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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DO GÊNERO SCAPTOTRIGONA (MOURE,1942) (HYMENOPTERA, APIDAE) OLÍVIA MARIA PEREIRA DUARTE ILHÉUS-BAHIA-BRASIL Fevereiro de 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR

CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DO GÊNERO SCAPTOTRIGONA (MOURE,1942)

(HYMENOPTERA, APIDAE)

OLÍVIA MARIA PEREIRA DUARTE

ILHÉUS-BAHIA-BRASIL

Fevereiro de 2008

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OLÍVIA MARIA PEREIRA DUARTE

CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DO GÊNERO SCAPTOTRIGONA (MOURE,1942) (HYMENOPTERA, APIDAE)

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia Molecular.

OLÍVIA MARIA PEREIRA DUARTE

ILHÉUS-BAHIA-BRASIL Fevereiro de 2008

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OLÍVIA MARIA PEREIRA DUARTE

CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DO GÊNERO SCAPTOTRIGONA (MOURE,1942)

(HYMENOPTERA, APIDAE)

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia Molecular

APROVADA: 29 de fevereiro de 2008

_____________________________ _____________________________

Dr Lúcio Antônio de Oliveira Campos Dr Vander Calmon Tosta

(UFV) (UFES)

___________________________ ______________________________

Drª Cléa dos Santos Ferreira Mariano Dr Marco Antônio Costa

(CEPLAC) (UESC- Orientador)

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i

Dedico este trabalho

à minha família, meus pais, meus irmãos e

especialmente à minha querida vovó (in memorian).

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ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço, à DEUS pela minha vida e por todas as graças concedidas durante o

período de execução deste trabalho.

À Fundação de Amparo à pesquisa do estado da Bahia- FAPESB pela concessão da

bolsa.

Ao CNPq e FINEP pelo suporte financeiro na aquisição de insumos e equipamentos

necessários a realização desta pesquisa.

À UESC e ao programa de pós graduação em Genética e Biologia Molecular pela

oportunidade e apoio logístico.

Ao professor Marco Antônio Costa, pela confiança, compreensão, por sempre

transmitir muita tranquilidade durante a orientação concedida.

À secretrária do colegiado do curso de pós-graduação Luciana Calazans por ser

sempre solícita e muito simpática.

Ao professor Dr Gabriel A. R. Melo do museu entomológico da UFPR pela

identificação dos espécimes.

À professora Janisete Gomes pelo apoio no transporte para as coletas.

À professora Lenira Lacerda da UFMA pelo envio de algumas das amostras de

Sacptotrigona analisadas no presente trabalho.

À todos os produtores que permitiram que eu realizasse a coleta das amostras:

Ailton de Jequié-BA; Sr João,Sr Manoel, Carleandro Dias, de Itaberaba-BA;

D.Cacilda de Gandu-BA; Sr Marcos da EBDA de Valença-BA.

À professora Aline do Lab. de Microbiologia da UESC pelas amostras de Rio Claro-

SP.

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À Alayne pela amizade pelo incentivo no ingresso ao mestrado, pelo envio das

amostras de Ribeirão Preto-SP.

Aos companheiros de trabalho do laboratório de Citogenética Priscila, Eilen, Vilma,

Américo, Claudine,Rodolfo, Tony,Tiago, Igor, Drica, Gilvana.

À minha querida amiga Cinthia pelo companheirismo, lealdade, carinho atenção pela

amizade e tolerância.

À minha amiga Van, pelas palavras sábias nos momentos em que mais precisei,

pelo carinho, pelas maravilhosas conversas e por toda amizade.

Às amigas Lídia, Grazi, Lana, Poli, Bruninha, Sarah, Maíza, e aos amigos Braz, Size,

Cadú, Cristiano, pelos momentos de alegria.

Aos amigos e colegas do programa, os quais fizeram mais felizes esses dois anos

que compartilhamos juntos momentos de aflição e alegria.

À minha amiga Sara, por toda atenção, cuidado e carinho a mim concedidos, bem

como a toda a sua família especialmente a D. Iraci sua mãe, por terem praticamente

me adotado me acolhendo durante esse período.

À minha família, minha mãe Maria Romilda, meu pai Jailton, meus irmãos Jamilda e

Gabriel, pelo amor que conforta e sustenta, pela confiança e dedicação apesar da

distância.

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iv

ÍNDICE

EXTRATO .................................................................................................................. vi

ABSTRACT...............................................................................................................viii

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................3

2.1 Abordagem geral sobre as abelhas ...................................................................3

2.2 Aspectos gerais sobre a subtribo Meliponina (Hymenoptera, Apidae)...............4

2.3 Considerações sobre Scaptotrigona, Moure, (1942)..........................................5

2.4 Importância econômica, ecológica e conservação.............................................6

2.5 Análise citogenética ...........................................................................................8

2.5.1Sistema de nomenclatura cromossômica ........................................................8

