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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ORÇAMENTO EMPRESARIAL Por: Andréa dos Santos Gomes Orientador Professora Emília Maria Mendonça Parentoni Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ORÇAMENTO EMPRESARIAL

Por: Andréa dos Santos Gomes

Orientador

Professora Emília Maria Mendonça Parentoni

Rio de Janeiro

2007

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ORÇAMENTO EMPRESARIAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Finanças e

Gestão Corporativa

Por: Andréa dos Santos Gomes

3

AGRADECIMENTOS

...Ao meu marido, filhos e a amiga

Maria Emília por ter cuidado dos meus

filhos nas minhas ausências para fazer

o curso de pós-graduação.

4

RESUMO

O presente trabalho aborda o uso do orçamento empresarial como um

instrumento fundamental de administração, demonstrando os benefícios que

uma empresa obtém utilizando essa ferramenta. Tem por objetivo abordar o

planejamento estratégico e o orçamento como sendo parte dele. Apresento um

panorama do processo orçamentário, bem como sua definição, objetivo e

diversos tipos de orçamento, mostrando ao final, suas vantagens e

desvantagens. Conclui-se que as vantagens de um orçamento empresarial

superam suas desvantagens, não só com relação ao aspecto financeiro, mas

em razão do envolvimento e comprometimento com a empresa em prol de um

objetivo. O tema analisado é extremamente atual e oportuno, em face de um

ambiente globalizado e altamente competitivo no qual as organizações estão

envolvidas.

5

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste estudo consiste em uma pesquisa, uma

vez que relata dados descritivos sobre Planejamento e Orçamento empresarial.

O estudo quanto aos meios é bibliográfico. Foi desenvolvida pesquisa em

livros para garantir a consistência do referencial teórico, bem como coleta

telematizada, ou seja, via Internet, com o objetivo de estar utilizando diversas

fontes de informação com dados atualizados.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................7

CAPÍTULO I – Estratégia e Planejamento Empresarial .....................................9

1.1 Tipos de Planejamento ..........................................................................10

1.1.1 Planejamento Estratégico .................................................................10

1.1.2 Planejamento Tático .........................................................................10

1.1.3 Planejamento Operacional ................................................................11

1.2 Conceitos de Planejamento ...................................................................12

CAPÍTULO II – Orçamento Empresarial ..........................................................15

2.1 Conceito ...................................................................................................15

2.2 Objetivos ..................................................................................................17

2.3 Estrutura do plano orçamentário ..............................................................19

2.3.1 Orçamento Operacional ....................................................................19

2.3.2 Orçamento de Investimentos ............................................................21

2.3.3 Projeção dos Demonstrativos Contábeis ..........................................21

2.4 Tipos de orçamento .................................................................................21

2.5 Estratégia e Orçamento ...........................................................................24

CAPÍTULO III – Vantagens e Limitações do Controle Orçamentário ...............25

3.1 Planejamento e controle orçamentário na organização ...........................25

3.2 Vantagens do orçamento ........................................................................27

3.3 Limitações do orçamento .........................................................................30

CONCLUSÃO ..............................................................................................................35

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................37

7

INTRODUÇÃO

As empresas bem organizadas sabem da importância e das vantagens

de um bom planejamento de suas atividades em busca de seus objetivos. As

constantes mudanças que estão ocorrendo no ambiente de negócios, muitas

delas produzidas pela globalização dos mercados, estão exigindo das

empresas cada vez mais o aprimoramento de seus processos de

planejamento, avaliação e controle, tendo em vista a tomada de decisões

rápidas e de melhor qualidade que lhe assegurem o atendimento de seus

objetivos de continuidade, expansão e lucratividade.

A grande maioria das empresas de grande porte e multinacionais têm

entre suas responsabilidades desenvolver orçamentos para seus períodos de

operação. Um orçamento empresarial deve detalhar quais serão as receitas e

despesas da companhia dentro de períodos futuros.

A capacidade de previsão de uma empresa está na competência de

gerenciar cenários futuros de forma dinâmica e eficaz. Uma das ferramentas

para atingir esse objetivo é o “Orçamento”. Mas existem somente vantagens ou

limitações em um orçamento empresarial? Existe algo que possa ser feito para

minimizar as limitações e tornar o orçamento mais eficaz, de modo que seja

cumprido com mais exatidão?

Atualmente existe a necessidade de fazer com que os diversos setores

de uma empresa façam seus orçamentos com mais comprometimento e

cumpram com o que foi previsto, visando maior produtividade e planejamento.

Esse trabalho tem o objetivo de identificar se existem vantagens, para as

empresas, de um orçamento feito com planejamento e comprometimento, bem

como analisar e avaliar as limitações dos orçamentos empresariais e as forma

com que as pessoas fazem suas previsões orçamentárias, ou seja, se são

8

baseadas nos acontecimentos dos anos anteriores ou no planejamento de

ações para o futuro.

O presente trabalho teve como tema o Orçamento empresarial

com objetivo de alinhar ao planejamento estratégico e mostrar suas vantagens

e limitações.

No primeiro capítulo conceitua-se planejamento, missão e visão de uma

organização.

No segundo capítulo conceitua-se orçamento, sob diversos aspectos,

fala-se sobre seus objetivos e propósitos gerais, sobre o controle orçamentário

na organização, estrutura do plano orçamentário e a estratégia ligada ao

orçamento.

No terceiro capítulo expõem-se as vantagens e limitações de um

orçamento sob o ponto de vista de diversos autores.

CAPÍTULO I

9

ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EMPRESARIAL

As empresas não funcionam na base da pura improvisação. A

formulação da estratégia empresarial é basicamente uma atividade racional

que envolve a identificação das oportunidades e as ameaças do ambiente onde

opera a empresa, bem como a inclusão de alguma estimativa de risco em

relação às alternativas identificadas. A escolha estratégica envolve também a

avaliação das forças e fraquezas da empresa, sua capacidade atual ou

potencial em se antecipar às necessidades e demandas do mercado ou em

competir sob condições de risco com os concorrentes.

