Upload
vandung
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
A CAFEÍNA MELHORA O DESEMPENHO EM TESTE DE SPRINTS REPETIDOS EM JOVENS
JOGADORES DE FUTEBOL?
Lucas Adriano Pereira
LONDRINA – PARANÁ
2010
Universidade
Estadual de Londrina
1
LUCAS ADRIANO PEREIRA
A CAFEÍNA MELHORA O DESEMPENHO EM TESTE DE SPRINTS REPETIDOS EM JOVENS
JOGADORES DE FUTEBOL?
Trabalho apresentado como requisito para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Leandro R. ALtimari
Universidade Estadual de Londrina
Prof. Dr. Edílson S. Cyrino
Universidade Estadual de Londrina
Prof. Ms. Ademar Avelar de Almeida Junior
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 19 de Novembro de 2010.
i
DEDICATÓRIA
A Deus, por iluminar o meu caminho.
Aos meus pais Leonel e Lúcia pelo
apoio incondicional, pelo amor e
dedicação a nossa família.
Aos meus avós Ludgero, Conceição,
Celso e Celina pelo carinho, exemplo
de vida, e por me ensinarem o valor da
família.
Ao meu irmão Matheus e meu primo
Ludgero por dividirem comigo os
passos nessa caminhada.
Aos meus tios Joel e Fátima por me
cederem sua casa onde pude morar
esses anos.
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Dr. Leandro Altimari por me orientar, acreditar no meu potencial e me apoiar quando surgiu a idéia de realizar esse trabalho. Dar-me subsídios para que a qualidade da minha formação fosse a melhor possível e por me transmitir seus conhecimentos.
Ao Prof Dr. Fabio Y. Nakamura e Prof. Dra. Jeane Barcelos Soriano por estarem sempre pelo grande incentivo e por serem pessoas que admiro muito e tenho como referência dentro da Universidade.
A todo o grupo GEPESINE em especial Ricardo por ser minha primeira referência no curso nos tempos de monitoria em Fisiologia do Exercício. Ao Rafael, Marcelo, Henrique e Thiago Camata por fazerem parte desse trabalho, pela contribuição ao longo da graduação, por serem exemplos e por também me orientarem quando na realização deste e outros trabalhos realizados.
Ao pessoal da turma 200, meus companheiros, pessoas com quem convivi durante esse 4 anos, os quais fiz muitos amigos que tenho grande carinho e admiração.
Ao Prof. Dr. Edilson S. Cyrino e Prof. Ms. Ademar Avelar por aceitarem fazer parte da banca examinadora e auxiliarem no decorrer da realização deste trabalho.
Ao pessoal do Junior Team que nos auxiliaram nas coletas de dados nos cedendo seus atletas e acompanhando os trabalhos.
iii
EPÍGRAFE
“Et dixit eis Iesus: “Venite post
me, et faciam vos fieri piscatores hominum”.
Marcos 1:17
iv
PEREIRA, Lucas Adriano. A cafeína melhora o desempenho em teste de sprints repetidos em jovens jogadores de futebol? Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2010.
RESUMO
A cafeína tem sido amplamente estuda devido a suas ações neuromodulatórias no SNC acarretando em melhora do desempenho físico de atletas de diversas modalidades. Os principais efeitos da cafeína são observados principalmente em modalidades esportivas de característica contínua. Entretanto, em esportes com características intermitentes ainda é incerto de que modo a cafeína poderia melhorar o desempenho dos atletas. Nesse sentido, o futebol pela sua característica intermitente é amplamente estudado. Mais especificamente a capacidade para realizar sprints repetidos (CRSR) é uma capacidade física de suma importância para o desempenho dos atletas de futebol, sendo importante para diversas ações presentes durante um jogo, e amplamente relacionada com o sucesso de uma equipe. O objetivo do estudo foi investigar os efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho em Teste de Sprints Repetidos (TSR) em jovens jogadores de futebol. Fizeram parte do estudo 12 atletas de futebol da categoria infantil (15,0 ± 1,5 anos; 58,84 ± 9,17 kg; 1,69 ± 0,07 m; 20,91 ± 2,43 kg/m2) que foram submetidos ao TSR. Os índices de desempenho determinados no teste foram TSR pico, TSR médio e o IF. Os atletas foram submetidos a três condições experimentais de modo randomizado: cafeína (6 mg.kg-1) (CAF), placebo (PL) e controle (C). Para verificar as diferenças entre as variáveis nas três condições experimentais foi utilizada análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas. A significância adotada foi P<0,05. Nenhuma diferença significante foi encontrada nas variáveis analisadas entre as três condições experimentais TSR pico (7,36 ± 0,18s CAF; 7,34 ± 0,14s PL; 7,37 ± 0,19s C) TSR médio (7,70 ± 0,22s CAF; 7,72 ± 0,21s PL; 7,71 ± 0,20s C) e IF (4,66 ± 1,88% CAF; 5,03 ± 1,93% PL; 4,61 ± 0,97% C). Com base nos nossos resultados podemos verificar que a ingestão de cafeína não foi capaz de melhorar o desempenho no RSAt em jovens jogadores de futebol. Palavras-chave: Cafeína, Futebol, Sprints Repetidos, Recursos Ergogênicos
v
PEREIRA, Lucas Adriano. The caffeine improves performance in repeated sprints ability test in naive soccer players? Graduation work. Bachelor Graduation of Physical Education. Center of Physical Education and Sport. State University of Londrina, 2010.