2.5.2 Heterocromatina..............................................................................................9

2.5.3 Região Organizadora do Nucléolo ................................................................11

2.6 Técnicas de bandeamento cromossômico.......................................................12

2.6.1. Banda C .......................................................................................................12

2.6.2 Banda NOR...................................................................................................13

2.6.3 Coloração com fluorocromos ........................................................................14

2.6.4 Hibridização in situ fluorescente FISH ..........................................................15

2.7 Citogenética em estudos comparativos ...........................................................16

2.8 Análises citogenéticas na subtribo Meliponina.................................................17

2.9 Evolução Cariotípica ........................................................................................18

3. MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................22

3.1 Material Biológico.............................................................................................22

3.2 Preparações citológicas ...................................................................................25

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v

3.2.1 Técnica de Secagem ao Ar ...........................................................................25

3.2.2 Coloração Convencional ...............................................................................25

3.2.3 Técnica de banda C ......................................................................................26

3.2.4 Banda NOR...................................................................................................26

3.2.5 Coloração com Fluorocromos .......................................................................27

3.2.5.1 Coloração por DAPI (4 -6”- diamidino-2-phenylindole), ...............................27

3.2.5.2 Coloração por Cromomicina A3 .................................................................27

3.2.5.3 Dupla-coloração CMA /DAPI3 .....................................................................27

3.2.6 Hibridização in situ fluorescente (FISH) ........................................................28

3.2.7 Análise do material........................................................................................28

4. RESULTADOS......................................................................................................30

4.1 Descrição geral dos cariótipos .........................................................................30

4.2 Conteúdo e distribuição da heterocromatina....................................................32

4.3 Padrão de coloração com fluorocromos CMA /DAPI3 .......................................44

4.4 Caracterização da região organizadora do nucléolo NOR ...............................52

5. DISCUSSÃO .........................................................................................................58

5. 1 Número e morfologia cromossômica...............................................................58

5.2 Padrão de distribuição e conteúdo de heterocromatina ...................................60

5.3 Caracterização molecular dos cariótipos por fluorocromos base-específicos..64

5.4 Caracterização da Região Organizadora de Nucléolo .....................................65

5.5 Análise comparativa entre as espécies de Scaptotrigona analisadas..............69

5.6 Evolução cariotípica .........................................................................................71

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................74

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................75

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vi

EXTRATO

DUARTE, Olívia Maria Pereira, M.S., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

fevereiro de 2008. Citogenética de espécies do gênero Scaptotrigona (MOURE,1942), (HYMENOPTERA: APIDAE). Orientador: Dr. Marco Antônio Costa.

Co-orientadora: Drª. Ana Maria Waldschmidt. Colaboradora: Drª. Janisete Gomes da

Silva-Miller.

O gênero Scaptotrigona é um grupo de abelhas sem-ferrão distribuído na

região Neotropical, numa abrangência que se estende do Rio Grande do Sul ao

México, com oito espécies descritas ocorrendo em todo o Brasil. Entretanto,

apresenta uma grande diversidade de formas, constituindo complexos de difícil

separação e muitas espécies não-descritas. No presente trabalho foi proposta a

realização de uma análise citogenética para caracterização da diversidade no

gênero Scaptotrigona, tendo como foco principal a fauna pouco estudada do estado

da Bahia, e espécies ocorrentes em outras regiões do Brasil. Foram analisadas seis

espécies, sendo que três dessas são novas para a ciência: Scaptotrigona sp. 3,

Scaptotrigona sp. 2, Scaptotrigona sp. 1, S. xanthotricha, S. depilis, S. postica.

Diversas técnicas como banda-C, fluorocromos, banda NOR e FISH foram utilizadas

para fornecer informações detalhadas sobre o padrão cariotípico no grupo. A

coloração convencional revelou que todas as espécies apresentam o conjunto

cromossômico constituído por 34 cromossomos em fêmeas e por 17 em machos,

indicando uma constância numérica no gênero. Entretanto, foi constatada variação

morfológica no conjunto cromossômico em nível intra e interespecífico, conforme

observado nas fórmulas cariotípicas descritas: Scaptotrigona sp. 3 apresentou

2k=18A+16AM; Scaptotrigona sp. 2 por sua vez, 2k= 14A+20AM; Scaptotrigona sp. 1

de Cruz das Almas-BA e de Manoel Vitorino-BA 2k=16A+18AM; a amostra de

Itaberaba-BA mostrou 2k=2M+12A+20AM; S. xanthotricha, a população de

Camacan-BA 2k=4M+12A+18AM; a de Valença-BA apresentou 2k=16A+18AM; já a

de Viçosa-MG teve 2k=2M+14A+18AM; S. depilis mostrou 2k=2M+20A+12AM; S.

postica por sua vez, apresentou 2k=4M+18A+12AM. O padrão de bandeamento C

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mostrou que a heterocromatina constitutiva esteve localizada em sua maior parte em

um dos braços dos cromossomos pseudoacrocêntricos, na forma de grandes blocos

contínuos. Bandas C também foram observadas na região centromérica dos

cromossomos metacêntricos e acrocêntricos e no braço curto dos acrocêntricos.

Além disso, foi observada em muitas espécies a presença de heteromorfismos de

tamanho de braço heterocromático, sendo o mais conspícuo observado no par 14 de

Scaptotrigona sp.3. O padrão obtido por meio da coloração com fluorocromos

mostrou heterogeneidade na composição da heterocromatina, sendo característico

de cada espécie. A amplitude de variação do número de marcações CMA3+

encontradas por genoma diplóide foi de três bandas CMA3+ em Scaptotrigona sp. 2

e Scaptotrigona sp. 1 de Manoel Vitorino-BA até treze marcações em S. xanthotricha

de Valença-BA indicando uma riqueza em pares GC nessas regiões. A coloração

DAPI, por sua vez, mostrou marcações nas demais regiões heterocromáticas dos

cromossomos, principalmente na região pericentromérica, demonstrando uma

predominância de pares AT. A variação cariotípica detectada por meio do

bandeamento NOR revelou diferentes padrões quanto ao número e à localização

conforme a população ou espécie analisada. A amplitude de variação do número de

bandas NOR+ por genoma diplóide no gênero foi de duas marcações nas

populações de Scaptotrigona sp. 1 de Cruz das Almas-BA e Itaberaba-BA até doze

marcações em S. xanthotricha de Valença-BA. A maior parte das bandas NOR+

mostraram-se associadas com regiões heterocromáticas e regiões CMA3+

ricas em

pares GC. A localização dos sítios de rDNA 45S por meio da técnica de FISH

revelou a existência de três cópias do gene em um genoma haplóide de S. postica.

