voltados a criança e ao adolescentes.

2.2 O MENOR NA CONSTITUICAO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

Desde 19 de agosto de 1993, no Projeto de Emenda Constitucional – PEC nº

171/1993, do autor Benedito Domingos, do PP/DF,22 vem sendo discutida pelo

Congresso Nacional, uma proposta de emenda na nossa Constituição Federal, com o

intuito de alterar o artigo 228 da Constituição Federal tendo como explicação da

integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 21 Art. 204 da CRFB/88 - As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

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25

Ementa: Imputabilidade Penal do Maior de 16 anos alterando a nova Constituição

Federal, ou seja, CF/88 que acarretaria obviamente alterações no Código Penal e no

Estatuto da Criança e do Adolescente, visando à redução da imputabilidade penal de

dezoito anos para dezesseis anos.

Trata-se de tema complexo, pois existem entendimentos de que o menor é

protegido pela Constituição Federal no rol dos direitos e garantias fundamentais, que

possuem natureza jurídica de direitos constitucionais em seu artigo 5º, parágrafo 2º da

Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988.23

Dentre os tratados internacionais ressalta-se a Convenção Americana sobre

Direito Humanos - Pacto de São José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil em 25 de

setembro de 1992, que faz referência ao menor, em seu artigo 19:

“Artigo 19 – Direitos da criança: Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer, por parte da sua família, da sociedade e do Estado.”

O artigo 6º da Constituição da Republica Federativa do Brasil trata dos direitos

sociais, incluindo neste a proteção à infância.24

Os artigos supracitados são de natureza pétrea, ou seja, não podem ser

modificados, estando sob a proteção do artigo 60, parágrafo 4, IV da Constituição da

Republica Federativa do Brasil.25

22 Anexo VIII na Integra 23 Art. 5º da CRFB/88 – “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:....... § 1 .....§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.

24 Art. 6º da CRFB/88 – “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

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26

Faz limitações ao poder constituinte reformador fazendo dos Direitos e Garantias

Fundamentais “Cláusulas Pétreas”, ou seja, aquelas que não podem ser alteradas ou

modificadas, fazendo assim com que qualquer Emenda se torne inconstitucional. Para

que seja modificada qualquer “Cláusula Pétrea” é necessária à manifestação do Poder

Constituinte Originário através do povo, por plebiscito ou referendo.

Desta forma afirma o jurista Dr. Dalmo de Abreu Dallari:

“A previsão de tratamento jurídico diferente daquele que se aplica aos adultos é um direito dos menores de 18 anos, que são pessoas, indivíduos, sujeitos de direitos. De acordo com o artigo 60, IV, parágrafo 4º, da Constituição, não poderá ser objeto deliberação proposta de emenda constitucional tendente a abolir garantias individuais”26.

O artigo 227 da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988 e seus

parágrafos e incisos tratam dos direitos fundamentais da criança e do adolescente

elencando os deveres da família, da sociedade e do Estado,27 reafirmando o que já está

contido nos Direitos e Garantias Fundamentais previstos no artigo 5º da CF/88.28

O artigo 228 da Constituição da Republica Federativa do Brasil29 prevê que os

menores de 18 anos são inimputáveis só podendo ser sancionados por legislação

especial, ou seja, o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Afirma Jussara de Goiás:

“Ademais, os princípios e direitos constantes do artigo 227 são a expressão da Normativa Internacional pela Convenção das Nações Unidas sobre os

25 Art. 60 da CRFB/88 - “A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - ...; II - ...; III - ... § 1º - ... § 2º - ... 3º - ... § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - ...; II - ...; III - ...; IV - os direitos e garantias individuais”. 26 DALLARI, Dalmo de Abreu. A razão da idade: Mitos e Verdades. A razão para manter a maioridade penal aos 18 anos. 1º edição. Brasília: Ministério da justiça/ Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, 2001. p.25. 27 Ibidem nota de rodape nº 8, pagina 16. 28 Ibidem nota de rodape nº 23, pagina 23. 29 Ibidem nota de rodape nº 9, pagina 16.

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27

Direitos da Criança, promulgada pela Assembléia Geral em novembro de 1989 e ratificada pelo Brasil, mediante voto do Congresso Nacional. Com a ratificação, a Convenção passa integrar a lei interna e a fazer parte do Sistema de Direitos e Garantias, por força do parágrafo 2º do artigo 5º da Constituição Federal”30.

O Artigo 228 da Constituição Federal da garantia ao adolescente da sua

inimputabilidade, ou seja, a não responsabilização criminal do menor de 18 anos, pela

razão da condição particular de estar em pleno desenvolvimento físico, mental,

emocional e social. O menor infrator respondera no que esta disposto em sua legislação

especial.

Segundo o promotor de justiça Gercino Gerson Gomes Neto:

“...Em relação à segunda parte do artigo 228, que dispõe que o adolescente, apesar de inimputável penalmente, responde na forma disposta em legislação especial, contém além de uma garantia social de responsabilização de adolescente, um direito individual de que a responsabilização ocorrerá na forma de uma legislação especial. Assim, estamos diante de uma responsabilização especial, não penal, que é um direito individual do adolescente e, como tal, consubstanciado em cláusula pétrea. Dito isto, só nos resta assegurar que este dispositivo constitucional também é cláusula pétrea, portanto, insuscetível de reforma ou supressão....”31

A legislação especial a qual se refere o artigo 228 da CF/88 é a Lei 8.069/90,

denominada ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, normatizando os

direitos, garantias e penalidades direcionadas aos menores infratores através da

aplicação de medidas sócio-educativas, buscando a ressocialização dos mesmos.

Pelos motivos explanados acima, alguns doutrinadores e juristas não concordam

com a redução da imputabilidade penal, considerando-a inconstitucional por ferir o

Princípio da Supremacia da Constituição, que faz da mesma Lei Suprema do Estado, e

30 GOIÀS, Jussara de. A Razão da Idade: Mitos e Verdades. Inimputabilidade não é impunidade. 1º edição Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, 2001. p.122. 31 Neto, Gercino Gerson Gomes. A inimputabilidade penal como clausula pétrea. <Disponível em http://www.mp.rs.gov.br/infancia/doutrina/id205.htm>. Acesso em: 25.04.2006.

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28

onde se encontram as normas fundamentais do Estado, superiores às demais normas

jurídicas.

Há quem se oponha ao que foi explicado acima sendo favoráveis a redução da

maioridade penal porque entendem que pela questão da nossa modernidade Crianças e

Adolescentes tem total discernimento do ato que estão cometendo devido as

transformações políticas, econômicas e sociais que ocorreram nos últimos anos fazendo

com que esses menores amadurecessem mais rápido tendo mais acesso as tecnologias do

mercado.

Também fundamentam sua opinião se baseando pelo que esta previsto no Novo

Código Civil sobre a redução da capacidade civil que foi reduzida para dezoito anos, na

questão do voto aos dezesseis anos e em algumas propostas de obtenção de carteira de

motorista.

Argumentam que se é permitido ao Adolescente votar aos dezesseis anos é

porque se considera que o mesmo tem capacidade de discernimento no momento em

que decide cometer atos infracionais. Mencionam o Pacto de São José de Costa Rica, a

Convenção Americana Sobre os Direitos Humanos, no seu artigo 5º, nº. 5 dizendo que:

“ Art. 5º 1. ... 2. ... 3. ... 4. ... 5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento. 6. ...”

O mesmo não faz menção quanto à maioridade penal deixando a critério de cada

país signatário, nas suas legislações internas, a forma mais adequada de decidir essa

questão.

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29

Afirma a professora de Direito penal da USP, Daisy Gogliano:

“A maioridade penal é fixada por uma política criminal. Não se trata de objeto de garantia individual porque é fixada de acordo com as circunstâncias do tempo em que vivemos, dos valores e da cultura da sociedade [...] As pessoas trabalham e estudam, por que não um infrator? Com horário, disciplina, trabalho e tratamento psicoterápico, é possível formar indivíduos dignos”32

Os que defendem esse posicionamento esclarecem que não concordam com os

que entendem ser os artigos 227 e 228 da Constituição Federal de natureza pétrea,

considerando, assim, que a legislação vigente favorece os menores a cometerem crimes

quando não são responsabilizados com a mesma severidade que os maiores infratores.

Consideram que o sistema carcerário vigente seria a punição mais adequada para jovens

infratores porque as penas são maiores, acrescentam que O Estatuto da Criança e do

Adolescente não prevê penas severas e por esse motivo não alcança seu objetivo porque

os jovens sabem que a pena não é rigorosa e com se baseando nisso cometem atos

infracionais.

32 GOGLIANO, Daisy. <http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2003/jusp669/pag03.htm>acesso em 02 de abril de 2006

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30

2.3 O MENOR À LUZ DO NOSSO CODIGO PENAL

O Código Penal, no seu artigo 27,33 adotou o sistema biológico que presume a

capacidade de compreensão da vontade em relação aos menores, e por esse motivo, pelo

critério da idade, o mesmo é considerado inimputável e o critério de inimputabilidade é

absoluto.

A criança e o adolescente ainda não alcançaram idade para serem penalizados

segundo as leis previstas, existindo, por esse motivo, uma presunção da incapacidade do

mesmo submetendo-os ao critério biopsicológico34 que se relaciona com a culpabilidade

impondo-lhe, assim, através de sua legislação especial, o Estatuto da Criança e do

Adolescente medida sócio-educativa.

A menoridade constitui causa de exclusão da imputabilidade que esta elencada

no artigo 26 do Código Penal, caput35

Considera-se que Criança e o Adolescente é aquela que possui desenvolvimento

mental incompleto, ou seja, aquele que não se concluiu devido à idade cronológica do

agente tornando-o imaturo diante da sociedade até completar 18 anos de idade.

33 Art. 27 do CP - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. 34 Ibidem nota de rodapé nº 12, pagina 18 35 Art. 26 do CP - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

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31

A imputabilidade no Direito Penal é a capacidade de entendimento da ilicitude

do fato cometido, o agente deverá estar em perfeitas condições mentais para

compreender sua atitude contrária à lei penal tendo total controle sobre sua vontade,

presumindo, dessa forma, ausência de culpabilidade que é a reprovação da conduta.

A Culpabilidade se da somente se houver injusto penal, que nada mais é uma conduta típica e antijurídica.

Havendo injusto penal será feito um juízo de valor sobre a conduta da pessoa. É um juízo de reprovabilidade.

Esse juízo pode depender de juiz para juiz. Por isso a Teoria Finalista é criticada, apesar da mesma ser adotada hoje pelo

nosso código penal, conduta é todo movimento do corpo que visa uma finalidade. Assim, a partir dessa teoria, tem-se uma

análise diferente do que é crime, ou seja, crime é uma conduta típica, antijurídica e culpavel.

Na culpabilidade todos os elementos são normativos, Teoria Normativa ou também chamada de Teoria

Normativa Pura36, adotada pela Teoria Finalista.

A culpabilidade é formada por 3 elementos. Para haver crime tem que estar

presentes esses três elementos:

1. Imputabilidade

2. Potencial Conhecimento da Ilicitude

3. Exigibilidade de conduta diversa

A Imputabilidade é a capacidade de compreender o caráter ilícito do fato e

determinar-se de acordo com este entendimento.

Consoante o ilustre Doutor em Direito Penal Cezar Roberto Bitencourt:

“Pode-se afirmar, de uma forma genérica, que estará presente a imputabilidade, pelo Direito Penal brasileiro, toda vez que o agente apresentar condições de normalidade psíquica e maturidade psíquica... a falta de maturidade mental, que é a hipótese da menoridade (18 anos), podem levar

36 De acordo com o respeitável professor de direito penal Damásio E. de Jesus, em seu livro, Direito Penal, 1º volume parte geral, 23 ed, editora saraiva, 1999, páginas 459, 460 a teoria normativa pura da culpabilidade “... . Relaciona-se com a teoria finalista da acao... Retira o dolo da culpabilidade e o coloca no tipo penal. Exclui do dolo a consciência da ilicitude e a coloca na culpabilidade... De acordo com a doutrina tradicional, culpabilidade é o liame subjetivo entre o autor e o resultado..., a culpa tem um elemento normativo: a censurabilidade da conduta, a reprovabilidade do comportamento..., logo, o dolo não faz parte da culpabilidade, sofrendo um juizo de valor, de apreciação, no campo da culpabilidade. Entao, resta para a culpabilidade o juízo de valoração(elemento normativo). Assim, a culpabilidade é um juízo de valor que incide sobre um tipo psicológico que existe ou falta.

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32

ao reconhecimento da inimputabilidade, pela incapacidade de culpabilidade....” 37

A regra é a imputabilidade. Porém, a lei traz 3 casos em que não há

imputabilidade, ou seja, são casos em que há inimputabilidade: Artigo 26 Caput38,

artigo 2739 e artigo 28, parágrafo 1º40 todos do código penal.

Art. 26 Caput – é isento de pena – será absolvido. Quando este artigo

diz : “inteiramente incapaz”, está querendo dizer que o sujeito é totalmente

incapaz. O critério adotado pelo legislador, neste artigo, foi o critério

biopsicológico.

Ainda de acordo com Bitencourt:

“... o agente é incapaz de avaliar o que faz, no momento do fato, ou

então, em razão dessas anormalidades psíquicas, é incapaz de

autodeterminar-se no momento do fato. Devem reunir-se, portanto, no

caso de anormalidade psíquica, dois aspectos indispensáveis:um

aspecto biológico, ....., e um aspecto psicológico, que é o referente á

capacidade de entender ou de autodeterminar-se de acordo com esse

entendimento.” 41

Como saber se a pessoa está nas condições do art. 26? Se houver

dúvida, deve ser instaurado inquérito. Faz-se o incidente de insanidade mental,

artigo 152 do Código de Processo Penal42, onde será feito exame e emitido

laudo. Se ficar comprovada a insanidade, o juiz absolverá. É a chamada

37 Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, Parte Geral 1, 10º edição, Saraiva, 2006, pagina 439 38 Ibidem nota de rodapé nº 35, pagina 30 39 Ibidem nota de rodapé nº 33, pagina 30 40 Art. 28 do CP - Não excluem a imputabilidade penal: I - ...; II - ...; § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. § 2º - .... 41 Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, Parte Geral 1, 10º edição, Saraiva, 2006, paginas 439 e 440.

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33

absolvição imprópria, porque o juiz terá que submeter o acusado

obrigatoriamente à medida de segurança.

Medida de Segurança – artigo 96 do CP43 – Há 2 espécies:

- internação – medida de segurança detentiva

- tratamento ambulatorial – medida de segurança restritiva

Artigo 9744 - Em regra, o laudo de sanidade mental indicará a medida de

segurança que deve ser adotada. O artigo 97 traz um parâmetro que o juiz

poderá seguir: se for pena de reclusão aplica internação; se for pena de

detenção aplica tratamento ambulatorial. Esse dispositivo é muito criticado pela

doutrina por se basear na pena, pois a pena é um juízo de culpabilidade e a

medida de segurança é um juízo de periculosidade. Logo, não estaria correto

vincular a pena à medida de segurança.

Artigo 97, parágrafo 1º45 - Quanto tempo dura a medida de segurança?

Tempo indeterminado. O juiz pode fixar um tempo mínimo de 1 a 3 anos. E a

cada ano a pessoa será submetida à nova perícia.

Artigo 26, parágrafo único46 – não se pode confundir o artigo 26 Caput

com o seu parágrafo único. Este parágrafo não é caso de inimputabilidade. No

42 Art. 156 do CPP - A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso da instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 43 Art. 96 - As medidas de segurança são: I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II - sujeição a tratamento ambulatorial. Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. 44 Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 45 Art. 97 - ...; § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado,perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. Perícia médica 46 Art. 26 - ... Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era

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34

início ele dispõe: “ a pena será reduzida...” se é pena é porque é caso de

imputabilidade. Na verdade são parecidos, porque no parágrafo único o sujeito

também possui um problema mental, mas não é uma doença. A grande

diferença é que no final do parágrafo está previsto que ele não é inteiramente

capaz, ou seja, ele é parcialmente capaz. Já no Caput está previsto que ele é

inteiramente incapaz, isto é, ele não tem nenhuma capacidade. Portanto, sua

pena será diminuída. A doutrina chama o sujeito do parágrafo único de semi-

imputável.47

Artigo 98 48– se o juiz entender necessário ele substitui a pena do

paragrafo único do artigo 26 pela medida de segurança. A periculosidade aqui

não é presumida, é real. Esse sistema onde o juiz pode aplicar pena ou

medida de segurança é o chamado Sistema Vicariante.49

Antes da Parte Geral do Código Penal, antes de 1984, o sistema

adotado era o do Duplo Binário50, também denominado Sistema Dualista, o

semi-imputável ficava sujeito à pena e medida de segurança.

inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 47 O Professor e Doutor Luiz Regis Prado na sua obra Elementos de Direito Penal, Volume 1, Editora RT, 2005, pagina 258: “ De acordo com o artigo 98 do Código Penal, no caso de semi-imputabilidade(art. 26, parágrafo único, CP), desde que o condenado necessite especial tratamento curativo, poderá o juiz aplicar medida de segurança em substituição à aplicação da pena reduzida. Portanto, para que haja substituição da pena pela medida de segurança, faz-se mister que o julgador primeiramente aplique uma pena privativa de liberdade reduzida, que só depois dará lugar à medida. Cabe ao juiz, portanto, a missão de decidir pela redução de pena ou pela aplicação de medida de segurança.” 48 Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. 49 Consoante o Ilustre Professor de Direito Penal Luiz Regis Prado, Volume 1, Parte Geral, Editora RT, 2005, pagina 252: “Sistema Vicariante: Trata-se de uma variante do sistema dualista, pelo qual se impõe pena ou medida de segurança ao semi-imputavel, vedada a aplicação cumulativa ou sucessiva.” 50 Afirma o Professor Luiz Regis Prado, Volume 1, Parte Geral, Editora RT, 2005, pagina 251: “ Sistema Dualista: Também denominado Duplo Binário, permite a imposicao a um mesmo individuo de pena e de medida de segurança sucessivamente.”

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O que é melhor para o réu no caso do parágrafo único do artigo 26? Às

vezes a pena é mais benéfica porque ela é por tempo determinado. Outro fator

é que a medida de segurança é aplicada em manicômio, o que, em termos

médicos, não é bom para a pessoa.

