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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ELOISA HELENA CAPRARO ANÁLISE DAS RELAÇÕES NO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL CALÇADISTA DE SÃO JOÃO BATISTA Balneário Camboriú 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ELOISA HELENA CAPRARO

ANÁLISE DAS RELAÇÕES NO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL CALÇADISTA

DE SÃO JOÃO BATISTA

Balneário Camboriú

2010

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ELOISA HELENA CAPRARO

ANÁLISE DAS RELAÇÕES NO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL CALÇADISTA

DE SÃO JOÃO BATISTA

Balneário Camboriú

2010

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração com ênfase em Marketing, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. Dr. James Luiz Venturi

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ELOISA HELENA CAPRARO

ANÁLISE DAS RELAÇÕES NO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL CALÇADISTA

DE SÃO JOÃO BATISTA

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo Curso de Administração – com ênfase em Marketing

da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú.

Área de Concentração: Estratégia

Balneário Camboriú, 28 de junho de 2010.

_________________________________

Prof. Dr. James Luiz Venturi

Orientador

___________________________________

Prof. MSc. Lorena Schröder

Avaliadora

___________________________________

Prof. MSc. Marcos Aurélio Batista

Avaliador

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EQUIPE TÉCNICA

Estagiário(a): Eloisa Helena Capraro

Área de Estágio: Estratégia

Professor Responsável pelos Estágios: MSc. Lorena Schröder

Supervisor da Empresa: Tarcizio Coelho

Professor(a) orientador(a): Dr. James Luiz Venturi

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DADOS DA EMPRESA

Razão Social: Samira Calçados Ind. E Com. Ltda

Endereço: Rua: Victalino Veber do Nascimento, nº 153

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Gestão

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Tarcizio Coelho - Gerente

Carimbo do CNPJ da Empresa: 07.624.319.0001/37

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 28 de junho de 2010.

A Empresa Samira Calçados Ind. E Com. Ltda, pelo presente instrumento, autoriza a

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do Relatório de

Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular Obrigatório, pela

acadêmica Eloisa Helena Capraro

___________________________________

Tarcizio Coelho

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Nós somos aquilo que fazemos

repetidas vezes, repetidamente.

A excelência portanto não é um

feito, é um hábito.

Aristóteles

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Á Deus e a minha família

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente á Deus, como criador de todas as coisas, que com

tanto amor nos deu á vida.

Ao meu querido pai, que soube nos dar a melhor educação, e que me ensinou

valores que levarei pro resto da vida, por toda a sua garra e coragem para enfrentar

as piores situações, inclusive a pior das perdas.

Pelo qual ao seu apoio e dedicação devo a minha formação no ensino

superior.

Aos meus queridos irmãos, pelo companheirismo, apoio e principalmente pela

paciência nos últimos dias.

Ao meu namorado Nelson, que com todo o seu amor, dedicação em querer o

melhor pra mim, incentivo, bem como o apoio nos momentos de maiores

dificuldades e aflição durante estes 5 anos.

Meus patrões, Tarcizio e Zelândia Coelho, por todo o apoio, carinho, pessoas

que com o convívio diário me ensinaram o que sei, e que considero como uma

família.

Ao professor James, meu orientador, agradeço pelo aprendizado durante este

trabalho, por sua paciência em responder meus inúmeros e-mails diários, que com

sua calma, me fez sempre acreditar na minha capacidade. Professor, que lembrarei

sempre com admiração e carinho.

Aos demais professores do curso de administração, que devo todos os

conhecimentos adquiridos durante o curso.

Agradeço á todos os meus amigos, pessoas que estão sempre comigo no

meu coração, tanto pessoas queridas conhecidas há poucos, como amigos que

tenho há anos.

Em especial ás minhas amigas que conheci na faculdade, pelas quais sempre

pude contar, Karla Sgrott, que hoje faz parte da minha vida, Thanira Kunitz, amiga

querida que me apoiou tanto nos últimos tempos, Jaqueline Zimmerman, e Andressa

Russi, pessoas que amo e admiro.

Concluindo, agradeço á todos que me apoiaram e contribuíram para que eu

me tornasse a pessoa que sou hoje!

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RESUMO

A motivação deste trabalho de pesquisa apresenta a seguinte indagação: De que maneira ocorrem as relações de confiança entre as empresas do APL Calçadista de São João Batista? O objetivo então é identificar as relações de confiança entre as empresas do APL calçadista da cidade de São João Batista. Os objetivos específicos abrangem a identificação e quantificação das empresas do APL, as possíveis vantagens obtidas no arranjo, assim como a análise das desvantagens, a descrição das relações de colaboração, parceria e a confiança existente entre os empresários. A metodologia utilizada no trabalho foi de pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, sendo pesquisadas cerca de 20% das 150 empresas do APL, ou seja, 31 empresas. As empresas reconhecem a importância do relacionamento, apesar do nível de confiança ser semi-forte, assim como se percebe a aglomeração de empresas, e a troca de informações. A pesquisa aponta fatores influenciadores destas relações, como partidos políticos e relações sociais ou familiares, como sendo determinantes em algumas situações. Com o início de ações ocorridas devido ao APL, nota-se elementos decorridos do desenvolvimento local da cidade, além do desenvolvimento das próprias empresas, que concordaram na melhora de aspectos como vendas. Palavras-Chaves: Redes de empresas; Relações empresariais; Confiança.

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ABSTRACT

The motivation of this research presents the following investigation: How the reliable relations occur among companies at the APL footwear segment in Sao João Batista? The objective then is to identify the reliable relations among the companies at the APL footwear segment in Sao João Batista. The specific objectives enclose the identification and quantification of the APL companies, the possible advantages gotten in the arrangement, as well as the analysis of the disadvantages, the description of the contribution among relations, partnership and the existing confidence among the entrepreneurs. The methodology used was the descriptive research with quantitative boarding, being searched about 20% around 150 APL companies, about, 31 companies. The companies recognize the importance of the relationship, although the reliable level to be half-strong, as well as if it perceives the agglomeration of companies, and the exchange of information. The research points out influenced factors about these relations, as political party or familiar and social relations, as being determinative in some situations. With the beginning of actions occurred due to APL, we notice passed elements of the city’s local development, beyond the development of the proper companies, who had agreed to the improvement of aspects as sales. Keywords: Nets of companies; Enterprise relations; Confidence.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Perspectivas das Redes Interorganizacionais............................... 40

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Diferenciação entre Redes e Clusters........................................... 29

Quadro 2 Mecanismos Organizacionais dos Aglomerados........................... 31

Quadro 3 Síntese do sistema de indicadores................................................ 33

Quadro 4 Tipologia de Redes de Empresas................................................. 41

Quadro 5 Construção de Confiança e bases para seu surgimento............... 44

Quadro 6 Síntese do sistema de indicadores com relação a SJB................ 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Correlação do total de empresas de São João Batista................. 50

Tabela 2 Características de APL na cidade................................................. 54

Tabela 3 Elementos existentes no APL de São João Batista...................... 55

Tabela 4 Elementos e conjunto de atores.................................................... 56

Tabela 5 Resultados da contribuição da controladoria................................ 57

Tabela 6 Fatores que justificam o surgimento da confiança ....................... 58

Tabela 7 Classificação de confiança de Sako (1991).................................. 59

Tabela 8 Classificação de confiança de Barney e Hansen (1998)............... 59

Tabela 9 Níveis de confiança de Humphrey e Schmitiz (1995)................... 60

Tabela 10 Alternativas influentes para participação em APL......................... 61

Tabela 11 Mecanismos viabilizados pela cooperação .................................. 63

Tabela 12 Vantagens viabilizadas pela união e cooperação......................... 64

Tabela 13 Ações decorrentes do desenvolvimento local............................... 65

Tabela 14 Influência positiva pela participação no APL................................. 65

Tabela 15 Desvantagens do APL................................................................... 67

Tabela 16 Fatores participantes da colaboração........................................... 68

Tabela 17 Fatores influentes nas relações sociais......................................... 68

Tabela 18 Tipos de parcerias......................................................................... 69

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 17

1.1 TEMA...................................................................................................... 17

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................. 18

1.3

1.3.1

OBJETIVO GERAL.................................................................................

OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................

18

19

1.4 JUSTIFICATIVAS .................................................................................. 19

1.5 CONTEXTO DO AMBIENTE DE ESTÁGIO........................................... 20

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO........................................................... 22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 23

2.1 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS..................................................... 23

2.1.1 Origem................................................................................................... 23

2.1.2 Conceitos de APL................................................................................... 26

2.1.3 Características........................................................................................ 30

2.1.4 Tipos de APLs......................................................................................... 34

2.2 RELACIONAMENTO.............................................................................. 41

2.2.1 Conceitos................................................................................................ 41

2.2.2 Confiança................................................................................................ 44

2.2.3 Relações Sociais…………………………………………………………… 45

2.2.4 Tipos de Confiança................................................................................. 46

3 METODOLOGIA..................................................................................... 48

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA................................................................... 48

3.2 SUJEITO DE PESQUISA....................................................................... 49

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS............................................ 51

3.4 ANÁLISE DE DADOS............................................................................. 51

3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA................................................................ 52

4 RESULTADOS OBTIDOS...................................................................... 53

4.1 IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS..................... 53

4.2 CARACTERÍSTCAS............................................................................... 54

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4.3 CONFIANÇA........................................................................................... 57

4.4 VANTAGENS.......................................................................................... 60

4.5 RELAÇÕES DE COLABORAÇÃO E PARCERIAS................................ 67

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 73

REFERÊNCIAS...................................................................................... 75

APENDICE............................................................................................. 82

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1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

Percebe-se uma competição acirrada do mercado atual, onde as empresas se

vêem em uma luta constante para manter sua competitividade, ou ao menos

acompanhar a concorrência.

As novidades são muitas, mas nem sempre são acessíveis a todos,

principalmente no âmbito das pequenas empresas. Outro fator interessante que faz

com que as empresas estejam sempre em constante aprimoramento é a busca pela

redução de custos.

Esses dois fatores - competitividade e redução de custos - podem ser citados

como importantes colaboradores ou desencadeadores do surgimento do interesse

das empresas pelos APL´s - Arranjos Produtivos Locais.

Nos últimos anos, conforme Lastres, Cassiolato e Maciel (2003, p. 21)

“renasceu o interesse sobre o papel que as micro e pequenas empresas (MPEs)

podem ter na reestruturação produtiva, assim como no desenvolvimento de regiões

e países”.

Devido à força das grandes empresas, as pequenas empresas podem ter sua

competitividade questionada quando atuam de forma individual (CASAROTTO

FILHO; PIRES, 1999).

O próprio mercado obriga as empresas a se adaptarem às novas formas de

empreendimentos para que consigam acompanhá-lo. Seguindo este contexto sobre

as fraquezas das pequenas empresas diante do ambiente competitivo, Lastres

Cassiolato e Maciel (2003) destacam a importância das ações conjuntas entre estas.

Hoje há o reconhecimento de que o aproveitamento das sinergias coletivas geradas pela participação em aglomerações produtivas locais efetivamente fortalece as chances de sobrevivência e crescimento, particularmente das MPEs, constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas duradouras. (LASTRES; CASSIOLATO; MARCIEL, 2003, p. 21).

Dependendo de sua configuração, os APL´s ainda podem ser chamados de

sistemas locais de inovações, ou de sistemas produtivos locais ou clusters entre

outros.

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Como uma definição de APL (arranjo produtivo local), pode-se citar Porter

(1998), afirmando que APL´s são concentrações geográficas de empresas

interconectadas e instituições, que estão associadas em uma esfera particular ligada

por aspectos que podem ser compartilhados e complementados entre si.

Outra definição a ser citada é a do SEBRAE (2009) que define APLs como

aglomerações de empresas que estão no mesmo território e possuem

especialização produtiva, mantendo vínculos entre si.

Um ponto interessante do APL está em suas vantagens, sendo uma das mais

conhecidas o desenvolvimento local, o que o torna alvo da pesquisa, bem como a

verificação da existência de possíveis relações de confiança entre as empresas,

além de relações de parcerias e colaboração entre as mesmas.

É interessante saber até que ponto diferentes fatores podem influenciar os

interesses do negócio e até que ponto, por exemplo, os empresários permitem que

fatores pessoais interfiram na vida empresarial.

O conceito de APL vem ganhando atenção devido às experiências bem

sucedidas como o caso das regiões da Terceira Itália e o Vale do Silício nos Estados

Unidos, que conforme Dalla Vechia (2007), devido aos arranjos produtivos locais,

como estratégia de desenvolvimento regional e local obtiveram nos últimos anos os

melhores índices de desenvolvimento comparados aos seus próprios continentes.

O motivo pelo qual os APL´s são defendidos pelos autores, deve-se às

vantagens competitivas que este sistema pode oferecer. Para que isso aconteça,

segundo Casarotto Filho e Pires (1999) é necessário que as empresas mantenham

uma boa relação de colaboração, ao invés de concorrerem entre si.

1.2 PROBLEMA

De que maneira se relacionam as empresas no Arranjo Produtivo Local

calçadista de São João Batista?

1.3 OBJETIVOS GERAIS

Analisar as relações no Arranjo Produtivo Local calçadista de São João

Batista.

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1.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar e quantificar as empresas participantes do APL;

Identificar a existência das características de um APL na região;

Descrever as relações de confiança entre os empresários;

Descrever as vantagens obtidas através da participação no APL calçadista de

São João Batista;

Identificar relações de colaboração e parceria entre as empresas.

1.4 JUSTIFICATIVA

De acordo com Andrade (2007), as redes existem onde as pequenas e

médias empresas precisam umas das outras para competir em escala global, onde

possam compartilhar despesas, incertezas e riscos que a situação oferece.

Estudar sobre os Arranjos produtivos locais, o fator confiança, as possíveis

alianças existentes entre as empresas servem de contribuição para as empresas,

para que elas conheçam a importante estratégia que tem ao seu alcance, que

muitas vezes desconhecem, ou apesar de participarem, não sabem exatamente

como obter vantagens que este modelo de organização pode oferecer.

Os autores apontam diversas possíveis vantagens que podem ser obtidas

pela participação no APL, sendo que cabe à pesquisa verificar se as empresas

realmente obtiveram estas vantagens.

Também cabe ao trabalho, apontar possíveis falhas no APL, para que os

gestores possam compreender e resolvê-las, de forma que este contribua

continuamente com o desenvolvimento local, e das empresas.

1.5 CONTEXTO DO AMBIENTE DE ESTÁGIO

Conforme o autor Anderson (2001) o setor calçadista mundial passou por

grande crescimento, principalmente em regiões onde há grande oferta de mão-de-

obra.

Hoje, diante do contexto mundial o Brasil é o terceiro maior produtor de

calçados, atrás apenas da China e da Índia (BLOIS, 2006). No país, segundo dados

da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados ABICALÇADOS (2009), a

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concentração de empresas de grande porte encontra-se principalmente no Rio

Grande do Sul, sendo seguido por São Paulo (distribuídos nas regiões de Jaú,

Franca e Birigui), e Santa Catarina na região do Vale do Rio Tijucas, que abrange as

cidades de Nova Trento, Canelinha, Tijucas e São João Batista, sendo nesta última

a maior concentração das empresas, com cerca de 95% delas.

Há ainda segundo a ABICALÇADOS, os pólos de Minas Gerais, com a região

de Nova Serrana, Ceará, Paraíba, Bahia, Goiás e Rio de Janeiro.

A cidade de São João Batista, hoje é a maior em número de empresas, do

estado de Santa Catarina, e recebeu segundo a ABICALÇADOS (2009) o título de

capital Catarinense de Calçados, tendo 400 empresas ligadas ao setor, sendo

destas 150 empresas, e as 250 restantes envolvidas com o setor, como fabricantes

terceirizados de componentes para calçados.

Das 150 empresas existentes, pelo menos 60 são consideradas empresas de

grande porte, além de mais de 3000 ateliers responsáveis pela fabricação de

componentes.