O número e a localização desses sítios foram coincidentes com as bandas NOR+ e

CMA3+. Apesar da constância numérica as espécies analisadas mostraram padrões

cariotípicos diferenciados especialmente devido às variações no conteúdo e na

distribuição da heterocromatina constitutiva, na composição nucleotídica bem como,

no número e localização da região organizadora de nucléolo. Tais variações são

importantes na distinção taxonômica e podem ser relevantes para a emergência de

novas espécies.

Palavras-chave: Cromossomos, abelhas sem-ferrão, Meliponina, heterocromatina

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viii

ABSTRACT

DUARTE, Olívia Maria Pereira, M.S., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

february of 2008. Cytogenetics of the genus Scaptotrigona (MOURE,1942), (HYMENOPTERA: APIDAE). Advisor: Dr. Marco Antônio Costa. Advisor Commitee

Members: Drª. Ana Maria Waldschmidt. and Drª. Janisete Gomes da Silva-Miller.

Scaptotrigona is endemic to the Neotropical region and has a distribution

ranging from the state of Rio Grande do Sul, Brazil to Mexico with eigth species

occurring in Brazil. Although the genus shows a high morphological variety, many of

species form complexes of similar morphology. Additionally there are several

undescribed species. The objective of the present work was to develop a cytogenetic

evaluation of the diversity in the genus Scaptotrigona with emphasis on the poorly

studied fauna of the state of Bahia, and to compare the patterns found with

populations from other regions of Brazil. A total of six species were analyzed: sp. 1,

Scaptotrigona sp. 2, Scaptotrigona sp. 3, S. xanthotricha, S. depilis, S. postica. C

banding, fluorochromes staining, Ag-NOR banding and FISH techniques were used

to provide detailed information on the karyotypes of the group. The conventional

staining showed that all species presented 34 chromosomes in the females and 17 in

the males, indicating a conservative chromosomic number the genus. However we

verified a morphological variation on the karyotypes at both intra and interspecific

level. The chromosome morphological variation allowed to us to infer the following

karyotypic formula: Scaptotrigona sp. 3 presented 2k=18A+16AM; Scaptotrigona sp.

2 presented 2k= 14A+20AM; Scaptotrigona sp. 1 from Cruz das Almas, BA and

Manoel Vitorino, BA presented 2k=16A+18AM while the sample from Itaberaba, BA,

2k=2M+12A+20AM; S. xanthotricha, from Camacan, BA presented

2k=4M+12A+18AM; from Valença, BA showed 2k=16A+18AM and from Viçosa-MG

presented 2k=2M+14A+18AM; S. depilis presented 2k=2M+20A+12AM and S.

postica presented 2k=4M+18A+12AM. The C-banding pattern of the karyotypes

evidenced that most part of the constitutive heterochromatin was located in one of

the arms of the pseudoacrocentric chromosomes forming large and continuous

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blocks. C bands were also located in the centromeric region of metacentric and

acrocentric chromosomes. Moreover, heteromorphism due to a difference in size of

heterochromatic arm was observed in some species. Such feature was more visible

in the 14th pair in the karyotype of Scaptotrigona sp.3. Fluorochrome staining

revealed heterogeneity in the composition of heterochromatin in the species. The

variation in the number of CMA3+ bands found in the diploid genome ranged from

three CMA3+ bands in Scaptotrigona sp. 2 and Scaptotrigona sp. 1 from Manoel

Vitorino-BA to thirteen CMA3+ bands in S. xanthotricha from Valença-BA. Those

results indicate a richness of GC base pairs in these heterochromatic regions. The

DAPI staining showed markings in other heterochromatic regions of the

chromosomes, especially in the pericentromeric regions revealing, in this case, a

predominance of AT base pairs. Ag NOR-staining showed variation on the numbers

and locations of the NORs within populations or between species. The number of

NOR+ bands per diploid genome ranged from two on populations of Scaptotrigona

sp. 1 of Cruz das Almas-BA and Itaberaba-BA to twelve on S. xanthotricha from

Valença-BA. Most NOR+ bands are coincident with the heterochromatic blocks and

CMA3+ regions - rich in GC base pairs. The dectection of 45S rDNA sites through the

FISH technique revealed three copies of the gene in the haploid genome of S.

postica. The number and location of those sites were also coincident with CMA3+ and

NOR+ bands. Despite the karyotype numerical stability in the genus Scaptotrigona

described variations in the content and distribution of the constitutive

heterochromatin, base composition and number and location of the nucleolus

organizer regions.

Key-words: Chromosomes, stingless bee, Meliponina, heterochromatin

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x

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplos de entrada do ninho de algumas espécies de Scaptotrigona, (A e B) S. xanthotricha; (C) Scaptotrigona sp. 1. .............................................................1

Figura 2- Mapa apresentando os locais de coleta das amostras. ...............................1

Figura 3- Diagrama esquemático dos tipos cromossômicos descritos no sistema de nomenclatura proposto por Imai (1991). .....................................................................1

Figura 4 - Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona sp. 3 submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento C em (B). Seta indica par heteromórfico. (A) cromossomos acrocêntricos. (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.

M

..................................................................................................1

Figura 5- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona sp. 2 submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento C em (B). Seta indica par heteromórfico. (A) cromossomos acrocêntricos. (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.

M

..................................................................................................1

Figura 6- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona sp. 1 população de Cruz das Almas submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento C em (B). Seta indica par heteromórfico. (A) cromossomos acrocêntricos. (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.

