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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
0440420 – MAPEAMENTO GEOLÓGICO
RELATÓRIO PARCIAL – ÁREA 7 (MINAS GERAIS)
DISCENTES: MARIA THEREZA AKEMI GUIMARÃES YOGI N°USP: 7179058
NAOMI KIKUCHI BERNSTEIN 7993209
TATIANA AYUMI NUMADA 7579610
DOCENTES: PROF. DRA. ADRIANA ALVES PROF. DR. MARCOS EGYDIO DA SILVA
PROF. DR. MARIO DA COSTA CAMPOS NETO
SÃO PAULO – SP
JULHO - 2015
1
Sumário 1. INTRODUÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ............................................................... 2
2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 3
3. GEOLOGIA REGIONAL ................................................................................................... 3
3.1. Nappe Socorro-Guaxupé ........................................................................................ 4
3.2. Terreno Andrelândia ................................................................................................ 5
3.3. Nappe Lima Duarte .................................................................................................. 5
3.4. Sistema de Nappes Carrancas .............................................................................. 6
4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 6
5. RESULTADOS ................................................................................................................... 8
5.1. Caracterização das unidades identificadas em campo ............................................ 8
5.2. Caracterização petrográfica ........................................................................................ 13
6. DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS .................................................................................. 24
6.1. Deformação .............................................................................................................. 24
6.2. Condições de metamorfismo .............................................................................. 24
7. PRÓXIMAS ETAPAS ...................................................................................................... 25
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 25
9. ANEXOS (DESCRIÇÕES DAS LÂMINAS) ................................................................. 25
2
1. INTRODUÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA
A disciplina de mapeamento geológico tem como objetivo introduzir o
aluno às técnicas de mapeamento, orientando-o na interpretação e produção
de mapas geológicos de terrenos complexos, apresentando rochas de
diferentes tipos deformadas e metamorfisadas. O trabalho final apresentado
pelo aluno é produto de duas etapas de campo: uma primeira etapa de
reconhecimento geral da área de estudo; e uma segunda, visando contemplar
toda a área, levando em conta as interpretações resultantes da primeira etapa,
as quais poderão ser melhor investigadas. Além disso, antes e após cada fase
de campo é realizado um trabalho de escritório no qual são confeccionados
mapas de base para guia em campo (topográfico, de rodovias e estradas
principais, e de imagens de satélite), mapa geológico parcial e final, descrições
petrográficas em microscópio e discussões.
A área de mapeamento localiza-se a 85 km do munícipio de Carrancas -
MG, a sudeste da cidade de Lavras – MG (Figura 1). Mais precisamente entre
as coordenadas UTM 500000 e 506000 na direção leste-oeste e 7638000 e
7634000 na direção norte-sul, perfazendo no total uma área de 36km².
3
Figura 1: Localização da área de mapeamento (delimitada no quadrado no lado esquerdo
superior da imagem).
2. OBJETIVOS
O objetivo da disciplina 0440420 – Mapeamento Geológico é familiarizar
o aluno com as técnicas de mapeamento geológico em terrenos complexos,
com ampla diversidade de rochas submetidas à deformação e metamorfismo. É
considerada uma disciplina de caráter integratório e de extrema importância no
curso de Geologia. Como objetivos específicos, espera-se que o aluno torne-se
capaz de confeccionar mapas em softwares, integrar e interpretar dados de
campo com descrições petrográficas em microscópio, e, além disso, realizar o
mapeamento das unidades litológicas em campo de forma mais abrangente e
efetiva, a fim de se obter um mapa mais detalhado possível.
3. GEOLOGIA REGIONAL
A área de se localiza na borda sul do cráton São Francisco, na região de
contato com o Sistema Orogênico Tocantins Meridional (Figura 2), mais
precisamente com a nappe Carrancas. Este orógeno registra episódios de
4
subducção e colisão neoproterozóicos, do fechamento do paleo-oceano
Goianides, oriundo da quebra do Rodínia. Representa a convergência da placa
Sanfranciscana sob a placa Paranapanema (Marangoni, 1994). A descrição
feita abaixo do Orógeno Tocantins meridional se baseia em Campos Neto et al.
(2004) e Coutinho (2012).
Figura 2: Mapa geológico simplificado do Orógeno Tocantins Meridional, retirado de Campos
et. al. (2004).
3.1. Nappe Socorro-Guaxupé
Corresponde a lasca com cerca de 15 km de idade neoproterozóica,
ambiente de orógeno interno. Organiza-se numa pilha alóctone de três
unidades distintas: Unidade Granulítica Basal, Unidade Diatexítica
Intermediária, Unidade Migmatítica Superior (Campos Neto e Caby, 2000). A
estrutura se fragmenta em dois lobos, Guaxupé ao norte e Socorro ao Sul,
separadas por rampas laterais de alto ângulo. Os granulitos da primeira
apresentam assinatura química cálcio-alcalina e composição intermediária,
com assinatura toleítica nos granulitos máficos. Na unidade intermediária
5
predominam rochas formadas a partir da fusão por quebra da biotita de fontes
metaluminosas e peraluminosas. Os migmatitos da unidade superior possuem
mesossomas com assinaturas químicas e isotópicas de metagrauvacas e de
metapelitos, os primeiros oriundos da denudação de arco magmático
neoproterozóico.
3.2. Terreno Andrelândia
O Terreno Andrelância é um sistema de nappes de alta pressão, estiradas
e transportadas para ENE e NE, sotopostas à Nappe Socorro-Guaxupé. As
nappes superiores são: Três Pontas- Varginha, Pouso Alto e Klippe Carvalhos.