Quando estamos fazendo um plano, estamos olhando para o amanhã e

antecipando, hoje, decisões a respeito de ações que executaremos ao longo do

tempo, de modo atingir determinados objetivos em certas épocas futuras.

Portanto, um plano compreende a definição de objetivos e de ações. A maioria

das pessoas chama de objetivos, ou metas, as situações ou os resultados

futuros que se comprometem a atingir. As ações necessárias para atingi-los

fazem parte do que habitualmente são chamados: tática ou estratégia.

Numa organização com fim lucrativo, o objetivo predominante será o de

obter certo retorno mínimo sobre o investimento do empresário, condizente

com o grau de risco envolvido e respeitados os aspectos éticos e de

responsabilidade social. Já num órgão público, o objetivo fundamental deve ser

o de otimizar a relação entre o dispêndio de recursos e o nível de serviços que

a sociedade espera do governo.

Todavia, a estratégia se preocupa basicamente com "o que fazer" e não

com "como fazer". Em outros termos, a estratégia exige toda uma

implementação dos meios necessários para a sua execução. Como esses

meios envolvem a empresa como um todo, trata-se aqui de atribuir

incumbências a todos os níveis (ou subsistemas) da empresa: o "nível

institucional, o nível intermediário e o nível operacional".

10

1.1 Tipos de Planejamento

Existem três tipos de planejamento: Estratégico, Tático e Operacional.

1.1.1 Planejamento Estratégico

O planejamento no nível institucional recebe o nome de "planejamento

estratégico" e apresenta três características principais: é projetado a longo

prazo, está voltado para as relações entre a empresa e seu ambiente de tarefa

e envolve a empresa como uma totalidade. Assim, é genérico, direcionado a

longo prazo e macroorientado, e exige a participação integrada dos demais

níveis da empresa.

O planejamento estratégico envolve cinco etapas principais: a

determinação dos objetivos empresariais, a análise ambiental, a análise interna

da organização e de seus recursos, a geração, avaliação e seleção de

alternativas estratégicas e a implementação da estratégia escolhida através de

planos táticos e operacionais.

Vale a pena destacar que as decisões tomadas ao nível estratégico são

de difícil reversibilidade, já que envolvem decisões complexas e que

comprometem grande volume de recursos, além de um expressivo grau de

risco. São exemplos de decisões estratégicas a compra de uma fábrica, o

lançamento de novas linhas de produtos, a conquista de novos mercados, etc.

1.1.2. Planejamento Tático

O planejamento no nível intermediário da empresa é denominado

"planejamento tático" e representa a ligação entre o planejamento estratégico e

os planos operacionais voltados para a execução das tarefas e operações. As

principais características do planejamento tático são: é projetado para o futuro

11

próximo ou atividades atuais da empresa ao nível de departamentos,

relacionado com o controle e integração das operações atuais da empresa,

focalizando a alocação de recursos. O planejamento tático é um processo

permanente e contínuo, isto é, não se esgota na simples montagem de um

plano de ação.

O planejamento pode ser aplicado a qualquer tipo de atividade. Existe o

planejamento físico (para lidar com arranjos espaciais ou físicos – como

localização de fábricas ou de equipamentos, arranjos de escritórios etc.), o

planejamento organizacional (relacionado com o desenvolvimento de padrões

ou estrutura de relações de trabalho entre pessoas dentro da empresa,

estabelecendo linhas de autoridade e responsabilidade), o planejamento

financeiro, o planejamento orçamentário, etc.

1.1.3. Planejamento Operacional

O planejamento no nível hierárquico mais baixo (operacional), se

preocupa basicamente com "o que fazer" e "como fazer". Diante disso, o

planejamento operacional se caracteriza pelo detalhamento com que

estabelece as tarefas e operações, pelo caráter imediatista focalizando apenas

o curto prazo e pela abrangência local abordando apenas uma tarefa ou uma

operação.

O planejamento operacional é constituído de uma infinidade de planos

operacionais que proliferam nas diversas áreas e funções dentro da empresa:

produção ou operações, finanças, marketing, recursos humanos, etc. Os

planos operacionais estão voltados para a eficiência (ênfase nos meios), pois a

eficácia (ênfase nos fins) é problema dos níveis institucional e intermediário.

1.3 Conceitos de Planejamento

12

Frezzatti (2000) diz que planejar é quase uma necessidade intrínseca,

como o alimentar-se para o ser humano. Não se alimentar significa

enfraquecimento e o mesmo ocorre com a organização, caso o planejamento

não afete o seu dia-a-dia dentro do seu horizonte de longo prazo.

Um planejamento orientado para a criação de valor se inicia com a

definição da missão e visão da organização e a proposição de valor de seus

produtos e serviços.

A missão define algumas variáveis importantes a tratar no processo de

planejamento. Explicita por que a organização existe e qual a sua contribuição

para o ambiente. É a primeira diretriz estratégica a ser tratada e, segundo

Frezzatti (2000), requer como características fundamentais:

a) ser imposta à entidade pelos acionistas;

b) ser suficientemente simples e clara para ser entendida tanto para

clientes como colaboradores, fornecedores etc.;

c) deve ter vida útil de longo prazo, ou seja, não se altera a missão de

uma empresa com freqüência.

Frezzatti (2000) diz que a missão põe o foco sobre o que se espera da

organização, delimitando expectativas de longo prazo e orientando as

operações. Ela tem utilidade não apenas para as organizações com fins

lucrativos, mas também para outros tipos de organizações.

Para alcançar a visão proposta, uma companhia vislumbra várias

estratégias destinadas a atender suas áreas chave. Os objetivos estratégicos

devem ser convertidos em ações tangíveis e mensuráveis que melhorem a

performance da organização.

