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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOMOTRICIDADE PSICOMOTRICIDADE E A ESTIMULAÇÃO PRECOCE NA SÍNDROME DE DOWN JULIANA ASSIS MORAES Orientador: Profª Maria Esther de Araújo Co-orientadora: Profª Giselle Böger Brand Brasília 2015

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ......Este estudo foi realizado a partir de pesquisas qualitativas a fontes bibliográficas, sites e artigos, com o intuito qualitativo

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOMOTRICIDADE

PSICOMOTRICIDADE E A ESTIMULAÇÃO PRECOCE NA SÍNDROME DE

DOWN

JULIANA ASSIS MORAES

Orientador: Profª Maria Esther de Araújo

Co-orientadora: Profª Giselle Böger Brand

Brasília

2015

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOMOTRICIDADE

PSICOMOTRICIDADE E A ESTIMULAÇÃO PRECOCE NA SÍNDROME DE

DOWN

JULIANA ASSIS MORAES

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicomotricidade

Orientador: Profª Maria Esther de Araújo

Brasília

2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me abençoa e ilumina em todos os momentos. À minha mãe e meu marido pelo apoio, compreensão e incentivo. À Anna Cristina Pires-de-Mello e Aluísio Maluf, pela colaboração. Às minhas orientadoras pelo auxílio pontual. Essas foram as pessoas que tiveram um papel fundamental na conquista de mais uma etapa, favorecendo minha presença direcionada e produtiva em favor dessa população!

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pacientes.

O tempo é algo que não volta atrás.

Por isso plante seu jardim e decore

sua alma.

Ao invés de esperar que alguém lhe

traga flores ...

(William Shakespeare)

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RESUMO

A estimulação precoce está amparada na necessidade constante que uma criança com Síndrome de Down requisita como ancoramento e base para seu desenvolvimento constante, integral e contínuo. O trabalho psicomotor tem como objetivo desenvolver o aspecto comunicativo com o corpo, o que significa dar a criança a possibilidade de dominar seu corpo economizando sua energia, completando e aperfeiçoando seus movimentos. A participação da família torna-se uma força aliada para que a rotina desenvolvida em terapia seja efetiva. Em geral uma equipe formada por diversas áreas da saúde e da educação se faz pontual. Mesmo levando-se em conta a individualidade e o mínimo comprometimento cognitivo, a condição funcional indica a permanência e importância do olhar profissional para que a conquista da autonomia possível, se torne uma realidade cotidiana, como um atributo, organizado desde a estimulação precoce. Concluímos, que quanto precocemente se dá o estímulo dos movimentos, maiores serão as chances de desenvolvimento desta criança.

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METODOLOGIA

Este estudo foi realizado a partir de pesquisas qualitativas a fontes

bibliográficas, sites e artigos, com o intuito qualitativo para obter informações

necessárias para a orientação e esclarecimento de pais, profissionais e

interessados sobre o tema que inclui os benefícios gerados pela

psicomotricidade e a estimulação precoce em crianças portadoras da Síndrome

de Down.

Considerando que os pais e pessoas do convívio direto da criança

possuem um papel fundamental em seu desenvolvimento e estando

esclarecidos, podem atuar em conjunto com o terapeuta em sintonia, assim,

objetivando o desenvolvimento da criança.

Entre os autores que embasaram está pesquisa estão: Voivodic, Garcias

e Roth e Serés.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 Capítulo 1: Síndrome de Down 10

1.1 - Os pais de crianças com Síndrome de Down 14

Capítulo 2: Estimulação Precoce E Desempenho Funcional Saudável 18 2.1- Estimulação precoce na Síndrome de Down 19 2.2 - Habilidades e desenvolvimento motor 21 Capítulo 3: A importância da psicomotricidade e o psicomotricista 25 CONCLUSÃO 27 BIBLIOGRAFIA 29

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa foi realizada com o intuito de esclarecer como a

psicomotricidade pode auxiliar na estimulação precoce de crianças com

Síndrome de Down, oferecendo aos pais e profissionais informações que

funcionem como um norte, orientando-os para uma compreensão sobre a

importância da estimulação na Síndrome de Down.

A pesquisa é de fundamental relevância, pois a estimulação precoce está

amparada na necessidade constante que uma criança com Síndrome de Down

requisita como base para seu desenvolvimento constante, integral e contínuo.

Onde podem ser desenvolvidos programas que propiciem o desenvolvimento

motor e intelectual, o ideal é que se inicie 15 dias após o nascimento (SERËS,

2011). Desta forma, a pesquisa abordará a importância na estimulação precoce

de crianças com Síndrome de Down de 1 a 3 anos de idade. Com isso a

atuação do psicomotricista é imprescindível no desenvolvimento integral da

criança com Síndrome de Down, pois a estimulação precoce é um elo que

encadeia as junções que permitirão o desempenho qualitativo das funções

motoras, cognitivas e psíquicas, facilitando assim, adquirir recursos sócio

afetivos adequados para que posso vincular consigo mesma e com o ambiente

que o cerca (Zimerman, 2010), desde a sua formação intra-uterina (Zornig,

2008).

