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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA O DESAFIO DA INCLUSÃO DO ALUNO AUTISTA NO ENSINO REGULAR: A RELEVÂNCIA DO PROGRAMA DE ENSINO TEACCH E POSSIBILIDADES DO USO DE SEUS COMPONENTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Por: Margarete Simone Sodré de Lima Orientador: Profª Maria Esther de Araújo Co-orientadora: Profª Giselle Böger Brand Rio de Janeiro 2015

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

O DESAFIO DA INCLUSÃO DO ALUNO AUTISTA NO ENSINO

REGULAR: A RELEVÂNCIA DO PROGRAMA DE ENSINO

TEACCH E POSSIBILIDADES DO USO DE SEUS

COMPONENTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Por: Margarete Simone Sodré de Lima

Orientador: Profª Maria Esther de Araújo

Co-orientadora: Profª Giselle Böger Brand

Rio de Janeiro

2015

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O DESAFIO DA INCLUSÃO DO ALUNO AUTISTA NO ENSINO

REGULAR: A RELEVÂNCIA DO PROGRAMA DE ENSINO

TEACCH E POSSIBILIDADES DO USO DE SEUS

COMPONENTES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Educação Especial e Inclusiva.

Por: Margarete Simone Sodré de Lima

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AGRADECIMENTOS

A Deus, toda honra e toda a glória! Sem

Ele, nem estaria aqui. Agradeço também

a minha querida mãe Siléa (in memorian),

minha grande incentivadora desde

sempre. Ao meu amado esposo Romildo,

por todo apoio e compreensão e por não

me deixar desistir. Ao meu adorado filho

Arthur, por todos os sorrisos, carinhos,

beijos e abraços, nos exatos momentos

em que tanto precisei. A minha querida

irmã Michele, que mesmo do outro lado

do oceano Atlântico nunca deixou de me

ouvir, de sorrir, de chorar e de

compartilhar dos meus sonhos e

conquistas. A minha amiga Márcia, mais

que companheira, grande parceira e

incentivadora nesta trajetória acadêmica.

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DEDICATÓRIA

Para meu filho Danilo, meu anjo azul que,

com seu sorriso doce, sua inocência

encantadora, sua forma ímpar de ver

coisas e pessoas e seu jeito mágico de

encantar, mudou minha vida e inspirou

não somente este trabalho, mas toda uma

caminhada!

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EPÍGRAFE

"A inclusão escolar começa na alma do

professor, contagia seus sonhos e amplia

seus ideais. A utopia pode ter muitos

defeitos, mas pelo menos uma virtude

tem: ela nos faz caminhar”.

(Eugênio Cunha)

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RESUMO

Esse estudo teve por objetivo analisar as características e

possibilidades de tratamento e aprendizagem de crianças autistas utilizando o

programa TEACCH - Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com

Distúrbios Correlatos da Comunicação – em tradução livre. Partiu-se do

pressuposto que uma educação baseada no uso do referido programa contribui

para o desenvolvimento de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA),

ampliando suas possibilidades de aprendizagem e melhorando sua capacidade

de socialização. Este estudo justifica-se pela importância em apresentar

informações para familiares que convivem e profissionais que trabalham ou

pretendem trabalhar com pessoas autistas em ambientes educacionais, para

que possam ampliar seu repertório de conhecimentos acerca da síndrome do

autismo e suas implicações na aprendizagem. A metodologia empregada

mesclou pesquisa bibliográfica e estudo descritivo de casos. Os resultados

indicaram a efetividade do uso dos componentes do programa TEACCH como

ferramenta auxiliar no trabalho pedagógico do aluno com autismo em sala de

aula regular, por meio da utilização de componentes deste programa como

procedimentos pedagógicos complementares àqueles que são utilizados em

sala, potencializando a aprendizagem do aluno com autismo.

Palavras-chave: Autismo, Programa TEACCH, Aprendizagem.

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METODOLOGIA

Dentre os vários autores que embasaram este trabalho, podemos

citar três que foram de grande relevância para definição do referencial teórico

seguido neste estudo: Cunha (2009; 2013), Mello (2007) e Orrú (2007; 2009).

Não podemos deixar de mencionar também a importância do trabalho de

Fonseca e Ciola (2014), no que tange à compreensão dos fundamentos

teóricos do programa TEACCH.

Em termos metodológicos, a opção foi realizar uma pesquisa

bibliográfica de caráter qualitativo, seguida de um estudo descritivo de casos, a

partir do qual se conclui que através da organização do ambiente físico por

meio de rotinas organizadas em quadros, painéis ou agendas e sistemas de

trabalho, adaptando o ambiente para tornar mais fácil a compreensão para o

educando, torna-se mais fácil o desenvolvimento do autista dentro de suas

limitações.

Para organização do estudo, trabalharemos primeiro a parte teórica,

iniciando com o Autismo, detalhando suas características e possibilidades.

Depois, será analisado o programa TEACCH e sua proposta educacional para

pessoas autistas, identificando a importância de sua utilização no âmbito

escolar para quem trabalha com alunos portadores dessa síndrome.

Finalmente, serão relatadas as observações, coleta de dados assim como os

resultados acerca do trabalho pedagógico com alguns alunos autistas cujos

educadores utilizam como ferramenta auxiliar o programa TEACCH.

O relato será o produto das observações do trabalho realizado com

três alunos com TEA em uma escola particular do bairro de Campo Grande-

RJ, denominada Instituição A: dois meninos e uma menina. O primeiro menino-

chamado M, com três anos e diagnóstico recente, está em sua primeira

experiência na escola e foi matriculado numa turma de maternal III. A menina –

nomeada S, tem cinco anos, veio transferida de outra escola na qual teve uma

experiência negativa e foi matriculada na turma Pré II, o último aluno é um

menino de nove anos- que chamaremos de D, que está no 3º ano, frequenta

esta mesma escola desde a alfabetização, mas só recentemente começou o

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trabalho utilizando o TEACCH. O objetivo desta observação é verificar na

prática se a aplicação do TEACCH é positiva e quais são efetivamente os

resultados do trabalho com esta metodologia no ensino destes alunos. Estes

estão sendo observados desde o inicio do ano letivo de 2015, com exceção da

menina que foi matriculada depois, no final de março.

Por fim, serão apresentadas as considerações finais, sem, no

entanto, querer esgotar o assunto, dada a sua complexidade.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABA- Applied Behavior Analysis (Análise Aplicada do Comportamento)

AMA- Associação de Amigos do Autista

CARS - Childhood Autism Rating Scale (Escala de Pontuação para Autismo na

Infância)

CID - Classificação Internacional de Doenças

DSM - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

M-CHAT- Modified Checklist for Autism in Toddlers (Escala de Pontuação

para Autismo na Infância)

PEP-R - Perfil Psicoeducacional Revisado

TEA - Transtorno do Espectro Autismo

TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children (Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com

Deficiências Relacionadas à Comunicação)

TGD - Transtorno Global do Desenvolvimento

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES E QUADROS

Figura 1 – Tríade Autística 17

Figura 2 – Características do Autismo 19

Figura 3 – Comparação entre manuais de classificação do Autismo 24

Figura 4 – Sinais de Autismo em bebês 26

Figura 5 – Logo oficial do Programa TEACCH 38

Figura 6 – Quadro de Avaliação Inicial dos Alunos Objetos de Estudo 47

Figura 7 – Quadro Comparativo: Aluno M 53

Figura 8 – Quadro Comparativo: Aluna S 54

Figura 9 – Quadro Comparativo: Aluno D 55

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................11

CAPÍTULO I – Autismo

1.1- Conceito..................................................................................................14

1.2- Características.........................................................................................18

1.3- Diagnóstico..............................................................................................23

CAPÍTULO II – Inclusão

2.1- A questão da Inclusão.............................................................................27

2.2- Contexto Histórico..................................................................................28

2.3- Inclusão no Contexto Escolar................................................................30

2.4- Dificuldades na Educação do Aluno Autista.........................................33

2.5- Estratégias para o ensino de Alunos Autistas......................................35

CAPÍTULO III – Programa TEACCH

3.1- Conceito...................................................................................................38

3.2- Breve Histórico.......................................................................................40

3.3- Proposta Educacional TEACCH.............................................................42

CAPÍTULO IV – Análise Descritiva do Trabalho Pedagógico Realizado com

Base no Programa TEACCH

4.1- Descrição do Objeto de Estudo..............................................................44

4.2- Relato do Trabalho Pedagógico Observado..........................................45

4.3- Análise dos Dados..................................................................................53

CONCLUSÃO..................................................................................................57

BIBLIOGRAFIA...............................................................................................59

WEBGRAFIA...................................................................................................61

ANEXOS.........................................................................................................63

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INTRODUÇÃO

O advento da inclusão trouxe aos portadores de necessidades

especiais, entre eles os autistas, a oportunidade de acesso à educação e a

chance real de inserção na sociedade, porém ainda há uma lacuna muito

grande entre as necessidades do educando especial e a falta de conhecimento

e preparo dos profissionais que deveriam promover tal educação com as

devidas adaptações curriculares. A Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) e, mais recentemente, a Lei

Nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de

Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, deram

maior destaque ao processo educativo para alunos com TEA. A partir de então,

a escola passou a ter uma enorme responsabilidade no sentido de se tornar

cada vez mais um espaço democrático, sendo capaz de atender a demanda de

seus educandos independente de suas especificidades.

O autismo infantil “é uma condição crônica, geralmente severa, que

compromete de maneira significativa e definitiva as áreas de interação

interpessoal, comunicação e comportamento” (SCHWARTZMAN, 1995, p. 39).

É considerada uma síndrome, não uma deficiência mental, cujas características

primordiais são as falhas na comunicação verbal, no comportamento e na

interação social.

Profissionais da área da educação levantam então a seguinte

questão: como ensinar alunos com Autismo? O processo de aprendizagem

destes educandos tende a ser mais demorado e complexo devido a

características específicas. Estas demandam da escola o uso de diferentes

estratégias de ensino para a aquisição e desenvolvimento das diversas

competências que envolvem o aprendizado. Pensar sobre como facilitar o

aprendizado, o processo adaptativo e a inclusão desse aluno em salas de aula

regulares, passou a nortear minhas pesquisas e estudos. Nesta caminhada,

conheci o programa TEACCH (Treatment and Education of Autistic and

Communication Handicapped Children – em tradução livre: tratamento e

educação de crianças autistas e com deficiências relacionadas à

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comunicação), sua fundamentação teórica e sua aplicação na educação de

alunos autistas. A partir de então, surgiu à questão que passou a nortear meu

trabalho: pode o programa TEACCH ser utilizado em escolas regulares como

aliado no processo de aprendizagem e inclusão de alunos autistas?

Esse estudo tem por objetivo analisar as características e

possibilidades de tratamento e aprendizagem de crianças autistas utilizando o

programa TEACCH. Parte-se do pressuposto que uma educação baseada no

uso deste programa pode contribuir para o desenvolvimento de alunos autistas

dentro das suas possibilidades. A justificativa para tal estudo vem da relevância

em apresentar informações para pais e profissionais que convivem ou

pretendem trabalhar com pessoas autistas em ambientes educacionais, para

que possam ampliar seus conhecimentos acerca da síndrome do autismo e

suas implicações na aprendizagem.

O processo de inclusão precisa ser visto como um meio natural de

promoção de aprendizagem e agregador de indivíduos dentro da comunidade

escolar. A partir da abordagem teórica desse programa (TEACCH), poderá ser

repensada a prática pedagógica com alunos autistas, utilizando este como

auxiliar na organização dos processos de aprendizagem destes indivíduos.