São de alta pressão e temperatura, ocorrem a WSW. Consistem em granulitos
com bandamento composicional herdado de uma estratificação sedimentar. As
nappes inferiores são de alta pressão, são elas Aiuruoca-Andrelândia e Carmo
da Cachoeira. A base destas é composta por quartizitos com intercalações de
micaxistos e quantidades subordinadas de gnaisses calciossilicáticos. Em
escala regional, há o Xisto Santo Antônio (rutilo-granada-biotita plagioclásio
quartzo xisto), com ca. de 750 m, no interior de rutilo-aluminossilicato-granada-
biotita xistos com 2000 m de espessura. No topo há quartzitos impuros e uma
sequencia rítmica xisto-quartzítica. Corpos lenticulares de rochas metabásicas
e calciossilicáticas são comuns nos metapelitos. O Xisto Santo Antônio e os
cianita-granada gnaisses granulíticos apresentam assinatura química de
grauvacas, com área fonte em ambiente de margem ativa.
3.3. Nappe Lima Duarte
Esta nappe é cavalgada a sudeste pela Nappe Aiuruoca-Andrelândia, é o
terreno oriental do sistema orogênico. O limite sul é a Zona de Cisalhamento
Rio Preto. Difere do Terreno Andrelândia no conteúdo litológico, no
metamorfismo e na infraestrutura antiga incorporada. Quartizitos muito grossos
com textura milonítica, em lascas espessas de até 750 metros, com
predominância de ortoquartzitos e restritas formações ferriferas bandadas.
Nesse quartzito há imbricações de sillimanita-granada-biotita gnaisses
6
migmatíticos, com intercalações esparsas de gnaisses calciossilicáticos. O
pacote metassedimentar encontra-se, a sul, descolado sobre extensa unidade
migmatítica (Migmatitos Rio Preto). Não há informações sobre a idade de
deposição.
3.4. Sistema de Nappes Carrancas
Consiste numa sequência metassedimentar organizada em quatra
escamas de cavalgamento com infraestrutura gnáissica engajada e sotoposta
às nappes Lima Duarte e Aiuruoca-Andrelândia. As quatro escamas são:
Nappe Luminárias, Klippe Carrancas, Alóctone Serra da Bandeira e Alóctone
Mestre de Deus. É formado por muscovita xistos grafitosos localmente
porfiroblásticos (granada-estaurolita-cianita-cloritóide) – Formação Campestre -
com intercalações de quartizitos e muscovita quartzitos placosos com mica
esverdeada – Formação São Tomé das Letras – que compõe o Grupo
Carrancas. A infraestrutura é composta por biotita gnaisses granodioríticos com
bandamento fino e hornblenda-biotita gnaisses, ambos com corpos
metaultramáficos que delimitam as principais zonas de cavalgamento e
recobrem gnaisses antigos da borda sul do cráton São Francisco. A idade de
deposição da pilha metassedimentar pode ser admitida como do
Neoproterozóico. O metamorfismo aumenta de norte para sul, da fácies xisto-
verde a fácies anfibolito.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Na etapa de trabalho pré-campo, os mapas da área de mapeamento
foram confeccionados com base na folha SF-23-X-C-I-3 – Itumirim, do IBGE, e
imagens de satélite. O mapa geológico foi confeccionado no Software ArcMap
10.2.2 do ArcGIS em conjunto com o Sotware QGIS 2.8 ‘Wien’. A fim de
oferecer mais informações, o mapa topográfico foi sobreposto pelo mapa
geológico que contém as litologias, os pontos dos afloramentos feitos em
campo e as medidas de foliação. O Datum usado é a Universal Transversa de
Mercator - Córrego Alegre 23 S e a escala são de 1:25000.
7
Na etapa de campo, foram realizados cinco dias de trabalho de na área,
entre os dias 28 de março e 2 de abril de 2015. Em campo os pontos foram
descritos priorizando-se a descrição dos diferentes litotipos e pacotes
metassedimentares, suas atitudes e coordenadas UTM, anotadas na caderneta
de campo. As medidas das atitudes foram feitas com bússola de estrato para
geólogo do tipo Clar. Foi realizada também coleta de amostras, estas
identificadas com o número do ponto em que foram coletadas sob a forma
ITU.VII.N° da amostra referente ao ponto em campo. Foram utilizados os
seguintes equipamentos: martelo de geólogo; lupa; bússola Clar; GPS Garmin;
máquina fotográfica Pentax Optio M40 para o registro de feições importantes;
walkie-talkie.
Após a etapa de campo, as amostras coletadas foram enviadas para
laminação e foi realizada outra etapa de trabalhos no Laboratório de
Informática Geólogica para confecção de tabela de pontos, mapa geológico
parcial, relatório e perfil geológico da área. Para tal foram utilizadas as
informações obtidas em campo e modelos digitais de terreno do tipo SRTM 1
Arc-Second Global.
Os contatos do mapa geológico foram definidos usando como base as
descrições feitas em campo, atitudes estruturais das camadas, o modelo digital
de terreno, a bibliografia consultada e algumas informações obtidas por outros
grupos nas áreas adjacentes.
Cada integrante realizou a descrição petrográfica de três amostras. As
amostras descritas foram escolhidas de acordo com a relevância para o
mapeamento. A petrografia macroscópica foi feita a olho nu, com o auxílio de
lupa, já as análises microscópicas foram feitas nos microscópios do laboratório
de microscopia óptica do IGc-USP (modelo Olympus BX-40). A seguir, foram
obtidas fotos de seção delgada a partir da câmera Leica modelo MC170 HD
acoplada ao microscópio Zeiss modelo Axioplan 2, com o auxílio do Software
Leica LAS (Leica Application Suíte) Versão 4.4.0. A descrição teve como foco a
mineralogia principal e acessória, estrutura, textura e microestruturas das
amostras.
8
Finalmente, compilando as informações obtidas em campo e em
laboratório, com a ajuda dos professores e da literatura, fez-se uma pertinente
discussão sobre as litologias encontradas e o contato entre elas, processos de
deformação, grau metamórfico, paragênese, texturas minerais, além da relação
temporal entre os minerais metamórficos e a deformação que ocorre na região.
Os resultados estão apresentados no mapa geológico, mapa de pontos, perfis,
fichas de descrições de seção delgada e fotos.