São João Batista foi fundada em 1834, pelo capitão João Amorim Pereira,

tendo sua economia primeiramente voltada para a agricultura. Em 19 de julho de

1958, a cidade conquistou a sua emancipação política, deixando de fazer parte da

cidade de Tijucas. Hoje, conta com 22.089 mil Habitantes segundo o último censo do

IBGE. As empresas existentes atualmente geram mais de 8.000 empregos diretos,

com uma média salarial de 1,9 salários de acordo com dados do IBGE.

A aglomeração calçadista da região teve seu início em 1926, quando

instaladas as primeiras sapatarias. Hoje, conforme dados do Sindicato das Indústrias

de calçados de São João Batista – SINCASJB (2009), a cidade produz mais de 2

milhões de pares por mês, além de exportar 11% deste total.

Em São João Batista foi fundado em 1990, o SINCASJB (Sindicato das

Indústrias Calçadistas de São João Batista), que visa promover o desenvolvimento

do associativismo, desenvolvimento de ações em busca do desenvolvimento

econômico social. Também como objetivo, visa colocar o pólo de São João Batista

como modelo de Arranjo Produtivo Local de Calçados Femininos.

O SINCASJB possui convênio com a ABDI (Agência Nacional de

Desenvolvimento Industrial) através de um Projeto de Apoio à Inserção Internacional

de Pequenas e Médias Empresas Brasileiras – PAIIPME - é resultado do Ajuste

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Complementar de Cooperação entre a União Européia e a República Federativa do

Brasil, em 1995.

O objetivo deste Projeto é contribuir para a inclusão competitiva do Brasil na

economia mundial, reforçando laços econômicos e comerciais com a União

Européia, melhorar a capacidade das PMEs para operações internacionais,

promover a adaptação de tecnologias, processos produtivos e serviços; melhorar o

ambiente externo local para operações de exportação; e estabelecer parcerias com

mercados-alvo.

Além de realização de estudos sobre o tema, aquisição de equipamentos,

dentre outros. Em São João Batista, o objetivo é estimular as exportações das

empresas calçadistas das empresas participantes do APL, com produtos

diferenciados.

Desde 2005, por iniciativa do SINCASJB, a cidade passou á realizar a

Rodada Nacional e Internacional de Negócios da Moda Calçadista, que conta com a

união das principais empresas da região, para apresentar novas coleções aos

lojistas do Brasil, tendo este ano de 2010 a sua décima edição.

Além deste importante projeto, também ocorre na cidade a Semana da

Indústria Calçadista Catarinense (SEINCC), um evento que visa tecnologia e

inovação, que parte dos produtores de máquinas e componentes para caçados.

Estes eventos só são possíveis devido à união e confiança das empresas.

Como complemento desta idéia pode-se citar Balestrin, Vargas e Fayard (2005), que

apresentam características no encadeamento de redes que tornam o ambiente

vantajoso e originário de confiança entre empresas, como troca de informações

sobre diversos assuntos, incluindo mercados, tecnologias e lucratividade, igualdade

de processos e técnicas das empresas, além de posições estratégias, com avaliação

das atitudes das empresas umas das outras, relações a longo prazo, vantagens

financeiras e econômicas, e experiência coletiva.

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho de conclusão de curso está dividido em cinco partes, sendo que

o Capítulo 1 – Introdução, apresenta o tema de pesquisa, o problema, os objetivos,

hipóteses e justificativas da investigação, bem como o ambiente onde se

desenvolveu a pesquisa.

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No capítulo 2 – Marco Teórico, são abordados os temas centrais, como

Arranjos Produtivos Locais (APL), sua origem (Martinelli e Joyal, 2004); conceitos

(Amato Neto, 2009) e características (Machado, 2003).

Relacionamento (Amato Neto, 2000); confiança (Borges e Gonçalo, 2006);

Relações sociais (Serio, 2007) e tipos de confiança (Barney e Hansen, 1994), são os

demais assuntos estudados.

O capítulo 3 – Metodologia, descreve os tipos e procedimentos metodológicos

adotados, sendo uma pesquisa com abordagem quantitativa e descritiva, onde foram

pesquisadas 31 empresas por acessibilidade, dentre as 150 existentes.

Os resultados da pesquisa são descritos no Capítulo 4 e por fim a conclusão

no Capítulo 5.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo se aborda os principais temas relacionados com o assunto dos

Arranjos Produtivos Locais, apresentando conceitos, teorias e classificações de

vários autores, suas características e em especial uma abordagem sobre

relacionamento e confiança.

2.1 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

2.1.1 Origem

Segundo Solomon (1986), as MPMEs (Micro, Pequenas e Médias Empresas)

são “uma espécie de poderosa força complementar para a grande empresa,

governos e sindicatos de trabalhadores, na economia moderna”, isto, ainda

conforme o autor deve-se às suas principais funções e virtudes econômicas:

Facilita o processo de mudanças estruturais; propicia o lastro de estabilidade da economia e constitui-se na realidade, no principal respaldo comercial dos valores do ambiente socioeconômico de livre mercado no qual se desenvolve toda a atividade econômica dos Estados Unidos (SOLOMON, 1986, p. 36).

Para Casarotto Filho e Pires (1999) essas pequenas empresas poderão ter

sua competitividade questionada se continuarem atuando de forma individual, devido

á força das grandes empresas estrangeiras, sendo esse um grande motivo para a

formação dos APL´s.

Conforme Oliveira (2008) o conceito de arranjos e sistemas produtivos e

inovativos locais chegou ao Brasil pela Redesist (Rede de Pesquisa em Sistema e

Arranjos Produtivos e Inovativos Locais) no final da década 1990, passando á ser

utilizado como objeto de pesquisa.

Nessa linha, Lopez (1986) atribui a origem do conceito de aglomerações de

empresas entre os séculos X e XII, onde com o surgimento das guildas de ofício,

começa a brotar a idéia de aglomerações, que já possuíam espírito cooperativo, pois

se reuniam patrões e empregados, mestres e aprendizes, que apesar de serem

desiguais, possuíam as mesmas oportunidades de progresso.

Para Lastres e Cassiolato (2006) o termo conjunto de empresas desenvolveu-

se devido á necessidade de criação de novas políticas, a partir do reconhecimento

das vantagens das estratégias envolvendo conjunto de atores.

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Continuando, os autores afirmam que no Brasil, o termo foi popularizado a

partir da última década por grupos de pesquisas, preocupados em entender os

processos de desenvolvimento característicos do atual estágio do capitalismo.

Contribuindo, De Lorenzo, Mancini e Trentin (apud BENKO e LIPIETZ, 1994)

citam os primeiros estudos sobre a importância do regional e do local no

desenvolvimento surgidos por volta dos anos 50 e 60, que foram citados pela

Regional Science (ISARD, 1956).

Os autores apontam os anos 70, como um marco importante do início de uma

nova importância dada ao desenvolvimento local, caracterizando-o flexível, por ser

capaz de adaptar-se a dados mutáveis, além de ser uma alternativa para o

desenvolvimento endógeno e autocentrado.

Segundo Amato Neto (2000), devido existirem regiões como os distritos

industriais da Terceira Itália e o Vale do Silício nos Estados Unidos que apresentam

experiências bem-sucedidas de aglomerações de produtores, é que o conceito de

APL´s passou á ser observado por diversos atores.

Dalla Vechia (2007) acrescenta ainda que nas últimas duas décadas, essas

regiões cresceram aceleradamente, gerando muitos empregos com boa

remuneração, fazendo com que suas rendas per-capita fiquem entre as mais

elevadas dos países desenvolvidos.

Essas vantagens, de acordo com Amato Neto (2000), devem-se à questão

local, como os sistemas produtivos locais na França, Alemanha e Reino Unido, além

das redes de empresas do Japão, Coréia e Taiwan. O autor fala que nessas regiões,

as pequenas e médias empresas passaram á utilizar tecnologias de ponta na

produção, modificaram as estruturas organizacionais internas das empresas, e

buscaram novos vínculos com o entorno socioeconômico, tudo isso visando um

modelo de reestruturação industrial de modo que essas empresas pudessem

competir com as empresas de grande porte.

Neste contexto, Britto (2004) complementa que as interações entre empresas

nos APL´s contribuem significativamente na geração e qualidade de empregos ao

nível local, contribuindo para o desenvolvimento do mesmo.

O sucesso da região italiana, conforme Martinelli e Joyal (2004) se devem á

características como flexibilidade, inovação (devida á criatividade do pessoal ligado

á produção) e a forte articulação com a população local.

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Contribuindo com esta afirmação, os autores Humphrey e Schmitz (1995)

apresentam os fatores facilitadores, sendo estes: aglomerado produtivo (a

concentração das empresas), a divisão do trabalho; especialização e flexibilidade

produtiva; surgimento de fornecedores de equipamentos e componentes; surgimento

de prestadores de serviços técnicos, de P&D e acessoria tecnológica, além do

surgimento de agentes para a negociação dos produtos nos mercados nacional e

internacional, surgimento de prestadores de serviços financeiros e contábeis (para

financiamentos); formação de mão-de-obra qualificada e com habilidades

específicas e formação de associações para a realização de tarefas específicas para

o conjunto de seus membros.

Conforme Castells (1999), nas últimas décadas o mundo vem passando por

mudanças na economia, onde um dos principais fatores influentes é a revolução

tecnológica impulsionada pela Tecnologia da informação. O autor continua citando

como essas mudanças, a interdependência global e a reestruturação do capitalismo,

que tem como um dos protagonistas, as empresas organizadas em redes, mantendo

um bom relacionamento com outras empresas.

Em outras palavras, Venturi (2008) concorda com este pensamento dizendo

que:

[...] para obter ganhos num processo competitivo cada vez mais acirrado, as empresas vem se tornando crescentemente dependentes em relação a ativos e competências complementares retidas por outros agentes com os quais elas se articulam através de práticas cooperativas (VENTURI, 2008, p. 33).

Martinelli e Joyal (2004) afirmam que os empresários da região da terceira

Itália se inspiraram nos trabalhos de Alfred Marshall, que mencionava em suas obras

as aglomerações de empresas em um mesmo local. Ainda segundo os autores, as

empresas se concentram em um mesmo local por três motivos: redução do custo de

transportes tanto em compra quanto em entrega, compartilhamento de

conhecimentos e aproveitar a mão-de-obra qualificada existente.

Outros autores que citam Alfred Marshall como o autor do primeiro estudo

sobre aglomerados de empresas industriais são Carvalho Jr, Cario e Seabra (2007).

Esse estudo identificou regiões industrializadas que possuíam várias empresas que

estavam ligadas á mesma atividade econômica.

Como motivos que levam á localização de uma indústria, os autores citam os

recursos naturais de clima e solo, a existência de fornecedores próximos, facilidade

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de comércio e ações políticas e sociais, acesso fácil á vias rodoviárias e portuárias,

etc.

Conforme Amato Neto (2000, p. 50) é necessário a implantação de redes de

cooperação quando as empresas isoladamente apresentam dificuldades como:

“adquirir e partilhar recursos escassos de produção; atender interna ou

externamente ao mercado em que atuam; lançar e manter nova linha de produtos”.

No próximo tópico são citados conceitos de alguns autores sobre APL.

2.1.2 Conceitos de APL

Conforme De Luca (2001) existem várias maneiras de definir o

desenvolvimento local, que podem ser: pólos industriais, parques tecnológicos,

incubadoras de empresas, condomínio de empresas, empresas de participação e

redes de empresas.

Também podem ser nomeados arranjos e sistemas produtivos e inovativos

locais conforme Oliveira (2008). Um conceito interessante sobre o sistema de

cooperação entre empresas, que é compatível com os demais é o de Amato Neto

(2000), onde este é composto geralmente de pequenas empresas, tendo uma região

ou local como base, sendo todas de um mesmo setor, incluindo todas as atividades

deste, sendo estas empresas organizadas juntas, e utilizando para este fim, os

relacionamentos de competição e cooperação.

Segundo a definição de Porter (1998) são concentrações geográficas de

empresas interconectadas e instituições, associadas em uma esfera particular,

ligada por aspectos que podem ser compartilhados e complementados entre si.

No mesmo sentido, Conforte (2004) conceitua APL´s apenas como uma

concentração geográfica e setorial de empresas. Casarotto Filho e Pires (1999)

complementam dizendo que as empresas do mesmo segmento, devem manter uma

relação de irmãs, colaborando entre si, ao invés de serem concorrentes.

Corrobora Teixeira (2006) dizendo que a noção de território não se refere

apenas á dimensão geográfica, mas também á noção de um campo de forças ou

ainda uma teia ou rede de relações sociais que se organizam em determinado

espaço.

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Outro conceito de Arranjo Produtivo Local de destaque é o apresentado pelo

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) citado por Amato

Neto (2009)

APL é uma concentração geográfica de empresas e instituições que se relacionam em um setor particular. Inclui, em geral, fornecedores especializados, universidades associações de classe, instituições governamentais e outras organizações que provêem educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico e entretenimento BNDES (2003, apud

AMATO NETO, 2009, p. 9).

Amaral Filho (2002) também nos dá sua versão do assunto, definindo APL

como o acúmulo de compromissos formados por interações sociais em uma região,

sendo a confiança sua principal característica e fonte de coordenação e da

governança do núcleo de produção. Governança segundo a definição de Cassiolato

e Szapiro (2003) é a utilização de práticas democráticas locais, onde há a

participação do Estado, empresas privadas e trabalhadores, na tomada de decisão.

O conceito de governança também é citado pelo SEBRAE (2003) como sendo

um dos pressupostos do desenvolvimento dos arranjos produtivos, conceituado por

esta instituição como “os conhecimentos, habilidades e competências da população

local, as condições e a qualidade de vida”.

Outros pressupostos citados são o capital humano, que parte da idéia de

conhecimentos, habilidades e competências da população local, o capital social que

nada mais é que os níveis de confiança, cooperação, reciprocidade dentre outros, e

por fim o uso sustentável do capital natural.

Para Britto (2004), a definição de APL´s é a aglomeração espacial de vários

agentes, que possuem um objetivo em comum, interdependência e vínculos. Por

complementação de Martinelli e Joyal (2004), os objetivos em comum partem das

ações comerciais conjuntas, partilha de investimentos, gestão comum de

competências além da socialização de informações e tecnologia.

Em sua definição, Machado (2003) cita as entidades, que segundo ele, são

essenciais para o sucesso dos APLs, sendo elas, fornecedores especializados,

universidades, instituições governamentais, associações de classe, além de outros

que envolvem educação, informação, conhecimento e apoio técnico.

Assim como define arranjos produtivos como aglomerações de empresas que

estando no mesmo território e apresentando especialização produtiva mantêm

vínculos que podem ser de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre

si.

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Já para Martinelli e Joyal (2004):

Os pontos fundamentais que caracterizam a existência das redes são: valores e objetivos compartilhados (que unem os diferentes membros), autonomia de cada integrante, vontade de entrar e permanecer na rede, multiliderança (em vez de hierarquia), descentralização e múltiplos níveis ou segmentos autônomos como possíveis desdobramentos da rede (MARTINELLI e JOYAL, 2004, p. 100).

Com a participação dos arranjos produtivos locais, todos ganham, pois Fava

(2007) defende que devido a características que envolvem os APL´s, os

participantes possuem vantagens coletivas.

Citando algumas características, Hoffmann, Gregolin e Oprime (2004)

destacam a redução de custos de investimentos e a fragilidade das PMEs perante á

internacionalização. Enfatizam ainda que as empresas que participam destes

arranjos devem ter perspectiva de expansão de sua atuação no mercado, na

exportação e em sua capacidade competitiva.

Alves et al (2004) destacam ainda como vantagens as fortes oportunidades

de emprego, a possível promoção do desenvolvimento local e a representação da

parcela significativa e diversificada do setor privado.

De acordo com o Programa de Desenvolvimento de Distritos industriais do

SEBRAE (2006, p. 15), os clusters, distritos industriais e arranjos produtivos locais

(outrora citados com mesmo conceito, apenas com nomenclaturas diferentes por

outros autores), são diferentes tipos de clusters, sendo suas definições:

Clusters: concentrações geográficas de empresas – similares, relacionadas

ou complementares - que atuam na mesma cadeia produtiva auferindo vantagens de

desempenho por meio da locação e, eventualmente, da especialização. Essas

empresas partilham, além da infra-estrutura, o mercado de trabalho especializado e

confrontam-se com oportunidades e ameaças comuns.