Art. 27 CP51 – Menor de 18 anos: neste artigo o legislador usou apenas

o critério biológico: idade. Ficam sujeitos à lei especial: Estatuto da Criança e

do Adolescente. Ele não pratica crime porque ele não tem imputabilidade,

pratica ato infracional (AI).

A responsabilidade do menor infrator segundo o parágrafo único do artigo 26 do

Código Penal seria uma “meia capacidade” tendo assim sua responsabilidade apenas

atenuada porque o mesmo não é inteiramente incapaz, por isso é imputável através de

legislação específica, Lei 8069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente.

Na fixação do limite de idade de um sujeito que comete crime no dia que esta

completando 18 anos de idade existem três orientações:

1º) deve ser feita de acordo com a regra do artigo 10, 1ª parte52: “O dia do

começo inclui-se no cômputo do prazo”53

2º) A maioridade penal é alcançada no vencimento do dia do aniversário, no

primeiro instante do dia seguinte em que se completa os dezoito anos; 54

3º) A maioridade penal é alcançada no dia do seu aniversário, no momento que

completa dias, horas e minutos; 55

51 Ibidem nota de rodapé nº 33, pagina 30. 52 Art. 10 do CP - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 53 RT, 554:356. 54 RT 339:232, 558:303 (voto) e 652:338. 55 RT 163:142.

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A 1ª orientação é a majoritária, ou seja, a maioridade penal se dá a partir do

primeiro minuto em que se completa 18 anos e independe do horário do nascimento

seguindo a regra do artigo10 do Código Penal56

Convêm ressaltar que o menor de 21 anos e maior de 18 possui maioridade

relativa, embora imputável, o Código Penal adotou regras atenuantes no artigo 65, I, 1ª

parte.57

Da mesma forma ocorre com a redução dos prazos prescricionais, previstos no

artigo 115 do Código Penal, 1ª parte.58

Dessa forma, à luz do Código Penal, o menor de dezoito anos não poderá ser

responsabilizado da mesma forma que um adulto por seus atos ilícitos praticados

respondendo através de legislação especial que é o Estatuto da Criança e do Adolescente

enfatizando mais uma vez o que já esta normatizado na Constituição Federal no seu

artigo 228.59

2.4 A QUESTAO DA MAIORIDADE PENAL FACE AS ALTERACOES DO NOVO CODIGO CIVIL

Com a elaboração da Lei 10.406/2002 que normatiza o novo Código Civil, que

passou a vigorar no início do ano de 2003, motivado pela evolução de nossa sociedade,

56 Ibidem, nota de rodapé nº 31, pagina 34 57 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; 58 Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 59 Ibidem, nota de rodapé nº 9, pagina 16

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consequentemente houve uma modificação e modernização de alguns aspectos da norma

jurídica tornando-as mais atuais. Obviamente, outros ramos do Direito também tiveram

de alguma forma se adaptar aos novos tempos.

Entre outras modificações, se reportando ao tema em pauta, uma delas diz

respeito à redução da maioridade civil, que no código Civil anterior, de 1916, era aos 21

(vinte e um anos) e no Novo Código Civil passou a ser aos 18 (dezoito anos), ou seja,

são considerados absolutamente incapazes os menores de dezesseis anos, relativamente

incapazes os que estão compreendidos na faixa etária entre dezesseis e dezoito anos e

capazes aqueles a partir de dezoito anos.

De acordo com o doutrinador Luis Flávio Gomes:

“Todos os dispositivos processuais penais que enfocavam o menor de 21 anos como relativamente capaz foram afetados pelo novo Código Civil. Todos têm por base a capacidade do ser humano para praticar atos civis e, por conseguinte, processuais. Para o novo Código Civil essa capacidade é plena aos 18 anos. Logo, todos os artigos citados acham-se revogados ou derrogados (lei nova que disciplina um determinado assunto revoga ou derroga a anterior)”60.

Diante do exposto, há um desejo de se correlacionar à idade da responsabilidade

civil do menor que se inicia aos dezoito anos imputando uma mudança no que tange a

inimputabilidade, na esfera penal, porque no Código de Processo Penal há exigência da

nomeação de Curador61 para assistir o réu menor de 21 anos na etapa da persecução

penal, porém com a redução da capacidade civil não haveria mais essa necessidade.

Ocorre que há certa diferença entre o Curador Civil que é nomeado para atender as

60 GOMES, Luiz Flávio. <http://www.advogado.adv.br/artigos/2003/corneliojoseholanda/maioridadepenal.htm#_ftnref1> Revista júris síntese nº. 39 jan./ fev. de 2003. Acesso em 02 de abril de 2006 61 De acordo com Carlos Alberto Gonçalves em sua obra Direito Civil Brasileiro, Saraiva, volume VI, 2005, pág. 607 e 608: “Curatela é encargo deferido por lei a alguém capaz, para reger a pessoa e administrar os bens de quem, em regra maior, não pode fazê-lo por si mesmo... A curatela assemelha-se a tutela por seu caráter assistencial, destinando-se, igualmente, à proteção de incapazes... Apesar dessa semelhança, os dois institutos não se confundem. Podem ser apontadas as seguintes diferenças: a) a tutela

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necessidades do incapaz de caráter privado e o Curador Especial no âmbito penal

baseando-se subsidiariamente no artigo 9º do Código de Processo Civil62, que se resume

de uma forma geral apenas à representação processual caso o menor não possua

representante legal e essa função, que é institucional compete a Defensoria Pública. (Lei

complementar nº80/94, artigo4º, VI.)

O Curador Civil representa legalmente direito material intervindo em situações

concretas em que tenha sido deferida pelo juízo a tutela e curatela do incapaz. Torna-se

o Tutor Judicial.

Segundo o artigo 142, parágrafo único da lei 8069/9063, Estatuto da Criança e do

Adolescente é dispensável se pedir nomeação de Curador como deduz o artigo 169264

do Novo Código Civil porque essa designação, no caso da criança e adolescente, é ex

officium, mesmo que se tenha advogado para tratar do interesse, porque irá se tratar de

direitos indisponíveis elencados no artigo 5º65 do Estatuto da Criança e do Adolescente e

artigo 22766 da Constituição Federal.

é destinada a menores de 18 anos de idade, enquanto a curatela é deferida , em regra, a maiores. b) a tutela pode ser testamentária, com nomeação do tutor pelos pais; a curatela é sempre deferida pelo juiz;...” 62 Art. 9o do CPC. O juiz dará curador especial: I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial. 63 Art. 142 do ECA - Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual. Parágrafo único - A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda que eventual. 64 Art. 1.692 do CC/02 - Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial. 65 Artigo 5° do ECA - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 66 Ibidem nota de rodapé nº 8, pagina 16

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Não há nenhum liame entre a capacidade civil e a capacidade penal. Para haver

uma revogação do Estatuto da Criança e do Adolescente deveria se modificar a Lei de

Introdução ao Código Civil previsto no artigo 2º, parágrafo 2º.67

Dessa forma, o Novo Código Civil, Lei Geral, não tratou da temática que

envolve os menores infratores e nem formulou uma nova sistemática modificando o

sistema atual e por esse motivo não haveria como revogar a Lei 8069/90, que a utiliza

subsidiariamente sempre que ocorram lacunas na lei.

67 Art. 2° da LICC - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.§ 1° - .... § 2° - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já

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2.5 A UTILIZACAO E OS EFEITOS DO ESTATUTO DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE

A lei 8.069/90 que normatiza o Estatuto da Criança e do Adolescente causou

uma mudança brusca no Direito Infanto Juvenil, inovando com a adoção da doutrina da

proteção integral, garantindo assim, seus direitos exclusivos e específicos,

modernizando juridicamente a forma de se defrontar, com mais eficiência, o problema

de comportamento anti-social que atinge um grande número de menores em nossa

sociedade.

A doutrina da proteção integral tem seu fundamento no artigo 22768 da

Constituição Federal que trata dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes

onde não poderá haver em relação aos mesmos nenhum tipo de discriminação. Essa

teoria que se baseia na proteção dos direitos infanto-juvenis se baseou na Convenção

Internacional sobre os Direitos da Criança, direitos esses específicos que devem ser

conhecidos universalmente pelo fato de serem pessoas em desenvolvimento se tornando,

desse modo, sujeitos de direito sendo enfatizado no artigo 5º 69do Estatuto da Criança e

do Adolescente.

O artigo 2º 70da lei 8.069/90 mostra a diferenciação de tratamento sócio-

educativo determinado pelo critério da idade, ou seja, para o legislador criança é a que

existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 68 Ibidem nota de rodapé nº , pagina 69 Art. 5° do ECA - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 70 Art. 2° do ECA - Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

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possui de 0 a 12 anos incompletos e adolescente é o que se encontra na faixa etária

compreendida entre os 12 e 18 anos de idade.

Importante ressaltar que o parágrafo único do artigo 2º 71do Estatuto da Criança e

do Adolescente admite que o atendimento aos adolescentes transponha o limite dos

dezoito anos de idade podendo ser deferida a pessoas de até 21 anos incompletos, artigo

3672 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Artigo 2º ECA - Esse menor poder ser criança (0 a 12 anos incompletos)

ou adolescente (maior de 12 e menor de 18).

O Parágrafo único do artigo 2º - O ECA se aplica, excepcionalmente, a

pessoa entre 18 e 21 anos. Com o Novo Código Civil isso gerou polêmicas:

alguns acham que essas regras que dispõem sobre o menor de 18 a 21 anos

continuam valendo. Outros entendem que ela foi revogada tacitamente.

1ª corrente - Luis Flávio Gomes: para ele, o parágrafo único do artigo 2º do

ECA não sofreu qualquer modificação pelo NCC, pois não levou em

consideração a questão do relativamente incapaz. Aqui está simplesmente

criando uma elasticidade para punir, hoje esta corrente é a que tem o melhor

entendimento na Doutrina.

2ª corrente – entendimento da doutrina paulista – todas as normas que

mencionam o menor de 18 a 21 anos foi revogada pelo NCC.

71 Art. 2° do ECA - .... .Parágrafo único - Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

72 Art. 36 do ECA - A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até vinte e um anos incompletos.Parágrafo único - O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do pátrio poder e implica necessariamente o dever de guarda.

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Ex1: artigo 121, paragrafo 5º73 do ECA – a internação equivale à prisão

do maior. Ela é compulsória aos 21 anos.

Ex2: praticou o crime com 17 anos. O inquérito durou 5 anos. Quando

descobriram que ele era o autor do crime ele já tinha 22 anos. Logo, ele não

será punido nem pelo ECA nem pelo CP.

Ex3: O menor ficou internado de 18 a 21 anos. Pratica um fato típico

dentro da Instituição. Neste caso já é imputável, logo, será regido pelo CP.

FAI – Folha de Antecedentes Infracionais – quando ele completa 18

anos ganha uma FAC (Folha de Antecedentes Criminais). As anotações da FAI

não irão para a FAC, pois FAC é para crimes e ele praticou ato infracional.

Logo, ele não será reincidente e nem terá maus antecedentes.

O Estatuto da Criança e do Adolescente no seu artigo 10374 julga como

ato infracional a conduta que é descrita como crime ou contravenção penal,

condutas essas ilícitas e todos os atos infracionais dessa legislação são

considerados crimes de ação pública.

Art. 103 – fato análogo a crime praticado pelo menor de 18 anos. O ato

infracional tem como sujeito ativo o menor de 18 anos.

Quanto à inimputabilidade dos menores infratores, que é regularizada

pelo artigo 10475 do Estatuto da Criança e do Adolescente e artigo 2776 do

73 Art. 121 do ECA - A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. § 1° - .... § 2° -.... § 3° - .... § 4°.... § 5° - A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. § 6° - ....

74 Artigo 103 do ECA - Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. 75 Artigo 104 do ECA - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. 76 Ibidem nota de rodapé nº , pagina

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Código Penal apenas se reafirma o que já esta elencado no artigo 22877 da

Constituição da republica Federativa do Brasil, ou seja, o menor é inimputável

ficando sujeito à legislação específica. As crianças que praticam atos

infracionais serão conduzidas ao Conselho Tutelar ficando sujeitas às medidas

de proteção, previstas no artigo 101 e seus incisos I à VIII e parágrafo único78

do Estatuto da Criança e do Adolescente, e os procedimentos adotados são

meramente pedagógicos e psicológicos, objetivando orientar a família dessas

crianças buscando uma estrutura familiar.

De acordo com o artigo 10579 do ECA a criança que pratica ato

infracional fica sujeita às medidas do artigo 10180 da mesma legislação, ou

seja, medidas protetivas. Há uma corrente que defende que criança não

pratica ato infracional, pois ela não fica sujeita à medida sócio educativa, mas

sim à medida protetiva.

O adolescente quando pratica ato infracional fica sujeito às medidas

sócio educativas do artigo 11281 do ECA. A medida protetiva é dirigida, na

77 Ibidem nota de rodapé nº , pagina 78 Art. 101 do ECA - Verificada qualquer das hipóteses previstas no artigo 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; llI - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; Vl - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Vll - abrigo em entidade; VlII - colocação em família substituta. Parágrafo único - O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. 79 Art. 105 do ECA - Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101. 80 Ibidem nota de rodapé nº , pagina 81 Art. 112 do ECA- Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I - advertência; Il - obrigação de reparar o dano; lII - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semiliberdade; Vl - internação em estabelecimento educacional; Vll - qualquer uma das previstas no art. 101, I a Vl. § 1° - A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da

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maior parte dos casos, aos pais. Já as medidas sócio educativas são dirigidas

ao menor e a mais severa delas é a internação.

A ação sócia educativa visa à aplicação de uma medida sócio educativa.

É preciso assegurar ao menor um procedimento com contraditório e ampla

defesa ao ser aplicada a medida sócio educativa. Esse procedimento é feito na

Ação Sócio Educativa. Essa ação é sempre Pública Incondicionada, somente o

Ministério Publico pode iniciá-la.

Se o Ministério Publico não promovê-la ninguém mais poderá fazê-lo,

mesmo que esse ato infracional seja análogo a um crime de Ação Privada ou

Ação Pública Condicionada, ainda assim a Ação será Pública Incondicionada.

Essa ação é iniciada por Representação que é a primeira peça da ação

sócio educativa. Esta peça é semelhante à denúncia. A criança menor de 12

anos de idade será levada ao Conselho Tutelar.

O adolescente pode ser apreendido por ordem escrita ou, se estiver em

flagrante de ato infracional, será encaminhado à autoridade judiciária – DPCA

– Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Se ele for encaminhado

à Delegacia comum, terá que ser mantido afastado dos maiores. Ele está em

flagrante nas mesmas situações do artigo 30282 do Código de Processo Penal.

Os adolescentes ficam sujeitos ao princípio do contraditório, com direito a ampla

defesa, princípios esses consagrados na Constituição Federal em seu artigo 5º incisos

infração. § 2° - Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. § 3° - Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições. 82 Artigo 302 do CPP. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

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LIV e LV83 que dizem respectivamente que ninguém será privado da liberdade ou de

seus bens sem o devido processo legal e que aos litigantes em processo judicial ou

administrativo o contraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes.

Importante destacar alguns aspectos em relação aos adolescentes:

Artigo 17884 do ECA - Transporte do adolescente – o menor será levado

à DPCA seguindo algumas regras. Nessas regras não há pena, logo, não são

normas incriminadoras. Tem que ser usado o bom senso. Portanto, ele pode

ser transportado em viatura em compartimento fechado, desde que não seja

atentatório a sua dignidade.

Uso de algemas – deve-se agir com bom senso, atendendo ao limite do

razoável. Depende de cada caso. Mas existe uma corrente que diz que o

menor nunca pode ser algemado. Não existe artigo no ECA proibindo o uso de

algemas.

Se o ato infracional for cometido mediante violência ou grave ameaça, o

Delegado deverá lavrar o Auto de Apreensão de Adolescente Por Ato

Infracional (AAAPAI), começando a investigação relativa ao menor, Auto de

Investigação de Ato Infracional (AIAI).

83 Artigo 5º da CFRB/88 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ... LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; ... . 84 Artigo 178 do ECA - O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.

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46

Se o ato infracional for cometido sem violência, o Delegado pode

substituir o AAAPAI pelo boletim de ocorrência circunstanciado, conforme

dispõe o artigo 173 85do ECA.

O menor será ouvido e caso existam responsáveis por ele, poderá ser

liberado mediante termo de responsabilidade, se o ato infracional não for

grave.

Após essa fase da Delegacia, ele será levado ao Ministério Publico, quer

seja apreendido ou liberado. O Ministério Publico prossegue à oitiva do menor

e dos responsáveis, se presentes. Após a oitiva o Ministério Publico pode

tomar três decisões:

1. requerer o arquivamento, caso entenda que não exista fato típico

2. conceder remissão – artigo 12686 do ECA

3. representar

1)Arquivamento:

Artigo 181, §2º87 do ECA - Se o Ministério Publico requerer o

arquivamento e o juiz não concordar, este pode remeter os autos ao

Procurador Geral de Justiça .

85 Artigo 173 do ECA - Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único e 107, deverá: I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente; Il - apreender o produto e os instrumentos da infração; lIl - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração. Parágrafo único - Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada. 86 Artigo 126 do ECA - Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Parágrafo único - Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.

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47

2)Remissão:

Espécie de perdão. É perdoar o menor pelo fato cometido, quando o

Ministério Publico entender que pode ser dada a ele uma segunda chance. A

remissão pode ser concedida em dois momentos:

- pelo MP, quando anterior à Ação sócio educativa

- pelo Juiz, quando posterior à Ação sócio educativa

Artigo 12788 do ECA - O entendimento, hoje, é que junto com a

concessão da remissão pode requerer aplicação de medida sócio educativa,

desde que não seja internação ou semi-liberdade. De acordo com a Súmula

10889 STJ a aplicação de medida sócio educativa é privativa do Juiz. O

Ministério Publico concede e requer a aplicação de medida.

Consoante Julgado do STF, informativo 27790, há uma discussão se a

concessão da remissão junto com aplicação de medida sócia educativa fere o

Contraditório. O STF entende que pode ser aplicada a medida.

