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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM AUDITORIA E CONTROLADORIA INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DE QUE FORMA A UTILIZAÇÃO DAS MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA PODERÁ CONTRIBUIR PARA O FORTALECIMENTO DO BANCO DO BRASIL S.A.? Por Mirna Fernandes de Carvalho Orientadora Profª. Luciana Chaves Madeira Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …começaram uma conquista das melhores práticas de transparência na relação com seu público externo e, principalmente,

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  • UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM AUDITORIA E

    CONTROLADORIA

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    DE QUE FORMA A UTILIZAÇÃO DAS MELHORES PRÁTICAS

    DE GOVERNANÇA CORPORATIVA PODERÁ CONTRIBUIR

    PARA O FORTALECIMENTO DO BANCO DO BRASIL S.A.?

    Por Mirna Fernandes de Carvalho

    Orientadora

    Profª. Luciana Chaves Madeira

    Rio de Janeiro

    2011

  • 2

    UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM AUDITORIA E

    CONTROLADORIA

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    DE QUE FORMA A UTILIZAÇÃO DAS MELHORES PRÁTICAS

    DE GOVERNANÇA CORPORATIVA PODERÁ CONTRIBUIR

    PARA O FORTALECIMENTO DO BANCO DO BRASIL S.A.?

    MIRNA FERNANDES DE CARVALHO

    Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes

    como requisito parcial para obtenção de

    grau de especialista em Auditoria e Controladoria.

    Por Mirna Fernandes de Carvalho.

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    a Professora Orientadora Luciana Chaves Madeira por sua atenção,

    compreensão, dedicação e conhecimentos transmitidos na condição de

    orientadora.

    Aos colegas do Banco do Brasil agradeço pela oportunidade concedida e

    conhecer a prática desta área, além do companheirismo, atenção, informações

    e materiais fornecidos.

    A todos os Professores do Curso de Pós Graduação em Auditoria e

    Controladoria agradecimento sincero pelo crescimento pessoal e profissional

    que me propiciaram.

    À minha família, de forma especial, pela paciência e apoio meu eterno

    agradecimento.

    A Deus por realizar mais esta conquista.

  • 4

    DEDICATÓRIA

    Para minha mãe Marilene e para minhas irmãs Mirlene e Magda, que sempre acreditaram e desejaram que eu chegasse até aqui.

    A meu afilhado Vinícius para que sempre seja estimulado a trilhar o caminho de permanentes descobertas e de novos

    aprendizados...

  • 5

    RESUMO O presente estudo tem como objetivo analisar as práticas de governança

    corporativa adotadas no Banco do Brasil S.A. (BB) verificando de que forma

    este processo contribui para o fortalecimento da organização. Esta análise será

    realizada tomando-se como base as atuais práticas de gestão de governança

    corporativa do BB. Para isso, será conceituado governança corporativa,

    entendendo sua evolução ao longo do tempo, e suas principais

    recomendações.

    As boas práticas de governança corporativa asseguram aos sócios de

    uma empresa alguns princípios básicos como eqüidade, transparência,

    prestação de contas e responsabilidade corporativa. Através desta pesquisa,

    buscaremos demonstrar como esses princípios de governança se insere na

    área pesquisada e como isso contribui para o fortalecimento do Banco como

    um todo.

  • 6

    METODOLOGIA

    O estudo de caso permite uma investigação para se preservar as

    características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real – tais

    como processos organizacionais e administrativos e a maturação de setores

    econômicos (Yin, 2005).

    Schramm (1971) afirma que a essência de um estudo de caso é que ele

    tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual

    foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados.

    Os estudos de caso tornam-se cada vez mais usados como metodologia

    de pesquisa utilizada em trabalhos acadêmicos (Jóia, 2006).

    Contudo, em que pese a sua importância, os estudos de caso

    caracterizam-se pela dificuldade em generalizar, tornando-os presas fáceis de

    avaliadores rigorosos de trabalhos acadêmicos que, salvo em estudos de

    casos contestatórios ou revelatórios, questionam as conclusões a eles

    associados, ainda que, no contexto da pesquisa, repilam, por conseqüência, a

    sua própria aplicabilidade.

    Em contrapartida, devido ao fato de que as mudanças radicais e

    descontínuas se tornaram o padrão de fato, os dirigentes são obrigados a

    tomar decisões vitais, com poucas informações e em pouquíssimo tempo.

    O método de estudo de caso é o mais adequado para responder a

    questões do tipo “como” e “por que”, além de ser eficiente para construir teoria

    aonde não há dados abundantes e sobre a qual o pesquisador não tem total

    controle (Yin, 2005).

    Podemos defini-lo como um método de aprendizagem acerca de uma

    instância complexa, tendo como base um amplo entendimento dessa instância,

  • 7

    obtido por uma descrição extensiva e análise dessa instância como um todo e

    no seu contexto (Morra e Friedlander, 1999).

    Os pesquisadores apresentam diferentes classificações para os tipos de

    estudos de caso, mas de maneira geral, destacam-se três tipos básicos:

    • Descritivos – quando o objetivo é basicamente descrever uma situação

    com profundidade, buscando ilustrar e dar realismo e ela, pela maior

    quantidade de dados e informações coletadas;

    • Explanatórios – quando se busca explicar o relacionamento entre os

    vários componentes do caso, tentando avaliá-lo por meio de relações

    causais;

    • Exploratórios – quando a situação ainda é por demais nova, objetivando

    gerar hipóteses que possam ser testadas por investigações futuras.

    Este projeto pode ser caracterizado como um estudo de caso único,

    descritivo, do tipo histórico-organizacional, pois o interesse dos pesquisadores

    recai sobre a vida de uma Instituição.

    Serão preferencialmente utilizados documentos – livros, revistas, jornais e

    relatórios da Instituição investigada – como dados amostrais para a realização

    da pesquisa. Procurar-se-á, mesmo com certas limitações legais, físicas,

    operacionais e culturais, obter os principais documentos e fatos históricos

    relacionados à implantação de práticas de governança corporativa no BB.

    Impende ressaltar que a pesquisadora pertence ao quadro de funcionários

    da Empresa estudada. Este fato, por si só, não impede que os estudos sejam

    conduzidos sempre de forma imparcial, porém pelo fato da pesquisadora

    conhecer os códigos de conduta e relacionamento entre as áreas da instituição,

    pode acarretar em algum tipo de viés na interpretação dos documentos

    estudados que possa ser apenas percebido por outros observadores estranhos

    à organização estudada.

  • 8

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO 09

    CAPÍTULO I - Governança Corporativa – O conceito 18

    CAPÍTULO II - Governança Corporativa e o Novo Mercado 23

    CAPÍTULO III – Gestão de Risco como prática de Governança Corporativa 26

    CAPÍTULO IV – Gestão de Riscos no BB 29

    CAPÍTULO V – Controle Interno como instrumento de Governança Corporativa 35 CAPÍTULO VI- Controles Internos no BB 39

    CONCLUSÃO 49

    BIBLIOGRAFIA 54

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55

    ANEXOS 57

    ÍNDICE 74

    FOLHA DE AVALIAÇÃO 75

  • INTRODUÇÃO

    A importância da governança corporativa no Banco do Brasil S.A.

    Hoje em dia, empresas de todo o mundo vêm buscando melhorar seus

    padrões de governança. Existem dois principais motivadores para esta

    tendência. Para algumas firmas, a melhoria é motivada principalmente por

    considerações internas, tais como a busca por conciliar interesses

    potencialmente divergentes entre grupos de acionistas. Já para outras, a

    motivação está ligada ao mercado financeiro, procurando com isso atrair novos

    investidores ou obter acesso a novas fontes de capital externo.

    Muito embora a expressão seja nova, a discussão sobre governança

    corporativa surgiu para superar o chamado conflito de agência dos gestores,

    que é resultado da separação entre a propriedade e a gestão nas empresas.

    Esse conflito de interesses pode assumir características distintas em função da

    estrutura de propriedade das empresas, seja ela de capital aberto ou familiar.

    Tal situação manteve-se até metade do século passado, ocasião na qual

    as grandes transformações provocadas pelo progresso econômico e pela

    euforia do pós-guerra começaram a transformar o mundo. A partir do início do

    século XXI, com a busca da competitividade econômica, as empresas

    começaram uma conquista das melhores práticas de transparência na relação

    com seu público externo e, principalmente, o fortalecimento do relacionamento

    dos acionistas com a empresa como um tudo.

    Assim, segundo o Prof. Koffi Djima Amouzou, do CECIERJ, uma das

    definições de governança corporativa é: “o conjunto de ações e regras para

    garantir a excelência na gestão e a transparência nos interesses dos acionistas

    controladores, acionistas minoritários e administradores”.

  • 2

    De modo geral, todos os sistemas de governança corporativa podem ser

    classificados em dois modelos: Outsider system ou Insider system.

    b) Outsider system: É o caso de sistema ou modelo de governança

    corporativa em que os acionistas são pulverizados e praticamente fora

    do comando diário das operações da companhia. Este caso é mais

    freqüente nos Estados Unidos e Reino Unido. Este tipo de sistema

    possui as seguintes características:

    • Estrutura de propriedade dispersa nas grandes empresas;

    • Foco na maximização do retorno para os acionistas;

    • Papel importante do mercado de ações na economia;

    • Ativismo e grande parte dos investidores institucionais.

    b) Insider System: É o modelo de governança corporativa em que grande parte

    dos acionistas está diretamente no comando das operações diárias ou

    indiretamente via pessoas de sua indicação. É o caso do sistema de

    governança corporativa encontrado na Europa Continental e no Japão. Esse

    modelo de governança tem as seguintes características:

    • Estrutura de propriedade mais concentrada;

    • Baixo ativismo e menor porte dos investidores institucionais;

    • Presença de conglomerados industriais-financeiros;

    • Reconhecimento mais explícito e sistemático de outros agentes não

    financeiros, principalmente funcionários.