Distrito industrial: Sistemas locais de produção caracterizados pela

existência de um conjunto de pequenas e médias empresas em torno de uma

indústria dominante, em que as firmas, freqüentemente, se especializam em

diferentes etapas do processo produtivo. Essas firmas, em geral pertencentes á

comunidade local, a ela se integram por meio de uma extensa teia de

relacionamentos. Tais sistemas caracterizam-se, ainda, pela existência de um fluxo

de comércio substancial entre as empresas e pelo fato de as firmas partilharem

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diferentes serviços especializados, o mesmo mercado de trabalho especializado e o

estoque de conhecimento.

Arranjo produtivo local (APL): constitui um tipo particular de CLUSTER,

formado por pequenas e médias empresas, agrupadas em torno de uma profissão

ou negócio, onde se enfatiza o papel desempenhado pelos relacionamentos –

formais e informais- entre empresas e demais instituições envolvidas. As firmas

compartilham uma cultura comum e interagem,como um grupo, com o ambiente

sociocultural local. Essas interações, de natureza cooperativa ou competitiva,

estendem-se além do relacionamento comercial, e tendem a gerar, afora os ganhos

de escala, economias externas, associadas á socialização do conhecimento e á

redução dos custos de transação. Note-se que, nesses sistemas, as unidades

produtivas podem ter atividades similares e/ou complementares, em que predomina

a divisão do trabalho entre os seus diferentes participantes – empresas produtoras

de bens e serviços, centros de pesquisa, centros de capacitação e treinamento e

unidades de pesquisa e desenvolvimento, públicas e privadas.

Rosenfeld (1997, apud VENTURI 2008) apresenta um quadro na qual

diferencia Redes de Clusters:

Redes Clusters

Redes permitem acesso á serviços especializados a baixo custo

Clusters atraem serviços especializados necessários á região

Redes têm uma restrição em membros Clusters têm uma abertura em membros

Redes estão baseadas em acordos contratuais

Clusters estão baseados em valores sociais os quais promovem confiança e reciprocidade.

Redes facilitam as empresas á participação em negócios complexos

Clusters geram uma demanda para mais empresas, com similar ou capacidades relacionadas

Redes estão baseadas em cooperação Clusters estão baseados em cooperação e competição

Redes têm um negócio comum Clusters têm uma visão coletiva

Quadro 1: Diferenciação entre Redes e Clusters Fonte: Rosenfeld (1997, apud VENTURI 2008)

Além dos conceitos, outra abordagem importante sobre APLs, são as

características mencionadas no tópico á seguir, que incluem as variáveis

determinantes para um APL, assim como os agentes necessários para

reconhecimento da existência do mesmo em um determinado local.

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2.1.3 Características

Algumas variáveis determinantes para um APL são citadas e conceituadas

pelos autores Morelli et. al. (2000, apud Machado, 2003):

a) Aglomeração de empresa representa o número significativo de empresas

que atuam em torno de uma atividade produtiva principal;

b) Território é um espaço que é apropriado por um ou mais atores, sendo

definido e delimitado por e a partir de relações de poder, sejam elas

jurídicas, políticas ou econômicas;

c) Especialização produtiva consiste no conhecimento, tácito ou explícito,

que as pessoas ou organização de um território possuem em torno de uma

atividade econômica principal;

d) Articulação, interação, cooperação e aprendizagem são iniciativas, ações,

atividades e projetos realizados em conjunto, entre empresas, entre as

empresas e suas associações, entre empresas e instituições técnicas e

financeiras, entre empresas e poder público, e outras possíveis

combinações entre os atores presentes no APL;

e) Atores Locais é uma nomenclatura estabelecida para as instituições de

promoção de financiamento e crédito, de ensino e pesquisa, centros

tecnológicos, associações empresariais, prestadores de serviços,

governos.

Conforme Amato Neto (2000), a cooperação entre empresas, permite que

estas facilitem a viabilidade de algumas necessidades que seriam de difícil alcance

se estivessem sozinhas, essas vantagens seriam: a combinação das competências

e a utilização do Know-how umas das outras; divisão do ônus de realizar pesquisas

tecnológicas, com a utilização compartilhada dos conhecimentos alcançados; a

partilha de riscos e custos no caso de novas experiências; possibilidade de

oferecimento de uma linha de produtos mais diversificada e de maior qualidade;

maior pressão no mercado resultando no aumento da força competitiva em benefício

do cliente; compartilhamento de recursos, fortalecimento do poder de compra e

obtenção de maior força para atuação no mercado exterior.

O quadro 2 mostra as vantagens permitidas pelos aglomerados na versão de

Porter (1999):

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Mecanismos Descrição

Acesso a insumos e pessoal especializado

A localização no interior do aglomerado proporciona acesso a insumos especializados de melhor qualidade ou de menor custo em comparação com o mercado individual

Acesso á informação As informações técnicas, de mercado e sobre outras áreas acabam se concentrando dentro do aglomerado e em suas empresas. O acesso é de melhor qualidade e a custos inferiores, permitindo um aumento de produtividade.

Complementaridade A facilidade de intercâmbio entre as empresas que fazem parte do aglomerado, não só entre suas atividades, mas também no projeto, na logística e nos próprios produtos.

Acesso a instituições e bens públicos

Os aglomerados transformam em bens públicos insumos que seriam dispendiosos, por exemplo, a capacitação por meio de programas locais com menor custo.

Incentivos e mensuração

Os aglomerados melhoram os incentivos dentro das empresas para obtenção de altos níveis de produtividade

Quadro 2: Mecanismos Organizacionais dos Aglomerados Fonte: Adaptado de Porter (1999)

De acordo com o site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior do Brasil (2009), são as seguintes características essenciais para

reconhecer a existência de um APL: possuir um bom número de empreendimentos

no local e pessoas que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante,

além de incluir pequenas e médias empresas, algum mecanismo de governança e

cooperação.

Vários autores citam competitividade em seus conceitos, que conforme

Schumpeter, (1997) serve para as empresas se posicionarem agressivamente para

tirar vantagem dos concorrentes, pois somente conhecer o mercado ou novas

tecnologias não é o bastante.

Cassiolato e Szapiro (2003) sugerem que o conceito de APL está totalmente

associado ao conceito de competitividade. Brito (2004) defende que para ter um

melhor desempenho competitivo, as empresas devem ter seu foco na coletividade,

incluindo não só outras empresas, mas também as outras instituições e o próprio

mercado.

Como sendo fatores fundamentais de competitividade Dalla Vechia (2007) cita

o relacionamento entre as empresas e a cooperação no processo produtivo, que são

essenciais para gerar o aprendizado e a inovação, fazendo com que todos

melhorem contribuindo para o desenvolvimento local.

Lastres e Cassiolato (2003) definem APL´s por suas características, sendo

elas por dimensão territorial, diversidade de atividades e atores, agentes

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econômicos, políticos e sociais, participação de fornecedores e empresas que

compartilham seus conhecimentos, suas inovações e processos.

Segundo os autores Martinelli e Joyal (2004) as características Básicas de um

distrito industrial são:

a concentração de um número elevado de PME especializadas em uma atividade específica (vestuário, calçado, maquinaria, cerâmica, bordado, metalurgia); a cooperação justaposta a uma situação de competição, a partir da qual foi criado o neologismo “coopetição” para designar essa situação completamente estranha ao que prega a teoria econômica dominante, ou seja, que pode haver laços de solidariedade e de cooperação entre empresas concorrentes; uma capacidade de produção flexível, que permite uma adaptação contínua ás necessidades de uma demanda em perpétua evolução; uma mão-de-obra impregnada de um “saber fazer” que, no caso europeu, tem sua origem em tradições antigas, por vezes seculares; um apoio das administrações locais, capazes de contribuir para “vender” uma imagem característica do distrito para o cenário internacional (MARTINELLI e JOYAL, 2004, p. 80).

Já Carvalho Jr, Cario e Seabra (2007) citam como principais características

presentes em pólos industriais: a concentração geográfica e setorial em torno da

cadeia produtiva principal; a predominância de pequenas e médias empresas que

estão num mesmo local; a boa organização econômica e social; a presença de

encadeamentos, que são elos entre as empresas fornecedoras e as empresas

principais; especialização em nível local; especialização da produção, que estimula a

acumulação de conhecimento e uso de novas tecnologias; alto nível de divisão de

trabalho entre as empresas; o fator sociocultural que facilita a confiança nas

relações entre as empresas e colaboradores; um bom sistema de transmissão de

informação, que faz com que as mesmas circulem de forma rápida; um sistema

produtivo flexível, que permite a adaptação ás mudanças do mercado; mão-de-obra

especializada; presença de organizações que dão apoio e suporte ás empresas;

espírito de cooperação e competição entre as empresas, ou seja, ações que levam

as mesmas á cooperarem entre si; presença de um conjunto de atores e por fim, não

menos importante e presença de institutos de pesquisa para o desenvolvimento

tecnológico, infra-estrutura de ensino, infra-estrutura bancária, empresas produtoras

de atividade principal, empresas prestadoras de assistência técnica e serviços

gerais, infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento, empresas fornecedoras de

máquinas e equipamentos e empresas fornecedoras de matérias-primas e outros

insumos.

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Amato Neto (2009) cita um sistema de indicadores que tem por objetivo a

utilização de parâmetros que dão maior sustentação à tomada de decisões dos

gestores das empresas localizadas nos clusters, identificando fatores críticos de

sucesso e avaliando o desempenho destes. Estes indicadores podem ser

visualizados no quadro 3:

Indicadores Subdivisão

Geográficos

Matéria-prima/ consumidores

Infraestrutura

População

Econômicos

Características das Empresas

Concorrência / complementação

Custos

Capital

Mercado Consumidor

Institucionais Grau de Formalização do Cluster

Redes de apoio

Sociais Nível de escolaridade da força de trabalho

Tecnológicos

Ensino

Tecnologia externa

Desenvolvimento

Qualidade

Ambientais

Água

Ar

Resíduos

Conscientização

Governança

Presença ativa de um agente

Liderança Local

Grau de legitimidade

Internacionalização

Exportações

Investimentos diretos

Participação em feiras internacionais

Capacitação Gerencial

Gestão da Produção

Gestão Financeira

Gestão Comercial (marketing)

Gestão de pessoas (RH)

Quadro 3: Síntese do sistema de indicadores Fonte: Adaptado de Amato Neto (2009)

Os APLs possuem uma vasta quantia de tipologias, que podem ser

determinadas conforme as variáveis utilizadas por cada autor para sua a

classificação. Há ainda alguns conceitos comuns, apenas com nomenclaturas

diferentes, como também o inverso conforme o próximo tópico.

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2.1.4 Tipos de APLs

Antes de apresentar as tipologias, é importante identificar alguns dos principais

APLs distribuídos no Brasil, conforme o mapa encontrado no site da Redesist

(2009):

Amazonas: APL Floricultura-Manaus.

Acre: APL de Ind. Florestais-Xapuri

Pará: APL Floricultura-NE do Pará, O círio de Nazaré-Economia e Fé.

Maranhão: APL turístico-São Luiz

Piauí: APL Apicultura – diversas microrregiões do Piauí

Ceará: APL Pingo d’água – Quixeramobim, APL de Ovinocaprinocultura – CE e

APL de Turismo Religioso em Juazeiro do Norte.

Rio Grande do Norte: APL têxtil e confecções em Natal e APL de Bordados em

Caió, ambos todos em Campina Grande.

Sergipe: APL de confecções em Tobias Barreto.

Bahia: APL de cacau no sul do estado, APL de petróleo e gás no Côncavo

Baiano, além do APL de confecções e TI no estado.

Minas gerais: APL automotivo da Rede Fiat em Belo Horizonte, Redes locais de

Inovação e Biotecnologia, também em Belo Horizonte, APL calçadista em Nova

Serrana e APL moveleiro em Ubá.

Goiás: APL de confecções em Jaraguá, APL de turismo em Pirenópolis, além do

APL de software no Distrito Federal em Brasília.

Mato Grosso do Sul: APL de mandioca no sul do estado, APL de turismo em

Bonito, na Serra da Bodoquena.

São Paulo: APL de móveis em São Paulo, Arranjo aeronáutico em São José dos

Campos, Empresas de Base tecnológica em São Carlos, e APLs de

telecomunicações em Campinas.

Espírito Santo: APL de Inovação Localizada-Estudo Siderúrgico no Espírito

Santo, AP de madeira e móveis no Espírito Santo, AP de metal e mecânico no

Espírito Santo, APS de rochas ornamentais no Espírito Santo.

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Rio de Janeiro: APLS têxtil e confecções no Rio de Janeiro, Indústria

exportadora de softwares Rio de Janeiro, APL de música de conservatória ,

APLS de rochas ornamentais no Rio de Janeiro.

Paraná: APL o caso da soja no Paraná, Sistemas regionais de inovação no

estado.

Santa Catarina: Arranjo têxtil de vestuário no Vale do Itajaí, A indústria de

software em Joinvile, Cluster da indústria cerâmica em Santa Catarina, APL

turístico em Florianópolis.

Rio Grande do Sul: APL de vinho no Rio Grande do Sul, Arranjo moveleiro na

Serra Gaúcha, Complexo fumageiro no Rio Grande do Sul, Arranjo coureiro e

calçadista no Vale dos Sinos, Arranjo de máquinas e implementos agrícolas no

Rio Grande do Sul.

Para Amato Neto (2000), há uma nova tendência que surge das relações

entre empresas, que são as alianças estratégicas. Segue a tipologia desta tendência

segundo este autor:

a) Alianças multiorganizacionais de serviços ou consórcios (onde as empresas

criam uma nova entidade para satisfazer uma necessidade similar);

b) Alianças oportunistas (onde as empresas vêem em uma oportunidade a

chance de obter algum tipo de vantagem competitiva imediata, mesmo que

esta seja temporária);

c) Alianças de parceria que envolve fornecedores, consumidores e funcionários

(na qual existe o envolvimento de vários stakeholders no processo de

negócio).

Sierra (1995, apud AMATO NETO 2000) aponta os motivos principais que

levam as empresas á adotarem algum tipo de aliança, sendo eles: a penetração em

um novo mercado; a competição via tecnologia e pesquisa e desenvolvimento (as

alianças viabilizam grandes investimentos, que não seria possível isoladamente);

inovação e rapidez na introdução de um novo produto; aumento do poder de

competitividade (defende que como é difícil ganhar de algumas empresas, o melhor

é juntar-se á elas); competição via integração de tecnologia e mercados (esse

motivo está mais associado aos altos custos envolvidos); construindo competências

de classe mundial (envolve a capturação de novas idéias e desenvolvimentos);

estabelecimento de padrões globais (como os investimentos são muito elevados, as

empresas atuam em conjunto para agregar suas tecnologias); rompendo barreiras

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em mercados emergentes e em blocos econômicos (busca da viabilização de novos

negócios); cortando custos de “saídas” (visa cortar ou minimizar os custos ao se

deixar um negócio); obtendo oportunidades dos negócios mundiais de meio

ambiente (a importância do meio ambiente para o futuro, faz com que as empresas

se juntem visando o desenvolvimento sustentável, ou seja, a união de suas

tecnologias com a preocupação e respeito ao meio ambiente e as leis que o

protegem).

