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1 1 INTRODUÇÃO A hipertensão arterial é um fator de risco estabelecido para a incidência de doenças cardiovasculares, incluindo doença arterial coronariana, doença arterial periférica, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca (MESSERLI, WILLIAMS & RITZ, 2007). No Brasil a prevalência de hipertensão arterial está acima de 30% na população adulta (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). A etiologia da hipertensão arterial tem sido extensamente investigada e os diferentes fatores causais, sejam eles ambientais ou genéticos, tornam esta enfermidade uma doença complexa e multifatorial, o que aumenta as dificuldades de tratamento (SHIMBO, MUNTNER, MANN, VIERA, HOMMA, POLAK, BARR, HERRINGTON & SHEA, 2010). A hipertensão essencial, definida como o aumento da pressão arterial por causas desconhecidas, representa 90 a 95% dos casos de hipertensão (MESSERLI, WILLIAMS & RITZ, 2007; MULVANY, 2008). O incremento na resistência vascular periférica é a principal característica da hipertensão arterial essencial, e que tem como causa fundamental uma diminuição do diâmetro interno das artérias de resistência, originado por alterações vasculares estruturais, mecânicas e funcionais (INTENGAN & SCHIFFRIN, 2000). Todas as funções exercidas pelos vasos sanguíneos dependem de sua arquitetura e da contínua interação entre os diferentes tipos celulares e as proteínas extracelulares, portanto, as alterações provocadas por um estado patológico em cada camada celular que compõem a estrutura vascular, células endoteliais e musculares lisa, adventícia e matriz extracelular, contribuem para as alterações estruturais, mecânicas e funcionais observadas na hipertensão arterial (CARVALHO, NIGRO, LEMOS, TOSTES & FORTES, 2001; MCGRATH, DEIGHAN, BRIONES, SHAFARIOUDI, MCBRIDE, ADLER, ARRIBAS, VILA & DALY, 2005). O estresse oxidativo, definido como o aumento na produção de oxidantes e uma redução na capacidade do sistema antioxidante, tem sido identificado como um denominador comum no desenvolvimento de diversas doenças cardiovasculares, incluindo a hipertensão arterial. As espécies reativas de oxigênio (ERO) exercem diferentes efeitos sobre a função celular, como a regulação do crescimento e diferenciação celular, a modulação da produção e degradação da matriz extracelular,

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1 INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial é um fator de risco estabelecido para a incidência de

doenças cardiovasculares, incluindo doença arterial coronariana, doença arterial

periférica, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca (MESSERLI, WILLIAMS

& RITZ, 2007). No Brasil a prevalência de hipertensão arterial está acima de 30% na

população adulta (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010).

A etiologia da hipertensão arterial tem sido extensamente investigada e os

diferentes fatores causais, sejam eles ambientais ou genéticos, tornam esta

enfermidade uma doença complexa e multifatorial, o que aumenta as dificuldades de

tratamento (SHIMBO, MUNTNER, MANN, VIERA, HOMMA, POLAK, BARR,

HERRINGTON & SHEA, 2010). A hipertensão essencial, definida como o aumento

da pressão arterial por causas desconhecidas, representa 90 a 95% dos casos de

hipertensão (MESSERLI, WILLIAMS & RITZ, 2007; MULVANY, 2008).

O incremento na resistência vascular periférica é a principal característica

da hipertensão arterial essencial, e que tem como causa fundamental uma

diminuição do diâmetro interno das artérias de resistência, originado por alterações

vasculares estruturais, mecânicas e funcionais (INTENGAN & SCHIFFRIN, 2000).

Todas as funções exercidas pelos vasos sanguíneos dependem de sua

arquitetura e da contínua interação entre os diferentes tipos celulares e as proteínas

extracelulares, portanto, as alterações provocadas por um estado patológico em cada

camada celular que compõem a estrutura vascular, células endoteliais e musculares

lisa, adventícia e matriz extracelular, contribuem para as alterações estruturais,

mecânicas e funcionais observadas na hipertensão arterial (CARVALHO, NIGRO,

LEMOS, TOSTES & FORTES, 2001; MCGRATH, DEIGHAN, BRIONES,

SHAFARIOUDI, MCBRIDE, ADLER, ARRIBAS, VILA & DALY, 2005).

O estresse oxidativo, definido como o aumento na produção de oxidantes e

uma redução na capacidade do sistema antioxidante, tem sido identificado como um

denominador comum no desenvolvimento de diversas doenças cardiovasculares,

incluindo a hipertensão arterial. As espécies reativas de oxigênio (ERO) exercem

diferentes efeitos sobre a função celular, como a regulação do crescimento e

diferenciação celular, a modulação da produção e degradação da matriz extracelular,

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a inativação do óxido nítrico (NO) e a estimulação de diversas quinases e genes pró-

inflamatórios, que colaboram para o remodelamento vascular e a disfunção endotelial

presentes na hipertensão (BRIONES, ARRIBAS & SALAICES, 2010; BRIONES &

TOUYZ, 2010; PARAVICINI & TOUYZ, 2008).

Modificações no estilo de vida têm se mostrado eficientes na prevenção e

no controle dos níveis tensionais elevados e são indicados para pacientes

hipertensos e normotensos com história familiar de doenças cardiovasculares. Os

principais fatores ambientais modificáveis da hipertensão arterial que podem alterar o

estilo de vida e, portanto, contribuir para a redução da pressão arterial são a redução

do peso corporal, diminuição da ingesta de sal e bebidas alcoólicas, abandono do

tabagismo e prática regular de exercício físico aeróbio (BRUM, RONDON, DA SILVA

& KRIEGER, 2005; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL,

2010).

Dados epidemiológicos, clínicos e experimentais confirmam que a prática

regular de exercício físico reduz a progressão das doenças cardiovasculares e,

portanto a morbidade e mortalidade cardiovascular (HIGASHI & YOSHIZUMI, 2004).

Os efeitos positivos do exercício físico regular no sistema cardiovascular estão

associados com alterações benéficas na pressão arterial, no controle do peso

corporal, na resistência à insulina, nos níveis de colesterol, no sistema antioxidante e

inflamação. Estes são alguns motivos pelos quais o exercício físico vem ocupando

um papel de destaque nos últimos anos como um possível tratamento não

farmacológico para diversas doenças cardiovasculares, dentre elas a hipertensão

arterial (BRUM et al., 2005; YUNG, LAHER, YAO, CHEN, HUANG & LEUNG, 2009).

A prática regular de exercício físico aeróbio atua positivamente sobre a

função vascular através do aumento na disponibilidade de NO, na capacidade

antioxidante e redução na atividade simpática (YUNG et al., 2009). Estes fatores

contribuem de maneira importante para diminuir a resistência vascular periférica de

artérias que influenciam diretamente no controle da pressão arterial e na distribuição

do fluxo sanguíneo. Portanto, a realização de estudos relacionados aos efeitos do

treinamento físico aeróbio sobre as alterações vasculares presentes em pequenas

artérias e artérias de resistência na hipertensão arterial é de extrema importância

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para a melhor compreensão dos mecanismos pelos quais o exercício físico é capaz

de promover as diversas adaptações benéficas ao sistema cardiovascular.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Hipertensão arterial

Segundo a American Heart Association (AHA) a hipertensão é um

importante problema de saúde pública, e representa um dos fatores de risco mais

relevantes na etiologia das doenças cardiovasculares. No Brasil as doenças

cardiovasculares têm sido a principal causa de morte e responsáveis por alta

frequência de internações. Inquéritos populacionais em cidades brasileiras nos

últimos 20 anos apontaram uma prevalência de hipertensão arterial acima de 30% na

população adulta, com significante aumento desta porcentagem em indivíduos acima

de 60 anos (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2010).

Os limites de pressão arterial considerados normais são arbitrários,

devendo-se levar em consideração a presença de fatores de risco, lesões de órgãos-

alvo e doenças associadas. Os valores de pressão arterial que permitem classificar

como hipertensos os indivíduos acima de 18 anos são pressão sistólica ≥140 mm Hg

e/ou pressão diastólica ≥ 90 mm Hg (AHA; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE

HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2010).

Em estudos populacionais, a pressão arterial tem relação direta com risco

de morte. Alguns fatores de risco envolvidos na gênese e/ou manutenção da

hipertensão são a hereditariedade, a idade, o sexo, a etnia, fatores socioeconômicos,

a obesidade, a resistência à insulina, alta ingestão de sal e de álcool, o fumo e o

sedentarismo (DRUMMOMD & BARROS, 1999; FAGARD, 2005; FIRMO, BARRETO

& LIMA-COSTA, 2003; KNUIMAN, DIVITINI, WELBORN & BARTHOLOMEW, 1996;

NISKANEN, LAAKSONEN, NYYSSONEN, PUNNONEN, VALKONEN, FUENTES,

TUOMAINEN, SALONEN & SALONEN, 2004; STRANGES, WU, DORN,

FREUDENHEIM, MUTI, FARINARO, RISSEL, NOCHAJSKI & TREVISAN, 2004;

VANHALA, PITKAJARI, KUMPUSALO & TAKALA, 1998).

A hipertensão arterial pode ser classificada em primária ou essencial e

secundária. A hipertensão arterial primária ou essencial representa a maior parte dos

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casos (cerca de 90%), e é caracterizada quando causas secundárias que podem

promover a elevação da pressão arterial, tais como doenças vasculares, insuficiência

renal, hipertensão gestacional, doenças endócrinas (alterações hormonais), entre

outras, não estão presentes (KHAN, 2006). Os diferentes fatores causais, sejam eles

ambientais ou genéticos, torna a hipertensão arterial uma doença complexa e

multifatorial, o que aumenta as dificuldades de tratamento desta patologia. A

presença de fatores de risco cardiovascular ocorre mais comumente de forma

combinada e além da predisposição genética, fatores ambientais podem contribuir

para uma agregação de fatores de risco cardiovascular (VI DIRETRIZES

BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2010).

A pressão arterial sanguínea é mantida dentro dos valores normais devido

a variações no débito cardíaco e na resistência periférica, regulados pelo sistema

nervoso central e periférico, bem como por diversos fatores humorais. A hipertensão

arterial está associada com aumentada resistência vascular periférica ao fluxo

sangüíneo. As artérias de resistência, primariamente localizadas na parte distal da

vasculatura arterial, constituem o maior local de origem da resistência vascular

(CHRISTENSEN & MULVANY, 2001) e a fundamental causa de aumento desta

resistência é a diminuição no diâmetro da luz do vaso. De acordo com a Lei de

Poiseuille, a resistência varia inversamente à quarta potência do raio do vaso

sangüíneo, isto significa dizer que uma pequena diminuição na luz do vaso aumenta

marcadamente a resistência (SUTERA & SKALAK, 1993).

Os diversos fatores envolvidos na gênese e/ou manutenção da pressão

arterial foi o que levou pesquisadores a proporem modelos experimentais onde se

pudesse melhor caracterizar a doença e desta forma compreender o quanto estes

fatores em separados ou associados poderiam atuar através de diferentes

mecanismos, para se obter melhores avaliações sobre as terapêuticas envolvidas

nesta patologia. Dentre os diversos modelos experimentais que desenvolvem

hipertensão arterial podemos citar o modelo de origem genética e multifatorial

desenvolvido por Okamoto e Aoki (OKAMOTO & AOKI, 1963), onde através de

cruzamentos entre ratos Wistar, que apresentavam níveis elevados de pressão

arterial, obtiveram uma cepa aos quais denominaram de ratos espontaneamente

hipertensos (SHR).

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2.2 Caracterização do modelo experimental - SHR

A cepa de ratos SHR desenvolvida por OKAMOTO & AOKI (1963)

(OKAMOTO & AOKI, 1963) é um modelo de hipertensão arterial crônica,

determinada geneticamente e com grandes semelhanças ao curso de

desenvolvimento da hipertensão essencial humana, razão pela qual têm sido um

modelo amplamente utilizado na avaliação da hipertensão essencial. A pressão

arterial desta cepa de ratos apresenta valores normais até a 4ª semana de vida

(MULVANY & NYBORG, 1980) e embora não seja consenso na literatura, valores um

pouco mais altos de pressão arterial já podem ser observados quando comparados

aos controles Wistar Kyoto (WKY) (LIMAS, WESTRUM & LIMAS, 1980). A partir da

4ª semana, a pressão arterial do SHR sofre um rápido e importante incremento

observado até a 12ª semana de vida, alcançando níveis de pressão sistólica de

aproximadamente 180-200 mm Hg, e este incremento continua sendo observado, no

entanto de maneira mais gradual até a 20ª semana. Em contraste, a pressão arterial

dos ratos WKY sofre um incremento inicial até a 10ª semana de vida e se estabiliza

em valores médios de 126 mmHg.

Interessantemente, podemos observar a presença de alterações

estruturais em artérias de resistência de SHR com quatro semanas de vida, tais

como maior espessura da camada arterial média e razão parede-luz de artérias

mesentéricas de resistência, antes mesmo do desenvolvimento da hipertensão

arterial (RIZZONI, CASTELLANO, PORTERI, BETTONI, MUIESAN & AGABITI

ROSEI, 1994a). Entretanto, os níveis de pressão arterial no desenvolvimento e na

regressão das mudanças estruturais vasculares em SHR parecem de menor

importância (RIZZONI, CASTELLANO, PORTERI, BETTONI, MUIESAN & AGABITI

ROSEI, 1994b).

Além de alterações estruturais, as artérias mesentéricas de resistência de

SHR apresentaram maior rigidez vascular previamente ao aumento da pressão

arterial. Na hipertensão arterial, a maior rigidez vascular está geralmente associada

ao aumento na quantidade de colágeno, entretanto este fator ainda não estava

alterado nos animais com 30 dias de vida e a maior rigidez vascular de artérias de

resistência foi relacionada a alterações qualitativas da distribuição da fibra elástica,

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levando a uma lamina elástica interna mais compacta (GONZÁLEZ, BRIONES,

SOMOZA, DALY, VILA, STARCHER, MCGRATH, GONZÁLEZ & ARRIBAS, 2006).

Adicionalmente, características funcionais também podem aumentar a

resistência vascular periférica, e de fato MULVANY & NYBORG (1980) (MULVANY &

NYBORG, 1980) demonstraram que as artérias mesentéricas de ratos SHR

apresentaram previamente ao aumento da pressão arterial, maior sensibilidade à

noradrenalina, a qual parece ter sido causada por uma maior sensibilidade ao cálcio.

O menor relaxamento de artérias de resistência em resposta a acetilcolina também

poderia contribuir para a maior resistência periférica, entretanto este mecanismo

parece não estar alterado na cepa de animais SHR que ainda não apresentam níveis

elevados de pressão arterial (RIZZONI et al., 1994a).

Portanto, o modelo experimental de hipertensão arterial desenvolvido por

OKAMOTO & AOKI (1963) utilizado neste estudo apresenta características

intrínsecas que promovem alterações estruturais, mecânicas e funcionais,

previamente ao aumento da pressão arterial e que possivelmente estão entre os

fatores que contribuem para o aumento da resistência periférica levando ao

desenvolvimento e manutenção da hipertensão arterial.

2.3 Características da árvore vascular

Os vasos sanguíneos estão subdivididos em artérias elásticas, artérias

musculares de condutância, artérias musculares de resistência, vasos de intercâmbio

e vasos de capacitância (LEVICK, 2003). Em cada classe, a parede vascular está

adaptada ao seu papel fisiológico. A estrutura da parede arterial se compõe

fundamentalmente de três camadas concêntricas: uma interna ou íntima, uma central

ou média e a mais externa denominada adventícia. De acordo com o leito vascular

analisado, a proporção dos elementos que compõe as camadas pode variar. Cada

camada celular se encontra separada pela matriz extracelular (MEC), que serve de

suporte e comunicação entre as células (FIGURA 1).

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Túnica interna

Túnica média

Túnica externa

FIGURA 1 – Diagrama representativo da estrutura da parede arterial

A túnica íntima é a camada mais interna do vaso e que devido a sua

localização está em contato direto com o sangue circulante. A monocamada de

células endoteliais repousa sobre uma membrana basal rica em colágeno,

fibronectina, laminina e proteoglicanos (SUMPIO, RILEY & DARDIK, 2002). Por sua

vez, a membrana basal está separada da camada média pela lâmina elástica interna,

caracterizada como fina e fenestrada (BRIONES, GONZÁLEZ, SOMOZA, GIRALDO,

DALY, VILA, GONZÁLEZ, MCGRATH & ARRIBAS, 2003). A camada endotelial

regula o intercâmbio de substância com os tecidos subjacentes e possui uma intensa

atividade metabólica que exerce influência significativa sobre o tônus vascular.

A túnica média está formada por células musculares lisas, que se

encontram entre a MEC rica em colágeno e elastina. Além de servir como suporte

muscular da parede arterial, a camada média se encarrega da atividade vasomotora,

uma vez que as células musculares lisas têm capacidade contrátil. A comunicação

entre as células musculares lisas e as células endoteliais ocorre através das

fenestras da lâmina elástica interna (RHODIN, 1980).

A túnica adventícia é a camada mais afastada da luz do vaso, está

formada por tecido conectivo (colágeno e elastina), fibroblastos e mastócitos e está

separada da camada média por uma membrana denominada lâmina elástica externa.

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Através da adventícia penetram uma rede de vasos de calibre muito pequenos e

fibras nervosas que inervam as artérias (HIRST & EDWARDS, 1989).

Apesar da disposição destas três camadas serem comuns a todos os

vasos sanguíneos, existem diferenças em relação à função de cada camada de

acordo com a região circulatória analisada e de cada sistema (veias, artérias e vasos

linfáticos), podendo variar entre outros parâmetros, a espessura de cada camada e o

grau de inervação dos tecidos (HIRST & EDWARDS, 1989).

A MEC, além da sua função estrutural de suporte às células da parede

vascular, está implicada na mecânica e na função vascular. A MEC responde por

propriedades de elasticidade e resistência ao estiramento do vaso, além de filtragem

de íons, interação com células e disponibilidade de fatores de crescimento. Está

formada por um conjunto de macromoléculas tais como: o sistema colágeno, o

sistema elástico, os proteoglicanos e as glicoproteínas multifuncionais (ARENAS &

ZURBARÁN, 2002). Cada uma destas macromoléculas desempenha funções de

maneira integrada com as demais, o que torna a matriz um verdadeiro complexo

funcional. O colágeno e o sistema elástico constituem a arquitetura da matriz, as

glicoproteínas atuam como moléculas de adesão, importantes nas interações célula-

célula e célula-matriz, e os proteoglicanos têm um papel fundamental no equilíbrio

hidroeletrolítico e ácido-básico (ALBERTS, BRAY, ROBERTS & WATSON, 1989).

As moléculas da MEC são sintetizadas pelos três tipos celulares

componentes da parede arterial: células endoteliais, células musculares e células

adventícias. Ao longo da vida adulta, a parede vascular está exposta a múltiplos

fatores que podem prejudicar a MEC, dentre eles a deposição de lipídios, hipóxia,

produção de radicais livres e elevação da pressão arterial. Em resposta a estes

fatores as células musculares lisas podem sintetizar moléculas da MEC e inibidores

das enzimas que a degradam, alterando desta forma a sua composição e

organização tridimensional, a qual pode não ser funcionalmente tão adequada

quanto a sintetizada durante a etapa fetal e alterando a função vascular normal

(JACOB, BADIER-COMMANDER, FONTAINE, BENAZZOUG, FELDMAN & MICHEL,

2001).

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2.4 Hipertensão arterial e alterações vasculares

A pressão arterial média (PAM) é proporcional ao débito cardíaco (DC) e a

resistência periférica (RP) ao fluxo sanguíneo: PAM = DC x RP, onde o DC depende

do volume sistólico (VS) e da frequência cardíaca (FC) de acordo com a relação DC=

VS x FC. As alterações hemodinâmicas que determinam o aumento da pressão

arterial são o incremento do DC ou da RP. Nesta revisão nos centraremos nas

alterações na resistência periférica associadas à hipertensão arterial.

A resistência vascular periférica é a resistência ao fluxo sanguíneo

produzido por todos os vasos e varia inversamente ao raio do vaso a quarta potência

(Lei de Poiseuille – R= 8 L/ r4, nos quais = viscosidade; L = comprimento; r = raio).

Dessa maneira, pequenas alterações do diâmetro luminal podem influenciar

grandemente na resistência vascular periférica (SUTERA & SKALAK, 1993). A

hipertensão arterial está associada com aumentada resistência vascular ao fluxo

sangüíneo. Entre os distintos segmentos da árvore vascular, as artérias e arteríolas

com diâmetros menores que 400 µm contribuem para a resistência vascular

periférica (CHRISTENSEN & MULVANY, 2001).

2.4.1 As pequenas artérias coronárias e as artérias mesentéricas de

resistência na regulação e manutenção da resistência vascular

As pequenas artérias coronárias e as artérias mesentéricas de resistência,

os dois leitos arteriais avaliados neste estudo, tem importância significativa para a

resistência vascular, contribuindo de maneira importante para regulação e

manutenção da resistência ao fluxo sanguíneo para o miocárdio e para o intestino,

respectivamente. As artérias de resistência que estão situadas entre as artérias de

condutância e as arteríolas e primariamente localizadas na parte distal da

vasculatura arterial, constituem o maior local de origem da resistência vascular e

influem sobre a pressão arterial média local e o fluxo sanguíneo. Estes vasos se

adaptam a demanda local de fluxo sanguíneo que é controlada por sua vasodilatação

ou vasoconstrição, ocasionando uma diminuição ou um aumento da resistência

vascular, respectivamente (CHRISTENSEN & MULVANY, 2001).

A regulação da resistência vascular coronária é o resultado do balanço

entre os sinais vasodilatadores e vasoconstritores exercidos por influências neuro-

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hormonais, do endotélio e sinais metabólicos, que permitem o suprimento do fluxo

sanguíneo para o miocárdio. A árvore vascular arterial das coronárias é

tradicionalmente dividida em dois segmentos: as artérias que oferecem pouca

resistência ao fluxo e não participam na regulação da perfusão e os microvasos que

representam o maior local de resistência ao fluxo. Entretanto, o desenvolvimento de

métodos que visualizam diretamente os microvasos coronarianos tem demonstrado

que este conceito de uma microcirculação funcionalmente homogênea é uma

simplificação do sistema arterial (DUNCKER & BACHE, 2008).

O tônus vasomotor em segmentos arteriais que não estão sobre o controle

metabólico tem o potencial de alterar o fluxo sanguíneo para o miocárdio. Medidas

diretas da pressão microvascular têm demonstrado que em condições basais até

40% da resistência coronária total reside em pequenas artérias entre 100 e 400 µm

de diâmetro, e que durante a vasodilatação estes vasos contribuem com maior fração

da resistência coronária total. Em contrapartida, as grandes artérias epicárdicas no

coração saudável (diâmetro > 400 µm) são vasos de condução que contribuem com

menos que 5% para a resistência coronária total (DUNCKER & BACHE, 2008).

A vasodilatação metabólica e a auto-regulação ocorrem

predominantemente em arteríolas com menos de 100 µm de diâmetro. Sobre

condições normais de entrada de fluxo coronário, a vasoconstrição de pequenas

artérias (200 – 400 µm) pode ser compensada pela vasodilatação de arteríolas (<200

µm). Entretanto, sob condições de hipoperfusão ocorre uma vasodilatação

metabólica das arteríolas e a sua capacidade de compensar a vasoconstrição de

pequenas artérias é perdida. Portanto, principalmente na presença de intensa

vasodilatação arteriolar, uma grande fração da resistência coronária reside nas

artérias e nesta situação, a vasoconstrição de pequenas artérias pode agravar ainda

mais a hipoperfusão (DUNCKER & BACHE, 2008).

As artérias mesentéricas de pequenos animais, que apresentam diâmetro

de no máximo 400 µm quando relaxadas, caracterizam um leito arterial muito

utilizado para o estudo de artérias de resistência e de acordo com um detalhado

estudo realizado por CHRISTENSEN & MULVANY (2001) (CHRISTENSEN &

MULVANY, 2001), estas artérias contribuem ativamente e passivamente para a

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manutenção e regulação da resistência e do fluxo sanguíneo intestinal, portanto,

sendo classificadas como artérias mesentéricas de resistência.

A fundamental causa de aumento da resistência periférica é uma

diminuição no diâmetro da luz do vaso. O diâmetro luminal, por sua vez, é

determinado pelas propriedades passivas e ativas da parede arterial. As

propriedades passivas podem ser descritas pela relação pressão:diâmetro sob

condições onde as células musculares lisas estão completamente relaxadas. Já as

propriedades ativas dos vasos sangüíneos são determinadas pelo estado contrátil

das células musculares lisas, pelo seu número e organização. Assumindo um

determinado grau de ativação de uma célula muscular lisa, e que este produz um

dado nível de força por área de secção transversal, a pressão contra a qual um vaso

pode contrair será (de acordo com a Lei de Laplace) proporcional à relação parede:

lúmen (ou mais corretamente à relação média: lúmen) (MULVANY, 1984). A

característica estrutural primária dos vasos é dessa maneira determinada pelo

diâmetro interno e pela espessura da parede (ou da camada média), medidas sob

condições de completo relaxamento das células musculares lisas e sob uma dada

pressão intravascular.

A diminuição no diâmetro da luz do vaso, fundamental causa de aumento

da resistência periférica na hipertensão arterial, ocorre principalmente por alterações

estruturais, mecânicas e funcionais (INTENGAN & SCHIFFRIN, 2000).

2.4.2 Alterações estruturais e mecânicas vasculares associadas à

hipertensão arterial

Já está bem estabelecido na literatura que a hipertensão crônica está

associada com mudanças estruturais dos vasos de resistência (MULVANY, 2002;

SCHIFFRIN, 1992). Estas alterações, conhecidas como “remodelamento”, são

consideradas um processo complexo que pode envolver um aumento (hipertrofia),

uma diminuição (hipotrofia) ou uma reorganização (eutrofia) dos componentes da

parede do vaso (MULVANY, 2002). Na hipertensão, o modo como o vaso irá sofrer o

processo de remodelamento vascular varia de acordo com os diferentes fatores

causais desta patologia.

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No remodelamento eutrófico se observa redução do diâmetro externo e do

lúmen do vaso e a área de secção transversa é inalterada, resultando em maior

razão parede-luz (INTENGAN & SCHIFFRIN, 2000). Este tipo de remodelamento

predomina em pacientes que apresentam hipertensão essencial leve (SCHIFFRIN,

DENG & LAROCHELLE, 1993) e em modelos experimentais como 2-rins 1-clipe

Goldblatt (LI, KNAFO, TURGEON, GARCIA & SCHIFFRIN, 1996), com hipertensão

induzida por angiotensina II (BRIONES, RODRÍGUEZ-CRIADO, HERNANZ,

GARCÍA-REDONDO, RODRIGUES-DÍEZ, ALONSO, EGIDO, RUIZ-ORTEGA &

SALAICES, 2009b) e especificamente em artérias mesentéricas de resistência e

pequenas artérias coronárias de modelos experimentais como o SHR (MULVANY,

HANSEN & AALKJAER, 1978; LI & SCHIFFRIN, 1996).

Em artérias que apresentam um remodelamento eutrófico, a parede arterial

sofre uma reestruturação, uma vez que o diâmetro externo e o lúmen do vaso estão

diminuídos, no entanto sem apresentar alterações no volume da camada média

arterial. Algumas hipóteses podem explicar estas alterações e a manutenção do

volume da camada média poderia envolver uma combinação de processos de

crescimento celular no interior e de apoptose no exterior do vaso, diminuindo

simultaneamente o diâmetro da luz e o diâmetro externo do vaso respectivamente

(INTENGAN & SCHIFFRIN, 2000). Embora já tenha sido demonstrado aumento do

processo de apoptose em aorta de vários modelos de hipertensão, em artérias

mesentéricas de resistência e pequenas artérias intramiocárdicas de ratos SHR foi

encontrado redução da apoptose (DICKHOUT & LEE, 1999; DIEZ, PANIZO,

HERNANZ & PARDO, 1997).

O remodelamento arterial pode ser caracterizado pelo envolvimento de

vários tipos celulares vasculares e embora a túnica média, composta pelas células

musculares lisas e MEC, sejam muito enfocadas quando o assunto discutido é o

remodelamento vascular, a adventícia e o endotélio também tem papel chave no

crescimento e reparo vascular (MCGRATH et al., 2005).

Modelos genéticos de hipertensão (induzidos farmacologicamente ou

geneticamente) demonstram um aumento no número de células da adventícia, a qual

tem sido demonstrada como uma camada muito sensível do vaso sangüíneo em

resposta a elevações de pressão arterial (ARRIBAS, GONZALEZ, GRAHAM,

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DOMINICZAK & MCGRATH, 1997a; ARRIBAS, HILLIER, GONZALEZ, MCGRORY,

DOMINICZAK & MCGRATH, 1997b) . Os fibroblastos são o principal tipo celular

adventicial implicado no remodelamento vascular, e que tem como resposta primária,

comum a diversas enfermidades, a proliferação e a migração (MCGRATH et al.,

2005). Além disso, o fato de a adventícia vascular ser uma importante fonte de

espécies reativas de oxigênio, portanto, fundamental na regulação do estresse

oxidativo vascular, torna esta camada do vaso uma efetiva participante na liberação

de citocinas e difusão das espécies reativas, ambas as quais podem influenciar as

células do músculo liso (REY & PAGANO, 2002; TOUYZ, 2005).

Atualmente, ainda é incerto quando o aumento da pressão por si só ou a

presença de outros fatores iniciam o processo de remodelamento vascular,

entretanto o endotélio parece ter uma fundamental participação no desenvolvimento

deste processo. O endotélio serve como um sensor para os fatores hemodinâmicos e

humorais, além de moderador deste sinal para as células do músculo liso vascular,

as quais possuem um papel chave no processo de remodelamento (TOUYZ, 2005).

Alguns fatores produzidos pelo endotélio são também conhecidos por seus efeitos

tróficos nas células, sendo que a comunicação entre as células endoteliais e as

células musculares, parece ocorrer através de junções mioendoteliais que permitem

a passagem destas substâncias. Em vasos normais, a presença de junções

mioendoteliais está bem estabelecida e alterações na lâmina elástica interna podem

levar a significante alteração na comunicação mioendotelial e, portanto, na função do

vaso (ARRIBAS et al., 1997a, 1997b). Além disso, o endotélio intacto ajuda a manter

a camada média em estado quiescente através da produção de substâncias que

inibem a proliferação das células musculares lisas, como o óxido nítrico, responsável

também junto com a prostaciclina pela inibição da agregação plaquetária. Com o

prejuízo endotelial ocasionado pela hipertensão poderia haver diminuição na síntese

destas substâncias o que facilitaria a formação da neo-íntima (MCGRATH et al.,

2005).

No remodelamento vascular hipertrófico podemos observar o crescimento

da túnica média do vaso sangüíneo, resultando em uma “invasão” do lúmen do vaso.

O crescimento desta camada do vaso pode ocorrer por um aumento no número de

células musculares, no tamanho destas células ou ainda de ambos os fatores agindo

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em conjunto (MULVANY, BAABDRUP & GUNDERSEN, 1985), sendo importante

ressaltar que o aumento no número de células do músculo liso poderia levar a um

aumento da resposta do vaso a agentes vasoconstritores. Além disso, o crescimento

da camada média do vaso pode ocorrer devido à aumentada deposição das

proteínas de matriz, sendo que estas proteínas também podem facilitar o

crescimento das células musculares lisas (MCGRATH et al., 2005). As proteínas da

MEC, principalmente o colágeno e a elastina, tem tido um papel de destaque nos

últimos anos no que se refere a sua colaboração para o desenvolvimento e

manutenção da hipertensão arterial, por atuar no remodelamento e na rigidez

vascular (FIGURA 2).