ABSTRACT
Caffeine has been widely studied due of their neuromodulatory actions in the CNS resulting in improved physical performance athletes from many sports. The main effects of caffeine are observed mainly in sports feature continuous. However, in sports with intermittent characteristics still is uncertain how caffeine would improve performance of athletes. Accordingly, soccer by their intermittent characteristic is extensively studied. More specifically the ability to perform repeated sprints (CRSR) is a physical capacity of paramount importance for the performance of soccer players, is important for several actions present during a game, and largely related to the success of a team. The aim of this study was analyze the effects of caffeine ingestion on Sprints Ability Test (TSR) in soccer players. Eleven naïve soccer players were participants this study (58.84 ± 9.17 kg, 1.69 ± 0.07 m, 20.91 ± 2.43 kg/m2) who underwent to TSR. The performance index determined were TSR peak, TSR mean, and IF. The athletes were submitted to three experimental conditions in a randomized model, caffeine (6 mg.kg-1) (CAF), placebo (PL) and control (C). To verify the differences between the variables in the three experimental conditions was used analysis of variance (ANOVA) for repeated measures. The significance adopted was P<0.05. No significant differences were found in the variables between the three experimental conditions TSR peak (7.36 ± 0.18 s CAF; 7.34 ± 0.14 s PL; 7.37 ± 0.19 s C) TSR mean (7.70 ± 0.22 s CAF; 7.72 ± 0.21 s PL; 7.71 ± 0.20 s C) and IF (4.66 ± 1.88 % CAF; 5.03 ± 1.93 % PL; 4.61 ± 0.97 % C). Based on our results was found that caffeine intake was not able to increase the performance on TSR in naïve soccer players. Key words: Caffeine, Soccer, Repeated Sprints, Ergogenics Aid
vi
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA i
AGRADECIMENTOS ii
EPÍGRAFE iii
RESUMO........................................................................................ iv
ABSTRACT..................................................................................... v
1 INTRODUÇÃO................................................................................ 08
2 JUSTIFICATIVA.............................................................................. 10
3 OBJETIVOS.................................................................................... 11
4 REVISÃO DE LITERATURA........................................................... 12
4.1 Cafeína............................................................................................ 12
4.1.1 Mecanismos de Ação...................................................................... 12
4.1.2 Cafeína de Desempenho Físico...................................................... 14
4.2 Capacidade para realizar sprints repetidos..................................... 16
5 METODOLOGIA............................................................................. 18
5.1 Amostra........................................................................................... 18
5.2 Delineamento Experimental............................................................ 18
5.3 Antropometria.................................................................................. 19
5.4 Teste para medir a capacidade de realizar sprints repetidos......... 19
5.5 Ingestão de Cafeína........................................................................ 20
5.6 Análise Estatística........................................................................... 20
4 RESULTADOS................................................................................ 21
6 DISCUSSÃO................................................................................... 23
7 CONCLUSÃO................................................................................. 27
vii
REFERÊNCIAS............................................................................... 28
8
1. INTRODUÇÃO
Diversos recursos ergogênicos têm sido estudadas no sentido de
otimizar o desempenho físico em diferentes modalidades esportivas (GOMES
E TIRAPEGUI, 2000). Graças ao aumento do interesse pelo esporte a
utilização desses recursos tem crescido muito ao longo dos últimos anos
sendo muito utilizados tanto por pesquisadores quanto por técnicos
esportivos.
Dentre os diversos recursos ergogênicos a utilização da cafeína tem
sido alvo de inúmeras investigações há muito tempo por suas ações centrais
e periféricas (SICLAIR E GEIGER, 2000; SPRIET, 1995). Seus efeitos têm
sido observados em atletas de diversas modalidades (DAVIS E GREEN,
2009; GRAHAM, 2001).
Uma das modalidades esportivas mais populares no mundo é o
futebol, sendo caracterizado pelo grande investimento financeiro de diversas
multinacionais em equipes e atletas que agregam diversas marcas a sua
imagem. Nesse sentido o treinamento desses atletas deve ser o mais bem
controlado possível, e ainda, os mesmos tem que ser manter em um nível de
condicionamento físico altíssimo durante toda a temporada competitiva. As
capacidades físicas envolvidas no futebol são caracterizadas por ações
curtas de alta intensidade e com característica anaeróbica (chutes, saltos,
sprints).
Dentre as diversas capacidades físicas pertinentes ao futebol, a
capacidade em realizar sprints repetidos (CRSR) tem sido amplamente
estudada e é de grande importância para os atletas dessa modalidade, sendo
relacionada com alguns parâmetros durante um jogo, dessa maneira
refletindo sobre o desempenho no mesmo (GLAISTER et al., 2005). Essa
capacidade é caracterizada por contrações musculares repetidas o que pode
levar a incapacidade do indivíduo de manter o desempenho físico durante
uma partida (BISHOP et al., 2001). Esse fenômeno é conhecido como fadiga
muscular (FITTS, 1994). Os fatores que levam a esse processo estão
relacionados a questões motivacionais e alterações no drive neural (ENOKA
E STUART, 1992).
9
Em relação à CRSR, a cafeína poderia atuar minimizando os efeitos
deletérios da fadiga neuromuscular, influenciando diretamente a melhora
dessa habilidade. Esses fatores são observados em estudos que mostram
que a cafeína é capaz de aumentar a excitabilidade neural, otimizar o
recrutamento das unidades motoras, e ainda, aumentar o estado de alerta e
humor, influenciando nos fatores motivacionais (FREDHOLM et al., 1999;
KALMAR E CAFARELLI, 1999; RIBEIRO et al., 2003; WALTON et al., 2003).
10
2. JUSTIFICATIVA
Há na literatura uma grande quantidade de estudos que investigaram o
impacto da ingestão de cafeína sobre o desempenho de atletas relacionados
a esportes de individuais e contínuos como: corridas, ciclismo, natação e
remo. As principais evidências existentes sobre os efeitos da cafeína na
melhora de desempenho estão relacionados a esportes que exigem provas
nas quais se verificam o trabalho total realizado, tempo até exaustão (Tlim) e
corridas contra relógio (DOHERTY E SMITH, 2004; GANIO et al., 2009).
Em contrapartida, existem poucos estudos que analisaram os efeitos
desta substância em esportes intermitentes, muitas vezes por dificuldades
metodológicas de encontrar um teste válido, reprodutível e que se adéque a
realidade do esporte (BURKE, 2008). Mesmo com essas limitações existem
alguns estudos que procuraram investigar o efeito da substância em
protocolos de sprints repetidos em atletas de elite de diferentes esportes
coletivos. Entretanto, os resultados tem se mostrado controversos e como
ressaltado anteriormente os testes utilizados muitas vezes não são os mais
adequados (ASTORINO E ROBERTSON, 2010; BURKE, 2008; DOHERTY E
SMITH, 2004; GANIO et al., 2009). Assim, tornam-se necessárias novas
investigações a cerca dos efeitos da cafeína sobre o desempenho em
esportes coletivos, utilizando testes que procurem aproximar a realidade do
esporte e que sejam validados para o mesmo.
11
3. OBJETIVOS
Investigar os efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho em
Teste de Sprints Repetidos (TSR) em jovens jogadores de futebol.
12
4. REVISÃO DA LITERATURA
4.1 Cafeína
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é uma droga do grupo das xantinas,
utilizada como estimulante, pelo seu efeito no SNC. A cafeína pode ser
encontrada no café, chá, chocolate, algumas bebidas energéticas e em
alguns medicamentos (ALTIMARI et. al., 2006). Tal substância tem sido
estudada há muito tempo pelos seus efeitos no desempenho físico e também
por suas características estimulantes reduzindo o sono, aumentando o estado
de alerta, humor e alguns outros estados emocionais (FREDHOLM et al.,
1999).
A cafeína esteve incluída na lista de substâncias proibidas pela World
Anti Doping Agency (WADA) visto que, no início dos anos 80, era usada
abusivamente por inúmeros atletas de diferentes modalidades. Dessa forma,
o Comitê Olímpico Internacional estipulou o valor limite de 15µg/mL de
cafeína na urina (DELBEKE E DEBACKERE, 1984; SPRIET, 1995). Porém
desde que foi retirada da lista de substâncias proibidas, em 2004 (WADA,
2004) a organização mantém um programa de monitoramento sobre o uso
dessa droga. Entretanto, estudos mostram, através desse monitoramento,
que o uso da cafeína não aumentou significantemente em atletas de
diferentes modalidades após sua retirada da lista de substâncias proibidas
(VAN THUYNE et al., 2005; VAN THUYNE E DELBEKE et al., 2006).
