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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
MARA EUGÊNIA MELO MONTEIRO
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA EAD E O EXERCÍCIO DA PRÁTICA DOCENTE
Salvador 2009
MARA EUGÊNIA MELO MONTEIRO
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA EAD E O EXERCÍCIO DA PRÁTICA DOCENTE
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de graduação em Pedagogia com Habilitação em Gestão e Coordenação do trabalho escolar do Departamento de Educação – Campus I da Universidade do Estado da Bahia. Sob orientação do Profª Cláudia Silva de Santana.
SALVADOR
2009
MARA EUGÊNIA MELO MONTEIRO
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA EAD E O EXERCÍCIO DA PRÁTICA DOCENTE
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de graduação em Pedagogia com Habilitação em Gestão e Coordenação do trabalho escolar do Departamento de Educação – Campus I da Universidade do Estado da Bahia. Sob orientação da Profª Cláudia Silva de Santana.
Salvador _________de____________________de 2009
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
Dedico este trabalho a meu filho Felipe, a maior bênção
da minha vida, pelo amor, apoio e por sempre acreditar
que eu poderia chegar neste momento.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me conduzir nessa caminhada.
A minha família, meus pais Carlos e Socorro pelo estímulo e apoio.
Ao meu filho Felipe pelo incentivo, confiança e amor incondicional em todas as
ocasiões.
Ao meu companheiro André Santana pelo carinho e presença constante e por
acreditar que tudo isso seria possível.
A minha orientadora Cláudia Silva de Santana pela ajuda na construção deste
trabalho.
Aos professores da Universidade do Estado da Bahia que no decorrer deste curso
contribuíram para o meu aprendizado.
As minhas colegas de jornada acadêmica Liana Ferreira, Gilda Santiago, Sandra
Bonfim, Sara Menezes pela amizade e auxílio.
A todos que participaram desta conquista, direta ou indiretamente, meus sinceros
agradecimentos.
Construir a esperança “esperançando” exige ter e dar tempo ao tempo, para que algo nos
aconteça, nos toque...para que vivamos experiências únicas, para sermos levados,
conscientes e plenos, pela vida, na construção e gestação do sonho que se faz hoje.
(Madalena Freire)
RESUMO
Esta monografia discute a formação de professores por meio da Educação a Distância e o exercício da prática docente. Tem como objetivos avaliar os recém saídos dos cursos de formação de EAD, bem como a aplicabilidade do aprendizado do professor dessa modalidade de ensino na sua prática pedagógica; conhecer as vantagens e desvantagens da educação online na formação superior de professores e verificar os efeitos e resultados dos cursos de EAD na pratica docente. É uma pesquisa de abordagem qualitativa acompanhada pela pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, através de observações e entrevistas com professoras formadas por meio da Educação a Distância, as quais fizeram despertar o interesse pelo tema deste trabalho. Os resultados encontrados neste estudo sugerem que a Educação a Distância, acompanhada pelo suporte das tecnologias de informação e comunicação, favorece uma prática pedagógica mais inovadora e se afirma como uma alternativa de inclusão. Portanto, acredita-se que a EAD, traga bons resultados de desempenho na formação de professores e contribuições significativas no preparo para a prática docente. Palavras-chave: Educação a Distância. Formação de Professores. Tecnologias. Prática Pedagógica.
ABSTRACT
This monograph discusses the training of teachers through distance education and the teacher's job. Aims to evaluate the fresh out of training courses for distance education as well as the applicability of learning this type of teacher education in their teaching and to know the advantages and disadvantages of online education training programs for teachers and see the effects and results of distance education courses in practice teaching. It is a qualitative approach accompanied by literature and field research, through observations and interviews with teachers trained through distance education, which did arouse interest in the topic of this work. The results of this study suggest that distance education, accompanied by the support of information technology and communication, encourages a more innovative teaching practice and stated as an alternative to inclusion. Therefore, it is believed that long-distance, bring good results of performance in teacher education and significant contributions in preparation for teaching practice. Keywords: Distance Education. Teacher. Technologies. Pedagogical Practice.
SUMÁRIO
1.0 2.0
INTRODUÇÃO............................................................................................................ EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.....................................................................................
9 13
2.1 – HISTÓRICO E LEGISLAÇÃO DA EAD........................................................... 13
2.2 - CONCEITUANDO A EAD
2.3 - RECURSOS QUE SUSTENTAM A QUALIDADE DE UM CURSO DE
EAD...............................................................................................................................
2.4 – EDUCAÇÂO ONLINE: VANTAGENS E DESVANTAGENS.........................
16 22 27
3.0
ENTENDENDO A PRÀTICA PEDAGÒGICA DESSES PROFESSORES..........
36
3.1 – OS CURSOS A DISTÃNCIA PARA A FORMAÇÂO DE PROFESSORES 40
3.2 – CAMINHOS PERCORRIDOS DA PESQUISA.................................................. 3.3 – OS RESULTADOS DA PREPARAÇÂO DOCENTE: COM A PALAVRA, AS
PROFESSORAS......................................................................................................
46 48
4.0
CONSIDERAÇÔES FINAIS.......................................................................................
57
5.0
REFERÊNCIAS.............................................................................................................
60
6.0 APÊNDICE.................................................................................................................... 62
9
1. INTRODUÇÃO
Diante das transformações que vêm acontecendo na nossa sociedade como a
globalização e o surgimento das novas tecnologias, a Educação a Distância ampliou
em muito sua presença nas diversas áreas de formação e atualização profissional
na última década. A oferta de cursos via rede de computadores cresce a cada dia
consagrando a EAD como mais um espaço de aprendizagem e também de
formação de professores.
A formação via EAD caracteriza-se por metodologias diferentes das que ocorrem
nos cursos presenciais, possibilitando um tipo de construção de conhecimento não
linear, uma educação extra-escolar que utiliza os diversos meios eletrônicos de
comunicação. Nesse contexto constitui-se como objeto de estudo desse trabalho as
contribuições significativas dos cursos de EAD para uma qualificação compatível
com as exigências para o exercício profissional na docência.Partindo-se dessa
reflexão, podemos fazer o seguinte questionamento: Os professores recém saídos
dos cursos de formação de professores a distância se sentem preparados para o
exercício da prática docente?
O interesse pelo tema surgiu a partir da proximidade de colegas de trabalho –
professoras em exercício nas instituições de ensino – que estão concluindo o curso
de formação docente por meio da modalidade Educação a Distância e demonstram
estarem preparadas para o exercício docente. Através desse contato foi possível
refletir sobre a grande quantidade de educadores que não tem possibilidades reais
de freqüentar cursos em faculdades ou Universidades ou por questões geográficas e
temporal ou por, principalmente, por questões financeiras.
Atualmente as fontes de informação estão muito mais diversificadas devido à
rapidez dos avanços tecnológicos de informação e comunicação, mas ainda são
poucas as oportunidades de garantir o acesso a educação e formação de todos os
brasileiros.
10
A EAD ganha força na atualidade em virtude da extensão geográfica do Brasil e
também pela necessidade dos cursos de graduação almejados por um grande
número de pessoas.
Essa nova realidade impõe que o processo educativo seja revisto incorporando
essas novas tecnologias para dar flexibilidade de acesso através da internet
reafirmando o princípio de que o foco principal está na aprendizagem e não no
ensino. A interação com os computadores facilita a construção do conhecimento e
abre caminhos para aprendizagem contínua e o intercâmbio dos saberes.É nesse
contexto que a Educação a distância vem dar sua contribuição, pois pode atender
um grande número de alunos e com um custo mais baixo do que o ensino
presencial. Ensinando com as novas mídias e rompendo a lógica do ensino
tradicional a EAD traz uma prática mais inovadora, portanto se afirma como uma
alternativa de inclusão.
Através do Art.87 da Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases (LDB), foi instituida a Década
da Educação (1997/2007) que exige a certificação universitária para os professores
e a publicação dessa Lei gerou urgência na qualificação de grande parte do
professorado sem a habilitação exigida em lei e, conseqüentemente aumentou a
procura e a oferta de cursos de professores a distância.
Nesse sentido a EAD surge como a evolução da educação nos tempos modernos,
portanto acredita-se que essa nova modalidade formativa traga bons resultados de
desempenho na formação de professores permitindo a democratização e
universalização do ensino através de uma proposta pedagógica consistente,
reflexiva, que promova a interação e a construção do saber.
Para uma melhor discussão acerca do preparo para a prática docente desse
alunado recém saído dos cursos de educação a distância esta monografia pretende
conhecer os recursos que sustentam a qualidade de um curso de formação de
professores a distância, discutir a aplicabilidade do aprendizado do professor de
EAD na sua prática pedagógica, analisar as vantagens e desvantagens da educação
online na formação superior de professores verificando os efeitos e resultados do
curso de EAD na prática docente.
11
Inicialmente, para sistematizar a fundamentação teórica desta pesquisa, foi utilizada
a Pesquisa Bibliográfica, ou seja, com leitura atenta e sistemática, análise e
interpretação de livros, textos legais e documentos xerocopiados. Foram feitas
anotações e fichamentos, examinadas fontes e, a partir delas coube uma análise do
que já se produziu sobre o determinado tema.
Essa pesquisa pode também ser considerada exploratória, pois de acordo com
Marilda Ciribelli (2003, p.54):
A pesquisa exploratória é o primeiro passo de qualquer trabalho científico.É também denominada Pesquisa Bibliográfica.Proporciona maiores informações sobre o tema que o pesquisador pretende abordar; auxilia-o a delimitá-lo; ajuda-o a definir seus objetivos e a formular suas hipóteses de trabalho e também a descobrir uma forma original de desenvolver seu assunto. Pode ser feita através de Documentos, Bibliografias, Entrevistas, Observações e Visitas Web Sit.(p5. 4)
Após conhecer as contribuições científicas disponíveis sobre o tema determinado foi
realizada a Pesquisa Descritiva que, ainda de acordo com (CIRIBELLI, 2003, p.54)
os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem
que o pesquisador interfira neles, mas para isso usa como técnica de coleta de
dados a observação, os questionários, as entrevistas e os levantamentos.
A análise com os sujeitos da pesquisa, cinco professoras em exercício oriundas de
cursos de EAD, foi feita através de um estudo com base em observações e
entrevistas acompanhado de uma Pesquisa de Campo realizada em duas escolas
da rede privada de Ensino Fundamental.
Nesse tipo de pesquisa o pesquisador efetua a coleta de dados “em campo”, isto é,
diretamente no local em que ocorrem os fatos ou fenômenos através da observação
direta, do levantamento. (CIRIBELLI, 2003, p.55). A observação e a entrevista foram
os instrumentos utilizados na pesquisa de campo.
A Pesquisa tem caráter qualitativo no que se refere às suas características que
Godoy (1995a, p.62) enumera como características de uma Pesquisa Qualitativa:
12
• Ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como
instrumento fundamental;
• O caráter descritivo;
• O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação
do investigador;
• Enfoque indutivo.
Segundo este autor a Pesquisa Qualitativa compreende um conjunto de técnicas
interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um
sistema complexo de significados.(GODOY, 1995b, p.21)
A primeira parte da pesquisa traz um breve histórico da EAD e seus aspectos legais,
a oferta de cursos de formação de professores nessa modalidade, seguidos por uma
discussão mais ampla sobre as vantagens e desvantagens da educação online, as
contribuições dos recursos oferecidos por essa modalidade de ensino para garantir
uma qualidade nos cursos de formação, procurando compreender como os cursos
de EAD no ensino superior contribuem nas práticas educativas de professores em
exercício.
A segunda parte dessa pesquisa aborda alguns conceitos sobre prática pedagógica
bem como a incorporação das tecnologias a essa pratica educacional na modalidade
de ensino a distância , a metodologia utilizada, a apresentação das professoras da
Pesquisa de campo e seus depoimentos sobre o curso de EAD, no qual fizeram ou
fazem a formação superior em Pedagogia.
Nessa parte do estudo, as mesmas falam das vantagens e dificuldades do curso,
relatando um pouco de suas experiências na Educação a Distância. As identidades
das referidas professoras foram preservadas, portanto estas são citadas através de
uma numeração de 1 a 5.
Os autores que sustentam a base epistemológica desta discussão são: Vani Kenski
(2007); José Manuel Moran (2002); Edméa Santos (2006); Lynn Alves (2006); Selma
G. Pimenta (2006); Maria Luiza Belloni (1999); Pierre Lévy (1999); Marco A. da Silva
(2003); Edith Litwin (2001); entre outros.