Este trabalho pretende ainda, gerar uma reflexão sobre a importância de a

escola atender, de modo diferenciado, aos alunos portadores de necessidades

educacionais especiais, com o respeito que estes, como cidadãos, merecem.

Para uma melhor compreensão deste estudo, os temas que o

compõem foram divididos da seguinte forma: No primeiro capítulo estudaremos

o Transtorno do Espectro Autista, suas características e peculiaridades.

O capítulo seguinte será dedicado ao tema da inclusão, abordando

seu contexto histórico e a importância da inclusão escolar como fator formação

de cidadania.

O terceiro capítulo trará um breve estudo sobre o programa

TEACCH, englobando o conceito do programa e sua proposta

psicoeducacional.

Por fim, no quarto capítulo, apresentaremos um relato, produzido a

partir da observação realizada numa instituição particular de ensino, que teve

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por escopo primacial verificar a aplicação de componentes do TEACCH na

educação de alunos autistas e sua efetividade como auxiliar para um

aprendizado mais eficiente para estes alunos no âmbito da escola regular.

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CAPÍTULO I

AUTISMO

1.1- Conceito:

Por se tratar de um tema relativamente novo na área médica, cujos

primeiros estudos datam da década de quarenta, a definição de Autismo é uma

tarefa bastante complexa, já que muitos aspectos ainda permanecem obscuros

em relação à síndrome. Sobre o tema, discorre Bosa (2002, p. 21):

De acordo com Mello (2007, p.11), “o autismo é um conjunto de

sintomas que caracterizam uma doença, ou seja, uma síndrome, que é definida

por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos

três anos”. Suas características mais marcantes são definidas por desvios

qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.

Outra definição de Autismo encontra-se na CID 10 (1993), que

nomeia a síndrome como Transtorno Global do Desenvolvimento (F 84). Diz o

texto:

O recém - lançado DSM – V (2014) trouxe uma nova nomenclatura

para o Autismo: Transtorno do Espectro Autista (TEA), englobando as

categorias de Autismo, síndrome de Asperger, Transtorno Desintegrativo e

Escrever sobre o Autismo tem sido historicamente, um desafio para todos os profissionais envolvidos com essa questão. Pensamos que poucas patologias do desenvolvimento suscitaram tanto interesse e controvérsias, situação que se tem tornado aparente pelo volume crescente de artigos, livros e trabalhos apresentados em congressos sobre esse tema. Tal acúmulo de estudos reflete não apenas interesse, mas, sobretudo, nossa ignorância sobre vários aspectos que ainda permanecem obscuros (...), dentre os quais se destaca a questão da definição, a etiologia, o diagnóstico, a avaliação e a intervenção.

Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões.

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Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação. Estes, que

no manual anterior (DSM – IV) eram elencados nominalmente, foram divididos

nos níveis leve, moderado e severo. Desta forma, para que um indivíduo seja

identificado como portador de TEA, segundo este manual, deve ter

apresentado sintomas começados ainda na primeira infância e que

comprometam continuamente sua capacidade em função da sua vida e do dia

a dia.

De acordo com a Associação de Amigos do Autista (AMA), autismo

é um distúrbio do comportamento que consiste em três tipos de dificuldades:

• Dificuldade em utilizar todos os aspectos da comunicação verbal e

não verbal de modo que se tenha algum sentido. Conforme a severidade,

algumas crianças não apresentam linguagem verbal e têm problemas na

comunicação por qualquer outra via, como ausência ou dificuldade no uso dos

gestos; ausência de expressão facial ou expressão facial incompreensível para

os outros; crianças que utilizam a linguagem verbal, porém de maneira

repetitiva e não comunicativa (repetição momentânea, que é chamada de

ecolalia imediata e a repetição de frases ditas horas ou dias antes, que é

chamada de ecolalia tardia); tom de voz, geralmente estranho e/ou pedante.

Crianças com autismo podem repetir frases ouvidas anteriormente de forma

adequada ao contexto (ecolalia funcional).

• Dificuldade em relacionar-se com outras pessoas; incapacidade

de compartilhar sentimentos, gostos e emoções; dificuldade na discriminação

entre diferentes pessoas. Muitas vezes a criança autista se aproxima, abraça,

beija, mas com aparente indiferença. Há falta ou prejuízo da capacidade de

imitar, que é um dos pré-requisitos cruciais para o aprendizado; há prejuízo da

capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa e de compreender os fatos

a partir da perspectiva desta pessoa (Teoria da Mente);

• Dificuldade no uso da imaginação, caracterizado por rigidez e

inflexibilidade, estendendo-se às várias áreas do pensamento, linguagem e

comportamento da criança, como por exemplo, comportamentos obsessivos e

ritualísticos; compreensão literal da linguagem; falta de aceitação das

mudanças e dificuldades em processos criativos. A criança autista pode ficar

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horas explorando a textura de um brinquedo. Aquelas com maior capacidade

intelectual podem se fixar em determinados assuntos, na maioria dos casos

incomum às crianças da mesma idade, como calendários ou animais pré-

históricos.

Outro conceito que vale a pena ser citado é este que Gillberg nos

traz, de que o autismo é considerado uma síndrome neuropsiquiátrica (1990

apud SCHWARTZAMAN, 2003).

A palavra autismo tem sua origem na junção de duas palavras

gregas: “autos” que significa “em si mesmo” e “ismo” que significa “voltado

para”, ou seja, o termo autismo originalmente significava “voltado para si

mesmo”. Em 1911, o psiquiatra suíço Eugen Bleuler usou o termo na tentativa

de descrever a perda de contato com a realidade dentro do quadro de

esquizofrenia (até então chamada de demência precoce). Em 1943, o médico

austríaco, naturalizado norte-americano Leo Kanner foi o primeiro a relatar a

nova síndrome, separando Autismo de esquizofrenia. Ele realizou um estudo

detalhado com 11 crianças que apresentavam em comum algumas

características muito peculiares: obsessividade, estereotipias e ecolalia. Seu

estudo resultou na primeira publicação de uma investigação detalhada sobre a

condição, denominada “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”. No ano

seguinte, o psiquiatra Hans Asperger, também austríaco, escreveu o artigo

intitulado “Psicopatologia autística da infância”, descrevendo casos de crianças

que apresentavam quadro semelhante às descritas por Kanner. Nas décadas

de 50 e 60, o psicólogo Bruno Bettelheim, baseado em conclusões tiradas de

um estudo inicial de Kanner, afirmou que a causa do autismo seria a

indiferença da mãe, que denominou de "mãe-geladeira". Essa teoria logo

encontrou eco em muitos outros estudos, causando muito sofrimento aos

familiares de indivíduos autistas e a eles mesmos. Nas décadas seguintes foi

refutada e finalmente caiu por terra, passando-se então a pesquisar as causas

reais do autismo.

Vimos até aqui que desde os primeiros estudos de Kanner até hoje,

o conceito de autismo sofreu grandes modificações, mas só a partir da década

de 70 é que os estudiosos deixaram de ver o TEA como um tipo específico de

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psicose. No fim desta década, a psiquiatra inglesa Lorna Wing realizou um

estudo onde os sintomas do autismo foram classificados em três grandes

grupos definidos como tripé dos sintomas autísticos que são: falha na interação

social recíproca, comprometimento da imaginação comportamento com

interesses repetitivos e dificuldade na comunicação verbal e não verbal. Tais

características podem variar quanto ao grau de acometimento, caracterizando

um espectro de severidade (“espectrum” ou “continuum” de desordens

autísticas). Lorna também foi a responsável pelo resgate e divulgação dos

estudos de Asperger, que ficaram perdidos e esquecidos em função da

Segunda Guerra Mundial, e pela criação do termo Síndrome de Asperger para

nomear o grupo de sintomas descritos pelo psiquiatra austríaco.

Figura 01 – Tríade Autística

Fonte: Criação da autora

No que se refere às possíveis causas do autismo, afirma Mello

(2007, p. 45), “estas ainda permanecem desconhecidas. Acredita-se que esteja

em anormalidades no cérebro ainda não definida de forma conclusiva e,

provavelmente, de origem genética”.

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Entende-se atualmente que a etiologia do autismo deve-se a uma

diversidade de fatores, que vão desde o genético até condições ambientais,

embora não se conheça exatamente a proporção de cada um desses fatores, e

muito menos como eles se relacionam. Em geral, o autismo encontra-se

classificado entre a Deficiência Mental e as Deficiências de Aprendizagem. De

forma ampla, poderíamos dizer que se trata de um transtorno caracterizado por

prejuízo severo nas áreas de interação social recíproca, habilidade de

comunicação e por problemas na área comportamental, que se apresenta

estereotipado e repetitivo e com interesses e atividades restritivas,

manifestando-se geralmente ainda na primeira infância. É chamada de

síndrome e não tem ainda causas definidas. Independe de raça, etnia, classe

social ou condição cultural e é mais comum no sexo masculino: a cada cinco

casos, quatro são meninos e uma menina, sendo que nelas, em geral,

apresenta-se de forma mais grave.

Desta forma é fundamental que observemos e conheçamos o

desenvolvimento típico do ser humano, para sermos mais capacitados a

enxergar as características que identificam o autismo, posto que um olhar

atento torna-se fundamental para compreender o TEA.

O autismo, como nos diz Cunha (2009, p. 19), “tem demandado

estudos e indagações, permanecendo ainda desconhecido de grande parte dos

educadores”. O vasto material que se apresenta hoje em relação ao Autismo,

investigando o conceito e as características deste transtorno, mostra a

importância de buscar conhecimento acerca do tema, como fator primacial para

o desenvolvimento de um trabalho eficiente com estes alunos.

1.2- Características:

As características da perturbação autística, como dito anteriormente,

consistem no desenvolvimento deficitário da interação e comunicação social e

num repertório acentuadamente restrito de atividades e interesses. Estas

características variam com o nível de desenvolvimento e da idade cronológica.

As crianças com esta perturbação podem prescindir das outras crianças

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(incluindo irmãos), não têm noção das necessidades dos outros ou até mesmo

não percebem o mal-estar das outras pessoas.

O Autismo apresenta uma descontinuidade na sequência normal do

desenvolvimento. Tanto o relacionamento com pessoas quanto com objetos

inanimados estão alterados e a comunicação como um todo está

comprometida: linguagem oral comunicativa, linguagem receptiva, linguagem

gestual e expressão facial. Há falhas no estímulo sensorial.

Também está relacionado aos distúrbios da percepção, o fato de

crianças autistas esfregarem mão e língua nas paredes, terem dificuldades de

receber alimentação sólida e de irem de encontro a uma porta ou uma parede

(SCHWARSTZMAN, J.S., 2003). O autista apresenta ainda uma séria alteração

no limiar de dor e não tem noção do “eu” – daí a dificuldade de referir a si

próprio na primeira pessoa.

Figura 02 – Características do Autismo

Fonte: https://www.facebook.com/Pelo.Direito.dos.Autistas

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Camargos Jr (2005) nos lembra de que algumas crianças autistas

apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios retardos no

desenvolvimento da linguagem. Algumas parecem fechadas e distantes, outras

presas a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os

diversos modos de manifestação do autismo também são designados de

espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do

autismo.

Nos autistas que possuem uma maior capacidade linguística pode-

se observar uma acentuada incapacidade em iniciar ou manter uma

conversação com os outros, pois sua dificuldade reside em usar a linguagem

como meio de contato social. Quando existe um desenvolvimento na fala, o

volume, a entoação, a velocidade, o ritmo ou a acentuação podem ser

anormais. Apresenta-se em graus, desde os mais severos (que não falam, não

olham, não mostram nenhum interesse no outro), aos considerados de alto-

funcionamento (que falam, são capazes de acompanhar estudo normal,

desenvolver-se em uma profissão e criar vínculos com o outro).