Conforme Venturi (2008) são diversos os tipos de arranjos produtivos locais

existentes, que podem ser:

Agrupamento potencial: uma concentração de atividades produtivas, que

sem estares organizadas ou trabalhando em conjunto, apresentam alguma

característica em comum, que pode ser, por exemplo, a tradição de uso de técnicas;

Agrupamento emergente: quando várias empresas têm em comum

características, como o desenvolvimento de ações de interação entre os agentes

existentes na região, não descartando a existência de instituições de apoio, que

podem contribuir dentre outros no treinamento profissional, em pesquisas ou ainda

como consultorias;

Agrupamento maduro: sugere a concentração local de atividades, tendo em

comum base tecnológica, e uma boa relação entre os autores, que apesar de

contribuir para que ocorra manifestações decisivas para uma maior união efetiva,

não impede outras características como conflitos de interesses entre os membros. A

partir desses conflitos pode-se ainda observar a pequena coordenação entre os

agentes, que faz com que suas ações sejam consideradas precárias para alavancar

um possível crescimento á longo prazo;

Agrupamento avançado: a característica principal é a grande união existente

entre os agentes internos e externos, o que contribui significativamente nos

resultados gerados pelos participantes;

Agrupamento tipo cluster: em relação á união interna entre os participantes,

pode ser comparado com o agrupamento maduro. Como envolve um maior número

de localidades e áreas urbanas, acaba por tendo um menor grau de organização,

tendo como resultado um espaço econômico pouco diferenciado no caso de

atividades produtivas;

Pólo tecnológico: possui similaridades com o agrupamento maduro. As

empresas participantes possuem grande conhecimento ou base tecnológica em

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comum. Possuem como fonte de desenvolvimento universidades dentre outros

centros de tecnologia e pesquisa;

Redes de subcontratação: as empresas nem sempre estão instaladas na

mesma área geográfica, além dos participantes não manterem sempre um

agrupamento formal ou um padrão de organização sugerido da empresa núcleo.

Baseado nos estágios das aglomerações Cunha (2003, p. 52) traz como

classificações os tipos: informal, organizado e inovativo.

Nos aglomerados mais primitivos ou modo informal, a maioria das empresas

são micro e pequenas, há pouca mão-de-obra qualificada além de fatores como

tecnologia, cooperação e inovação serem precários, além disso, o grande aumento

no número de empresas novas não afeta o dinamismo do aglomerado.

Já nos aglomerados organizados, além da cooperação há a formação de

redes entre as empresas participantes. O tamanho das empresas fica em torno das

pequenas e médias, e os fatores como inovação, tecnologia e qualificação são

considerados médios.

O último tipo, ou estágio, é o inovativo, tem como participantes empresas de

todos os tamanhos, e os demais fatores já citados, inovação e tecnologia são

considerados respectivamente continuados e médios, e a qualificação e cooperação

são considerados altos.

Baseados em fatores locais, Hoffmann, Gregolin e Oprime (2004) classificam

os arranjos produtivos em: inexistente, potencial, agrupamento e agrupamento

avançado.

No tipo inexistente, as características são a falta de tradição produtiva e

nenhum favorecimento local, onde a estratégia sugerida para o desenvolvimento

desse tipo de agrupamento é a pesquisa em outros grupos.

No tipo potencial, existe alguma tradição e um pouco de vantagem local

impulsionada por poucos fatores locais, tendo como estratégia a mobilização de

interesses, lideranças e agentes locais.

Já no agrupamento, apesar de pouca interatividade e sinergia entre as

empresas, fraca capacidade inovativa e tecnológica, há especialização local. A

estratégia proposta envolve a intensificação da interatividade entre os agentes

locais, além do aproveitamento de oportunidades locais e elevação da capacidade

tecnológica.

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No modelo agrupamento avançado, diferente do tipo anterior, são grandes os

aspectos como interatividade e integração entre os atores, capacidade inovativa e

tecnológica, além de suporte tecnológico e mercados consolidados. Como estratégia

de desenvolvimento, o autor sugere o adensamento da cadeia produtiva local, o

aprimoramento da infra-estrutura e consolidação do acesso á tecnologia disponível,

além do desenvolvimento de sistemas de financiamento e crédito.

Grandori e Soda (1995, apud AMATO NETO 2000) citam uma tipologia de

redes interempresariais que foi baseada nos seguintes critérios: o tipo de

mecanismos de coordenação utilizados; o grau de centralização da rede e o grau de

formalização dessa rede. Esses critérios levaram á seguinte classificação:

Redes Sociais: a característica fundamental é a informalidade nas relações

interempresariais, ou seja, não exigem acordo ou contrato formal. Este tipo por sua

vez subdivide-se em redes sociais simétricas e assimétricas.

As simétricas: caracteriza-se na inexistência de poder centralizado, ou seja,

todos têm o mesmo poder.

Nas redes sociais assimétricas, existe um agente central, que coordena os

contratos formais de fornecimento de produtos entre as empresas participantes.

Redes burocráticas: neste tipo, diferente do anterior, existe um contrato

formal que visa regular tanto as especificações de fornecimento, quanto como a

própria organização da rede, além do relacionamento entre os participantes.

Também são subdivididas em simétricas e assimétricas, sendo a primeira

encontrada em associações comerciais, que se caracterizam por cartéis, federações

e consórcios, já as assimétricas são associadas ás redes de agencias, acordos de

licenciamentos e contratos de franquias.

Redes proprietárias: São caracterizadas pela formalização de acordos

relativos ao direito de propriedade entre os acionistas de empresas. E assim como

as outras há também a classificação desta em simétricas e assimétricas, sendo as

simétricas as chamadas joint ventures, que são utilizadas na regulação das

atividades de pesquisa e desenvolvimento, inovação tecnológica e nos sistemas de

produção de alto conteúdo tecnológico.

No caso das assimétricas, são citadas as associações do tipo capital ventures

onde relacionam de um lado a empresa e do outro o investidor.

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Ainda segundo Amato Neto (2000), surge mais dois tipos de redes de

cooperação, sendo elas redes verticais de cooperação e redes horizontais de

cooperação.

O primeiro tipo, as verticais, envolve as relações de cooperação entre a

empresa e os “componentes dos diferentes elos ao longo de uma cadeia produtiva”,

ou seja, todos os parceiros comerciais da empresa, como fornecedores,

distribuidores e prestadores de serviços. Já as redes horizontais são as relações

“entre empresas que produzem e oferecem produtos similares”, sendo do mesmo

setor ou ramo, mais claramente, como o próprio autor diz, entre a empresa e seus

concorrentes. Segundo estes autores, esse modelo de redes deve ter outros

cuidados, pois pode haver diversos conflitos.

Com inspiração em Calton (1995), Silva (2005 p. 26) defende que “a maioria

dos autores dentro da “teoria de redes” considera que as organizações se situam em

redes sociais e devem ser analisadas como tais”, partindo deste ponto uma rede

abrange um conjunto de pessoas, organizações ou atividades que são unidos por

um conjunto de relações sociais.

Partindo desta idéia, Cândido e Abreu (2000), “dizem que a estrutura de

qualquer organização deve ser entendida e analisada em termos de redes múltiplas

de relações internas e externas” o que sugere que as organizações são todas redes,

e sua forma depende da rede que ela participa.

A figura 1 apresenta a evolução dos conceitos de redes em uma perspectiva

interorganizacional:

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Figura 1 – Perspectiva das Redes Interorganizacionais Fonte: Cândido e Abreu (2000)

No quadro 4, segue uma breve relação entre os variados autores estudados

em relação ao conceito de arranjo produtivo, apresentados neste capítulo.

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Autores Abordagem conceitual

Venturi (2008) Agrupamento potencial, emergente, maduro, avançado, tipo cluster, pólo tecnológico, redes de subcontratação,

Mytelka e Farinelli 2000 pg 52 apud Cunha (2003)

Estágios de aglomerações: tipo informal, organizado e informativo.

Altemburg & Meyer-Stammer (1999)

Cluster de micro e pequena empresa sobrevivente, cluster avançado e diferenciado de produção de bens de consumo massivo, cluster de empresas transacionais e cluster de empresas baseadas em recursos naturais.

Hoffmann, Gregolin e Oprime (2004)

Arranjos produtivos Inexistente, potencial, agrupamento e agrupamento avançado.

Amato Neto (2000) Redes sociais (assimétricas e simétricas), Redes burocráticas (assimétricas e simétricas), redes proprietárias (assimétricas e simétricas

Santos et al (1994) apud Amato Neto (2000)

Redes verticais de cooperação e redes horizontais de cooperação.

Quadro 4: Tipologia de redes de empresas Fonte: Elaboração própria

Outro tema chave que envolve APLs, é o relacionamento, pois este fator é

determinante para o sucesso da rede, pois ela só acontece com o envolvimento e

mais ainda, comprometimento das partes em permitir que haja trocas, de

informações, técnicas, tecnologias dentro outros.

2.2 RELACIONAMENTO

2.2.1 Conceitos

Os autores Alves et al (2004) afirmam que o relacionamento e a cooperação

no processo produtivo entre as empresas estão sendo vistos como elementos

fundamentais de competitividade. Os autores enfatizam ainda que estes fatores

sejam importantes para o desenvolvimento do aprendizado e inovação, que por sua

vez contribuem para o melhor desempenho das empresas e o desenvolvimento

local.

Amato Neto (2000) afirma que as relações intra e interempresas, são as

novas tendências da economia moderna, e que o seu espaço não vem sendo ganho

apenas nas economias desenvolvidas, mas também em países emergentes, que

dentre outros, é o caso do Brasil.

Segundo Venturi (2008), nas últimas décadas as relações inter-empresariais

assim como a estrutura industrial dos países sofreram grandes transformações e “as

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tradicionais relações conflituosas cederam espaço para as relações baseadas na

confiança”, contribuindo este para sucesso de muitas regiões.

O autor classifica a relação de confiança e sanções criado por Humphrey e

Schmitz (1995) em três níveis, sendo eles no caso da confiança: Nível macro- que é

baseado nas informações coletadas através de banco de dados, nível médio,

baseado na reputação e competências, e por fim o nível micro, que se baseia em

relações de parcerias passadas.

No caso das sanções, o nível macro são provisões contratuais para a grande

parte dos acordos, o nível médio, são regulações que servem para acordos entre

setores, e o nível micro, é personalizado individualmente, para cada relação,

penalizando os comportamentos oportunistas.

Amato Neto (2000) afirma que a confiança é fundamental no relacionamento

entre empresas porque o mundo de negócios é repleto de riscos, tanto de fraudes,

como por não se saber o que vai acontecer.

Segundo Werneck (2000), para continuar competindo no mercado atual, às

empresas viram-se obrigadas á mudar o conceito de isolamento de cada uma, para

levar em consideração a cooperação entre si.

Continuando, Vollmann et al (1997, apud WERNECK 2000) observa que o

bom relacionamento entre as empresas, e principalmente a troca de informações

entre as mesmas, traz benefícios como melhor atendimento ao cliente, pois cada

empresa deve conhecê-lo, além do melhor aproveitamento dos recursos.

Como outro elemento fundamental no relacionamento, Vieira (2006) destaca a

colaboração, tem como significado o trabalho que duas ou mais empresas fazem

juntas, com base em confiança, flexibilidade, comprometimento, comunicação entre

outros, tomada de decisões conjuntas, compartilhamento de informações

relacionadas á custos e benefícios, comerciais, tudo isso com objetivo de atender os

seus clientes.

Para Oliveira e Guerrini (2002), surgem do relacionamento entre empresas,

as redes de cooperação, uma nova forma de organização do trabalho e

relacionamento entre empresas, assim, as redes de cooperação nada mais são do

que uma relação de cooperação que mantêm interdependência entre as empresas,

cuja união se deve á busca por objetivos lucrativos em comum, que pode ser o

financiamento de uma pesquisa ou a introdução de um produto novo no mercado,

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por exemplo, não se esquecendo de enfatizar ainda, a relação de confiança que

deve haver entre essas empresas.

Os autores dizem ainda que embora essas redes possam ocorrer em

empresas de todo porte, são principalmente nas micro e pequenas que o valor de

sua contribuição é maior, pois é possível observar vantagens como: elevação de

poder de competitividade (baseada nas criação de relações de confiança entre

fornecedores e clientes); divisão de riscos e custos (com a união, os investimentos

podem ser menores, e caso ocorra prejuízo, este fica diluído entre as mesmas.) e

maior transferência de informação e tecnologia (permitindo com que as pequenas

empresas estejam sempre atualizadas).

Carvalho Jr, Cario e Seabra (2007) não deixam de citar a importância da

relação de confiança-cooperação entre as empresas, que conforme os autores, não

passa de um fluxo de ida e vinda. Nesse processo de cooperação, há o aumento da

confiança entre todos, o que resulta em uma maior densidade aos processos

cooperativos. Para que haja a cooperação entre os agentes, estes por sua vez,

precisam estar cientes de que os ganhos não são apenas individuais, mas sim

coletivos, e para que isto aconteça, é necessário mudança de hábitos e tempo para

solidificação.

A participação dos agentes e a divisão de responsabilidades aumentam a

segurança nas decisões, assim como a expectativa de rentabilidade, havendo ainda

a divisão dos riscos. Os autores ainda salientam que embora as empresas se

tornem parceiras, elas não deixam de ser concorrentes, elas cooperam em diversas

situações, como compra conjunta de matéria-prima, conjunto canal de distribuição e

projetos produtivos, além de participações em feiras e eventos, porém precisam

individualmente criar novas condições de posicionamento de mercado.

Ainda no âmbito da coletividade, as empresas precisam fazer ações conjuntas

como compartilhamento de equipamentos, treinamento conjunto de mão-de-obra,

parcerias com traders, associações de empresas etc. Como formas de cooperação,

os autores citam no quesito produtivo, o processo Just in time e a participação em

parcerias produtivas, no quesito tecnológico, a realização de P&D e troca de

informações, além destes, o comercial, que envolve promoção de eventos e

realização de consórcios de exportação.

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A presença de agentes como instituições de ensino, instituições públicas

como sindicatos e outras associações, além de outros servem como apoio

fundamental para que aconteça esta cooperação entre as empresas.

Como já citado, para o bom relacionamento das empresas envolvidas no APL,

é preciso que ocorram trocas, como experiências, por exemplo, mas para que isso

aconteça, é fundamental que exista certa confiança entre as partes, mesmo que por

base em contratos, pois as empresas concorrentes passam á ser aliadas.

2.2.2 Confiança

A origem dos estudos da confiança conforme Canipe (2006) é atribuída ás

pesquisas feitas por Deutsch (1958), que tem como definição da mesma a

“expectativa não-racional de um resultado incerto e baseado nas condições de

vulnerabilidade pessoal”.

Canipe (2006) também apresenta seu conceito de confiança como uma soma

de conflitos e necessidades, onde além do pensamento de uma pessoa em relação

ás intenções da outra, deve haver respeito entre as artes envolvidas.

Para que o fator confiança funcione bem, são necessárias algumas

características segundo Borges e Gonçalo (2006), que são: a) a existência do risco,

mesmo apenas para uma das partes e b) a interdependência dos objetivos, ou seja,

os interesses de uma parte não podem ser atingidos sem a colaboração de outra.

Além disto, é preciso um bom entendimento sobre confiança, sobre seu conceito e

como acontecem as relações por parte dos atores. No quadro 5 são apresentados

fatores, que segundo os autores podem justificar o surgimento da confiança.

Disposição para confiar

Pré-disposição que decorre do histórico pessoal de cada indivíduo e tem por hábito alterar em expectativas boas ou ruins para cada novo relacionamento; considera-se como um traço de personalidade.

Confiança baseada na História

Processos cumulativos de interação e a percepção de cada participante da relação sobre a confiança da outra parte.

Terceiras partes como condutoras de Confiança

Utiliza uma terceira pessoa para servir como difusora da confiança, quando há dificuldade em obter a informação se o parceiro é confiável ou não; é a chamada comunicação boca-a-boca.

Confiança baseada em categorias ou organizações

Pertencer à mesma organização faz com que haja menor necessidade de conhecimento pessoal entre os indivíduos para que surja a confiança entre eles.

Confiança baseada em leis

Expectativas de que o comportamento de outras pessoas/organizações será regido por leis (formais e informais), normas de transação, rotinas e práticas de troca com base na confiança, mesmo que uma parte não tenha conhecimento pessoal da outra parte.

Quadro 5: Construção de confiança e bases para seu surgimento. Fonte: Borges e Gonçalo (2006).

