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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O YOGA PARA AS CRIANÇAS, SOB O ENFOQUE DA
PSICOMOTRICIDADE, NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Por Charles de Freitas Lima
Orientadora
Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2008
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O YOGA PARA AS CRIANÇAS, SOB O ENFOQUE DA
PSICOMOTRICIDADE, NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Objetivo Geral: Verificar a
importância do Yoga para as
crianças na Educação Física escolar.
Por: Charles de Freitas Lima
3
AGRADECIMENTOS
Deliberadamente, agradeço a Deus
por encontrar-me dotado de maneira
a escrever esta obra literária.
Também agradeço aos Professores
que, com seus ensinamentos
acadêmicos, forneceram-me
conhecimento necessário para a
minha pós-graduação em
Psicomotricidade.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia às crianças!
5
EPÍGRAFE
“Toda criança nasce com a
mensagem de que Deus não perdeu
a esperança na humanidade”.
Rabindranath Tagore (1861-1941).
6
RESUMO
Esta pesquisa bibliográfica sobre Yoga para crianças, sob o enfoque da
Psicomotricidade, na Educação Física escolar, enfoca o seguinte aspecto: o Yoga,
quando bem planejado nas aulas, como uma prática educacional cientificamente
adequada aos objetivos almejados, é capaz de contribuir de maneira significativa
no desenvolvimento infantil, e contribui para a saúde da criança; assim como
também para o seu desenvolvimento psicomotor. O presente estudo teve como
objetivo específico relatar aspectos do Yoga que estão ligados ao processo
ensino-aprendizagem no desenvolvimento infantil, e analisar as possibilidades de
inseri-lo na Educação Física escolar. Conclui-se, nesta investigação, que o Yoga
para as crianças é de fundamental importância para as mesmas, desde que o
mesmo seja corretamente ensinado.
Palavras-chave: Yoga, saúde e equilíbrio.
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho é a pesquisa bibliográfica, tendo como
referencial as teorias de alguns autores bem considerados no meio do Yoga e
também no círculo acadêmico, baseando-se nos estudos de BAPTISTA,
FEUERSTEIN, PAULA, BINDO, LUCA, BARROS, BASTIOU, SINGLETON etc.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................... 09
CAPÍTULO I - ASPECTOS HISTÓRICOS DO YOGA............................... 11
CAPÍTULO II - CONTRIBUIÇÕES DO YOGA PARA A SAÚDE.............. 20
CAPÍTULO III - O YOGA NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL ................................................................................................. 30
CONCLUSÃO ........................................................................................... 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 46
9
INTRODUÇÃO
Em princípio, o Yoga1 é praticado por inúmeras pessoas no mundo,
embora tenha se originado no Oriente, especificamente, na Índia.
Literalmente, o termo Yoga significa união, porque vem da palavra
sânscrita yuj, que significar “unir”. Representa a união do ser humano com a
consciência cósmica à equanimidade para com todos os seres.
Atualmente, o Yoga não é mais visto como uma simples filosofia de vida
milenar, nem só como um antigo método empírico oriental, que era supostamente
praticado só por pessoas adultas, mas é reconhecido como uma ciência do
autoconhecimento, inclusive, promotora da saúde e da educação integral do ser
humano.
Como existem diversos exercícios na prática do Yoga, muitos devem
ser adaptados para a infância. Sobretudo, esses exercícios trabalham a
coordenação motora ampla e a fina, trabalham a lateralidade, o desenvolvimento
da percepção musical, olfativa, gustativa, espacial, temporal e corporal.
E diversas crianças estão tendo Yoga em algumas creches, escolas,
academias, institutos alternativos, praças públicas etc. Essas aulas costumam ser
mais dinâmicas e lúdicas, respeitando os limites das crianças, lecionadas por
profissionais e professores que estão se empenhando com afinco à educação
infantil.
“Brincando de Yoga”, várias crianças se beneficiam com atividades
lúdicas, danças, vocalização de sons e afirmações positivas, chegando a cumprir
1 A palavra Yoga, na presente monografia, será escrita com “y”, conforme a literatura internacional a descreve, embora tal palavra já tenha sido dicionarizada na língua portuguesa com “i”, e não menos importante que isto – tal palavra, em sânscrito, é um substantivo masculino, e o mais correto é pronunciá-la com “o” fechado.
10
atividades interessantes, como, por exemplo: imitar as posturas que envolvem os
movimentos de animais.
Não só as crianças estão assimilando as virtudes do Yoga, como
também os seus pais as percebem através da melhoria comportamental de seus
respectivos filhos. Todavia, há quem diga que o Yoga não deve ser ensinado para
as crianças. Esta “retórica de convencimento” vem perdendo as forças – graças às
descobertas científicas que alguns especialistas vêm fazendo em torno do
assunto, desmistificando que o Yoga só pode ser praticado por adultos.
O primeiro capítulo trata de alguns aspectos históricos do Yoga,
incluindo uma pequena abordagem de como o Yoga surgiu e como se disseminou
em alguns lugares através dos mestres que o difundiram.
O segundo capítulo mostra os benefícios do Yoga para a saúde, com
fundamentos científicos e atualizados, e que estão inter-relacionados com a
Psicomotricidade e a Educação Física.
O terceiro capítulo apresenta o Yoga para as crianças através das
classificações da infância, integrando-o numa perspectiva de transformação
educacional para a atualidade da sociedade moderna.
11
CAPÍTULO 1
ASPECTOS HISTÓRICOS DO YOGA
Segundo Baptista (2005), eis uma definição contemporânea sobre o
que realmente vem a ser o Yoga:
(...) “Yoga é, portanto, o nome genérico dos vários caminhos e
métodos indianos de auto-transcendência extática, ou de
transmutação metódica da consciência, até que esta se liberte da
personalidade egóica” (BAPTISTA, 2005, p. 356-357).
Destarte, o Yoga não tem uma data definida de quando exatamente
tenha surgido na história, não obstante, sua estrutura teórica é fundamentada em
escrituras muito antigas, alguns desses livros apresentam uma literatura muito rica
em filosofia, religião, valores morais, cultura etc. Todos, de um modo geral, são de
grande importância para os indianos. Tais textos são identificados, em sânscrito,
como Vedas2. Conforme atesta Chatterji (1973):
“A primeira menção ao Yoga nos textos védicos ocorre na Katha –
e na Svetasvatara-Upanisad. Praticamente todas as idéias
fundamentais do Yoga, tal como podem ser encontradas no
tratado sistematizado posteriormente e mais autorizado (os Yoga-
Sutras de Patanjali) estão, pelo menos de forma embrionária,
nessas duas Upanisads, que remontam a uma antiguidade muito
avançada” (CHATTERJI, 1973, p. 89).
Para uma melhor reflexão do que são os textos Upanisads, Gosvami
(1994) afirma:
2Os Vedas são escrituras milenares da Índia, uma das traduções deste termo significa “conhecimentos”.
12
“Os Upanisads são uma coleção de 108 dissertações filosóficas.
A palavra upa-ni-sat significa ‘sentar-se bem perto’ e refere-se ao
fato de o discípulo sentar-se bem ao lado de seu guru para
receber sabedoria védica transcendental. Dessa forma, os
Upanisads marcam o início da vida transcendental” (GOSVAMI,
1994, p. 43).
Como Chatterji menciona Patanjali em seu “A Sabedoria dos Vedas”,
vale complementar mais coisas a respeito desse mestre com as palavras de Paula
e Bindo (2002):
“Foi no contexto das escolas ortodoxas do pensamento indiano
que se consolidaram os Yoga Sutras, um conjunto de 196
aforismos atribuídos ao sábio indiano Patanjali, que os teria
escrito em alguma data entre 400 e 200 a.C. Isso não significa
que Patanjali tenha “criado” o yoga, mas sim que tenha
sistematizado, de uma forma aceitável para o pensamento
ortodoxo indiano, conceitos e práticas que já existiam muito tempo
antes dele. Nesse sistema, geralmente o processo do yoga é
descrito como ashtanga-yoga, ou os oito braços do yoga, que
envolvem prescrições de caráter ético e social, de preparação
física dos aspirantes para obter flexibilidade e boa saúde e,
finalmente, de interiorização para atingir a meta final, que é
aprimorar-se nas práticas meditativas, capazes de cessar as
atividades involuntárias da mente e chegar à dissolução no
absoluto” (PAULA; BINDO, 2002, p. 40).
Rose (2007), em sua recente dissertação no livro de “Ouro do Yoga”,
narra sobre a vida de Patanjali do ponto de vista histórico:
13
“O Patañjali histórico, ainda que sua própria existência tenha sido
posta em dúvida algumas vezes, teria nascido no noroeste do
subcontinente indiano, talvez na região de Gandhara (atualmente
localizada entre o nordeste do Afeganistão e o noroeste do
Paquistão), e certamente tinha proximidade com os mestres
vinculados ao Yajur Veda Negro. Pouco se sabe de sua vida,
além do que contam as lendas populares. A época em que ele
viveu é objeto de discussão ainda, mas as similaridades entre a
doutrina que ele elaborou e aquelas do budismo e do jainismo nos
permite localizá-lo aproximadamente no mesmo período em que
Mahavira e Siddharta Gautama apresentaram suas proposições.