Para se falar de estimulação precoce na Síndrome de Down, devemos

primeiramente conhecer a importância da psicomotricidade nesta modalidade

de estimulação, compreender a atuação do psicomotricista, possuir noções

básicas sobre a Síndrome de Down, assim como estruturar o desenvolvimento

psicomotor e esclarecer a estimulação precoce na faixa etária de 1 a 3 anos.

De acordo com Alves (2011), a participação da família torna-se uma força

aliada para que a rotina desenvolvida em terapia seja efetiva. Em geral uma

equipe formada por diversas áreas da saúde e da educação se faz pontual.

Mesmo levando-se em conta a individualidade e o mínimo comprometimento

cognitivo, indica-se a permanência do olhar profissional.

A socialidade em geral fundamenta o progresso da criança amparando-a,

assim, em uma possibilidade ampliada de inclusão em grupos diferenciados e

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diversificados. A rotina diária possibilita que o aprendizado se processe

efetivamente gerando como resultado o comportamento aprendido e treinado

(ALVES, 2011).

De acordo com Bee (1996), a estimulação intra-uterina tanto no que se

refere à alimentação, bem estar sócio emocional, quanto à sonoridade; prática

na qual, melodias, canções e ritmos específicos podem auxiliar favoravelmente

o feto em seu desenvolvimento, preparando condições de afeto que

acrescentem valor ao conteúdo cognitivo.

A psicomotricidade contribui para o crescimento global de crianças

portadoras de Síndrome de Down , quanto mais precoce for a intervenção

maiores possibilidades de desenvolvimento e independência a criança terá.

A pesquisa é fundamentada em três capítulos. O primeiro capítulo

aborda a Síndrome de Down e a relação das crianças com seus pais. No

segundo capítulo discorre sobre a estimulação precoce e o desempenho

funcional, englobando a estimulação precoce na Síndrome de Down e as

habilidades e o desenvolvimento motor. E ao final no terceiro capítulo descreve

a importância do psicomotricista e sua atuação.

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CAPÍTULO 1

SÍNDROME DE DOWN

A Síndrome de Down é uma alteração genética, foi descrita há quase

150 anos, pelo médico John Langdon Down, e em função disso, recebeu o seu

nome – Síndrome de Down, (SERÉS, 2011).

O termo “síndrome” significa um conjunto de sinais e de sintomas que

identificam um funcionamento específico (Dalgalarrondo, 2008). Os sinais

podem ser externos ou aparentes; funcionais ou orgânicos e estão presentes

como característica. (GARCIAS e ROTH, 2004).

Em genética, a síndrome significa um conjunto de sinais e sintomas

determinados por gene, um cromossomo ou pela interação desses com o

ambiente. No caso da Síndrome de Down, o fator responsável por todas as

características do individuo é a presença do cromossomo 21 a mais. A doença

também é conhecida como Mongolismo ou Trissomia do cromossomo 21

(ALVES, 2011).

A Trissomia 21 é explicada por Serés (2011, p.9) como:

(...) Esse tipo de alteração aparece em 94% dos casos de síndrome de Down e origina-se pela não disjunção (não separação) do par 21 quando da formação do gameta masculino ou feminino, ou na primeira célula, a partir da qual vai se formar o embrião por sucessivas divisões, contém três cromossomos do par 21 e, por conta disso, a cópia extra está presente em todas as células do organismo.

Segundo Schwartzman (1999), alguns fatores podem modificar a

incidência da Síndrome de Down, e são classificados em ambientais ou

exógenos e endógenos. Entre os endógenos, o mais importante é a idade

materna, mulheres mais velhas apresentam riscos maiores de terem filhos

trissômicos, possivelmente devido ao fato do envelhecimento dos óvulos.

Podemos encontrar outras alterações genéticas, que causam a Síndrome de

Down. Elas podem ser decorrentes do mosaiquíssimo construto no qual, ocorre

uma alteração inadequada na divisão cromossômica, que aparece na segunda

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ou terceira célula ou em alguma posterior. Desta forma o embrião será formado

pela presença simultânea de células normais e de células com o cromossomo

21 a mais. A Síndrome de Down também pode ser decorrente da translocação,

que ocorre quando o cromossomo 21 extra ou parte dele está aderido a outro

cromossomo, que frequentemente é o 14. A translocação também ocorre

quando um dos pais é portador de anomalia.

Estas alterações genéticas alteram todo o desenvolvimento e maturação

do organismo, como na formação do coração, outros órgãos relacionados as

funções cerebrais e podem afetar de formas diferenciadas, a cognição do

indivíduo.

Nos portadores da Síndrome de Down, a sociabilidade e as aptidões

sociais, como cooperação interpessoal e adequação à convenções sociais são

relativamente fortes. Os indivíduos com Síndrome de Down são dóceis,

alegres, bem humorados e cooperativos, a personalidade varia de indivíduo

para indivíduo e estes podem apresentar distúrbios do comportamento,

desordens de conduta e o comportamento pode variar quanto ao potencial

genético e características culturais, que serão determinantes no

comportamento (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997; GLAT & KADLEC 1984).

