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FABIANA DE SOUZA DAMASCENO Orientador Professora Me Fátima Alves Rio de Janeiro 2016 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A PSICOMOTRICIDADE COMO SUPORTE PEDAGÓGICO PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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FABIANA DE SOUZA DAMASCENO

Orientador

Professora Me Fátima Alves

Rio de Janeiro

2016

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PSICOMOTRICIDADE COMO SUPORTE PEDAGÓGICO PARA CRIANÇAS

COM SÍNDROME DE DOWN

DOCUMENTO P

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UTORAL

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Rio de Janeiro

2016

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULODADE INTEGRADA

AGRADECIMENTOS

A PSICOMOTRICIDADE COMO SUPORTE PEDAGÓGICO PARA CRIANÇAS

COM SÍNDROME DE DOWN

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em

Psicomotricidade. Por: Fabiana de Souza

Damasceno

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AGRADECIMENTOS

A Universidade Candido Mendes, pelo excelente trabalho, este que

disponibiliza todas as ferramentas necessárias para a capacitação do profissional.

A professora e orientadora Fátima Alves pelo empenho e orientação

a este projeto.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, a minha mãe fonte de inspiração, e aos meus alunos

que me incentivam a busca constante de novos conhecimentos.

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RESUMO

Este estudo cujo tema é a psicomotricidade como suporte pedagógico para crianças

com síndrome de Down, surgiu do questionamento sobre em que medida o sistema

de ensino proporciona qualidade nas realizações das atividades motoras para alunos

com síndrome de Down. Tem o objetivo de analisar métodos, estratégias e técnicas

considerando as diversas as potencialidades e limitações de cada aluno como ser

único. Trata-se de uma pesquisa qualitativa bibliográfica. A escolha do tema foi devido

as grandes dificuldades motoras apresentadas por alunos com síndrome de Down na

realização das atividades pedagógicas, da necessidade de estudar as técnicas para

que haja essa interação em metodologia e prática. Na busca de responder o problema

dessa pesquisa, teremos como base como base e suporte, Emília Ferreiro, Ana

Teberosky, Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down no qual teve

sua grande importância para que novos estudos voltados à parte psicomotora fossem

abordados, adotados e trabalhados, entre outros. Neste estudo foi discutida a

importância do psicomotricista e novas estratégias, como recursos e ferramentas para

o desenvolvimento motor de crianças com síndrome de Down.

Palavras-Chave: Síndrome se Down. Psicomotricista. Metodologia. Recursos

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METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa bibliográfica qualitativa, como uma reflexão sobre a importância

do profissional de psicomotricidade na orientação e busca de possibilidades de

ferramentas psicomotoras como auxílio do desenvolvimento das crianças portadoras

de Síndrome de Down. Como base teórica para as nossas questões e reflexões

teremos como suporte, Emília Ferreiro, Ana Teberosky, Federação Brasileira das

Associações de Síndrome de Down, livro Síndrome de Down - Guia para Pais e

Educadores (Pueschel, S. M), livro, Conviver Com a Síndrome de Down Em Escola

Inclusiva - Mediação Pedagógica e Formação de Conceitos - Susana Couto Pimentel,

documentário Do Luto à Luta, documentário brasileiro com direção de Evaldo

Mocarzel. Tendo como foco a dificuldade motora e a importância do profissional em

Psicomotricidade com orientação e estímulos, sabemos que a educação da criança

com síndrome de Down, deve começar a partir do nascimento, com uma estimulação

capaz de integrá-la progressivamente ao meio ambiente e à vida social. Algumas

experiências têm demonstrado que o progresso dos alunos que foram estimulados

desde bebés é mais acelerado do que os que receberam tardiamente. Desta forma

estaremos refletindo sobre o importante papel da família e escola.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08

CAPÍTULO I – A Psicomotricidade e seus benefícios.................................................10

CAPÍTULO II – A Síndrome de Down e seus aspectos genéticos.............................15

CAPÍTULO III – A Psicomotricidade com crianças com Síndrome de Down.............20

CONCLUSÃO............................................................................................................33

BÍBLIOGRAFIA..........................................................................................................34

ÍNDICE.......................................................................................................................35

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo específico Contribuir o processo de inclusão

refletindo sobre as estratégias criadas para a realização das atividades contribuindo

para o desenvolvimento físico, intelectual da criança com Síndrome de Down.

Abordando a Psicomotricidade e seus benefícios apresentando a importância

do profissional de psicomotricidade na orientação com crianças com síndrome de

Down, refletindo sobre as dificuldades motoras que os alunos com síndrome de Down

têm nas realizações das tarefas. A proposta de romper com os tradicionais

paradigmas, apresentando métodos psicomotores e procedimentos que possam

contribuir para garantir a essas pessoas as condições necessárias à educação e a

sua participação como sujeitos sociais.

O tema escolhido aborda uma reflexão em relação à dificuldade motora que a

criança com síndrome de Down possui, sendo este um dos contribuintes para a

dificuldade na aprendizagem. Considerando que a dificuldade de aprendizagem

também afetam as capacidades da área de linguagem, autonomia, motricidade e

integração e comunicação, no qual podem se manifestar em grau leve, moderado ou

grave. Com base em estudos dessa dificuldade de aprendizagem, refletimos sobre a

importância da necessidade de um trabalho com especialistas para que de fato o

desenvolvimento cognitivo e motor, seja alcançado, respeitando individualmente as

limitações e explorando as habilidades no âmbito escolar. Deste modo, observamos

que o diagnóstico e atendimento precoce de estimulação são fundamentais para um

bom desenvolvimento das crianças com síndrome de Down, estas que apresentam

déficit na aprendizagem, devido ao atraso cognitivo que é uma das características da

síndrome, fazendo com que a criança processe de forma mais lenta, em relação à

memória de curto e longo prazo, tento falta de atenção e iniciativa, dificuldade de

processamento de informações, dificuldade de memorização e outros aspectos

inerentes à síndrome que conspiram contra o favorável desenvolvimento cognitivo da

criança Down.

Trabalhando a Psicomotricidade com crianças com Síndrome de Down e as

principais dificuldades apresentadas pelas mesmas na realização da atividade

motoras podem ser consequências da hipotonia (baixo tônus muscular), crianças com

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síndrome de Down em geral apresentam atraso no alcance dos marcos de

desenvolvimento motor. A capacidade de coordenação bilateral também é

comprometida, sendo encontrada diante de tarefas assimétricas nas quais existem

muitos elementos. Grande parte desses problemas aparece em atividades como

saltos, nos quais a ação dos membros inferiores é diferenciada. Esse problema é mais

acentuado, nos casos em que se identifica falta de lateralidade, as dificuldades de

controle de velocidade, força e em tarefas de agilidade, são notórias nas realizações

das atividades motoras. Além disso, apresentam ligamentos frouxos, o que significa

que muitas possuem alta flexibilidade e grande variação de movimentos. A junção do

polegar pode ser especialmente flexível. Isso, combinado com o baixo tônus nos

dedos e no pulso, assim como dedos menores e de menor fricção, pode atrapalhar a

aquisição das habilidades escritas. Tornando assim o processo da escrita ainda mais

demorado, crianças com síndrome de Down têm dificuldades no processamento de

informações que recebem dos sentidos e na coordenação dos movimentos. O tempo

de reação é menor, com dificuldades em adaptação de movimentos os músculos

realizam os movimentos, porém são realizados de forma mais devagar e

descoordenada.