Certamente o Yoga de Patañjali fez parte dos debates dessa
mesma época” (ROSE, 2007, p. 286).
Conhecido internacionalmente por seus estudos acadêmicos sobre a
tradição do Yoga, o Dr. Georg Feuerstein (2005) demonstra em seus livros que
essa tradição é um profundo caminho de autotransformação para alcançarmos o
equilíbrio na vida. Vejamos o que ele diz sobre essa antiga tradição:
“Muito embora o Yoga tenha se originado em solo indiano e por
muitos milênios tenha nele se desenvolvido, é concebido e
concebe a si mesmo como uma tradição de libertação para toda a
humanidade. Seus fundamentos morais são considerados
universalmente válidos; suas práticas físicas e mentais foram
criadas para ser executadas pelo corpo e a mente humanos
comuns; seu objetivo – a Realidade transcendente – é a base de
toda a existência. Se existem ensinamentos yogues
especificamente ligados à cultura indiana, eles só representam
uma pequena fração da herança total do Yoga. Portanto, o Yoga
é, em princípio, tão pertinente para o homem contemporâneo
quanto era para os nossos mais remotos antepassados”
(FEUERSTEIN, 2005, p. 26).
14
Diversas pessoas fazem do ideal de vida que surgiu do Yoga a sua
fonte de orientação, de sabedoria, de paz e felicidade. Considerando que existem
várias explicações antigas sobre o que é o Yoga, Feuerstein (2005) nos dá o
seguinte parecer sobre 12 definições tradicionais:
“Yoga é o controle dos turbilhões da mente (citta).” – Yoga-Sutra
(1.2); “Yoga é habilidade nas ações.” – Bhagavad-Gîtâ (2.50);
“Yoga é êxtase (samâdhi).” – Yoga-Bhâshya (1.1); “Diz-se do
Yoga que é a unidade da respiração, da mente e dos sentidos, e o
abandono de todos os estados de existência.” – Maitrî-Upanishad
(6.25); “Yoga é a união da alma vivente [individual] (jîva-âtman).”
– Yoga-Yâjnavalkya (1.44); “Diz-se do Yoga que é a unificação da
teia das dualidades (dvandva-jâla).” – Yoga-Bîja (84); “O Yoga é
conhecido como a dissociação (viyoga) da associação
(samayoga) com o sofrimento.” – Bhagavad-Gîtâ (6.23); “O Yoga,
segundo se diz, é controle.” – Brahmânda-Purâna (2.3.10.115);
“Yoga é a separação (viyoga) do Si Mesmo em relação à Base do
Mundo (prakriti).” – Râja-Mârtanda (1.1); “Diz-se do Yoga que é a
unidade de expiração e inspiração, de sangue e sêmen, bem
como a união do sol com a lua, da alma vivente individual com o
supremo Si Mesmo.” – Yoga-Shikhâ-Upanishad (1.68-69); “Isto
chamam eles de Yoga: a firme contenção dos sentidos.” – Katha-
Upanishad (6.11); “Ao Yoga se chama equilíbrio (samatva).” –
Bhagavad-Gîtâ (2.48) (FEUERSTEIN, 2005, p. 38).
Registrando as argumentações de Bindo (2003), existem numerosas
classificações do Yoga, eis algumas que se destacam, conforme a seguir:
“No Yoga existe uma multiplicidade de caminhos, mas seis
grandes escolas se destacam: raja yoga (também definido como
“yoga real”), bhakti yoga (o yoga da devoção), jñana yoga (do
conhecimento), karma yoga (da ação), laya yoga (da meditação) e
hatha yoga (da força). Esta última é a ‘escola-mãe’ das mais
15
conhecidas linhas do yoga no Ocidente. A escolha da linha é
pessoal e encontrar a que se ajusta a seu perfil só é possível por
meio da prática” (BINDO, 2003, P. 33).
Levando em consideração a assertiva acima, o Hatha Yoga deu à luz
as mais conhecidas ramificações do Yoga no Ocidente. Atestando a importância
“materna” de tal classificação, torna-se necessário explicar o Hatha Yoga com a
dissertação de Luca e Barros (2004):
“Forte nas posturas corporais, que são realizadas vagarosamente.
A idéia é permanecer o maior tempo possível em cada asana3. É
uma prática calma, que favorece a introspecção. Ideal para quem
procura um Yoga relaxante, para fugir do estresse do dia-a-dia”
(DE LUCA; BARROS, 2004, p. 41).
O primeiro núcleo monástico de Yoga que foi fundado no nosso país
ocorreu em 1953, em Barreiros, perto de Resende, no Rio de Janeiro, pelo francês
Leo de Mascheville, conhecido como Sevananda Swami. Este mestre teve vários
discípulos, um deles abriu a primeira academia de Yoga no Brasil, em
Copacabana, no Rio de Janeiro. Trata-se do professor de Cultura Física Jean-
Pierre Bastiou, formado pela “Ecole Normale Supérieure de Culture Physique de
Paris”. Há outras versões relatando que o professor de Yoga Caio Miranda foi o
pioneiro dessa empreitada, em São Paulo; sobretudo, Bastiou (2002), autor do
livro “Globe-trotter da Consciência. Do Yoga à Conscienciologia”, afirma que seu
estabelecimento de ensino sobre Yoga foi aberto um pouco antes da academia de
Caio Miranda, apesar de ambos terem fundado seus locais de ensino no mesmo
3“Asana” significa assento. Em sua origem, o nome se referia à postura de lótus para praticar meditação. Naquela época, os asanas praticados eram o padmasana (a posição de lótus completa, com as pernas cruzadas sobre as coxas) ou o siddhasana (uma posição mais simplificada à adequação dos iniciantes).
16
ano, isto é, em 1958. Citando o professor Hermógenes como testemunho, Bastiou
(2002) declara:
“Uma série de circunstâncias cármicas fizeram de mim ‘o primeiro
professor de Hatha-yoga que o Brasil conheceu’, segundo as
palavras de Hermógenes no prefácio que ele escreveu para o
meu livro, ‘Encontro com o Yoga’ e, por emanarem de tão ilustre
autoridade, estas palavras têm, para mim, valor de
reconhecimento oficial, valor quase igual ao do Decreto que me
honrou com o título de Cidadão do Estado da Guanabara,
justamente por este fato” (BASTIOU, 2002, p. 257).
Este trabalho não determinará minuciosamente o pioneirismo oficial do
Yoga no Brasil, isso para não mencionar o pioneirismo popular, porque o autor
encontra dificuldades em distinguir certos detalhes históricos das lendas que são
exaltadas por aí, devido a detalhes que lhe fogem como folhas espalhadas pelo
“vento” – este ar em movimento é ocasionado pelas discordâncias dos “donos do
Yoga”, mas ele pretende guiar o leitor para uma reflexão aberta – em sua
perspectiva apropriada para a contextualização do assunto, que não se limita
somente à história, trazendo aspectos filosóficos que enriquecem o conteúdo.
O equilíbrio psicofísico é algo tão importante na nossa vida que, às
vezes, parece ser uma coisa utópica falar sobre esse assunto. No entanto, o Yoga
tem esta característica identificada em alguns de seus aspectos históricos,
representada por personagens – Shiva4 é um deles – cheios de ensinamentos à
transformação no nosso modo de pensar, de sentir, de falar, de se comportar e/ou
agir... Isto; aliás, difere o Yoga de meros contorcionismos corpóreos – verdadeiras
exibições vaidosas que encantam os mais incautos no assunto. Sendo assim, se
4Shiva é tido como o criador mitológico do Yoga porque um galhardete encontrado por alguns pesquisadores nas ruínas de Mohenjo-Daro, ao norte da Índia, o descreve sentado numa postura clássica do Yoga. Esta obra de artesanato é muito antiga e outros objetos com descrições semelhantes remontam a mais ou menos 2000 a.C.
17
verifica coerência na argumentação de Kupfer (2004), no artigo “Perigos do Yoga
Vira-latas”:
(...) “Praticar Yoga é levar uma vida que exige transformações
profundas: desde o esforço por superar-se na prática e no cotidiano,
aplicando a consciência a cada ação, até o cultivo das virtudes nos
relacionamentos” (KUPFER, 2004, p. 98).
Hoje em dia já existe uma sólida formalização de Yoga em vários
grupos distintos no país, e como existem muitos, eis apenas alguns deles, como,
por exemplo: a Associação Brasileira de Professores de Yoga (ABPY), fundada
em 1973; a primeira Universidade de Yôga5 do Brasil, fundada em 1995; o
Sindicato dos Profissionais de Yoga do Estado do Rio de Janeiro (SINPYERJ),
fundada em 2001, etc.