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Nesta linha, que determina a confiança como elemento principal nas relações de

cooperação entre as empresas, Joly e Mangematin (1995, apud Amato Neto 2000)

citam diferentes aspectos, sendo eles:

a) A importância das redes de relações sociais preexistentes;

b) A importância do respeito mútuo;

c) O aprendizado da relação;

d) A importância da reputação de cada parceiro;

e) Os riscos incorridos no caso de comportamento oportunístico, também em

termos de exclusão da rede;

f) Aprendizado de savoir faire social, dentre outros.

Apesar de não muito comentado, a ética possui um papel fundamental sendo o

conhecimento sobre as pessoas ou empresas, um dos primeiros passos de acordo

com Corrêa (1999).

Um dos objetivos da pesquisa é identificar possíveis variáveis que influenciem no

relacionamento dentro da rede, onde as relações sociais são parte fundamental

neste aspecto, pois conforme segue abaixo, estas são formadas baseando-se em

amizades troca de favores.

2.2.3 Relações sociais

Serio (2007) justifica o envolvimento dos elementos políticos e sociais, pelo

fato das aglomerações de empresas ocorrerem em uma localidade específica, onde

as relações sociais são consideradas fatores decisivos.

Conforme Wasserman e Faust (2004) as relações sociais se fazem

basicamente á partir de um conjunto de atores que estão ligados por amizade e

troca de informação etc.

Tomaél (2005) enfatiza que as empresas devem pensar em ações

organizacionais, estando livre ás negociações e dispostos á compartilhar

informações e conhecimentos visando o bem coletivo.

Para Rochlin; Cavalcanti; Lins; Pereira e Silva (2005, p. 31.) “a proximidade

faz com que as informações sobre a produção circulem no interior dos APL´s e se

tornem bens coletivos. Além disso, proporciona ações conjuntas, permitindo que as

empresas possam ser beneficiadas na redução de custos, tenham vantagem

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competitiva em frente á concorrência, além de ser um mercado maior para

fornecedores.

São essas informações que segundo Martinelli; Joyal (2004) dão consistência

ás redes, interligando os integrantes.

Citado por Pinheiro e Lima (2009) há ainda a contribuição da controladoria no

desenvolvimento dos APL´s, que serviria como uma espécie de acessoria ao grupo

gestor, e teria como função estruturar e manter um sistema de informações para

contribuir com o processo do APL. Através desse sistema, poderia ser feito uma

análise de desempenho econômico das empresas envolvidas, do desempenho dos

empresários e do grupo gestor.

Além disso, a controladoria contribuiria para estabelecimento de estratégias

que devem ter como objetivo o desenvolvimento sustentável do arranjo, não

esquecendo também a expansão do projeto. As informações existentes no sistema

implantado seriam baseadas em dados como faturamento, exportação e emprego,

dentre outros.

Assim como os arranjos produtivos locais, o agente confiança também possui

diferentes classificações ou tipologias, dependendo das diferentes variáveis

utilizadas pelos autores para classificação.

2.2.4 Tipos de Confiança

Assim como diversos outros, o tema confiança é alvo de várias discussões e

diferentes perspectivas segundo os autores. Doney, Cannon e Mullen, (1998, apud

Andrade, 2007) apresenta a proposição da confiança em três bases, sendo elas:

confiança com base no conhecimento, requerendo objetivo; confiança com base na

identificação a qual forma uma base de valores comuns, e além destes são citados

como fatores primários condutores da confiança a reputação e integridade.

A teoria da confiança pode ser classificada em três tipos por classificação de

Barney e Hansen (1994), que são: forca fraca, forma semi-forte e forma forte. A

primeira, forma fraca, se refere ao relacionamento onde ambas as partes não

apresentam vulnerabilidades que possam ser exploradas, sendo assim, não é

preciso mecanismos de governança ou contrato entre as partes para gerar a

confiança. Já na forma semi-forte, existe a vulnerabilidade, sendo possível a

exploração do lado mais fraco da relação, sendo preciso de modo, o

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estabelecimento de mecanismo de governança ou contratos para garantia de

confiabilidade. Na forma forte, há confiança surge tendo ou não mecanismos de

governança econômica, pois o comportamento oportunista conforme (Bhattachaya;

Devinney e Pillutla, 1998) é responsável pela quebra de valores,

Na classificação de Sako (1991, apud Andrade, 2007) também há três tipos

de confiança: confiança contratual, confiança de competência e confiança na

reputação.

A confiança contratual é aquela onde ambas as partes aderem á acordos e

mantém promessas; na confiança de competência, como diz a palavra, é baseada

na expectativa de um sócio desenvolver seu papel de maneira competente; e por

último, no tipo Confiança na reputação, existe compromisso aberto um com o outro.

Complementando, Dodgson (1993, apud Andrade, 2007) diz que a alta

confiança está ligada á habilidade dos envolvidos em conjunto dos benefícios

mútuos, abertura e honestidade.

Outro fator não menos importante no relacionamento entre empresas, citado por

Martinelli e Joyal (2004) é o de parceria que conforme o autor, significa compartilhar

um interesse comum com um ou vários autores, onde cada um apresenta sua

contribuição. Como diferentes formas deste conceito, Amato Neto (2000) cita Juan-

Luis Klein e Christiane Gagnon, da Universidade do Quebec em Chicoutimi UQAC:

a) Parceria de acordo: uma organização busca agrupar as idéias e energias,

para elaboração de um plano de ação;

b) Parceria de estrutura: uma forma de união de recursos humanos e

financeiros, ou ainda investimentos em infra-estrutura.

c) Parceria de referência: é gerada á partir das dificuldades de implantação de

gestão de operações, e ainda;

d) Parceria pontual: ocorre diante de um fato inesperado, com objetivo de

elaborar uma estratégia para evitar o pior.

Como dito pela grande maioria dos autores, a colaboração entre as empresas

não acontece sem que haja confiança entre as partes. As relações entre as partes, o

modo como elas acontecem e no que se baseiam é de extrema importância, para

que se encontrem possíveis falhas, para que se apontem propostas para que estes

fatores aconteçam da melhor maneira.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo, são citados os métodos de pesquisa e seus conceitos

utilizados na realização deste trabalho. Conforme Kerlinger (1979) pode-se obter

conhecimento sobre o mundo por derivação da autoridade bem como por meio da

observação, porém continua o autor, nem sempre estas variáveis são dignas de

confiança. Devido á necessidade de um método de conhecimento mais seguro que a

ciência se desenvolveu.

Parra Filho e Santos (1998) conceituam método como um conjunto de

processos, que envolve o processo á ser seguido, tendo em vista o objetivo á ser

alcançado, que nada mais é do que a verdade.

De forma similar, Richardson (1999) conceitua método como “a forma de

proceder ao longo de um caminho”.

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA

Este estudo tem como abordagem o método de pesquisa quantitativa, que

para Richardson (1999, p. 70) ”caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto

nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de

técnicas estatísticas”.

Ainda conforme o autor, este método representa o objetivo de garantir a

precisão dos resultados, evitando distorção de análise e interpretação.

O estudo também se enquadra no tipo de pesquisa descritiva que para

Richardson (1999) são estudos em que se deseja descrever as características de

um fenômeno.

Barros e Lehfeld (2007) afirmam que na pesquisa descritiva, não existe a

interferência do pesquisador, sendo que seu objetivo é procurar descobrir a

freqüência com que um determinado fenômeno ocorre, bem como sua natureza,

características, causas, relações com outros fenômenos.

Ainda na tipologia, foi também utilizada a pesquisa de campo, que conforme

Parra Filho e Santos (2003 p. 51) “pressupõe a apreensão dos fatos/variáveis

investigados, exatamente onde, quando e como ocorrem.” Além disso, o

pesquisador também deve definir o que irá aprender, considerando o que está sendo

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investigado. Os autores ainda afirmam que essa pesquisa permite a análise e

conclusões, segundo os objetivos previamente estabelecidos.

3.2 SUJEITO DE PESQUISA

Universo ou população segundo Roesch (1996, p. 130) é “um grupo de

pessoas ou empresas que interessa entrevistar para o propósito específico de um

estudo”. Já para Richardson (1999) é um conjunto de elementos que possuem

determinadas características em comum.

A população utilizada para pesquisa neste trabalho são as empresas de

calçados pertencentes ao APL calçadista de São João Batista, que conforme o site

do SINCASJB (Sindicato das indústrias calçadistas de São João Batista) resulta hoje

no número de 150 empresas.

Richardson (1999) afirma que não é qualquer conjunto ou amostra da

população que permite resolver os problemas propostos em um determinado estudo

ou trabalho, pelo contrário, é preciso ter uma amostra que represente o universo

visado para pesquisa. Existem diversos critérios de classificação de amostras, que

em geral se dividem em probabilística e não-probabilística.

Neste trabalho, foi utilizada a amostra Probabilística, que pela definição de

Richardson (1999, p. 160) “ocorre quando todos os sujeitos têm a mesma

probabilidade de ser escolhidos.

O critério de seleção da amostra foram as empresas clientes da SMA

Prestadora de serviços para calçados (Samira Calçados), sendo esta a empresa em

que ocorre o estágio.

A utilização do critério de confiabilidade, que segundo Richardson (1999, p.

87) indica a “capacidade que devem ter os instrumentos utilizados de produzir

medições constantes quando aplicados á um mesmo fenômeno”. Continuando, o

autor ainda afirma que um coeficiente de confiabilidade possui um valor numérico

que varia entre zero e um, que tem por objetivo refletir a consistência das medições

obtidas por meio de um instrumento específico.

Para o calculo deste coeficiente, é recomendado:

a) aplicar o instrumento de medição duas vezes (as aplicações relativamente

separadas no tempo);

b) depois de algum tempo, aplicar uma forma alternativa de instrumento;

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c) ou aplicar o instrumento uma só vez.

Na tabela 1 são representadas as empresas da cidade, de acordo com dados

do SINCASJB, além das empresas participantes da pesquisa.

Tabela 1: Correlação do total de empresas de São João Batista

Número Total de empresas em São João Batista

Números de entrevistados % do Universo pesquisado

150 31 20,66%

Fonte: Elaboração própria.

Considerando assim uma amostra de 31 empresas, pode-se dizer que a

margem de erro foi 8% e o índice de confiabilidade de 68,26%, conforme a fórmula:

n = (N x z² x p x q) / (e² x N) + ( z² x p x q)

Lembrando que a amostra foi representada pela totalidade das empresas

clientes da SMA Prestadora de serviços para calçados (Samira Calçados), o que

representou a amostra estudada da população de empresas do setor.

A primeira questão formulada no questionário visa identificar o tempo de

atuação da empresa no setor calçadista. São 5 alternativas, onde correspondem a)

Menos de 5 anos; b) de 6 á 10 anos; c) de 11 á 20 anos; d) mais de 20 anos.

Onde houve o predomínio de empresas de 11 á 20 anos, com um índice de

48,40%. De 6 á 10 anos e mais de 20 anos ambas ficaram com 19,35%, e 12,90 de

empresas com menos de 5 anos. Os dados podem ser representados graficamente

através do gráfico 1.

Tempo de atuação

Menos de 5 anos

De 6 á 10 anos

De 11 á 20 anos

Mais de 20 anos

Gráfico 1: Tempo de atuação da empresa no mercado Fonte: Pesquisa de campo (2010)

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A partir deste gráfico pode-se perceber que 87,10% das empresas possuem

mais de 5 anos de atuação no mercado, significando então, que estas tendem a

estar mais estabilizadas, podendo com isso desenvolver alianças estratégicas.

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS:

Existem diversos instrumentos de coleta de dados que podem ser utilizados

na obtenção de informações de determinados grupos sociais. Neste tópico o objetivo

é especificar os instrumentos de coleta de informações utilizados na pesquisa sobre

a rede de relacionamento do APL calçadista de São João Batista. Os dados

utilizados na pesquisa foram primários, extraídos da aplicação de um questionário

na amostra.

Como instrumento de coleta de dados foi utilizado o questionário, que pela

abordagem de Beuren (2006, p. 130) é “um instrumento de coleta de dados

constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por

escrito pelo informante, sem a presença do pesquisador”. Para Richardson (1999)

de forma geral os questionários têm o objetivo de cumprir duas funções: descrever

as características e medir determinadas variáveis de um grupo social.

O questionário é composto por 18 perguntas fechadas que conforme Parra

Filho e Santos (2003, p. 108) “é quando o informante tem respostas pré-

determinadas para fazer sua escolha”. As perguntas do questionário objetivam

identificar possíveis relações de confiança existente entre as empresas

participantes, possíveis vantagens ou desvantagens obtidas através da participação

do APL, além da verificação da existência de cooperação e interatividade entre as

empresas.

3.4 ANÁLISE DE DADOS:

No trabalho foi utilizada como método de estatística descritiva a média.

A Quantificação em percentual foi feita com auxílio do Excel, os dados foram

tabulados pela planilha eletrônica (Excel 2007) e detalhada estatisticamente através

de gráficos e tabelas.

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3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Conforme já citado o presente trabalho objetiva um estudo sobre o Arranjo

Produtivo Local calçadista, na cidade de São João Batista. o principal foco são as

relações entre as empresas, assim como a identificação de vantagens,

desvantagens e características.

Como fatores limitadores da pesquisa são considerados algumas situações

apresentadas pelas empresas como justificantes para a não resposta á entrevista:

a) Falta de tempo dos gestores;

b) Preparativos para a Rodada de negócios, que teve seu acontecimento entre

os dias 26 e 28 de maio;

c) Indisponibilidade dos gestores na empresa; e

d) Normas da empresa não responder á questionários ou entrevistas de cunho

acadêmico.

De qualquer modo, os objetivos foram atingidos e muitas das dificuldades

contornadas.

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4 RESULTADOS OBTIDOS

Nesta parte do trabalho são apresentados os dados obtidos com o estudo de

campo sobre as empresas participantes do APL calçadista de São João Batista.

O capítulo de resultados tem sua organização destinada a responder o

objetivo geral e os específicos do trabalho, bem como as hipóteses e o problema de

investigação.

A primeira parte destina-se á identificação e quantificação das empresas

participantes do APL calçadista. A segunda parte abrange a existência de possíveis

características de APL.

A parte três refere-se às possíveis relações de confiança entre os

empresários da rede. Já as possíveis vantagens obtidas através da participação no

APL estão listadas na quarta parte.

Por fim, na quinta e última parte, aborda-se as relações de colaboração e

parceria entre as empresas entrevistadas.

4.1 IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS

Gradualmente, segundo ABDI – Associação Brasileira de Desenvolvimento

Industrial (2010), o estado de Santa Catarina, tem aumentado sua participação como

fabricante de calçados no Brasil.

A principal região produtora é a região do Vale do Rio Tijucas, que abrange as

cidades de Tijucas, Nova Trento, Canelinha e São João Batista, sendo que nesta

última concentra-se o maior número de empresas, cerca de 150, sendo em sua

maioria voltadas ao público feminino, conforme dados do SINCASJB (2010). Além

destas, existem cerca de 300 empresas ligadas ao setor, atuando como prestadoras

de serviços.

O surgimento do pólo iniciou-se em 1926, com a instalação das primeiras

sapatarias na cidade, sendo considerada hoje, a Capital Catarinense do Calçado. A

produção mensal da cidade hoje alcança segundo o SINCASJB, o número de dois

milhões de pares por mês, onde 11% são destinados á exportação. A iniciativa do

APL foi introduzida pelo SINCASJB, no início desta década.

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De certa forma, todas as empresas fazem parte do APL, embora nem todas

contribuam e participem de todas as ações propostas pelo Sindicato, sendo que

cada uma participa das ações que mais lhe convém.

4.2 CARACTERÍSTICAS

Esta parte corresponde a identificação de possíveis características de um

APL na cidade. De um modo geral, quase a totalidade das empresas entrevistadas

concordam com todas as características, concluindo-se assim, que estas percebem

a existência do APL.

A característica mais percebida pelos entrevistados é a aglomeração de

empresas do mesmo ramo, conforme nos mostra tabela 2, o que se pode comprovar

por dados do SINCASJB (2009), pelo qual se totalizam 150 empresas de calçados.