87 Artigo 181 do ECA - Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo representante do Ministério Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para homologação. § 1° - ... . § 2° - Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar. 88 Art. 127 do ECA - A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação. 89 STJ Súmula nº 108 - A aplicação de medidas sócio-educativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz. 90 Anexo ... na Integra

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3)Representação:

O Ministério Publico tem que se manifestar à respeito da internação

provisória. Após a representação, o menor é levado ao juiz e existe a

chamada Audiência de Apresentação do Menor. Aqui o juiz pode conceder

remissão ao menor, podendo aplicar medida sócio educativa, desde que não

haja internação ou semi-liberdade.

Art. 186,§ 3º 91 do ECA - Se não tiver advogado chama-se o Defensor

Público, o qual terá 3 dias para defesa. Aqui ocorre a Audiência em

Continuação (igual à AIJ) – artigo 186,§ 4º 92 do ECA.Todos os recursos da

medida sócio educativa são iguais ao do CPC.

No ECA a ação sócio educativa é pública, sendo possível ao Ministério

Publico conceder remissão. O Princípio da Legalidade ou Obrigatoriedade não

está em sua plenitude. No Processo Penal, diante de um fato que não cabe

arquivamento, o Ministério Publico tem que denunciar. Na medida sócio

educativa não, ele pode conceder remissão ao invés de representar.

Infrações Administrativas cometidas por adolescentes:

91 Artigo 186 do ECA- Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. § 1° - .... § 2° - .... § 3° - advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. § 4° - ... . 92 Artigo 186 do ECA- Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. § 1° - .... § 2° - .... § 3° - .... § 4° - Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.

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Artigos 194 ao 19793 e artigos 245 ao 25894 – apuração das infrações. A

apuração dessas infrações e a aplicação da medida são feitas ao Juiz da

Infância e Juventude.

93 DA APURAÇÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE - Artigo 194 - O procedimento para imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao adolescente terá início por representação do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se possível. § 1° - No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração. § 2° - Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, que caso contrário, dos motivos do retardamento. Artigo 195 - O requerido terá prazo de dez dias para apresentação de defesa, contado da data da intimação, que será feita: I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na presença do requerido; Il - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão; lII - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido ou seu representante legal; IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal. Artigo 196 - Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo. Artigo 197 - Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, designará audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único - Colhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença. 94 DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS. Artigo 245 - Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Artigo 246 - Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, Ill, Vll, VlIl e Xl do art. 124 desta Lei: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Artigo 247 - Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. § 1° - Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que Ihe diga respeito ou se refira a atos que Ihe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. § 2° - Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números. Artigo 248 - Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais ou responsável: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, independentemente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso. Artigo 249 - Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Artigo 250 - Hospedar criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável ou sem autorização escrita destes, ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:Pena - multa de dez a cinqüenta salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Artigo 251 - Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:Pena -

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Crimes do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Artigos 225 ao 244 do ECA - Será julgado no juízo criminal ou JEC.

Muito embora previsto no ECA, ele não é de competência do juiz da infância e

juventude. Este só é competente para ato infracional. Os crimes do ECA não

excluem outros previstos em outras leis que também tutelam o menor de 18

anos.

Artigo 22795 do ECA - Os crimes do ECA são de Ação Penal Pública

Incondicionada. Não é possível agravar pena de crime do ECA. No ECA

também há modalidade culposa, artigos 228,§ único96e artigo 229,§ único97 .

multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Artigo 252 - Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação:Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Artigo 253 - Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. Artigo 254 - Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias. Artigo 255 - Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Artigo 256 - Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuído pelo órgão competente:Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Artigo 257 - Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação. Artigo 258 - Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. 95 Art. 227 - Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada. 96 Art. 228 - Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

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Artigo 23098 do ECA – sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. A

autoridade policial fica muito suscetível a isso. Quando o sujeito ativo for

autoridade existirá um conflito aparente de normas entre o artigo 230 e o artigo

3º, a99 e artigo 4º, a100 da lei 4898/65, lei de abuso de autoridade. Esse conflito

se resolve pelo Princípio da Especialidade e o artigo 230 é mais específico que

o artigo 3º e o artigo 4º da referida lei.

Artigo 231101 do ECA - só autoridade policial pode cometer. Aqui há

conflito aparente de normas entre o art. 4º, a da lei 4898/65. Usa-se o Princípio

da Especialidade, pois o artigo 231 é mais específico.

Art. 232102 do ECA – sujeito ativo: qualquer pessoa. Quando for

autoridade terá conflito aparente de normas entre o artigo 232 e o artigo 4º,

b103 da lei 4898/65. Usa-se o Princípio da Especialidade, pois o artigo 232 é

mais específico.

97 Art. 229 - Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 98 Art. 230 do Eca - Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:Pena - detenção de seis meses a dois anos.Parágrafo único - Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais. 99 Artigo 3º, a, da Lei 4898/65 – Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção;... 100 Artigo 4, a, da Lei 4898/65 – Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;... 101 Artigo 231 do ECA - Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois anos. 102 Artigo 232 do ECA - Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:Pena - detenção de seis meses a dois anos. 103 Artigo 4, b, da Lei 4898/65 – Constitui também abuso de autoridade: a) ...; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custodia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;...

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Artigo 234104 do ECA – O Juiz responde pelo artigo 4º, d105 da lei

4898/65 se ele deixar de relaxar a prisão. Se ele deixar de liberar é crime do

art. 234. Relaxar é para maior. Liberar é para menor (crimes do ECA)

Artigo 241106 do ECA– Pedofilia – fotografar ou publicar. Quem publica

torna público.

Artigo 242107 do ECA – arma, munição, explosivo fornecidos a criança

ou adolescente.

a) Arma – de fogo ou que não é de fogo. Se for de fogo pratica crime da lei

10826/03, Estatuto do Desarmamento.

b) Munição e explosivo – crimes do artigo 242

c) Explosivo – deve-se confrontar com o artigo 16,§ unico, III108 da lei 10826/03

– o núcleo do tipo é diferente do artigo 242, porém Luís Flávio Gomes aborda

uma questão: quando a pessoa vai vender, ela está detendo ou possuindo. E

se estiver detendo ou possuindo sem autorização é crime do art. 16, § único, III

( reclusão). Se vende a menor, comete o crime do art. 242 (detenção). Ele

sustenta que se o sujeito praticou um crime mais grave antes, ele não deve ser

punido por um crime menos grave depois.

104 Art. 234 do ECA- Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena - detenção de seis meses a dois anos. 105 Artigo 4, d, da Lei 4898/65 – Constitui também abuso de autoridade: a) ...; b)...; c) ...; d) deixar o juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; .... 106 Artigo 241 do ECA - Fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena - reclusão de um a quatro anos. 107 Artigo 242 do ECA- Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. 108 Artigo 16, $ único, III da Lei 10.826/03 – Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, ter em deposito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, empresatr, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – Reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo Único: nas mesmas penas incorre quem: I - ...; II - ...; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal regulamentar; IV - ...; V - ...; VI - ... .

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Artigo 244, A109 – trata da prostituição de menor de 18 anos com

reclusão de quatro a dez anos, e multa.

Depois do devido processo legal previsto no artigo 110110 do Estatuto da Criança

e do Adolescente, receberá o menor infrator, se for considerado culpado, uma das

medidas sócio - educativas que estão previstas no artigo 112, do Estatuto da Criança e

do Adolescente sendo determinação do Juizado da Infância e da Juventude, ao qual

compete a matéria examinada.

Neste sentido afirma o Juiz Dr. Guaraci de Campos Vianna:

“Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente impõe uma doutrina acerca dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, pressupondo que, por mais relevantes que sejam as razões fáticas, a criança e o adolescente não poderão ficar ao desamparo da esfera jurídica, deixando de receber a mais completa proteção por intermédio do devido processo legal”111.

Em relação às medidas sócio-educativas estas objetivam impor aos adolescentes

regras que visem a sua ressocialização e integração na sociedade.

Como primeira medida sócio-educativa que esta contida no artigo 112112 do

Estatuto da Criança e do Adolescente em seu inciso 1º113 é a advertência onde o

adolescente será censurado e repreendido pela prática do ato infracional diante de seus

responsáveis por autoridade competente. A segunda medida prevista no inciso II114 é a

obrigação de reparar o dano, o adolescente terá que reparar e consertar os prejuízos que

109 Artigo 244-A do ECA- Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. § 2º - Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. 110 Artigo 110 do ECA- Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal. 111 VIANNA, Guaraci de Campos. Teoria e crítica do direito da infância e da juventude. Rio de janeiro: Univercidade editora, 2004, p. 96. 112 Artigo 112 do ECA - Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 113 Artigo 112, I, do ECA - : ... ; I - advertência; ... 114 Artigo 112, II, do ECA - : ... ; I - ; Il - obrigação de reparar o dano; ...

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causou, porque assim, de maneira pedagógica, a intenção é fazê-lo respeitar o

patrimônio alheio.

A terceira medida prevista no inciso III116 é a prestação de serviços à

comunidade com a finalidade do adolescente perceber que pode existir a relação do

mesmo com a comunidade em geral se sentindo útil por poder contribuir de alguma

forma com sua ajuda. A liberdade assistida aparece no inciso IV117, sua função é

orientar o adolescente infrator, mas com acompanhamento de pessoa capacitada

designada pelo juiz de menores.

A quinta medida prevista no inciso V118 é a inserção em regime de liberdade e

seria uma forma de passar para o regime semi-aberto, também busca a reintegração do

adolescente a sociedade. A internação aparece no inciso VI119 e a mesma priva o

adolescente de sua liberdade, só podendo ser aplicada pelo juiz em decisão

fundamentada podendo, a seu critério, optar pela aplicação das medidas de proteção

elencadas no artigo 101, I à IV, prevista no inciso VII120 do artigo 112 do Estatuto da

Criança e do Adolescente se achar que a internação, que é uma medida excepcional, não

irá ajudar no tratamento de recuperação do jovem.

A internação, como prevê o artigo 121121 do Estatuto da Criança e do

Adolescente, está sujeita aos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à

condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, se assemelha ao regime fechado do

116 Artigo 112, III, do ECA - ... ; I - ... ; II - ...; lII - prestação de serviços à comunidade; ... 117 Artigo 112, IV, do ECA - ... ; I - ...; II ...; III - ...; IV - liberdade assistida; ... 118 Artigo 112, V, do ECA - ... ; I - ...; II ...; III - ...; IV - ...; V - V - inserção em regime de semiliberdade; 119 Artigo 112, VI, do ECA - ... ; I - ...; II ...; III - ...; IV - ...; V - ...; VI - Vl - internação em estabelecimento educacional; 120 Artigo 112, VII, do ECA - ... ; I - ...; II ...; III - ...; IV - ...; V - ...; VI - Vl - ...; Vll - qualquer uma das previstas no art. 101, I a Vl.

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Código Penal, ou seja, a pena do adolescente deverá ser cumprida em instituição que

coloque em prática o regime fechado onde ocorrem exceções previstas no artigo 121,

parágrafos 1º, 3º e 4º122 do ECA.

Quanto aos princípios supra citados, o da brevidade significa que o período de

internação deverá ter um mínimo de seis meses, sendo determinado pelo juiz, e máximo

de três anos. É feita uma reavaliação da medida imposta a cada seis meses como

menciona o parágrafo 2º do artigo 121123 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Existe uma exceção no artigo 122, III, parágrafo 1º124 do ECA que determina período

máximo de três meses se ocorrerem repetidamente descumprimento da medida que foi

aplicada.

O princípio da excepcionalidade diz que somente será aplicada a medida de

internação ao adolescente se não houver nenhuma possibilidade de se aplicar as demais

medidas sócio-educativas porque o mesmo representa perigo à sociedade ou se tiver

repetido várias vezes delitos graves.

De acordo com o princípio do respeito à condição peculiar de pessoa em

desenvolvimento é obrigação de o Estado prevenir a integridade física e mental dos

internos assegurando-lhes sua segurança contra eventuais abusos das autoridades

responsáveis.

121 Artigo 121 do ECA - A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 122 Artigo 121 do ECA - ... § 1° - Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. § 2° - ... . § 3° - Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. § 4° - Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. § 5° - ... . $ 6º - ... . 123 Artigo 121 do ECA - ... § 1°...; § 2º - A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

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Neste sentido afirma a advogada Mirele Alves Brás:

“Diante do acima exposto, impende-se a necessidade de encontrar mecanismos de efetivação dos princípios orientadores a fim de que a FEBEM-RS não seja lembrada e estigmatizada por episódios dramáticos como os motins de 12, 13 e 16 de abril de 1998, quando os jovens internos foram obrigados a passar doze horas sentados no chão sem comer ou poder dormir reivindicando, entre outros, fim das hostilidades e espancamentos e garantia de atendimento médico adequados.Reivindicações estas consistentes em garantias básicas preconizadas pelas normas principiológicas do Estatuto da Criança e do Adolescente”125.

A internação do adolescente infrator deverá ser aplicada somente em casos

extremos, seguindo o princípio explicitado acima, o da excepcionalidade. Não é

considerado o mais eficiente, pois acreditamos serem as medidas sócio-educativas de

mais valia porque buscam a reintegração do menor a sociedade através de um processo

de reeducação e recuperação.

O jovem tem direito a ser ouvido pelo juiz antes de ser declarada a sentença. A

medida de internação segue o princípio da legalidade estrita, só será empregada se

estiver tipificada em Lei.

O Juiz só poderá optar pela internação nos casos em que o ato infracional for

cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa ou se o adolescente reiterar,

voltar a cometer aquele delito, cometendo outras infrações graves ou se descumprir a

medida que lhe foi imposta, essas condições estão previstas no artigo 122126 do Estatuto

da criança e do Adolescente sendo as mesmas taxativas e exaustivas.

124 Artigo 122 do ECA - A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I - …; Il - ... ; lII - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. § 1° - O prazo de internação na hipótese do inciso lIl deste artigo não poderá ser superior a três meses. § 2° - …. 125 BRAZ, Mirele Alves. Os princípios orientadores da medida sócio-educativa e sua aplicação na execução. Jus Navigandi, Teresina, ano I n. 51, 2001. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2282>. Acesso em: 12 abr. 2006. 126 Artigo 122 do ECA - A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; Il - por reiteração no cometimento de

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A internação deverá ser cumprida em estabelecimento apropriado, restrito aos

adolescentes, em lugar diferente daqueles reservados para abrigo, respeitando o critério

da idade onde os mesmos serão separados por faixa etária e tipo físico e também pela

gravidade de seu ato infracional, artigo 123127 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

A internação provisória se dará por decisão fundamentada do juiz se baseando

em indícios de autoria e materialidade por ação sócio-educativa apresentada pelo

Ministério Público, quando o adolescente for pego em flagrante cometendo o delito e se

for exigido, por autoridade judicial que seja cumprida as exigências previstas no artigo

122 do Estatuto da Criança e do Adolescente e quando, não for possível libertar o

adolescente para seus pais ou responsáveis, como também pelo ato grave cometido pelo

adolescente sua segurança fique ameaçada.

O artigo 124, I à XVI128 do Estatuto da Criança e do Adolescente especifica

todos os direitos que esses jovens possuem quando estão impedidos de ficar em

liberdade, porque pela Constituição Federal de 1988 a criança e o adolescente são

sujeitos de direitos.

outras infrações graves; lII - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. 127 Artigo 123 do ECA- A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Parágrafo único - Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. 128 Artigo 124 do ECA - São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes: I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público; Il - peticionar diretamente a qualquer autoridade; Ill - avistar-se reservadamente com seu defensor; IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; V - ser tratado com respeito e dignidade; Vl - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; Vll - receber visitas, ao menos semanalmente; VlII - corresponder-se com seus familiares e amigos; IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; Xl - receber escolarização e profissionalização; Xll - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer; XlII - ter acesso aos meios de comunicação social; XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje; XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade; XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.

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Vale salientar que é previsto nos artigos 126 a 128129 do Estatuto da Criança e do

Adolescente a concessão da remissão que é o perdão da infração praticada pelo

adolescente e será determinada, que sejam cumpridas qualquer das medidas sócio-

educativas elencadas no artigo 112130 do Estatuto da Criança e do Adolescente, com

exceção de internação e semiliberdade.

O CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente)

sempre se dedicou para que fossem eficientes a aplicação das medidas sócio-educativas,

porém não obteve ainda grande êxito com poucos avanços pelo pouco investimento,

colaboração e fiscalização do Estado, que não investe no seu projeto político-

pedagógico e até ao contrário quando edificam estabelecimentos muito semelhantes ao

que são feitos para os adultos, com falta de infra-estrutura para esses jovens que são

penalizados com internação acrescido dos maus tratos, humilhações, superlotação e

suplícios que os mesmos sofrem nessas unidades.

Afirma Olympio Neto: “A ressocialização só se dará efetivamente por meio de atividades no mundo externo à unidade, quando se estabelece convívio sadio- e com oportunidades- do adolescente na comunidade em que vive. A finalidade da internação é, então, estabelecer oportunidades para que o adolescente possa ter como modo de vida, algo que não o mantenha na trilha da criminalidade”131.

129 Artigo 126 do ECA - Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Parágrafo único - Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo. Art. 127 - A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação. Art. 128 - A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público. 130 Ibidem nota de rodapé nº , pagina 131 NETO, Olympio de S.S. Maior. A razão da idade: mitos e verdades. Sim à garantia para infância e juventude do exercício dos direitos elementares da pessoa humana. Não à diminuição da imputabilidade

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Existem algumas organizações não governamentais (ONGS), e diversos Centros

de Defesa da Criança e do Adolescente e alguma parte do Judiciário, que se dedicam a

tentar ressocializar os jovens infratores, alguns deles, apesar da falta de apoio do Estado,

conseguem bons resultados reintegrando jovens a sociedade. Entre eles a organização

Santos Mártires no Jardim Ângela em São Paulo (Projeto Jardim Ângela), Grupo Criarte

(Projeto Hip Hop em Belo Horizonte) e o projeto Axé na Bahia, Rio de Janeiro e São

Paulo.

O objetivo da internação é buscar a reintegração do jovem a sociedade, conforme

é previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, entretanto, essas unidades se

transformaram em lugares violentos que somente torna mais intensa a condição de

delinqüente do adolescente, quando não são eficazes e não cumprem com as normas

previstas na Lei.

