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Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL Curso de Farmácia – Análises Clínicas Micologia Clínica Micologia Clínica Profª : Denise Esteves Moritz Abril/2007

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Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISULCurso de Farmácia – Análises Clínicas

Micologia Clínica

Micologia Clínica

Profª : Denise Esteves Moritz Abril/2007

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Introdução

A Candida sp é uma levedura comensal. Infecções oportunistas em pacientes imunodeprimidos:

candidíase. Langenbeck, em 1839 observou pela primeira vez a Candida

albicans. Termo candidíase engloba as diversas doenças causadas pela

Candida albicans e por outras leveduras relacionadas.

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Introdução...

O gênero Candida compreende aproximadamente 200 espécies de leveduras, as quaisreproduzem-se assexuadamente por brotamento. Algumas dessas espécies também apresenta aforma teleomórfica (sexual), na maioria das vezes ascosporogeneas. Apresentam capacidadesassimilatórias oxidativas e fermentativas, por meio das quais tornam-se aptas a utilizarem umavariedade de substâncias orgânicas. Em adição a forma unicelular blastosporica (levedura), grandeparte das espécies de Candida podem apresentar um estágio micelial com produção de micélioverdadeiro ou pseudomicélio. Em condições especiais in vitro algumas espécies, tais como, C.albicans e C. stellatoidea podem produzir clamidosporos.

Características biológicas gerais de Candida

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CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGIAS DESTE GRUPO DE FUNGOS C. albicans é uma levedura diplóide com forma teleomórfica

desconhecida., Sua morfologia, bem como de outras espécies do gênero, é

caracterizada pela natureza dimórfica, incluindo a forma micelial e levedura.

Essa mudança morfológica, o qual ocorre tanto in vivo quanto in vitro, é uma característica significante com implicações na patogênese e no diagnóstico das infecções causadas por esses fungos.

Em condições in vitro, o blastosporo ou levedura pode ser obtido a partir de seu crescimento em meios de cultura sólido ou líquido.

A obtenção da forma micelial ou pseudomicélio, bem como clamidosporo, é influenciada por vários fatores ambientais, tais como, alterações na composição de meios, adição de soro, crescimento sob condições semi-anaeróbico ou baixa tensão de CO2, pH baixo, e outros.

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FATORES DE VIRULÊNCIA

Poucas espécies de Candida estão implicadas em doenças humanas. Essas espécies apresentam diferentes habilidades patogênicas e baixa virulência, as quais podem ser isoladas a partir de várias formas clínicas, incluindo infecções sistêmicas graves.

Muitos pesquisadores acreditam que os fatores de virulência incluem: (1) habilidade de aderir em tecidos hospedeiros, (2) potencial para produzir enzimas, principalmente, proteases e

fosfolipases, e (3) capacidade de transformação morfológica, ou seja, uma forma

que confere maior resistência contra o sistema de defesa do hospedeiro.

A adesão dos microrganismos em tecidos hospedeiros é um pré-requisito para o desenvolvimento da infecção, como parte de um processo que protege os mesmos da remoção natural conferido pelo sistema de limpeza e defesa do hospedeiro.

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Morfologia

Morfologia da vida parasitária: Blastoporos arredondados que apresentam brotamento; Alguns balstoporos alongam tornando-se pseudo-hifas; Em caso de Invasão tecidual, a C. albicans pode formar tubos

germinativos.

Morfologia da vida saprofítica: Em ágar Sabouraud as colônias são lisas, brilhantes e

cremosas.

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Morfologia

A C. albicans tem como habitat a mucosa digestiva e vaginal. As espécies de Candida mais comumente implicadas em

quadros clínicos são:Candida tropicalisCandida parapsilosisCandida glabrataCandida krusei

Outras espécies menos freqüentemente isoladas são:Candida rugosaCandida pseudotropicalisCandida guillermondii

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Manifestações Clínicas

Mucosas mais atingidas: boca, esôfago e vagina. Quadros sistêmicos: invasão de vários tecidos

As manifestações clínicas podem ser divididas em:

1. Candidíase cutâneo-mucosa2. Candidíase sistêmica ou visceral3. Candidíase alérgica

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Candidíase Cutâneo-Mucosa

Atinge pele, unhas, mucosas orofaríngeas e genitais.

1. Candidíase cutânea Regiões de pregas de pele (intertrigo); inframamária; axilares;

entre os dedos das mãos e dos pés; unhas (onicomicoses). Lesões eritematosas da pele com exsudato branco leitoso ou

escamação. Prurido discreto ou intenso. Trabalhadores que necessitam imergir as mãos na água por

longos períodos de tempo.

