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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MICHELLI LOYOLA TWARDOWSKY BOVA REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUO INDUSTRIAL DA PESCA: EXTRAÇÃO DE COLÁGENO DE ESCAMAS DE CORVINA (MICROPOGONIAS FURNIERI) E PRODUÇÃO DE SEU HIDROLISADO Itajaí 2016

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

MICHELLI LOYOLA TWARDOWSKY BOVA

REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUO INDUSTRIAL DA PESCA:

EXTRAÇÃO DE COLÁGENO DE ESCAMAS DE CORVINA (MICROPOGONIAS

FURNIERI) E PRODUÇÃO DE SEU HIDROLISADO

Itajaí

2016

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MICHELLI LOYOLA TWARDOWSKY BOVA

REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUO INDUSTRIAL DA PESCA:

EXTRAÇÃO DE COLÁGENO DE ESCAMAS DE CORVINA (MICROPOGONIAS

FURNIERI) E PRODUÇÃO DE SEU HIDROLISADO

Itajaí

2016

Dissertação apresentada à Universidade do Vale do

Itajaí, como parte dos requisitos para obtenção do

grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Marcos Luiz Pessatti

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AGRADECIMENTO

Agradeço ao meu esposo pela parceria e companheirismo, sempre ao meu lado,

me apoiando, ensinando e motivando por mais difíceis que sejam as minhas

escolhas. Obrigado meu amor, sem a sua ajuda não chegaria até aqui, essa

conquista é nossa.

Ao meu orientador Dr. Marcos Luiz Pessatti, por me escolher como sua primeira

orientada de mestrado. Muitos desafios nesses longos dois anos, para quem não

tinha perfil, até que não foi tão ruim. Obrigada por todos os ensinamentos no

laboratório, na bioquímica e principalmente pela amizade e ensinamentos de vida.

Ao Dr. Paulo Ricardo Pezzuto, pela concessão da bolsa através do projeto

IGEPESCA – CAPES.

A CAPES (Edital Ciências do Mar 09/2009) e ao CNPQ (Edital 42/2012) pela

concessão dos 24 meses da bolsa de estudo.

Ao coordenador do Curso Dr. Marcus Polette, por me receber várias vezes na

coordenação, obrigada pelo apoio e motivação.

A secretaria do curso em especial a Isabela pela paciência e dedicação para

resolver os problemas com grande profissionalismo.

A todos os professores que fizeram parte da minha formação em especial ao Dr.

Francisco Carlos Deschamps e Dr. André Oliveira de Souza Lima por fazerem parte

da minha banca e a Dr. Maria Luiza de Souza por fazer parte da banca externa.

Aos estagiários do laboratório que fizeram parte da minha história em especial a

Nadine que me orientou nos meus primeiros passos. A Ana pela paciência me

ajudando com todas as dúvidas de bancada foi praticamente minha coorientadora.

E toda família Lab. Mariana, Philipe, Chrystian, Veronica, Igor, Angélica, Fabiana,

Jéssica, Astrid, Carla, Lucas, Claudia, Elvis, Tiele, Estácio, Marcos, Solange.

Aos colegas de sala pelo companheirismo nos trabalhos, pelos momentos que

passamos juntos e pela confiança por me elegerem representante do colegiado,

em especial a Fernanda, Letícia, Mariana, Carolina, Marieta, Angélica, Angelina,

Adriana, Renata, Gabi, Camilla, Ismael.

Aos colegas de trabalho da Industria da pesca Anapaula e Ivonete que sempre me

apoiaram e motivaram em seguir.

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Aos meus amigos Luis, Ângela e Marcel por fazerem parte da minha conquista,

sempre dando um apoio moral. Obrigada Marcel por analisar minhas amostras na

Universidade da Costa Rica, e Luis pelos dados de exportação.

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“ Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com

ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito bela para ser

insignificante”

Charles Chaplin

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................ IV

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. IX

LISTA DE TABELAS ............................................................................................ XI

RESUMO ............................................................................................................. XII

INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

1.1 Produção de pescado....................................................................................1

1.2 Produção de pescado em Santa Catarina.....................................................2

1.3 Produção de corvina......................................................................................3

1.4 Resíduo do beneficiamento da industrial da pesca.......................................4

1.5 Escama de corvina........................................................................................7

1.6 Colágeno........................................................................................................9

1.7 Hidrolisado de colágeno e aplicações.........................................................14

2. PROBLEMAS DE PESQUISA...........................................................................17

2.1 OBJETIVOS.....................................................................................................17

2.1.1 OBJETIVO GERAL......................................................................................17

2.1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO.............................................................................17

3. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................18

3.1 Obtenção da matéria prima.........................................................................18

3.2 Análise de rendimento de carcaça...............................................................18

3.3 Análises químicas........................................................................................18

3.4 Protocolos de extração do colágeno............................................................20

3.4.1 Protocolo 1................................................................................................20

3.4.2 Protocolo 2................................................................................................21

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3.4.3 Protocolo 3................................................................................................23

3.4.4 Extração em batelada do protocolo 1.......................................................23

3.5 Produção do hidrolisado de colágeno..........................................................27

3.6 Determinação do grau de hidrólise..............................................................27

3.7 Determinação do teor de proteinas solúveis................................................27

3.8 Efeito do solvente na solubilização do colágeno.........................................28

3.9 Eletroforese SDS-PAGE (Gel de Poliacrilamida na presença de Dodecil

Sulfato de Sódio)...............................................................................................28

3.10 Eletroforese Tricina-SDS-PAGE.................................................................29

3.11 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier

(FTIR).................................................................................................................30

3.12 Espectroscopia de massas por infusão direta.............................................30

4. RESULTADOS..................................................................................................31

4.1 Rendimento das escamas...........................................................................31

4.2 Composição química das escamas ............................................................31

4.3 Extração e rendimento da extração de colágeno .......................................32

4.4.1 Determinação do teor de proteinas soluveis.............................................32

4.4.2 Composição química do colágeno parcialmente purificado .....................34

4.4.3 Proteínas totais do colágeno e soluções de descarte..............................35

4.5 Análise do colágeno por eletroforese em gel de policrilamida - SDS-

PAGE.................................................................................................................36

4.6 Efeito de hidrolise enzimática sobre a estrutura da escama inteira.............38

4.7 Análise do hidrolisado por eletroforese em gel de policrilamida – SDS –

PAGE.................................................................................................................38

4.8 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)........39

4.9 Espectroscopia de massas por infusão direta...............................................41

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5. DISCUSSÃO..................................................................................................................45

6. CONCLUSÃO................................................................................................................48

7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................50

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Produção Mundial de Proteínas Animais...................................................1

Figura 2. Evolução da produção pesqueira industrial de Santa Catarina de 2004 a

2012 em toneladas...................................................................................................2

Figura 3. Produção pesqueira industrial de Santa Catarina em 2012, por cidades e

modalidade de pesca................................................................................................3

Figura 4. Espécie Corvina (Micropogonias furnieri).................................................4

Figura 5. Fluxograma de beneficiamento do pescado ............................................5

Figura 6. Destinos dos resíduos das Indústrias de Beneficiamento de Pescados, de

acordo com os relatos dos entrevistados..................................................................6

Figura 7. Desenho esquemático da escama de peixe.............................................8

Figura 8. Processo de formação, organização e estrutura de colágeno................10

Figura 9. Estrutura da tripla hélice do colágeno.....................................................12

Figura 10. Fluxograma de extração do colágeno das escamas de corvina pelo

protocolo ...............................................................................................................21

Figura 11. Fluxograma de extração do colágeno das escamas de corvina pelo

protocolo 2.............................................................................................................22

Figura 12. Fluxograma de extração do colágeno das escamas de corvina pelo

protocolo 3.............................................................................................................24

Figura 13. Fluxograma de extração do colágeno em batelada do protocolo 1......26

Figura 14. Separação da escama da pele feira manualmente..............................30

Figura 15. Amostra do colágeno em gelatina (A) e após liofilização (B)...............32

Figura 16. Curva padrão do BSA e colágeno .......................................................34

Figura 17. Separação eletroforética de proteínas constituintes do colágeno por meio

de SDS-PAGE (7,5 %) das escamas de corvina (Micropogonias

furnieri)...................................................................................................................35

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Figura 18. SDS-PAGE (10%) do colágeno obtido a partir do extrato de

Colágeno................................................................................................................37

Figura 19. SDS-PAGE (10%) das soluções de descarte. ......................................37

Figura 20. Escamas de corvina hidrolisadas...........................................................38

Figura 21. Eletroforese dos hidrolisados em gel policrilamida (Tricina-SDS-PAGE

16% resolving gel, spacer gel 10%, stacking gel 4%)..............................................39

Figura 22. Espectros de FTIR dos processos extrativos utilizados.........................40

Figura 23. Identificação do íon molecular (M++H) do aminoácido glicina................41

Figura 24. Identificação do íon molecular (M++H) do aminoácido prolina................42

Figura 25. Identificação do íon molecular (M++H) do aminoácido lisina..................43

Figura 26. Identificação do íon molecular (M++H) do aminoácido

hidroxiprolina..........................................................................................................44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tipos diferentes de colágeno encontrados no organismo.....................13

Tabela 2. Composição química das escamas de corvina (Micropogonias

furnieri)...................................................................................................................30

Tabela 3. Dosagem de proteínas nos extratos de colágeno pelos métodos de

Bradford e Lowry....................................................................................................32

Tabela 4. Composição química das amostras de colágeno parcialmente purificada

e seu rendimento...................................................................................................33

Tabela 5. Proteínas Totais nas soluções de descarte e soluções de extração do

colágeno.................................................................................................................34

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RESUMO

O beneficiamento industrial de pescado gera quantidade elevada de resíduos,

entre os quais as escamas. Elas constituem fonte de colágeno que podem ser

utilizados nas indústrias de alimentos, farmacêutica e cosmética. Embora sejam

obtidos principalmente de peles e ossos de origem bovina e suína, os resíduos de

pescado, como as escamas, despontam como alternativa. O colágeno das

escamas de corvina (Micropogonias furnieri) foi extraído por três protocolos

diferentes (P1, P2 e P3) e, a partir daquele com maior rendimento, procedeu-se

extração em escala maior. As escamas de corvina foram compostas por 45,8% de

proteína bruta e 44,7% de resíduo mineral. A extração em batelada resultou em

rendimento 27% menor comparado à extração em menor escala. O ácido acético

0,5M, utilizado na solubilização do colágeno, interferiu nas determinações de

proteínas, principalmente no método de Bradford. As frações SC1, SC2 e SC3,

produzidas do colágeno extraído em batelada, apresentaram teores de 44,2%,

43,9% e 49,5% de proteína, semelhantes ao constatado na matéria-prima,

sugerindo que o processo de extração não foi eficiente em concentrar esta classe

de biomolécula. Além disso, nas soluções de descarte o teor somado de proteína

representou 20% da biomassa proteica original, indicando perda de proteína ao

longo da extração. O perfil eletroforético do colágeno extraído pelos protocolos P1,

P2 e P3 confirmou a presença das cadeias peptídicas que o compõem. Da mesma

forma, nas amostras de colágeno produzidas em batelada (SC1, SC2 e SC3) o

mesmo perfil foi observado, com cadeias α1 e α2, indicando se tratar de colágeno

Tipo I. As interações intermoleculares das ligações amida nas fibras do colágeno

e a presença das interações características da hidroxiapatita foram confirmadas

por espectroscopia de infravermelho. Por espectroscopia de massas por infusão

direta foi confirmada a presença dos íons moleculares correspondentes aos

aminoácidos glicina, prolina e lisina, bem como de hidroxiprolina, característicos

do colágeno.