  • 3

    A governança corporativa assumiu uma maior relevância na agenda de

    gestão em razão de fatos não muito louváveis, mas que serviram para depurar

    o ambiente corporativo de muitas mazelas e, sobretudo, apontar os limites que

    os gestores das organizações devem observar. Os escândalos empresariais

    que atingiram o mercado de capitais nos últimos anos têm suscitado as mais

    variadas opiniões do público no que diz respeito à conduta de seus gestores.

    O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define a

    governança corporativa como “o conjunto de práticas que visam otimizar o

    desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas:

    investidores, empregados, credores etc. As boas práticas de governança têm a

    finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e

    contribuir para seu bom funcionamento”.

    1.2- O problema

    A globalização econômica trouxe consigo uma das maiores mudanças

    verificadas hoje no ambiente empresarial: o fim das chamadas fronteiras

    econômica e financeira, exigindo do empresário uma atuação mais dinâmica,

    abrangente e atuante.

    Uma vez que lhes foi possível atuar em novos mercados, as gigantes

    multinacionais logo perceberam a necessidade de alterar seus conceitos

    operacionais e produtivos visando, principalmente, a redução de gastos para

    possibilitar sua sobrevivência e crescimento em um novo mercado,

    caracterizado pela maior exigência dos consumidores e melhor penetração dos

    concorrentes.

    Recentemente, as Instituições Financeiras também tiveram que buscar

    uma melhoria de sua performance, senão pela concorrência acirrada, pela

    exigência de eficiência na gestão cada vez maior por parte de seus

    investidores. A competição de mercado tem sido de tal ordem que as

    Instituições Financeiras vêm sendo compelidas a se comprometerem com a

    chamada excelência empresarial.

  • 4

    A governança corporativa hoje pode ser o diferencial de competitividade

    da organização. Assim sendo, este trabalho tem como objetivo analisar a

    gestão da governança corporativa, verificando se este processo agrega valor

    para a empresa pesquisada.

    É um tema em voga e de enorme importância para as empresas,

    notadamente para as companhias com ações listadas em bolsas de valores,

    mais expostas à avaliação de investidores de diversos mercados, tanto no

    Brasil quanto no exterior.

    A governança corporativa cresce cada vez mais, ganhando destaque na

    academia e nas organizações, principalmente a partir da década de 80 do

    século passado. Casos de fraudes em balanços de empresas têm contribuído

    para o incremento da preocupação no relacionamento entre gestores e

    investidores, proporcionando mais transparência, liquidez e prestação de

    contas. Fato é que a partir de 1990 surgiu nos EUA uma nova legislação que

    rege justamente o relacionamento transparente e maior visibilidade entre

    gestores e investidores, que corresponde à Lei Sarbanes-Oxley (SOX).

    É de conhecimento geral que a principal forma de atuação do Banco do

    Brasil é através da intermediação financeira, ou seja, a circulação dos recursos

    captados e dos recursos emprestados aos clientes e investidores institucionais.

    Os recursos captados e negociados no mercado de capitais constituem a sua

    principal fonte de receita, proporcionando liquidez e valorização de mercado

    para a negociação de suas ações no mercado secundário e,

    conseqüentemente, geração de resultados positivos.

    Mediante o exposto, uma questão se faz relevante:

    De que forma a adoção de práticas louváveis de governança corporativa pode

    impactar na criação de valor para o Banco do Brasil S.A.?

    Visando subsidiar e nortear possíveis soluções ao problema exposto acima, as

    seguintes questões abaixo também foram elaboradas:

  • 5

    a. O que levou o BB a elaborar um plano de melhorias para este tema?

    b. Quais eventos de cunho histórico-institucional contribuíram para a criação da

    política de governança corporativa adotada pelo BB atualmente?

    c. Que estratégias foram utilizadas para se atingir estes novos padrões de

    governança?

    d. Quando estas estratégias foram implementadas?

    e. Existem evidências de que a governança corporativa implementada pelo BB

    trouxe, de forma efetiva, benefícios à organização?

    1.3 - O objetivo geral e os objetivos específicos

    As Instituições Financeiras vêm buscando continuamente a melhoria de

    sua performance, através do comprometimento com a chamada excelência

    empresarial.

    A governança corporativa hoje pode ser o diferencial de competitividade

    das organizações. Um processo eficaz, transparente, com participação e

    clareza das ações dos gestores. Vem mostrando uma forma segura de

    monitoramento, criando assim, sustentabilidade e confiança, tendo como

    conseqüência a agregação de valores para os investidores nas organizações.

    Estando incluído no Novo Mercado de governança corporativa da Bolsa

    de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), o Banco do Brasil vem adotando

    diversas práticas de governança, no que diz respeito às instâncias como o

    Conselho de Administração, a Diretoria Executiva, o Conselho Fiscal e

    questões como Auditoria independente, política de divulgação e gestão de

    riscos.

  • 6

    O objetivo deste trabalho é analisar a gestão da governança corporativa

    do Banco do Brasil, verificando como este processo fortalece a Instituição.

    Para demonstrar a importância da governança corporativa no

    fortalecimento do BB, a abordagem se dará em uma área de interesse

    específica: Gestão de Riscos e Controladoria.

    Objetiva-se ainda lançar luz à importância de um adequado sistema de

    controles internos como instrumento de governança, examinando a relação

    existente entre os temas governança corporativa, controles internos e

    gerenciamento de risco.

    A boa prática de governança corporativa requer que:

    • A gestão de riscos seja realizada pelo administrador com base na

    propensão ao risco do proprietário;

    • O administrador deva prestar contas demonstrando, de forma

    inequívoca, o alinhamento esperado de sua gestão às diretrizes

    estratégicas explicitadas pelo proprietário, principalmente no que se

    refere à propensão ao risco;

    1.4 - Justificativa

    Práticas louváveis de governança corporativa têm a finalidade de

    aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para

    a sua perenidade. Além disso, asseguram aos sócios alguns princípios de

    governança como eqüidade, transparência, prestação de contas e

    responsabilidade corporativa.

    Inúmeras entidades e instituições internacionais priorizam a governança

    corporativa, relacionando-a a um ambiente institucional equilibrado, à política

    macroeconômica de boa qualidade e, assim, estimulando sua adoção em nível

    internacional.

  • 7

    O “G7” considera a governança corporativa o mais novo pilar da

    arquitetura econômica global.

    A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

    instituiu uma lista de “Princípios de Governança Corporativa” e promove

    periodicamente, em diversos países, mesas de discussão e avaliação do

    desenvolvimento da governança. Também lançou junto com o Banco Mundial,

    em setembro de 1999, o “Global Corporate Governance Forum”, com o objetivo

    de dar abrangência, importância e visibilidade mundial ao tema.

    Também o Banco Mundial e o FMI estimulam a adoção de boas práticas

    de governança corporativa como parte da recuperação da economia mundial,

    abatida por sucessivas crises em seus mercados de capitais. Em diversas

    partes do mundo, vêm surgindo instituições que visam promover debates em

    torno do tema governança corporativa.

    Até o início do século XXI, a legislação vigente nos EUA, ainda trazia

    certo conforto ao preservar e estimular os deveres elencados, mesmo

    atravessando algumas crises pontuais de mercado, como a crise da Ásia e da

    chamada “bolha especulativa” das empresas “ponto com”.

    Todavia, no final de 2001, vem a público o caso da Enron Corporation,

    uma grande organização conhecida pela sua gestão ousada, que atuava nos

    setores de energia e saneamento, com um faturamento de US$ 101 bilhões em

    2000. Descobriu-se que os balanços da Enron apresentavam graves falhas de

    escrituração contábil e não refletiam as reais dificuldades operacionais e

    financeiras que a empresa enfrentava, o que também contribuiu para o fim das

    atividades da empresa de Auditoria Arthur Andersen, responsável pela

    Auditoria dos balanços da empresa. Ao escândalo da Enron, sucederam-se

    casos semelhantes, como a WorldCom, Tyco e Parmalat.

    No ano de 2002, visando mitigar a perda de confiança dos investidores,

    foi sancionada nos EUA a Lei Sarbanes-Oxley, que possui enorme

  • 8

    abrangência, pois lida com problemas de governança corporativa e

    responsabilidade dos administradores até regras para a negociação de títulos,

    controles internos e disclosure.

    Em nosso país, sendo uma sociedade anônima de economia mista, o BB

    se preocupa em prestar contas dos seus atos à União (acionista controlador),

    demais acionistas e à sociedade.

    O Banco do Brasil, um dos maiores Conglomerados Financeiros da

    América Latina, passou nos últimos anos a adotar práticas diferenciadas de

    governança corporativa, de forma a “blindar” e mitigar eventuais riscos

    políticos, os quais a instituição poderia vivenciar, devido ao controle acionário

    do Estado brasileiro.

