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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
EM 974 Métodos Computacionais em Engenharia Térmica e Ambiental
Prof. Responsável: Eugênio Spanó Rosa
IDENTIFICAÇÃO
NOME RA Gustavo Lourenço Lopes 085882
Lais Labs Assis 091859
TURMA: A GRUPO: 2
TÍTULO DO TRABALHO Escoamento do líquido na esteira de uma bolha de Taylor
AVALIAÇÃO ETAPA IV
1.
(20%)
Apresentação e Organização: o texto é claro e objetivo, a formatação
do trabalho apresenta o trabalho de forma organizada e de fácil leitura,
as tabelas e gráficos complementam as informações, os gráficos são
claros e objetivos, as variáveis utilizadas foram definidas
propriamente, as variáveis possuem definição das dimensões.
Bom Médio Fraco
2.
(10%)
Introdução: apresentar a motivação que levou a desenvolver o
trabalho, em que área ele se aplica e o objetivo do trabalho, isto é, o
que o grupo pretende alcançar.
Bom Médio Fraco
3.
(10%)
Revisão da Literatura: tomar conhecimento se há trabalhos similares
na literatura, se há dados experimentais disponíveis.
Bom Médio Fraco
4.
(20%)
Implementação no Phoenics: anexar o arquivo Q1 e destacar em texto,
os grupos do Q1 que contêm as maiores contribuições do
desenvolvimento do projeto. Deixar claro o domínio computacional,
as condições de contorno empregadas e as propriedades dos materiais.
Bom Médio Fraco
4.
(20%)
Resultados numéricos: apresentar teste de malha e os resíduos
numéricos. Apresentar os resultados numéricos em termos de gráficos
do problema juntamente com um texto explicando o significado dos
gráficos.
Bom Médio Fraco
5.
(20%)
Análise: nesta seção o grupo vai interpretar os resultados obtidos para:
fundamentar como se comporta o fenômeno estudado e tirar
conclusões de projeto. Por último é apresentado uma conclusão geral
do trabalho.
Bom Médio Fraco
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1. Motivação:
O escoamento gás-líquido pode ser entendido como a coexistência de duas fases no mesmo
escoamento, ou seja, um líquido escoando junto com gás em forma de bolhas. Seu estudo se torna
importante uma vez que, numa situação de escoamento de petróleo numa plataforma marítima, por
exemplo, o óleo escoa através do riser por longas distâncias (que podem chegar a cerca de 2000 metros)
até atingir a plataforma; porém, durante esse percurso, a presença de bolhas no óleo acabam gerando
regiões de instabilidade, umas vez que tais bolhas podem se coalescer formando o que chamamos de
esteira.
O presente trabalho tem por motivação estudar o comportamento de esteira formado por uma
bolha de Taylor através de modelos computacionais simulados no software PHOENICS e compará-los
com dados de literatura.
2. Objetivos:
Este trabalho tem por objetivo simular e entender o escoamento de um líquido no interior de um
tubo na presença de uma bolha de formato alongado (conhecida como bolha de Taylor). Para a realização
de tais estudos será realizado um modelo de simulação no software Phoenics 2010 e serão analisados os
seguintes pontos:
a) Traçar as linhas de corrente referentes ao escoamento.
b) Será obtido o perfil de velocidades radiais, bem como gráficos da velocidade axial ao longo da
distancia Z do tubo no centro e na parede do mesmo.
c) Traçar o gráfico de na parede do tubo ao longo de seu comprimento.
d) Traçar velocidades radiais para diferentes pontos do tubo
e) Estabelecer regiões de recirculação
f) Determinar ponto de estagnação do escoamento
3. Teoria:
O estudo de escoamento gás-líquido em golfadas, conhecido como slug flow, será a base do estudo na
análise de nosso problema. Esse tipo de escoamento, quando submetido a certas condições de vazão de
água e pressão de ar, produzirá o que chamamos de “bolhas de Taylor”, que apresentam como
característica a presença de um corpo alongado e sua parte inferior chapada, ou seja, reta.
Existem diversos tipos de escoamento bifásico líquido/gás, dentre os quais podem-se citar: bolhas,
pistões, agitante e anular, porém o presente estudo dará ênfase somente no padrão “pistonado” no qual as
bolhas de Taylor se fazem presentes.