FibronectinaColágeno

Elastina

Receptores

fatores de

crescimento

Núcleo

Rigidez

Resistência Periférica

Hipertensão

Elastina

Integrinas

Fatores

humorais,

genéticos e

hemodinâmicos

MMPs

Sistema Plasminogênio

Cross-linking

Crescimento,

diferenciação,

motilidade e

viabilidade

FIGURA 2 – Papel da matriz extracelular no remodelamento vascular na hipertensão

(Adaptado de BRIONES, ARRIBAS & SALAICES, 2010).

O colágeno é uma proteína muito rígida cuja função é limitar a distensão

do vaso produzida pela pressão e no sistema vascular predominam os colágenos do

tipo I e III (BRIONES, ARRIBAS & SALAICES, 2010). O aumento na deposição de

colágeno pode ser responsável por alterações mecânicas e pelo remodelamento

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vascular observado com a hipertensão. Já está bem estabelecido na literatura que a

hipertensão estimula a produção de colágeno em artérias de resistência de modelos

experimentais de hipertensão arterial tais como o SHR (GONZÁLEZ et al., 2006), o

induzido por ouabaína (BRIONES, XAVIER, ARRIBAS, GONZALEZ, ROSSONI,

ALONSO & SALAICES, 2006) ou por infusão de angiotensina II (BRIONES et al.,

2009b).

A elastina constitue 90% das fibras elásticas, é um polímero insolúvel

constituído por moléculas solúveis de tropoelastina, e por uma glicoproteína

denominada fibrilina. A tropoelastina é a proteína precursora da elastina, sintetizada

principalmente pelas células musculares lisas, embora os fibroblastos e as células

endoteliais também apresentem capacidade elastogênica. As fibras de elastina

formam lâminas fenestradas que permitem o contato celular através de seus orifícios

(ARENAS & ZURBARÁN, 2002; BRIONES, ARRIBAS & SALAICES, 2010). A

elastina é a proteína mais abundante em artérias de grande calibre (JACOB, 1993),

no entanto também é detectada em artérias de resistência (BRIONES et al., 2003).

A maioria dos estudos realizados em artérias de resistência tem focado em

alterações no sistema colágeno, entretanto, um estudo realizado por BRIONES et al

(2003) (BRIONES et al., 2003), demonstrou que a elastina também pode ser um

determinante das dimensões vasculares. Os resultados obtidos neste estudo

demonstram que a incubação da artéria com elastase, enzima capaz de degradar a

elastina, aumenta drasticamente o diâmetro do lúmen, indicando que a conformação

da elastina pode ser um essencial determinante do tamanho do lúmen e sugerindo

também que outras estruturas da parede vascular, incluindo músculo liso e endotélio,

adotam passivamente as conformações ditadas pela elastina.

Aumentos na quantidade de elastina (KEELEY & ALATAWI, 1991) e

mudanças na sua organização (BOUMAZA, ARRIBAS, OSBORNE-PELLEGRIN,

MCGRATH, LAURENT, LACOLLEY & CHALLANDE, 2001) já foram demonstrados

por outros autores em grandes artérias de animais hipertensos. Em artérias de

resistência, uma reorganização da elastina na lâmina elástica interna já foi observada

em modelos de hipertensão como o SHR ou por infusão de angiotensina II

(BRIONES et al., 2003, 2009b). Nestes trabalhos, a reorganização da elastina nas

artérias de resistência de ratos hipertensos levou a uma diminuição na área das

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fenestras da lâmina elástica interna, o que poderia influenciar no remodelamento

arterial, além de uma implicação funcional, uma vez que as fenestras são os locais

que permitem a passagem de fatores endoteliais e derivados do sangue através da

lâmina elástica interna para a camada média do vaso. Recentemente, estudos têm

sugerido que as alterações na deposição de colágeno e na organização da elastina

observada em vasos de animais hipertensos podem estar relacionadas com o

incremento do estresse oxidativo que ocorre nestes animais (BRIONES et al., 2009b;

ROQUE, BRIONES, GARCÍA, HERNANZ, GIUBERT, EGIDO, ALONSO, RUÍZ-

ORTEGA & SALAICES, 2008).

As propriedades mecânicas passivas das artérias são principalmente

oferecidas pelas fibras elásticas e colágenos, e são facilmente afetadas por

alterações estruturais do vaso, como o remodelamento vascular. A rigidez e a

geometria dos componentes do vaso, assim como a pressão intraluminal, a qual

estão expostos, determinam as alterações na distensibilidade vascular (BRIONES et

al., 2009b; INTEGAN & SCHIFFRIN, 2000). Em particular, o colágeno e a elastina

têm sido diretamente associados com a maior rigidez da parede vascular observada

em animais hipertensos (BRIONES et al., 2003, 2009b). Adicionalmente, alterações

na elastina já foram demonstradas em artérias de condução (ARRIBAS, BRIONES,

BELLINGHAM, GONZÁLEZ, SALAICES, LIU, WANG & HINEK, 2008) e artérias de

resistência de SHR (GONZÁLEZ et al., 2006), antes mesmo do desenvolvimento da

pressão arterial comprometendo a propriedade mecânica da parede arterial e

eventualmente contribuindo para o desenvolvimento da hipertensão arterial.

Podemos concluir, portanto, que existe uma grande associação entre o

processo de remodelamento vascular induzido pela hipertensão arterial e as

alterações mecânicas observadas em artérias de resistência. As alterações dos

componentes da MEC observadas com a hipertensão arterial podem ser os maiores

responsáveis por esta associação.

2.4.3 Alterações funcionais vasculares associadas à hipertensão arterial

A disfunção endotelial se tornou um preditor de doenças

cardiovasculares, sendo considerada uma característica comum da hipertensão

(VANHOUTTE, SHIMOHAWA, TANG & FELETOU, 2009). A função anormal de

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artérias de resistência na hipertensão pode aumentar a resistência periférica. Os

fatores liberados pelo endotélio têm um importante papel na regulação da

homeostase da parede vascular. Variações na função endotelial são consideradas

um dos principais fatores responsáveis pelo incremento e manutenção da pressão

arterial.

As células endoteliais vasculares formam uma camada monocelular que

reveste a superfície luminal de todos os vasos sanguíneos e que estão

estrategicamente situadas entre a circulação e o restante da parede vascular. Estas

células ficam em contato íntimo entre elas, formando uma rede bem estruturada e

organizada, onde qualquer situação de quebra de continuidade da rede, estas células

se reorganizam e procuram novamente fazer a conexão intercelular. O endotélio

pode ser considerado um verdadeiro sistema autócrino, parácrino e endócrino do

organismo humano, que responde a vários estímulos, produzindo e secretando um

grande número de compostos metabolicamente ativos, além de modular ou inibir os

efeitos de substâncias circulantes (BATLOUNI, 2001).

O endotélio vascular serve como um importante regulador do tônus, calibre

vascular e fluxo sangüíneo. Entretanto, o papel do endotélio não se restringe ao

controle do tônus e a função vasomotora, mas se estende à regulação da

proliferação e migração das células musculares lisas vasculares e adesão de

leucócitos (CARVALHO, FORTES, TOSTES PASSAGLIA & NIGRO, 2005). Entre as

múltiplas funções do endotélio, as relacionadas à vasomotricidade incluem a síntese

de substâncias vasoativas denominadas fatores de relaxamento derivados do

endotélio (EDRF) e fatores constritores derivados do endotélio (EDCF).

Alterações na liberação dos fatores derivados do endotélio podem ser a

causa de prejuízo da função arterial na presença de hipertensão. Particularmente,

em artérias de resistência tais como mesentéricas e coronárias, pode-se observar

prejuízo do relaxamento induzidos pela hipertensão (TREASURE, KLEIN, VITA,

MANOUKIAN, RENWICK, SELWYN, GANZ & ALEXANDER, 1993; WATT &

THURSTON, 1989). Entretanto, também já foram descritas respostas aumentadas

(DOWELL, MARTIN, DOMINICZAK & HAMILTON, 1999) e normais (LÜSCHER,

DIEDERICH, WEBER, VANHOUTTE & BÜHLER, 1988) dependendo do leito

vascular e do modelo de hipertensão estudado. Além das respostas de relaxamento,

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também já foram observadas diferenças nas respostas contráteis a diferentes

agonistas na presença de hipertensão arterial. Assim, podemos encontrar respostas

aumentadas (DOWELL et al., 1999) ou diminuídas (ROSSONI, SALAICES, MARÍN,

VASSALO & ALONSO, 2002).

Dentre os EDRF, o óxido nítrico (NO) é o mais potente agente

vasodilatador, inibidor da agregação plaquetária, da coagulação e da proliferação

celular. Entretanto, existem outros fatores mediadores da vasodilatação como a

bradicinina, a prostaciclina (PGI2) e o EDHF (fator hiperpolarizante derivado do

endotélio). Dentre as substâncias vasoconstritoras, ou EDCF podemos citar a

angiotensina II, a endotelina-1, e os produtos do metabolismo do ácido araquidônico

como o tromboxano A2 (TxA2) (CARVALHO et al., 2001). Ademais, as ERO geradas

pelas três camadas da parede vascular, participam na modulação do tônus vascular

produzindo tanto vasodilatação como vasoconstrição em função da espécie reativa

de oxigênio e do leito vascular (PARAVICINI & TOUYZ, 2008).

2.4.3.1 Óxido nítrico

O NO é o principal mediador do relaxamento vascular, entretanto também

apresenta ação inibitória sobre a agregação e adesão de plaquetas na superfície

vascular e proliferação celular. É um radical livre gasoso, com uma meia-vida curta,

mas extremamente difusível pela membrana celular, originado através da ação da

óxido nítrico sintase (NOS) em uma reação que implica a conversão do aminoácido

L-arginina para L-citrulina e NO. Para que ocorra esta reação é necessário a

presença de oxigênio e NADPH (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato) e co-

fatores como FAD (flavina adenina dinucleotídeo), FMN (flavina mononucleotídeo) e

BH4 (tetrahidrobiopterina) (MONCADA, PALMER & HIGGS, 1991). Três diferentes

isoformas podem sintetizar o NO: NO sintase endotelial (eNOS) e neuronal (nNOS)

que são constitutivas nas células endoteliais e neuronais respectivamente e são

dependentes do complexo Ca2+-calmodulina (cálcio-calmodulina) para sua ativação e

a iNOS que é a forma induzida por estímulos imunológicos que pode ser expressa

em macrófagos, células endoteliais e são ativadas pela concentração de cálcio

intracelular (FORSTERMANN, CLOSS, POLLOCK, NAKANE, SCHWARZ, GATH &

KLEINERT, 1994).

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A síntese e liberação de NO pelas células endoteliais pode ser induzida por

diversos estímulos (físicos e/ou químicos) tais como: estiramento vascular,

alterações na velocidade de fluxo sangüíneo (shear stress), agregação plaquetária,

acetilcolina, adenosina difosfato (ADP), bradicinina, angiotensina II, serotonina (5-

HT), entre outras (MARÍN & RODRIGUEZ-MARTÍNEZ, 1997; MONCADA, PALMER

& HIGGS, 1991). Uma vez formado e liberado pelas células endoteliais, o NO se

difunde para o músculo liso vascular e ativa a enzima guanilato ciclase solúvel (GCs),

a qual aumenta os níveis intracelulares de GMPc (3`, 5`-monofosfato cíclico de

guanosina) por hidrolisar moléculas de GTP (5`-trifosfato de guanosina). O GMPc

ativa PKG (proteína quinase G), uma quinase específica dependente de GMPc, que

fosforila diversas proteínas e causa o relaxamento do músculo liso vascular por

reduzir as concentrações intracelulares de cálcio (IGNARRO & KADOWITZ, 1985).

Entre os mecanismos pelos quais a PKG produz o relaxamento se

encontram (FIGURA 3): 1) a ativação de canais de K+ (potássio) dependentes de

Ca2+ que hiperpolarizam a membrana e inibem a entrada de cálcio do meio

extracelular pelos canais de Ca+2 dependentes de voltagem promovendo

relaxamento; 2) inibição da produção de IP3 (1,4,5-trifosfato de inositol) e fosforilação

do receptor IP3, o qual desestimula a liberação de Ca+2 pelo retículo sarcoplasmático;

3) estimulação da Ca2+ATPase da membrana plasmática, estimulando a saída de

Ca2+, e do retículo sarcoplasmático (SERCA) estimulando sua recaptação; 4)

fosforilação da quinase de cadeia leve da miosina (MLCK) que inibe sua atividade e

reduz a contração muscular lisa vascular (CARVAJAL, GERMAIN, HUIDOBRO-

TORO & WEINER, 2000; MARÍN & RODRIGUEZ-MARTÍNEZ, 1997).

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Hiperpolarização

ATPase

Ativa

Inativa

Relaxamento

FIGURA 3 – Mecanismos de relaxamento induzidos pelo óxido nítrico. CML: célula

muscular lisa; CGs: guanilato ciclase solúvel; GTP: 5`-trifosfato de

guanosina; IP3: 1,4,5-trifosfato de inositol; MLCK: quinase de cadeia

leve da miosina; MLCK-P: quinase de cadeia leve da miosina

fosforilada; NO: óxido nítrico; PKG: proteína quinase G; SERCA:

Ca2+ATPase do retículo sarcoplasmático.

O NO possui uma meia-vida curta (menos de 10 segundos) devido à sua

rápida oxidação a nitrito e nitrato. Um dos mecanismos mais aceitos para explicar a

disfunção endotelial associada com a hipertensão é a diminuição na disponibilidade

de NO. Menor disponibilidade de NO está associada à diminuição na síntese,

aumento na degradação ou redução na ativação da guanilato ciclase (FIGURA 4). A

menor síntese de NO pode resultar da deficiência de substratos e co-fatores para a

NOS, diminuída expressão ou ativação da NOS, tais como fosforilação da enzima ou

interação com proteínas (hsp90 ou calmodulina), ou ainda um aumento nos

inibidores endógenos da enzima (ADMA). A maior degradação de NO ocorre pela

reação do NO com moléculas tais como hemoglobina e albumina, e principalmente

por reagir com radicais livres derivados do oxigênio, principalmente ânion superóxido,

resultando em inibição da sua atividade biológica e conseqüente prejuízo na resposta

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de relaxamento derivada do endotélio, além da formação de substâncias tóxicas

como o peroxinitrito (ONOO.) (HUIE & PADMAJA, 1993; TANG & VANHOUTTE,

2010).

Célula endotelial

Célula muscular lisa

Vasoconstrição

Prejuízo vascular

Guanilato

Ciclase

Hemoglobina

Albumina

Substratos/co-fatores NOS

Expressão NOS

Ativação NOS

Inibidores endógenos NOS

a

a

FIGURA 4 – Mecanismos de redução na disponibilidade de óxido nítrico com a

hipertensão. ADMA: dimetilarginina assimétrica; BH4:

tetrahidrobiopterina; hsp90: proteína de choque térmico 90; NO: óxido

nítrico; NOS: óxido nítrico sintase; O2.: ânion superóxido; ONOO.:

peroxinitrito. (Adaptado de TANG & VANHOUTTE, 2010).

Divergências são encontradas na literatura quanto ao prejuízo das

respostas vasodilatadoras dependentes de endotélio na hipertensão. Evidências

tanto de prejuízo quanto de preservação da geração de NO já foram demonstradas

por diversos trabalhos realizados em humanos e em modelos experimentais de

hipertensão (GKALIAGKOUSI, DOUMA, ZAMBOULIS & FERRO, 2009). O balanço

de evidências sugere que a vasodilatação dependente de NO nem sempre está

prejudicada na hipertensão, entretanto quando observada, a parte da redução na

síntese de NO, aumentada degradação devido ao estresse oxidativo pode contribuir

significantemente para a menor disponibilidade de NO.

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2.4.3.2 Prostanóides

Os prostanóides são derivados do metabolismo do ácido araquidônico e

incluem as prostaglandinas e tromboxanos (FIGURA 5). O ácido araquidônico é um

constituinte dos fosfolipídios de membrana, que é liberado por ação da fosfolipase A2

(PLA2). Em seguida de sua liberação, o ácido araquidônico pode ser oxidado por

enzimas endoperoxidases, como a ciclooxigenase (COX), onde primeiramente será

convertido em endoperóxido PGG2 e posteriormente a PGH2, o precursor imediato de

muitas outras prostaglandinas e tromboxanos. O último estágio ocorre com a

conversão de PGH2 para produtos finais de prostanóides, biologicamente ativos, por

ação de sintases específicas. O perfil dos produtos gerados pelo metabolismo do

ácido araquidônico pode variar de acordo com cada tecido e é determinado

primariamente pela quantidade de sintases específicas de prostaglandinas presentes

no tecido (BOS, RICHEL, RITSEMA, PEPPELENBOSCH & VERSTEEG, 2004).

Os prostanóides mais comuns são PGI2, PGE2, PGD2, PGF2α e o

tromboxano A2 (TXA2). Estes prostanóides vão ter seus efeitos mediados pela união

a receptores acoplados a proteína G (FIGURA 5). A PGI2, PGE2, PGD2 produzem

vasodilatação por união a seus receptores específicos IP, EP2/EP4 e DP,

respectivamente, que estão acoplados a proteína Gs. Após esta união, se produz a

ativação da adenilato ciclase (AC) que aumenta a concentração de AMPc (adenosina

monofosfato cíclico) e produz vasodilatação. Em contrapartida, a PGE2, através da

união ao receptor EP3, acoplado a proteína Gi, produz contração por inibição da

adenilato ciclase. Em adição, a própria PGE2, a PGF2α e o TXA2 produzem contração

por união aos receptores EP1, FP e TP, respectivamente, que estão acoplados a

proteína Gq. Esta união ativa a fosfolipase C (PLC) formando os segundos

mensageiros inositol trifosfato (IP3) e DAG, ativando a mobilização de cálcio

intracelular e PKC (proteína quinase C), dando lugar a contração (BOS et al., 2004).

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Fosfolipídeos de membrana

Célula endotelial

Relaxamento

CML

Contração

FIGURA 5 – Síntese de prostanóides e mecanismos de sinalização. AA: ácido

araquidônico; AC: adenilato ciclase; AMPc: adenosina monofosfato

cíclico; CML: célula muscular lisa; COX: ciclooxigenase; PLA2:

fosfolipase A2; PLC: fosfolipase C.

Em muitos leitos vasculares a prostaciclina (PGI2) é o principal produto do

metabolismo do ácido araquidônico, em contrapartida o tromboxano é o maior

produto final deste metabolismo formado pelas plaquetas e historicamente acredita-

se que esta seja a fonte do tromboxano vascular (SELLERS & STALLONE, 2008).

Os efeitos do TxA2 são mediados pelo receptor TP (receptor de tromboxano e

prostaglandina) e incluem além de vasoconstrição, proliferação de células

musculares lisas e agregação plaquetária. Os receptores TP são expressos em

vários tecidos, incluindo cérebro, plaquetas, células musculares lisas e células

endoteliais, entre outros e encontra-se em duas isoformas TP-α e TP-β (BOS et al.,

2004).

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Embora o TxA2 possa contribuir para o tônus vascular, o seu papel

fundamental em condições normais é a estimulação da agregação plaquetária, onde

o balanço entre o TxA2 derivado das plaquetas e de prostaciclina derivada do

endotélio, a qual inibe a agregação plaquetaria, é crucial para a regulação da

homeostase. Diferentemente do que se observa em condições normais de saúde, o

TxA2 tem um papel já bem estabelecido e fundamental no desenvolvimento e

manutenção de várias doenças cardiovasculares, dentre elas a hipertensão arterial

(SELLERS & STALLONE, 2008). Estudos demonstraram que a utilização de

inibidores da tromboxano sintase e bloqueadores do receptor TP reduzem a pressão

arterial e previnem o desenvolvimento da hipertensão em modelos de ratos

hipertensos como o SHR, dois rins 1-clipe, e hipertensos induzidos por frutose ou

angiotensina II (BOUSSAIRI, SACQUET, SASSARD & BENZONI, 1994;

CARVALHO, FORTES, NIGRO, OLIVEIRA & SCIVOLETTO, 1997; CHAN &

CERVONI, 1986; GALIPEU, ARIKAWA, SEKIROV & MCNEIL, 2001; MISTRY &

NASJLETTI, 1988), confirmando que o TxA2 e seu precursor PGH2 tem um

importante papel na patogênese da hipertensão arterial.

A disfunção endotelial observada em humanos e animais hipertensos é

constantemente observada através de prejuízos na resposta de relaxamento

dependente do endotélio. O aumento na produção de TxA2 em artérias mesentéricas

de ratos hipertensos (2 rins, 1 clipe) já foi demonstrado como um fator que contribui

para a menor resposta do músculo liso à acetilcolina (CARVALHO et al., 1997). Em

vasos de ratos SHR foi demonstrado igualmente um incremento na produção de

TXA2 e de outros prostanóides contráteis (ALVARÉZ, BRIONES, BALFAGÓN,

ALONSO & SALAICES, 2005; BLANCO-RIVERO, CACHOFEIRO, LAHERA, ARAS-

LOPEZ, MARQUEZ-RODAS, SALAICES, XAVIER, FERRER & BALFAGÓN, 2005;

GARCÍA-REDONDO, BRIONES, BELTRÁN, ALONSO, SIMONSEN & SALAICES,

2009).

Além disso, em ratos SHR é possível observar uma resposta bifásica da

acetilcolina, promovendo uma resposta de relaxamento seguida de contração, tanto

em aorta quanto em artéria mesentérica de resistência. Esta contração está

positivamente correlacionada com a severidade da hipertensão e com a idade,

podendo-se observar este perfil de resposta também em ratos normotensos (WKY)

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idosos. Estudos demonstraram que esta resposta contrátil à acetilcolina pode ocorrer

em parte devido à produção de EDCF, com a participação dos receptores TP e de

espécies reativas de oxigênio (FIGURA 6) (FÉLÉTOU, VERBEUREN &

VANHOUTTE, 2009; FÉLÉTOU, HUANG & VANHOUTTE, 2010; LUSCHER,

AARHUS & VANHOUTTE, 1990). Adicionalmente, os prostanóides contráteis

também participam da aumentada resposta vasoconstritora à fenilefrina ou ao

peróxido de hidrogênio em vasos de condutância ou de resistência de ratos SHR

(ÁLVAREZ, et al., 2005; GARCÍA-REDONDO et al., 2009).

Lipídeos da membrana

Célula endotelial

Endoperóxido

Contração

Célula muscular lisa

FIGURA 6 – Mecanismos de contração dependente do endotélio. ACh: acetilcolina;

ADP: adenosina difosfato; A23187: ionóforo de cálcio; COX:

ciclooxigenase; H2O2: peróxido de hidrogênio; M: receptor muscarínico;

PGI2: prostaciclina; P: receptor purinérgico; PLA2: fosfolipase A2; ROS:

espécies reativas de oxigênios; TP: receptor de tromboxano e

prostaglandina; TXA2: tromboxano A2; X+XO: xantina + xantina oxidase

(Adaptado de TANG & VANHOUTTE, 2009).

2.4.3.3 Espécies Reativas de Oxigênio

As espécies reativas derivadas do oxigênio (ERO) são produzidas como

intermediárias no processo redox (redução-oxidação) e têm um importante papel

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fisiológico como moléculas de sinalização intracelular que regulam respostas

biológicas como a expressão de genes, a progressão do ciclo celular e a

sobrevivência celular e são produzidas por alguns tecidos, dentre eles o vascular,

sendo que os 3 tipos celulares que o compõem (endotelial, muscular liso e

adventícia) participam desta produção. Entretanto, em situações patológicas ocorre

uma perda da homeostase redox, acarretando em prejuízos vasculares como, maior

reatividade vascular, disfunção endotelial, remodelamento vascular e aumento da

resistência vascular periférica que contribuem para diversas patologias, dentre elas a

hipertensão arterial (SEDEEK, HEBERT, KENNEDY, BURNS & TOUYZ, 2009).

As ERO incluem o ânion superóxido (O2.), radical hidroxila (OH.) e o

peroxinitrito (OONO-). O O2. é produzido a partir do oxigênio molecular, possui um

elétron desemparelhado que o torna mais reativo e instável. Comporta-se como um

agente oxidante que se reduz a H2O2 (peróxido de hidrogênio) pela reação catalisada

pela enzima superóxido desmutase (SOD), apresentando características mais

estáveis e com a meia-vida mais longa que os radicais livres. O H2O2 por sua vez,

pode ser hidrolisado pela catalase ou glutationa peroxidase e pode também ser o

precursor de outros radicais como OH. (FIGURA 7) (TOUYZ & SCHIFFRIN, 2004).

Dentre as ERO o O2. é um dos principais radicais produzidos e na

hipertensão o aumento na produção de oxidantes e uma redução na capacidade do

sistema antioxidante contribuem para a progressão da patologia, levando ao que

chamamos de estresse oxidativo (PARAVICINI E TOUYZ, 2008). A NADPH oxidase

é um complexo enzimático que produz O2. a partir do oxigênio molecular usando

NADPH como um doador de elétrons, sendo esta a primeira enzima descoberta que

produz ERO como função primária, a qual se distingue de outras enzimas redox que

podem produzir o O2. como um bioproduto, como por exemplo, a xantina oxidase que

catalisa a oxidação de hipoxantina em xantina para formar O2., ou ainda, o

desacoplamento da NOS, a ciclooxigenase, entre outras (FIGURA 7) (CHAN,

PESHAVARIYA & DUSTING, 2009; PARAVICINI & TOUYZ, 2008; SEDEEK et al.,

2009).

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Catalase

Glutationa Peroxidase

Xantina oxidaseNOS desacopladaCiclooxigenase

Cadeia respiratóriamitocondrial

Oxidação

Membrana celular

Fatores de crescimento

Citocinas

Agentes vasoativos

Estresse mecânico

FIGURA 7 – Produção de espécies reativas de oxigênio a partir do oxigênio

molecular (O2) em células vasculares. H2O: água; H2O2: peróxido de

hidrogênio; NO: óxido nítrico; OH.: radical hidroxila; ONOO.:

peroxinitrito; SOD: superóxido desmutase. (Adaptado de TOUYZ &

SCHIFFRIN, 2004).

A NADPH oxidase fagocítica possui 5 subunidades: p47phox, p67phox,

p40phox, p22phox e a subunidade catalítica gp91phox, também denominada Nox2.

Inicialmente, imaginava-se que a NADPH oxidase era expressa somente em células

fagocíticas, entretanto a descoberta de homólogos da gp91phox demonstrou que

este não era o único local de expressão desta enzima e estes homólogos foram

denominados como família NOX da NADPH oxidase. A família compreende sete

membros: NOX1, NOX2, NOX3, NOX4, NOX5, Duox1 e Duox2, que são expressos

nos mais diversos tecidos (vasos, coração, rim, etc.), sendo que os três tipos

celulares vasculares expressam NOX1, NOX2, NOX4 e NOX5. Em células

endoteliais a NOX4 parece ser a isoforma mais abundante, embora também se

observe alta expressão desta isoforma no músculo liso vascular. Entretanto, a

expressão e atividade da NOX4 são mais altas em artérias cerebrais. Apesar de

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ambas NOX1 e NOX2 serem altamente expressas no músculo liso vascular, NOX1 é

principalmente expressa em vasos de condução e NOX2 é mais expressa em vasos

de resistência (BEDARD & KRAUSE, 2007; CHAN, PESHAVARYA & DUSTING,

2009). A NADPH oxidase vascular é regulada por fatores humorais (citocinas, fatores

de crescimento e agentes vasoativos) e físicos (shear stress) (FIGURA 7) (TOUYZ &

SCHIFFRIN, 2004).

Em sistemas biológicos podemos observar que a produção de oxidantes é

balanceada pela produção de antioxidantes, que podem ser definidos como

substâncias que reduzem a severidade do estresse oxidativo, e estão presentes no

nosso organismo através de fontes enzimáticas ou não enzimáticas. Dentre as

enzimas antioxidantes se incluem a superóxido dismutase (SOD), catalase e a

glutationa peroxidase e as fontes não enzimáticas de antioxidantes incluem vitaminas

A, C e E, flavonóides, entre outras. Portanto, a eficiência do sistema antioxidante

depende das enzimas antioxidantes, assim como da ingesta nutricional e pode ser

modificado por diversos fatores como a idade, a nutrição e o exercício físico

(FINAUD, LAC & FILAIRE, 2006).

A SOD é uma das principais defesas antioxidantes do nosso organismo por

atuar diretamente catalisando o O2. e formando H2O2. Esta enzima está presente em

3 isoformas (Mn-SOD, Cu-Zn-SOD e SOD extracelular), sendo que a extracelular é a

principal isoforma presente no sistema vascular. As enzimas catalase e GPX

convertem H2O2 em água, entretanto a glutationa peroxidase é mais eficiente em

altas concentrações e a catalase em baixas concentrações de H2O2 (FINAUD, LAC &

FILAIRE, 2006; PARAVICINI & TOUYZ, 2008).

O aumento na produção de ERO promove diversos efeitos vasculares

como a regulação do crescimento e diferenciação celular, a modulação da produção

e degradação MEC, a inativação do NO e a estimulação de diversas quinases e

genes pró-inflamatórios, que colaboram para o remodelamento vascular e a

disfunção endotelial presentes na hipertensão (FIGURA 8) (BRIONES, ARRIBAS &

SALAICES, 2010; BRIONES & TOUYZ, 2010; PARAVICINI & TOUYZ, 2008; TOUYZ

& SCHIFFRIN, 2004). A maior produção de ERO já foi observada em pacientes com

hipertensão arterial essencial, em geral analisada através de biomarcadores de

peroxidação lipídica e de estresse oxidativo no plasma (REDON, OLIVA, TORMOS,

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GINER, CHAVES, IRADI & SAEZ, 2003). A produção de ERO através da NADPH

oxidase também está aumentada em células do músculo liso vascular de artérias de

resistência de pacientes hipertensos (TOUYZ & SCHIFFRIN, 2001). Em estudos

realizados em animais experimentais podemos observar que ratos SHR apresentam

maior produção de O2. em aorta do que os ratos normotensos (ALVARÉZ, BRIONES,

HERNANZ, PÉREZ-GIRÓN, ALONSO & SALAICES, 2008; TANITO, NAKAMURA,

KWON, TERATANI, MASUTANI, SHIOJI, KISHIMOTO, OHIRA, HORIE & YODOI,

2004). Neste incremento pode estar implicado a ativação do sistema renina

angiotensina, uma vez que o tratamento de SHR com o antagonista dos receptores

AT1, losartan, aboliu o incremento no estresse oxidativo vascular e plasmático

observado neste modelo de hipertensão (ALVARÉZ, PÉREZ-GIRÓN, HERNANZ,

BRIONES, GARCÍA-REDONDO, BELTRÁN, ALONSO & SALAICES, 2007). Além

disso, a importância do sistema renina angiotensina também já foi demonstrada

através de um modelo de hipertensão induzido pela infusão de angiotensina II em

ratos, onde se observa o incremento do estresse oxidativo vascular e plasmático

(BRIONES et al., 2009b).

Prejuízo

endotelial

Remodelamento

da média

Adventícia

ERO

ERO

ERO

ERO

Adesão de

moléculas

Celula endotelial

Apoptose

Deposição de

proteínas da MEC

Regulação de MMPs Crescimento de CMLV

apoptoseRearranjamento

das CMLVs

Resposta

inflamatória

Migração

celular

Lúmen

FIGURA 8 – Efeitos vasculares das espécies reativas de oxigênio (ERO). CMLV:

células do músculo liso vascular; MEC: matriz extracelular; MMPs:

metaloproteinases de matriz. (Adaptado de TOUYZ & SCHIFFRIN,

2004).