5. RESULTADOS
Na primeira etapa de campo foi possível subdividir as rochas observadas
em campo em cinco unidades principai, as quais se encontram descritas e
exemplificadas por fotos no item a seguir.
5.1. Caracterização das unidades identificadas em campo
TERRENOS TTG
Unidade composta por rochas quartzo-feldspáticas, deformadas ou não.
Na primeira etapa de mapeamento não foram encontrados afloramentos
frescos desta unidade, apenas saprólitos em voçorocas e barrancos. Em um
afloramento foi possível observar bolsões com extensiva alteração caulínica.
Esta será melhor caracterizada na segunda etapa de campo.
SEQUÊNCIA METAVULCANOSSEDIMENTAR
Unidade aflorante na porção nordeste da área de mapeamento.
Composta por rochas ultramáficas serpentinizadas e bolsões métricos de
rochas máficas intrudidos em rochas quartzo-feldspáticas muito alteradas.
Estrutura em geral foliada. Há também rochas de coloração branco-esverdeada
fruto de intensa alteração hidrotermal.
9
UNIDADE QUARTZÍTICA
Sequência metassedimentar composta, predominantemente, por
muscovita quartzitos com intercalações de muscovita-clorita xisto e barras
definidas em campo como ortoquartzíticas (Figura 5), estas barras possuem
em geral espessura métrica e comprimento decimétrico, são mais abundantes
na porção norte da unidade, tornando-se menos frequentes para sul. Como
litotipo subordinado temos níveis compostos quase exclusivamente por
muscovita quartzito ou muscovita-clorita-quartzo xisto, no entanto o que
predomina é a intercalação (Figuras 3 e 4). A foliação principal da rocha possui
direção geral NW-SE com mergulho para SW e passou por fases de
deformação posteriores. O contato é tectônico com as unidades aflorantes ao
norte (sequência vulcanossedimentar e embasamento TTG) e gradacional com
a unidade de xistos aflorante a sul.
Figura 3: Nível de xisto intercalado em muscovita quartzito.
11
Figura 5: Barras ortoquartzíticas vistas da estrada principal.
GRAFITA-MUSCOVITA XISTOS
Esta unidade de rochas metapelíticas aflora predominantemente no topo
da Serra dos Carrapatos e ao Sul. É composta predominantemente por
intercalações de grafita-muscovita xistos (Figura 6) com foliação centimétrica a
subcentimétrica, localmente porfirobláticos, intercalados com quantidades
subordinadas de muscovita quartzitos. Os porfiroblástos, quando presentes,
são de estaurolita ou granada (Figura 7). O contato entre as lentes ricas em
muscovita quartzito e o restante da unidade é gradacional. O trend estrutural da
foliação principal é NW-SE e mergulho para SW. Na porção oeste da unidade é
possível observar figuras de interferência formadas por múltiplas fases de
deformação, o que não é tão evidente a leste. O contato com as demais
unidades, tanto a sul quanto a norte, é gradacional.
13
Figura 7: Grafita-muscovita xisto com pseudomorfos de porfiroblastos. Notar também nível
quartzoso na parte superior da imagem.
BIOTITA XISTOS
Unidade metapelítica aflorante na porção sul da região de mapeamento.
Difere-se da outra unidade de xistos pela presença de biotita na composição
mineralógica e o contato com este também é gradacional. Este pacote não
pode ser melhor caracterizado na primeira etapa de campo, ficando esta para
ser feita na segunda etapa.
5.2. Caracterização petrográfica
SEQUÊNCIA METAVULCANOSSEDIMENTAR
Foram descritas duas amostras desta unidade (ITU.VII.49 e ITU.VII.50-D).
A primeira (Figuras 8 e 9) é uma amostra de uma rocha metaultramáfica de
granulação muito fina e textura decussada, composta por cerca de 90% de
14
serpentina, sendo assim um serpentinito. Foram observados pseudomorfos de
um mineral não identificado, completamente substituído por agregados de
serpentina e talco. Como mineralogia acessória há também minerais opacos de
hábito granular com coronas compostas por agregados muito finos de clorita.
Na matriz da rocha há também agregados de carbonato em quantidades muito
subordinadas. Foram observados também grãos de rutilo como mineral traço. A
outra amostra (Figuras 10 e 11) descrita é de uma rocha composta
majoritariamente por quartzo (cerca de 70%), com cerca de 7% de cianita (sob
a forma de cristais fraturados a boudinados) e 25% de material micáceo
(predominantemente sericita e fuchsita, o que dá à amostra de mão cor
levemente esverdeada a verde-água), de estrutura orientada e textura
granoblástica. O material micáceo ocorre preenchendo fraturas e presente no
contato entre os grãos e os leitos orientados de quartzo.
Figura 8: Pseudomorfo substituído por talco e serpentina e opacos manteados por clorita.
15
Figura 9: Agregados carbonáticos na matriz.
Figura 10: Cristais de quartzo com extinção ondulante e cristais de cianita fraturados, com contatos preenchidos por sericita e fuchsita.
16
Figura 11: Detalhe de cristal de cianita na lâmina ITU-VII-50D.
UNIDADE QUARTZÍTICA
Foram descritas duas amostras de quartzito e duas de xisto. Ambos os
quartzitos descritos possuem textura granoblástica com granulação de muito
fina e grãos de quartzo com contatos lobados ou poligonizados, evidencia de
recristalização. A amostra ITU.VII.31 (Figura 12), descrita em campo como
ortoquartzito , é composta por cerca de 90% de quartzo. Possui também cerca
de 8% de muscovita em sua composição. Essa muscovita se concentra em
níveis submilimétricos insipientes juntamente com esparsos cristais muitos
finos de feldspato. Estes níveis estão levemente crenulados, o que indica uma
fase de deformação posterior. A amostra ITU.VII.32 (Figuras 13, 14 e 15) é de
um quartzito menos puro, descrito em campo como muscovita quartzito. É
composta por cerca de 77% de quartzo e também por muscovita e cianita. A
muscovita se concentra em níveis submilimétricos e define a foliação principal.