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Candidíase Cutâneo-Mucosa2. Candidíase oral Placas brancas na mucosa da boca ou faringe (sapinho). Locais mais comuns: bochechas, ponta da língua e palato mole. Comum em recém nascidos e em pessoas imunodeprimidas.

3. Candidíase gastrintestinal Lesões brancas,erosivas do esôfago e estômago, vistas por

endoscopia Causam dor local que aumenta na deglutição.

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Candidíase Cutâneo-Mucosa

4. Candidíase vulvovaginal Mucosas invadidas quando stress, diabetes, gravidez,

antibioticoterapia, imunosupressão Secreção branco-leitosa, disúria, sensação de queimação,

prurido intenso.

5. Onicomicoses Acomete principalmente a região periungueal da unha. Unhas edemasiadas, avermelhadas, dolorosas, com esxudato

purulento.

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Candidíase Sistêmica ou Visceral

Manifestação sistêmica da doença Fatores predisponentes: idade do paciente; imunidade;

queimaduras; disseminação por via hematogênica Atinge um único órgão ou pode disseminar-se As manifestações clínicas são variáveis e não específicas,

podendo haver quadros com sintomatologia cardíaca, respiratória, digestiva, hepática, renal, etc.

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Candidíase Alérgica

A produção de alguns metábolitos pela Candida pode desencadear manifestações alérgicas causando infecção em outro sítio anatômico.

Quadros diversos, com lesões cutâneas encontradas entre os dedos das mãos.

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Onicomicose Blastomicética

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Onicomicose Blastomicética

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Candidíase interdigital

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Candidíase vaginal

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Candidíase oral

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Candidíase infra mamária

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Candidíase disseminada

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Epidemiologia

Aumento do número de espécies envolvidas que não C. albicans

C. dublinienses: características morfológicas e bioquímicas são muito semelhantes a C. albicans.

Encontradas no tubo gastrintestinal em 20 a 80% da população adulta saudável.

Patogenicidade = Alterações nos mecanismos de defesa do hospedeiro.

Em estudo realizado por Araújo et al. (2003) observou-se que 49% das onicomicoses daquela população eram causadas por leveduras do gênero Candida.

Candidemia: mortalidade geral de 60% Atinge 94% dos pacientes com AIDS (Candidíase oral).

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Epidemiologia – Fatores de risco

Uso de antibióticos de largo espectro; Tratamentos de quimioterapia de duração prolongada; Imunossupressão do sistema imunitário seguido de um

transplante de órgãos; Procedimentos cirúrgicos resultantes de tratamentos

hospitalares intensivos e prolongados; Hemodiálise e diálise interperitoneal em doentes

imunocomprometidos; As infecções por leveduras tem também estado associadas à

utilização de dispositivos médicos tais como implantes, cateteres vasculares, próteses dentárias, lentes de contacto, ligações artificiais, discos intervertebrais, entre outros.

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Diagnóstico

Material biológico: raspados das lesões cutâneas e das mucosas, expectoração, raspados das unhas, urina, sangue e biópsias, entre outros.

Preparo: Preferencialmente, não utilizar medicamento tópico e antifúngico (sistêmico) nos 3 dias que antecedem o exame.

Caso não possa suspender a medicação, anotar os medicamentos em uso nos últimos 7 dias.

Em coleta de unhas: NÃO cortá-las e preferencialmente remover o esmalte, quando houver, um dia antes da coleta.

Se o material clínico for enviado ao Laboratório, deve-se mantê-lo refrigerado, exceto pele, unha ou pêlo.

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Diagnóstico – Exame Direto

À fresco, KOH 10% ou K-Tinta (15 a 20 min) Esfregaços corados pelo Gram, Papanicolaou, Giemsa, etc. São observados aglomerados de células leveduriformes

(blastoconídeos) globosos ou ovais de parede lisa e pseudo-hifas ramificadas.

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Diagnóstico – Exame Direto

Exame á fresco com KOH 10%

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Diagnóstico – Exame Direto

Esfregaço corado pelo Gram

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Diagnóstico – Exame Direto

Esfregaço corado pelo Papanicolaou

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Diagnóstico – Esfregaço sangüíneo

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Diagnóstico – Cultura

Meios convencionais: Ágar Sabouraud Ágar Sabouraud + cloranfenicol Ágar Sabouraud + cloranfenicol e cicloeximida

Colônias de textura glabrosa e com relevo convexo, podendo apresentar variações de ceribriforme a rugosa; sua coloração varia do branco-amarelado ao laranja, aí se observando um reverso com a mesma coloração do verso e pigmento não difusível no meio.