4.1.1 Mecanismos de Ação
Em relação aos mecanismos de ação da cafeína existem três teorias
que podem explicar seus efeitos (SPRIET, 1995), são elas: efeito antagonista
aos receptores de adenosina; ação periférica direta pelo aumento da
mobilização de Ca+2 do retículo sarcoplasmático; e maior atividade do
metabolismo dos lipídeos preservando o glicogênio muscular em exercícios
de longa duração (ALTIMARI et al., 2006; ALTIMARI et al., 2000). Entretanto,
a primeira teoria é a que tem sido mais discutida e aceita nas inúmeras
publicações em relação aos efeitos da cafeína sobre o desempenho físico.
13
A cafeína possui uma estrutura muito semelhante à adenosina, que
age no SNC como neuromodulador de algumas ações relacionadas ao
estado de alerta, humor e motivação. Portanto, a cafeína é capaz de
atravessar a barreira hemato-cefálica e competir com a adenosina nos
receptores dessa substância (DAVIS E GREEN, 2009; FREDHOLM et al.,
1999; GRAHAM, 2001). Os receptores da adenosina podem ser encontrados
tanto em nível central quanto periférico nos diversos órgãos do corpo e
também no músculo esquelético. Todavia, os mecanismos de ação desses
receptores no músculo esquelético ainda não são muito bem entendidos
(GRAHAM, 2001; LYNGE E HELLSTEN, 2000; RIBEIRO et al., 2002).
Dessa forma, a cafeína atua principalmente nos receptores tipo A1 e
A2A influenciando a ação de alguns neurotransmissores como serotonina,
dopamina e GABA, tanto nos botões pré quanto pós-sinápticos (FREDHOLM
et al.,1999; KALMAR E CAFARELLI, 2004; TARNOPOLSKI, 2008). Essa
ação tem influência direta no desempenho, sendo observadas em alguns
estudos com animais (DAVIS et al., 2003; SVENNINGSSON et al., 1997). A
cafeína pode atuar aumentando a excitabilidade neural a nível espinhal e
supra espinhal otimizando a capacidade para o recrutamento de unidades
motoras, pelo menos em contrações isométricas (KALMAR E CAFARELLI,
1999; WALTON et al., 2002; WALTON et al., 2003).
A hipótese de que a cafeína poderia aumentar a liberação de Ca+2 pelo
retículo sarcoplasmático foi formulada com base em estudos com animais
que demonstram tal efeito (FAVERO et al., 1997; WILLIAMS, 1997).
Entretanto, já tem sido bem elucidado que as doses utilizadas para essa
maior liberação, são muito altas para humanos chegando a ser tóxicas
(FREDHOLM et al., 1999).
A outra teoria a respeito dos efeitos da cafeína seria a de maior
mobilização do metabolismo dos lipídeos, o que tem sido demonstrado em
alguns estudos (TRICE E HAYNES, 1995; VAN SOEREN E GRAHAM, 1998)
havendo, em alguns casos, uma preservação do glicogênio, o que poderia
ocorrer de maneira indireta em virtude de uma maior liberação de
catecolaminas, que tem sido observada em alguns estudos juntamente com a
maior mobilização dos lipídeos (ALTIMARI et al., 2000; JACKMAN et al.,
1996).
14
Para que a cafeína exerça um papel ergogênico durante o exercício a
dose utilizada deve ser adequada, sendo então um fator determinante para
melhora do desempenho (ALTIMARI, 2008). Nesse sentido quantidades
ótimas para que a substância promova melhora do desempenho seriam de 3
a 6 mg/kg de peso corporal de cafeína pura (ALTIMARI et al., 2006;
GRAHAM, 2001).
Na figura 1 são mostrados os dados que mostram os efeitos de
diferentes dosagens de cafeína utilizadas nos estudos que constaram efeito
ou não da substância sobre o desempenho físico.
Figura 1. Efeito de diferentes dosagens de cafeína utilizadas nos
estudos que constaram efeito ou não da substância sobre o
desempenho físico. Adaptado de Altimari et al. (2006a,b).
4.1.2 Cafeína e Desempenho Físico
A ação da cafeína sobre o desempenho físico é alvo de inúmeras
investigações há muito tempo. Seu potencial ergogênico está associado ao
protelamento da fadiga muscular. Dessa forma, seus efeitos são estudados
sobre exercícios com diferentes características (BURKE, 2008; DAVIS E
GREEN, 2009; GANIO, 2009; GRAHAM, 2001).
15
Em se tratando de exercícios aeróbicos, que são aqueles
caracterizados pelo uso da via oxidativa como principal fonte energética,
estudos recentes tem demonstrado melhoras significativas no desempenho
após o uso da substância (ALTIMARI et al., 2000; GANIO et al., 2009).
Segundo Graham (2001), não há dúvidas de que a cafeína é eficiente em
alterar o desempenho nesse tipo de exercício. Por outro lado, em relação a
exercícios com características anaeróbicas, houve na última década um
aumento significativo de estudos que procuraram verificar o efeito da cafeína
nesse tipo de exercício. Grande parte dos estudos demonstram que a
substância parece ser capaz de melhorar o desempenho em exercícios com
característica anaeróbica (ALTIMARI et al., 2006; ASTORINO E ROBERSON,
2010; DAVIS E GREEN, 2009).
Na figura 2 estão apresentados os resultados de estudos que
encontram ou não efeitos da cafeína sobre o desempenho em exercícios
anaeróbicos e aeróbicos.
Figura 2. Estudos que demonstram ou não efeitos da cafeína sobre o
desempenho físico em exercícios anaeróbicos e aeróbicos. Adaptado de
Altimari et al. (2006a,b).
16
Ainda sobre os efeitos da cafeína sobre o desempenho, as diversas
investigações tem sido relacionadas a atletas profissionais dos mais variados
esportes coletivos (GLAISTER et al., 2008; STUART et al., 2005;
SCHNEIKER et al., 2006; PATON et al., 2001; WOOLF et al., 2009), atletas
de modalidades individuais e contínuas (ciclismo, remo, natação, corridas)
(DOHERTY et al., 2004; MACINTOSH E WRIGHT, 1995; WILES et al., 2006)
e também estudos altamente controlados em ambientes laboratoriais
(ANSELME et al., 1992; COLLOMP et al., 1990; COLLOMP et al., 1991;
GREER et al., 1998; GREER et al., 2006; KANG et al., 1998; WILLIAMS et
al., 1988). Nesse contexto Burke (2008) relata que os principais resultados
com respeito à cafeína encontram-se quando são utilizados atletas de alto
nível como amostra, pois os resultados são mais confiáveis devido à menor
variabilidade de desempenho entre os testes quando realizados por essa
população.