Embora Luiz Sérgio Alvarez de Rose (2004), conhecido como o famoso
“mestre De Rose”, insista que o termo Yoga seja acentuado com circunflexo
através da seguinte argumentação:
“O acento está claramente indicado, uma vez que a letra ô no
sânscrito é sempre longa e fechada. As transliterações ocidentais
convencionaram que as letras longas devem ser assinaladas com
o acento. Este pode variar de uma convenção para outra, mas o
que se observa é que o circunflexo foi adotado por um renomado
autor indiano que escreveu Os aforismos do Yôga de Pátañjali,
em inglês (Sri Purohit Swami), e também pelo célebre autor
(Kastberger), que escreveu o Léxico de filosofia hindu, em
castelhano. Ora, nenhuma das duas línguas possui o circunflexo
e, apesar disso, ambos reconheceram a necessidade da sua
presença na palavra Yôga. (...) Durante muitos anos não se
aplicou o acento uma vez que ninguém ousou questionar isso.
Primeiro, quem colonizou a Índia foram os britânicos que não
5 Aqui o termo Yoga está acentuado com circunflexo porque faz parte da própria nomenclatura desta universidade citada.
18
tinham acentos em suas tipografias, mas possuíam uma poderosa
Armada, intelectualmente muito persuasiva... Segundo, no
Ocidente conhecia-se bem pouco o sânscrito (na Índia eles não
ligam a mínima se a transliteração para alfabetos ocidentais está
correta ou não). Terceiro, há muito patrulhamento ideológico em
determinados grupos de Yôga, e ninguém queria se expor a
críticas, ainda que chegasse a estas mesmas conclusões”
(ROSE, 2004, p. 34-35).
Todavia, será mesmo que a palavra Yoga tem acento circunflexo? O
professor de sânscrito Carlos Eduardo G. Barbosa discorda dessa questão
ortográfica, sendo assim, cabe a este perito em sânscrito explicar o porquê dessa
questão:
“Essa dúvida sobre a grafia, com o emprego ou não do acento
circunflexo, é inócua para o resultado da prática de Yoga, menos
importante ainda para determinar a capacitação de um professor
ou a dedicação de um praticante. Mas, como no passado foi
freqüentemente questionada, merece ser respondida de forma
clara e definitiva. Especialmente porque há várias referências
disponíveis na internet, escritas por bons profissionais de Yoga,
mas que não tiveram a assessoria de um estudioso de sânscrito,
conseqüentemente apresentam vários conceitos imprecisos ou,
até mesmo, totalmente incorretos. (...) Yoga, como transliteração
da palavra sânscrita, não tem acento. Uma das errôneas
interpretações para o uso desse acento seria baseada no conceito
que o símbolo o-ki-matra teria o significado de acento do ‘o’ (no
qual matra seria ‘acento’ e ki significaria ‘de’), o que é uma
tradução totalmente errônea e necessita ser esclarecida em
detalhe: (...) 1. Por nenhuma tradução a palavra mAtrA significa
acentuação fonética. Só existiu acentuação em sânscrito nos
manuscritos, representando variação tonal da sílaba para a leitura
em recitação, e não para indicar alongamento ou pronúncia.
19
Esses acentos eram representados no devanágari6 como um
traço vertical acima da sílaba (para elevar o tom) ou um traço
horizontal abaixo dela (para abaixar o tom), além de pequenos
números indicativos de características próprias dos modos de
cantar os mantras. (...) 2. A palavra ‘ki’ não significa ‘de’ por
nenhuma hipótese. Não tem qualquer valor genitivo, mas é uma
forma fraca do ‘ka’ que sufixa adjetivos ou nomes de agentes. É
equivalente aproximado de kAra (aquele que faz...). (...) 3. O
significado real de mAtrA, em okimAtrA, é a parte. Indica a parte
da sílaba que produz ou indica o som vocálico ‘o’ (um ditongo em
sânscrito). OkimAtrA é apenas o conjunto de traços, em
devanágari, que informa ao leitor que a sílaba está acompanhada
de um ‘o’. Da mesma forma, ikimAtrA não é o acento ‘i’, mas sim
os traços gráficos que informam ao leitor que a sílaba está
acompanhada de um ‘i’ breve. E assim por diante” (BARBOSA,
2007, p. 26).
O autor desta monografia preferiu não acentuar tal termo para ficar de
acordo com a explicação desse especialista em sânscrito, para evitar
comprometimento com idéias ortográficas tendenciosas. Aliás, mostrando um
outro exemplo tendencioso de marcas comerciais a respeito da nomenclatura do
Yoga, há mais um grupo formalizado que já estabeleceu uma outra acentuação
gráfica para tal termo – com acento agudo, mas isso não impossibilita a devida
correção de ambas as escritas.
6 O devanágari é um alfabeto que não deve ser confundido com a língua sânscrita. Ele serve para escrever em outras línguas. Para maiores informações, favor consultar o livro de “Ouro do Yoga”, na página 21.
20
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DO YOGA PARA A SAÚDE
O número de pesquisas e descobertas – ambas a respeito do Yoga para
a saúde – está crescendo consideravelmente e sendo publicado constantemente
na imprensa brasileira: em jornais, revistas (algumas são especializadas no
assunto), livros, periódicos, incluindo teses de mestrado e doutorado etc., com o
reconhecimento dos profissionais da área de saúde.
É sabido que o conceito de saúde se amplia muito mais do que a simples
ausência de moléstias no ser humano. A partir daí, a saúde, para ser mantida, não
depende apenas de profissionais de saúde, hospitais e medicamentos, conforme
muitos acreditam, mas de toda uma estrutura que garanta qualidade em
alimentação, em habitação, em higiene, em educação, em vestuário, em
transporte, em lazer, em segurança etc. Isso implica no desenvolvimento de saúde
pública. Entretanto, os ensinamentos do Yoga evidenciam que a saúde está
principalmente ligada a um processo endógeno – à arte de ter pensamentos
nobres e elevados em qualidades para superar as dualidades da existência7, de ter
bons sentimentos para consigo mesmo e para com o próximo, autocontrole sobre a
mente etc. E junto com a prática da meditação e da concentração, com exercícios
respiratórios e posturas físicas adequadas para fazer certas atividades, torna-se
possível ter hábitos disciplinados, isso inclui até a prática do vegetarianismo8,
7 Como, por exemplo, transcender a dor e o prazer, o feio e o bonito e outras dualidades transitórias da vida terrena.8 O Yoga recomenda o vegetarianismo como um princípio filosófico de não-violência e também por questão de saúde. Porém, não obriga ninguém a se tornar vegetariano. Semelhantemente, também não obriga ninguém a praticar qualquer outro aspecto de seu conteúdo. Mas, levando em consideração que a alimentação com carne tem ligação com o uso, o sofrimento e a matança dos animais, então tais atos praticados contra eles são completamente desnecessários. Qualquer pessoa atualizada com os estudos sobre o vegetarianismo acaba tomando consciência de que o veganismo (um aprofundamento do vegetarianismo) preenche uma lacuna bem maior que o ato de “só parar de comer carne”. Há quem ache que apenas basta parar de comer carne para boicotar o uso, o sofrimento e a matança de animais. Isso é ingenuidade! Há muitas outras coisas que contribuem para isso. O veganismo exerce um verdadeiro boicote à exploração animal, pois seus
21
gerando equilíbrio sobre diversos fatores em virtude da alegria de viver a vida com
harmonia e dinamismo. Portanto, as contribuições do Yoga para a saúde vêm
sendo publicadas nos meios de comunicação de massa com um número crescente
de estudos e pesquisas.
Segundo Paula (2001):
(...) “Basta perguntar para uma daquelas pessoas tranqüilas e
sorridentes na saída de uma sala de aula o que o yoga mudou em
suas vidas. Você ouvirá gente dizendo que teve melhoras no sono,
na flexibilidade muscular, na digestão, no controle da ansiedade.
Marcos Rojo, professor de Educação Física da USP e coordenador
do Curso de Pós-graduação em Yoga da FMU, relata casos de
atletas treinados por ele que tiveram significativos progressos em
concentração (no caso de tenistas) e na respiração (alpinistas que
despendem grandes esforços em altitudes onde o ar é rarefeito).
(...) Mas não é preciso ter corpo de atleta para experimentar os
benefícios do yoga. Veja o caso dos pacientes da médica Maria
Auxiliadora Craice, do Hospital Heliópolis, em São Paulo. São
geralmente vítimas de câncer de reto que tiveram sua função de
evacuação transferida para uma alça de intestino presa na parede
abdominal, conectada a uma bolsa externa. ‘Nesse caso, o yoga
proporciona uma melhora geral, tanto no aspecto físico quanto
emocional’, diz a médica. ‘Usamos uddiyana-bhanda (técnica que
permite dilatar o tórax sem deixar entrar ar, criando assim uma
adeptos boicotam não só o consumo de carnes, como o consumo de leite de outras espécies e os seus derivados, ovos, mel, produtos testados em animais ou que contenham substâncias de origem animal, couro, peles, ossos, seda, também não freqüentam circos com animais, nem zoológicos, tampouco rodeios, muito menos rinhas etc. Para maiores informações, acesse o sitewww.guiavegano.com ou se informe lendo a Revista dos Vegetarianos, uma publicação mensal da editora Europa. Muitos acreditam que o princípio filosófico do Yoga à recomendação de não comer carne tenha ligação com a crença da vaca ser supostamente sagrada no hinduísmo, sobretudo, não há consenso nem entre os indianos sobre essa questão, embora uma grande parte de indianos religiosos acredite nisso, mas um acadêmico da Universidade de Délhi, o historiador Dwijendra Narayan Jha, em seu polêmico livro The Myth of Holy Cow, refuta essa visão da vaca ser sagrada no hinduísmo. A expressão “hinduísmo” é utilizada para descrever diversas espécies de atividades sociais, culturais, religiosas e nacionais da Índia. Portanto, isso não denota uma sociedade védica, e sim indiana. A sociedade védica que afirma que o Yoga é um processo de auto-realização, através de suas escrituras, os Vedas.