Os cristais de cianita são porfiroblásticos, medindo cerca de 1,5mm na direção
do eixo c. Estes cristais se encontram em geral boudinados, alguns exibindo
também deformação (vide esboço micrográfico em anexo).
Ambas as amostras de xistos descritas (ITU.VII.21B e ITU.VII.26) são
compostas majoritariamente por muscovita e grafita, com quantidades
ausentes ou muito subordinadas de quartzo. Possuem granulação muito fina e
17
textura lepidoblástica. Em amostra de mão é possível notar em ambas que a
foliação principal está dobrada. A lamina ITU.VII.26 (Figuras 17 e 18) possui
ainda cerca de 8% de minerais opacos não deformados, esses minerais
apresentam hábito tabular e são concordantes com a foliação principal da
rocha. Na mineralogia acessória há turmalina de granulação muito fina, em
cristais oblíquos à foliação principal. Dobras intrafoliais são representadas por
cristais de muscovita dobrados dentro da foliação principal, o que indica que a
foliação principal é pelo menos uma S2. A foliação principal foi afetada por
outros dois eventos de deformação (D3 e D4), o que é evidenciado por figuras
de interferência entre dois padrões de dobramento. A outra amostra (Figura 16)
apresenta zircão em quantidade acessória sob forma de grãos levemente
arredondados dispersos na rocha. Nesta amostra a foliação principal é um
padrão de crenulação, nela se desenvolve ainda uma nova superfície no plano
axial da crenulação. Há porções com desenvolvimento de uma foliação mais
apertada parela à deformação de apenas um dos flancos da crenulação, as
quais definem uma nova foliação que pode ser vista a olho nu e formam uma
foliação do tipo S.
Figura 12: Lâmina ITU.VII. 31
18
Figura 13: Porfiroblasto de cianita deformado, onde é possível inferir cinemática da deformação.
Figura 14: Porfiroblasto de cianita boudinado.
19
Figura 15: Foliação marcada por muscovita na lâmina ITU.VII.32.
Figura 16: Foliação principal crenulada com formação de superfície ainda irregular nos planos axiais.
20
Figura 17: Foliação S2 exibindo duas fases de deformação.
Figura 18: Dobra intrafolial marcada por muscovita.
GRAFITA-MUSCOVITA XISTOS
Foram descritas três amostras desta unidade (ITU-VII-13ª – Figura 19,
ITU-VII-13B – Figuras 20 e 21; e ITU-VII-66 – Figuras 22 e 23). Todas estas
apresentavam uma textura lepidoblástica marcadas pela muscovita e grafita na
foliação principal. Também apresentavam uma textura porfiroblástica,
apresentando respectivamente, porfiroblastos de granada, porfiroblastos de
pseudomorfos de estaurolita e porfiroblastos de pseudomorfos que
21
provavelmente era a estaurolita, mas a possibilidade de ser granada não pode
ser descartada, uma vez que o formato do mineral não está evidente. A
amostra ITU-VII-66 é a única que apresenta leitos com uma textura
granoblástica (Qtz) e que se alternam com a textura lepidoblástica
predominante. Compilando todas estas amostras, foi possível verificar três
fases de deformação. Todavia, apenas na amostra ITU-VII-66 foi possível
verificar estas três fases, enquanto nas outras restantes havia uma foliação
principal e uma crenulação incipiente marcada por muscovita, grafita e/ou
quartzo. Outro diferencial da amostra ITU-VII-66 é que foi a única a apresentar
cloritas concordantes com a foliação principal e cloritoides concordantes, mas
discordantes na sua maioria, sendo estes minerais de grande importância para
inferir condições de metamorfismo que serão descutidas mais a frente. Os
minerais opacos ocorreram em uma relevante porcentagem na amosta ITU-VII-
13B, sendo, em sua maioria, concordantes com a foliação principal.
Figura 19: Crenulação marcada por muscovita e grafita.
22
Figura 20: Porfiroblasto de pseudomorfo com foliação interna discordante da foliação principal.
Figura 21: Porfiroblasto de pseudomorfo com hábito provável de estaurolita com foliação amoldada.
23
Figura 22: Cristal de cloritóide bem formado discordante à foliação principal.
Figura 23: Porfiroblasto de pseudomorfo com foliação interna concordante com a foliação principal.
24
6. DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS
6.1. Deformação
Todas as lâminas descritas apresentam pelo menos duas fases
deformacionais visíveis. A presença de cristais de muscovita representando
dobras intrafoliais (vide lâmina ITU.VII.26), indica que a foliação principal é, no
geral, uma S2. Esta foliação principal (S2) está crenulada nas lâminas
ITU.VII.13A, 13 B, 21B e 66. A clivagem oriunda desta crenulação pode ser
interpretada como o início de uma foliação S3, gerada por um evento
deformacional D3, o qual se manifesta também por meio de dobramento da
foliação principal na lâmina ITU.VII.26. Na mesma, uma fase de deformação D4
é sugerida por padrão de interferência entre duas fases de dobramento de S2.
Aliadas às descrições em lâminas, as observações em campo também
permitem inferir múltiplas fases de deformação, como, por exemplo, o padrão
de interferência do tipo domos e bacias observado em alguns afloramento de
metapelitos, na porção sudoeste da área.
6.2. Condições de metamorfismo
A maioria das assembléias mineralógicas descritas em lâmina e em
campo aponta para uma condição de equilíbrio em fácies xisto verde. Embora
poucas amostras com clorita tenham sido descritas em lâmina, em campo este
mineral foi encontrado tanto em xistos intercalados na unidade quartzítica,
como também nas unidades de grafita-muscovita xisto. A ausência de
assembléias mineralógicas indicativas de fácies anfibolito (presença de
estaurolita) é também um indicativo de equilíbrio em fácies xisto verde. No
entanto, na lâmina ITU.VII.66 e 13 B, há pseudomorfos de porfiroblastos que,
devido ao hábito, poderiam ser cristais de estaurolita. Assim, caso esta
hipótese seja verdadeira a rocha teria atingido condições de fácies anfibolito.