    A importância deste trabalho é apresentar as principais medidas adotadas

    pelo BB no aperfeiçoamento de suas práticas de governança corporativa, o que

    possibilitou a sua entrada no Novo Mercado da Bovespa, em junho de 2006,

    tornando o BB a primeira empresa do Governo Federal a ingressar no

    segmento de mais alta governança corporativa no Brasil.

    1.5 - A Hipótese

    Devido às mudanças constantes no mundo dos negócios, existe hoje a

    necessidade do aprimoramento dos controles executados pelas organizações e

    do ambiente de riscos, resultando em alterações nas diretrizes de gestão dos

    riscos para a tomada de decisão.

    Para mitigar esses riscos, existe uma série de normas que buscam

    garantir a padronização das metodologias utilizadas para a gestão eficiente de

    seus riscos por parte das Instituições Financeiras.

    A efetiva gestão dos riscos está presente nas boas práticas de

    governança, que de acordo com a definição do IBGC corresponde ao “sistema

    que assegura aos sócio-proprietários o governo estratégico da empresa e a

  • 9

    efetiva monitoração da Diretoria Executiva. A relação entre propriedade e

    gestão se dá através do Conselho de Administração, da Auditoria

    Independente e do Conselho Fiscal, instrumentos fundamentais para o

    exercício do controle. A boa governança corporativa garante equidade aos

    sócios, transparência e responsabilidade pelos resultados”.

    A gestão do risco nas organizações visa à redução do seu impacto, caso

    ele venha a se materializar. Vai além da avaliação de suas probabilidades de

    perda, propondo ainda a adoção de medidas que visem a mitigação dos riscos

    ao longo do tempo. São estabelecidos controles que minimizam seus impactos,

    aprimorando o sistema de controles internos da instituição. Este gerenciamento

    concentra-se na busca de oportunidades, obtendo vantagem competitiva e

    aumento do valor para o acionista.

    Ao passo que a Auditoria Externa está explicitamente inserida na

    definição dada pelo IBGC, os controles internos são um complemento para a

    governança corporativa, pois esta, em linha geral, propõe que se tenha, bem

    definido, um código de ética e de direitos, que se criem controles internos

    consistentes e que haja uma transparência na relação entre as diversas partes

    interessadas, tais como, Conselho de Administração, diretores executivos,

    acionistas etc., enquanto aquela deve testar os diversos controles da entidade,

    a fim de atestar que os procedimentos e normas adotados são adequados para

    a melhor eficácia da empresa, e estão operando conforme o previsto, de modo

    a gerar resultados planejados que contribuirão para a continuidade da

    empresa.

    Assim, a gestão de riscos e controles internos confirma a credibilidade

    que a governança corporativa demonstra, tendendo a ser adotada por uma

    maior quantidade de empresas, em todo o mundo, já que o mercado está

    selecionando as que exibem melhores qualidades. Proteção a acionistas,

    padrões rigorosos na contabilização das operações, prestação responsável e

    abrangente de contas, relações eficazes entre a propriedade, os conselhos e a

    direção contam pontos positivos na definição dos níveis de atratividade das

    empresas.

  • 10

    CAPÍTULO I

    GOVERNANÇA CORPORATIVA

    O CONCEITO

    Conforme afirma Álvares (2008), os problemas que envolvem a

    governança vêm de longa data. Eles já preocupavam o grande economista

    Adam Smith há três séculos. Em seu livro A Riqueza das Nações, ele diz que

    não se pode esperar que os gestores de empresas cuidem do dinheiro de

    outras pessoas da mesma maneira que fariam com o seu.

    Com o passar dos anos, esta preocupação aumentou geometricamente.

    A fim de financiar seu crescimento, as empresas abriram seu capital,

    financiando-se através da emissão de títulos no mercado de ações, dando a

    seus acionistas o direito a voto nas decisões. A crescente profissionalização da

    gestão levou a uma separação entre a propriedade e o controle da corporação.

    Ainda sobre isso, Means estabeleceu na década de 30 do século

    passado três conceitos distintos: propriedade, controle e gestão. Determinadas

    pessoas têm a propriedade de uma empresa e exercem o seu controle através

    do Conselho de Administração, que dita as normas que pautam a gestão da

    empresa. No entanto, o efetivo controle pode ser exercido apenas por um

    pequeno grupo de proprietários que tenham poder para escolher os membros

    do Conselho de Administração, e então a gestão passa a ser delegada a

    profissionais contratados.

    Separando a propriedade da gestão, passou-se a demandar uma maior

    exigência legal e moral dos deveres de competência, lealdade, ética, prestação

    de contas, eqüidade e diligência por parte dos administradores profissionais

    contratados (Fontes, 2004).

    Naturalmente, a separação estabelecida por Means passou a gerar um

    tipo de conflito de agência: gestores x acionistas. Neste caso, o conflito é

    decorrente de interesses não perfeitamente simétricos entre as partes, devido à

  • 11

    posição ocupada pelos executivos seniores das empresas e a possibilidade de

    benefícios questionáveis autoconcedidos como, por exemplo, nepotismo,

    gastos com viagens, participação em eventos que não irão gerar retorno algum

    aos acionistas.

    O conflito de agência surge no momento em que o bem-estar de uma

    parte depende das decisões tomadas por outra. O papel do agente é tomar

    decisões em benefício do principal. Todavia, muitas vezes ocorrem situações

    em que os interesses são conflitantes, dando margem a um comportamento

    oportunista por parte de um dos agentes.

    Andrade e Rossetti (2004) explicam que a existência destes dois tipos de

    conflitos de agência acaba por levar à reaproximação da propriedade e da

    gestão, pelo caminho da difusão e da adição de boas práticas de governança

    corporativa.

    Segundo Silva e Leal (2007), a governança corporativa corresponde aos

    mecanismos ou princípios que norteiam o processo de decisão dentro das

    organizações, ou seja, um conjunto de regras que visam minimizar os

    problemas de agência.

    Brandão (2004) afirma que o termo “governança corporativa” somente

    passou a ser usado a partir dos anos 60 do século passado, para referir-se às

    diretrizes de funcionamento das empresas. Um momento importante de

    mudança ocorreu nos anos 80, quando começou nos EUA um movimento dos

    grandes investidores institucionais, que ser organizaram para exigir melhores

    práticas de governança corporativa na gestão das grandes corporações. Nos

    anos 90, as demandas por melhores práticas de governança corporativa se

    difundiram por todo o mundo.

    No início deste século, uma série de escândalos corporativos (Enron,

    WorldCom etc.) levarem ao surgimento nos EUA da rigorosa lei Sarbanes-

    Oxley (SOX), impondo um conjunto de exigências de grande abrangência e

  • 12

    impacto na gestão das empresas de todo o mundo, inclusive no Brasil

    (Brandão, 2004).

    Segundo Slomski (2007), governança corporativa é o sistema pelo qual

    as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos

    entre acionistas/cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria

    independente e o Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa

    têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao

    capital e contribuir para sua perenidade.

    O valor se torna assim uma grandeza mais facilmente avaliável, levando

    em consideração a geração operacional, retorno esperado, diminuição

    considerável dos riscos, aumento do poder de ganho e continuidade do

    negócio.

    Segundo o IBGC, governança corporativa é “o conjunto de práticas que

    visam otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes

    interessadas: investidores, empregados, credores etc. As boas práticas de

    governança têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu

    acesso ao capital e contribuir para seu bom funcionamento”.

    O IBGC resume estas boas práticas em quatro aspectos essenciais da

    governança: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade

    corporativa.

    Transparência é essencial em uma organização. Uma boa comunicação

    produz melhorias tanto interna como externamente, pois o relacionamento da

    empresa com as partes interessadas (investidores, financiadores, clientes,

    fornecedores, funcionários, governos e comunidade) influencia diretamente em

    sua imagem e reputação. A empresa não deve encarar a transparência como

    uma obrigação de informar. Deve haver um genuíno desejo de informar. Isso

    se aplica não só as informações econômico-financeiras, mas também a

    quaisquer outros fatores, inclusive intangíveis, que norteiem a ação empresarial

    e a criação de valor.

  • 13

    Equidade significa tratar todos os grupos com justiça e uniformidade:

    acionistas majoritários, minoritários, colaboradores, clientes, fornecedores etc.

    Atitudes discriminatórias não são aceitáveis.

    Pelo fato de se estar utilizando recursos de outras pessoas, os agentes

    de governança devem efetuar prestação de contas de seus atos e

    responsabilizar-se por suas decisões. Por agentes de governança entende-se,

    nesse contexto, como sendo o Conselho de Administração, os proprietários, os

    administradores (especialmente o presidente) e a Diretoria Executiva.

    A responsabilidade corporativa preocupa-se com a perenidade das

    organizações, lidando com a sustentabilidade e visão de longo prazo. Desta

    forma, torna-se necessária a preocupação com questões de ordem social e

    ambiental na definição dos negócios e operações da empresa. A

    responsabilidade corporativa é, portanto, uma visão ampliada da estratégia

    empresarial, contemplado os impactos da empresa na comunidade em que

    atua. A empresa deve mostrar sua “função social”, que inclui a criação de

    riquezas e oportunidades de emprego, qualificação e diversidade da força de

    trabalho, estímulo ao desenvolvimento científico por meio de tecnologia e

    melhoria da qualidade de vida através de ações educativas, culturais e de

    defesa do meio ambiente.