22
pressão negativa). Os pacientes sentem-se mais seguros e à
vontade com sua nova condição física.’ Hoje, muitos deles não só
conseguem ficar de barriga para baixo – posição considerada
difícil para quem passa por esse tipo de cirurgia – como são
capazes até de executar posturas mais complicadas, como ficar de
cabeça para baixo” (PAULA, 2001, p. 55-56).
De acordo com Bindo (2003):
“Os benefícios das posturas corretas já foram cientificamente
comprovados. Pesquisas quanto aos efeitos do yoga na saúde
foram realizadas em diversas instituições norte-americanas,
européias e indianas. (...) A Yoga Journal9, revista americana
especializada, publicou uma reportagem interessante em sua
edição de outubro de 2002: pesquisas sobre o efeito de posturas
de yoga no corpo dos praticantes regulares, que não faziam
nenhum outro exercício físico, revelaram que todos estavam com
ótima saúde, além de admirável flexibilidade e força muscular.
Esses praticantes tinham também desenvolvido excelentes
capacidade pulmonar e performance cardiovascular” (BINDO,
2003, p. 35).
Brito (2005), baseando-se em quatro cientistas, faz o seguinte
comentário:
“Segundo Raub (2003), a ioga10 tornou-se mais popular nas culturas
ocidentais como meio de treinamento e aptidão física. Mas ainda
existe a necessidade desse trabalho ser melhor reconhecido, como
um complemento extra no cuidado com a saúde em relação ao
cuidado médico convencional. (...) Nos últimos 10 anos, um número
crescente de estudos e pesquisas mostrou que a prática da ioga
pode melhorar a força e a flexibilidade e auxiliar no controle de
9 Bindo (2003) se dirige a uma revista americana que é especializada em Yoga, por isso que ela se dirigiu à mesma com um artigo definido feminino.10 A autora cita a palavra Yoga como se fosse substantivo feminino e a escreveu com “i”, isto fica por conta de seu critério ortográfico.
23
algumas variáveis fisiológicas, como a pressão sanguínea, a
freqüência cardíaca e a respiratória e a taxa metabólica, para
melhorar a capacidade total do exercício. (...) Altman (2001)
descreve em estudo realizado justamente com a finalidade de
mensurar se as técnicas de exercícios respiratórios, a meditação e
os exercícios de alongamento da ioga afetam positivamente os
indicadores de estresse acima citados por Raub (2003), como a
freqüência cardíaca e respiratória e a pressão sanguínea. Os
resultados obtidos vêm ao encontro do resultado dos estudos que
foram realizados. (...) Harrelson e Swann (2003) concordam que
exercícios de corpo/mente, como a ioga, têm o foco nas posturas,
no controle da respiração e na meditação, permitindo que os
indivíduos obtenham o relaxamento com mais facilidade. As terapias
alternativas e complementares têm produzido benefícios em se
tratando da redução do estresse. Além disso, devido ao efeito
positivo que tem no sistema músculo-esquelético, a ioga pode servir
como um tipo de intervenção para auxiliar na prevenção de lesões
em atletas. Também algumas evidências existem para dar suporte a
um impacto positivo em muitas funções fisiológicas e um ganho
adicional para atletas na força muscular, resistência e flexibilidade”
(BRITO, 2005, p. 65).
Conforme Luca e Barros (2004), o Yoga contribui para:
Regular o funcionamento dos sistemas respiratório e digestivo;
Equilibrar a produção hormonal;
Reduzir a pressão sanguínea e os níveis de colesterol;
Melhorar o padrão de sono;
Fortalecer o sistema imunológico (LUCA; BARROS, 2004, p. 9) .
Todavia, as mesmas autoras alertam sobre as contra-indicações:
“A prática do yoga é democrática: não tem limite de idade, não
depende de crença, nem de religião. Tem uma contra-indicação:
problemas de coluna, lombar ou cervical, do tipo hérnia de disco ou
24
bico-de-papagaio. O ideal, antes de começar, é passar por um
exame clínico. (...) Liberado pelo médico, você já pode aprender.
Ter um professor competente é importante – ainda que, com o
tempo, você possa passar a praticar por conta própria. No início, a
orientação de um profissional qualificado é a sua garantia de uma
prática segura” (LUCA; BARROS, 2004, p. 5).
O Yoga é até um dos métodos das sistematizações de fundamentação
psicológica aplicados no treinamento desportivo, contribuindo para a melhoria do
desempenho e da saúde de vários atletas, confirmado por Tubino (2003):
(...) ”A Yoga11, nos seus objetivos fundamentais, visa um
aperfeiçoamento integral do homem, na procura de uma auto-
realização do mesmo. (...) Desde algum tempo, especialistas da
Yoga têm colaborado em esquemas de Treinamento Desportivo, ao
adaptarem as posturas chamadas “asanas” em exercícios de
descontração, que é uma qualidade física que cada vez mais toma
lugar numa preparação de altos padrões” (TUBINO, 2003, p. 358).
Os benefícios do Yoga são para todos, sem levar em conta o sexo, a
raça, o credo e a faixa etária das pessoas – e exatamente por isto, tais benefícios
são experimentados por inúmeras crianças. Este fato não se limita em numerosos
templos e escolas na Índia, pois lá alguns monges e diversos educadores ensinam
Yoga para várias pessoas desde a tenra idade, tampouco nas academias
ocidentais, porque algumas delas já têm profissionais de Yoga dando aulas para
crianças, e não só para os adultos, conforme, às vezes, é divulgado por
propagandas tendenciosas para a exclusão infantil. Todavia, já existem algumas
escolas no Brasil – e não só em outros países – disseminando o Yoga para a
educação das crianças.
11 Tubino (2003) também se dirigiu à palavra Yoga da mesma maneira que Brito (2005), como se tal termo fosse substantivo feminino, apesar dele ter escrito tal palavra de acordo com a literatura internacional, ou seja, com “y”.
25
Dependendo muito da atitude de quem ensina o Yoga, é possível
integrar as pessoas com deficiências, respeitando as suas limitações biopsíquicas,
para dar oportunidade à inserção social delas para que as mesmas possam
desenvolver suas potencialidades, pois elas são capazes disso12. A participação
delas nas aulas de Yoga pode trazer muitos benefícios a essas crianças. Na
escola, cabe ao professor de Educação Física tomar alguns cuidados, analisando
o tipo de necessidade especial que a criança tem, porque existem certos graus de
limitações que exigem procedimentos específicos.
Outra questão fundamental é a prevenção de doenças. O Yoga pode,
segundo Zorn (1973):
(...) “Em muitos casos, prevenir os acessos de asma, através da
descontração, dos exercícios específicos, e da insistência na
respiração abdominal. Esta última, assim como o exercício é hoje
acentuadamente recomendado pelas clínicas especializadas e por
muitos médicos” (ZORN, 1973, p. 14).
Até na Carta Brasileira de Prevenção Integrada na Área da Saúde na
Perspectiva da Educação Física, há a seguinte consideranda:
“No Oriente, as práticas físicas milenares das diversas nações
como o Yoga (Índia), o Wushu (China) e outras sempre tiveram uma
ligação inequívoca com a prevenção e promoção da Saúde”
(CONFEF, 2006, p. 7).
Numa época em que as crianças recebem muita informação de todos
os lados, sendo bombardeadas por propagandas tendenciosas, veiculadas por
muitos meios de comunicação, como alguns modismos de falar muitas gírias (e
até palavrões), hábitos comportamentais viciosos que estimulam o consumo
desenfreado de várias coisas que alimentam o consumismo “materialista”:
12 O autor desta monografia acredita que essa é uma das atitudes que contribuirá para erradicar o “deficiencismo” – neologismo criado por ele para identificar o preconceito que é canalizado às pessoas com deficiência!
26
celulares, computadores, videogames, roupas de marcas famosas, brinquedos
antiéticos (o autor se refere a armas de brinquedo), guloseimas etc., e mesmo que
alguns dos pais delas não tenham condições financeiras para presenteá-las com
essas coisas desnecessárias para a educação das mesmas, o Yoga acaba se
tornando um remédio para elas – uma verdadeira panacéia para crianças
desorientadas, hiperativas, agitadas, deprimidas, com dificuldades de
aprendizagem, concentração etc.