13
2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2.1 Histórico e Legislação da EAD
Alguns dados de pesquisas mostram que a EAD surgiu no mundo desde meados do
séc. XIX(1840), através do ensino por correspondência, como solução para
desenvolver as habilidades necessárias ao início do processo de industrialização.De
acordo com ALVES (1998) a EAD começou no século XV na Alemanha, com a
invenção da imprensa por Johannes Guttenberg, mas numa versão mais moderna a
primeira experiência é registrada na Suécia , em 1883.
Ainda, segundo ALVES (1998) a França, a Inglaterra e a Espanha contribuíram
fortemente para a grande difusão da EAD, fazendo com que os outros países
adotassem os modelos desenvolvidos pelos seus centros educacionais: Centre
National de Enseignement a Distance, Universidad Nacional de Educación e Open
University.
Além desses países o Canadá, por meio da Tele-Université, contribuiu com
grandes trabalhos para que houvesse a ampliação do campo de atuação dessa
metodologia educacional.( ALVES1, 2009).
Algumas instituições particulares nos Estados Unidos e Europa ofereciam cursos
por correspondência de cunho bastante instrumental e pouco acadêmico, pois eram
cursos destinados apenas para atender a ofícios vinculados a o mundo industrial,
mas só depois de algumas décadas a EAD se estabelece como modalidade de
ensino disputando espaço com a educação presencial.
“Em 1892, a Universidade de Chicago instituiu um curso por correspondência incorporando os estudos da modalidade na Universidade. Em princípios do século XX, outras instituições – por exemplo, a Calvert, em Baltimore – desenvolveram cursos para a escola primária. Em 1930, identificamos 39 universidades norte-americanas que oferecem cursos a distância.”(LITWIN,2001,p.15)
1 . Disponivel em < WWW.bibvirt.futuro.usp.br/textos/artigos/edicadist.PDF>acesso em 24/05/2009.
14
As primeiras universidades a distância só surgem a partir da década de 60 como a
Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos; a Universidade Aberta da Grã-
Bretanha, conhecida como Open University que , segundo Litwin (2001), utilizava a
unificação de materiais impressos, televisão e cursos intensivos de outras
universidades,em períodos de recesso, o que tornou essa universidade um modelo
de ensino a distância.
Adotando esse modelo inglês,destacam-se na América Latina a Universidade Aberta
da Venezuela e a Universidade Estatal a Distância.Algumas outras não seguiram
esse modelo dos países desenvolvidos – Universidade Autônoma do México,o
Sistema de Educação a Distância da Universidade de Brasília e de Honduras,os
Programas de Educação a Distância da Universidade de Buenos Aires – mas que se
firmaram incorporando todos os sistemas de capacitação , a mestrados ,a pós
graduações, demonstrando as excelentes possibilidades da modalidade para a
educação permanente.(LITWIN,2001).
No Brasil a EAD surgiu como necessidade de corrigir os fracassos do sistema
educacional brasileiro, que não conseguia universalizar e democratizar o ensino. A
primeira experiência foi em 1923 através da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e
Radiodifusão (Roquete Pinto); em 1941 o Instituto Universal Brasileiro promove
cursos por correspondência e na década de 70, os Projetos Minerva com a
Teleducação através do rádio e da atuação do Senac.
O SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - iniciou suas atividades
no Rio de Janeiro e em São Paulo com a Universidade do Ar e em 1973 iniciou
cursos por correspondência, seguindo o modelo da Universidade de Wisconsin-
USA.(ALVES2,2009).Entre as primeiras experiências de maior destaque encontra-se,
segundo NUNES3,(1994, p.2), o Movimento de Educação de Base(MEB) que se
preocupava em alfabetizar jovens e adultos das classes populares, através das
escolas radiofônicas, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, desarticulado pela
2 Artigo do Programa Novas Tecnologias na Educação,1998, disponível em http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/artigos/educadist.PDF acesso em 24/05/2009. 3 Artigo do Programa Novas Tecnologias na Educação,1998, disponível em http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/artigos/educadist.PDF acesso em 24/05/2009.
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repressão política, após o golpe de 1964, fazendo com que esse projeto inicial fosse
abandonado.
No seu artigo do Programa Novas Tecnologias da Educação ALVES (1998) afirma
que não existem registros precisos acerca da criação da EAD no Brasil , mas tem-se
como marco histórico a implantação das “Escolas Internacionais”, em 1904, que
representavam organizações norte-americanas.O Brasil, mesmo com amplos meios
para o êxito da EAD, ainda se mostra dentro de um modelo importador nas demais
áreas do conhecimento, pois necessita de ações concretas por aqueles que
realmente pretendem o seu desenvolvimento como instrumento de melhoria
qualitativa e quantitativa da educação nacional.(ALVES, 2009).
Nota-se, segundo esta autora, um grande avanço da EAD brasileira no fim da
década de 80 e início dos anos 90, principalmente devido aos projetos de
informatização e da difusão das línguas estrangeiras.
De acordo com “Os Quatro Pilares da Educação; O seu papel no desenvolvimento
humano” da UNESCO em 13 de Julho de 2003, o desenvolvimento da EAD pode ser
descrito por três gerações: A primeira foi iniciada no Brasil no século XIX com o
Ensino por correspondência, utilizando material impresso - atualmente, ainda atua
nessa modalidade o Instituto Universal Brasileiro; a segunda – Teleeducação –
utilizava-se de telecursos através de programas radiofônicos e televisivos no qual se
destacaram a Teleescola, em Portugal e o Projeto Minerva, no Brasil e a terceira
geração deu-se nos ambientes interativos possibilitados pelas inovações da Word
Wide Web, através dos weblogs, teleconferências, Chat, fóruns de discussão,correio
eletrônico, trazendo a interação multidirecional entre tutores e alunos.
Assim, na primeira geração a universalização da educação dependia do atendimento
eficaz dos correios e é marcada pela educação autodidata.Já na segunda geração
de EAD, apesar de permanecer o objetivo da universalização do ensino, não
permitia uma relação biunívoca entre aluno e professor, tendo como característica
principal a massificação do ensino sem ser possível a interação entre alunos e
professores.
16
É somente a partir da terceira geração, com o desenvolvimento das Tecnologias de
Informação e Comunicação – TIC’s - que essa interação aluno-professor passa a ser
possível numa sala de aula virtual e também modifica-se o objetivo da EAD, que se
foca na educação continuada.Os programas de graduação e mais recentemente de
pós graduação são os mais destacados nessa geração.
A educação a distância foi identificada num primeiro momento com o ensino por correspondência, porque era baseada em textos e exercícios transportados pelo correio. A segunda geração da educação a distância na universidade começou na década de 80, com o uso da televisão e do vídeo cassete para os telecursos profissionalizantes e formadores de estudantes do curso médio e fundamental. A terceira fase dessa que promete ser uma revolução no ensino brasileiro, começou na década de 90. (MORAN, 2002, p.251).
São notórias as mudanças que vêm ocorrendo no sistema educacional, exigindo
uma maior adequação e integração das TIC’s que podem ser utilizadas como
instrumentos padagógicos a serviço da formação do sujeito autônomo. Nesse
contexto a EAD entra nesse cenário contribuindo para as transformações dos
métodos de ensino e também para a expansão e melhoria no sistema de ensino
superior.
2.2 Conceituando a EAD
Para melhor compreensão dessa modalidade de ensino conta-se com a
contribuição dos conceitos de alguns autores, embora haja uma divisão de
pensamento nessa abordagem sobre a definição de EAD.Os conceitos se dividem
entre o estilo fordista de educação de massa e o pós-fordismo.
No primeiro grupo a EAD é conceituada fazendo um contraponto com a educação
presencial. Assim, percebe-se uma preocupação em separar docentes e discentes
da importância da autonomia, no sentido do individualismo da aprendizagem.
Apontando essas definições, os autores More (1990), Peters (1973), Cropley e Kahl
(1993) e Holmberg (1977), citados por Belloni (2001), fazem as seguintes
colocações:
17
Moore (1990) considera a EAD como um método de instrução em que os
procedimentos docentes acontecem a parte dos procedimentos discentes, de tal
forma que a comunicação entre professor e aluno pode se realizar através de textos
impressos, meios eletrônicos, mecânicos ou outras técnicas.
A EAD é uma espécie de educação baseada em procedimentos que permitem o
estabelecimento de processos de ensino e aprendizagem mesmo onde não existe
contato face a face entre professores e alunos – ela permite um alto grau de
aprendizagem individualizada.(CROPLEY e KAHL, 1983).Holmberg (1977) afirma
que a EAD apesar de cobrir várias formas de estudo, não há uma supervisão
contínua e imediata de tutores presentes com seus alunos em sala de aula ou nos
mesmos lugares, mas estes beneficiam-se do planejamento, da orientação e do
ensino oferecidos por uma organização tutoral.
Otto Peteres (1973) elucida que é um método de distribuir conhecimento,
habilidade, atitude, mediante aplicação da divisão do trabalho e de princípios
organizacionais. Forma industrial de ensinar e aprender.Peteres (1987) apud Belloni
(1999) afirma que a EAD é uma forma de estudo complementar à era industrial e
tecnológica e, portanto ensinar a distância é também um processo industrial de
trabalho, cuja estrutura é determinada pelos princípios do modelo industrial fordista,
desde o fim da Segunda Guerra, dentre eles a racionalização, divisão do trabalho e
produção de massa.De acordo com Nunes (1994), somente a partir das pesquisas
dos anos 70 e 80 a EAD foi vista pelo que é, ou seja, a partir das características que
a determinam ou por seus elementos constitutivos, pois os primeiros conceitos sobre
esta modalidade eram estabelecidos por comparação imediata com a educação
presencial.
A partir dos anos 90, observam-se conceitos mais abertos nos quais pode-se
identificar duas grandes fontes: o construtivismo, que leva em consideração a auto-
aprendizagem e a aprendizagem autônoma em EAD e os paradigmas sociológicos e
econômicos da pós-modernidade. No que se refere a esses paradigmas, Belloni
(1999,p.154) afirma que se baseiam na produção de massa e clientela numerosa e
indiferenciada que já se esgotou nas sociedades pós-industriais, mas provocaram
mudanças que geraram no campo da EAD uma tendência à educação aberta.
18
Essa aprendizagem aberta, por sua vez, é um modo de aprendizagem – novo no
sentido em que é distinto das práticas na maioria de nossas instituições de ensino
centrado no aprendente, concebido como um ser autônomo, gestor de seu próprio
processo de aprendizagem.( BELLONI, 1999 ). No segundo grupo de autores as
definições parecem ser as que melhor satisfazem o conceito moderno de educação
a distância:
Para a professora Edith Litwin (p.13, 2001) a EAD é uma modalidade de ensino com
características específicas que substitui a proposta de assistência regular à aula por
uma nova proposta, na qual os docentes ensinam e os alunos aprendem mediante
situações não convencionais, ou seja, em espaços e tempos que não compartilham.
A autora chama atenção para a importância das novas tecnologias e sua
contribuição na interatividade, mas destaca que as mesmas não garantem a
qualidade da proposta, pois autonomia não significa autoditadismo.
Nesse sentido, Kenski (2003) ressalta que apenas o uso dessas novas tecnologias
não é o bastante para uma nova perspectiva na educação, mas também que estas
pessoas, docentes e discentes, tenham o objetivo maior de aprender juntas.
As tecnologias digitais permitem aos professores trabalhar na fronteira do conhecimento que pretendem ensinar. Mais ainda possibilitam que ele e seus alunos possam ir além e inovar, gerar informações novas, não apenas no conteúdo, mas também na forma como são viabilizadas nos espaços das redes. KENSKI (2003, p.105).
Continuando essa linha de pensamento Kenski (2003,p.18) afirma que para todas as
demais atividades que realizamos precisamos de produtos e equipamentos
resultantes de estudos, planejamentos e construções específicas, na busca de
melhores formas de viver.Ainda conceituando a Educação a Distância, Nunes (1994)
afirma que:
Esta pressupõe um processo educativo sistemático e organizado que exige não somente a duplavia de comunicação, como também a instauração de um processo continuado, onde os meios ou os multimeios devem estar presentes na estratégia de comunicação. A escolha de determinado meio ou multimeios vem em razão do tipo de público, custos operacionais e, principalmente, eficácia para a
19
transmissão, recepção, transformação e criação do processo educativo. (NUNES, 1994,p.5).
De acordo com Nunes (1994, p.05) a educação a distância e a educação aberta
ainda se confundem, mas há diferenças entre essas duas modalidades de ensino.