    Quando os resultados econômicos superam as expectativas dos

    acionistas, promovendo a maximização de sua riqueza, ocorre enfim a criação

    de valor. Para Assaf Neto (2008), a maior parte das empresas está se

    adaptando às novas exigências do mercado de monitoramento de seus valores

    e padrões de comportamento.

    A relação entre cotistas, Conselhos, Diretoria e Auditoria das empresas

    passou a ser uma preocupação recente dos governos, sobretudo após os

    escândalos financeiros recentes com grandes corporações.

  • 14

    Desse modo, foram difundidas as idéias fundamentais daquilo que se

    denominou de “governança corporativa”. Podem-se aplicar os conceitos de

    governança corporativa tanto na preocupação pela transparência como uma

    empresa é dirigida e controlada, quanto na sua responsabilidade em questões

    que envolvem toda a sociedade.

  • 15

    CAPÍTULO II

    GOVERNANÇA CORPORATIVA E O NOVO MERCADO

    O crescimento dos mercados de capitais, resultante da liberalização dos

    investimentos em portfólio nos países desenvolvidos e emergentes, ampliou o

    debate sobre as melhores práticas, que passou a contemplar também a forma

    de representação dos interesses dos investidores institucionais nos diversos

    mercados em que atuam.

    Nesse contexto, a Bovespa definiu o Novo Mercado como:

    .

    Por isso, a Bovespa defende que a valorização e a liquidez das ações de

    um mercado são influenciadas positivamente pelo grau de segurança que os

    direitos concedidos aos acionistas oferecem e pela qualidade das informações

    prestadas pelas empresas, o que caracteriza a premissa básica do Novo

    Mercado.

    A entrada de uma empresa no Novo Mercado significa a adesão a um

    conjunto de regras societárias, genericamente chamadas de “boas práticas de

    governança corporativa”, mais rígidas do que aquelas presentes na legislação

    brasileira. Essas regras, consolidadas no regulamento de listagem, ampliam os

    direitos dos acionistas, melhoram a qualidade das informações usualmente

    prestadas pelas companhias e, ao determinar a resolução dos conflitos por

    meio de uma Câmara de arbitragem, oferecem,a os investidores a segurança

    de uma alternativa mais ágil e especializada.

    As inovações do Novo Mercado, em relação à legislação, baseiam-se nos

    princípios de governança corporativa de transparência, prestação de contas,

    Um segmento de listagem destinado à negociação de ações emitidas

    por empresas que se comprometem, voluntariamente, com a adoção

    de práticas de governança corporativa e disclosure adicionais em relação ao que é exigido pela legislação

  • 16

    tratamento equitativo aos acionistas e perenidade da empresa. Algumas

    dessas obrigações adicionais são:

    • Realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de

    mecanismos que favoreçam a dispersão do capital;

    • Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações

    representando 25% do capital;

    • Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos

    controladores quando da venda do controle da companhia;

    • Estabelecimento de um mandato unificado de 1 ano para todo o

    Conselho de Administração;

    • Disponibilização de balanço anual seguindo as normas do US-GAAP ou

    IAS-GAAP;

    • Introdução de melhorias nas informações prestadas trimestralmente,

    entre as quais, a exigência de consolidação e de revisão especial;

    • Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as

    ações em circulação, pelo valor econômico, nas hipóteses de

    fechamento do capital, ou cancelamento do registro de negociação no

    Novo Mercado;

    • Cumprimento de regras de disclosure em negociações envolvendo

    ativos de emissão da companhia por parte de acionistas controladores

    ou administradores da empresa.

    Além de presentes no regulamento de listagem, alguns desses

    compromissos devem ser aprovados em assembléias gerias e incluídos no

    Estatuto Social da companhia. Um contrato assinado entre a Bovespa e a

    empresa, com a participação de controladores e administradores, fortalece

    a exigibilidade do seu cumprimento.

    A adesão aos níveis diferenciados de governança corporativa da

    Bovespa dá maior destaque aos esforços da empresa na melhoria da

    relação com investidores e eleva o potencial de valorização dos seus ativos.

  • 17

    A Bovespa definiu o conjunto de normas de conduta para empresas,

    administradores e controladores, consideradas importantes para uma boa

    valorização das ações e outros ativos emitidos pela companhia e para o

    devido cumprimento das boas práticas de governança corporativa.

  • 18

    CAPÍTULO III

    GESTÃO DO RISCO COMO PRÁTICA DE

    GOVERNANÇA CORPORATIVA

    Conforme Bergamini Júnior (2005), risco é um fato da vida corporativa.

    Assumir e gerenciar riscos é parte do que as empresas precisam para obter

    lucros e criar valor para seus acionistas. Na medida em que todas as atividades

    empresariais envolvem riscos, o empresário deve avaliar e mensurar os riscos

    envolvidos em determinada decisão e deve administrá-los com base em sua

    propensão ou apetite para o risco. Na alocação de ativos estão associados

    retornos proporcionais aos riscos: alocação em ativos de alto risco exige

    retorno elevado, ao passo que uma baixa propensão ao risco resulta em

    retorno reduzido.

    A mensuração de risco teve como pioneiro Henry Markowitz que, em

    1955, apresentou sua dissertação de mestrado na qual utilizou modelos

    matemáticos para o cálculo do risco total de uma carteira de ativos. Aos

    poucos, economistas e bancos de investimento foram aderindo aos

    matemáticos, físicos e engenheiros que assumiram as rédeas do mercado

    financeiro [Luchesi (2005)].

    Segundo Sebastião Bergamini (2005), a previsibilidade constitui o critério

    de diferenciação. Por ser recorrente ou repetitivo um evento de risco deve

    permitir estimativa sobre sua possível ocorrência e conseqüências, ao passo

    que os eventos de incerteza, por envolverem fatos não recorrentes, terão um

    alto grau de aleatoriedade. Com a aceitação da máxima de que “é necessário

    medir para administrar”, consolidou-se a idéia de que, para ter utilidade nos

    negócios, um determinado evento de risco deve ser previsível em termos de

    probabilidade de ocorrência (incidência), e deve ser passível de estimativa

    quantitativa (impacto).

    No mundo dos negócios, a prática demonstra que, na definição clássica

    de risco, a palavra “possibilidade” vem sendo substituída por “probabilidade”. A

  • 19

    administração do risco tem por diretiva que “risco é uma opção, não é destino”,

    portanto devem ser assumidos, mitigados (alocados, controlados,

    compartilhados ou financiados) ou, simplesmente, evitados. A assunção de um

    risco inerente pressupõe a tomada de medidas negociais ou de controle por

    parte da empresa visando reduzi-lo, restando o chamado risco residual, o qual

    é muito comum na administração do risco operacional.

    A tipologia de riscos não é padronizada, pois cada empresa tem um

    modus operandi específico, demandando a utilização de controles internos

    diferenciados. A busca por uma classificação de riscos pode resultar em várias

    formas de segregá-los, todas buscando atender à necessidade de sistematizar

    diferentes visões didáticas destes.

    Os riscos podem ser divididos entre aqueles que têm origem na empresa

    e para os quais, em geral, esta pode adotar medidas para geri-los, e aqueles

    de origem externa e sobre os quais a empresa, normalmente, não tem controle.

    Outra forma, utilizada pelas agências independentes de classificação de risco,

    como a Standard & Poors e a Moody’s, nas classificações de emissões de

    títulos de mercado, é segregá-los em dois grupos: riscos do negócio e riscos

    financeiros, com o objetivo de demonstrar aqueles envolvidos na apuração de

    uma determinada capacidade de pagamentos da empresa emissora.

    As instituições financeiras reconhecem seis tipos de risco: de crédito, de

    mercado, operacional, legal, de liquidez e de imagem. A utilidade da

    segregação dos riscos está em conseguir informações sobre a contribuição de

    cada tipo de risco para o resultado final obtido pela empresa e definir, com

    base em informações adicionais sobre sua propensão ao risco, uma solução

    adequada a partir do arsenal de instrumentos de mitigação ou de controle

    desses riscos.

    O risco operacional decorre da realização das operações, estando

    associado às deficiências nos controles internos. O Comitê da Basiléia sobre

    Supervisão Bancária estabeleceu que “o risco operacional é definido como o

    risco de perda resultante de pessoas, sistemas e processos internos

  • 20

    inadequados ou deficientes, ou de eventos externos. Essa definição inclui o

    risco jurídico, porém exclui o estratégico e de reputação” [Bank for International

    Settlements (BIS) (2004)].

    O risco operacional se materializa em fraudes praticadas por empregados

    e em falhas nos processos e nos sistemas informatizados, e ocorrem em

    função de desenho organizacional inadequado, da falta de planejamento e de

    monitoração na delegação de poderes, da utilização de procedimentos sem

    uniformidade e da obsolescência de produtos e processos. Com esse amplo

    leque de origens, o risco operacional interpenetra os demais tipos de risco e

    mantém interseção causal com esses mesmos riscos.

    O reconhecimento de que os riscos são multidimensionais emergiu com

    o progressivo conhecimento das especificidades do risco operacional. A

    variedade dos tipos que podem ser categorizados como operacionais é

    elevada; esse tipo de risco permeia os demais; é de natureza assimétrica, pois

    a empresa está exposta sem que a ele esteja relacionado, de forma direta,

    algum retorno; muitos riscos operacionais não são recorrentes, dificultando a

    utilização de instrumentos de medição estatística baseados na distribuição

    de freqüência.