No prefácio do livro “Yoga para Crianças”, de Kritikós (1982), a
professora Ottília Braga Antipoff diz que:
(...) “a prática da Yoga13 beneficia a todas as crianças,
principalmente aquelas que apresentam problemas de
comportamento e dificuldades psicomotoras: má integração do
esquema corporal, insuficiência de estruturação espacial e
problemas de lateralidade, que tanto comprometem as
aprendizagens escolares, principalmente da leitura e da escrita”
(KRITIKÓS, 1982, p. 8).
Singleton (2004), afirma:
(...) “A prática do Yoga pode também renovar e restabelecer
crianças deprimidas. (...) O Yoga nos oferece os instrumentos que
nos ajudam a viver em harmonia conosco mesmos e com os outros.
Se as crianças aprenderem a usar esses instrumentos e a aplicá-los
na própria vida, o mundo certamente se tornará mais claro e cheio
de paz (SINGLETON, 2004, p. 11).
Um desses instrumentos que nos ajudam a viver em harmonia é a
prática da meditação, também recomendada por diversos cientistas, como, por
exemplo: o Dr. Herbert Benson (cardiologista e presidente fundador do Instituto
Médico Mente/Corpo da Universidade de Harvard); o Dr. Dean Ornish
13 Mais uma vez a palavra Yoga é citada como substantivo feminino, acabou popularizando-se desta maneira até mesmo entre os educadores!
27
(cardiologista, médico que foi consultor da Casa Branca durante o governo de Bill
Clinton, em 1993-2001, presidente fundador do Instituto de Pesquisa em Medicina
Preventiva de Sausalito, na Califórnia, e professor de Medicina na Universidade da
Califórnia, San Francisco); o psicólogo David Goleman (autor do livro “Inteligência
Emocional”); o Dr. Roberto Cardoso (médico especialista em Medicina
Comportamental da UNIFESP). Este último, em particular, cita as várias etapas do
nosso organismo, com benefícios para a nossa saúde, que são delineadas através
da prática da meditação:
“Redução do tônus simpático – Diminui a ativação do sistema
nervoso autônomo simpático, que é aquele ativado durante as
reações de alarme, de perigo, de medo, de ansiedade. Reduz o
chamado ‘estado de alarme’, diminuindo o nível de estresse.
Reduz a ativação dos hormônios do estresse – Por diminuir o
‘estado de alarme’, reduz a liberação das substâncias
relacionadas a esse estado, tais como adrenalina, noradrenalina e
cortisol. Tais substâncias, quando liberadas desnecessariamente,
promovem um grande desgaste do nosso organismo, podendo até
levar à doença, e sua diminuição nos protege desses danos.
Mudança da atividade cerebral – Algumas áreas, cuja ativação
era predominante, são menos ativadas, enquanto outras passam
a ser mais ativadas. Em curto prazo, isso responde por sensações
classicamente descritas (tais como ‘não perceber o próprio corpo’
ou ‘sensação de transcendência’); a médio e longo prazo,
provavelmente contribui para as alterações cognitivo-
comportamentais. Redução da atividade cerebral – Parece haver,
durante a meditação, uma redução de cerca de 20% da atividade
global do cérebro. Instala-se uma espécie de ‘repouso’ cerebral
(ou, pelo menos, de várias áreas do cérebro). Alteração da
neuroquímica – Alterando-se o nível de atividade de algumas
áreas do cérebro e alterando-se o comportamento, a química do
cérebro começa a mudar. A mudança na química do cérebro para
determinar (a longo prazo) uma mudança na química do corpo,
permitindo benefícios tais como melhora do sistema imune.
28
Preservação da estrutura do cérebro – Um bombástico estudo da
Dra. Sara Lazar, de Harvard, demonstrou que, em meditadores de
muito longo prazo, algumas áreas cerebrais que perdem
neurônios com o passar dos anos (com a idade), mantinham sua
população neuronal, ou seja, meditadores de muitos anos passam
a ter cérebros até estruturalmente diferentes dos não
meditadores” (GORZONI, 2008, p. 50).
Do ponto de vista científico, existem outras pesquisas que comprovam
a eficácia da meditação. Com a palavra Luca e Barros (2004):
“Só nos últimos anos, a meditação foi objeto de mais de 500
estudos clínicos nos Estados Unidos, comprovando que: Meditar
controla significativamente a pressão arterial, em níveis
comparáveis a drogas de amplo uso médico, e sem efeitos
colaterais. Hypertension, AMA Medical Journal; Quem medita é
capaz de reduzir a dor crônica em mais de 50%, enquanto
aumenta a produtividade e melhora o humor. Jon Kabat-Zinn,
médico, Stress Reduction Clinic, University of Massachusetts;
Entre as pessoas insones que receberam treinamento em
relaxamento e meditação, 75% conseguem adormecer em até 20
minutos depois de se deitarem. Dr. Gregg Jacobs, psicólogo,
Harvard; As terapias de relaxamento podem reduzir
consideravelmente problemas de dores nas costas, artrite e dor
de cabeça. National Institute of Health, 1996; Reduzir o estresse
mental é mais benéfico ao tratamento das doenças do coração do
que o exercício físico. Dr. James Blumenthal, Duke University,
1997; Dois grupos foram comparados: um de pessoas que
meditam regularmente e outro de pessoas que não meditam. O
grupo de meditadores provou ser menos ansioso, temer menos a
morte e ser mais espontâneo, independente e autoconfiante.
Atlantic Monthly, maio de 1991; Dentre 22 pessoas ansiosas, 20
apresentaram uma redução de 60% em seus níveis de ansiedade
após praticar meditação por dois meses. Universidade de
29
Massachusetts; Mulheres com sintomas agudos de tensão pré-
mesntrual demonstram uma redução de 58% nos sintomas após
cinco meses de meditação diária. Health, setembro de 1995; A
meditação pode diminuir o ritmo de envelhecimento. Um estudo
revelou que pessoas que meditavam há mais de cinco anos eram
biologicamente 10 a 15 anos mais jovens que não meditadores
com a mesma idade cronológica. International Journal of
Neuroscience, 1992; Meditar combate a infertilidade associada a
dificuldades psicológicas. Dr. Herbert Benson, Universidade de
Harvard” (LUCA; BARROS, 2004, p. 12-14).
Dessa forma, é evidente a importância da meditação para a saúde e
também para educar as pessoas no caminho da paz. Embora esses estudos
clínicos que foram citados tenham sido demonstrados com adultos, mas,
necessariamente, isso não invalida os benefícios da meditação para as crianças,
desde que a mesma seja corretamente ensinada por um profissional qualificado.
Essa questão será melhor abordada no próximo capítulo.
30
CAPÍTULO 3
O YOGA NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL
É sabido que não existe um modelo infantil padrão no qual se encaixe
todas as crianças para a aprendizagem. Logo, alguns critérios adaptativos (como
incluir a ludicidade nas aulas, por exemplo) devem ser adotados para ensinar
Yoga para as crianças, como também os aspectos psicológicos, biológicos e
sociais das mesmas devem ser levadas em consideração à adaptação do ensino,
assim como outros fatores tão importantes quanto os mencionados.
O Yoga se torna muito benéfico para a criança quanto mais cedo ela o
pratica. Obviamente que, do nascimento até os três anos de idade, período que se
trata da primeira infância, o tipo de Yoga a ser realizado nessa fase deve ser
conduzido com muita cautela, através de movimentos naturais, sem imposição,
mas apenas como forma de estimulação para a criança. Portanto, o Yoga neste
período de vida, depois da fase de recém-nascido (após um mês de vida), pode
ser trabalhado por meio de manuseio externo: exercido por um profissional
qualificado, pois é preciso respeitar o desenvolvimento morfológico de ligamentos,
músculos, tendões, ossos etc. da criança, porque esses órgãos fazem parte de
uma estrutura corporal delicada da mesma. Mas, por causa do infante14 possuir
uma flexibilidade naturalmente maior do que a de um adulto, isso facilita o alcance
de uma melhor consciência corporal através da associação do Yoga à estimulação
de seu desenvolvimento.
14 Identificação para designar o período que ocorre após o término da fase de recém-nascido até o fim do 2º ano. Alguns professores de Yoga aplicam nas crianças desta faixa etária as massagens especiais da medicina milenar da Índia. Em sânscrito, tal medicina é conhecida através do termo Ayurveda (ciência da vida e do bom viver). Essas massagens têm técnicas que estimulam, em forma de toques terapêuticos, hormônios que melhoram a funcionalidade do organismo e promovem bem-estar nas crianças. A própria mãe do bebê, por meio do toque afetuoso para com o seu querido filho, que não se inicia somente após a fase de recém-nascido, mas assim que a criança nasce, cria uma espécie de comunicação relacionamental através do tato, diga-se com mais precisão: uma comunicação vital que fortalece o vínculo amoroso da mãe com a criança.