13

Segundo Lunkes (2003b), o planejamento estratégico analisa o ambiente

organizacional e os possíveis cenários, e elabora as estratégias para alcançar

o objetivo pretendido, indicando o caminho que a organização deve seguir.

Com base nas hipóteses consideradas, nas oportunidades e ameaças

identificadas, nas diretrizes acordadas e tudo o que ficar estabelecido no plano

estratégico, a organização passará a desenvolver seu plano operacional, cujo

componente final é o orçamento.

Das funções clássicas tratadas por Fayol, temos: organizar, formar

equipe, dirigir, controlar e planejar. Planejar significa decidir antecipadamente

(Ackoff et al. 1984). Decidir implica optar por uma alternativa de ação em

detrimento de outras disponíveis, em função de preferências, disponibilidades,

grau de aceitação do risco etc. Nessa visão, decidir antecipadamente constitui-

se em controlar o seu próprio futuro. Essa é uma visão bastante proativa no

que se refere ao processo de gestão de certa organização. Ansoff (1977)

considera que as empresas têm que tomar três tipos de decisões distintas:

a) Estratégicas

Voltadas para os problemas externos. O conceito de estratégico diz

respeito a tudo que se refere ás relações entre a empresa e seu

ambiente, tendo por objetivo otimizar a função definida, que pode ser o

retorno sobre o investimento, EVA (Economic Value Added), distribuição

de lucros etc.

b) Administrativas

Preocupam-se com a estruturação dos recursos da empresa de modo a

criar possibilidade de execução com os melhores resultados (Ansoff,

1977). O seu grande problema consiste em estruturar os recursos da

empresa para obter desempenho otimizado. Decisões sobre

organização, estrutura de conversão de recursos, obtenção e

desenvolvimento de recursos, conflitos entre estratégias e operações,

14

conflitos entre objetivos pessoais e institucionais fazem parte dessa

categoria de decisão.

c) Operacionais

Estão ligados diretamente à obtenção dos indicadores desejados

Segundo Frezzatti (2000), as decisões denominadas estratégicas são as

únicas que podem realmente ser tratadas distintamente, as demais podem ser

mescladas.

A decisão estratégica exige a eficácia das organizações, enquanto as

duas últimas têm grande preocupação com o aumento da eficiência.

De acordo com Frezzatti (2000), as organizações decidem o que devem

fazer dentro de certo ambiente. Entretanto, o que as distingue é o fato de que

parte delas o faz antecipadamente, ou seja, antes de o fato requerer a decisão.

15

CAPÍTULO II

ORÇAMENTO EMPRESARIAL

Orçamento empresarial é parte integrante do sistema de planejamento e

controle e pode ser definido como sendo a quantificação e apresentação de

forma antecipada dos planos, projetos e estratégias de uma empresa.

2.1 Conceito

“O orçamento é um valioso instrumento de planejamento

e controle das operações da empresa, qualquer que seja

seu ramo de atividade, natureza ou porte. Das grandes

companhias multinacionais, até as mais modestas, o

orçamento pode ser utilizado, com as devidas

adaptações, como ferramenta para controle e avaliação

de desempenho das atividades empresariais visando

alcançar seus objetivos” (Passarelli & Bonfim, 2003 p.12).

As empresas que contam com a possibilidade de prever, com algum

grau de certeza, os acontecimentos futuros, podem se preparar melhor para

aproveitar oportunidades de negócios ou minimizar os riscos de uma eventual

crise.

Conforme Horngren et al (1997), o orçamento pode contribuir para trazer

essa possibilidade, uma vez que permite quantificar, para um determinado

período, os recursos e níveis de atividade necessários para obtenção de seus

objetivos.

O orçamento empresarial consiste numa série de apostas que as

companhias fazem com base no que esperam acontecer em cada setor interno,

bem como, no mercado em geral.

16

O sistema orçamentário, do ponto de vista global, é definido como

sendo:

“... um conjunto de planos e políticas que, formalmente

estabelecidos e expressos em resultados financeiros,

permite à administração conhecer, a priori, os resultados

operacionais da empresa e, em seguida, executar os

acompanhamentos necessários para que esses

resultados sejam alcançados e os possíveis desvios

sejam analisados, avaliados e corrigidos” (Moreira, 1992

p. 15).

Para Padoveze (2000), “orçar significa processar todos os dados

constantes do sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados

previstos para o próximo exercício”.

“O orçamento não deixa de ser uma pura repetição dos

relatórios gerenciais atuais, só que com os dados

previstos. Portanto, não há basicamente nada especial

para se fazer orçamento, bastando apenas colocar no

sistema de informação contábil gerencial os dados que

deverão acontecer no futuro”.(Padovese, 2000 p. 369)

Para Figueiredo & Caggiano (1997), “Os orçamentos, além de serem

parâmetros para a avaliação dos planos, permitem a apuração do resultado por

área de responsabilidade, desempenhando o papel de controle por meio dos

sistemas de custos e contabilidade”.

Corroborando com essa idéia, Horngren et al (1997), afirmam que a

criação de parâmetros de referência, para avaliação de desempenho, de cada

área da empresa é outro fator importante proporcionado pelos orçamentos

como parte do controle gerencial. O feedback oferecido pelos orçamentos

17

possibilita a revisão, melhoria, ou até a reformulação total, dos aspectos

estratégicos do planejamento empresarial.

O orçamento sozinho não é suficiente para fazer a empresa atingir seus

objetivos, mas quando acompanhado de controle, avaliação permanente e

distribuição de responsabilidades com os gerentes executores, convencendo-

os de que o orçamento está ali para auxiliar, identificando e corrigindo

distorções eventuais, torna-se ferramenta indispensável para obtenção das

metas empresariais.

2.2 Objetivos

O orçamento tem vários objetivos e estes devem ser buscados dentro de

seu conjunto, sendo ferramenta ideal para o processo de congruência de

diversos objetivos corporativos e setoriais.