4.2 Capacidade para realizar sprints repetidos (CRSR)
Os esportes coletivos em geral (futebol, hugby, futebol americano,
hockey, etc.) são caracterizados pela realização de diversos sprints máximos,
ou próximos do máximo, de curta duração e com pequenos períodos de
recuperação (AZIZ et al, 2008; GLAISTER et al., 2005). A capacidade de
realizar esses sprints, de modo mais eficiente e com o mínimo de queda de
desempenho durante o jogo, tem sido denominada capacidade para realizar
sprints repetidos (CRSR) (BISHOP et al., 2001; REILLY et al., 2000).
Alguns autores relatam que jogadores com um melhor RSA
conseguem, durante um jogo, realizar sprints em um padrão mais alto do que
jogadores com baixo RSA (BISHOP et al.,2001; MOHR et al, 2003). Dessa
forma tem se constatado que essa capacidade física pode predizer a
performance física dos atletas, sendo que a avaliação e o treinamento da
mesma é importante para o sucesso da equipe (SPENCER et al, 2005).
Nesse sentido, diversos estudos utilizando técnicas de análise de movimento
(time-motion analysis) tem procurado caracterizar as diversas modalidades
coletivas de modo a obter informações a cerca da quantidade, duração,
tempo de recuperação e distância percorrida dos sprints durante uma partida
17
(SPENCER et al., 2005). O`Donoghue (2002), observou uma média
aproximada de 30 sprints com duração de 3s e 28s de recuperação em baixa
intensidade durante jogos de futebol, Bradley et al. (2009) mostraram uma
razão de 1:3 entre a distância percorrida em alta intensidade (> 14,4 km/h)
em relação às corridas em baixa e moderada intensidade. Já Spencer et al.
(2004), encontraram que o hockey é caracterizado por uma frequência média
de 30 sprints com duração de 1,8s. Além disso, a CRSR demonstrou uma
associação entre o desempenho no TSR e maiores distâncias percorridas em
alta intensidade (>19,8 km.h-1) e em sprint (>25,2 km.h-1) durante uma partida
(RAMPININI et al., 2007). Da mesma forma, as variáveis obtidas no TSR
também foram sensíveis em discriminar jogadores de diferentes níveis
competitivos e diferentes posições (AZIZ et al., 2008; IMPELLIZZERI et al.,
2008). O TSR consiste em seis sprints de 40m (20m + 20m, ida e volta)
separados por 20s de recuperação passiva, o teste foi proposto por
Rampinini et al. (2007) e validado por Impellizzeri et al. (2008) os índices de
desempenho deste teste consiste no tempo do melhor sprint a média de
tempo dos sprints e a queda de desempenho ao longo dos sprints que é
denominado índice de fadiga (IF), porém Oliver (2009), demonstrou que o IF
é uma medida pouco reprodutiva para análises em TSRs, dessa forma, a
equação ((TSRmédio/TSRpico)*100)-100) é a mais reprodutível dentre as
utilizadas em diferentes estudos que analisam a CRSR.
18
5. METODOLOGIA
5.1 Amostra
De 24 atletas presentes na categoria sub-15 de uma equipe de futebol
da cidade de Londrina – PR foram selecionados 12 atletas (15,0 ± 1,5 anos;
58,84 ± 9,17 kg; 1,69 ± 0,07 m; 20,91 ± 2,43 kg/m2). Esse projeto contou com
outra coleta de dados realizada simultânea a essa na qual os atletas tiveram
que ser aleatoriamente divididos em dois grupos o qual um deles composto
por 12 atletas quem fizeram parte deste estudo. Como critérios de inclusão,
os indivíduos deveriam ter experiência de pelo menos dois anos na
modalidade e não serem usuários de esteróides anabólicos ou suplementos
nutricionais, essas informações foram obtidas por meio de entrevistas com os
voluntários.
5.2 Delineamento experimental
Os indivíduos realizaram um total de quatro visitas ao local de coleta
de dados. Na primeira visita foram realizadas as medidas antropométricas
(massa corporal e estatura). Nas visitas subsequentes os indivíduos
realizaram o TSR. Não foi necessário realizar a familiarização do teste com
os atletas, uma vez que os mesmos já conheciam os procedimentos e já
haviam sido submetidos ao TSR pelo preparador físico da equipe. O TSR foi
aplicado em três condições diferentes: condição cafeína (CAF), placebo (PL)
e controle (C). Cada teste foi separado por um mínimo de 72 horas.
Cada sujeito teve um horário padronizado entre os dias de testes para
que o mesmo fosse executado no mesmo horário do anterior para evitar
influências circadianas. Os Indivíduos foram orientados também a absterem-
se do consumo de bebidas alcoólicas e substâncias cafeinadas (mate,
chocolate, café, guaraná e refrigerante a base de cola) nas 24 horas
precedentes aos testes na tentativa de evitar possíveis interferências.
19
5.3 Antropometria
A massa corporal (MC) foi medida em balança da marca URANO®,
com precisão de 0,1 kg ao passo que a estatura (E) foi obtida em
estadiômetro de madeira, com precisão de 0,1 cm. Todos os indivíduos foram
medidos descalços, vestindo roupa normal de treino. O índice de massa
corporal (IMC) foi determinado pelo quociente MC/estatura2, sendo a MC
expressa em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).
5.4 Teste para medir a capacidade de realizar sprints repetidos (TSR)
Os atletas se posicionaram atrás de uma linha imaginária demarcada
por uma célula fotoelétrica (Multi Sprint, Hidrofit®) ligada a um computador, e
um cone. Ao sinal do avaliador o indivíduo realizava um sprint de 20 m,
tocava com os pés sobre a linha demarcada e voltava para o início o mais
rápido possível. Após 20 s de recuperação passiva um novo sprint era
iniciado até que se completassem 6 sprints. Antes do início dos sprints os
atletas realizaram um aquecimento padronizado pelo preparador físico da
equipe. Cinco minutos depois do aquecimento os sujeitos começaram o teste
que foi iniciado após uma contagem regressiva de 5 s. Após cada sprint essa
contagem foi realizada para que o indivíduo estivesse preparado na linha
inicial e respeitasse o intervalo de 20 s corretamente. O tempo do melhor
sprint (TSRpico), a média de tempo dos sprints (TSR médio), e a queda de
desempenho ao longo dos sprints (índice de fadiga, IF calculado através da
equação: ((TSRmédio/TSRpico)*100)-100) foram determinados como
medidas de desempenho. Todos os testes foram realizados no campo de
futebol onde os atletas treinam habitualmente.
Previamente ao início do estudo foi realizado um protocolo de
familiarização para minimizar os efeitos de aprendizagem e garantir a
reprodutibilidade do teste. Todos os participantes foram testados em situação
idêntica ao protocolo experimental, em duas diferentes ocasiões. O
coeficiente de correlação intra-classe encontrado foram: 0.90, 0.93 e 0.74
para RSA best, RSA mean e IF(%), respectivamente.