Exteriormente, o autista aparenta um rosto inteligente e uma

aparência física normal, confundindo leigos e, por vezes, também médicos. Ao

contrário de outras síndromes (Down, por exemplo), o Autismo não é

identificável nem visivelmente nem por exames.

Conforme visto, de acordo com o CID-10, o autismo pertence ao

grupo denominado TGD e é classificado como:

Neste manual o autismo é então colocado como uma perturbação

no trio: interação social, comportamento e comunicação. As dificuldades

relacionadas à Tríade Autística podem ser divididas nas seguintes áreas do

desenvolvimento:

a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo, fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto - agressividade). (OMS, 1993, p. 367)

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Interação Social:

l Passiva e isolada ou ativa, mas “estranha”;

l Dificuldade de estabelecer relações e interagir. Tem “crises de birra”;

l Não compreende regras sociais;

l Não demonstram emoções como os outros;

l Dificuldade de perceber expressões faciais;

l Não atende quando é chamada, nem dá tchau;

l “Avança” nas coisas dos outros;

l Busca interesses só dela.

Linguagem:

l Quando fala, usa tom monótono ou cantado;

l Não sabe pedir, perguntar e não aponta;

l Só fala quando vê necessidade;

l Só conversa sobre assuntos de seu interesse e de forma repetitiva;

l Dificuldade de compreender o “NÃO”;

l Ri ou chora sem razão aparente;

l Não entende linguagens de expressão;

l Ecolalia imediata ou tardia.

Comportamento:

l Dificuldade de brincar, de “fazer de conta”;

l Rotina e rituais rígidos: ir pelo mesmo caminho ou sentar no mesmo

lugar, por exemplo;

l Fixação em detalhes de objetos ou brinquedos podendo quebrá-los p/

usar só essa parte;

l Apresenta uma ou várias estereotipias, como agitar as mãos, o corpo, os

dedos, balançar o corpo, etc.;

l Pode ser agressivo ou agredir a si mesmo;

l Interesse excessivo e restrito.

Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas

vivem em um mundo próprio, interagindo somente com o ambiente que criam -

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o que não é verdade. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu

canto observando outras crianças brincarem, não é porque ela está

desinteressada dessas brincadeiras ou porque vive em seu mundo, isto

acontece porque ela tem dificuldade de iniciar, manter e terminar

adequadamente um diálogo. Outro aspecto importante relacionado a este

isolamento é a questão sensorial. O autista não consegue filtrar os estímulos

sensoriais que recebe, estes chegam todos de uma só vez, como um turbilhão,

desorganizando o indivíduo, por esta razão ele se “isola”, tentando se

concentrar num só estímulo.

Outra característica marcante no autista está relacionada ao que

chamamos de Teoria da Mente. Chamamos assim a capacidade de se colocar

mentalmente no lugar do outro, base do julgamento de intenções, ou, dito de

outra maneira, a capacidade de formular uma teoria sobre o conteúdo mental

alheio. Estudos mostram que é possível que essa capacidade esteja

perturbada no autismo. Sugerem também que um desenvolvimento

disfuncional do sistema de neurônios-espelho resultaria em déficits nas

habilidades sociais e de comunicação, tais como a supracitada teoria da mente,

a atenção compartilhada, a imitação, a linguagem e a empatia, principais

déficits do autismo.

Conforme nos ensina Orrú (2009, pp.31 e 32) acerca das

características do Autismo:

Assim, muito além das características que fazem um indivíduo “ser

autista”, há outros fatores que precisam ser levados em consideração. É

preciso que se compreenda que uma pessoa é muito mais e vai muito além do

transtorno que ela pode ter. Ela é, antes de tudo, um ser humano.

A pessoa com autismo, embora tenha características próprias no que se referem à síndrome, suas manifestações comportamentais podem ser diferentes, de acordo com seu nível linguístico e simbólico, quociente intelectual, temperamento, acentuação sintomática, histórico de vida, ambiente, condições clínicas. Portanto, assim como qualquer um de nós, a pessoa com autismo também tem sua individualidade, desejos e necessidades que vão além das características da síndrome.

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1.3- Diagnóstico:

Poucos distúrbios causam mais perplexidade e sugerem mais

pesquisas e estudos como o autismo. E, no entanto, pouco ou quase nada se

sabe sobre suas causas, ainda. Cientistas e estudiosos do mundo todo buscam

o fator ou os fatores causadores do autismo, mas não conseguiram chegar a

nenhuma conclusão definitiva, nem sequer satisfatória. Nos últimos anos,

porém, grandes avanços nas pesquisas apontam caminhos e nos aproximam

das respostas para tantos questionamentos. Como já visto anteriormente

autismo não é identificável nem visivelmente (característica física), nem por

exames, sejam laboratoriais ou de imagem.

O diagnóstico, que precisa ser precoce, deve ser feito por um

profissional habilitado e com especialização na área, preferencialmente um

neuropediatra ou psiquiatra, que, geralmente, toma como base os seguintes

critérios:

1) Anamnese detalhada e específica;

2) Observação clínica minuciosa;

3) Escalas de avaliação do Autismo (PEP-R; CARS; M-CHAT);

4) A classificação oficial do Autismo, feita com base nos critérios

da CID-10 (TGD) ou DSM-V (TEA);

5) Outros meios pertinentes;

Corroborando nosso entendimento, a AMA aponta que para

diagnosticar o autismo, é necessário um profissional com formação em

medicina e experiência clínica de vários anos diagnosticando essa síndrome.

Ele é feito basicamente por meio da avaliação do quadro clínico, não existindo

testes laboratoriais específicos para o caso. Por isso, que se diz que o autismo

não apresenta um marcador biológico. O médico neste caso solicita alguns

exames para investigar condições (possíveis doenças) que têm causas

identificáveis e podem apresentar um quadro de autismo infantil, como a

síndrome do X-frágil, fenilcetonúria ou esclerose tuberosa. É importante

salientar que nenhuma destas condições apresenta os sintomas de autismo

infantil em todas as suas ocorrências (MELLO, 2007).

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Ainda segundo Mello (2007), o diagnóstico raramente é conclusivo

antes dos vinte e quatro meses e a idade média mais frequente para este

diagnóstico é superior aos trinta meses. A AMA alerta aos vários graus

diferenciados de autismo e que há em instituições especializadas (como a

própria AMA), com intervenções adequadas para cada tipo ou grau de

comprometimento.

Figura 03 – comparação entre manuais de classificação do Autismo

Fonte: Criação da autora

A tabela acima mostra a diferença entre a classificação do Autismo

entre o DSM e o CID, que são os dois instrumentos diagnósticos usados pelos

médicos. A maioria dos médicos no Brasil adota a classificação do CID- 10

para os critérios diagnósticos do Autismo, pois é a recomendação do Ministério

da Saúde, porém os critérios do DSM- V (2014) já estão sendo aplicados, em

especial por psiquiatras.

Pelas significativas mudanças para os critérios de diagnóstico do

autismo da atual versão do DSM, o autismo está caracterizado por apenas

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duas áreas principais, uma díade, composta por déficits na comunicação social

e interação social e comportamentos, interesses e atividades restritos e

repetitivos. De acordo com este manual, o autismo passa a ser caracterizado

dimensionalmente (do severo ao leve) a partir de um spectrum e todos passam

a ser conhecidos como Transtorno de Espectro Autista (TEA). O diagnóstico,

sob a ótica deste novo manual, pretende apresentar uma maneira nova e mais

eficiente de identificar indivíduos com transtornos relacionados ao autismo.

Apesar da definição atual do autismo ser cada vez mais precisa em

nível de condutas, não podemos perder de vista que a síndrome é

caracterizada por uma série de elementos e déficits que não são

necessariamente exclusivos dela, mas que se combinam em diversas maneiras

e diferentes graus, tornando o diagnóstico uma tarefa delicada e complexa. Por

esta razão, uma das frentes em que se está investindo é a da detecção

precoce de sinais de problemas de desenvolvimento em bebês.

Há uma imperiosa necessidade de treinar os pediatras para um olhar

mais atento sobre as questões do desenvolvimento dos bebês, visando um

diagnóstico precoce para que se aumentem as possibilidades de evolução do

quadro. O Ministério da Saúde alerta para a questão no documento “Diretrizes

de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do

Autismo” (2013, p.15):

A função do diagnóstico não é dar um nome ou um rótulo à criança.

Ele é um ponto de partida para a intervenção imediata e para a determinação

de estratégias que direcionarão o tratamento. Quanto mais nova a criança,

maior sua plasticidade neuronal, por esta razão ela está muito mais sensível,

Assim, duas questões tornaram-se fundamentais: a importância da detecção de sinais iniciais de problema de desenvolvimento em bebês que podem estar futuramente associados aos TEA e a necessidade do diagnóstico diferencial. A primeira se refere à necessidade de uma intervenção, o que aumenta a chance de maior eficácia no cuidado dispensado. A segunda questão se refere à construção de procedimentos que devem ser utilizado pela equipe multiprofissional responsável para o estabelecimento do diagnóstico e a identificação de comorbidades.

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respondendo melhor e com mais eficácia a qualquer estimulação por parte de

outras pessoas e do ambiente. Da mesma forma que as características de um

autista podem diferir das características de outro autista, o tratamento aplicado

a um pode não ajudar o outro, por isso cada caso deve ser analisado

individualmente. Daí a importância e urgência do diagnóstico precoce.

Figura 04 – sinais de Autismo em bebês.

Fonte: https://www.omo.com.br/desenvolvimento-infantil/autismo-infantil-como-identificar-os-

primeiros-sinais

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CAPÍTULO II

INCLUSÃO

2.1- A questão da Inclusão:

Com as avassaladoras transformações pelas quais a sociedade vem

passando, em especial desde meados do século passado, a discussão mais

ampla sobre inclusão, fundada na movimentação histórica, leva em

consideração que tais paradigmas já vêm sendo veiculados em forma de

declaração e diretrizes políticas desde 1948, quando da aprovação da

Declaração Universal dos Direitos Humanos (UNESCO, 1948).

A Declaração de Salamanca - Sobre os Direitos, Políticas na Área

das Necessidades Educativas Especiais – (1994) firmou-se como o marco

principal de orientação em relação ao atendimento e às políticas públicas para

pessoas com deficiência, no processo atual de inclusão. Nela foi sancionado

um conjunto de princípios norteadores que refletem as atuais políticas

educativas relacionadas à Educação Especial. Dentre estes destacamos:

• O direito à educação deve ser independente das diferenças individuais;

• As necessidades educativas especiais não devem abranger somente as

crianças com problemas, mas todas aquelas que possuem dificuldades

no cotidiano escolar;

• A escola deve adaptar-se aos alunos e às suas especificidades, e não o

contrário;

• O ensino deve ser diversificado e criativo realizado em um espaço

comum para todos.

Incluir é então não deixar ninguém de fora do ensino regular, é

tratar TODOS sem discriminação. Portanto, não se trata de integração, cabe à

escola se adequar para receber a todos os alunos, com ou sem deficiência.

Desta forma, proporcionar a todos uma educação de qualidade é um

grande desafio que se impõe a todos que trabalham nesta área e o conceito de

inclusão só vem a aumentar a responsabilidade diante dessa nova realidade.