O orçamento pode e deve reunir diversos objetivos empresariais, na

busca da expressão do plano e controle de resultados. Portanto, convém

ressaltar que o plano orçamentário não é apenas prever o que vai acontecer e

seu posterior controle. O ponto fundamental é o processo de estabelecer e

coordenar objetivos para todas as áreas da empresa, de forma tal que todos

trabalhem sinergicamente em busca dos planos de lucros.

Segundo Padovese (2003), exemplos de propósitos gerais que devem

estar contidos no plano orçamentário podem ser:

a) Orçamento como sistema de autorização: O orçamento aprovado não

deixa de ser um meio de liberação de recursos para todos os setores da

empresa, minimizando o processo de controle.

b) Um meio para projeções e planejamento: O conjunto das peças

orçamentárias será utilizado para o processo de projeções, permitindo,

inclusive, estudos para períodos posteriores.

18

c) Um canal de comunicação e coordenação: Incorporando os dados do

cenário aprovado e das premissas orçamentárias, é instrumento para

comunicar e coordenar os objetivos corporativos e setoriais.

d) Um instrumento de motivação: Na linha de que o orçamento é um

sistema de autorização, ele permite um grau de liberdade de atuação

dentro das linhas aprovadas, sendo instrumento importante pra o

processo motivacional dos gestores operacionais.

e) Um instrumento de avaliação e controle: Considerando também os

aspectos de motivação e autorização, é lógica a utilização do orçamento

como meio de avaliação de desempenho dos gestores e controle dos

objetivos setoriais e corporativos.

f) Uma fonte de informação para tomada de decisão: Contendo os dados

previstos e esperados, bem como os objetivos setoriais e corporativos, é

uma ferramenta essencial para decisões diárias sobre os eventos

econômicos de responsabilidade dos gestores operacionais.

Os objetivos genéricos de uma empresa direcionam os objetivos das

diversas áreas ou funções, que são os objetivos específicos. Desta maneira, o

processo de estabelecer objetivo deve ser interativo, que coordena os objetivos

gerais com os específicos. Nessa linha de atuação, o processo orçamentário

deve permitir a participação de toda a estrutura hierárquica com

responsabilidade orçamentária, não devendo ser um processo ditatorial com

uma única direção, de cima para baixo.

O envolvimento das pessoas permite uma gestão participativa,

compatível com a estrutura da delegação de responsabilidades e permitirá o

comprometimento de todos os gestores de setores específicos. Só assim será

possível a gestão adequada da etapa final do plano orçamentário, que é o

controle orçamentário, com a análise das variações e do desempenho

individual dos gestores.

19

2.3 Estrutura do Plano Orçamentário

O plano orçamentário contempla três grandes segmentos:

• O orçamento operacional

• O orçamento de investimentos e financiamentos

• A projeção dos demonstrativos contábeis (também chamado de

orçamento de caixa)

2.3.1 Orçamento Operacional

É o que contém a maior parte das peças orçamentárias, pois

engloba todos os orçamentos específicos que atingem a estrutura

hierárquica da empresa, englobando as áreas administrativa, comercial

e de produção. O orçamento operacional equivale, na demonstração de

resultados da empresa, ás informações que evidenciam o Lucro

Operacional, ou seja: vendas, custos dos produtos, despesas

administrativas e comerciais.

O orçamento operacional compreende as seguintes peças

orçamentárias:

• Orçamento de vendas

O orçamento de vendas constitui um plano das vendas da

empresa, para determinado período de tempo, pois será a mola

propulsora do orçamento global da empresa. É uma das peças

mais importantes, pois está diretamente relacionada com a

capacidade do mercado de absorver produtos e/ ou serviços, o

nível de demanda futura, o potencial da equipe de vendas, bem

como o dimensionamento da produção.

Sua função principal é a determinação do nível de

atividades futuras da empresa. Todos os demais orçamentos

parciais são desenvolvidos em função do orçamento de vendas,

20

ou seja, tendo-se determinado o que será vendido, em que

quantidade e quando, e conta-se com as informações principais

para a determinação dos recursos necessários para o

atendimento dessas vendas em quantidade, qualidade e por

período de tempo.

• Orçamento de Produção

É feito após a elaboração do orçamento de vendas e das

receitas correspondentes, é preciso estimar o quanto será gasto

para obtenção dessas receitas, haja vista a necessidade de

prévio conhecimento de sua estimativa para evitar excessos ou

escassez de produtos. O orçamento de produção é o principal

instrumento par a determinação dessas despesas. Consiste

basicamente em um plano de produção para o período

considerado, visando atender às vendas orçadas e aos estoques

preestabelecidos.

• Orçamento de compras de materiais e estoques

Matérias-primas são bens adquiridos que, no processo

industrial, por transformação ou por contagem, se integram nos

produtos acabados.

Cumpre destacar que o orçamento de compras

representará papel relevante no processo de planejamento de

matérias-primas, não apenas pela ótica operacional, mas também

pelos aspectos financeiros, em termos de liquidez e capital de

giro, com reflexos econômicos sobre a empresa. Essa

preocupação estará relacionada ao fato de que uma boa venda

do produto ao cliente, começa com uma boa compra de matéria-

prima pela empresa. O passo seguinte consiste em preparar o

orçamento para materiais diretos, mão-de-obra direta e CIF. Ele é

21

baseado na quantidade de materiais necessários para a produção

e para os estoques de materiais diretos. O consumo direto

esperado de materiais diretos é determinado pelo relacionamento

de entradas-saídas. A quantidade de materiais diretos em

estoque é determinada pela política de estoque da empresa.

• Orçamento de despesas departamentais

O orçamento de despesas departamentais, ou por centro

de custos, inclui as despesas de cada setor com um responsável

dentro da empresa por gastos controláveis e inclui: consumo de

materiais indiretos pelo centro de custos; despesas com mão-de-

obra direta e indireta; gastos gerais do centro de custos e

depreciações do centro de custos.