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A diminuição na disponibilidade do NO é uma consequência da aumentada

produção de O2. vascular que pode contribuir para a disfunção endotelial observada

em ratos SHR (TANITO et al., 2004; TOUYZ, 2003). A redução na disponibilidade de

antioxidantes promove estresse oxidativo celular e tem sido implicado no prejuízo

oxidativo associado com a hipertensão arterial. Tratamento com vitaminas

antioxidantes, fármacos que mimetizam a ação da SOD e fármacos com

propriedades antioxidantes, tais como a atorvastatina, além de bloqueadores do

receptor AT1 de angiotensina II, diminuem a produção vascular de O2. podendo

melhorar a disfunção vascular observada em modelos de hipertensão arterial

(ALVARÉZ et al., 2007; BRIONES et al., 2009b; CHEN, TOUYZ, PARK &

SCHIFFRIN, 2001; PARK, TOUYZ, CHEN & SCHIFFRIN, 2002).

2.5 Hipertensão arterial e exercício físico aeróbio

O tratamento da hipertensão arterial é geralmente realizado com o uso de

fármacos, entretanto, medidas não-farmacológicas também tem se mostrado

eficientes na prevenção e no controle dos níveis tensionais elevados. Os principais

fatores ambientais modificáveis da hipertensão arterial que podem alterar o estilo de

vida e, portanto, contribuir para a redução da pressão arterial são: a redução do peso

corporal, diminuição na ingestão de sal e bebidas alcoólicas, abandono do tabagismo

e prática regular de exercício físico (BRUM et al., 2005; VI DIRETRIZES

BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2010).

A incidência de doenças cardiovasculares pode ser reduzida por um estilo

de vida ativo. Dados epidemiológicos, clínicos e experimentais confirmam que a

prática regular de exercício físico reduz a progressão das doenças cardiovasculares

e, portanto a morbidade e mortalidade cardiovascular (HIGASHI & YOSHIZUMI,

2004). A prática regular de atividade física aeróbia já foi comprovada como eficaz na

redução da pressão arterial de indivíduos hipertensos, auxiliando também no controle

de outros fatores de risco, como o peso corporal, a resistência à insulina,

dislipidemia, além de controle do tabagismo e estresse. Um dos mecanismos

bastante discutidos para explicar a queda pressórica decorrente do treinamento físico

está relacionado à atenuação da atividade nervosa simpática. A diminuição na

descarga simpática apresenta associação direta com a redução da resistência

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vascular periférica e o remodelamento dos vasos de resistência e aumento da

capilarização na musculatura esquelética (BRUM et al., 2005).

A prática regular de exercício físico promove alterações expressivas no

funcionamento cardiovascular, que resultam em benefícios para a saúde. Em meio a

essas alterações, as relacionadas ao sistema vascular tem tido um papel de

destaque nos últimos anos, principalmente por reverter o prejuízo na função

endotelial observada em algumas patologias (MOYNA & THOMPSON, 2004).

Durante o exercício físico, ocorre um aumento expressivo do débito cardíaco e

ajustes hemodinâmicos que incluem intensa dilatação dos vasos sangüíneos de

resistência da musculatura esquelética ativa, e vasoconstrição em algumas regiões

não envolvidas no exercício, para que sejam supridas as necessidades metabólicas

celulares. Esta vasodilatação ocorre sempre em resposta ao exercício agudo e com a

freqüência do exercício, ocorrem adaptações crônicas dos vasos sangüíneos,

favorecendo a perfusão tecidual (NEGRÃO, SANTOS & ALVES, 2005).

A elevação do débito cardíaco que ocorre durante a realização do exercício

físico aumenta o fluxo sangüíneo, aumentando a força que o sangue exerce sobre a

parede vascular. Este estresse laminar e unidirecional que a parede do vaso sofre

como efeito do aumento do fluxo sanguíneo durante uma sessão de exercício é

denominado estresse de cisalhamento ou shear stress (HARRISON, WIDDER,

GRUMBACH, CHEN, WEBER & SEARLES, 2006; MOYNA & THOMPSON, 2004;

NEGRÃO, SANTOS & ALVES, 2005). Estudos realizados em uma variedade de

leitos arteriais de diferentes modelos experimentais têm demonstrado que a

exposição regular aos aumentos no fluxo sanguíneo e no shear stress que

acompanha o exercício físico é considerado por muitos investigadores o sinal

primário para adaptação vascular induzida pelo treinamento físico (LAUGHLIN,

NEWCOMER & BENDER, 2008; MOYNA & THOMPSON, 2004). Esta resposta

adaptativa parece incluir principalmente alterações vasculares que melhoram a

função endotelial através da maior disponibilidade do NO (GREEN, WALSH,

MAIORANA, BURKE, TAYLOR & O`DRISCOLL, 2004).

O shear stress laminar e unidirecional pode afetar a produção de NO

endotelial (FIGURA 9) através de ativação da enzima eNOS segundos após o início

do estresse, estimulando um aumento agudo, porém transiente nas concentrações

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de cálcio intracelular, aumentando a ligação de calmodulina à eNOS e portanto sua

atividade. Entretanto, a produção de NO continua mesmo após os níveis

intracelulares de cálcio retornarem ao basal, indicando que outros mecanismos estão

produzindo a alteração na produção de NO induzido pelo shear stress, independente

da concentração intracelular de cálcio. Os mecanismos que levam a produção de NO

independente de cálcio são: 1) a fosforilação de um sítio específico da enzima eNOS,

serina 635 e 1177, pela PKA (proteína quinase A) e 2) aumento na expressão da

eNOS, permitindo à célula endotelial produzir maiores quantidades de NO. O

aumento na expressão da eNOS ocorre através de um transiente aumento da

transcrição de RNA mensageiro da eNOS e um sustentado aumento na estabilidade

do mesmo, envolvendo vias de sinalização das MAP quinases para a transcrição e

ativação de tirosina quinase (cSrc) e subseqüente ativação de Ras, Raf, MEK ½ e

ERK ½ para processo de transcrição e estabilização da eNOS (HARRISON et al.,

2006).

Shear stress laminar

Enzima

eNOSProteína

eNOSNO (segundos)

eNOS RNAm

(horas)

FIGURA 9 – Efeitos do shear stress laminar unidirecional na síntese de óxido nítrico

endotelial. eNOS: óxido nítrico sintase endotelial; NO: óxido nítrico.

(Adaptado de HARRISON et al., 2006).

De fato, o treinamento físico foi capaz de promover alterações benéficas

em indivíduos saudáveis submetidos a um programa de treinamento físico de oito

semanas em ciclo ergômetro, com uma intensidade de 70% do consumo máximo de

oxigênio (MAEDA, MIYAUCHJ, KAKIYAMA, SUGAWARA, IEMITSU, IRUKAYAMA-

TOMOBE, MURAKAMI, KUMAGAI, KUNO & MATSUDA, 2001), sendo que estes

indivíduos apresentaram elevação plasmática de nitrito e nitrato (produtos do

metabolismo de NO), o que sugere aumento na produção de NO. Em animais

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experimentais, estudos sugerem que o treinamento físico de curta e média duração

leva ao aumento da NOS endotelial e da produção e disponibilidade de NO. Um

possível mecanismo responsável pelo efeito do treinamento físico na maior

disponibilidade de NO é o prolongamento da sua meia-vida através da redução na

sua degradação por radicais livres, ou ainda diretamente, por diminuir a produção

destes radicais (GREEN et al., 2004). Ademais, a participação de outras vias em

adição ao NO como resposta a melhor vasodilatação induzida pelo treinamento físico

já foram observadas em artérias de resistência de ratos Wistar Kyoto, como por

exemplo, a ativação de canais de potássio ativados por cálcio (BKCa), entretanto os

mecanismos pelos quais ocorre esta ativação ainda necessitam esclarecimento

(CHEN, WU & YEN, 2001). Em artérias coronárias de animais saudáveis o

treinamento físico também foi capaz de melhorar a resposta vasodilatadora

dependente de endotélio (LAUGHLIN, RUBIN, RUSH, PRICE, SCHRAGE &

WOODMAN, 2003).

Uma característica marcante na hipertensão tem sido a presença de

disfunção endotelial e estudos vêm demonstrando que o exercício físico é capaz de

melhorar a função arterial, principalmente por aumentar a resposta vasodilatadora

dependente de endotélio (HAGG, ANDERSSON, NAYLOR, GRÖNROS,

JONSDOTTIR, BERGSTRÖM & GAN, 2004; YEN, YANG, SHEU, LEE & DING,

1995). Em artéria mesentérica de resistência o treinamento crônico de SHR em

esteira foi capaz tanto de reduzir a resposta contrátil à noradrenalina, quanto de

aumentar a resposta vasodilatadora à acetilcolina, as quais estavam alteradas com a

hipertensão. Além disso, neste estudo foi possível observar que a maior

vasodilatação no grupo SHR treinado foi parcialmente reduzida com o uso de LNNA

(nitro L-arginina), demonstrando que parte do efeito vasodilatador era dependente de

NO e também com o uso de TEA (tetraetilamônio), demonstrando também a

participação dos canais de K+. A combinação dos dois fármacos inibiu totalmente a

vasodilatação à acetilcolina, o que comprova que em artérias mesentéricas o efeito

vasodilatador induzido pelo treinamento ocorre através da produção conjunta de NO

e de um EDHF que ativa os canais de K+ (YEN et al., 1995). Em artérias coronárias,

o efeito do treinamento físico tem sido avaliado principalmente associado com

doença arterial coronária e aterosclerose, sendo que nestes casos o mesmo é capaz

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de melhorar a resposta vasodilatadora destas artérias tanto em humanos quanto em

animais experimentais (HAMBRECHT, WOLF, GIELEN, LINKE, HOFER, ERBS,

SHOENE & SCHULLER, 2000; THOMPSON, HENDERSON, WOODMAN, TURK,

RUSH, PRICE & LAUGHLIN, 2004).

O exercício físico aumenta a utilização de oxigênio pela mitocôndria e com

isso parece levar a uma maior produção de radicais livres por esta organela, e esta

hipótese esta baseada na proporção de ERO formada pela mitocôndria que

apresenta uma razão de 2% do oxigênio total consumido. Entretanto,

aproximadamente 2% do oxigênio consumido pela mitocôndria é convertido a

radicais livres somente quando a mesma se encontra em estado de repouso, sendo

que em estado ativo esta proporção reduz para 1/10 do que se observa em repouso

(GOMEZ-CABRERA, DOMENECH & VIÑA, 2008). Portanto pode-se considerar a

participação de fontes alternativas na produção de ERO durante o exercício. A

xantina oxidase parece ser uma relevante fonte de O2. durante o exercício físico

aeróbio e anaeróbio (GOMEZ-CABRERA, BORRAS, PALLARDO, SASTRE, JI &

VIÑA, 2005). Além disso, a ativação da NADPH oxidase devido ao shear stress

induzido pelo exercício poderia contribuir para a produção de O2. (DE KEULENAER,

CHAPPELL, ISHIZAKA, NEREM, ALEXANDER & GRIENDLING, 1998).

Diferentemente do que se observa com sessões agudas ou de alta

intensidade de exercício, o treinamento físico de moderada intensidade contribui para

a melhora do estresse oxidativo. A prática regular do exercício torna o aumento da

produção de radicais livres não nocivos ao nosso organismo, e isso ocorre

principalmente porque o treinamento físico é um importante ativador do sistema de

defesa antioxidante. Parte-se do princípio que a resposta adaptativa resulta de

efeitos acumulativos de repetidas sessões de exercício, sendo que o sinal inicial para

a estimulação levando a modulação deve ocorrer após cada sessão de exercício

individual (HOLLANDER, FIEBIG, GORE, OOKAWARA, OHNO & JI, 2001; KOJDA &

HAMBRECHT, 2005).

O treinamento físico aumentou os níveis protéicos e a atividade enzimática

da SOD (CuZn-SOD) em células endoteliais de aorta (RUSH, TURK & LAUGHLIN,

2003), além de aumentar os níveis protéicos da SOD extracelular em células do

músculo liso de aorta em humanos e camundongos wild-type, mas não em

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camundongos que não apresentam o gene da eNOS, sugerindo que o efeito do

treinamento físico na regulação desta isoforma da enzima é mediada pelo NO

derivado do endotélio (FUKAI, SIEGFRIED, USHIO-FUKAI, CHENG, KODJA &

HARRISON, 2000). Outros estudos têm demonstrado mudanças adaptativas na

expressão genética das enzimas glutationa peroxidase e catalase em tecidos como

músculo esquelético e coração, em resposta a diversos tipos de exercício (JI, FU &

MICHELL, 1992; SOMANI & RYBAK, 1996). Além de aumentar a participação do

sistema antioxidante, o treinamento físico também pode contribuir para reduzir a

produção de ERO através de inativação de algumas subunidades da enzima NADPH

oxidase como observado em células endoteliais de aorta de porcos (RUSH, TURK &

LAUGHLIN, 2003). Apesar dos resultados benéficos observados nos estudos

anteriormente citados em resposta ao treinamento físico, ainda não existem

conclusões sobre o efeito do treinamento físico na regulação do sistema redox, uma

vez que os resultados ainda são muito controversos na literatura e parecem

depender totalmente do tipo e intensidade de exercício estudado e do tecido alvo e

espécie avaliados.

A melhora da resistência vascular periférica induzida pelo treinamento

físico na hipertensão arterial sinaliza uma a melhora da função vascular,

principalmente devido a alterações nos fatores vasculares derivados do endotélio.

Entretanto, embora poucos, alguns estudos demonstraram que o exercício também é

capaz de promover alterações estruturais e mecânicas em artérias. Em treinamentos

de longa duração, a maior produção de óxido nítrico e de outros mediadores induz

alterações estruturais nos vasos resultando em um aumento no diâmetro do lúmen

(BROWN, 2003), desta maneira normalizando a atividade endotelial. Um estudo

demonstrou que a elevação da pressão arterial e o remodelamento observado em

aorta de ratos SHR foram prevenidos pelo treinamento físico (HORTA, CARVALHO &

MANDARIM-DE-LACERDA, 2005).

A complacência arterial sistêmica total (SAC) é uma importante

propriedade vascular que afeta o comportamento funcional do sistema

cardiovascular, sendo importante para a manutenção da pressão sanguínea

diastólica e contribuição para o adequado fluxo sanguíneo coronário. Uma única

sessão de exercício aeróbio em indivíduos saudáveis diminui a rigidez arterial central

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e periférica (HEFFERNAN, COLLIER, KELLY, JAE & FERNHALL, 2007).

Adicionalmente, a SAC foi aumentada em sujeitos saudáveis após 4 semanas de

treinamento físico aeróbio em bicicleta, a qual foi linearmente relacionada à mudança

no VO2 máximo (CAMERON & DART, 1994), entretanto após treinamento físico

aeróbio de 16 semanas, foi observado redução na rigidez arterial central mas não

periférica de indivíduos saudáveis (HAYASHI, SUGAWARA, KOMINE, MAEDA &

YOKOI, 2005). Em ratos o treinamento físico promoveu aumento na quantidade de

elastina na aorta e diminuição na quantidade de cálcio da elastina, o que

provavelmente contribuiu para uma aorta mais distensível (MATSUDA, NOSAKA,

SATO & OSHIMA, 1993).

A resistência vascular periférica controla o fluxo sanguíneo para os

diversos tecidos, sendo um dos fatores que contribui para a regulação da pressão

arterial. O aumento na resistência vascular periférica, já bem caracterizado na

hipertensão arterial, ocorre principalmente por diminuição no diâmetro interno de

artérias de resistência, podendo ser ocasionada por alterações vasculares

estruturais, mecânicas e funcionais. Diversas medidas farmacológicas e não

farmacológicas são utilizadas com o intuito de reverter as alterações vasculares

promovidas pela hipertensão arterial. Dentre as medidas não farmacológicas, a

prática regular de exercício físico aeróbio tem se mostrado eficiente na prevenção e

no controle dos níveis tensionais elevados. Embora já se conheçam muitos dos

efeitos benéficos promovidos pelo treinamento físico que levam a redução da

pressão arterial, ainda existe pouco conhecimento sobre a sua influência nas

alterações vasculares induzidas pela hipertensão arterial em pequenas artérias como

as artérias mesentéricas de resistência e as artérias coronárias, as quais contribuem

de maneira importante para a distribuição do fluxo sanguíneo local e para a

regulação da pressão arterial.

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

O presente estudo tem como objetivo geral avaliar os efeitos do

treinamento físico aeróbio sobre as alterações vasculares de artérias coronárias e

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mesentéricas de resistência induzidas pela hipertensão arterial, analisando os

possíveis mecanismos implicados nestas alterações.

3.2 Específicos

Analisar as alterações nas propriedades estruturais e mecânicas de

artérias coronárias e mesentéricas de resistência de ratos

espontaneamente hipertensos;

Avaliar se o treinamento físico aeróbio é capaz de melhorar as

possíveis alterações vasculares estruturais e mecânicas observadas

em ratos espontaneamente hipertensos;

Determinar os mecanismos implicados nas possíveis alterações

observadas pela hipertensão arterial e pelo efeito do treinamento físico

aeróbio, estudando a estrutura tridimensional das artérias através de

algumas proteínas da matriz extracelular da parede arterial como o

colágeno e a elastina;

Analisar se existem alterações nas respostas vasoconstritoras e

vasodilatadoras endotélio dependentes das artérias coronárias e

mesentéricas de resistência de ratos espontaneamente hipertensos;

Analisar se o treinamento físico aeróbio é capaz de melhorar as

respostas funcionais observadas nas artérias de ratos

espontaneamente hipertensos;

Determinar os mecanismos implicados nas possíveis alterações

funcionais induzidas pela hipertensão arterial e pelo efeito do

treinamento físico aeróbio, analisando principalmente o papel do óxido

nítrico, do tromboxano e das espécies reativas de oxigênio, assim como

a expressão protéica de enzimas determinantes da resposta funcional

observada.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Amostra

Para a realização do presente estudo foram utilizados ratos machos

espontaneamente hipertensos (SHR) e Wistar-Kyoto (controle normotenso dos ratos

SHR), com idade inicial de 12 semanas provenientes do biotério da Faculdade de

Medicina da Universidade Autônoma de Madrid, Espanha.

Os animais utilizados neste estudo foram mantidos em gaiolas plásticas

em grupos de 3 ou 4 animais por caixa e separados por grupo experimental. A

temperatura ambiente do biotério foi mantida entre 22º- 25ºC com luz controlada em

ciclo de claro-escuro de 12 em 12 horas. Água e comida foram administradas ad

libitum.

Todos os procedimentos foram realizados de acordo com os Princípios

Éticos de Experimentação animal adotados pelo Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal, e pelas leis espanholas e européias de experimentação

animal (RD 233/88 Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación e 609/86), sendo

este projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética da EEFE-USP (n° 2009/43)

e pelo Comitê de ética da Universidade Autônoma de Madrid.

4.2 Identificação dos animais

Para a realização deste projeto de pesquisa os animais foram divididos em

três grupos conforme o protocolo experimental:

Ratos Wistar-Kyoto (WKY);

Ratos espontaneamente hipertensos (SHR);

Ratos espontaneamente hipertensos submetidos ao protocolo de

treinamento físico aeróbio (SHR T).

Os ratos foram inicialmente identificados por números, pesados e

adaptados ao protocolo de medida da pressão arterial. O controle do peso corporal

foi realizado semanalmente durante a realização do protocolo experimental.

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4.3 Registro indireto da pressão arterial e frequência cardíaca

A medida indireta da pressão arterial sistólica e frequência cardíaca nos

ratos foi determinada pela técnica de pletismografia de cauda (BUÑAG, 1973),

utilizando um sistema CIBERTEC modelo NIPREM 645 (FIGURA 10). Para evitar

erros de medida e análise os ratos foram submetidos a um período de uma semana

de ambientação com a técnica de medida.

Antes de realizar as medidas, os ratos foram mantidos em uma estufa a

37°C durante 10-15 minutos para permitir a dilatação da artéria caudal. Após este

período um manguito de pressão e um sensor de pulso foram colocados na cauda do

animal. Para se obter os valores de pressão arterial de cada animal foram realizadas

em média cinco medidas por sessão. Os animais foram submetidos às medidas de

pressão arterial antes do período inicial do protocolo experimental, quinzenalmente

durante o protocolo e ao final do mesmo, no dia anterior ao sacrifício.

FIGURA 10 – Sistema para medida indireta da pressão arterial sistólica e frequência

cardíaca em ratos.

4.4 Protocolo de treinamento físico e teste de tolerância ao esforço

Os ratos do grupo SHR T foram submetidos ao protocolo de treinamento

físico aeróbio em esteira rolante (Motor-driven Treadmill LI8706, Letica Scientific

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Instruments, Barcelona, Spain) durante 12 semanas, 5 dias na semana com duração

de 60 minutos por dia, em uma intensidade de 55-65% da velocidade máxima

alcançada no teste de tolerância ao esforço, sendo este protocolo considerado como

de baixa a moderada intensidade e eficaz na redução da pressão arterial de animais

hipertensos (FIGURA 11) (adaptado de VÉRAS-SILVA, MATTOS, GAVA, BRUM,

NEGRÃO & KRIEGER, 1997).

Os animais foram inicialmente adaptados à esteira, sendo que a

intensidade e a duração dos treinamentos foram gradualmente aumentadas até o

final da segunda semana de treinamento, e a partir da terceira semana os animais

treinaram de acordo com a intensidade descrita acima e definida pelo teste de

tolerância ao esforço. Os ratos WKY e SHR sedentários também foram colocados na

esteira 1 vez por semana durante 5 minutos para que aprendessem a caminhar e

realizassem o teste de tolerância ao esforço.

A capacidade máxima de realização do exercício físico foi estimada pelo

teste progressivo até a exaustão em esteira rolante. Para isso os animais realizaram

um exercício progressivo escalonado até a exaustão em esteira rolante (5 m/min até

40 m/min) com incremento de 5 m/min a cada 3 minutos, sem inclinação. A variável

medida foi a velocidade final (m/min) percorrida por cada animal durante o teste

máximo.

FIGURA 11 – Sistema de treinamento físico em esteira rolante para ratos.

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41

4.5 Obtenção do plasma e coleta dos tecidos

Após as 12 semanas do protocolo experimental os animais foram

sacrificados por decapitação. Neste momento amostras de sangue foram coletadas

em dois tubos com anticoagulantes, sendo um tubo com EDTA (ácido

Etilenodiaminotetracético) e o outro com heparina, e em seguida conservados em

gelo. Para obtenção do plasma o sangue foi centrifugado a 1500g durante 10

minutos a uma temperatura de 4°C. Em seguida da centrifugação o plasma

(sobrenadante) foi recolhido e armazenado a -80°C até a sua utilização.

Após o sacrifício o coração e o mesentério foram coletados e armazenados

em solução de Krebs Henseleit a 4°C (KHS composição em mM: NaCl 115; KCl 4,6;

NaHCO3 25; CaCl2 2,5; KH2PO4 1,2; MgSO4.7H2O 1,2; EDTA 0,01; glicose 11,1; pH

7,4) para limpeza e retirada das artérias coronárias e mesentéricas de resistência. O

músculo sóleo foi coletado, imediatamente congelado em nitrogênio líquido e

armazenado a -80°C até a sua utilização.

4.5.1 Artérias coronárias e mesentéricas de resistência

A dissecção das artérias coronárias, esquerda e septal interventricular,

utilizadas neste estudo foi realizada com o coração mantido em solução de KHS e

com o auxílio de um microscópio. Primeiramente foi realizada a dissecção da artéria

coronária esquerda que tem o seu ramo inicial originado na aorta e em seguida se

bifurca em ramo descente anterior esquerdo e circunflexo. Neste estudo seguimos a

dissecção através do ramo da artéria descendente anterior esquerda que em vista

frontal assemelha-se como uma continuidade direta da artéria coronária principal

esquerda (FIGURA 12A). Após a retirada do tecido miocárdico a artéria foi cortada

pelos extremos proximal e distal e mantida em gelo com solução de KHS. Em

seguida foi realizada a dissecção da artéria septal, sendo que para isso,

primeiramente o ventrículo direito foi aberto para a exposição da artéria coronária no

septo interventricular. Após a dissecção, o mesmo procedimento foi realizado para

esta artéria (FIGURA 12B).

A dissecção das artérias mesentéricas também foi realizada com o

mesentério mantido em solução de KHS e com o auxílio do microscópio. Para os

experimentos de reatividade vascular, estrutura e mecânica das artérias

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mesentéricas de resistência foram utilizados segmentos de terceiro ramo do

mesentério sem a presença da gordura perivascular (FIGURA 12C). As demais

artérias do mesentério, com exceção da artéria superior, foram congeladas e

armazenadas em temperatura -80ºC para futura análise de proteínas.

FIGURA 12 – Foto representativa das artérias coronárias septal (A), esquerda (B) e

artérias mesentéricas de resistência (C). VD: ventrículo direito.

4.6 Estudo das propriedades mecânicas e estruturais de artérias

coronárias e mesentéricas de resistência

4.6.1 Miógrafo de pressão

Para a técnica de artérias pressurizadas foram utilizadas artéria coronária

septal e artérias mesentéricas de terceiro ramo montadas em um miógrafo de

pressão (Danish Myo Tech, Modelo P100, J.P. Trading I/S, Aarhus, Dinamarca) com

segmentos de aproximadamente 2 mm. As extremidades das artérias foram

canuladas com micropipetas de vidro e fixadas com fio de sutura de nylon. Em

seguida o comprimento da artéria foi ajustado aumentando a pressão intraluminar até

aproximadamente 140 mm Hg, até que as paredes arteriais estivessem paralelas e

sem estiramento (FIGURA 13). Com esse procedimento foi possível verificar se a

artéria estava adequadamente pressurizada. A pressão foi ajustada a 70 mm Hg e as

artérias permaneceram em um período de estabilização durante 60 minutos, em

solução de KHS na ausência de cálcio (KHS 0Ca2+) gaseificada com mistura

carbogênica e mantida a temperatura de 37º C. A solução de KHS 0Ca2+, utilizada

para determinar as propriedades passivas do vaso, foi preparada omitindo o CaCl2 e

adicionando EGTA 10 mM.

VD

Aorta

Artéria Septal

Coronária Esquerda

Vértice do coração

A B C

terceiro ramo

Artérias mesentéricas

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Após o período de estabilização, a pressão intraluminal foi reduzida para

valores de 3 mm Hg e uma curva de pressão-diâmetro entre 3 e 140 mm Hg foi

obtida através de aumentos na pressão intraluminar de 20 mm Hg em intervalos de 3

minutos. Para cada valor de pressão intraluminar, ao final dos 3 minutos, foram

medidos o diâmetro interno (Di) e externo (De).

Ao final do protocolo experimental a pressão intraluminal foi estabilizada

em 70 mm Hg e as artérias foram fixadas com uma solução de paraformaldeído a 4%

em solução fosfato (pH 7,2 - 7,4) durante 60 minutos a uma temperatura de 37°C.

Após este período as artérias foram retiradas das cânulas e armazenadas na mesma

solução a 4ºC para a utilização nos estudos de microscopia confocal.

FIGURA 13 – Figura representativa de uma artéria pressurizada.

4.6.2 Cálculos das propriedades mecânicas e estruturais

As medidas de diâmetro interno e externo (Di e De) em condições passivas

(solução de Krebs sem cálcio, 0Ca) foram utilizadas para o cálculo dos seguintes

parâmetros estruturais e mecânicos arteriais:

1) Espessura da Parede (EP)

2) Área de Secção Transversal (AST)

EP = (De0Ca – Di0Ca)

2

AST = x (De0Ca2 – Di0Ca

2) 4

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3) Relação Parede/ Lúmen (P/ L)

As propriedades mecânicas das artérias foram calculadas de acordo o

método inicialmente descrito por BAUMBACH & HEISTAD (1989):

4) Strain ( ). Representa a variação nas dimensões de um corpo (deformação, )

em conseqüência de uma dada tensão aplicada.

Onde: D00Ca é o diâmetro a 3 mm Hg e Di0Ca é o diâmetro interno

observado para um dado valor de pressão intraluminar sob condições de completo

relaxamento. O valor de D00Ca foi medido a 3 mm Hg porque é difícil determinar o

diâmetro interno a valores inferiores de pressão intraluminar.

5) Stress de parede ( ) – Tensão (medida por unidade de área) produzida na

parede arterial frente a alterações da pressão intraluminar, do diâmetro interno

e da espessura da parede.

Onde: P é a pressão intraluminar (1 mm Hg = 133,4 N/ m2) e EP é a

espessura da parede arterial para cada valor de pressão intraluminar em solução de

Krebs sem Ca2+.

A rigidez arterial independente da geometria é determinada pelo módulo

elástico de Young o qual pode ser expresso pela relação entre tensão e deformação

(E = Stress/ Strain). No caso de vasos sanguíneos esta relação stress-strain exibe

um comportamento curvilíneo. Assim, torna-se mais apropriado o cálculo da relação

P/ L =

(De0Ca – Di0Ca)

(2 x Di0Ca)

(Di0Ca – D00Ca ) =

D00Ca

= (P x Di0Ca)

(2EP)

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tangencial ou módulo elástico incremental (EInc), o qual pode ser determinado pela

inclinação (β) da curva stress-strain (DOBRIN, 1978).

O EInc foi calculado plotando os dados obtidos de stress e de strain para

cada experimento utilizando a equação exponencial abaixo (SigmaPlot, SPSS Inc):

= orig eβ

Onde: σorig representa o stress de parede para o valor inicial de diâmetro

(diâmetro a 3 mm Hg). De acordo com a derivação das equações acima é possível

obter-se que EInc = βσ. Para um dado valor de σ, EInc é diretamente proporcional a β.

Um aumento de β implica um aumento de EInc, o qual representa um aumento da

rigidez.

4.7 Estudo da reatividade vascular em artéria coronária e mesentérica de

resistência

Para estudar a reatividade vascular em artérias coronárias e mesentéricas

de resistência, foi utilizado o método descrito por MULVANY & HALPERN (1977).

Para isso, segmentos arteriais de coronária esquerda e de artérias mesentéricas de

3° ramo medindo aproximadamente 2 mm de longitude foram montados em um

miógrafo para pequenos vasos (Danish Myo Tech, Modelo 410A e 610M, JP-Trading

I/S, Aarhus, Dinamarca), onde foram introduzidos dois fios de tungstênio (40 µm de

diâmetro) através da luz da artéria. Um dos fios estava acoplado a um transdutor de

tensão e o outro a um micrômetro que permitia o estiramento das artérias. Esse

miógrafo estava conectado a um sistema para aquisição de dados (Powerlab/800

AdInstruments Pty Ltd, Castke Hill, Austrália) e este a um computador. Uma vez

montadas, as artérias foram mantidas em solução de KHS continuamente aeradas

EInc =

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com mistura carbogênica (95% de O2 e 5% de CO2) a 37ºC por 30 minutos (FIGURA

14).

Carbogênio

95% O2

5% CO2

Miógrafo

Computador

Sistema de aquisição

de dados; Powerlab

Arame 40µM

Artéria

Placa de montagem

FIGURA 14 – Esquema representativo do miógrafo para pequenos vasos utilizado

para os experimentos de reatividade vascular.

A seguir as artérias foram estiradas a uma tensão de repouso considerada

ótima em relação ao seu diâmetro interno. Para isso, em cada segmento arterial a

relação tensão: diâmetro interno foi calculado e foi determinada a circunferência

interna correspondente a uma pressão transmural de 100 mm Hg para um vaso

relaxado in situ (L100). Para a realização dos experimentos, as artérias foram

mantidas com uma circunferência interna L1, calculado como L1 = 0,90 x L100,

circunferência na qual o desenvolvimento de força é máximo (MULVANY &

HALPERN, 1977).