Pelas estatísticas feitas pelo SOS Criança de São Paulo, segundo a advogada

Karina Sposato e o professor de Direitos Humanos Oscar Vilhena Vieira, a participação

de jovens em Homicídios no ano de 1996 corresponderiam a 5,5% do total geral das

infrações que foram praticadas pelos adolescentes, a maioria das infrações foram de

caráter patrimonial sendo que a metade dessas infrações se resumem em furtos.132

Cabe ressaltar que as crianças e adolescentes, quando cometem atos infracionais,

em sua grande maioria, têm como causa a falta de estrutura familiar, que também

precisa de ajuda, por não terem condições de suprir as suas necessidades básicas até

aos 18 anos. 1ª edição. Brasília: Ministério da Justiça/ Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, 2001. p. 189. 132 SPOSATO, Karyna VIEIRA, Oscar Vilhena. Artigo: Delinqüência Juvenil, Jornal Correio Braziliense, 11 de abril de 2003. Disponível em: <www.neofito.com.br> . Acesso em: 19 de abril de 2006.

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porque não recebem, por parte do Estado, condições de poder oferecer-lhes o necessário

para serem criados com o mínimo de dignidade.

Por esse motivo a instituição familiar deverá ser preservada, sendo fundamental

o Estado tutelá-la com o intuito de que esses jovens possam ser preparados e educados

pelas suas famílias dentro de um ambiente saudável. Enquanto isso não ocorre, o que

observamos são jovens nas ruas por vários motivos: porque apanham em casa, sofrem

abuso sexual por pais alcoólatras e drogados ou que assistem suas mães sendo

espancadas; por falta de comida, remédios; residindo em favelas sem infra-estrutura,

vivendo em barracos, etc., ou seja, em completa miséria.

Como conseqüência, o que acontece é que essas crianças e adolescentes, em

regra, se revoltam e acabam por enveredar para o mundo do crime. É dever de o Estado

intervir na sociedade familiar aplicando o artigo 129133 do Estatuto da Criança e do

Adolescente.

Na realidade, o que se urge é que medidas eficazes sejam tomadas pelo Estado e

Sociedade, seja na manutenção da estrutura familiar, no processo de recuperação desses

jovens, porque os mesmos retornarão as ruas e se não estiverem preparados, com

absoluta certeza irão cometer novos e mais graves crimes, irão reincidir e retornarão,

enquanto menores aos estabelecimentos de internação ou se crianças ao conselho tutelar

até que atinjam a maioridade e a partir daí serão colocados nos presídios, que

133 Art. 129 - São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de promoção à família; Il - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; lIl - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; Vl - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; Vll - advertência; VlIl - perda da guarda; IX - destituição da tutela; X - suspensão ou destituição do pátrio poder. Parágrafo único - Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.

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infelizmente também não cumprem o pretendido, em contra-senso, são verdadeiras

máquinas de bandidos.

Logo, todos os setores da sociedade, principalmente aqueles indivíduos de

setores mais destacados, pertencentes ao Estado e ao poder judiciário, devem abrir os

olhos e enxergar essa dura realidade e principalmente lutar por essa reforma, contra

aqueles que em nome do seu “Bem Estar”, não pensam duas vezes em passar por cima

desses miseráveis, porque aparentemente, parecem não se interessar que isso tenha um

fim; a razão indiscutível é que se algo fosse feito por esses jovens, com certeza nossa

violência diminuiria e novos infratores deixariam de ser gerados com a nossa

conivência.

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3. POSICIONAMENTOS DOS LEGISLADORES E DA SOCIEDADE SOBRE O

TEMA

O que esta sendo discutido nessa presente pesquisa monográfica que trata da

temática da Redução da Maioridade Penal é bastante controvertida, por esse motivo,

existem opiniões diversas sobre essa questão porque ainda não se chegou a um consenso

se essa redução seria ou não a solução para o problema da criminalidade infantil.

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3.1- POSICIONAMENTOS FAVORÁVEIS A REDUÇÃO DA MAIORIDADE

PENAL

Lúcia Cavalcanti, psicanalista e professora da Associação de Psicanálise de

Curitiba:

"Se o adolescente pode cometer uma infração, ele também deve responder por

seus atos. Assim como ele tem os seus direitos, também deve ter suas

responsabilidades".

Ari Friedenbach, advogado e pai de uma das vítimas do crime e Embu-Guaçu em

São Paulo, 2003:

“É urgente alguma coisa ser feita. Eu vejo que tem projeto a dez anos

engavetado. Não vem me dizer que eu estou emocionado. Eu estou até calmo demais.

Eu quero trazer a discussão. Não podemos mais tapar o sol com a peneira, falar que é

calor da discussão, que é caro para o estado. A vida dos nossos filhos custa barato?”

Luzia Galvão, desembargadora de São Paulo:

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“Nessa idade, principalmente hoje em dia, os jovens estão perfeitamente aptos a

entender a licitude ou a ilicitude de seus atos e de se determinarem de acordo com esse

entendimento. Aliás, parece-me um contra-senso que nessa idade possam até escolher o

presidente da República, que irá reger o destino do País, possam casar-se, mas não

possam responder por seus atos perante a Justiça criminal.”

Dom Aloísio Lorscheider, Cardeal Arcebispo de Aparecida do Norte:

“É preciso agir com mais rigor contra os criminosos, as leis estão muito brandas”

Hebe Camargo, apresentadora de televisão, em depoimento feito quando esteve

na passeata organizada pelo advogado Ari Friedenbach:

“Os que não estão aqui [na passeata] estão coniventes com esses bandidos”.

Paulo Roberto Siqueto, Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do

Estado de São Paulo:

"Antigamente, o garoto de 17 anos era um molecão. Agora não é mais assim.

Essa política caolha, que não quer admitir que um rapaz de 17 anos já sabe o que está

fazendo, ajuda a formar um exército de marginais".

Thales Cezar de Oliveira, promotor e secretário da Promotoria da Infância e

Juventude:

"Hoje, o amadurecimento é mais precoce e qualquer adolescente de 14 a 16 anos

já sabe distingüir o certo do errado. É necessário dar ao criminoso a devida pena”.

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Erasmo Dias, Professor de Direito Penal:

"Todo adolescente que cometesse crime grave, devidamente caracterizado

quanto ao fato, circunstâncias, autoria e co-autoria, seria passível de ser enquadrado

como maior para os efeitos da aplicação da lei penal”.

3.2 - POSICIONAMENTOS CONTRÁRIOS A REDUÇÃO DA MAIORIDADE

PENAL

Mário Luiz Ramidoff, promotor da Vara da Infância e Adolescência de Curitiba:

“O que querem fazer com a redução da maioridade penal é uma vingança

pública com uma classe social empobrecida, porque essa discussão é, na verdade, uma

luta de classes. Um garoto da classe A não vai parar na cadeia, assim como acontece

com os adultos.”

Jussara Goiás, coordenadora do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de

Rua:

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“O ECA ficou com a fama de que só serve para dar liberdades, mas ninguém se

preocupou em dizer que ele pune com muito mais rigor do que o Código Penal pune os

adultos. O adolescente deve responder pelo delito desde seu primeiro ato de infração.

Se o adulto for réu primário, recebe um hábeas corpus e sai livre.”

Mário Volpi, oficial de comunicação e projetos na área da adolescência e

privação da Liberdade, do UNICEF:

"Há um segmento da mídia que alimenta esse hiperdimensionamento. Quando

se estuda estatisticamente o fenômeno, observa-se que o número de delitos cometidos

por adolescentes é menor do que 10% do total de delitos cometidos em todo o país".

Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República:

“A maioridade deve ficar como está, em 18 anos. Reduzir a maioridade penal

não resolve o problema da violência”.

Dom Geraldo Majella Agnello, Presidente da Confederação Nacional dos Bispos

do Brasil:

“A redução da maioridade é uma solução fácil para um problema difícil.”

Márcio Thomaz Bastos, Ministro da Justiça:

"É inútil mexer na maioridade penal. A mudança é inconstitucional. Além disso,

compromissos do Brasil com organismos internacionais, como a Organização das

Nações Unidas (ONU), a impediriam”.

Ariel de Castro Alves, advogado da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP:

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“Uma pesquisa feita pela OIT demonstrou que há um grande número de crianças

de 8 a 12 anos atuando no tráfico. É cada vez menor a idade de ingresso no mundo do

delito. Para esses casos, o que a sociedade vai propor? Assim, um dia teremos berçários

presídios. A sociedade precisa enfrentar isso ouvindo especialistas, elaborando políticas

sociais preventivas, sem propostas demagógicas. Todos os dias morrem dezenas de

adolescentes assassinados por meninos da mesma idade. Somente quando há casos

envolvendo autoridades ou pessoas da classe média a questão é levantada.”

Márcio Thomaz Bastos, Ministro da Justiça:

“Você vai submeter pessoas que estão em processo de formação a esse convívio

terrível, que é o convívio do sistema prisional. Pena de morte, diminuição da idade

penal, prisão perpétua, nada disso funciona. O que resolve são várias medidas, como a

eficiência das polícias e uma reforma no sistema prisional e no Judiciário.”

CONCLUSÃO

Diante de tudo que foi exposto nessa pesquisa monográfica, percebemos que a

proposta de redução da maioridade penal não é a solução para a redução da

criminalidade infantil visto que, juridicamente é praticamente inviável já que a questão

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da idade da imputabilidade penal é prevista em nossa Lei Maior, a Constituição Federal,

em seu artigo 228, imodificável por ser considerada “Cláusula Pétrea” e nas normas

infraconstitucionais, ou seja, o Código Penal no artigo 27 e na sua legislação especial,

Lei 8.069/90 que trata do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Em contrapartida, desconsiderando o aspecto jurídico e analisando a realidade

social dos jovens infratores, é nítida e notória a abrangência desta complicada questão,

envolvendo indivíduos no período de seu desenvolvimento pessoal e humano, inseridos

em um contexto de enorme desigualdade social. Vale salientar que praticamente a

totalidade dos menores que recebem medidas sócio-educativas provêem de classes

economicamente desfavorecidas, sem acesso a uma vida digna e sem oportunidades

concretas de ascensão social, filhos das parcelas excluídas da nossa sociedade.

Insistir em manter esse sistema ineficaz de Unidades destinadas a ressocializar

jovens infratores não irá modificar a situação atual já que as medidas sócio-educativas

não são aplicadas de forma correta. Violência não pode ser resolvida com mais

violência, não estamos mais na época da Lei de Talião: “Olho por Olho, Dente por

Dente”.

O Estado e a Sociedade não podem se omitir, sendo responsabilidade de todos a

cobrança do cumprimento dos princípios constitucionais de garantia dos direitos

fundamentais, incluído entre eles a proteção à criança e ao adolescente. E somente a

melhoria das condições de vida da sociedade brasileira, com melhor distribuição de

rendas e recursos, será capaz de enfrentar a questão da delinqüência infantil e juvenil.

As discussões sobre redução da maioridade penal não possuem o menor

fundamento, pois dependem de uma reforma constitucional. O Estado, pelo que

podemos constatar, não tem competência para recuperar seus adolescentes, visto que

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não proporciona as mesmas condições de se ressocializar. Vale ressaltar que no estado

do Rio de Janeiro há somente cem vagas para internação nas instituições construídas

pelo governo Federal.

Os adolescentes infratores, não devem ficar impunes, recebendo sanções

direcionadas a ressocialização, com o objetivo que atinjam a maioridade sem voltar a

delinqüir.

O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a privação de liberdade desde os

12 anos de idade sem direito a indulto de Natal ou progressão de regime , a lei 8069/90

é severa, porém não é cumprida.

O problema dos jovens infratores não será solucionado pela redução da

maioridade penal. É imprescindível a união do Estado, da Sociedade e do Judiciário,

exigindo o cumprimento das legislações vigentes de forma efetiva, podendo assim

atingir o objetivo a que se propõem: conduzir à cidadania as crianças e os adolescentes

brasileiros.

Devemos investir em escolas, não somente em instituições ditas “Reformatórias”, pois a

base de uma sociedade sadia, sem menores infratores, é somente a educação”.

O desafio na questão da implantação do sistema de garantias da Doutrina da

Proteção Integral esta na modificação da política pública, tarefa, essa, de enorme

dificuldade, já que é necessário o entendimento e o conhecimento em relação a

aplicação dessa nova sistemática, buscando, dessa forma, uma sociedade justa e

igualitária.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo I >> Internet (Declaração de Genebra);

Anexo II >> Internet (Declaração de Genebra- Dos direitos da Criança e do Adolescente); Anexo III >> Internet (Regras de Beijing- UNICEF); Anexo IV >> Internet (Comentários SAM - serviço de assistência ao menor); Anexo V >> Internet (Comentários anexo IV); Anexo VI >> Internet (Lei 4513/64 e Pacto de São José de Costa Rica ); Anexo VII >> Internet (Ibidem ao anexo IV); Anexo VIII >> Internet (PEC nº. 171/1993)

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ANEXO I

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS - UNICEF

20 de Novembro de 1959 AS CRIANÇAS TÊM DIREITOS DIREITO À IGUALDADE, SEM DISTINÇÃO DE RAÇA RELIGIÃO OU NACIONALIDADE Princípio I - A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração . Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer exceção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição econômica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria criança ou à sua família . DIREITO À ESPECIAL PROTEÇÃO PARA O SEU DESENVOLVIMENTO FÍSICO, MENTAL E SOCIAL Princípio II - A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços, a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade . Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança. DIREITO A UM NOME E A UMA NACIONALIDADE

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Princípio III - A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade. DIREITO À ALIMENTAÇÃO,MORADIA E ASSISTÊNCIA MÉDICA ADEQUADAS PARA A CRIANÇA E A MÃE Princípio IV - A criança deve gozar dos benefícios da previdência social . Terá direito a crescer e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser proporcionados, tanto a ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se a alimentação pré e pós-natal . A criança terá direito a desfrutar de alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados . DIREITO À EDUCAÇÃO E A CUIDADOS ESPECIAIS PARA A CRIANÇA FÍSICA OU MENTALMENTE DEFICIENTE Princípio V - A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre da algum impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que requeira o seu caso particular . DIREITO AO AMOR E À COMPREENSÃO POR PARTE DOS PAIS E DA SOCIEDADE Princípio VI - A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe . A sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de subsistência . Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas . DIREITO À EDUCAÇÃO GRATUITA E AO LAZER INFANTIL Princípio VII

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- A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares . Dar-se-á à criança uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade social e moral . Chegando a ser um membro útil à sociedade . O interesse superior da criança deverá ser o interesse diretor daqueles que têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em primeira instância, a seus pais . A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito . DIREITO A SER SOCORRIDO EM PRIMEIRO LUGAR, EM CASO DE CATÁSTROFES Princípio VIII - A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a receber proteção e auxílio . DIREITO A SER PROTEGIDO CONTRA O ABANDONO E A EXPLORAÇÃO NO TRABALHO Princípio IX - A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e exploração . Não será objeto de nenhum tipo de tráfico . Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso algum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral . DIREITO A CRESCER DENTRO DE UM ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE, COMPREENSÃO, AMIZADE E JUSTIÇA ENTRE OS POVOS Princípio X - A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a

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discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole . Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes .

ANEXO II

(Ibidem anexo I) DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS - UNICEF

20 de Novembro de 1959 AS CRIANÇAS TÊM DIREITOS DIREITO À IGUALDADE, SEM DISTINÇÃO DE RAÇA RELIGIÃO OU NACIONALIDADE Princípio I - A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração . Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer exceção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição econômica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria criança ou à sua família .

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DIREITO À ESPECIAL PROTEÇÃO PARA O SEU DESENVOLVIMENTO FÍSICO, MENTAL E SOCIAL Princípio II - A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços, a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade . Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança. DIREITO A UM NOME E A UMA NACIONALIDADE Princípio III - A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade. DIREITO À ALIMENTAÇÃO,MORADIA E ASSISTÊNCIA MÉDICA ADEQUADAS PARA A CRIANÇA E A MÃE Princípio IV - A criança deve gozar dos benefícios da previdência social . Terá direito a crescer e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser proporcionados, tanto a ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se a alimentação pré e pós-natal . A criança terá direito a desfrutar de alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados . DIREITO À EDUCAÇÃO E A CUIDADOS ESPECIAIS PARA A CRIANÇA FÍSICA OU MENTALMENTE DEFICIENTE Princípio V - A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre da algum impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que requeira o seu caso particular . DIREITO AO AMOR E À COMPREENSÃO POR PARTE DOS PAIS E DA SOCIEDADE Princípio VI

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- A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe . A sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de subsistência . Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas . DIREITO À EDUCAÇÃO GRATUITA E AO LAZER INFANTIL Princípio VII - A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares . Dar-se-á à criança uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade social e moral . Chegando a ser um membro útil à sociedade . O interesse superior da criança deverá ser o interesse diretor daqueles que têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em primeira instância, a seus pais . A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito . DIREITO A SER SOCORRIDO EM PRIMEIRO LUGAR, EM CASO DE CATÁSTROFES Princípio VIII - A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a receber proteção e auxílio . DIREITO A SER PROTEGIDO CONTRA O ABANDONO E A EXPLORAÇÃO NO TRABALHO Princípio IX - A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e

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exploração . Não será objeto de nenhum tipo de tráfico . Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso algum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral . DIREITO A CRESCER DENTRO DE UM ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE, COMPREENSÃO, AMIZADE E JUSTIÇA ENTRE OS POVOS Princípio X - A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole . Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes .

ANEXO III Regras Mínimas para a Administração da Justiça, da Infância e da Juventude

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Regras de Beijing - UNICEF REGRAS MÍNIMAS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA, DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. REGRAS DE BEIJING - UNICEF PRIMEIRA PARTE - PRINCÍPlOS GERAIS 1 . ORIENTAÇÕES FUNDAMENTAIS 1 . 1 Os Estados Membros procurarão, em consonância com seus respectivos interesses gerais, promover o bem-estar da criança e do adolescente e de sua família . 1 . 2 Os Estados Membros se esforçarão para criar condições que garantam à criança e ao adolescente uma vida significativa na comunidade, fomentando, durante o período de idade em que ele é mais vulnerável a um comportamento desviado, um processo de desenvolvimento pessoal e de educação o mais isento possível do crime e da delinqüência . 1 . 3 Conceder-se-á a devida atenção à adoção de medidas concretas que permitam a mobilização de todos os recursos disponíveis, com a inclusão da família, de voluntários e outros grupos da comunidade, bem como da escola e de demais instituições comunitárias, com o fim de promover o bem-estar da criança e do adolescente, reduzir a necessidade da intervenção legal e tratar de modo efetivo, eqüitativo e humano a situação de conflito com a lei . 1 . 4 A Justiça da Infância e da Juventude será concebida como parte integrante do processo de desenvolvimento nacional de cada país e deverá ser administrada no marco geral de justiça social para todos os jovens, de maneira que contribua ao mesmo tempo para a sua proteção e para a manutenção da paz e da ordem na sociedade . 1 . 5 As presentes regras se aplicarão segundo o contexto das condições econômicas, sociais e culturais que predominem em cada um dos Estados Membros . 1 . 6 Os serviços da Justiça da Infância e da Juventude se aperfeiçoarão e se coordenarão sistematicamente com vistas a elevar e manter a competência de seus funcionários, os métodos, enfoques e atitudes adotadas .