2.3.2 Orçamento de Investimentos

Este segmento fica restrito a algumas pessoas, em geral a direção, o

responsável pela Tesouraria e o controller. Ele é o segmento do plano

orçamentário responsável pelos orçamentos de investimentos, financiamentos

e amortizações e despesas financeiras.

2.3.3 Projeção dos Demonstrativos Contábeis

Ele é o segmento que consolida todos os orçamentos.

2.4 Tipos de orçamento

Há dois tipos de orçamento: o estático e o flexível.

a) Orçamento estático

É o mais comum. Elaboram-se todas as peças orçamentárias a partir da

fixação de determinado volume de produção ou vendas. Estes volumes, por

22

sua vez, também determinarão o volume das demais atividades e setores da

empresa. O orçamento é considerado estático quando a administração do

sistema não permite nenhuma alteração nas peças orçamentárias.

Caso a empresa, durante o período, considere que tais volumes não

serão atingidos, parcela significativa das peças orçamentárias tende a perder

valor para o processo de acompanhamento, controle e análise das variações,

bem como base para projeções e simulações com os dados orçamentários.

Apesar de conter um elemento crítico, que é a sua estaticidade e, portanto,

sem flexibilidade, este tipo de orçamento é muito utilizado, principalmente para

grandes corporações, notadamente as que operam em vários países. O motivo

desta utilização é a grande necessidade de consolidação dos orçamentos de

todas as suas unidades dispersas geograficamente em um orçamento mestre e

único da corporação.

Este orçamento consolidado é vital para que a organização tenha uma

visão geral de seus negócios e resultados econômicos esperados para o

próximo ano, para aprovação de sua diretoria máxima. Neste sentido, o

orçamento estático é importante, já que eventuais alterações de volume em

alguma de suas divisões não necessariamente impactarão de forma

significativa no total dos orçamentos.

Obviamente, quando os impactos de alterações de volumes em todas as

unidades da corporação forem significativos, não há por que manter um

orçamento estático que não tenha validade para o processo decisorial.

b) Orçamento flexível

Segundo Padovese (2003), para solucionar o problema do orçamento

estático, surgiu o conceito de orçamento flexível. Neste caso, em vez de um

único número determinado de volume de produção ou vendas, ou volume de

23

atividade setorial, a empresa admite uma faixa de nível de atividade, onde

tendencialmente se situarão tais volumes de produção ou vendas.

O orçamento flexível é um conjunto de orçamentos que podem ser

ajustados a qualquer nível de atividades.

A base para elaboração do orçamento flexível é a perfeita distinção entre

custos fixos e variáveis. Estes seguirão o volume de atividade, enquanto os

custos fixos terão o tratamento tradicional.

Um outro enfoque do orçamento flexível é não assumir nenhuma faixa

de quantidades ou nível de atividade esperado. É feito apenas o orçamento dos

dados unitários, e as quantidades a serem assumidas seriam as que realmente

acontecem. Apesar de ser um conceito com alguma aplicação, foge ao

fundamento do orçamento, que é prever o que vai acontecer. Esse conceito

dificulta a continuidade do processo orçamentário, que são as projeções dos

demonstrativos contábeis.

O orçamento flexível tem duas vertentes:

1. Orçamento ajustado

É um conceito derivado do orçamento flexível, é um segundo orçamento,

que passa a vigorar quando se modifica o volume ou nível de volume ou de

atividade, decorrente de um ajuste de plano. Em outras palavras, ele é o

ajuste efetuado nos volumes planejados dentro do conceito de orçamento

estático ou inicial.

É obvio que sempre poderão ser feitos quantos orçamentos ajustados

forem necessários. Em suma, sempre que houver necessidade de ajustar

os volumes planejados para outro nível de volume, convém refazer o

orçamento com as novas quantidades, o qual é chamado de orçamento

ajustado.

24

2. Orçamento corrigido

O conceito de orçamento corrigido é o ajuste do orçamento original, de

forma automática, sempre que houver alteração de preços em função da

inflação. É importante ressaltar que nem todas as empresas aceitam

pacificamente este conceito, já que, para muitas delas, as alterações de

preços são de responsabilidade dos gestores setoriais, e elas devem fazer

parte das variações orçamentárias e justificadas, mesmo que ocasionadas

por fenômeno inflacionário.

Outrossim, a correção automática de orçamento por outras variações de

preços, que não decorrentes de cláusulas de reajustes ou preços impostos,

onde cabe atuação e, portanto, controlabilidade do gestor, não deve ser

incorporada automaticamente ao orçamento.

2.5 Estratégia e orçamento As premissas orçamentárias fazem parte do conjunto de informações do

planejamento operacional. Os cenários fazem parte do conjunto de

informações do Planejamento estratégico. As premissas fundamentarão a

construção do orçamento. Concluídas todas as peças orçamentárias, estas

deverão ser incorporadas ao sistema de informação contábil, para que, no

próximo período, tenhamos os relatórios de controle através de comparação

com os dados reais.

Desta maneira, podemos evidenciar esse processo unindo o

Planejamento Estratégico e o Planejamento Operacional, considerando os

principais instrumentos informacionais que suportam esses processos dentro

da empresa.

25

CAPÍLULO III

VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO CONTROLE

ORÇAMENTÁRIO.

Não resta dúvida que planejamento e controle orçamentário são

importantes ferramentas em uma organização. Existem inúmeras vantagens

para uma empresa em ter um orçamento bem planejado, mas também

podemos detectar algumas desvantagens.

3.1 Planejamento e controle orçamentário na organização.

Através do planejamento é que se realiza uma gestão eficaz. Se não

planejar suas atividades, o gestor corre o risco de ser surpreendido por

imprevistos e colocar a empresa em grandes dificuldades, ou até mesmo levá-

la à falência. O planejamento se faz necessário em todas as atividades da

empresa, mas principalmente nas atividades da área financeira.