Palavras chave: Escama, colágeno, hidrolisado de pescado, Micropogonias

furnieri sp.

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ABSTRACT

The industrial processing of fish generates high amount of waste, including fish

scales, but these are a source of collagen that can be used in the food,

pharmaceutical and cosmetics industries. Although it is mainly obtained from the

skin and bones of bovine and swine origin, fish residues, such as scales, are an

alternative. Collagen from the scales of white croaker (Micropogonias furnieri) was

extracted by three different protocols (P1, P2 e P3) and using the one that produced

the highest yield, the extraction was carried out on a larger scale. White croaker

scales are composed of 45.8% crude protein and 44.7% mineral residue. Batch

extraction resulted in a 27% lower yield than extraction on a smaller scale. 0.5M

acetic acid, used in collagen solubilization, interfered with the protein

measurements, particularly using the Bradford method. The SC1, SC2 and SC3

fractions produced from the batch extracted collagen presented protein contents of

44.2%, 43.9% and 49.5%, similar to that found in the raw material, suggesting that

the extraction process was not effective in concentrating this class of biomolecule

class. Furthermore, in the disposal solutions, the added protein content represented

20% of the original protein biomass, indicating loss of protein during the extraction

process. The eletrophoretic profile of the collagen extracted by the P1, P2 and P3

protocols confirmed the presence of the peptide chains that compose it. Likewise,

in the collagen samples produced by batch extraction (SC1, SC2 and SC3), the

same profile was observed, with α1 and α2 chains, indicating that it is a Type I

collagen. The intermolecular interactions of the amide bonds in the collagen fibers,

and the presence of characteristic interactions of hydroxyapatite, were confirmed by

infrared spectroscopy. For mass spectroscopy by direct infusion, the presence was

confirmed of the molecular ion corresponding to the amino acids glycine, lysine and

proline and hydroxyproline, which are characteristic of collagen.

Keywords: Scales, collagen, fish hydrolysate, Micropogonias furnieri sp.

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Produção de Pescado

Os negócios envolvendo o pescado movimentam cerca de US$ 600

bilhões todos os anos. Um volume que torna os negócios com pescado sete vezes

maior que os de carne bovina e nove vezes maior que os de carne de frango em

nível mundial (MAPA, 2015). No ano de 2011 a produção mundial de pescado

chegou a 93,7 milhões de toneladas (FAO, 2014). Em se tratando das proteínas de

origem animal, o pescado tem despontado, nos últimos anos, com a maior

produção na comparação com bovinos, suínos e aves, demonstrando a importância

do consumo dessa proteína pela população mundial (Figura 1).

O Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores do mundo até 2030,

ano em que a produção pesqueira nacional teria condições de atingir 20 milhões

de toneladas (FAO, 2014).

Figura 1 - Produção Mundial de Proteínas Animais. Elaboração: MPA, 2015. Fonte:

The State of Wold Fisheries and Aquaculture. FAO, 2014.

O comércio bilateral de produtos e subprodutos de pescado é especialmente

importante para os países emergentes que, em alguns casos, responde por grande

parte do valor total de exportação de commodities. Segundo a FAO, as economias

em desenvolvimento responderam por grande parte do fornecimento mundial de

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2

pescado em 2012, com aproximadamente 54% do valor monetário total exportado

naquele ano e 61% do volume comercializado em toneladas (MAPA, 2015/2016).

A China tem sido responsável pela maior parte do crescimento da

disponibilidade de peixe, devido à expansão em sua produção, particularmente da

aquicultura. Sua renda per capita e o consumo de peixe aumentou a uma taxa

média anual de 6% no período de 1990 a 2010. O aumento do consumo de

alimentos soma-se ainda as necessidades de alimentação saudável. Como

consequência disso, tem-se o recorde de consumo mundial de pescado per capita

em 2012, que foi de 19,2 kg de pescado por habitante, ou seja, existe um enorme

mercado a atender, com ampla demanda de pescado. (FAO, 2014).

1.2 Produção de Pescado em Santa Catarina

Santa Catarina continua a manter o posto de maior desembarcador de

pescado de origem marinha e de sediar o maior parque pesqueiro industrial do

Brasil. O volume total de pescado desembarcado em Santa Catarina no ano de

2012 foi de 157.223 toneladas, das quais 13.277 toneladas de corvina

(Micropogonias furnieri) (UNIVALI/CTTMar, 2013), espécie alvo deste trabalho.

Figura 2 - Evolução da produção pesqueira industrial de Santa Catarina de 2004 a 2012 em toneladas. Elaboração: MPA, 2015. Fonte: Univali - Boletim Estatístico da

Pesca Industrial de Santa Catarina - ano 2012.

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3

O Estado de Santa Catarina é o maior produtor nacional de pescado de

origem marinha. Essa posição é decorrente da importante atividade de pesca

industrial sediada nos municípios de Itajaí e Navegantes. Somente a região de

Itajaí, englobando os municípios de Itajaí, Navegantes e Porto Belo, é responsável

por cerca de 20% da produção nacional de pescado, concentrando as operações

de descarga de mais de 600 embarcações de porte industrial, sendo assim

considerada o principal polo pesqueiro do Brasil (Figura 3).

Figura 3 - Produção pesqueira industrial de Santa Catarina em 2012, por cidades e modalidade de pesca. Elaboração: MPA, 2015. Fonte: Univali - Boletim Estatístico da

Pesca Industrial de Santa Catarina - ano 2012

No contexto estadual, essa região contribui com 90,95% dos empregos no

setor pesqueiro, representando 3.016 trabalhadores, sediando um significativo

número de empresas que estão, de forma direta ou indireta, ligadas a atividade da

pesca. O arranjo produtivo do setor pesqueiro do litoral centro-norte catarinense

constitui-se basicamente por três segmentos de atividades: a captura, o

beneficiamento do pescado e a construção naval e reparos de embarcações

(SINDIPI, 2013).

1.3 Pesca de Corvina

A corvina (Micropogonias furnieri) apresenta nome comum e sinonímias:

Corvina, Curuca, Cascote, Cururuca. Ordem: Perciformes. Família: Sciaenidae

Gênero: Micropogonias e espécie: Micropogonias furnieri. É um peixe de ampla

distribuição geográfica, habitando principalmente o oceano atlântico, oceano

pacífico e o Mar Mediterrâneo. É uma espécie demersal, que ocorre desde águas

rasas até cerca de 100 m de profundidade. É uma das espécies mais empregadas

na dieta alimentar do brasileiro, capturada com facilidade na costa brasileira

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4

durante o ano todo e, portanto, uma espécie de grande importância econômica

(BORGES, 2005). É uma espécie carnívora e sua alimentação varia em função do

seu desenvolvimento. Em geral, os juvenis (encontrados principalmente em

estuários e manguezais) comem pequenos crustáceos, enquanto adultos

alimentam-se de pequenos peixes, crustáceos e moluscos. Segundo Corrêa

(2013), dentre as modalidades pesqueiras industriais, a corvina é a principal

espécie alvo da pesca de emalhe de fundo. Ainda segundo o autor, a pressão da

captura sobre a corvina tanto pela pesca artesanal quanto pela industrial, ameaça

os estoques pela sobrepesca da espécie.

Figura 4 – Espécie Corvina (Micropogonias furnieri). Fonte: MAPA (2016). Manual de

Inspeção para Identificação de Espécies de Peixes e Valores Indicativos de Substituições em Produtos da Pesca e Aquicultura.

1.4 Resíduo do beneficiamento da indústria da pesca

De acordo com a Resolução CONAMA n° 313/2002, Resíduo Sólido Industrial

é todo resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre nos estados

sólido, semi-sólido, gasoso e líquido cujas particularidades tornem inviável o seu

lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d’água.

De acordo com a Organização de Agricultura e Alimentos sobre estatísticas de

descarte e captura, estima-se que anualmente uma média de 7,3 milhões de

toneladas de pescado é descartada (FAO, 2014). Aproximadamente 50% da

biomassa de pescado no Brasil são descartadas durante o processo de

enlatamento ou em outras linhas de produção, como a filetagem (PESSATTI, 2001;

FELTS, 2010). Boa parte deste resíduo é destinado geralmente à produção de

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5

farinha de peixe de baixa qualidade, devido principalmente à falta de

reconhecimento deste recurso como matéria prima e fonte para outros produtos.

Para a indústria, a qualidade da carcaça do pescado é fator imprescindível

para definição dos processos de preparação dos produtos e dos tipos de cortes. O

beneficiamento do pescado geralmente consiste nas seguintes etapas: recepção,

classificação, lavagem, retirada das escamas, retirada de cabeça e barbatanas,

evisceração e filetagem, cortes em posta gerando o ventreche que é o primeiro

corte depois da cabeça, possui grande quantidade de carne que não é aproveitado

devido sua aparência não sendo atrativa comercialmente, como apresentadas na

Figura 5.

Figura 5 - Fluxograma de beneficiamento do pescado.

A viabilidade do aproveitamento dos resíduos do processamento do pescado

depende, fundamentalmente, da qualidade da matéria-prima, tendo em vista a

perecibilidade dos tecidos dos peixes, maior que a de outras espécies animais.

Além disso, a qualidade está diretamente relacionada aos cuidados na manipulação

e conservação do pescado, as baixas temperaturas e com a aplicação de

procedimentos adequados de limpeza e sanitização da planta processadora

(PESSATTI, 2001).

Estudo realizado por Stori (2000) mostra o destino dos resíduos produzidos

pela indústria da pesca na região de Itajaí e Navegantes, de acordo com

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6

declarações de empresas cerca de 68% dos resíduos eram encaminhados às

indústrias de farinha de pescado, 23% encaminhados ao aterro sanitário municipal

e 9% despejados diretamente nos rios (Figura 6).

Figura 6 - Destinos dos resíduos das Indústrias de Beneficiamento de Pescados, de acordo com os relatos dos entrevistados. Fonte: STORI, 2000

Existe um grande problema ambiental que é a destinação dos resíduos

pesqueiros, já que estes possuem alta carga de matéria orgânica, que se mal

gerenciados podem afetar as características do solo e dos recursos hídricos.