Sobre inclusão, nos ensina Almeida (2001, p.12) que “precisamos realizar a

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inclusão. Precisamos acreditar na inclusão. Precisamos errar tentando edificar

a inclusão. Precisamos acertar nas diferentes formas de pensar e de buscar

subsídios para a inclusão”.

Reafirmando este fato, a supracitada Declaração de Salamanca

(1994), afirma que as “escolas deveriam acomodar todas as crianças

independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais,

emocionais, linguísticas ou outras”, isto é, as escolas de ensino regular devem

promover a educação de todos os alunos, incluindo os portadores de

deficiência, os superdotados, crianças marginalizadas pela sociedade ou que

estão em desvantagem social. Nas palavras incentivadoras de Almeida (2011,

p. 12):

Dada a relevância da inclusão e defesa dos direitos das pessoas

portadoras de necessidades especiais, o tópico a seguir apresenta um breve

histórico da situação e paradigma pelo qual eram vistos tais sujeitos.

2.2- Contexto Histórico:

Ao longo da história da humanidade a sociedade vem colocando

obstáculos à inclusão das pessoas com necessidades educativas especiais.

Medos, superstições, frustrações, exclusões e separações permeiam vários

exemplos históricos que vão desde Esparta até a Idade Contemporânea. A

atitude desenvolvida era marcada por princípios e valores socioculturais

duvidosos e excluía sumariamente os deficientes, nomenclatura com a qual

eram designados.

Existem evidências de que desde a pré-história as pessoas com

algum tipo de má formação congênita ou adquirida eram rejeitadas e

eliminadas de algum modo. Esta prática de eliminação compulsória manteve-se

em exercício em diferentes sociedades durante muitos séculos. Na cultura

Se ainda não é possível encontrar a escola inclusiva por todos os lados, em todas as classes sociais e em todos os municípios brasileiros, vamos começar a construir estradas para que possamos chegar a elas. E, neste caso, pensar o que é um ambiente educativo para a formalização das aprendizagens pode ser um ótimo começo.

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grega, especialmente na espartana, os indivíduos com deficiências não eram

tolerados. A filosofia grega justificava sue pensamento na ideia que estas

criaturas não eram humanas, mas um tipo de monstro pertencente a outras

espécies.

Num pensamento que perdurou desde a Idade Média até o século

XVIII aproximadamente, os portadores de deficiências eram considerados

como produto da união entre uma mulher e o Demônio. A religião afirmava que

o homem era feito à “imagem e semelhança de Deus”, e, por isso mesmo, um

ser perfeito. Então, as pessoas com deficiência eram postas à margem da

condição humana e, por consequência, da sociedade. A maior parte das

noções a respeito de deficiência era ligada basicamente ao misticismo e ao

ocultismo, havendo pouca ou praticamente nenhuma base científica para o

desenvolvimento de noções reais. A falta de conhecimento sobre as

deficiências fazia com que essas pessoas fossem marginalizadas, ignoradas.

Gradativamente esta crença foi rejeitada, dando lugar às primeiras

práticas assistencialistas. Por volta do século XVIII iniciou-se a prática da

educação especial, de forma ainda muito rudimentar, por pessoas que

acreditavam ser possível educar os deficientes. Mesmo centrados no aspecto

pedagógico, as atividades eram realizadas em asilos e manicômios, onde eram

tratados os indivíduos considerados desviantes, na justificativa de proporcionar

um melhor tratamento e proteção a eles, além de proteger a sociedade contra

os que eram considerados “anormais”. Um fator determinante para um sujeito

receber esta “assistência” estava na suposta inaptidão para o trabalho, a

improdutividade do sujeito, essas pessoas eram então apartadas da vida

social. Foi o período denominado de “Institucionalismo”. As instituições não

habilitavam os deficientes e, muitas vezes os mantinham nelas por toda a vida.

Já na segunda metade do século XX, as pessoas com deficiência

começaram a ser reconhecidas como seres com direitos e necessidades. Na

década de 1960 iniciou-se o movimento de integração social, cujos princípios

de normalização atribuíam às pessoas deficientes o direito à vivência de

padrões comuns à cultura da sociedade em geral. Esse movimento procurou

inserir tais pessoas nos sistemas sociais gerais: educação, trabalho, família,

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lazer. Estes ideais de inserção continuaram a ser divulgados e importantes

movimentos sociais promoveram várias iniciativas em prol da integração na

sociedade da pessoa considerada deficiente. A ideologia da integração

defendia a necessidade de introduzir a pessoa com deficiência na sociedade,

procurando ajudá-la a adquirir os padrões da vida cotidiana, no nível mais

próximo possível do normal. Na prática, estas iniciativas incentivaram o

rompimento com modelos segregadores e começaram a desenhar o caminho

rumo a questão da escolarização dessas pessoas.

Durante muito tempo os conceitos equivocados sobre pessoas com

deficiência refletiram na sociedade a ideia de que o mundo delas fosse

diferente, e, portanto, deveria ser exclusivo. As marcas deixadas pelas práticas

excludentes ao longo da história indicam a ausência de compromisso ético com

a humanidade e com os princípios que regem a própria Declaração Universal

dos Direitos Humanos, que conjuga o valor de liberdade ao valor de igualdade,

pois assume que não há uma sem a outra. Neste sentido, o respeito à

diversidade humana é o principal mecanismo para o alcance da universalidade

dos direitos humanos. Na realidade, o que temos visto na sociedade ainda hoje

são experiências isoladas de inclusão que dão certo, já que a tarefa educativa

transformadora é muito maior do que intenções generalizadas, enquanto que

políticas públicas efetivas não saem do papel.

A ideia de incluir deve englobar não só os deficientes, mas também

os indivíduos que com eles convivem. Na inclusão, a sociedade se adapta para

receber pessoas com necessidades especiais, e essas passam a ter a

possibilidade de nela desenvolverem papéis sociais, ou seja, a inclusão só se

justifica a partir do momento em que a sociedade é capaz de gerar

oportunidades para todos os seus membros.

2.3- Inclusão no Contexto Escolar:

A Escola Inclusiva é aquela que entende o processo educativo

como um processo social, onde todas as crianças portadoras de necessidades

especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais

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próximo possível do normal. A escola é o agente que educa, por isso precisa

trabalhar em prol da formação de cidadãos em toda sua plenitude. Mais do que

isso, a escola precisa oferecer oportunidades de desenvolvimento de

comportamento e atitudes baseados na diversidade humana e nas diferenças

individuais dos seus alunos. O alvo a ser alcançado é a inserção efetiva da

criança portadora de deficiência na comunidade.

Para alcançar este alvo, o seu objetivo principal deve ser promover,

através de todos os seus escalões, a integração das crianças que dela fazem

parte, levando em consideração a adaptação tanto pedagógica como social, de

forma gradativa, contínua, sistemática e planejada de portadores de

necessidades educacionais especiais.

Quando aprendentes dos mais diferentes estilos estudam juntos,

todos se beneficiam. O ser humano precisa desse tipo de experiência para se

desenvolver integralmente. A convivência na diversidade enriquece nossa

existência desenvolvendo, em variados graus, os diversos tipos de inteligência

que cada um de nós possui. O fato de cada pessoa interagir com tantas outras,

todas diferentes entre si em termos de atributos pessoais, necessidades,

potencialidades, habilidades, etc. é a base do desenvolvimento de todos para

uma vida mais saudável, rica e feliz.

Diante da complexidade que envolve as questões da educação dita

“inclusiva”, é preciso refletir sobre a sociedade, o sujeito, a educação que

temos e qual a educação que realmente queremos. Mudanças são

imprescindíveis, mas esta reestruturação não pode ser apenas técnica, pois

envolve em primeiro lugar mudanças de atitudes, de compromisso e

disposição. Cunha (2013, pp. 15 e 16) nos lembra de que:

Há hoje, no Brasil, um crescente movimento em direção à organização de espaços educativos que atendam às demandas da inclusão escolar. Documentos nacionais e internacionais produzidos nos últimos anos reconhecem a educação como direito humano, considerando as diferenças existentes entre as pessoas, trazendo a necessidade de sensíveis mudanças nas relações sociais, em distintas instituições, especialmente na escola. Vislumbra-se uma educação qualificada pelas políticas inclusivas, como um valor para a superação das desigualdades, das injustiças e para a democratização do ensino.

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Não só aceitar, mas acolher, compreender, respeitar e trabalhar pelo

desenvolvimento do aprendente com necessidades especiais e dificuldades de

aprendizagem tem sido a maior preocupação e o maior desafio dos educadores

e profissionais afins. Diz Prieto in Mantoan (2006, p. 35):

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

n^ 9.394/96 (BRASIL, 1996), todos os alunos com necessidades educativas

especiais devem ser incluídos nas salas regulares do Ensino Fundamental. Os

artigos 58, 59 e 60 e seus parágrafos e incisos, tratam especificamente da

Educação Especial, discorrendo sobre o acesso à escola regular, suporte

teórico e prático, além do atendimento especializado. Fazem também

referências sobre a revisão de currículo, avaliação e métodos e formação de

professores, dentre outros aspectos de suma importância para a inclusão.

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva (BRASIL, 2008, p. 14), compreende a educação inclusiva

sob o seguinte aspecto:

O planejamento e a implantação de políticas educacionais para atender a alunos com necessidades educacionais especiais requerem domínio conceitual sobre inclusão escolar e sobre as solicitações decorrentes de sua adoção enquanto princípio ético-político, bem como a clara definição dos princípios e diretrizes nos planos e programas elaborados, permitindo a (re)definição dos papéis da educação especial e do “locus” do atendimento desse alunado.

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.

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A inclusão precisa ser vista como uma proposta pela qual qualquer

aluno pode e deve ter acesso ao ensino regular e que todos, sem exceções,

tenham os mesmos direitos, e que os atendimentos, os currículos e as

avaliações no ambiente escolar, sejam adaptados de acordo com as limitações

e dificuldades apresentadas por cada aluno especial.

Precisamos refletir seriamente em como colocar em prática todos os

aspectos legais e teóricos acerca da inclusão e de que forma os profissionais

da educação podem desenvolver metodologias pedagógicas no sentido de

promover o sucesso de seus alunos, promovendo uma inclusão efetiva.

2.4- Dificuldades na Educação de um Aluno Autista:

Em se tratando de alunos do espectro autista, há claramente uma

grande barreira entre ensinantes e aprendentes: a comunicação, a troca em

seu sentido mais amplo e o convívio social.

Trata-se de uma clientela extremamente diferenciada, pouco

conhecida e muito incompreendida pela sociedade. Nesses sujeitos, o

processamento da aprendizagem é muito particular e apresenta-se alterada.

Há ainda a dificuldade de demonstrar e interpretar emoções o que

dificulta o pedido de ajuda, e isto acontece não só em relação ao aprendizado,

mas também em relação a todas as atividades da vida diária. Outro aspecto do

problema, citado por Borges (2000, p. 28), diz respeito às “necessidades

específicas de aprendizagem dos autistas como dificuldades organizacionais,

distração, problemas em sequenciar, falta de habilidade em generalizar, e

padrões irregulares de pontos fortes e pontos fracos”. Embora nenhum destes

se aplique à população inteira dos alunos com autismo, estes problemas de

aprendizagem são vistos em um grau significativo em uma porcentagem

grande destes alunos.