    Com base na constatação de que os diferentes tipos de risco têm

    interseção com o operacional, prevalece no mercado a premissa de que o

    adequado processo de gerenciamento de riscos deve contemplar,

    independentemente de como foi realizada a segregação dos riscos, a utilização

    de um conceito multidimensional destes, permitindo uma abordagem de forma

    holística, na chamada gestão integrada de riscos.

  • 21

    CAPÍTULO IV

    GESTÃO DE RISCOS NO BANCO DO BRASIL

    As mudanças no ambiente financeiro mundial, tais como a integração

    entre os mercados por meio do processo de globalização, o surgimento de

    novas transações e produtos, o aumento da sofisticação tecnológica e as

    novas regulamentações tornaram as atividades e os processos financeiros e

    seus riscos cada vez mais complexos. Adicionalmente, as lições originadas dos

    desastres financeiros como o do Grupo Metallgesellschatt e do Banco Barings,

    contribuíram para a evidenciação da necessidade principal de gestão de riscos

    na indústria bancária.

    Esses fatores influenciaram para que os órgãos reguladores e as

    instituições financeiras investissem na gestão dos riscos, visando o

    fortalecimento da saúde financeira dos bancos e a prevenção contra os efeitos

    prejudiciais ao sistema financeiro.

    Alinhado a essa perspectiva, o BB investe no aperfeiçoamento contínuo

    do processo e das práticas de gestão de riscos, em consonância com os

    referenciais internacionais de mercado e com o Novo Acordo de Basiléia,

    conhecido como Basiléia II.

    Conforme pesquisado nos normativos internos da instituição pesquisada,

    em consonância com o Novo Acordo de Basiléia, o Banco adota uma visão

    consolidada da gestão dos riscos de crédito, mercado/liquidez e operacional,

    de forma a assegurar uma exigência de capital mais eficiente para suportar

    riscos e proporcionar a maximização do retorno aos acionistas e maior solidez

    da instituição, fortalecendo cada vez mais a marca Banco do Brasil.

    O processo decisório do gerenciamento dos riscos ocorre de forma

    integrada, sob responsabilidade da Diretoria de Gestão de Riscos (DIRIS). As

    comissões e subcomitê (fóruns de caráter propositivo) discutem e encaminham

    propostas relacionadas aos riscos de crédito, de mercado/liquidez e

  • 22

    operacional ao Comitê de Risco Global (CRG), para deliberação. O CRG é

    composto pelo Conselho Diretor (presidente e vice-presidentes) e tem por

    finalidade principal estabelecer as estratégias para gestão de riscos.

    De acordo com os normativos constantes da intranet da instituição, as

    fases que permeiam a gestão dos riscos no BB consideram: identificação,

    mensuração, mitigação e monitoramento.

    4.1 Fases da gestão dos riscos no BB

    4.1.1 Identificação

    A identificação de riscos é realizada de acordo com as peculiaridades de

    cada risco.

    O risco de crédito considera a segregação em portfólio, segmentos de

    clientes, setores econômicos, região, produto, rating, garantias, entre outras

    variáveis.

    Para o risco de mercado, O banco do Brasil identifica onde se acha

    exposto sob o enfoque dos fatores de risco- ações, câmbio, commodities e

    juros- para, então, direcionar suas ações de gestão.

    Para o risco operacional, a identificação do evento de perda deve estar

    associada aos fatores causais representados por pessoas, processos, sistemas

    e eventos externos. Para toda a eventualidade de perda operacional tem-se um

    fator de causa a ela associado, cuja identificação permite viabilizar as demais

    fases da gestão. O Banco do Brasil define, no âmbito da rede de agências e da

    direção geral, Indicadores Chave de Risco (ICR), que são instrumentos de

    controle de desvios no comportamento esperado dos processos operacionais,

    desvios que possam expor a instituição a maiores riscos e, em conseqüência,

    gerar maiores perdas.

  • 23

    4.1.2 Mensuração

    No processo de mensuração dos riscos, o Banco do Brasil utiliza regras

    estabelecidas pelo BACEN e métodos estatísticos e de simulação- VaR,

    desvio-padrão- etc.- além de indicadores de desempenho como o Índice de

    Qualidade da Carteira (IQC).

    VaR- Valor em risco é uma medida extensamente utilizada na indústria

    financeira nacional e internacional, que já se consolidou como métrica

    representativa da exposição a riscos. Em linhas gerais, o VaR sintetiza a maior

    (ou pior) perda esperado dentro de determinado período de tempo e intervalo

    de confiança. A aplicação do VaR, concebido inicialmente como método de

    mensuração do risco de mercado, tem se estendido nos últimos anos ao

    cálculo dos riscos de crédito e operacional.

    Desvio-padrão é outra medida estatística bastante utilizada par se medir

    o risco e, por conseqüência, para se prever a volatilidade de um ativo. È uma

    medida relativa. Deve ser comparado a uma média e a outro ativo com

    características similares ou, ainda, a um referencial de mercado.

    IQC- índice de Qualidade da Carteira é um indicador utilizado para o

    gerenciamento do risco de crédito. Ele avalia a qualidade da carteira de crédito

    com base em aspectos qualitativos e quantitativos. Cada nível de risco da

    carteira é classificado em vencido ou não vencido, sendo ponderado de acordo

    com os pesos estabelecidos em legislação específica. Créditos vencidos e

    aumento de risco afetam negativamente o indicador.

    4.1.3 Mitigação

    As causas apontadas na etapa de identificação são utilizadas como

    subsídio à definição de estratégias mitigadoras de risco. A implementação de

    ações de mitigação requer a avaliação dos custos e benefícios a elas

    associados.

  • 24

    4.1.4 Monitoramento

    Na fase de monitoramento, o banco acompanha os eventos, o volume

    das perdas ocorridas e projetadas, bem como a eficácia das estratégias,

    políticas, instrumentos e metodologias, de forma a monitorar os limites de

    exposição aos riscos inerentes à sua atividade.

    Nesta fase também ocorre o processo de retroalimentação acerca da

    gestão de riscos do banco, momento em que são revisadas as etapas da

    gestão, adequando-se às regulamentações do supervisor bancário e às

    melhores práticas de mercado.

    Ainda, seguindo a premissa da Governança no Processo de Gestão de

    Riscos podemos relatar que o processo de gestão de riscos envolve fluxo

    contínuo de informações, obedecendo às seguintes fases:

    a. Preparação: fase de coleta e análise dos dados. Nessa etapa são analisadas

    e propostas medidas sobre os riscos para discussão e deliberação nos

    subcomitês, e, se necessário, para posterior discussão e deliberação no CRG;

    b. Decisão: as decisões são tomadas de forma colegiada nos escalões

    competentes e comunicadas às áreas intervenientes;

    c. Execução: as áreas intervenientes implementam as decisões tomadas;

    d. Acompanhamento/Gestão: é o controle realizado pela Diretoria de Gestão de

    Riscos, avaliando o cumprimento das deliberações e seus impactos no BB,

    comunicando a situação dessas ações ao fórum competente (subcomitê ou

    CRG). O controle dessas decisões e o reporte aos subcomitês/CRG

    proporcionam o aprimoramento do processo de gestão.

  • 25

    4 .2 Governança Corporativa de Riscos

    O modelo de governança de riscos adotado pelo BB envolve estrutura de

    comitê e subcomitês, com a participação de diversas áreas da Instituição,

    contemplando os seguintes aspectos:

    a. Segregação de funções: negócio x risco;

    b. Estrutura específica para avaliação/gestão de risco;

    c. Processo de gestão definido;

    d. Decisões em diversos níveis hierárquicos;

    e. Normas claras e estrutura de alçadas;

    f. Referência às melhores práticas de gestão.

    Modelo representado na figura 1 do anexo1.

    Todas as decisões relacionadas à gestão de riscos são tomadas de forma

    colegiada e de acordo com as diretrizes e normas do BB.

    A governança de risco do Banco do Brasil, abrangendo o Banco Múltiplo

    e suas Subsidiárias Integrais, é centralizada no Comitê de Risco Global - CRG,

    composto pelo Conselho Diretor, tendo por finalidade principal estabelecer as

    estratégias para gestão de riscos, limites globais de exposição a riscos e níveis

    de conformidade e alocação de capital em função dos riscos.

    Visando conferir agilidade ao processo de gestão, foram criados

    Subcomitês de Risco de Crédito (SRC), de Mercado e Liquidez (SRML) e de

    Risco Operacional (SRO), que decidem e/ou instrumentalizam o CRG, tendo

    poder decisório por delegação.

    A Diretoria de Gestão de Riscos - DIRIS, vinculada à Vice-Presidência de

    Crédito, Controladoria e Risco Global, responde pelo gerenciamento dos riscos

    de mercado, liquidez, operacional e de crédito. Esta integração proporciona

  • 26

    sinergia de processos e especialização, contribuindo para uma melhor

    alocação de capital e está aderente ao Novo Acordo de Basiléia.

    Isto pode ser exemplificado através da figura 2 do anexo 1.

  • 27

    CAPÍTULO V

    CONTROLE INTERNO COMO INSTRUMENTO DE

    GOVERNANÇA CORPORATIVA

    Segundo Mccrimmon & Wehrung (1986 apud MARTINS, SANTOS e

    DIAS FILHO, 2004) “Para estabelecer um sistema de controle de gestão dos

    recursos, a governança se depara, inevitavelmente, com a necessidade de

    tratar os riscos empresariais, que são ‘eventos futuros e incertos que podem

    influenciar de forma significativa o cumprimento dos objetivos de uma firma’”.