Segundo Matos (2004) as águas residuais geradas nas indústrias de pescado,

assim como os resíduos sólidos, são consideradas como agentes poluidores por

conter gordura, sólidos orgânicos e inorgânicos, além de substâncias químicas que

são adicionadas durante as etapas do processamento. O lançamento desses

resíduos em corpos hídricos pode provocar a redução na concentração de oxigênio

dissolvido, acarretando em morte de peixes e de outros animais aeróbios, a

exalação de mau cheiro e dificuldade no tratamento de água para o abastecimento

público (MATOS, 2005).

A poluição industrial da pesca pode ser convertida em um insumo de valor

agregado quando utilizado adequadamente. Este cenário vem estimulando

pesquisas e desenvolvimentos de produtos e novas tecnologias, tendo em vista que

estes resíduos são ricos em proteínas e ácidos graxos poliinsaturados e diversos

minerais e vitaminas. Denominado pela sigla FPH (Fish Protein Hydolysate),

conforme designado pela Food and Agriculture Organization (FAO), o hidrolisado

proteico possui características passíveis para a transformação de poluente em

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produtos de excelente qualidade nutricional (FRIES et al., 2011). Hoje os

consumidores querem alimentos com o potencial para melhorar a saúde, aumentar

a longevidade, reduzir os riscos ou retardar o aparecimento de doenças precoces.

Desta forma o valor nutricional dos resíduos de pescado é rico em proteínas e em

ácidos graxos da série ômega-3, incentivando o desenvolvimento de produtos de

maior valor agregado para a alimentação humana, produtos para a Industria

farmacêutica, cosmética e biomédica (FELTES et al., 2010).

1.5 Escama de corvina

Entre os resíduos de beneficiamento do peixe descarte da indústria da pesca

destaca-se as escamas, representando 2% do peso do peixe inteiro. Quando não

são descartadas, são coletadas para o artesanato em algumas pequenas

comunidades, revelando-se um material de baixo custo e abundante, ainda pouco

explorado pela comunidade científica. De acordo com Santos et al. (2009), as

escamas possuem diversas camadas e superfície rugosas, observando ainda que

esta possui uma estrutura formada por lamelas (Figura 7), apresentando um

conjunto de fibras de colágeno que crescem de forma co-alinhadas e compactadas

dando origem aos anéis de crescimento. Essa estrutura fibrosa de colágeno serve

como matriz para a deposição e o crescimento dos minerais durante toda a vida do

peixe.

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Figura 7 – Desenho esquemático da escama de peixe. (a) a escama pode ser dividida em seguintes subdivisões: um campo rostral, um campo lateral, um foco escalar, e um campo de caudal. Os raios estão localizados no campo rostral. (b) micrografias ópticas

representativos da região centro do campo rostral de escama de peixe. Anéis anuais são vistos nas posições de seta. Fonte: Youn et al. (2009)

Segundo Ribeiro (2014) as escamas de peixes são formadas por uma matriz

com composição média de 49,7% de fração inorgânica (hidroxiapatita) e 50,3% de

fração orgânica (colágeno). Em geral os músculos e escamas apresentam de 0,2%

a 10% de colágeno e estas são principalmente colágenos do tipo I (SUJITHRA, et

al., 2013). Escamas de peixe são uma fonte potencial para extrair colágeno (Kumar

et al., 2011). Contreras-Guzmán (1994) considera que inúmeros fatores podem

influenciar a composição química dos peixes, sendo alguns de natureza intrínseca,

tais como fatores genéticos, morfológicos (tamanho e forma) e fisiológicos

(migração e desenvolvimento gonadal). Fatores exógenos, tais como clima,

estação do ano, abundância e tipo de alimentação também podem afetar a

composição corporal.

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1.6 Colágeno

O colágeno tem diversas funções no corpo humano, como, manter as células

dos tecidos unidas e fortalecê-las, responsável também pela cicatrização ou

regeneração em caso de corte ou cirurgia, auxilia na hidratação do corpo e no

processo do envelhecimento humano (GONÇALVES et al., 2015). No Brasil, a

maior parte do colágeno é proveniente dos subprodutos da indústria de carne, em

função da elevada produção brasileira de carne para exportação (SILVA et al.,

2012). O Brasil não atende à demanda de matéria prima do colágeno para as

indústrias farmacêutica e cosmética. O uso de colágeno e seus derivados,

principalmente na indústria de alimentos, vem apresentando tendência ascendente

nos últimos anos em virtude, sobretudo, da sua importância benéfica ao organismo.

Segundo a Empresa SBS Trade & Consulting, os complementos alimentares com

código NCM 2106.90.29 contendo colágeno foram importados pelo Brasil no

período de janeiro de 2015 até abril de 2016 cerca de US$ 110,3 milhões que

equivalem a 6.600 toneladas de produtos, ou seja, um valor de US$ 16,76/Kg de

colágeno. O Brasil tem um grande potencial e um mercado a ser explorado.

O termo “colágeno” deriva das palavras gregas Kolla (cola) e Genno

(produção) (OLIVO e SHIMOKOMAKI, 2001). O colágeno é uma proteína fibrosa

encontrada em todo o reino animal, contém cadeias peptídicas constituídas pelos

aminoácidos glicina, prolina, lisina, hidroxilisina, hidroxiprolina e alanina. A família

do colágeno consiste em 28 proteínas diferentes (SILVA e PENNA, 2012). O

processo de formação do colágeno ocorre principalmente durante o preparo da

regeneração e do desenvolvimento do tecido embrionário. As moléculas de

colágeno são secretadas pelos fibroblastos na forma de pró-colágeno solúvel, que

é ladeado por duas estruturas globulares de peptídeos contendo nitrogênio (N-) e

carbono (C-) terminais (CANTY e KADLER, 2012). O pró-colágeno é secretado

dentro das vesículas, formado no aparelho de Golgi e, em sequência, é secretado

para a matriz extracelular (Figura 8). Na matriz extracelular, ocorre a ação das C- e

N-peptidases, para clivar as duas estruturas globulares ligadas às extremidades do

pró-colágeno. Segundo Silva e Penna (2012) a ação dessas enzimas é necessária

para iniciar o processo de fibrogênese (produção de colágeno), pois essas

estruturas globulares ligadas ao pró-colágeno ocupam um grande espaço em volta

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da molécula. Assim, é necessário que ocorra o processo de clivagem para a

formação do tropocolágeno (Figura 8), que começa a se unir com outras moléculas

de tropocolágeno, formando as fibrilas (NEKLYUDOV, 2003). As moléculas de

tropocolágeno tem um arranjo escalonado por meio de associações lado a lado,

estabilizadas primeiramente pelas interações hidrofóbicas e eletrostáticas

(DAMODARAN et al., 2010).

Figura 8 - Processo de formação, organização e estrutura de colágeno. Adaptado de Damodaran et al. (2010).

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O colágeno pode ser obtido de diversas espécies animais (bovinos, suínos,

peixes, etc.) (WOLF et al., 2009). A gelatina é uma proteína derivada da hidrólise

parcial do colágeno animal, a conversão do colágeno em gelatina pode ser obtida

através do aquecimento do colágeno, em meio ácido ou alcalino (YANG et al.,

2007). A gelatina é uma proteína completamente desnaturada, consequentemente,

pode ser usada na indústria de alimentos apenas como agente emulsificante e não

como fonte de fibras nutritivas sendo rica em arginina e pouco valor em relação a

quantidade dos outros aminoácidos essenciais (SILVA e PENNA, 2012).

O colágeno (todos, inclusive os de origem marinha) é uma proteína estrutural

complexa que ajuda a manter a força e a flexibilidade da pele, ligamentos, ossos,

articulações, músculos, tendões, gengivas, olhos, vasos sanguíneos, unhas e

cabelos. Em geral o colágeno contém cerca de 30% de glicina, 12% de prolina, 11%

de alanina, 10% de hidroxiprolina, 1% de hidroxilisina e pequenas quantidades de

aminoácidos polares e carregados. A glicina, a prolina e a alanina são aminoácidos

alifáticos e a lisina é um aminoácido com características básicas (PRESTES, 2013).

Schrieber e Garreis (2007) mencionam que além da composição de aminoácidos a

presença de cadeias α e β e os respectivos fragmentos de maior e menor massa

molecular são responsáveis pelas características do colágeno, essas cadeias são

organizadas de forma paralela a um eixo, formando as fibras de colágeno (Figura

9), que proporcionam resistência e elasticidade à estrutura (DAMODARAN et al.,

2010; LINDEN et al., 2000). Na estrutura secundária do colágeno a hidroxiprolina é

um dos aminoácidos responsáveis pela manutenção da estabilidade da tripla hélice.

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Figura 9 - Estrutura da tripla hélice do colágeno. Fonte: Sibilla et al., 2015

Dentre os diversos tipos de colágenos já identificados, pode se observar a

presença dos tipos I, III, IV, V, VI, XII e XIV na musculatura esquelética dos animais,

sendo que os Tipos I e III se encontram em maiores proporções (PRESTES, 2013).

Na (Tabela 1) estão especificados onde são encontrados os diferentes tipos de

colágeno.

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Tabela 1 - Tipos diferentes de colágeno encontrados no organismo.

Fonte: Sibilla et al., (2015)

Tipo de colágeno Onde são encntrados

Tipo I

É o tipo mais comum, geralmente são encontrados em locais que resistem a grandes

tensões como, por exemplo, nos tendões, derme da pele, nos ossos e até mesmo na

córnea. Este tipo forma fibras e feixes de colágeno.

Tipo II

Esse tipo de colágeno é encontrado em locais que resiste a grandes pressões,

cartilagem elástica e hialina, discos intervertebrais e nos olhos. Sua síntese ocorre nos

condroblastos. Morfologicamente não é possível distinguir do colágeno Tipo I.

Tipo IIIAbundando no tecido conjuntivo frouxo, é encontrado na artéria aorta do coração, nos

pulmões, nos músculos dos intestinos, fígado, no útero. Constitui as fibras reticulares.

Tipo VIEsse tipo não se associa em fibrilas, tem a função de sustentação e filtração. Presente

nos rins, na lâmina basal e na cápsula do cristalino.

Tipo V

Se associa ao colágeno Tipo I, presente nos locais de grandes resistências as tensões.

Encontramos este colágeno nos ossos, sangue, placenta, tendões e está presente

também na pele.

Tipo VIPresente na maioria do tecido conjuntivo. É encontrado no sangue, na placenta, discos

intervertebrais, na pele e também se associa ao colágeno Tipo I.

Tipo VII Está localizado na junção dermo-epitelial e nas células corioaminióticas.

Tipo VIII Presente em algumas células endoteliais, ou seja, este tipo de colágeno é endotélio.

Tipo IXEste colágeno se interage com o Tipo II, é encontrado nas cartilagens, na retina e na

córnea. Sua função é manter as células unidas dando resistência à pressão.