O resultado que surpreende são as duas alternativas que correspondem à

cooperação, interação e parceria entre as empresas, que registraram os menores

índices.

Isso pode significar que as empresas não consideram que os participantes do

APL de São João Batista sejam unidos em prol do bem coletivo. Outra surpresa

refere-se ao percentual de 5% de empresas que consideraram todas as alternativas

inexistentes em SJB, ou seja, não identificam o APL.

Outro ponto a ser considerado, é que embora os empresários de um modo

geral apontassem as suas características, não sabiam o que significa Arranjo

Produtivo Local. Com isso, pode-se concluir, que na verdade eles sabem o que é só

não conhecem a nomenclatura e sua sigla.

Tabela 2: Características de APL existentes na cidade

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Existe uma aglomeração de empresas do mesmo ramo

26 26 47% 47%

Existe uma concentração geográfica e territorial de empresas

8 34 14% 61%

Existe uma especialização produtiva 11 45 20% 81%

Existe articulação e interação entre as empresas

3 48 5% 86%

Existe cooperação entre as empresas 3 51 5% 91%

Existe uma aprendizagem conjunta e de parceria entre as empresas;

2 53 4% 95%

Nenhuma das alternativas 3 56 5% 100%

Total 56 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

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Além das características mencionadas no tópico anterior, os autores Carvalho

Jr, Cario e Seabra (2007) apontam um conjunto de elementos, conforme a tabela

número 3, considerados pelos mesmos, como indispensáveis para o

desenvolvimento de um APL.

Quando questionados sobre os elementos existentes em São João Batista, os

entrevistados dividiram-se com percentuais próximos na maioria das alternativas,

como mostra tabela 3. Com maiores índices, os entrevistados concordaram com a

existência de empresas produtoras de atividade principal, e fornecedoras de

matérias-primas e outros insumos.

O menor percentual mostrou que há uma deficiência na infra-estrutura

bancária acessível, um ponto fraco para o pólo, pois este elemento significa

empréstimos e financiamentos, alem de outras vantagens que possam vir a surgir,

neste caso, impossibilitadas.

Um percentual também pequeno, de 8% mostra outra deficiência no pólo de

São João Batista, que seria a infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento

disponível para as empresas. Pelo resultado da pesquisa, poucas empresas

apontam a sua existência, sendo então, que este é acessível para poucas.

Outro resultado surpreende, pois 6% das empresas não assinalaram

nenhuma alternativa, o que significa, que para essas empresas não existem os

elementos considerados indispensáveis para que possa ser formado um APL.

Ao contrário, como 94% das empresas entrevistadas dividiram-se nos outros

elementos, estas apontam sim a existência de um APL no setor calçadista de São

João Batista.

Tabela 3: Elementos considerados existentes no APL de SJB

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Infra-estrutura de ensino disponível 8 8 12% 12%

Infra-estrutura bancária acessível 3 11 4% 16%

Empresas produtoras de atividade principal 14 25 21% 37%

Empresas prestadoras de assistência técnica e serviços gerais

10 35 15% 52%

Infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento disponível

5 40 8% 60%

Empresas fornecedoras de máquinas e equipamentos

9 49 13% 73%

Empresas fornecedoras de matérias-primas e outros insumos

14 63 21% 94%

Nenhuma das alternativas 4 67 6% 100%

Total 67 100%

Fonte: Pesquisa de Campo (2010)

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Conforme Serio (2007) o fato das aglomerações ocorrerem em localidades

específicas, como no caso da pesquisa em São João Batista, justifica o

envolvimento de agentes e elementos nas relações sociais.

De acordo com os resultados da pesquisa, 35% das empresas acreditam

ocorrer o envolvimento de agentes políticos e sociais nas relações. Já 27% dos

pesquisados acreditam que as relações se formam pela troca de informações entre

as empresas, ou seja, uma ajuda a outra, assim como a amizade também é

considerado um elemento decisivo.

Em contrapartida, apenas 5% das empresas concordam que nenhum dos

elementos citados na questão pode influenciar na formação das relações sociais.

Tabela 4: Elementos e conjunto de atores Alternativas Frequência

relativa Freqüência

absoluta % % acum.

Agentes políticos e sociais 13 13 35% 35%

Relações sociais que se fazem pelas amizades 7 20 19% 54%

Relações formadas pela troca de informações 10 30 27% 81%

União fortalecida por relações familiares 5 35 14% 95%

Nenhuma das alternativas 2 37 5% 100%

Total 37 100%

Fonte: Pesquisa de Campo (2010)

Além dos elementos citados na tabela 4, a controladoria poderia ser utilizada

na gestão do APL, pois conforme afirmam Pinheiro e Lima (2009), esta contribuiria

significativamente para o seu desenvolvimento, objetivando o desenvolvimento

sustentável, além de sua expansão.

A tabela 5 descreve as vantagens trazidas pelo auxílio da controladoria

conforme Pinheiro e Lima (2009). De um modo geral, todas as empresas

pesquisadas concordam com alguma das vantagens que ela possa oferecer.

De acordo com os resultados, 33% das empresas acreditam que esta teria

como função estruturar e manter um sistema de informações que contribuiria com o

processo.

Outras alternativas também tiveram índices significativos, conforme a tabela

5, pois, 23% das empresas concordam com a afirmação que a controladoria serviria

de acessoria ao grupo gestor, que envolve os gestores das empresas participantes

do APL. Também consideram possível a análise de desempenho econômico das

empresas envolvidas.

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Não menos interessante, pode-se notar o fato que nenhuma empresa

concordou com a alternativa da controladoria não contribuir com nenhuma vantagem

para o APL.

Tabela 5: Resultados da contribuição da controladoria Alternativas Frequência

relativa Freqüência

absoluta % %

acum.

Serviria como acessoria ao grupo gestor 10 10 23% 23%

Teria como função estruturar e manter um sistema de informações que contribuiria com o processo

14 24 33% 55%

Permite ser feita uma análise de desempenho econômico das empresas envolvidas

11 35 26% 81%

Permite uma análise do desempenho dos empresários e/ou grupo gestor

8 43 19% 100%

Nenhuma das alternativas 0 43 0 100%

Total 43 100%

Fonte: Pesquisa de Campo (2010)

4.3 CONFIANÇA

Esta parte refere-se às possíveis relações de confiança existentes entre os

empresários. Para que ocorra confiança entre as partes, é necessário conforme

Borges e Gonçalo (2006), um bom entendimento sobre confiança, e como

acontecem as relações por parte dos atores. Os autores apresentam também um

conjunto de fatores que servem como base para o surgimento da confiança,

conforme a tabela 6.

Pelo resultado obtido, é interessante notar que todas as empresas

entrevistadas concordaram com pelo menos um destes fatores, sendo que nenhuma

assinalou a possibilidade de outros fatores ou nenhum destes servirem de base para

o surgimento da confiança.

Quase a metade das empresas entrevistadas, ou seja, 46% assinalaram que

para confiar em outra empresa, se baseariam na História desta, ou seja, processos e

situações acumuladas durante certo tempo.

Um índice menor, de 9%, afirmaram que a base para surgir a confiança

seriam categorias ou organizações, ou seja, pelo fato de empresas pertencerem á

mesma categoria faz com que haja menor necessidade de conhecimento pessoal

entre os indivíduos.

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O restante das empresas entrevistadas dividiu-se na confiança baseada em

leis, na disposição das partes para confiar, e em terceiras partes como condutoras

de confiança, sendo a comunicação boca-a-boca, ocorrente devido á dificuldade de

obter informações sobre a confiabilidade do possível parceiro.

Tabela 6: Fatores que justificam o surgimento e/ou ocorrência da confiança nas relações

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Disposição para confiar 9 9 19% 19%

Confiança baseada na História das partes 21 30 46% 65%

Terceiras partes como condutoras de confiança (boca-a-boca)

5 35 11% 76%

Confiança baseada em categorias ou organizações

4 39 9% 85%

Confiança baseada em leis 7 46 15% 100%

Outros fatores 0 46 0 0

Nenhuma das alternativas 0 46 0 0

Total 46 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

Através desta questão, pode-se concluir que as empresas estariam dispostas

á confiar em outra empresa que ela conhecesse sua história, esse fator pode ser

fortificado pelo fato de SJB ser uma cidade pequena, onde a maioria das pessoas se

conhece.

Para contribuir com a exploração deste fator, apresento-se aos empresários

entrevistados três classificações de confiança, sendo uma de Barney e Hansen

(1994), conforme tabela 8, onde a confiança é classificada nas formas fraca, semi-

forte e forte, a de Sako (1991, apud ANDRADE, 2007) que descreve a confiança

como sendo contratual, de competência e reputação, conforme tabela 7. A terceira e

última classificação, é a de Humphrey e Schmitiz (1995), que divide a confiança e

suas sanções em três níveis, conforme tabela 9.

A tabela 7 apresenta a classificação de confiança proposta por Sako (1991,

apud ANDRADE, 2007), que a divide em 3 tipos. O tipo 1, confiança contratual, foi o

escolhido pela maioria dos entrevistados, como nos mostra a tabela, com um

percentual de 51%. Este tipo, segundo o autor, é onde ambas as partes aderem á

acordos e mantém promessas.

Os outros dois tipos ficaram empatados, ambos com percentual de 23%. Esta

questão nos mostra, que apesar de também terem um bom índice, as alternativas

confiança na competência e confiança na reputação ficou atrás da opção contratual,

o que significa, que as empresas entrevistadas se limitam quando há um

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compromisso aberto, ou a confiança fica na expectativa da outra parte desenvolver

seu papel. As empresas se sentem mais seguras diante de acordos e promessas

selados por contratos.

Tabela 7: Classificação de Confiança de Sako (1991)

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Confiança contratual 16 16 51% 51%

Confiança de competência 7 23 23% 74%

Confiança na reputação 7 30 23% 97%

Nenhuma alternativa 1 31 3% 100%

Total 31 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

A classificação de Barney e Hansen (1994), divide a confiança na forma fraca,

forma semi-forte e forma forte. A alternativa escolhida por quase a metade das

empresas entrevistadas é a confiança semi-forte, que segundo os autores, por

existência de vulnerabilidade, que possibilita a exploração do lado mais fraco da

relação, é preciso o estabelecimento de mecanismo de governança ou contratos

para que se garanta a confiabilidade entre as empresas. O que significa no caso das

empresas de São João Batista, que boa parte das empresas, que correspondem á

48% dos entrevistados, consideram necessários contratos ou outros mecanismos

por não confiarem bastante uma nas outras.

A minoria dos entrevistados dividiu-se em responder nenhuma das

alternativas, ou seja, acreditam que não há nenhuma destas formas de confiança

entre as empresas, e ao contrário, confiança forte, onde contratos ou outros

mecanismos não influenciam no surgimento da confiança.

A forma fraca, onde não são necessários contratos, pelo fato de ambas as

partes não apresentarem vulnerabilidades que possam ser exploradas, obteve 26%

dos entrevistados, o que significa que estas empresas se sentem fortalecidas pelo

fato de não possuírem vulnerabilidades, não necessariamente porque confiam na

outra parte.

Tabela 8: Classificação de confiança de Barney e Hansen (1994)

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

A confiança é fraca 8 8 26% 26%

A confiança é semi-forte 15 23 48% 74%

A confiança é forte 4 27 13% 87%

Nenhuma das alternativas 4 31 13% 100%

Total 31 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

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A questão 11, que resultou na tabela 9, foi baseada na relação de confiança e

sanções criada por Humphrey e Schmitiz (1995). Conforme nos mostra a tabela

abaixo, ambos os fatores são divididos em 3 níveis: nível-macro; nível-médio e nível-

micro.

Com relação ao nível que teria maior influência na decisão das empresas se

unirem á outras, o resultado nos mostra que quase a metade dos entrevistados, ou

seja, 46% se baseariam pelo nível médio, ou seja, na reputação e competências das

outras empresas.

Ao contrário, a outra metade dos entrevistados dividiu-se entre o nível-macro,

ou seja, informações coletadas através de banco de dados, e nível micro, baseado

em relações de parcerias passadas, ambas com 24%. Isso significa, que pelo fato

das empresas terem sido parceiras em situações passadas não quer dizer que elas

confiariam uma na outra novamente, assim como a coleta de dados também não

seria a forma escolhida.

Para estes níveis de confiança, Humphrey e Schmitiz (1995), criaram os

níveis de sanções, que são medidas que servem de garantia e punições às

empresas aderentes, sendo no nível macro, provisões contratuais para a grande

parte dos acordos, o nível médio, regulamentos que servem para eventuais acordos,

e o nível micro, onde há personalização individual para cada relação, com objetivo

de penalizar os comportamentos oportunistas.

Tabela 9: Níveis de confiança segundo classificação de Humphrey e Schmitiz (1995)

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Nível-macro (informações coletadas através de banco de dados)

8 8 24% 24%

Nível-médio, baseado na reputação e competências

15 23 46% 70%

Nível-micro, baseado em relações de parcerias passadas

8 31 24% 94%

Nenhuma das alternativas 2 33 6% 100%

Total: 33 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

4.4 VANTAGENS

Neste tópico são abordadas possíveis vantagens que as empresas possam

vir obter, de acordo com a visão de alguns autores, como Porter (1999) e Amato

Neto (2000).

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Primeiramente, são mostrados os resultados dos fatores que na visão dos

autores Carvalho Jr, Cario e Seabra (2007), influenciam na decisão das empresas

de participarem de um APL.

Quando questionados por qual alternativa ás fariam participar de um APL,

35% das empresas entrevistadas optaram pela participação em feiras e eventos

pata fortalecimento da marca, o que de fato acontece em São João Batista, com

acontecimento de diversos eventos ao longo do ano, destacando-se a rodada de

negócios da moda calçadista de São João Batista.

Este fator é um grande contribuinte para o aumento das vendas, o que se

confirma com dados do Sincasjb (2010), que afirma que em sua 10º edição bateu

um novo recorde em relação ao ano passado, onde foram vendidos 500.000 mil

pares de calçados, contra 800.000 mil neste ano.

A cooperação entre empresas também influencia na decisão dos

empresários, pois 25% dos empresários sentem-se motivados a participar de um

APL, devido á expectativa do que a cooperação de empresas pode contribuir para o

desenvolvimento de sua empresa.

Acesso aos fornecedores e menores preços, também são fatores esperados

pelos empresários quando participantes (23%).

Apenas uma empresa não assinalou nenhuma dessas alternativas como

sendo de incentivo á sua participação e cooperação juntamente com outras

empresas.

Tabela 10: Alternativas influentes para participação em APL

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Acesso aos fornecedores e menores preços 9 9 23% 23%

Facilidade e aumento das vendas 6 15 15% 38%

Participação em feiras e eventos para fortalecimento da marca

14 29 35% 73%

Cooperação entre as empresas 10 39 25% 98%

Nenhuma das alternativas 1 40 2% 100%

Total 40 100%

Fonte: Pesquisa de Campo (2010)

A cooperação entre as empresas pode trazer diversas vantagens, como

obtenção de elementos que seria de difícil alcance quando sozinhas.

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A tabela 11 traz os mecanismos viabilizados pela cooperação entre as

empresas, adaptado de Porter (1999), considerados pelo autor como vantagens

permitidas pelos aglomerados.

Percebeu-se pela pesquisa que todos os mecanismos foram notoriamente

bem votados, o que significa que os entrevistados concordam com todas estas

vantagens.

Com 31% das respostas, destaca-se o acesso a insumos e pessoal

especializado, que conforme o autor a participação no aglomerado permite as

empresas obtê-los com melhor qualidade ou menor custo em comparação com o

mercado individual.

No caso da especialização produtiva, pode-se destacar a possibilidade de

inserção de programas de treinamento, cursos, que podem ser oferecidos aos

funcionários através da união dos empresários e seus recursos. O fato de ter uma

aglomeração de empresas do mesmo ramo na mesma área chama atenção de

fornecedores, que por estarem mais perto de seus clientes, além de diminuir seus

custos com fretes e entregas, pode ampliar sua cartela de clientes.