    Logo, para o exercício de uma boa governança corporativa dentro de uma

    empresa, é necessária a implantação de técnicas para identificação, avaliação

    e controle de riscos, sendo impossível existir governança empresarial sem um

    eficaz controle interno. Para que o gerenciamento de riscos seja um sucesso, é

    preciso que os líderes das organizações possam enxergá-los como uma forma

    de gerar valor aos acionistas.

    O Conselho Federal de Contabilidade, nas Normas Brasileiras de

    Contabilidade Técnica 11, item 11.2.5.1, define controle interno como um

    conjunto de variáveis e compreende: (...) “o plano de organização e o conjunto

    integrado de método e procedimentos adotados pela entidade na proteção do

    seu patrimônio, promoção da confiabilidade e tempestividade dos seus

    registros e demonstrações contábeis, e da sua eficiência operacional”.

    Segundo o Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano

    de Contadores Públicos Certificados – AICPA (apud ATTIE 1992, p.197):

    “O controle interno compreende o plano de organização e conjunto coordenado dos

    métodos e medidas, adotados pela empresa, para proteger seu patrimônio, verificar a

    exatidão e a fidedignidade de seus dados contábeis, promover a eficiência operacional

    e encorajar a adesão à política traçada pela administração.”

  • 28

    Um dos aspectos importantes no uso dos controles internos pelas

    organizações é o de prover os acionistas com razoável segurança de que a

    condução dos negócios está adequadamente controlada.

    Segundo Attie (1992, p.200), é “impossível conceber uma empresa que

    não disponha de controles que possam garantir a continuidade do fluxo de

    operações e informações propostas”.

    Atualmente alguns autores vêm aumentando a abrangência dos controles

    internos, ao afirmarem que esses controles constituem um processo,

    implementado pela alta administração da empresa, envolvendo diretores,

    gerentes e funcionários, com a finalidade de prover razoável garantia quanto à

    realização dos objetivos específicos da empresa, nas seguintes categorias:

    observar o alinhamento das ações ao direcionamento estratégico; conceder

    efetividade e eficiência às operações; obter confiabilidade no processo de

    comunicação, especialmente por meio das demonstrações contábeis; e

    assegurar a conformidade com as leis e os regulamentos [Fuzinato (2004)].

    Essa definição inova o conceito tradicional ao adicionar um objetivo que atende

    especificamente a diversas instâncias da alta administração, representada pela

    “observação do alinhamento das ações ao direcionamento estratégico”.

    Segundo Andrade e Rossetti (2004), considera-se que os controles

    internos serão implementados pela alta administração, compreendendo

    intervenções tanto o Conselho de Administração quanto a Diretoria Executiva,

    pelo fato de que é de ambos a responsabilidade de estabelecer o Plano de

    Organização. Esse plano define o desenho organizacional da empresa

    (organograma), estabelece as responsabilidades básicas de cada unidade

    (atribuições funcionais) e aloca os recursos necessários para a adequada

    gestão dessas atribuições, representados por pessoas qualificadas, recursos

    materiais e sistemas de tecnologia de informação (TI).

    Nesse processo, cabe ao Conselho de Administração a definição das

    diretrizes estratégicas e de algumas diretrizes específicas, geralmente ligadas

  • 29

    à otimização do processo de supervisão. A Diretoria Executiva deve

    implementar as ações diretas necessárias para o cumprimento dessas

    diretrizes.

    Com relação aos instrumentos e mecanismos de governança corporativa

    e ao ambiente de controle, devem ser avaliadas cinco questões:

    a. a responsabilidade da alta administração na definição balizam a atuação da

    empresa;

    b. os papéis do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva para a

    manutenção de um ambiente de controle robusto e para a difusão de uma forte

    cultura de gerenciamento de riscos;

    c. o nível de segregação entre as funções do Conselho de Administração e as

    da Diretoria Executiva na definição e implementação dos controles internos;

    d. a verificação do alinhamento da atuação da Diretoria Executiva às diretrizes

    estratégicas estabelecidas pelo Conselho de Administração, principalmente no

    que se refere à supervisão da gestão de risco e à aderência dessa gestão ao

    nível de propensão ao risco previamente estabelecido; e

    e. o papel da auditoria interna no ambiente de controle.

    5.1 A importância do Comitê de Auditoria

    Companhias com uma estruturada e ativa equipe de auditoria interna

    possuirão melhor controle das atividades e conseqüentemente um melhor

    gerenciamento de riscos, componente essencial para uma governança

    corporativa eficaz.

    O conjunto das boas práticas de governança recomenda que o conselho

    de administração constitua comitês para assuntos específicos dedicados a

    áreas que requeiram estudos mais profundos, dando subsídios às decisões do

    conselho. É nesse momento que o comitê de auditoria surge com mais

    destaque no ambiente corporativo.

    Atuando junto ao conselho de administração, o comitê deve:

    - Estar atento ao cumprimento do regulamento interno da empresas;

  • 30

    - Realizar análise minuciosa das demonstrações contábeis;

    - Assegurar a existência de sólidos processos para o monitoramento de riscos;

    - Supervisionar a elaboração e apresentação de relatórios financeiros;

    - Avaliar os processos de auditoria;

    - Criticar as ineficiências de controle interno, trabalhando para a redução do

    potencial de fraudes.

    O comitê de auditoria precisa considerar se políticas apropriadas foram

    estabelecidas e processos gerenciais foram implementados para assegurar

    que os riscos sejam identificados adequadamente, controles sejam projetados

    para atenuar os principais riscos do negócio e que os controles estejam

    funcionando apropriadamente.

    Devem ser formados por pessoas devidamente qualificadas, preparadas

    para possíveis discussões que possam vir a surgir junto à auditoria

    independente, auditoria interna ou diretoria.

    Anteriormente quase inexistentes, os comitês de auditoria ganharam

    espaço, no Brasil, com a Lei Sarbanes-Oxley, de junho de 2002, e com as

    adequações brasileiras a governança corporativa como as publicações das

    Resoluções 3.081/03 e 3.170/04, do BACEN, da atual cartilha da CVM, do

    código de melhores práticas de governança corporativa do IBGC.

    Como instituição financeira listada no Novo Mercado, o Banco do Brasil

    adota todos esses princípios de controle interno. Contando, inclusive, com um

    Código de Governança que regula o comportamento da empresa.

    Intranet BB.

  • 31

    CAPÍTULO VI

    CONTROLES INTERNOS NO BANCO DO BRASIL

    6.1 Histórico de controles internos no Banco do Brasil

    Desde os anos 70, com a criação do Comitê de Basiléia para supervisão

    bancária, procurou-se fortalecer o sistema financeiro por meio de

    regulamentação mais sistemática. Iniciava-se o processo de saneamento do

    sistema financeiro.

    Com a abertura comercial, a partir de 1992, o Brasil buscou alinhar-se

    com o mercado mundial de alta competitividade. Ao mesmo tempo, os órgãos

    reguladores aumentaram sua preocupação em implementar novas regras de

    combate às operações financeiras ilícitas e à lavagem de dinheiro e em

    regulamentar o mercado interno de acordo com as regras internacionais.

    Em paralelo a esse cenário, as instituições financeiras brasileiras

    continuaram a enfrentar uma acirrada disputa interna por uma fatia do

    mercado. Essa competitividade contribuiu para a falência de algumas

    instituições que, dentre outros fatores, não adequaram seus controles e não

    praticaram princípios éticos exigidos pela sociedade.

    Com isso, as instituições financeiras foram compelidas a iniciar um ciclo

    de mudanças cada vez mais radical. Ocorreram reestruturações estratégicas,

    organizacionais e tecnológicas, além de reciclagens constantes. Buscou-se

    aperfeiçoamento do desempenho dos empregados por meio de treinamentos

    periódicos e de implementação de códigos de ética e de políticas de controles

    internos.

    No caso brasileiro, a avaliação de controles internos tem sido a

    preocupação do BACEN desde a Resolução 607, de 02.04.1980, que passou a

    exigir do auditor independente a emissão de relatório circunstanciado sobre

  • 32

    deficiências ou ineficácia dos controles contábeis internos, bem como a

    respeito do descumprimento de normas legais e regulamentares.

    Para Almeida (1996, p.50), “o controle interno representa em uma

    organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos

    de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a

    administração na condução ordenada dos negócios da empresa”.

    No Banco do Brasil, a gestão adequada dos riscos e controles internos

    esteve presente nas ações estratégicas de maximização do desempenho e da

    redução de custos. Antes mesmo da publicação da Resolução 2.554, de 1998,

    que estabeleceu a função controle, o Banco, em 1996, decidiu pela criação do

    cargo de Gerente de Controle, nas agências, visando segregar as atividades de

    deferimento de créditos.

    Em 1998, foi realizado um realinhamento da organização administrativa

    nas agências- especialização da função controle- para redefinir os cargos de

    Gerente de Controle e criar o cargo de Auxiliar de Controle.

    Em janeiro de 1999, o Conselho de Administração do banco aprovou a

    criação da Unidade de Função Controles Internos – UCI, que passou a

    incorporar a área de apoio ao Comitê de Gerenciamento Integrado de Ativos e

    Passivos. A UCI, em conjunto com as Unidades Controladoria, Contadoria e

    Gerência de Relações com Investidores, integrava a área de gestão da

    Diretoria de Controles, que tinha por objetivo o desenvolvimento e

    aprimoramento dos instrumentos de controle e a ênfase na gestão de riscos.