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2 . ALCANCE DAS REGRAS E DEFINIÇÕES UTILIZADAS 2 . 1 As regras mínimas uniformes que se enunciam a seguir se aplicarão aos jovens infratores com imparcialidade, sem distinção alguma, por exemplo, de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição . 2 . 2 Para os fins das presentes regras, os Estados Membros aplicarão as definições seguintes, de forma compatível com seus respectivos sistemas e conceitos jurídicos: a) jovem é toda a criança ou adolescente que, de acordo com o sistema jurídico respectivo, pode responder por uma infração de forma diferente do adulto; b) infração é todo comportamento (ação ou omissão) penalizado com a lei, de acordo com o respectivo sistema jurídico; c) jovem infrator é aquele a quem se tenha imputado o cometimento de uma infração ou que seja considerado culpado do cometimento de uma infração . 2 . 3 Em cada jurisdição nacional procurar-se-á promulgar um conjunto de leis, normas e disposições aplicáveis especificamente aos jovens infratores, assim como aos órgãos e instituições encarregados das funções de administração da Justiça da Infância e da Juventude, com a finalidade de: a) satisfazer as diversas necessidades dos jovens infratores, e ao mesmo tempo proteger seus direitos básicos; b) satisfazer as necessidades da sociedade; c) aplicar cabalmente e com justiça as regras que se enunciam a seguir . 3 . AMPLIAÇÃO DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DAS REGRAS 3 . 1 As disposições pertinentes das regras não só se aplicarão aos jovens infratores, mas também àqueles que possam ser processados por realizar qualquer ato concreto que não seria punível se fosse praticado por adultos . 3 . 2 Procurar-se-á estender o alcance dos princípios contidos nas regras a todos os jovens compreendidos nos procedimentos relativos à atenção à criança e ao adolescente e a seu bem-estar . 3 . 3 Procurar-se-á também estender o alcance dos princípios contidos nas

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regras aos infratores adultos jovens . 4 . RESPONSABILIDADE PENAL 4 . 1 Nos sistemas jurídicos que reconheçam o conceito de responsabilidade penal para jovens, seu começo não deverá fixar-se numa idade demasiado precoce, levando-se em conta as circunstâncias que acompanham a maturidade emocional, mental e intelectual . 5 . OBJETIVOS DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 5 . 1 O sistema de Justiça da Infância e da Juventude enfatizará o bem-estar do jovem e garantirá que qualquer decisão em relação aos jovens infratores será sempre proporcional às circunstâncias do infrator e da infração . 6 . ALCANCE DAS FACULDADES DISCRICIONÁRIAS 6 . 1 Tendo-se em conta as diversas necessidades especiais dos jovens, assim como a diversidade de medidas disponíveis, facultar-se-á uma margem suficiente para o exercício de faculdades discricionárias nas diferentes etapas dos processos e nos distintos níveis da administração da Justiça da Infância e da Juventude, incluídos os de investigação, processamento, sentença e das medidas complementares das decisões . 6 . 2 Procurar-se-á, não obstante, garantir a devida competência em todas as fases e níveis no exercício de quaisquer dessas faculdades discricionárias . 6 . 3 Quem exercer tais faculdades deverá estar especialmente preparado ou capacitado para fazê-lo judiciosamente e em consonância com suas respectivas funções e mandatos . 7 . DIREITOS DOS JOVENS 7 . 1 Respeitar-se-ão as garantias processuais básicas em todas as etapas do processo, como a presunção de inocência, o direito de ser informado das acusações, o direito de não responder, o direito à assistência judiciária, o direito à presença dos pais ou tutores, o direito à confrontação com testemunhas e a interrogá-las e o direito de apelação ante uma autoridade superior . 8 . PROTEÇÃO DA INTIMIDADE 8 . 1 Para evitar que a publicidade indevida ou o processo de difamação

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prejudiquem os jovens, respeitar-se-á, em todas as etapas, seu direito à intimidade . 8 . 2 Em princípio, não se publicará nenhuma informação que possa dar lugar à identificação de um jovem infrator . 9 . CLÁUSULA DE SALVAGUARDA 9 . 1 Nenhuma disposição das presentes regras poderá ser interpretada no sentido de excluir os jovens do âmbito da aplicação das Regras Mínimas Uniformes para o Tratamento dos Prisioneiros, aprovadas pelas Nações Unidas, e de outros instrumentos e normas relativos ao cuidado e à proteção dos jovens reconhecidos pela comunidade internacional . SEGUNDA PARTE - INVESTIGAÇÃO E PROCESSAMENTO 10 . PRIMEIRO CONTATO 10.1 Sempre que um jovem for apreendido, a apreensão será notificada imediatamente a seus pais ou tutor e, quando não for possível tal notificação imediata, será notificada aos pais ou tutor no mais breve prazo possível . 10 . 2 O juiz, funcionário ou organismo competentes examinarão sem demora a possibilidade de pôr o jovem em liberdade . 10 . 3 Os contatos entre os órgãos encarregados de fazer cumprir a lei e o jovem infrator serão estabelecidos de modo a que seja respeitada a sua condição jurídica, promova-se o seu bem-estar e evite-se que sofra dano, resguardando-se devidamente as circunstâncias do caso . 11 . REMISSÃO DOS CASOS 11.1 Examinar-se-á a possibilidade, quando apropriada, de atender os jovens infratores sem recorrer às autoridades competentes, mencionadas na regra 14 . 1 adiante, para que os julguem oficialmente . 11 . 2 A polícia, o ministério público e outros organismos Que se ocupem de jovens infratores terão a faculdade de arrolar tais casos sob sua jurisdição, sem necessidade de procedimentos formais, de acordo com critérios estabelecidos com esse propósito nos respectivos sistemas jurídicos e também em harmonia com

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os princípios contidos nas presentes regras . 11 . 3 Toda remissão que signifique encaminhar o jovem a instituições da comunidade ou de outro tipo dependerá do consentimento dele, de seus pais ou tutores; entretanto, a decisão relativa à remissão do caso será submetida ao exame de uma autoridade competente, se assim for solicitado . 11 . 4 Para facilitar a tramitação jurisdicional dos casos de jovens, procurar-se-á proporcionar à comunidade programas tais como orientação e supervisão temporária, restituição e compensação das vítimas . 12 . ESPECIALIZAÇÃO POLICIAL 12 . 1 Para melhor desempenho de suas funções, os policiais que tratem freqüentemente ou de maneira exclusiva com jovens ou que se dediquem fundamentalmente à prevenção da delinqüência de jovens receberão instrução e capacitação especial . Nas grandes cidades, haverá contingentes especiais de polícia com essa finalidade . 13 . PRISÃO PREVENTIVA 13 . 1 Só se aplicará a prisão preventiva como último recurso e pelo menor prazo possível . 13 . 2 Sempre que possível, a prisão preventiva será substituída por medidas alternativas, como a estrita supervisão, custódia intensiva ou colocação junto a uma família ou em lar ou instituição educacional . 13 . 3 Os jovens que se encontrem em prisão preventiva gozarão de todos os direitos e garantias previstos nas Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros, aprovadas pelas Nações Unidas . 13 . 4 Os jovens que se encontrem em prisão preventiva estarão separados dos adultos e recolhidos a estabelecimentos distintos ou em recintos separados nos estabelecimentos onde haja detentos adultos . 13 . 5 Enquanto se encontrem sob custódia, os jovens receberão cuidados, proteção e toda assistência - social, educacional, profissional, psicológica, médica e física que requeiram, tendo em conta sua idade, sexo e características individuais . TERCEIRA PARTE - DECISÃO JUDICIAL E MEDIDAS

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14 . AUTORIDADE COMPETENTE PARA DECIDIR 14 . 1 Todo jovem infrator, cujo caso não tenha sido objeto de remissão (de acordo com a regra será apresentado à autoridade competente Juizado, tribunal, junta, conselho etc . ), que decidirá de acordo com os princípios de um processo imparcial e justo . 14 . 2 Os procedimentos favorecerão os interesses do jovem e serão conduzidos numa atmosfera de compreensão, que lhe permita participar e se expressar livremente . 15 . ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA E DIREITOS DOS PAIS OU TUTORES 15 . 1 O jovem terá direito a se fazer representar por um advogado durante todo o processo ou a solicitar assistência judiciária gratuita, quando prevista nas leis do país . 15 . 2 Os pais ou tutores terão direito de participar dos procedimentos e a autoridade competente poderá requerer a sua presença no interesse do jovem . Não obstante, a autoridade competente poderá negar a participação se existirem motivos para presumir que a exclusão é necessária aos interesses do jovem . 16 . RELATÓRIOS DE INVESTIGAÇÃO SOCIAL 16 . 1 Para facilitar a adoção de uma decisão justa por parte da autoridade competente, a menos que se tratem de infrações leves, antes da decisão definitiva será efetuada uma investigação completa sobre o meio social e as circunstâncias de vida do jovem e as condições em que se deu a prática da infração . 17 . PRINCÍPIOS NORTEADORES DA DECISÃO JUDICIAL OU DAS MEDIDAS 17 . 1 A decisão da autoridade competente pautar-se-á pelos seguintes princípios: a) a resposta à infração será sempre proporcional não só às circunstâncias e à gravidade da infração, mas também às circunstâncias e às necessidades do jovem, assim como às necessidades da sociedade; b) as restrições à liberdade pessoal do jovem serão impostas somente após estudo cuidadoso e se reduzirão ao mínimo possível;

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c) não será imposta a privação de liberdade pessoal a não ser que o jovem tenha praticado ato grave, envolvendo violência contra outra pessoa ou por reincidência no cometimento de outras infrações sérias, e a menos que não haja outra medida apropriada; d) o bem-estar do jovem será o fator preponderante no exame dos casos . 17 . 2 A pena capital não será imposta por qualquer crime cometido por jovens . 17 . 3 Os jovens não serão submetidos a penas corporais . 17 . 4 A autoridade competente poderá suspender o processo em qualquer tempo . 18 . PLURALIDADE DAS MEDIDAS APLICÁVEIS 18 . 1 Uma ampla variedade de medidas deve estar à disposição da autoridade competente, permitindo a flexibilidade e evitando ao máximo a institucionalização . Tais medidas, que podem algumas vezes ser aplicadas simultaneamente, incluem: a) determinações de assistência, orientação e supervisão; b) liberdade assistida; c) prestação de serviços à comunidade; d) multas, indenizações e restituições; e) determinação de tratamento institucional ou outras formas de tratamento; f)determinação de participar em sessões de grupo e atividades similares; g) determinação de colocação em lar substituto, centro de convivência ou outros estabelecimentos educativos; h) outras determinações pertinentes . 18 . 2 Nenhum jovem será excluído, total ou parcialmente, da supervisão paterna, a não ser que as circunstâncias do caso o tornem necessário .

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19 . CARÁTER EXCEPCIONAL DA INSTITUCIONALIZAÇÃO 19 . 1 A internação de um jovem em uma instituição será sempre uma medida de último recurso e pelo mais breve período possível . 20 . PREVENÇÃO DE DEMORAS DESNECESSÁRIAS 20 . 1 Todos os casos tramitarão, desde o começo, de maneira expedita e sem demoras desnecessárias . 21 . REGISTROS 21 . 1 Os registros de jovens infratores serão de caráter estritamente confidencial e não poderão ser consultados por terceiros . Só terão acesso aos arquivos as pessoas que participam diretamente da tramitação do caso ou outras pessoas devidamente autorizadas . 21 . 2 Os registros dos jovens infratores não serão utilizados em processos de adultos em casos subseqüentes que envolvam o mesmo infrator . 22 . NECESSIDADE DE PROFISSIONALISMO E CAPACITAÇÃO 22 . 1 Serão utilizados a educação profissional, o treinamento em serviço, a reciclagem e outros meios apropriados de instrução para estabelecer e manter a necessária competência profissional de todo o pessoal que se ocupa dos casos de jovens . 22 . 2 O quadro de servidores da Justiça da Infância e da Juventude deverá refletir as diversas características dos jovens que entram em contato com o sistema . Procurar-se-á garantir uma representação eqüitativa de mulheres e minorias nos órgãos da Justiça da Infância e da Juventude . QUARTA PARTE - TRATAMENTO EM MEIO ABERTO 23 . EXECUÇÃO EFETIVADAS MEDIDAS 23 . 1 Serão adotadas disposições adequadas para o cumprimento das determinações ditadas pela autoridade competente, mencionadas na regra 14 . 1, por essa mesma autoridade ou por outra diferente, se as circunstâncias assim o exigirem . 23 . 2 Tais dispositivos incluirão a faculdade da autoridade competente para

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modificar periodicamente as determinações segundo considere adequado, desde que a modificação se paute pelos princípios enunciados nestas regras . 24 . PRESTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NECESSÁRIA 24 . 1 Procurar-se-á proporcionar aos jovens, em todas as etapas dos procedimentos, assistência em termos de alojamento, ensino e capacitação profissional, emprego ou qualquer outra forma de assistência útil e prática para facilitar o processo de reabilitação . 25 . MOBILIZAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS E OUTROS SERVIÇOS COMUNITÁRIOS 25 . 1 Os voluntários, as organizações voluntárias, as instituições locais e outros recursos da comunidade serão chamados a contribuir eficazmente para a reabilitação do jovem num ambiente comunitário e, tanto quanto possível, na unidade familiar . QUINTA PARTE - TRATAMENTO INSTITUCIONAL 26 . OBJETIVOS DO TRATAMENTO INSTITUCIONAL 26 . 1 A capacitação e o tratamento dos jovens colocados em instituições têm por objetivo assegurar seu cuidado, proteção, educação e formação profissional para permitir-lhes que desempenhem um papel construtivo e produtivo na sociedade . 26 . 2 Os jovens institucionalizados receberão os cuidados, a proteção e toda a assistência necessária social, educacional, profissional, psicológica, médica e física que requeiram devido à sua idade, sexo e personalidade e no interesse do desenvolvimento sadio . 26 . 3 Os jovens institucionalizados serão mantidos separados dos adultos e serão detidos em estabelecimentos separados ou em partes separadas de um estabelecimento em que estejam detidos adultos . 26 . 4 A jovem infratora institucionalizada merece especial atenção no que diz respeito às suas necessidades e problemas pessoais . Em nenhum caso receberá menos cuidado, proteção, assistência, tratamento e capacitação que o jovem do sexo masculino . Será garantido seu tratamento eqüitativo . 26 . 5 No interesse e para o bem-estar do jovem institucionalizado, os pais e tutores terão direito de acesso às instituições .

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26 . 6 Será estimulada a cooperação interministerial e interdepartamental para proporcionar adequada formação educacional ou, se for o caso, profissional ao jovem institucionalizado, para garantir que, ao sair, não esteja em desvantagem no plano da educação . 27 . APLICAÇÃO DAS REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO DOS PRISIONEIROS, APROVADAS PELAS NAÇÕES UNIDAS 27 . 1 Em princípio, as Regras Mínimas para o Tratamento dos Prisioneiros e as recomendações conexas serão aplicáveis, sempre que for pertinente, ao tratamento dos jovens infratores institucionalizados, inclusive os que estiverem em prisão preventiva . 27 . 2 Deverão ser feitos esforços para implementar os princípios relevantes das mencionadas Regras Mínimas na maior medida possível, para satisfazer as necessidades específicas do jovem quanto à sua idade, sexo e personalidade . 28 . USO FREQÜENTE E IMEDIATO DA LIBERDADE CONDICIONAL 28 . 1 A liberdade condicional da instituição será utilizada pela autoridade pertinente na maior medida possível e será concedida o mais cedo possível . 28 . 2 O jovem liberado condicionalmente de uma instituição será assistido e supervisionado por funcionário designado e receberá total apoio da comunidade . 29 . SISTEMAS SEMI-INSTITUCIONAIS 29 . 1 Procurar-se-á estabelecer sistemas semi-institucionais, como casas de semiliberdade, lares educativos, centros de capacitação diurnos e outros sistemas apropriados que possam facilitar a adequada reintegração dos jovens na sociedade . SEXTA PARTE - PESQUISA, PLANEJAMENTO E FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS E AVALIAÇÃO 30 . A PESQUISA NA BASE DO PLANEJAMENTO E DA FORMULAÇÃO E A AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS 30 . 1 Procurar-se-á organizar e fomentar as pesquisas necessárias como base do efetivo planejamento e formulação de políticas .

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30 . 2 Procurar-se-á revisar e avaliar periodicamente as tendências, os problemas e as causas da delinqüência e da criminalidade de jovens, assim como as diversas necessidades particulares do jovem sob custódia . 30 . 3 Procurar-se-á estabelecer regularmente um mecanismo de avaliação e pesquisa no sistema de administração da Justiça da Infância e da Juventude, e coletar e analisar os dados e a informação pertinentes com vistas à devida avaliação e ao aperfeiçoamento do sistema . 30 . 4 A prestação de serviços na administração da Justiça da Infância e da Juventude será sistematicamente planejada e executada como parte integrante dos esforços de desenvolvimento nacional .

ANEXO IV

A Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente – SPDCA, com estrutura regimental aprovada pelo Decreto N.º 4.671, de 10 de abril de 2003, surge no contexto do processo de reorganização administrativa iniciado com a publicação da Medida Provisória N.º 103, de 1º de janeiro de 2003 que, dentre outras alterações, incorpora à estrutura da Presidência da República a então Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, sob a nova designação de Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Em que pese sua nova posição na estrutura administrativa do Estado e a atribuição inerente de assessorar o Presidente da República nas questões relativas às políticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitos das crianças e adolescentes, a SPDCA conserva o cerne da competência institucional do órgão que lhe deu origem - o Departamento da Criança e do Adolescente – DCA, da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça - de promover, estimular, acompanhar e zelar pelo cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.