4.7.1 Protocolos experimentais

Depois do processo de normalização, as artérias foram submetidas a um

período de estabilização de 30 minutos e em seguida, contraídas com solução de

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Krebs com alta concentração de potássio (K+ KHS- 120 mM – esta solução é idêntica

a solução de KHS com a diferença que o NaCl foi substituído por KCl em proporção

equimolar) para avaliar a capacidade contrátil dos segmentos. Após o retorno das

artérias para a sua tensão basal, determinou-se a presença de endotélio funcional

através da capacidade de 10 μM de acetilcolina produzir relaxamento em artérias

previamente contraídas com fenilefrina (artérias mesentéricas) ou serotonina (artérias

coronárias) até aproximadamente 50% da contração máxima produzida por K+KHS.

Para artérias mesentéricas foram considerados segmentos com endotélio funcional,

aqueles que relaxaram em resposta a acetilcolina mais de 70% do tônus prévio em

ratos WKY e mais de 60% em ratas SHR. Para artérias coronárias foram

considerados todos os segmentos que relaxaram mais de 30%.

Após novo período de estabilização os seguintes protocolos foram

realizados (FIGURA 15):

1) Resposta de relaxamento dependente do endotélio:

Em artérias coronárias esta resposta foi avaliada através da curva

concentração-resposta à acetilcolina (1 nM - 10 μM) em artérias previamente

contraídas com serotonina até aproximadamente 50% da contração máxima

produzida por K+KHS. Para analisar o papel do NO e do O2. na resposta de

relaxamento induzida por acetilcolina, os segmentos arteriais foram pré-

incubados durante 30 minutos com o inibidor não seletivo da NOS, L-NG-

nitro-arginina metil éster (L-NAME, 100 µM) ou com o inibidor da enzima

NADPH oxidase, apocinina (300 µM), respectivamente.

Em artérias mesentéricas esta resposta foi determinada através da curva

concentração-resposta à acetilcolina (1 nM - 10 μM), em artérias previamente

contraídas com fenilefrina ou com um análogo do tromboxano (U46619), até

aproximadamente 50% da contração máxima produzida por K+KHS.

2) Resposta vasoconstritora à serotonina (artérias coronárias) ou fenilefrina

(artérias mesentéricas):

A resposta vasoconstritora mediada por receptor foi avaliada através de curva

concentração-resposta à serotonina (10 nM – 100 μM) ou à fenilefrina (100 nM

– 100 μM) em artérias coronárias e mesentéricas, respectivamente.

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3) Resposta vasoconstritora ao análogo do tromboxano:

Em artérias coronárias esta resposta foi avaliada através da curva

concentração-resposta ao U46619 (0,1 nM – 10 μM).

Em artérias mesentéricas esta resposta também foi avaliada através da curva

concentração-resposta ao U46619 (0,1 nM – 10 μM), entretanto experimentos

adicionais foram realizados para verificar o papel do NO e do O2. na resposta

de contração induzida por U46619. Para isso, os segmentos arteriais foram

pré-incubados durante 30 minutos com o inibidor não seletivo da NOS, L-

NAME (100 µM) ou com o inibidor da enzima NADPH oxidase, apocinina (300

µM), respectivamente.

4) Resposta de relaxamento independente do endotélio:

A resposta vasodilatadora independente do endotélio em artérias coronárias e

mesentéricas foram avaliadas através da curva concentração-resposta ao

doador de NO (DEA-NO, 1 nM – 10 μM) em segmentos arteriais previamente

contraídos com serotonina (artérias coronárias) ou U46619 (artérias

mesentéricas) até aproximadamente 50% da contração máxima produzida por

K+KHS.

K+KHS Phe/5-HT

Ach

(10 µM) Phe/5HT/

U46619Phe/ U46619/

5-HT

Ach U46619/

5-HT

DEA-NO

FIGURA 15 – Representação esquemática do protocolo experimental realizado nos

experimentos de reatividade vascular em artérias coronárias e

mesentéricas de resistência. Ach: acetilcolina; DEA-NO: doador de

óxido nítrico; K+KHS: solução de Krebs Henseleit com alta

concentração de potássio; Phe: fenilefrina; U46619: análogo do

tromboxano; 5-HT: serotonina.

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4.8 Detecção vascular in situ da produção de óxido nítrico em artérias

mesentéricas de resistência

A produção de óxido nítrico em artérias mesentéricas de resistência foi

estimada a partir do aumento na intensidade de fluorescência detectada por DAF-2-

DA (diaminofluoresceina diacetato), uma sonda fluorescente capaz de detectar o

óxido nítrico. Para isso, segmentos de terceiro ramo das artérias mesentéricas de

resistência foram estabilizados em solução de KHS e aerados com mistura

carbogênica por 1 hora em uma temperatura de 37°C. Em seguida estas artérias

foram incubadas com DAF-2-DA (10 µM – Sigma) por um período de 30 minutos e

lavadas com KHS (3x / 1 minuto). Para a visualização as artérias foram colocadas

em placas de vidro com solução de KHS e as imagens das artérias foram captadas

por um microscópio confocal Leica TCS SP2 (objetiva de 40x) adaptado a um

microscópio invertido com ondas de excitação a 488 nm e de emissão a 510-560 nm.

As imagens foram captadas desde a adventícia até o lúmen do vaso. Como controle

negativo artérias algumas artérias foram previamente incubadas com inibidor não

específico da óxido nítrico sintase (L-NAME - 0,1 mM) durante 30 minutos. A análise

quantitativa das imagens captadas foi realizada com o programa de análise de

imagem Metamorph (Metamorph Image Analysis software/ Universal Imaging

Corporation), através da densidade de fluorescência emitida pela projeção das

imagens binárias obtidas.

4.9 Estudo da organização da Elastina em artérias mesentéricas de

resistência

A organização da elastina foi estudada em artérias mesentéricas de

resistência através de microscopia confocal de fluorescência baseado nas

propriedades autofluorescentes da elastina (Excitação 488 nm/ Fluorescência emitida

detectada de 500 – 560 nm), como previamente descrito (BRIONES et al., 2003). Os

experimentos foram realizados em artérias intactas e pressurizadas a 70 mm Hg

utilizando um microscópio confocal (Leica TCS SP2) equipado com um microscópio

invertido e uma fonte de laser (Argon e Helio-Neon). Primeiramente as artérias foram

montadas em lâminas com uma pequena profundidade (400 mm) em meio de

montagem (BioRad) com pequenas lamínulas que cobriam a artéria sem comprimir o

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vaso. Em seguida foram captadas sessões ópticas seriadas desde a adventícia até a

luz do vaso (espessura = 0,5 µm), com uma objetiva de imersão de óleo 63x (NA 1.3)

utilizando o laser de excitação de 488 nm do microscópio confocal (FIGURA 16). De

cada segmento arterial foi captada um mínimo de dois conjuntos de imagens em

regiões diferentes. Todas as imagens foram tomadas em condições idênticas de

intensidade do laser, brilho e contraste.

A análise quantitativa das imagens captadas foi realizada com o programa

de análise de imagem Metamorph (Metamorph Image Analysis software/ Universal

Imaging Corporation). Para isso, as projeções da lâmina elástica interna foram

segmentadas e imagens binárias foram obtidas. A partir destas imagens realizou-se

a quantificação do número e do tamanho das fenestras.

FIGURA 16 – Esquema representativo da sequência utilizada para os experimentos

de microscopia confocal em artérias mesentéricas de resistência.

4.10 Quantificação do colágeno em artérias mesentéricas de resistência

Segmentos de terceiro ramo de artérias mesentéricas foram fixados em

paraformaldeído a 4% em solução fosfato (pH 7,2 - 7,4) durante 1 hora. Em seguida

as artérias foram transferidas a um molde com meio de congelamento para tecidos

Tissue Tek – OCT (Bayer), congeladas em nitrogênio líquido e armazenadas a -80°C

até a sua utilização. Cortes transversais de 10 µm de espessura foram realizados em

um criostato e colocados sobre uma lâmina de vidro. As lâminas com os cortes foram

incubadas com picrosirius red 0,1% (peso/vol - Sirius red 3FB em ácido pícrico

aquoso saturado) durante 30 minutos com ligeira agitação para a marcação do

colágeno. As imagens foram capturadas e analisadas utilizando um sistema

computacional morfométrico (Leica Quantimet 500, Cambridge, UK) com uma

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objetiva de 40x. Para quantificação da área do colágeno a área corada positivamente

foi normalizada pela área total do vaso.

4.11 Detecção vascular in situ da produção de ânion superóxido em

artérias mesentéricas de resistência

A produção in situ de ânion superoxido (O2.) foi avaliada pela fluorescência

emitida por dihidroetídeo (DHE) como previamente descrito (JIMÉNEZ-ALTAYÓ,

BRIONES, GIRALDO, PLANAS, SALAICES & VILA, 2006). A dihidroetidina é

permeável as células e é oxidada na presença de O2. para brometo de etídio o qual

se intercala ao DNA. O brometo de etídio é excitado a 546nm e possui um espectro

de emissão de 610nm.

Para este experimento foram utilizadas artérias mesentéricas de terceiro

ramo previamente tratadas com sacarose 30% e congeladas em meio de

congelamento de tecidos Tissue-Tek - OCT (Bayer) em nitrogênio líquido,

armazenadas a -80°C até a utilização. Estas artérias congeladas foram cortadas em

um criostato (CM 1900) com espessura de 14 m e os anéis formados colocados em

lâmina de vidro. As lâminas contendo os anéis foram incubadas por 30 minutos a

37°C em soluçao Krebs-HEPES (em mM: NaCl 119, KCl 4,6, CaCl2 1,2, KH2PO4 0,4,

MgSO4.7H2O 1, NaHCO3 5, glicose 11,1, Hepes 20, pH 7,4) e após período de

secagem, foram incubadas por 30 minutos em camara úmida, protegidos da luz, com

DHE (2 µM) aplicado diretamente sobre os anéis. Os anéis foram visualizados

através de um microscópio confocal Leica TCS SP2 (objetiva de 40x) adaptado a um

microscópio invertido e uma fonte de laser (Argon e Helio-Neon). As condições de

análise foram às mesmas para todas as imagens captadas no dia, levando sempre

em consideração o respectivo grupo controle do dia. A fluorescência foi detectada

por um filtro de 568 nm. A média das densidades das fluorescências foi calculada a

partir da quantificação da fluorescência emitida por quatro a cinco anéis de cada

animal através do programa de análise de imagem Metamorph (Metamorph Image

Analysis software/ Universal Imaging Corporation).

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4.12 Detecção dos nitritos plasmáticos

Os nitritos são produtos finais estáveis da auto-oxidação do óxido nítrico

em solução aquosa e sua concentração é proporcional a quantidade deste gás.

Entretanto, o nitrito é facilmente oxidado a nitrato (solução aquosa pH 7,4), processo

que ocorre normalmente no organismo. A medida de nitritos plasmáticos se realizou

mediante modificação do método de Griess (GREEN, WAGNER, GLOGOWSKI,

SKIPPER, WISHNOK & TANNENBAUM, 1982) descrita por MIRANDA (2001)

(MIRANDA, ESPEY & WINK, 2001) que permite a transformação de nitratos em

nitritos. Esta técnica se baseia em uma reação colorimétrica em que o reativo de

Griess, formado por sulfanilamida e dicloridrato N-(1-naftil) de etilenodiamina

(NEDA), se combina com os nitritos para formar um composto nitrogenado colorido.

A intensidade da cor produzida é proporcional a quantidade de nitritos presente na

amostra.

Para se realizar a medida de nitritos plasmáticos, o plasma deve estar livre

de proteínas, uma vez que a hemoglobina pode interferir com a reação. Para isso as

amostras de plasma foram mescladas com etanol na razão de 1:2. Em seguida esta

mistura foi agitada por 1 minuto e as amostras foram centrifugadas a 1.000 x g

durante 10 minutos a 4°C e o sobrenadante foi utilizado para a detecção do nitrito.

Uma vez que o método de Griess (GREEN et al., 2001) unicamente detecta os

nitritos e estes são menos abundantes que os nitratos, o procedimento seguinte foi

transformar os nitratos em nitritos segundo o método descrito por MIRANDA (2001)

(MIRANDA, ESPEY & WINK, 2001). Para isso as amostras foram mescladas com

cloreto de vanádio (VCl2 - 8 mg/mL) e em seguida foram adicionados os reativos de

Griess, sulfanilamida (2%) e NEDA (0,1%). Após 30 minutos de incubação das

amostras com o reativo a absorbância das amostras foi medida em um

espectofotômetro utilizando um filtro de 540 nm.

4.13 Atividade da enzima citrato sintase

O aumento da atividade das enzimas oxidativas presentes na mitocôndria

é um indicativo da otimização do metabolismo aeróbio. A citrato sintase catalisa a

primeira reação do ciclo de Krebs, onde ocorre a condensação do acetil coenzima A

(acetil-CoA) com o oxaloacetato para formar citrato e coenzima A (CoA).

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Para avaliar a atividade da citrato sintase o músculo sóleo foi

homogeneizado a 4°C em tampão de extração (pH 7,4) contendo Tris-base (50 mM)

e EDTA (1 mM). As amostras foram centrifugadas a 3.000 rpm durante 15 minutos a

4°C e o sobrenadante foi utilizado para a realização da cinética enzimática. A

quantificação da proteína no homogenato foi realizada segundo o método de

BRADFORD, (1976).

A atividade máxima da enzima foi determinada segundo ALP &

NEWSHOLME (1976) (ALP, NEWSHOLME & ZAMMIT, 1976) a partir de

quantificação do complexo formado entre a coenzima A com o ácido 5,5´ditio-bis 2

nitrobenzóico (DTNB), adicionado ao meio, formando um complexo amarelo. O

tampão de ensaio consistiu de Tris-base (100 mM), DTNB (0,4 mM), acetil-CoA (1,24

mM), Triton X-100 1% (v/v) e o homogeneizado. A reação foi iniciada pela adição de

oxaloacetato (18,9 mM) ao meio e a leitura foi realizada a 25°C durante um intervalo

de 10 minutos, em 412 nm com o uso do Victor (Victor3 1420 Multilabel Counter /

PerkinElmer, Waltham, MA, USA). O resultado da atividade da enzima foi expresso

em valores de nmol.min-1.proteína-1.

4.14 Determinação da expressão de proteínas

O conjunto de artérias mesentéricas de resistência que não foram

utilizadas para os experimentos anteriores foram homogeneizadas em tampão de

RIPA contendo Tris-Base (20 mM), NaCl (137 mM), NP-40 (1%), Glicerol (10%) e

coquetel de inibidores de fosfatase. O homogenato foi centrifugado por 10 minutos à

4°C com 12000 rpm. O sobrenadante foi transferido para tubos e a concentração de

proteína das amostras foi analisada pelo método de BRADFORD (1976). As

amostras foram armazenadas em freezer -80°C até o momento da utilização.

Alíquotas do homogeneizado, 20 μg de proteína foram diluídas em tampão

de amostra (Tris-HCl pH 6,8 240mM; SDS 0,8%; β-mercaptoetanol 200 mM; Glicerol

40% e Azul de bromofenol 0,02 %). A análise dos níveis protéicos foi realizada pela

técnica de western blotting. Para isso, foi utilizada a técnica de Eletroforese em Gel

de Poliacrilamida (SDS-PAGE 10%), que consiste na migração de moléculas com

carga, numa solução, decorrente da aplicação de um campo elétrico no aparelho

para minigel (Mini Protean). Posteriormente, as proteínas foram transferidas para

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54

uma membrana de nitrocelulose (Amersham Biosciences, Piscataway, NJ), do

mesmo modo que foram separadas no SDS-PAGE. As membranas foram coradas

com Ponceau S, para a verificação das bandas protéicas obtidas pela eletroforese.

A fim de bloquear ligações inespecíficas, a membrana foi incubada em

solução contendo caseína, proteína que compete com os sítios de ligação e reduz a

absorção inespecífica de conjugados da peroxidase. Em seguida, a membrana de

nitrocelulose foi incubada com o anticorpo primário que se liga à proteína que se

pretende detectar, formando um complexo anticorpo-proteína. Depois de lavar a

membrana para remover o anticorpo não ligado, a mesma foi exposta ao anticorpo

secundário conjugado a horseadish peroxidase (HRP), direcionado a porções

espécies-específicas do anticorpo primário.

Foram utilizados como anticorpos primários Nox1 (Goat polyclonal,

1:1000, Santa Cruz, USA), Nox4 (Rabbit polyclonal, 1:1000, Santa Cruz, USA), MMP-

2 (Goat polyclonal, 1:1000, Santa Cruz, USA), MMP-9 (Goat polyclonal, 1:1000,

Santa Cruz, USA), eNOS (Rabitt polyclonal, 1:1000, Santa Cruz, USA) e Anti-

superoxido Desmutase (Cu/Zn) (Sheep polyclonal, 1:1500, Calbiochem, Germany).

Em seguida as mesmas foram lavadas 3x10 min com TBS-T, incubadas por 2 horas

com os respectivos anticorpos secundários (IgG anti-goat, anti-rabbit, anti-goat, anti-

goat, anti-rabbit e anti-sheep, Amersham Biosciences, USA) conjugados à

peroxidase. Posteriormente o complexo foi detectado mediante reação de

quimiluminescência (ECL) e visualizado e quantificado (número de pixels) pelo

sistema Image, fornecido gratuitamente pela NIH (EUA) via internet. O gliceroldeído-

3-fosfato desidrogenase (GAPDH) foi utilizado como normalizador.

4.15 Expressão dos dados e análise estatística

Nos experimentos de reatividade vascular, a tensão ativa a qual o vaso foi

submetido após os diferentes estímulos foi calculada pela mudança produzida na

força da parede do vaso dividido por duas vezes o comprimento do segmento

arterial. As respostas vasoconstritoras foram expressas como porcentagem da

resposta máxima induzida por K+KHS. As respostas vasodilatadoras foram expressas

como porcentagem de relaxamento em relação à contração prévia. Foram calculados

valores de pD2 (log EC50) e resposta máxima (Rmáx) para as curvas de concentração-

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55

resposta. Para isso, foi realizada uma análise de regressão não linear, obtida através

da análise das curvas concentração-resposta a esses agonistas, utilizando o

GraphPad Prism Software (San Diego, CA, U.S.A.). Com a finalidade de comparar a

magnitude de efeito dos fármacos, alguns resultados foram expressos como

diferença da área abaixo da curva (dAUC). A AUC foi calculada para cada curva

concentração-resposta e a diferença está expressa como porcentagem da diferença

da AUC (dAUC) da curva controle correspondente (GraphPad Prism Software, San

Diego, CA, E.U.A).

Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média. Os

valores de “n” representam o número de animais utilizados em cada protocolo

experimental. A diferença entre as médias foi analisada mediante ANOVA (análise de

variância) de uma ou duas vias. Em caso de significância foi adotado o post-hoc de

Tukey (seguido de ANOVA 1 via) ou Bonferroni (seguido de ANOVA 2 vias) para

comparação das médias individuais (GraphPad Prism Software, San Diego, CA,

EUA). Os resultados foram considerados estatisticamente significantes para valores

de P < 0,05.

5 RESULTADOS

5.1 Resultados Gerais

Foram considerados resultados gerais neste estudo todos os experimentos

realizados com os animais durante o protocolo experimental de 12 semanas e a

medida da atividade da enzima citrato sintase, que demonstra a eficácia do

treinamento físico.

5.1.1 Teste de tolerância ao esforço

O teste de tolerância ao esforço foi um dos parâmetros avaliados para

comprovarmos a eficácia do treinamento físico. Os resultados do teste realizado

antes e após as 12 semanas de protocolo experimental estão representados na

FIGURA 17. Inicialmente todos os grupos alcançaram a mesma velocidade máxima

na esteira (WKY: 25 ± 1; SHR: 25 ± 0,2; SHR T: 25 ± 0.1 m/min), entretanto após 12

semanas de protocolo experimental os animais que realizaram o treinamento físico

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56

aumentaram a velocidade máxima percorrida na esteira quando comparado aos

grupos sedentários (WKY: 25 ± 1; SHR: 25 ± 0.1; SHR T: 29 ± 0.2 m/min).

WKY SHR SHR T

0

10

20

30

40 Inicial

Final*

Velo

cid

ad

e m

áxim

a (

m/m

in)

FIGURA 17 - Velocidade máxima atingida no teste de esforço representado em

metros percorridos por minuto (m/min). Grupos normotenso (WKY,

n=5), hipertenso (SHR, n=6) e hipertenso treinado (SHR T, n=16).

Resultados expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA

(2 vias): diferença significante (*) vs respectiva velocidade inicial e vs

WKY e SHR inicial e final; P < 0,001.

5.1.2 Atividade da enzima citrato sintase

O aumento da atividade das enzimas oxidativas presentes na mitocôndria

é um indicativo da otimização do metabolismo aeróbio, por isso este parâmetro

também foi analisado para comprovarmos a eficiência do treinamento físico. A

FIGURA 18 demonstra que houve um aumento da atividade da enzima citrato sintase

no músculo sóleo de ratos do grupo hipertenso treinado em relação aos grupos

controles que se mantiveram sedentários (WKY 99 ± 5, SHR 89 ± 4 e SHR T 124 ± 4

nmol. min-1. mg-1 proteína).

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57

WKY SHR SHR T

0

50

100

150*

Ati

vid

ad

e e

nzim

áti

ca

(nm

ol. m

in-1

. m

g-1

pro

teín

a)

FIGURA 18 – Atividade da enzima citrato sintase no músculo sóleo representada em

valores de nmol. min-1. mg-1 de proteína. Grupos normotenso (WKY,

n=5), hipertenso (SHR, n=6) e hipertenso treinado (SHR T, n=8).

Resultados expressos como média ±erro padrão da média. ANOVA (1

via): diferença significante (*) vs WKY, P < 0,01 e vs SHR, P < 0,001.

5.1.3 Massa Corporal

Os valores de massa corporal inicial foram similares entre os três grupos

experimentais estudados e aumentaram de maneira significativa e semelhante ao

final do protocolo experimental como demonstrado na FIGURA 19A (Inicial - WKY:

265 ± 4, SHR: 277 ± 11, SHR T: 283 ± 4 g e Final - WKY: 378 ± 11, SHR: 370 ± 11,

SHR T 357 ± 3 g). Adicionalmente, a FIGURA 19B demonstra a evolução temporal

do peso corporal no decorrer das 12 semanas de protocolo para cada grupo

experimental.

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58

WKY SHR SHR T

0

100

200

300

400

500

Inicial

Final

* * *

massa c

orp

ora

l (g

)

Inic

ial 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Final

200

250

300

350

400

450 WKY

SHR

SHR T

semanas

massa c

orp

ora

l (g

)

A

B

FIGURA 19 - Peso corporal inicial e final (A) e evolução temporal do peso corporal

(B) representado em gramas (g). Grupos normotenso (WKY, n=6),

hipertenso (SHR, n=6) e hipertenso treinado (SHR T, n=16).

Resultados expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA (2

vias): diferença significante (*) vs respectivo controle inicial, P < 0,001.

5.1.4 Parâmetros Hemodinâmicos

5.1.4.1 Frequência cardíaca

Os valores de frequência cardíaca inicial e final estão representados na

FIGURA 20. Os animais dos grupos hipertenso e hipertenso treinado apresentaram

inicialmente (12 semanas de vida) maiores valores de frequência cardíaca que o

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59

grupo normotenso (Inicial - WKY: 309 ± 2, SHR: 372 ± 2, SHR T: 372 ± 3 bpm). Ao

final do protocolo experimental a frequência cardíaca se manteve elevada nos grupos

hipertensos quando comparado ao grupo normotenso, porém o treinamento físico

induziu uma bradicardia de repouso nos animais hipertensos, portanto, reduzindo os

valores de frequência cardíaca deste grupo quando comparado ao grupo hipertenso

mantido sedentário no mesmo período experimental (Final- WKY: 306 ± 1, SHR: 380

± 4, SHR T: 346 ± 4 bpm).

WKY SHR SHR T

200

250

300

350

400Inicial

Final

*

#

Fre

qu

ên

cia

card

íaca (

bp

m)

FIGURA 20 - Frequência cardíaca representada em batimentos por minuto, (bpm).

Grupos normotenso (WKY, n=6), hipertenso (SHR, n=6) e hipertenso

treinado (SHR T, n=16). Resultados expressos como média ± erro

padrão da média. ANOVA (2 vias): diferença significante: (*) vs WKY

inicial e final, (#) vs SHR final; P < 0,001.

5.1.4.2 Pressão arterial sistólica

Similarmente à frequência cardíaca, os valores de pressão arterial sistólica

foram maiores em ambos os grupos hipertensos (SHR e SHR T) quando comparado

ao grupo normotenso (WKY), tanto no início quanto ao final do protocolo

experimental (FIGURA 21). Além disso, podemos observar na FIGURA 21 que no

grupo normotenso os valores de pressão arterial sistólica são similares tanto no início

quanto ao final do protocolo experimental (WKY: inicial 134 ± 4 e final 128 ± 4 mm

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60

Hg), diferentemente do que ocorreu com o grupo SHR mantido sedentário, que ao

final do protocolo experimental apresentou valores de pressão arterial mais elevados

quando comparados ao seus respectivos valores iniciais (SHR: inicial 200 ± 4 e final

216 ± 5 mm Hg). O treinamento físico preveniu o progressivo aumento da pressão

arterial observado no grupo SHR (SHR T: inicial 193 ± 2 e final: 196 ± 1 mm Hg),

fazendo com que ao final do período experimental o grupo SHR T apresentasse

menor valor de pressão arterial sistólica que o grupo SHR (SHR C final: 216 ± 5 e

SHR T final: 196 ± 1 mm Hg).

WKY SHR SHR T

0

50

100

150

200

250Inicial

Final

*

Pre

ssão

art

eri

al sis

tólica

(m

m H

g)

FIGURA 21 – Pressão arterial sistólica representada em milímetros de mercúrio, (mm

Hg). Grupos normotenso (WKY, n=6), hipertenso (SHR, n=6) e

hipertenso treinado (SHR T, n=16). Resultados expressos como

média ± erro padrão da média. ANOVA (2 vias): diferença significante

(*) vs WKY inicial e final, P < 0,001; (#) vs SHR inicial, P < 0,01 e (§)

vs SHR C final, P < 0,001.

5.2 Propriedades estruturais e mecânicas vasculares

As propriedades estruturais e mecânicas foram avaliadas em artérias

coronárias e artérias mesentéricas de resistência.

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61

5.2.1 Parâmetros morfológicos

O parâmetro morfológico das artérias mesentéricas de resistência e das

coronárias foi determinado através de vários parâmetros estruturais como o diâmetro

do vaso e do lúmen, a espessura da parede, a área de secção transversa e a relação

parede: lúmen entre os grupos estudados.

5.2.1.1 Artérias coronárias

Os parâmetros morfológicos das artérias coronárias estão demonstrados

na FIGURA 22. O grupo de ratos hipertenso (SHR) apresenta uma redução no

diâmetro do vaso (A) e do lúmen (B), nenhuma alteração na espessura da parede (C)

e na área de secção transversa (E) e uma maior relação média-lúmen (D), quando

comparados ao grupo normotenso (WKY). O treinamento físico em animais

hipertensos alterou os parâmetros morfológicos, restabelecendo os diâmetros do

vaso e do lúmen (A e B) que se apresentaram menor no grupo SHR, aumentando a

espessura da parede (C) e a área de secção transversa (E) quando comparado aos

dois grupos controles (WKY e SHR), sem alterar, no entanto, a maior relação média-

lúmen observada no grupo SHR (D).

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62

0 20 40 60 80 100 120 140

250

300

350

400

450

*

Pressão Intraluminal (mmHg)

Diâ

metr

o d

o v

aso

m)

0 20 40 60 80 100 120 140

150

200

250

300

350

*

Pressão Intraluminal (mmHg)

Diâ

metr

o l

um

inal

(µm

)0 20 40 60 80 100 120 140

40

50

60

70

80

90

#

Pressão Intraluminal (mmHg)

Esp

essu

ra d

a p

are

de (

µm

)

0 20 40 60 80 100 120 140

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

+

Pressão Intraluminal (mmHg)

Rela

ção

méd

ia/l

úm

en

0 20 40 60 80 100 120 140

40000

50000

60000

70000

80000

#

Pressão Intraluminal (mmHg)

Áre

a d

e s

ecção

tra

nsvers

a

m2)

A B

C

E

D

WKY SHR SHR T

FIGURA 22 - Relação pressão intraluminal com: diâmetro do vaso (A), diâmetro

luminal (B), espessura da parede (C), relação média/ lúmen (D) e

área de secção transversa (E) em artérias coronárias. Grupos

normotenso (WKY, n=4), hipertenso (SHR, n=5) e hipertenso treinado

(SHR T, n=6). Resultados expressos como média ± erro padrão da

média dos valores frente às alterações de pressão intravascular.

ANOVA (2 vias): diferença significante (*) SHR vs grupos WKY e SHR

T, (#) SHR T vs grupos WKY e SHR, (+) SHR e SHR T vs grupo WKY;

P < 0,001.

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63

5.2.1.2 Artérias mesentéricas de resistência

Como pode ser observado na FIGURA 23, em artérias mesentéricas de

resistência o aumento da pressão intraluminal produziu um aumento no diâmetro do

vaso e no diâmetro do lúmen, assim como uma redução na espessura da parede e

na relação parede: lúmen de todos os grupos experimentais. O grupo SHR

apresentou alterações em todos os parâmetros estruturais avaliados, demonstrando

redução no diâmetro do vaso (A) e do lúmen (B), aumento na espessura da parede

(C) e na relação parede: lúmen (D), sem alteração na área de secção transversa (E)

de artérias mesentéricas de resistência quando comparado ao grupo normotenso

(WKY). O treinamento físico em ratos hipertensos não foi capaz de reverter nenhum

dos parâmetros estruturais alterados com a hipertensão dentre os acima avaliados,

portanto, mantendo a mesma morfologia das artérias mesentéricas de resistência em

animais hipertensos controle e submetidos ao treinamento físico aeróbio.

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64

0 20 40 60 80 100 120 140

200

300

400

500

*

Pressão Intraluminal (mmHg)

Diâ

metr

o d

o v

aso

m)

0 20 40 60 80 100 120 140

100

200

300

400

500

*

Pressão Intraluminal (mmHg)

Diâ

metr

o l

um

inal

(µm

)

0 20 40 60 80 100 120 140

0

20

40

60

80

*

Pressão Intraluminal (mmHg)

Esp

essu

ra d

a p

are

de (

µm

)

0 20 40 60 80 100 120 140

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

*

Pressão Intraluminal (mmHg)

Rela

ção

pare

de/l

úm

en

A

C

B

D

0 20 40 60 80 100 120 140

20000

30000

40000

50000

60000

Pressão Intraluminal (mmHg)

Áre

a d

e s

ecção

tra

nsvers

a

m2)

E

WKY SHR SHR T

FIGURA 23 - Relação pressão intraluminal com: diâmetro do vaso (A), diâmetro

luminal (B), espessura da parede (C), relação média/ lúmen (D) e

área de secção transversa (E) em artérias mesentéricas. Grupos

normotenso (WKY, n=5), hipertenso (SHR, n=7) e hipertenso treinado

(SHR T, n=8). Resultados expressos como média ± erro padrão da

média dos valores frente às alterações de pressão intravascular.

ANOVA (2 vias): Diferença significante (*) SHR e SHR T vs grupo

WKY; P < 0,001.

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5.2.2 Rigidez Arterial

A rigidez arterial foi determinada pela relação entre tensão e deformação

(stress/ strain) de artérias coronárias e mesentéricas de resistência em condições de

máximo relaxamento (0 Ca2+). O cálculo da relação tangencial foi determinado pela

inclinação (β) da curva stress-strain.

5.2.2.1 Artérias coronárias

Em artérias coronárias, como podemos observar através da relação

stress-strain na FIGURA 24, a hipertensão arterial levou a um grande aumento da

rigidez arterial, que foi totalmente revertido pelo treinamento físico aeróbio (β= SHR

12,73 ± 0,74 vs WKY 5,23 ± 0,45 e SHR T 5,46 ±0,34; ANOVA (1 via): P < 0,001).