    Nesse mesmo período, o banco promoveu a separação da administração de

    recursos de terceiros da administração de recursos próprios, desmembrando a

    Unidade de Gestão de Recursos de Terceiros em Diretoria de Mercado de

    Capitais- Dimec e BB Gestão de Recursos- Distribuidora de Títulos e Valores

    Mobiliários S.A. – BB- DTVM.

    Em setembro de 1999, foi definida a classificação e a conceituação de

    riscos incorridos pelo banco, tendo sido normatizadas de forma a serem

  • 33

    utilizadas por todas as áreas na avaliação de riscos dos processos, produtos e

    serviços da organização.

    Estão destacadas, no quadro 1 do anexo 1, as principais ações da

    Diretoria de Controles Internos, iniciadas a partir de fevereiro de 2000, em

    continuidade ao processo de desenvolvimento e implantação da função

    controle e compliance e de disseminação da cultura controle no banco.

    6.2 Modelo de Gestão de Controles Internos no BB

    A necessária adaptação do Banco do Brasil ao ambiente regulatório fez

    surgir na empresa o sistema de controles internos, que representa o conjunto

    de políticas, procedimentos, ações e estruturas administrativas que visam

    auxiliar no atingimento dos objetivos estratégicos da organização, por meio do

    reconhecimento e gerenciamento adequado dos riscos inerentes às suas

    atividades.

    Assim, o sistema de controles internos permeia todas as atividades do

    conglomerado e está relacionado de forma específica com a atividade fim de

    algumas áreas:

    • Auditoria Interna- Audit;

    • Diretoria de Controles Internos – Dicoi;

    • Diretoria Gestão de Riscos – Diris;

    • Diretoria de Controladoria – Dirco;

    • Contadoria Geral – Coger;

    • Diretoria de Estratégia e Organização- Direo; e

    • Diretoria Gestão da Segurança- Diges.

    A avaliação da efetividade dos controles é exercida no BB de forma

    segregada e independente por diferentes instâncias – Conselho de

    Administração, Comitê de Auditoria, Diretoria Executiva – e por uma Auditoria

    Independente.

  • 34

    O modelo de atuação da Dicoi foca suas atividades em dois níveis de

    forma distinta e segregada, conforme pode ser observado na figura abaixo.

    Figura 1 -Modelo de atuação da DICOI

    Fonte: UNIBB- Apostila Controles internos e Compliance

    No primeiro nível, de acordo com as normas internas, está nas

    responsabilidades de cada área garantir o compliance e responder pela

    qualidade, confiabilidade, adequabilidade e integridade dos controles internos

    nos seus negócios, processos, produtos e serviços.

    Nesse nível, a Dicoi disponibiliza a ferramenta de Auto-avaliarão Anual de

    Controles Internos e Compliance para as unidades estratégicas, subsidiárias

    integrais e rede interna de agências, sendo que a responsabilidade pelas

    informações apresentadas fica atribuída ao Comitê de Administração das

    respectivas unidades/áreas.

    Para a rede externa- agências e subsidiárias integrais no exterior- a Dicoi

    também disponibiliza a Auto-avaliarão Anual de Controles Internos e

    Compliance. Contudo, a responsabilidade pelos resultados da aplicação da

    metodologia é compartilhada pelo Comitê de Administração da unidade do

    exterior e pelo Compliance Officer (funcionário designado para coordenar e

  • 35

    conduzir as atividades relacionadas a controles internos e compliance nas

    dependências do exterior).

    Num segundo nível, a atuação da Diretoria de Controles Internos á

    realizada em três vertentes:

    • verificações de controles e conformidade – realizadas de forma

    segregada, tomando por base os relatórios de auto-avaliação

    respondidos pelas diretorias e unidades;

    • análise dos processos críticos – realizada com objetivo de identificar os

    riscos e os controles existentes nos processos considerados críticos e

    definir planos de ação para mitigação dos riscos considerados

    inaceitáveis e indicadores para acompanhamento; e

    • disseminação da cultura de controles internos - a Diretoria de Controles

    Internos tem como princípio disseminar a cultura de controles, com

    objetivo de promover a aculturação dos funcionários e facilitar o

    processo de análise de riscos e controles.

    Para o desenvolvimento de atividades de controle, verificação de

    conformidade e assessoramento às unidades estratégicas e subsidiárias

    integrais, a Diretoria de Controles Internos dispõe de analistas de conformidade

    que ficam responsáveis por um conjunto de áreas, nas quais o ponto de

    referência para assuntos de controles internos e conformidade. Na rede interna

    de agências e nos órgãos regionais, atua por meio dos órgãos regionais da

    Dicoi, que promovem testes nos controles e verificações de conformidade nos

    processos. Na rede externa, atua por meio do Compliance Officer.

    A atuação da Diretoria de Controles Internos pode ser visualizada, de

    forma esquemática, na figura 3 do anexo1.

    O BB trabalha com os seguintes conceitos sobre controles:

    • controles são instrumentos que permitem minimizar riscos,

    assegurando com determinado grau de confiança, o alcance dos

    objetivos dos processos organizacionais;

  • 36

    • controles básicos são aqueles considerados fundamentais para

    minimizar determinado tipo de fragilidade; e

    • controle interno é um processo desenvolvido para garantir, com

    razoável certeza, que sejam atingidos os objetivos da empresa.

    Visando facilitar o processo de análise de riscos e controles, o banco

    agrupou os diversos tipos de controle em categorias e subcategorias, cujas

    definições veremos a seguir.

    Cabe destacar que um dos controles mais utilizados é a normatização

    dos processos da organização, pois processos não formalizados trazem risco

    de descontinuidade e de falta de padronização em sua execução. As normas e

    procedimentos estão formalizados nas instruções normativas, em manuais de

    procedimentos internos das áreas ou em procedimentos operacionais padrão _

    POP.

    Além da responsabilidade pelo cumprimento dos normativos internos,

    cada gestor deve assegurar a aderência dos procedimentos definidos por sua

    área às normas externas e garantir a existência de controles suficientes para

    atendimento à legislação. O não cumprimento das exigências externas, em sua

    maioria, sujeita o banco a sanções e penalidades.

    6 .3 Procedimentos de cumprimento das exigências da legislação.

    6.3.1 Controles de supervisão

    São métodos, procedimentos ou sistemas desenvolvidos para verificar se

    os controles selecionados resultam em um nível aceitável de risco, que não

    comprometa o resultado:

    • auditorias internas;

    • auditorias externas;

    • auditorias de órgãos reguladores;

    • consultorias externas;

    • comitê de auditoria;

  • 37

    • outros controles de supervisão.

    6.3.2 Mecanismos de avaliação do bem-estar dos funcionários

    Referem-se aos métodos e procedimentos que permitam identificar os

    níveis de bem-estar e motivação dos funcionários e seus reflexos – positivos ou

    negativos – na realização dos objetivos:

    • pesquisa de clima organizacional;

    • reuniões participativas;

    • comunicação com a alta administração;

    • processo de gerenciamento de equipes;

    • assistência pessoal;

    • análise de isonomia;

    • condições ambientais;

    • outros mecanismos de avaliação do bem-estar dos funcionários.

    6.3.3 Definição e comunicação dos propósitos

    Corresponde à definição da missão, da visão e dos objetivos a serem

    alcançados e comunicação formal aos funcionários, para conhecimento e

    comprometimento na busca dos resultados:

    • visão e missão da empresa;

    • objetivos estratégicos da empresa;

    • objetivos da diretoria/unidade/dependência;

    • objetivos da equipe;

    • políticas e normas;

    • código de ética e normas de conduta da empresa.

    6.3.4 Controles de comprometimento

    Incorpora definição e atribuição das responsabilidades dos funcionários e

    implantação de mecanismos voltados para o reconhecimento do grau de

  • 38

    compromisso do corpo funcional, traduzidos em recompensas matérias, não

    materiais e ações motivacionais ou punitivas.

    • Estrutura organizacional- funções e subfunções;

    • Mecanismos de responsabilidade – descrição de cargos, acordo de

    trabalho, processo orçamentário, reconhecimento de responsabilidades

    por escrito e outros mecanismos de responsabilidade;

    • Mecanismos de motivação/recompensa/punição – sistema de avaliação

    de desempenho, prática de promoção, práticas de disciplina e demissão,

    sistema de recompensa monetária, sistema de recompensa não

    monetária, revisão dos objetivos estratégicos pela alta administração e

    pelas diretorias/unidades e outros controles de comprometimento.

    6.3.5 Planejamento e avaliação de riscos

    Compreende a formulação de planejamento voltado para os objetivos da

    empresa, mensuração dos possíveis riscos a serem enfrentados e análise dos

    controles existentes ou necessários:

    • Análise da conjuntura política e econômica nacional e internacional;

    • Planejamento de longo, médio e curto prazos;

    • Gerenciamento de riscos em ativos e passivos;

    • Metodologia de controle e avaliação de riscos de produtos e serviços

    (CARPS);

    • Metodologias de análise de processos;

    • Metodologia de avaliação de riscos e controles (matriz de riscos e

    controles);

    • Instrumentos de auto-avaliação de riscos e controles (self-assessment);

    • Pareceres da assessoria jurídica;

    • Planos de contingência;

    • Outros métodos de planejamento e avaliação de riscos.