Geralmente os sentimentos que acometem os profissionais em

relação ao aluno autista são de perplexidade, incompreensão e incompetência

diante de um ser que não responde da maneira esperada aos estímulos e que

utiliza um sistema de comunicação e de pensamento diferentes do nosso, mas

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que podem nos dar respostas brilhantes. Ramos (2010, p.69), assim retrata

esse sentimento dos docentes acerca da inclusão:

Propiciar a aprendizagem a um autista não se trata somente do

domínio de técnicas de aprendizagem específicas ou do conhecimento

cientifico da síndrome, vai muito mais além. É preciso conhecer o sujeito

autista, compreender o que vem a ser autismo, respeitar suas peculiaridades e

necessidades, enxergar o ser humano singular além das limitações e ser capaz

de se entregar, sem preconceitos. Uma intervenção pedagógica eficiente pode

auxiliar tanto na facilitação da aprendizagem do aluno com autismo quanto na

relação deste com a escola, com os professores e até mesmo com os pais. É

um desafio que o professor precisa enfrentar e, para começar, é necessário

desconstruir velhos conceitos, conforme outra vez nos ensina Ramos (2010,

p.69):

Com isso a inclusão atua no sentido de promover as adequações e

legitimações (físicas, materiais, humanas, sociais etc.) indispensáveis para que

pessoas com TEA possam prontamente ter condições de ingresso e

permanência no cotidiano escolar e na convivência em sociedade, com

inserção legítima nos direitos humanos. Não podemos esquecer que a partir da

Lei Nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de

Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, diversos

direitos foram garantidos aos portadores de TEA, especialmente no âmbito da

educação inclusiva.

Apesar de toda a informação disponível sobre a educação inclusiva, os professores ainda temem quando em sua classe é matriculado um aluno com deficiência. Isso porque lidar com o outro é sempre um desafio, em especial quando o outro é diferente – bem diferente.

O primeiro passo é REALMENTE desfazer a ideia de homogeneidade e ter consciência das diferenças. Refiro-me aqui ao fato de que a aprendizagem é algo individual que ocorre no âmbito coletivo, isto é, as representações do objeto só se tornam as mesmas quando esse objeto é partilhado por um grupo.

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2.5- Estratégias para o Ensino de Alunos Autistas:

A escola tem um importante papel na elaboração de estratégias para

que estes alunos consigam desenvolver capacidades para se integrar e

interagir com as outras crianças ditas “normais”. O nível de desenvolvimento da

aprendizagem do autista geralmente é lento e gradativo, portanto, caberá ao

professor adequar o seu sistema de comunicação a cada aluno. Práticas

pedagógicas eficazes e apropriadas às deficiências são imprescindíveis para a

evolução dos alunos, porém o professor só conseguirá planejar e desenvolver

um trabalho eficiente quando entender a necessidade de buscar os referenciais

teóricos e pedagógicos adequados.

Visando o desenvolvimento dos portadores do autismo, faz-se

necessário a utilização na escola de rotinas de trabalho para neutralizar estas

dificuldades organizacionais, como por exemplo, o uso de programações e

instruções visuais mostrando concretamente aos alunos autistas o que foi

completado, o que precisa ser terminado e como prosseguir.

Outra importante questão para uma aprendizagem eficiente, em

especial a inclusiva, é o vínculo afetivo. Todo trabalho deve partir da emoção.

O afeto é o mediador entre a confiança e o desejo de aprender. Este desejo

estimula a capacidade de atenção, bem como a qualidade no registro do que é

lecionado. Quando o aluno encontra afeto junto aos professores, funcionários e

colegas de turma, o aprendizado torna-se mais prazeroso e,

consequentemente, mais fácil. Conforme nos diz Cunha (2013, p.34):

A partir daí, os principais passos que a escola precisa dar na direção

de uma inclusão bem sucedida na escola particular ou pública é identificar o

grau de autismo do aluno e suas dificuldades, contando para isso com o auxílio

de equipe multidisciplinar, formada por médicos e psicoterapeutas. Após essa

etapa, é importante implementar o uso de jogos e recursos visuais, que

Decerto, é mais importante semear no educando o desejo de aprender do que simplesmente ensinar. O principal gene do afeto é o amor, que reveste de humanidade a práxis escolar, com laços de compreensão e entendimento, tornando o aprendizado surpreendentemente atraente. É notório que aprendemos melhor quando amamos.

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facilitem a aprendizagem desses alunos, além da convivência monitorada junto

aos demais alunos (CUNHA, 2013).

Ainda em consonância com o referido autor, outra maneira de

propiciar a aprendizagem é aproveitar o fato de que “muitas crianças autistas

são boas em desenho, artes e na utilização de computadores e se fixam num

assunto específico o que deve ser usado para motivar os trabalhos da escola”

(CUNHA, 2013, p.43). Se a criança gosta de carros, por exemplo, pode-se ler

um livro sobre carros e fazer exercícios de matemática usando o mesmo

elemento.

No Brasil, muitos profissionais que trabalham com crianças com

autismo em instituições e clínicas, utilizam programas específicos na educação

dessas crianças. Como exemplo, existe o programa TEACCH, que é um

programa altamente estruturado que, com uma intervenção específica,

combina diferentes materiais visuais para aperfeiçoar a linguagem, o

aprendizado, reduzir comportamentos inapropriados e minimizar a ansiedade e

potenciar a aprendizagem. Estes profissionais defendem que,

independentemente do nível de distúrbios comportamentais identificados em

cada caso, esta intervenção junto de crianças autistas tem se mostrado

eficiente, posto que o programa se utiliza das características autistas, como a

preferência pelo concreto e a rotina rígida, a favor do aprendizado deste aluno.

Vale ressaltar que este programa não é o único instrumento que

pode ser utilizado no aprendizado e tratamento dos indivíduos com TEA.

Outras abordagens têm sido estudadas e utilizadas, tais como ABA (Análise

Aplicada do Comportamento), que objetiva a conquista de habilidades sociais e

de linguagem, reduzindo “problemas comportamentais”, usando reforço positivo

contínuo; o Currículo Funcional Natural, que tem por base uma filosofia

centrada no aluno, na crença de que o potencial de aprendizagem é igual em

todos e é constituída por alguns pontos chave que promovem a autoestima, a

socialização e a afetividade, tendo sempre em vista a autonomia,

desenvolvendo competências funcionais e reduzindo comportamentos

inadequados do aluno; as Histórias Sociais, usadas para ensinar habilidades

sociais às crianças com autismo, tratando-se de uma descrição simples de uma

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situação cotidiana social, escrita a partir da perspectiva de uma criança e que

podem ser usadas em diferentes situações, onde a ideia é que a criança ensaie

a história antes do tempo, com um adulto, então, quando a situação realmente

acontece, a criança pode usar a história para ajudar a orientar o seu

comportamento; e o sistema PECS (Sistema de Comunicação através de

Figuras) que, baseado na facilidade do autista de compreender estímulos

visuais, objetiva facilitar e estimular a comunicação, desenvolvimento da

criança, compreensão das rotinas diárias, diminuir a ansiedade e problemas de

comportamento decorrentes de situações estressantes.

Nesse estudo a opção foi pelo programa TEACCH, não só pelo fato

de ser a metodologia adotada na escola onde foi realizado o estudo de casos

conforme explicita o capítulo IV, como também por ser um programa de boa

adaptação e fácil aceitação no âmbito escolar, como veremos no capítulo que

se segue.

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CAPÍTULO III

PROGRAMA TEACCH

3.1- Conceito:

O TEACCH é um programa de tratamento e educação para pessoas

de todas as idades com autismo e problemas severos relacionados com a

comunicação e aprendizagem. Tem base comportamental e utiliza um método

de intervenção que, por meio de uma “estrutura externa”, organização de

espaço, materiais e atividades, permite criar mentalmente “estruturas internas”

que devem ser transformadas pela própria criança em estratégias que, mais

tarde, poderão funcionar fora da sala de aula em ambientes menos

estruturados. É um programa que envolve as esferas de atendimento

educacional e clínico em uma prática predominantemente psicopedagógica.

Figura 05 – Logo oficial do Programa TEACCH

Fonte: https://www.autismspeaks.org/what-autism/treatment/teacch

A filosofia desse programa consiste em ajudar a criança com

autismo a crescer da melhor maneira possível de modo a atingir o máximo de

autonomia na idade adulta. Entre os seus princípios orientadores destacam-se:

• Melhoria da capacidade adaptativa da criança;

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• Colaboração entre pais e profissionais;

• Avaliação individualizada para a intervenção;

• Ênfase na habilidade e reforço nas capacidades do aluno;

• Teoria cognitiva e comportamental fundamentando a prática;

• Ensino estruturado, agindo como fator de organização e previsibilidade.

Para avaliar a criança, o programa TEACCH utiliza uma avaliação

chamada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado), que leva em conta seus

pontos fortes e suas maiores dificuldades tornando possível um programa

individualizado (MELLO, 2007, p.36).

Como dito, o TEACCH se baseia na organização do ambiente físico

por meio de rotinas (organizadas em quadros, painéis ou agendas) e sistemas

de trabalho, adaptando o ambiente para tornar mais fácil sua compreensão por

parte da criança, e para que ela também possa entender o que se espera dela.

Esse procedimento visa desenvolver a independência da criança, favorecendo

a aprendizagem de novas habilidades, incentivando também a autoestima,

reduzindo comportamentos inapropriados que resultam em confusão,

ansiedade e hiperestimulação. Conforme Boralli (2013, p.51 e 52):

“A filosofia do programa TEACCH está fundamentada na máxima

behaviorista de que só é possível teorizar e agir sobre o que é cientificamente

observável” (RODRIGUES, 2010, p. 81). Apesar da ainda pouca referência

teórica encontrada na literatura sobre o tema, o material analisado apresenta o

programa como de suma importância para o trabalho pedagógico com alunos

autistas. O TEACCH é relevante no trabalho com autistas, no que diz respeito a

uma metodologia eficaz para as modificações de comportamentos (ORRÚ,

2007, p.53).

Em outras palavras, o que pode ser visto e gravado como imagem concreta tem função para os autistas; o que necessita de elaboração, introspecção ou interpretação social é extremamente difícil para eles. Daí a grande dificuldade de entenderem as entrelinhas de uma realidade, as regras e os manejos socais, pois a vida social é pura interpretação e não simplesmente uma imagem observável que pode ser gravada e arquivada como conhecimento.

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Os princípios norteadores fundamentais do programa são a busca

pela capacitação adaptativa do sujeito, o trabalho em conjunto entre pais e

profissionais, adaptação das necessidades do aluno às estratégias de

avaliação enfatizando os seus saberes, além de sua prática ser fundamentada

em teorias cognitivas, comportamentais e psicolinguísticas, com ensino

estruturado organizado gerando a previsibilidade.

Em resumo, de acordo com as palavras de Fonseca e Ciola (2014, p.

18):

A partir da análise das técnicas desenvolvidas e apresentadas, o

programa TEACCH mostra-se então como uma eficiente opção de atendimento

educacional especializado para alunos com autismo e apresenta componentes

que podem ser utilizados e bem explorados em ambiente escolar de sala de

aula comum.

3.2- Breve Histórico:

O TEACCH, de acordo com Mello (2007), foi desenvolvido na

década de 60, no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da

Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, e hoje é muito utilizado em

vários países do mundo. Ele foi idealizado e desenvolvido pelo Dr. Eric

Schoppler.

Na década de 50, conforme Schopler (apud FONSECA), manter a

criança autista em instituições era considerado a melhor (para muitos, a única)

estratégia de tratamento. Porém as intervenções não estruturadas com

orientação psicodinâmica pareciam não ajudar as crianças, pois estavam

resultando em um aumento na frequência e na intensidade dos

Na perspectiva educacional, o foco do programa TEACCH está no ensino de capacidades de comunicação, organização e partilha social. Assim, centra-se nas áreas fortes, frequentemente encontradas nas crianças com perturbações do espectro do autismo: processamento visual, memorização de rotinas e interesses especiais. O programa deve ser sempre adaptado a níveis de funcionamento diferentes e às necessidades de cada pessoa.