No caso da educação aberta, esta pode ser a distância ou presencial, o que a
diferencia da educação tradicional é que todos podem nela ingressar, independente
de escolaridade anterior.
Na opinião de Belloni (1999) a Educação Aberta utiliza práticas de EAD para atender
as diversidades de currículos e de estudantes e para responder as demandas
nacionais, regionais e locais. A partir daí, a autora entende a EAD, diferenciando-a
do ensino presencial, como:
[...] uma modalidade de ensino, ou seja, deve ser compreendida como um tipo distinto de oferta educacional, que exige inovações ao mesmo tempo pedagógicas, didáticas e organizacionais. Seus principais elementos constitutivos (que a diferenciam da modalidade presencial) são a descontiguidade espacial entre professor e aluno, a comunicação diferida (separação no tempo) e a mediação tecnológica, característica fundamental dos materiais pedagógicos e da interação entre o aluno e a instituição. (BELLONI, 1999,p.156).
A autora ainda ressalta que o “industrialismo instrucional” que caracteriza as
experiências mais importantes de EAD, tende a gerar propostas fechadas em
“pacotes de ensino”, com pequena possibilidade de interação, demasiados diretivos
e informativos, deixando pouca margem ao exercício da autonomia do aprendente.
Belloni (1999, p.154).
A Educação a Distância não é um “fast-food” em que o aluno se serve de algo
pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades
individuais e as de grupo – de forma presencial e virtual. (MORAN, 2002,p.3). Para
este autor o ensino aprendizagem, atualmente, exige muito mais flexibilidade espaço
temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de
pesquisa e de comunicação. Moran (2002, p.32).
Nessa perspectiva é possível avançar rapidamente, trocar experiências esclarecer
dúvidas e inferir resultados. Moran (2002, p.3).A Educação a Distância pode ser
20
conceituada, conforme o Decreto n° 2.494, de 10/02/1998 (D.O.U. – 11/02/98), no
Art. 1°, como uma forma de ensino que possibilita a auto- aprendizagem; com a
mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados; ; apresentados em
diferentes suportes de informação; utilizados isoladamente ou combinados; e
veiculados pelos diversos meios de comunicação.
No entanto, só os mais céticos - ou desinformados - podem duvidar das
possibilidades de implantação da EAD, hoje, no país. Tanto é assim que a Lei no.
9.394/96, ou seja, a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
dedica-lhe pela primeira vez na legislação educacional brasileira, além de várias
menções, um artigo específico - o art. 80 - que estipula: “O Poder Público incentivará
o desenvolvimento e a vinculação de programas de ensino a distância, em todos os
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada."
O artigo 80 da LDB foi regulamentado pelo Decreto no. 2.494/98 - posteriormente
alterado pelo Decreto no. 2.561/98 - e pela Portaria Ministerial no. 301/98
(destinada a normatizar os procedimentos de credenciamento de instituições
interessadas em oferecer esse tipo de educação). Em seu Art. 1o, o Decreto
2.494/98 oferece uma definição oficial para a EAD:
A Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didático sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.”
( MEC, 2009 )
Nesse sentido, Nova e Alves (2003, p.3) compreendem “a educação a distância
como uma das modalidades de ensino-aprendizagem, possibilitada pela mediação
dos suportes tecnológicos digitais e de rede, seja esta inserida em sistemas de
ensino presenciais, mistos ou completamente realizada por meio da distância física.”
No que diz respeito a mediatização por meio das Tecnologias de Informação e
Comunicação entre professores e alunos, Litwin (2001) considera que deve ser uma
relação biunívoca de forma a possibilitar a construção do conhecimento.
21
Enfim, vale ressaltar os dizeres da professora Edith Litwin (2001) a respeito da
mediação tecnológica:
[...] adaptar-se aos desenvolvimentos tecnológicos resulta na capacidade para identificar e pôr em prática novas atividades cognitivas, pois as tecnologias vão gerando permanentemente possibilidades diferentes; daí sua condição particular de ferramenta. A colaboração que prestam permite aos estudantes transcender a idéia de eficiência na medida em que implica menos tempo e menos esforço, mas, além disso, possibilita novas relações com o conhecimento no âmbito das mediações com os contextos culturais.(p.18).
Esta discussão aponta para o fato de que as inovações tecnológicas, por si só, não
promovem o processo de interação. É fundamental que se considere o fator
humano, pois são estes sujeitos que conduzem os processos.
Avançando em seus conceitos, a EAD é pautada por uma peculiar diferença com
relação a abordagem tradicional: a flexibilidade.Esta característica, própria da
educação a distância, permite ao aluno o uso do tempo e do espaço de forma mais
aberta, contudo essa flexibilização requer uma organização e disciplinamento muito
maiores para não perder a consistência da proposta pedagógica.
Entretanto, essa flexibilidade não significa liberdade sem responsabilidade por parte
do aluno e também não se refere a uma proposta de autodidatismo, mas de uma
postura de comprometimento e autodisciplina.O perfil do aluno para esta nova
modalidade de ensino está na sua disposição para o estudo e interação, reservando
seu melhor horário para se aprofundar nas leituras, discussões e reflexões
compartilhadas com os demais colegas.
Um projeto pedagógico a distância requer assim a superação de vários desafios: o
desafio da flexibilidade, da autonomia do alunado, do uso da tecnologia como
mediadora de uma relação interativa, do pensar, permitindo a democratização do
ensino na construção do saber.
22
2.3 Recursos que Sustentam a Qualidade de um Curso de EAD
Os recursos disponibilizados em EAD têm o objetivo de propiciar a comunicação
entre os alunos e destes com o curso; de fazê-los utilizar tais ferramentas para
construir conhecimentos a partir do compartilhar de experiências, idéias e vivências.
Estes recursos, quando empregados pelos alunos fazendo-os, no entender de Litwin
(2001, p.17), “aprender a utilizar programas que atualizam a informação de maneira
constante”, podem contribuir de forma significativa para o processo de ensino e
aprendizagem.
Mas não bastam apenas os recursos. É importante que haja a interatividade,
compreendida por Cristiane Nova e Lynn Alves (2003, p.120) como uma
possibilidade comunicacional, que propicia uma troca ativa entre o criador, a obra e
aquele que sobre esta se debruça, que deixa de ser um mero espectador. Dessa
forma estabelece-se o vínculo, a comunicação e a relação que levam à
aprendizagem colaborativa.
Marco Silva (2000) destaca a importância da interatividade no processo educacional
e afirma que esta pode ser experimentada na sala de aula interativa – a distância ou
presencial – não mais centrada sem existir a separação entre emissão e recepção.
Nesse processo em que o professor passa a ser o condutor de um conjunto de
atividades levando seus alunos à construção do conhecimento, faz-se necessário
um material didático que apresente linguagem dialógica.
Ainda de acordo com Nova e Alves,( 2003, P.150):
A Educação a Distância é hoje considerada uma modalidade de ensino regular; que utiliza a mediação de diferentes linguagens, como a escrita, a imagem e a informática. Atualmente, possuímos outros tipos de transmissão de informações e de trocas de mensagens, da TV educativa à videoconferência, e, cada vez mais usual, a Internet –mediante seus recursos interativos: e-mail, chats e listas de discussão.
A partir dessas observações deve-se levar em conta alguns aspectos na produção
do material didático em ambiente virtual como: material em hipertexto, exercícios de
auto-avaliação, vídeos e arquivos de áudio em hipertexto, a produção gráfica
(material impresso) e textos que reproduzam, simulem um diálogo entre autor e
23
leitor. Complementando essas afirmações, o professor Marco Silva (2000) diz que a
interatividade, assim como nas tecnologias de informática e Internet, significa
interferir, modificar o que está sendo objeto de aprendizagem.
Para melhor compreensão a respeito de tecnologias, Kenski (2007, p.24) conceitua
como “conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao
planejamento, à construção e a utilização de um equipamento em um determinado
tipo de atividade”. Ainda seguindo essa linha de pensamento, Oliveira (2006, p.43)
afirma que “é oportuno ressaltar que as TIC’s não mudam necessariamente a
relação pedagógica. Elas servem para reforçar uma visão emancipadora, aberta,
interativa, participativa”.
Um recurso bastante utilizado em EAD é a teleconferência e a videoconferência, nas
quais o professor pode utilizar recursos visuais e auditivos. Na teleconferência os
alunos em pontos distantes (salas que captam sinal da teleconferência, como sinal
de TV) assistem aula ao vivo em aparelhos de TV, podendo fazer interferências
através de um telefone 0800. Já na videoconferência utilizam câmera localizada no
ponto em que estão assistindo, permitindo que professores e demais pessoas
possam vê-lo e ouvi-lo de outro ponto distante.
O telefone 0800 é um canal direto entre a equipe do curso e os alunos, utilizando
para conversas entre os alunos e professores e tutores. Mas o principal recurso
interativo e colaborativo em EAD é a página do curso da Internet (HTML), que pode
ser descrita como gerenciador do ambiente virtual de aprendizagem, pois é nesse
ambiente que o aluno encontra as ferramentas de comunicação e colaboração, links
para outros sites, informações sobre o curso, os colegas, espaços de lazer e
exercícios. Além disso ainda têm acessos aos hipertextos, onde o aluno tem à sua
disposição diversos textos e outras páginas da Internet. Dessa forma, vão
construindo significações.
O Chat ou bate-papo é um recurso que possibilita a comunicação, ao mesmo, entre
duas ou mais pessoas, de forma escrita, utilizando o teclado. É um recurso
dinâmico.
24
De acordo com Moran (2002), há críticas à falta de ferramentas de gestão de Chat, à
dificuldade de reunir um número grande de alunos de forma adequada. Mas aos
poucos os chats vão incorporando recursos (como cores, figuras, sons e imagens)
que os tornam mais atraentes. (p.272).
O fórum de discussões é um recurso de uso assíncrono (não é ao mesmo tempo)
onde as mensagens ficam disponíveis para todos os usuários cadastrados no curso.
Nele a leitura é flexível, o aluno pode enviar quantas mensagens quiser a qualquer
horário e ainda intervir nas outras mensagens, constituindo-se em um espaço de
interação.
Outro recurso é o e-mail, onde os alunos têm acesso à sua caixa postal eletrônica,
na qual ficam armazenadas as mensagens recebidas.
Os serviços telemáticos mais utilizados na educação virtual, de acordo com Moran
(2002 ) são:
[...] o correio eletrônico, em 90% dos cursos superiores. A web é a mídia que mais cresce na Educação a Distância no Brasil (81 instituições de ensino superior a utilizam nos seus cursos).O fórum é uma ferramenta que aparece em pelo menos 50% dos cursos. O Chat existe na maior parte dos ambientes, mas a sua utilização é menos freqüente.(p.272)
A cada dia torna-se mais evidente a emergência do que Lévy (1997, p.17) chama de
cibercultura, isto é, de “um conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas,
de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem
paralelamente ao crescimento do ciberespaço”, este último sendo por sua vez
definido por ele como “ o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial
de computadores e memórias informáticas”.(p.107).
Para Marco Silva (2003) a cibercultura é um desafio para a pedagogia na atualidade,
pois questiona o modelo da transmissão de conteúdo para a memorização e
repetição, separando emissão e recepção. O autor ainda afirma que Cibercultura é a
atualidade sociotécnica informacional e comunicacional definida pela codificação
digital (bits), isto é, pela digitalização, que garante o caráter plástico, hipertextual,
interativo e tratável em tempo real da mensagem.( SILVA, p.55).
25
A professora Solange Nogueira acredita que:
[...] a formação dos professores articulada com as questões do ciberespaço contribiu para sua autonomia, pelo fato de que o hipertexto e os novos dispositivos comunicacionais são suportes privilegiados para as mediações possíveis nos processos de autoformação e para a construção de um novo protagonismo dos aprendizes, da educação básica ao ensino superior.( NOGUEIRA, 1998 p.52).
Para Lévy (1993,p.29) o ciberespaço, dispositivo de comunicação interativo e
comunitário, apresenta-se justamente como um dos instrumentos privilegiados da
inteligência coletiva.Destaca o autor que o ciberespaço não determina o
“desenvolvimento da inteligência coletiva”, apenas fornece um ambiente propício
para tal.Silva (2003)4 afirma que hoje, devido a cibercultura, existe um novo
espectador: menos passivo diante da mensagem mais aberta à sua intervenção.Isso
significa um novo leitor, que faz seu próprio roteiro de leitura interdisciplinar.
As informações acima se referem ao que Ramal (1997)5 define como hipertexto:
[...] é, como o próprio nome diz, algo que está numa posição superior à de texto, que vai além do texto. Dentro do hipertexto existem vários links, que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas expressões com novos textos, fazendo com que estes se distanciem da linearidade da página e se pareçam mais com uma rede.