Na lâmina ITU.VII.66, a presença de cristais bem formados de cloritóide
discordantes à foliação sugere possível retrometamorfismo em equilíbrio na
fácies xisto verde.
25
7. PRÓXIMAS ETAPAS
As próximas etapas compreenderão a segunda etapa de campo – com a
descrição dos afloramentos ainda não visitados e também aqueles não
conclusivos, coleta de amostras das principais unidades e realização do mapa
de pontos. A etapa de escritório posterior a essa corresponderá à descrição
petrográfica detalhada feita por microscopia, realização do mapa geológico final
com as unidades e limites melhor definidos, além das pricipais feições
estruturais a nível da escala do mapa.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Campos Neto, M.C., Basei, M.A.S., Vlach, S.R.F., Caby, R., Szabó, G.A.J. &
Vasconcellos, P., 2004. Migração de orógenos e superposição de
orogêneses: um esboço da colagem Brasiliana no sul do Cráton do São
Francisco, SE-Brasil. Geologia USP, Série Científica, 4(1): 13-40.
Coutinho, L., 2012. Estrutura, litoestratigrafia e metamorfismo do Grupo
Carrancas na frente orogênica da Faixa Brasília Meridional. Dissert.
Mestrado, IGc-USP, Prog.Mineralogia e Petrologia, 141pp e anexos.
Quéméneur, J.J.G., Ribeiro, A.,Trouw, R.A.J., Paciullo, F.V.P & Heilbron, M.,
2002. Geologia da Folha Lavras. Projeto Sul de Minas, Etapa I, Capítulo
7. COMIG, UFMG, UFRJ,UERJ: 259-319
9. ANEXOS (DESCRIÇÕES DAS LÂMINAS)
Autor: Tatiana Ayumi Numada
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.66
Nome da rocha: Qtz -Ms-Gr xisto com Chl e Ctd.
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: Rocha de coloração cinza clara cintilante
Estrutura: Foliada e crenulada.
Textura: Lepidoblástica (Gr e Ms) com porções granobláticas (Qtz).
Granulação (mm): Inequigranular seriado fina com Qtz de aproximadamente 0,4mm.
Composição mineralógica (% volume): Gr (40%), Ms (35%) e Qtz (25%).
III – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Textura: Lepidoblástica (Gr e Ms) com leitos granoblásticas (Qtz); Porfiroblastica
(Pseudomorfo).
Granulação (mm): Porfiroblastos de pseudomorfo substituído por mica fina de
aproximadamente 3mm e com matriz de aproximadamente 0,25mm.
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Grafita (35%) Marca a foliação principal
Estaurolita? Granada? Pseudomorfo, mineral substituído por muscovita fina, apresenta foliação principal internamente.
Quartzo (25%) Granular, Qtz fino agregado em lentes.
Muscovita (27%) Marca a foliação principal, a foliação antiga e a crenulação.
Cloritóide (5%) Tabular, concordantes com a foliação principal,mas discordantes na maioria, dispersa em toda a lâmina.
Clorita (5%) Tabular, concordante coma foliação principal, bordas serrilhadas em alguns grãos.
Acessórios Opacos alongados, prismáticos, com bordas angulares, dispersos na lâmina.
Descrição/Caracterização sucinta: A lâmina apresenta uma textura lepidoblástica
predominante, caracterizada pela grafita e muscovita marcando todas as foliações e
crenulação. Há uma textura granoblástica marcada pelo quartzo fino, provavelmente
recristalizado. Essa textura está concentrada nos níveis de quartzo que se alternam com a
outra textura citada. A clorita é um importante mineral que se encontra concordante com a
foliação principal, já o cloritóide está concordante, mas discordante em sua maioria e é um
mineral bem preservado. Ao todo, foi possível observar três foliações, sendo a última,
incipiente, de crenulação. Foi visto um pseudomorfo totalmente substituído por uma mica fina
e o formato do antio mineral pode ser interpretado como granada ou estaurolita, isso é, não
foi possível definir.
Condições de formação estimadas: Se pseudomorfo foi uma estaurolita, então as condições
alcançaram a Fácies Anfibolito, tendo possivelmente, o Ctd -> St. Mas se considerarmos
apenas a clorita, cloritoide, muscovita, e quartzo, então pode-se dizer que as condições
chegaram até a Fácies Xisto Verde.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
Estágio Mineral
Sn-1 Grafita e Muscovita
Sn Grafita, Muscovita, pseudomorfo (Granada ou Estaurolita?), Quarzto e Clorita.
Sn+1 Grafita e Muscovita
Pós metamorfismo Cloritóide
Autor: MARIA THEREZA A. G. YOGI
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.50-D
Nome da rocha: Cianita-sericita quartzito com fuchsita.
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: coloração esverdeada.
Estrutura: Orientada.
Textura: Granoblástica.
Granulação: Arcabouço Médio (1,5mm) em matriz muito fina (0,1mm).
Composição mineralógica (% volume): Quartzo (65%), matriz fina micácea (35%).
Observações: Matriz da rocha composta por minerais de granulação muito fina (micáceos de
cor esbranquiçada e verde-água – pode compreender muscovita e fuchsita). O arcabouço é
composto por quartzo com textura de deformação, de granulação fina a média e cianita de
granulação fina.
III – DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA
Textura: Granoblástica.
Granulação (mm): Arcabouço Médio (1,5mm) em matriz muito fina (0,1mm).
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Quartzo (70%) Extinção ondulante, bandas de deformação, forma o arcabouço, contatos saturados.
Sericita (20%) Matriz muito fina, micácea, que engloba os grãos de quartzo e cianita.