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2

Str

ess (x1

06d

ina

s/ c

m2)

Strain (Di/ Do)

WKY

SHR

SHR T

*

FIGURA 24 - Relação stress-strain em artérias coronárias. Grupos normotenso (WKY

C, n= 4), hipertenso (SHR C, n=5) e hipertenso treinado (SHR T, n=6).

Resultados expressos como média ± erro padrão da média dos valores

frente às alterações de pressão intravascular. ANOVA (1 via) (cálculo

β): diferença significativa (*) SHR vs grupo WKY e grupo SHR T (P <

0,001).

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5.2.2.2 Artérias mesentéricas de resistência

Em artérias mesentéricas de resistência podemos observar que a

hipertensão arterial causou aumento da rigidez vascular e que o treinamento físico no

grupo de ratos hipertensos foi capaz de reduzir a maior rigidez vascular promovida

pela hipertensão arterial (FIGURA 25) (β= SHR 5,75 ± 0,33 vs WKY 4,39 ± 0,15 e

SHR T 4,86 ± 0,19; ANOVA (1 via): SHR vs WKY P < 0,01; SHR vs SHR T P < 0,05).

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2

Str

es

s (x

10

6d

ina

s c

m2)

Strain (Di/Do)

WKY

SHR

SHR T

*

FIGURA 25 - Relação stress-strain em artérias mesentéricas de resistência. Grupos

normotenso (WKY, n= 5), hipertenso (SHR, n=7) e hipertenso treinado

(SHR T, n=8). Resultados expressos como média ± erro padrão da

média dos valores frente às alterações de pressão intravascular.

ANOVA (1 via) (cálculo β): diferença significativa (*) SHR vs grupo

WKY (P < 0,01) e vs grupo SHR T (P < 0,05).

5.2.3 Proteínas da matriz extracelular em artérias mesentéricas de

resistência

Como a matriz extracelular responde por propriedades de elasticidade e

resistência ao estiramento do vaso, podendo alterar a rigidez vascular, avaliamos

neste trabalho a elastina e o colágeno em artérias mesentéricas de resistência.

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5.2.3.1 Elastina

Neste estudo avaliamos a organização da elastina na lâmina elástica

interna das artérias mesentéricas. Na FIGURA 26 podemos observar que a

hipertensão arterial induziu a uma redução na área das fenestras, e que o

treinamento físico no grupo hipertenso foi capaz de reverter esta alteração (área das

fenestras: WKY 18,7 ± 1,5, SHR 11,5 ± 0,6 e SHR T 16 ± 1,2 µm2). O número de

fenestras não foi alterado pela hipertensão arterial e nem pelo treinamento físico

(número de fenestras por imagem: WKY 78 ± 7,4, SHR 67 ± 7,2 e SHR T 67 ± 3,2;

ANOVA (1 via): P > 0,05).

WKY SHR SHR T

0

5

10

15

20

25

*

A

Áre

a d

as f

en

estr

as (

µm

2)

SHR SHR TWKY

B

FIGURA 26 - Área das fenestras da lâmina elástica interna em artérias mesentéricas

de resistência representada em µm2 (A) e foto ilustrativa das fenestras

em cada grupo experimental (B). Grupos normotenso (WKY, n=5),

hipertenso (SHR, n=7) e hipertenso treinado (SHR T, n=7). Resultados

expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA (1 via):

diferença significativa (*) SHR vs grupo WKY (P < 0,001) e vs grupo

SHR T (P < 0,05).

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68

5.2.3.2 Colágeno

O colágeno em artérias mesentéricas de resistência está demonstrado na

FIGURA 27. A hipertensão arterial aumentou a quantidade de colágeno presente

nestas artérias e o treinamento físico foi capaz de reverter este aumento observado

no grupo SHR (área do colágeno/ área do vaso: WKY 0,33 ± 0,02, SHR 0,47 ± 0,03 e

SHR T 0,36 ± 0,02).

WKY SHR SHR T

0.0

0.2

0.4

0.6*

A

áre

a c

olá

gen

o/ áre

a v

aso

WKY SHR SHR T

B

FIGURA 27 - Colágeno em artérias mesentéricas de resistência representado como

área do colágeno/ área do vaso (A) e foto ilustrativa do colágeno em

cada grupo experimental (B). Grupos normotenso (WKY, n=3),

hipertenso (SHR, n=6) e hipertenso treinado (SHR T, n=6). Resultados

expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA (1 via):

diferença significativa (*) SHR vs grupo WKY e SHR T (P < 0,05).

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69

5.2.3.3 Expressão protéica das metaloproteinases de matriz

Alterações na quantidade de colágeno e elastina podem estar

relacionadas com a degradação destas proteínas, por isso, neste trabalho

observamos a expressão protéica de algumas das metaloproteinases de matriz

(MMP-2 e -9) em artérias mesentéricas de resistência. Na FIGURA 28 podemos

observar que a expressão protéica da MMP-2 (A) não foi modificada pela presença

da hipertensão arterial ou pelo treinamento físico realizado no grupo hipertenso (%

expressão da MMP-2 em relação ao grupo controle: WKY 100 ± 9,1, SHR 94 ± 4,8 e

SHR T 103 ± 14 %). Entretanto, uma redução significante de aproximadamente 37%

na expressão protéica da MMP-9 (B) foi observada no grupo hipertenso em relação

ao grupo normotenso. O treinamento físico em SHR reverteu parte da alteração

induzida pela hipertensão (redução de aproximadamente 19% em relação ao

controle), não sendo possível observar diferença estatística entre o grupo

normotenso e o grupo hipertenso treinado (% expressão da MMP-9 em relação ao

grupo controle: WKY 100 ± 8,5, SHR 63 ± 7,7 e SHR T 81 ± 6 %).

WKY SHR SHR T

0

50

100

150

Exp

ressão

pro

téic

a (

MM

P-2

)

% c

on

tro

le

WKY SHR SHR T

0

50

100

150

*

Exp

ressão

pro

téic

a (

MM

P-9

)

% c

on

tro

le

FIGURA 28 - Análise densitométrica de Western Blot para expressão protéica de

MMP-2 (A) e MMP-9 (B), representadas como porcentagem (%) de

mudança do grupo controle e respectivos blots representativos.

Grupos normotenso (WKY, n= 5-7), hipertenso (SHR, n= 5-8) e

hipertenso treinado (SHR T, n=5-7). Resultados expressos como

média ± erro padrão da média. ANOVA (1 via): diferença significativa

para MMP-9 (*) SHR vs grupo WKY (P < 0,01).

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70

5.3 Propriedades funcionais: resposta vasoconstritora

5.3.1 Artérias coronárias

A resposta de contração em artérias coronárias foi avaliada através da

resposta máxima induzida por K+KHS e das curvas concentração-resposta à

serotonina (5-HT) e ao análogo do tromboxano (U46619).

5.3.1.1 Resposta vascular contrátil induzida por K+ KHS (120 mM)

Para avaliar a integridade funcional das artérias, após o período inicial de

estabilização as mesmas foram submetidas à solução de Krebs Henseleit contendo

alta concentração de potássio (K+KHS 120 mM). Em artérias coronárias a contração

máxima induzida por K+ KHS (120 mM) foi menor em ambos os grupos hipertensos

quando comparados ao grupo normotenso (WKY: 1,6 ± 0,1 (n=14), SHR: 0,5 ± 0,07*

(n=17) e SHR T: 0,6 ± 0,06* (n=16) mN/mm; ANOVA (1 via) diferença significativa (*)

SHR e SHR T vs WKY, P<0,001).

5.3.1.2 Resposta vasoconstritora à serotonina

Em artérias coronárias a serotonina (5-HT) apresenta uma resposta de

contração dependente de concentração (FIGURA 29). As respostas de contração a

serotonina demonstrados em porcentagem da contração induzida por K+KHS

(FIGURA 29A) são diferentes entre os grupos, entretanto, estes resultados não

devem ser comparados entre os grupos normotenso e hipertensos, uma vez que

foram observadas alterações nas respostas ao K+KHS. Portanto, a contração a

serotonina também foi representada em mN/ mm (FIGURA 29B), onde podemos

observar que a resposta máxima foi menor nos ratos de ambos os grupos

hipertensos quando comparados ao grupo normotenso (Rmáx: WKY 1,59 ± 0,36, SHR

0,61 ± 0,12*, SHR T 0,62 ± 0,08*; ANOVA (1 via) diferença significativa (*) SHR e

SHR T vs WKY, P < 0,05), sem alteração na sensibilidade (pD2 – WKY 5,46 ± 0,12,

SHR 5,32 ± 0,33, SHR T 6,04 ± 0,15; ANOVA (1 via): P > 0,05).

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71

-8 -7 -6 -5 -4

0

50

100

150

200 WKY

SHR

SHR T

A

Serotonina (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

-8 -7 -6 -5 -4

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0 WKY

SHR

SHR T

B

*

Serotonina (Log M)

Co

ntr

ação

(m

N/m

m)

FIGURA 29 - Resposta contrátil induzida por serotonina em artérias coronárias,

representadas como porcentagem da contração induzida por K+KHS

(A) e mN/ mm (B). Grupos normotenso (WKY, n=6), hipertenso (SHR,

n=7) e hipertenso treinado (SHR T, n=7). Resultados expressos como

média ± erro padrão da média. ANOVA (2 vias): diferença significante

(*) SHR e SHR T vs WKY, P < 0,001.

5.3.1.3 Resposta vasoconstritora ao U46619

Em artérias coronárias, as respostas de contração ao U46619

representadas em porcentagem da contração induzida por K+KHS estão

demonstradas na FIGURA 30 (A). Nesta figura podemos observar que a contração

máxima e a sensibilidade ao fármaco são similares entre os grupos (dados não

demonstrados). Entretanto, similarmente aos resultados de contração induzida por

serotonina, devido as diferenças na contração induzida por K+KHS, os resultados

analisados estão representados em mN/ mm (FIGURA 30B). Nesta figura podemos

observar que a resposta ao análogo do tromboxano, U46619, foi maior em artérias

coronárias de ratos do grupo normotenso comparados ao grupo hipertenso, e este

efeito não foi modificado pelo treinamento físico (Rmáx: WKY 2,39 ± 0,69, SHR 0,69 ±

0,15*, SHR T 0,55 ± 0,06*; ANOVA (1 via): diferença significativa (*) SHR e SHR T vs

WKY, P < 0,01). A sensibilidade ao fármaco foi similar entre os grupos estudados

(pD2: WKY 7,3 ± 0,18, SHR 7,1 ± 0,15, SHR T 7,2 ± 0,25; ANOVA (1 via): P > 0,05).

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72

-10 -9 -8 -7 -6 -5

0

50

100

150

200 WKY

SHR

SHR T

A

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

-10 -9 -8 -7 -6 -5

0

1

2

3

4 WKY

SHR

SHR T

B

*

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(m

N/

mm

)

FIGURA 30 - Resposta contrátil induzida por U46619 em artérias coronárias,

representadas como porcentagem da contração induzida por K+KHS

(A) e mN/ mm (B). Grupos normotenso (WKY, n=5), hipertenso (SHR,

n=6) e hipertenso treinado (SHR T, n=5). Resultados expressos

como média ± erro padrão da média. ANOVA (2 vias): diferença

significante (*) SHR e SHR T vs WKY, P < 0,001.

5.3.2 Artérias mesentéricas de resistência

A resposta de contração em artérias mesentéricas foi avaliada através da

resposta máxima induzida por K+KHS e das curvas concentração-resposta à

fenilefrina e ao análogo do tromboxano (U46619).

5.3.2.1 Resposta vascular contrátil induzida por K+ KHS (120 mM)

Em artérias mesentéricas a contração máxima induzida por K+KHS (120

mM) foi similar entre os grupos, demonstrando igual capacidade contrátil dos

segmentos (WKY: 3,3 ± 0,2 (n=8), SHR: 3,7 ± 0,2 (n=16), SHR T: 3,7 ± 0,3 (n=16)

mN/mm; ANOVA (1 via): P<0,001).

5.3.2.2 Resposta vasoconstritora à fenilefrina

A fenilefrina promoveu uma resposta vasoconstritora dependente de

concentração em artérias mesentéricas de resistência (FIGURA 31). Estas artérias

apresentaram uma resposta vasoconstritora máxima maior no grupo hipertenso

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73

quando comparado ao normotenso, sendo que o treinamento físico não alterou esta

condição (Rmáx: WKY 85 ± 5, SHR 116 ±4* e SHR T 125 ± 2*; ANOVA (1 via):

diferença significativa (*) SHR e SHR T vs WKY, P < 0,001). Embora a resposta

máxima esteja alterada no grupo hipertenso, a sensibilidade a fenilefrina permanece

inalterada pela hipertensão ou pelo efeito do treinamento físico (pD2: WKY 5,6 ± 0,1,

SHR 5,5 ± 0,04 e SHR T 5,5 ± 0,05; ANOVA (1 via): P > 0,05).

-7 -6 -5 -4

0

50

100

150 WKY

SHR

SHR T*

Fenilefrina (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

FIGURA 31 - Resposta contrátil induzida por fenilefrina em artérias mesentéricas de

resistência, representada como porcentagem da contração induzida por

K+KHS. Grupos normotenso (WKY, n=4), hipertenso (SHR, n=6) e

hipertenso treinado (SHR T, n=6). Resultados expressos como média ±

erro padrão da média. ANOVA (2 vias): diferença significante (*) SHR e

SHR T vs WKY, P < 0,001.

5.3.2.3 Resposta vasoconstritora ao U46619

Em artérias mesentéricas de resistência o fármaco análogo do

tromboxano, U46619, promoveu uma resposta contrátil dependente de concentração

(FIGURA 32). Esta resposta vasoconstritora foi potencializada pela hipertensão

arterial e interessantemente observamos que o treinamento físico no grupo

hipertenso reverte esta situação, fazendo com que os valores de resposta máxima

neste grupo sejam similares aos do grupo normotenso (Rmáx: WKY 62,8 ± 13,1, SHR

96,5 ± 4,8*, SHR T 63,5 ± 6,9; ANOVA (1 via): diferença significante (*) SHR vs WKY

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74

e SHR T, P < 0,01). A sensibilidade ao fármaco não foi modificada pela hipertensão

ou pelo treinamento físico (pD2: WKY 7,1 ± 0,14, SHR 6,7 ± 0,13 e SHR T 6,7 ± 0,19;

ANOVA (1 via): P > 0,05).

-9 -8 -7 -6 -5

0

20

40

60

80

100 WKY

SHR

SHR T

*

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

FIGURA 32 - Resposta contrátil induzida por U46619 em artérias mesentéricas de

resistência, representada como porcentagem da contração induzida

por K+KHS. Grupos normotenso (WKY, n=6), hipertenso (SHR, n=12) e

hipertenso treinado (SHR T, n=15). Resultados expressos como média

± erro padrão da média. ANOVA (2 vias): diferença significante (*)

SHR vs WKY e SHR T, P < 0,001.

5.3.2.3.1 Papel do óxido nítrico na resposta vasoconstritora ao U46619

Ao observarmos que a hipertensão arterial potencializou a resposta

vasoconstritora em artérias mesentéricas de resistência e que o treinamento físico foi

capaz de reverter esta situação nos grupo de animais hipertensos, investigamos

alguns possíveis mecanismos que poderiam influenciar esta resposta. Para analisar

o papel do óxido nítrico na resposta vasoconstritora ao U46619, segmentos arteriais

foram pré-incubados com um inibidor não-seletivo da síntese de óxido nítrico, o L-

NAME (100 µM). O L-NAME induziu aumento da resposta máxima em todos os

grupos estudados, além de aumentar a sensibilidade ao fármaco em ambos os

grupos hipertensos (FIGURA 33 e TABELA 1). Entretanto, podemos observar que o

efeito da inibição da síntese de óxido nítrico foi maior no grupo hipertenso treinado

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75

comparado aos grupos hipertenso e normotenso controles, como evidenciado pelos

valores de dAUC (FIGURA 33D). Este resultado sugere que o óxido nítrico influencia

na resposta ao U46619, diminuindo a resposta vasoconstritora a este fármaco, sendo

que no grupo submetido ao treinamento físico esta participação é maior, evitando a

maior resposta contrátil observada no grupo hipertenso controle.

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76

-10 -9 -8 -7 -6 -5

0

50

100

150 WKY

WKY + L-NAME

A

*

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

-10 -9 -8 -7 -6 -5

0

50

100

150 SHR

SHR + L-NAME

B

*

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

-10 -9 -8 -7 -6 -5

0

50

100

150 SHR T

SHR T + L-NAME

C

*

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

WKY SHR SHR T

0

200

400

600 *

D

dA

UC

(%

)

FIGURA 33 - Efeito do bloqueio da síntese de óxido nítrico com L-NAME (100 µM)

sobre a resposta contrátil induzida por U46619 em artérias

mesentéricas dos grupos normotenso (A), hipertenso (B), hipertenso

treinado (C) representados como porcentagem da contração induzida

por K+KHS e efeito do bloqueio da síntese de óxido nítrico em cada

grupo experimental representado através da diferença percentual da

área abaixo da curva de concentração-resposta à U46619 (dAUC) (D).

Grupos normotenso (WKY, n=5), hipertenso (SHR, n=4) e hipertenso

treinado (SHR T, n=7). Resultados expressos como média ± erro

padrão da média. Em A, B, C - ANOVA (2 vias): diferença significante

(*) para L-NAME vs respectivo controle nos grupos WKY, SHR e SHR

T, P < 0,0001. Em D - ANOVA (1 via): diferença significante (*) SHR T

vs grupos WKY e SHR; P < 0,01.

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77

TABELA 1 - Valores de resposta máxima (Rmáx, % de contração) e de sensibilidade

(pD2) obtidos através de curva concentração-resposta à U46619 em

artérias mesentéricas de resistência na condição controle e após

incubação com L-NAME (100 µM).

WKY SHR SHR T

Rmáx pD2 Rmáx pD2 Rmáx pD2

(n=5) (n=5) (n=4) (n=4) (n=7) (n=7)

controle 73,4 ± 9,4 7,0 ± 0,17 103,5 ± 7,8 6,93 ± 0,11 54,5 ± 10,2 6,35 ± 0,25

L-NAME 104,8 ± 7,5* 7,7 ± 0,3 130,5 ± 3,6* 8,05 ± 0,22* 123,1 ± 3,3* 7,5 ± 0,23*

Resultados expressos como média ± erro padrão da média. Grupos normotenso (WKY), hipertenso

(SHR) e hipertenso treinado (SHR T). Test-t: diferença significante (*) vs respectivo grupo controle; P

< 0,05.

5.3.2.3.2 Papel do ânion superóxido na resposta vasoconstritora ao U46619

Para analisar o papel do ânion superóxido na resposta vasoconstritora ao

U46619, segmentos de artérias mesentéricas de resistência foram pré-incubados

com um inibidor da enzima NADPH oxidase, a apocinina (300 µM). Na FIGURA 34

podemos observar que a apocinina não alterou a resposta contrátil ao U46619 no

grupo normotenso (A) e no grupo hipertenso treinado (C), entretanto reduziu a

contração no grupo hipertenso controle (B). A TABELA 2 demonstra o efeito da

apocinina nos valores de resposta máxima e sensibilidade ao U46619 em cada grupo

experimental em artérias mesentéricas de resistência.

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78

-10 -9 -8 -7 -6 -5

0

20

40

60

80

100 WKY

WKY + APO

A

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

-10 -9 -8 -7 -6 -5

0

20

40

60

80

100 SHR

SHR + APO

B

*

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

-10 -9 -8 -7 -6 -5

0

20

40

60

80

100 SHR T

SHR T + APO

C

U 46619 (Log M)

Co

ntr

ação

(%

)

FIGURA 34 - Efeito do bloqueio da enzima NADPH oxidase com apocinina (APO 300

µM) sobre a resposta contrátil induzida por U46619 em artérias

mesentéricas dos grupos normotenso (A), hipertenso (B) e hipertenso

treinado (C), representados como porcentagem da contração induzida

por K+KHS. Grupos normotenso (WKY, controle n=6 e apo n=5),

hipertenso (SHR, controle n=12 e apo n=10) e hipertenso treinado

(SHR T, controle n=15 e apo n=11). Resultados expressos como média

± erro padrão da média. ANOVA (2 vias): diferença significante (*) para

APO vs respectivo controle no grupo SHR, P < 0,001.

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79

TABELA 2 - Valores de resposta máxima (Rmáx, % de contração) e de sensibilidade

(pD2) obtidos através de curva concentração-resposta à U46619 em

artérias mesentéricas de resistência na condição controle e após

incubação com apocinina (300 µM).

WKY SHR SHR

n Rmáx pD2 n Rmáx pD2 n Rmáx pD2

controle 6 62,8 ± 13,1 7,1 ± 0,14 12 96,5 ± 4,8 6,7 ± 0,13 15 63,5 ± 6,9 6,74 ± 0,19

apocinina 5 62,2 ± 8,6 6,7 ± 0,31 10 71,6 ± 11,5* 6,4 ± 0,17 11 58,1 ± 9,5 6,42 ± 0,18

Resultados expressos como média ± erro padrão da média. Grupos normotenso (WKY), hipertenso

(SHR) e hipertenso treinado (SHR T). Test-t: diferença significante (*) vs respectivo grupo controle; P

< 0,05.

5.4 Propriedades funcionais: resposta vasodilatadora

5.4.1 Artérias coronárias

O efeito da hipertensão arterial e do treinamento físico sobre o

relaxamento dependente e independente do endotélio foi avaliado através de curva

concentração-resposta à acetilcolina (1 nM – 10 µM) e ao doador de óxido nítrico

(DEA-NO 1 nM – 10 µM) respectivamente, em artérias coronárias pré-contraídas com

serotonina.

5.4.1.1 Resposta de relaxamento dependente do endotélio

A acetilcolina promoveu um efeito vasodilatador dependente de

concentração que foi diferente entre os grupos. A hipertensão arterial prejudicou o

relaxamento induzido pela acetilcolina em artérias coronárias e o treinamento físico

no grupo hipertenso foi capaz de melhorar a resposta vasodilatadora dependente de

endotélio (FIGURA 35). Os valores de resposta máxima foram menores no grupo

SHR e o treinamento físico reverteu este parâmetro (Rmáx: WKY 91,7 ± 3,9, SHR 56,7

± 6,2* e SHR T 83,6 ± 6,1; ANOVA (1 via): diferença significante (*) SHR vs grupo

WKY e SHR T, P < 0,01). A sensibilidade ao fármaco foi reduzida no grupo

hipertenso e o treinamento físico aumentou esta sensibilidade, mas não foi capaz de

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80

reverter totalmente este parâmetro (pD2: WKY 7,1 ± 0,19, SHR 6,4 ± 0,10* e SHR T

6,7 ± 0,10; ANOVA (1 via): diferença significante (*) SHR vs grupo WKY, P < 0,01).

Estes resultados demonstram que a hipertensão arterial promoveu um prejuízo da

função endotelial em artérias coronárias e que o treinamento físico foi capaz de

corrigir a disfunção endotelial promovida pela hipertensão.

-9 -8 -7 -6 -5

0

20

40

60

80

100

WKY

SHR

SHR T

*

Acetilcolina (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

FIGURA 35 - Curva concentração-resposta à acetilcolina em artérias coronárias pré-

contraídas com serotonina. Grupos normotenso (WKY, n= 10),

hipertenso (SHR, n=9) e hipertenso treinado (SHR T, n=14).

Resultados expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA (2

vias): diferença significante (*) grupo SHR vs WKY e SHR T, P < 0,001.

5.4.1.1.1 Papel do óxido nítrico na resposta vasodilatadora dependente do

endotélio

Ao observarmos que a hipertensão arterial prejudicou a resposta

vasodilatadora em artérias coronárias e que o treinamento físico foi capaz de reverter

esta situação nos grupo de animais hipertensos, investigamos alguns possíveis

mecanismos que poderiam influenciar esta resposta. O inibidor não-seletivo da

síntese de óxido nítrico, L-NAME (100 µM), impediu a resposta vasodilatadora

induzida por acetilcolina em artérias coronárias do grupo normotenso e dos grupos

hipertensos (SHR e SHR T) de maneira similar, conforme demonstrado na FIGURA

36.

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81

-9 -8 -7 -6 -5

-50

0

50

100

WKY

WKY + L-NAME

A

*

Acetilcolina (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

-9 -8 -7 -6 -5

-50

0

50

100

SHR

SHR + L-NAME

B

*

Acetilcolina (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

-9 -8 -7 -6 -5

-50

0

50

100

SHR T

SHR T + L-NAME

C

*

Acetilcolina (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

FIGURA 36 - Efeito do bloqueio da síntese de óxido nítrico com L-NAME (100 µM)

sobre a resposta de relaxamento induzido por acetilcolina em artérias

coronárias pré-contraídas com serotonina nos grupos normotenso (A),

hipertenso (B) e hipertenso treinado (C). Grupos normotenso (WKY,

controle n=8 e L-NAME n=5), hipertenso (SHR, controle n=6 e L-

NAME n=3) e hipertenso treinado (SHR T, controle n=8 e L-NAME

n=4). Resultados expressos como média ± erro padrão da média.

ANOVA (2 vias): diferença significante (*) para L-NAME vs respectivo

controle nos grupos WKY, SHR e SHR T, P < 0,0001.

5.4.1.1.2 Papel do ânion superóxido na resposta vasodilatadora dependente

do endotélio

O efeito do inibidor da enzima NADPH oxidase (apocinina - 300 µM) sobre

a resposta vasodilatadora induzida por acetilcolina em artérias coronárias está

demonstrado na FIGURA 37. A apocinina não alterou a resposta vasodilatadora

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82

dependente de endotélio das artérias coronárias dos grupos normotenso e hipertenso

treinado, entretanto melhorou a resposta vasodilatadora dependente de endotélio em

artérias coronárias do grupo hipertenso controle.

-9 -8 -7 -6 -5

0

30

60

90

120

WKY

WKY + APO

A

Acetilcolina (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

-9 -8 -7 -6 -5

0

30

60

90

120

150

SHR

SHR + APO

B

*

Acetilcolina (Log M)R

ela

xam

en

to (

%)

-9 -8 -7 -6 -5

0

30

60

90

120

SHR T

SHR T + APO

C

Acetilcolina (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

FIGURA 37 - Efeito do bloqueio da enzima NADPH oxidase com apocinina (APO -

300 µM) sobre a resposta de relaxamento induzido por acetilcolina em

artérias coronárias dos grupos normotenso (A), hipertenso (B) e

hipertenso treinado (C). Grupos normotenso (WKY, controle n=8 e apo

n=4), hipertenso (SHR, controle n=6 e apo n=4) e hipertenso treinado

(SHR T, controle n=8 e apo n=4). Resultados expressos como média ±

erro padrão da média. ANOVA (2 vias): diferença significante (*) para

apocinina vs respectivo controle no grupo SHR, P < 0,001.

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83

5.4.1.2 Resposta de relaxamento independente do endotélio

A resposta vasodilatadora independente do endotélio em artérias

coronárias foi similar entre os grupos como demonstrado através da curva

concentração-resposta ao doador de óxido nítrico (DEA-NO) na FIGURA 38 e dos

valores de resposta máxima (Rmáx: WKY 103 ± 3,2, SHR 112 ± 11,8, SHR T 119 ±

6,3; ANOVA (1 via), P > 0,05) e sensibilidade ao fármaco (pD2: WKY 6,1 ± 0,2, SHR

6,2 ± 0,1, SHR T 6,3 ± 0,1; ANOVA (1 via), P > 0,05).

-9 -8 -7 -6 -5

0

50

100

150

WKY

SHR

SHR T

DEA-NO (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

FIGURA 38 - Curva concentração-resposta ao doador de óxido nítrico (DEA-NO) em

artérias coronárias pré-contraídas com serotonina. Grupos normotenso

(WKY, n=5), hipertenso (SHR, n=5) e hipertenso treinado (SHR T,

n=10). Resultados expressos como média ± erro padrão da média.

ANOVA (2 vias): P > 0,05.

5.4.2 Artérias mesentéricas de resistência

O efeito da hipertensão arterial e do treinamento físico sobre o

relaxamento dependente e independente do endotélio foi avaliado através de curva

concentração-resposta à acetilcolina (1 nM – 10 µM) e ao doador de óxido nítrico

(DEA-NO 1 nM – 10 µM) respectivamente, em artérias mesentéricas pré-contraídas

com fenilefrina ou com U46619.

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84

5.4.2.1 Resposta de relaxamento dependente do endotélio em artérias pré-

contraídas com fenilefrina

Conforme demonstrado na FIGURA 39, a acetilcolina promoveu uma

resposta de relaxamento concentração-dependente nas artérias mesentéricas do

grupo normotenso, entretanto, no grupo hipertenso a acetilcolina promoveu uma

resposta bifásica, ou seja, uma vasodilatação observada até a concentração de 100

nM, seguido de uma resposta de contração nas concentrações de 300 nM e 1 µM. O

treinamento físico no grupo de animais hipertensos foi capaz de reduzir a resposta de

contração observada no grupo hipertenso. Além disso, a resposta máxima de

relaxamento à acetilcolina foi menor no grupo hipertenso controle comparado ao

grupo normotenso e o treinamento físico no grupo hipertenso aumenta a resposta

máxima, entretanto, sem reverter à mesma a valores similares aos do grupo

normotenso (Rmáx: WKY 96,1 ± 1,9, SHR 79,9 ± 4,7* e SHR T 90,5 ± 2,3; ANOVA (1

via): (*) diferença significante grupo SHR vs grupo WKY, P < 0,05). A sensibilidade

ao fármaco não foi alterada pela hipertensão ou pelo treinamento físico (pD2: WKY

8,1 ± 0,07, SHR 8,4 ± 0,11 e SHR T 8,6 ± 0,13; ANOVA (1 via): P > 0,05).

Para a realização da curva de relaxamento concentração-resposta à

acetilcolina foi necessária a pré-contração da artéria com um fármaco. No caso deste

protocolo experimental houve uma dificuldade de manter estável o tônus alcançado

com a pré-contração à fenilefrina, não deixando claro se as respostas iniciais de

relaxamento foram induzidas pela acetilcolina ou parte devido à queda do tônus,

motivo que nos levou a realizar a mesma curva de concentração-resposta à

acetilcolina utilizando outro fármaco para a pré-contração das artérias mesentéricas

de resistência.

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85

-9 -8 -7 -6 -5

0

20

40

60

80

100

WKY

SHR

SHR T

**

Acetilcolina (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

FIGURA 39 - Curva concentração-resposta à acetilcolina em artérias mesentéricas

de resistência pré-contraídas com fenilefrina. Grupos normotenso

(WKY, n= 4), hipertenso (SHR, n=6) e hipertenso treinado (SHR T,

n=7). Resultados expressos como média ± erro padrão da média.

ANOVA (2 vias): diferença significante (*) SHR vs grupo WKY nas

concentrações de 300 nM e 1 µM (P < 0,05).

5.4.2.2 Resposta de relaxamento dependente do endotélio em artérias pré-

contraídas com U46619

A acetilcolina promoveu um relaxamento concentração-dependente nas

artérias mesentéricas de todos os grupos estudados. Entretanto, diferente do

observado em artérias pré-contraídas com fenilefrina, nas artérias pré-contraídas

com U46619 não foi possível observar a resposta de contração à acetilcolina nos

grupos hipertensos (FIGURA 40). Nesta condição, nem a hipertensão arterial e nem

o treinamento físico alteraram a resposta máxima (Rmáx: WKY 98,6 ± 1,9, SHR 92,9 ±

3,0 e SHR T 93,7 ± 2,9; ANOVA (1 via): P > 0,05) ou a sensibilidade ao fármaco

(pD2: WKY 7,4 ± 0,23, SHR 7,4 ± 0,11 e SHR T 7,7 ± 0,13; ANOVA (1 via): P > 0,05).