M

...........................................................................1

Figura 7- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona sp. 1 população de Manoel Vitorino-BA submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento Cem (B). Setas indicam constrição secundária e par heteromórfico respectivamente. (A) cromossomos acrocêntricos, (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.M .....................1

Figura 8- Cariótipo de Scaptotrigona sp. 1 população de Itaberaba-BA submetido à coloração convencional, fêmea em (A) e macho em (B).Seta indica par cromossômico com constrição secundária. (M) cromossomos metacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos. (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.M .....................1

Figura 9- Cariótipo de Scaptotrigona sp. 1 população de Itaberaba-BA submetido ao bandeamento C, fêmea em (A) e macho em (B). (M) cromossomos metacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos. (A ) cromossomos pseudoacrocêntrico.M .................1

Figura 10- Cariótipo de fêmea da espécie Scaptotrigona xanthotricha população de Camacan-BA submetido à coloração convencional em (A), ao bandeamento C em (B). (M) cromossomos metacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos (A). (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.

M

...........................................................................1

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Figura 11- Cariótipo de fêmea da espécie Scaptotrigona xanthotricha população de Valença-BA submetido à coloração convencional em (A), ao Bandeamento C em (B). Seta indica par heteromórfico. (A) cromossomos acrocêntricos. (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.

M

................................................................................................40

Figura 12- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona xanthotricha população de Viçosa-MG submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento C em (B), cariótipo de macho submetido ao bandeamento C em (C). (M) cromossomos metacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos. (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.

M

..................................................................................................1

Figura 13- Cariótipo de fêmea da espécie Scaptotrigona depilis submetido à coloração convencional em (A), ao bandeamento C em (B). Seta indica par cromossômico com constrição secundária. (M) cromossomos metacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos (A). (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.M ...............1

Figura 14- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona postica submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento C em (B), cariótipo de macho submetido ao bandeamento C em (C). (M) cromossomos metacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos. (A ) cromossomos pseudoacrocêntricos.M .....................1

Figura 15- Cromossomos metafásicos submetidos à dupla coloração CMA /DAPI. (A) Scaptotrigona sp. 3; (B) Scaptotrigona sp. 2; Em destaque os cromossomos portando bandas CMA .

3

3+ ............................................................................................1

Figura 16- Cromossomos metafásicos de Scaptotrigona sp. 1 submetidos à dupla coloração CMA /DAPI, população de Cruz das Almas-BA (A) fêmea; (B) coloração com CMA em macho; (C) população de Manoel Vitorino-BA; população de Itaberaba-BA (D) fêmea; (E) macho; Em destaque os cromossomos portando bandas CMA .

3

3

3+ .........................................................................................................49

Figura 17- Cromossomos metafásicos de Scaptotrigona xanthotricha submetidos à dupla coloração CMA /DAPI. população de Camacan-BA (A); população de Valença-BA (B); população de Viçosa-MG (C) Em destaque os cromossomos portando bandas CMA .

3

3+ ............................................................................................1

Figura 18- Cromossomos metafásicos submetidos à dupla coloração CMA /DAPI. Scaptotrigona depilis (A); Scaptotrigona postica (B) fêmea. (C) macho. Em destaque os cromossomos portando bandas CMA .

3

3+ ................................................................1

Figura 19- Cromossomos metafásicos submetidos ao tratamento de banda NOR. (A) Scaptotrigona sp. 3 mostrando três marcações; (B) Scaptotrigona sp. 3 mostrando quatro marcações; (C) Scaptotrigona sp. 2; Em destaque os cromossomos com bandas NOR .+ .............................................................................................................1

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Figura 20- Cromossomos metafásicos de Scaptotrigona sp. 1 submetidos ao tratamento de banda NOR. (A) população de Cruz das Almas-BA; (B) população de Manoel Vitorino-BA; (C) população de Itaberaba-BA; Em destaque os cromossomos com bandas NOR .+ .....................................................................................................1

Figura 21- Cromossomos metafásicos de Scaptotrigona xanthotricha submetidos ao tratamneto de banda NOR. População de Camacan-BA, (A) evidenciando oito marcações; (B) evidenciando nove marcações; (C) população de Valença-BA; (D) população de Viçosa-MG; Em destaque os cromossomos com bandas NOR .+ .......56

Figura 22- Cromossomos metafásicos submetidos ao tratamento de banda NOR. Scaptotrigona depilis em (A) evidenciando duas marcações; e (B) evidenciando seis marcações; Scaptotrigona postica em (C) metáfase de fêmea e (D) metáfase de macho submetida à hibridização in situ fluorescente FISH. Em destaque os cromossomos marcados. ............................................................................................1

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xiii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Lista das espécies do gênero Scaptotrigona analisadas, número de amostras e locais de coleta. ......................................................................................22

Tabela 2- Apresentação da fórmula cariotípica das espécies analisadas e suas respectivas localidades de coleta..............................................................................31

Tabela 3 - Número de marcações com corantes base-específicos das espécies amostradas e suas respectivas localidades de coleta...............................................47

Tabela 4- Número de marcações NOR+ das espécies amostradas e suas respectivas localidades de coleta..............................................................................53

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1

1. INTRODUÇÃO

As abelhas sem ferrão possuem representantes em todas as regiões tropicais

do mundo, bem como nas regiões subtropicais do hemisfério sul. No entanto, a

maior diversidade desse grupo encontra-se na região Neotropical. A diversidade de

abelhas sem-ferrão dos neotrópicos por sua vez, ainda é pouco conhecida, pois

inclui muitos complexos de espécies crípticas. Além disso, a carência de estudos na

maioria dos gêneros tem dificultado uma estimativa mais precisa do número real de

espécies.