Cianita (5%) Cristais com bordas arredondadas, por vezes fraturados, onde o material micáceo que forma a matriz pode preencher as fraturas.
Muscovita/fuchsita (5%) Alguns filossilicatos da matriz que ocorrem com granulação maior, apresentam birrefringência alta.
Acessórios (% volume)
Rutilo (traço) Forma prismática e losangular as vezes.
Epidoto (traço) Um grão.
Descrição/Caracterização sucinta: Rocha de composição predominantemente quartzosa, com
estrutura orientada e textura granoblástica. A matriz é muito fina e de coloração
esbranquiçada a verde água, composta por sericita e muscovita. Arcabouço composto por
grãos de quartzo em granulação média com bordas de deformação retilíneos. Foram
observados grãos de rutilo e epidoto como minerais traço. Alguns cristais de cianita foram
boudinados.
Condições de formação estimadas: Rocha que passou por alteração hidrotermal e condições
de pressão de pelo menos 3kbar (devido à presença da cianita), se considerada temperatura
de 450°C.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
Estágio Mineral
Pré-metamórfico Opaco, pseudomorfos.
Sin-metamórfico Serpentina, carbonato,talco, clorita.
Pós-S2 Carbonato, clorita.
Autor: NAOMI KIKUCHI BERNSTEIN
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.49
Nome da rocha: Serpentinito.
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: Rocha de coloração cinza escura.
Estrutura: Maciça.
Textura: Decussada de granulação muito fina.
Granulação (mm): Matriz (<0,1mm), opacos (0,2mm).
Composição mineralógica (% volume): Serpentina (90%), carbonato (5%), opacos (5%).
Observações:
III – DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA
Textura: Decussada.
Granulação (mm): Matriz (<0,1mm), opacos (0,2mm).
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Serpentina (90%) Granulação muito fina, principal componente da rocha, textura decussada.
Acessórios (% volume)
Opaco (4%) Granulação maior que a da matriz, cristais manteados por borda reacional de clorita.
Carbonato (3%) Localmente como agregados muito finos na matriz, há também cristais maiores aparentemente metamórficos.
Talco (2%) Pseudomorfo de outro mineral o qual não foi identificado. Pseudomorfos com cerca de 0,5mm de comprimento.
Clorita (1%) Borda de reação em minerais opacos.
Descrição/Caracterização sucinta: Rocha meta-ultramáfica com estrutura maciça e textura
decussada, em granulação muito fina. A rocha é composta por cerca de 90% de serpentina e
como minerais acessórios observamos minerais opacos, clorita, rutilo, talco e carbonato. O
talco aparece como pseudomorfo de outro mineral e os opacos são manteados por agregados
muito finos de clorita. Há carbonato tanto em grãos aparentemente metamórficos quanto em
agregados intersticiais na matriz. Condições de formação: Rocha ultramáfica hidrata que
sofreu metamorfismo de fácies xisto verde, evidenciado pela presença de talco.
Condições de formação estimadas: Rocha meta-ultramáfica hidratada que sofreu
metamorfismo de fácies xisto verde, evidenciado pela presença de talco.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
Estágio Mineral
Pré-metamórfico Opaco, pseudomorfos.
Sin-metamórfico Serpentina, carbonato,talco, clorita.
Pós-S2 Carbonato, clorita.
Autor: MARIA THEREZA A. G. YOGI
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.32
Nome da rocha: Cianita-muscovita quartzito.
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: bege alaranjado escuro.
Estrutura: Orientada/foliada.
Textura: fina lepidogranoblástica, orientação marcada por minerais micáceos de cor levemente
esverdeada.
Granulação (mm): Muito fina (até 0,1mm)
Composição mineralógica (% volume): Quartzo (83%), mica branca (10%), cianita (7%).
Observações:
III – DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA
Textura: Lepido-granoblástica com porfiroblástos boudinados de cianita.
Granulação (mm): Matriz: 0,05-0,1mm; porfiroblastos de cianita com até 1,5mm de
comprimento.
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Quartzo (77%) Subidioblástico, contato entre os grãos é retilíneo a poligonizado, compõem a matriz, alguns com birrefringência amarelada.
Cianita (7%) Porfiroblástos fraturados (boudinados), birrefringência de alguns é alta, nas bordas ocorrem cristais de epidoto-clinozoizita, alguns parecem dobrados nas terminações.
Muscovita (15%) Ocorrem definindo a orientação como finas lentes, por vezes mais contínuas; maioria deve ser muscovita alterada.
Acessórios (% volume)
Turmalina (1%) Alguns cristais de turmalina aparecem no meio da matriz.
Descrição/Caracterização sucinta: Rocha com estrutura foliada definida pela orientação dos
cristais de cianita e muscovita e por uma suave elongação dos cristais de quartzo. Textura
lepidogranoblástica porfiroblástica, com granulação da matriz fina e porfiroblástos boudinados
de cianita com cerca de 1,5mm de comprimento. A matriz é composta por grãos de quartzo
levemente alongados com contatos retilíneos a poligonizados. Como mineral acessório foi
observado turmalina.
Condições de formação estimadas: Metarenito impuro metamorfisado. A presença de
porfiroblastos de cianita indica estágios de pressão mais elevada(pelo menos 3 kbar, a
temperatura de aproximadamente 450°C), o fraturamento e aspecto dobrado de alguns destes
cristais, a orientação dos minerais micáceos e a birrefringência amarelada do quartzto
sugerem que a rocha passou por pelo menos dois estágios de deformação.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
Estágio Mineral
Pré-metamórfico Quartzo.
Sin-metamórfico Quartzo, muscovita, turmalina, cianita.
Pós-metamórfico Muscovita retro-metamórfica.
Autor: NAOMI KIKUCHI BERNSTEIN
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.31
Nome da rocha: ms-quartzito
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: bege claro
Estrutura: Foliada com orientação definida por leitos de muscovita e elongação de grãos de
quartzo.