O hipertexto é um recurso que permite a não-linearidade, rompendo com a estrutura
convencional, pois possibilita ao aluno maior liberdade de navegação, sendo o co-
autor do texto final.Lévy (1999,p.33) conceitua o hipertexto de duas formas:
Tecnicamente um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conecções. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. [...] Funcionalmente o hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimentos ou dados, a aquisição de informações e a comunicação.
4 SILVA, Marco. Reinventar a sala de aula na cibercultura.Pátio Revista Pedagógica, ano VII, n°26 maio/julho 2003 5 RAMAL, Andréa C. Ler e Escrever na Cultura Digital. Disponível http://www.revistaconecta.com/destaque/edição.
26
Para o autor a velocidade “quase instantaneidade”é uma característica fundamental
do hipertexto, pois permite “generalizar e utilizar em toda sua extensão o princípio da
não-linearidade”.(LÉVY, 1999, p.37).Ramal (1997) ainda argumenta dizendo que
cada percurso textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético.Não
existindo, portanto um único leitor, mas sim um sujeito coletivo, numa reunião e
interação de consciências que produzem conhecimentos e navegam juntas.
Silva (2003) também contribui para a idéia do texto coletivo quando afirma que
comunicação supõe participação, pois participar significa interferir, modificar a
mensagem. Sendo assim, a participação coletiva pode ser entendida como interação
colaborativa ou co-criação.Outro recurso voltado para a aprendizagem colaborativa
bastante utilizado na EAD e que permite, de maneira simplificada e eficaz, a
integração de um estudante ou professor, estudando ou lecionando, num curso
online de sua escolha, é o Moodle – Modular Object-Oriented Dynamic Learning
Environment.
Este recurso é um software livre, de apoio à aprendizagem executado no ambiente
virtual, constitui-se em um sistema de administração de atividades educacionais
destinado à criação de atividades online que envolvam a formação de grupos de
estudo, treinamento de professores e desenvolvimentos de projetos nas empresas
privadas, ONG’S e grupos independentes.
O Moodle é também usado pelas universidades UNEB E UFBA, tanto nos cursos
presenciais como a distância, favorecendo a aprendizagem colaborativa e encontra-
se disponível em diversos idiomas, inclusive em português. É semelhante ao Orkut
com a diferença de ter seu direcionamento focado na educação e interação entre
estudantes e professores.
Por meio das entrevistas feitas com as professoras na pesquisa de campo pode-se
perceber a diversidade dos recursos aplicados nos cursos de EAD, a importância
das ferramentas tecnológicas dando maior suporte à aprendizagem dos alunos.
27
As professoras tiveram experiência com as tele-aulas, módulos, vídeos,DVD, bolsas,
calendários, fóruns, blogs, Internet, portifólio. E, para a professora 1, os chats,
MSN, orkut, e-mails foram recursos que promoveram um contato constante entre ela
e seus colegas, gerando uma interação muito rica.
As demais professoras também revelam que os suportes tecnológicos foram de
grande ajuda ao longo do processo de aprendizagem nessa modalidade a
distância.No capítulo a seguir, pode-se ter uma idéia das vantagens e desvantagens
desses recursos nos cursos a distância, principalmente desenvolver conhecimentos
sobre o uso educacional das tecnologias de informação e comunicação colocando-
se como possível solução para os problemas da educação em nosso país.
2.4. Educação ON-LINE: Vantagens e desvantagens.
Não se pode negar que as tecnologias são fundamentais para a mudança e os
processos flexíveis de aprendizagem, disponibilizando maior acesso às informações
e que “caminhamos na direção da democratização das organizações escolares com
o apoio das tecnologias” (MORAN, 2002, p.25), mas ainda são muitos os desafios
que a educação online tem que enfrentar.
É nesse contexto que este capítulo traz algumas considerações a respeito das
vantagens da modalidade EAD na formação docente, se os objetivos previstos estão
sendo alcançados, principalmente nas relações professor-aluno, aluno-aluno e, os
possíveis problemas e dasafios nessa modalidade de ensino Educação a Distância.
Essas considerações são feitas à luz dos seguintes autores: José Manuel Moran,
Vani Kenski, Edith Litwin, Lynn Alves, Cristiane Nova, Pierre Lévy, Ivônio Barros
Nunes, Solange Nogueira, Maria L. Belloni, Marco A. da Silva e ainda com o
depoimento de algumas professoras entrevistadas na pesquisa de campo.
A EAD é uma modalidade de ensino que fornece uma educação superando a
distância entre docentes e alunos em espaços e tempos não compartilhados pelos
mesmos, por isso utiliza-se das tecnologias através do ambiente virtual para
promover a integração e a interatividade entre esses sujeitos da aprendizagem.O
28
ambiente virtual é um software que oferece estruturas para uma universidade virtual,
baseado na Internet, ou seja, com um computador ligado à rede que pode ser
acessado por várias pessoas de diferentes localidades geográficas.
Nesses ambientes, são utilizados o correio eletrônico, Chat, fórum de discussão por
alunos e professores que, mesmo separados espacialmente, podem estar juntos
temporalmente.Pode-se apontar as tecnologias, ferramentas fundamentais em EAD,
como sendo de grande vantagem para esta modalidade de educação,pois “ são
mais do que simples suportes. Elas interferem em nosso modo de pensar, sentir,
agir, de nos relacionarmos socialmente e adquirirmos conhecimentos.Criam uma
nova cultura e um novo modelo de sociedade”.(KENSKI, 2003, p.23).
De acordo com esta autora, essas alterações refletem-se sobre as tradicionais
formas de pensar e fazer educação. Kenski (2003, p.27).Sobre esse aspecto,
ressalta a professora Litwin (2001,p.17), “as peculiaridades do suporte tecnológico
também permitem gerar atividades cognitivas diferentes das que se propriam se não
se contasse com elas”.A autora ainda afirma que:
As modernas tecnologias resolvem o problema crucial da educação a distância, que é a interatividade. Desenvolveram-se variadíssimas alternativas que permitem aos usuários fazer consultas com especialistas, bem como intercambiar opiniões, problemas ou propostas com outros usuários; ao mesmo tempo, eles aprendem a utilizar programas que atualizam a informação de maneira constante.(LITWIN, 2001, p.17).
Sem dúvida, este recurso permite uma infinidade de informações, linguagens e
símbolos dos quais o aluno se apropria, favorecendo uma maior autonomia na
construção do seu saber. De acordo com a professora Lynn Alves e Cristiane Nova
(2003),“[...] um novo tipo de linguagem acaba gerando uma nova forma de pensar o
mundo, dado que a mensagem é também o meio.”Kenski (2003) vai ainda mais além
nessa reflexão quando afirma que:
A interação proporcionada pelas “telas” amplia as possibilidades de comunicação com os outros espaços de saber. As informações fluem de todos os lados e podem ser acessadas e trabalhadas por todos: professores, alunos e pelos que, pelos mais diferenciados motivos, se
29
encontram excluídos das escolas e dos campi: jovens, velhos, doentes, estrangeiros, moradores distantes, trabalhadores em tempo integral, curiosos, tímidos, donas de casa ... pessoas.(p.101).
Essas vantagens da Educação a Distância permitem o acesso ao sistema daqueles
que vem sendo excluídos do processo educacional superior público por morarem
longe das universidades ou por indisponibilidade de tempo nos horário tradicionais
de aula, contribuindo para a formação de profissionais sem deslocá-los de seus
municípios.
Nos seus Roteiros de entrevista, as professoras deram os seguintes pareceres
quanto às vantagens do ensino a distância:
Professora 1:
“Os alunos e professores podem se comunicar, trocar experiências, colaborar uns
com os outros ao mesmo tempo ou em diferentes momentos conforme a
disponibilidade de cada um”.
Professora 2:
“É você quem faz seu horário de estudo”.
Professora 3:
“Temos mais tempo para fazermos os trabalhos, sites para que possamos
pesquisare adquirimos mais conhecimento da informática”.
Professora 4:
“A comodidade e oportunidade de estudarmos em casa”.
Professora 5:
30
“Flexibilidade de tempo e horário, exercício constante de leituras, conhecimento de
pessoas de toda parte do país e mundo, mensalidades mais baratas, diploma sem
diferenciação e outros”.
Nesse aspecto Nunes (1994, p.01) complementa que “a educação a distância é um
recurso de incalculável importância como modo apropriado para atender a grandes
contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos
de reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da
clientela atendida”.Mas, por outro lado, ocorre que:
[...] muitas vezes a Educação a Distância é utilizada apenas com fins pragmáticos e rentáveis e, por isso, acaba desvirtuando-se ao propiciar cursos rápidos, facilitados, que abrangem grandes populações, sem os cuidados necessários para garantir a qualidade e o reconhecimento social, daí o preconceito existente com relação a essa modalidade de ensino.( ALONSO e ALEGRETTI,2003,p.166).
Nesses casos, pode-se correr o risco de desenvolver práticas educativas voltadas
mais para a informação do que para o conhecimento, com a perda da qualidade da
interação e sem o desenvolvimento da autonomia do aluno.Os problemas em EAD
apontam, principalmente, para os inconvenientes da falta de socialização, da
necessidade do conhecimento prévio, do empobrecimento da troca direta de
experiências proporcionadas pela relação educativa pessoal entre professor e aluno
e da evasão.
Referindo-se à evasão, a professora 1 afirma que “por muitos não saberem lidar e
não terem acesso aos recursos tecnológicos terminam desistindo do curso”.
Além disso há , na maioria dos cursos de EAD, a falta de professores treinados e
capacitados a realizar esses cursos com qualidade.
Sobre este aspecto a professora Solange Nogueira (2002 p.32) afirma que:
Nós, profissionais da educação, que temos o conhecimento e a informação como matérias primas do nosso trabalho, enfrentamos os desafios oriundos dessas tecnologias. Esses enfrentamentos não significam a adesão incondicional ou a
31
oposição radical ao ambiente eletrônico, mas, ao contrário, significam criticamente conhecê-los, para saber de suas possibilidades no cenário pedagógico, suas vantagens e desvantagens.
Para Lévy (1993,p.37) “ quanto mais ativamente uma pessoa participar da aquisição
de um conhecimento, mais ela irá integrar e reter aquilo que aprender”.
É possível perceber, diante das argumentações desses autores, que as principais
vantagens da Educação a Distância estão relacionadas à maior flexibilidade em
relação a horários e lugares, ausência de rigidez quanto aos requisitos de espaço,
assistência às aulas, tempo e rítmo, oportunidade de formação adaptada às
exigências atuais, às pessoas que não puderam freqüentar a escola tradicional.
A garantia de acesso de qualquer local, tempo e horário viabilizam o trabalho individual e, ao mesmo tempo, facilitam a organização de equipes e o trabalho colaborativo entre alunos que estão muito distantes, às vezes em fusos horários diferentes. (KENSKI, 2007, p.03).
Kenski (2007) ainda ressalta que para o planejamento, organização,
desenvolvimento, avaliação e a definição de todas essas ações, é imprescindível
que o professor esteja preparado e qualificado para “professorar” a distância. Isso
significa, de acordo com Elsa Oliveira (2006, p.43):
[...] formar comunidades, virtuais ou presenciais, a fim de preparar o professor para aprender a aprender, trabalhar em equipe, partilhar experiências, solucionar conflitos, readequar ações, dominar as diferentes formas de acesso às informações mais relevantes para construir e reconstruir o cotidiano de sua prática como ator e autor da própria prática.
O professor tutor deve promover a participação de todos os alunos, estruturando
suas aulas de tal forma que os leve a sentir-se parte integrante do processo de
aprendizagem colaborativa e motivando-os a essa integração para evitar a evasão,
considerada tradicionalmente, de acordo com Nova e Alves (2003), um dos maiores
problemas da Educação a Distância.
32
Estas autoras acreditam serem poucos os profissionais que dominam os meios
tecnológicos e que tenham capacitação para desenvolver programas educacionais
de qualidade pedagógica.
Pode-se perceber, a partir dessas reflexões, que a modalidade EAD traz muitas
vantagens para o ensino com a utilização das novas tecnologias de comunicação e
informação (TIC). Nova e Alves (2003,p.134) concordam que “o ensino online estaria
contribuindo para a construção de uma educação conectada com as necessidades
atuais e para a produção de saberes mais plurais, coletivos e interativos”.