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CAPÍTULO I

A PSICOMOTRICIDADE E SEUS BENEFÍCIOS

Estudos compravam que a primeira vez que o termo psicomotricidade apareceu

foi em meados dos anos de 1920 com Dupre, que desde 1909 já dizia para seus

alunos sobre o desequilíbrio motor definindo-o como “debilidade motriz”, ele percebeu

que havia uma relação entre anomalias psicológicas e anomalias motrizes, essa

descoberta levou-o a formular a palavra psicomotricidade que significa um

entrelaçamento entre o movimento e o pensamento (OLIVEIRA 2002).

Apesar deste termo psicomotricidade ter aparecido a mais de um século com o

discurso do médico Dupré, a sua história nasce com a história do corpo (COSTE

1989). “Etimologicamente teríamos psiquê: mente. Motricidade é a propriedade que

possuem certas células nervosas de determinar a contração muscular” (MÚTSCHELE

1996, pág.32).

Silva e Borges (2008) afirmam que a psicomotricidade é uma ciência de suma

importância no desenvolvimento da criança, pois ela é estimulada no intuito de formar

uma unidade com outro componente, sabendo que por traz de cada movimento que a

criança realiza existe uma forma dele interagir com o meio onde ele vive através das

experiências é que os fazem descobrir o mundo. Já para Coste (1989) a

psicomotricidade é uma ciência, que se cruza, para ser mais exato é uma técnica que

encontra vários pontos de vista e que utiliza numerosas ciências constituídas.

Em 1911 o neurologista Henry Head lançou o conceito de esquema corporal,

que a cada instante permitia ao indivíduo construir um modelo postural de se mesmo

(ROSA NETO, 2002).

O esquema corporal é o conhecimento que um indivíduo tem do seu próprio

corpo tais como os componentes ou partes, envolvidos nos movimentos corporais,

posturas e atitudes além de aprender a controlá-lo e fazendo do corpo um instrumento

de construção e ação se tornando um objeto concreto de sua comunicação

(CORDEIRO; RIBEIRO, MORAIS 2008). Já Gomes (1995) afirma que a elaboração

do esquema corporal aparece cada vez mais cedo e estará concluída quando a

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criança tiver quatro ou cinco anos. Precisamos considerar que os movimentos se

destacam separadamente, como a Lateralidade, este tema surgiu a partir da

abordagem sobre dominância cerebral feita por Paul Broca em 1865, onde foram

descobertas muitas informações que contribuíram para o entendimento

de acontecimento observável da neurologia relacionado com a dominância de um dos

hemisférios cerebrais referente a fenômenos motores.

Outro ponto que precisamos observar é a Coordenação motora global. Essa

coordenação global ajuda diretamente no equilíbrio postural, dissociação dos

movimentos e na realização de movimentos combinados como amarelinha, acertar a

cesta de lixo com uma bola de papel, jogar boliche e muitos outros que precisam de

grandes grupos musculares para executar essas atividades, a coordenação global tem

uma vista a execução voluntaria mais ou menos complexas, que são movimentos que

utilizam todas as partes do corpo cabeça, ombro, pés, quadril e tornozelos sendo este

um fato que proporciona a participação de vários grupos musculares de forma

simultânea. Já a coordenação motora fina é evidenciada através da execução de

movimentos de uma parte específica do corpo responsável por movimentos mais

afinados, e está relacionada com a habilidade e a agilidade manual que consiste num

processo de desenvolver diversas formas de pegar um objeto principalmente em um

movimento combinado dos dedos das mãos, essa coordenação trabalha em nível das

articulações do ombro, pulsos, mãos e dedos em movimentos que vão afinando

progressivamente dos ombros para as pontas dos dedos caracterizando numa

atividade preparatória para a escrita.

Um dos pontos principais de observação da coordenação é o equilíbrio, que é

um segmento diferenciado, sendo a base mais importante da ação de um corpo. Para

que uma pessoa se mantenha em pé o sistema motor do organismo humano,

assegura a manutenção do equilíbrio estático e dinâmico em uma luta constante

contra as forças da gravidade, esse fato só é possível porque um conjunto de reações

de equilíbrio e de manutenção de atitude que são controlados pelos sistemas

neuromusculares que informam o deslocamento do centro de gravidade onde serão

geradas correções apropriadas que vão manter a estrutura estável.

A Estrutura espacial da criança é criada e expandida junto com o seu

desenvolvimento e com o passar do tempo ela adquire elementos corporais

aumentando seu campo de visão, ou seja, ela consegue obter movimentos que

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permitam ampliar sua mobilidade ou até obtém a sua movimentação independente

acrescenta suas condições de conhecer o espaço que vive, essa noção é uma

importante habilidade psicomotora, porque serve para vários trabalhos que são

realizados na sala de aula, entre eles a escrita, porque o indivíduo observa, compara

e estabelece relações com as coisas que existe no espaço.

A estruturação temporal é a capacidade que um indivíduo tem de estabelecer

uma relação de ações a uma determinada medida de tempo, onde há uma sequência

de fatos e intervalos. Esta noção é desenvolvida com o amadurecimento das fases

anteriores.

Com base nesse estudo percebemos que a Psicomotricidade envolve toda

ação realizada pelo indivíduo, é a integração entre o psiquismo e a motricidade,

buscando um desenvolvimento global, focando os aspectos afetivos, motores e

cognitivos, levando o indivíduo à tomada de consciência do seu corpo por meio do

movimento.

O processo educativo não deve basear-se somente em teorias, mas também

na força das relações afetivas; quando as crianças vivem em um ambiente que as

compreende, elas se tornam mais autoconfiantes. Dessa forma, a qualidade na

relação entre professor e aluno é fundamental no processo pedagógico.

Psicomotricidade está presente em todas as fases do desenvolvimento

humano. Desde a fase latente ela pode ser utilizada visando o desenvolvimento da

criança. No despertar dos primeiros movimentos onde a criança se mexe, rola,

engatinha, caminha e anda os estímulos da psicomotricidade podem ser trabalhado

pelos pais visando benefício.

Contribuindo de maneira expressiva para a formação e estruturação do

esquema corporal com o objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas

as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, as crianças, além de se

divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso,

surge à importância de jogos e brincadeiras direcionadas, ocupem um lugar de

destaque no planejamento escolar desde a Educação Infantil.

A Psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um

meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente o ser espírito, o ser

natureza e o ser sociedade. A Psicomotricidade está associada à afetividade e à

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personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que

sente.

Vitor da Fonseca (1988) comenta que a "PSICOMOTRICIDADE" é atualmente

concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação

inteligível entre a criança e o meio.

Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio corpo,

formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da

Psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma

consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo,

localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em função

de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento

transforma-se em comportamento significante. É necessário que toda criança passe

por todas as etapas em seu desenvolvimento. O trabalho da educação psicomotora

com as crianças deve prever a formação de base indispensável em seu

desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando oportunidade para que por meio

de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. Através da recreação

a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do

comportamento psicomotor. Para que a criança desenvolva o controle mental de sua

expressão motora, a recreação deve realizar atividades considerando seus níveis de

maturação biológica. A recreação dirigida proporciona a aprendizagem das crianças

em várias atividades esportivas que ajudam na conservação da saúde física, mental

e no equilíbrio sócio-afetivo.

Segundo Barreto (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma

importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus,

da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da criança

deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em

consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A educação

psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras,

perceptivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa

por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é

capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.

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Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo, que

favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a

melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade; tudo isso visando à formação

da sua personalidade.

Nos movimentos da criança se articula toda sua afetividade, desejos e suas

possibilidades de comunicação. Sabendo que ainda se é preciso estudar muito e o

conceito da psicomotricidade ainda está em formação, já que à medida que avança e

é aplicada, vai-se estendendo a distintos e variados campos. No princípio, a

psicomotricidade era utilizada apenas na correção de alguma debilidade, dificuldade,

ou deficiência. Hoje, com outra realidade, ocupa um lugar importante na educação

infantil, sobretudo na primeira infância, em razão de que se reconhece que existe uma

grande interdependência entre os desenvolvimentos motores, afetivos e intelectuais.

A psicomotricidade é a ação do sistema nervoso central que cria uma consciência no

ser humano sobre os movimentos que realiza através dos padrões motores, como a

velocidade, o espaço e o tempo.

Desta forma entendemos que a psicomotricidade se propõe a permitir ao

homem sentir-se bem na sua pele, permitir que se assuma com realidade corporal,

possibilitando a livre expressão de ser.

Segundo as concepções Walonianas (1995 apud Barros, Ferreira, Heinsius,

2008) tudo o que foi vivenciado pela criança anteriormente irá refletir nas experiências

futuras, modificando e transformando em representatividades.

Para que a psicomotricidade seja eficaz na Pratica Escolar e possa contribuir

para ao processo de aprendizagem é preciso que o professor acredite no potencial

das crianças, respeitando sua individualidade, sabendo que as dificuldades,

obstáculos e as insatisfações fazem parte da caminhada escolar, por isso deve

oferecer atividades e oportunidades para que a criança comunique, crie e se expresse

emocionalmente e fisicamente, para o crescimento pessoal e construção da sua

autonomia, despertando assim o desejo de descobrir e aprender por meio da interação

com o mundo. Para Barros, Ferreira, Heinsius (2008) a aprendizagem é então

entendida como um percurso que a criança deseja percorrer para buscar uma auto-

realização.

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CAPÍTULO II

A SÍNDROME DE DOWN E SEUS ASPECTOS GENÉTICOS

É uma doença congênita caracterizada por malformações dos órgãos (coração,

rins), retardamento mental podendo ser moderado a severo, língua espessa, pés e

mãos de pequenas dimensões, alterações nas feições. É resultante de uma

anormalidade na constituição cromossômica: os indivíduos afetados apresentam um

cromossomo extra, que se acrescenta a par de número 21 em suas células por esta

razão a doença é também denominada trissomia do 21.

O termo mongoloide e/ou mongolismo é um sinônimo usual a presença de

fendas palpebrais oblíquas faz lembrar os indivíduos das raças orientais, hoje não

mais usado devido a se dar um ar de pré-conceito, discriminação com pessoas com

síndrome de Down. Estudos apontam que a frequência com que esta síndrome se

manifesta é de uma para cada 500 crianças nascidas vivas e é superior para

concepções em mulheres com idade acima de 40 anos. Esta síndrome foi descrita em

1866 pelo médico inglês John Langdon Haydon Down (1828 - 1896). Esta que é sem

dúvida o distúrbio cromossômico mais comum e a mais comum forma de deficiência

mental congênita. Geralmente pode ser detectada e diagnosticada ao nascimento ou

logo depois por suas características dismórficas, que variam entre os pacientes, mas

produzem um fenótipo distintivo. Os pacientes apresentam baixa estatura e o crânio

apresenta braquicefalia, com o occipital achatado. O pavilhão das orelhas é pequeno

e dismórfico. A face é achatada e arredondada, os olhos mostram fendas palpebrais

e exibem manchas de Brushfield ao redor da margem da íris. A boca é aberta, muitas

vezes mostrando a língua sulcada e saliente. As mãos são curtas e largas,

frequentemente com uma única prega palmar transversa.

A síndrome de Down envolve uma combinação específica das características

fenotípicas que inclui atraso no desenvolvimento intelectual e uma face típica, é

causada pela existência de três cromossomas 21, ou seja, um a mais do que o normal,

sendo, desta forma uma anomalia cromossómica mais comum em nascidos vivos. Há

uma incidência aumentada de déficit auditivo neuro-sensorial congénito e nos

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primeiros meses deve-se estar atento para esta possibilidade. Pode haver

coleções líquidas no ouvido médio em até 15% dos recém-nascidos que são difíceis

de visualizar pelo calibre do conduto auditivo. A amamentação nos primeiros dias pode

ser dificultada por problemas anatómicos e pela hipotonia muscular. Há uma melhora

progressiva até a terceira ou quarta semana de vida. Há também certa tendência para

a obesidade.

As principais formações congénitas afetadas são: as do coração,

especialmente persistência do canal atrioventricular, e as malformações do trato

gastrointestinal, como estenose ou atresia do duodeno, imperfeição anal, e doença de

Hirchsprung. Alguns tipos de Leucemia e a reação leucemóide têm incidência

aumentada na síndrome de Down. Estimativas do risco relativo de Leucemia têm

variado de 10 a 20 vezes mais do que a população normal, em especial leucemia

aguda ocorre 200 a 400 vezes mais nas pessoas com síndrome de Down do que na

população cromossomicamente normal.

Apesar de haverem várias modificações a nível morfológico, as pessoas

afetadas por esta doença, têm, hoje em dia, uma esperança média de vida que ronda

entre os 60 a 70 anos. Estudos comprovam que, o risco de uma criança com trissomia

21 aumenta de acordo com a idade da mãe. Ao exemplo, o risco de um recém-nascido

com síndrome de Down, se a mãe tem 30 anos é de 1 em 1.000, se a mãe tiver 40

anos, o risco é de 9 em 1.000. Na população em geral, a frequência de síndrome de

Down é de 1 para cada 650.a 1000 recém-nascidos vivos e cerca de 85% dos casos

ocorre em mães com menos de 35 anos de idade. Enquanto as crianças sem

síndrome de Down costumam caminhar com 12 a 14 meses de idade, as crianças

afetadas geralmente aprendem a andar com 15 a 36 meses. É importante ressaltar

que o ambiente amoroso e estimulante, intervenção precoce e esforços integrados de

educação irão sempre influenciar positivamente o desenvolvimento destas crianças.