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Diagnóstico – Cultura

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Diagnóstico - Cultura

Meio diferencial: CHROMágar Candida S 97,5% e E 97,6%

Meio cromógeno, no qual cada espécie adquire uma cor característica para sua colônia

Permite identificar as cepas de C. albicans que não produzem tubo germinativo ou clamidosporos

C. albicans: verde esmeralda, cremosas, brilhantesC. tropicalis: azul rosado, halo ao redorC. krusei: rosa claro, rugosas

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Diagnóstico – CHROMágar Candida

C. albicans

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Diagnóstico – CHROMágar Candida

C. tropicalis

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Diagnóstico – CHROMágar Candida

C. krusei

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Diagnóstico - Micromorfologia

Cultivo em lâmina com Ágar fubá + Tween 80

Produção de clamidosporos de parede celular densa - Adaptação

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Diagnóstico - Micromorfologia

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Diagnóstico – Características fisiológicas

Bom crescimento em cicloeximida, até 42º C; Nitrato e urease negativas; Assimilam fontes de C e N; Fermentam glicose e maltose; Não fermentam lactose; Produção de clamidosporos em meios pobres para seu

crescimento

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Diagnóstico – Teste do tubo germinativo

Produção de tubo germinativo: a C. albicans produz o tubo germinativo em presença de soro (humano, fetal bovino) após 1-3 horas à 37º C.

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Tratamento

Remoção dos fatores que condicionam a infecção. Depende da manifestação clínica. Manifestações orofaríngeas: violeta genciana diluída em

solução aquosa (1/10.000). Nistatina: melhor terapêutica para todas as classes. Anfotericina B: para as formas mais graves (endocárdicas,

cerebrais).

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Caso Clínico

A.C., 42 anos, sexo feminino. Reside em Tubarão (SC), onde é responsável pela lavagem de roupas em um hotel.

Procurou o médico do posto de saúde próximo a sua casa relatando que há 3 meses vem sentindo dor a palpação nas unhas da mão direita e que a mesma encontra-se inchada e avermelhada na região de pele que circunda a unha.

Ao exame clínico observou-se acometimento proximal e nos bordos da unha, sendo que a mesma apresentava-se com coloração castanho-amarelada, espessa e com manchas na superfície ungular até a parte distal, como mostra a figura abaixo.

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Caso Clínico

Além disso, ao ser questionada pelo médico relata que recentemente fez uso de corticosteróides por semanas, as unhas da mão sofreram traumatismo durante seu trabalho e trocou de manicure por que o alicate utilizado para remoção da cutícula não era esterilizado para uso e freqüentemente sua cutícula era machucada pela moça.

Encaminhada ao LAC para realização do exame micológico e cultura da lesão obtiveram-se os seguintes resultados:-Exame direto: presença de blastosporos em brotamento.-Cultura em ágar Saubouraud: crescimento de colônias de coloração esbranquiçada, lisas, brilhantes e cremosas.

Sobre o caso questiona-se:1) Qual a relação entre os aspectos relatados pela paciente e o surgimento da lesão micótica?2) Qual nome deve ser dado a esta onicomicose?3) Que outros procedimentos podem ser realizados para que chegue a um diagnóstico confirmatório de gênero e espécie?4) Como diferenciar este quadro de outro semelhante, porém causado por dermatófitos?

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LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICASLABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Paciente: Ana Hickmann Idade: 28 anosSolicitante: Dr. Fernando Alberto Haas – CRM/SC 4056 Data: 11/04/2005Local da coleta: Laboratório Local da entrega: Laboratório Convênio: UNIMED Registro: 0001

EXAME MICOLÓGICOMaterial: raspado de unha da mão direita.

EXAME DIRETOClarificação e coloração: K-tinta

Presença de aglomerados de células leveduriformes globosas (blastoconídeos) e pseudo-hifas ramificadas.

CULTURAMeios convencionaisÁgar saubouraudÁgar saubouraud cloranfenicol cicloeximida

Presença de colônias de aspecto rugoso, cremosas e de tonalidade branco amarelada, com reverso da mesma coloração do verso e pigmento não difusível no meio.

Meio diferencialCHROMágar Candida

Presença de colônias de coloração verde esmeralda, sugestivo de Candida albicans.

Braço do Norte/SC – Av Philliphi Schmidt, n° 1203, Centro – Fone/Fax: (048) 6582193 1

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LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICASLABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Paciente: Ana Hickmann Idade: 28 anosSolicitante: Dr. Fernando Alberto Haas – CRM/SC 4056 Data: 11/04/2005Local da coleta: Laboratório Local da entrega: Laboratório Convênio: UNIMED Registro: 0001

CULTURAMicrocultivoÁgar fubá + Tween 80

Presença de clamidoconídeos globosos, terminais, de parede celular espessa. Pseudomicélio e micélio verdadeiro abundantes, com muitos septos e blastoconídeos globosos reunidos em aglomerados ao longo da hifa.