O acesso á informação obteve 25% das respostas, mostrando que os

entrevistados concordam que as informações técnicas, ou de mercado, se

concentram nos aglomerados, permitindo que as empresas as consigam com menor

custo. Os entrevistados em maioria (20%) também concordam quem a união das

empresas melhora os incentivos nas empresas, o que resulta no aumento da

produtividade.

O mecanismo considerado menos viabilizado nas redes pelos entrevistados

foi a complementaridade e intercâmbio entre as empresas, com um percentual de

apenas 9%, o que surpreende, pois o intercâmbio nas atividades, na logística ou até

mesmo nos próprios produtos seriam de vantagens ás empresas.

Outro percentual menor (13%) foi o acesso á instituições e bens públicos, o

que poderia, conforme já citado, criar programas locais de capacitação com menor

custo, devidos á cooperação entre as empresas.

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Tabela 11: Mecanismos viabilizados pela cooperação

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Acesso a insumos e pessoal especializado 14 14 31% 31%

Acesso a informação 11 25 25% 56%

Complementaridade e intercâmbio entre as empresas

4 29 9% 65%

Incentivos e mensuração para obtenção de altos níveis de produtividade

9 38 20% 85%

Acesso á instituições e bens públicos 6 44 13% 98%

Nenhuma das alternativas 1 45 2% 100%

Total 45 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

Além dos mecanismos descritos por Porter (1999) a união e cooperação entre

empresas podem trazer muitas outras vantagens, como as mostradas na tabela 12

citadas por Amato Neto (2000).

Com maior percentual de respostas, as empresas entrevistadas apontaram o

oferecimento de linhas de produtos mais diversificados e de maior qualidade. Apesar

de serem do mesmo ramo, as empresas atuam sobre diferentes segmentos, como

produtos mais baratos, mais caros, com diferentes áreas de vendas, além de

possuírem funcionários qualificados com idéias diferenciadas, o que possibilita um

grande leque de produtos e preços, que atrai diversas lojas.

O que reforça a visão de Carvalho Jr, Cario e Seabra (2007), que afirmam

que apesar das inúmeras vantagens do trabalho em comum e a importância da

parceria, as empresas não deixam de ser concorrentes e precisam individualmente

criar novas condições de posicionamento de mercado.

As empresas também concordam que a união viabiliza a obtenção de maior

força para atuação no mercado exterior. Da mesma forma na questão do poder de

compra, pois uma maior quantidade de matéria-prima e insumos possuem custo

menor, o que é totalmente inviável quando empresas de pequeno e médio porte

estão sozinhas.

Em contrapartida, surpreende o percentual de empresas que não

concordaram com nenhuma alternativa, que apesar de pequeno, mostra que

algumas empresas não consideram nenhuma dessas alternativas como sendo

vantagem na união das empresas, ou seja, afirmam que o fato de estarem sozinhas

ou unidas á outras não influencia nos acontecimentos. O que contraria o que dizem

alguns autores que defendem á cooperação entre empresas, como Amato Neto

(2000) já citado, e Porter (1999), que afirma que as empresas aglomeradas que

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cooperam entre si podem compartilhar diversos aspectos, além de se

complementarem.

Tabela 12: Vantagens viabilizadas pela união e cooperação

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Combinação de competências 7 7 12% 12%

Divisão de ônus para a realização de pesquisas tecnológicas

8 15 14% 26%

Utilização partilhada dos conhecimentos alcançados e compartilhamento de recursos

7 22 12% 38%

Partilha de riscos e custos no caso de novas experiências

1 23 2% 40%

Oferecimento de linhas de produtos mais diversificados e de maior qualidade

13 36 22% 62%

Fortalecimento do poder de compra 9 45 15% 77%

Obtenção de maior força para atuação no mercado exterior

11 56 18% 95%

Nenhuma das alternativas 3 59 5% 100%

Total 59 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

Conforme alguns autores, as interações de empresas nos APLs contribuem

não somente com os interesses empresariais umas das outras, mas também com o

desenvolvimento local da cidade, resultando em uma série de vantagens, como

mostra a tabela 13.

Com relação aos resultados positivos ocorridos da ação conjunta no APL em

São João Batista, na visão dos empresários pesquisados, podemos destacar a

geração de empregos e mão-de-obra qualificada, além do surgimento de

prestadores de serviços técnicos e fornecedores de equipamentos.

O menor índice da pesquisa mostra que algumas empresas afirmam não ter

ocorrido vantagens com a cooperação dentro dos APLs. Este percentual nos mostra,

que estas empresas não utilizaram ou não tiveram acesso á nenhuma destas ações

consideradas vantagens do desenvolvimento local da cidade. O que pode ser

explicado pelo fato das vantagens se concentrarem em mãos de alguns, ou por

ainda outros fatores, como divergências políticas, ou relações familiares, conforme

mostra tabela 13.

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Tabela 13: Ações decorrentes do desenvolvimento local

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Geração de empregos e mão de obra qualificada 18 18 34% 34%

Utilização de tecnologias de ponta na produção 5 23 9% 43%

Modificação das estruturas organizacionais internas das empresas

7 30 13% 56%

Busca de novos vínculos com o entorno socioeconômico vinculados ao surgimento de prestadores de serviços financeiros e contábeis

7 37 13% 69%

Surgimento de prestadores de serviços técnicos e fornecedoras de equipamentos

13 50 25% 94%

Nenhuma das alternativas 3 53 6% 100%

Total: 53 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

Além das possíveis vantagens, as empresas foram questionadas sobre a

maior influência positiva que ela tenha obtido até o momento fazendo parte do APL,

e cooperando entre si.

De um modo geral, 95% das empresas obtiveram vantagens de alguma

forma, e ao contrário, 5% das entrevistadas afirmaram não ter tido nenhuma

influência positiva desde o início das ações conjuntas com o APL, o que demonstra

uma fraqueza do pólo, onde nem todas as empresas estão sendo compensadas.

Devido á ações, como participação em feiras, por exemplo, 33% das

empresas afirmaram ter tido aumento de suas vendas. O acesso á maior tecnologia

e informação também obtiveram uma boa margem (27%), assim como compra de

matéria prima com menor preço, devida á união de empresas para fortalecer o poder

de compra.

Um índice também considerado pequeno mostra que poucas empresas,

apenas uma fatia de 5% obteve redução de custos, o que de certa forma se diverge

com o índice que apontou a compra de matéria-prima com menor preço (27%), já

que estes dois fatores estão interligados.

Tabela 14: Influência positiva devida á participação no APL

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Aumento de vendas 12 12 33% 33%

Acesso a maior tecnologia e informação 10 22 27% 60%

Redução de custos 2 24 5% 65%

Aumento da rentabilidade 4 28 11% 76%

Compra de matéria-prima com menor preço

7 35 19% 95%

Nenhuma das alternativas 2 37 5% 100%

Total 37 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

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Como houve concordância de 98% das empresas, em relação aos

mecanismos apresentados por Porter (1999) conforme tabela 11, 95% no caso das

vantagens descritas por Amato Neto (2000) na tabela 12, assim como o mesmo

percentual na tabela 14, e 94% no caso das possíveis ações decorrentes citadas na

tabela 13, podemos concluir que em média 95,5% das empresas concordam que a

participação no APL, e a cooperação e compartilhamento entre as mesmas, pode

sim, trazer inúmeras vantagens coletivas.

O que fortalece as informações apresentadas pelo SINCASJB (2010), que

afirmam que a partir da participação no APL, as empresas podem se beneficiar com

participações em feiras como a Couromoda e a Francal com preços subsidiados,

cursos de qualificação, palestras especializadas, assim como cursos atualizados em

parceria com o SENAI.

Em fortalecimento á um dos mecanismos citados por Porter (acesso á

instituições), o SENAI de São João Batista, em parceria com a UNIVALI, mantém na

cidade dois cursos voltados para a área de calçados, O tecnólogo em Design, e o

Curso técnico de calçados, que prepara os funcionários para a criação de modelos,

além de ensinar todos os processos da produção de calçados. além de contar com

parcerias com o SEBRAE, APEX, governo do estado e prefeitura Municipal da

cidade, CDL/SJB, e a Federação das Indústrias de Santa Catarina.

Assim como os próprios seres humanos, o APL também pode ser imperfeito,

podendo trazer desvantagens para as empresas participantes. Com a intenção de

apontar possíveis falhas, para que possam ser melhoradas, os empresários foram

questionados sobre as desvantagens que a sua participação no APL possa ter

trazido.

Apontada por mais da metade dos entrevistados (53%) foi a diminuição do

preço devido a concorrência, o que não surpreende, pelo fato das empresas serem

do mesmo ramo. A proximidade da concorrência e a alternativa outros receberam o

mesmo índice de votos (14%), onde as empresas que optaram por outras

desvantagens, apontaram a distância dos principais pólos produtores de matéria-

prima. Esta desvantagem pode ser resolvida pelos gestores do APL, com o incentivo

á vinda de produtores de matéria prima para a região.

O fator que recebeu o menor índice foi a região ser visada pelo fisco (3%),

que pode ser impulsionado devido ao grande número de empresas na cidade, o que

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indica que por estarem de acordo com a leis tributárias e trabalhistas, os

empresários não precisam se preocupar com este fator.

Um pequeno grupo (8%) também aponta a localização geográfica como uma

desvantagem do APL calçadista, o que significa que a grande maioria não considera

este fator como desvantagem, já que a cidade de São João Batista, fica á cerca de

70 km da capital do estado, Florianópolis, e cerca de 30 km da BR 101.

Um percentual também pequeno (8%) afirma que não existe desvantagem na

participação da empresa no APL, ou seja, consideram que o APL possibilita apenas

vantagens para sua empresa. Os dados podem ser representados graficamente pela

tabela 15.

Tabela 15: Desvantagens do APL

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Diminuição de preço devido á concorrência 19 19 53% 53%

Proximidade da concorrência 5 24 14% 67%

Localização geográfica 3 27 8% 75%

Região visada pelo fisco 1 28 3% 78%

Outros; 5 33 14% 92%

Não existe desvantagem 3 36 8% 100%

Total 33 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

4.5 RELAÇÕES DE COLABORAÇÃO E PARCERIAS

Como elementos fundamentais de competitividade, Alves et al (2004),

apontam o relacionamento e a cooperação no processo produtivo entre as

empresas. Corrobora Serio (2007), afirmando que as relações sociais em uma

aglomeração de empresas são consideradas fatores decisivos.

Vieira (2006) cita como elemento fundamental no relacionamento entre

empresas, a colaboração entre estas, ou seja, o trabalho feito entre duas ou mais

empresas juntas, que tem como base os elementos mostrados na tabela 16.

Quando questionados sobre estes fatores ocorrerem em SJB, as empresas se

dividiram com índices parecidos nos elementos confiança, comprometimento,

tomada de decisões conjuntas e compartilhamento de informações.

Porém, poucas empresas concordaram com a comunicação (6%), e não

muito diferente com a flexibilidade (11%). O menor índice (2%), como nos mostra a

tabela é nenhuma das alternativas, onde uma empresa afirmou não ocorrer nenhum

destes elementos fundamentais no relacionamento, o que nos mostra, que para esta

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empresa, não ocorre colaboração entre as empresas, conforme a definição de Vieira

(2006).

Tabela 16: Fatores participantes da colaboração entre as empresas

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Confiança 15 15 23% 23%

Flexibilidade 7 22 11% 34%

Comprometimento 13 35 20% 54%

Comunicação entre outros 4 39 6% 60%

Tomada de decisões conjuntas 12 51 18% 78%

Compartilhamento de informações 13 64 20% 98%

Nenhuma das alternativas 1 65 2% 100%

Total 65 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

A questão número 18, que resultou na tabela 17, aponta as ligações

familiares e filiações partidárias como possíveis influenciadores no relacionamento

entre as empresas participantes da rede de SJB.

Quando questionadas sobre o grau de influência destes fatores no

relacionamento, mais da metade das empresas, cerca de 52%, concordaram que

ambas exercem grande influência.

Ao contrário, apenas 6% das empresas afirmaram que as filiações partidárias

exercem maior influência que as ligações familiares, e apenas uma empresa,

concordou que nenhum dos dois fatores exerce qualquer influência sobre o

relacionamento dentro da rede.

Estas influências referem-se á possíveis vantagens ou desvantagens que as

empresas podem sofrer, fazendo parte de uma família, ou partido político, que como

já citado, são considerados fatores fortes na cidade.

Tabela 17: Fatores influentes nas relações sociais

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Ambas exercem grande influência 16 16 52% 52%

Ambas exercem pouca influência 4 20 13% 65%

As filiações partidárias exercem maior influência 2 22 6% 71%

Ligações familiares exercem maior 8 30 26% 97%

Ambas não exercem nenhuma influência 1 31 3% 100%

Total: 31 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

Também considerada como um dos elementos mais importantes dentro das

redes pode-se citar a parceria entre as empresas. O autor Amato Neto (2000)

apresenta uma classificação de parcerias feita por autores da UQAC - Universidade

do Quebec em Chicoutimi, que está descrita na tabela 18.

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Entre as empresas batistenses, o tipo de parceria predominante, com 46% é

a parceria de acordo, que segundo o autor ocorre quando uma organização busca

agrupar idéias e energias objetivando elaborar um plano de ação. A parceria que

menos empresas concordaram foi á de referência, que é gerada á partir das

dificuldades de implantação de gestão de operações.

A parceria de estrutura, apontada pelo autor como uma forma de união de

recursos humanos e financeiros, ou investimento em infra-estrutura, obteve um bom

índice de repostas. Para representar esta afirmação, podemos citar a construção do

centro de eventos em SJB, que foi resultado da união de vários empresários da

cidade, com a prefeitura municipal e o governo do estado, onde são realizados

diversos eventos, como a rodada de negócios e a SEINCC.

Uma surpresa foi o baixo índice da parceria pontual, que o autor descreve

como resultante de um fato inesperado, objetivando evitar o pior. Esta parceria

deveria ser forte, pois fatos e situações inesperadas acontecem sempre devidos á

mudança constante do mercado, além de catástrofes ambientais, como a enchente

que afetou todo o estado em 2008, ou ainda a crise econômica mundial do mesmo

ano.

Uma empresa respondeu que em sua visão não ocorre nenhum tipo de

parceria em SJB.

Tabela 18: Tipos de parcerias

Alternativas Frequência relativa

Freqüência absoluta

% % acum.

Parceria de acordo 15 15 46% 46%

Parceria de estrutura 10 25 30% 76%

Parceria de referência 3 28 9% 85%

Parceria pontual 4 32 12% 97%

Nenhuma das alternativas 1 33 3% 100%

Total 33 100%

Fonte: Pesquisa de campo (2010)

Através do quadro 6 já apresentado na página 33 na fundamentação teórica,

mostra uma síntese de indicadores críticos de sucesso e seus desempenho nos

clusters.

Nesta parte, o quadro foi adaptado com relação ao arranjo produtivo local de

São João Batista.

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Indicadores Subdivisão São João Batista

Geográficos

Matéria-prima/ consumidores Disponibilidade média

Infraestrutura média alta (água, energia,

saneamento, telecomunicações)

População Especialização fraca e demanda

forte.

Econômicos

Características das Empresas Familiares e pequeno porte

Concorrência / complementação Concorrência forte e próxima

Custos Totalmente influentes

Capital Capital fechado

Mercado Consumidor Nacional e estadual

Institucionais Grau de Formalização do Cluster Não existente

Redes de apoio SENAI, SEBRAE, SINCASJB

Sociais Nível de escolaridade da força de

trabalho Fraca (ensino fundamental

incompleto)

Tecnológicos

Ensino Presença de instituições de ensino

Tecnologia externa Predominante

Desenvolvimento Grandes investimentos

Qualidade Boa Qualidade

Ambientais

Água Ótimo abastecimento (SISAM)

Ar Boa qualidade

Resíduos Coleta seletiva, e responsabilidade

Conscientização Média conscientização

Governança

Presença ativa de um agente SINCASJB – órgão Responsável

Liderança Local Baixo grau de reconhecimento

Grau de legitimidade Baixo Grau de legitimidade

Internacionalização

Exportações 11% do total

Investimentos diretos Há planos de investimentos

Participação em feiras internacionais

Pouco

Capacitação Gerencial

Gestão da Produção Média

Gestão Financeira Média

Gestão Comercial (marketing) Média

Gestão de pessoas (RH) Muito Bom

Quadro 6: Síntese do sistema de indicadores com relação a SJB Fonte: Elaboração própria com base em Amato Neto (2009)

De uma forma geral, os indicadores possuem nível médio de

desenvolvimento, pois em sua maioria ainda estão em fase de crescimento. Dos

indicadores propostos pelo autor, destacam-se os ambientais, o que é um fator

positivo, pois a sustentabilidade tem ganhado grande espaço nos últimos anos.