“O planejamento financeiro determina as diretrizes de

uma mudança numa empresa. É necessário porque (1)

faz com que sejam estabelecidas as metas da empresa

para motivar a organização e gerar marcos de referência

para a avaliação de desempenho, (2) as decisões de

investimento e financiamento da empresa não são

independentes, sendo necessário identificar sua

interação, e (3) num mundo incerto a empresa deve

esperar mudanças de condições, bem como surpresas”

(Ross et al, 1995 p. 522).

De acordo com Frezatti (2000), uma abordagem adequada do

planejamento de negócios é aquela que considera o orçamento como a forma

de controle do resultado futuro. Planejar sem controlar é desperdício de tempo

26

e energia. Significaria que energia foi despendida pelos executivos decidindo o

futuro, sem que se possa saber se os objetivo estão sendo atingidos.

“O controle é fundamental para o entendimento do grau

de desempenho atingido e quão próximo o resultado

almejado se situou em relação ao planejado. Uma vez

atingida tal etapa, é possível redirecionar, enfatizar,

ajustar as ações para tingir os objetivos previamente

traçados. De maneira geral, embora os enfoques dos

processos de planejamento e controle possam ser

distintos em termos de ênfase e mesmo foco, o

planejamento precede o controle em termos de

desenvolvimento dentro das organizações. Significa que

uma organização sem um complexo e detalhado processo

de planejamento pode desenvolver controle adequado;

contudo, os dois processos, por estarem inevitavelmente

ligados, têm impactos mútuos, fazendo com que o

desenvolvimento do planejamento traga o próprio

aperfeiçoamento do controle e vice-versa” (Frezzatti, 2000

p. 37).

Controle orçamentário deve ser um instrumento que permita à

organização entender quão próximos estão seus resultados em relação ao que

planejou para dado período. Nessa abordagem, é importante definir e

acompanhar o todo e as partes. Ou seja, significa que as metas da empresa

podem ou não ter sido atingidas. Tais metas são entendidas como macro no

sentido de que dependem do desempenho de todas as áreas da organização.

Por outro lado, é fundamental entender como foram atingidas, o que só se

pode entender com detalhamento de indicadores específicos de cada áreas da

organização. A realimentação do sistema de planejamento corresponde a uma

etapa importante, já que o entendimento das variações permite aprimorar o

27

processo de planejamento. Tomar conhecimento sem devolver ação corretiva,

quando necessário, é pura perda de tempo e energia.

Para que o sistema de orçamento sempre tenha sucesso, é preciso a

criação de uma cultura orçamentária, dentro da cultura maior da empresa. Nas

organizações onde o sistema de orçamento já está consolidado, poucas

dúvidas existem, e os objetivos, o plano e o controle orçamentário são aceitos

normalmente, sendo o resultado eficaz para a entidade.

Em outras empresas, onde é necessário fazer a implantação do sistema

orçamentário, seja por se tratar de um novo empreendimento, seja pelo fato de

a empresa não ter um sistema orçamentário já desenvolvido, o sucesso deste

sistema dependerá de como o processo será conduzido, bem como do tempo

transcorrido e da prática orçamentária.

Segundo Padovese (2003), é esperado que no primeiro ano da

implantação de um sistema orçamentário surjam muitos problemas e

dificuldades, tanto de ordem técnica de valores etc., como de ordem de

motivação e desempenho dos gestores setoriais. Cada um dos problemas e

das dificuldades deve ser analisado, para que sejam eliminados ou

minimizados para o próximo ano.

No segundo ano, novas dificuldades e problemas ainda surgirão, ainda

que menores. Depois de passado essa fase, o sistema orçamentário deverá

estar praticamente consolidado e passando a fazer parte da cultura da

empresa.

3.2 Vantagens do orçamento

Segundo Padovese (2003), podemos resumir as maiores vantagens do

orçamento:

28

• A orçamentação compele os administradores a pensar à frente pela

formalização de suas responsabilidades para planejamento.

• A orçamentação fornece expectativas definidas que representam a

melhor estrutura para julgamento de desempenho.

• Ajuda os administradores na coordenação de seus esforços, de tal forma

que os objetivos da organização como um todo sejam confrontados com

os objetivos de suas partes.

• Exame prévio dos fatores que influenciam a tomada de decisão.

• Atenção aos efeitos causados pelo ambiente externo.

• Força todos os colaboradores da empresa a fazerem planos.

• Melhora o compromisso e conteúdo das decisões empresariais, através

do uso mais racional dos recursos.

Já, Sanvicente e Santos (2000) consideram inúmeras as vantagens do

orçamento. Dentre as mais significantes, pode mencionar:

a) A existência e a utilização do sistema que sejam corretamente fixados

objetivos e políticas para a empresa e suas unidades. Para Welsch

(1973) e Zdanowicz (1989), o orçamento obriga a empresa à análise

antecipada das políticas básicas. Frezzatti (2000) diz que as atividades

de uma empresa podem ser coordenadas de maneira apropriada com

base no processo de planejamento;

b) Por meio de uma integração de diversos orçamentos parciais num

orçamento global, este sistema de planejamento força todos os

membros da administração a fazerem planos de acordo com os planos

de outras unidades da empresa, aumentando o seu grau de participação

e fixação de objetivos. Para Welsch (1973) e Zdanowicz (1989), isso

exige uma estrutura administrativa adequada, isto é, um sistema definido

de atribuição de responsabilidades a cada função da empresa. Nesse

sentido, Tung (1994) complementa descrevendo que o orçamento

29

fortalece a administração, através do aperfeiçoamento dos seus

sistemas de registro, análise, relatórios, entre outros;

c) Obriga os gestores a quantificarem e datarem as atividades pelas quais

serão responsáveis, em lugar de se limitarem a compromissos com

metas ou alvos vagos e imprecisos. Para Welsch (1973), o orçamento

obriga todos os membros da administração a participar do processo de

estabelecimento dos objetivos e preparação dos planos. Além de obrigar

os gestores dos diversos setores a fazer planos em harmonia com os

planos dos outros setores e de toda a empresa. Frezzatti (2000)

adiciona que sem a definição de responsabilidades, tanto a autoridade

como a cobrança de resultados não podem ser exercidos, deve haver

um comprometimento.