A Síndrome de Down é marcada por algumas alterações:

A Síndrome de Down tem como características baixa estatura, o crânio apresenta branquicefalia (crânio mais largo que comprido), com o ocipital achatado, o pavilhão das orelhas é pequeno e disfórmico, a face é achatada e arredondada, os olhos mostram fendas palpebrais e exibem manchas de Brushfild ao redor da margem de íris, a boca é aberta, muitas vezes mostrando a língua sulcada e saliente, alterações no alinhamento dos dentes, as mãos são curtas e largas, frequentemente com uma única prega palmar transversa, chamada de prega simiesca, os pés mostram um amplo espaço entre o primeiro e o segundo dedo, músculos hipotônicos e articulações com flexibilidade exageradas, reflexo do moro fraco, excesso de pele atrás do pescoço, displasia pélvica, tendência para luxação atlanto-axial (ALVES, 2011: 23).

De acordo com Alves (2011), podem-se observar alterações fisiológicas

que afetem a pele, disfunções neuropatológicas e ou psicopatológicos, apneia

do sono, envelhecimento precoce, dificuldade de sucção e deglutição, porém

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estas alterações se atenuam ao longo do tempo, a medida que a criança

cresce e se torna mais alerta.

A criança com Síndrome de Down geralmente apresenta hipotonia e

segundo (HOYER e LIMBROCK, citados por SCHWARTZMAN, 1999),

corroborando assim, a importância da estimulação precoce, contexto no qual,

o treino muscular poderá diminuir a hipotonia. A hipotonia costuma ir se

atenuando à medida que a criança cresce e pode ocorrer algum aumento na

ativação muscular através da estimulação tátil (LOTT e SCHWARTZMAN,

1999).

As questões emocionais devem ser analisadas de forma cautelosa, pois

as pressões psicológicas em uma criança com Síndrome de Down podem ser

mais intensas, devido ao preconceito, a exclusão social e entre outros. Desta

forma um acompanhamento psicológico é extremamente importante.

O aspecto cognitivo da criança com Síndrome de Down é comprometido

devido a vários fatores que estão interligados, como a percepção visual,

auditiva e motora (ALVES, 2011).

Não devemos esquecer, em nenhum momento, das grandes diferenças existentes entre os vários indivíduos com SD no que se refere ao próprio potencial genético, características raciais, familiares e culturais, para citar apenas algumas e que serão poderosos modificadores e determinantes do comportamento a ser definido como características daquele indivíduo (Lott e Schwartzman., 1999 p. 58).

O diagnóstico médico preciso da Síndrome de Down é feito por meio do

cariótipo. É possível realizar esse diagnostico depois da décima primeira

semana de vida intrauterina, através do tecido fetal.

Alves (2011,p.31) apresenta alguns sinais para o diagnostico seguro:

Ø Microcefalia, com ou sem braquicefalia;

Ø Olhos oblíquos ou pregas epicânticas (dobra

fissurada);

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Ø Mãos curtas com hipoplasias da falane média do

quinto dedo;

Ø Aumento do espaço interdigital entre o há lux e o

segundo artelho;

Ø Orelhas mal formadas, pequenas e de implantação

baixa; disformismo do pavilhão auricular;

Ø Palato ogival;

Ø Sulco médio palmar (prega simiesca);

Ø Ângulo ata aumentado e predomínio de pregas

lunares;

Ø Pequena estatura;

Ø Deficiência mental.

Os sinais não costumam ser encontrados em sua totalidade nos

indivíduos afetados.

Depois de experimentar várias emoções comuns entre as famílias, como a

negação, tristeza, culpa superproteção e negação frente ao diagnóstico do

médico, chega à hora de enfrentar os problemas de saúdes associados à

Síndrome de Down. Nem todas as crianças com Síndrome de Down têm

problemas graves de saúde, porém uma grande parte pode apresentá-lo em

intensidades diferentes, ou seja, serem eles mais ou menos sérios (GARCIAS

e ROTH, 2004).

A crianças com Síndrome de Down, assim como sua família precisam de

atenção precoce desde o nascimento da criança, com o objetivo de estimular e

potencializar o seu desenvolvimento, autonomia e condutas adequadas a idade

com relação ao ambiente. Essa atenção precoce é oferecida por uma equipe

multidisciplinar que visa a criança como um indivíduo único (SERÉS, 2011).

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1.1- Os pais de crianças com Síndrome de Down

As crianças com Síndrome de Down estabelecem a sua família desde o

nascimento algumas preocupações e sobrecargas em todos os níveis de suas

vidas: social, psicológico, financeiro, físico. A necessidade de informações

frequentes, o acesso de informações claras auxiliaram a família à aceitação da

Síndrome de Down. Os cuidados com a criança portadora da Síndrome de

Down despende de um comprometimento maior com relação ao seu

desenvolvimento, desta forma impactando diretamente na vida dos familiares

(SERÉS, 2011).

Existe um grande impacto de um nascimento de uma criança com

Síndrome de Down para pais (AMARAL, 1995; BUSCAGLIA, 1993; TELFORD

e SAWREY, 1984).