O arranjo produtivo local em si, não tem uma dimensão tão forte, o que pode

ser comprovado pela própria pesquisa de campo, onde uma parte considerável das

empresas, embora tirasse proveito, não sabia o conceito de APL.

No marco teórico foram citadas diversas classificações de APL, por diversos

autores e fatores pelo qual se basearam. Com base nas informações citadas pelos

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autores, com relação as coletadas pela pesquisa, foi possível a classificação do APL

de SJB, conforme os parágrafos que se seguem.

Conforme a classificação de alianças de Amato Neto (2000), (que podem ser

alianças multiorganizacionais, oportunistas e parceria) a partir das características

das empresas e da pesquisa feita, as alianças ocorrentes no APL de São João

Batista são as oportunistas, pois as empresas vêem em uma situação a chance de

obter vantagens competitivas imediatas, em curto prazo.

Já na classificação proposta por Venturi (2008), que abrange os tipos

emergente, potencial, maduro, avançado, tipo cluster, pólo tecnológico e redes de

subcontratação, o APL em questão pode ser considerado um agrupamento

emergente, que se encontra em desenvolvimento, onde as empresas têm diversas

características em comum, propondo o desenvolvimento de ações de interação e

colaboração, com o apoio de instituições para diversas funções.

Nos estágios propostos por Cunha (2003) que tem por classificação os tipos:

informal, organizado e inovativo, o APL se enquadra nos aglomerados organizados,

sendo que as empresas são em sua maioria pequenas e médias, e outros fatores

como inovação, tecnologia e qualificação são considerados médios, pois ainda estão

em desenvolvimento.

A classificação de Hoffmann, Gregolin e Oprime (2004), abrange os tipos:

inexistente, potencial, agrupamento e agrupamento avançado, baseados em fatores

locais. Sendo que o APL de SJB pode enquadrar-se no tipo potencial, onde há

existência de tradição, pouca vantagem local, sendo a estratégia utilizada a

mobilização de interesses, lideranças e agentes locais.

O autor Amato Neto (2000), ainda cita as redes de cooperação verticais e

horizontais. O APL estudado pode ser enquadrado nas redes horizontais, onde as

relações entre empresas são entre a empresa e seus concorrentes, que produzem e

oferecem o mesmo tipo de produto.

Nos tipos de APLs, durante o marco teórico, são citados os APLs brasileiros

de acordo com a REDESIST, onde se percebe que o APL calçadista de São João

Batista não está incluindo, assim como o de Jaú, sendo que ambos são

considerados como um dos mais importantes do país no setor.

A REDESIST cita apenas o de Nova Serrana em Minas Gerais e o Vale dos

Sinos no Rio Grande do Sul. O motivo pela não identificação, deve-se possivelmente

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a desatualização do site, pois o pólo existe sim, e como já mencionado, está em

crescente desenvolvimento.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente o mercado atual vem sofrendo grandes alterações, exigindo mais

empenho das empresas para inovação no processo de gestão. Devido á grandes

empresas existentes, as pequenas e médias ficam sem saída em diversas

situações, perdendo devido às vantagens que as empresas de grande porte

possuem.

Para ganhar espaço, assim como força no mercado, as empresas se unem

em prol de um bem coletivo, com o objetivo de viabilizar vantagens que seriam de

difícil alcance quando estas estão sozinhas.

Um Arranjo produtivo local, segundo definição do SEBRAE, nada mais é que

uma aglomeração de empresas do mesmo ramo, em determinado local, que

possuem especialização produtiva e mantém vínculos entre si. As relações entre

empresas, tão importantes neste contexto, vêm ganhado espaço, pois diversos

autores defendem que apesar de cada empresa ter suas características, elas

precisam se ajudar, contribuindo umas com as outras.

Como objetivo geral de pesquisa, o trabalho buscou analisar as relações entre

os empresários do APL calçadista de São João Batista. Visando estudar essas

relações, a forma como as empresas ás vêem, foi aplicada uma pesquisa com uma

amostra de empresários da cidade. A partir dos resultados, foi possível analisar

diversos aspectos.

Conforme resultados da pesquisa realizada, podem-se analisar as relações,

identificando e descrevendo a confiança entre os empresários, assim como

identificar o tipo de parceria, e a colaboração entre os mesmos. Em algumas ações

como participação em feiras, pode-se identificar o trabalho conjunto das empresas,

visando o bem coletivo.

O primeiro objetivo específico, que visa identificar e quantificar as empresas

participantes do APL de SJB foi respondido no tópico 4.1 da parte 4 que

corresponde á análise da pesquisa.

Outro objetivo do trabalho visa identificar a existência de características de

APL na cidade, sendo confirmada através da pesquisa, conforme tópico 4.2.

A pesquisa permitiu a descrição das possíveis relações de confiança

existentes entre os empresários da cidade. Quanto aos níveis de confiança entre os

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empresários, se conclui que os empresários Batistenses confiam principalmente na

reputação e competências de seus concorrentes e parceiros. Bem como se permitiu

concluir que a confiança existente é na forma semi-forte.

O objetivo que envolve a descrição das possíveis vantagens existentes na

cidade foi respondido conforme tópico 4.4 do trabalho. Como principal vantagem do

APL, os empresários citaram o aumento de vendas, que se deve principalmente aos

eventos promovidos pelo Sindicato, assim como a Rodada de negócios. Outros

fatores citados foram a troca de informação e maior acesso á tecnologia, além do

poder de compra.

Como último objetivo específico, foi questionado a relação de colaboração e

parceria entre as empresas. Destaca-se o fato de que quase a totalidade dos

empresários considera a cooperação entre as empresas importante, conforme tópico

4.5 do capítulo da análise.

É interessante comentar o fato, que em praticamente todas as respostas

referentes á confiança, relacionamento, vantagens, houve empresas que não

assinalaram nenhuma alternativa, o que aponta possíveis falhas na gestão do APL,

que podem ser justificadas pela exclusão de algumas empresas, devido á relações

sociais, familiares e partidos, confirmando assim as duas hipóteses discutidas.

Como conclusão final do trabalho, pode-se afirmar que o Arranjo Produtivo

Local é de suma importância para as empresas, sendo que estas muitas vezes não

sabem a ferramenta importante que tem ao seu alcance.

Pois a cooperação entre as empresas, a parceria dentro do APL, conforme a

pesquisa mostra, viabiliza a utilização de diversos mecanismos, resultando em um

grande número de vantagens, que contribui para o bem coletivo das empresas.

Evidentemente novas pesquisas podem e devem ser desenvolvidas, como

por exemplo: Investimentos de tecnologia da informação causam fortes impactos na

rentabilidade das empresas? Existe a possibilidade de desenvolver o

empreendedorismo corporativo nestas organizações? E por fim, como está o clima

organizacional nas empresas, considerando o fato se representarem um pólo?

Além disso, é fundamental que estes dados sejam repassados aos

empresários do APL para análise e tomada de decisão.

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DO APL CALÇADISTA DE SÃO JOÃO BATISTA

Pesquisa Acadêmica para a UNIVALI de Balneário Camboriú

Senhor empresário, solicitamos sua especial atenção e colaboração para responder estas perguntas, cujo objetivo é tão somente identificar e descrever as relações pessoais existentes

entre as empresas do setor calçadista de São João Batista. Sua participação é de extrema

importância e esteja seguro que em nenhum momento seu nome ou de sua empresa serão

citados, por questões de ética na pesquisa universitária. Muito obrigada.

1. Há quanto tempo sua empresa atua no mercado? A ( ) Menos de 5 anos;

B ( ) de 6 á 10 anos;

C ( ) de 11 á 20 anos; D ( ) mais de 20 anos.

2. Assinale as alternativas que você considera verdadeiras em relação às Indústrias Calçadistas de São João Batista:

A ( ) existe uma aglomeração de empresas do mesmo ramo;

B ( ) existe uma concentração geográfica e territorial das empresas; C ( ) existe uma especialização produtiva;

D ( ) existe articulação e interação entre as empresas;

E ( ) existe cooperação entre as empresas; F ( ) existe uma aprendizagem conjunta e de parceria entre as empresas;

E ( ) nenhuma das alternativas

3. A cooperação entre empresas permite a viabilidade de algumas necessidades que seriam de

difícil alcance se estas estivessem sozinhas, assinale quais dos mecanismos abaixo você

considera mais importante? A ( ) acesso a insumos e pessoal especializado;

B ( ) acesso à informação; C ( ) complementaridade e intercâmbio entre as empresas;

D ( ) incentivos e mensuração para obtenção de altos níveis de produtividade;

E ( ) acesso a instituições e bens públicos; E ( ) nenhuma das alternativas

4. Em relação às classificações de confiança descritas abaixo assinale qual você aderiria: A ( ) confiança contratual, onde as partes aderem á acordos e mantém promessas;

B ( ) confiança de competência, pela expectativa dos sócios desenvolverem seu papel de

maneira competente; C ( ) confiança na reputação, onde há compromisso aberto entre as partes;

D ( ) nenhuma alternativa

5. Seguindo, em relação a esta outra classificação de confiança, como você acredita que isto

ocorre no setor calçadista de São João Batista:

A ( )a confiança é fraca, ambas partes não apresentam vulnerabilidade que possam ser exploradas, sendo desnecessários mecanismos de governança ou contrato;

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B ( ) a confiança é semi-forte, onde havendo vulnerabilidade, há possibilidade de exploração do lado mais fraco sendo preciso mecanismos de governança ou contrato;

C( ) a confiança é forte, a confiança existe tendo ou não mecanismos de governança. D( ) Nenhuma das alternativas.

6. Das vantagens viabilizadas pela união e cooperação entre empresas, assinale quais você concorda em relação ao APL calçadista de São João Batista:

A ( ) combinação de competências;

B ( ) divisão de ônus para realização de pesquisas tecnológicas C ( ) utilização partilhada dos conhecimentos alcançados e compartilhamento de recursos;

D ( ) partilha de riscos e custos no caso de novas experiências;

E ( ) oferecimento de linha de produtos mais diversificada e de maior qualidade; F ( ) fortalecimento do poder de compra;

G( ) obtenção de maior força para atuação no mercado exterior;

H ( ) Nenhuma das alternativas.

7. Dos elementos citados a seguir, assinale quais você considera existentes no APL de São

João Batista: A ( ) infra-estrutura de ensino disponível;

B ( ) infra-estrutura bancária acessível;

C ( ) empresas produtoras de atividade principal; D ( ) empresas prestadoras de assistência técnica e serviços gerais;

E ( ) infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento disponível;

F ( ) empresas fornecedoras de máquinas e equipamentos; G ( ) Empresas fornecedoras de matérias-primas e outros insumos;

H ( ) Nenhuma das alternativas

8. As interações de empresas nos APLs contribuem com o desenvolvimento local da cidade,

assinale as alternativas que você considera ocorrentes no caso de São João Batista:

A ( ) geração de empregos e formação de mão-de-obra qualificada com habilidades específicas;

B ( ) utilização de tecnologias de ponta na produção;

C ( ) modificação das estruturas organizacionais internas das empresas; D ( ) busca de novos vínculos com o entorno socioeconômico vinculados ao surgimento de

prestadores de serviços financeiros e contábeis (p/ financiamentos);

E ( ) surgimento de prestadores de serviços técnicos e fornecedores de equipamentos; F ( ) Nenhuma das alternativas.

9. O fato das aglomerações ocorrerem em uma localidade específica, pode justificar o envolvimento de alguns elementos e conjunto de atores, assinale a alternativa que você

acredita ocorrer em São João Batista:

A ( ) agentes políticos e sociais; B ( ) relações sociais que se fazem pelas amizades;

C ( ) relações formadas pela troca de informações;

D ( ) união fortalecidas por relações familiares; E ( ) Nenhuma das alternativas.

10. Em relação á contribuição que a controladoria pode exercer no desenvolvimento do APL assinale as alternativas que você considera corretas:

A ( ) serviria como acessoria ao grupo gestor;

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B ( ) teria como função estruturar e manter um sistema de informações que contribuiria com o processo;

C ( ) permite ser feita uma análise de desempenho econômico das empresas envolvidas; D ( ) permite uma análise do desempenho dos empresários e/ou grupo gestor;

E ( ) Nenhuma das alternativas

11. Em relação aos níveis de confiança á seguir assinale a alternativa que mais pesaria na sua

decisão de unir-se á outras empresas:

A ( ) Nível-macro, baseado nas informações coletadas através de coletas de dados; B ( ) Nível-médio, baseado na reputação e competências;

C ( ) Nível-micro, baseado em relações de parcerias passadas;

D ( ) Nenhuma destas alternativas.

12. Em sua opinião, quais fatores podem justificar o surgimento e/ou ocorrência da confiança

nos relacionamentos? A ( ) Disposição para confiar;

B ( ) Confiança baseada na História das partes;

C ( ) Terceiras partes como condutoras de confiança (comunicação boca-a-boca); D ( ) confiança baseada em categorias ou organizações;

E ( ) Confiança baseada em leis;

F ( ) Outros fatores, quais? G ( ) Nenhuma das alternativas.

13. Conforme sua opinião, quais fatores fazem parte da colaboração entre empresas, considerada elemento fundamental no relacionamento entre elas?

A ( ) confianças;

B ( ) flexibilidade; C ( ) comprometimento;

D ( ) comunicação entre outros;

E ( ) tomada de decisões conjuntas; F ( ) compartilhamentos de informações;

G ( ) Nenhuma das alternativas.

14. Assinale qual alternativa representa a maior influência positiva que sua empresa obteve

até o momento atuando de forma direta ou indireta no setor calçadista:

A ( ) aumento de vendas; B ( ) acesso á maior tecnologia e informação;

C ( ) redução dos custos;

D ( ) aumento da rentabilidade; E ( ) compra de matéria-prima com menor preço;

F ( ) nenhuma destas alternativas.

15. Qual alternativa você considera como sendo desvantagem do APL calçadista de São João

Batista?

A ( ) diminuição de preço devido á concorrência; B ( ) proximidade da concorrência;

C ( ) Localização geográfica;

D ( ) Região visada pelo fisco; E ( ) Outros;

F ( ) Não existe desvantagem.

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16. Com relação aos tipos de parcerias assinale a alternativa que você considera mais importante:

A ( ) parceria de acordo: agrupamento de idéias e energias para elaboração de um plano de ação;

B ( ) parceria de estrutura: união de recursos humanos e financeiros;

C ( ) parceria de referência: gerada á partir das dificuldades de implantação de gestão de operações;

D ( ) parceria pontual: ocorre devido á um fato inesperado, objetivando evitar o pior;

E ( ) Nenhuma das alternativas.

17. Qual alternativa você considera mais influente para que uma empresa faça parte de um

APL? A ( ) acesso aos fornecedores e menores preços;

B ( ) facilidade e aumento das vendas;

C ( ) participação em feiras e eventos para fortalecimento da marca; D ( ) cooperação entre as empresas;

E ( ) Nenhuma das alternativas.

18. Em sua opinião, o quanto as ligações familiares e filiações partidárias podem influenciar

no relacionamento dentro das redes?

A ( ) ambas exercem grande influência; B ( ) ambas exercem pouca influência;

C ( ) as filiações partidárias são as que exercem maior influência;

D ( ) as ligações familiares exercem maior; E ( ) ambas não exercem nenhuma influência.