Tipo X É encontrado nas cartilagens hipertróficas em mineralização.

Tipo XIEste colágeno interage com os Tipos II e XI. É encontrado nas cartilagens e nos discos

intervertebrais.

Tipo XIIÉ encontrado em locais onde são submetidos a altas tensões como nos tendões e nos

ligamentos e se interage com os Tipos I e III.

Tipo XIIITambém se associa aos Tipos I e III e é encontrado abundantemente como proteínas

associada a membrana celular e nas células endoteliais.

Tipo XIV Este tipo de colágeno é encontrado na pele e nos tendões.

Tipo XV Encontrado nas células do músculo liso e nas células chamadas fibroblastos.

Tipo XVI Encontrado nas invaginações da derme para epiderme e nos fibroblastos.

Tipo XVII Abundante na junção dermo-epidermal.

Tipo XVIII Este tipo é encontrado facilmente em tecidos com alto índice de vascularização.

Tipo XIX Encontrado apenas em células tumorais.

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1.7 Hidrolisado de colágeno e aplicações

O hidrolisado de proteínas se tornou um método comum e extensamente

usado para a formação de peptídeos com atividade biológica (NAJAFIAN; BABJI

2012), podendo chegar a concentrações de até 90% de proteína (OETTERER,

2001), apresentando propriedades que a qualificam e despertam interesse. A

hidrólise das proteínas tem sido usada como alternativa para converter biomassa

subutilizada em produtos proteicos de consumo humano com elevado valor nutritivo

e propriedades funcionais interessantes para elaboração de produtos alimentícios

(DINIZ et al., 1997). As técnicas atualmente utilizadas para recuperar os peptídeos

são a hidrólise enzimática, que resulta na produção de hidrolisados de proteínas

biologicamente ativas (CHALAMAIAH et al., 2012).

Em relação ao colágeno hidrolisado, a característica mais importante é a sua

composição de aminoácidos, podendo fornecer um alto nível de glicina e prolina

(WALRAND et al., 2009), além de apresentar atividades antioxidantes inibindo os

radicais livres e propriedades bioativas que possuem ação metabólica. A qualidade

do colágeno hidrolisado vai depender do seu tamanho molecular médio, que pode

variar de acordo com a metodologia utilizada para extraí-lo (SIBILLA et al., 2015).

Os peptídeos do colágeno extraído a partir das escamas de peixe consistem em

pequenas moléculas peptídicas o que facilita sua absorção no intestino delgado

essa absorção é eficaz em diferentes partes do corpo, tais como tecido conjuntivo,

osso, vasos sanguíneos e derme da pele (KUMAR et al., 2011). Ainda segundo

autor os peptídeos de colágeno são utilizados para suplementos alimentares e

amplamente utilizados na indústria cosmética (KUMAR et al., 2011). Na medicina e

na área odontológica os biomateriais criados a partir do colágeno representam uma

alternativa terapêutica com aplicação variada já que apresentam grande

biocompatibilidade e capacidade de promover a cura de feridas. Na área biomédica,

tem sido utilizado para a reparação da parede abdominal, tendões, ligamentos

substitutos de pele humana e vasos sanguíneos.

Outras aplicações e características importantes devido às suas propriedades

naturais (MODAK et al., 1987) são: aplicações como reconstruções de tecidos

moles (CHEN et al.,2000); revestimento de queimaduras e outras lesões (TABATA

et al., 2000). Nos estudos de Oliveira et al. (2010) o uso de colágeno na superfície

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da pele mostrou resultados positivos ao ser utilizado junto com Aloe vera no

tratamento de ferida isquêmica sem causar nenhum tipo de complicação ou

desconforto no paciente estudado. Utilizado como suporte para crescimento de

nervos periféricos (PROKOP,1997); orientador de tecidos em desenvolvimento

(GOISSIS et al., 2012). Características importantes do colágeno como biomateriais:

a) baixo índice de alergenicidade que pode ser reduzido mais ainda pela remoção

dos telopeptídeos N e C-terminais, tornando-o altamente biocompatível; b) as

preparações solúveis ou fibrilares de colágeno são capazes de reconstituir-se, isto

é, organizar-se estruturalmente da mesma forma que o tecido nativo com

propriedades similares (PAULA, 2003). Em contraste com colágenos de mamíferos,

colágenos de peixes parecem ser mais seguros (ZHANG et al., 2009). Habilidade

em promover crescimento celular; propriedades hemostáticas (ativação do

processo de coagulação) e susceptível a modificações químicas (GOISSIS et

al.,1996). Guillerminet et al. (2012) observaram a influência do uso de colágeno

hidrolisado na melhoria do estado dos ossos e na prevenção da perda óssea em

ratas ovariectomizadas de diferentes idades. Para Basso et al. (2013) a qualidade

e aplicação específica do colágeno extraído estão diretamente relacionadas com

suas propriedades funcionais e pureza. O colágeno marinho em particular tem

chamado muito atenção para a Industria cosmética, já que estão sendo

apresentados como um excelente ingrediente por ser um produto funcional. As suas

propriedades têm levado ao desenvolvimento de cremes e géis com ação de alta

hidratação, apresentando propriedades como antienvelhecimento e protetores de

radiação ultravioleta. Além do que pode ser utilizado de diversas formas como:

membranas, esponjas, géis, pós, filmes e outros (MA e ZHANG, 1999).

Pesquisas sobre a relação entre o envelhecimento da pele e a produção de

colágeno têm aumentado nos últimos anos, já que uma das principais causas do

envelhecimento é a perda do colágeno pelo organismo. Os músculos ficam flácidos,

a densidade dos ossos diminui, as articulações e os ligamentos perdem

elasticidade e força motora. O conhecimento sobre como estimular a síntese e

como repor o colágeno que se torna insuficiente com a idade, apresenta um grande

potencial já que a população mundial está envelhecendo, esse processo é

inevitável, mas seus efeitos podem possivelmente serem retardados e atenuados.

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Estudos realizados por Zaque et al. (2011) indicaram que a ingestão de

colágeno hidrolisado pode aumentar a produção de colágeno pelos fibroblastos e

retardar o envelhecimento da pele. A suplementação com colágeno é importante a

partir dos 30 anos e essencial a partir dos 50 anos, pois, com o passar do tempo,

ele vai deixando de ser fabricado pelo organismo e, por isso, a pele vai se tornando

cada vez mais flácida, quando o corpo passa a perder 1% da proteína ao ano

(OLIVEIRA et al., 2010).

Estudos de Silva e Penna (2012) mostraram que o colágeno hidrolisado

apresentou resultados satisfatórios no tratamento da osteoartrite e da osteoporose,

onde a ingestão diária de 10 g de colágeno hidrolisado de grau farmacêutico (PCH)

reduziu a dor em pacientes com osteoartrite no joelho ou quadril e aumentou a

concentração de hidroxiprolina no sangue quando comparados com o uso do

placebo. A hidroxilação da prolina requer vitamina C. Os efeitos mais óbvios, no

cabelo e gengivas, da ausência de ácido ascórbico nos humanos são resultado da

deficiente hidroxilação de resíduos de prolina no colagénio, com a resultante

instabilidade química desta molécula, causando escorbuto, que é uma doença

aguda ou crônica devido a uma carência de vitamina C. Algo importante a ser

mencionado é que o ácido ascórbico exerce papel fundamental no crescimento e

reparação do tecido conjuntivo. A vitamina C está diretamente ligada na síntese de

colágeno e glicosaminoglicanas, fundamentais para manter os tônus e a firmeza da

derme. Portanto, para que haja uma síntese adequada de colágeno, é necessário

o sinergismo entre a vitamina C e a ingestão adequada de proteínas que fornecerão

os aminoácidos que constituem o colágeno (SANTOS e FERNANDES, 2011).

O interesse acerca das propriedades funcionais do colágeno não se resume

apenas ao envelhecimento, mas se reflete nos numerosos e recentes estudos que

abrangem todas as áreas do conhecimento, onde a análise destas moléculas

permite uma maior compreensão da origem de várias doenças decorrentes da

síntese defeituosa, excesso ou insuficiência da produção destas proteínas

(DUARTE, 2011). Até o momento, as pesquisas mostrarão os potenciais efeitos

benefícios para a saúde e que a suplementação de colágeno em alimentos tem

demonstrado resultados promissores (SILVA e PENNA, 2012).

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2. PROBLEMA DE PESQUISA

As escamas de corvina (Micropogonias furnieri) podem se constituir em fonte de

colágeno?

2.1 OBJETIVOS

2.1.1 Objetivo geral

Extrair o colágeno das escamas de corvina por diferentes metodologias, e a partir

dele, produzir um hidrolisado de colágeno.

2.1.2 Objetivos específicos

1. Avaliar a eficiência de três protocolos distintos, utilizando solução salina,

ácida, alcalina com diferentes temperaturas, tempo, pH, centrifugação e

filtração;

2. Extrair colágeno em batelada com o protocolo que apresentar maior

rendimento e facilidade de operação;

3. Produzir um hidrolisado enzimático de colágeno e determinar a

distribuição de seu peso molecular e seu grau de hidrólise.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Obtenção da matéria prima

As peles com escamas de corvina (Micropogonias furnieri), e somente as

escamas, foram gentilmente doadas pelo Mercado Municipal de Itajaí, Natubrás

Pescados e Pescados Quatro Mares. As escamas foram acondicionadas em sacos

plásticos estéreis de 30x20cm, mantidas em caixas de isopor com gelo e

transportadas para o Laboratório de Bioquímica e Bromatologia da Universidade do

Vale do Itajaí. As escamas foram lavadas em água de torneira, enxaguadas em

água destilada e secas em estufa a 110º C. Em seguida foram trituradas em um

moinho de micro de facas até formar um pó, modelo MA048, e mantidas em

dessecador até seu uso.

3.2 Análise de rendimento de carcaça

O rendimento de carcaça foi realizado no laboratório de Controle de

Qualidade da Empresa Natubrás Pescados, no Município de Piçarras. Foram

separadas dez corvinas inteiras e pesadas individualmente. Para as medidas foi

utilizado ictiômetro de 60cm. Também foi realizada pesagem das cabeças,

vísceras, carcaças e peles com as escamas, separadamente. Apenas as peles com

escamas foram acondicionadas em sacos plásticos estéreis de 30x20cm, mantidos

em caixas de isopor com gelo e transportadas para o Laboratório de Bioquímica e

Bromatologia da Universidade do Vale do Itajaí.

3.3 Análises químicas

As análises químicas foram efetuadas de acordo com Horwitz (1997). O teor

de umidade foi determinado por radiação infravermelha, em equipamento da marca

Shimadzu, modelo MOC63u e os resultados expressos em percentual de umidade.

Para se determinar o teor de lipídios foram adicionados 100ml de solvente (éter

etílico: éter de petróleo) nos tubos de extração e colocados nas colmeias do bloco

de aquecimento. Em cartuchos de celulose, foram pesados 2g de amostra seca e

acondicionados nos berços e mergulhados em solvente em temperatura de 60° C.