O luto do filho idealizado pode ser consequente à dor emocional e à

expectativa, por isso, quando acolhidos e informados, a família terá a

oportunidade de adquirir novos recursos promotores de inclusão.

Os pais, idealizam uma identidade para o filho que está para chegar,

imaginando sua aparência, com quem irá parecer, quando isto não ocorre é

como um sonho desfeito. Com isso os pais acabam entrando em um abismo, e

muitos não sabem como sair dele.

É importante que a família tente estabelecer uma relação positiva com

relação a Síndrome de Down, pois assim como uma criança com

desenvolvimento normal a criança com Síndrome de Down necessita de amor,

aceitação, adaptação, para que possa de desenvolver em um ambiente familiar

saudável (VOIVODIC, 2004).

A família é um conjunto sistêmico no qual cada um possui um papel e se

relacionam de acordo com ele. É através da relações estabelecidas entre seus

membros que a família proporciona a criança um ambiente de crescimento e

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desenvolvimento. Qualquer alteração ou mudança em um dos membros pode

afetar os demais membros. Além da sobrecarga a situação pode dar inicio a

um clima de estresse e depressão, aspectos importantes no funcionamento

individual dos membros da família, uma vez que seus efeitos refletem na

dinâmica do grupo familiar, podendo alterar as relações entre seus membros

(MARCON, 2007).

A criança com Síndrome de Down demanda muito mais tempo,

dedicação, investimento de uma família do que uma criança com

desenvolvimento dito normal. Porém a família deve ser esclarecida de o

desenvolvimento será o mesmo de uma criança sem necessidades especiais,

somente haverá uma lentidão em todos os aspectos do desenvolvimento

(ALVES, 2011).

De acordo com Voivodic (2004), família é o primeiro grupo social da

criança e através do relacionamento familiar que a criança viverá a primeira

inserção no mundo. É na família que ela terá suas primeiras experiências,

sendo esta a base do crescimento do ser humano e sua primeira matriz de

aprendizagem.

Os pais são os primeiros orientadores dos filhos, e faz sentido que a

escola ajude os mesmos a desempenharem esse papel. Eles devem ser

orientados e motivados a colaborar com o programa educacional, promovendo

desta forma uma interação maior com a criança, também é fundamental que os

pais incentivem a pratica de tudo que a criança assimila. Pois o

desenvolvimento e a aprendizagem das crianças com deficiência mental estão

associadas a qualidade de estimulação no lar e a interação dos pais com a

criança (VOIVODIC, 2004).

Deve-se considerar as relações e o contexto do desenvolvimento:

O que para mim constitui um problema é a diversidade muito grande de êxito escolar e social nestas crianças com QI insuficiente. Cada criança tem sua história particular que afeta todo seu futuro humano. O contexto afetivo foi descuidado durante anos por conta de uma orientação baseada estritamente num fator quantitativo da deficiência (MANNONI, 1991, p. 42).

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A qualidade da interação pais-filhos produz efeitos importantes no

desenvolvimento das áreas cognitivas, linguísticas e socioemocionais da

criança com Síndrome de Down (VOIVODIC, 2004).

A família é um fator determinante para o processo de integração da

criança portadora de Síndrome de Down:

Acredito, porem, que quanto mais estruturada emocionalmente for a família, com relações afetivas satisfatórias, convivências de trocas verdadeiras, e quanto mais precocemente puder ser orientada, tanto maior será sua possibilidade de reestruturação e redimensionamento de funções e papéis e, consequentemente, de facilitação do processo de desenvolvimento de seu filho, na totalidade do ser (D’ ANTINO, 1998, p. 35).

Assim é fundamental o aconselhamento aos pais, deve-se considerar a

maneira como serão informados, com o propósito de orienta-los quanto a

natureza intelectual, emocional e comportamental. Eles precisam de

informações sobre a natureza e extensão da excepcionalidade, como também

com relação aos recursos e serviços existentes para a assistência, tratamento

e educação, e quanto ao futuro que se reserva ao portador de necessidades

especiais (VOIVODIC, 2004).

Contudo a informação puramente teórica é insuficiente, pois o

sentimento dos pais tem mais peso neste momento. Portanto auxiliar os pais

requer prestar informações adequadas que permitam aliviar a ansiedade e

diminuir as dúvidas, pois a família precisa reajustar suas expectativas e planos.

Assim os conselhos devem ser focados nos temores e ansiedades,

sentimentos de culpa e vergonha, dos pais. (VOIVODIC, 2004) uma vez que o

impacto familiar é relacionado, por vezes,

aos sentimentos gerados pela ocorrência de uma criança com deficiência oscilam entre polaridades muito fortes: amor e ódio, alegria e sofrimento; uma vez que as reações concomitantes oscilam entre aceitação e rejeição, euforia e depressão – para citar o que ocorre com mais frequência (AMARAL, 1995, p. 74).