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comportamentos não adaptativos como dificuldades em autocuidados, controle

de esfíncter e um aumento na ansiedade. Além disso, as pesquisas da época

passaram a enfocar experiências empíricas e os pesquisadores não

encontravam distúrbios específicos nas personalidades dos pais dos autistas

ao realizar estudos analisando estas variáveis.

Schopler e Reichler verificaram que os pais que participavam do

tratamento, apresentavam grande habilidade para avaliar o nível de

desenvolvimento de seus filhos, fazendo-o com razoável precisão. Assim, foi

possível observar que estes conseguiam um bom nível de relacionamento com

seus filhos autistas e que poderiam ser estimulados a auxiliarem no programa

de tratamento proposto pela Universidade.

Por todas estas observações, o grupo da Universidade da Carolina

do Norte passou a reconhecer as limitações da abordagem psicanalítica. O

desenvolvimento das pesquisas indicou que o autismo poderia ser causado por

uma variedade de fatores biológicos, e o conceito passou a ser adotado

enquanto uma disfunção neurobiológica, de etiologia desconhecida, que

provocaria déficits cognitivos, o que mudou o enfoque da proposta terapêutica

que passou a buscar entender a patologia neurológica e desenvolver

ambientes consistentes com as necessidades cognitivas das pessoas com

autismo. Na mesma época destes estudos, o governo americano aprovou uma

lei garantindo o acesso dos indivíduos portadores de deficiência à educação

pública com um programa educacional especial e individualizado.

Finalmente, em 1972, o TEACCH foi adotado nos Estados Unidos

como o primeiro programa estadual para atendimento a crianças autistas e

portadoras de deficiências na comunicação de seus familiares.

Desde então, a Divisão TEACCH tem servido como modelo

internacional para a estruturação de locais de atendimento a indivíduos

autistas, operando em vários centros regionais na Carolina do Norte. O

trabalho desenvolvido abrange as áreas de avaliação, desenvolvimento de

curriculum individualizado, treinamento de habilidades sociais, treinamento de

atividades vocacionais, aconselhamento para pais e formação de profissionais

no programa TEACCH.

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3.3- Proposta Educacional TEACCH:

Ao considerar aspectos como ensino e avaliação individualizados,

currículos adaptados, equipe preparada e participação familiar, o TEACCH

procura trabalhar em uma proposta educacional similar aos programas de

atendimento utilizados na educação especial, porém, de maneira diferenciada,

dando particularidades ao autista. Considera a necessidade autística de

reformulação dos materiais, que precisam estar sinalizados e organizados

visualmente, bem como mobiliários e estímulos visuais, na intenção de tornar

as atividades mais compreensíveis, diminuindo a dependência do aluno em

relação ao professor e reduzindo os problemas com a irregularidade das

percepções sensoriais.

Na perspectiva educacional, o foco do programa TEACCH está no

ensino da capacidade de comunicação, organização e convívio social.

Aproveita-se para seu trabalho, das áreas fortes frequentemente encontradas

nas crianças com TEA: processamento visual, memorização de rotinas e

interesses especiais. Os principais aspectos do programa TEACCH que podem

ser utilizados no ambiente escolar são:

• Estrutura física: o ambiente deve estar preparado e organizado, com os

materiais e móveis em seus devidos lugares e de acordo com a clareza

visual e limites físicos do aluno; com sinalização adequada,

minimizando as distrações visuais e auditivas.

• Agenda Diária: como a aprendizagem de autistas se dá de maneira

superior por meio do canal visual, dicas visuais deverão ser colocadas

ao seu alcance, assim, ele aprende mais rápido, reduz o

comportamento agressivo e auto lesivos, ficam mais tolerantes às

frustrações, reduzem a ansiedade e ficam mais independentes. A

sinalização é muito importante nesse processo. Podem ser utilizados:

agenda, sequência de objetos; figuras; fotos; figuras com palavras e

apenas palavras.

• Estrutura visual: ensinar alunos autistas usando sinais visuais é uma das

formas de estimular suas aptidões visuais e potenciais, minimizando

dos déficits advindos do processamento auditivo. O TEACCH enfatiza

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os seguintes pontos – instruções visuais (fala), organização visual

(material e espaço) e clareza visual.

O programa TEACCH não pretende eliminar o padrão autístico, nem

seria possível, e sim aproveitar o que o autismo provoca na pessoa. Ao mesmo

tempo em que estrutura atividades em sistemas de trabalho que organizam o

pensamento e evidenciam o conceito que está sendo ensinado, o oferecimento

das tarefas em vários contextos favorece a generalização do conteúdo,

gerando a aprendizagem.

Segundo Boralli (2013, p.53), “negar a importância deste programa

para os autistas do mundo todo parece pouco inteligente, além do que o

programa prevê a participação e integração total entre família e escola”. Deve

ficar claro que o programa deve ser sempre adaptado aos diferentes níveis de

funcionamento e às necessidades individuais de cada criança.

Analisando a aplicabilidade de alguns de componentes deste

programa em escolas regulares, pretende-se confirmar a hipótese de que uma

educação baseada no uso deste programa contribui para um desenvolvimento

mais significativo das crianças autistas dentro das suas possibilidades.

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CAPÍTULO IV

ANÁLISE DESCRITIVA DO TRABALHO PEDAGÓGICO

REALIZADO COM BASE NO PROGRAMA TEACCH

4.1- Descrição do Objeto de Estudo:

Para fazer a pesquisa in loco junto à escola, foi feita uma abordagem

junto á instituição de ensino, pedindo a autorização para tal procedimento,

assim como explicitando a finalidade da pesquisa. De posse do consentimento

para tal atividade, com a ressalva de que não fossem expostos nem o nome

desta nem os dos alunos, a pesquisa foi realizada no mesmo local.

A instituição em questão é uma escola particular situada na zona

Oeste do Rio de Janeiro, no bairro de Campo Grande. Atende uma população

de classe média e tem uma excelente reputação na região. Atende do berçário

ao 9º ano. Tem uma boa estrutura física e organizacional e uma equipe

psicopedagógica bem completa, contando com gestor geral, gestores por

áreas, psicóloga e psicopedagoga. As turmas de educação infantil até o 1º ano

contam com o professor regente e um auxiliar, além de facilitadores

(nomenclatura dada pela escola ao que comumente conhecemos por mediador

escolar) para alunos com NEE que demandam este profissional. Há

facilitadores também em turmas de 3º, 4º e 9º ano. Estes profissionais,

segundo a equipe psicopedagógica nos sinalizou, são professores recrutados

pela escola, recém-formados no curso normal e que estejam cursando

faculdade na área de educação. Eles são treinados, orientados e

supervisionados pela gestora de Educação Especial e Inclusiva da instituição -

uma psicopedagoga com especialização nesta área e também no trabalho com

o programa TEACCH.

De acordo com esta profissional, afeto e boa vontade são as molas

propulsoras do trabalho com estes indivíduos. A escola trabalha com alunos

autistas já há alguns anos, com muito sucesso, sempre permeando seu

trabalho com afeto e respeito, segundo ela. De fato, Cunha (2013, p.35),

corrobora este pensamento:

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O universo estudado foi composto por três alunos, com idades entre

três e nove anos, dois meninos e uma menina. Os dois primeiros foram

observados no período de fevereiro a junho deste ano. A princípio seriam

somente estes dois, escolhidos pelos seguintes critérios: idades variadas (três

e nove anos); experiência escolar diversa (um começou sua caminhada

pedagógica este ano, o outro já frequenta a escola desde a alfabetização);

maneira de comunicação (um é não verbal, o outro já verbaliza, usando

principalmente a ecolalia); e constituição familiar (um filho único de mãe viúva,

o outro com pai, mãe e irmã caçula). A observação foi realizada duas vezes por

semana, o menor estudando pela manhã e o maior à tarde.

A menina, de cinco anos, foi acrescentada ao estudo depois por

duas razões: a ideia de observar uma menina autista foi encantadora, mesmo

ela tendo chegado à escola depois, no fim de março; ela trazia consigo uma

experiência bastante negativa em relação à outra escola, deixando a equipe

psicopedagógica muito mobilizada em torno desta aluna. Assim, fiz uma

espécie de revezamento na observação dela com a do aluno mais velho,

dividindo o tempo de observação, duas horas e quinze minutos em cada sala,

alternando início e fim das aulas.

4.2- Relato do trabalho Pedagógico observado:

O objetivo desta observação é compreender o papel do professor na

utilização do programa TEACCH aplicado a alunos de escolas regulares,

visando auxiliar no desenvolvimento das atividades diárias dos portadores de

autismo, acrescentando qualidade de vida para eles e seus familiares como um

recurso educacional alternativo ao processo de ensino e apontar algumas

diretrizes avaliativas e estratégias de trabalho, partindo-se da hipótese de que

Quando amamos o que fazemos, nosso cérebro libera um neurotransmissor, a dopamina, que produz a sensação do prazer. Muitos buscam esse efeito artificialmente por meio de fármacos, mas sabemos que podemos produzi-lo, naturalmente, em nosso organismo, mediante ações de amorosidade pelas pessoas e nas atividades que realizamos.

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uma educação baseada no uso do programa TEACCH contribui para um

desenvolvimento mais significativo das crianças autistas dentro das suas

possibilidades, pois favorece a generalização, o controle do comportamento,

estimula e desenvolve a atenção e ajuda a administrar a sequencialização,

questões fundamentais que entravam a aprendizagem do aluno com TEA.

Os componentes do programa TEACCH utilizados pela escola

observada para o ensino de seus alunos autistas são:

A) ORGANIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO A sala de aula deve ser bem organizada. Uma rotina estruturada e previsível

possibilita um ambiente menos confuso, diminuindo problemas de

comportamento. O ambiente deve dar informações sobre o que é solicitado ou

esperado naquele espaço, de forma clara. Devemos minimizar distrações

visuais e auditivas a fim de possibilitar que o estudante preste atenção na

atividade proposta.

B) PROGRAMAÇÃO DIÁRIA (ROTINA EM MURAL) A organização e visualização da rotina, feita com mural de objetos concretos,

fotos, desenhos e/ou palavras, de modo que a criança consiga visualizar quais

as tarefas que serão realizadas durante o período. Assim é possível ensinar o

que vem antes e o que acontece depois proporcionando o planejamento de

ações e seu encadeamento numa seqüência de trabalho. Pode ser

apresentada seguindo a ordem de cima para baixo, ou da esquerda para a

direita com indicação visual para o término.

C) ATIVIDADES

As atividades deverão ser elaboradas de acordo com o desenvolvimento de

cada criança, não devemos facilitar nem dificultar muito o nível das atividades

oferecidas às crianças. Se forem muito fáceis podem levar a crianças à

monotonia, sendo muito difíceis, podem desestimular e/ou inibir o aluno. É

preciso atentar também para a organização e a clareza visual das atividades.

Deve ser fácil para a criança visualizar o que deve ser feito, como e quando a

atividade estará terminada. Cada nova habilidade ensinada deve ser

apresentada visualmente. Quando ensinamos uma nova habilidade com

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estímulo visual, há mais probabilidade de sucesso. Cada atividade deve ter

somente um objetivo que ainda não foi adquirido pela criança, ou seja, a

atividade deve ser bastante específica.