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Após 30 minutos os berços foram retirados dos tubos de ebulição e deixados

expostos ao gotejamento do solvente por 90 minutos. A recuperação do solvente

por condensação foi realizada em temperatura de 90º C. Os tubos foram retirados

do bloco aquecedor e colocados em estufa a 60° C para evaporação final do

solvente, logo em seguida foram resfriados em dessecador e pesados. O teor de

lipídeos foi expresso em percentual em relação ao peso inicial da amostra seca,

conforme fórmula abaixo:

Onde: Pi = Peso inicial, Pf = Peso final

Para o teor de matéria mineral foi utilizado 1g de amostra seca em cadinhos

de porcelana, levados a mufla com aquecimento progressivo até 550º C, onde

permaneceu por 2 horas até a amostra ficar calcinada. A mufla foi desligada

abaixando sua temperatura até 100º C, os cadinhos foram retirados, levados ao

dessecador, resfriados e pesados. A diferença entre o peso inicial e o peso final é

a quantidade (%) de resíduo mineral (cinzas) na amostra, como mostra a fórmula

abaixo:

Onde: Pi = Peso inicial, Pf = Peso final

O teor de proteína bruta foi determinado pelo método de Kjeldhal. Para o

processo de digestão foi utilizado 0,2g de amostra seca colocadas em tubo

digestor, com cerca de 1,7 gramas de uma mistura catalítica contendo sulfato de

cobre e sulfato de sódio, 7 ml de ácido sulfúrico concentrado. O tubo foi colocado

no bloco digestor e a digestão foi realizada por 4 a 5 horas a 350º C. Para a etapa

de destilação, à amostra digerida fria foi adicionado 10 ml de água destilada,

adicionado NaOH (16M) no copo superior do destilador de nitrogênio e dispensado

RM% = (Pf – Pi) x 100

amostra (g)

L% = (Pf – Pi) x 100

amostra (g)

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em torno de 25 ml para o tubo contendo a amostra. A amônia liberada foi destilada

por arraste de vapor e condensada para a solução receptora (25ml de ácido bórico

4%), formando borato de amônio. O borato de amônio foi titulado com uma solução

ácida (HCl 0,1N) padronizada. Para converter o nitrogênio medido em proteína,

multiplicou-se o conteúdo de nitrogênio por um fator geral que é obtido com base

no fato de que, na maioria das proteínas, o teor de N é em torno de 6,25 como fator

de correção, através da fórmula abaixo:

Onde: Va = volume de HCl utilizado para amostra, Vb = volume de HCl

utilizado com o branco, F = fator do HCl, N = normalidade do HCl.

3.4 Protocolos de extração do colágeno

3.4.1 Protocolo 1

O protocolo 1 foi baseado no processo de extração de colágeno de Silva

(2010), com algumas modificações. Inicialmente foi utilizado 0,8g de escama de

corvina em pó, permanecendo em 10 ml de solução NaOH 0,1M à 52º C com pH

em 12,0, os tubos tipo Falcon de 15 ml permaneceram em constante agitação no

homogeneizador de sangue por 45 minutos, seguida por centrifugação a 10.000 x

g. O precipitado foi suspenso em 10 ml de HCl 0,1M ajustando-se o pH a 2,0 com

solução NaOH 8M onde permaneceu em agitação por 15 minutos, seguida por

centrifugação a 10.000 x g por 20 minutos. Em seguida o precipitado foi suspenso

em ácido acético 0,5M, permanecendo nessa solução por 2h à 52º C em constante

agitação. Após este período foi centrifugado a 10.000 x g por 20 min. O

sobrenadante foi recolhido e seco em estufa a 65º C. O material foi mantido sob

congelamento a -18º C até sua utilização.

PB% = (Va-Vb) x F x N x 6,25 x 0,014 x 100

amostra (g)

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Figura 10 - Fluxograma de extração do colágeno das escamas de corvina pelo protocolo 1 3.4.2 Protocolo 2

Os protocolos 2 e 3 foram baseados no processo de extração de colágeno

de Zhang et al. (2011) seguida por modificações. Inicialmente foi utilizado 0,8g de

escamas de corvina onde permaneceu em 10% de NaCl 0,1M em agitação por 24h,

após este período foi feita centrifugação a 10.000 x g por 20 minutos. O precipitado

foi suspenso em 10ml de HCl 0,1M em agitação por 90 minutos a 52º C em

agitação. O precipitado foi lavado em funil de Büchner com 3 volumes iguais de

água destilada. Em seguida o precipitado foi suspenso em 10ml de ácido acético

0,5M em agitação por 2h a 52º C seguida por centrifugação por 30 minutos a 10.000

x g, o sobrenadante foi reservado. O precipitado foi suspenso novamente em ácido

acético 0,5M em agitação por 2h a 52º C seguida por centrifugação por 30 minutos

a 10.000 x g, o sobrenadante foi reservado. Foram combinados os sobrenadantes

com NaCl 2,6M ajustando o pH a 7,0 com TRIZMA. Feita centrifugação por 30 min.

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a 10.000 x g. O precipitado foi suspenso novamente em ácido acético 0,5M em

seguida foi centrifugado por 60 minutos a 10.000 x g. O precipitado foi lavado com

3 volumes iguais de água destilada e centrifugado por mais 15 min a 10.000 x g o

precipitado foi seco em estufa a 60º C. O material foi mantido congelado a -18º C

até sua utilização.

Figura 11 - Fluxograma de extração do colágeno das escamas de corvina pelo protocolo 2.

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23

3.4.3 Protocolo 3

Foi utilizado 0,8g de escamas, lavadas em 10% de NaCl (0,1M)

permanecendo nessa solução por 24h em agitação. Após este período feita

centrifugação a 10.000 x g por 20 minutos. O precipitado foi suspenso em 10ml de

HCl 0,1M em agitação por 90 minutos. O precipitado foi lavado em funil de Büchner

com 3 volumes iguais de água destilada. O precipitado foi suspenso em 10ml de

ácido acético 0,5M em agitação por 2 dias, seguida por centrifugação por 30

minutos a 10.000 x g, o sobrenadante foi reservado. O precipitado foi suspenso

novamente em ácido acético 0,5M em agitação por 24 h. seguida por centrifugação

por 30 minutos a 10.000 x g, o sobrenadante foi reservado. Ambos sobrenadantes

foram combinados com NaCl 2,6M ajustando-se o pH a 7,0 com TRIZMA, seguida

por centrifugação por 30minutos a 10.000 x g. O precipitado foi dissolvido em ácido

acético 0,5M, novamente centrifugado por 60 minutos a 10.000 x g. O precipitado

foi seco em estufa a 60º C. O material foi mantido sob congelamento a -18º C até

sua utilização.

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Figura 12 - Fluxograma de extração do colágeno das escamas de corvina pelo protocolo 3.

3.4.4 Extração em batelada do protocolo 1

Foi utilizado 327g de escama em pó, permanecendo em 4 litros de solução

NaOH 0,1M com agitação manual por 45 minutos à 52º C ajustando-se o pH em

6,0 com solução HCl 0,1M, seguida por filtragem em funil de Bϋchner. No

sobrenadante de HCl 0,1M (AL 2) foi adicionado dois volumes de etanol

permanecendo nessa solução a 4° C por 12 horas, em seguida foi dividido em três

erlenmeyers: (AL 005A) solução foi filtrada apresentando um sobrenadante bem

límpido; (AL 005B1) solução foi filtrada apresentando um sobrenadante não tão

límpido; (AL 005B2) solução com menor volume apresentando um sobrenadante

não tão límpido. A solução (AL 005A) foi seca em estufa a 65 °C por 3 horas,

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apresentou fases diferentes que foram separadas em três tubos: (CC1) coloração

amarelada, límpida com precipitado; (CC2) coloração amarelada mais liquida

apresentando pequeno precipitado formando um filme; (CC3) coloração branca

com precipitado. O precipitado da solução de HCl 0,1M foi suspenso novamente

em solução NaOH 0,1M agora em pH12 por 12 horas (AL 3). O precipitado foi

suspenso em 4 litros de HCl 0,1M ajustando-se o pH a 3,0 com solução NaOH 8M

onde permaneceu por 15 minutos (AL 4), seguida por filtragem em funil de Bϋchner.

Em seguida o precipitado foi suspenso em ácido acético 0,5M (1:2v),

permanecendo nessa solução por 2h a 52º C seguida por homogeneização manual.

Após este período foi filtrado. Do sobrenadante foi recolhido uma alíquota em

microtubos de 1,5 ml e congelado (SC 002 - 1°Gel e 2°Gel) o restante (SC001) foi

seco em estufa a 65º C à 10% do seu volume, posteriormente foi adicionado etanol

e NaOH pH 11 deixando reagir de um dia para o outro, no dia seguinte essa solução

apresentou três fases diferentes: colágeno limpo (SC1), colágeno pouco precipitado

(SC2) e colágeno apresentando cristais (SC3), as amostras foram liofilizadas em

tubo tipo Falcon de 50ml e em erlenmeyers por aproximadamente 30 horas. O

material foi mantido sob congelamento a -18º C até sua utilização.

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Figura 13 - Fluxograma de extração do colágeno em batelada do protocolo 1. Os códigos representam a simbologia utilizada para expressar os resultados de cada etapa de extração. Soluções de descarte = (AL1) solução de NaOH pH 6, (AL3) solução de NaOH

pH 12 com etanol, (AL4) solução de HCl, (AL5B1) sobrenadante de NaOH com etanol filtrado limpo, (AL5B2) sobrenadante NaOH com etanol filtrado não tão limpo, (CC1) precipitado do AL3 amarelado e límpido, (CC2) precipitado do AL3 formando uma pele, (CC3) precipitado do AL3 branco. Soluções de extração = (SC001) solução de colágeno

com etanol (SC002 1ºG) solução de colágeno precipitado com NaOH formando a 1º camada da formação do gel, (SC 002 2ºG) solução de colágeno precipitado com NaOH formando a 2º camada da formação do gel, (SC1) solução do SC001 com NaOH colágeno limpo e liofilizado, (SC2) solução do SC001 com NaOH colágeno pouco precipitado e liofilizado, (CS3) solução do SC001 com NaOH precipitado com cristais e liofilizado. Frações conforme figuras dos protocolos 1, 2 e 3 de extração

Feita a extração do colágeno dos diferentes protocolos 1, 2 e 3 e batelada

do protocolo 1, após liofilização foi realizado o cálculo de rendimento pela fórmula

abaixo:

Rendimento (%) = Peso da escama (g) x 100/ Peso do colágeno (g)

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3.5 Produção do Hidrolisado de colágeno

Através da hidrólise enzimática foi feita a produção do hidrolisado. As

amostras foram preparadas em duplicatas e em tubo tipo Falcon de 15ml. Foram

pesadas separadamente 0,8g de escama inteira, 0,8g de escama em pó e 0,8g do

colágeno que foi liofilizado e que apresentou mais limpo (SC1). Em 50ml de água

destilada foi diluída 0,01g da enzima Protamex Novozymes e desta solução

transferido 12ml para cada tubo. A hidrólise foi realizada em banho maria a 45° C

por 90 minutos.