Alguns pais supervalorizam o desenvolvimento cognitivo de seus filhos,

com isso muitas vezes acabam não tendo atitudes coerentes com relação ao

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desenvolvimento em casa. Superprotegendo, poupando, fazendo pela criança,

proporcionando escolas especiais onde não havia o convívio com crianças sem

(ou com outras) dificuldades, e atendimentos terapêuticos individuais, sem

possibilidades de trocas sociais. Desta forma, ocorria o investimento no

aspecto cognitivo e de aprendizagem, mas sem a mesma atenção ao

crescimento emocional, social e de autonomia de criança com Síndrome de

Down. Com essas atitudes, cria-se um adolescente e sua família

despreparados para lidar com as transformações naturais, além das ideias,

desejos e exigências sócias relacionadas a esta fase. Este conflito acaba no

jovem em casa, retraído e solitário, sem amigos, sem habilidades, sem

autonomia para viver uma vida própria.

A superproteção por parte da família e professores faz com que se

concentre maior atenção nas deficiências da criança dando maior ênfase em

seus fracassos que em seus sucessos, com isso a criança fica limitada com

relação as possibilidades que promovem a independência e interação social

(TELFORD & SAWREY, 1984).

Atualmente o diagnóstico de Síndrome de Down é informado para a

família de forma real e positiva, com o apoio de grupos de pais que auxiliam a

lidar com as primeiras angústias, e compartilham experiências. Desta forma

modifica-se toda a base da educação que essa criança receberá, onde

poderemos ver uma pessoa que terá capacidades e habilidades, apesar de

possuir algumas limitações, o que levará esta família a uma educação para a

autonomia e não para a acomodação (GOLDSTEIN, 2012).

Apesar dos pais e familiares de crianças portadoras de Síndrome de

Down sofrerem com a influência do estigma que a sociedade impõem é

possível criar um ambiente propicio para que esses crianças possuam a

oportunidades iguais, que sejam aceitos na sociedade e no mercado de

trabalho. Preparados para uma vida autônoma e independente. Acreditando no

desenvolvimento contínuo do portador de Síndrome de Down (VOIVODIC,

2004).

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CAPÍTULO 2

ESTIMULAÇÃO PRECOCE E DESEMPENHO FUNCIONAL SAUDÁVEL

Os estudos sobre o desempenho motor de crianças portadoras de

Síndrome de Down mostram que estas crianças apresentam atraso nas

aquisições de marcos motores básicos, indicando que estes marcos

apresentam diferenças significativas se comparado crianças ao

desenvolvimento considerado normal.

Com relação ao desempenho cognitivo de crianças portadoras de

Síndrome de Down, indica que estas crianças apresentam atraso ou retardo

mental, por conta da manifestação de um sintoma desta condição genética

(SERÉS, 2011).

Observa-se um maior comprometimento das crianças portadoras de

Síndrome de Down na área da linguagem, o que causa grande preocupação

familiar. Deve-se levar em conta que a linguagem não é um aspecto parcial da

criança, pois ela está relacionada com as emoções e relações pessoais e

sociais. Contudo o tempo da criança deve ser respeitado, para que não ocorra

uma intervenção inadequada. (SERÉS, 2011).

As alterações apresentadas por crianças portadoras de Síndrome de

Down podem se manifestar funcionalmente interferindo na condição do

desempenho de maneira independente nas atividades e tarefas de sua rotina

diária.

O atraso do desenvolvimento motor dessa criança irá afetar no

desenvolvimento de outros aspectos, pois é através da exploração do ambiente

que a criança constrói seu conhecimento. O comportamento exploratório de

crianças com Síndrome de Down são repetitivos e estereotipados, o

comportamento exploratório é impulsivo e desorganizado o que dificulta um

conhecimento do ambiente, com isso o desenvolvimento leva mais tempo

(SCHWARTZMAN, 1999).

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O desempenho da criança com essa Síndrome vai depender das suas

condições. O mais comum é ela apresentar um atraso neuropsicomotor, ou

seja, firmar a cabeça, sentar, engatinhar, andar e falar, mais tarde que as

outras crianças, mas embora tardiamente, ela atingirá esse objetivo (GARCIAS

e ROTH, 2004). Essa lentidão nas diversas etapas do desenvolvimento

determinará que a criança com Síndrome de Down atinja o seu limite antes de

ter alcançado o limite superior que se observa no individuo normal. É

fundamental que a família se adapte ao progresso dessas crianças, conforme

o seu próprio tempo, para evitar a exigência de metas impossíveis que só

levarão as frustrações de todos os envolvidos.

A maioria das crianças portadoras dessa síndrome podem ser

independente em cuidados próprios, como: alimentar-se, vestir-se e realizar a

higiene pessoal, desde que ensinados, podem e devem auxiliar nos serviços

domésticos, pois é muito importante que se sintam úteis.

2.1- Estimulação precoce na Síndrome de Down

A estimulação precoce é uma ciência baseada principalmente na neurociências, na pedagogia e na psicologia cognitiva e evolutiva; é implementada através de programas construídos com a finalidade de favorecer o desenvolvimento integral da criança. (LEGARDA e MIKETTA, 2005, p. 5)

As crianças com Síndrome de Down possuem um grande potencial a

ser desenvolvido. Contudo, necessitam de mais tempo, estímulos e de

acompanhamento profissional para adquirir e aprimorar suas habilidades

(VOIVODIC, 2004).