O gênero Scaptotrigona agrupa uma grande diversidade de formas incluindo

complexos de difícil separação. São descritas cerca de 24 espécies, sendo que oito

tem registro de ocorrência no Brasil. Porém, sabe-se que nas diversas regiões

brasileiras existem espécies não-descritas. As espécies desse gênero possuem

características que lhes conferem um grande potencial econômico, como sua

eficiência na polinização de espécies vegetais nativas e cultivadas, além da

produção de mel e pólen que também tem valor econômico. Além disso, as abelhas

exercem um papel significativo na manutenção da biodiversidade dos ecossistemas,

por serem responsáveis pela reprodução de muitas espécies vegetais, na produção

de frutos e sementes, bem como pela alimentação dos animais que se nutrem

desses frutos. Daí a clara necessidade de serem realizados estudos com tais

grupos.

Os estudos desenvolvidos com as abelhas sem-ferrão em sua maioria

enfocam apenas dados morfofisiológicos, e comportamentais. Em alguns casos

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essas características são insuficientes para resolver os problemas taxonômicos.

Trabalhos envolvendo a análise de DNA desses insetos podem auxiliar no

esclarecimento das relações entre as espécies. Nesse contexto, considerando que

os cromossomos são a base física do sistema genético, e que qualquer alteração

destes é significativa para a história evolutiva do organismo, a citogenética pode ser

utilizada para análise de populações de uma mesma espécie ou para comparações

interespecíficas, permitindo uma estimativa mais precisa acerca da diversidade de

determinado grupo.

Os estudos citogenéticos vêm fornecendo dados para o melhor entendimento

das relações entre as espécies. Além da determinação do número e morfologia dos

cromossomos, dados de bandeamentos cromossômicos são de extrema importância

para a compreensão de possíveis rearranjos que possam ter ocorrido durante a

evolução do cariótipo num determinado grupo. O entendimento dessas relações

pode proporcionar uma estimativa mais precisa da diversidade de grupos com

taxonomia complexa.

A proposta deste trabalho foi realizar um estudo, da diversidade no gênero

Scaptotrigona, com ênfase na fauna do estado da Bahia, por meio de diferentes

técnicas de citogenética clássica e molecular e comparar os padrões encontrados

com populações que ocorram em outras regiões do Brasil. O trabalho teve como

objetivos específicos:

- Obter amostras de Scaptotrigona em diferentes localidades dentro da área de

distribuição das espécies que ocorrem no estado da Bahia;

- Contribuir para o conhecimento da biodiversidade e a evolução cariotípica neste

gênero;

-Constatar a diversidade genética de populações das espécies de Scaptotrigona

com ampla distribuição geográfica por meio da comparação de padrões

citotaxonômicos, visando detectar a ocorrência de possíveis complexos de espécies

morfologicamente semelhantes.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Abordagem geral sobre as abelhas A ordem Hymenoptera, à qual pertencem as abelhas, formigas e vespas,

possui um grande número de espécies, constituindo a terceira maior ordem de

insetos (SHER, 1996). É um dos poucos grupos de invertebrados a desenvolver

complexos padrões de comportamento social, compreendendo desde formas

solitárias até o mais alto nível de sociabilidade, mostrando grande diversidade de

comportamento de comunicação, divisão de trabalho e determinação de castas

(WILSON, 1976). Uma considerável ênfase é dada ao sistema de determinação do

sexo desse grupo, no qual a maior parte dos representantes dessa ordem possui

machos haplóides e fêmeas diplóides (COOK; CROOZIER, 1995).

As abelhas são insetos sociais, que possuem como uma das principais

características a divisão do trabalho reprodutivo (NOGUEIRA-NETO, et. al., 1986). Esse

sistema de divisão de castas é influenciado pelo desenvolvimento fisiológico dos

organismos e por um complexo sistema de comunicação entre a casta principal,

rainha e as operárias (VELTHUIS, 1997).

De acordo com Silveira et. al., (2002), as abelhas podem ser consideradas

vespas cujas fêmeas, em vez de capturarem outros artrópodos como alimento,

coletam pólen e néctar diretamente nas flores para alimentarem suas larvas. Várias

características morfológicas indicam a estreita relação entre esfecídeos,

cabronídeos e abelhas. Diversos cenários evolutivos têm sido apresentados para

descrever as possíveis etapas na diferenciação das abelhas a partir das vespas

apóideas. Entretanto, o cenário mais apropriado para a origem das abelhas seria

que vespas apóideas, vivendo em ambientes semi-áridos temperados, teriam

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abandonado o hábito predador e passado a utilizar o pólen de grupos mais

derivados de angiospermas. A presença da fauna de abelhas bastante distinta nas

regiões neotropical e paleotropical sugere uma ocupação independente destas

regiões a partir das faunas de áreas temperadas e subtropicais de cada uma destas

grandes regiões (SILVEIRA, et. al.,2002).

2.2 Aspectos gerais sobre a subtribo Meliponina (Hymenoptera, Apidae)

A subtribo Meliponina pertencente à família Apidae, reúne as “abelhas

indígenas sem-ferrão” também chamadas meliponíneos. São abelhas eussociais e

possuem representantes em todas as regiões tropicais do mundo, bem como nas

regiões subtropicais do hemisfério sul (SILVEIRA, et. al. 2002). Essa tribo inclui cerca

de 500 espécies agrupadas em 57 gêneros tendo uma maior diversidade na região

Neotropical onde ocorrem cerca de 75% das espécies conhecidas (COSTA et. al.