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O DCA foi instalado em outubro de 1995 e vinculado à Secretaria de Direitos da Cidadania do Ministério da Justiça pelo Decreto nº 1.796 em 24/01/1996, tendo seu regimento interno aprovado pela Portaria Ministerial nº 495 de 06/08/1996. Em fevereiro de 1996, o DCA apresentou seu primeiro Plano de Ação estabelecendo, nos cenários das políticas públicas de atenção à criança e ao adolescente, as linhas gerais da Política de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, decorrente da Política Nacional dos Direitos Humanos. Em setembro de 1998, quando da extinção da Secretaria de Direitos da Cidadania, o DCA tornou-se subordinado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos que, em janeiro de 1999, passou à categoria de Secretaria de Estado. É comum associar-se a criação do DCA à extinção do Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência – CBIA, órgão do qual seria um substituto, o que representa uma incorreção. O CBIA, vinculado ao Ministério do Bem-Estar Social, realmente foi extinto no mesmo ano da criação do DCA e os órgãos chegaram a co-existir por um breve período, ambos subordinados ao Ministério da Justiça, que se encarregou do processo de inventariança do CBIA. Porém, mais do que uma simples mudança de nomenclatura, o surgimento do DCA marca uma redefinição do papel do Governo Federal na gestão das políticas públicas para a infância e adolescência.

ANEXO V

(Ibidem anexo IV) A Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente – SPDCA, com estrutura regimental aprovada pelo Decreto N.º 4.671, de 10 de abril de 2003, surge no contexto do processo de reorganização administrativa iniciado com a publicação da Medida Provisória N.º 103, de 1º de janeiro de 2003 que, dentre outras alterações, incorpora à estrutura da Presidência da República a então Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, sob a nova designação de Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

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Em que pese sua nova posição na estrutura administrativa do Estado e a atribuição inerente de assessorar o Presidente da República nas questões relativas às políticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitos das crianças e adolescentes, a SPDCA conserva o cerne da competência institucional do órgão que lhe deu origem - o Departamento da Criança e do Adolescente – DCA, da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça - de promover, estimular, acompanhar e zelar pelo cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente. O DCA foi instalado em outubro de 1995 e vinculado à Secretaria de Direitos da Cidadania do Ministério da Justiça pelo Decreto nº 1.796 em 24/01/1996, tendo seu regimento interno aprovado pela Portaria Ministerial nº 495 de 06/08/1996. Em fevereiro de 1996, o DCA apresentou seu primeiro Plano de Ação estabelecendo, nos cenários das políticas públicas de atenção à criança e ao adolescente, as linhas gerais da Política de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, decorrente da Política Nacional dos Direitos Humanos. Em setembro de 1998, quando da extinção da Secretaria de Direitos da Cidadania, o DCA tornou-se subordinado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos que, em janeiro de 1999, passou à categoria de Secretaria de Estado. É comum associar-se a criação do DCA à extinção do Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência – CBIA, órgão do qual seria um substituto, o que representa uma incorreção. O CBIA, vinculado ao Ministério do Bem-Estar Social, realmente foi extinto no mesmo ano da criação do DCA e os órgãos chegaram a co-existir por um breve período, ambos subordinados ao Ministério da Justiça, que se encarregou do processo de inventariança do CBIA. Porém, mais do que uma simples mudança de nomenclatura, o surgimento do DCA marca uma redefinição do papel do Governo Federal na gestão das políticas públicas para a infância e adolescência.

ANEXO VI

LEI Nº 4.513, DE 1º DE DEZEMBRO DE 1964.

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Revogado pela Lei nº 8.069, de 1990 Autoriza o Poder Executivo a criar a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, a ela incorporando o patrimônio e as atribuições do Serviço de Assistência a Menores, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I Da Instituição, Regime e Fins da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a instituir, dentro de noventa dias, a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, que se regerá por estatutos aprovados por decreto do Presidente da República. Art. 2º A Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor será uma entidade autônoma e adquirirá personalidade jurídica, a partir da inscrição, no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, do seu ato constitutivo, com o qual serão apresentados os estatutos e o decreto que os aprovar. Parágrafo único. A União representar-se-á, no ato da instituição, pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Art. 3º A Fundação Nacional do Bem-Estar do menor gozará de autonomia administrativa e financeira terá sede e fôro no Distrito Federal e jurisdição em todo o território nacional. Art. 4º O Patrimônio da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor será constituído: a) pelo acervo do Serviço de Assistência a Menor (SAM), bens móveis e imóveis pertencentes à União, atualmente ocupados, administrados ou utilizados por êsse Serviço e para cuja doação fica desde logo autorizado o Poder Executivo; b) dotações orçamentárias e subvenções da União do Estados e dos Municípios; c) dotações de autarquias de sociedade de economia mista, de pessoas físicas ou jurídicas nacionais, ou estrangeiras; d) rendas eventuais, inclusive as resultantes da prestação de serviços; Parágrafo único. Os bens, rendas e serviços da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor são isentos de qualquer imposto federal, estadual ou municipal, nos termos do art. 31, V da Constituição Federal.

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Art. 5º A Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor tem como objetivo formular e implantar a política nacional do bem-estar do menor, mediante o estudo do problema e planejamento das soluções, a orientação, coordenação e fiscalização das entidades que executem essa política. (Revogado pela Lei nº 8.029, de 1990) Parágrafo único. As atribuições do atual Serviço de Assistência a menores passam à competência a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. Art. 6º Fixam-se como diretrizes para a política nacional de assistência a cargo da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, além dos princípios constantes de documentos internacionais, a que o Brasil tenha aderido e que resguardem os direitos do menor e da família: I - Assegurar prioridade aos programas que visem à integração do menor na comunidade, através de assistência na própria família e da colocação familiar em lares substitutos; II - Incrementar a criação de instituições para menores que possuam características aprimoradas das que informam a vida familiar, e, bem assim, a adaptação, a esse objetivo, das entidades existentes de modo que somente do menor à falta de instituições desse tipo ou por determinação judicial. Nenhum internacional se fará sem observância rigorosa da escala de prioridade fixada em preceito regimental do Conselho Nacional; III - Respeitar no atendimento às necessidades de cada região do País, as suas peculiaridades, incentivando as iniciativas locais, públicas ou privadas, e atuando como fator positivo na dinamização e autopromoção dessas comunidades. Art. 7º Competirá à Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor: I - Realizar estudos, inquéritos e pesquisas para desempenho da missão que lhe cabe, promovendo cursos, seminários e congressos, e procedendo ao levantamento nacional do problema do menor. II - Promover a articulação das atividades de entidades públicas e privadas; III - Propiciar a formação, o treinamento e o aperfeiçoamento de pessoal técnico e auxiliar necessário a seus objetivos; IV - Opinar, quando solicitado pelo Presidente da República, pelos Ministros de Estado ou pelo Poder Legislativo, nos processos pertinentes à concessão de auxílios ou de subvenções, pelo Governo Federal, a entidades públicas ou particulares que se dediquem ao problema do menor; V - Fiscalizar o cumprimento de convênios e contratos com ele celebrados;

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VI - Fiscalizar o cumprimento da política de assistência ao menor, fixada por seu Conselho Nacional; VII - Mobilizar a opinião pública no sentido da indispensável participação de toda a comunidade na solução do problema do menor; VIII - Propiciar assistência técnica aos Estados, Municípios e entidades públicas ou privadas, que a solicitarem. CAPÍTULO II Dos Órgãos da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor Art. 8º Serão órgãos da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor: - o Conselho Nacional (C.N.); - o Conselho Fiscal (C.F.); - a Diretoria; - as Comissões Regionais (C.R.); Art. 9º O Conselho Nacional compor-se-á de: I - Seis representantes do Poder Executivo, designados pelo Presidente da República, pelos Ministros da Justiça e Negócios Interiores, Educação e Cultura, Trabalho e Previdência Social, Agricultura e Saúde; a) o representante do Ministério da Saúde deverá ser o Diretor do Departamento Nacional da Criança; II - Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil, designado por seu Conselho Federal; III - Um representante de cada uma das seguintes entidades; - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE); - Conselho Federal dos Assistentes Sociais (CFAS); - Legião Brasileira de Assistência (LBA); - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC); - Serviço Nacional de Aprendizagem industrial (SENAI);

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- Serviço Social Internacional (SSI); - União das Associações Familiares (UNAF); - Associação Brasileira de Crédito Agrícola Rural (ABCAR); - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); - Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); - Confederação Evangélica do Brasil; - Confederação das Entidades Representativas da Coletividade Israelita do Brasil; e, mais três pessoas de notório saber, no campo de proteção à família e ao menor, escolhidas em lista de nove, a ser submetida por esses representantes ao Presidente da República, que as designará. § 1º A designação de membro do Conselho Nacional, nos termos deste artigo, será acompanhada da indicação do respectivo suplente. § 2º No caso de extinção ou desistência de entidade incluída no item III deste artigo, caberá ao Conselho Nacional, por maioria absoluta de seus membros, designar nova entidade que a substitua. § 3º O representante do Presidente da República será o Presidente do Conselho Nacional e, nessa qualidade, Presidente da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, com poderes para representá-la em juízo e fora dele, ativa e passivamente. Art. 10. Ao Conselho Nacional competirá: a) elaborar, no prazo de 30 dias, após sua instalação, os estatutos da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, encaminhando-os à aprovação do Presidente da República; b) definir a política nacional do bem-estar do menor; c) designar e destituir os membros da Diretoria; d) aprovar anualmente os planos de trabalho a êle submetidos pela Diretoria e zelar por sua execução; e) votar anualmente o orçamento e deliberar, após o parecer do Conselho Fiscal, sobre a prestação de contas da Diretoria;

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f) autorizar a Diretoria a praticar atos relativos a bens patrimoniais da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, que não sejam gravames ou alienação; g) criar ou extinguir cargos, por proposta da Diretoria, e fixar os proventos e condições gerais da admissão e exoneração dos respectivos servidores, também por proposta da Diretoria; h) exercer em geral os poderes não atribuídos a outros órgãos por esta Lei e pelos estatutos da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor; i) fixar remuneração dos membros da Diretoria; j) instituir Comissão Regional, com a estrutura estabelecida nos estatutos, nomear seus membros e fixar-lhes os proventos. § 1º Os membros do Conselho Nacional receberão gratificação por sessão a que comparecerem, fixada pela Presidência da República, além de ajuda para transporte e diárias, quando residentes fora da sede da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. § 2º O Presidente do Conselho Nacional perceberá, em regime de tempo integral, vencimentos arbitrados pelo mesmo Conselho e aprovados pelo Presidente da República. CAPÍTULO III Do Conselho Fiscal Art. 11. O Conselho Fiscal será composto de: - um representante do Presidente da República; - um representante do Ministério da Fazenda; e - um contador designado pelo Conselho Nacional. Parágrafo único. Ao Conselho Fiscal competem emitir parecer sobre as contas apresentadas anualmente pela Diretoria e sobre a execução das despesas extraordinárias autorizadas pelo Conselho Nacional, dentro dos recursos disponíveis. CAPÍTULO IV Da Diretoria

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Art. 12. A Diretoria, designada pelo Conselho Nacional, compor-se-á de um Diretor-Geral e quatro Diretores, que trabalharão em regime de tempo integral e terão funções especificadas nos Estatutos. § 1º Dois dos quatro Diretores, que serão escolhidos entre pessoas de notória experiência e conhecimento do problema do menor, deverão possuir um destes diplomas: licenciado em pedagogia, assistente social, psicólogo, médico, orientador educacional ou técnico de administração. § 2º Os membros dos Conselhos não poderão fazer parte da Diretoria. § 3º O Diretor-Geral deverá participar das reuniões de Conselho Nacional, sem direito de voto. Art. 13. Competirá à Diretoria, pelo voto majoritário dos seus membros: a) administrar a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor com observância do plano de estrutura administrativa, aprovada pelo Conselho Nacional; b) elaborar os projetos de Planejamento Geral e o Orçamento Anual; c) aprovar os planos parciais de cada setor; d) admitir, punir, transferir, remover, exonerar ou demitir os servidores da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. § 1º Até 30 de outubro de cada ano, a Diretoria submeterá à aprovação do Conselho Nacional seus planos de trabalho e a proposta das despesas a serem efetuadas nos limites da dotação orçamentária para o exercício seguinte. § 2º Qualquer modificação na execução orçamentária deverá ser prèviamente aprovada pelo Conselho Nacional, mediante proposta fundamentada da Diretoria. § 3º A Diretoria deverá, até 31 de março de cada ano, submeter ao Conselho Nacional o relatório do exercício anterior. Capítulo V Das Comissões Regionais Art. 14. As Comissões Regionais, abrangendo um ou mais Estados ou Territórios, serão os órgãos de implantação da política assistencial do menor, adaptando-se às peculiaridades locais. Curadores de menores integrarão essas Comissões.

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Parágrafo único. Caberá às Comissões Regionais a administração dos estabelecimentos federais que, nos Estados sob sua jurisdição, estiverem afetos ao SAM à data desta Lei. Poderão as Comissões, mediante previa aprovação do Conselho Nacional, celebrar convênio com entidades públicas ou privadas para confiar-lhes tal atribuição, assegurada, em qualquer caso, prioridade ao atendimento de menores encaminhados pelo respectivo juizado. Art. 15. As Comissões regionais deverão submeter ao Conselho Nacional até 30 de setembro de cada ano, seus planos de trabalho e proposta orçamentária, e até 28 de fevereiro, os relatórios do exercício anterior. CAPÍTULO VI Disposições Gerais e Transitórias Art. 16. As entidades que receberem dotações compulsórias, subvenções ou auxílios de qualquer natureza, por parte dos poderes públicos, para a prestação de assistência à família, à infância ou à juventude, serão obrigadas a planejar suas atividades em obediência às diretrizes traçadas pelo Conselho Nacional e submeter-lhe, anualmente, seus planos de trabalho e o relatório circunstanciado dos serviços executados. Parágrafo único. O inadimplemento dessa obrigação importará na perda da subvenção ou auxílio. Art. 17. Os servidores da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, inclusive os membros da Diretoria, serão contratados na conformidade das leis trabalhistas vigentes. Parágrafo único. As despesas com pessoal não poderão exceder a 10% do total da receita orçamentária da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. Art. 18. O. Presidente da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, por proposta da Diretoria, poderá requisitar técnicos dentre os serviços federais ou autárquicos da União, para exercerem cargos e funções na Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor sob o regime de tempo integral e sem ônus para as entidades públicas a que pertencerem. Art. 19. Os servidores públicos lotados no SAM, cujos serviços forem julgados dispensáveis pela Diretoria da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, serão apresentados aos órgãos de pessoal dos respectivos Ministérios. Parágrafo único. Os servidores cuja lotação seja privativa do SAM serão readaptados, em funções compatíveis em qualquer órgão do serviço público federal. Art. 20. As dotações orçamentárias e os créditos destinados à Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor serão considerados registrados pelo Tribunal

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de Contas e automàticamente distribuídos ao Tesouro Nacional, que os depositará no Banco do Brasil á disposição do Presidente da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. Art. 21. As contas da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, com parecer do Conselho Fiscal, serão anualmente sujeitas a exame e aprovação do Tribunal de Contas. Art. 22. A Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, por sua Diretoria ou suas Comissões Regionais, poderá, mediante prévia autorização do Conselho Nacional, firmar acordos ou convênios com os Estados, Territórios e Municípios, através dos respectivos governos, ou com entidades públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras. Art. 23. Os membros dos Conselhos exercerão o cargo por três anos, podendo ser reconduzidos uma única vez. § 1º Na primeira reunião após a instalação do Conselho, far-se-á, por sorteio, a designação dos conselheiros a que se referem os itens II e III do artigo 8º, para efeito de fixação de seus mandatos em 1, 2 e 3 anos, de forma a assegurar anualmente a renovação do Conselho pelo terço. § 2º Perderá o mandato o conselheiro, titular ou suplente, que faltar a três sessões ordinárias consecutivas. § 3º Perderá o direito de representação a entidade que tiver três representantes com mandatos extintos nos termos do parágrafo anterior. § 4º No caso de perda da representação a maioria absoluta do Conselho escolherá, em votação secreta, a nova entidade a fazer-se representar. Art. 24. A Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor instalar-se-á com sede provisória na cidade do Rio de Janeiro, até sua transferência para o Distrito Federal o que se dará impreterívelmente, até 31 de dezembro de 1966. Art. 25. Em caso de dissolução, os bens da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor reverterão ao Patrimônio da União. Art. 26. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, inclusive o Decreto-Lei nº 3.779, de 5 de novembro de 1941. Brasília, em 1º de dezembro de 1964; 143º da Independência e 76º da República. H. Castello Branco Milton Soares Campos Otávio Gouveia de Bulhões

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Hugo de Almeida Leme Flávio Lacerda Arnaldo Sussekind Raimundo Brito Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 4.12.1964 CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969)* (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA) PREÂMBULO Os Estados Americanos signatários da presente Convenção, Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos humanos essenciais; Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o direito interno dos Estados americanos; Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto de âmbito mundial como regional; Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à própria Carta da Organização de normas mais amplas sobre os direitos econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos determinasse a estrutura, competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria;

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Convieram no seguinte: PARTE I - DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS Capítulo I - ENUMERAÇÃO DOS DEVERES Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos 1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social. 2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano. Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. Capítulo II - DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica. Artigo 4º - Direito à vida 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. 2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.

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3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido. 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos políticos. 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente. Artigo 5º - Direito à integridade pessoal 1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano. 3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. 4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas. 5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento. 6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos condenados. Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão 1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas. 2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de proibir o cumprimento da dita pena, imposta por um

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juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade, nem a capacidade física e intelectual do recluso. 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo: a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado; b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele; c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade; d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais. Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas. 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários. 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e notificada, sem demora, da acusação ou das acusações formuladas contra ela. 5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo. 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-partes cujas leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.

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7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. Artigo 8º - Garantias judiciais 1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. 2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal; b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada; c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa; d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor; e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei; f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos; g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada; e h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. 3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza.