31
De acordo com a explicação de Portal e Toniato (2005 apud VOLKOV;
FILIN, 1998), o desenvolvimento da criança não pode saltar etapas, senão haverá
prejuízo de suas capacidades:
“Sabe-se que aos 6-7 meses, a criança já consegue ficar de quatro
e engatinhar; aos 6-8 meses, senta-se; aos 12-15 meses, caminha;
22-24 meses, pode subir escadas apoiando-se em cada degrau,
somente em pé. Nesta fase, inicia-se o terceiro ano de vida; ao
saber saltar, inicia-se o quarto ano de vida. No quinto ano, a criança
pode permanecer alguns minutos apoiada somente em um pé. Se
estas zonas temporais de desenvolvimento não forem plenamente
aproveitadas, e os pais tentarem fazer com que os filhos “saltem”
etapas, acaba-se perdendo as capacidades potenciais do
organismo, e posteriormente perde-se um tempo consideravelmente
maior para desenvolverem-se tais hábitos locomotores” (FILIN;
VOLKOV, 1998).
Na segunda infância – dos três até os seis ou sete anos de idade, a
criança já se encontra apta para participar de vários exercícios, jogos, danças,
cantos e outras atividades lúdicas. Consultando novamente Portal e Toniato
(2005), eles declaram o seguinte:
“Para obter sucesso, o trabalho com a criança na segunda infância
deverá se apoiar nas características psicológicas principais desta
faixa etária: extrema curiosidade, dificuldade de fixar a atenção por
longos períodos de tempo, tendência à imitação, experimentação de
novas sensações, imaginação, etc.” (PORTAL; TONIATO, 2005, p.
214).
Os exercícios do Yoga satisfazem as características psicológicas
enunciadas acima. Seguem-se quatro exemplos:
1. “Extrema curiosidade”: Tal característica pode ser satisfeita com
moderação, através de um jogo que transforma sua prática
32
interessante, com descobertas de identidade dos participantes. Este
jogo se chama “o detetive do Yoga”. Singleton (2004) o explica dessa
forma:
“Esse jogo desenvolve o espírito de equipe e a intuição. Para se sair
bem, você deve ficar extremamente alerta – o tempo todo – ao que
se passa em redor e prepara-se para agir com a máxima rapidez.
Estas são as qualidades de um bom yogi. (...) Esse jogo precisa de
vários participantes (quanto mais pessoas houver, mais difícil será).
Um participante, o detetive, sai da sala enquanto os demais
escolhem um líder. Esse líder seleciona uma postura do yoga,
depois todos se sentam em círculo e adotam a postura indicada. O
detetive é chamado de volta e se põe de pé no meio do círculo. O
líder passa a mudar de postura a intervalos e os participantes do
círculo precisam imitá-lo rapidamente para que sua identidade
continue secreta. Quando o detetive identificar o líder, o jogo
recomeça” (SINGLETON, 2004, p. 97).
Este jogo tem atividades que auxiliam o desenvolvimento da
coordenação motora global, a lateralidade, a percepção espacial, a percepção
temporal e corporal.
Neste jogo, também pode-se fazer uso de gestos simbólicos, os
mudras15, como o gesto do desapego: a criança faz com que sua mão direita fique
com a palma virada para cima, na altura do tórax, bem pertinho do coração, e a
outra mão sobre a coxa esquerda, estando sentada. Esse gesto representa um
estado mental de renúncia ao materialismo. Há muitos mudras na prática do Yoga,
os mesmos são significativos para a representação de um estado mental nobre.
2. “Dificuldade de fixar a atenção por longos períodos de tempo”: Esta
característica pode ser, com o passar do tempo, solucionada de
15 São gestos manuais que simbolizam estados positivos de consciência. Sob o enfoque da Psicomotricidade, é sabido que os gestos são carregados de significados vitais, portanto, os mudras também trabalham a coordenação motora fina.
33
maneira gradual, através dos pranayamas16. Johari (2000) explica o
papel da respiração minuciosamente:
“O nariz, com suas duas narinas, é o único órgão do corpo em
contínuo intercâmbio com o ambiente exterior. O homem
adormecido, o homem inconsciente, não ouve, não vê, não cheira,
não saboreia nem toca. Mas ele respira. (...) Através das duas
narinas, o organismo humano inspira o ar e a energia vital, bem
como todas as vibrações presentes no ambiente externo em sua
forma mais sutil e refinada. A respiração é o que mantém o ser
humano em contato íntimo com o mundo. (...) A importância da
respiração na manutenção da vida não deve ser menosprezada.
Pouco compreendido é o papel das próprias narinas como algo mais
do que simples condutos para a passagem do ar até os pulmões.
(...) Se as narinas servissem apenas para transportar o ar até a
cavidade torácica, claro que apenas uma delas bastaria. O ser
humano tem dois olhos para ver em três dimensões e dois ouvidos
para ser capaz de localizar os sons. Mas, por que duas narinas? A
ciência médica ocidental tem praticamente negligenciado essa
questão simples e, no entanto, significativa. (...) Observando
cuidadosamente, notaremos que a respiração não passa pelas duas
narinas em volume igual, exceto por períodos muito breves e
durante casos de séria perturbação emocional. Normalmente, a
pessoa respira por uma ou pela outra narina. Uma observação mais
prolongada também irá revelar que a respiração se alterna entre as
narinas de acordo com um padrão regular. (...) A pessoa que faz da
observação de sua respiração uma ciência pessoal logo perceberá
que a natureza da consciência muda de acordo com a
predominância de uma narina sobre a outra. (...) O movimento da
energia de um hemisfério para o outro ocorre simultaneamente com
a mudança da respiração de uma narina para a outra. Quando a
narina direita predomina, é dominante o hemisfério esquerdo;
16 São exercícios respiratórios do Yoga. A palavra prana quer dizer “energia vital”. E yama quer dizer “domínio”. Pranayama é o controle da energia vital através do domínio respiratório.
34
quando a narina esquerda predomina, o mesmo acontece com o
hemisfério direito. Quando ambas as narinas funcionam, ambos os
hemisférios funcionam em uníssono. (...) O simples ato de mudar a
respiração de uma narina para a outra reverte a predominância do
hemisfério cerebral, alterando as reações químicas que ocorrem em
todo o organismo. O controle intencional do padrão respiratório
permite o controle consciente da química do corpo. Os estados
emocionais humanos são produtos da química do corpo. A mudança
do padrão respiratório altera a química do corpo e, assim, produz
uma modificação no estado emocional. Os estados doentios
também são produtos da química do corpo. A mudança do padrão
respiratório altera a química do corpo e, se feita no período de
instalação dos sintomas, tem efeitos na prevenção de doenças. (...)
O conhecimento e a prática dos princípios da ciência da respiração
nos permitem controlar nosso estado de consciência e prevenir
estados doentios” (JOHARI, 2000, p. 31-33).
Poucos sabem que o “alimento” mais importante do ser humano é o ar.
Se quiséssemos perceber quão necessário é o ar para o nosso organismo e
parássemos de respirar, por mais resistência que tivéssemos, não conseguiríamos
ficar muito tempo sem fazê-lo e sentiríamos o quanto é necessário voltar a
respirar.
Apesar do valor dos exercícios respiratórios para os seres humanos,
muitos não dão a devida atenção necessária a essa atividade importantíssima em
suas vidas, trocando-a por outras atividades que aumentam seus desequilíbrios
psicofísicos. Condicionados pelo apego do desfrute exagerado das percepções
sensoriais (tato, olfato, paladar, audição e visão) e outras atividades aleatórias, os
seres humanos se enredam cada vez mais em fantasias materialistas respirando
apenas superficialmente. É evidente que, quando uma pessoa respira
corretamente e com profundidade, ela apresenta vigor e saúde, ao passo que a
dificuldade de respirar é um indício de um desequilíbrio mais ou menos
considerável.
35
Através de alguns estudos científicos, é possível mostrar uma ligação
da respiração com a energização do cérebro, pois Brito (2005) dá autenticidade à
assimetria funcional dos hemisférios cerebrais relatando uma descoberta que
ocorreu há décadas:
“Em 1969, o Dr. Donald Sperry ganhou o Prêmio Nobel de Medicina
devido aos estudos realizados sobre a assimetria funcional dos
hemisférios cerebrais. Ele descobriu que o hemisfério esquerdo e o
hemisfério direito trabalham de forma totalmente assimétrica,
diferenciada e contrastante, concluindo que os dois hemisférios não
possuem as mesmas funções. (...) Na maioria das pessoas destras,
o hemisfério esquerdo é o dominante, é o que trabalha com
conceitos lógicos, concepções formais e critérios matemáticos. O
hemisfério direito, o dominado, lida com os sentimentos, com as
emoções, com a sensação de textura. Por exemplo: quando uma
pessoa olha para uma mesa, tem uma informação biocular, que é
processada de forma diferenciada por cada hemisfério. O hemisfério
esquerdo capta a forma da mesa, os ângulos que a compõem, e o
hemisfério direito a textura granulada ou lisa da madeira. A
associação dessas duas informações produz a percepção global da
mesa” (BRITO, 2005, p. 69).