TESTE DO TUBO GERMINATIVOMétodo: inoculação em soro bovino a 37º C.

Formação de tubo germinativo.

Braço do Norte/SC – Av Philliphi Schmidt, n° 1203, Centro – Fone/Fax: (048) 6582193 2

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LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICASLABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Paciente: Ana Hickmann Idade: 28 anosSolicitante: Dr. Fernando Alberto Haas – CRM/SC 4056 Data: 11/04/2005Local da coleta: Laboratório Local da entrega: Laboratório Convênio: UNIMED Registro: 0001

ASSIMILAÇÃO DE AÇÚCARES FERMENTAÇÃO DE AÇÚCARESMétodo: API 20 Método: API 20Glicose : Positivo Glicose : PositivoMaltose : Positivo Maltose : Positivo Sacarose : Positivo Sacarose : Negativo Lactose : Negativo Lactose : PositivoGalactose : Positivo Galactose : PositivoMelibiose : Negativo Trealose : PositivoCelobiose : Negativo Urease : NegativoMelezitose : NegativoXilose : PositivoRafinose : NegativoTrealose : PositivoDulcitol : NegativoHouve isolamento de Candida albicans.

Data de saída: 11/05/2005. Farmacêutico Bioquímico ResponsávelCRF/SC 5642

Braço do Norte/SC – Av Philliphi Schmidt, n° 1203, Centro – Fone/Fax: (048) 6582193 3

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Alunas: Janea, Larissa, Manuela e Marisa

Profª : Denise Esteves Moritz Abril/2005

CryptococcusCryptococcus

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Histórico

Primeiro caso descrito na literatura médica ocorreu em 1894, quando Buschke relata o caso de um paciente com abcesso na tíbia.

Em 1895, um outro pesquisador San Felice mostrou o poder deste fungo de causar de lesões cerebrais.

Em 1935, Beham, define critérios morfológicos e identificação, utilizando na característica da espécie a denominação de Cryptococcus neoformans.

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Definição

Micose habitualmente subaguda ou crõnica, localizada na meníngea.

Doença sistêmica que acomete órgãos profundos e a pele, com principal tropismo pelo SNC.

Devido ao aumento de pacientes imunodeprimidos, relatou-se maior freqüência.

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Agente etiológico

O gênero Cryptococcus é composto por 19 espécies. O C. neoformans var. neoformans e C. neoformans var. gatti,

são as únicas espécies passíveis de causar quadros de criptococose.

Outros: C. albidusC. lauretti

C. tereusC. uniguttulatus

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Habitat

A fonte natural mais importante de var. neoformans são excrementos de pombos e outras aves, acumulados no solo por largo período de tempo.

As partículas infecciosas podem ser células leveduriformes pequenas, transportadas pelo ar, ou resultantes de basidiosporos.

A var. gatti costuma ser alongada, ovalada, enquanto a outra perfeitamente redonda.

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Manifestações clínicas

AssintomáticoO acometimento pulmonar é provavelmente freqüente.

PulmonarApresenta sinais e sintomas semelhantes a um estado gripal. Também podem estar associadas algumas vezes a Tuberculose.

NeurocriptococoseA composição química do líquor serve como um exelente meio de cultura para o fungo. Os sintomas observados são: cefaléias, náuseas, vertigens, etc.

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Manifestações clínicas

DisseminadaA principal via de disseminação é a sangüínea, porém qualquer órgão pode ser comprometido.

Cutânea primáriaSecundária a uma disseminação da infecção. Apresentam características bem definidas: pápulas, nódulos subcutâneos e celulite.

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Diagnóstico laboratorial

O diagnóstico laboratorial da criptococose é baseado em três fundamentos: a demonstração do fungo no material clínico, o isolamento em cultura e a identificação final, e por fim, a pesquisa de antígenos circulantes.

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Diagnóstico laboratorial

Demonstração do fungo no material clínico: é feita pela técnica da tinta da China ou nanquim.

Preparo: o líquor deve ser centrifugado e com as duas primeiras gotas do sedimento faz-se o exame direto. É feita a homogeinização de uma gota da amostra com uma gota de nigrosina em uma lâmina com lamínula.

Resultado: presença de estruturas blastoconidiadas, com 4 a 8m de diâmetro, capsuladas, redondas ou ovaladas, sugerindo a presença de Cryptococcus neoformans var. neoformans ou Cryptococcus neoformans var. gatti.