Considerando uma tubulação vertical, as velocidades existentes para a região da bolha estão
mostradas na figura abaixo, onde Uf é a velocidade do filme de líquido, Ut a velocidade do nariz da bolha
e J a velocidade da mistura gás-líquido.
Para a determinação de cada velocidade representada na figura, temos as seguintes
expressões:
Razão entre área de gás (Ag) e área total (At):
⁄ Eq. (1)
Velocidade de translação da bolha (segundo Zukoski):
√
Eq. (2)
Onde para a equação (2) temos que “J” é a soma das velocidades superficiais de cada
fase, “Co” e “C” são constantes adimensionais, g é a aceleração da gravidade (9,81 m/s2) e “D” o
diâmetro do tubo. Co= 1,2 para escoamentos turbulentos, e a expressão para C é dada pela
equação (3):
Eq. (3)
( )
Eq. (4)
Com σ sendo a tensão superficial líquido-gás.
Durante todo o processo de construção do projeto, o modelo empregado para análise levará em
conta um referencial móvel localizado na parte superior do pistão de líquido, de maneira a facilitar o
entendimento do problema, bem como sua simulação em computador. Para tanto será empregado um
referencial cuja velocidade é numericamente igual à velocidade de subida da bolha, Ut , e com isso o
perfil de linhas de corrente que se espera verificar é o estabelecido na figura seguinte:
Figura 1 - Escoamento pistonado
A análise da figura acima nos ajuda a verificar que há uma região abaixo da bolha na qual, se
houver outra bolha, ocorrerá um processo de interação entre ambas e aquela localizada mais abaixo (e de
menor tamanho) acelerará e coalescerá na de maior tamanho. Isso significa dizer que na ocorrência de tal
processo se faz presente um fluxo não estável.
Em contra partida pode-se estabelecer e estudar a distância mínima entre duas bolhas
consecutivas na qual o fenômeno de esteira não terá mais efeito. Para esta distância utiliza-se a sigla
“LSTAB”. Estudos mostram que para o caso de escoamento turbulento (justamente o caso que será
estudado) o comprimento estável é dependente apenas da seguinte expressão:
⁄ Eq. (5)
Ainda com relação a região de esteira, é sabido (como dito anteriormente) que tal fenômeno pode
influenciar na velocidade da bolha seguinte. O comprimento de esteira Lw é dependente de uma função Nf
que por sua vez é função do diâmetro da tubulação e da viscosidade cinemática do líquido. As relações
para a determinação de cada função estão representadas através das equações (6) e (7).
Eq.(6)
Eq. (7)
Vale ressaltar que a equação (7) só é válida quando se tem Nf na faixa entre 100 e 500, e se
Nf<1500 o comprimento LSTAB aumenta com o aumento de Nf.
Moissis e Griffith (1962) foram os primeiros a estudar o comportamento de fluxo pistonado,
notando que a velocidade de bolha é afetada pelo perfil de velocidade do líquido a frente da bolha. A
figura a seguir representa o perfil de velocidade formado atrás da bolha em função da distância radial e
axial.
Figura 2 - Linhas de corrente para um sistema com velocidade Ut
Figura 3 – distribuição de velocidade atrás da bolha. Moissis et. Al. (1962)
4. Metodologia numérica.
A simulação do problema foi realizada utilizando-se o software Phoenics 2010. Para tal, utilizou-
se o sistema de coordenadas cilíndrico-polar, tendo seu eixo axial paralelo a direção z, e o inicio da bolha
localizado em z=0 e, portanto, sobre o eixo x-y. Para uma melhor análise, tendo em vista resultados
obtidos em trabalho de G. A. Alves Fávaro: “Escoamento de líquido na Esteira de uma bolha de Taylor”,
escolheu-se utilizar um comprimento de tubo igual a 12 vezes o seu diâmetro. As principais
características do modelo simulado bem como suas condições de contorno encontram-se a seguir:
4.1. Modelo Simulado
Modelo de turbulência: KE Low- Reynolds
Diâmetro do tubo: 26mm
Velocidade da mistura: 3 m/s
Malha: NX= 1; NY= 55; NZ= 124
Fluido de trabalho: água a 20ºC
Figura 4 – modelo a ser simulado
4.2. Condições de contorno
Com relação às condições de contorno, foi necessário calcular de antemão outros
parâmetros como velocidade no nariz da bolha (Ut), velocidade do líquido (Uf) e a espessura do
filme (δ) de acordo com a equação (2) e as a seguir:
√ Eq.(8)
Eq. (9)
⁄ Eq.(10)
Através de um processo iterativo, onde se variou os valores de e calculou-se de
acordo com as expressões acima, foi possível traçar dois gráficos de maneira que seu cruzamento
resulta exatamente no valor de para nossa condição de diâmetro e velocidade de mistura, e a
partir desse foi possível determinar a espessura de filme. O gráfico a seguir mostra um exemplo
deste processo, seguido de uma tabela já com os valores calculados para as condições de contorno
utilizadas futuramente.