Essas tecnologias digitais podem trazer, de fato, um potencial de transformação nas
formas ensinar e aprender, mesmo que , na maior parte dos casos, ainda virtual.
É nesse sentido que apostamos que as tecnologias digitais podem, não apenas criar novas alternativas para os mundos do trabalho, da economia, do entretenimento, da publicidade, mas também do universo da construção do conhecimento, de forma mais ampla, e da educação, de forma mais específica. E acreditamos que a educação online seja a modalidade de ensino mais apta a se tornar a ponta de lança desse processo.(NOVA e ALVES, p.125-126).
Paralelamente são vantagens das novas TIC’s a proposta de um currículo sem
limites, utilizando-se dos hipertextos, das redes, e o respeito ao ritmo e
disponibilidade de tempo de cada aluno.Mas a EAD ainda tem grandes desafios a
trilhar, a começar pelo custo. O retorno de um projeto para educação a distância só
é viável economicamente se houver muitos alunos para poucos professores. Desse
modo, como fica a relação interpessoal entre professor-aluno mediando a
aprendizagem? E a interação entre os mesmos? Estas são questões a serem
pensadas para não se correr o risco da massificação e do ensino de baixa
qualidade.
A professora Solange Nogueira (2006, p.51) vê como maior desafio na EAD a
comunicação interativa. Na sua opinião:
33
Esse desafio se desdobra em três: o professor precisa compreender o hipertexto como mudança paradigmática comunicacional que define a tendência contemporânea da esfera tecnológica; precisa fazer o hipertexto potencializar sua ação pedagógica, sem perder sua autoria diante dele; precisa perceber também que não se trata de invalidar o paradigma clássico.
Moran (2009)6 aponta alguns problemas relacionados a EAD:
É baixo o índice de alunos que acessam a Internet deixando de realizar atividades importantes de aprendizagem e mesmo assim são aprovados; a sensação de individualismo e solidão que muitos alunos sentem em cursos só baseados em conteúdos impressos ou na web; a falta de continuidade da gestão em muitos cursos, impedindo o crescimento significativo; uma grande quantidade de marketing em alguns campos, que beira a propaganda enganosa e também a falta de computadores suficientes para atender os alunos nos encontros presenciais.
Essas colocações do autor são relevantes para explicar o alto índice de desistências
nos cursos matriculados, o perigo da homogeneidade dos materiais instrucionais –
todos aprendem o mesmo conteúdo, por um só pacote instrucional, conjugado.O
aluno precisa saber utilizar as tecnologias empregadas no curso, pois pode ficar
impossibilitado de comunicar-se com o professor e com os colegas, gerando
dificuldade no esclarecimento de suas dúvidas e na troca de idéias.
Além disso pode ocasionar uma sensação de isolamento que é desfavorável para a
motivação e persistência.Silva (2003, p.64) destaca a importância de se tomar
providências para inserir o aluno na cultura virtual quando afirma que”o ambiente
virtual de aprendizagem deve favorecer a interatividade entendida como participação
colaborativa, bidirecionalidade e dialógica, além de conexão de teias abertas como
elos que traçam a trama das relações”.
Lévy (1993,p.29) cita que formas de isolamento e sobrecarga cognitiva (estresse
pela comunicação e pelo trabalho diante da tela) surgem na órbita das redes digitais
interativas.De acordo com este mesmo autor,” o fenômeno fundamental é o da
interconexão (entre pessoas, idéias, atividades, instituições), e não do isolamento”.
6 MORAN,José M.: Avaliação do Ensino Superior a Distância. Texto disponível em:http://www.eca.usp.br/prof/moran.
34
Belloni (1999) afirma que de modo geral a EAD é vista pelo público em geral e
também no campo educacional com uma modalidade de ensino de baixa qualidade
“principalmente quando se refere à formação inicial e regular oferecidas pelos
sistemas de ensino superior. Quando se trata de formação profissional continuada e
de curta duração, a Educação a Distância tende a ser mais facilmente avaliada”.
(p.163).
Nesse contexto, Machado (2009)7 cita alguns pontos destacados pelos que criticam
a Educação a Distância:
A principal crítica refere-se à qualidade dos cursos [consideração esta que também deve ser levada em conta pelas autoridades e pelo MEC quanto aos cursos presenciais]. O temor existente está associado à idéia de que a centralização das atividades nos computadores e na web, em bases que vão de 60 a 80 % do total da carga horária destes cursos, irá fazer com que os estudantes leiam menos os cânones da Pedagogia e das licenciaturas relacionadas ao exercício da educação.(p.04).
O autor observa que muitos alunos não lêem ou estudam com a devida
profundidade trabalhos de autores importantes e o conhecimento fica
fragmentado.Embora a tecnologia seja uma parte importante na educação a
distância, qualquer programa de sucesso deve focalizar mais nas necessidades
instrucionais dos alunos do que na própria tecnologia, mesmo concordando com
Kenski (2004, p.122) na sua afirmação que “o ensino mediado pelas tecnologias
digitais pode alterar essas estruturas verticais (professor > aluno) e lineares da
interação com as informações e com a construção individual e social do
conhecimento”.
A autora ainda ressalta que os dados encontrados livremente na Internet
transformam-se em informações pela ótica, pelo interesse e pela necessidade com
que o usuário os acessa e os considera.As cinco professoras entrevistadas apontam
como suas dificuldades no curso a falta da presença do professor para tirar as
dúvidas, fato que, na maioria das vezes, gerava uma sensação de solidão e o”
isolamento”citado por Lévy (1993).
7 MACHADO, João Luis de A. O EAD na Formação de Educadores – Problemas e possibilidades. Artigo disponível em: http://www.planeta educação.com.br/novo/imagens/artigo/diário/pdf
35
A identificação de dificuldades como essas enumeradas acima é de fundamental
importância para que o professor encaminhe seu trabalho de formação de modo
coerente e adequado, com um olhar atento para diagnosticar problemas e
dificuldades de seus educandos e, assim, introduzir correções no processo.
Na Educação a Distância faz-se necessário priorizar os recursos tecnológicos mais
interativos a fim de favorecer o trabalho colaborativo de construção do conhecimento
e preparar o professor para a sua prática docente.
Para Moran (2002, p.51), na pedagogia não podemos facilitar só o que é certo, mas
criar situações de desafios, de validação de várias opções, pois isso facilita a
pesquisa, a interação e ajuda vos alunos a terem mais responsabilidade sobre sua
aprendizagem.
Na seção seguinte, discute-se a prática pedagógica e sua contribuição enquanto
meio pelo qual o educador faz a mediação; a relação professor – educandos para a
construção coletiva do conhecimento e sua ação de encaminhar propostas de
atividades, através dos meios tecnológicos, organizando o caminho do pensamento
crítico e reflexivo.
36
3.ENTENDENDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA DESSES PROFESSORES...
Nesta parte, discute-se a relação entre teoria e prática, a prática docente como
instrumentalização e desenvolvimento das habilidades e a relação da mesma com
as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), bem como alguns conceitos
sob a ótica dos seguintes autores: Edméa Santos (2006), Lynn Alves (2006), Selma
G. Pimenta (2006),Vani Kenski (2001), Marco A. Silva (1991), Solange Nogueira
(1998), José Manuel Moran (2002), Elsa Oliveira (2006).
A pratica docente deve estar comprometida com a formação da competência
humana para a autonomia do sujeito. Nesse sentido ela deve ser vista como um
processo que ocupa diversos espaços tanto presencial quanto virtual.Essa
competência, segundo Santos e Alves (2006), entende-se como o tomar iniciativa e
o assumir responsabilidade do indivíduo num contexto de compartilhamento de
informações e de interatividade.
As práticas formativas devem pautar suas situações de aprendizagem tomando
como referência as experiências vivenciadas pelos docentes no seu cotidiano,
criando espaços para a realização de atividades colaborativas. (ALVES, 2006,
p.160).Fazendo referência ao processo colaborativo, Alves (2006) afirma que nesse
processo os sujeitos são pares, co-autores nos diferentes processos de criação e
(re)construção de sentidos, mas é fundamental que haja um objetivo comum a ser
alcançado para satisfazer a necessidade concreta tanto do sujeito como do coletivo.
O ato de ensinar exige do professor uma constante reflexão crítica sobre as suas
práticas cotidianas devendo estar inserido no processo de formação a fim de
aprimorar os conhecimentos, buscar novos saberes, aprender novas estratégias de
ensino e os mecanismos de reflexão.
Cabe ressaltar o questionamento de Silva (1991, p.54) sobre a prática docente:
[...] quantos são os professores brasileiros que ao iniciarem o magistério, efetivamente sabem o que e como ensinar? Quantos são corretamente preparados para analisar as conseqüências de suas ações e do seu trabalho em uma escola? Quantos têm uma vivência
37
com crianças reais historicamente situadas? Eu diria que poucos, muito poucos... devido ao caráter excessivamente teórico e livresco dos nossos cursos de preparação e formação de professores.
Diante do pensamento do autor, percebe-se que a prática bem sucedida do
professor conduz o aluno direcionando-o para construir seus conhecimentos a partir
do ensino-aprendizagem. Isso significa que, em qualquer processo ensino-
aprendizagem, o diálogo, a comunicação, a solidariedade no ouvir, na democracia
ao falar devem ser elementos fundamentais para romper com a aprendizagem
autoritária, fragmentária, individual.
Para Pimenta (2006, p.83) a essência da atividade (prática) do professor é o ensino-
aprendizagem. Ou seja, é o conhecimento técnico, prático de como garantir que a
aprendizagem se realize como conseqüência da atividade de ensinar. Fazendo uma
relação entre teoria e prática, Pimenta (p. 99, 2006) afirma que:
A prática seria a educação em todos os seus relacionamentos práticos e a teoria seria a ciência da Educação. A teoria investigaria a prática sobre a qual retroage mediante conhecimentos adquiridos. A prática, por sua vez, seria o ponto de partida do conhecimento, a base da teoria e, por efeito desta, torna-se prática orientada conscientemente.
Kenski (2001) segue essa linha de pensamento, indo um pouco mais além,
concluindo que de fato a formação de professores carece tanto da prática como da
teoria. Pelo exposto percebe-se que nessa relação o educador constrói de forma
colaborativa com o aluno.
Se a relação teoria e prática é importante na construção do conteúdo específico, essa mesma relação torna-se imprescindível em relação ao domínio dos saberes integradores. Agora, a prática se dá na escola, nos estágios dos cursos de graduação, onde os professores vão procurar estabelecer um vínculo bastante forte entre o saber e o saber fazer. (KENSKI, 2001,p.113-114).
É preciso que o professor, além de saber os conceitos espontâneos, saiba construir
atividades através de questões problematizadoras bem formuladas, que levará os
alunos a evoluírem nos seus conceitos, habilidades e reflitam sobre seus
38
pensamentos, aprendendo a reformulá-los. Nesse mesmo sentido, a professora
Solange Nogueira cita que:
É por meio da relação teoria/prática, presente na concepção da formação do professor reflexivo, que é possível criar oportunidades para registrar os saberes da docência, forjados no e pelo cotidiano escolar, de salientar atitudes e valores éticos tão pouco oportunizados e vivenciados na educação tradicional e na sociedade contemporânea.( NOGUEIRA ,1998,p.52).
A estruturação e desestruturação de conhecimento fazem parte da prática docente,
pois o saber pedagógico não é único nem estático e precisa ser permanentemente
reconstruído. A cada tempo, a cada aula, os professores lidam com novas situações
e precisam estar preparados para as novas exigências à formação do cidadão.
De acordo com o COBENGE-20098 (Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia)
a Prática Pedagógica exerce papel importante no processo de educar à distância,
pois é ela quem viabiliza a construção do conhecimento não linear produzido por
esta modalidade de ensino.É importante ressaltar algumas considerações
relacionadas à prática pedagógica para a aprendizagem via EAD:
Um curso à distância, preferencialmente é planejado, desenvolvido e avaliado por um grupo multidisciplinar. Devido à necessidade do domínio das tecnologias, aliada a prática docente, raramente um único profissional, desenvolverá um curso de EaD de qualidade trabalhando sozinho;
É fundamental que os profissionais – coordenadores, tutores, monitores - de EAD
estejam devidamente capacitados, pois estão envolvidos com o planejamento e a
execução pedagógica do curso dando significado para o uso dos recursos dos
ambientes virtuais por meio de criação e recriação de estratégias apropriadas.