Quando ocorre uma boa estimulação nos primeiros anos de vida a

aquisição de capacidades em diversos aspectos é determinante. A estimulação

precoce tem o objetivo de desenvolver e potencializar as funções do cérebro da

criança beneficiando seu lado intelectual, físico e sua afetividade através de

jogos, exercícios, técnicas, atividades e outros recursos, consiste em ensinar,

motivar, aproveitar objetos e situações, transformando-os em conhecimentos e

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momentos de aprendizagem de forma adequada, positiva e divertida. Onde

através da brincadeira auxilia a criança a aprender (HERREN, 1986).

A estimulação precoce é um tipo de prevenção secundária, tendo como

objetivos amenizar ou evitar os distúrbios do desenvolvimento

neuropsicomotor. Sendo indicado como uma forma de aumentar a interação da

criança com o ambiente, obtendo respostas motoras próximas ao padrão da

normalidade e prevenindo a aprendizagem de padrões atípicos de movimento e

postura (LEGARDA e MIKETTA, 2005).

De acordo com Serés (2011), uma criança bem estimulada aproveitará

sua capacidade de aprendizagem e de adaptação ao seu meio, auxiliando nas

aquisições de suas habilidades e proporcionando maior independência dentro

de suas limitações.

Klajner, acredita que a falta de estímulos prazerosos nos primeiros dias

de vida pode acarretar em uma dificuldade de adaptação sensorial, assim

como atraso no seu desenvolvimento motor. A intervenção é considerada

precoce quando iniciada antes que os padrões de postura e movimentos

atípicos tenham se estabelecido.

Contudo o ritmo de desenvolvimento da criança vai depender do

ambiente em que vive bem como do aprendizado e da experiência (BEE,

1996). Quando esta intervenção precoce se focaliza na díade pais/criança, os

efeitos são mais favoráveis, garantindo a continuidade do tratamento em casa.

A intervenção precoce é muito mais efetiva se a família for um elemento ativo

na prática do tratamento.

Serés (2011), defende que o trabalho em equipe interdisciplinar é de suma

importância para o desenvolvimento da criança com Síndrome Down, pois cada

profissional realiza uma abordagem que envolve vários aspectos do

desenvolvimento, de acordo com a sua formação e objetivos específicos.

Assim sendo, a atuação conjunta dos profissionais envolvidos volta-se para o

estabelecimento da independência e inserção social das crianças atendidas e

cada especialidade tem seu papel terapêutico importante e indispensável para

a melhora do quadro clínico destes pacientes. Então, a intervenção destes

profissionais, com relação à aprendizagem motora, visa estabelecer e/ou

restabelecer a funcionalidade do movimento, trabalhando no sentido de ensinar

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à criança posturas e movimentos funcionais, sobretudo através da promoção

de experiências motoras adequadas.

A construção de um ambiente lúdico também é de extrema importância

para o desenvolvimento global da criança. O valor da brincadeira auxilia no

processo de desenvolvimento, socialização e aprendizagem. Brincando a

criança desenvolve suas capacidades motora, verbal e/ou cognitivas. Quando a

criança não brinca, ela deixa de estimular e até mesmo de desenvolver as

capacidades inatas, podendo vir a ser um adulto inseguro, medroso e

agressivo. Dessa forma, a brincadeira, é uma forma de assimilação funcional e

repetitiva que desenvolve hábitos e esquemas sensório-motores. Ainda que a

brincadeira do portador de SD seja semelhante a da criança típica, ela tende a

ser menos explorativa, sendo importante estimulá-lo com brincadeiras, por

exemplo, jogos com regras, para que se tenha uma participação efetiva através

do brincar, no trabalho de estimulação de sua sensibilidade, postura e equilíbrio

(SIEGFRIED, 1993).

2.2 Habilidades e desenvolvimento motor

A criança tende a buscar nas suas habilidades motoras instrumentos

que servirão para a sua aprendizagem. Assim a criança estará apta para a

prender por meio de observações, experimentações e repetições que adquirirá

suas habilidades motoras, mesmo não estando preparada com a maturação

adequada. É Importante que a criança seja estimulada desde os primeiros

anos de vida e que leve em conta seus diferentes modos e ritmos de

aprendizagem (VOIVODIC, 2004).

Nesse processo de desenvolvimento a criança passa a se interessar por

brinquedos e brincadeiras que podem enriquecer suas experiências de

aprendizagem e na melhoria de suas habilidades motoras. Desta forma,

devemos demonstrar as brincadeiras e depois estimular a criança a

experimentar por si própria.

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As brincadeiras vão muito além do lazer. É por meio delas que as

crianças se desenvolvem, é brincando que as crianças descobrem o mundo e

aprendem a se relacionar com ele, sendo também uma forma de perceber seu

desenvolvimento. As crianças com Síndrome de Down tendem a manipular e

explorar menos (SCHWARTZMAN, 1999).