20
5.5 Ingestão de Cafeína
Os atletas selecionados receberam cafeína pura (CAF – 6 mg. kg-1 de
peso corporal) ou placebo (PL - sacarina) preparados e embalados em
cápsulas gelatinosas, cerca de 60 min antes do inicio do TSR. Os atletas
estavam descansando no alojamento se preparando para o treino no qual os
testes foram realizados antes do início do mesmo, dessa forma, nenhum
significativo esforço físico foi realizado durante este período. O processo foi
conduzido em ordem aleatória em sistema duplo-cego, com pelo menos 72 h
de intervalo entre um teste e outro.
5.6 Análise Estatística
A análise dos dados foi realizada por meio do programa SPSS versão
17.0. Foi utilizado para estatística descritiva valores de média e desvio
padrão. Para verificar a esfericidade dos dados recorreu-se ao teste de
Mauchly, caso os dados não se confirmassem com esféricos foram utilizadas
as correções de Grenhouse Geisser. Para estatística inferencial foi utilizado
análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas, P<0,05.
21
6. RESULTADOS
Na tabela 1 estão descritos os dados das variáveis de desempenho no
TSR nas três condições experimentais. Os dados são expressos em média e
desvio padrão. Nenhuma diferença significante (P>0,05) foi encontrada nas
três variáveis analisadas (TSR pico, TSR médio e IF) nas condições
experimentais estudadas.
Tabela 1. Valores médios (± DP) dos parâmetros de desempenho no TSR
nas diferentes condições experimentais n=12.
RSA pico (s) RSA médio (s) IF (%)
Cafeína
Placebo
Controle
7,36 ± 0,18
7,34 ± 0,14
7,37 ± 0,19
7,70 ± 0,22
7,72 ± 0,21
7,71 ± 0,20
4,66 ± 1,88
5,03 ± 1,93
4,61 ± 0,97
TSR pico = melhor sprint, TSR médio = média dos sprints, IF = índice de
fadiga.
A figura 1 traz o tempo médio de cada sprint no TSR nas três
condições experimentais. Foi observado um aumento no tempo para
realização dos sprints, porém esse aumento se deu de maneira muito
próxima entre as condições experimentais de modo que nenhuma diferença
significante foi encontrada (P>0,05).
22
Figura 3. Tempo médio para realização de cada um dos seis sprints no
TSR nas diferentes condições experimentais n=12.
23
7. DISCUSSÃO
Considerando a hipótese de que a cafeína poderia melhora a CRSR
em jovens jogadores de futebol, pelo aumento no recrutamento das unidades
motoras e retardar o processo de instalação da fadiga muscular, o objetivo do
presente estudo foi investigar os efeitos da ingestão cafeína (6 mg.kg-1) sobre
a CRSR em jogadores de futebol. Contudo, esta hipótese não foi confirmada,
uma vez que os resultados demonstraram que a ingestão de cafeína não foi
capaz de melhorar o desempenho dos atletas.
Muitos pesquisadores têm procurado investigar os efeitos da ingestão
de cafeína em protocolos de testes que simulem a condição real da
modalidade, buscando aproximar os testes com características da
competição e, consequentemente aumentar a validade ecológica dos
estudos. Desse modo, o RSAt é previamente validado para medir a CRSR
em jogadores de futebol (IMPELLIZZERI et al.,2007) o que denota a
característica aplicada do estudo.
Em relação a esportes que exigem ações intermitentes como o da
modalidade investigada no presente estudo, nossos achados corroboram
com Woolf et al. (2009), que não observaram melhoras de desempenho em
atletas inexperientes de futebol americano em teste anaeróbico específico da
modalidade após ingestão de cafeína (5 mg.Kg-1). Da mesma forma, Paton
et. al. (2001), não observaram mudanças significativas no desempenho de
atletas de esportes coletivos em protocolo de sprints repetidos realizados
após ingestão de 6 mg.Kg-1 de cafeína. A substância também não foi capaz
de melhorar o desempenho de jovens lutadoras de judô submetidas ao
Special Judo Fitness Test que é um protocolo validado para a modalidade
(PEREIRA et al., 2010).
Em contrapartida, Sehneiker et al. (2006), e também Glaister et al.
(2008) verificaram melhora na capacidade de realização de sprints repetidos
(6 e 5 mg.Kg-1 de cafeína respectivamente), que segundo Spencer et al.
(2005), é um bom preditor de desempenho em modalidades coletivas.
Corroborando com esses achados Stuart et al. (2005), encontraram melhoras
significativas na performance de atletas profissionais de Hugby após ingestão
de 6 mg.Kg-1 de cafeína utilizando o Hugby Test, que foi desenvolvido para
24
avaliar atletas dessa modalidade. Os autores sugerem que os efeitos
observados estão relacionados à ação da substância no SNC que poderia ter
aumentando o drive motor. Já com relação ao futebol, a substância foi capaz
de melhorar a potência de membros inferiores após a ingestão de bebida
cafeinada, houve também um efeito atenuante do processo de instalação de
fadiga muscular uma vez que a melhora de desempenho foi observada antes
e após uma partida de futebol, porém não houve melhoras na agilidade dos
atletas (GUTTIERRES et al., 2009).
Já em esportes contínuos (ciclismo, remo, natação, corridas), os
resultados têm se mostrados satisfatórios em relação ao uso da cafeína.
Nesse sentido, Doherty et al. (2004), em protocolo de tempo contra-relógio de
3 minutos em 11 ciclistas profissionais, observaram que a ingestão de cafeína
(5 mg.Kg-1), aumentou a potência máxima gerada no minuto final do teste.
Em adição, Wiles et al. (2006), também utilizando ciclistas treinados,
observaram após 1 km de tempo contra-relógio, aumentos significativos na
velocidade média, potência pico e potência média após a ingestão de 5
mg.Kg-1 de cafeína. Corroborando com esses resultados Bruce et al. (2000),
submetendo remadores altamente treinados a protocolo de teste altamente
reprodutível de 2000 m, observaram que a ingestão de cafeína (6 ou 9
mg.Kg-1) aumentou significativamente o desempenho dos atletas. Em
contrapartida Skinner et al. (2010), utilizando o mesmo protocolo não
observou melhora de desempenho analisando também remadores treinados
(2, 4 ou 6 mg.Kg-1 de cafeína). Ainda nesse contexto MacIntosh e Wright
(1995), utilizando 4 nadadoras de competição, constataram que elas nadaram
mais rápido uma prova de 1.500 m após a ingestão de 6 mg.Kg-1 de cafeína.
Com relação a estudos realizados em ambientes controlados (ex:
laboratório) com característica anaeróbica, alguns não tem constatado
melhora no desempenho após ingestão de cafeína (COLLOMP et al., 1991;
COLLOMP et al., 1990; GREER et al., 1998; GREER et al., 2006; PEREIRA
et al., 2010; WILLIAMS et al., 1988). Contrariando os estudos supracitados,
Anselme et al. (1992), envolvendo indivíduos não treinados e Kang et al.