Em 1973, pesquisadores mapearam os dois primeiros genes

do cromossomo 21 humano. A sequência de DNA completa deste cromossomo só foi

finalizada no ano 2000. Ainda assim, mesmo nos dias de hoje, as causas para este

tipo de deficiência intelectual ainda não foram completamente compreendidas. Por

outro lado, percebeu-se que a aparente incapacidade dos portadores da síndrome

poderia ser superada com maiores incentivos e cuidados e a vida dessas pessoas

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melhorou muito. Hoje em dia vemos portadores da síndrome em universidades,

trabalhando, casando e até mesmo criando seus filhos.

Estima-se que a expectativa de vida de pessoas com Down tenha aumentado

456% entre 1960 e 2007, e isto se deve, em grande parte, aos estudos para

tratamentos clínicos das demais doenças e alterações envolvidas com a síndrome.

Pelo menos metade das crianças com Síndrome de Down possui alguma

comorbidade – doença relacionada à síndrome – como, por exemplo, leucemia ou

cardiopatias.

O aumento da expectativa de vida traz consigo o surgimento de novas

características da doença – que antes não eram conhecidas –, que também já estão

sendo estudadas exaustivamente. Descobriu-se recentemente, por exemplo, uma

maior incidência da Doença de Alzheimer em portadores da Síndrome de Down –

aproximadamente 15% acima dos 40 anos e entre 50 a 70% após os 60 anos.

Assim como para outras pesquisas sobre doenças relacionadas à Síndrome de

Down, as novas descobertas de medicamentos e tratamentos para a Doença de

Alzheimer em portadores da Síndrome de Down são extremamente úteis no

tratamento de portadores do Alzheimer que não apresentam a trissomia do

cromossomo 21. Recentemente, uma pesquisa publicada por pesquisadores

americanos no jornal científico Neuron identificou, pela primeira vez, mudanças na

expressão genética ocorridas no cérebro de pacientes portadores da síndrome, ao

longo de toda sua vida. Os pesquisadores descobriram que o estabelecimento de

substância branca cerebral é alterado entre crianças e adultos com Síndrome de

Down. Eles também identificaram que estas alterações ocorrem devido a defeitos no

desenvolvimento de um tipo de célula cerebral, chamado oligodendrócito, levando a

uma menor formação de substância branca e, consequentemente, a uma transmissão

nervosa mais lenta.

Outra pesquisa, publicada em 2013 na Nature, demonstrou a potencialidade de

uma nova metodologia molecular capaz de “desligar” a cópia extra do cromossomo

21. Os pesquisadores conseguiram inserir um gene, denominado XIST, em células-

tronco retiradas de um paciente Down. Este gene codificou a metilação da cópia extra

do cromossomo 21, desativando o cromossomo e, consequentemente, os déficits

celulares causadores das alterações típicas da Síndrome de Down. Estas e outras

descobertas têm levado especialistas na área a acreditarem em uma possível “cura”,

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ou ao menos em um tratamento terapêutico, para portadores da síndrome,

promovendo um maior funcionamento cerebral e elevando a qualidade de vida dos

pacientes com a trissomia do cromossomo 21.

“os aspectos da hipotonia, da pouca resistência

cardiopulmonar, da postura corporal, das condições

de equilíbrio estático e dinâmico, além do

desenvolvimento prejudicado de algumas habilidades

motoras envolvidas com a coordenação, noção de

lateralidade, espaço, tempo, esquema corporal e

linguagem. (SMITH e WILSON 1980 apud CINTRA,

2002, p.45)

Desta forma, por conta da hipotonia muscular a criança Down tem alguns

comprometimentos no seu desenvolvimento motor, e, por conseguinte, na sua

coordenação motora. Para isso Cintra (2002) afirma que o desenvolvimento do ato

motor da pessoa com Síndrome de Down deve ser bastante estimulado, pois é ele

que promove situações e atividades que facilitarão futuras aquisições básicas ao

indivíduo.

A criança com Síndrome de Down quando estimulada de forma correta,

proporcionando sua inclusão com os conteúdos e com os outros educandos pode-se

se chegar um desenvolvimento próximo com o de crianças ditas normais.

Toda criança deve ser estimulada para adquirir uma evolução das funções

motoras e cognitivas. A estimulação deve se iniciar desde os primeiros meses de vida

da criança, nesse período estimula-se o sensório-motor seguindo assim as etapas de

desenvolvimento. A ausência da estimulação faz com que à criança regrida, e a falta

de orientação às famílias faz com elas percam a oportunidade de fazer com que à

criança com Síndrome de Down comece a ser estimulada desde os primeiros meses

de vida. O desenvolvimento da criança com Síndrome de Down ocorre num ritmo mais

lento, mas isso não impede que ela participe da vida social. Se ela for estimulada ela

será capaz de fazer muita coisa sozinha, terá autonomia para realizar as suas tarefas

diárias sem a ajuda de outras pessoas. Apesar desse desenvolvimento mais lento, a

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maioria tem condições de serem alfabetizadas e realizar operações lógicas

matemáticas. O professor deverá estar informado para respeitar o ritmo de

desenvolvimento do aluno com deficiência e de todos os seus alunos. Caberá a ele

promover ações para incluir a criança deficiente no grupo. O desenvolvimento da

criança dependerá muito do ambiente em que ela vive, este deverá ser estimulador e

tranquilo. Os brinquedos dessa criança devem ser coloridos e sonoros para que

estimulem a audição, visão e coordenação dos 5 movimentos. É muito importante à

participação da família, pois são eles que passam a maior parte do tempo com a

criança. Com o trabalho psicomotor à criança irá aprender a controlar a cabeça, rolar,

engatinhar, correr, essas capacidades depende da estimulação dos terapeutas e dos

pais. Por meio de atividades recreativas, à criança com Síndrome de Down obtém

muitos benefícios como senso de realização, consciência corporal, desafios físicos e

mentais, melhoria da autoestima, chance de fazer amizades, exercícios, diversão, etc.

As utilizações de brincadeiras e de jogos são fundamentais para que a criança tenha

uma participação proveitosa e prazerosa no trabalho de estimulação.

Apesar da aprendizagem dessas crianças serem mais demorada, delas

demorarem mais tempo para escrever, ler e fazer contas a maioria delas tem

condições de serem alfabetizadas e levar uma vida normal. Os currículos e as formas

de avaliações deverão ser adaptados.