3.6 Determinação do Grau de Hidrólise

O grau de hidrólise (GH) foi determinado pelo método do OPA – o-

Phthaldialdehyde (NIELSEN et al., 2001). Basicamente, o método explora a

reatividade do reagente OPA à grupamentos amino-livres. Os ensaios foram

realizados em microplacas com fundo transparente por adição de 40 µl de amostra

e 260 µl do reagente OPA. As leituras de absorbância foram analisadas a 340 nm

no leitor de microplacas (modelo Genius, Tecan®) e o resultado expresso como GH

(%) pela equação:

GH (%) = [(Serina-NH2 - β) / α meqv / g de proteína] / htot * 100

Os valores de α, β foram previamente determinadas por ADLER-NISSEN

(1986), para peixes: 1,00; 0,40 e 8,6, respectivamente.

3.7 Determinação do teor de proteínas solúveis

Para as análises do teor de proteína bruta foram utilizados os métodos de

Bradford (BRADFORD, 1976) e de Lowry (LOWRY et al., 1951), modificado por

Petterson (1977). Para as análises de proteína bruta utilizando o método de

Bradford, em triplicata foi adicionado em cada tubo 3,5ml do reagente de Bradford.

Após a adição da água destilada, do BSA (Albumina Bovina Sérica) e do reagente

de Bradford nos tubos de ensaio, esperou-se 5 minutos para que as proteínas se

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ligassem ao reagente. A absorbância foi medida em um espectrofotômetro

(595nm). Colocou-se água destilada na cubeta medindo em seguida sua

absorbância, utilizando do mesmo processo, exceto a calibração do aparelho com

água, foi realizada a leitura da absorbância de todos os tubos. Com os valores das

absorbâncias foi possível determinar a curva padrão do BSA. Para as análises de

proteína bruta utilizando o método de Lowry, em triplicata foi adicionado nos tubos

água destilada seguida pelo BSA (Albumina Bovina Sérica) e do reagente de Lowry,

esperou-se dez minutos e em seguida adicionado reagente follin, após 20 minutos

no espectrofotômetro (750nm) foi feita a medição da absorbância.

3.8 Efeito do solvente na solubilização do colágeno

Para fazer a determinação de proteína bruta do colágeno foi necessário

testar diluições diferentes de ácido acético fazendo a leitura em diferentes métodos

para definir qual deles apresentaria uma quantidade maior de proteína na amostra.

Para a diluição do extrato de colágeno em pó foi pesado 1mg em 500µl de ácido

acético 0,05M e 0,5M ambas em triplicata. Utilizando o método de Bradford, em

triplicata foram adicionados 90µl de água destilada, 10µl de extrato de colágeno e

3,5ml do reagente Bradford, então aguardou-se cinco minutos para que as

proteínas se ligassem ao reagente. Uma a uma as soluções foram colocadas na

cubeta e posteriormente no espectrofotômetro com comprimento de onda de

595nm, foi realizada a leitura da absorbância de todos os tubos. Em triplicata foi

adicionado em cada tubo 10µl do extrato de colágeno seguida pela água destilada

e do reagente de Lowry, esperou-se dez minutos e em seguida adicionado reagente

follin, após vinte minutos no espectrofotômetro (750nm), foi feita a medição

da absorbância.

3.9 Eletroforese SDS-PAGE (Gel de Poliacrilamida na presença de Dodecil

Sulfato de Sódio)

As características de peso molecular das amostras de colágeno foram

determinadas pela técnica de eletroforese em gel de policrilamida em condições

desnaturastes, conforme descrito por Laemmli et al. (1970). As amostras foram

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preparadas a partir das amostras de colágeno diluídas em ácido acético 0,5M. Para

preparar a amostra foi usado 10µl de amostra adicionadas a igual volume de

tampão de amostra (glicerol 11%, SDS 2,2%, Tris-HCl pH 6,8 0,5 M, água destilada,

DTT 10%), aquecidas a 45º C por cinco minutos e em seguida aplicadas no gel.

Como referência foi usado padrão de proteínas de alto peso molecular (Amersham),

constituída pelas proteínas miosina (212.000 KDa), α₂-Macroglobulina (170.000

KDa), β-Galactosidase (116.000 KDa), Transferrina (76.000 KDa), desidrogenase

glutâmico (53.000 KDa). Géis de 10% de SDS-poliacrilamida (Laemmli, 1970) foram

submetidos a uma corrente inicial de 10 mA, com voltagem 30v passando para

20mA e 120V em sistema de mini-gel, Hoefer miniVE-Vertical electrophoresis

System, da Amersham Pharmacia Biotech. Após a corrida, o gel foi corado com

Coomassie Brilliant Blue e posteriormente se fez necessária a descoloração do gel,

seguida de nova revelação com nitrato de prata, para a revelação das bandas, em

concentração não detectáveis pelo Coomassie (Schägger, 2006). Foi utilizado

também o gel pronto da Bio Rad – mini Protean 7,5%, o gel foi corado com

Coomassie Brilliant Blue e posteriormente se fez necessária a descoloração do gel,

seguida de nova revelação com nitrato de prata.

3.10 Eletroforese Tricina-SDS-PAGE

Para análise da composição de pesos moleculares dos peptídeos gerados

pelo processo de hidrólise, foi realizada eletroforese em gel de poliacrilamida em

condições desnaturastes conforme Schägger (2006). Foram adicionadas 10 µl de

amostras hidrolisada adicionadas a igual volume de tampão de amostra (glicerol

11%, SDS 2,2%, Tris-HCl pH 6,8 0,5 M, água destilada, DTT 10%), aquecidas a

37º C por vinte minutos, e aplicadas no gel. Como referência foi usado a proteína

padrão de baixo peso molecular (Amersham) constituídas pelas proteínas

Fosforilase b (97.000 KDa), Albumina (66.000 KDa), Ovalbumina (45.000 KDa),

Anidrase Carbonica (30.000 KDa), Inibidor de tripsina (20.100 KDa), α-

Lactalbumina (14.400 KDa). A eletroforese foi realizada em gel de policrilamida

(Tricina-SDS-PAGE 16% resolving gel, spacer gel 10%, stacking gel 4%), conforme

Schägger (2006). Utilizando como tampão de corrida tris-tricina (100 mmol/L de

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Trizma Base (Sigma®) e 100 mmol/L de tricina - Biorad®), pH 8,25, em SDS 0,1%.

Submetidos a uma corrente inicial de 10 mA, com voltagem 40V passando para

30mA e 120V em sistema de mini-gel, Hoefer miniVE-Vertical electrophoresis

System, da Amersham Pharmacia Biotech. As proteínas foram fixadas no gel e

reveladas com azul de Coomassie, conforme Laemmli et al. (1970) e

posteriormente o gel foi fotografado em transiluminador.

3.11 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)

Para confirmar a presença dos íons moleculares (M+ + H) correspondentes

aos aminoácidos do colágeno foi utilizada a espectroscopia de infravermelho com

transformada de Fourier (FTIR). A análise de FTIR foi realizada em espectrômetro

Shimadzu IR Affinity-1, utilizando aproximadamente 1,5 mg do colágeno de cada

protocolo (P1, P2 e P3), e acrescentado aproximadamente 100 mg de brometo de

potássio (KBr) sob condições livre de umidade. Todos os espetros foram lidos na

região de 4000 a 400 cm-1.

3.12 Espectroscopia de massas por infusão direta

Foi utilizado 10 mg de cada amostra do colágeno (P1, P2 e P3) e dissolvidas

em 5 ml de solução 6N de HCl e aquecidas a 100 °C por 6 horas em banho de

glicerina. Em seguida o hidrolisado foi filtrado utilizando filtros de fibra de vidro de

2,7 microns. Uma alíquota das amostras de colágeno hidrolisado (500μl) foi diluída

em 1,5 ml de solução 6N de HCl e submetida a análise de espetroscopia de massas

por infusão direta utilizando um espectrômetro de alta resolução Waters Synapt

TOF. A análise dos íons monitorados, assim como os cálculos das massas exatas

dos íons dos aminoácidos avaliados, foram realizados utilizando o software

MassLynx V4.1.

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4. RESULTADOS

4.1 Rendimento das escamas

O peso médio dos animais inteiros foi de 10,9 Kg. Após a retirada das

escamas da pele Figura 14 (B) e serem secas Figura 14 (C, com peso de 263,14

g), o rendimento das escamas em relação ao peixe inteiro foi de 2,4%.

A B C

Figura 14 - Separação da escama da pele feita manualmente. (A) = pele de

corvina com escamas. (B) = escama de corvina suja. (C) = escama de corvina limpa.

4.2 Composição química das escamas

Os teores de umidade, proteína bruta, lipídeo e matéria mineral das

escamas na matéria seca foram: 28,62; 45,82; 0,1 e 22,49% respectivamente

(Tabela 2).

Tabela 2 - Composição química das escamas de corvina (Micropogonias furnieri).

Parâmetros (%) Média desvio padrão (%)

Umidade 28,62 0,84

Proteína bruta 45,82 0,16

Lipídio 0,13 0,01

Resíduo mineral 22,49 0,68

±

±

± ±

±

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4.3 Extração e Rendimento da extração de colágeno

O rendimento do extrato de colágeno bruto do protocolo 1 foi de 23 %, do

protocolo 2 foi de 21,48 %, protocolo 3 foi de 21,29 % e protocolo em batelada do

protocolo 1 foi de 16,76 %. O colágeno úmido, formando gelatina, de coloração

transparente e límpida, após liofilizado formou um material rígido e em forma de

filme transparente (Figura 15).

A B

Figura 15 – Amostra do colágeno em gelatina (A) e após liofilização (B).

4.4.1 Determinação do teor de proteínas solúveis

Para a dosagem de proteínas nos extratos de colágeno dos diferentes

protocolos optou-se, inicialmente, pelo método de Lowry (LOWRY et al., 1951),

modificado por Petterson (1977). A curva-padrão corresponde à relação gráfica

entre os valores de absorbância e os de concentração. Com base em análise

gráfica é possível verificar a linearidade da reação e calcular o fator de conversão

dos valores de absorbância em concentração. O resultado para a curva padrão do

BSA pelo método de Bradford apresentou coeficiente de correlação (R²) = 0,9966

e para a curva padrão pelo método de Lowry o coeficiente de correlação foi de (R²)

= 0,997. A determinação do teor de proteína pelo método de Bradford no protocolo

1 (P1) foi de 0,4 mg/ml, protocolo 2 (P2) 0,2 mg/ml, protocolo 3 (P3) 0,2 mg/ml.