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86

-9 -8 -7 -6 -5

0

30

60

90

120

WKY

SHR

SHR T

Acetilcolina (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

FIGURA 40 - Curva concentração-resposta à acetilcolina em artérias mesentéricas

de resistência pré-contraídas com U46619. Grupos normotenso (WKY,

n= 4), hipertenso (SHR, n=5) e hipertenso treinado (n=7). Resultados

expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA (2 vias): P >

0,05.

5.4.2.3 Resposta de relaxamento independente do endotélio em artérias pré-

contraídas com U46619

O doador de óxido nítrico, DEA-NO, promoveu um relaxamento

concentração-dependente nas artérias de todos os grupos estudados. O relaxamento

independente do endotélio foi similar nos três grupos experimentais estudados

(FIGURA 41). Nem a hipertensão arterial, nem o treinamento físico modificaram os

valores de resposta máxima (Rmáx: WKY 100,1 ± 2,2, SHR 106,1 ± 6,6 e SHR T

100,7 ± 1,9; ANOVA (1 via): P > 0,05) ou a sensibilidade ao fármaco (pD2: WKY 6,8 ±

0,24, SHR 6,5 ± 0,07 e SHR T 6,7 ± 0,10; ANOVA (1 via): P > 0,05).

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87

-9 -8 -7 -6 -5

0

30

60

90

120

WKY

SHR

SHR T

DEA-NO (Log M)

Rela

xam

en

to (

%)

FIGURA 41- Curva concentração-resposta ao doador de óxido nítrico (DEA-NO) em

artérias mesentéricas de resistência pré-contraídas com U46619.

Grupos normotenso (WKY, n=4), hipertenso (SHR C, n=7) e hipertenso

treinado (SHR T, n=8). Resultados expressos como média ± erro

padrão da média. ANOVA (2 vias): P > 0,05.

5.5 Quantificação dos níveis de óxido nítrico

Resultados anteriores demonstraram que o NO participa das diferentes

respostas funcionais vasculares observadas. Para corroborar estes dados, neste

estudo quantificamos o NO plasmático e em artérias mesentéricas de resistência,

assim como avaliamos a expressão protéica da sintase de óxido nítrico endotelial

(eNOS).

5.5.1 Detecção do óxido nítrico plasmático

Para avaliar a produção de NO, a medida dos nitritos plasmáticos foi

realizada nos três grupos experimentais estudados. Como os nitritos são produtos

finais estáveis da auto-oxidação do NO, a sua medida é proporcional a quantidade

deste gás. Na FIGURA 42 podemos observar que a hipertensão arterial não

modificou a quantidade de nitritos presentes no plasma. Entretanto, o treinamento

físico no grupo de animais hipertensos aumentou a quantidade de nitritos

plasmáticos quando comparado aos grupos controles normotenso e hipertenso.

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WKY SHR SHR T

0

50

100

150

200

*

Nit

rito

s p

lasm

áti

co

s

(% d

o c

on

tro

le)

FIGURA 42 - Medida dos nitritos plasmáticos representados como porcentagem

(%) de mudança do grupo normotenso. Grupos normotenso (WKY,

n= 9), hipertenso (SHR, n= 5) e hipertenso treinado (SHR T, n= 6).

Resultados expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA

(1 via): diferença significativa (*) SHR T vs grupo WKY (P < 0,05) e

vs grupo SHR (P < 0,01).

5.5.2 Detecção do óxido nítrico vascular

A produção do NO em artérias mesentéricas de resistência foi avaliada nos

grupos SHR e SHR T. Na FIGURA 43 podemos observar que a intensidade de

fluorescência detectada por diaminofluoresceina diacetato (DAF-2-DA 10 µM) foi

aumentada pelo efeito do treinamento físico. A comprovação da marcação da sonda

fluorescente para NO foi realizada através de um controle negativo pré-incubado com

o inibidor não-seletivo da síntese de NO (L-NAME 100 µM).

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SHR SHR T

0

50

100

150

200

250*

A

Inte

nsid

ad

e d

e f

luo

rescên

cia

(% d

o c

on

tro

le)

FIGURA 43 - Produção de óxido nítrico em artérias mesentéricas de resistência

representada como porcentagem (%) de mudança na intensidade de

fluorescência do grupo SHR (A) e fotos representativas das artérias

mesentéricas de resistência para marcação da sonda fluorescente

DAF-2-DA com seus respectivos controles negativos (artérias pré-

incubadas com L-NAME 100 µM) (B). Grupos hipertenso (SHR, n= 8)

e hipertenso treinado (SHR T, n= 8). Resultados expressos como

média ± erro padrão da média. Test-t: diferença significativa (*) SHR T

vs grupo SHR; P < 0,001.

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5.5.3 Expressão protéica da sintase de óxido nítrico endotelial (eNOS)

Como podemos observar na FIGURA 44, em artérias mesentéricas a

hipertensão arterial reduziu a expressão da eNOS quando comparado ao grupo

normotenso, e o treinamento físico restaurou este prejuízo aumentando a expressão

desta isoforma da enzima no grupo hipertenso.

FIGURA 44 - Análise densitométrica de Western Blot para expressão protéica da

sintase de óxido nítrico endotelial (eNOS) em artérias mesentéricas de

resistência, representadas como porcentagem (%) de mudança do

grupo normotenso e seus respectivos blots representativos. Grupos

normotenso (WKY, n= 4), hipertenso (SHR, n= 4) e hipertenso

treinado (SHR T, n= 4). Resultados expressos como média ± erro

padrão da média. ANOVA (1 via): diferença significativa (*) SHR vs

grupo WKY (P < 0,01) e vs grupo SHR T (P < 0,05).

5.6 Ânion superóxido

Neste trabalho observamos que a inibição da enzima NADPH oxidase, com

apocinina, reduziu a resposta vasoconstritora ao U46619 em artérias mesentéricas

de resistência de ratos hipertensos, além melhorar a resposta vasodilatadora

dependente de endotélio em artérias coronárias. Estes resultados poderiam ser

devido a um aumento na produção de O2. nas artérias de animais hipertensos.

WKY SHR SHR T

0

50

100

150

*

Exp

ressão

pro

téic

a -

eN

OS

(% c

on

tro

le)

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Ademais, a biodisponibilidade do NO pode ser reduzida pelo aumento das espécies

reativas de oxigênio, como o O2.. Por estes motivos quantificamos o O2

. vascular e

avaliamos a expressão protéica das enzimas NADPH oxidase (NOX1 e NOX4) e

SOD (Cu/Zn) em artérias mesentéricas.

5.6.1 Detecção do ânion superóxido vascular

Para detectar a presença de O2. vascular, anéis de artérias mesentéricas

de resistência foram incubados com a sonda fluorescente dihidroetídio (DHE). Na

FIGURA 45 podemos observar que no grupo hipertenso a fluorescência emitida foi

maior quando comparado ao grupo normotenso, indicando maior produção basal de

O2.. em artérias mesentéricas de resistência. Em contraposição, o treinamento físico

no grupo hipertenso reduziu a presença deste radical nestas artérias.

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WKY SHR SHR T

0

50

100

150

200*

A

Inte

nsid

ad

e d

e f

luo

rescên

cia

(% d

o c

on

tro

le)

SHR SHR TWKY

B

FIGURA 45- Produção de ânion superóxido vascular representado como

porcentagem (%) de mudança na intensidade de fluorescência em

relação ao grupo normotenso (A) e foto representativa da

fluorescência emitida por DHE em corte transversal de artérias

mesentéricas de resistência de cada grupo experimental (B). Grupos

normotenso (WKY, n=5), hipertenso (SHR, n=5) e hipertenso treinado

(SHR T, n=8). Resultados expressos como média ± erro padrão da

média. ANOVA (1 via): diferença significativa (*) SHR vs grupo WKY e

SHR T (P < 0,01).

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5.6.2 Expressão protéica das enzimas NADPH oxidase (NOX1 e NOX4) e

SOD (Cu/Zn)

O incremento na produção de O2. pode ocorrer por uma aumento em sua

produção ou uma redução no seu metabolismo. Por isso, e para complementar os

resultados anteriores, a expressão protéica da enzima NADPH oxidase (NOX1 e

NOX4) e da enzima antioxidante superóxido dismutase (SOD- Cu/Zn) foram

avaliadas em artérias mesentéricas de resistência dos grupos estudados.

A expressão protéica das subunidades da enzima NADPH oxidase estão

demonstradas na FIGURA 46. Podemos verificar que a subunidade NOX1 não foi

modificada pela hipertensão arterial ou pelo treinamento físico (FIGURA 46A).

Entretanto, uma redução na subunidade NOX4 foi observada como efeito da

hipertensão arterial em relação ao grupo normotenso, sendo que o treinamento físico

não modificou esta resposta (FIGURA 46B).

FIGURA 46 - Análise densitométrica de Western Blot para expressão protéica das

subunidades NOX1 (A) e NOX4 (B) da enzima NADPH oxidase em

artérias mesentéricas de resistência, representadas como

porcentagem (%) de mudança do grupo normotenso, e respectivos

blots representativos. Grupos normotenso (WKY, n= 5), hipertenso

(SHR, n= 5) e hipertenso treinado (SHR T, n= 5). Resultados

expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA (1 via): B-

diferença significativa (*) SHR vs grupo WKY (P < 0,001) e SHR T vs

grupo WKY (P < 0,05).

NOX-1

GAPDH

~70 KDa

~38 KDa

A

WKY SHR SHR T

0

50

100

150

Exp

ressão

pro

téic

a -

NO

X1

(% c

on

tro

le)

WKY SHR SHR T

0

50

100

150

**

Exp

ressão

pro

téic

a -

NO

X4

(% c

on

tro

le)

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Na FIGURA 47 verificamos que a expressão protéica da SOD (Cu/Zn)

sofreu uma pequena redução no grupo hipertenso controle em relação ao grupo

normotenso, entretanto, não foi observada diferença estatística. O treinamento físico

no grupo de animais hipertensos aumentou a expressão desta enzima antioxidante

em relação ao grupo hipertenso controle.

FIGURA 47- Análise densitométrica de Western Blot para expressão protéica da

SOD Cu/Zn em artérias mesentéricas de resistência, representadas

como porcentagem (%) de mudança do grupo normotenso, e

respectivos blots representativos. Grupos normotenso (WKY, n=8),

hipertenso (SHR, n= 6) e hipertenso treinado (SHR T, n= 8).

Resultados expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA (1

via): diferença significativa (*) SHR T vs grupo SHR (P < 0,05).

6 DISCUSSÃO

Modificações no estilo de vida, tais como, a introdução da prática regular

de exercício físico aeróbio tem se mostrado efetiva como medida não-farmacológica

no tratamento da hipertensão arterial, prevenindo e controlando os níveis tensionais

elevados, além de auxiliar no controle de outros fatores de risco, como o peso

WKY SHR SHR T

0

50

100

150

*

Exp

ressão

pro

téic

a -

SO

D C

u/Z

n

(% c

on

tro

le)

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corporal, a dislipidemia, a resistência a insulina e o estresse (BRUM et al., 2005; VI

DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2010).

Os diversos benefícios promovidos pelo efeito do treinamento físico

aeróbio no sistema cardiovascular (NEGRÃO, SANTOS & ALVES, 2005) conduziram

este estudo a avaliar se esta medida não-farmacológica é capaz de reverter

alterações vasculares induzidas pela hipertensão, que promovem um incremento da

resistência vascular periférica, considerada a principal causa do desenvolvimento da

hipertensão arterial essencial (INTENGAN & SCHIFFRIN, 2000). Este é o primeiro

estudo a demonstrar que em artérias coronárias e mesentéricas de resistência o

treinamento físico aeróbio de baixa intensidade foi capaz de promover uma melhora

no conjunto de alterações estruturais, mecânicas e funcionais que contribuem para o

desenvolvimento e manutenção da hipertensão arterial, uma vez que estas

alterações foram parcialmente ou totalmente revertidas pelo treinamento físico. Estes

resultados comprovam mais uma vez que o treinamento físico pode ser utilizado

como uma importante estratégia no tratamento da hipertensão arterial.

Especificamente, em artérias coronárias, a hipertensão arterial induziu um

grande aumento da rigidez vascular associado a um remodelamento vascular e a

presença de disfunção endotelial. Este trabalho demonstrou pela primeira vez que

em artérias coronárias o treinamento físico aeróbio foi capaz de promover: 1) a

melhora das alterações estruturais observadas e uma completa reversão da rigidez

arterial promovida pela hipertensão; 2) o aumento na resposta vasodilatadora

dependente de endotélio em ratos hipertensos.

Em artérias mesentéricas de resistência, a hipertensão arterial promoveu

remodelamento vascular e aumentou a sua rigidez, além de alterar respostas

funcionais que induziram a disfunção endotelial. Dentre os resultados observados

neste estudo podemos destacar o importante efeito do treinamento físico aeróbio nos

animais hipertensos em promover a melhora: 1) da rigidez vascular, provavelmente

associada com as alterações observadas nos componentes da matriz extracelular,

como a redução na quantidade de colágeno e a reorganização da elastina presente

na lâmina elástica interna; 2) nas alterações funcionais como a redução da resposta

vasoconstritora induzida pelo análogo do tromboxano e a melhora na resposta

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dependente de endotélio associada com a redução na resposta vasoconstritora

induzida por altas concentrações de acetilcolina.

Os resultados obtidos neste estudo, observados tanto em artérias

coronárias quanto em artérias mesentéricas de resistência, indicam que a

hipertensão arterial induz um aumento do estresse oxidativo e uma redução na

biodisponibilidade de óxido nítrico, provavelmente ocasionada pelo aumento do ânion

superóxido, que pode contribuir para a disfunção endotelial observada.

Interessantemente, o treinamento físico em animais hipertensos melhora esta

disfunção endotelial, aumentando a produção de óxido nítrico e provavelmente a sua

biodisponibilidade como consequência da redução da produção de ânion superóxido.

Além disso, a redução na produção de ânion superóxido produzida pelo treinamento

físico pode contribuir para a melhora nas alterações estruturais e mecânicas

produzidas neste grupo.

6.1 Eficácia do treinamento físico aeróbio e efeito sobre a massa

corporal e as respostas hemodinâmicas

A prática regular de exercício físico aeróbio promove importantes

adaptações que resultam da exposição regular às sessões de exercício. Entretanto, a

eficácia do treinamento físico sobre a redução da pressão arterial é dependente da

intensidade de exercício realizado nas sessões de treinamento (VÉRAS-SILVA et al.,

1997). Neste estudo, o treinamento físico aeróbio realizado em esteira rolante e

considerado de intensidade leve a moderada foi compreendido entre 55-65 % da

velocidade máxima atingida no teste de esforço máximo (15-20 m/min), sendo que

esta correspondeu à velocidade utilizada no protocolo de VÉRAS-SILVA et al.,

(1997), que preconizou uma intensidade de 55% do VO2máx para o protocolo de baixa

intensidade, eficaz em atenuar a hipertensão arterial de ratos.

Diversos parâmetros foram avaliados para comprovar a eficácia do

treinamento físico, dentre eles, a tolerância ao esforço físico. A capacidade de

realização do exercício físico pode ser quantificada pela velocidade final atingida no

teste progressivo até a exaustão (BERNSTEIN, 2003). Os resultados de velocidade

máxima atingida no teste de esforço realizado inicialmente demonstram que os ratos

dos três grupos experimentais estudados atingiram a mesma velocidade final no

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97

teste de esforço progressivo. Entretanto, ao final do protocolo experimental os

resultados demonstram que os ratos do grupo submetido ao treinamento físico acima

proposto, em um período de 12 semanas, foram capazes de alcançar uma maior

velocidade máxima que os animais que foram mantidos sedentários, portanto,

apresentam maior tolerância ao esforço físico. Além disso, outro indicativo importante

que demonstra a otimização do metabolismo aeróbio é o aumento da capacidade do

sistema oxidativo. Neste estudo a atividade da enzima oxidativa citrato sintase no

músculo sóleo, enzima que catalisa a primeira reação do ciclo de Krebs e

consequentemente gera energia via metabolismo aeróbio (LEHNINGER, 1991),

aumentou 20% no grupo de ratos hipertensos submetidos ao protocolo de

treinamento físico em relação ao grupo normotenso controle e 40% em relação ao

grupo hipertenso controle, demonstrando a efetividade do programa de treinamento

físico utilizado neste estudo.

O peso corporal dos ratos foi controlado semanalmente durante a

realização do protocolo experimental e os resultados indicam que inicialmente este

peso não diferiu entre os grupos e durante as 12 semanas de protocolo os animais

aumentaram de peso de maneira similar, sendo que o treinamento físico não alterou

este parâmetro. Estes resultados estão de acordo com os dados obtidos em outros

estudos realizados em ratos submetidos ao protocolo de treinamento físico aeróbio

de baixa intensidade em esteira-rolante (HORTA, CARVALHO & MANDARIM-DE-

LACERDA, 2005; VÉRAS-SILVA et al., 1977; ZANCHI, BECHARA, TANAKA,

DEBBAS, BARTHOLOMEU & RAMIRES, 2006).

O exercício físico realizado regularmente promove importantes adaptações

autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar o sistema cardiovascular

(RONDON & BRUM, 2003). Dentre elas, a bradicardia de repouso é considerada um

marcador fisiológico aeróbio da adaptação ao treinamento físico e os mecanismos

pelo qual esta bradicardia ocorre parecem ser fortemente influenciados pelo tipo de

treinamento físico e também por doenças cardiovasculares, como a hipertensão

arterial (BRUM, FORJAZ, TINUCCI & NEGRÃO, 2004). Neste estudo observamos

que o grupo submetido ao protocolo de treinamento físico apresentou redução na

frequência cardíaca de repouso após o final do protocolo experimental quando

comparado a sua frequência cardíaca inicial, o que não foi observado nos outros

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98

grupos que foram mantidos sedentários. Em ratos normotensos, esta bradicardia de

repouso resultante do treinamento físico aeróbio em esteira está associada a uma

redução na frequência cardíaca intrínseca (NEGRÃO, MOREIRA, SANTOS, FARAH

& KRIEGER, 1992), entretanto, em ratos hipertensos esta bradicardia está associada

a uma redução do tônus simpático cardíaco (GAVA, VÉRAS-SILVA, NEGRÃO &

KRIEGER, 1995).

A atenuação da hipertensão arterial é outra adaptação induzida pelo

treinamento físico aeróbio (RONDON & BRUM, 2003). O mecanismo hemodinâmico

envolvido na atenuação da hipertensão é a redução do débito cardíaco associado à

bradicardia de repouso e redução do tônus simpático cardíaco (GAVA et al., 1995;

NEGRÃO et al., 1992). Além disso, o treinamento físico restaura a diminuída

sensibilidade dos reflexos cardiopulmonares induzidos pela hipertensão, que são

importantes para a regulação momento-a-momento da pressão arterial (SILVA,

BRUM, NEGRÃO & KRIEGER, 1997). Em humanos, um estudo de meta-análise

realizado por CORNELISSEN & FAGARD (2005) (CORNELISSEN & FAGARD,

2005) demonstrou que o treinamento aeróbio diminui a pressão arterial através de

uma redução na resistência vascular, no qual o sistema nervoso simpático e o

sistema renina-angiotensina parecem estar envolvidos, afetando favoravelmente os

fatores de risco cardiovascular. Neste estudo como já esperado, observamos que os

valores de medida indireta da pressão arterial sistólica, avaliada através da técnica

de pletismografia de cauda, foram maiores nos ratos do grupo hipertenso (SHR)

quando comparados ao grupo normotenso (WKY). Conforme observado nos

resultados anteriormente apresentados, no grupo de animais normotensos, os

valores de pressão arterial sistólica se mantiveram similares no início e ao final do

protocolo experimental, entretanto, no grupo hipertenso controle estes valores foram

maiores ao final do protocolo experimental quando comparados aos seus valores

iniciais. O treinamento físico impediu o progressivo aumento da pressão arterial

observada no grupo hipertenso, fazendo com que ao final do protocolo experimental

estes valores fossem similares aos seus respectivos iniciais e, portanto, menores que

os valores de pressão arterial sistólica observados no mesmo período para os

animais do grupo hipertenso controle.

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99

Embora o treinamento físico tenha atenuado o aumento progressivo da

pressão arterial, neste estudo não foi possível observar uma redução nos valores de

pressão arterial sistólica após o protocolo experimental, quando comparado aos

respectivos valores iniciais do mesmo grupo. Este resultado pode haver ocorrido em

parte, devido a não utilização de uma técnica para medida direta dos valores de

pressão arterial, onde poderíamos observar com maior fidedignidade os valores de

pressão arterial sistólica, diastólica e média. Entretanto, com utilização desta técnica

não seria possível comparar os valores iniciais e finais da pressão arterial justamente

para não submeter os animais a um processo cirúrgico no início do protocolo

experimental. Além disso, a idade inicial em que os animais foram submetidos ao

protocolo de treinamento físico poderia influenciar nos resultados observados. Neste

estudo o protocolo experimental foi iniciado quando os animais (3 meses de idade) já

apresentavam valores de pressão arterial sistólica acima de 180 mmHg, ou seja, uma

hipertensão arterial bem estabelecida. Diversos trabalhos na literatura demonstram

que o treinamento físico reduz os valores de pressão arterial, entretanto, estes

estudos comparam somente os valores de pressão arterial após a realização do

protocolo experimental, o que não nos permite saber se realmente houve uma

redução ou uma atenuação do aumento da pressão arterial conforme observado

neste estudo (BERTAGNOLLI, SCHENKEL, CAMPOS, MOSTARDA, CASARINI,

BELLÓ-KLEIN, IRIGOYEN & RIGATTO, 2008; SILVA et al., 1997; VÉRAS-SILVA et

al., 1997).

6.2 Efeito do treinamento físico aeróbio sobre as alterações estruturais e

mecânicas de artérias coronárias e artérias mesentéricas de resistência

associadas à hipertensão

Na hipertensão, a aumentada resistência periférica é conseqüência de

alterações estruturais e funcionais em pequenas artérias e arteríolas que regulam o

fluxo e a pressão. O diâmetro luminal de artérias de resistência é determinado pelo

nível de vasoconstrição exercida pela contração ativa de células do músculo liso

vascular e por características estruturais do vaso (MARTINEZ-LEMUS, HILL &

MEININGER, 2008). Portanto, a maior espessura da parede, juntamente com a

redução no lúmen arterial e consequentemente maior relação média/lúmen assumem

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100

um importante papel na vasoconstrição periférica. A presença de alterações

estruturais, como a maior relação média/lúmen, em pequenas artérias é considerada

um preditor de eventos cardiovasculares (RIZZONI, PORTERI, BOARI, CIUCEIS,

SLEIMAN, MUIESAN, CASTELLANO, MICLINI & AGABITI-ROSEI, 2003).

As alterações nas características estruturais do vaso são controladas por

um processo de remodelamento, onde a base para estabelecimento da ocorrência

deste remodelamento é uma mudança no diâmetro luminal passivo dos vasos, onde

as medidas são realizadas em pressões intravasculares padrões. Portanto, quando o

diâmetro luminal passivo está diminuído este remodelamento classifica-se como

“inward” ou para o interior, e quando está aumentado classifica-se como “outward” ou

para o exterior (MULVANY, BAUMBACH, AALKJAER, HEAGERTY, KORSGAAD,

SCHIFFRIN & HEISTAD, 1996). Além disso, esta classificação de remodelamento foi

refinada para incluir mudanças na área de secção transversa do vaso, definido como

hipertrófico, eutrófico ou hipotrófico se a área de secção transversa é aumentada,

inalterada, ou diminuída, respectivamente (MARTINEZ-LEMUS, HILL & MEININGER,

2008). Neste trabalho investigamos as alterações estruturais induzidas pela

hipertensão arterial em pequenas artérias coronárias e em artérias mesentéricas de

resistência, além de verificar o efeito do treinamento físico sobre estas alterações.

Tanto as artérias coronárias, quanto as artérias mesentéricas demonstraram um

remodelamento arterial induzido pela hipertensão ao final do protocolo experimental

(24 meses de idade).

Em artérias coronárias de ratos do grupo hipertenso observamos uma clara

redução no diâmetro luminal e um aumento na relação parede-lúmen, sem alteração

na área de secção transversa o que caracteriza um remodelamento do tipo eutrófico

para o interior do vaso. O aumento na relação parede-lúmen observado nestas

artérias parece ocorrer mais em função de uma redução no diâmetro interno do que

por um espessamento da parede. O remodelamento vascular em artérias e arteríolas

coronárias de ratos SHR e de humanos hipertensos é uma característica já bem

demonstrada na literatura, entretanto parece não haver um consenso entre o tipo de

remodelamento (KOPRDOVÁ, CEBOVÁ & KRISTEK, 2009; LI & SCHIFFRIN, 1996;

SCHWARTZKOPFF, MOTZ, FRENZEL, VOGT, KNAUER & STRAUER, 1993;

TANAKA, FUJIWARA, ONODERA, WU, MATSUDA, HAMASHIMA & KAWAI, 1987).

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101

Em ratos, estas divergências podem ocorrer principalmente devido a idade e ao tipo

e diâmetro da artéria analisada que varia de um estudo para outro. Neste estudo o

tipo de remodelamento observado está de acordo com o estudo de LI & SCHIFFRIN

(1996) (LI & SCHIFFRIN, 1996), que demonstram que em pequenas artérias

coronárias (200-300 µm) de ratos SHR com 24 semanas de idade também foi

observado um remodelamento eutrófico para o interior.

Um dos principais mecanismos de adaptação do miocárdio frente a

sobrecargas crônicas de pressão ou volume impostas ao coração em determinadas

condições é a hipertrofia cardíaca, também definida como um aumento na massa

cardíaca (BERNARDO, WEEKS, PRETORIUS & McMULLEN, 2010; OLIVEIRA,

ALVES, BRUM & KRIEGER, 2005). A hipertensão arterial é uma condição patológica

que está relacionada com a presença de hipertrofia cardíaca, a qual está associada à

aumentada fibrose intersticial, morte celular e disfunção cardíaca (BERNARDO et al.,

2010; ZAMO, LACCHINI, MOSTARDA, CHIAVEGATTO, SILVA, OLIVEIRA &

IRIGOYEN, 2010). O tratamento desta patologia com medidas convencionais através

da utilização de fármacos tais como, antagonistas de canais de cálcio, inibidores do

sistema renina-angiotensina e vasodilatores periféricos, é capaz de reverter às

alterações estruturais observadas em artérias coronárias (ANDERSON, BISHOP &

DIGERNESS, 1989; KOPRDOVÁ, CEBOVÁ & KRISTEK, 2009; LI & SCHIFFRIN,

1996), sendo que estas modificações parecem estar mais relacionadas com a

redução da pressão arterial e menos relacionadas com a regressão da hipertrofia

cardíaca, uma vez que a utilização de hidralazina reverteu às alterações estruturais

em artérias coronárias, sendo possível observar a redução da pressão arterial sem

alterações na hipertrofia cardíaca (ANDERSON, BISHOP & DIGERNESS, 1989).

Em contraste, a hipertrofia cardíaca fisiológica que ocorre em resposta ao

treinamento físico (sobrecarga intermitente) é reversível e considerada benéfica ao

coração, ocorrendo de forma simétrica, sem a presença de fibrose ou apoptose e

acompanhado por um aumento na função cardíaca (BERNARDO et al., 2010;

OLIVEIRA et al., 2005). Um recente estudo publicado na literatura demonstrou que a

realização do treinamento físico de natação em ratos hipertensos foi capaz de reduzir

a fibrose miocárdica e aumentar a densidade capilar, convertendo a hipertrofia

cardíaca patológica em fisiológica (GARCIARENA, PINILLA, NOLLY, LAGUENS,

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ESCUDERO, CINGOLANI & ENNIS, 2009). O treinamento físico realizado em esteira

rolante também foi capaz de modificar os parâmetros de hipertrofia cardíaca

induzidos pela hipertensão arterial em ratas jovens hipertensas, aumentando a

hipertrofia do cardiomiócito de maneira simétrica pelo ventrículo esquerdo e

diminuindo o processo apoptótico (KOLWICZ, MACDONNELL, RENNA, REGER,

SEQQAT, RAFIQ, KENDRICK, HOUSER, SABRI & LIBONATI, 2009). Entretanto,

nenhum estudo analisou o efeito do treinamento físico aeróbio nas alterações

morfológicas induzidas pela hipertensão arterial em artérias coronárias. Neste

estudo, o treinamento físico utilizado como medida não farmacológica para o

tratamento da hipertensão arterial modificou os parâmetros estruturais demonstrados

anteriormente em pequenas artérias coronárias de ratos hipertensos, onde podemos

observar um aumento no diâmetro interno e externo do vaso, que ocorreu associado

a um espessamento da parede e um aumento na área de secção transversa,

caracterizando este remodelamento como hipertrófico para o exterior. Apesar da

normalização nos diâmetros, o espessamento da parede manteve a maior relação

parede-lúmen de maneira similar a observada nos ratos hipertensos que

permaneceram sedentários. Embora, a presença da hipertrofia cardíaca pareceu não

influenciar na reversão das alterações estruturais induzida pelo uso de um fármaco

(hidralazina) em ratos hipertensos, não podemos evitar a relação entre a hipertrofia

cardíaca e o remodelamento vascular de artérias coronárias, uma vez que estes

vasos estão localizados no músculo cardíaco e apresentam direta interação

mecânica com a contração muscular (WESTERHOF, BOER, LAMBERTS &

SIPKEMA, 2006).

Os mecanismos responsáveis pelo remodelamento vascular observado em

artérias coronárias de ratos hipertensos sedentários e submetidos ao treinamento

físico não foram avaliados neste estudo. Entretanto, o crescimento da camada média

do vaso pode envolver processo de hipertrofia ou hiperplasia das células do músculo

liso vascular, assim como aumento na deposição de proteínas da matriz extracelular

(INTENGAN & SCHIFFRIN, 2000; KORSGAARD & MULVANY, 1988; MULVANY,

BAABDRUP & GUNDERSEN, 1985). Sabemos que as proteínas da matriz

extracelular, tais como o colágeno e a elastina, além de estarem envolvidas na

modulação estrutural das artérias também regulam as propriedades mecânicas do

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vaso (BRIONES et al., 2003; BRIONES, ARRIBAS & SALAICES, 2010). Neste

estudo, interessantemente observamos que a maior rigidez arterial observada em

artérias coronárias de ratos hipertensos foi totalmente revertida pelo treinamento

físico como demonstrado através da relação “stress-strain” e do cálculo que

determina a inclinação da curva (parâmetro β). Estes resultados sugerem que em

artérias coronárias de ratos hipertensos provavelmente ocorreram modificações nas

proteínas da matriz, tais como o aumento de colágeno e a reorganização da elastina

(assim como ocorreu em artérias mesentéricas que será discutido adiante), que

contribuiria para o aumento da rigidez vascular observada neste grupo. Por outra

parte, uma provável redução na quantidade de colágeno e/ou reorganização da

elastina contribuiria para a melhora da rigidez vascular observada no grupo

hipertenso submetido ao treinamento físico. Entretanto, em artérias coronárias

estudos adicionais são necessários para melhor compreensão dos fatores que

levaram as alterações estruturais e mecânicas observadas com a hipertensão e

como efeito do treinamento físico.