“A prática terapêutica deve acontecer com vários

especialistas, cada um dando a sua contribuição

para o desenvolvimento da criança Down e

podendo trabalhar os déficits que interferem no seu

desenvolvimento”. (ALVES; FÁTIMA, 2007, p. 44)

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CAPÍTULO III

A PSICOMOTRICIDADE COM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

O processo de interação entre Psicomotricidade e aprendizagem está

relacionado à estimulação dos movimentos e a exploração do corpo que ampliam as

condições da organização estrutural dos elementos psicomotores essenciais ao

desenvolvimento corporal e cognitivo da criança. Desta forma, as atividades que estão

envolvidas nessas áreas contribuem diretamente para a coordenação motora global,

incluindo todas as funções psicomotoras, que devem ser desenvolvida na fase

sensorial que está entre as idades de zero a 02 anos, e pré-operatório que está entre

02 a 07 anos, ou seja, na fase da educação infantil. A criança com síndrome de Down

apresenta uma hipotonia generalizada e os reflexos fracos, ou seja, uma tonicidade

ou tensão menor, diferente das crianças ditas como “normais”, assim, provocando o

desequilíbrio, um dificuldade em sua postura e coordenação, sendo necessário

trabalhar as funções psicomotoras com atendimento diferenciado em atividades

comuns que para eles são bem complexas, que são o controle da cabeça, erguer o

corpo, virar de barriga para baixo, sentar, trocar a posição deitada para a posição

sentada, arrastar e engatinhar, ajoelhar e ficar ajoelhado, ficar de pé, aprender a

marcha, correr, subir, pular e saltar. A partir dessas situações de dificuldades no

desenvolvimento psicomotor, enquanto diagnóstico identificado pelos profissionais

adequados, na Psicomotricidade a visão de Almeida (2007), que destaca atividades

tanto para a fase sensorial, quanto para pré-operatório que auxiliam no

desenvolvimento da coordenação motora global, que devem ser trabalhadas como

apoios especiais de forma parceira com profissionais, principalmente na direção dos

educadores.

O trabalho da psicomotricidade e a ludicidade tem o objetivo de ser um meio

lúdico-educativo para a criança expressar por intermédio do jogo e do exercício. Assim

permitindo às crianças a exploração corporal, do espaço, dos objetos e materiais,

facilitando a comunicação social por intermédio da expressividade motriz, potenciar

as atividades grupais, também favorecer a liberação das emoções e conflitos por

intermédio da interação e convivência com o outro. Este é um fator muito importante

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no desenvolvimento da criança portadora de síndrome de Down, trazendo de volta o

sentido pedagógico durante as atividades psicomotoras, ou seja, do ato pedagógico

que está inserido na prática com as crianças. Nesse sentido a prática não se dá

apenas por observação e análises de comportamentos, mas fundamentalmente por

intermédio das intervenções e interações dos professores, profissionais com as

crianças.

O trabalho psicomotor e lúdico realizado com crianças portadoras de síndrome

de Down refleti diretamente no comportamento e desenvolvimento pedagógico, assim

trabalhando a relação com os objetos, participações na companhia dos colegas e/ou

professores, as experiências criadoras que são os momentos em que a criança é

iniciada ou toma iniciativa, exercitar a curiosidade e provocar a iniciativa e a vontade

de aprender e despertar para novas experiências.

A motricidade tem um papel fundamental na vida

intelectual e constitui uma de suas origens. A

psicomotricidade é um dos elementos sociais na

educação pedagógica, pois é, tanto ação como

expressão servindo de elo entre o sujeito e o meio

ambiente. A evolução psicomotora está internamente

ligada ao descobrimento das coisas, do espaço, do

tempo, do mundo externo. (MAGALHÃES, 2006, p. 26)

A educação inclusiva tem sido alvo de importante valor no âmbito educacional,

devido aos diversos embates existentes nas escolas, bem como, aos envolvidos no

processo desse ensino, sendo necessário a discussão sobre o grande desafio que

educadores e pais encontram na aprendizagem das crianças com síndrome Down.

Desta forma, essa problemática aborda uma reflexão sobre as práticas pedagógicas

do professor em sala de aula em relação ao ensino diferenciado e inclusivo com

criança com síndrome de Down, o que gera dificuldade tanto para a criança, quanto

para o professor. Necessitando abordar uma proposta de contribuição ligada à

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educação psicomotora que favoreça um desenvolvimento afetivo entre as pessoas, o

contato físico, as emoções e ações, podendo servir como um suporte para o processo

construtivo de aprendizagem na criança com síndrome de Down. Psicomotricidade

que contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do esquema

corporal, o que também contribuirá para a sua aprendizagem, como também,

desenvolver na criança uma maturidade neurológica, sendo necessária para o

desenvolvimento motor e cognitivo.

O trabalho multidisciplinar para a elaboração de um trabalho direcionado e

individual, resulta em grandes avanços no desenvolvimento como adquirir uma

linguagem corporal através de gestos, olhares, movimentos, emoções e forma de

andar e se comportar no meio espacial de uma criança com Síndrome de Down, para

compreender as questões sociais que implica na introdução desta criança em um

grupo social dito normal e fazer com que interaja plenamente com todos os objetos

existentes de certa forma a interação seja acolhedora em ambos universos. Desta

forma, vimos a necessidade do trabalho do profissional de psicomotricidade com

crianças com Síndrome de Down, visando contribuir para o desenvolvimento do

potencial orgânico e mental, como também, para a qualidade do desempenho escolar

e o convívio social, atribuindo um referencial para a escola que se propõe a

desenvolver aprendizagem a essas crianças, com atividades que auxiliam o

desenvolvimento da coordenação motora global. A psicomotricidade, seja ela em um

ambiente clinico ou em ambiente escolar, melhora a consciência corporal através das

atividades que envolvem a imagem corporal (principalmente as sensoriais que

desenvolvem a propriocepção), e também as atividades de equilíbrio, utilizando-se

materiais como a corda em vários comprimentos e espessuras, discos

proprioceptivos, barra de equilíbrio, bolas, atividades em percurso, musicalização

entre outros. A dispraxia global é comum também, devido as características do tônus,

portanto quando se trabalha o corpo em sua reorganização, com estimulação nos

aspectos de tonicidade, imagem corporal e equilíbrio principalmente, consegue-se

bons resultados para melhoria da dispraxia (descoordenação motora).

Devemos lembrar também que o afeto, o contato e vínculo do adulto com a

criança, é de extrema importância no processo de desenvolvimento infantil das

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crianças, pois a aprendizagem só acontece de forma adequada, quando o emocional

da criança se encontra estabilizado. A inclusão escolar atualmente, se encontra em

processo de adequações nos conteúdos dos anos, e se faz necessárias em todas as

instituições.

A inclusão das pessoas com deficiência é lei e nem deveria ser discutida. Mas

ela esbarra numa série de barreiras físicas e também de atitude, que impedem que

quem tenha alguma deficiência participe de fato da sociedade em igualdade de

condições com as outras pessoas. Uma das causas para isso é a falta de convivência

entre pessoas com e sem deficiência. Pesquisas mostram que em escolas inclusivas,

por exemplo, os alunos são mais tolerantes e abertos à diversidade que nas que não

recebem alunos com necessidades educativas especiais.

O brincar, conforme Vygotski contribui para o desenvolvimento de alguns

aspectos importantes para a formação da personalidade da criança como a

afetividade, inteligência, sociabilidade, criatividade e desenvolvimento motor. Com o

brincar a criança usa toda a sua criatividade desta forma tal atividade favorece para a

interação, principalmente com as crianças especiais, buscando juntos a compreensão

de mundo e novas invenções. O brincar promove desafios voltados para interesse da

criança, assim as atividade psicomotoras auxiliam no direcionamento destas

atividades, explorando as habilidades e dificuldades de cada criança, um recurso de

grande valia como ferramenta educativa para que o educador insira dentro de um

planejamento inclusivo. Assim observando e avaliando as atitudes dos alunos,

buscando estratégias para que a inclusão seja algo prático e vivenciado em sala de

aula, trabalhando não somente a parte motora, mas as nossos de regras e convívio

social. Assim, no espaço escolar, o jogo pode ser um veículo para o desenvolvimento

social, emocional e intelectual dos alunos. O professor das fases iniciais pode e deve

permitir a brincadeira. Entretanto, mais importante que isso é definir os objetivos que

se deseja alcançar, para que este momento seja, de fato, significativo. “Ensinar a

brincar”, de forma a mediar ações na zona de desenvolvimento proximal é uma forma

de promover o crescimento de seu aluno.