2003). No entanto, Michener (2000) revela haver uma grande dificuldade em estimar

o número real de espécies deste grupo em virtude da existência de muitas espécies

crípticas (morfologicamente indistinguíveis), e da ausência de uma análise detalhada

da maioria dos gêneros.

Os ninhos dos meliponíneos são em geral construídos em cavidades pré-

existentes (ocos de árvores, ninhos abandonados de cupins e formigas etc.), mas

algumas espécies constroem ninhos expostos (SILVEIRA, et. al. 2002). Isso torna

esses organismos mais suscetíveis à atividade predatória humana, especialmente

ao desmatamento.

Os hábitos de nidificação são um importante aspecto da biologia do grupo,

sendo um importante carácter na identificação taxonômica. Os ninhos são

associados, com a manutenção e defesa da colônia, atividade de forrageamento,

reprodução, e ecologia de comunidades sendo característicos de cada espécie de

abelha sem-ferrão, (ROUBIK, 2006). Couvillon et. al. (2008) relataram que há uma

correlação entre a entrada do ninho e o comportamento das diferentes espécies de

abelhas. Onde características como o tamanho da área de entrada do ninho, o

desenho e a quantidade de abelhas-guarda posicionadas na entrada podem

determinar o comportamento de forrageamento e defesa de cada espécie.

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2.3 Considerações sobre Scaptotrigona, Moure, (1942) Segundo Michener (2000), o gênero Scaptotrigona está distribuído desde

Sinalva, Durango, e Tamualipas, México através dos trópicos do Salta, Argentina,

sendo estritamente Neotropical e agrupa cerca de 24 espécies. Caracterizam-se por

nidificarem em cavidades de árvores, muitas vezes em troncos de árvores de grande

porte.

As colônias de espécies desse gênero são populosas e as abelhas constroem

a entrada do ninho em forma de tubo com um característico formato de trombeta,

que varia em tamanho e diâmetro conforme a espécie. Esse formato por sua vez,

permite o posicionamento simultâneo de várias abelhas na entrada e explica o fato

de exiberem um vigoroso comportamento de defesa, (SHEVELEV, 2005). Couvillon et.

al. (2008) relataram que espécies com muitas operárias guarda na entrada do ninho,

manifestam agressividade na defesa do ninho, ao observar esse comportamento em

Scaptotrigona polystica.

Conforme Silveira et. al. (2002), o gênero Scaptotrigona, de maneira similar a

grupos como Melipona, Paratrigona, Partamona, Plebeia e Trigona distribui-se por

toda região Neotropical e apresenta uma grande diversidade de formas, muitas

delas constituindo complexos de difícil separação. No Brasil, ocorrem as espécies S.

affabra, S. bipunctata, S. depilis, S. fulvicutis, S. polystica, S. postica, S. tubiba e S.

xanthotricha, que se distribuem nos estados de Roraima, Amapá, Minas Gerais, Rio

Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Espírito Santo, Rio de

Janeiro, Bahia e Sergipe. Há ainda um grande número de espécies não-descritas

em todas as regiões brasileiras.

As espécies de Scaptotrigona destacam-se dentre os outros grupos de

polinizadores por possuírem características que as tornam mais eficientes. Exibem

um complexo sistema de identificação para forrageio deixando trilhas de odores na

vegetação o que permite o recrutamento de demais indivíduos para a busca ao

alimento, e percorrem longas distâncias nessa busca (VELTHUIS, 1997).

Alguns aspectos de biologia e comportamento de Scaptotrigona estão sendo

investigados, como pode ser observado nos estudos feitos com a espécie S. postica

por Proni & Macieira (2004) que analisaram a capacidade de resistência a altas e

baixas temperaturas durante períodos de verão e inverno; por Gracioli-Vitti et. al.,

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(2004), que realizaram um estudo histológico das glândulas mandibulares nas

diferentes classes de adultos dessa espécie; por Adade & Cruz-Landim (2004) que

relataram as diferenças verificadas no músculo de vôo de operárias dessa espécie

conforme o envelhecimento; por Lacerda e Simões (2006) que realizaram uma

comparação morfológica entre os ovos de rainhas e operárias de S. depilis; por

Moraes et.al. (2000) onde avaliaram em S. tubiba a toxicidade aguda de inseticidas

em via de contato. No entanto ainda há uma grande necessidade de estudos com

esse grupo em virtude da sua complexa taxonomia, bem como da sua importância

ecológica e econômica. Publicações que abordem a análise genética ainda são

escassas, apenas S. postica teve a estrutura genética de suas colônias analisada

por microssatélites, por Paxton (2000).

2.4 Importância econômica, ecológica e conservação As abelhas ocorrem em todo mundo, desde regiões frias, até desertos, matas

tropicais úmidas e ilhas oceânicas. As abelhas são, em sua maioria, fitófagas

(consomem e fornecem pólen misturado com néctar ou mel, e/ou óleos florais e

produtos glandulares, às suas larvas), e desempenham um importante papel nos

ecossistemas, como agentes polinizadores. (PEDRO; CAMARGO,1999).

De acordo com Kerr et. al. (2001), cerca de um terço da produção agrícola

mundial depende da visita de animais às flores, sendo as abelhas responsáveis por

mais de 38% da polinização das plantas floríferas. Vale ressaltar, que conforme o

bioma, 30% a 80% das plantas são polinizadas por uma ou mais espécies de

meliponíneos. Entretanto, em muitos casos a importância das abelhas sem ferrão é

negligenciada por falta de conhecimento (HEARD, 1999).