d) Reduz o envolvimento dos altos administradores com as operações

diárias através de delegação de poderes e de autoridade que se

refletem nos orçamentos das diferentes unidades operacionais. Para

Welsch (1983), isso liberta os executivos de muitos problemas internos

rotineiros, graças a políticas predeterminantes e relações de autoridade,

bem definidas, dando-lhes mais tempo para planejar e usar sua

criatividade.

e) Identifica os pontos de eficiência ou ineficiência no desempenho das

unidades da empresa e permite acompanhar em que termos está

havendo progresso no sentido da consecução dos objetivos gerais e

parciais da empresa. Welsch (1983) assevera que nesse aspecto o

orçamento obriga os gestores a planejar o uso mais econômico de

matéria-prima, mão-de-obra, instalações e capital. Reduz custos, bem

como, destaca áreas de eficiência e ineficiência. Zdanowicz (1989)

afirma que a elaboração do orçamento obriga a empresa a planejar

economicamente.

30

f) Finalmente, a preparação de um orçamento para toda a empresa tende

a melhorar a utilização dos recursos a ela disponíveis, bem como ajustá-

los às atividades consideradas prioritárias, para que sejam alcançados

os seus objetivos. O orçamento permite a verificação de progresso em

relação aos objetivos da empresa. Frezzatti (2000) afirma que quando

dada área da empresa vislumbra o plano de negócios, pode auto-

avaliar-se frente aos desafios que pretende superar no futuro.

Para Horngren, Foster e Datar (1997), os orçamentos são as partes

principais da maioria dos sistemas de controle gerencial. Administrados de

forma inteligente, os orçamentos impelem ao planejamento, incluindo a

implementação de planos, fornecem critérios de desempenho e promovem a

comunicação e coordenação dentro da empresa.

3.3 Limitações do Orçamento

Apesar das vantagens e contribuições do orçamento, ele pode também

apresentar algumas limitações.

Os valores contidos nos orçamentos não passam de estimativas,

estando assim sujeitos aos eventos internos e externos, que podem afetar o

processo de previsão inviabilizando sua concretização, Frezzatti (2000)

descreve que o plano de negócios considera movimentos da clientela, patamar

de juros, nível de aceitação dos sindicatos, etc; dados bastante difíceis de

serem estimados. Nesse sentido, Welsch (1983) descreve que o sucesso ou

fracasso depende bastante da previsão correta das estimativas.

Para Cokins (1999), o processo orçamentário leva um tempo

extraordinariamente longo, às vezes excedendo um ano, dificultando ainda

mais as previsões. Além de, freqüentemente, não poder acomodar reações e

mudanças no comportamento de clientes e competidores que ocorrem durante

este processo. Segundo a firma PriceWaterhouseCooper, as grandes

31

empresas levam em média 110dias para elaborar o orçamento.

Adicionalmente, Frezzatti (2000) diz que as expectativas dos interesses

externos pressionam os agentes internos. O processo orçamentário deve ser

acompanhado e revisado permanentemente o que demanda tempo e dinheiro,

além de considerar que os resultados podem ser a longo prazo.

Wood e Sangster (1996) descrevem que provavelmente em nenhuma

outra parte da contabilidade seja tão necessário envolver as pessoas quanto no

processo orçamentário. Orçamentos são preparados para guiar a empresa a

atingir seus objetivos e para propósitos de controle, ou seja, é uma forma dos

gestores controlarem a empresa. Porém, muitas pessoas os vêem, não como

um guia, mas como uma camisa de força. Cokins (1999) acrescenta que para

muitas empresas o orçamento é uma “vaca sagrada” e geralmente os esforços

de elaboração quase não excedem os benefícios.

Segundo Wood e Sangster (1996), pode-se observar algumas ações ou

reações indesejáveis das pessoas em relação ao orçamento.

a) O gerente de vendas recusou o pedido de passagem do vendedor para

ir à Argentina para atender um pedido urgente e inesperado de uma

empresa do Mercosul. A razão: o orçamento de despesas de vendas

ultrapassou os gastos orçados. O resultado: a venda mais lucrativa que

a empresa teria recebido por muitos anos foi perdida para o concorrente.

Conforme Cokins (1999), orçamentos são úteis para negócios estáveis e

para gestores que não confiam na organização para gastar o dinheiro

inteligentemente. Ambas as condições são inválidas na atual conjuntura.

b) As horas extras pedidas pelo gerente não puderam ser atendidas,

porque os valores orçados já foram excedidos. O resultado: o trabalho

não foi completado na hora certa e a empresa teve que pagar uma

penalidade por não atender uma cláusula do contrato. Para Cokins

(1999), depois que o orçamento é elaborado, as atenções se voltam

para o controle. Este controle inclui: orçamento x previsão, última

32

previsão x atual previsão, atual x orçamento, atual x previsão, sem

parar.

c) No final do ano o gerente percebe que não gastou todo o orçamento. Ele

então sai gastando em insumos completamente desnecessários, pois,

caso não gaste todos os recursos orçados, será reduzido o valor para o

próximo período. O resultado: muito insumo e equipamento

desnecessário. Neste sentido, Cokins (1999) afirma que os gerentes

enganam a empresa fazendo um “acolchoado orçamentário”.

d) O orçamento de treinamento já foi gasto, então o gerente não deixará

ninguém fazer cursos pelo resto do ano. O resultado: a empresa começa

a ficar atrasada tecnologicamente, o pessoal começa a procurar trabalho

em outras empresas, que são mais receptivas as suas necessidades de

profissionalização e qualificação. Consegue mais recursos

orçamentários aquele gestor que tem mais voz, maior poder político.