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Conforme Santos (2009) durante muito tempo e ainda hoje, prevalece a

indiferença, de muitos ao ambiente escolar, pelo uso do lúdico no ensino das crianças.

O brincar era e é tratado como uma atividade não séria que não se enquadra nos

padrões de ensino, já que, o mesmo autor ainda traz que a escola prioriza a disciplina

e o silêncio, assim como criança precisa ser obediente ao professor, passiva e imóvel

em sala de aula, para que não haja bagunça. Isso contraria os objetivos que muitos

educadores pregam em que se valoriza a criança como um ser ativo.

De acordo com Oliveira (2008) ao brincar, afeto, motricidade, linguagem,

percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente

interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para a

apropriação dos signos sociais.

Ainda, segundo Dohme (2005), além de o jogo ser uma atividade interessante,

ela transmite conteúdos na qual:

(...) podem colaborar na formação do indivíduo de

forma ampla, proporcionando o desenvolvimento em

outros aspectos, como físico, intelectual, social, afetivo,

ético, artístico. Este desenvolvimento pode ser obtido

através de situações comuns decorrentes da aplicação

de jogos como o exercício da vivência em equipe, da

criatividade, imaginação, oportunidades de

autoconhecimento, de descobertas de potencialidade,

formação da auto-estima e exercícios de

relacionamento social.

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3.1 - ATIVIDADES PSICOMOTORAS PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE

DOWN

A problemática da educação inclusiva, pode-se dizer são muitos conflitos e

poucos recursos dentro de um ambiente educacional, devido à falta de disposição de

estratégias para implementar um trabalho educativo de atendimento diferenciado,

voltado a intervenção e estimulação precoce em todas as crianças com deficiências,

e em especial, as crianças com síndrome de Down.

Nessa perspectiva, apresenta-se neste trabalho a possibilidade para que a

criança com síndrome de Down, num ambiente escolar possa ser estimulada durante

todo o seu processo de desenvolvimento, oferecendo ferramentais e apoio especiais

para o desenvolvimento intelectual, com atuação específica na parte motora e

cognitiva.

Nessa direção, todo trabalho pedagógico deve ser exercido com base nos

fundamentos da psicomotricidade, que atua nas condições de desenvolver o potencial

motor, utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas de

aprendizagem, ou seja, ajuda amenizar as dificuldades psicomotoras que as crianças

com síndrome de Down apresentam, desta forma, esse trabalho da educação

psicomotora deve ser por meio de atividades recreativas, buscando prever a formação

da base indispensável ao desenvolvimento motor, psicológico e afetivo da criança,

sendo de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na

reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo,

levando em consideração a sua idade e seus interesses. Dessa forma, entende-se o

quanto são essenciais às atividades psicomotoras para colaborar na evolução do

processo de aprendizagem das crianças com síndrome de Down.

Assim, considerando que essa intervenção psicomotora proporciona a criança

algumas das capacidades básicas do desempenho escolar, pretende-se neste artigo

abordar um breve histórico da psicomotricidade que deve ser entendida em sua

integridade como uma ciência que compreende o corpo nos aspectos

neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, coordenando-se e sincronizando-se no

espaço e no tempo do desenvolvimento global do indivíduo em todas as suas fases

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e, principalmente, por estar articulada com a Neurologia, Psicologia e Pedagogia.

Também, resgata-se os antecedentes históricos sobre a síndrome de Down e seus

aspectos genéticos, mostrando que em 1866 o médico britânico Dr. John Langdon

Down descreveu um diagnóstico da condição genética dessa mutação e explica como

ocorre esse acidente genético, a definição de suas características e os problemas de

saúde causados pela síndrome.

Ainda, ressalta-se a psicomotricidade como suporte da aprendizagem escolar,

enfatizando que diante da dificuldade de aprendizagem que a criança com síndrome

de Down apresenta, verifica-se a importância da necessidade de potencializar de fato

seu desenvolvimento cognitivo e motor, respeitando suas limitações e explorando

suas habilidades no âmbito escolar.

Assim busca-se, a aplicação da psicomotricidade no desenvolvimento das

potencialidades de crianças com síndrome de Down, para despertar o interesse pela

exploração de movimentos corporais e o desenvolvimento das habilidades

necessárias de aquisição e evolução das funções cognitivas e motoras, que se realiza

através de influências ambientais e relacionais.

A psicomotricidade acaba se tornando, um referencial para a escola que se

propõe a desenvolver aprendizagem de crianças com síndrome de Down, baseado

nos fatores psicomotores e nas atividades a serem trabalhadas visando à atividade

tônica, atividade psicofuncional e atividade de relação que constitui a educação

psicomotora unindo-se aos programas curriculares da escola que tenha por finalidade

o ensino-aprendizagem de crianças com necessidades educativas especiais.

A educação psicomotora tem como objetivos a aquisição de domínio corporal,

controle da inibição voluntária e desenvolvimento sócio-afetivo. Tendo como

metodologia e planejamento a utilização de metas para serem alcançadas através da

educação psicomotora, utilizando ferramentais como, cordas, tintas, lápis de cera,

bolas coloridas, bola de tênis, folha lisa para desenho, bambolê, jogos de montar e

colchões para saltar. Sendo realizada sessões de no mínimo duas vezes por semana,

com duração de cada sessão de cinquenta minutos.

Avaliar o perfil Psicomotor do indivíduo se torna primordial para a evolução do

trabalho. Assim, o profissional pode esclarecer e identificar a existência de

dificuldades na área cognitiva e motora. O objetivo principal desta avaliação não é

classificar um déficit neurológico ou uma disfunção ou lesão cerebral, e sim servir de

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recurso para o entendimento individual dando condições de chegar a uma disfunção

psiconeurologica de aprendizagem ou a uma disfunção psicomotora. Consiste na

mensuração de sete fatores psicomotores, a tonicidade, equilibração, lateralização,

noção do corpo, estruturação espaço-temporal, praxia fina e praxia global.

Verificaram-se também os relacionamentos e histórico de vida do indivíduo,

observado se o mesmo foi estimulado precocemente no âmbito familiar, no âmbito

extra familiar, desenvolvimento emocional e cognitivos, observações nas estruturas

psicomotoras, como imagem corporal, esquema corporal, coordenação e equilíbrio

verificando sua organização.

Em relação linguagem, é primordial o psicomotricista avaliar, verificando a

possível anormalidade, como, gagueira e dificuldades para articular uma frase com

mais de três palavras. Sua coordenação motora final se expressa apenas através de

rabiscos. Avaliando igualmente, indícios de problemas comportamentais, onde a

criança pode revelar a dificuldade em relacionar-se com outras crianças, fugindo das

situações que a desagradavam.