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4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos. 5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da justiça. Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o deliquente deverá dela beneficiar-se. Artigo 10 - Direito à indenização Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada em sentença transitada em julgado, por erro judiciário. Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade 1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade. 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou reputação. 3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas. Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. 2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita apenas às limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

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4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções. Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão 1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha. 2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para assegurar: a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas. 3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias e opiniões. 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2. 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência. Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta 1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei. 2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das outras responsabilidades legais em que se houver incorrido. 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publicação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televisão, deve ter uma

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pessoa responsável, que não seja protegida por imunidades, nem goze de foro especial. Artigo 15 - Direito de reunião É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional, da segurança ou ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. Artigo 16 - Liberdade de associação 1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza. 2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. 3. O presente artigo não impede a imposição de restrições legais, e mesmo a privação do exercício do direito de associação, aos membros das forças armadas e da polícia. Artigo 17 - Proteção da família 1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraírem casamento e de constituírem uma família, se tiverem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em que não afetem estas o princípio da não-discriminação estabelecido nesta Convenção. 3. O casamento não pode ser celebrado sem o consentimento livre e pleno dos contraentes. 4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e a adequada equivalência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante o mesmo e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, serão adotadas as disposições que assegurem a proteção necessária aos filhos, com base unicamente no interesse e conveniência dos mesmos. 5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos fora do casamento, como aos nascidos dentro do casamento.

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Artigo 18 - Direito ao nome Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário. Artigo 19 - Direitos da criança Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer, por parte da sua família, da sociedade e do Estado. Artigo 20 - Direito à nacionalidade 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra. 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-la. Artigo 21 - Direito à propriedade privada 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social. 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo mediante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei. 3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de exploração do homem pelo homem, devem ser reprimidas pela lei. Artigo 22 - Direito de circulação e de residência 1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele residir, em conformidade com as disposições legais. 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu próprio país. 3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restringido, senão em virtude de lei, na medida indispensável, em uma sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

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4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo de interesse público. 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar. 6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei. 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a legislação de cada Estado e com as Convenções internacionais. 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas. 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. Artigo 23 - Direitos políticos 1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades: a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes livremente eleitos; b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país. 2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo penal. Artigo 24 - Igualdade perante a lei Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção da lei. Artigo 25 - Proteção judicial

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1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais. 2. Os Estados-partes comprometem-se: a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso; b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda decisão em que se tenha considerado procedente o recurso. Capítulo III - DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo Os Estados-partes comprometem-se a adotar as providências, tanto no âmbito interno, como mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados. Capítulo IV - SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO Artigo 27 - Suspensão de garantias 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a independência ou segurança do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social. 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9 (princípio da legalidade e da

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retroatividade), 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos. 3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão deverá comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente Convenção, por intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, os motivos determinantes da suspensão e a data em que haja dado por terminada tal suspensão. Artigo 28 - Cláusula federal 1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo nacional do aludido Estado-parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial. 2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, em conformidade com sua Constituição e com suas leis, a fim de que as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção. 3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado, assim organizado, as normas da presente Convenção. Artigo 29 - Normas de interpretação Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser interpretada no sentido de: a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo, suprimir o gozo e o exercício dos direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista; b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Convenções em que seja parte um dos referidos Estados; c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma democrática representativa de governo;

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d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza. Artigo 30 - Alcance das restrições As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promulgadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual houverem sido estabelecidas. Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Convenção, outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos artigo 69 e 70. Capítulo V - DEVERES DAS PESSOAS Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos 1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e a humanidade. 2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem comum, em uma sociedade democrática. PARTE II - MEIOS DE PROTEÇÃO Capítulo VI - ÓRGÃOS COMPETENTES Artigo 33 - São competentes para conhecer de assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados-partes nesta Convenção: a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comissão; e b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte. Capítulo VII - COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS Seção 1 - Organização

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Artigo 34 - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos. Artigo 35 - A Comissão representa todos os Membros da Organização dos Estados Americanos. Artigo 36 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, pela Assembléia Geral da Organização, a partir de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados-membros. 2. Cada um dos referidos governos pode propor até três candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Estado-membro da Organização dos Estados Americanos. Quando for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de Estado diferente do proponente. Artigo 37 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reeleitos um vez, porém o mandato de três dos membros designados na primeira eleição expirará ao cabo de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na Assembléia Geral, os nomes desses três membros. 2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de um mesmo país. Artigo 38 - As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à expiração normal do mandato, serão preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com o que dispuser o Estatuto da Comissão. Artigo 39 - A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e expedirá seu próprio Regulamento. Artigo 40 - Os serviços da Secretaria da Comissão devem ser desempenhados pela unidade funcional especializada que faz parte da Secretaria Geral da Organização e deve dispor dos recursos necessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão. Seção 2 - Funções Artigo 41 - A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições: a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América;

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b) formular recomendações aos governos dos Estados-membros, quando considerar conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos; c) preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas funções; d) solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe proporcionem informações sobre as medidas que adotarem em matéria de direitos humanos; e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados-membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que lhes solicitarem; f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e g) apresentar um relatório anual à Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos. Artigo 42 - Os Estados-partes devem submeter à Comissão cópia dos relatórios e estudos que, em seus respectivos campos, submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho Interamericano Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura, a fim de que aquela zele para que se promovam os direitos decorrentes das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires. Artigo 43 - Os Estados-partes obrigam-se a proporcionar à Comissão as informações que esta lhes solicitar sobre a maneira pela qual seu direito interno assegura a aplicação efetiva de quaisquer disposições desta Convenção. Seção 3 - Competência Artigo 44 - Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-parte.

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Artigo 45 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção, ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece a competência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que um Estado-parte alegue haver outro Estado-parte incorrido em violações dos direitos humanos estabelecidos nesta Convenção. 2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se forem apresentadas por um Estado-parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um Estado-parte que não haja feito tal declaração. 3. As declarações sobre reconhecimento de competência podem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido, por período determinado ou para casos específicos. 4. As declarações serão depositadas na Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos, a qual encaminhará cópia das mesmas aos Estados-membros da referida Organização. Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário: a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos; b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva; c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional; e d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição. 2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando: a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

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c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos. Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 quando: a) não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo 46; b) não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos garantidos por esta Convenção; c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for manifestamente infundada a petição ou comunicação ou for evidente sua total improcedência; ou d) for substancialmente reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada pela Comissão ou por outro organismo internacional. Seção 4 - Processo Artigo 48 - 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na qual se alegue a violação de qualquer dos direitos consagrados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira: a) se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunicação, solicitará informações ao Governo do Estado ao qual pertença a autoridade apontada como responsável pela violação alegada e transcreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As referidas informações devem ser enviadas dentro de um prazo razoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstâncias de cada caso; b) recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou subsistem os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existirem ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente; c) poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improcedência da petição ou comunicação, com base em informação ou prova supervenientes; d) se o expediente não houver sido arquivado, e com o fim de comprovar os fatos, a Comissão procederá, com conhecimento das partes, a um exame do assunto exposto na petição ou comunicação. Se for necessário e conveniente, a Comissão procederá a uma investigação para cuja eficaz realização solicitará, e os Estados interessados lhe proporcionarão, todas as facilidades necessárias;

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e) poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação pertinente e receberá, se isso for solicitado, as exposições verbais ou escritas que apresentarem os interessados; e f) pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de chegar a uma solução amistosa do assunto, fundada no respeito aos direitos reconhecidos nesta Convenção. 2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realizada uma investigação, mediante prévio consentimento do Estado em cujo território se alegue houver sido cometida a violação, tão somente com a apresentação de uma petição ou comunicação que reúna todos os requisitos formais de admissibilidade. Artigo 49 - Se se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com as disposições do inciso 1, "f", do artigo 48, a Comissão redigirá um relatório que será encaminhado ao peticionário e aos Estados-partes nesta Convenção e posteriormente transmitido, para sua publicação, ao Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos. O referido relatório conterá uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso o solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informação possível. Artigo 50 - 1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relatório não representar, no todo ou em parte, o acordo unânime dos membros da Comissão, qualquer deles poderá agregar ao referido relatório seu voto em separado. Também se agregarão ao relatório as exposições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos interessados em virtude do inciso 1, "e", do artigo 48. 2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos quais não será facultado publicá-lo. 3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as proposições e recomendações que julgar adequadas. Artigo 51 - 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados interessados do relatório da Comissão, o assunto não houver sido solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Comissão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão poderá emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclusões sobre a questão submetida à sua consideração. 2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe competir para remediar a situação examinada.

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3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não as medidas adequadas e se publica ou não seu relatório. Capítulo VIII - CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS Seção 1 - Organização Artigo 52 - 1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados-membros da Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos. 2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. Artigo 53 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados-partes na Convenção, na Assembléia Geral da Organização, a partir de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos Estados. 2. Cada um dos Estados-partes pode propor até três candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Estado-membro da Organização dos Estados Americanos. Quando se propuser um lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional do Estado diferente do proponente. Artigo 54 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato de três dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo de três anos. Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembléia Geral, os nomes desse três juízes. 2. O juiz eleito para substituir outro, cujo mandato não haja expirado, completará o período deste. 3. Os juízes permanecerão em suas funções até o término dos seus mandatos. Entretanto, continuarão funcionando nos casos de que já houverem tomado conhecimento e que se encontrem em fase de sentença e, para tais efeitos, não serão substituídos pelos novos juízes eleitos. Artigo 55 - 1. O juiz, que for nacional de algum dos Estados-partes em caso submetido à Corte, conservará o seu direito de conhecer do mesmo.

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2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de nacionalidade de um dos Estados-partes, outro Estado-parte no caso poderá designar uma pessoa de sua escolha para integrar a Corte, na qualidade de juiz ad hoc. 3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso, nenhum for da nacionalidade dos Estados-partes, cada um destes poderá designar um juiz ad hoc. 4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo 52. 5. Se vários Estados-partes na Convenção tiverem o mesmo interesse no caso, serão considerados como uma só parte, para os fins das disposições anteriores. Em caso de dúvida, a Corte decidirá. Artigo 56 - O quorum para as deliberações da Corte é constituído por cinco juízes. Artigo 57 - A Comissão comparecerá em todos os casos perante a Corte. Artigo 58 - 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determinado, na Assembléia Geral da Organização, pelos Estados-partes na Convenção, mas poderá realizar reuniões no território de qualquer Estado-membro da Organização dos Estados Americanos em que considerar conveniente, pela maioria dos seus membros e mediante prévia aquiescência do Estado respectivo. Os Estados-partes na Convenção podem, na Assembléia Geral, por dois terços dos seus votos, mudar a sede da Corte. 2. A Corte designará seu Secretário. 3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir às reuniões que ela realizar fora da mesma. Artigo 59 - A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e funcionará sob a direção do Secretário Geral da Organização em tudo o que não for incompatível com a independência da Corte. Seus funcionários serão nomeados pelo Secretário Geral da Organização, em consulta com o Secretário da Corte. Artigo 60 - A Corte elaborará seu Estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e expedirá seu Regimento. Seção 2 - Competência e funções Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da Corte.

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2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é necessário que sejam esgotados os processos previstos nos artigos 48 a 50. Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência da Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação desta Convenção. 2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob condição de reciprocidade, por prazo determinado ou para casos específicos. Deverá ser apresentada ao Secretário Geral da Organização, que encaminhará cópias da mesma a outros Estados-membros da Organização e ao Secretário da Corte. 3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso, relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Convenção, que lhe seja submetido, desde que os Estados-partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por declaração especial, como prevêem os incisos anteriores, seja por convenção especial. Artigo 63 - 1. Quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade protegidos nesta Convenção, a Corte determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas as consequências da medida ou situação que haja configurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização justa à parte lesada. 2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas provisórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem submetidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão. Artigo 64 - 1. Os Estados-membros da Organização poderão consultar a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. Também poderão consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires. 2. A Corte, a pedido de um Estado-membro da Organização, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os mencionados instrumentos internacionais. Artigo 65 - A Corte submeterá à consideração da Assembléia Geral da Organização, em cada período ordinário de sessões, um relatório sobre as suas atividades no ano anterior. De maneira especial, e com as

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recomendações pertinentes, indicará os casos em que um Estado não tenha dado cumprimento a suas sentenças. Seção 3 - Processo Artigo 66 - 1. A sentença da Corte deve ser fundamentada. 2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a opinião unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a que se agregue à sentença o seu voto dissidente ou individual. Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da notificação da sentença. Artigo 68 - 1. Os Estados-partes na Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem partes. 2. A parte da sentença que determinar indenização compensatória poderá ser executada no país respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentenças contra o Estado. Artigo 69 - A sentença da Corte deve ser notificada às partes no caso e transmitida aos Estados-partes na Convenção. Capítulo IX - DISPOSIÇÕES COMUNS Artigo 70 - 1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão gozam, desde o momento da eleição e enquanto durar o seu mandato, das imunidades reconhecidas aos agentes diplomáticos pelo Direito Internacional. Durante o exercício dos seus cargos gozam, além disso, dos privilégios diplomáticos necessários para o desempenho de suas funções. 2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo algum dos juízes da Corte, nem dos membros da Comissão, por votos e opiniões emitidos no exercício de suas funções. Artigo 71 - Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Comissão são incompatíveis com outras atividades que possam afetar sua independência ou imparcialidade, conforme o que for determinado nos respectivos Estatutos. Artigo 72 - Os juízes da Corte e os membros da Comissão perceberão honorários e despesas de viagem na forma e nas condições que determinarem

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os seus Estatutos, levando em conta a importância e independência de suas funções. Tais honorários e despesas de viagem serão fixados no orçamento-programa da Organização dos Estados Americanos, no qual devem ser incluídas, além disso, as despesas da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte elaborará o seu próprio projeto de orçamento e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral, por intermédio da Secretaria Geral. Esta última não poderá nele introduzir modificações. Artigo 73 - Somente por solicitação da Comissão ou da Corte, conforme o caso, cabe à Assembléia Geral da Organização resolver sobre as sanções aplicáveis aos membros da Comissão ou aos juízes da Corte que incorrerem nos casos previstos nos respectivos Estatutos. Para expedir uma resolução, será necessária maioria de dois terços dos votos dos Estados-membros da Organização, no caso dos membros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos votos dos Estados-partes na Convenção, se se tratar dos juízes da Corte. PARTE III - DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Capítulo X - ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA, EMENDA, PROTOCOLO E DENÚNCIA Artigo 74 - 1. Esta Convenção está aberta à assinatura e à ratificação de todos os Estados-membros da Organização dos Estados Americanos. 2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela efetuar-se-á mediante depósito de um instrumento de ratificação ou adesão na Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos. Esta Convenção entrará em vigor logo que onze Estados houverem depositado os seus respectivos instrumentos de ratificação ou de adesão. Com referência a qualquer outro Estado que a ratificar ou que a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor na data do depósito do seu instrumento de ratificação ou adesão. 3. O Secretário Geral comunicará todos os Estados-membros da Organização sobre a entrada em vigor da Convenção. Artigo 75 - Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em conformidade com as disposições da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, assinada em 23 de maio de 1969. Artigo 76 - 1. Qualquer Estado-parte, diretamente, e a Comissão e a Corte, por intermédio do Secretário Geral, podem submeter à Assembléia Geral, para o que julgarem conveniente, proposta de emendas a esta Convenção. 2. Tais emendas entrarão em vigor para os Estados que as ratificarem, na data em que houver sido depositado o respectivo instrumento de ratificação, por

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dois terços dos Estados-partes nesta Convenção. Quanto aos outros Estados-partes, entrarão em vigor na data em que eles depositarem os seus respectivos instrumentos de ratificação. Artigo 77 - 1. De acordo com a faculdade estabelecida no artigo 31, qualquer Estado-parte e a Comissão podem submeter à consideração dos Estados-partes reunidos por ocasião da Assembléia Geral projetos de Protocolos adicionais a esta Convenção, com a finalidade de incluir progressivamente, no regime de proteção da mesma, outros direitos e liberdades. 2. Cada Protocolo deve estabelecer as modalidades de sua entrada em vigor e será aplicado somente entre os Estados-partes no mesmo. Artigo 78 - 1. Os Estados-partes poderão denunciar esta Convenção depois de expirado o prazo de cinco anos, a partir da data em vigor da mesma e mediante aviso prévio de um ano, notificando o Secretário Geral da Organização, o qual deve informar as outras partes. 2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado-parte interessado das obrigações contidas nesta Convenção, no que diz respeito a qualquer ato que, podendo constituir violação dessas obrigações, houver sido cometido por ele anteriormente à data na qual a denúncia produzir efeito. Capítulo XI - DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Seção 1 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos Artigo 79 - Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário Geral pedirá por escrito a cada Estado-membro da Organização que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O Secretário Geral preparará uma lista por ordem alfabética dos candidatos apresentados e a encaminhará aos Estados-membros da Organização, pelo menos trinta dias antes da Assembléia Geral seguinte. Artigo 80 - A eleição dos membros da Comissão far-se-á dentre os candidatos que figurem na lista a que se refere o artigo 79, por votação secreta da Assembléia Geral, e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados-membros. Se, para eleger todos os membros da Comissão, for necessário realizar várias votações, serão eliminados sucessivamente, na

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forma que for determinada pela Assembléia Geral, os candidatos que receberem maior número de votos. Seção 2 - Corte Interamericana de Direitos Humanos Artigo 81 - Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário Geral pedirá a cada Estado-parte que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Secretário Geral preparará uma lista por ordem alfabética dos candidatos apresentados e a encaminhará aos Estados-partes pelo menos trinta dias antes da Assembléia Geral seguinte. Artigo 82 - A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os candidatos que figurem na lista a que se refere o artigo 81, por votação secreta dos Estados-partes, na Assembléia Geral, e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados-partes. Se, para eleger todos os juízes da Corte, for necessário realizar várias votações, serão eliminados sucessivamente, na forma que for determinada pelos Estados-partes, os candidatos que receberem menor número de votos.