As abelhas indígenas sem-ferrão possuem um grande significado econômico

e etno-cultural. O extrativismo de mel, cerume e resinas dessas abelhas é

amplamente disseminado, principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil

(PEDRO; CAMARGO,1999). Lopes et. al. (2005) constataram, que no semi-árido

brasileiro o extrativismo de mel de abelha nativa é uma prática tradicional dos

sertanejos. Relataram ainda, depoimentos de pequenos produtores que deixaram o

extrativismo para tornar-se meliponicultores e que a prática do uso e manejo racional

dessas abelhas, foi primeiramente empregada pelas comunidades indígenas. Além

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de apresentarem inúmeras vantagens na polinização de culturas, as abelhas sem-

ferrão não oferecem risco aos humanos e animais domésticos; são capazes de

forragear efetivamente em casas de vegetação; e a propagação de colônias pode

contribuir para a conservação da biodiversidade por conservar populações de

espécies que podem estar em declínio devido à intervenção humana nos

ecossistemas, (HEARD, 1999).

Shevelev, (2005) destacou que as espécies do gênero Scaptotrigona, S.

depilis e S. bipunctata apresentam características apropriadas para criação racional.

Estas abelhas apresentam colônias fortes, muito populosas, um vigoroso

comportamento de defesa, facilmente multiplicadas e apresentam tolerância ao frio.

Diversos pesquisadores têm relatado o grande potencial de espécies de

Scaptotrigona para a meliponicultura em países como o Brasil, Argentina, Bolívia e

Paraguai (SHEVELEV, 2005). Com relação à polinização, esse autor considera que as

espécies de Scaptotrigona e Apis melifera são igualmente eficientes, sendo em

muitos casos marcadamente superior como por exemplo na polinização de

Cucurbitáceas onde seu desempenho é consideravelmente melhor do que o de

espécies do gênero Apis. Em um experimento comparando as espécies Melipona

favosa, Melipona beechei, Trigona carbonaria e Scaptotrigona depilis, Shevelev,

(2005), concluiu que S. depilis foi a melhor polinizadora em condições

experimentais.

Como as abelhas são polinizadoras de plantas, cultivadas ou não, mais

importante que o mel produzido por elas é a polinização que promovem e que

permite a produção de sementes por diversas plantas, muitas das quais

extremamente importantes para o homem. Sem esse auxílio, muitas espécies de

plantas deixariam de produzir frutos e sementes, podendo inclusive serem extintas

(CAMPOS, 1991). Além disso, recentemente foi relatado por Bacelar-Lima e

colaboradores (2006), que as abelhas sem-ferrão Melipona seminigra merrillae e

Melipona compressipes manaoensis atuaram como dispersoras de sementes da

espécie Zygia racemosa, o Angelim rajado, na região da Amazônia Central no Brasil.

As sementes do Angelim rajado foram encontradas na entrada da colônia e

misturadas ao geoprópolis em seu interior. Foi observado que as sementes da

planta mostraram-se aderidas à resina que era trazida pelas operárias sendo assim

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dispersadas ao longo do trajeto percorrido por elas, o que resultou no

reflorestamento da área em torno da colônia.

No Brasil as abelhas sem-ferrão encontram-se em processo acelerado de

desaparecimento, provocado principalmente pelo desmatamento de florestas

nativas, ambiente preferencial dessas espécies (LOPES et. al. 2005). De acordo com

Pedro e Camargo, (1999), programas conservacionistas devem levar em conta o

papel fundamental das abelhas como agentes polinizadores nos ecossistemas, e

incluir amplos estudos integrados envolvendo, fenologia comportamento,

adaptações morfológicas de flores e abelhas e interações, além de estudos

taxonômicos em um contexto histórico-biogeográfico.

2.5 Análise citogenética

A citogenética envolve o estudo da morfologia e organização dos

cromossomos em diferentes estados de condensação, bem como do papel das

variações na evolução do cariótipo (GUERRA, 1988).

2.5.1Sistema de nomenclatura cromossômica Para o estudo dos cromossomos foram criadas nomenclaturas que os

classificam conforme a posição do centrômero ou a distribuição da heterocromatina.

A nomenclatura tradicional, empregada para a classificação morfológica dos

cromossomos, é baseada na posição do centrômero e numericamente pela razão

entre o comprimento do braço longo e o comprimento do braço curto. São

encontradas as seguintes morfologias, de acordo com essas duas características: os

cromossomos que apresentam a razão maior que 7 e o centrômero terminal são

chamados de telocêntricos (T); aqueles com razão entre 7 e 3 e com centrômero

subterminal são denominados subtelocêntricos (ST); cromossomos com razão entre

3 e 1 e centrômero submediano são os submetacêntricos (SM) e, finalmente, os

cromossomos que possuem a razão de braços igual a 1,0 e centrômero mediano

são denominados de metacêntricos (M) (LEVAN et al., 1964)

Com base na distribuição e localização da heterocromatina, Imai (1991)

propôs uma nomenclatura alternativa para os cromossomos dos eucariotos, de

modo geral: cromossomos metacêntricos (M) são cromossomos que apresentam

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banda C na região centromérica enquanto nos (MC) a heterocromatina está

localizada na região pericentromérica de um dos braços, (Mi) na região intersticial e

(Mt) na região telomérica, podendo também existir uma série de variações a partir

dessa terminologia. Os cromossomos acrocêntricos são aqueles que apresentam

um braço relativamente curto, que pode ser totalmente heterocromático (Ah),

apresentando variações na disposição da heterocromatina (indicado por Ai, At, Ac,

etc), ou sendo totalmente eucromáticos (Ae). Os pseudoacrocêntricos (AM) são

cromossomos originados a partir de cromossomos acrocêntricos, resultantes de

fissão cêntrica que, por amplificação de heterocromatina no braço curto, adquiriram

longos braços heterocromáticos, e podem apresentar variações com relação à

localização de outros blocos de heterocromatina (AM,AMC,AMi) (IMAI, 1991). Essa

terminologia tem sido principalmente usada na classificação morfológica dos

cromossomos dos himenópteros como abelhas, formigas e vespas (HOSHIBA;

IMAI,1993; IMAI et. al.,1994; CAIXEIRO, 1996; SHER, 1996; ARAÚJO et. al. 2000).