Textura: lepido-granoblástica de granulação muito fina
Granulação (mm): 0,1mm
Composição mineralógica (% volume): Quartzo (90%), muscovita (10%)
Observações: Fraturas preenchidas por material avermelhado.
III – DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA
Textura: granoblástica com leitos orientados de grãos de quartzo em granulação muito fina de
até 2mm intercalados com leitos insipientes lepidoblásticos dados pela orientação dos cristais
de muscovita de espessura submilimétrica.
Granulação (mm): Quartzo: 0,1mm em média, muscovita: 0,1mm.
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Quartzo (90%) Textura de cristalização, grãos com contatos lobados e extinção ondulante, birrefringência amarelada. Grãos levemente alongados definem a foliação.
Muscovita (8%) Hábito tabular, leitos insipientes definem a foliação da rocha.
Feldspato(2%) Aparece em granulação muito fina junto aos leitos de muscovita
Acessórios (% volume)
Zircão (traços)
Descrição/Caracterização sucinta: Rocha composta por cerca de 90% de quartzito, com
estrutura granoblástica dada por orientação de leitos compostos por quartzo em granulação
fina. A rocha alterna leitos granoblásticos de quartzo de até 2mm com leitos lepidoblásticos
insipientes submilimétricos de muscovita. Observa-se junto aos níveis de muscovita esparsos
cristais de feldspato em granulação muito fina. Observa-se crenulação insipiente nos leitos de
muscovita, o que indica que essa rocha passou por pelo menos duas fases de deformação. O
contato entre os cristais de quartzo são lobados.
Condições de formação estimadas: Meta-arenito que passou por pelo menos duas fases de
deformação. A crenulação insipiente nos leitos de muscovita evidencia o segundo evento
deformacional.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
Estágio Mineral
Pré-metamórfico Quartzo, feldspato (?).
Sin-metamórfico Muscovita, quartzo.
Pós-metamórfico -
Autor: NAOMI KIKUCHI BERNSTEIN
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.26
Nome da rocha: Gr-ms xisto com turmalina
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: rocha de coloração acinzentada
Estrutura: Foliada com xistosidade orientada por leitos lepidoblásticos de muscovita
Textura: lepidoblástica de granulação fina
Granulação (mm): 0,5mm
Composição mineralógica (% volume): Muscovita (70%,) Grafita (30%)
Observações:
III – DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA
Textura: Lepidoblástica dada pela orientação de muscovita e minerais opacos em leitos de até
3mm.
Granulação (mm): Muscovita: (0,05mm), grafita (0,01mm), opacos (0,1mm), turmalina
(0,05mm
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Muscovita (70%) Marca a foliação principal da rocha (S2). Localmente observa-se cristais de muscovita dobrados dentro da foliação principal (S1).
Grafita (10%) Granulação muito fina. Concentra-se em leitos lepidoblásticos de até 3mm, marcando bandamento composicional.
Opaco (8%) Hábito tabular, cristais não deformados que acompanham a foliação principal da rocha.
Acessórios (% volume)
Quartzo (5%) Grãos esparsos e deformados, extinção ondulante.
Turmalina (5%) Cristais não deformados oblíquos à foliação principal da rocha.
Descrição/Caracterização sucinta: Rocha metapelítica de estrutura foliada, textura
lepidoblástica e granulação fina, composta majoritariamente por muscovita e grafita. A
foliação principal da rocha (S2) é dada por leitos lepidoblásticos de grafita e muscovita,
minerais opacos tabulares não deformados acompanham esta foliação, o teor de quartzo é
inferior a 10%. Como mineral acessório temos turmalina, em cristais idiomórficos oblíquos a S2.
Dentro da foliação principal é possível observar raros cristais de muscovita dobrados (S1). S2
passou por mais dois eventos deformacionais (D3 E D4), oblíquos entre sí.
Condições de formação estimadas: Rocha metapelítica que passou por sucessivas fases de
deformação e metamorfismo de fácies xisto verde. Evidencia: ausência de minerais de grau
metamórfico mais elevado.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
Estágio Mineral
S1 Muscovita dobrada intra-S2.
S2 Muscovita, grafita, opacos e quartzo.
Pós-S2 Turmalina.
Autor: Maria Thereza Akemi Guimarães Yogi
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.21B
Nome da rocha: Grafita-muscovita xisto
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: Cinza escura e branca.
Estrutura: Foliada (xistosidade).
Textura: Lepidoblástica.
Granulação (mm): Equigranular muito fina (aproximadamente 0,01 mm)
Composição mineralógica (% volume): Muscovita (80%) e grafita (20%).
Observações: Em amostra de mão é possível observar que a foliação está dobrada. Há níveis
mais claros pobres em grafita, onde predomina muscovita.
III – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Textura: Lepidoblástica formada pelos cristais de muscovita.
Granulação (mm): de aproximadamente 0,01 a 0,05 mm; equigranular muito fina.
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Muscovita (68%) Subidioblástica, em algumas partes bem dobrada; há níveis em que ela se encontra sem grafita e melhor recristalizada.
Grafita (32%) Ocorre como lentes em níveis ricos em grafita, paralelos à orientação dos cristais de muscovita (foliação), em alguns locais ocorre mais concentrada.
Acessórios
Zircão Grãos levemente arredondados, dispersos e com halos pleocróicos.
Descrição/Caracterização sucinta: Grafita-muscovita xisto muito fino e deformado, com níveis
de cor mais clara mais pobre em grafita. A Sn é o padrão de crenulação. Uma nova superfície
ainda irregular se desenvolve nos planos axiais da foliação. Há faixas com desenvolvimento de
foliação mais “apertada” paralela à deformação de apenas um dos flancos da crenulação, que
define uma nova foliação que pode ser vista a olho nu e forma foliação em S.
Condições de formação estimadas: Pela assembleia mineralógica não é possível definir fácies
de metamorfismo. Pela textura pode-se deduzir mais de um estado de deformação.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
A muscovita é o mineral que define todos os estágios de deformação.