Para Cokins (1999), as empresas confundem orçamento com

planejamento financeiro. Na verdade, esse orçamento é inadequado para

revisão de políticas e planos, ele apenas quantifica os recursos a serem gastos

conforme plano de contas, sem detalhá-los no nível hoje recomendado. Assim

elaborado, o orçamento pouco contribui para a gestão, pois não identifica as

atividades essenciais, não reflete como precisão os custos dos recursos

usados pelas atividades porque partem de sistemas de previsão limitados e

inadequados.

Os orçamentos em geral não permitem identificar as variáveis que

influenciam na atuação do gestor e da área de responsabilidade, não

evidenciando o resultado do esforço despendido pelo gestor, seja na

adaptação às condições que se apresentarem quando da execução dos

planos, seja na eficiência com que suas atividades são executadas. Por

basear-se no controle dos custos de acordo com padrões predeterminados,

33

não direciona a empresa na busca de melhorias contínuas na qualidade, no

tempo do ciclo e nos custos reais.

Para Kaplan e Cooper (1998), nas empresas a prática empresarial de

orçamentos é um processo de negociação envolvendo os chefes dos centros

de responsabilidade e os executivos. Os gerentes dos centros de

responsabilidade estão sempre em busca de mais recursos, enquanto os

executivos tentam continuamente controlar os aumentos nos dispêndios

autorizados para suas unidades. Resultado: o orçamento para próximo ano

baseia-se no do ano anterior, mais ou menos alguns pontos percentuais,

dependendo do resultado das negociações entre executivos e a gerência.

Drury (1996) assevera que o orçamento aloca os recursos, como

pessoal, materiais, telefones, energia elétrica entre outros para cada centro de

responsabilidade sem medir ou ter critérios de eficiência para esses gastos. Os

orçamentos em geral podem falhar por vários motivos. Enumeram-se alguns a

seguir:

• Uma estrutura organizacional inadequada;

• Sistema de custeio inadequado;

• Falta de apoio da cúpula da empresa;

• Falta de flexibilidade suficiente para reformular estimativas;

• Técnica rudimentar de previsão;

• Papeladas com detalhes excessivos;

Esses problemas são completados por Boisvert (1999):

• O uso excessivo das tendências históricas para o estabelecimento dos

objetivos;

• Aplicação de percentuais de cortes gerais nos custos, sem análise

prévia do contexto de cada área ou setor;

• Análise dos resultados muito tempo depois, desperdiçando assim a

correção imediata da anomalia;

• A excessiva associação dos custos na preparação do orçamento;

34

• A incapacidade de adaptar-se ao ambiente em constantes mudanças e à

modificação das metas orçamentárias conseqüentemente.

Um dos grandes problemas enfrentados pelas empresas na

implementação do orçamento, segundo Mason (1996), é modelar e opera os

softwares existentes no mercado. Segundo as equipes responsáveis pelo

orçamento, nenhum software é capaz de satisfazer completamente todas as

exigências das empresas. A decisão tem sido de desenvolver sistemas

próprios mais adaptados à realidade de cada situação. O uso de softwares

prontos ajusta-se melhor a uma dada filosofia e a um certo estilo de

administração que talvez não sejam aceitáveis em outras empresas.

As limitações podem ser maiores ou menores dependendo do modelo

orçamentário utilizado pela empresa. As recentes evoluções dos processos

orçamentários tendem a resolver muito dos problemas anteriormente citados.

35

CONCLUSÃO

Em vista do exposto, conclui-se que a sobrevivência e o crescimento da

de uma empresa são conseqüências de um trabalho contínuo de planejamento

estratégico, tático e operacional, de médio a longo prazo, quantificados em um

orçamento mestre que envolve todos os setores da empresa desde as

previsões orçamentárias do volume de vendas às demonstrações contábeis

orçadas, bem como, sua execução e controle sendo, portanto, uma peça

fundamental para a gestão da empresa.

O orçamento também contribui para a eficiência da estrutura

organizacional uma vez que permite uma maior integração e coordenação

entre os diversos setores da empresa, racionalizando procedimentos

administrativos, guiando a aplicação dos recursos disponíveis em atividades

que agregam valor a empresa, contribuindo, dessa forma, para a conquista de

seus objetivos.

Além disso, ao pré-estabelecer metas a serem atingidas, a empresa

determina o que espera dos seus gestores, podendo utilizar o orçamento como

uma importante ferramenta para avaliar este desempenho contribuindo para a

melhoria dos processos e garantindo assim a viabilidade e a permanência da

empresa no mercado.

O orçamento é uma poderosa ferramenta de decisão, que permite aos

gestores fixar objetivos e envolver todos os colaboradores.

O sucesso de uma companhia passa, necessariamente, por um rígido

controle das finanças e suas políticas de gerenciamento, onde o orçamento vai

definir os rumos, quanto à administração das entradas e saídas de recursos, a

fim de evitar estrangulamentos financeiros e fazer com que a organização

incorra em custos desnecessários e realizados sem condições de

36

planejamento, que muitas vezes resultam em gastos que poderiam ser

evitados.

Apesar das desvantagens que alguns autores defendem, conclui-se que

as vantagens superam-nas, devido a um maior planejamento de receitas e

despesas da organização, tendendo a uma melhor utilização dos recursos

existentes. Além do fato de obrigar os gestores a quantificarem as atividades

pelas quais são responsáveis, além de envolver todos os níveis hierárquicos da

organização em prol de um objetivo, promovendo o comprometimento de toda

a empresa.

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