Nessas avaliações o psicomotricista terá o resultado que poderá ser satisfatório

ou insatisfatório, podendo apresentar um perfil psicomotor imaturo.

Visto que estudos indicam que estratégias de estimulação poderiam ser

desenvolvidas pelos pais, desde o nascimento da criança. Pesquisas recentes

comprovam que crianças com síndrome de Down podem alcançar estágios

avançados do desenvolvimento psicomotor, de linguagem, e cognitivo. Para tanto, a

presença dos pais é essencial para o desenvolvimento efetivo das potencialidades da

criança, construindo assim vínculo afetivo com o infante. Se os pais interagem melhor

com seus filhos, passam a conhecê-los melhor e desenvolver suas habilidades.

Conclui-se que pela falta de estimulação adequada ocorreu um retardo no

desenvolvimento. Acredita-se que o principal agravante de toda dificuldade é a falta

de aceitação da mesma pela família. A estimulação é fundamental no

desenvolvimento infantil. É graças às explorações motoras que a criança desenvolve

consciência de si mesma e do mundo exterior, sendo que as habilidades motoras

ajudam na conquista de sua independência e em sua adaptação social (ROSA NETO,

2004). Assim, em termos de evolução, as experiências motoras são uma condição de

adaptação vital. Sua essência reside no fato de nela o pensamento poder manifestar-

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se. A pobreza de seu campo de exploração irá retardar e limitar a capacidade

perceptiva do indivíduo (THOMPSON apud FERREIRA, 2000).

A intervenção precoce nos infantes com a síndrome indica que as limitações

físicas e intelectuais destas podem ser modificadas por meio de manejo competente

e do treinamento precoce, pois a exposição direta aos estímulos e às experiências de

vida, frequentemente, não basta para modificar significativamente os padrões de

aprendizagem. Podendo também melhorar o desenvolvimento sensório-motor e social

da criança com a Trissomia do 21 e influenciar nos processos mais complexos de

aprendizagem (PUESCHEL, 1995).

Apesar de o estereótipo popular afirmar que normalmente os portadores são

tipos calmos, afetivos, bem-humorados e com prejuízos intelectuais moderados;

WISHART e JOHNSTON (1990) afirmaram que não há um padrão estereotipado e

previsível em todos os indivíduos afetados, uma vez que tanto o comportamento

quanto o desenvolvimento da inteligência não dependem exclusivamente da alteração

cromossômica, mas inclui o restante do potencial genético e das influências derivadas

do meio. Estas crianças podem trazer diferentes personalidades, apresentando

distúrbios de comportamento, do mesmo modo que os indivíduos sem alterações

cromossômicas.

O atraso da maturação neurológica pode ter influência sobre o

desenvolvimento e o aparecimento de características temperamentais em crianças

com Síndrome de Down. O desenvolvimento psicológico destas pode ser observado

na afetividade, considerando a fase do desenvolvimento. A própria deficiência mental

pode refletir sobre a expressão de afeto, pois pode estar vinculada ao grau que uma

pessoa valoriza ou não um acontecimento (CANDEL, 1996).

O desenvolvimento dos indivíduos com a síndrome em questão resulta das

influências sociais, culturais e genéticas, como acontece com qualquer outra pessoa

não portadora da deficiência. Incluindo, também, as suas potencialidades,

capacidades e aspectos afetivos da aprendizagem (BISSOTO, 2005). VYGOTSKY

(1994), citado por SILVA e DESSEN (2002), afirma que o ambiente influencia o

desenvolvimento psicológico da criança, podendo experiências emocionais vividas por

estas, influenciarem no seu desenvolvimento. O mesmo acontece com crianças com

Síndrome de Down, que mesmo apresentando limitações em suas capacidades, estão

também suscetíveis às influências do ambiente.

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Para BRONFENBRENNER (1977, 1979/1996, 1986, 1992), citado por SILVA e

DESSEN (2002), o ser humano é um todo funcional, onde o cognitivo, afetivo,

emocional, motivacional e o social interagem um com o outro. Isto ratifica a ideia de

que a criança com Síndrome de Down pode ser influenciada pelos diversos ambientes

que está inserida, o que lhe permite construir seus significados e suas formas de

organização.

Técnicas educacionais de aprendizagem devem ser investigadas,

reconhecidas e trabalhadas apropriadamente às necessidades dos portadores de

Síndrome de Down, sendo inclusive de suma importância o uso de diversos recursos

instrucionais, não deixando de se considerar que cada pessoa com a síndrome é um

ser diferente, fruto das influências genéticas e sócio-culturais próprias (BISSOTO,

2005).

A reeducação psicomotora tem por objetivo não só a descoberta do seu próprio

corpo e capacidade de execução do movimento, mas ainda a descoberta do outro e

do meio ambiente, utilizando melhor suas capacidades psíquicas, facilitando a

aquisição de aprendizagens posteriores (LAPIERRE, 1986). A reeducação

psicomotora destaca as vivências corporais, valorizando a criatividade, liberdade e a

humanização. Leva a criança a um processo de adaptação social através de suas

vivências e interação com o mundo, sendo por isso importante no trabalho com

crianças com Síndrome de Down, pois através do movimento e a formação das

capacidades intelectuais, contribui-se para o processo de ensino aprendizagem da

criança (SCWHARTZMAN, 2003).

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3.2 - CUIDADOS NAS ATIVIDADES COM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE

DOWN

O desenvolvimento do bebê com síndrome de Down é um pouco mais lento

quando comparado com outras crianças, mas eles também serão capazes de sentar,

engatinhar, andar e falar, embora estes precisem de mais estímulos para que

consigam alcançar estes marcos.

Estes bebês geralmente possuem maior probabilidade de comprometimento cardíaco,

respiratório ou hormonal e precisam de ser seguidos pelo pediatra para identificar e

tratar qualquer doença precocemente.

Para diminuir o risco de agravamento de doenças cardíacas é aconselhado o

consumo regular de alimentos ricos em ômega 3 e a prática diária de atividade física,

que pode ser caminhada, corrida, natação, hidroginástica ou qualquer outra atividade.

A alimentação para o bebê com síndrome de Down é semelhante à dos outros bebês,

mais devem consumir menos calorias diariamente pois como crescer mais

lentamente, tendem a engordar. O acompanhamento do nutricionista e do

fonoaudiólogo é também importante para ajudar no fortalecimento dos músculos da

mastigação e das cordas vocais, fundamentais para desenvolver a fala e a

alimentação sólida.

A Anatomia do pescoço, de crianças com Síndrome de Down, é algo que

precisa ser avaliado por profissionais, antes que um professor regular faça algum tipo

de atividade, a coluna cervical é formada por sete vértebras e possui uma curvatura

normal conhecida como lordose. O crânio se articula com a primeira vértebra cervical

(C1), que é conhecida pelo nome de Atlas, formando a articulação occipito-cervical. A

segunda vértebra cervical (C2) é chamada de Axis. A articulação entre a primeira e

segunda vértebras do pescoço é conhecida como atlantoaxial. 10 a 20% dos

pacientes com Síndrome de Down tem instabilidade da coluna cervical alta, ou seja,

entre a primeira e segunda vertebras ou entre o crânio e a primeira vertebra.