Autor: Tatiana Ayumi Numada
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.13B
Nome da rocha: Gr- Ms xisto com Pseudomorfo de St ou Sill.
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: Rocha de coloração cinza clara cintilante
Estrutura: Foliada e crenulada.
Textura: Lepidoblástica (Gr e Ms) e Porfiroblástica com porfiroblastos de pseudomorfos que
foram substituídos por mica fina, e matriz de grafita e muscovita.
Granulação (mm): Porfiroblastos de aproximadamente 3mm e matriz de aproximadamente
0,2mm.
Composição mineralógica (% volume): Gr (50%), Ms (45%) e Pseudomorfo (5%).
Observações: Foi visto um porfiroblasto de um mineral que já foi totalmente substituído. Este
porfiroblasto está com a cor branca em amostra de mão.
III – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Textura: Lepidoblástica (Gr e Ms); Porfiroblastica com pseudomorfos(St ou Sill?) e matriz fina
de Ms e Gr.
Granulação (mm): Porfiroblastos de pseudomorfo substituído por mica fina de
aproximadamente 4mm e com matriz de aproximadamente 0,3mm.
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Grafita (36%) Marca a foliação principal, alternando com a Muscovita, estrutura em microlitons e arcos poligonais de crenulação
Estaurolita? Sillimanita? (5%)
Pseudomorfo, mineral substituído por muscovita fina, apresenta formato em caixão bem preservado.
Muscovita (39%) Marca a foliação principal, alternando com a grafita, estruturas em microlitons e arcos poligonais de crenulação.
Tabular, concordantes com a foliação principal,mas discordantes na maioria, dispersa em toda a lâmina.
Opacos (20%) Acompanha a foliação principal e a deformação na crenulação em microlitons, incluso no porfiroblasto, prismáticos.
Acessórios Turmalina subarredondada, dispersas na lâmina.
Descrição/Caracterização sucinta: Rocha com estrutura foliada xistosa definida pela orientação
dos cristais de muscovita e e grafita que marcam uma textura lepidoblástica. Outra importante
tetura é porfiroblástica com matriz de granulação fina e porfiroblastos de pseudomorfos
,substituídos totalmente por uma mica fina, de aproximadamente 4mm. Matriz composta
majoritariamente por muscovita e grafita com cerca de 20% de minerais opacos que
acompanham a foliação principal. A rocha está intensamente crenulada, os opacos também se
encontram deformados pela crenulação. Os porfiroblastos estão muito alterados
(pseudomorfos) e não é possível definir com certeza qual o mineral original, suspeita-se que
seja estaurolita, estes estão contornados pela foliação principal e apresentam foliação interna.
Condições de formação estimadas: O formato do pseudomorfo pode indicar a seção basal de
St ou Sill, mas consultando a bibliografia descrita para a área, pode-se considerar que o
mineral antigo foi uma St, já que Sill estaria em uma temperatura muito alta, contariando o
esperado. Sendo assim, pode-se definir como condições de fácies Anfibolito.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
Estágio Mineral
Pré- Sn Estaurolita
Sn Grafita, Muscovita,opacos
Sn+1 Opacos, muscovita e grafita
Autor: Tatiana Ayumi Numada
I – IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
N° ITU.VII.13A
Nome da rocha: Grt- Gr- Ms xisto com Qtz.
II – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Cor/Índice de cor: Rocha de coloração avermelhada e cinza cintilante.
Estrutura: foliada e intensamente crenulada.
Textura: Lepidoblástica (Ms) e Porfiroblástica com porfiroblastos de granada.
Granulação (mm): Porfiroblastos de aproximadamente 4mm e matriz fina de
aproximadamente 1mm.
Composição mineralógica (% volume): Gr (35%), Ms (50%) e Grt (15%).
Observações: Em amostra de mão não foi visto Qtz, amostra bem alterada com cavidades em
hábito de Grt.
III – DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA
Textura: Lepidoblástica (Gr e Ms) com bandas milimétricas paralelas a foliação e contínuas de
muscovita xisto sem grafita; Porfiroblastica com porfiroblastos de Grt.
Granulação (mm): Porfiroblastos de Grt de aproximadamente 5mm e com matriz de
aproximadamente 1mm de Ms,Gr e Qtz.
Composição Mineralógica estimada:
Essenciais (% volume) Comentários
Muscovita (45%) Marca a foliação principal, tabular.
Grafita (20%) Alterada, estirada, acompanham a foliação principal.
Granada (20%) Porfiroblasto muito alterado, discordante com a foliação, inclusão de quartzo
Quartzo (5%) Granular, recristalizado dentro da Grt, extinção ondulante, com uns níveis granoblásticos de qtz recristalizado que acompanha a foliação principal.
Descrição/Caracterização sucinta: A lâmina apresenta uma foliação principal marcada por
muscovita e grafita que também marcam uma textura lepidoblástica, a qual possui uma
variação representada por bandas milimétricas paralelas à foliação e contínuas, de muscovita
sem grafita. Esta foliação foi intensamente crenulada e porfiroblastos de granada podem ser
indicados como pré-crenulação, já que nota-se perturbações na orientação de crenulação
devido a orientação variável da foliação crenulada, que amoldava os porfiroblastos. A
crenulação também possui um bandamento diferenciado e incipiente de muscovita ou de
quartzo, continuamente, na clivagem de crenulação.
Condições de formação estimadas: Na lâmina as condições seriam Fácies Xisto Verde. É
importante ressaltar que a amostra está muito alterada, assim como o afloramento visto em
campo.
Relações de temporaneidade relativa entre os minerais na textura:
Estágio Mineral
Sn Muscovita, Grafita
Sn+1 (crenulação incipiente)
Quarzto e Muscovita.
Observação A granada é pré-crenulação, mas em relação à foliação principal, pode ser anterior ou posterior a esta, já que o porfiroblasto corta esta foliação e não foi possível observar foliação interna nos grãos.