O papel do professor é de mediador em ambientes de ensino-aprendizagem, especialmente o virtual, uma vez que além de transmissor dos conteúdos é responsável pela prática pedagógica aplicada na EaD;
8 CONBEGE, foi um congresso ocorrido em Brasília, em Setembro de 2004 sobre a “Formação e Capacitação de Professores a Distância: O caso do IESDE” disponível em <http:/www.pg.utfpr.edu.br> acesso em 20/06/2009.
39
Para essa nova situação o professor precisa perder a sua posição de mestre e
assumir a posição de parceiro, favorecendo um ambiente colaborativo, ou seja,
propício a uma grande interação entre professores e alunos e entre os próprios
alunos.
Os alunos vivenciam a aprendizagem de maneira diferente em cursos realizados a distância, pois estão separados do locus da instrução. Para aqueles alunos que não tem experiência prévia do uso das TIC`s, sugere-se que seja ofertado um módulo introdutório sobre o tema, para familiarizar o aluno com as tecnologias que serão empregadas neste processo de ensino;
Essa distância espacial entre professor e aluno, sem dúvidas é um desafio da
Educação a Distância e o material didático, nesse aspecto, propicia
significativamente o diálogo entre os jeitos envolvidos no processo ensino-
aprendizagem, para tal são oferecidos também como recursos dessa modalidade o
material impresso, que auxilia o aluno nesse início de processo.
A escolha das tecnologias a ser empregada em cursos na modalidade à distância, deve ser guiada pela: (I) prática pedagógica adotada; (II) formação dos professores em EaD; (III) nível educativo do curso desenvolvido, e; (IV) acompanhamento e avaliação do processo educativo.
É necessário que as tecnologias sejam vistas como ferramentas cognitivas, que
propiciem a interação, trocas, cooperação entre os pares, o trabalho em grupo, pois
apenas as tecnologias em si não causam as mudanças pedagógicas (presencial ou
a distância ), mas sim a forma como são utilizadas.
Nesse contexto, Moran (2002 ,p.38) afirma que é importante humanizar as
tecnologias e também inserí-las nos valores, na comunicação afetiva, na
flexibilização do espaço e tempo do ensino-aprendizado.Para este autor, as
tecnologias ajudam o trabalho do professor, facilitando a pesquisa e interação, mas
cabe a ele promover as mudanças qualitativas no desenvolvimento e na
aprendizagem dos seus alunos, pois “a educação é um todo complexo e abrangente
que não se resolve só dentro da sala de aula”. ( MORAN ,2002,p.11).
40
Selma Pimenta (2006) utiliza-se dessa abordagem sobre a prática docente e
enfatiza ainda:
A tarefa de ensinar desde a organização, análise e decisão dos processos de ensino em aula, na escola, até a organização, análise e decisão de políticas de ensino e os conseqüentes resultados dessas no processo de educação enquanto humanização, constitui a especificidade do trabalho profissional do professor. (p.120).
É necessário repensar e ressignificar as formas de ministrar aulas, as quais implicam
na articulação de diferentes linguagens, de diferentes realidades, de espaços e
tempos escolares e não-escolares.
O exercício da atividade docente requer preparo. Preparo que não se esgota nos cursos de formação, mas para o qual o curso pode ter uma contribuição específica [...] enquanto conhecimento sistemático da realidade [...] Enfim, enquanto formação teórica ( onde a unidade teoria e prática é fundamental) para a práxis transformadora.( PIMENTA, 2006,p.105).
Isto pressupõe a necessidade de cursos preparatórios na busca de diversificar
formatos e práticas que tenham como base a reconstrução das ações pedagógicas
envolvendo a criticidade entre o fazer e o pensar sobre o fazer, na prática dos
professores.
3.1 Os Cursos a Distância para a Formação de Professores
Nesta parte são apresentados alguns cursos para a formação de professores em
EAD bem como universidades que utilizam essa mesma modalidade e a visão de
autores como José Manuel Moran (2002), Lynn Alves (2004), Cristiane Nova(2004),
Elsa Oliveira(2006).
De acordo com Moran (2002) os cursos online só se intensificaram a partir do ano
de 1996, quando a LDB reconhece a EAD, pois antes disso os cursos eram
esporádicos e com caráter supletivo. O 1° curso de graduação a distância foi o de
41
Pedagogia de 1° a 4° série pela Universidade Federal do Mato Grosso, em caráter
experimental, a partir de 1995 para professores em serviço da rede pública estadual
e municipal. (MORAN,2002,p.251).
Segundo este autor, das solicitações para cursos de EAD ao Ministério da
Educação, a partir de 1998, 80% era para cursos de graduação de formação de
professores, principalmente de Pedagogia e Normal Superior.Moran (2002) afirma
que 81 Instituições de Ensino Superior desenvolvem algum tipo de cursos a
distância, a maioria de extensão, de curta duração. E que “neste momento temos
uma grande diversidade de cursos de curta e longa duração, totalmente
online,virtuais, impressos, e com muito intercâmbio onde se criam comunidades de
aprendizagem.”( MORAN, 2002,p.252).
“No Brasil não temos o modelo Open University ou UNED da Espanha, instituições
que só existem para Educação a Distância. Temos portais ou sites que funcionam
como campus virtual, como o Univir (www.univir.br), em geral oferecendo cursos de
extensão.” (MORAN, 2002,p.253).
Algumas universidades públicas estão oferecendo cursos de graduação a distância
para professores. Dentre essas pode-se apontar a Universidade Federal do Mato
Grosso (UFMT), Universidade Federal de Ouro Preto, Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade do
Estado do Mato Grosso (UNEMAT), Universidade Estadual de Santa Catarina
(UDESC), Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Em conseqüência do problema da dependência de verbas do governo para essas
universidades, foi aprovada no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), em
julho de 2002, uma ementa, para 2003, que autoriza o repasse de verbas para a
criação de 180 mil vagas no ensino a distância, para qualificação de professores que
não têm curso superior.
A Universidade de Brasília é uma das pioneiras em Educação a Distância,
principalmente em especialização, desde a década de 80. Atualmente a UNB está
desenvolvendo um curso especial de graduação a distância de Pedagogia para
42
professores em exercício no início de Escolarização que está sendo autorizado pelo
MEC.
Na UDESC – Universidade Estadual de Santa Catarina – o curso principal de
Educação a Distância é o de Pedagogia. Essa Universidade está levando a EAD a
136 municípios Catarinenses atendendo a 15 mil alunos com uma carga horária de
3.210 horas/aulas/atividade e desse total, 80% são reservados à Educação a
Distância e 20% para encontros presenciais nos Núcleos de Formação com a
presença de um tutor. Também oferece o curso de Pós Graduação – Especialização
em Gestão Escolar, que visa capacitar as equipes de gestão das escolas públicas
estaduais e outros profissionais envolvidos com a mesma.
A UniRede – Universidade Virtual Pública do Brasil – é um consórcio que reúne 68
instituições públicas de ensino superior que tem o apoio do Ministério da Educação e
o de Ciência e Tecnologia.Desenvolve o Programa de PróDocência, cujo objetivo é
oferecer cursos de licenciatura de 1ª a 4ª séries e de Ciências aos mais de 800 mil
docentes brasileiros sem graduação.
Para Moran (2002), os cursos de Educação a Distância são procurados
principalmente por formados ou por aqueles que perderam o prazo regular de
realizar um curso superior. E enfatiza a importância de “que os núcleos de EAD das
universidades saiam do seu isolamento e se aproximem dos departamentos e
grupos de professores interessados em flexibilizar suas aulas, que facilitem o
trânsito entre o presencial e o virtual”. (p.273).
Segundo Lynn Alves e Cristiane Nova (2004, p.05), em relação ao desenvolvimento
dos cursos na modalidade a distância:
É um processo de transformação no cenário educacional, de amplitudes ainda desconhecidas, que necessita ser analisado e discutido. Pouco a pouco, percebe-se que as políticas públicas educacionais, em praticamente todos os países ocidentais, já começam a definir posicionamentos mais claros e detalhados sobre o assunto, incentivando muito o surgimento de programas de Educação a Distância (EAD) de portes nacionais, assim como introduzindo limites e regras para os mesmos.
43
O IESDE BRASIL S/A – Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino (IESDE),
criado em 1999, na cidade de Curitiba, é uma instituição credenciada para a oferta
de Educação à Distância (EaD) em todo o território nacional, nos termos da
Deliberaçao 002/01 do Conselho Estadual de Educação (CEE) e conforme Parecer
249/01 - CEE. Oferta cursos de formação, capacitação e especialização de
professores e outros profissionais da área de educação. Atualmente o IESDE oferta
três cursos de formação e capacitação para professores: (I) Curso Normal a
Distância – Magistério em Nível Médio; (II) Curso Normal Superior – Nível Superior,
e; (III) Cursos de Desenvolvimento Educacional – Extensão.
Os cursos para a formação e capacitação de professores ofertados pelo IESDE por
meio da EAD são modulares e o currículo é desenvolvido em uma fase presencial e
uma fase a distância e utiliza, para midiar o processo ensino aprendizagem, a
televisão, a mídia impressa e a vídeo conferência. Os momentos semipresenciais
são realizados nas tele-salas, onde são fornecidas vídeo-aulas e orientação dos
tutores.
A criação de uma Secretaria de Educação a Distância (SEED), dentro do Ministério
de Educação, tendo por meta "levar para a escola pública toda a contribuição que os
métodos, técnicas e tecnologias de educação a distância podem prestar à
construção de um novo paradigma para a educação brasileira”, tem como principais
programas: o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO) e o
TVEscola, já mais conhecidos; e os mais recentes, Programa de Formação de
Docentes em Exercício (Proformação), visando a formação de professores que não
possuem a habilitação mínima exigida pela lei; e o Programa de Apoio à Pesquisa
em Educação a Distância (PAPED), que dá auxílio financeiro a autores de teses e
dissertações que tratem de temas relacionados à EAD ou ao uso de tecnologias de
comunicação na educação.
Outra das suas atribuições é estabelecer indicadores de qualidade para a
autorização de cursos de graduação a distância (visto que para cursos de nível
44
fundamental e médio, inclusive técnico, esta definição cabe aos Conselhos
Estaduais de Educação).
Os programas de ensino a distância tem desempenhado importante papel social,
visto que ajudam a minorar o elitismo educacional e a corrigir algumas fissuras do
sistema tradicional de ensino. Eles complementam o ensino tradicional e muitas
vezes atingem objetivos emergenciais, decorrentes das constantes mudanças
sociais e tecnológicas.
Atualmente a Bahia possui instituições credenciadas junto ao MEC para oferecerem
cursos a distância.
A Universidade Norte do Paraná – UNOPAR –estabelecida em Salvador, oferece
dentre os cursos de graduação a distância: Pedagogia-Licenciatura e Letras-
Habilitação: Licenciatura em Língua Portuguesa e respectivas Literaturas.A
UNOPAR virtual é atrelada com a Universidade de Norte do Paraná, tendo como
método de ensino o Sistema de Ensino Presencial Conectado (SEPEC) que utiliza-
se de aulas ao vivo preparada por equipe técnico-pedagógica especializada.
Tem cursos disponíveis em cerca de 400 municípios em 26 estados do país com
transmissão de aulas por via satélite, em salas de aula interativas com materiais
didáticos impresso e eletrônico e oferece cursos de graduação, pós-graduação e
educação corporativa.Na área de Pedagogia a UNOPAR habilita o professor
licenciado para exercer funções de docência da Educação Infantil e nos anos iniciais
do Ensino Fundamental, nos cursos do Ensino Médio, na modalidade Normal, de
Educação Profissional na área de serviços de apoio escolar e outras áreas nas quais
sejam previstos conhecimentos pedagógicos.
Compreende ainda, como atividade docente, a participação na organização e gestão
de sistemas e instituições de ensino. Os cursos tem duração mínima de sete
semestres com encontros presenciais uma vez por semana. O Sistema Educacional
45
EADCON (Ensino a Distância Continuada) oferece cursos de extensão de Língua
Portuguesa e Libras (Língua Brasileira de Sinais): Práticas de inclusão. A Faculdade
de Educação (FACED) foi uma das pioneiras em EAD na UFBA, através da criação
de uma disciplina no curso de Pedagogia e, anteriormente, a criação de um curso de
especialização em alfabetização a distância.
De acordo com Elsa Oliveira (2006, p.40):
A pertinência da EAD na formação continuada de professores apóia-se em duas razões principais. Por um lado visa atender as dificuldades que os formandos enfrentam para participar de programas de formação, em decorrência da extensão territorial e da densidade populacional do país e, por outro lado, atende ao direito de professor e alunos ao acesso e domínio dos recursos tecnológicos que marcam o mundo contemporâneo, oferecendo possibilidades e impondo novas exigências à formação do cidadão.