Gráfico 1: Eq. de Brotz vs Eq. de balanço de massa
Tabela 1: Condições de contorno
Assim, de acordo com a consideração anterior de sistema não estacionário, mas com
velocidade , aplicou-se uma velocidade de 5,16 m/s ( ) na direção axial no “inlet”
(região de entrada), e 3,77 m/s na parede do tubo e uma saída a pressão atmosférica.
D (mm) J (m/s) alfa sigma (mm) Ut (m/s) Uf(ms)
26 3 0.851 1,01 3.77 1.39
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
0,7 0,8 0,9
Uf
(m/s
)
alfa
Eq. De Brotz
Eq. Balançode massa
4.3. Convergência do Sistema
Devido a problemas relacionados com a convergência do sistema, foi-se obrigado a
utilizar um método que forçasse o resultado. Para tanto, antes de simular o modelo em regime
permanente, foi feito uma simulação em regime transiente entre os instantes 0 e 0,005 s
(divididos em 1000 “steps”) com o intuito de se obter valores iniciais de cada parâmetro para
então ser simulado em regime permanente, de maneira a se obter uma melhor convergência do
sistema. A simulação em regime transiente foi realizada até notarem-se resíduos baixos (cerca de
2% no máximo para cada parâmetro, como pode ser observado na figura abaixo) e então utilizou-
se os dados gerados no arquivo “phi” para iniciar a simulação em regime permanente (com 10000
iterações).
Figura 5 – Resíduos de sistema transiente para inicialização de simulação em regime permanente
Tempo estimado de simulação modelo transiente: 2h 30min
Tempo estimado de simulação modelo permanente: 1h 10min
5. Resultados obtidos.
Através da análise de campo de velocidades (figura 6) na direção axial, é possível observar que os
resultados foram de acordo com o esperado. Nota-se claramente a presença de regiões de recirculação no
domínio da esteira (apresentados na figura por velocidades negativas, no sentido oposto ao fluxo de
entrada, localizada na região inferior direita da figura 6). Percebe-se ainda que a velocidade do fluxo tem
uma menor variação a partir de uma distância de aproximadamente 1/5 da base da bolha, caracterizando
um inicio de fluxo desenvolvido a partir de tal posição (porém, como veremos mais adiante, para as
condições estudadas o desenvolvimento pleno não foi obtido neste projeto).
Figura 6 – campo de velocidades axial
Na figura (7), através da representação das linhas de corrente, fica mais clara a região de
formação de vórtices. Nessa figura é possível observar o caminho realizado pelo fluido logo após passar
pela bolha Taylor e fica evidente nessa região que o fluido recircula por esta zona como resultado da
iteração fluido gás na entrada do sistema.
Figura 7 – linhas de corrente na direção axial
O gráfico 2 mostra a variação da velocidade axial no centro do tubo. A pequena faixa de
velocidade igual a zero é a parte do domínio onde temos a bolha propriamente dita. Em seguida temos a
região da esteira, logo abaixo da bolha, caracterizada pela região de recirculação (velocidades negativas)
e pela variação da velocidade. Vale ressaltar que um domínio de comprimento de 12 vezes o diâmetro do
tubo não foi suficiente para se obter a condição de fluxo desenvolvido. Isso pode ser evidenciado ainda
pelo gráfico 2, uma vez que a velocidade do fluido não chega a ficar constante (denotando que o sistema
se estabilizou). Essa condição de fluxo desenvolvido talvez fosse obtido se o comprimento do tubo fosse
um pouco maior e o a malha um pouco mais refinada na direção axial “z”.
Gráfico 2 – velocidade axial no centro do tubo
É possível observar a existência de um ponto de estagnação, onde a velocidade é zero, o qual se
localiza a aproximadamente z=0,084040m. Isso significa que neste ponto o fluido está estagnado, ou seja,
está parado (imóvel).
Plotou-se também a velocidade do fluido na parede ao longo de todo o comprimento do tubo
(direção axial). Observando o gráfico (3) percebemos que, próximo a entrada, a velocidade axial é de
-5.17m/s conforme esperado pois esta é a velocidade do inlet, tendendo para um valor constante a medida
que percorre o tubo em direção a saída. O fato de as velocidades serem sempre positivas significa que
nessa região não ocorre recirculação.
Gráfico 3 – velocidade axial na parede
A seguir é possível observar as velocidades radiais em cinco volumes distintos; a curva se inicia
no centro do tubo em direção a parede.
Figura 8 – perfis radiais para os volumes localizados a z/D = 2; 3; 4; 5 e 6 (ordenadas da esquerda para a direita, de
cima para baixo)
A fim de se observar melhor os perfis acima, plotou-se num mesmo gráfico os perfis para as
distancias axiais de z/D = 2, 3, 4, 5 e 6. O resultado pode ser notado a seguir. Nota-se a presença de
regiões com velocidades negativas para os perfis z/D= 2 e 3, já para os demais esse perfil é sempre
positivo, denotando que em tais localizações o efeito recirculação não se faz presente.
Figura 9 – Perfis de velocidades axiais em função de r/R para diferentes distancias axiais
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
r/R
z/D=2
z/D=3
z/D=4
z/D=5
z/D=6
Encontramos também a curva que mostra a tensão de cisalhamento na parede do tubo variando
com a distância da base da bolha (gráfico 4). Nota-se que na região final do tubo é obtido um valor de τ/ρ
= 0,024. Segundo o valor analítico encontrado por G. A. Alves Fávaro, para o caso de D=26mm e J=3m/s
temos um τ/ρ= 0,021. Comparando os dois resultados é notável que não se atingiu plenamente o objetivo
com boa precisão uma vez que o valor simulado é cerca de 14,3% maior que o teórico, talvez uma malha
mais refinada obteria melhores resultados.
Gráfico 4 – tensão de cisalhamento na parede do tubo
6. Conclusões
A partir da observação do gráfico 2 nota-se que, apesar de termos aumentado o comprimento do tubo
do valor de 8 vezes o diâmetro, utilizado no trabalho de G. A. Alves Fávaro, para 12 vezes, ainda não foi
atingido o desenvolvimento pleno do sistema. A velocidade axial no final do tubo ainda apresenta uma
pequena taxa de queda, sendo notável, no entanto, que tende a estabilizar-se. É recomendável para
estudos futuros que se aumente o comprimento do tubo até que se atinja um valor constante de velocidade
axial no seu centro. Este indício de não estabilização do sistema levanta a hipótese de que poderíamos
também obter um valor mais próximo de τ/ρ= 0,021 na parede, que é o valor analítico para um
escoamento num cilindro, caso aumentássemos o comprimento do tubo. Contribuiria também para essa
aproximação um maior refinamento de malha, uma vez que a dimensão na direção “z” é 12 vezes maior
que a na direção “y”, o que exige este maior refino a fim de se obter menores erros.
Ressalta-se o método de convergência utilizado, que gera os valores iniciais da simulação em regime
permanente a partir da simulação em regime transiente dos primeiros milésimos de segundo do
escoamento. Essa estratégia de convergência foi de crucial importância para a obtenção de uma curva
coerente da variação da tensão de cisalhamento na parede com a distância da base da bolha, e recomenda-
se sua utilização em trabalhos futuros.
Referências bibliográficas:
1. Trabalho de graduação II – G. A. Alves Fávaro; “Escoamento de líquido na Esteira
de uma bolha de Taylor”;
2. T.S. Mayor, A.M.F.R. Pinto, J.B.L.M Campos; “Vertical slug flow in laminar regime
in the liquid and turbulent regime in the bubble wake – Comparison with fully
turbulent and fully laminar regimes”;
3. C. Aladjem Talvy, L. Shemer, D. Barnea; “On the interaction between two
consecutive elongated bubbles in a vertical pip”;
4. Taha Taha, Z.F. Cui; “CFD modelling of slug flow in vertical tubes”.
5. Site www.fem.unicamp.br/~phoenics