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Diagnóstico laboratorial

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Diagnóstico laboratorial

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Diagnóstico laboratorial

Cultura: pode ser feita nos meios de ágar Sabourand com cloranfenicol, evitando apenas o cultivo em meio ágar Sabourand com cloranfenicol e cicloeximida.

Preparo: é feito o repique, e os tubos podem ser incubados tanto em temperatura ambiente, entre 25 – 30ºC, (crescimento lento), como a 37ºC (crescimento rápido).

Resultado: observam-se colônias com textura cremosa, intensamente mucóide, de coloração branco-amarelada, que tende para o marron com o passar dos dias, devido a formação de melanina.

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Diagnóstico laboratorial

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Diagnóstico laboratorial

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Diagnóstico laboratorial

Identificação final: pode ser feita pela assimilação de carboidratos e incapacidade de fermentação, alta produção de urease e produção de pigmento melanóide, que confere cor às colônias.

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Diagnóstico laboratorial

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Diagnóstico laboratorial

Diagnóstico imunológico: é feito pela pesquisa de antígenos circulantes no líquor, através de testes de aglutinação em látex.

As partículas de látex, são revestidas com globulinas anti-Cryptococcus neoformans, que aglutinam frente mínima concentração de antígeno presente na amostra.

Altos títulos de antígeno são correlacionados com gravidade, e a sua diminuição corresponde a um bom prognóstico.

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Caso Clínico

C.S. 5 anos, há duas semanas começou a apresentar cefaléia, náuseas e febre moderada. A mãe preocupada procurou o médico e relatou-lhe que a filha, além dos sintomas citados, estava dormindo mal e sempre irritada. O médico solicitou uma punção lombar, como medida diagnóstica.

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Caso Clínico

Resultado: foi realizado o exame direto, que evidenciou a presença de leveduras capsuladas;

Houve crescimento de colônias com textura cremosa, mucóide e de coloração marrom;

No diagnóstico imunológico, através da aglutinação em látex, houve reação positiva.

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LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICASLABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Paciente: Carla de Souza Idade: 5 anosSolicitante: Dr. Fernando Alberto Haas – CRM/SC 4056 Data: 11/04/2005Local da coleta: Hospital Infantil Joana de Gusmão Local da entrega: Laboratório de A. Clínicas Convênio: UNIMED Registro: 0002

EXAME MICOLÓGICOMaterial: líquor

EXAME DIRETOHomogeneização de uma gota do líquor com uma gota de nigrosina.

Presença de estruturas blastoconideanas, com 4 a 8 mm de diâmetro, capsuladas, redondas ou ovaladas.

CULTURAMeios convencionaisÁgar saubouraudÁgar saubouraud cloranfenicol

Presença de colônias com textura cremosa, intensamente mucóide, de coloração branco-amarelada, que tende para o marrom.

Braço do Norte/SC – Av Philliphi Schmidt, n° 1203, Centro – Fone/Fax: (048) 6582193

PROVAS BIOQUÍMICASUrease: Positivo

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LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICASLABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Paciente: Carla de Souza Idade: 5 anosSolicitante: Dr. Fernando Alberto Haas – CRM/SC 4056 Data: 11/04/2005Local da coleta: Hospital Infantil Joana de Gusmão Local da entrega: Laboratório de A. Clínicas Convênio: UNIMED Registro: 0002

ASSIMILAÇÃO DE AÇÚCARESMétodo: API 20Glicose : PositivoMaltose : PositivoSacarose : PositivoLactose : NegativoGalactose : PositivoMelibiose : NegativoCelobiose : PositivoInositol : PositivoXilose : PositivoRafinose : PositivoTrealose : PositivoDulcitol : Positivo

Braço do Norte/SC – Av Philliphi Schmidt, n° 1203, Centro – Fone/Fax: (048) 6582193 2

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LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICASLABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Paciente: Carla de Souza Idade: 5 anosSolicitante: Dr. Fernando Alberto Haas – CRM/SC 4056 Data: 11/04/2005Local da coleta: Hospital Infantil Joana de Gusmão Local da entrega: Laboratório de A. Clínicas Convênio: UNIMED Registro: 0001

Houve isolamento de Cryptococcus neoformans.

Data de saída: 11/05/2005. Farmacêutico Bioquímico ResponsávelCRF/SC 5642

Braço do Norte/SC – Av Philliphi Schmidt, n° 1203, Centro – Fone/Fax: (048) 6582193

EXAME IMUNOLÓGICOMétodo: aglutinação em látex.

Soro reagente.

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