Ao desenvolver essa ordem de raciocínio, a autora pretende demonstrar que o
aspecto principal da EAD reside na escolha dos recursos, na valorização que se dá
às ferramentas disponíveis e também na possibilidade de o aprendiz ter uma
participação mais efetiva no seu processo de aprendizagem.
A UNEB – Universidade do Estado da Bahia – conta com o Núcleo de Educação a
Distância – NEAD/DEDC/UNEB, que abrange todo o estado da Bahia. O
credenciamento desta Universidade para a oferta de EAD se deu através da Portaria
4019/2005 do MEC, pelo prazo de cinco anos. O primeiro curso de graduação a
distância oferecido pela UNEB foi o curso de Administração, em parceria com o
Banco do Brasil, matriculando doze mil estudantes em vinte e cinco universidades.
No ano de 2008, a UNEB ofereceu 2.205 vagas para a graduação e pós-graduação
na modalidade EAD, sendo todos gratuitos. Na graduação: Licenciatura em História,
Matemática e Química e na Pós-Graduação, curso para a capacitação de docentes
em EAD.Atualmente, em parceria com a Universidade Aberta do Brasil – UAB – a
Universidade do Estado da Bahia – UNEB oferta curso de Pós-Graduação em EAD
46
na modalidade a distância para profissionais da educação e professores em função
e aproximadamente 3.000 vagas em cursos de Graduação e Especialização,
atendendo 32 pólos na Bahia e 1 pólo na cidade de Aracaju, em Sergipe.
Também com o apoio da UAB- Universidade Aberta do Brasil – a UFBA –
Universidade Federal da Bahia está oferecendo três cursos de extensão a distância:
Relações Étnico Raciais (CEAO), Educação Ambiental (FACED e Instituto de
Biologia) e Educação de Jovens e Adultos para a Diversidade (FACED).Em 1997,
esta Universidade teve sua primeira experiência com a modalidade EAD através do
Projeto Sala de Aula pela Internet , disponível na rede como um curso de Extensão
oficialmente certificado pela UFBA, que perdurou até o ano de 2002.
No ano de 2008 ofertou 500 vagas para o curso de Licenciatura em Matemática a
Distância da UAB e, atualmente, oferece cursos de Graduação e Pós-Graduação
Lato Sensu (Especialização) nas ares de Ciências Humanas, Saúde Colrtiva,
Pedagogia, Letras e Engenharia.
3.2 Caminhos Percorridos da Pesquisa.
Esta Pesquisa é de caráter qualitativo no que se refere às suas características que
Godoy (1995a, p.62) enumera como características de uma Pesquisa Qualitativa: o
ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento
fundamental; o caráter descritivo da pesquisa; a preocupação do investigador com o
significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida; e o enfoque indutivo.
Segundo este autor a Pesquisa Qualitativa compreende um conjunto de técnicas
interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um
sistema complexo de significados.(GODOY, 1995b, p.21). Inicialmente, para
sistematizar a fundamentação teórica desta pesquisa, foi utilizada a Pesquisa
Bibliográfica, ou seja, com leitura atenta e sistemática, análise e interpretação de
livros, textos legais e documentos xerocopiados.
47
Foram feitas anotações e fichamentos, examinadas fontes e, a partir delas coube
uma análise do que já se produziu sobre o determinado tema.A Pesquisa foi
operacionalizada em etapas bimestralmente, e em harmonia com a coleta de dados,
para possibilitar a comparação dos dados e adquirir conhecimento progressivo com
o objetivo de proporcionar respostas aos problemas que são propostos nesse
trabalho.
Outras fontes de pesquisa também podem ser utilizadas, a exemplo de
vídeos(documentários, entrevistas), Internet(jornais e revistas eletrônicas, portais
científicos) e bases de dados(IBGE, MEC, UNESCO).
Essa pesquisa pode também ser considerada exploratória, pois de acordo com
Marilda Ciribelli(2003):
A pesquisa exploratória é o primeiro passo de qualquer trabalho científico. É também denominada Pesquisa Bibliográfica.Proporciona maiores informações sobre o tema que o pesquisador pretende abordar; auxilia-o a delimitá-lo; ajuda-o a definir seus objetivos e a formular suas hipóteses de trabalho e também a descobrir uma forma original de desenvolver seu assunto. Pode ser feita através de Documentos, Bibliografias, Entrevistas, Observações e Visitas Web Sit.(p.54).
Após conhecer as contribuições científicas disponíveis sobre o tema determinado foi
realizada a Pesquisa Descritiva que, ainda de acordo com (CIRIBELLI, 2003, p.54)
os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem
que o pesquisador interfira neles, mas para isso usa como técnica de coleta de
dados a observação, os questionários, as entrevistas e os levantamentos.
Este estudo foi direcionado ao longo de seu desenvolvimento à atuação docente dos
professores saídos dos cursos de EAD, procurando entender os fenômenos de
acordo com as experiências dos mesmos, para, a partir daí, iniciar uma forma de
interpretação.
Para complementar este estudo foi realizada a Pesquisa de Campo em escolas da
rede privada de Ensino Fundamental, com professoras em exercício nas mesmas
que estão cursando ou saindo dos cursos de EAD para formação docente.
48
Nesse tipo de pesquisa o pesquisador efetua a coleta de dados “em campo”, isto é,
diretamente no local em que ocorrem os fatos ou fenômenos através da observação
direta, do levantamento . (CIRIBELLI, 2003,p.55).
A observação de fatos e fenômenos e a entrevista foram os instrumentos utilizados
na pesquisa de campo.Através de uma fundamentação teórica consistente, como
parte do levantamento bibliográfico, procurou-se compreender e explicar o problema
pesquisado.A análise com os sujeitos da pesquisa, as professoras classificadas em
1, 2, 3, 4, e 5 para preservar suas identidades, foi feita nas escolas onde trabalham,
lecionando no Ensino Fundamental nos turnos matutino e vespertino, através de
observações em sala de aula e entrevistas.
O contato com estas professoras foi viabilizado por encontros presenciais e pelos
recursos tecnológicos como a Internet, fato este que facilitou bastante a relação
entre entrevistado e entrevistador devido às condições de tempo e espaço.As
professoras responderam a um Roteiro de Entrevista abordando, dentre outros
aspectos da modalidade EAD, o motivo de sua escolha nesse curso, as vantagens e
desvantagens consideradas, os recursos oferecidos, o suporte dos tutores, as
dificuldades enfrentadas e a aplicação do seu aprendizado na prática docente.
A seção a seguir apresenta as professoras que fizeram parte da pesquisa de campo,
constituindo-se como referencial para a discussão sobre as relações entre as
práticas comunicacionais e as relações que se constituem na interação aluno-
professor mediadas pelas TIC’s em função de um objetivo: aprender. Sob um
enfoque crítico, faz-se uma discussão a respeito dos resultados do curso de EAD: os
professores formados na modalidade Educação a Distância estão mesmo
preparados?
3.3 Os Resultados da preparação docente: Com a palavra, as professoras
Esta parte tem como objetivo refletir sobre os resultados da preparação docente em
EAD e tomou como base de estudo os dados coletados nas entrevistas com as
49
professoras recém-saídas dos cursos de Educação a Distância e outras que ainda
estão cursando, porém já em exercício da prática docente.
As entrevistas foram feitas com cinco professoras que foram classificadas pelos
números: 1, 2, 3, 4 e 5, com a intenção de preservar suas identidades.
As professoras 3 e 4 possuem, respectivamente, 13 e 10 anos de magistério e
estão cursando Pedagogia na UNOPAR – Universidade do Norte do Paraná – no
bairro de Portão, em Lauro de Freitas;
Cursando Pedagogia na FTC – Faculdade de Tecnologia e Ciência – no bairro de
Itapoá, na cidade de Salvador, a professora 2 tem 10 anos de magistério.
A professora 1 tem 12 anos de magistério e é graduada em Pedagogia na
UNOPAR, situada no bairro de Pau da Lima, em Salvador.
Com 21 anos de magistério e atuando também como coordenadora escolar, a
professora 5 possui graduação em Pedagogia com habilitação em Gestão Escolar
faz Pós-graduação em Tutoria em EAD na FTC, no bairro de Itapoã.
De acordo com os depoimentos dados nas entrevistas, o motivo da escolha da
modalidade EAD de todas as professoras foi a flexibilidade do curso em relação a
tempo(os horários de estudo ficam a critério do aluno ) e espaço.
A professora 5 ainda ressalta mais um motivo da escolha:
“[...] no momento só encontrei o curso de especialização que queria ( tutoria em EAD
) na modalidade EAD. Foi bom porque estudei e pratiquei simultaneamente.Fiz na
Faculdade FTC e lá temos a opção de fazer pós-graduação Flex”.
O valor financeiro baixo e a proximidade de casa também são citados pelas professoras 3 e 4, que tiveram a preocupação com o reconhecimento do curso pelo
MEC.
50
O curso de Pós-graduação Flex na Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC), de
acordo com a professora 5 é:
“Um curso 90% a distância com dois encontros anuais. O primeiro, para uma
avaliação escrita e o segundo, para a defesa do TCC. Durante o curso fiz, ao
término de cada módulo, duas avaliações virtuais. O mesmo era composto por 12
módulos, 24 avaliações virtuais e orientações para o Projeto de TCC. Todo o contato
com os tutores e coordenadores eram virtuais”.
Através do depoimento da professora 2, que também faz o curso na FTC, pode-se
perceber uma diferença entre os cursos de pós-graduação e licenciatura a distância:
“O curso é dividido em oito semestres. As aulas (encontros presenciais) são aos
sábados, sendo ministrados em dois momentos: no primeiro momento temos aula no
vídeo-striming e no segundo, temos aulas realizadas pela tutora. Também fazemos
trabalhos em equipe, realizamos provas pelo computador e também na Up, sem
esquecer os nossos seminários”.
As professoras 3 e 4 falam do curso da UNOPAR, no bairro de Portão, em Lauro de
Freitas e ainda comentam que a instituição conta com profissionais capacitados:
“O curso é ministrado por uma direção no pólo de estudos, por tutores e secretários,
pessoas que nos ajudam nas realizações das atividades, nos fornecem as
informações precisas, além de outros funcionários de apoio. Os encontros
presenciais são uma vez por semana”.
Na UNOPAR do bairro de Pau da Lima, em Salvador o curso não é muito diferente.
A professora 1 repete as falas das professoras 3 e 4 e acrescenta que durante as
aulas presenciais são feitas atividades e, logo após, as tele-aulas, através do
ambiente virtual.
Segundo essas professoras o ambiente virtual do curso a distância, embora não
pareça para muitos, promovem uma rica interação devido aos recursos presentes
51
nesta modalidade de ensino.Sobre essa temática o professor Marco Silva (2003)
afirma que:
Enquanto a sala de aula tradicional está vinculada ao modelo um-todos, separando emissão ativa e recepção passiva, a sala de aula online está inserida na perspectiva da interatividade, entendida como colaboração todos-todos e como faça-você-mesmo operativo.(p.55).
Para este autor, um curso de fato interativo deve ter “participação colaborativa,
bidirecionalidade e dialógica e conexões em teias abertas”. Nesse sentido, através
do ambiente virtual de aprendizagem, os alunos deixam de ser meros receptores de
conhecimento e passam a produzir novos significados.
A professora 1 considera a Educação a Distância um curso inovador “que
apresenta de forma integrada recursos e ferramentas tecnológicas que facilitam a
aprendizagem do aluno”.
Todas as professoras entrevistadas citam essas ferramentas: tele-aulas, chats,
blogs, fóruns de discussão, vídeos, portifólio, Internet, sites, bolsas, calendários,
vídeo-conferência, dvd, computador, além do material impresso em forma de
módulos, textos, apostilas e etc.Segundo as mesmas, todos esses recursos foram
fundamentais para a sua aprendizagem no curso, visto que só contam com a
presença do professor uma vez por semana e na maioria das vezes estudam
sozinhas, apesar do apoio dos tutores virtualmente.
A professora 1 enfatiza um recurso, sem desconsiderar todos os outros, que
considera muito importante no curso a distância: o portifólio.
“O portifólio é uma página criada com a função de organizar-mos os trabalhos e
atividades. Nele encontra-se o perfil dos alunos e são postados trabalhos,
avaliaçãoes, textos, mensagens. Cada aluno tem seu portifólio com entrada restrita (
senha e usuário) e através dele temos acesso à biblioteca virtual, informaçãoes,
cadastros, as atividades do semestres já cursados, boletins, boletos bancários, entre
outros”.