A articulação entre C1-C2 é extremamente móvel mas pouco estável,

permitindo 50% do movimento de rotação do pescoço e apenas 10 graus de flexão

(inclinação da cabeça para frente) e extensão (inclinação da cabeça para trás).

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O motivo da instabilidade, e principal responsável pela instabilidade é a severa

frouxidão ligamentar do principal estabilizador dessa articulação, conhecido

como ligamento transverso. Alterações congênitas no formato das vértebras também

contribuem. A instabilidade da articulação atlantoaxial, quando presente, coloca em

risco de lesão o tecido nervoso da medula espinhal, que passa entre as vértebras. É

importante saber nas avaliações de rotina se esse segmento é estável ou

não, principalmente antes das crianças começarem a fazer esportes que colocam o

pescoço em risco de traumatismo.

A maioria dos pacientes com instabilidade não apresenta sintomas. Trata-se de

uma patologia silenciosa porém de risco, se não diagnosticada precocemente. A

criança com Síndrome de Down geralmente, inicia a avaliação entre o terceiro e quarto

ano de vida.

Sendo assim, se torna obrigatório estudar o pescoço sempre que a criança for

matriculada em esportes de contato que colocam o pescoço em risco de

traumatismos. É fundamental para o profissional de educação física, que ministra o

esporte, ter um relatório médico garantindo a estabilidade do pescoço, nas crianças

com Síndrome de Down.

Nos pacientes sem queixas (sem torcicolo e sem déficit neurológico nos

membros como fraqueza muscular ou rigidez), teremos o exame físico ortopédico da

mobilidade do pescoço livre. O padrão da marcha é normal. Nesses casos, o

diagnóstico precoce só poderá ser feito com exame de imagem dinâmico da coluna

cervical (pescoço). Trata-se de uma radiografia do pescoço, em perfil, com posição

neutra e outra com a cabeça inclinada para frente. Fazendo uma medição da distância

entre o intervalo atlantoaxial (C1 e C2) e, dependendo do valor encontrado, definimos

a coluna como estável ou instável.

Os valores normais são explicados para os pais e a medição deve ser feita pelo

ortopedista, e não somente pelo radiologista. A estabilidade do pescoço deixa pais,

médicos e profissionais de esporte tranquilos quanto a liberdade para a prática

esportiva, sem restrição e sem riscos.

Já com crianças que apresentam uma anormalidade, a recomendação é que

se evite esportes com potencial risco de lesão no pescoço, além de acompanhamento

periódico. Estudos aprovam que a maioria das crianças que tem instabilidade não tem

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sintoma algum. Uma minoria apresenta queixas, devido a compressão da medula

espinhal, que são, dor no pescoço intermitente, anormalidade na marcha, mudança

no controle de esfíncteres de urina e fezes e mudança no tônus muscular nos

membros.

A recomendação, para esses casos, é de tratamento imediato com

descompressão da medula e estabilização do segmento acometido. Ainda é

desconhecida para muitos estudiosos no assunto. Evidências recentes mostram que

há uma tendência para a instabilidade C1-C2 diminuir com o avançar da idade. Com

a maturidade do esqueleto surge outro problema relacionado ao pescoço, a

degeneração precoce dos discos intervertebrais dos segmentos mais baixos da

coluna cervical. Não é raro encontramos adultos jovens com Síndrome de Down e dor

no pescoço, não devido à instabilidade C1-C2 mas sim, devido a osteoartrose precoce

no pescoço.

Ou seja, os pais precisam acompanhar o crescimento e as limitações do filho,

assim, procurando um especialista para que o mesmo possa oferecer orientações aos

demais profissionais. Ficando atentos ao exame do pescoço da criança com Síndrome

de Down. A ausência de sintomas, não garante a saúde da coluna cervical. Sabendo

que os exames de imagem de rotina devem ser feitos para proteger a criança contra

danos neurológicos e o acompanhamento anual é necessário neste quesito.

A recomendação atual para crianças com Síndrome de Down é de uma aviação

do pescoço com exame físico de imagens, antes de iniciarem esportes com potencial

risco de lesão na coluna cervical. Esse risco se deve à flexão e extensão forçadas

durante o esporte. As principais atividades físicas de potencial risco são, mergulho de

cabeça em piscina, futebol, basquete, vôlei, ginástica olímpica e artística, treinamento

de lutas.

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CONCLUSÃO

Enfatizando a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento de crianças com síndrome de Down, percebeu-se que a necessidade devido aos déficit destas crianças que não conhece a si mesmo, contribuindo a

coberta do mundo que o cerca, convívio social e sua realidade cotidiana.

A partir de pesquisas bibliográficas e entrevistas realizadas com educadores, chega-se à conclusão que a psicomotricidade é um elemento fundamental para ser trabalhado desde os primeiros anos de vida da criança com síndrome de Down, e que a mesma está presente nas escolas, mas que não possui o grande destaque que deveria, assim como não está sendo devidamente estimulada pela escola aos educadores e dos educadores aos alunos.

A partir dos relatos obtidos entende-se que propor atividades que instiguem a todos ao movimento corporal no processo de aprendizagem, poderá além de instrumentalizar os educandos, também auxiliar o profissional da educação a ter ainda mais consciência sobre o assunto psicomotricidade e sua importância no âmbito escolar.

Acredita-se a partir dos relatos desta pesquisa e das leituras feitas acerca do assunto, que muitos dos problemas ou dificuldades de aprendizagem podem ser decorrentes de questões de psicomotricidade, assim, supõe-se a partir deste estudo que se esse conteúdo for trabalhado, estimulado e altamente priorizado na educação de crianças com síndrome de Down. Mas para isso é necessário incentivo mediante cursos de formação profissionalizantes, bem como, disponibilidade e dedicação por parte do professor.

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BIBLIOGRAFIA

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Ed. Zhar PUESCHEL, Siegried. (org.). Síndrome de Down – guia para pais e

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KIRK, Samuel A.; GALLAGHER, James J. Educação da criança excepcional. São

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ÍNDICE

Capa......................................................................................................................1

Folha de rosto........................................................................................................2

Agradecimento.......................................................................................................3

Dedicatória.............................................................................................................4

Resumo..................................................................................................................5

Metodologia............................................................................................................6

Sumário..................................................................................................................7

Introdução..............................................................................................................8

Capítulo I - A PSICOMOTRICIDADE E SEUS BENEFÍCIOS.............................10

Capítulo II - A SÍNDROME DE DOWN E SEUS ASPECTOS GENÉTICOS.......15

Capítulo III - A PSICOMOTRICIDADE COM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE

DOWN...................................................................................................................20

3.1 – Atividades Psicomotoras para crianças com Síndrome de Down................25

3.2 – Cuidados nas atividades com crianças com Síndrome de Down................30

CONCLUSÃO.......................................................................................................33

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................34

ÍNDICE .................................................................................................................35