(1998), que estudaram um grupo formado por ciclistas profissionais e
estudantes, constataram aumento significativo na potência anaeróbia máxima
25
e na capacidade anaeróbia após ingestão de diferentes doses de cafeína (2,5
e 5 mg.kg-1). E ainda, Simmonds et al. (2010), observaram aumento no tempo
até exaustão mas não no Máximo Déficit Acumulado de Oxigênio (MAOD) em
exercício supra máximo analisando ciclistas treinados. Ao contrário de Bell et
al. (2001), que analisando sujeitos não treinados observaram melhora no
MAOD.
As hipóteses sobre o efeito da cafeína são que a substância pode agir
tanto central quanto perifericamente. Dessa forma alguns estudos com
animais (FAVERO et al. 1997; WILLIAMS 1997) têm demonstrado que a
cafeína pode aumentar a liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático
facilitando o acoplamento de excitação contração. Porém Fredholm et al.
(1999), descarta essa hipótese em humanos, pois a doses necessárias para
tal efeito seriam tóxicas ao organismo. Mas a hipótese de que a cafeína pode
agir perifericamente não pode ser totalmente descartada, já que, Mohr et al.
(1998), ao utilizar sujeitos com lesão a nível medular realizando exercício
com estimulação evocada até exaustão, mostrou aumento de desempenho
após uso de 6 mg/Kg-1 de cafeína, sendo assim, outro fator além da maior
liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático poderia estar envolvido. Nesse
sentido Lynge e Hellsten (2000), mostraram que existem receptores de
adenosina presentes a nível periférico, principalmente os do tipo A2A em
fibras tipo I. Como se sabe, a cafeína atua como antagonista aos receptores
de adenosina, desse modo ela poderia atuar nos receptores periféricos
aumentando o tempo até exaustão como mostrado por Mohr et al. (1998).
Centralmente a cafeína age também como antagonista dos efeitos
inibitórios da adenosina (DAVIS et al. 2003; FREDHOLM et al. 1999), dessa
forma ela é capaz de otimizar o recrutamento de unidades motoras e
aumentar a produção de força máxima, pelo menos em contrações
isométricas (KALMAR E CAFARELLI 1999; PLASKETT E CAFARELLI 2001),
assim, esse mecanismo poderia também aumentar o desempenho em
exercícios dinâmicos. A cafeína influencia também na ação de alguns
neurotransmissores sendo capaz de aumentar a síntese e liberação dos
mesmos em algumas áreas responsáveis pelo controle motor situadas nos
núcleos da base principalmente no corpo estriado e globo pálido (RIBEIRO et
26
al., 2003).. A cafeína também é capaz de alterar o estado de alerta,
disposição e influenciar em fatores motivacionais (FREDHOLM et al. 1999;
RIBEIRO et al. 2003). Mesmo havendo evidências sobre os mecanismos da
cafeína, a mesma pode não influenciar na CRSR, levando em conta
característica do teste no qual ocorrem mínimas variações de desempenho
entre o mesmo, o que explicaria em parte nossos achados.
27
8. CONCLUSÃO
Em resumo, a cafeína não se mostrou capaz de melhorar o
desempenho da CRSR em jogadores de futebol. Embora a substância
influencie o desempenho em alguns tipos de exercício e os efeitos
antagonistas aos receptores de adenosina ser bem evidenciados na
literatura, não fomos capazes de observar esses efeitos no presente estudo.
28
REFERÊNCIAS
ALTIMARI, L.R.; CYRINO, E.S.; ZUCAS, S.M.; BURINI, R.C. Efeitos
ergogênicos da cafeína sobre o desempenho físico. Revista Paulista de
Educação Física, v.14, n.2, p.141-158, 2000.
ALTIMARI, L. R.; MELO, J. C.; TRINDADE, M. C. C.; CYRINO, E. S.;
TIRAPEGUI, J. O. Cafeína e exercício físico aeróbio. Nutrire, v.31, n.1, p.79-
96, 2006a.
ALTIMARI, L. R.; MORAES, A. C.; TIRAPEGUI, J.; MEREAU, R. L. M.
Caffeine and performance in anaerobic exercise. Brazilian Journal of
Pharmaceutical Sciences, v. 42, n.1, p.17-27, 2006b.
ALTIMARI, Leandro R. Efeito da ingestão de cafeína sobre o déficit
máximo acumulado de oxigênio, sinal eletromiográfico dos músculos
superficiais do quadríceps e desempenho físico de ciclistas. 2008. 98f.
Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.
ANSELME, F.; COLLOMP, K.; MERCIER, B.; AHMAIDI, S.; PREFAUT, C.
Caffeine increases maximal anaerobic power and blood lactate concentration.
European Journal of Applied Physiology Occupational Physiology, v.65,
n.2, 188-191, 1992.
ASTORINO, T. A.; ROBERSON, D. W. Efficacy of acute caffeine ingestion for
Short-term high-intensity exercise Performance: a systematic review. Journal
of Strength and Conditioning Research, v.24, n.1, p.257-265, 2010.
AZIZ, A. R.; MUKHERJEE, S; CHIA, M. Y. H.; TEH, K. C. Validity of the
running repeated sprint ability test among playing positions and level of
29
competitiveness in trained soccer players. International Journal of Sports
Medicine, v.29, n.10, p.833-838, 2008.
BISHOP, D.; SPENCER, M; DUFFIELD, R.; LAWRENCE, S. The Validity of a
Repeated Sprint Ability Test. Journal of Science and Medicine in Sport,
v.4, n.1, p.19-29, 2001.
BRADLEY, P. S., MASCIO, M. D., PEART D., OLSEN, P., SHELDON, B.
High-Intensity Activity Profiles of Elite Soccer Players at Different
Performance Levels. Journal of Strength and Conditioning Research,
v.24, n.9, p.2343-51, 2010.
BRUCE, C. R.; ANDERSON, M. E.; FRASER, S. F.; STEPTO, N. K.; KLEIN,
R.; HOPKINS, W.G.; HAWLEY, J. A. Enhancement of 2000-m rowing
performance after caffeine ingestion. Medicine and Science in Sports and
Exercise, v.32, n.11, p.1958-1963, 2000.
BURKE, L.M. Caffeine and sports performance. Applied Physiology
Nutrition and Metabolism, v.33, n.6, p.1319-1334, 2008.
COLLOMP, K.; CAILLAUD, C.; AUDRAM, M.; CHANAL, J. L.; PREFAUT, C.
Effect of acute or chronic administration of caffeine on performance and on
catecholamines during maximal cycle ergometer exercise. Comptes Rendus
des Seances de la Societe de Biologie et de Ses Filiales, v.184, n.1, 87-
92, 1990.
COLLOMP, K.; AHMAIDI, S.; AUDRAN, M.; CHANAL, J. L.; PREFAUT, C.