Para a criança com Síndrome de Down esse desenvolvimento será mais

complexo, devido fraqueza muscular, doença cardíaca congênita e outros

problemas físicos, esse processo de desenvolvimento apresentará um certo

atraso que implicara nas suas habilidades (VOIVODIC, 1999).

De acordo com as necessidades da criança portadora de Síndrome de

Down, o tempo e a atenção para o seu desenvolvimento cognitivo,

independente da sua estimulação motora e do brincar que devem estar

relacionados a uma variedade de experiências de aprendizagens, pois a

criança necessita de estímulos, orientação, encorajamento e mediação

(ALVES, 2011).

É importante oferecer a criança com deficiência um desenvolvimento

com ampla oportunidade para brincar com crianças sem deficiências, pois

esse contato faz com que ela desenvolva seu livre arbítrio ao se relacionar com

pessoas no grupo e para se integrar na resolução de problemas. Ela deve se

sentir a vontade e decisiva na escolha de companheiros para brincar,

estabelecendo assim seu nível de desenvolvimento, personalidade e seus

próprios interesses (SERÉS, 2011).

O desenvolvimento motor se inicia durante a vida intra-uterina desde a

concepção. Na concepção ocorre a organização genética dos pares

cromossômicos, do DNA da futura criança, desenvolvendo-se posteriormente a

organização pré-neural ou o cérebro primitivo e o sistema nervoso do bebê. Ao

nascer o desenvolvimento continua e se intensifica, uma vez que o contato

com o meio e com outros seres humanos estimulam a criança e suas

percepções (BEE, 1996).

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De acordo com Bee (1996), através de movimentos que o ser humano

aprende sobre o meio social em que vive. As primeiras respostas de uma

criança recém-nascida são motoras, o seu progresso é medido através dos

movimentos .

A criança que nasceu com Síndrome de Down vai controlar a cabeça,

rolar, sentar, arrastar, engatinhar, andar e correr, exceto se houver algum

comprometimento além da Síndrome de Down. Contudo quando a criança

começa a andar há a necessidade de um trabalho específico para o equilíbrio,

a postura e a coordenação de movimentos (VOIVODIC, 2004).

A sequência de desenvolvimento da criança com Síndrome de Down

geralmente é bastante semelhante a de crianças sem normais e as etapas e os

grandes marcos são atingidos, mesmo que seja em um ritmo mais lento

(SERÉS, 2011).

Em alguns casos a demora para a aquisição de determinadas

habilidades, prejudica as expectativas da família e da sociedade com relação à

criança com Síndrome de Down.

A criança deve ter acesso a práticas esportivas, que deve ser

supervisionada por um profissional da área que irá facilitar a integração social,

porém não esquecendo da saúde física e psíquica (SERÉS, 2011).

O trabalho psicomotor é importante para o desenvolvimento motor

global, através dele a criança desenvolve a consciência e si e do mundo

exterior, o que auxiliará no desenvolvimento intelectual (NETO, 2002).

Deverão ser desenvolvidos programas de estimulação precoce que

propiciem seu desenvolvimento motor e intelectual, para as crianças

portadoras de Síndrome de Down, sendo ideal é que se inicie 15 dias após o

nascimento.

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As pessoas com Síndrome de Down podem executar tarefas rotineiras

sem dificuldades, contudo a limitação cognitiva dificulta as tarefas que

envolvam associação, discriminação e as que envolvam matemática

(VOIVODIC, 2004).

A hipotonia costuma atenuar-se à medida que a criança fica mais velha

e pode haver algum aumento na ativação muscular através da estimulação tátil

(SCHWARTZAN, 1999).

Os atrasos motores são corrigidos se bem estimulados desde cedo, com

um trabalho desenvolvido para a criança de maneira espontânea, criativa e

afetiva. Jogos e brincadeiras são instrumentos importantes para ajudar a

estimulação da criança e favorecerem uma boa relação entre a família e o

criança com Síndrome de Down, pois trazem prazer e satisfação (SERÉS,

2011).

A criança com Síndrome de Down se sentirá mais segura para uma

inclusão na sociedade possibilitando um grande êxito, pois em um mundo onde

as diferenças individuais são pouco respeitadas, a criança com Síndrome de

Down precisa saber como contornar certas situações e ter confiança para

participar de um grupo social (VOIVODIC, 2004).

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CAPÍTULO 3

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE E O

PSICOMOTRICISTA

A atuação do profissional em Psicomotricidade tem fundamental

importância no desenvolvimento integral da criança com SD pois a estimulação

precoce é um elo que encadeia as junções que lhe permitirão desempenhar

melhor todas as outras funções qualitativas, sejam elas motoras, cognitivas ou

psíquicas, facilitando-lhe adquirir recursos sócio afetivos pertinentes à condição

vincular consigo mesma e com o ambiente que a cerca (Zimerman, 2012),

desde a sua formação intrauterina, (Zornig, 2008).

Este contexto pode colaborar, assim decisivamente na ampliação das

condições de aprendizado, durante a faixa etária de 1-3 anos, tendo como foco,

a atuação primordial do psicomotricista.