Em tese, a respeito do valor da respiração no contexto da relação
funcional dos hemisférios cerebrais para a execução da técnica dos pranayamas,
configura-se que o conhecimento e a prática dos mesmos nos permitem controlar
o estado de nossa consciência equilibrando o cérebro, fortalecendo os pulmões e
purificando o sangue através da oxigenação pelo ar inspirado. Na prática, dá-se
também ênfase a uma expiração um pouco mais prolongada para exalar todo o
gás carbônico. Os exercícios dos pranayamas realizados corretamente possuem
efeitos muito saudáveis para o nosso organismo.
36
Há milênios, os praticantes de Yoga já conheciam o valor da respiração
consciente. E até hoje, alguns deles conseguem verdadeiros equilíbrios
conscienciais através da respiração profunda. Os resultados de tal respiração
podem ser experimentados por pessoas que colocam em prática os pranayamas
diariamente. Em geral, os exercícios respiratórios dão uma regeneração
extraordinária do sentimento de nossas forças interiores e um estado de bem-
estar impressionante! Eis mais uma argumentação de Singleton (2004):
“Do ponto de vista científico, essa técnica pode estimular o equilíbrio
entre o lado direito e o lado esquerdo do cérebro. Ela tem sido
extremamente benéfica no tratamento de crianças portadoras de
disfunções como desvio de atenção e hiperatividade. Esse exercício
nos acalma quando estamos agitados e nos revigora, quando nos
sentimos preguiçosos” (SINGLETON, 2004, p. 105).
Devemos evitar o máximo possível respirar pela boca, porque quando
respiramos dessa maneira o ar não é aquecido, tampouco umedecido nem filtrado,
ou seja, devemos respirar pelo nariz, com exceção da prática de alguns desportos
que exigem procedimentos de adaptação respiratória (como a natação, por
exemplo), e também, é óbvio, quando se tratar de casos contextuais que
envolvam risco de vida – inevitáveis à sobrevivência!
A seguir se encontra um exercício respiratório do Yoga indicado para
mudar gradualmente a dificuldade da criança em fixar a atenção nas coisas por
longos períodos. Este exercício é adaptado para a infância. Ei-lo: Peça a criança
para sentar-se em uma posição firme, com as costas eretas. Mas, se ela quiser
fazer em pé ou deitada, é só deixá-la à vontade para isso, para que não haja
nenhum tipo de imposição sobre ela! Na inspiração, peça para ela inalar o ar
durante 4 segundos, já na expiração peça para a mesma exalar o ar durante 6
segundos. Esse exercício pode ser feito durante mais ou menos cinco minutos.
Pode ser feito de olhos abertos ou fechados, não importa! O importante mesmo é
que se mantenha uma respiração calma e atenta. A contagem dos segundos é
feita através da imaginação, porém, caso a criança tenha dificuldades para isso, a
37
pessoa que esteja instruindo-a pode fazer a contagem para ela ouvir, mas em voz
serena. Observe esse detalhe: só a expiração dura 6 segundos, por quê? Como
nossa respiração, na maioria das vezes, se torna rápida devido a vários fatores
estressantes da sociedade moderna, então acaba sendo necessário expirarmos
um pouco a mais para não dificultar a exalação do gás carbônico.
3. “Tendência à imitação”: Pode ser satisfeita com uma das
brincadeiras que têm mímicas animalescas, isto é, as crianças podem
imitar as posturas que envolvem os movimentos de animais, como, por
exemplo, imitar o cachorro, o macaco, o leão e vários outros bichos.
Singleton (2004) dá quatro passos para orientar uma criança à
imitação leonina:
“1- Ajoelhe-se no chão, separe os joelhos e sente-se sobre os
calcanhares. Os dedos maiores dos pés devem tocar-se; 2- Incline-
se ligeiramente para diante, mas mantenha as nádegas sobre os
calcanhares. Coloque as mãos no chão com os dedos voltados para
você; 3- Estique as costas o mais possível e levante o tórax. Incline
a cabeça para trás e inspire profundamente; 4- Abra a boca o mais
que puder e ponha a língua para fora. Tente encostá-la no queixo.
Em seguida, quando soltar o ar, lance um rugido longo, forte e
feroz: “aaaarrrrgghh”. Tenha porém o cuidado de não forçar demais
a voz. (...) Essa postura, na qual imitamos o rugido de um leão, é
muito divertida e também muito benéfica porque ajuda a manter
saudáveis as amígdalas e a garganta. Ela tonifica a voz e
desenvolve confiança para falar e cantar. Algumas vezes, de fato,
essa prática é aplicada como tratamento da gagueira. É também
uma ótima forma de liberar a tensão” (SINGLETON, 2004, p. 66).
Antigamente, os praticantes de Yoga viviam muito próximos da
natureza. Eles viviam nas montanhas, nas florestas, perto de rios, lagos e perto
dos animais – descobriram, através de observações atentas, que os animais têm
38
qualidades e que são diversas as características que os bichos têm em comum
com os seres humanos. Eles tentavam personificar as qualidades dos animais
imitando-os, na medida do possível, é claro, considerando alguns aspectos
psicofísicos dos mesmos, sendo assim, assimilavam ensinamentos da natureza,
como esta citação abaixo, descrita por um antigo sábio que viveu por volta de 300
a.C. (Chanakya Pandit), num texto intitulado Niti-shastra17: “A única coisa
excelente que deve ser aprendida de um leão é que tudo que um homem pretenda
fazer, deve ser feito com sincero e vigoroso esforço” (DAVIS, 1981, p. 12).
Dessa maneira, cultivando valores éticos, os praticantes de Yoga
conseguiam despertar qualidades virtuosas para viver a vida.
4. “Experimentação de novas sensações, imaginação etc.”: Esse tipo
de experiência tem a ver com a jornada interior da mente para a
introspecção. Geralmente, isso se torna mais predominante na vida
da criança no final da segunda infância. É necessário, novamente,
recorrer às palavras do especialista Singleton (2004):
(...) “Se nos mantivermos sempre ‘fora” de nós mesmos, será difícil
evitar a dispersão e a distração causadas por nossos sentidos. Mas,
se aprendemos a nos equilibrar e aquietar quando necessário,
poderemos nos concentrar mais facilmente em nossas tarefas. Na
sociedade moderna, em que somos continuamente bombardeados
por toda sorte de estímulos, informações e ruídos, perdemos o
hábito simples de nos sentar em silêncio conosco mesmos. O Yoga
oferece a todos nós – adultos e crianças – um caminho de volta ao
lar interior que possuímos e uma forma de aprender a viver em paz
com nosso modo de ser sem a necessidade constante de buscar
distração ou entretenimento” (SINGLETON, 2004, p. 101).
17 Um antigo texto em sânscrito conhecido como “A Ciência da Moralidade”.
39
Eis uma questão pertinente: crianças podem meditar? Morais (2004)
responde:
“Sim. Em geral, por serem menos condicionadas, elas aprendem a
dominar a técnica com mais rapidez que os adultos. Mas é preciso
levar em conta características físicas e psicológicas dessa fase. A
prática de ásanas (posturas) do yoga é um bom caminho para o
trabalho com crianças. Brincadeiras para ver quem fica mais tempo
imóvel são uma forma de treinar a concentração de forma lúdica. A
meditação propriamente dita não deve começar com períodos
superiores a 5 minutos” (MORAIS, 2004, p. 87).
Todavia, a partir de que idade as crianças podem iniciar a meditação
como uma prática comprovada pela ciência? Esta polêmica levanta algumas
discussões que exigem pesquisas e estudos mais profundos. Todavia, alguns
estudiosos acadêmicos consideram que a criança que está no final da segunda
infância já está apta para a iniciação da meditação de forma lúdica, é preciso
repetir essa questão para enfatizar esse detalhe: “meditação de forma lúdica”,
como “brincadeiras para ver quem fica mais tempo imóvel para treinar a
concentração”, conforme indicado na citação acima. Para complementar esse
raciocínio, alguns especialistas no Yoga consideram que a criança precisa adquirir
um forte senso de identidade própria de si e do mundo para a iniciação da prática
da meditação, e isso ocorre na terceira infância (dos sete aos doze anos de
idade), embora existam exceções. Singleton (2004), que é um desses
especialistas em Yoga, orienta os pais da criança com a seguinte mensagem:
“É quase sempre aconselhável esperar que seu filho complete 8
anos de idade, ou mais, para começar a prática da meditação. No
entanto, você é o melhor juiz dessa questão, pois saberá se ele está
receptivo ou não. Como regra geral, deve aguardar até que ele
adquira um forte senso de identidade própria e do mundo em redor
– e só então passar a explorar os misteriosos domínios do espaço
interior” (SINGLETON, 2004, p. 109).