Minhas observações se iniciaram junto com o ano letivo da escola,

em 02/02 do corrente. Foram feitas duas vezes por semana- terças e quintas.

As turmas de Educação Infantil fazem uma semana de adaptação, quando o

período de permanência na escola é aumentado gradativamente. No ensino

fundamental o horário é normal. Para os alunos autistas o período de

adaptação é de duas semanas na Educação Infantil e de uma semana no

Ensino Fundamental. Todas as famílias foram entrevistadas pela equipe

psicopedagógica da escola antes do início das aulas. Fui autorizada a ler os

relatos das entrevistas para conhecer melhor os objetos de meu estudo.

O quadro abaixo mostra o universo estudado como foi encontrado

no início do período de observação, seguindo-se após, a narrativa

individualizada de minha pesquisa:

ALUNO M S D

IDADE/SEXO 03 anos/ masculino 05 anos/ feminino 09 anos/ masculino

ESTRUTURA

FAMILIAR

Filho único, mãe

viúva, apoio de

familiares e amigos.

Pai e mãe, irmã mais

velha de 09 anos,

família unida, porém

fechada.

Pai e mãe, irmã mais

nova de 06 anos,

unidos e com apoio

familiar.

EXPERIÊNCIA

ESCOLAR

Primeira experiência

em escola.

Uma experiência

anterior, negativa

segundo a família.

Está na mesma

escola desde a

alfabetização.

VERBALIZAÇÃO Não verbal, com

gritos e murmúrios.

Não verbal, com

gritos, murmúrios e

balbucios.

Verbal, com

predomínio de

ecolalia - imediata e

tardia.

TURMA/TURNO Maternal III, manhã. Pré II, tarde. 3º ano, tarde.

AUXÍLIO

PROFISSIONAL

Facilitadora Facilitadora Facilitadora

Figura 06 – Quadro de Avaliação Inicial dos Alunos Objetos de Estudo

Fonte: Criação da Autora

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A) Aluno M:

O aluno começou o período de adaptação muito agitado. Gritava

muito e se recusava a entrar na sala, preferindo o parquinho. A facilitadora o

acompanhava e tentava o tempo todo fazer contato visual, sem sucesso.

Nos dois primeiros dias a avó acompanhou o menino e notava-se

nitidamente a ansiedade e nervosismo desta. No terceiro dia, foi solicitado que

fiasse apenas por meia hora, afastando-se depois, lentamente. Depois da

saída da avó, a criança começou a ser conduzida a outros espaços da escola,

até chegar a sua sala. Os dois primeiros dias a partir daí foram de muito choro

e resistência. Elas permitiram que ele explorasse a sala de aula e a facilitadora

sempre o acompanhava, “imitando” seus gestos e seus movimentos. Ele

começou a olhar pelo canto do olho.

Na semana seguinte ele voltou muito agitado, foi ao parque, mas a

facilitadora o direcionou logo para a sala. Começaram a mostrar a rotina visual

para ele e a direcioná-lo para as atividades da turma. Mostrou interesse por

lápis de cera, brinquedos de encaixe e livros. Foram os primeiros materiais que

usaram para fixa-lo na sala de aula. Aos poucos, ele foi ficando menos

resistente e mais receptivo aos comandos. As crianças da turma não

apresentaram dificuldades em aceita-lo. As meninas principalmente, o

“adotaram” como um bebê, o que precisou ser desconstruído depois, para que

ele se integrasse definitivamente ao grupo.

O trabalho proposto para ele consistiu em produzir uma rotina diária

para que pudesse visualizar as atividades. Esta rotina fica na parede da sala e

foi feita com fotos do aluno nas diversas atividades que fazem parte da rotina

diária deste (por esta razão não tive autorização para fotografar esta rotina),

como a rodinha e a hora do lanche, por exemplo. Foi colocada na horizontal,

para que o aluno a manipule da esquerda para a direita, respeitando a

progressão da escrita. Nesta rotina, inicialmente, foram alternados momentos

de parque com as atividades que se queria que ele realizasse: atividade,

parque, atividade, e assim sucessivamente. As atividades foram sempre

concretas, com pranchas e jogos. M resistiu muito no início, chorava para sair

do parque, mas aos poucos entendeu que depois voltaria e passou a aceitar.

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Durante as semanas que se seguiram a rotina foi sendo alterada diminuindo-se

as idas ao parque gradativamente e aumentando o tempo em sala de aula e as

atividades com o grupo.

Algumas situações dificultaram o trabalho com M: ele tem uma

saúde aparentemente frágil ou uma família extremamente protetora, pois, ao

menor sinal de mudança de tempo, ele falta, segundo a família, por problemas

respiratórios. Tais faltas, por períodos de dois ou três dias seguidos, atrasava o

programa preparado para ele, além de retardar o processo adaptativo. Outra

questão muito relevante foi o súbito falecimento da professora da turma,

ocorrido no final de junho. O acontecimento abalou toda a estrutura da escola e

mais ainda o equilíbrio emocional de M. A rotina, que estava dirigida para a

festa junina, foi alterada, pois as atividades relativas à festa foram canceladas e

o aluno sentiu a mudança súbita e reagiu com choros e crises de birra.

Apesar destas situações, o aluno conseguiu uma boa evolução. Já

consegue permanecer na rodinha por mais da metade do tempo que o grupo

geralmente permanece, já se alimenta sozinho, as crises de birra diminuíram

muito e está aceitando fazer muitas das atividades propostas para a turma.

Ainda não apresenta oralidade, mas já compreende quando chamado e

começou a apontar para o que quer. Embora superprotetora, a família se

mostra muito receptiva às propostas da escola e se mostra satisfeita com o

trabalho desenvolvido.

B) Aluna S:

A aluna chegou à escola na última semana de março, a família

estava bastante apreensiva, pois a aluna havia saído de uma experiência bem

traumática numa outra instituição, segundo os pais. A menina é bastante

comprometida, apesar de estar na faixa etária da turma, é muito maior que o

grupo e muito forte também. Notamos logo que era extremamente resistente e

com a força desmedida, foi muito difícil conduzi-la pelos espaços escolares. A

solução foi arrumar a sala de modo a dificultar suas “fugas”, pois a recondução

era complicada. Ela gritava muito e dependia extremamente de uma chupeta

para se acalmar. A facilitadora começou o trabalho de formação de vínculo

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“imitando” seus gestos e tentando fazer contato com o olhar. Experimentou

diversos objetos da sala e ela teve preferência pela massinha e blocos lógicos,

esses materiais foram usados para negociar o tempo em sala. Ela aparentava

não saber utilizar a folha de papel, então foi utilizada com ela folhas de

tamanho A3, o mesmo usado no maternal. Mesmo assim, o início foi difícil.

Apresentava muita resistência ao trabalho tanto na folha quanto com material

concreto.

A rotina preparada para ela foi feita com imagens, associando a

palavras, pois nesta turma já estão trabalhando letras, o nome próprio e alguns

substantivos. Também foi colocada na horizontal, para que a aluna a manipule

da esquerda para a direita, ajudando na escrita.

A turma foi extremamente receptiva à aluna, apesar das crises de

birra constantes nas primeiras semanas. Todos estavam muito empenhados

em fazer S se sentir bem na nova escola, pois a professora já havia

conversado com eles sobre a nova coleguinha e de como ela precisava ser

acolhida e bem recebida. De fato, apesar do início complicado, a aluna se

adaptou bem e muito mais rápido do que o esperado. Logo, ela estava

trabalhando com a rotina com destreza e aceitando bem os comandos e as

atividades propostas. Não apresenta mais resistência à rodinha e faz os gestos

das musiquinhas cantadas com bastante alegria. Na hora do lanche está

começando a pedir o suco pronunciando a sílaba “co” e abre sozinha a

garrafinha pedindo o liquido. Aliás, sua oralidade evoluiu enormemente nestes

poucos meses de trabalho, várias sílabas começaram a ser pronunciadas, com

intencionalidade, para incentivar a comunicação verbal, utilizam cartões para

comunicação como ir ao banheiro, beber água, entre outros. Não apresentou

ecolalia até o momento.

Um grande problema que S apresentava era a hipersensibilidade

aos barulhos à sua volta. Na hora da saída é usado um microfone para chamar

os alunos e isso era uma “tortura” para ela. Também a hora do hino e as

músicas colocadas no pátio eram momentos muito difíceis. Foi trabalhada a

antecipação destes momentos e a aluna hoje já consegue se controlar melhor.

Trabalhou-se com a família a importância de pegar a aluna no horário certo

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para evitar crises de ansiedade. Apesar da tristeza que tomou conta da escola

pela perda da colega de trabalho, as educadoras se empenharam em não

demonstrar nenhuma alteração de rotina para S, que não teve nenhuma

alteração emocional no período. A família de S mostrou-se muito satisfeita e

também emocionada com a evolução da aluna.

C) Aluno D:

O aluno já está adaptado ao trabalho com o TEACCH, pois começou

com ele no ano anterior. O desafio este ano foi usar uma rotina semanal e não

diária, para tentar ajudar D a se localizar num espaço maior de tempo. Outros

desafios a serem vencidos foram a mudança de andar, pois desde que

começou na escola, estudou num mesmo andar do prédio por apresentar

resistência de mudar, e a mudança de facilitador, que o acompanhou nos dois

anos anteriores e ajudou a implementar o trabalho com o TEACCH a partir de

2014. Aliás, resistência a qualquer mudança de rotina é uma das

características mais marcantes deste aluno, por esta razão optou-se por

manter as mesmas professoras do ano anterior.

As primeiras semanas foram muito difíceis para D. O antigo

facilitador acompanhou a facilitadora nova durante o período de transição, mas

D não a aceitou, ao contrário foi muito agressivo com ela. Ao final da segunda

semana ela desistiu. Depois dela, seguiu-se um facilitador e mais duas outras

facilitadoras, somente a última teve a persistência necessária e conseguiu criar

vínculo com D. O aluno, apesar de ser muito carinhoso tem crises de birra com

episódios de agressividade muito fortes e, por apresentar muita resistência a

qualquer mudança de rotina, a adaptação com a nova facilitadora foi muito

difícil, e ainda havia a questão da troca da sala. Em alguns momentos, fui

solicitada a sair da sala para não aumentar a ansiedade dele. Vencida esta

etapa, que durou um pouco mais de um mês, concentrou-se na parte

pedagógica. Além de todas as questões pedagógicas, a mãe relatou que a avó

materna dele está cm câncer e pediu a ajuda da escola, pois não há outra

pessoa que possa cuidar da avó e por isso ela, mãe, tem dado pouca atenção

aos filhos - D tem uma irmã mais nova que estuda na mesma escola.

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A rotina semanal só foi apresentada a ele depois da adaptação à

sala e a facilitadora, enquanto isso trabalhou com a rotina antiga. Como a

mudança da rotina foi grande (de diária para semanal), optou-se por usar

imagens com palavras, para auxiliar na localização das atividades. Outra

questão que precisava ser superada é a utilização do computador de forma

compulsiva e sem objetivo pedagógico. No início o computador foi usado para

negociar o tempo em sala e a realização das atividades, depois começou a ser

utilizado com fins pedagógicos e a facilitadora criou dois cartões diferentes

para o computador, que ele diferencia com facilidade.

A funcionalidade da comunicação foi outro ponto forte a ser

trabalhado, pois D ainda tem muita ecolalia, inclusive usando frases inteiras de

filmes infantis, muitas vezes sem função, uma regressão em relação ao ano

anterior, quando já estavam conseguindo respostas mais concretas. Estão

sendo utilizados cartões para comunicação com este aluno também.