Effects of caffeine ingestion on performance and anaerobic metabolism during
the Wingate Test. International Journal of Sports Medicine, v.12, n.5,
p.439-443, 1991.
30
DAVIS, J. K.; GREEN, J. M. Caffeine and Anaerobic Performance: Ergogenic
Value and Mechanisms of Action. Sports Medicine, v.39, n.10, p.813-832,
2009.
DAVIS, J. M.; ZHAO, Z.; STOCK, H. S.; MEHL, K. A.; BUGGY, J.; HAND, G.
A. Central nervous system effects of caffeine and adenosine on fatigue.
American Journal Physiology Regulatory, Integregrative and
Comparative Physiology, v.284, n.2, p.399-404, 2003.
DELBEKE, F.T.; DEBACKERE, M. Caffeine: use and abuse in sports.
International Journal of Sports Medicine, v.5, n.4, p.179-182, 1984.
DOHERTY, M.; SMITH, P. M. Effects of caffeine ingestion on exercise testing:
a meta-analysis. International Journal of Sport Nutrition and Exercise
Metabolism, v.14, n.6, p.626-646, 2004.
DOHERTY, M.; SMITH, P.; HUGHES, M.; DAVISON, R. Caffeine lowers
perceptual response and increases power output during high-intensity cycling.
Journal of Sports Science, v.22, n.7, p.637-643, 2004.
ENOKA, R. M.; STUART, D. G. Neurobiology of muscle fatigue. Journal of
Applied Physiology, v.72, n.5, p. 1631-1648, 1992.
FAVERO, T. G.; ZABLE, A. C.; COLTER, D.; ABRAMSON, J. J. Lactate
inhibits Ca(2+)-activated Ca(2+)-channel activity from skeletal muscle
sarcoplasmic reticulum. Journal of Applied Physiology, v.82, n.2, p. 447-
452, 1997.
FITTS, R.H. Cellular mechanisms of fatigue muscle. Physiology Review,
v.74, n.1, p.49-93, 1994.
31
FREDHOLM, B. B.; BATTIG, K.; HOLMEN, J.; NEHLIG, A.; ZVARTAU, E. E.
Actions of caffeine in the brain with special reference to factors that contribute
to its widespread use. Pharmacological Reviews, v. 51, n.1, p.83-133, 1999.
GANIO, M. S.; KLAU, J. F.; CASA, D. J.; ARMSTRONG, L. E.; MARESH, C.
M. Effect of caffeine on sport-specific endurance performance: a systematic
review. Journal of Strength and Conditioning Research, v.23, n.1, p.315-
324, 2009.
GLAISTER, M.; STONE, M. H.; STEWART, A. M.; HUGHES, M.; MOIR, G. L.
The influence of recovery duration on multiple sprint cycling performance.
Journal of Strength and Conditioning Research, v.19, n.4, p.831-837,
2005.
GLAISTER, M.; HOWATSON, G.; ABRAHRAM, C. S.; LOCKEY, R. A.;
GOODWIN, J. E.; FOLEY, P.; MCINNES, G. Caffeine Supplementation and
Multiple Sprint Running Performance. Medicine and Science in Sports and
Exercise, v.40, n.10, p.1835-1840, 2008.
GOMES, M. R.; TIRAPEGUI, J. Relação de alguns suplementos nutricionais e
o desempenho físico. Archivos Latinoamericanos de Nutrição, v.50, n.4,
p.317-329, 2000.
GRAHAM, T.E. Caffeine and exercise: metabolism, endurance and
performance. Sports Medicine, v.31, n.11, p.785-807, 2001.
GREER, F.; MCLEAN, C.; GRAHAM, T. E. Caffeine, performance, and
metabolism during repeated Wingate exercise tests. Journal of Applied
Physiology, v. 85, n.4, p.1502-1508, 1998.
32
GREER, F.; MORALES, J.; COLES, M. Wingate performance and surface
EMG frequency variables are not affected by caffeine ingestion. Applied
Physiology Nutrition and Metabolism, v.31, n.5, p.597-603, 2006.
GUTIERRES, A. P. M.; NATALI, A. J.; ALFENAS, R. C. G.; MARINS, J. C. B.
Efeito ergogênico de uma bebida esportiva cafeinada sobre a performance
em testes de habilidades específicas do futebol. Revista Brasileira de
Medicina do Esporte, v.15, n.6, p.450-454, 2009.
IMPELLIZZERI, F. M., RAMPININI, E. et al. Validity of a repeated-sprint test
for football. International Journal Sports Medicine, v.29, n.11, p.899-905,
2008.
JACKMAN, M.; WENDLING, P.; FRIARS, D.; GRAHAM, T. E. Metabolic
catecholamine, and endurance responses to caffeine during intense exercise.
Journal of Applied Physiology, v. 81, n.4, p.1658-1663, 1996.
KALMAR, J. M.; CAFARELLI, E. Effects of caffeine on neuromuscular
function. Journal of Applied Physiology, v. 87, n.2, p.801-808, 1999.
KALMAR, J. M.; CAFARELLI, E. Caffeine: a valuable tool to study central
fatigue in humans? Exercise and Sport Sciences Review, v.32, n.4, p.143-
147, 2004
KANG, H.; KIM, H.; KIM, B. Acute effects of caffeine intake on maximal
anaerobic power during the 30s Wingate cycling test. American Society of
exercise physiologists: First annual meeting, v.10, n.S804, 1998.
LYNGE, J.; HELLSTEN, Y. Distribution of adenosine A1, A2A and A2B
receptors in human skeletal muscle. Acta Physiologica Scandinavica,
v.169, n.4, p.283-290, 2000.
33
MACINTOSH, B. R.; WRIGHT, B. M. Caffeine ingestion and performance of a
1,500-metre swim. Canadian Journal of Applied Physiology, v.20, n.2,
p.168-177, 1995.
MOHR, M.; KRUSTRUP, P.; BANSGO, J. Match performance of high-
standard soccer players with special reference to development of fatigue.
Journal of Sports Sciences, v.21, p.519-528, 2003.
MOHR, T.; VAN SOEREN, M.; GRAHAM, T. E.; KJAER, M. Caffeine ingestion
and metabolic responses of tetraplegic humans during electrical cycling.
Journal of Applied Physiology, v.85, n.3, p.979-985, 1998.
O` DONOGHUE, P. G. Time-motion analysis of work-rate in English F. A.
Premier League Soccer. International Journal of Performance Analysis of
Sport, v.2, n.1, p.36-43, 2002.
OLIVER, J. L. Is a fatigue index a worthwhile measure of repeated sprint
ability? Journal of Science and Medicine in Sport, v.12, n.1, p.20-23, 2009.
PATON, C. D.; HOPKINS, W. G.; VOLLEBREGT, L. Little effect of caffeine
ingestion on repeated sprints in team-sport athletes. Medicine and Science
in Sports and Exercise, v.33, n.5, p.822-825, 2001.