Para o método de Lowry os resultados foram: protocolo I (P1) 2,1 mg/ml, protocolo

2 (P2) 1,5 mg/ml, protocolo 3 (P3) 2,1 mg/ml (Tabela 3).

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Tabela 3 - Dosagem de proteínas nos extratos de colágeno pelos métodos de Bradford e Lowry. Valores de proteína bruta (mg/ml) solubilizada em ácido acético 0,5M.

Proteína Bruta mg/ml

Bradford Lowry

P1 0,4 2,9

P2 0,2 2,6

P3 0,2 2,7

Porém notou-se certa discrepância entre os resultados fazendo que os

resultados de Bradford subestimem os resultados de Lowry, foi então feito

diferentes diluições para comprovar o efeito do solvente na solubilização do

colágeno. Na diluição das amostras utilizando ácido acético 0,05M o teor de

proteína bruta foi de 1,5 mg/ml para o método de Bradford e 1,7 mg/ml no método

de Lowry. Na diluição em ácido acético 0,5M o teor de proteína bruta foi de 2,6

mg/ml para o método de Bradford e 2,8 mg/ml no método de Lowry. Com base

nesses resultados foi definido a diluição do colágeno em ácido acético 0,5M por

apresentar um teor maior de proteína bruta pelo método de Lowry. Os resultados

mostram que o ácido acético presente na amostra de colágeno diminui a

capacidade do azul de Comassie (Bradford) se ligar a proteína. Tendo em vista os

resultados dos teores de proteínas nos diferentes métodos foi determinado uma

curva especifica para o colágeno substituindo a curva de calibração do BSA pela

curva padrão do colágeno (Figura 16). O resultado para a curva padrão do colágeno

presentou coeficiente de correlação (R²) = 0,9865, e a curva padrão do BSA foi de

(R²) = 0,991. A partir do gráfico, optou-se por utilizar a equação y = 0,0077x + 0,11

do colágeno para a obtenção da concentração de proteína nas amostras.

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Figura 16 - Curva padrão do BSA e colágeno. Comparação da absorbância do BSA em relação a amostra de colágeno utilizando o método de Lowry (LOWRY et al., 1951).

4.4.2 Composição química do colágeno parcialmente purificado

Utilizando o método de Kjeldahl para determinar o teor de proteína bruta o

resultado foi de 44,2% para SC1, 43,9% para o SC2 e 49,5% para o SC3. O teor

de umidade na amostra SC1 foi de 16,19%, 14,22% para o SC2 e 4% para o SC3.

Não foi possível determinar o teor de lipídios por não apresentar volume suficiente

de amostras. O teor de resíduo mineral para SC1 foi de 26,63%, SC2 de 30,14% e

SC3 sem amostra suficiente para análise. O rendimento do balanço de massa do

processo de extração em batelada foi de 20,37% para o SC1, 15,3% para o SC2 e

1,18% para o SC3 (Tabela 4).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 20 40 60 80 100 120

Ab

sorb

ânci

a

Concentração (µg)

Curva Padrão - Colágeno e BSA

BSA

Colágeno

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Tabela 4 - Composição química das amostras de colágeno parcialmente purificada e seu rendimento do balanço de massa do processo de extração em batelada –

Produto final do extrato de colágeno parcialmente purificado dividido em três amostras: SC1 (amostra mais limpa); SC2 (amostra precipitada); SC3 (amostra apresentou cristais).

4.4.3 Proteínas totais do colágeno e soluções de descarte

Antes do processo de liofilização do colágeno, ainda em forma de gel, foi

alicotado a amostra SC001 que apresentou um teor de proteína bruta de 8,7 g/ml,

SC002 1º Gel de 3,8 g/ml e a amostra SC002 2º Gel de 3,7 g/ml. Devido a

manutenção no equipamento, somente a amostra SC001 foi liofilizada o restante

foram conservadas em congelador. Devido a amostra SC001 apresentar três fases

diferentes foram então liofilizadas separadas, gerando três amostras a SC1 que

apresentou 11,6 g/ml de proteína bruta a SC2 com 10,6 g/ml e SC3 com 11,1 g/ml.

As diferentes soluções de descartes provenientes da extração do colágeno

renderam um total de proteínas entre 4,5 g e 15,7 g dependendo da etapa de

extração (Tabela 5).

SC1 SC2 SC3

Composição

Proteína bruta ( N x 6,25) 44,2 43,9 49,5

Umidade 16,2 14,2 4,0

Lipídio - - -

Resíduo mineral 26,6 30,1 -

(% matéria seca)

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Tabela 5 - Proteínas Totais nas soluções de descarte e soluções de extração do

colágeno.

Soluções de descarte

Amostras PB Total (g)

AL 1 8,4

AL 3 4,9

AL 4 4,6

AL 5B1 6,1

AL 5B2 4,5

CC 1 10,6

CC 2 15,7

CC 3 12,7

Soluções de extração

Amostras PB Total (g)

SC 001 8,7

SC 002 1ºGel 3,8

SC 002 2ºGel 3,7

SC 1 11,6

SC 2 10,6

SC 3 11,1

Soluções de descarte = (AL1) solução de NaOH pH 6, (AL3) solução de NaOH pH 12

com etanol, (AL4) solução de HCl, (AL5B1) sobrenadante de NaOH com etanol filtrado limpo, (AL5B2) sobrenadante NaOH com etanol filtrado não tão limpo, (CC1) precipitado do AL3 amarelado e límpido, (CC2) precipitado do AL3 formando uma pele, (CC3) precipitado do AL3 branco. Soluções de extração = (SC001) solução de colágeno com

etanol (SC002 1ºG) solução de colágeno precipitado com NaOH formando a 1º camada da formação do gel, (SC 002 2ºG) solução de colágeno precipitado com NaOH formando a 2º camada da formação do gel, (SC1) solução do SC001 com NaOH colágeno limpo e liofilizado, (SC2) solução do SC001 com NaOH colágeno pouco precipitado e liofilizado, (CS3) solução do SC001 com NaOH precipitado com cristais e liofilizado. Frações conforme figuras dos protocolos 1, 2 e 3 de extração.

4.5 Análise do colágeno por eletroforese em gel de policrilamida – SDS-PAGE

O perfil eletroforético das amostras de colágeno dos protocolos 1, 2 e 3

obtidas da escama de corvina, revelou a presença das cadeias peptídicas

compatíveis com as do colágeno, à saber: Com peso molecular aparente

determinados para essas cadeias foram de 238 KDa para a cadeia γ, 203 KDa para

a cadeia beta, 112 KDa para alfa 1 (α1) e 106 KDa para alfa 2 (α2) (Figura 17).

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Figura 17 – Separação eletroforética de proteínas constituintes do colágeno por meio de SDS-PAGE (7,5 %) da escama de corvina (Micropogonias furnieri). (P) proteína de

marcador de peso molecular, (P1) colágeno do protocolo 1, (P2) colágeno do protocolo 2 e (P3) colágeno do protocolo 3.

Os resultados do perfil eletroforético das amostras de colágeno em batelada

do Protocolo I estão representadas na Figura 18. As três amostras apresentaram

as cadeias alfa (α1 e α2), porém com menor intensidade, enquanto, que a cadeia

β não foi visualizado

Figura 18 - SDS-PAGE (10%) do colágeno obtido a partir do extrato de colágeno. (P) proteína de marcador de peso molecular, (SC1) colágeno limpo, (SC2) colágeno pouco

precipitado, (SC3) colágeno com cristais.

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O perfil eletroforético das soluções de descarte obtidos através do processo

de extração do colágeno estão representadas na Figura 19, destacando-se a

presença das quatro bandas de proteína do colágeno (alfa (α1 e α2), Beta (β) e

gama (γ)), além de outros contaminantes que podem ser alergênicos.

A B

Figura 19 - SDS-PAGE (10%) das soluções de descarte. Imagem A = (P) proteína de

marcador de peso molecular, (1ºGel) solução de colágeno precipitado com NaOH 1º camada da formação do gel, (2ºGel) solução de colágeno precipitado com NaOH 2º camada da formação do gel, (CC1) precipitado do AL3 amarelado e límpido, (CC2) precipitado do AL3 formando uma pele, (CC3) precipitado do AL3 branco, (AL1) solução de NaOH pH 6. Imagem B = (P) proteína de marcador de peso molecular, (SC001) solução

do colágeno precipitado com etanol.

4.6 Efeito de hidrolise enzimática sobre a estrutura da escama inteira

Para se observar o efeito da hidrólise sobre a estrutura da matéria-prima,

escamas inteiras, submetidas à hidrólise, suas imagens foram registradas através

de máquina digital Olympus C7070WZ, adaptada ao microscópio Olympus BX41TF

com aumento de 100 vezes (Figura 20 A). Foi observada na Figura 20 B

modificações na estrutura da escama.

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A B

Figura 20 – Escamas de corvina hidrolisadas. Visualizadas em microscópio Olympus BX41TF, com aumento de 100x. (A) escama inteira não hidrolisada, (B) escama inteira hidrolisada.

4.7 Análise do hidrolisado por eletroforese em gel de policrilamida – SDS –

PAGE

O grau de hidrólise calculado a partir da relação entre a concentração do

padrão de µg de L-serina, após reação com o OPA (340nm), foi de 14,7% da fração

SC1. O perfil eletroforético das amostras hidrolisadas revela que apesar do grau

de hidrolise médio obtido o processo foi eficiente e gerou massa considerável de

proteínas e peptídeos de menor massa molecular do que a matéria prima original

que foram as escamas (Figura 21).

Figura 21 - Eletroforese dos hidrolisados em gel policrilamida (Tricina-SDS-PAGE 16% resolving gel, spacer gel 10%, stacking gel 4%). (EI) hidrolisado de escama inteira,

(EP) hidrolisado de escama em pó, (SC1) hidrolisado do colágeno bruto.

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4.8 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)

O espectro do infravermelho das amostras de cada protocolo de extração do

colágeno está demonstrado na Figura 22, na qual estão indicados os principais

níveis vibracionais de absorção observadas. Em todos os espectros foi possível

observar níveis vibratórios de estiramento de grupos carbonila (C=O) na região

entre 1600-1700 cm-1 (banda 2). Foi observado picos características de

deformação angular de N-H e estiramento C-N na região entre 1550 e 1400 cm-1

(banda 3) e estiramento N-H e C-H na região de 1200 cm-1 (banda 5), assim como

as bandas de estiramentos N-H acoplados com pontes de hidrogênio na região de

3400 cm-1 (banda 1), caracterizando, desta forma, a presença dos aminoácidos

constituintes das fibras de colágeno nas amostras analisadas. Além das bandas

características dos aminoácidos, foi possível observar bandas características de

grupamentos fosfato de hidroxiapatita na região de 600 (banda 7) e 1100 cm-1

(banda 5), assim como as bandas características de íons OH da ligação P-OH em

700 cm-1 (banda 6), ambas se mostrando mais intensas nos protocolos de extração

P2 e P3.