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Dentro das diversas problemáticas que os professores enfrentam nas
escolas, relacionadas com a falta de atenção dos alunos nas aulas, com a
indisciplina deles, com a falta de autoconfiança dos mesmos, inclusive, com o
desrespeito entre os amiguinhos na sala de aula, se percebe que está crescendo
entre os educadores de um modo geral, como forma de tentar solucionar essas
questões, um interesse por recursos pedagógicos holísticos (o Yoga é apenas um
deles, e a meditação é um dos aspectos de seu conteúdo para tentar sanar essas
situações), que são capazes de permitir uma melhora significativa na vida do
aluno, e até mesmo na vida do professor: será um atrevimento dizer isto?!
Triste saber é que “alguns” (as aspas foram colocadas nesta palavra de
propósito, ou seja, para evitar generalização) educadores não se atualizam sobre
temas diversificados para a educação nem acompanham certas novidades no
exercício da reflexão acadêmica e científica, portanto, acabam invalidando novas
propostas pedagógicas, que por serem diferentes, necessariamente, não precisam
ser tratadas com desdém. Partindo de um pressuposto desconexo, e algumas
vezes até preconceituoso, alguns desses educadores resistentes não permitem
novas possibilidades de melhorar a sua atuação profissional, por causa de uma
resistência subjetiva desnecessária – centrada em inculcações tendenciosas.
Existe uma história interessante no nosso país que evidencia uma mudança, ou
melhor, uma transformação de idéias a respeito de educação:
“Mas as coisas parecem estar mudando dentro das universidades.
Em 1988, quando Ruy Cezar Martins foi apresentar sua tese de
doutorado (O Renascimento do Sagrado na Educação), na PUC de
São Paulo, teve seu projeto – que foi classificado como “esotérico” –
recusado como proposta inicial. Dez anos depois, defendeu-o na
Unicamp. Um sinal de mudança é que hoje a PUC aceita teses
muito mais avançadas nessa direção, como, por exemplo, a de
41
Santos Neto18. Recentemente, a faculdade de educação da
universidade criou uma cadeira (O Autoconhecimento na Formação
do Educador) e convidou Martins para ser o professor titular”
(PAVAN, 2002, p. 27).
De maneira análoga, o Yoga não precisa ser mal visto por “alguns”
educadores, como se fosse algo esotérico ou místico. Vale ressaltar o testemunho
de Singleton (2004) sobre esta questão:
“Antes de descobrir o yoga, eu sentia um interesse antigo pelo
ensino holístico. Lecionei Literatura na França e no Reino Unido e
estudava abordagens alternativas da educação. Observei então que
as escolas, em geral, tratavam as crianças como se fossem apenas
cabeça, ombros, cérebro e mão para escrever – as partes restantes
ficavam ocultas atrás da carteira e do currículo delas. Quando
comecei a praticar yoga, vislumbrei uma forma de ajudar as
crianças a assumir simultaneamente o corpo, o coração e a mente
(assim como todos os seus demais aspectos). (...) Pude
compreender de fato o potencial do yoga para crianças quando
passei a ensinar no Projeto Alice, uma experiência educacional
realizada no norte da Índia e embasada nos princípios do yoga.
Muitas das crianças do projeto provinham de ambientes altamente
desfavoráveis e tinham sido rejeitadas por outras escolas, quer por
comportamento anti-social, quer por falta de recursos para pagar as
taxas de matrícula. Depois de alguns anos no projeto, a auto-
estima, o QI, a inteligência emocional, as habilidades sociais e o
desempenho (sempre monitorados de perto pelo psicólogo da
escola) de quase todas as crianças desenvolveram-se de forma
admirável” (...) (SINGLETON, 2004, p. 10).
18 Elydio dos Santos Neto, segundo a revista Educação de março de 2002, é docente e pesquisador do programa de mestrado em educação da Universidade Metodista. Estudioso da psicologia transpessoal de Stanislav Grof, as experiências de Santos Neto a respeito da consciência humana fundamentaram sua tese de doutorado na PUC de São Paulo, em 1998.
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O professor de Educação Física pode dar uma enorme contribuição
para a escola neste contexto, revendo sua postura profissional para a
transformação de sua aula, não dá mais para dar aula numa perspectiva
meramente tecnicista, canalizada para enfatizar exageradamente o desporto ou
somente outra atividade mecanicista. Segundo Mattos e Neira (1999 apud
MATTOS; ROSSETTO; BLECHER, 2004, p. 104), a Educação Física é uma
disciplina preocupada com diversos aspectos, e não só com o físico, sendo assim:
“[...] uma quantidade enorme de conhecimentos se faz necessária, não apenas às
técnicas desportivas, mas ao processo de desenvolvimento cognitivo, afetivo-
social e psicomotor”.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, junto com a Secretaria de
Estado de Educação e a Subsecretaria Adjunta de Planejamento Pedagógico,
através de uma Reorientação Curricular, promoveu um Curso de Atualização para
Professores Regentes no estado do Rio de Janeiro, para tentar a melhoria da
qualidade do ensino, ao longo de 2005, em parceria com a UFRJ. Esse curso foi
feito para os professores de diferentes disciplinas, com uma proposta pedagógica
que visa atender as diferentes necessidades dos educandos face à
contextualização de cada escola pública. Sendo assim, foi constatado que o
documento de Reorientação Curricular encontra-se adequado para o contexto da
Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Contudo, das experiências
relatadas neste documento para o Ensino Fundamental, não há nenhuma menção
à educação holística – o que dizer do Yoga! Por conseguinte, somente uma das
experiências, que mesmo assim não foi para o Ensino Fundamental, mas só para
o Ensino Médio, é que teve um pequeno direcionamento para a educação
holística, que foi relatada pelo professor de Educação Física Reginaldo Jose
Taucei, denominada “Caminhada ecológica”. Eis as palavras de Taucei (2006):
“Esse trabalho surgiu com uma das minhas inquietações. A
primeira, de não conhecer as belezas naturais de meu Município e
também de perceber que muitos dos meus colegas e alunos não a
conheciam. (...) A segunda, de tentar dar uma contribuição à causa
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ecológica, visto que a natureza vem mostrando sua fúria, em
conseqüência das atitudes predatórias que o homem vem tomando
ao longo de sua existência. (...) Daí a idéia da caminhada ecológica,
em que poderíamos despertar o desejo de conhecimento de nossa
região, para melhor preservá-la, assim como propiciar o lazer, já
que no dia a dia as pessoas vêm buscando o encontro com a
natureza, como uma forma de vivenciar experiências saudáveis e,
com isso, melhorar sua qualidade de vida e a preservação do meio
ambiente” (Taucei, 2006, p. 83).
“Contribuir à causa ecológica e preservar o meio ambiente” são temas
que fazem parte da educação holística, embora este relato acima tenha sido
descrito no tema “Atividades recreativas em ambiente natural”.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997):
“Atualmente se concebe a existência de algumas abordagens para a
Educação Física escolar no Brasil que resultam da articulação de
diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções
filosóficas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação
e reflexão para a área e a aproximado das ciências humanas, e,
embora contenham enfoques científicos diferenciados entre si, com
pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a busca de uma
Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser
humano” (PCNs, 1997, p. 24, v. 7).
As múltiplas dimensões do ser humano são enfocadas no Yoga.
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CONCLUSÃO
O presente capítulo tenta mostrar a síntese para a qual caminhou esta
monografia. O ensino do Yoga para as crianças visa possibilitar uma
transformação educacional à infância, sob o enfoque da Psicomotricidade, através
da Educação Física escolar, elucidando alguns aspectos dos quais não são
abordados na escola. Trata-se de uma opinião que se revela audaciosa quando
examinada por educadores resistentes às novas propostas de estudos científicos
que têm, ao longo da história, certa reserva com o Yoga, como se este, por sua
vez, cheirasse a incenso ou supostamente promovesse adoração a divindades
mitológicas – já está na hora de separar o joio do trigo, porque os aspectos
científicos do Yoga não podem ser confundidos com os costumes religiosos e
tradicionais da Índia. Pessoas mais esclarecidas entendem que o Yoga é de suma
importância para a educação de todos. E entre essas pessoas, existem
educadores com um sentimento de satisfação e realização enormes – frutos de
um verdadeiro amadurecimento intelectual.
Sem a necessidade de grandes investimentos em estrutura escolar, o
Yoga é um recurso pedagógico excelente para a educação das crianças, para
despertar nelas o renascimento de um futuro melhor – cujo potencial da prática
contribui para a formação de identidade das pessoas como seres humanos auto-
realizados à paz universal.
O indivíduo estrutura a sua personalidade a partir do final da sua
infância, quando já tem seus próprios valores. Esse processo é estabelecido com
base nas experiências infantis, entre as quais estão as mais importantes fases da
vida. Quando a criança tem a oportunidade de vivenciar o Yoga, a mesma vive em
essência consigo mesma, nem poderia ser diferente. Em conseqüência
benevolente, as crianças que praticam o Yoga tendem a ficar numa situação mais
favorável à aprendizagem, e com mais vitalidade para assumir diversas
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experiências significativas. Pais e professores devem refletir profundamente sobre
isto!
A epígrafe no início desta presente literatura é um chamado à
ponderação de um poeta vegetariano que, além de ter ganhado o prêmio Nobel de
Literatura em 1913, praticava Yoga desde a infância.
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