PEREIRA, L. A.; CURTI, J. O.; CAMATA, T. V.; GONÇALVES, E. M.; LEITE,
S. T.; COSTA, T. G.; GULAK, A.; MAIA, G. B. M.; MORAES, A. C.;
ALTIMARI, L. R. Caffeine does not change the anaerobic performance and
rate of muscle fatigue in young men and women. Medicina Sportiva, v.14,
n.2, p.67-72, 2010.
34
PEREIRA, L. A.; CYRINO, E. S.; AVELAR, A.; SERGANTIN, A. Q.;
ALTIMARI, J. M.; TRINDADE, M. C. C.; ALTIMARI, L. R. A ingestão de
cafeína não melhora o desempenho de atletas de judô. Motriz, v.16, n.3,
p.714-722, 2010.
PLASKETT, C. J.; CAFARELLI, E. Caffeine increases endurance and
attenuates force sensation during submaximal isometric contractions. Journal
of Applied Physiology, v.91, n.4, p.1535-1544, 2001.
RAMPININI, E., BISHOP, D., MARCORA, S. M., BRAVO, D. F., SASSI, R.,
IMPELLIZZERI, F. M. Validity of Simple Field Tests as Indicators as Match-
Related Physical Performance in Top-Level Professional Soccer Players.
International Journal of Sports Medicine, v.28, n.3, p.228-235, 2007.
REILLY, T.; BANSGO, J.; FRANKS, A. Antropometric and physiological
predispositions for the elite soccer. Journal of Sports Sciences, v.18, n.9,
p.669-683, 2000.
RIBEIRO, J. A.; SEBASTIÃO, A. M.; MENDONÇA, A. Adenosine receptors in
the nervous system: pathophysiological implications. Progress in
Neurobiology, v.68, n.6, p.377-392, 2003.
SCHNEIKER, K. T.; BISHOP, D.; DAWSON, B.; HACKETT, L. P. Effects of
caffeine on prolonged intermittent-sprint ability in team-sport athletes.
Medicine and Science in Sports and Exercise, v.38, n.3, p.578-585, 2006.
SICLAIR, C. J. D.; GEIGER, J. D. Caffeine use in sport: a pharmacological
review. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v.40, n.1, 71-79,
2000.
35
SIMMONDS, M. J.; MINAHAN, C. L.; SABAPATHY, S. Caffeine improves
supramaximal cycling but not the rate of anaerobic energy release. European
Journal of Applied Physiology, v.109, n.2, p.287-285, 2010.
SKINNER, T. L.; JENKINS, D. G.; COOMBES, J. S.; TAAFFE, D. R.;
LEVERITT, M. D. Dose response of caffeine on 2000-m rowing performance.
Medicine and Science in Sports and Exercise, v.42, n.3, p.571-576, 2010.
SPENCER, M; LAWRENCE, S.; RECHICHI, C.; BISHOP, D.; DAWSON, B.;
GOODMAN, C. Time–motion analysis of elite field hockey, with special
reference to repeated-sprint activity. Journal of Sports Sciences, v.22,
p.843-850, 2004.
SPENCER, M., BISHOP, D., DAWSON, B., GOODMAN, C. Physiological and
metabolic responses of repeated-sprint activities: Specific to field-based team
sports. Sports Medicine. v.35, n.12, p.1025-1044, 2005.
SPRIET, L. L. Caffeine and performance. International Journal of Sport
Nutrition, v.5 Suppl, p.S84-99, 1995.
STUART, G. R.; HOPKINS, W. G.; COOK, C.; CAIRNS, S. P. Multiple effects
of caffeine on simulated high-intensity team-sport performance. Medicine &
Science in Sports Exercise, v.37, n.11, p.1998-2005, 2005.
SVENNINGSSON, P.; NOMIKOS, G. G.; ONGINI, E.; FREDHOLM, B. B.
Antagonism of adenosine A2a receptors underlies the behavioural activating
effect of caffeine and is associated with reduced expression of messenger
RNA for NGFI-a and NGFI-b in caudate–putamen and nucleus accumbens.
Neuroscience, v.79, n.3, p.753-764, 1997.
36
TARNOPOLSKI, M. A. Effect of caffeine on the neuromuscular system –
potential as an ergogenic aid. Applied Physiology Nutrition and
Metabolism, v.33, p.1284-1289, 2008.
TRICE, I.; HAYMES, E.M. Effects of caffeine ingestion on exercise induced
changes during high-intensity, intermittent exercise. International Journal of
Sport Nutrition, v.5, p.37-44, 1995.
VAN SOEREN, M.H.; GRAHAM, T.E. Effects on metabolism, exercise
endurance and catecholamine responses after withdrawal. Journal of
Applied Physiology, v.85, n.4, p.1493-1501, 1998.
VAN THUYNE, W.; ROELS, K.; DELBEKE, F. T. Distribution of caffeine levels
in urine in different sports in relation to doping control. International Journal
of Sports Medicine, v.26, n.9, p.714–718, 2005.
VAN THUYNE, W.; DELBEKE, F.T. Distribution of caffeine levels in urine in
different sports in relation to doping control before and after the removal of
caffeine from the WADA doping list. International Journal of Sports
Medicine, v.27, n.9, p.745–750, 2006.
WADA. World Anti Doping Agency. The 2004 prohibited list international
standard. Disponível em: http://www.wada-ama.org/en/World-Anti-Doping-
Program/Sports-and-Anti-Doping-Organizations/International
Standards/Prohibited-List/ Acesso em: 01 março 2010.
WALTON, C.; KALMAR, J. M.; CAFARELLI, E. Effect of caffeine on self-
sustained firing in human motor units. Journal of Physiology, v.545, n.2,
p.671-679, 2002
WALTON, C.; KALMAR, J.; CAFARELLI, E. Caffeine increases spinal
excitability in humans. Muscle Nerve, v.28, n.3, p.359-364, 2003.
37
WILES, J. D.; COLEMAN, D.; TEGERDINE, M.; SWAINE, I. L. The effects of
caffeine ingestion on performance time, speed and power during a laboratory-
based 1 km cycling time-trial. Journal of Sports Science, v.24, n.11, p.1165-
1171, 2006.
WILLIAMS, J. H.; SIGNORILE, J. F.; BARNES, W. S.; HENRICH, T. W.
Caffeine, maximal power output and fatigue. British Journal of Sports
Medicine, v.22, n.4, p.132-134, 1988.
WILLIAMS, J. H. Contractile apparatus and sarcoplasmic reticulum function:
effects of fatigue, recovery, and elevated Ca2+. Journal of Applied
Physiology, v.83, n.2, p.444-450, 1997.
WOOLF, K.; BIDWELL, W. K.; CARLSON, A. G. Effect of caffeine as an
ergogenic aid during anaerobic exercise performance in caffeine naive
collegiate football players. Journal of Strength and Conditioning Research,
v.23, n.5, p.1363-1369, 2009.