Além das artérias coronárias este estudo também avaliou as alterações

estruturais e mecânicas em artérias mesentéricas de resistência, que contribuem

ativamente e passivamente para a manutenção e regulação da resistência e do fluxo

sanguíneo intestinal (CHRISTENSEN & MULVANY, 2001). A hipertensão arterial

modificou os parâmetros morfológicos destas artérias, onde podemos observar uma

redução nos diâmetros do lúmen e do vaso, associado a um aumento na espessura

da parede e na relação parede-lúmen, sem alteração da área de secção transversa,

caracterizando um remodelamento do tipo eutrófico para o interior do vaso. O tipo de

remodelamento vascular observado em artérias mesentéricas de resistência de ratos

SHR pode variar entre o eutrófico e o hipertrófico principalmente devido ao diâmetro

das artérias, sendo que a área de secção transversa parece aumentar em vasos com

maior diâmetro como a mesentérica superior e os vasos mais proximais e não alterar

em vasos com menor diâmetro como os mais distais, tais como os analisados neste

estudo. Entretanto, o aumento na relação parede-lúmen é observado em todos os

vasos arteriais (FEIHL, LIAUDET, LEVY & WAEBER, 2008; OWENS, SCHWARTZ &

MCCANNA, 1988).

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104

Ao avaliarmos o efeito do treinamento físico observamos que o mesmo não

foi capaz de modificar as características dos parâmetros morfológicos induzidos pela

hipertensão arterial em artérias mesentéricas de resistência. As alterações

estruturais nestas artérias já estão presentes antes mesmo do desenvolvimento da

pressão arterial, o que sugere que os níveis de pressão arterial não contribuem muito

para o desenvolvimento destas alterações. A normalização da estrutura vascular

também parece não depender muito da capacidade de normalização da pressão

arterial e sim da capacidade do tratamento em reduzir a resistência vascular, sendo

que os fármacos que reduziram a pressão arterial através de um mecanismo de

aumento na vasodilatação foram capazes de alterar a estrutura de artérias de

resistência e os fármacos que reduziram a pressão arterial através de redução no

débito cardíaco não modificaram esta estrutura (MULVANY, 2008). O treinamento

físico neste estudo foi capaz de impedir o aumento progressivo da pressão arterial

em animais SHR, e conforme discutido anteriormente a atenuação da pressão

arterial induzida pelo treinamento físico ocorre principalmente devido a uma redução

no débito cardíaco, associado à bradicardia de repouso e redução do tônus simpático

(GAVA et al., 1995; NEGRÃO et al., 1992), embora este mecanismo não tenha sido

avaliado especificamente neste estudo. Apesar de não observarmos alteração nos

parâmetros morfológicos de artérias de resistência induzidos pelo treinamento físico,

não podemos afirmar que não ocorreram alterações estruturais neste vaso sem

avaliar os parâmetros que contribuem para estas alterações.

Neste estudo avaliamos o efeito do treinamento físico sobre as duas

principais proteínas de matriz em artérias mesentéricas de resistência de ratos

hipertensos, o colágeno e a elastina. Mudanças na quantidade ou organização

destes dois maiores componentes da matriz extracelular podem modificar a

complacência vascular e como conseqüência influenciar no diâmetro que os vasos

apresentam em diferentes pressões intravasculares (BRIONES, ARRIBAS &

SALAICES, 2010; MARTINEZ-LEMUS, HILL & MEININGER, 2008).

O colágeno é uma proteína muito rígida e que tem o papel fisiológico de

limitar a distensão do vaso, entretanto colágeno excessivo é deletério para a parede

vascular, aumentando a rigidez (BRIONES, ARRIBAS & SALAICES, 2010). A

hipertensão arterial é uma das condições patológicas associada com excessiva

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deposição de colágeno tanto no coração (BERNARDO et al., 2010), como em

artérias de condução e de resistência (BRIONES, ARRIBAS & SALAICES, 2010). De

fato neste estudo observamos que as artérias mesentéricas de resistência dos ratos

hipertensos apresentaram maior quantidade de colágeno e estes dados estão de

acordo com estudos prévios (BRIONES et al., 2006; GONZÁLEZ et al., 2006;

INTENGAN, THIBAULT, LI & SCHIFFRIN, 1999).

Estudos já demonstraram que assim como em ratos SHR o tratamento

farmacológico com antagonista do receptor de angiotensina (irbesartan) ou com

inibidores da enzima conversora de angiotensina (fosinopril) são capazes de reduzir

a relação colágeno-elastina que estava aumentada em artérias mesentéricas de

resistência (INTENGAN et al., 1999), em ratos com hipertensão arterial induzidos por

angiotensina II o tratamento com atorvastatina também reduz a maior quantidade de

colágeno observada nestas artérias (BRIONES et al., 2009b). Dentre os diversos

fatores envolvidos no remodelamento arterial, a angiotensina II parece ser um dos

mais importantes e estes estudos sugerem a participação deste peptídeo na indução

do aumento de colágeno observado nestes animais. De fato, a angiotensina II além

de contrair as células do músculo liso vascular, tem a capacidade de promover

muitos processos no tecido cardiovascular incluindo, crescimento celular, migração,

diferenciação e apoptose, bem como modulação da composição da MEC (TOUYZ,

2005). Muitas ações celulares da angiotensina II ocorrem devido à estimulação da

formação de espécies reativas de oxigênio e o estudo de BRIONES et al. (2009)

(BRIONES et al., 2009b) corrobora esta afirmação demonstrando que o uso de

atorvastatina não reverteu o aumento da pressão arterial induzido pela infusão de

angiotensina, mas diminuiu o stress oxidativo, reduziu a expressão da subunidade

NOX1 da enzima NADPH oxidase, e alterou padrões estruturais, tais como o

aumento do colágeno nas artérias mesentéricas de resistência. Além disso, o estudo

de BRIONES et al. (2009) (BRIONES et al., 2009b) também demonstra que a infusão

de angiotensina II aumentou a síntese de colágeno do tipo I por células isoladas do

músculo liso vascular e que o pré-tratamento com diversos antioxidantes e com

estatinas reduziu a síntese de colágeno por estas células.

Neste trabalho, interessantemente observamos que o treinamento físico

em ratos hipertensos também foi capaz de reduzir o colágeno presente em artérias

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mesentéricas de resistência. Parte deste efeito poderia estar ocorrendo justamente

porque o treinamento físico neste estudo reduziu a quantidade de ânion superóxido

que se encontrava aumentada nas artérias mesentéricas dos ratos hipertensos,

diminuindo, portanto o efeito das espécies reativas de oxigênio sobre estas artérias,

o que leva a uma redução na síntese de colágeno.

As alterações no colágeno vascular poderiam estar ocorrendo por

influência de um desequilíbrio entre a síntese e a degradação deste componente da

matriz extracelular. As proteínas da MEC na maioria dos tecidos são sintetizadas por

fibroblastos, no entanto as células do músculo liso também são capazes de sintetizar

estas proteínas, além de liberarem numerosas metaloproteinases de matriz (MMPs),

que são capazes de digerir as proteínas da MEC (JOHNSON, 2007). Os resultados

encontrados na literatura são divergentes e alguns estudos demonstram que no leito

arterial mesentérico de ratos SHR foi observado menor atividade da MMP-1, MMP-2

e MMP-4 (INTENGAN & SCHIFFRIN, 1999), o que sugere aumento de colágeno,

fibronectina e proteoglicanos, assim como também são observados aumento

plasmático na expressão e atividade de MMP-2 e MMP-9 em pacientes hipertensos

(DEROSA, D`ANGELO, CICCARELLI, PICCINNI, PRICOLO, SALVADEO,

MONTAGNA, GRAVINA, FERRARI, GALLI, PANIGA, TINELLI & CICERO, 2006) e

em aorta de modelo experimental de hipertensão arterial (DOCA-sal) (WATTS,

RONDELLI, THAKALI, LI, UHAL, PERVAIZ, WATSON & FINK, 2007).

Neste estudo analisamos a degradação do colágeno observando a

expressão protéica da MMP-2 e MMP-9 nas artérias mesentéricas de resistência e

observamos que a expressão da MMP-2 não foi alterada pela hipertensão arterial ou

pelo treinamento físico, entretanto, a expressão da MMP-9 foi diminuída no grupo

hipertenso, sendo que o treinamento físico reverte parcialmente esta alteração. Este

resultado sugere que a degradação do colágeno nestas artérias pode estar diminuída

nos animais hipertensos, favorecendo o aumento na quantidade desta proteína.

Portanto, o treinamento físico parece influenciar tanto na síntese quanto na

degradação do colágeno em artérias mesentéricas de resistência, uma vez que reduz

a presença de espécies reativas de oxigênio (uma indutora da síntese de colágeno),

assim como reverte parcialmente a diminuída expressão de uma das enzimas da

família de metaloproteinases da matriz (capazes de degradar o colágeno) induzidas

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pela hipertensão. Entretanto, não podemos deixar de esclarecer que a degradação

do colágeno não depende somente da expressão de uma enzima como a MMP-9, e

sim do balanço entre a síntese e a degradação, regulado pelo equilíbrio entre as

proteases que favorecem a degradação (MMPs) e seus inibidores teciduais de

metaloproteinases (TIMPs) (RODRÍGUEZ, ORBE & PÁRAMO, 2007).

Além do colágeno, neste estudo também avaliamos a elastina em artérias

mesentéricas de resistência. A elastina constitui 90% das fibras elásticas, que

formam lâminas fenestradas que permitem o contato celular. Estas fibras elásticas

estão desenhadas de maneira que permita que a tensão se distribua uniformemente

através da parede arterial. A síntese das fibras elásticas está mais restrita ao período

fetal e neonatal, entretanto está bem estabelecido que o desenvolvimento da

hipertensão está associado com um aumento das proteínas da MEC, incluindo a

elastina, na parede arterial, o que significaria uma reação ao aumentado estresse

mecânico imposto pela hipertensão. Entretanto, como a síntese destas fibras é

restrita, após a maturação as novas fibras sintetizadas a partir de um estímulo

patológico, como o aumento da pressão, nunca serão tão efetivas quanto aquelas

geradas durante o período de desenvolvimento (ARRIBAS, HINEK & GONZÁLEZ,

2006).

As propriedades mecânicas arteriais dependem não somente da

quantidade dos seus principais constituintes como também da organização e

interação entre eles. Estudos já demonstraram que ratos com hipertensão genética e

com hipertensão induzida por infusão de angiotensina II apresentam fenestras com

tamanho diminuído em relação aos ratos normotensos, particularmente observados

na lâmina elástica interna de artérias de resistência (BRIONES et al., 2003, 2009b).

De fato, os resultados obtidos neste estudo corroboram com os dados acima, uma

vez que em ratos SHR foi observado redução na área das fenestras da lâmina

elástica interna de artérias mesentéricas de resistência, sem nenhuma alteração no

número de fenestras ou na espessura da lâmina elástica interna. No estudo de

BRIONES et al. (2003) (BRIONES et al., 2003), a maior espessura dos vasos de

resistência dos animais SHR foi revertida pelo tratamento com elastase, que

interrompe a organização das fenestras na lâmina elástica interna. Com este

resultado os autores sugeriram que a alteração na organização da fibra elástica nos

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vasos dos ratos SHR poderia influenciar no remodelamento vascular observado.

Além disso, a redução na área das fenestras poderia ter uma implicação funcional,

dificultando a passagem de derivados do sangue e de fatores endoteliais através da

lâmina elástica interna para a camada média do vaso (ARRIBAS, HINEK &

GONZÁLEZ, 2006; BRIONES et al., 2003).

Poucos estudos demonstram o efeito da utilização de fármacos na

organização da elastina em artérias mesentéricas de resistência. Em ratos com

hipertensão induzida por infusão de angiotensina II o tratamento com atorvastatina foi

eficaz em reverter as alterações na área e no número de fenestras observadas neste

modelo (BRIONES et al., 2009b). Um estudo de nosso grupo ainda não publicado na

literatura demonstrou que o uso de alguns fármacos tais como, o antagonista do

receptor de angiotensina (losartan), o análogo da enzima superóxido desmutase

(tempol) ou o inibidor da enzima NADPH oxidase (apocinina) foram eficientes em

reverter a redução na área das fenestras induzida pela hipertensão em ratos SHR

(ROQUE et al., 2008). Dentre os fármacos citados anteriormente, somente o losartan

reduziu a pressão arterial dos ratos SHR, entretanto vale a pena ressaltar que tanto a

atorvastatina, o losartan, o tempol ou a apocinina apresentam propriedades

antioxidantes. Neste estudo verificamos que o treinamento físico foi capaz de reverter

a redução na área das fenestras das artérias mesentéricas observadas nos ratos

SHR. Baseando-se nos resultados encontrados até agora podemos sugerir que o

efeito do treinamento físico sobre a alteração na organização da elastina também

pode estar relacionado com a menor quantidade de espécies reativas de oxigênio,

tais como o ânion superóxido, encontradas em artérias mesentéricas de resistência.

Sabe-se que a composição da MEC na parede vascular é considerada

como grande contribuidora das características visco-elásticas dos vasos sanguíneos.

Em particular, o colágeno e a elastina têm sido diretamente associados com a rigidez

da parede vascular (BRIONES et al., 2003, 2009b). Corroborando com dados da

literatura, a alteração na organização da elastina associada ao aumento na

quantidade de colágeno observado neste estudo poderia causar o aumento da

rigidez em artérias mesentéricas de resistência. A relação stress-strain dos vasos

não é linear devido à ação conjunta do colágeno e da elastina. Em uma curva de

relação stress-strain, a parte inicial da curva que corresponde a pressões mais

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baixas, está determinada pela deformação das fibras de elastina, que são muito

distensíveis. Em contrapartida, a parte final da curva, que corresponde a pressões

mais altas, está determinada pelas fibras de elastina totalmente estiradas e pela

contribuição das fibras de colágeno, que são mais rígidas (DOBRIN, 1978). De fato,

neste estudo observamos maior rigidez nas artérias de ratos SHR como indicado

através do deslocamento para a esquerda na curva de relação stress-strain e pelo

cálculo da relação determinado pela inclinação da curva (β). O treinamento físico nos

ratos hipertensos, assim como foi capaz de reverter as alterações na quantidade de

colágeno e na organização da elastina em artérias mesentéricas de resistência,

também reduziu a rigidez vascular observada neste modelo.

Em artérias mesentéricas de resistência, os resultados demonstrados

neste estudo até o presente momento indicam que os ratos SHR apresentam

alterações estruturais e mecânicas que podem ser revertidas pelo treinamento físico

aeróbio, provavelmente mediado pela redução do ânion superóxido nestas artérias.

Os padrões morfológicos observados nas artérias dos ratos SHR não foram alterados

pelo treinamento físico, entretanto alterações nos componentes da MEC, colágeno e

elastina, foram observadas indicando que estas proteínas estão diretamente

relacionadas com a redução na rigidez vascular induzida pelo treinamento físico em

ratos hipertensos.

6.3 Efeito do treinamento físico aeróbio sobre as alterações funcionais

de artérias coronárias e artérias mesentéricas de resistência associadas à

hipertensão

6.3.1 Resposta vasoconstritora

O sinal primário responsável pela ativação das proteínas contráteis do

músculo liso é o aumento da concentração intracelular de cálcio livre [Ca2+]i, que

ocorre tanto por ativação da liberação de cálcio dos depósitos intracelulares quanto

pela entrada de cálcio do espaço extracelular. Entretanto, o cálcio não ativa

diretamente as proteínas contráteis do músculo liso, ele se une a calmodulina

formando um complexo (Ca2+-CaM) que ativa a quinase de cadeia leve da miosina

(MLCK). A MLCK por sua vez catalisa a fosforilação da cadeia leve de miosina

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110

(MLC20), incrementando a atividade da ATPase da miosina, a qual atua com a actina

e produz a contração. A finalização do estímulo contrátil reduz a [Ca2+]i e diminui a

atividade da MLCK e consequentemente a MLC20 é desfosforilada pela ação da

fosfatase de MLC20 (MLCP) (HIRANO, 2007; RATZ, BERG, URBAN & MINER, 2005).

Diversos mecanismos originam o aumento da [Ca2+]i, dentre eles a

ativação de receptores acoplados a proteína G (Gq ou G12/13) que ativam a

fosfolipase C (PLC) gerando 1,4,5-trifosfato de inositol (IP3) e diacilglicerol (DAG),

promovendo a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático e estímulo da proteína

quinase C (PKC), respectivamente. A PKC participa, entre outros processos, na

sensibilização da maquinaria contrátil ao cálcio. Outros mecanismos que podem levar

ao aumento da [Ca2+]i é a ativação de canais de Ca2+ sensível a voltagem que se

ativam por despolarização da membrana e de canais de Ca2+ acoplado a receptores

(RATZ et al., 2005).

Neste estudo a capacidade contrátil dos segmentos arteriais foi

primeiramente comprovada pela resposta de contração independente de receptor,

induzida por alta concentração de potássio na solução de Krebs (K+KHS 120 mM).

Basicamente, as contrações induzidas por KCl causam uma despolarização da

membrana, promovendo a entrada de Ca2+ através de canais de Ca2+ operados por

voltagem, ativação da MLCK e aumento na fosforilação de MLC. Outros mecanismos

também participam na contração induzida por despolarização da membrana como,

por exemplo, a sensibilização da maquinaria contrátil ao Ca2+ através de ativação da

Rho quinase (RATZ et al., 2005). Nossos resultados demonstram que em artérias

coronárias a resposta contrátil induzida por K+KHS foi menor no grupo hipertenso em

relação ao grupo normotenso, sendo que o treinamento físico parece não reverter

esta situação. Este resultado parece surpreendente uma vez que na presença de

hipertensão arterial o músculo liso vascular parece estar mais sensível ao Ca2+

(UEHATA, ISHIZAKI, SATOH, ONO, KAWAHARA, MORISHITA, TAMAKAWA,

YAMAGAMI, INUI, MAEKAWA & NARUMIYA, 1997). Apesar disso, estudos

publicados na literatura demonstram divergências nas respostas de contração

induzidas por K+ em artérias coronárias, parecendo depender do modelo estudado.

De acordo com os resultados obtidos neste estudo, outros investigadores

demonstraram que a resposta a K+ é menor em artérias coronárias de SHR do que

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em WKY (VÁZQUEZ-PÉREZ, NAVARRO-CID, LAS HERAS, CEDIEL, SANZ-ROSA,

RUILOPE, CACHOFEIRO & LAHERA, 2001). Entretanto, diferentemente dos dados

reportados anteriormente, em ratos transgênicos que carregam o gene Ren-2,

desenvolvendo hipertensão, a resposta de contração a 100 mM de KCl não foi

afetada em animais de 6 ou 12 semanas de idade (TSCHUDI, NOLL, ARNET,

NOVOSEL, GANTEN & LUSCHER, 1994b), e em artérias coronárias de cobaias

machos a resposta de contração induzida por KCl foi aumentada tanto por uma dieta

rica em gordura, quanto em artérias coronárias colaterais a uma oclusão crônica da

artéria circunflexa esquerda (HEAPS, PARKER, STUREK & BOWLES, 2004;

THOMPSON et al., 2004). O treinamento físico não foi capaz de alterar a aumentada

resposta contrátil ao KCl observada em artérias coronárias de cobaias com dieta rica

em gordura (THOMPSON et al., 2004).

Uma possibilidade para explicar a menor resposta contrátil induzida por

K+KHS nas artérias coronárias dos ratos hipertensos seria a participação de canais

de K+, como por exemplo, os canais de K+ sensíveis ao Ca2+ de grande condutância

(BKCa). Estes canais são ativados pelo Ca2+ intracelular e pela despolarização da

membrana e existem fortes evidências que indicam um aumento no papel funcional

destes canais durante a hipertensão crônica, sugerindo um mecanismo protetor

contra o aumento progressivo da pressão arterial, podendo fornecer um mecanismo

de feedback negativo que restringe o aumento do tônus vascular, limitando a

vasoconstrição e preservando o fluxo sanguíneo local (SOBEY, 2001). Este

fenômeno ocorre similarmente em diversos leitos vasculares, incluindo aorta, artéria

carótida, mesentérica, femoral e cerebral (SOBEY, 2001). O tônus da artéria

coronária é fortemente dependente da atividade dos BKCa e um recente trabalho

publicado na literatura demonstrou que em animais com hipertensão arterial induzida

por ouabaína a atividade dos BKCa está aumentada em artérias coronárias

(BRIONES, PADILHA, COGOLLUDO, ALONSO, VASSALLO, PÉREZ-VIZCAINO &

SALAICES, 2009a). Experimentos adicionais seriam necessários para confirmar se a

redução na resposta contrátil induzida pelo K+ ocorreu por menor sensibilização do

músculo liso ao Ca2+ e se existe a participação de canais de K+, incluindo os BKCa, e

de outros mecanismos envolvidos nesta resposta.

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Diferentemente do observado em artérias coronárias a resposta máxima

induzida por K+KHS em artérias mesentéricas de resistência foi similar entre os ratos

do grupo normotenso e hipertenso, sendo que o treinamento físico também não

modificou esta resposta, indicando igual capacidade de contração do vaso entre os

grupos. Resultado similar foi observado em artérias mesentéricas de ratos SHR com

a mesma idade que os animais deste projeto (6 meses) (GARCÍA-REDONDO et al.,

2009).

A hipertensão arterial está associada com aumento do tônus simpático e

modificações nas respostas vasculares a diferentes agonistas de receptores. Neste

estudo, a resposta vasoconstritora dependente de receptor foi avaliada em artérias

coronárias através da curva concentração resposta a serotonina, ou 5-

hidroxitriptamina (5-HT) e em artérias mesentéricas de resistência através da curva

concentração-resposta ao agonista α-adenérgico fenilefrina. A estimulação tanto de

receptores serotonérgicos como de receptores α-adrenérgicos, aumentam a [Ca2+]i

através de pelo menos dois diferentes mecanismos, o acoplamento específico a

proteína G na membrana celular e abertura de canais de Ca2+ e liberação de cálcio

do retículo sarcoplásmico, os quais resultam na contração vascular (SALVI, 1999;

WATTS, 2005).

A serotonina é um neurotransmissor que parece ter diversas funções no

sistema nervoso central, respiratório, gastrointestinal, imunológico, cardiovascular,

entre outros. Os efeitos da serotonina são mediados pela interação com uma família

de receptores 5-HT (5-HT1-5-HT7) acoplados a proteína G, com exceção do receptor

5-HT3, e seus diversos efetores como os canais de Ca2+, K+, adenilato ciclase,

fosfolipase C e proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK) (VILLALÓN &

CENTURIÓN, 2007; WATTS, 2005). Estudos observando, in situ ou in vitro, a

resposta de contração induzida pela serotonina em diversos leitos arteriais de

modelos experimentais de animais hipertensos demonstraram que existe uma maior

sensibilidade arterial ao fármaco nestes modelos, provavelmente mediada pelo

receptor 5-HT2 (WATTS, 2005). Neste trabalho as contrações induzidas por dose

crescente de serotonina foram menores em coronárias de SHR e SHR treinados

comparadas aos ratos WKY quando os resultados foram expressos como tensão

ativa da parede (mN/ mm), mas foram maiores quando expressos como porcentagem

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da sua respectiva contração ao K+KHS (120mM). O fato de observarmos uma

redução na resposta de contração aos agonistas dependente (5-HT) e independente

(K+KHS) de receptor sugere que a maquinaria contrátil está prejudicada na

hipertensão, entretanto a resposta ao agonista dependente de receptor parece ativar

mais esta maquinaria, sugerindo maior afinidade e/ou maior número de receptores de

serotonina. Resultados similares foram demonstrados em artérias coronárias de SHR

machos com 28 semanas de idade (VÁZQUEZ-PÉREZ et al., 2001).

A aumentada resposta vasoconstritora a diferentes agonistas é uma

característica constantemente associada com a hipertensão arterial, tanto em aorta,

quanto em artérias mesentéricas de resistência (ALVARÉZ et al., 2005, 2007;

GARCÍA-REDONDO et al., 2009). De fato, neste estudo observamos, que em artéria

mesentérica de resistência, a resposta máxima de contração a fenilefrina foi

aumentada no grupo de animais hipertensos em relação aos normotensos, entretanto

o treinamento físico não foi capaz de modificar esta resposta. Este aumento não

ocorreu em função de uma maior capacidade contrátil geral do vaso, uma vez que as

respostas induzidas por altas concentrações de K+ não foram afetadas pela

hipertensão neste vaso. Portanto, a maior resposta à fenilefrina das artérias de ratos

hipertensos se deve a um aumento no número de receptores ou a alterações nos

mecanismos de sinalização intracelular que participam na resposta contrátil. Neste

sentido já foi demonstrado que prostanóides contráteis produzidos pela COX-2

participam na modulação do tônus vascular em resposta à fenilefrina e em maior

medida nos vasos de animais hipertensos do que normotensos (ALVARÉZ et al.,

2005).

O papel do treinamento físico na resposta de contração a agonistas α-

adrenérgicos em aorta e artérias mesentéricas vem sendo investigado, entretanto os

resultados ainda parecem bastante controversos na literatura, sendo que tanto a

redução (CHEN & CHIANG, 1996; YEN et al., 1995), quanto a não alteração da

resposta (HAGG et al., 2004) já foi observada em ratos hipertensos e normotensos.

Alguns estudos demonstraram que tanto uma sessão aguda de exercício físico,

quanto o efeito do treinamento físico poderiam estar reduzindo a resposta

adrenérgica de contração em aorta por aumentar a disponibilidade vascular de NO

(BECHARA, TANAKA, SANTOS, JORDÃO, SOUZA, BARTHOLOMEU & RAMIRES,

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2008; CHEN & CHIANG, 1996). Neste estudo, observamos que a disponibilidade de

NO foi aumentada em artérias mesentéricas de resistência de ratos hipertensos

submetidos ao treinamento físico aeróbio, entretanto este aumento não parece

influenciar na resposta contrátil induzida por fenilefrina nestas artérias, uma vez que

o treinamento físico não modificou a resposta observada com a hipertensão.

Portanto, mesmo com a maior presença de NO, outros mecanismos atuam nesta

resposta se sobrepondo a este aumento, e embora de grande interesse, este estudo

não avaliou os mecanismos pelos quais a hipertensão arterial induziu estas

respostas.

Os prostanóides derivados do ácido araquidônico assumem um papel

importante na regulação local do tônus vascular tanto em situações fisiológicas

quanto em estados patológicos, e evidências indicam que o TxA2 participa tanto no

desenvolvimento, quanto na manutenção da hipertensão arterial. A inibição da

tromboxano sintase reduz a pressão arterial e retarda ou previne o desenvolvimento

da hipertensão arterial no modelo SHR (SELLERS & STALLONE, 2008).

Basicamente, os efeitos agudos e crônicos do TxA2 são mediados por receptores TP

que estão acoplados a proteína Gq em células do músculo liso vascular, que ativam

a PLC e, portanto, aumentam a [Ca2+]i e promovem a contração, entre outros efeitos.

Além disso, a ativação do receptor TP via proteína G12/13 promove a ativação de Rho

quinase, a qual fosforila e inibe a MLCP, sensibilizando a maquinaria contrátil ao

Ca2+ (MCKENZIE, MACDONALD & SHAW, 2009; SELLERS & STALLONE, 2008).

Portanto, baseado na contribuição do TxA2 para a hipertensão arterial, este estudo

avaliou o efeito desta patologia e do treinamento físico na resposta contrátil induzida

por U46619, um análogo do TxA2, em artérias coronárias e artérias mesentéricas de

resistência.

Em artérias coronárias as contrações induzidas por dose crescente de

U46619 foram menores em coronárias de SHR e SHR treinados comparadas aos

ratos WKY quando os resultados foram expressos como tensão ativa da parede (mN/

mm), entretanto não foram modificadas quando expressamos os resultados como

porcentagem da sua respectiva contração ao K+KHS. Estes resultados novamente

sugerem que em artérias coronárias a maquinaria contrátil está prejudicada na

hipertensão, assim como já discutimos anteriormente na resposta de contração a

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serotonina. Entretanto, o fato do U46619 não promover maior resposta do que a

observada nas respectivas contrações induzidas por K+KHS indica que as vias de

ativação dependente e independente de receptor levam a contração de maneira

similar e que a hipertensão arterial não deve estar alterando a afinidade e/ou número

de receptores TP em artérias coronárias. Neste trabalho o treinamento físico não

alterou a resposta vasoconstritora ao U46619 observada em artérias coronárias de

animais hipertensos, entretanto outro estudo demonstrou que em artérias coronárias

de resistência (2° ou 3° ramo da artéria coronária esquerda) o treinamento físico foi

capaz de diminuir esta resposta vasoconstritora em condições de isquemia do

miocárdio (SYMONS, RENDIG, STEBBINS & LONGHURST, 2000), no entanto sem

definir qual o mecanismo que poderia estar participando desta resposta. Estas

divergências podem ser resultado da diferença no modelo experimental e no leito

arterial.

Em contraste ao observado em coronárias, as artérias mesentéricas de

resistência do grupo hipertenso apresentaram maior resposta de contração ao

U46619 em comparação ao grupo normotenso. De acordo com este resultado,

estúdios prévios realizados em aorta e artérias mesentéricas de resistência

descreveram que a sensibilidade ao U46619 estava aumentada em ratos SHR

(AUCH-SCHWELK, KATUSIC & VANHOUTTE, 1990; BELTRÁN, ALVAREZ,

XAVIER, HERNANZ, RODRIGUEZ, NÚÑEZ, ALONSO & SALAICES, 2004),

entretanto em artérias mesentéricas pré contraídas com fenilefrina esta alteração não

foi observada, apesar da participação do TxA2 na maior contração induzida por H2O2

nestas artérias (GARCÍA-REDONDO et al., 2009). Alguns poucos estudos que

demonstraram o efeito da contração induzida por um análogo do TxA2 avaliaram os

mecanismos pelo qual esta contração pode estar ocorrendo e de fato o U46619 atua

através de receptores TP, uma vez que a utilização de um inibidor deste receptor

impede completamente a resposta vasoconstritora em aorta de animais SHR (TANG,

JENSEN, SKOTT, LEUNG, FELETOU, MAN & VANHOUTTE, 2008). No leito arterial

mesentérico de ratos normotensos a contração induzida por U46619 foi reduzida pelo

uso de inibidores não seletivos e seletivos da COX-1 e por inibição da PLA2,

comprovando o envolvimento da COX e do ácido araquidônico nesta resposta, sendo

que dentre os derivados da COX que poderiam estar participando nesta resposta, a

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PGE2 parece estar envolvida na contração dependente de ativação do receptor TP

(BOLLA, YOU, LOUFRANI, LEVY, LEVY-TOLEDANO, HABIB & HENRION, 2004).

Neste estudo a via da COX não foi completamente investigada, entretanto dados

preliminares (não demonstrados) também indicam que em animais hipertensos esta

via participa na resposta induzida por U46619, uma vez que a pré-incubação das

artérias com indometacina (inibidor não-seletivo da COX) diminuiu a resposta de

contração nestas artérias.

As ERO estão amplamente implicadas no desenvolvimento de doenças

cardiovasculares, incluindo a hipertensão arterial (PARAVICINI & TOUYZ, 2008;

TOUYZ, 2004), por isso neste estudo avaliamos se a maior quantidade de O2.

observada nas artérias mesentéricas de ratos hipertensos também poderia contribuir

para aumentada resposta de contração ao U46619 observada neste modelo. De fato,

a pré-incubação das artérias com apocinina (inibidor da enzima NADPH oxidase)

reduziu a resposta contrátil unicamente no grupo SHR, sugerindo a participação do

O2.. As ERO podem estimular a COX-1 do músculo liso vascular a produzir

prostanóides que por sua vez ativam receptores TP (TANG & VANHOUTTE, 2009),

além disso, podem diminuir a disponibilidade do NO, modulando de maneira indireta

o tônus vascular (PARAVICINI & TOUYZ, 2008). Para confirmar esta hipótese em

nosso modelo experimental estudamos o efeito do L-NAME (inibidor da óxido nítrico

sintase) sobre a resposta vasoconstritora a U46619. A contração induzida por

U46619 foi aumentada nas artérias mesentéricas de ratos normotensos e

hipertensos pré-incubadas com L-NAME, evidenciando que existe uma modulação

do NO nesta resposta. Entretanto, a modulação do NO na resposta vasoconstritora

ao U46619 foi similar entre o grupo normotenso e hipertenso. Estes resultados

sugerem que provavelmente a maior quantidade de O2. presente nestas artérias está

reduzindo a disponibilidade do NO e impedindo que o mesmo module de maneira

mais eficiente a contração ao fármaco, permitindo portando a maior resposta contrátil

observada neste modelo.