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Figura 22 - Espectros de FTIR dos processos extrativos utilizados.

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4.9 Espectroscopia de massas por infusão direta

A espectrometria de massa é uma técnica analítica física para detectar e

identificar moléculas de interesse por meio da medição da sua massa e da

caracterização de sua estrutura química. Analisando as amostras do extrato de

colágeno SC1, SC2 e SC3 foi possível observar a presença dos íons moleculares

(M+ + H) correspondentes aos aminoácidos, glicina (Figura 23), prolina (Figura 24),

lisina (Figura 25) e hidroxiprolina (Figura 26). A amostra SC2 confirmou a presença

mais pura em relação ao cálculo da massa de prolina e lisina.

Figura 23 - Identificação do íon molecular (M++H) do aminoácido Glicina. Amostras

SC1, SC2 e SC3.

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Figura 24 - Identificação do íon molecular (M++H) do aminoácido Prolina. Amostras SC1, SC2 e SC3.

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Figura 25 - Identificação do íon molecular (M++H) do aminoácido Lisina. Amostras SC1, SC2 e SC3.

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Figura 26 - Identificação do íon molecular (M++H) do aminoácido Hidroxiprolina. Amostras SC1, SC2 e SC3.

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5. DISCUSSÃO

O beneficiamento industrial da pesca gera elevada quantidade de resíduos,

entre elas as escamas. Elas podem representar fontes valiosas de colágeno e seu

hidrolisado pode ser utilizado nas indústrias de alimentos, farmacêutica, cosmética

e como biomateriais. Um dos aspectos importantes neste contexto diz respeito à

disponibilidade de matéria-prima. O rendimento da escama encontrado neste

trabalho foi semelhante aos obtidos por Wang et al. (2013). Ainda que

aparentemente baixo (2,4%), há de se considerar que este trabalho focou nas

escamas de uma única espécie, a corvina. O sentido disso foi o de se testar um

conceito e dar início a resposta a uma pergunta/hipótese e ao entendimento das

etapas envolvidas na extração de colágeno se utilizando este recurso como

matéria-prima. Certamente um sistema produtivo consideraria escamas de diversas

espécies, o que aumentaria substancialmente a disponibilidade desta matéria-

prima.

No tocante a composição química da escama, o teor de proteína bruta (N x

6,25) de 45,82 % foi concordante com o encontrado por Sankar et al. (2008).

Segundo os autores essa quantidade pode variar de 41% a 84%, sendo que o

restante é o fosfato e carbonato de cálcio. O elevado teor de resíduo mineral

determinado nas escamas de corvina (44,7%) deve-se a presença de hidroxiapatita

resultados concordam com Wang et al. (2013). A presença deste mineral foi

confirmada pelas análises de infravermelho e espectro de massa de alta resolução.

O baixo teor de lipídio da escama foi semelhante ao encontrado por Silva (2010)

para cabeças e ossos da espécie carpa comum (Cyprinus carpio) que foi de 3,7%.

As extrações dos três protocolos (P1, P2 e P3) resultaram em rendimentos

semelhantes aos obtidos por Wang et al. (2013) que relataram rendimento de

20,3% de colágeno de escamas da corvina amarela (Pseudosciaena crocea). O

teor de proteína bruta e rendimento foi maior no P1 e na produção em batelada

deste protocolo foi observado rendimento 27% menor. Essa queda pode ser

explicada como decorrente das etapas do processo de extração (homogeneização,

filtração e centrifugação), que em escala maior levou a perdas maiores. Atualmente

o laboratório não está preparado com equipamentos para realizar uma extração em

escala maior. Apesar disso, esse processo foi importante como exercício, pois

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através dele foi possível perceber com mais clareza os pontos do processo a serem

melhorados. Além disso, também gerou material suficiente para a determinação de

algumas características interessantes do colágeno produzido. Após liofilizado ele

resultou numa película (filme) transparente, homogênea e muito resistente, também

encontrado por Quintero e Sobral (2000); Souza e Bezerra (2010) e Zavareze

(2014).

A diluição do colágeno foi realizada com ácido acético 0,5M, também

utilizado por Sujithra et al. (2013) e Zhang et al. (2011). No entanto, foi percebido

que isto interferiu nos resultados de determinação de proteína, principalmente pelo

método de Bradford. Este fato foi confirmado ao se proceder uma curva de

calibração usando água e ácido acético como diluente da soroalbumina (BSA),

quando foi possível observar o efeito do ácido acético na diminuição da capacidade

do azul de Coomassie em se ligar a proteína. Segundo (ZAIA et al., 1998) existem

poucas substâncias interferentes no método de Bradford. Estes interferentes

normalmente reagem com as proteínas impedindo a reação com o corante ou

reagem com o corante causando aumento na absorbância. Já o método de Lowry

apresentou sensibilidade, mas de forma distinta para corar o BSA e o colágeno.

Como a utilização do BSA como padrão poderia subestimar os teores de proteínas

nas amostras de colágeno, se optou pela realização de uma curva de calibração de

colágeno. Para esta curva foi escolhido o colágeno que se apresentou mais puro

entre as amostras, o CC1 (Figura 19 A), como padrão para os cálculos de teores

de proteínas nas diversas frações e extratos.

O colágeno extraído (frações SC1, SC2 e SC3) apresentaram teores de

proteína semelhantes ao constatado na matéria-prima, sugerindo que os processos

de extração não foram eficientes em concentrar esta classe de biomolécula. Além

disso, nas soluções de descarte os teores somados de proteína representaram uma

perda de 20%, indicando grande perda de proteína ao longo do processo de

extração. Estas perdas também foram retratadas por Silva (2010). Segundo o autor,

o processo alcalino/ácido é responsável pela eliminação das proteínas não

colagênicas; muitas delas são, inclusive, alergênicas (Zhang et al., 2009). Após a

extração em batelada do P1, a biomassa retida na filtração do colágeno solubilizado

em ácido acético 0,5M apresentou um teor de proteína de 36,4%. Este resultado

mostra claramente a grande perda de proteína no processo. No entanto, qual o teor

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de colágeno presente nesta fração ainda permanece para ser resolvida e sugere a

oportunidade para ainda se buscar melhoria na eficiência do processo de extração.

Um dos aspectos que levou às perdas de proteínas nas soluções de descarte

foi pela solubilização de proteínas pela presença de sal. Como é sabido, com o

aumento da força iônica, os íons carregados provenientes da dissociação dos sais

passam a interagir com as moléculas proteicas, diminuindo a interação entre as

próprias moléculas de proteína e aumentando a sua interação com a água. A esse

fenômeno dá-se o nome de salting-in. Deste modo, tem-se um aumento na

solubilidade da proteína em meio aquoso. Segundo Ogawa e Maia (1999) o

colágeno é solúvel em solução de sal, em meio ácido e em meio alcalino, sendo

portanto, inevitável a perda de colágeno nas soluções de descarte.

As modificações realizadas nos protocolos originais foram introduzidas com

a intenção de tornar o processo mais eficiente. No entanto, estas práticas não

resultaram em melhora perceptível de processo ou de eficiência. Um dos

parâmetros de eficiência diz respeito a ausência de contaminantes no colágeno

purificado. Apesar da constatação de outras proteínas no colágeno purificado (SC1,

SC2 e SC3), o aparecimento de contaminantes também foi constatado por diversos

autores (WANG et al., 2013; TAMILMOZHI et al., 2013; KITTIPHATTANABAWON

et al., 2010).

Não obstante, o perfil eletroforético do colágeno extraído pelos protocolos

P1, P2 e P3 confirmou a presença das cadeias peptídicas que o compõem. Da

mesma forma, o perfil eletroforético das amostras de colágeno produzidas em

batelada (SC1, SC2 e SC3) também confirmam a presença das cadeias α1 e α2.

Segundo Pati et al. (2010) a presença de α1 e α2 indica que o colágeno é do Tipo

I, ainda que a relação 2:1 entre α1 e α2 (SOUZA e BEZERRA, 2010) não pôde ser

estabelecida com clareza. Outro aspecto que ainda merece confirmação se deve a

fato de que não foi possível constatar a presença da cadeia β na eletroforese.

Considerando que mesmo as cadeias α apareceram de forma tímida, é possível

que não tenha sido aplicada quantidade suficiente de proteína no gel para a

coloração com azul de Coomassie, menos sensível que a coloração por nitrato de

prata. Perdas das bandas α, β e y podem estar relacionadas com a concentração

e o ácido utilizada na extração do colágeno (GIMENEZ et al., 2005a). Outro fator

que impacta na extração e manutenção da integridade do colágeno diz respeito a

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remoção ou não de sal. Caso não seja removido da amostra pode mudar a estrutura

do colágeno, aumentando sua solubilidade e, desta forma, favorecendo a sua saída

para as soluções utilizadas durante a extração (GIMENEZ et al., 2005b). Parece ter

sido este o caso, considerando a grande quantidade de proteína perdida nas “águas

de lavagem”.

Os resultados de espectroscopia de infravermelho dos protocolos P1, P2 e

P3 confirmaram a presença das interações intermoleculares das ligações amidas

nas fibras do colágeno (TAMILMOZHI, VEERURAJ, ARUMUGAM, 2013; ZHAO,

CHI, 2009). Da mesma maneira foi possível identificar a presença das interações

características da hidroxiapatita (GALIA et al., 2011). Os resultados da

espectroscopia de massas por infusão direta demonstraram nas amostras de

colágeno SC1, SC2 e SC3 a presença dos íons moleculares (M+ + H)

correspondentes aos aminoácidos glicina (Figura 23), prolina (Figura 24), lisina

(Figura 25) e hidroxiprolina (Figura 26), constituintes da fibra do colágeno (SIBILLA

et al., 2015).

6. CONCLUSÕES

As análises de composição química das escamas de corvina demonstram

uma ótima fonte de colágeno e minerais.

A extração do protocolo 1 em batelada apresentou perdas importantes de

colágeno e de proteínas não colagenosas nas águas de lavagem.

A extração de colágeno de escamas foi viabilizada por diferentes protocolos

de extração, porém eles não renderam colágeno íntegro purificado.

Não foi possível isolar o colágeno nas frações SC1-3 da extração em

batelada, por eletroforese.

O ácido acético interfere na sensibilidade da leitura de determinação de

proteínas, tendo em vista que ela subestima os valores para o método de Bradford;

por isso a necessidade de se utilizar um padrão de colágeno.

As analises espectroscópicas confirmaram a presença das ligações

características da fibra de colágeno, assim como seus aminoácidos constituintes

confirmando a presença da proteína nos extratos produzidos.

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As escamas apresentaram composição interessante para o uso de

biomateriais, pela presença simultânea de colágeno e hidroxiapatita.

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