52
Moran (2002) acredita que todos esses recursos tecnológicos realmente podem
promover a aprendizagem dos alunos, visto que “são fundamentais para a mudança
e os processos flexíveis, abertos e diferenciados de ensino-aprendizagem” (p.25).
Quanto as vantagens dos cursos de EAD identificadas pelas professoras em seus
depoimentos tem-se as seguintes falas, também citadas no segundo capítulo deste
trabalho:
Professora 5
“Flexibilidade de tempo e horário, exercício constante de leituras, conhecimento de
pessoas de toda parte do país e mundo, mensalidades mais baratas, diploma sem
diferenciação e outros”.
Professora 1
“Os alunos e professores podem se comunicar, trocar experiências, colaborar uns
com os outros ao mesmo tempo ou em diferentes momentos conforme a
disponibilidade de cada um”.
Professora 2
“É você quem faz seu horário de estudo”.
Professora 3
“Temos mais tempo para fazermos os trabalhos, sites para que possamos pesquisar
e adquirimos mais conhecimento da informática”.
Professora 4
“A comodidade de estudarmos em casa”.
53
A mediação tecnológica juntamente com um planejamento pedagógico construtivista
é um meio bastante eficiente para promover a construção de novos conceitos, o
diálogo, a interação e a construção do saber.
Edith Litwin (2001, p.18) concorda no que diz respeito a essas vantagens citadas
pelas professoras:
Em suma, adaptar-se aos desenvolvimentos tecnológicos resulta na capacidade para identificar e pôr em prática novas atividades cognitivas, pois as tecnologias vão gerando permanentemente possibilidades diferentes; daí sua condição particular de ferramenta. A colaboração que prestam permite aos estudantes transcender a idéia de eficiência na medida em que implica menos tempo e menos esforço, mas, além disso, possibilita novas relações com o conhecimento no âmbito das mediações com os contextos culturais.
Mas não foram identificadas apenas vantagens nessa modalidade. As professoras
confessam que enfrentaram também várias dificuldades durante o curso a distância,
mesmo considerando muito bom o suporte dado pelos tutores.
Professora 3
“No início minha dificuldade foi não ter habilidade com a informática”.
Professora 1
“No início tive dificuldade em dominar os recursos tecnológicos empregados no
curso”.
Professora 4
“A falta do professor no momento da aula para tirar as dúvidas”.
Professora 5
“Cumprir os prazos para a entrega de algumas avaliações. Na EAD não tem
o“jeitinho” brasileiro do curso presencial”.
54
Professora 2
“Há momentos que temos dúvidas sobre um determinado assunto e não temos o
professor para tirar nossas dúvidas. Daí precisamos recorrer à Internet, sozinhos”.
De acordo com essas professoras, esses fatores geram momentos de solidão e
isolamento, o que faz com que muitos alunos sintam-se desmotivados e desistam do
curso.Para elas, o aluno que escolhe a modalidade da Educação a Distância precisa
estar bem amadurecido e consciente da sua escolha.
A distância física entre professores e alunos pode levar ao que Belloni (1999) chama
de “perda da riqueza da relação educativa”, pessoal entre ambos, dificultando que
se atinjam os objetivos no âmbito do afeto e moral.
Nas palavras de Moran (2009)9:
Estes cursos precisam de um aluno maduro, auto-suficiente e auto-motivado. Normalmente dão mais certo com profissionais que já estão atuando no mercado e que querem evoluir na carreira ou que são pressionados para a atualização constante.
Nova e Alves (2003, p.21) comentando sobre o problema de evasão dos alunos em
EAD, afirmam que:
[...] um dos fatores principais que levam os alunos a distância a desistirem do processo é o fato deles não terem suas necessidades atendidas, o que acaba gerando uma categoria de alunos evadidos, os evadidos on-line, ratificando mais uma vez a necessidade emergencial de refletir sobre a interatividade e a relação professor/aluno, nos novos ambientes de aprendizagem, uma relação que sempre será transferencial.
Essas necessidades dos alunos podem ser atendidas com uma postura mais ativa
do professor, no sentido de promover uma abertura à interação e à troca de
informações no preparo dos alunos para a prática docente. 9 MORAN, José M. Avaliação do Ensino Superior a Distância no Brasil. Texto disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran
55
De acordo com Silva (2002), superar o isolamento imposto pela alteração da
dimensão presencial da prática educativa é mais um desafio da EAD, mas que pode
ser vencido pelo uso criativo de diversas estratégias de comunicação.
Ao serem questionadas sobre sua prática docente antes e depois do curso de EAD,
as professoras revelaram:
Professora 5
“Eu não diria que houve uma diferença entre o antes e o depois do curso, mas você
passa a ser menos imediatista, a tolerar mais e estimular mais o uso das
tecnologias. Percebi isso quando passei a me comunicar com meus alunos além da
sala presencial, também via meios tecnológicos para facilitar ou tirar duvidas dos
mesmos, ou informá-los de alguma pendência”.
Professora 3
“Aprendi bastante a lidar com as novas normas de ensinar e aprender, , pois
estamos sempre aprendendo com os alunos.Nos faz buscar novos meios de
pesquisar para deixar nosso alunado mais perto da tecnologia e autonomia.[...]
aplico, principalmente, no trabalho com crianças especiais ao trabalhar o lúdico para
que elas aprendam dentro de suas possibilidades”.
A professora 1 enfatiza que utiliza as novas ferramentas e as metodologias
estudadas no curso com seus alunos. As professoras 2 e 4 também citam as
metodologias aprendidas trabalhando com os alunos através de aulas lúdicas.
Professora 1
“Foi possível perceber a diferença na prática depois do curso quando comecei a
conduzir os meus alunos com uma nova tomada de atitudes, priorizando o
acompanhamento minucioso, detalhado e contínuo adquirido no processo de ensino
e aprendizagem do curso a distância”.
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A preocupação central do professor deve ser voltada para o ato pedagógico e o ato
efetivo do processo ensino e aprendizagem como mediador, e por que não dizer
também aprendiz, em que o aluno tenha um papel ativo, de reflexão e descobertas.
Apropriando-se dessa grande quantidade de linguagens, símbolos e recursos
tecnológicos, o professor precisa romper com a postura de controle do saber, estar
aberto ao diálogo e à troca de informações, promovendo a interação do educando
com o conteúdo da disciplina.
Por meio desses relatos pode-se perceber que, ao mediar e estimular o debate e a
reflexão, o professor contribui para a motivação de seus alunos e desenvolve a
percepção se houve de fato a construção do conhecimento.
O professor online constrói uma rede e não uma rota. Ele define um conjunto de territórios a explorar, enquanto a aprendizagem se dá na exploração - ter a experiência – realizada pelos aprendizes e não a partir de uma récita. Isto significando, portanto modificação radical em sua autoria em sala de aula online. O professor não se posiciona como o detentor do monopólio do saber, mas como aquele que dispõe teias, cria possibilidades de envolvimento, oferece ocasião de engendramentos, de agenciamentos e estimula a intervenção dos aprendizes como co-autores da aprendizagem.( SILVA, 2003, p.57-58).
O uso das tecnologias de informação e comunicação contribui significativamente nos
cursos de formação de professores, pois têm o potencial de mudar as práticas
pedagógicas, mas, ao mesmo tempo, torna-se um desafio para o professor no
sentido de saber como integrar esses recursos em suas atividades na sala de aula.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O contexto da educação atual vem se modificando devido à velocidade das
transformações do mundo moderno que exige uma constante reciclagem do
conhecimento, principalmente em meio às novas tecnologias de informação e
comunicação implantadas nas atividades pedagógicas. A Educação a Distância –
EAD - mediada por essas novas tecnologias visa fornecer uma educação aberta e
permanente através da superação das distâncias entre professores e alunos, em
espaços e tempos que não compartilham, através de um ambiente virtual
promovendo a interatividade entre esses sujeitos de aprendizagem. O diálogo e a
reflexão são, portanto, fundamentais para que a EAD sustente-se como modalidade
de ensino aprendizagem eficaz.
Este estudo pretende avaliar os professores recém saídos dos cursos de formação
da modalidade Educação a Distância e o preparo dos mesmos para a prática
docente. O desafio e provocação desta pesquisa é a necessidade de se buscar uma
maior discussão acerca da aplicabilidade do aprendizado do professor, por meio da
educação a distância, na sua prática pedagógica abrindo espaços para a
construção, desconstrução e reconstrução do saber na direção do aprender juntos e
colaborativamente.
A EAD que se pretende não visa ser uma forma oposta do processo presencial
tradicional de ensino aprendizagem, mas sim apresentar uma nova proposta que
desenvolva diferentes possibilidades de trocas e informações, construindo
experiências autenticamente formativas, tanto para quem ensina quanto para quem
aprende. Observar a experiência e os resultados de iniciativas inovadoras requer um
olhar crítico no sentido de avaliar diferentes perspectivas nos ambientes
educacionais virtuais utilizados na educação a distância e as suas contribuições
significativas para uma qualificação compatível com as exigências no exercício
profissional docente.
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Os resultados encontrados nesta pesquisa, através das discussões teóricas e das
entrevistas feitas com as professoras em exercício, sugerem que os ambientes
virtuais favoreceram bastante as atividades reflexivas e colaborativas para as
professoras entrevistadas, mas percebe-se a importância da mediação do professor-
tutor no sentido de dar significado aos recursos tecnológicos e garantir o
desenvolvimento dessas atividades.
Partindo-se desse pressuposto, faz-se necessária uma preparação para o exercício
da docência, que apenas se inicia nos cursos de formação, estruturada de forma a
possibilitar a compreensão do processo de ensinar e aprender. Os professores e
tutores devem estar capacitados e terem conhecimento das tecnologias de
informação e comunicação, para que possam atuar nos ambientes virtuais utilizados
na Educação a Distância.
A EAD passa a ser uma modalidade de ensino bastante viável na formação dessas
professoras, pela possibilidade de formação continuada, desde que favoreça a
construção colaborativa do conhecimento, valorize os educadores como importantes
sujeitos sociais co-produtores da sua própria aprendizagem, capazes de interpretar
a realidade e transformá-la e aproprie-se de um planejamento pedagógico para
nortear o ensino propiciando abertura ao diálogo e à troca de informações.
Através das análises feitas nesta pesquisa, não se pode negar a diversidade dos
recursos tecnológicos oferecidos pelo ensino a distância possibilitando a flexibilidade
e interatividade, porém é necessário que estes recursos sejam utilizados como
ferramentas cognitivas, ou seja, que propiciem a verdadeira aprendizagem dos
sujeitos envolvidos através de uma relação dialógica entre os mesmos.
Considera-se, enfim, que um dos desafios dessa nova modalidade a distância é
manter a motivação dos alunos através de uma efetiva mediação pedagógica, para
que não se sintam isolados nesse processo de aprendizagem e acabem por desistir
do curso.
Quanto ao preparo desses professores para a prática docente, que é o objetivo
dessa pesquisa, os resultados encontrados por meio das discussões teóricas e das
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entrevistas com as professoras sugerem que os cursos de EAD estão contribuindo
para a sua formação e para sua prática docente, pois aplicam, em sala de aula, o
que aprenderam e estão aprendendo nos cursos de EAD.
As cinco professoras entrevistadas foram unânimes em afirmar que o curso de EAD
foi importante e bastante válido para o amadurecimento em relação ao exercício do
magistério, embora reconhecendo algumas dificuldades iniciais e não se
considerando totalmente prontas. No entanto, julgam-se preparadas para a atividade
docente, tanto do ponto de vista de conhecimentos quanto de habilidades e atitudes.
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APENDICE
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1) Nome do professor:
2) Qual a sua formação?
3) Possui graduação? Em quê?
4) Quanto tempo de magistério?
5) Como ingressou no curso de EAD?
6) Por que escolheu esta modalidade de ensino a distância?
7) 7.Como era ministrado este curso?
8) Quais os recursos utilizados nessa modalidade?
9) Indicaria esse curso para outras pessoas? Por quê?
10) Quais as vantagens que você identificaria em EAD?
11) E as desvantagens?
12) Você já exercia a docência antes do curso?
13) . Há diferença na prática antes e depois do curso? Como foi possível
perceber?
14) Você aplica na sua prática docente os recursos que aprendeu no curso?
Como?
15) Em relação ao currículo do curso de EAD, quais as disciplinas estudadas?
16) Como você considera o suporte dado pelos tutores do curso?
17) Quais suas dificuldades no curso a distância?
18) O que você mudaria nesse curso para favorecer sua aprendizagem?