ANEXO VII

(Ibidem anexo IV) A Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente – SPDCA, com estrutura regimental aprovada pelo Decreto N.º 4.671, de 10 de abril de 2003, surge no contexto do processo de reorganização administrativa iniciado com a publicação da Medida Provisória N.º 103, de 1º de janeiro de 2003 que, dentre outras alterações, incorpora à estrutura da Presidência da República a então Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, sob a nova designação de Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Em que pese sua nova posição na estrutura administrativa do Estado e a atribuição inerente de assessorar o Presidente da República nas questões relativas às políticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitos das crianças e adolescentes, a SPDCA conserva o cerne da competência institucional do órgão que lhe deu origem - o Departamento da Criança e do Adolescente – DCA, da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça - de promover, estimular, acompanhar e zelar pelo cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente. O DCA foi instalado em outubro de 1995 e vinculado à Secretaria de Direitos da Cidadania do Ministério da Justiça pelo Decreto nº 1.796 em 24/01/1996,

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tendo seu regimento interno aprovado pela Portaria Ministerial nº 495 de 06/08/1996. Em fevereiro de 1996, o DCA apresentou seu primeiro Plano de Ação estabelecendo, nos cenários das políticas públicas de atenção à criança e ao adolescente, as linhas gerais da Política de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, decorrente da Política Nacional dos Direitos Humanos. Em setembro de 1998, quando da extinção da Secretaria de Direitos da Cidadania, o DCA tornou-se subordinado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos que, em janeiro de 1999, passou à categoria de Secretaria de Estado. É comum associar-se a criação do DCA à extinção do Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência – CBIA, órgão do qual seria um substituto, o que representa uma incorreção. O CBIA, vinculado ao Ministério do Bem-Estar Social, realmente foi extinto no mesmo ano da criação do DCA e os órgãos chegaram a co-existir por um breve período, ambos subordinados ao Ministério da Justiça, que se encarregou do processo de inventariança do CBIA. Porém, mais do que uma simples mudança de nomenclatura, o surgimento do DCA marca uma redefinição do papel do Governo Federal na gestão das políticas públicas para a infância e adolescência.

ANEXO VIII

Consulta Tramitação das Proposições Proposição: PEC-171/1993 -> Íntegra disponível em formato doc Autor: BENEDITO DOMINGOS - PP /DF Data de Apresentação: 19/08/1993 Apreciação: Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Matérias sujeitas a normas especiais: Especial Situação: CCJC: Pronta para Pauta. Ementa: Altera a redação do artigo 228 da Constituição Federal (imputabilidade penal do maior de dezesseis anos)

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Explicação da Ementa: IMPUTABILIDADE PENAL DO MAIOR DE DEZESSEIS ANOS, ALTERANDO A NOVA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Indexação: ALTERAÇÃO, DISPOSITIVOS, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, REDUÇÃO, LIMITE DE IDADE, DECLARAÇÃO, INIMPUTABILIDADE, RESPONSABILIDADE PENAL, MENOR, MENORIDADE, ADOLESCENTE, IMPUTABILIDADE PENAL, MAIORIDADE. Despacho: 30/10/1997 - DEFERIDO REQUERIMENTO DO DEP JOSE LUIZ CLEROT, NOS TERMOS DO ARTIGO 142 DO RI, SOLICITANDO A APENSAÇÃO DA PEC 91/95 A ESTA. DCD 31 10 97 PAG 34734 COL 02. Pareceres, Votos e Redação Final - CCJC (CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA) PRL 1 CCJC (Parecer do Relator) - Marcelo Itagiba PRL 2 CCJC (Parecer do Relator) - Marcelo Itagiba ApensadosPEC 150/1999 PEC 167/1999 PEC 169/1999 PEC 633/1999 PEC 260/2000 PEC 321/2001 PEC 37/1995 PEC 91/1995 PEC 301/1996 PEC 531/1997 PEC 68/1999 PEC 133/1999 PEC 377/2001 PEC 582/2002 PEC 64/2003 PEC 179/2003 PEC 272/2004 PEC 302/2004 PEC 345/2004 PEC 489/2005 PEC 48/2007 PEC 73/2007 PEC 85/2007 PEC 87/2007 PEC 125/2007 Requerimentos, Recursos e Ofícios - PLEN (PLEN ) REQ 2021/2007 (Requerimento de Constituição de Comissão Especial de PEC) - Alfredo Kaefer REQ 2030/2007 (Requerimento) - Alfredo Kaefer - CCJC (CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA) REQ 11/2001 CCJR (Requerimento) - Inaldo Leitão REQ 4/2007 CCJC (Requerimento) - Marcelo Itagiba Publicação e Erratas Errata de 10/08/1995 Última Ação: 7/12/2007 - Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) - Parecer do Relator, Dep. Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), pela admissibilidade desta, da PEC 386/1996, da PEC 426/1996, da PEC 242/2004, da PEC 37/1995, da PEC 91/1995, da PEC 301/1996, da PEC 531/1997, da PEC 68/1999, da PEC 133/1999, da PEC 150/1999, da PEC 167/1999, da PEC 169/1999, da PEC 633/1999, da PEC 260/2000, da PEC 321/2001, da PEC 377/2001, da PEC 582/2002, da PEC 64/2003, da PEC 179/2003, da PEC

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272/2004, da PEC 302/2004, da PEC 345/2004, da PEC 489/2005, da PEC 48/2007, da PEC 73/2007, da PEC 85/2007, da PEC 87/2007, e da PEC 125/2007, apensadas. Obs.: o andamento da proposição fora desta Casa Legislativa não é tratado pelo sistema, devendo ser consultado nos órgãos respectivos. Andamento: 19/8/1993 PLENÁRIO (PLEN) APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO PELO DEP BENEDITO DOMINGOS. DCN1 20 08 93 16791 COL 01. 26/10/1993 PLENÁRIO (PLEN) PUBLICAÇÃO DA MATERIA. DCN1 27 10 93 PAG 23062 COL 02. 26/10/1993 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) APENSE-SE A PEC 14/89. 14/12/1993 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) OF SGM/P 1182/93, DA PRESIDENCIA DA CD, ENCAMINHANDO ESTA PEC PARA TRANSFORMAÇÃO EM PROPOSTA DE EMENDA REVISIONAL. 31/5/1994 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) PREJUDICADA PELO ENCERRAMENTO DOS TRABALHOS DA REVISÃO CONSTITUCIONAL, NOS TERMOS DA RES 01/94-RCF. 15/3/1995 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) DEFERIDO OF GA-024/95, DO DEP BENEDITO DOMINGOS, SOLICITANDO O RETORNO DESTA PEC A ESTA CASA. DCN1 16 03 95 PAG 3388 COL 01. 6/4/1995 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) DESPACHO A CCJR. (NOVO DESPACHO). 6/4/1995 PLENÁRIO (PLEN) PUBLICAÇÃO DA MATERIA. DCN1 10 08 95 PAG 17175 COL 02. 6/4/1995 COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP) ENCAMINHADO A CCJR. 7/4/1995 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)

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Apense-se a esta a PEC-37/1995. 19/4/1995 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) RELATOR DEP JOSE LUIZ CLEROT. DCN1 06 05 95 PAG 9223 COL 02. 1/6/1995 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) PARECER DO RELATOR, DEP JOSE LUIZ CLEROT, PELA ADMISSIBILIDADE DESTA E DA PEC 37/95, APENSADA. 6/6/1995 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-91/95. 7/6/1995 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) VISTA CONJUNTA AOS DEP ALEXANDRE CARDOSO, MARCELO DEDA, HELIO BICUDO, ZULAIE COBRA E MILTON MENDES. DCD 20 04 96 PAG 0457 COL 02. 20/6/1995 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Desapense-se desta a PEC 91/95. 21/6/1995 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) PARECER DO RELATOR, DEP JOSE LUIZ CLEROT, PELA ADMISSIBILIDADE DESTA E DA PEC 37/95, APENSADA. DCD 20 04 96 PAG 0563 COL 02. 18/4/1996 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) DEFERIDO OF 47/96, DA CCJR, SOLICITANDO A APENSAÇÃO DA PEC 301/96 A ESTA. 15/10/1997 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-531/97. 30/10/1997 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) DEFERIDO REQUERIMENTO DO DEP JOSE LUIZ CLEROT, NOS TERMOS DO ARTIGO 142 DO RI, SOLICITANDO A APENSAÇÃO DA PEC 91/95 A ESTA. DCD 31 10 97 PAG 34734 COL 02. 8/1/1999 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)

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Apense-se a esta a PEC-633/99. 2/2/1999 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) ARQUIVADO NOS TERMOS DO ARTIGO 105 DO REGIMENTO INTERNO. DCDS 03 02 99 PAG 0225 COL 01. 3/3/1999 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Desarquivamento nos termos do artigo 105, parágrafo único, do RICD. 3/5/1999 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) RELATOR DEP INALDO LEITÃO. 10/8/1999 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) PARECER DO RELATOR, DEP INALDO LEITÃO, PELA ADMISSIBILIDADE DESTA E DAS PEC 37/95, PEC 301/96, PEC 531/97, PEC 91/95, PEC 386/96, PEC 426/96 E PEC 633/99, APENSADAS. 20/9/1999 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-68/1999. 16/11/1999 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-133/99. 8/12/1999 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-150/99. 1/2/2000 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-167/99. 1/2/2000 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-169/99. 21/6/2000 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-260/2000. 6/12/2000 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC)

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PARECER DO RELATOR, DEP INALDO LEITÃO, PELA ADMISSIBILIDADE DESTA E DAS PEC 37/95, 301/96, 531/97, 91/95, 386/96, 426/96, 633/99, 68/99, 133/99, 150/99, 150/99, 167/99, 169/99 E 260/00, APENSADAS. 6/12/2000 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Retirada do Parecer pelo Relator. 13/2/2001 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-321/2001. 18/4/2001 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) REDISTRIBUÍDO AO DEP. OSMAR SERRAGLIO 22/6/2001 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-377/2001.(DESPACHO INICIAL) 9/7/2001 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Parecer do Relator, Dep. Osmar Serraglio, pela admissibilidade desta e das PECs nºs 37/95, 301/96, 531/97, 91/95, 386/96, 426/96, 633/99, 68/99, 68/99, 150/99, 167/99 e 260/2000. 15/8/2001 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Devolvido ao relator 17/12/2002 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC 582/2002. 17/12/2002(DESPACHO INICIAL) 31/1/2003 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Arquivada nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno 2/4/2003 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Recebimento pela CCJR, com as proposições PEC-531/1997, PEC-260/2000, PEC-633/1999, PEC-301/1996, PEC-386/1996, PEC-426/1996, PEC-37/1995, PEC-68/1999, PEC-91/1995, PEC-377/2001, PEC-133/1999, PEC-150/1999, PEC-167/1999, PEC-169/1999, PEC-321/2001 apensadas. 14/5/2003 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Designado Relator, Dep. Osmar Serraglio

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5/6/2003 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-64/2003. 17/10/2003 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-179/2003. 28/5/2004 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-272/2004. 5/8/2004 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-302/2004. 19/12/2005 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-489/2005. 31/1/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Arquivada nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno DCD 01 02 07 PAG 12 COL 01 SUPLEMENTO 01 AO Nº 21. 6/2/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apresentação do REQUERIMENTO N.º 15, DE 2007, pelo Deputado(a) Alberto Fraga, que solicita o desarquivamento de proposição. 12/2/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apresentação do REQUERIMENTO N.º 197, DE 2007, pelo Deputado(a) Ricardo Izar, que solicita o desarquivamento de proposição. 13/2/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apresentação do REQUERIMENTO N.º 221, DE 2007, pelo Deputado(a) Jorge Tadeu Mudalen, que solicita o desarquivamento de proposição. 13/2/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apresentação do REQUERIMENTO N.º 240, DE 2007, pelo Deputado(a) Jair Bolsonaro, que solicita o desarquivamento de proposição. 14/2/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)

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Desarquivada nos termos do Artigo 105 do R.I 14/2/2007 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Recebimento pela CCJC, com as proposições PEC-489/2005, PEC-531/1997, PEC-260/2000, PEC-633/1999, PEC-64/2003, PEC-301/1996, PEC-386/1996, PEC-426/1996, PEC-582/2002, PEC-302/2004, PEC-37/1995, PEC-345/2004, PEC-242/2004, PEC-68/1999, PEC-91/1995, PEC-377/2001, PEC-272/2004, PEC-133/1999, PEC-150/1999, PEC-179/2003, PEC-167/1999, PEC-169/1999, PEC-321/2001 apensadas. 15/2/2007 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Designado Relator, Dep. Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) 15/2/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apresentação do REQUERIMENTO N.º 299, DE 2007, pelo Deputado(a) Aracely de Paula, que solicita o desarquivamento de proposição. 28/2/2007 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Apresentação do REQ 4/2007 CCJC, pelo Dep. Marcelo Itagiba, que "solicita a realização de Audiência Pública, com o ról de autoridades, discriminadas em anexo, para comporem mesa de debates e servirem de subsídio à elaboração de Parecer à PEC 171/93 - relativa à "imputabilidade penal do maior de dezesseis anos"." 6/3/2007 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Aprovado requerimento do Sr. Marcelo Itagiba que solicita a realização de Audiência Pública, com o ról de autoridades, discriminadas em anexo, para comporem mesa de debates e servirem de subsídio à elaboração de Parecer à PEC 171/93 - relativa à "imputabilidade penal do maior de dezesseis anos". 21/3/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apresentação do REQUERIMENTO N.º 576, DE 2007, pelo Deputado(a) Nelson Marquezelli, que solicita o desarquivamento de proposição. 30/3/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Devido a desarquivamento desta proposição em requerimento anterior, foi declarada prejudicada a solicitação de desarquivamento constante do REQ-197/2007. DCD 31 03 07 PÁG 13822 COL 01. 9/4/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)

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Devido a desarquivamento desta proposição em requerimento anterior, foi declarada prejudicada a solicitação de desarquivamento constante do REQ-221/2007. 10/4/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Devido a desarquivamento desta proposição em requerimento anterior, foi declarada prejudicada a solicitação de desarquivamento constante do REQ-240/2007. DCD 11 04 07 PAG 15322 COL 01 16/4/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Devido a desarquivamento desta proposição em requerimento anterior, foi declarada prejudicada a solicitação de desarquivamento constante do REQ-299/2007. 3/5/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Devido a desarquivamento desta proposição em requerimento anterior, foi declarada prejudicada a solicitação de desarquivamento constante do REQ-576/2007. 10/5/2007 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Apresentação do Parecer do Relator, PRL 1 CCJC, pelo Dep. Marcelo Itagiba 11/5/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-48/2007. 16/5/2007 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Devolvido ao Relator, Dep. Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) 14/6/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-73/2007. 26/6/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-87/2007. 3/7/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Apense-se a esta a PEC-85/2007. 8/8/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)

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Apense-se a esta a PEC-125/2007. 17/8/2007 COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP) À CCJC cópia do Ofício 1/07 - Governo Mirim de Valentim Gentil - SP solicitando alteração na maioridade pena de 18 para 16 anos. 20/11/2007 PLENÁRIO (PLEN) Apresentação do Requerimento n° 2021, de 2007, pelo Deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR), que solicita a constituição de Comissão Especial destinada a proferir parecer à PEC 171, de 1993. 21/11/2007 PLENÁRIO (PLEN) Apresentação do Requerimento nº 2030 de 2007, que Requer que a Comissão de Constituição e Justiça, aprecie a Proposta de Emenda à Constituição: n.º 171/1993,.e seus apensos pelo Deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR). 27/11/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) Comunica despacho referente ao Req. 2021/07, conforme o seguinte teor: "O pedido será atendido tão logo seja emitido Parecer de admissibilidade pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Publique-se." 3/12/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) O REQ 2030/07 recebeu o seguinte despacho: "Oficie-se o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania para a observância do prazo regimental de apreciação da PEC 171/93 e apensadas. Publique-se. Oficie-se." 7/12/2007 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Apresentação do Parecer do Relator, PRL 2 CCJC, pelo Dep. Marcelo Itagiba 7/12/2007 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Parecer do Relator, Dep. Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), pela admissibilidade desta, da PEC 386/1996, da PEC 426/1996, da PEC 242/2004, da PEC 37/1995, da PEC 91/1995, da PEC 301/1996, da PEC 531/1997, da PEC 68/1999, da PEC 133/1999, da PEC 150/1999, da PEC 167/1999, da PEC 169/1999, da PEC 633/1999, da PEC 260/2000, da PEC 321/2001, da PEC 377/2001, da PEC 582/2002, da PEC 64/2003, da PEC 179/2003, da PEC 272/2004, da PEC 302/2004, da PEC 345/2004, da PEC 489/2005, da PEC 48/2007, da PEC 73/2007, da PEC 85/2007, da PEC 87/2007, e da PEC 125/2007, apensadas.

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ÍNDICE

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139

FOLHA DE ROSTO

.....................................................................................................2

AGRADECIMENTO..............................................................................................

.......3

DEDICATÓRIA......................................................................................................

......4

RESUMO..............................................................................................................

.......5

METODOLOGIA...................................................................................................

.......6

SUMÁRIO.............................................................................................................

.......7

INTRODUÇÃO...................................................................................................................

......8

CAPÍTULO 1 - Antecedentes

Históricos.....................................................................10

CAPÍTULO 2 - Considerações sobre a Imputabilidade Penal no Brasil

...................16

2.1 Princípios Constitucionais relacionados a Criança e ao Adolescente ...............................18 2.2 O menor na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. .............................23 2.3 O menor à luz do nosso Código Penal ...............................................................................28 2.4 A Questão da Maioridade Penal face as alterações do Novo Código Civil........................34 2.5 A utilização e os efeitos do Estatuto da Criança e do Adolescente....................................37

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140

CAPÍTULO 3- Posicionamento dos legisladores e da sociedade sobre o

tema....56

3.1 Posicionamentos favoráveis à redução da maioridade penal

..........................................57

3.2 Posicionamentos contrários à redução da maioridade penal

...........................................59

CONCLUSÃO.......................................................................................................

.....61

ANEXOS...............................................................................................................

.....63BIBLIOGRAFIACONSULTADA....................................................................

............121

ÍNDICE..................................................................................................................

...125FOLHA DE

AVALIAÇÃO....................................................................................................126

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes, projeto A Vez do

Mestre.

Título da Monografia: A redução da maioridade penal como forma de

prevenção e solução da criminalidade infantil.

Autor: Alecsandra Pedrosa da Cunha.

Data da entrega: 21 de janeiro de 2008.

Avaliado por: Profa. Valeska Rodrigues Conceito: