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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE JUSSARA LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA JOELMA RIBEIRO DOS SANTOS A MAÇONARIA EM MONTES CLAROS DE GOIÁS (1977-2007) JUSSARA – GO 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE JUSSARA

LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

JOELMA RIBEIRO DOS SANTOS

A MAÇONARIA EM MONTES CLAROS DE GOIÁS (1977-2007)

JUSSARA – GO

2008

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Joelma Ribeiro dos Santos

A MAÇONARIA EM MONTES CLAROS DE GOIÁS (1977 – 2007).

Monografia apresentada como requisito para conclusão da disciplina de Técnica de Pesquisa no curso de Licenciatura Plena em História, pela Universidade Estadual de Goiás - UEG - Unidade Universitária de Jussara – GO, sob a orientação da professora Ordália Cristina Gonçalves Araújo.

JUSSARA – GO

2008

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A todos que contribuíram para que este trabalho pudesse chegar a seu estágio final. É

verdade que todos que passam por nós deixam um pouco de si e levam um pouco de nós. Vou

embora, mas ficará a saudade e a lembrança, por que longe é um lugar que não existe.

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AGRADECIMENTOS

Fazer agradecimentos não é uma tarefa fácil após quatro anos de convivência. São

tantas pessoas que merecem ser agradecidas que palavras se tornam pouco para fazê-los.

Neste momento agradecer ganha um novo sentido, ou seja, se torna despedir de anônimos que

representam figuras importantes nesta jornada. E para aqueles que conviveram com nossa

ausência e nós com a deles, chegou o momento de desfrutar da companhia um do outro. Desta

forma quero deixar meus sinceros agradecimentos.

A Deus, por me dar vida e saúde;

Ao meu marido, pelo carinho e compreensão;

A minha família, pelo apoio e incentivo;

Aos meus colegas, pelos momentos de descontração;

Aos meus professores, por me indicarem um caminho;

A minha orientadora pela paciência e ajuda;

E a todos que diretamente ou indiretamente me auxiliaram na construção deste

trabalho, meu muito obrigado!

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O principio que leva o homem a agir é o coração, são as suas paixões e os seus desejos. A imaginação é a faculdade especifica em cujo lume as paixões se acendem, sendo a ela, precisamente, que se dirige a linguagem enérgica dos símbolos e dos emblemas.

(BACZKO, 1996, p.301)

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RESUMO

Este trabalho busca analisar aspectos gerais sobre a maçonaria, fazendo um estudo sobre o seu surgimento, sua introdução no Brasil e a criação da primeira loja maçônica em Goiás, a qual foi construída na então capital do estado, Cidade de Goiás. Ainda abordaremos na pesquisa, a loja maçônica de Montes Claros de Goiás, Vale do Rio Claro, bem como a arquitetura e simbologia que envolve as lojas maçônicas, para desta forma obtermos um melhor entendimento sobre o assunto. Pretendemos também, compreender porque a maçonaria é vista como uma instituição que no imaginário coletivo da sociedade dá a seus membros status social, levando-a, por esse motivo ao topo da hierarquia social. Assim, o objetivo desta pesquisa é compreender o que realmente vem a ser uma loja maçônica e o maçom. Palavras-chaves: Maçonaria, Instituição e Imaginário.

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LISTA DE ILUSTAÇÕES

FOTO 1 – Antigo templo maçônico em Montes Claros de Goiás 36

FOTO 2 – Novo templo maçônico em Montes Claros de Goiás 41

FOTO 3 – Interior da Loja Vale do Rio Claro 58

FOTO 4 – Teto da Loja Vale do Rio Claro 59

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Venerável na Loja Vale do Rio Claro 42

QUADRO 2 – Membros iniciados na Loja Vale do Rio Claro 45

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPITULO I: MAÇONARIA: ORIGEM E DIFUSÃO 14

1.1 – Aspectos gerais sobre a maçonaria 14

1.2 – O surgimento da maçonaria 15

1.3 – A introdução da maçonaria no Brasil 20

CAPITULO II: UM OLHAR SOB A MAÇONARIA E O MAÇOM 30

2.1 – A primeira loja maçônica em Goiás 30

2.2 – Histórico da Loja Vale do Rio Claro, em Montes Claros de Goiás 32

2.3 – Maçonaria e Imaginário 46

2.4 – Simbologia maçônica 54

CONSIDERAÇÕES FINAIS 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64

ANEXOS 67

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo elaborado acerca da maçonaria, tratando

especificamente da Loja Vale do Rio Claro, em Montes Claros de Goiás, no período

correspondente aos anos de 1977 a 2007. Este tema foi escolhido por se tratar de um assunto

interessante, que desperta a nossa curiosidade, pois quando era criança sempre ouvia as

pessoas relacionando a maçonaria a um bode preto. A escolha do recorte se deve ao fato de

ser a cidade onde nasci e cresci. Quanto ao período, este foi selecionado por compreender o

espaço de tempo de existência da loja maçônica na referida cidade. Ela foi inaugurada em 07

de setembro de 1977 completando trinta anos de existência em 2007.

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a estrutura organizacional da loja maçônica

citada acima. Dentre outros objetivos, desejamos compreender a maçonaria em Montes Claros

de Goiás, analisar sua arquitetura e simbologia, discutir a ligação da mesma com a elite social

e classificar a loja maçônica e o maçom, para melhor entende-la.

Mas, se tratando de um tema como a maçonaria é fato ser difícil falar sobre ela, devido

ao seu caráter secreto ou mesmo sigiloso. Portanto, existem alguns problemas que nortearam

nossa pesquisa os quais nós buscamos responder no decorrer do trabalho, dando a eles mais

sentido. São eles: Como a maçonaria chegou a Montes Claros de Goiás? Qual o significado da

arquitetura e simbologia nas lojas maçônicas? Por que a maçonaria é vista como algo da elite

social? O que é uma loja maçônica e um maçom?

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Na elaboração da fundamentação teórica desta pesquisa foram discutidos aspectos que

envolvem a maçonaria de um modo geral, assim como os conceitos das palavras maçonaria,

instituição e imaginário, todos relacionados ao tema do trabalho.

Tatiana Almeri (s d, p. 38) comenta sobre o fato de pessoas quererem manter secreta

uma instituição que hoje não passa de discreta. Este é um fato importante que deve ser

analisado em virtude de que isto fez com que ela se tornasse pouco conhecida ou até ignorada

pela grande maioria das pessoas que, não conhecendo sua participação nos acontecimentos

mundiais, criaram uma forma de prevenção devido ao não conhecimento do que realmente

vem a ser a maçonaria. Assim, dentro desta pesquisa buscaremos fazer alguns esclarecimentos

em relação a esta instituição.

Definir o que é a maçonaria não é uma tarefa fácil, pois ela vem sendo ao longo de sua

existência, considerada como religião, filosofia, centro de conspirações, sociedade secreta ou

não-secreta. O que se pode afirmar é que existe um segredo que ela foi capaz de guardar e que

apenas os iniciados compartilham. É este segredo ou sigilo que a torna tão interessante. Como

analisa Barata: “estudar a maçonaria é como caminhar em um pântano, pois ela possui um

caráter secreto, vocabulário específico, ritos e simbolismo, além de um reduzido número de

estudos acadêmicos sobre o tema e vasta historiografia maçônica” (BARATA, 1994, p. 79).

Para conceituar maçonaria, foi utilizada a autora Ângela Vianna Botelho, que a define

como “associação caracterizada pelo espírito de fraternidade que, liga entre si os maçons de

todo o mundo” (BOTELHO, 2002, p. 111). Desta forma a maçonaria se torna universal e

através dela todos os maçons seguem as mesmas regras.

Sabemos que a maçonaria é uma instituição de difícil compreensão, sendo preciso

buscar uma definição acerca da palavra instituição. Ela já foi definida como “um padrão de

controle, ou seja, uma programação da conduta individual imposta pela sociedade”

(BERGER; BERGER, 1981, p.193). Assim, qualquer grupo de pessoas que se organize entre

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si, pode ser considerado como uma instituição. Mas quando se trata da maçonaria esta tarefa

parece ser mais complicada, pelo fato de que a mesma está envolta de um véu sigiloso, sendo

por isso, uma fonte de curiosidade de muitos.

Para a definição de instituição, Peter Berger e Brigitte Berger que diz que ela é uma

“organização que abranja pessoas” (BERGER; BERGER, 1981, p. 193). Assim, a maçonaria

é o lugar onde os homens maçons se reúnem para discutir vários assuntos e para a realização

de seus estudos filosóficos. O historiador Bronislaw Baczko apresenta o imaginário como,

“uma peça efetiva do dispositivo de controle de vida coletiva e, em especial, do exercício da

autoridade e do poder” (BACZKO, 1996, p. 310). Sendo, que a maçonaria tem o poder de

despertar o imaginário da sociedade.

No desenvolvimento desta pesquisa foram utilizadas bibliografias de autores maçons e

não maçons, assim como alguns textos e artigos retirados de sites da internet e outros. Além

de entrevistas, conversas, análise de documentos e constituições. As metodologias utilizadas

têm o intuito de fazer uma discussão sobre a história da maçonaria, levando-nos a

compreender-la desde a sua origem até a atualidade.

No que diz respeito à estrutura da monografia, ela está dividida em dois capítulos. No

primeiro refere-se aos aspectos gerais da maçonaria, discutindo vários assuntos que dizem

respeito a ela, assim como ao maçom de um modo geral. Abordaremos o surgimento da

maçonaria, suas principais características e a sua introdução no Brasil.

Quanto ao segundo capitulo falaremos sobre a primeira loja maçônica fundada em

Goiás, em 1835, Loja Azilo da Razão. Trabalharemos a maçonaria em Montes Claros de

Goiás, levantando todos os tipos de dados para fazer uma análise sobre a fundação da loja

maçônica Vale do Rio Claro. Discutiremos sobre o imaginário da sociedade montesclarense

comparando as visões das pessoas que integram a maçonaria e as que não a integram. Ainda

analisaremos a arquitetura e a simbologia maçônica.

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A partir destes pontos pretendemos em nossa pesquisa tornar claro todos os aspectos

relacionados à maçonaria que estiverem ao nosso alcance, não só para nós, mas para aqueles

que se interessarem pelo tema. Sendo importante destacar sempre que a maçonaria ainda

conserva o caráter secreto, dificultando a pesquisa sobre ela.

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CAPÍTULO 1 MAÇONARIA: ORIGEM E DIFUSÃO

Neste capitulo, serão trabalhados aspectos que tratam da maçonaria de um modo geral,

seu surgimento e a sua introdução no Brasil. Para isto, utilizaremos leituras bibliográficas que

contribuíram de forma significativa para este trabalho, nos fornecendo dados e informações

sobre a origem e difusão da maçonaria pelo mundo.

1.1 Aspectos gerais sobre a maçonaria

É uma tarefa difícil para qualquer pesquisador que não seja maçom falar sobre a

maçonaria devido ao fato de existirem poucas referências de autores não maçons. Alguns

pesquisadores colocam que o que se sabe sobre a maçonaria e sua origem diz respeito às

corporações de mestres pedreiros, na Idade Média. Com isto, iniciamos nossa pesquisa

tratando de definir a maçonaria. Para podermos através de seus estudos a entendermos de

maneira mais clara, além dos fatores que impulsionaram o seu desenvolvimento.

José Carlos de Almeida Filho define a loja maçônica como “uma associação de caráter

essencialmente maçônico–filosófico, filantrópico, educativo e progressista e não visa e jamais

poderá visar finalidades lucrativas” (ALMEIDA FILHO, 2000, p. 06). Nela é proibido

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qualquer tipo de discussão político-partidária, racial ou religiosa. O autor usa no intuito de

defini-la os seguintes postulados1 (2000, p. 06).

1- A Maçonaria crê e proclama o principio impessoal do Grande Arquiteto do Universo (Deus) como fonte de prevalência do espírito sobre a matéria e sem o qual nenhum candidato será admitido em seu selo. 2- Adota e propaga as doutrinas maçônicas que visam alcançar, pelos meios pacíficos da instrução e do exemplo, o aperfeiçoamento moral e intelectual do homem em todos os setores de sua atividade. 3- Recomenda o culto da Pátria e exige o respeito absoluto à Família. Aquela, o berço acrescido, o lar comum, a força vital; esta, o sustentáculo moral das coletividades politicamente organizadas. 4- Considera o homem segundo a direção que dá à sua vida, entendendo como condição de paz universal o respeito mútuo de indivíduo a indivíduo, de povo a povo, de Estado a Estado. 5- Honra o trabalho em todas as suas formas honestas e tem-no por dever ao qual ninguém deve escusar-se sem justa causa, especialmente o maçom, obreiro que é da Arte Real. 6- Repele qualquer recurso à força ou à violência e não emprestará solidariedade ao menor desrespeito às autoridades públicas ou às Leis do País. 7- Não impõe limites à livre e consciente investigação da verdade em prol da doutrina e do aperfeiçoamento de seus adeptos. 8- Não limita a prática da beneficência e dos auxílios materiais; mas, a estes sobrepõe o primado do amparo moral em todas as oportunidades dignas dele. 9- Ensina que a democracia, no conceito maçônico, tem acepção filosófica diferente do sentido meramente político. Ninguém é livre contra a Verdade, contra a Evidência, contra a Necessidade. O maçom jamais será voluntariamente escravo da ignorância, da falsidade ou do erro. 10- Na comunhão social da Maçonaria, o valor é tido como dote de alto preço. 11- Todo pensamento maçônico deve ser criador, porque isso engrandece o espírito e enobrece o coração (ALMEIDA FILHO, 2002, p. 06).

Com estes postulados, o autor Almeida Filho vem reafirmar a maçonaria como ela se

define, ou seja, uma instituição de caráter filosófico, educativo e sem fins lucrativos que age

pensando no outro sem querer se promover, seguindo os ensinamentos daquele que ela chama

de O Grande Arquiteto do Universo.

1 Princípio não demonstrado de um argumento ou teoria.

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1.2 O surgimento da maçonaria

No que se refere ao surgimento da maçonaria, existem escritos referentes ao ano de

1510 como o ano em que foi conhecida uma entidade mística na Ásia com o nome de

Cavaleiros de São João, sendo que já existiam várias sociedades secretas possuindo o caráter

maçônico. Um dos registros que causou grande discussão entre os maçons era o “Registro de

Colônia,” com data de 1535, no qual é citada a Ordem de São João.

Este documento testemunha também que esta era uma sociedade secreta, conhecida em várias partes do mundo, e já existente antes de 1440, sob o nome de “Fraternidade de São João,” e desde então, até 1535, tivera o título de Ordem de Maçonaria de São João ou Fraternidade Maçônica (COOPER-OAKLEY, s.d, p. 37).

Segundo as afirmações da autora Isabel Cooper-Oakley, vemos que antes do

surgimento da maçonaria que temos hoje, já havia várias sociedades secretas espalhadas pelo

mundo com o mesmo caráter secreto, os quais foram se moldando com o tempo e se

transformando até se tornar a instituição tal qual a conhecemos hoje. Em 1717, a maçonaria é

reformada e recomposta, data da moderna maçonaria, a qual é aceita pelos maçons

materialistas, não místicos. Ela se torna, contudo mais ateísta, deixando um pouco de lado sua

crença em Deus e mais democrática nas suas tendências.

Contudo, “a origem da palavra maçom vem do inglês, mason, que quer dizer pedreiro”

(A ORDEM, 2005). Fato que fortalece a crença de que os primeiros integrantes da

organização estavam ligados à arte da construção. Desse modo é que pesquisadores

independentes acreditam que a origem da maçonaria moderna está nas corporações de oficio,

ou seja, uma espécie de sindicatos da Idade Média.

A maçonaria é definida pelo Dicionário histórico Brasil – Colônia e Império, como

uma “associação caracterizada pelo espírito de fraternidade que, através de uma cadeia

universal, liga entre si os maçons de todo o mundo" (BOTELHO, 2002, p. 111). Sendo que

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sua origem, ao que tudo indica, está ligada às corporações de mestres pedreiros e construtores

de templos e catedrais na Idade Média, sofrendo influências da Igreja Católica.

Essa sociedade de operários especializados, reunidos em confrarias de mútuo socorro, formou a “venerável Companhia dos Freemasons” sendo a primeira solidariedade de ordem religiosa, de culto a um determinado santo padroeiro, para o qual se construía uma capela (BOTELHO, 2002, p. 111).

A maçonaria começa a se espalhar pela Europa, a partir do século XVIII, onde ela era

moldada de acordo com cada sociedade em que era introduzida. Mas foi na França que ela

encontrou o lugar perfeito para divulgar seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade,

devido às transformações sociais pelas quais passava a sociedade neste momento. Surgia a

moderna maçonaria segundo Ângela Vianna Botelho, onde eram purificados os ritos, os

graus, o cerimonial, a liturgia, a doutrina e a filosofia. A maçonaria é dividida em 33 graus,

onde o 1º grau é aprendiz, o 2º é companheiro e o 3º é o mestre que pode exercer qualquer

cargo eletivo. A partir do 4º grau, existem graus de estudos filosóficos, onde o “irmão”

responde a um questionário quando se sente preparado.

Mas é sabido que até a maçonaria chegar a ser o que hoje ela é, teve que passar por

algumas mudanças no decorrer dos anos, ou seja, de maçonaria Operativa a Especulativa.

Assim, como ressalta o autor Cláudio Roque Buono Ferreira, no que se refere à maçonaria, no

caso a Operativa os autores são divergentes quanto a sua data de aparecimento. De inicio, era

composta por corporações operárias que se ocupavam das construções de edifícios sacros,

como as catedrais.

Os maçons operativos do século XIV em relação a outras categorias de oficio tinham certos privilégios especiais. Entre os vários privilégios, citamos os de estarem livres da servidão feudal, que lhes garantiam liberdade de locomoção e o direito de se reunirem em suas Lojas, bem como a redução ou isenção de seus impostos (FERREIRA, 1998, p. 20).

Continuando, o mesmo autor diz que os maçons operativos possuíam seus segredos.

Sendo eles exclusivos para os membros associativos, onde alguns eram relacionados aos seus

ofícios, como as palavras de passe, saudação e os sinais de reconhecimentos. “Estes segredos

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profissionais eram guardados no mais profundo sigilo para a garantia da manutenção de seus

direitos especiais” (FERREIRA, 1998, p. 20).

Na maçonaria Operativa, como afirma Ferreira, seus membros possuíam estatutos,

onde estavam os direitos e as obrigações de cada um. Seu ritual era voltado para a harmonia

do trabalho e preservação dos direitos de oficio, assim a loja era prioridade dos pedreiros.

Aprendizes e companheiros tinham um importante relacionamento e é a partir daí que

motivaram o nascimento das corporações ou confrarias.

Ferreira ressalta o enfraquecimento das corporações dos maçons operativos a partir do

declínio das construções do estilo gótico no continente europeu. A passagem da maçonaria

Operativa para Especulativa foi marcada pela criação da Grande Loja Unida da Inglaterra,

mas até chegar a este ponto, a mudança foi lenta e gradual, marcada pela adesão de membros

estranhos ao oficio, denominados de Maçons Aceitos. “A primeira adesão de um membro

Aceito por uma Loja ainda operativa foi a de John Boswell, Lord Auchinleck em 8 de junho

de 1600, na St. Mary’s Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo,

Escócia” (FERREIRA, 1998, p. 21).

Ainda referindo a Ferreira, ele coloca que a Grande Loja da Inglaterra foi criada em 24

de junho de 1717, sendo a primeira do mundo, tendo a maçonaria Especulativa se difundido

rapidamente pela Inglaterra, Europa e América. Seu objetivo agora não é mais a construção

material pregada pela maçonaria Operativa, mas a construção humana em sua perfeição,

preconizando a paz, a união e a harmonia dos povos.

O objetivo da maçonaria moderna para Alexandre Mansur Barata é alcançar a

perfeição por meio do simbolismo da natureza mística ou racional da filantropia e da

educação. A partir de então, a maçonaria deixa suas origens ligadas às confrarias de pedreiros

da época medieval, e passa a permitir a admissão de novos elementos sem que estes façam

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parte das corporações de ofício: eram os chamados maçons aceitos, ou fase da maçonaria

Especulativa, voltada para o conhecimento filosófico e que está viva até nos dias de hoje.

O rápido crescimento da instituição não se limitou ao território inglês. Apesar das perseguições por parte do governo e da Igreja Católica, causadas pelo caráter secreto e não-católico de associação ela se difundiu por toda a Europa e pelo continente americano. Contudo, essa expansão não ocorreu de modo uniforme, sendo de menor intensidade nas regiões onde o poder do aparato persecutório de Igreja Católica era incontestável, como em Portugal, na Espanha e na Itália (BARATA, 1994, p. 79-80).

Segundo o autor, duas décadas após a formação da Grande Loja de Londres, foi feita

através do papa Clemente XII, em 1738, a primeira condenação pontifícia da maçonaria. O

mesmo feito em 1751 por Bento XIV. Portanto, na Inglaterra houve uma aliança com o

Estado, sendo, que o mesmo não aconteceu nos países latinos, onde a maçonaria, devido ao

fato de sofrer perseguições por se identificar com a luta pela liberdade e fosse contra o

absolutismo monárquico que na maioria das vezes estava aliado à Igreja.

Para Barata, a maçonaria se diferenciava das demais instituições que possuíam os

mesmos objetivos ligados ao movimento ilustrado, como as academias e os clubes, por ter um

caráter de sociedade iniciática, com uma rígida hierarquia e por rituais influenciados pelo

esoterismo.

A maçonaria, instituição fundamental para a sociabilidade ilustrada, adotando como princípios básicos a defesa da liberdade de pensamento e o racionalismo, apresenta, ao nível da organização, elementos inequivocamente tomados à tradição medieval. E é esta tradição que produz o substrato para a estruturação, em fins do século XVIII, da matriz de pensamento conservador que, em oposição à Revolução Francesa, defendia a conservação da antiga ordem (BARATA, 1994, p. 81).

O crescimento da maçonaria atraía, como coloca o artigo A Ordem, nobres pelo fato de

ser considerados “chiques” os encontros que mais pareciam um sarau secreto. Assim, também

os trabalhadores gostavam de estar ao lado da nobreza nesses encontros. Em cidades da

Inglaterra, no ano de 1717, surgiram lojas, sendo que quatro delas se reuniram para fundar a

Grande Loja de Londres, a mais importante instituição da ordem.

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1.3 A introdução da maçonaria no Brasil

Na colônia a primeira sociedade secreta foi fundada em 1797 por alguns membros da

intelectualidade baiana e eles se denominavam Cavaleiros de Luz, por inspiração de um

comandante francês. Segundo Botelho, nas lojas maçônicas estavam presentes parte da

intelectualidade brasileira, que viam nelas o lugar certo para se fazer reflexões e elaborar

projetos emancipadores e progressistas.

No final do século XVIII, foram fundados no Brasil alguns clubes secretos, mas sem

as características maçônicas. Em 1801, foi instalada na Bahia a primeira loja filiada ao

Grande Oriente da França com o nome de Reunião. Mas, segundo Barata, foi graças à

ilustração portuguesa que houve a possibilidade de jovens estudantes brasileiros, adquirirem

formação intelectual depois de passarem pela Universidade de Coimbra onde eles se tornaram

os principais responsáveis pela introdução de idéias ilustradas no mundo colonial.

Além de receber o ideário ilustrado, a sociedade brasileira do final do século XVIII e início do XIX acolheu também a Ordem maçônica que, segundo a literatura corrente, transformou-se no principal veículo de divulgação desse pensamento (BARATA, 1994, p. 82).

Quando esses jovens terminavam seus cursos na Universidade de Coimbra, partiam

para a Inglaterra e para França, com o intuito de completar seus estudos, principalmente na

Faculdade de Medicina de Montpellier, que era um dos focos maçônicos franceses. “Arquivos

do Grande Oriente de França, em Paris, apontam à existência de duas lojas dos estudantes

brasileiros: uma em Montpellier e outra na quase vizinha Perpignan” (CHACON apud

BARATA, 1994, p. 82).

Joaquim Roberto Pinto Cortez afirma que, em 1815, foi fundada a importante

“Comércio e Artes” na cidade do Rio de Janeiro, se tornando um grande centro da maçonaria

brasileira. “Todas as sociedades secretas passaram por dificuldades sérias, em 1818, com o

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alvará de D. João VI interditando todas elas, chegando essas dificuldades até 1821, quando

houve uma reorganização” (CORTEZ, 2004, p. 48). Assim, ocorreu um crescimento

acelerado da Loja “Comércio e Artes”, tendo ela se dividido em três, a “União”,

“Tranqüilidade” e “Esperança de Niterói”, a partir da existência dessas três lojas surge o

Grande Oriente do Brasil.

Cortez ainda ressalta que no Rio de Janeiro, foram formadas duas facções políticas que

tinham filosofias diferentes, a de Ledo, liberal e a de Bonifácio, monárquica, mas com o

mesmo objetivo, ou seja, a Independência do Brasil.

Este fato fez com que a rivalidade latente entre os dois grupos viesse à tona, definitivamente. “Se, até a elevação de D. Pedro ao Grão-Mestrado do Grande Oriente, as duas facções mantinham uma aparente cordialidade, após este acontecimento, rompeu-se o tênue elo, que ligava Ledo a Bonifácio, declarando-se, abertamente, a guerra entre os dois grupos” (CORTEZ, 2004, p. 49).

Segundo Moacyr Flores (2004, p. 374), em 1822, José Bonifácio de Andrada e Silva

fundou o Grande Oriente do Brasil, sendo fechado por D. Pedro I e só ressurgiu em 1831,

tendo José Bonifácio como grão-mestre, passando a se chamar Grande Oriente do Lavradio

por ser este o nome da rua onde foi instalado. Como conseqüência deste fechamento, Cortez

coloca que Bonifácio começou a perseguir seus inimigos, fazendo com que eles buscassem

abrigo em países vizinhos como é o caso de Gonçalves Ledo, na Argentina.

No século XVIII, como diz Botelho, a maçonaria se difunde pela Europa, moldando-se

de acordo com cada sociedade. Na França, a maçonaria difunde seus ideais de liberdade,

igualdade e fraternidade, graças às transformações sociais. Os princípios básicos do

Iluminismo foram temas de reflexões e nortearam a ação política da maçonaria no Brasil.

Desta forma, tanto na Inconfidência Baiana como na Revolução Liberal Pernambucana de

1817, a introdução das idéias e princípios da Revolução Francesa e a articulação destes

movimentos ocorreram graças à existência destas sociedades secretas.

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Para Sérgio Buarque de Holanda, a introdução da maçonaria no Brasil, possuía o

mesmo caráter libertador que assumiu nas demais colônias americanas. No que se refere à

data da penetração, não há um consenso sobre ela, sendo encontradas várias datas. Tanto

Holanda como Barata concordam que a maçonaria veio para o Brasil juntamente com idéias

iluministas adquiridas por estudantes brasileiros na Europa, os quais ao terminarem os cursos

na Universidade de Coimbra, iam completar seus estudos na França e na Inglaterra.

Na Europa do século XVIII, segundo Holanda, a maçonaria adquire prestígio graças à

ascensão da burguesia e a difusão das idéias iluministas. No Brasil a inexistência de uma

burguesia como classe impede um processo semelhante. O que a maçonaria atinge no Brasil

não é a classe mais acessível no Velho Mundo. Aqui, os privilegiados são os filhos dos

aristocratas da terra que vão a universidades européias. “Só estes, por conseguinte, terão a

oportunidade de conhecer a filosofia da ilustração; só estes podem fazer entrar no Brasil os

livros de Voltaire, Rousseau, Montesquieu, etc.” (HOLANDA, 1985, p. 198).

De acordo com Holanda, não podemos nos esquecer do objetivo libertador que a

maçonaria adquiriu nas colônias americanas, se tornando interessante aos colonos ir à Europa

ilustrar-se, e conhecer também as sociedades secretas, não só pelo fato de isso lhes dar

prestígios colocando-os em dia com as transformações sócio-políticas que aconteciam, mas

também porque os tornavam interessados na liberdade de sua terra.

Emília Viotti da Costa afirma que “A elite educada nos princípios da ilustração,

embora pouco numerosa, teria um papel importante a desempenhar por ocasião da

Independência e, mais tarde, quando se tratou de organizar a nação” (COSTA, 2007, p. 30).

Desta forma, para a autora a abertura dos portos, em 1808, e a entrada de estrangeiros que

intensificariam os contatos entre Europa e Brasil, serviriam para tornar as idéias

revolucionárias ainda mais conhecidas. Sendo que as sociedades secretas, e inclusive a

maçonaria seriam de grande importância para a divulgação dessas teorias.

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No que se refere à estrutura organizacional da maçonaria no Brasil, ela apresentou três

fases bastante distintas, como afirma Barata (1994, p. 83):

Na primeira, de 1863 a 1883, o poder central da Ordem estava dividido em dois grupos: O Grande Oriente do Brasil, da Rua dos Beneditinos, e o Grande Oriente do Brasil, da Rua do Lavradio. Essa divisão, iniciada em 1863, sofreu um pequeno intervalo entre maio e setembro de 1872, devido à formação do Grande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brasil. A segunda fase, de 1883 a 1890, é marcada pela união oficial entre o Grande Oriente de Lavradio e o Grande Oriente dos Beneditinos, formando, novamente o Grande Oriente do Brasil. E a terceira, a partir de 1890, com a formação dos Grandes Orientes Estaduais, vinculados, ou não, ao Grande Oriente do Brasil (BARATA, 1994, p. 83).

Na maçonaria, como nas demais instituições, havia e há toda uma maneira de se

organizarem. Assim, além de um Grande Oriente a nível nacional, no Brasil, existem também

os Grandes Orientes Estaduais que são responsáveis pelas lojas do estado ao qual pertence.

Além deles temos as lojas, em determinadas cidades, que estão ligadas as demais obedecendo

a uma hierarquia. Esses Grandes Orientes Nacionais ou Estaduais são órgãos pelas as quais as

lojas se comunicam.

Durante o grão-mestrado do Visconde de Cairu, no ano de 1863, houve uma divisão

do Grande Oriente do Brasil. Assim como nos diz Barata, sete lojas com aproximadamente

mil e quinhentos membros, formaram uma nova obediência, ou seja, o Grande Oriente dos

Beneditinos. P ara o cargo de grão-mestre foi eleito Joaquim Saldanha Marinho, que era um

político e jornalista conhecido por ter posições anticlericais e defender o regime republicano.

“Mas é preciso ressaltar que o grupo liderado por Saldanha Marinho sofria grande influência

da corrente maçônica francesa e não aceitava a idéia que identificava exclusivamente

maçonaria com filantropia” (BARATA, 1994, p. 83).

Portanto, o que vem diferenciar a corrente maçônica francesa da inglesa é o fator

filantropia, ou seja, enquanto a inglesa aceitava que as idéias da maçonaria eram exclusivas da

filantropia, a francesa discordava. Para esta além da filantropia também era de extrema

importância à inteligência e o livre-arbítrio do homem. Para o autor, chefiado por Saldanha

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Marinho, o círculo dos Beneditinos defendia uma atuação mais vigorosa e política na defesa

do racionalismo e da liberdade de consciência. Enquanto o círculo do Lavradio identificava-se

com a corrente inglesa.

A Igreja Católica no Brasil, na segunda metade do século XIX, seguindo uma

tendência internacional, empreendeu uma reorganização interna conhecida como

romanização2 do clero. Para Barata, a romanização acarretou o fortalecimento da Igreja como

instituição, dando início a um movimento de condenação dos chamados erros modernos. A

maçonaria, uma das instituições mais organizadas do país, passava a sofrer fortes ataques da

Igreja Católica ultramontana/conservadora que era a Igreja oficial do Estado.

O fato de existirem duas obediências dentro da maçonaria brasileira, nos mostra

segundo Barata, a distância entre Saldanha Marinho e o visconde do Rio Branco, e desta

forma dos dois grupos maçônicos. “Se as lojas maçônicas européias interferiram

excessivamente nos aspectos ligados à religião e à política dos Estados, as lojas brasileiras se

ocupavam precipuamente do aperfeiçoamento moral e intelectual do homem e de atos de

beneficência” (BARATA, 1994, p. 85).

Pio IX potencializou ao máximo a luta entre o catolicismo e a sociedade moderna. As

condenações dirigidas a maçonaria pela Igreja Católica contribuiu, segundo Barata, para

reforçar no imaginário coletivo, em especial, entre os católicos, uma visão identificada com o

perigo e com a subversão. Para a Igreja Católica, a maçonaria é inimiga em potencial da

Igreja, visto que ela descende da Ordem dos Templários e atua sobre a proteção do

protestantismo. Assim, “as questões relativas ao caráter organizacional da instituição

maçônica eram instrumentos sumamente importantes para a construção do mito do complô,

sobretudo nos aspectos referentes à questão do secreto e a da iniciação” (BARATA, 1994, p.

87).

2 Movimento dirigido pela hierarquia eclesiástica no inicio do segundo reinado em 1840, que visava desvincular a Igreja da coroa luso-brasileira e colocá-la sob as ordens diretas da Santa Sé.

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A maçonaria assume a “existência de um discurso maçônico dividido em duas

vertentes” (BARATA, 1994, p. 87). De um lado, estava Saldanha Marinho representando o

discurso maçônico que dizia ser necessário haver uma separação entre Igreja e Estado. Do

outro lado, estava Rio Branco, que não queria abandonar as idéias liberais, estando

identificada com o regalismo, ou seja, doutrina que defende a ingerência do chefe de estado

em questões religiosas. Contudo, a identificação dos maçons brasileiros com a elite ilustrada,

do final do século XIX, não deve ser vista de forma unívoca.

Para Barata, a maçonaria se espalhou pelo território brasileiro e, apesar de ininterrupta,

ocorreu em ritmo bastante peculiar. Nos anos de 1860 a 1920 variou muito o número de lojas

no Brasil, tendo apresentado quatro fases bem definidas. Na primeira fase, que vai de 1860-

80, como o autor coloca, há um crescimento do número de lojas, o que pode ser atribuído a

duas causas.

Uma tem a ver com os aspectos organizacionais da maçonaria, já que a cisão da Ordem entre o Grande Oriente do Lavradio e o Grande Oriente dos Beneditinos levou a Obediência a incentivar a fundação do maior número possível de novas lojas para consolidar sua hegemonia sobre a comunidade maçônica. Outra ordem de questão tem a ver com a fragilidade institucional da Igreja Católica, decorrente do padroado e da heterodoxia do clero brasileiro, contrariamente ao que acontecia na Europa (BARATA, 1994, p. 88).

Na segunda fase 1880-90 temos um período de união dos dois círculos maçônicos,

efetivada em 1883. Já na terceira fase, entre 1890 e 1910, o número de lojas em atividade em

todo o país aumentou cerca de 54% em relação ao período precedente. Na quarta fase 1910-20

há um momento de refluxo, ou seja, o número de lojas existentes tinha diminuído em 16%.

Portanto, estando a maçonaria espalhada por todo o país, ela se manifestava de forma a

defenderem seus princípios. Para Barata, durante todo o processo de estruturação da

maçonaria, foi marcado por separações entre seus membros e o movimento da ilustração

brasileira.

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Ele ainda conclui que o discurso maçônico se estrutura na universalidade da natureza

humana e no racionalismo, pressupostos fundamentais do movimento ilustrado. Quando a

maçonaria se define como uma escola de formação moral da humanidade, assumia o

compromisso das luzes de combater as trevas, representadas pela ignorância, pela superstição

e pela religião revelada.

Existem espalhados pelo mundo vários Ritos3 maçônicos, alguns com muitos

seguidores outros com poucos. De maneira geral, os mais praticados são: “o Rito de York, o

Rito Escocês Antigo e Aceito, o Rito Moderno e o Rito de Schröeder. No Brasil, podemos

notar, ainda, a prática do Rito Adoniramita e do Rito Brasileiro” (CORTEZ, 2004, p. 85).

Cortez trata dos ritos citados anteriormente, colocando como data oficial da criação do

primeiro Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito é de 31/05/1801, sendo que

suas raízes são muito anteriores a esta data. Sobre o Rito de York, ele comenta que a criação

da Grande Loja de Londres, em 1717, provocou a resistência de inúmeras lojas inglesas, que

permaneceram livres e independentes. O centro desta resistência foi a Loja de York que

acabou por fundar uma Grande Loja chamada de Grande Loja dos Maçons Aceitos ou Grande

Loja dos Antigos Maçons.

Continuando, Cortez fala sobre o Rito Moderno ou Francês, criado na França em

1761. Devido sua simplicidade e racionalidade, se espalha pela Europa e chega ao Brasil. O

Rito de Schröeder foi criado a partir de 29/06/1861, na Alemanha, por Frederic Ludwig

Schröeder. Sendo associado à Magia, à Teosofia, à Alquimia e demais ciências ocultas, hoje

ele é utilizado em sua maioria por maçons de língua alemã.

O Rito Adoniramita, de acordo com Cortez, foi introduzido na França pelo Barão de

Tschoudy, provavelmente, em 1787. Ele possui um simbolismo muito forte e interessante. O

Rito Brasileiro aparece com o forte sentimento nativista, no século XIX. Possui alguns traços

3 Qualquer cerimônia de caráter sacro ou simbólico que segue preceitos estabelecidos.

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dos Ritos Adoniramita e Moderno, mas também é influenciado pelo Rito Escocês Antigo e

Aceito.

Segundo o autor maçom Elias Mansur Neto, a maçonaria produz suas leis e cada

potência ou Grande Oriente, tem uma Assembléia Legislativa, constituída de representantes

de lojas de sua jurisdição. Uma potência e suas lojas são regidas por uma constituição que

garante o funcionamento dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Existe também um

Regulamento Geral baseado nas leis contidas na constituição que rege a potência e é usado no

dia a dia do maçom. “As Lojas têm suas atividades baseadas na constituição, no Regulamento

Geral e no Manual do Rito de Trabalho que escolheu” (MANSUR NETO, 2002, p. 20).

Como observamos, a maçonaria possui normas que a regem de acordo com o rito do

qual ela faz parte se baseando para este na constituição. Desta forma, cada maçom teve

liberdade de pensamento para agir, mesmo que a ordem não tenha formado um grupo

uniforme. “Cada país teve autonomia para definir seus rumos e caminhos, o que fez a ordem

ter inclinações diferentes ao redor do globo: na Inglaterra e no Brasil, era ligada à aristocracia

política; na França, anticlerical e pragmática; na Itália, revolucionária” (A ORDEM4, 2005).

Dentro da maçonaria existem ritos distintos, mas com objetivos iguais como é o caso

do brasileiro e do escocês. Ambos possuem pontos em comum, assim como as regras e os

rituais, sendo que para se tornar um maçom, como ressalta o artigo A Ordem, o pretendente

precisa ser convidado por outro maçom, passar por uma entrevista e ter a sua vida investigada

por maçons. Na maçonaria são aceitos apenas homens que acreditam em Deus e têm pelo

menos 21 anos.

Ainda com relação à admissão de um candidato à maçonaria o autor maçom Joaquim

Roberto Pinto Cortez, Bacharel em Geografia, possuidor de cursos de História Antiga e

Medieval e de Moderna e Contemporânea, pela Unesp-Marília, SP, diz o seguinte:

4 Artigo da revista Superinteressante, edição 217, ano 2005.

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Para ser admitido ao Templo, o candidato deve ser apresentado vendado, “nem nu, nem vestido” e despojado de seus “metais”. No ato da retirada dos metais, podemos sentir outra vez a frase pintada nas paredes de Câmara de Reflexões: “Se és apegado às distinções mundanas, retira-te, nós aqui não as conhecemos.” Os metais, vistos como riquezas, simbolizam a vaidade existente entre os homens e que deve ser deixada de lado antes do ingresso no Templo (CORTEZ, 2004, p. 25).

Através das palavras do autor, vemos que para adentrar as portas de uma loja

maçônica primeiro é necessário abrir mão de algumas coisas. Embora que, às vezes, isso se dê

de maneira simbólica. Afinal, a admissão de alguém na maçonaria não se trata apenas de atos

concretos, mas de todo um ritual cheio de misticismo e de simbologia que trazem

significados.

O autor maçom Nicola Aslan em sua obra: Landmarques e outros problemas

maçônicos, faz uma referência ao autor Gaston Martin, que afirma em relação à permissão da

entrada de um novo membro na sociedade maçônica:

Não entra quem quer; é preciso que seja aceito; toda iniciação é uma escolha e um favor. Na loja, todos são iguais, mas convém de início que os eleitos reconheçam o profano digno dessa igualdade. A maçonaria é uma democracia, mas é uma democracia dentro de uma elite. É importante insistir sobre este ponto e deixar de confundir a aristocracia incontestável do recrutamento com a igualdade fundamental do governo interior (MARTIN apud ASLAN, s.d, p. 75).

Desta forma, o autor Nicola Aslan vem colocar que, a maçonaria durante o século

XVIII, se ocupava de divertimentos e atos de beneficência, de festas, de banquetes, de

discussões sobre rituais e sobre circulares administrativas. Os maçons cantavam e faziam

discursos. Todos os discursos e todas as circulares vinham para afirmar os deveres do maçom.

O artigo A Ordem ainda coloca que as sessões maçônicas, ou seja, reuniões das quais

os maçons fazem parte são feitas em templos carregados de símbolos, onde não há janelas e

sua entrada encontra-se voltada para o ocidente, onde a pintura é mais escura. Do outro lado,

no oriente é mais claro, e dali vem o conhecimento, nele fica o altar de onde à autoridade mais

alta dirige a sessão. “Nas paredes, há 12 colunas, uma corda com 81 nós e outros símbolos

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como as pedras bruta e polida, que representam os momentos pré e pós-iniciação” (A

ORDEM, 2005).

Para encerrar a cerimônia de iniciação são entregues os aventais e as luvas,

entendidos, segundo Cortez (2004, p. 27), como complemento da investidura do aprendiz. A

entrega do avental e das luvas deve ser feita pelo Venerável5, simbolizando o trabalho e a

pureza da maçonaria. Esses Aventais serão usados durante as cerimônias para venerar o

Grande Arquiteto de Universo, ou seja, Deus.

É sabido que em toda Sociedade Iniciática, existem segredos e com a maçonaria não

foi diferente. “Em tempos de Maçonaria Operativa6, era absolutamente necessário que os

progressos técnicos que envolviam a arte de construir fossem protegidos. A Maçonaria

Especulativa7 herdou estes famosos segredos que, outrora, serviram de base para as grandes

perseguições sofridas” (CORTEZ, 2004, p.10).

Levando em consideração o artigo A Ordem, ele nos coloca que o segredo maçônico

está também em palavras reduzidas e acrescidas de três pontos em forma de delta o mesmo da

assinatura dos maçons. Como há palavras reduzidas, há também as duplicadas, em caso de

plural. E existem inscrições que devem ser lidas da direita para a esquerda, como referência

ao alfabeto hebraico, e ainda toques e sinais para os maçons.

5 Cargo mais importante dentro da maçonaria. 6 Compunha-se de corporações destinadas à construção de edifícios sacros, principalmente catedrais. 7 Diferente da Maçonaria Operativa, seu objetivo é a construção humana em sua perfeição

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CAPITULO 2 UM OLHAR SOBRE A MAÇONARIA E O MAÇOM

No presente capitulo serão abordadas questões como a primeira loja maçônica em

Goiás, a Loja Vale do Rio Claro, em Montes Claros de Goiás. Também analisaremos o

imaginário e a simbologia com relação à maçonaria, para isto utilizaremos além de pesquisas

bibliográficas, documentais e entrevistas, para serem nossos norteadores no que se trata ao

especifico deste trabalho.

2.1 A primeira loja maçônica em Goiás.

Segundo o jornal maçônico Voz do Oriente8, a primeira loja maçônica criada em

Goiás, foi a Loja Azilo da Razão, na Cidade de Goiás, sendo ela fundada em 1º de agosto de

1835. De lá até a década de 1930, só mais duas lojas foram fundadas no Estado: a Loja Paz e

Amor III, na cidade de Catalão e a Loja Paz e Amor IV, na cidade de Ipameri. Entre os anos

de 1934 a 1940 foram fundadas mais nove lojas. “Coincidiu esse surto de crescimento da

maçonaria em Goiás, com a fundação da cidade de Goiânia, que se constituiu, portanto, num

divisor na história da maçonaria goiana” (VOZ DO ORIENTE, 1997).

8 Jornal maçônico do Estado de Goiás, nº 20 de setembro/outubro de 1997.

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Assim, o jornal coloca que junto com a cidade de Goiânia, surgiram novas lojas como

a Liberdade e União, em 24 de junho de 1937. Esta foi à primeira loja da nova capital, que

tinha como seus membros personalidades, os quais não são citados os nomes. Sabemos que

eles eram de grande influência na comunidade preocupados com o progresso: “a Loja

Liberdade e União passou, naturalmente, a liderar os movimentos maçônicos da época” (VOZ

DO ORIENTE, 1997). As outras lojas se comunicavam com o Grande Oriente do Brasil9, na

maioria das vezes por intermédio desta loja, que se tornou a referência da maçonaria goiana e

incentivou a criação do Grande Oriente Estadual.

Para que se criasse o Grande Oriente do Estado de Goiás, existiam vários obstáculos,

sendo que um deles era a inexistência de três ritos diferentes no Estado.

Para contornar esse empecilho, a Loja Liberdade e União propiciou, com seus próprios membros, a criação da Loja Ordem e Progresso II, em 1946, trabalhando no Rito Moderno (ou Francês). Com o mesmo propósito, a Loja Asilo da Acácia, fundada em 1948, adotou o Rito Adonhiramita. Afastado um dos principais óbices, estava aberto o caminho para a criação do Grande Oriente Estadual que, no entanto, se mostraria ainda bastante longo (VOZ DO ORIENTE, 1997).

Na época, as leis maçônicas exigiam que para a criação de um Grande Oriente10 no

Estado, fosse necessário a existência de pelo menos três ritos diferentes, sendo que os ritos

maçônicos são as regras e cerimônias que acontecem dentro da loja maçônica. Como em

Goiás ainda não existia, as lojas que foram criadas logo após adotaram diferentes ritos para

poderem criar, assim o Grande Oriente do Estado de Goiás.

Reuniões foram realizadas e comissões formadas de 1948 até 1957 e de acordo com o

jornal, elas tinham o objetivo de possibilitar a fundação do Grande Oriente. Embora não

alcançassem os resultados esperados para viabilizar a fundação, foram de grande valia no que

se refere à criação do Oriente Estadual, pois a cada reunião eram dados passos preciosos.

Após a reunião de junho de 1957, se criou um clima favorável e a partir de 26 de outubro de

9 Órgão máximo da maçonaria brasileira. Fundado em 17 de junho de 1822. 10 Uma instituição Maçônica, Simbólica, Regular e Soberana que preside as Lojas Simbólicas que a constituem.

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1957, foi criado o Grande Oriente do Estado de Goiás, contando com representantes das 30

lojas já existentes no Estado.

Após a criação do Grande Oriente do Estado de Goiás, foi elaborado um tratado de

mútuo reconhecimento entre o Grande Oriente do Brasil e a Grande Loja Maçônica do Estado

de Goiás, que é outra vertente da maçonaria. Esse fato se deve as mudanças pelas as quais ela

passou no decorrer dos anos. O referido tratado foi assinado em 07 de março de 1959, pelos

Grão-Mestres Cyro Wernek e Gabriel Elias Neto.

Uma das pessoas de maior importância na criação do Grande Oriente do Estado, como

relata o jornal, foi Nasseri Gabriel, o qual assume o comando interino da ordem e realiza a

primeira eleição e por meio desta o mesmo é eleito como Grão-Mestre e Waltrudes Cunha,

como Grão-Mestre Adjunto. No decorrer da história da maçonaria, fazem parte alguns nomes

fundamentais para que se consolidasse tanto o Grande Oriente do Brasil, como o do Estado de

Goiás eles são: Osíris Teixeira e Jair Assis Ribeiro. Osíris Teixeira, fazendo a mudança do

Poder Central para Brasília e Jair Assis Ribeiro, consolidou essa mudança, com a construção

do Palácio Maçônico.

2.2 Histórico da Loja Vale do Rio Claro

É necessário para que haja uma boa compreensão sobre a maçonaria em Montes

Claros de Goiás, conhecer também, mesmo que de forma rápida como se deu a formação do

próprio município, ao qual ela faz parte. Sendo a cidade emancipada em 23 de outubro de

1963, e após alguns anos, ou seja, em 07 de setembro de 1977 é fundada na cidade a Loja

Maçônica Vale do Rio Claro.

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De acordo com Ruy Brasil Arbués Carneiro, o município de Montes Claros de Goiás,

originou-se da doação feita pelo advogado Afonso Borges de oito alqueires de terra que

pertenciam a Fazenda Salobinha ao senhor Neemias Lino de Oliveira, para a construção do

povoado. Em setembro de 1956, alguns homens fizeram, nesta fazenda, uma picada, onde

seria aberta a primeira rua do povoado. Estes homens eram: Neemias Lino de Oliveira,

Francisco Calixto, Joaquim Benício, Domingos Rodrigues e Francisco Sampaio.

Neemias Lino encomendou a Joaquim Modesto da Silva para fazer o loteamento. Este fora feito através de um combinado de idéias de Francisco Sampaio, Joaquim Modesto e Manoel Farias Rodrigues, e posteriormente aprovado pelo Decreto nº 01/62, do então Prefeito de Diorama, Manoel Carlos da Silva (CARNEIRO, 2001, p. 09).

Carneiro ressalta que o povoado recebe o nome de Salobinha, passando a pertencer ao

Registro do Araguaia, distrito da Cidade de Goiás, desde 1902, que na época ainda era

conhecida como Goiás Velho. Portanto, através da Lei nº 244, de 30 de janeiro de 1958, da

Câmara Municipal de Goiás, o povoado Salobinha se torna um distrito municipal. Em

dezembro de 1958, Diorama se emancipa e Salobinha passa a ser seu distrito municipal.

Em 23 de outubro de 1963, conforme Carneiro, o povoado Salobinha se emancipa

através da Lei nº 4717 e passa a se chamar Montes Claros de Goiás, sendo que sua instalação

se deu no dia 1º de janeiro de 1964. “A origem do seu nome se encontra nos montes que

possui, no Rio que o banha e, para diferenciá-lo da cidade mineira de idêntica denominação,

acrescentou-se-lhe: Goiás” (CARNEIRO, 2001, p. 09).

Segundo este autor, o município de Montes Claros de Goiás, possui uma área de 2.909

Km2 e se localiza na Região do Nordeste Goiano, Médio Araguaia. Possui quatro distritos que

são: “Aparecida do Rio Claro, Lucilândia, Ponte Alta do Araguaia e Registro do Araguaia.

Possui, ainda, as Comunidades Nossa Senhora da Guia (na Região do Sertãozinho) e Serra

Negra (na Região do Lambari)” (CARNEIRO, 2001, p. 11).

Limita-se com as cidades de Jussara, Araguaiana – MT, Diorama, Jaupaci, Fazenda

Nova, Arenópolis, Bom Jardim de Goiás e Aragarças. Os principais rios que banham o

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município de Montes Claros de Goiás são: Araguaia, Caiapó, Claro, das Almas ou dos Bois,

além de uma grande variedade de córregos.

Dados do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostram que

atualmente a cidade de Montes Claros de Goiás, possui uma população de aproximadamente

8.196 habitantes, sendo 4.337 do sexo masculino e 3.859 do sexo feminino. Sua densidade

populacional é de quase 2.82 habitantes por km2.

Leon Diniz Linhares um dos fundadores da Loja Vale do Rio Claro, em Montes Claros

de Goiás e comerciante na mesma cidade na época, escreveu um histórico sobre a fundação da

loja. Este histórico está contido em uma agenda maçônica dos anos de 2000 a 2001, a qual

tivemos acesso por intermédio do atual Venerável Mestre Oscar Pereira da Costa e a

usaremos com o intuito de levantar dados para a nossa construção monográfica.

De acordo com as palavras Linhares, a Loja Vale do Rio Claro nasceu do interesse de

alguns homens que eram integrantes da Loja União de Iporá – GO, onde muitos deles tinham

sido iniciados, embora residissem em Montes Claros de Goiás. A idéia inicial de se fundar a

loja em Montes Claros de Goiás, partiu do já maçom Divino Martins da Cunha, sendo

compartilhada pelos demais. Então a idéia foi levada até à Loja União de Iporá, que deu todo

apoio necessário para que se consolidasse a fundação.

No dia 28 de maio de 1977, segundo Linhares, houve uma reunião na residência do

maçom Dadir Carvalho Maia, médico da cidade. A reunião contava com a presença de

quatorze maçons que pertenciam as Lojas União de Iporá e Plenitude do Sigilo de Jussara,

nela ocorreu à votação para a escolha do nome da loja. Dos nomes sugeridos, o que teve um

maior número de votos foi “Vale do Rio Claro”, sugerido pelo maçom Ivan Brandão

Maranhão, Venerável eleito da Loja União de Iporá. Quanto aos outros nomes sugeridos não

foi possível ter conhecimento, pois alguns dos fundadores da loja se mudaram de Montes

Claros, outros já faleceram e os que ainda estão na cidade, já não se lembram.

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Após a escolha do nome da loja de Montes Claros de Goiás para Vale do Rio Claro,

fato que se deve aos mesmos motivos que levaram a escolha do nome da cidade, todos se

dirigiram ao local onde seria feito o lançamento da pedra fundamental do templo. Lá estavam

presentes algumas autoridades, como a do “Ir. Tobias José Ribeiro, Ven. da Loja União de

Iporá; do Ir. Laerte Ricardo Borges, Ven. da Loja Plenitude do Sigilo do Or. de Jussara e do

Sr. Alceu Rezende, Prefeito municipal, entre outros” (LINHARES, 2000).

Foram convidados para realizar o lançamento da pedra fundamental, de acordo com

Linhares, o então Prefeito municipal Alceu Rezende e o Venerável da Loja Plenitude do

Sigilo de Jussara. Houve um fato marcante para os maçons, este foi quando o “Ir. José Sátiro

do Or. de Jussara disse que no momento em que a direção da Loja estava preste a entregar os

malhetes a seus sucessores, preferiram entrega-los aos Irs. de Montes Claros de Goiás, os

quais ainda são utilizados na condução dos seus trabalhos” (LINHARES, 2000).

A Loja Vale do Rio Claro, foi fundada no dia 7 de setembro de 1977, em Montes

Claros de Goiás, tem a Carta Constitutiva, documento de regularização da loja, datada do dia

08 de novembro de 1977, sendo o seu endereço, Avenida Santos Dumont, 1837 – Centro –

CEP 76.255-000. As reuniões acontecem às quintas-feiras às 19h30min, federada pelo Grande

Oriente do Brasil e jurisdicionada ao Grande Oriente do Estado de Goiás. A loja de Montes

Claros de Goiás segue o rito Escocês.11

Os fundadores da Loja Vale do Rio Claro 1992, foram: Antônio Rodrigues Amorim,

Adelício Leite, Divino Martins da Cunha, Dadir Carvalho Maia, Ezequias Dias de Sousa,

Leon Diniz Linhares, Paulo Roberto Leão, Rugles Barbosa e Wolney Domingues. É

importante destacar que outros membros como Alvair Vilela Ribeiro, Benedito Queiroz da

Silva e Benedito Carlos dos Santos, já faziam parte da ordem, mas eram aprendizes e por isso

não foram considerados como fundadores. Para este fato não nos foi revelado nenhum dado.

11 Rito dentro da Maçonaria que deriva de Heredom e da época da fuga dos Cavaleiros Templários para a Escócia.

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Os maçons seguiram entusiasmados com a construção do templo em Montes Claros de

Goiás, colocando mãos a obra cujo resultado pode ser visto na foto 1 a seguir, bem como a

simplicidade do mesmo.

Foto 1: Antigo templo maçônico em Montes Claros de Goiás.

Fonte: Arquivo pessoal.

Embora o templo construído em Montes Claros de Goiás seja descrito por Linhares

como o mais humilde templo maçônico que se tinha notícia, para os maçons ele poderia ser

pequeno em seu espaço físico, mas grande em essência e determinação. “Segundo

informações, foi ou talvez seja a única loja a iniciar seus trabalhos em templo próprio”

(LINHARES, 2000). Com o inicio dos trabalhos, a loja passa a conquistar a simpatia de

algumas pessoas bem como a restrição de outras.

A simpatia de alguns ou a discriminação de outros pela maçonaria é um fato

compreensível, pois como uma instituição que permite a entrada de poucos, isto faz com que a

mesma não tenha uma aceitação total das pessoas que ouvem falar sobre ela. Outra questão é

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o imaginário, ou seja, são atribuídos à maçonaria pelos maçons alguns valores e esses valores

são desconhecidos pelas pessoas que não integram este grupo, comprometendo-se assim seus

reais significados.

No dia 19 de setembro de 1977, a Loja Vale do Rio Claro em Montes Claros de Goiás,

realizou a primeira sessão econômica relatada em ata. Nesta sessão, que é a reunião que os

maçons fazem semanalmente, foram discutidos assuntos como à fundação da loja em questão,

documentação da mesma, sugestões de nomes para a ocupação de cargos, gasto para a compra

de materiais, irregularidades de alguns membros, sendo que na ata não há a descrição para

estas irregularidades.

Também aparece relatado na ata a satisfação dos maçons pela realização dos primeiros

trabalhos na loja, escolha de novos candidatos e a importância de avaliação de cada um deles.

É importante deixar claro que todas as sessões maçônicas, desde a sua fundação até os dias

atuais estão documentadas em atas. Muito bem organizadas as quais não tivemos dificuldades

de acesso.

Um fato interessante contido nos relatos das atas das sessões da Loja Vale do Rio

Claro é a expressão Quarto de hora de estudos, para os maçons esta é a parte principal de uma

sessão merecendo toda a seriedade possível. “O quarto de horas de estudo, é a perpetuação da

filosofia e dos simbolismos na maçonaria, que através dos tempos, de geração em geração,

chegou até nós e é nossa responsabilidade transferi-la para o futuro” (LEÃO, 1980, p. 28). Em

todas as sessões maçônicas deve haver o momento dedicado ao estudo filosófico e do

simbolismo.

Os primeiros membros iniciados na Loja Maçônica Vale do Rio Claro, foram: José

Leotásio Pinto e Jacó Ribeiro da Silva, sendo eles hoje inativos, ou seja, maçons que se

desligam das lojas portando documento de regularidade. Isso ocorre quando por algum

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motivo o maçom se afasta da loja sem ter quebrado suas regras, tendo possibilidades de

voltar, já que possui uma documentação dizendo que ele é regular.

Linhares (2000) aborda a questão de que nesses anos de existência, o quadro de

obreiros passou por uma grande movimentação, isto se deve ao fato de que alguns irmãos

iniciaram-se, regularizaram, filiaram e outros foram embora. Mas mesmo com essa

movimentação a loja alcançou vinte e quatro membros, e isto não impediu que ela passasse

por uma fase de “esfriamento”.

Problemas externos de ordem política e religiosa acabaram por influenciar na vida útil da Loja, levando Irs. ao “esfriamento” o que contribuiu para o quase abatimento de suas colunas. Mas, é público que a Loja goza de respeito tanto de admiradores quanto de opositores, principalmente pela força viva que sempre foi, é e será (LINHARES, 2000).

Sempre que conversamos com pessoas que não fazem parte da maçonaria, percebemos

que além do preconceito por parte de uns há admiração ou curiosidade por parte de outros que

sentem vontade de fazer parte do grupo, mas ainda não foram convidados. Esta vontade pode

ser explicada pela ligação que as pessoas no imaginário, fazem entre maçonaria e elite social,

considerando que tal instituição é fonte de status social.

Para que se evitasse o abatimento da Loja Vale do Rio Claro, em um encontro das

Lojas Maçônicas do Vale do Araguaia, foi levantada a questão de esfriamento de alguns

membros. A partir daí os maçons da referida loja encontraram ajuda novamente na Loja

União de Iporá, que atendendo aos pedidos, inicia um trabalho de apoio e assistência em todas

as reuniões que aconteciam na Loja Vale do Rio Claro. Para isto eles vinham participar das

sessões dando aos maçons que ainda restavam, força e ânimo para continuar os trabalhos.

Como afirma Linhares, logo após a eleição do Venerável Rugles Barbosa, que era e

ainda é agro-pecuarista na região, e coordenava trabalhos de revitalização para reerguer a loja

que passava por dificuldades, procurou-se acabar com qualquer tipo de problemas pelos quais

a Loja Vale do Rio Claro enfrentava como a falta de membros e o desânimo dos que ainda

restavam. Dando a ela outra roupagem frente à sociedade de Montes Claros de Goiás.

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É importante esclarecer que os cargos maçônicos podem ser eletivos e de nomeação

conforme a Constituição do Grande Oriente do Brasil, sendo que o candidato deve ser um

maçom efetivo. Os cargos são exercidos por dois anos, podendo haver a reeleição de um

candidato. A eleição é realizada na primeira quinzena do mês de maio, e a posse no mês de

junho do mesmo ano.

Em 27 de novembro de 1999, a Loja Vale do Rio Claro, renasce em todos os aspectos,

chega a atingir 100% de freqüência de seus membros. A partir desta data passam a fazer parte

da instituição integrando seu quadro de obreiros e sua história os seguintes cidadãos: Adão

Lino do Nascimento, comerciante; João Cardoso dos Santos, comerciante; Luciano

Guimarães, médico veterinário e William César Lopes, odontólogo.

A partir deste momento estaremos trabalhando também com a memória, por se tratar

de uma pesquisa especifica de uma loja que não possui todos os dados históricos registrados.

É necessário que tomemos cuidado na hora de analisar os dados coletados, pois “a memória,

como qualquer outra fonte histórica, sofre de uma fraqueza, que é o seu desgaste ao longo do

tempo” (DIEHL, 2002, p. 117). Esse desgaste pode ao mesmo tempo fazer com que dados

sejam esquecidos ou tenham seu sentido transformado.

Depois de passar por momentos conturbados e logo após, entrar em boa fase, a

maçonaria em Montes Claros de Goiás, começa a buscar seu desenvolvimento não só em

questões como freqüência e integração de novos membros, como também na estrutura do

templo. De acordo com o atual Venerável da Loja Vale do Rio Claro, Oscar Pereira da Costa,

a decisão de construir um novo templo se devia a falta de espaço do mesmo, pois era a menor

loja do Estado de Goiás, e se encontrava em péssimas condições de uso.

A idéia inicial da construção de um novo templo ocorreu quando alguns maçons

visitaram a loja da cidade de Fazenda Nova – GO, pois é comum entre os maçons a visitação

de outras lojas. Os maçons que participaram da visita foram: Rugles Barbosa, Wilian C.

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Lopes, Luciano L. Guimarães e José G. do Nascimento. Segundo o Venerável citado acima, a

loja visitada já se encontrava dentro dos padrões exigidos. Esses padrões dizem respeito aos

símbolos e a própria arquitetura, já que eles possuem todo um significado para os maçons.

Para a construção do novo templo da Loja Vale do Rio Claro, em Montes Claros de

Goiás, os maçons contaram com a ajuda do Grande Oriente de Brasília, e principalmente com

seus próprios recursos, dispondo de um caixa. Após a elaboração do projeto da loja, começa a

sua construção no ano de 1999, ao lado da primeira loja, sendo inaugurada no dia 06 de

novembro de 2004.

Ao contrário do antigo templo que era pequeno e não dispunha dos padrões exigidos já

citados anteriormente, o novo templo dispõe de um espaço maior e além da simbologia que

compõe a maçonaria, possui a forma arquitetônica adequada. As lojas maçônicas possuem um

padrão de construção que todas as lojas devem seguir, salientando que os significados

simbólicos são os mesmos em qualquer lugar.

Na maçonaria, segundo o atual Venerável, a inauguração de uma loja é chamada de

sagração do templo, ou seja, ele passa a ter um caráter sagrado para aqueles que o freqüentam,

já que para a instituição abordada há uma gama de rituais a serem executados. Além da

sagração, houve neste mesmo dia, a iniciação de Ailton N. Siqueira e Deusdédio Ribeiro,

tornando assim, o dia 06 de novembro um dia importante para eles.

Podemos observar o novo templo na foto 2, assim como a sua nova estrutura que

segue as demais lojas.

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Foto 2: Novo templo maçônico em Montes Claros de Goiás.

Fonte: Arquivo pessoal.

As instalações da primeira loja se tornaram um lugar para festas, é alugado para quem

deseja realizar sua festividade no local, não sendo exclusivo para maçons.

Um fato curioso é que há alguns anos atrás, quando se falava em uma festa na maçonaria a

impressão que se tinha era de algo fora dos padrões do povo montesclarense e algumas

pessoas tinham receio em participar de uma festa realizada no local.

Para poder suprir as necessidades com relação ao salão de festas e acomodar melhor as

pessoas, está sendo feito atualmente uma reforma. Neste local também são realizadas as festas

maçônicas, como por exemplo, quando há uma iniciação e se comemora com um jantar, onde

todos os membros de uma família e convidados podem participar.

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Com base no Regulamento Geral da Federação, emitido pelo Grande Oriente do

Brasil, a maçonaria possui os seguintes cargos de administração considerados atualmente

como dignidades: Venerável, Vigilantes, Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler. São

considerados oficiais: Mestre de Cerimônias, Hospitaleiro, Arquiteto, Mestre de Harmonia,

Cobridor Interno, Cobridor Externo e Expertos. As comissões são formadas por: Comissão de

Justiça, Comissão de Finanças, Comissão de Admissão e Graus, Comissão de Beneficência,

Comissão de Ação Paramaçônica e Comissão de Ritualística, além de contar com Deputados.

São vários os cargos dentro da maçonaria, comentaremos aqui de forma sintética,

apenas os que existem na Loja Vale do Rio Claro em Montes Claros de Goiás, e pra isso

usaremos o Regulamento Geral da Federação, emitido pelo Grande Oriente do Brasil. Sendo

assim, temos:

Venerável Mestre: compete a ele presidir os trabalhos da loja, encaminhando o

expediente, mantendo a ordem e não influindo nas discussões. Na Loja Vale do Rio Claro, em

Montes Claros de Goiás, de 1977 a 2009 o cargo de Venerável foi ocupado pelos seguintes

nomes e respectivos anos, como observamos no quadro 1.

Quadro 1: Veneráveis da Loja Vale do Rio Claro.

Divino Martins da Cunha (1977-1979) Raelcio Nunes Rabelo (1993-1995)

Dadir Carvalho Maia (1979-1981) Carlos Roberto Diniz (1995-1997)

Divino Martins Cunha (1981-1983) Lassir Teixeira (1997-1999)

Divino Martins Cunha (1983-1985) Rugles Barbosa (1999-2001)

Leon Diniz Linhares (1985-1987) Rugles Barbosa (2001-2003)

Afrânio José de Sousa (1987-1989) Valdete Joaquim da Silva (2003-2005)

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Ezequias Dias de Sousa (1989-1991) Oscar Pereira (2005-2007)

Divino Martins da Cunha (1991-1993) Oscar Pereira (2007-2009)

Fonte: Agenda maçônica 2000/2001.

Primeiro Vigilante: substitui o Venerável em suas ausências e impedimentos ou na

vacância do cargo. Segundo Vigilante: substitui o Primeiro Vigilante em suas ausências e

impedimentos ou na vacância do cargo e o Venerável, na falta ou impedimento do Primeiro

Vigilante. Orador: cabe a ele observar, promover e fiscalizar o rigoroso cumprimento das Leis

Maçônicas e dos Rituais. Secretário: compete a ele lavrar as atas das sessões da loja nos livros

respectivos e assina-las, com o Venerável e o Orador. Mestre de Cerimônias: realiza e faz

realizar, de acordo com a liturgia do Rito respectivo, todo o cerimonial das sessões da loja;

Deputado Federal e Estadual que representam sua respectiva Loja perante as Assembléias

Legislativa Federal e Estadual ou do Distrito Federal.

Dentro de uma loja a presença e a pontualidade de um membro é algo primordial,

sendo considerados um dever pela constituição maçônica. Assim, tais critérios são usados

pela administração da Loja Vale do Rio Claro tem como forma de controle e organização, um

livro de registro de presença dos maçons que fazem parte daquela loja. Existe um livro para os

maçons que pertencem à outra loja e os visitam e há também um livro para aqueles que não

são maçons e visitam a loja quando a sessão é aberta ao público.

Segundo a Constituição do Grande Oriente do Estado de Goiás, um maçom poderá ser

suspenso e perder os direitos maçônicos. Um dos motivos dessa suspensão é a falta de

freqüência nas sessões por mais de noventa dias consecutivos sem apresentar uma justa causa.

A justificativa também não pode ultrapassar cento e vinte dias já que se isso acontecer o

maçom é afastado de seu cargo ou função em qualquer órgão da federação.

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A atual diretoria da Loja Maçônica Vale do Rio Claro é composta por: Oscar Pereira

na função de Venerável, João Domingos 1º Vigilante, Valdo Peres 2º Vigilante, Rugles

Barbosa Orador, José Geraldo do Nascimento; Secretário, Izael da Luz Carlos, Mestre de

Cerimônia e Deputado Estadual, José Vilas Boa Deputado Federal, ressaltando-se que um

mesmo membro pode exercer mais de um cargo dentro de uma loja maçônica.

De maneira geral, a administração de uma loja maçônica se dá conforme o previsto,

na Constituição do Grande Oriente do Brasil, pois, como já dissemos anteriormente a

maçonaria desenvolveu suas próprias leis. Especificamente essa administração é da

responsabilidade das Dignidades e Oficiais, observando o que determina o Rito a que se

segue, podendo variar de acordo com o número de membros que a loja possui.

A Constituição do Grande Oriente do Estado de Goiás deixa claro que para ser

admitido na maçonaria é necessário satisfazer alguns requisitos, um deles é o de ter condição

econômico-financeira que lhe assegure subsistência própria e a de sua família, sem prejuízo

dos encargos maçônicos. Assim se observarmos as profissões dos maçons citados

anteriormente poderemos concluir que esse fato é levado a sério por seus membros, podendo

ser este um dos motivos pelo qual ela é vista por algumas pessoas como uma instituição da

elite social.

Com relação à iniciação de membros na maçonaria de Montes Claros de Goiás, temos

alguns nomes, bem como suas respectivas datas, estando citados apenas os freqüentes como

observamos no quadro 2.

Quadro 2: Membros iniciados na Loja Vale do Rio Claro.

Rugles Barbosa - 31/07/1976 José Vilas Boa - 15/10/2001

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Oscar P. da Costa - 20/10/1984 Ailton Neves Siqueira - 06/11/2004

Osvaldo A. Ferreira - 25/03/1985 Deusdédio R. Souza - 06/11/2004

Valdete J.da Silva - 15/10/1985 Cláudio P. Rodrigues - 03/12/2005

Izael da Luz Carlos - 13/12/1987 Cristiano C. da Silva - 03/12/2005

Cleiton D. Linhares - 18/02/1990 Jair Leonel Ribeiro - 03/12/2005

José G. do Nascimento - 17/10/1992 Josino Couto Martins - 21/10/2006

Adão L. do Nascimento - 27/11/1999 Denevaldo A. Arruda - 21/10/2006

João Domingos - 6/09/2001 Darlou Peres dos Santos - 21/10/2006

Valdo Barbosa Peres - 15/10/2001

Fonte: Agenda maçônica 2000/2001.

Dos maçons citados no decorrer deste trabalho, a data de iniciação dos mesmos é

anterior à fundação, lembrando que de início os membros pertencentes a Montes Claros de

Goiás tinha, sua iniciação em Iporá - GO. Também não estão inclusos nesta lista alguns

maçons, devido ao fato de alguns já terem se afastado da loja, mudado para outra cidade, ou

até mesmo falecido.

Outro requisito, interessante referente à iniciação de um individuo na maçonaria é a

maioridade. Ele precisa ter pelo menos 21 anos de idade, mas poderá ser aberta uma exceção

para os que têm 18 anos, se esses iniciantes forem filhos de maçons regulares, que pode ser

segundo a Constituição do Grande Oriente do Estado de Goiás regulares ativos e inativos. Os

ativos são aqueles que pertençam a uma loja da Federação e nela cumpram todos os seus

deveres e exerçam todos os seus direitos. Os inativos são os que se desligarem das lojas,

portando documento de regularidade.

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Em caso de morte de um maçom, a família recebe o Pecúlio Maçônico, uma espécie

de seguro, que segundo o próprio site do Pecúlio Maçônico do Estado de Goiás – PEMEG,

tem por finalidade amparar as famílias maçônicas. Este órgão foi criado em 05 de março de

1955 que repassa aos beneficiados a arrecadação dos maçons filiados, cumprindo o que está

em testamento feito no ato da iniciação.

O Pecúlio Maçônico do Estado de Goiás – PEMEG atende tanto as lojas ligadas ao

Grande Oriente do Estado de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, como as ligadas às Grandes

Lojas. Este modelo estatuário do pecúlio, escolhido por Waltrudes Cunha Barbosa é

considerado como eficaz, pois até o 1º semestre de 2008 foram pagos 2.957 pecúlios. A Loja

Vale do Rio Claro não está fora deste seguro, sendo que se algum maçom preferir pode pedir

o cancelamento de seu pecúlio.

2.3 Maçonaria e imaginário

Para o desenvolvimento desta pesquisa serão trabalhados alguns conceitos. Neste

tópico especificamente, buscamos uma definição a cerca da palavra imaginário, pois ela nos

orientará no decorrer do trabalho. Tratamos de conhecer o imaginário das pessoas em relação

à maçonaria e ao maçom, para que, assim possamos ter um bom entendimento sobre eles.

Bronislaw Baczko (1996, p. 310), coloca que o imaginário social é uma peça

fundamental que age eficazmente no controle da vida das pessoas, em coletividade, e é

também meio de autoridade e poder. Ele pode ser ao mesmo tempo o lugar e o objeto dos

conflitos sociais. Assim, todas as sociedades precisam não só de imaginar, mas de inventar o

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que será legitimo quando se tratar de poder, então esse poder buscará essa legitimação através

de reivindicações.

Para Baczko, a função de um símbolo vai além de simplesmente estabelecer uma

classificação, sendo sua função dar valores e modelar os comportamentos individuais e

coletivos, mostrando as possíveis vitórias de suas buscas. “Os sistemas simbólicos em que

assenta e através do qual opera o imaginário social são construídos a partir da experiência dos

agentes sociais, mas também a partir dos seus desejos, aspirações e motivações” (BACZKO,

1996, p. 311).

Uma das funções dos imaginários sociais segundo Baczko, está na organização e no

controle do tempo coletivo no plano simbólico. Eles agem ativamente na memória coletiva,

onde os acontecimentos contam menos que as representações as quais dão origem ou se

enquadram. “Os imaginários sociais operam ainda mais vigorosamente, talvez, na produção

de visões futuras, designadamente na projecção das angústias, esperanças e sonhos colectivos

sobre o futuro” (BACZKO, 1996, p. 312). (sic)

As influências dos imaginários sociais vão depender da difusão e dos meios que

asseguram esse processo.

As modalidades de emissão e controle eficazes alteram-se, entre outros motivos, segundo a evolução do suporte tecnológico e cultural que assegura a circulação das informações e imagens. Nesta evolução, há dois momentos que marcam rupturas significativas: a passagem da cultura oral à cultura escrita, que se efectua graças, sem dúvida, à tipografia, mas ainda mais decisivamente graças à alfabetização (BACZKO, 1996, p. 313).(sic)

Os meios de comunicação em massa vão possibilitar que um único emissor atinja uma

audiência enorme, ainda não conhecida. São informações recebidas por toda parte, diversas

vezes por dia, que afetam os domínios da vida social. “Devido tanto à sua quantidade como à

sua qualidade, esta massa de informações presta-se particularmente às manipulações”

(BACZKO, 1996, p. 313).

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Sandra Jatahy Pesavento define como imaginário “um sistema de idéias e imagens de

representação coletiva que os homens, em todas as épocas, construíram para si, dando sentido

ao mundo” (PESAVENTO, 2003, p. 43). Contudo, percebemos nitidamente a existência de

idéias e imagens, ou mais especificamente de símbolos, que possuem toda uma representação

para a maçonaria e seus membros. Essa representação foi capaz de perdurar durante os anos,

mantendo o mesmo caráter.

Para Bronislaw Baczko e segundo Sandra Jatahy Pesavento o imaginário é histórico e

datado. Para cada período vivido pelos homens, são construídas conseqüentemente

representações para dar sentido ao real.

Essa construção de sentido é ampla, uma vez que se expressa por palavras/discursos/sons, por imagens, coisas, materialidades e por práticas, ritos, performances. O imaginário comporta crenças, mitos, ideologias, conceitos, valores, é construtor de identidades e exclusões, hierarquiza, divide, aponta semelhanças e diferenças no social. Ele é um saber-fazer que organiza o mundo, produzindo a coesão ou o conflito (PESAVENTO, 2003, p. 43).

Pensando nesta variedade de sentido, quando se fala de imaginário, foi elaborada uma

entrevista em forma de questionário para ser respondida por pessoas que integram a

maçonaria. O mesmo questionário foi respondido por pessoas que não faziam parte da

maçonaria, e com eles elaboraremos uma análise para conhecer o imaginário da sociedade de

Montes Claros de Goiás, no que se refere à maçonaria.

Segundo Sandra Jatahy Pesavento (2003, p. 44), Jacques Le Goff entende o imaginário

como uma forma de realidade, para ele tudo o que o homem vê como sendo algo real é na

verdade o imaginário. É o imaginário que dá sentido e significados as ações e aos

acontecimentos que envolvem as pessoas. Desta forma analisaremos as respostas dos maçons

e não maçons, observando o valor atribuído à maçonaria, por ambas as partes.

Participaram da entrevista maçons entre 30 e 60 anos, as profissões variaram entre

comerciantes, odontólogos e eletricistas. É importante ressaltar que todos se dispuseram a

responder o questionário. Os não maçons entrevistados são de ambos os sexos, estando entre

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20 e 50 anos de idade, sendo as profissões pedreiro, desempregado, do lar, frentista e agente

de saúde. Aqui nem todas as pessoas convidadas a responder o questionário aceitaram. A

primeira pergunta feita foi: O que a maçonaria representa para você?

Para todos os maçons entrevistados, a maçonaria possui um caráter muito

significativo, pois representa uma família, uma sociedade de grande valor. Ela é considerada

como uma entidade filantrópica, um lugar onde pouco se fala e muito se faz. Serve também

para o crescimento do homem como filosofia de vida e construtora da moral. Foi possível

observar que as características que mais predominaram em relação à representação dos

maçons foi o crescimento do homem e da moral.

Os não maçons responderam de forma unânime quando disseram que a maçonaria não

representa nada para eles, mas alguns fizeram alguns comentários dizendo que a maçonaria é

uma reunião oculta, onde a família não participa e nem as esposas conhecem o segredo dos

maridos maçons. Ela também é considerada por eles, um grupo de reunião e uma seita

religiosa. As respostas divergem muito, isso pode ser efeito da falta de conhecimento, pois a

maçonaria possui um caráter secreto ou pela própria interpretação que as pessoas fazem sobre

um assunto que desconhecem.

A segunda pergunta feita: Quando você ouviu falar da maçonaria pela primeira vez? A

que conclusão chegou?

Pelas respostas dos maçons, percebe-se que para se chegar a uma conclusão

relacionada à maçonaria é preciso avaliar as pessoas que fazem parte dela, pois são pessoas

sérias que possuem um bom relacionamento social e familiar, citando até a sua participação

em momentos históricos. Apenas pela participação de uma pessoa na maçonaria é que se

torna possível conhecê-la melhor. Aqui podemos concluir que a relação da maçonaria com a

sociedade e a família é algo que destaca pela boa interação.

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De acordo com os não maçons, faz muito tempo que ouviram falar da maçonaria, mas

não tinham nenhuma conclusão sobre ela, embora eles sempre deixem transparecer suas

opiniões. Dizem que se a família não participa da reunião, a maçonaria poderia ser uma coisa

que não pertence a Deus. Também há a afirmação de que ela é um bicho de sete cabeças, ou

uma seita, devido ao segredo que não pode ser revelado. De todas as respostas observamos

que a maçonaria não é vista com bons olhos, e as pessoas têm restrições ao falar sobre ela.

A terceira pergunta: seu ponto de vista em relação à maçonaria mudou com o passar

dos anos?

Para esta pergunta houve uma variedade de respostas dos maçons, alguns colocam que

seu ponto de vista mudou, pelo fato de pensarem que a maçonaria fosse um lugar bom,

considerando-a atualmente como ótima. Outros dizem que não mudou, mas que foi uma

grande surpresa descobrir o que tinha na Loja. Também foi possível conhecê-la melhor e por

meio da mesma realizar trabalhos de ajuda aos necessitados. É de fácil conclusão que para os

maçons a maçonaria é algo de grande valor que vem se aperfeiçoando no decorrer dos

tempos.

Quanto ao ponto de vista, alguns não maçons dizem que mudou e outros dizem que

não. Mudou, pois descobriram que a maçonaria é uma religião, onde os integrantes se ajudam.

E não mudou pelo fato de não participar dela. Nas respostas dadas a esta questão eles deixam

um vazio, por demonstrarem não ter uma definição sobre a maçonaria, ficando confusa a

elaboração das respostas, assim como a compreensão das mesmas.

A quarta pergunta: Pelo que você sabe o que é necessário para integrar a maçonaria?

O que prevaleceu em todas as respostas dos maçons foi acreditar em Deus. Também é

preciso valorizar a família, respeitar a pátria, ser honesto, humilde, ter uma boa conduta e

seguir os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Então, torna-se fato de que para

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fazer parte de uma instituição maçônica é necessário primeiramente ser temente a Deus e

depois apresentar as demais qualidades.

A maioria dos não maçons disse que é preciso ter dinheiro. Continuando, ressalta a

importância de um bom emprego, ser bem visto pela sociedade, possuir status social, ser um

cidadão sério e responsável. Diferente do que foi dito pelos maçons que primeiramente é

preciso acreditar em Deus para se tornar membro da loja maçônica, os não maçons dizem que

o que é necessário para integrá-la é ter dinheiro e só depois apresentar as outras

características. Ressaltamos aqui que essas afirmações possuem alguns significados, pois as

constituições maçônicas colocam como requisito para a iniciação condições financeiras capaz

de arcar com os gastos da família e da loja.

A quinta pergunta: Você concorda com a afirmação de que a maçonaria só aceita

pessoas que fazem parte da elite social? Justifique.

Foram interessantes as resposta desta pergunta, todos os maçons disseram que não

concordam com a afirmação, mas que é preciso o homem ter condições de manter o

compromisso com a ordem na qual ingressa, pagando uma mensalidade. Um dos

entrevistados cita até o fato de existirem membros que são funcionários públicos para afirmar

que não é preciso fazer parte da elite, se esquecendo que alguns deles integram este grupo. Ao

mesmo tempo, colocam que o homem está sendo moldado para assumir seu papel de cidadão

e atuar na sociedade com caráter e honestidade, pois há uma vigilância da sociedade sobre as

atitudes dos maçons.

Todos os não maçons disseram que concordam com a afirmação, justificando que

nunca ouviram falar de pessoas pobres ou de baixa renda façam parte dela. Mas, pelo

contrário só a elite social, ou seja, a classe média e os ricos são convidados a participarem da

maçonaria. É nítido como a maçonaria está associada à elite, por mais que os maçons não

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concordem com esse fato, dizendo ser necessário apenas ter um emprego que consiga suprir

as suas necessidades e as da maçonaria.

A sexta pergunta: Você conhece ou faz parte de algum trabalho desenvolvido pela

maçonaria? Comente sobre ele.

Todos os maçons conhecem e participam de algum trabalho, como prevenção contra

as drogas, prostituição infantil, menor abandonado, preservação do meio ambiente, da

Amazônia como soberania nacional, casa de apoio a saúde com ambulância e refeição, contra

a pobreza e pelo bem estar da população, independente de ser maçom ou não. Todos

demonstram preocupação com o futuro do país.

Apenas uma pessoa não maçom respondeu que conhece o trabalho desenvolvido pela

maçonaria, que é o contra as drogas, enquanto os outros disseram desconhecer. Se

analisarmos a quantidade de trabalhos citados pelos maçons ficará uma lacuna, pois se eles

são desenvolvidos, por que as pessoas não têm conhecimento sobre eles? Será que falta

divulgação ou interesse dos que não são maçons? Ou a maçonaria conserva em suas ações o

mesmo sigilo de suas reuniões?

A sétima pergunta: Você conhece o significado dos símbolos maçônicos? Quais.

Os maçons dizem conhecer o significado dos símbolos, um deles coloca em sua

resposta os três pontos usados pelos maçons, seguidos das palavras igualdade, liberdade e

fraternidade. Ele segue dizendo que os símbolos maçônicos são símbolos de retidão do ser

humano, e significa que o maçom tem que procurar ser o mais reto possível nas ações morais,

com a família, com a pátria, com Deus, com seus irmãos maçons e com a sociedade que ele

chama de profana.

Outra resposta dos maçons foi que os significados são muitos e de vários tipos como a

arquitetura do templo, que é como uma igreja para os maçons, as colunas representam o

masculino e o feminino, os aventais representam os pedreiros livres, a corda de 81 nós que

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significa amor entre irmãos e a Bíblia sagrada que representa a presença de Deus. Outro

maçom resume os símbolos a toques, palavras e sinais. E outro diz não está autorizado a falar

sobre eles. Concluímos que há uma variedade de símbolos e cada um tem uma interpretação

especifica para eles, mesmo que eles possuam uma definição.

O desconhecimento das pessoas que não integram a maçonaria sobre os símbolos é

total. Todos afirmaram não conhecer os significados, isso já era esperado, pois pouco se sabe

sobre ela, e a maioria só se sabe parte do senso comum. Também falta uma abertura da

própria maçonaria para que as pessoas possam entendê-la melhor. Cada grupo de indivíduos

possui uma maneira de traduzir o valor simbólico das coisas, isto se deve ao imaginário

social, responsável pela forma como vemos os acontecimentos.

São dois campos totalmente opostos em opiniões. De um lado os maçons defendem a

maçonaria colocando-a como uma instituição que muito faz pelas pessoas em geral, buscando

aprimorar o homem e seu caráter, preservar a família e a família maçônica. São movidos por

uma força superior que é Deus, para eles O Grande Arquiteto do Universo. Do outro lado,

estão as pessoas que não fazem parte dela, e têm uma visão muito diferente. Para eles é uma

instituição elitista que despreza o menos favorecido, que esconde da própria família segredos,

estando mais associada ao demônio do que a Deus.

A simbologia maçônica e a maçonaria é uma forma de imaginário, sendo criadas suas

próprias idéias, símbolos, toques, palavras e sinais. Tendo uma representação que perdura

com o passar dos anos, para aqueles que não fazem parte dela essa representação perde o

significado. “O imaginário é capacidade humana para representação do mundo, com o que lhe

confere sentido ontológico” (CASTORIADIS apud PESAVENTO, 2003, p. 43). É essa

capacidade de representação que leva as pessoas a criar e recriar as coisas, dando a elas

sentido.

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Da análise feita das entrevistas percebemos a força e amplitude do imaginário.

Usamos as mesmas perguntas para grupos diferentes, o valor que recebe a instituição por

aqueles que a compõe é totalmente diferente do dado pelos que não a conhecem. No

imaginário dos maçons a maçonaria é algo bom que propicia o crescimento da pessoa em

todos os aspectos, sendo este o valor dado a ela pelos maçons no decorrer dos anos. No

imaginário dos que não fazem parte da maçonaria ela é uma instituição que exclui pessoas.

2.4 A simbologia maçônica

Na construção deste tópico serão utilizados autores maçons que trabalham a

simbologia da maçonaria, e por meio de suas interpretações buscaremos compreender seus

significados e a sua importância dentro de uma loja maçônica. É importante neste tópico

trabalhar o imaginário, pois ele trata de simbologias. E como sabemos os símbolos também

são uma forma de imaginário usado por pessoas que os designam e dão significados. Assim,

como ressalta Baczko e já citamos anteriormente, uma das funções dos símbolos é introduzir

valores nos comportamentos individuais e coletivos.

Sabemos que a maçonaria é carregada por simbologias, cada um desses símbolos, com

seus próprios significados representando uma idéia a qual lhe deu origem. Explicar ou

interpretar um símbolo pode ser muito difícil, sendo que ele deve ser analisado sob vários

aspectos. “A Maçonaria é uma sociedade extremamente simbólica, procurando transmitir seus

conhecimentos, sua tradição, sua filosofia, a todos os seus iniciados, através de uma variada

simbologia” (CORTEZ, 2004, p. 16). De acordo com Cortez, a interpretação de um símbolo

irá depender de vários fatores, como o conhecimento e nível cultural de quem a busca.

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Com o surgimento da maçonaria especulativa no século XVIII, na Inglaterra, ressurgiu também uma releitura dos simbolismos religiosos que se encontravam deturpados pela ignorância eclesiástica medieval. Os maçons especulativos começaram a estudar os simbolismos religiosos e iniciáticos, dando origem a simbologia mística, dos maçons operativos, alquímicos e outros símbolos tradicionais (CASTRO, s.d).

Contudo, o autor Cortez ainda ressalta que quando houve a transformação da

maçonaria Operativa em Especulativa nos séculos XVIII e XIX, ela ganhou muito no sentido

intelectual. Mas esta intelectualidade trouxe com ela a vaidade e a ambição, havendo

principalmente na França e na Alemanha uma enorme expansão de Ritos e Altos Graus, quase

levando a instituição a se afundar no caos devido ao seu crescimento descontrolado.

Assim, inúmeras correntes de pensamento foram sendo agregadas à Maçonaria. Idéias tiradas da Cabala, da Bíblia, do Hermetismo, da Ordem Rosa Cruz, dos Templários, da Magia, da Astrologia, das antigas religiões e de seus processos de iniciação, de lendas egípcias e gregas, enfim, de uma infinidade de origens deram entrada na Ordem Maçônica, neste período (CORTEZ, 2004, p. 17).

Juntamente com estas correntes, veio também uma grande reunião de idéias e

símbolos. Com isso, o autor Cortez coloca que um símbolo analisado segundo uma linha de

pensamento terá um determinado valor. E se mudarmos essa linha, ele mudará o seu

significado e assim passará a um novo valor. Portanto, no século XVIII, a maçonaria irá

adquirir um sentido universal, justificando a presença de instrumentos usados por pedreiros

como símbolos maçônicos, estando eles presente na sociedade até os nossos dias.

Esta simbologia também abrange a iniciação de um membro. E para explicar melhor

Cortez coloca que: “A Maçonaria nos submete à determinadas provas durante a realização do

cerimonial. Estas provas foram, no passado, físicas e reais. Em nossos dias, o seu significado

é, meramente, simbólico” (CORTEZ, 2004, p. 25). O intuito das provas pelas quais o

candidato se submete, segundo o autor, tem a função de alertar-lo para tudo o que está a seu

redor.

Marlanfe Michaelis Rocha de Oliveira, maçom autor do texto O Templo Maçônico,

discute a questão do templo e da loja observando que elas também estão impregnadas pela

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simbologia que envolve a maçonaria. Ele inicia seu trabalho denominando “Loja, a sociedade

de Maçons, como organismos de construção moral, social e especulativa. Na Loja se reúnem

os irmãos para seu trabalho fraternal em beneficio da humanidade” (OLIVEIRA, s.d).

Para os maçons, segundo Oliveira, a loja simboliza o mundo, o universo em que

vivemos, representa o grande infinito. Por isso ela deve seguir algumas exigências

arquitetônicas, assim como a devida ornamentação, inclusive do pavimento mosaico em preto

e branco, com a estrela flamígera e a borda dentada, símbolos usados nas sessões. A luz

penetra por três janelas, ao Oriente, ao Sul e a Oeste; mobiliário, jóias, móveis e imóveis, a

Carta Constitutiva e um mínimo de sete obreiros, Oficiais, para a abertura dos trabalhos.

Nos trabalhos realizados dentro da maçonaria, seus membros usam algumas vestes ou

paramentos mais jóias e ferramentas. A função das vestes assim como das jóias, segundo

Leão (1980, p. 04), é de identificar o grau ou cargo que o mesmo executa. As ferramentas

representam o desempenho da obra a ser feita. Todos esses itens são símbolos que compõem

os rituais maçônicos são indispensáveis em suas reuniões pelo fato de possuir significados

para o mesmo.

Ainda seguindo as informações obtidas de Oliveira, destacamos que além da Câmara

das Reflexões, local onde fica a pessoa antes de entrar no templo, pessoa esta designada pelos

maçons como profano, um prédio maçônico compõe-se de três partes: A Sala dos Passos

Perdidos, Átrio ou Vestíbulo e Templo.

Oliveira explica que a Sala dos Passos Perdidos é lugar que ficam os irmãos e

visitantes antes do inicio das sessões. Neste ambiente pode-se conversar livremente, além de

realizar atividades de recreação dos maçons. A Sala é “onde os Maçons se revestem com seus

paramentos e ornam-se com suas jóias” (LEÃO, 1980, p. 03). O Átrio ou Vestíbulo é o local

que precede ao Templo, nele ficam as estrelas para recepção das autoridades onde é fixado

um quadro que serve para comunicação interna, como um mural de informações.

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Por último o Templo que é um lugar com decoração apropriada à sua finalidade

ritualística contendo símbolos de conteúdo universal. Apenas em circunstâncias muito

especiais e sob autorização, a loja poderá se reunir fora do templo mantendo simbolicamente a

mesma denominação. João Cristovan Leão (1980, p. 03), levanta a questão da existência de

mais uma sala. Ela recebe o nome de Sala das Meditações, sendo um cubículo localizado no

subsolo, local onde os candidatos ficam para refletir e se prepararem para a iniciação, além de

elaborar uma espécie de testamento.

Na maçonaria templo é o nome dado ao local onde acontecem as reuniões dos

membros de instituições iniciáticas. A maçonaria trata em sua forma simbólica, do que

Oliveira chama de Templo Humano, ou seja, um templo espiritual edificado no coração e na

mente do maçom, isto é no corpo e na alma, para o recolhimento do bem, do amor fraternal,

da beneficência e da concórdia. Para fundamentar sua concepção de templo, Oliveira usa

como referência algumas partes da Bíblia como: João, cap. 2, 18-21 e Coríntios, cap. 3, 16-17.

O Templo Maçônico retrata alguns dados arquitetônicos do templo que Salomão mandou erigir em Jerusalém, na colina do Monte Moriah, citado na Bíblia, para com seus referidos dados perpetuar seus ensinamentos sobre simbolismo. Maçonicamente é um templo apenas simbólico, uma imagem representativa do universo, com suas maravilhas, e serve a ensino ministrado em Loja (OLIVEIRA, s.d).

Assim, Oliveira explica que os símbolos estão associados à humanidade desde o seu

surgimento, pois os povos primitivos comunicavam e registravam sua historia a partir deles,

eles se constituem de sinais produzidos conscientemente pela sua presença no planeta. Para

um mesmo símbolo pode haver várias interpretações, da mesma maneira que uma coisa pode

ser representada por diferentes símbolos. Isto se deve ao fato de como as pessoas os

relacionam com o imaginário no qual está inserido.

Para Neodo Ambrósio de Castro “O simbolismo é a ciência mais antiga do mundo”

(CASTRO, s.d). Contudo, como o próprio autor afirma o verdadeiro símbolo é aquele que

pode ter diversas interpretações, vista por vários ângulos, sendo que estas interpretações

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podem ser feitas de acordo com as capacidades intelectuais e emocionais que cada indivíduo

possui. Para demonstrarmos mais especificamente a simbologia temos a figura 3.

Foto 3: Interior da Loja Vale do Rio Claro

Fonte: Arquivo pessoal

Nos templos maçônicos são encontrados inúmeros símbolos, alguns se destacam mais

pelo seu uso constante e conhecimento entre os maçons. O autor citado revela em um texto

intitulado Simbolismo na Maçonaria, o significado de alguns símbolos os quais sua definição

se encontra em anexos.

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Ainda falando sobre a simbologia maçônica, o maçom Arnaldo Sato, comenta sobre

outros símbolos ainda não trabalhados, mas que merecem serem dados seus significados

devido a sua importância para a maçonaria. Observaremos o teto da Loja Vale do Rio Claro, e

os símbolos que dela fazem parte e que definimos neste tópico, segundo autores maçons.

Como podemos ver na foto 4.

Foto 4: Teto da Loja Vale do Rio Claro

Fonte: Arquivo pessoal

Sol – É o símbolo da luz. Para a maçonaria a luz é a do conhecimento, do

esclarecimento mental e intelectual. O sol deve estar presente na decoração do templo, no

teto, mostrando a lua que vem do oriente.

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Lua – A lua deve estar representada na parte ocidental do teto dos templos, em meio às

trevas, em oposição ao sol, para mostrar a escalada iniciática do obreiro, das trevas em

direção à luz.

Estrela de cinco pontas – Simboliza o homem perfeito, Deus manifestando-se

plenamente no homem, o iniciado. O homem é um ser físico, emocional, mental, intuitivo e

espiritual.

Estrela Flamígera – A pentagonal que tinha raios ou pontas ondulantes, tal qual ainda

aparece em Obediências12 inglesas e americanas. É o emblema individual do companheirismo.

O astro que ilumina a loja de companheiros, onde figura no oriente acima do venerável ou no

ocidente entre as duas colunas ou ainda acima do pedestal do segundo vigilante, a sudoeste

segundo o Rito Escocês.

Nota-se que a maçonaria é uma instituição carregada de símbolos e durante seus

rituais de encontros é possível perceber o que a autora Tatiana Almeri (s.d p.39) chama de

concepções hinduístas que são baseadas na sobrevivência da alma e no o aperfeiçoamento

espiritual. Nas lendas maçônicas que abordam a questão com relação à imortalidade da alma,

destaca-se a antiga Mesopotâmia e o culto ao deus Dumuzi, símbolo da imortalidade do

espírito e da eternidade.

É importante destacar que neste tópico não foram trabalhados todos os símbolos e

significados maçônicos. Foram apresentados os que mais se destacam pela sua repercussão e

conhecimento no que diz respeito à maçonaria. Devemos ainda frisar que seria um erro da

nossa parte, pensar que poderíamos discutir todos os aspectos envolvidos à maçonaria, pois

por mais que hoje seu caráter não chegue a ser secreto, mas discreto, a questão “segredo”

ainda continua indecifrável para aqueles que não penetrem suas portas.

12 Entidades autônomas regulares e soberanas que congregam as lojas simbólicas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização desta pesquisa, observamos que a maçonaria chegou à cidade de

Montes Claros de Goiás, pelos membros que pertenciam a Loja União de Iporá – GO, mas

que residiam em Montes Claros de Goiás. Esse fato fez com que fosse despertado o interesse

de fundar uma loja na cidade, então com o auxilio da loja de Iporá, os maçons tomaram as

providências para que a loja pudesse ser construída.

Assim, como todas as lojas maçônicas a de Montes Claros de Goiás, Vale do Rio

Claro, é repleta de símbolos, sendo que a própria arquitetura possui significados simbólicos e

há um padrão arquitetônico ao qual às lojas devem seguir na sua construção. Estes símbolos

são partes integrantes dos rituais, e é através deles que são realizadas as sessões, pois para

cada um dos cargos exercidos dentro da loja existe um símbolo que o representa.

Buscamos também nesta pesquisa compreender por que a maçonaria, no imaginário da

sociedade montesclarense, está relacionada à elite social. Isto é mais amplo do que se pode

imaginar, pois de certa forma ela está realmente ligada a uma elite, já que para se tornar um

membro é preciso possuir segundo as Constituições do Grande Oriente do Brasil e de Goiás,

condições financeiras de se manter, manter a sua família e ainda os gastos com a loja. Ainda

que os maçons não concordem com esta idéia, insistindo em que o requisito mais importante

para fazer parte da maçonaria é a crença em Deus.

Portanto, a loja maçônica é uma instituição onde se reúne apenas homens, após passar

pelo processo de iniciação, e com a Vale do Rio Claro, isto não é diferente. Segundo

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informações durante as sessões os maçons discutem assuntos relacionados à sociedade em

geral, fazem seus estudos filosóficos e realizam os rituais simbólicos.

A maçonaria não considera possível o progresso senão na base de respeito à

personalidade, à justiça social e a mais estreita solidariedade entre os homens. Ostenta o seu

lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” com a abstenção das bandeiras políticas e

religiosas. Porém, ela tem passado por evolução nos tempos e segundo os países. A maçonaria

não tem preconceito de poderes, e nem admite em seu seio, pessoas que não tenham um

mínimo de cultura que lhes permitam praticar os seus sentimentos.

Como vários autores colocam, estudar a maçonaria não é nada fácil, pois devido a seu

caráter secreto é complicado dizer se realmente algo é verdadeiro ou não. O nosso intuito

nesta pesquisa não é elencar todos os dados e aspectos sobre a maçonaria, sendo isso

impossível pela falta de acesso às informações. Trabalhamos com as características mais

comuns e sobre o que as pessoas, mesmo pela falta de conhecimento, já ouviram falar e têm

uma concepção formada. Para nós a conclusão deste trabalho é de grande valia, tendo ele nos

esclarecidos grandes duvidas referentes à maçonaria, esperamos que ele possa ser de grande

ajuda para aqueles que se interessarem pelo tema.

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ANEXOS

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Símbolos maçônicos e seus significados segundo os autores Marlanfe Rocha de

Oliveira e Neodo Ambrósio de Castro:

Acácia – Árvore de muitas espécies, disseminada no Egito, Arábia e Palestina. A

Acácia era a árvore que fornecia sua madeira aos povos hebreus, a sagrada e aromática

madeira Shittim ou Sitim. Foi muito empregada na construção do Tabernáculo. Planta

consagrada nas cerimônias, graus e espíritos da maçonaria, como símbolo da inocência,

iniciação e imortalidade da alma. Símbolo de imortalidade nos emblemas maçônicos. O

famoso Diploma da Acácia é conferido ao maçom assíduo.

Avental – É a peça mais importante na maçonaria. Distintivo indispensável do

trabalho. É o único que dá ao maçom o direito de entrar nos templos e participar das reuniões.

Sua forma e cores variam de acordo com os graus e ritos, mas seu significado místico é o

mesmo. O avental branco, sem adornos do 1º grau indica a pureza da alma, que se supõe tê-la

alcançado neste grau. O azul celeste está associado com a dedicação espiritual. Nos graus 1º e

2º não aparecem nenhum metal, pois o maçom esteve teoricamente se despido de todos os

metais transmutando-os em riquezas espirituais. O azul safira simboliza a piedade, o

equilíbrio, a lealdade e a sabedoria. Esta é a cor que figura nos graus 3º, 4º e 14º do Rito

Escocês e Aceito. É a cor celeste que caracteriza as Lojas Simbólicas e os maçons dos três

primeiros graus.

Cinzel – Representa o intelecto e sugere o trabalho inteligente. Instrumento do grau de

aprendiz. Simbolicamente, serve para desbastar a pedra bruta da personalidade.

Colunas – Na maçonaria usam-se as colunas de origem grega, a Jônica que

corresponde ao Venerável Mestre da Loja que significa sabedoria. A Dórica que corresponde

ao primeiro Vigilante e que representa a força. Por último, a Coríntia que corresponde ao

segundo Vigilante e representa a beleza. Na porta do templo são colocadas duas colunas

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efetivas que são chamadas Boaz e Jachim. A primeira, Boaz se localiza à esquerda e a

segunda Jachim à direita da entrada do templo. As duas combinadas representam “Deus se

estabelecerá em força” ou “como fortaleza”.

Compasso – A maçonaria adota o compasso como um de seus grandes símbolos e o

coloca sobre o altar da loja enlaçado com o esquadro para simbolizar a macrocosmo, e a

Bíblia para significar a sabedoria que ilumina e dirige tanto o macrocosmo como o

microcosmo. Como instrumento simbólico, é emblema13 de medida e justiça.

Delta Luminoso – Quarta letra do alfabeto grego. É o emblema da tri-unidade. É o

primeiro polígono. Tanto nas Igrejas Judaico-cristãs como nos templos maçônicos está

geralmente envolvido por um “glória”, centrada pela letra G. É o símbolo da tripla força

indivisível e divina que se manifesta como vontade, amor e inteligência cósmicos ou ainda os

pólos positivo e negativo e o efeito de sua união. É às vezes figurado por três pontos.

Escada Caracol – Mostra a difícil trajetória do companheiro. Com seus degraus em

espiral, ela representa a dificuldade em subir, aprender e auto aperfeiçoar-se, mostrando que a

evolução não se desenvolve de uma forma constante e retilínea. Sua persistência em busca da

luz será a recompensa, pois atingirá o topo da escada.

Escada de Jacó – A escada mística vista por Jacó (Gênesis 28: 12,13), simboliza o

ciclo evolutivo da vida, em seu perpétuo fluxo e refluxo, através de nascimentos e mortes, a

desdobrar-se em hierarquias de seres. Segundo as tradições maçônicas, a escada com esse

significado consta de quatorze degraus. Na verdade seus degraus são tantos quantos são as

virtudes necessárias ao aperfeiçoamento de cada um. A três mais importantes são a fé, a

esperança e a caridade, ali simbolizadas pela cruz, âncora e o cálice.

13 Figura simbólica, insígnia; símbolo.

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Espada – Acessório muito usado nas cerimônias maçônicas, geralmente como símbolo

de poder e autoridade e emblema dissipador das trevas e da ignorância. Nas reuniões de

banquetes ritualísticos é o nome que se dá à faca.

Espada Flamígera – A que tem a lâmina ondulada, qual língua de fogo serpentino. É

usada pelo venerável mestre como símbolo do poder criador do G.A.D.U.14

Esquadro – Um dos símbolos mais usados que junto ao compasso, representa o

emblema mais conhecido dos maçons. Simboliza a equidade, justiça e retidão, e constitui a

jóia do cargo do venerável mestre, porque este deve ser o maçom mais reto e justo da loja. Em

conjugação com o compasso, que representa Deus ou o Eu superior, para o qual deve o

iniciado dirigir constantemente suas aspirações. O esquadro substitui o quadrado para

representar o mundo, ou o Eu inferior com seus desejos e paixões subjugadas e dominadas, e

recorda ao maçom que deve buscar unir-se à sua fonte de origem e desprender-se das ilusões

terrenas.

Fogo – O mais sutil, ativo e puro dos quatro elementos (terra, ar, água e fogo) é o

principio animador, masculino em oposição à água e fonte de energia. Nas lojas maçônicas

mantém-se aceso sob a Estrela Flamígera, onde o primeiro diácono leva a luz aos seus irmãos.

Letra “G” – Sétima letra do alfabeto maçônico. Chama-se gimel em hebreu, e em geral

significa geometria, geração, glória, grande e grão. No grau do companheiro é o emblema

misterioso que lhe conduz os passos e naturalmente alude a Geômetra (Deus).

Luvas – Tem sido usada pelos maçons como uma marca de distinção e pureza. Depois

de sua recepção, o aprendiz recebe dois pares de luvas brancas, dos quais um se destina a ele e

o outro “à dama que mais ele amasse”. A luva branca recebida no dia de sua iniciação tem

como objetivo lembrar os compromissos assumidos pelo maçom.

14 Abreviação maçônica para Grande Arquiteto do Universo (Deus).

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Malho – É a ferramenta de trabalho do aprendiz, para alegoricamente, desbastar a

pedra, ou educar a agreste e inculta personalidade para uma vida ou obra superior. O malho

simboliza a vontade, energia, decisão, o aspecto ativo da consciência, necessário para vencer e

superar os obstáculos.

Nível – É a jóia móvel usada pelo primeiro vigilante das lojas maçônicas simbólicas

ou azuis. Representa a igualdade e está em relação com o enxofre e a coluna Jachim.

Pavimento de mosaico – Ornamento do centro das lojas composto de ladrilhos brancos

e pretos. Simbolizam seres animados e inanimados que decoram e ornamentam a criação, bem

como o enlace do espírito e matéria da vida e forma por toda a parte a união dos maçons do

globo, apesar de suas diferentes cores, climas e opiniões particulares.

Pedra bruta – Corresponde à matéria-prima dos hermetistas. Simboliza a personalidade

rude do Aprendiz, cujas arestas ele aplana, e a ele cabe disciplinar, educar e subordinar à sua

vontade.

Pedra cúbica – Depois da pedra desbastada pelo aprendiz, o companheiro, com o

auxilio do esquadro, nível e prumo, torna-a polida em forma cúbica. Desde os velhos tempos

o cubo perfeito simboliza os seres angelicais, a alga de configuração emotiva e harmoniosa.

Isso significa a evolução do companheiro até chegar ao estágio de mestre.

Régua – A régua é o símbolo da retidão. Representa a boa administração do tempo que

deve ser dividido para o auto-conhecimento, meditação, estudo e repouso.

Romãs – Emblema que coroam as colunas J e B dos templos e cujos grãos significam

prosperidade e solidariedade da família maçônica.

Trolha – É adotada pela maçonaria como instrumento simbólico com o qual se aplica a

argamassa humana destinada a realizar a unidade. Tal qual o pedreiro cimenta as várias pedras

para formar um todo que é o edifício.

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Prumo – É o símbolo da profundidade do conhecimento, da retidão e da justiça.

Representa também o equilíbrio ou estabilidade. É a jóia do segundo vigilante.

Livro da Lei – Simboliza a lei divina. Quando da cerimônia da abertura do livro e

leitura de um trecho, espiritualiza-se a loja e seus presentes.

Corda de Oitenta e Um Nós – É um adorno encontrado no alto das paredes verticais,

com um nó central acima da cadeira do venerável mestre. Tendo de cada lado quarenta nós,

que se estendem pelo norte e sul, terminando seus extremos, em ambos os lados da porta

ocidental de entrada, em duas borlas representando a justiça e a prudência. Essa abertura na

corda significa que a maçonaria é dinâmica, progressista estando sempre aberta às novas

idéias que possam contribuir para a evolução do homem e para o progresso racional da

humanidade.

Painel – Mostra o pórtico15 e as colunas vestibulares, simbolizando a entrada no

templo; a pedra bruta, a pedra cúbica e a prancha de traçar, símbolos dos três graus

simbólicos: aprendiz, companheiro e mestre, respectivamente; o compasso e o esquadro

entrecruzados, o nível e o prumo, simbolizando as três luzes da Oficina: Venerável Mestre, 1º

Vigilante16 e 2º Vigilantes17; o maço e o cinzel, instrumentos de trabalho do aprendiz no

desbastamento da pedra bruta; três janelas simbolizando a marcha do sol; a corda de nós; e

uma orla dentada, enquadrando todo o conjunto, simbolizando os opostos.

15 Grande sala de circulação com o teto sustentado por colunas ou pilares. 16 Substitui o Venerável Mestre caso ele não compareça as sessões maçônicas. 17 Substitui o Venerável Mestre e o 1º Vigilante caso os dois não compareçam as sessões maçônicas.