A Psicomotricidade tem o homem como objeto de estudo e se ocupa do

corpo em movimento, é a capacidade que o homem tem de se movimentar

com a intenção de fazé-lo, de forma que o movimento pressuponha o exercício

de múltiplas funções, psicológicas: memória, atenção, raciocínio,

discriminação, afetividade etc. O corpo é um dos instrumentos mais poderosos

que o homem possui para expressar seu conhecimentos, ideias, sentimentos e

emoções. O corpo une o homem ao mundo, dando-lhe a experiência

necessária para que possa construir seu eu (NICOLA, 2013).

O estudo da psicomotricidade centraliza-se nos processos de jogo de

tensões e descontrações musculares que viabiliza o movimento, sendo esse

controle estudado na sua relação com os processos cognitivos e afetivos.

Desta forma através do movimento podemos melhorar a organização do

desenvolvimento das capacidades intelectuais, psíquicas e adaptativas do

indivíduo, ajustando-o no meio em que vive. Realizando também um trabalho

constante nas condutas motoras, neuro-motoras e perceptivo-motoras, onde o

indivíduo toma consciência o seu próprio corpo, desenvolvendo e aprimorando

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seu equilíbrio, coordenação motora global e fina. Desta forma auxilia o

indivíduo a alcançar suas potencialidades, pois o movimento não é um

processo isolado, estando ligado diretamente com a conduta e a personalidade

(LASSUS, 1984).

Psicomotricidade é corpo, ação e emoção (ALVES, 2003). É o corpo em

movimento trabalhado. “O exercício físico estimula a respiração, a circulação, o

fortalecimento dos ossos e dos músculos e aumenta a capacidade física,

dando ao corpo pleno desenvolvimento”(ALVES, 2003, p. 137).

O Psicomotricista trabalha com crianças em fase de desenvolvimento,

bebês de alto risco, crianças com dificuldade e/ ou atraso de desenvolvimento

global, pessoas portadoras de necessidades especiais: deficiências sensoriais,

motoras, mentais e psíquicas; pessoas que apresentam distúrbios sensoriais,

perceptivos, motores e relacionais em consequência de lesões neurológicas;

pessoas da terceira idade e seus familiares. Sua atuação pode ser na área de

saúde e educação; pesquisando, ajudando, prevenindo e cuidando do homem

na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios de integração somapsíquica.

Pode atuar em conjunto com outras áreas, sendo clínica ou institucional

(ALMEIDA, 2009).

Para a construção de ambientes onde o psicomotricista possa atuar se

faz necessário um mínimo de objetos para que as intervenções possam

ocorrer.

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CONCLUSÃO

Conclui-se que as crianças portadoras de Síndrome de Down, apresentam

melhoras significativas em seu desenvolvimento quando são estimuladas

precocemente. Pode-se observar a importância a participação familiar neste

desenvolvimento, sendo que crianças com famílias ativas na estimulação

precoce apresentam um desenvolvimento desejado.

A pesquisa mostra que a estimulação precoce é primordial para o

desenvolvimento funcional da criança portadora de Síndrome de Down,

principalmente porque as crianças estão sendo moldadas pelas experiências e

estímulos recebidos e internalizados através da terapia. A estimulação da

criança com Síndrome de Down é extremamente importante para o seu

desenvolvimento.

A estimulação precoce é determinante no processo inicial e cabe ao

psicomotricista trabalhar a criança desenvolvendo e estimulando nela

capacidades de acordo com sua idade, participarem das atividades familiares,

desenvolverem seu direito de cidadania. Desta forma poderá acontecer a

inclusão que é um processo social que está diretamente vinculada ao respeito

onde é necessária a mudança nas atitudes das pessoas, na estrutura social e

na educação. Portanto, profissionais especializados e cuidados especiais

devem ser tomados, a fim de facilitar e possibilitar um maior rendimento e

desenvolvimento dos portadores de tal síndrome.

Diante dessas informações percebemos a grande importância da estimulação,

pois a criança com Síndrome de Down necessita vivenciar experiências, assim

permitindo potencializar seu desenvolvimento, respeitando suas dificuldades e

explorando suas habilidades.

A justificativa deste trabalho continua sendo pertinente, no que diz respeito

tratar a estimulação e educação como um direito de todas as crianças,

incluindo as portadoras de todo e qualquer tipo de necessidade especial.

Respeito esse ensinado e transmitido às demais gerações. Tem-se evoluído a

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aceitação do como único, diferentemente de outras culturas ou de outras

épocas no tempo quando se acreditava ser necessário descartar ou esconder o

portador de algum tipo de deficiência.

Cabe ao profissional que trabalha com crianças portadoras da Síndrome de

Down a tarefa árdua de lutar para que as diferenças sejam respeitadas para

que a criança possa alcançar o seu papel na sociedade em igualdade de

direitos e respeitos.

Da mesma forma que teóricos têm acreditado na superação das diferenças,

passa-se a tornar cada vez mais humanos a ponto de aceitarmos o outro tal

como ele é, e não como impõe as sociedades em seus regimes e modeladores

de maneiras de ser ou tornar-se, como tem sido suas entidades de controle

social.

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