  • 39

    6.3.6 Capacitação/aprendizagem contínua

    Representada pelos mecanismos que permitem identificar e aperfeiçoar

    as competências dos funcionários necessárias ao alcance dos objetivos:

    • gestão do desempenho;

    • atividades de capacitação;

    • processos de seleção;

    • orientação de carreira;

    • certificação de conhecimentos;

    • outros mecanismos de identificação e aperfeiçoamento das

    competências.

    6.3.7 Controles diretos

    São os procedimentos ou dispositivos que asseguram, de forma direta, a

    minimização de riscos, visando o alcance dos objetivos estabelecidos:

    • normas e procedimentos internos;

    • alçadas e limites;

    • segregação de funções;

    • decisões em colegiado;

    • conferências e autorizações;

    • rodízio de funcionários;

    • validações;

    • backtesting;

    • layout de formulários e sistemas;

    • sistema contábil- plano de contas;

    • conciliações;

    • proteção de ativos e passivos financeiros – hedge;

    • proteção do patrimônio (controle de acesso físico, manutenção de

    equipamentos, inventários físicos e mecanismos de segurança física);

    • controles de acesso lógico;

    • controles de serviços terceirizados;

    • testes de conformidade;

  • 40

    • arquivo e preservação de registros;

    • outros procedimentos de controle direto.

    6.3.8 Instrumento de mensuração, monitoramento e comunicação

    São instrumentos que permitem acompanhar e identificar se os objetivos

    estão sendo ou não alcançados e disponibilizar informações de forma

    tempestiva e padronizada:

    • sistemas/relatórios gerenciais;

    • análises estatística e financeira;

    • ferramentas de benchmarking;

    • pesquisa de satisfação de clientes;

    • análise da qualidade das auto-avaliações de riscos e controles;

    • mecanismos de monitoramento e de reporte;

    • canais de comunicação (com funcionários, com clientes e de denúncias);

    • acompanhamento e análise de normas e regulamentos externos;

    • outros instrumentos de mensuração, monitoramento e comunicação.

  • 41

    CONCLUSÃO

    Conclui-se que as práticas de governança corporativa são vistas pelos

    profissionais de todo o mundo como um meio de otimizar o desempenho das

    empresas, tornando as transações financeiras mais transparentes, atraindo a

    confiança dos investidores e, conseqüentemente, ganhando mais espaço no

    competitivo mercado de capitais.

    Algumas mudanças ocorridas nos anos noventa, como o aumento da

    competitividade decorrente da maior estabilidade econômica e abertura de

    mercado, além da maior dificuldade de obtenção de financiamento estatal, têm

    levado as empresas brasileiras a uma necessidade crescente de acesso aos

    mercados de capitais nacionais e internacionais. Esta necessidade de

    obtenção de recursos ao menor custo possível tem motivado as empresas a

    adotarem novas práticas de governança corporativa, pressionando o atual

    modelo de governança brasileiro, principalmente nos aspectos de maior

    consideração dos interesses dos acionistas minoritários, maior transparência

    das informações ao mercado e profissionalização do Conselho de

    Administração.

    Além dos incentivos de mercado decorrentes do aumento da

    competitividade, algumas iniciativas institucionais e governamentais também

    vêm contribuindo para a melhoria das práticas de governança pelas empresas

    brasileiras, entre as quais:

    · a criação do Instituto Brasileiro de governança corporativa (IBGC), em 1995;

    · a aprovação da lei nº 10.303 de 31 de outubro de 2001, conhecida como a

    Nova Lei das SAs;

    · a criação dos Níveis 1 e 2 de governança corporativa e do Novo Mercado pela

    Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa);

    ·o estabelecimento de novas regras pela Secretaria de Previdência

    Complementar (SPC) para definição dos limites de aplicação dos recursos dos

    fundos de pensão;

  • 42

    ·a definição, pelo BNDES, da adoção de práticas de boa governança

    corporativa como um dos requisitos preferenciais para a concessão de

    financiamentos.

    Assim funcionou para a instituição pesquisada. A adesão da instituição às

    normas e exigências do Novo Mercado em 31.05.2006 trouxe maior

    transparência e eficiência aos controles internos. Ao adotar boas práticas de

    governança corporativa, o Banco do Brasil vem demonstrar que sua

    administração se compromete com a transparência, a prestação de contas, a

    eqüidade e responsabilidade socioambiental, suportadas pela utilização de

    ferramentas de monitoramento que alinham o comportamento dos executivos

    ao interesse dos acionistas e da sociedade.

    A presença de um eficaz e ativo modelo de controle interno dentro da

    organização minimizou em grande escala os custos e a quantidade de trabalho

    gasto no processo de adequação as exigências da Sarbanes.

    Na adequação da empresa estudada às exigências da Lei SOX foram

    observados os princípios de controle interno como qualificação adequada,

    treinamento e rodízio de funcionários; delegação de poderes e determinação

    de responsabilidades; segregação de funções; instruções devidamente

    formalizadas; controles sobre as transações; aderência às diretrizes e normas

    legais, conforme referencial teórico e dados empíricos.

    O Banco do Brasil chegou ao entendimento do conceito de governança

    corporativa, onde se conscientiza de que se faz necessário compreender que

    os objetivos de uma empresa não devem limitar-se aos objetivos econômicos

    de lucro e sobrevivência. A empresa responsável só deve aceitar a validade

    desses objetivos econômicos se eles incluírem compromissos que garantam

    responsabilidades sociais e ecológicas e o cumprimento de preceitos éticos e

    legais.

    Verifica-se através da pesquisa realizada que o Banco do Brasil está em

    constante adequação às novas exigências de um mercado globalizado e cada

  • 43

    dia mais exigente. Com a prática da bóia governança corporativa o Banco do

    Brasil conseguiu aumentar seu valor como companhia, face ao lucro realizado

    em 2010, - retorno de 15,4% sobre o patrimônio líquido; melhorar seu

    desempenho e facilitar seu acesso a capital a custos mais baixos e contribuir

    para sua perenidade.

    Para garantir sua perpetuação, o Banco do Brasil tem como objetivo a

    maximização do retorno aos seus acionistas. Entretanto, jamais permitindo que

    esse retorno seja obtido com prejuízo ao conjunto da sociedade e ou ao meio

    ambiente ou tenha como base a violação dos princípios legais e éticos que

    norteiam os fundamentos do seu negócio. Tais princípios rejeitam a noção de

    poder e ganhos baseados na sonegação de informações, na violação de

    direitos, na fraude e no dolo, e na corrupção direta ou indireta dos agentes

    econômicos internos ou externos à sua cadeia produtiva.

    Identifica-se um sistema de controles internos eficaz, aliado à ação da

    auditoria externa garantindo que a empresa vá além do simples cumprimento

    de normas e do atendimento a exigência dos órgãos reguladores. O Banco do

    Brasil tem hoje, uma gestão fundamentada em princípios éticos e em uma

    governança corporativa consistente. Fato que pode ser evidenciada pela

    adoção de um Código de Governança Interno.

    Como toda empresa que adota as boas práticas de governança

    corporativa o Banco do Brasil se orienta por quatro princípios básicos:

    • equidade – tratamento igualitário a acionistas;

    • transparência na relação com o mercado investidor;

    • prestação de contas e adoção de padrões internacionais nos registros

    contábeis; e

    • responsabilidade corporativa e cumprimento das leis.

    O objetivo principal da pesquisa foi analisar a gestão da governança

    corporativa do Banco do Brasil, verificando como este processo fortalece a

    Instituição. Constatamos que a necessidade de adequação da instituição às

    exigências de um mercado cada vez mais globalizado e competitivo fez com

  • 44

    que estratégias de Governança Corporativa fossem implementadas no Banco

    do Brasil. O fato consolidou-se com a adesão da empresa voluntariamente ao

    Novo Mercado da Bovespa em maio de 2006.

    Para tentar um maior atendimento das melhores práticas de Governança

    Corporativa, a instituição pesquisada criou um Código de Governança Interno,

    que lista seus princípios com relação à propriedade, acionistas, assembléia

    geral, transparência, gestão, conselho de administração, diretoria executiva,

    conselho diretor, fiscalização e controle, conselho fiscal, comitê de auditoria,

    auditoria interna, auditoria independente, ética e responsabilidade

    socioambiental, conduta e conflito de interesses.

    Através da pesquisa realizada pode-se verificar que a relação entre

    governança e valor é diferente daquela entre governança e desempenho,

    sendo mais forte com o valor da empresa. Não é exagero afirmar que pelo fato

    da instituição estudada ter pessoas distintas ocupando os cargos de diretor

    executivo e presidente do conselho é mais valorizada, embora não se possa

    afirmar com convicção que tenha desempenho superior por este motivo.

    Dentro da discussão sobre melhores estruturas de governança, é preciso

    comentar a crise de confiança dos investidores ocorrida em 2002 no mercado

    de capitais norte-americano, o mais sofisticado do mundo e tido como

    referência para os mercados menos desenvolvidos na adoção de melhores

    práticas de governança. Neste episódio, várias empresas com estruturas de

    governança adequadas às principais recomendações do mercado (como

    separação de cargos de diretor executivo e presidente do conselho, maioria de

    conselheiros independentes e tamanho adequado do conselho), prejudicaram

    gravemente seus investidores ao divulgar informações contábeis enganosas e