Em relação ao trabalho pedagógico, houve uma reunião para definir

os conteúdos a serem aplicados a D e depois professoras e a facilitadora

começaram um trabalho de transformar a maior parte possível de conteúdos

em pranchas, trabalhando o concreto. Foi explicado que os conteúdos são

trabalhados com D em etapas, a partir do momento que ele demonstra ter

apreendido o conteúdo aplicado, mostra-se um novo conteúdo, sempre

trabalhando a partir do concreto. Da mesma forma são trabalhadas as

avaliações, que são adaptadas. Ele não usa os livros da turma, as atividades

dos livros que podem ser adaptadas são fotocopiadas e trabalhadas

separadamente, seja somente em folha, seja transformada em pranchas.

Ao final do período de observação, D estava bem adaptado ao

ambiente, à rotina e a nova facilitadora. Também estava respondendo bem na

área pedagógica. Embora ainda com bastante ecolalia, está recuperando a

comunicação verbal com maior funcionalidade. Acredito que o fato da família

estar mais equilibrada, pois o tratamento da avó está evoluindo bem, ajudou

muito nesta reorganização de D, pois a mãe é muito participativa, embora saiba

de sua existência, não ouvi nenhuma referência em relação ao pai desta

família.

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4.3- Análise dos Dados:

Após a realização da coleta junto aos participantes da amostra, os

dados foram analisados e categorizados para melhor entendimento dos

benefícios do método TEACCH junto a crianças autistas, seguido de

estruturação dos dados obtidos em quadros, conforme serão apresentados no

decorrer deste tópico. Ao observar os quadros, fica clara a evolução de todos

os alunos neste período. Todos obtiveram avanços em todas as áreas que,

tradicionalmente, são prejudicadas no TEA: comportamento, socialização e

comunicação, o que se refletiu no aprendizado.

ALUNO: M (03 anos) AVALIAÇÃO INICIAL AVALIAÇÃO FINAL

COMUNICAÇÃO Não apresenta linguagem verbal,

não demonstra o que deseja, nem

aponta, mas atende quando

chamado. Não compreende

comandos simples.

Ainda não apresenta linguagem

verbal, mas já usa gestos para

comunicar o que deseja e começou

a emitir balbucios com

intencionalidade de comunicação.

Já compreende e aceita comandos

simples.

INTERAÇÃO SOCIAL Não apresenta interação com os

colegas e educadoras. Aceita o

contato físico, mas não direciona o

olhar.

Já aceita o contato dos colegas de

turma. Senta-se em grupo e

participa da rodinha, embora por

um tempo ainda curto. Já

consegue direcionar o olhar por

alguns momentos e sorri.

COMPORTAMENTO Foge o tempo todo da sala. Anda

pela sala e balança os braços o

tempo todo.

Permanece na sala e, quando

demonstra irritação, puxa a

facilitadora para o “passeio”.

ADAPTAÇÃO

EMOCIONAL

Muita irritabilidade. Tem crises de

choro e gritos constantes, seguidos

de risos aparentemente

inapropriados.

Está mais calmo, ainda tem crises

de birra, mas são bem mais

esporádicas. A facilitadora

consegue leva-lo de novo à calma.

AUTONOMIA Usa fraldas. Não consegue usar o

copo. Necessita de direcionamento

constante.

Já se alimenta sozinho e consegue

usar o copo. Ainda usa fraldas,

mas as educadoras pretendem

começar o desfralde no próximo

semestre.

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ATENÇÃO/

CONCENTRAÇÃO

Muito agitado, não consegue ficar

muito tempo sentado, nem realiza

as atividades.

Ainda é muito agitado, mas está

mais controlado. Consegue folhear

os livrinhos da sala e gosta

bastante de brincar com joguinhos

de montar.

PEDAGÓGICO Não observado. Está realizando as atividades que

são propostas a ele. Trabalha com

pranchas e com atividades

concretas.

Figura 07 – Quadro Comparativo: Aluno M

Fonte: Criação da Autora

ALUNA: S (05 anos) AVALIAÇÃO INICIAL AVALIAÇÃO FINAL

COMUNICAÇÃO Não apresenta linguagem verbal,

mas mantém um balbucio

constante. Não demonstra o que

deseja, nem aponta, mas atende

quando chamada. Compreende

comandos simples, mas resiste

muito em obedecer ou realizar

qualquer tarefa.

Começou a falar algumas palavras

e as utiliza om intencionalidade

comunicativa. Direciona as

educadoras para o que deseja, ou

mostra apontando. Ainda resiste a

comandos simples, mas este

comportamento diminuiu

consideravelmente.

INTERAÇÃO SOCIAL Não apresenta interação com os

colegas e educadoras. Aceita o

contato físico, mas não direciona o

olhar.

Aceita melhor o contato com

colegas. Fica na rodinha e “canta”

músicas com o grupo, fazendo

gestos. Já consegue direcionar o

olhar por alguns momentos.

COMPORTAMENTO Foge o tempo todo da sala. Anda

pela sala e balança os braços o

tempo todo. Avança nas coisas que

quer. Tem hipersensibilidade a

barulhos, música e conversa dos

amigos a irritam extremamente.

Usa chupeta.

Permanece mais tempo na sala de

aula. Os movimentos

estereotipados diminuíram. Ainda

usa chupeta, mas está sendo

preparada para deixar o uso.

Consegue ouvir música e tem um

tempo maior de tolerância a

barulhos.

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ADAPTAÇÃO

EMOCIONAL

Muita irritabilidade. Apresenta gritos

constantes, seguidos de risos

aparentemente inapropriados, joga-

se no chão quando contrariada.

Ainda se joga no chão, mas este

movimento tem diminuído

bastante.

AUTONOMIA Tem controle de esfíncteres, vai

direto ao banheiro sem pedir. Usa

uma garrafinha, mas não sabe abri-

la.

Faz o movimento correto para abrir

a garrafa.

ATENÇÃO/

CONCENTRAÇÃO

Muito agitada, não consegue ficar

muito tempo sentada.

A agitação diminuiu bastante.

PEDAGÓGICO Recusa em trabalhar com qualquer

material pedagógico. Só utiliza

massinha.

Aceita fazer as atividades.

Trabalha com folha A3, pranchas e

jogos pedagógicos.

Figura 08 – Quadro Comparativo: Aluna S

Fonte: Criação da Autora

ALUNO: D (09 anos) AVALIAÇÃO INICIAL AVALIAÇÃO FINAL

COMUNICAÇÃO Usa linguagem verbal através de

ecolalia e frases simples.

Compreende comandos.

Aumentou bastante o vocabulário e

também tem usado gestos para se

comunicar.

INTERAÇÃO SOCIAL Apresenta interação com os

colegas e educadoras. Aceita o

contato físico e direciona o olhar.

Apesar disso, irrita-se com

facilidade.

Está bem mais calmo e seguro.

COMPORTAMENTO Foge o tempo todo da sala.

Apresenta momentos de agitação e

agressividade, principalmente

quando contrariado.

Está aceitando ficar mais tempo na

sala de aula. Está mais controlado

e seguro.

ADAPTAÇÃO

EMOCIONAL

Apresenta grande instabilidade

emocional. Alterna dias de calma

com dias de extrema agitação.

Está mais estabilizado, consegue

controlar melhor os impulsos.

AUTONOMIA Tem bastante autonomia. Permanece com autonomia.

ATENÇÃO/

CONCENTRAÇÃO

Muito agitado, não consegue ficar

muito tempo sentado, nem realizar

as atividades.

Está mais centrado e calmo.

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PEDAGÓGICO Não tem conseguido realizar as

atividades pedagógicas.

Realiza atividades em folhas, no

caderno e no computador.

Trabalha atividades matemáticas

com auxílio de material concreto e

calculadora.

Figura 09 – Quadro Comparativo: Aluno D

Fonte: Criação da Autora

Ao concluir minhas observações sobre o trabalho desenvolvido com

estes alunos com TEA nesta instituição de ensino, pude verificar na prática que

“um aspecto que estaria embasando o processo pelo qual uma criança autista

aprende é a necessidade de forte estruturação e previsibilidade.” (Boralli, 2008,

p. 44). Restou claro também que “educar o aprendente com Autismo é

constituir uma relação dialógica; uma relação dialógica que pressupõe um jeito

diferente de aprender e um jeito diferente de ensinar.” (Cunha, 2013, p. 139).

É necessário refletir em como incluir uma criança autista em uma

classe regular. Devemos pensar no melhor para o grupo e para o autista. Não

podemos querer que todos se adaptem imediatamente a ele e nem que ele

precise se adaptar sozinho a tudo. É função dos educadores tornar esse

processo agradável e tranquilo para ambas as partes. O professor tem a

responsabilidade de educar tanto as crianças chamadas típicas quanto as com

qualquer deficiência, assegurando que este último seja um membro integrante

e valorizado dentro da sala de aula.

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CONCLUSÃO

Em resposta à pergunta que norteou esse estudo sobre como o

programa TEACCH pode auxiliar crianças com autismo, pude perceber sua

eficácia no tocante às categorias observadas, de socialização, aprendizagem e

comunicação.

Ficou evidenciado que se iniciou uma socialização com os colegas

da turma e educadoras, no caso das crianças da Educação Infantil, e que esta

foi ampliada no caso do terceiro aluno. O programa TEACCH demonstrou ser

bastante eficiente em aumentar o tempo dos alunos em sala, na realização das

atividades e modificação de comportamentos inapropriados. Os componentes

do programa utilizados para o ensino de conceitos pedagógicos

corresponderam de forma muito produtiva no processo de aprendizagem.

Após abordar os fundamentos que estão relacionados com o

Programa TEACCH, tive a oportunidade de concluir que sua fácil compreensão

favorece o desenvolvimento do autista, pois sua base visual o favorece.

Diante as mudanças ocorridas durante o trabalho de observação dos

alunos M, S e D e a forma como os profissionais trabalham e buscam a

parceria com as famílias, visualizou-se a evolução das crianças de uma forma

global, atingindo satisfatoriamente os objetivos.

Assim, os resultados indicam mudanças significativas no

desenvolvimento e comportamento dos alunos, superando as expectativas dos

objetivos iniciais.

Considero que o objetivo deste trabalho foi atingido. Ficou

evidenciada a relevância do uso dos componentes do programa TEACCH

como facilitador da prática pedagógica para o educando autista, conferindo ao

educador, possibilidades de aproximação e desenvolvimento das atividades

pertinentes ao processo educacional deste aluno, ampliando suas

possibilidades de uma inclusão bem sucedida.

Porém o trabalho é longo e é preciso conhecer mais profundamente

as condições reais da educação atual, possibilitando a efetiva educação dos

alunos com necessidades educacionais especiais, como a de qualquer outro

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cidadão. Diante das pesquisas realizadas pode-se perceber que a educação da

criança portadora de autismo é um desafio, porém cheio de possibilidades de

aprendizagem, desde que sejam utilizadas ferramentas que proporcionem essa

aprendizagem, respeitando suas capacidades e proporcionando caminhos para

a superação de suas limitações.

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ANEXOS

Fotos de algumas atividades desenvolvidas com os alunos com TEA.

Foto 01 – Rotina da Aluna S

Foto 02 – Rotina do Aluno D

Foto 03 – Aluno D em atividade no PC.

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Fotos 04 e 05 – Algumas pranchas do aluno M

Fotos 06 e 07 – Algumas pranchas da aluna S

Foto 08 – alguns cartões de comunicação usados por M, S e D.