O treinamento físico interessantemente reverteu a aumentada resposta

vasoconstritora ao U46619 induzida pela hipertensão arterial. O efeito do treinamento

físico em diminuir a resposta vasoconstritora a alguns agonistas já foi demonstrada

por outros autores e discutida anteriormente (CHEN & CHIANG, 1996; THIJSSEN,

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RONGEN, SMITS& HOPMAN, 2008; YEN et al., 1995). Entretanto o papel do

treinamento físico na resposta de contrátil aos prostanóides tais como, TxA2 e PGH2,

são relativamente inexplorados principalmente no que se refere ao efeito sobre a

hipertensão arterial. O mecanismo implicado na diminuição da resposta

vasoconstritora ao U46619 nas artérias de animais hipertensos submetidos ao

treinamento físico pode estar relacionado com a diminuição nos níveis de O2. e com o

aumento nos níveis de NO que se observam nestas artérias em resposta ao

treinamento. De fato, nas artérias mesentéricas de ratos SHR treinados a resposta

ao U46619 não foi alterada pela pré-incubação com apocinina em comparação com e

efeito inibidor observado nos animais hipertensos que não foram submetidos ao

treinamento físico. Por outra parte, o L-NAME aumentou a resposta máxima de

maneira mais proeminente do que a observada no grupo hipertenso sedentário.

Portanto, a redução nos níveis de O2. e o aumento na biodisponibilidade de NO

contribuíram positivamente para a menor resposta vasoconstritora ao análogo do

TxA2 em artérias mesentéricas de animais hipertensos submetidos ao treinamento

físico aeróbio. Em uma seção posterior da discussão o papel do NO e do O2. serão

aprofundados no que se refere ao treinamento físico.

6.3.2 Resposta vasodilatadora

A vasodilatação dependente do endotélio é considerada um marcador

valioso de diversas funções importantes do endotélio. A observação de Robert

Furchgott demonstrando que a remoção da camada endotelial de artérias isoladas

impede a resposta dilatadora in vitro à acetilcolina (FURCHGOTT & ZAWADZKI,

1980) modificou a visão sobre o controle local do tônus vasomotor. As células

endoteliais produzem o relaxamento através da liberação de substâncias vasoativas

nomeadas EDRF. O NO é considerado um dos principais fatores de relaxamento

derivado do endotélio, entretanto outros fatores, como a prostaciclina e o EDHF,

também contribuem para o relaxamento da musculatura lisa vascular, sendo que em

artérias de resistência o EDHF contribui de maneira importante para o relaxamento

do vaso. Particularmente, em artérias de resistência tais como mesentéricas e

coronárias, pode-se observar prejuízo do relaxamento induzidos pela hipertensão

(TREASURE et al., 1993; WATT & THURSTON, 1989). Adicionalmente, as células

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endoteliais podem produzir diversos fatores contráteis, incluindo prostanóides

derivados da cicloxigenase, ERO, angiotensina II, endotelina-1 entre outros, que na

presença de patologias como a hipertensão arterial pode ter a sua produção

aumentada e assim colaborar para a oposição do efeito vasodilatador dos fatores de

relaxamento derivados do endotélio, exacerbando a disfunção endotelial (TANG &

VANHOUTTE, 2010; VANHOUTTE et al., 2009).

A disfunção endotelial se tornou um preditor de doenças cardiovasculares,

sendo considerada uma característica comum da hipertensão (VANHOUTTE et al.,

2009). Os mecanismos implicados na disfunção endotelial encontrada na hipertensão

são multifatoriais e resultam de um desequilíbrio entre os fatores que levam ao

relaxamento e a contração do leito vascular, podendo variar de acordo com o tipo e

duração da hipertensão desenvolvida e com o leito vascular estudado (CARVALHO

et al., 2001; TANG & VANHOUTTE, 2010), sendo que a função arterial anormal na

hipertensão pode aumentar a resistência vascular periférica. A disfunção endotelial

pode promover diversas complicações na hipertensão porque o endotélio não regula

somente o tônus e a estrutura vascular, mas também exerce efeitos antiinflamatórios

e antitrombóticos, ao menos em parte mediado pelo NO derivado do endotélio

(LANDMESSER & DREXLER, 2007). O relaxamento dependente do endotélio é

geralmente avaliado pela resposta induzida por acetilcolina, devido a poucos vasos

sanguíneos apresentarem terminações nervosas colinérgicas, principal fonte de

acetilcolina, e quando presentes estão localizados na adventícia tornando o acesso

para a célula endotelial improvável (VANHOUTTE et al., 2009). Neste estudo,

avaliamos o efeito da hipertensão arterial e do treinamento físico no relaxamento

dependente e independente do endotélio em artérias coronárias e mesentéricas de

resistência através da resposta dilatadora induzida por acetilcolina (indutora da

produção de óxido nítrico) e por DEA-NO (um doador de óxido nítrico),

respectivamente.

Estudos utilizando artérias e arteríolas coronárias vêm demonstrando que

a função vasodilatadora dependente do endotélio está prejudicada em animais

hipertensos. De fato, neste estudo, o relaxamento dependente do endotélio das

artérias coronárias isoladas do grupo hipertenso foi prejudicado em comparação ao

grupo normotenso como demonstrado através da resposta dilatadora induzida por

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acetilcolina no leito arterial pré-contraído com serotonina. Entretanto, a resposta de

relaxamento independente do endotélio nestas artérias foi similar entre os dois

grupos. Estes resultados estão de acordo com dados publicados na literatura que

demonstram prejuízo da dilatação coronária dependente de endotélio tanto em

humanos (BRUSH, FAXON, SALMON, JACOBS, RYAN, 1992; TREASURE,

MANOUKIAN, KLEIN, VITA, NABEL, RENWICK, SELWYN, ALEXANDER & GANZ,

1992), quanto em modelos animais de hipertensão (CRABOS, COSTE, PACCALIN,

TARIOSSE, DARET, BESSE & BONORON-ADÈLE, 1997; MILLETTE, CHAMPLAIN

& LAMONTAGNE, 2000; POURAGEAUD & FRESLON, 1995a; VAZQUEZ-PÉREZ et

al., 2001). Embora muitos estudos demonstrem o prejuízo nesta vasodilatação,

existem controvérsias na literatura (BUND, 1998; FUCHS, NUNO, LAMPING &

JOHNSON, 1996; TSCHUDI, CRISCIONE, NOVOSEL, PFEIFFER & LUSCHER,

1994a) e em animais de experimentação os diferentes protocolos utilizados, assim

como o tipo de vaso (resistência ou condutância) e a idade dos animais durante a

realização do protocolo podem causar respostas divergentes.

A reduzida disponibilidade de NO e o aumento do estresse oxidativo

parecem ser dois fatores de grande contribuição para o prejuízo no relaxamento

dependente de endotélio observado com a hipertensão (LEVY, CHUNG, KROETSCH

& RUSH, 2009). Uma vez que neste estudo observamos a presença de disfunção

endotelial nas coronárias de ratos hipertensos, estudamos se o NO e o O2. poderiam

influenciar nesta resposta. Para isso, as artérias coronárias foram pré-incubadas

durante 30 minutos com L-NAME (inibidor inespecífico da síntese de óxido nítrico) ou

apocinina (inibidor da enzima NADPH oxidase) e em seguida as artérias foram pré-

contraídas com serotonina e o relaxamento dependente de endotélio foi induzido por

acetilcolina. A presença de L-NAME impediu por completo o relaxamento das artérias

coronárias de ratos normotensos, inclusive demonstrando uma resposta contrátil, e

em ratos hipertensos o L-NAME reduz a resposta vasodilatadora, com tendência à

contração somente em concentração mais alta. Estes resultados demonstram que o

NO modula a resposta de relaxamento dependente de endotélio nestas artérias. De

fato estudos vêm demonstrando que a ausência de NO parece diminuir ou impedir

que o relaxamento dependente de endotélio ocorra em artérias coronárias

(POURAGEAUD & FRESLON, 1995b; VAZQUEZ-PÉREZ et al., 2001). Um

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interessante estudo demonstrou que o relaxamento de artérias coronárias ocorre

principalmente via NO e EDHF, sendo que o EDHF parece ter um papel mais

importante no relaxamento de artérias de ratos hipertensos. Além disso, este estudo

também suporta a existência de um derivado da via do ácido araquidônico com

atividade contrátil, que poderia contrapor as ações de relaxamento do NO e do EDHF

(VAZQUEZ-PÉREZ et al., 2001).

A aumentada produção de ERO na hipertensão está diretamente

associada com o prejuízo da resposta vasodilatadora dependente de endotélio.

Neste estudo, a pré-incubação da artéria coronária com apocinina não modifica a

resposta vasodilatadora em ratos normotensos, mas melhora a resposta nos animais

hipertensos. Estes resultados indicam que a presença de O2. está prejudicando o

relaxamento dependente de endotélio, provavelmente por reduzir a disponibilidade

de NO nas artérias coronárias. Adicionalmente, a maior produção de ERO está

associada com um aumento na produção de ONOO. no coração e em vasos

sanguíneos coronários (LU, XU, HU, ZHU, ZHANG, DEEL, FRENCH, FASSETT,

OURY, BACHE & CHEN, 2008; ZHU, DAGHINI, CHADE, RODRIGUEZ-PORCEL,

NAPOLI, LERMAN & LERMAN, 2006), principalmente porque a reação do NO com o

O2. é mais rápida que a reação do O2

. com a SOD. O próprio ONOO. tem um impacto

em diversos caminhos de vasodilatação, incluindo a redução na síntese de

prostaglandina e inibição de canais de K+, além de prejudicar a produção de NO por

oxidar BH4, um co-fator da NOS, e prejudicar a resposta mediada pela guanilato

ciclase solúvel (LEE & GRIENDLING, 2008).

A atividade física regular reduz o risco de doenças cardiovasculares e

numerosos estudos suportam a hipótese de que o treinamento físico melhora a

função endotelial vascular. Evidências apontam o papel da maior disponibilidade de

NO com o treinamento, como resultado de uma maior síntese e redução do estresse

oxidativo, como o fator que contribui para esta resposta endotelial (BRIONES &

TOUYZ, 2009; FRANCESCOMARINO, SCIARTILLI, VALERIO, BALDASSARRE &

GALLINA, 2009; GOMEZ-CABRERA, DOMENECH & VIÑA, 2008; RUSH, DENNISS

& GRAHAM, 2005). Portanto, neste estudo avaliamos o papel do treinamento físico

aeróbio na resposta vasodilatadora de artérias coronárias de ratos hipertensos e

observamos que a prática regular de exercício físico em ratos hipertensos melhorou

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a resposta vasodilatadora dependente de endotélio destas artérias, sem alterar a

resposta independente do endotélio. Estudos vêm demonstrando o efeito do

treinamento físico em aumentar a resposta vasodilatadora de artérias coronárias de

animais saudáveis (LAUGHLIN et al., 2003; MULLER, MYERS & LAUGHLIN, 1994),

além de melhorar a capacidade vasodilatadora de artérias coronárias de indivíduos

saudáveis com hipertrofia cardíaca induzida pelo treinamento físico (KOZAKOVA,

GALETTA, GREGORINI, BIGALLI, FRANZONI, GIUSTI & PALOMBO, 2000). Em

situações patológicas o treinamento físico tem sido eficaz em melhorar a

vasodilatação coronária de pacientes com doença arterial coronariana

(HAMBRECHT et al., 2000; HAMBRECHT, ADAMS, ERBS, LINKE, KRANKEL, SHU,

BAITHER, GIELEN, THIELE, GUMMERT, MOHR & SCHULER, 2003) e de animais

com hipercolesterolemia (THOMPSON et al., 2004). Entretanto, este é o primeiro

estudo que demonstrou o efeito do treinamento físico na vasodilatação dependente

do endotélio de artérias coronárias de ratos hipertensos.

Em adição ao resultado encontrado, verificamos também que o NO modula

a resposta vasodilatadora nestas artérias de maneira similar a observada nas artérias

de ratos normotensos, uma vez que a pré-incubação com L-NAME impediu

completamente a vasodilatação e ainda promoveu uma pequena resposta

vasoconstritora. Provavelmente a disponibilidade de NO está aumentada como efeito

do treinamento físico, provavelmente por uma redução no O2.. Esta hipótese pode ser

comprovada pelo fato de que em ratos hipertensos a pré-incubação com apocinina

melhorou a vasodilatação das artérias coronárias e nos ratos submetidos ao

treinamento físico a apocinina não modificou esta resposta. Entretanto, apesar do

treinamento físico melhorar a resposta vasodilatadora máxima das artérias

coronárias, o mesmo não foi capaz de normalizar por completo a sensibilidade das

artérias à acetilcolina. Uma probabilidade para este resultado seria a participação de

outros mecanismos modulando a resposta vasodilatadora de artérias coronárias,

como o EDHF e a produção de derivados da via do ácido araquidônico, porém

experimentos adicionais seriam necessários para comprovar esta hipótese.

Além das artérias coronárias, neste estudo também avaliamos o

relaxamento dependente e independente do endotélio em artérias mesentéricas de

resistência. O relaxamento independente do endotélio não foi modificado em nenhum

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dos grupos experimentais, indicando que a capacidade de relaxamento do músculo

liso é similar entre os grupos. O protocolo inicial utilizado para avaliar o relaxamento

dependente de endotélio constava de uma pré-contração das artérias com fenilefrina

e observação do relaxamento induzido por uma curva concentração-resposta à

acetilcolina. Os resultados obtidos com este protocolo demonstraram que as artérias

mesentéricas dos ratos hipertensos apresentavam uma resposta bifásica à

acetilcolina, ou seja, inicialmente observou-se um relaxamento, seguido por uma

resposta de contração que não ocorria nas artérias do grupo de ratos normotensos.

Esta resposta ilustra a presença de disfunção endotelial que está associada com

uma contração dependente do endotélio em resposta à acetilcolina. O treinamento

físico realizado nos animais hipertensos reduziu a resposta de contração induzida

pela acetilcolina, o que sugere uma melhora da função endotelial nestas artérias.

Apesar de pouco estudado, o efeito benéfico do treinamento físico nestas artérias já

foi demonstrado na literatura em ratos WKY normotensos (CHEN, WU & YEN, 2001),

em SHR (HAGG et al., 2004; YEN et al., 1995) e em ratos obesos com hipertensão

moderada (Zucker) (ARVOLA, WU, KAHONEN, MAKYNEN, RIUTTA, MUCHA,

SOLAKIVI, KAINULAINEN & PORSTI, 1999), sendo que estes estudos associam

esta melhora a alterações na produção de NO e do EDHF.

Os mecanismos pelos quais a acetilcolina induz a resposta contrátil já

estão bastante elucidados em aorta, onde o relaxamento está prejudicado

principalmente devido à produção de EDCF que se opõem ao relaxamento induzido

pelo NO (FÉLÉTOU, HUANG & VANHOUTTE, 2010; LUSCHER & VANHOUTTE,

1986; YANG, FÉLÉTOU, LEVENS, ZHANG & VANHOUTTE, 2003). Basicamente a

resposta de contração induzida pela acetilcolina em aorta de ratos hipertensos ocorre

pela alteração de quatro fatores: 1) concentração de Ca2+ nas células endoteliais, 2)

enzima COX, 3) espécies reativas de oxigênio e 4) receptores TP. Desta forma,

inicialmente a acetilcolina promove um aumento de Ca2+ nas células endoteliais que

ocorre de maneira mais rápida em SHR do que em ratos WKY. Por um lado o

aumento na concentração de Ca2+ leva a produção de NO, mas por outro ocorre a

ativação da PLA2 que catalisa a hidrólise de fosfolipídios da membrana liberando o

ácido araquidônico, o qual será oxidado por enzimas como a COX formando assim

os prostanóides vasoconstritores que vão atuar no receptor TP. Na hipertensão

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arterial observa-se a maior expressão endotelial de COX, que além de aumentar a

produção de prostanóides também induz a geração de ERO. Por fim, as ERO podem

induzir a liberação de Ca2+ do retículo endoplasmático, ativar a COX, além de induzir

alterações nos receptores TP em células endoteliais e do músculo liso, o que

associado com a modificação da resposta do receptor IP na hipertensão arterial

colaboram para a resposta contrátil observada com acetilcolina (FÉLÉTOU, HUANG

& VANHOUTTE, 2010; SELLERS & STALLONE, 2008).

Apesar deste mecanismo de contração induzido pela acetilcolina já estar

bem descrito em aorta, estudos ainda são necessários para comprovar se estes

também são os mecanismos envolvidos na contração de artérias mesentéricas de

resistência de ratos hipertensos. Um estudo que demonstrou o mesmo

comportamento da resposta bifásica da acetilcolina em artérias mesentéricas de

resistência de ratos hipertensos comprovou que esta contração ocorria devido à

produção de EDCF, uma vez que a pré-incubação destas artérias com indometacina

(inibidor inespecífico da COX) inibiu esta resposta (LUSCHER, AARHUS &

VANHOUTTE, 1990). Neste estudo, a resposta de contração certamente ocorreu por

ativação de receptores TP, uma vez que esta resposta contrátil não foi observada em

nenhum dos três grupos analisados quando realizamos a curva de concentração-

resposta à acetilcolina em artérias pré-contraídas com U46619, indicando que o

análogo do tromboxano ao se ligar ao receptor TP impediu a provável continuação da

cascata de fatores que ocorrem em resposta à acetilcolina nas artérias dos ratos

hipertensos. A ação do U46619 mediada por estes receptores já foi confirmada

através da utilização de um antagonista do receptor TP que impediu completamente

a resposta vasoconstritora ao análogo do tromboxano (TANG et al., 2008). Com os

resultados obtidos neste trabalho e no estudo anteriormente citado, podemos afirmar

que o principal fator colaborador da disfunção endotelial nestas artérias é um EDCF,

uma vez que demonstramos que ao impedir a sua ação permitimos que as artérias

relaxassem de maneira similar entre os grupos.

Baseado nos mecanismos descritos em aorta e nas artérias mesentéricas

de resistência para que ocorra a contração em aorta de ratos hipertensos e nos

resultados obtidos neste estudo, podemos sugerir que parte da menor resposta

vasoconstritora observada no grupo de ratos hipertensos submetidos ao treinamento

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físico poderia ocorrer devido a uma menor quantidade de O2. encontrado nestas

artérias, podendo disponibilizar mais NO e ativar menos a enzima COX, a qual por

sua vez produziria menos prostanóides contráteis. Entretanto o mesmo não foi capaz

de reverter por completo esta alteração, indicando que ainda permanece a presença

de fatores que colaboram para esta contração em artérias mesentéricas de

resistência e estudos adicionais serão necessários para responder esta questão.

6.4 Efeito da hipertensão arterial e do treinamento físico sobre a síntese

e disponibilidade do óxido nítrico em artérias mesentéricas de resistência:

papel do ânion superóxido

A liberação de NO pelo endotélio tem um importante papel na manutenção

do tônus basal de artérias de resistência e, portanto na regulação da pressão arterial

e distribuição do fluxo sanguíneo, contribuindo de maneira importante para as

propriedades vasodilatadoras do endotélio e modulando as respostas contráteis

vasculares. A disfunção endotelial refere-se a redução nas propriedades vasoativas,

anti-inflamatórias, anti-aterogênicas e anti-coagulantes derivadas do endotélio, sendo

principalmente detectada por uma perda na biodisponibilidade de NO,

constantemente observada na hipertensão arterial (GKALIAGKOUSI et al., 2009).

O estresse oxidativo, definido como o aumento na produção de oxidantes e

uma redução na capacidade do sistema antioxidante, tem sido identificado como um

denominador comum no desenvolvimento de diversas doenças cardiovasculares,

incluindo a hipertensão arterial. Dentre as espécies reativas de oxigênio o O2. é um

dos principais radicais produzidos, e na hipertensão a reduzida disponibilidade de NO

pode ocorrer devido a maior presença deste radical. As ERO são produzidas em

todas as camadas da parede vascular e por todos os tipos celulares vascular, e em

especial o O2. pode ser sintetizado por diversas enzimas, incluindo a NADPH e a

xantina oxidase, a COX, o desacoplamento da NOS, entre outras. A produção de

oxidantes é balanceada pela produção de antioxidantes, que podem ser definidos

como substâncias que reduzem a severidade do estresse oxidativo. Dentre as

enzimas antioxidantes se incluem a SOD, catalase e a glutationa peroxidase

(BRIONES & TOUYZ, 2010; FINAUD, LAC & FILAIRE, 2006; PARAVICINI & TOUYZ,

2008; VANHOUTTE et al., 2009).

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Para comprovarmos o envolvimento do NO nas respostas funcionais

observadas durante este estudo, investigamos a síntese e a disponibilidade do NO

em artérias mesentéricas de resistência de ratos hipertensos e submetidos ao

treinamento físico aeróbio avaliando a expressão protéica da enzima NOS endotelial

nas artérias e a quantidade de NO presente no plasma e nas artérias,

respectivamente. Nos experimentos funcionais comprovamos que a disponibilidade

de NO pode estar comprometida pela presença de O2.. Por isso, adicionalmente,

avaliamos a quantidade deste radical diretamente nas artérias mesentéricas de

resistência, além de verificarmos a expressão protéica de uma das enzimas que

produzem o O2., NADPH oxidase (subunidades NOX-1 e NOX-4) e da enzima

antioxidante SOD (SOD Cu/Zn).

Os resultados obtidos neste estudo demonstraram similar produção de NO

no plasma de ratos hipertensos e normotensos, apesar da menor síntese de NO pela

NOS endotelial, uma vez que a sua expressão foi reduzida nas artérias mesentéricas

de animais hipertensos. Existem evidências que demonstram inclusive maior nível de

nitrito/nitrato plasmático em SHR, o qual ocorre principalmente por um aumento na

expressão da isoforma induzível da NOS (BRIONES, ALONSO, MARÍN, BALFAGÓN

& SALAICES, 2000; VAZIRI, NI & OVEISI, 1998). Este poderia ser um mecanismo de

regulação ativado para compensar o aumento da pressão arterial. Mais importante do

que a síntese de NO, a redução na sua disponibilidade tem sido sugerida como

importante colaborador da disfunção endotelial observada com a hipertensão arterial,

principalmente por aumento do estresse oxidativo (BRIONES & TOUYZ, 2010;

PARAVACINI & TOUYZ, 2008; TANG & VANHOUTTE, 2010; VANHOUTTE et al.,

2009).

De fato, a maior produção de O2. nas artérias mesentéricas de resistência

do grupo SHR observado neste trabalho confirmam os dados demonstrados pela

literatura que apontam o aumento de ERO induzido pela hipertensão. O aumento do

O2. pode ocorrer por maior capacidade das enzimas oxidativas, ou ainda por redução

na capacidade antioxidante. Entretanto, os mecanismos que levaram ao aumento do

O2. nestas artérias não ficaram muito claros no grupo de ratos SHR deste estudo,

uma vez que a expressão protéica da subunidade NOX1 da enzima NADPH oxidase

não foi alterada pela hipertensão, e ao contrário do que se esperava a expressão da

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subunidade NOX4 foi diminuída no grupo hipertenso. A menor expressão desta

enzima pode ser um mecanismo de feedback negativo, tentando compensar um

aumento na sua atividade. Além disso, a produção de O2. pode ocorrer através de

diversas outras enzimas, além da NADPH oxidase, que já foram demonstradas como

vias importantes que contribuem para a produção de O2. na hipertensão arterial,

como a xantina oxidase, a COX e a NOS endotelial desacoplada (BRIONES &

TOUYZ, 2010). Adicionalmente, o aumento nos níveis de O2. poderia ocorrer por uma

redução da atividade e/ou expressão da enzima antioxidante SOD, entretanto neste

estudo apesar de observarmos uma pequena redução na expressão da subunidade

Cu/Zn da SOD, a mesma não foi significante em relação ao grupo normotenso.

Experimentos adicionais seriam necessários para comprovar os mecanismos que

levaram ao aumento de O2. observado nas artérias mesentéricas de resistência do

grupo hipertenso.

A atividade física regular é um importante fator de prevenção e de

tratamento não farmacológico para diversas patologias, principalmente as doenças

cardiovasculares (HIGASHI & YOSHIZUMI, 2004). O tratamento da hipertensão

arterial através da prática regular de atividade física aeróbia já foi comprovada como

eficaz na redução da pressão arterial, auxiliando também no controle de outros

fatores de risco. Os principais fatores que colaboraram para o efeito do treinamento

físico observado na hipertensão arterial parecem atuar melhorando a disfunção

endotelial observada nesta patologia. Dentre as diversas alterações produzidas pelo

efeito do treinamento físico, podemos citar a maior síntese e disponibilidade de NO

como um dos fatores que mais colaboram para a melhora da função endotelial

observada na hipertensão arterial, sendo que a redução no estresse oxidativo

principalmente por aumento do sistema antioxidante participa de maneira importante

na maior disponibilidade de NO observado como efeito do treinamento físico

(GREEN et al., 2004; HAGG et al., 2004; HIGASHI & YOSHIZUMI, 2004).

Neste estudo, a produção de NO avaliada pelos nitritos plasmáticos foi

maior no grupo SHR submetido ao treinamento físico quando comparado aos grupos

hipertenso e normotenso controles. Adicionalmente, a quantidade de NO presente

em artérias mesentéricas de resistência também foi maior no grupo SHR treinado

comparado ao grupo SHR mantido sedentário. Através dos resultados obtidos

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podemos concluir que parte das diferenças observadas na produção de NO entre os

grupos SHR controle e treinado ocorreu por um aumento na expressão protéica da

NOS endotelial, sendo que o exercício físico foi capaz de restaurar a redução

observada com a hipertensão. Além da maior produção de NO, os resultados

funcionais deste estudo indicam que no grupo SHR treinado também houve um

aumento na disponibilidade de NO. Estes resultados são apoiados pela menor

produção de O2. observado nas artérias mesentéricas de resistência, a qual parece

haver ocorrido principalmente por um aumento na capacidade antioxidante nas

artérias destes animais, como observado pela maior expressão protéica da enzima

SOD (Cu/Zn).

Diversos estudos vêm tentando explicar o complexo efeito do treinamento

físico sobre o sistema redox. Basicamente, a principal questão a ser respondida é

como o treinamento físico resulta em melhora na função endotelial se ao mesmo

tempo o exercício pode aumentar a produção de ERO? Esta é uma questão

importante, e complexa de responder uma vez que diversas considerações devem

ser levadas em conta, entretanto o mais importante é definir o tipo e intensidade de

exercício que está sendo utilizado durante o protocolo para tentar definir o papel do

exercício físico sobre a sinalização redox (BRIONES & TOUYZ, 2009; FINAUD, LAC

& FILAIRE, 2006; GOMEZ-CABRERA, DOMENECH & VIÑA, 2008; KOJDA &

HAMBRECHT, 2005). Sabemos que a susceptibilidade da célula vascular ao

estresse oxidativo resulta de um balanço entre o grau de estresse oxidativo e a

capacidade de defesa antioxidante, a qual possui mecanismos complexos e

multifatoriais. O sistema de defesa antioxidante, tais como a SOD, glutaiona

peroxidase e catalase, retiram a espécies reativas de oxigênio da vasculatura,

resultando em inibição da degradação de NO. Estudos vêm demonstrando que o

shear stress laminar, aumenta a expressão de SOD (Cu/Zn, Mn) em células

endoteliais (INOUE, RAMASAMY, FUKAI, NEREM, & HARRISON, 1996). O

treinamento físico aeróbio de leve a moderada intensidade, o qual produz um shear

stress laminar, resultou em redução na produção de O2. e ONOO-, assim como no

aumento na expressão da SOD (gp91phox) no ventrículo esquerdo de ratos SHR

(AGARWAL, HAQUE, SRIRAMULA, MARIAPPAN, PARIAUT & FRANCIS, 2009),

redução na peroxidação lipídica cardíaca e aumentada disponibilidade de NO em

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SHR (BERTAGNOLLI et al., 2008), além de reduzir o nível protéico e a atividade

enzimática da SOD (Cu/Zn e Mn) no endotélio vascular de aorta de porcos (RUSH,

TURKEY & LAUGHLIN, 2003). Os resultados deste trabalho em artérias

mesentéricas de resistência corroboram os dados da literatura que avaliaram a

sinalização redox em outras artérias ou tecidos demonstrando que o treinamento

físico aeróbio é capaz de reduzir o estresse oxidativo, o qual parece ocorrer por um

aumento na eficiência do sistema antioxidante. Portanto, a resposta para a pergunta

inicial parece apontar na direção de que a produção de radicais livres durante cada

sessão de exercício físico serve como um importante sinal para estimular a

adaptação do sistema antioxidante, entretanto mais estudos ainda são necessários

para melhor compreensão destes mecanismos, principalmente quando associados a

uma enfermidade cardiovascular como a hipertensão arterial (BRIONES & TOUYZ,

2010; FINAUD, LAC & FILAIRE, 2006; FRANCESCOMARINO et al., 2009).

7 CONCLUSÕES

O treinamento físico aeróbio, realizado em intensidade leve a moderada,

impediu o progressivo aumento da pressão arterial observado no grupo SHR e

promoveu diversas respostas adaptativas que conduziram a melhora das alterações

estruturais, mecânicas e funcionais de artérias coronárias e mesentéricas de

resistência induzidas pela hipertensão arterial.

Em ratos SHR o treinamento físico promoveu as seguintes alterações

estruturais, mecânicas e funcionais:

1. Em artérias coronárias:

Melhora do remodelamento e da rigidez vascular;

Maior capacidade vasodilatadora dependente do endotélio mediada por

maior disponibilidade de NO, provavelmente relacionada com a redução

na participação do O2. nas respostas observadas nestas artérias;

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2. Em artérias mesentéricas de resistência:

Redução na quantidade de colágeno e aumento na área das fenestras

da elastina presente na lâmina elástica interna das artérias, que foram

associadas à melhora na rigidez vascular;

Redução na resposta vasoconstritora mediada por receptor ao análogo

do tromboxano, U46619, devido à maior modulação do NO nestas

artérias;

Melhora da resposta vasodilatadora dependente do endotélio induzida

por acetilcolina, verificada através da redução na resposta contrátil que

a acetilcolina produziu mediada pelo receptor TP nas artérias de SHR;

Aumento na síntese e disponibilidade de NO evidenciada pela maior

expressão protéica da NOS endotelial e pela redução de O2. nestas

artérias;

Menor presença de O2. mediada por aumento na capacidade

antioxidante, evidenciada pela maior expressão protéica da enzima

SOD (Cu/Zn).

Assim, estes resultados, em conjunto, demonstram que o treinamento

físico em ratos hipertensos promoveu alterações estruturais, como o remodelamento

vascular em artérias coronárias e redução de colágeno com aumento na área das

fenestras da elastina em artérias mesentéricas, as quais foram associadas com a

melhora na rigidez vascular. Além disso, o treinamento físico induziu melhora da

função endotelial, principalmente mediada por aumento na disponibilidade de óxido

nítrico ocasionada por redução do estresse oxidativo. Desta forma, podemos concluir

que o treinamento físico pode ser utilizado como tratamento não-farmacológico

revertendo alterações vasculares, as quais podem contribuir para diminuir a

resistência vascular periférica e reduzir a pressão arterial no SHR.

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