2.5.2 Heterocromatina Segundo John (1988), a primeira definição de heterocromatina foi dada por

Heitz em 1928, que a definiu como segmentos cromossômicos ou cromossomos

inteiros, que se mantêm condensados durante a intérfase. Esse conceito foi baseado

somente em caracteres morfológicos e implicou que toda cromatina condensada

fosse considerada como uma única classe.

A heterocromatina pode ser classificada dentro de duas classes principais:

heterocromatina facultativa, a qual é permanentemente condensada e ocorre

somente em um dos pares dos cromossomos, desta forma tem a mesma

composição do DNA do seu homólogo eucromático. A heterocromatina constitutiva,

por sua vez, ocorre no mesmo local em ambos os homólogos do cromossomo e

apresenta composição diferente da eucromatina, não sendo transcrita. Ela também

apresenta pouca ou nenhuma atividade gênica, replicação tardia e propriedades

diferenciadas de coloração em relação à eucromatina (SUMNER, 2003).

Os segmentos de heterocromatina constitutiva são compostos por altas

concentrações de DNA satélite altamente repetitivo, o qual é encontrado somente

em baixos níveis na eucromatina, podendo variar na composição da repetição GC

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ou AT e no comprimento de 2pb a unidades de centenas ou milhares de repetições.

Crescem as evidências de que a existência de repetições pode causar a formação

de heterocromatina (SUMNER, 2003).

Por ter sido considerada geneticamente inativa, a heterocromatina foi pouco

estudada. Contudo, alguns estudos atribuem a ela vários efeitos e funções. É

importante ressaltar que há divergências entre autores quanto aos efeitos e funções

da heterocromatina. Segundo Sumner (1990), em linhas gerais, pode-se dizer que

os efeitos referem-se a resultados na posição física da heterocromatina em uma

dada região cromossômica, enquanto que a função está relacionada a uma atividade

específica dentro do genoma.

Conforme John (1988), a heterocromatina apresenta efeito de posição no

padrão de variegação, isto é, ocorre repressão na expressão de genes presente em

regiões de eucromatina, por terem sido translocados para uma posição adjacente à

heterocromatina.

De acordo com Sumner (2003), as funções da heterocromatina ainda são

pouco definidas. Em Drosophila são identificados genes na heterocromatina do

cromossomo Y (nove genes) e seis deles são fatores de fertilidade. A

heterocromatina tem um importante papel na meiose, onde os blocos

heterocromáticos formam cromocentros na intérfase que são fundamentais no

pareamento dos homólogos. Entretanto tem efeito negativo sobre o crossing-over. O

crossing-over está ausente em regiões heterocromáticas, esta ausência é

frequentemente associada ao atraso na formação do complexo sinaptonêmico em

tais regiões. De modo que a heterocromatina pode afetar também o número de

quiasmas bem como a sua distribuição. Avramova (2002), ao estudar a

heterocromatina em animais e plantas enfatizou a formação da heterocromatina

como mecanismos de silenciamento de genes descrevendo tal processo em

diversos grupos de organismos eucariotos como Sacharomyces cerevisiae, e

Drosophila melanogaster.

Segundo Guerra (1988), a heterocromatina constitutiva pode ser visualizada

em cromossomos metafásicos pelas seguintes técnicas: tratamento com frio; auto-

radiografia do DNA de síntese tardia; hibridização in situ do DNA satélite;

bandeamento C e fluorocromos específicos para AT ou GC, em vegetais e alguns

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animais. Os blocos de heterocromatina podem ocorrer em toda a parte do

cromossomo, em regiões centroméricas, terminais e mais raramente nas regiões

intersticiais (SUMNER, 2003).

A heterocromatina nas abelhas tem sido bastante estudada . Ainda que suas

funções não sejam completamente compreendidas, acredita-se que ela tenha uma

influência importante no genoma, especialmente na diferenciação cariotípica

(ROCHA; POMPOLO, 1998).

2.5.3 Região Organizadora do Nucléolo

A região organizadora de nucléolo, NOR, pode ser definida como a região de

um cromossomo, a qual contém os principais genes de rRNA (18S, 5.8S e 28S

rDNA). O nucléolo por sua vez, é uma estrutura visível na intérfase na qual estão

atuando os genes presentes na NOR. Dessa forma a NOR é por definição parte de

um cromossomo , e o nucléolo é uma estrutura contendo essa parte cromossomal e

em adição contendo o material que é acumulado em volta da NOR particularmente

os rRNAs e seus precursores, bem como as proteínas ribossomais específicas

(SCHWARZACHER; WACHTLER, 1983).

Os nucléolos no núcleo interfásico consistem de três principais componentes:

o centro fibrilar (FC), o componente fibrilar denso (DFC) e o componente granular

(GC). Os centros fibrilares são áreas de baixa eletro densidade que contém rDNA e

RNA polimerase I. O DFC é comumente uma estreita zona densa que circunda o FC.

O GC forma a outra camada dos nucléolos e consiste de partículas pré-ribossomais

de cerca de 15nm de diâmetro (SUMNER, 2003).

Além da função primária do nucléolo, de síntese de rRNA e processamento

dentro dos pré-ribossomos, Sumner (2003) relata que essa estrutura teria outras

funções e atividades. Várias atividades de nucléolo e NORs durante a meiose têm

sido descritas: o uso de genes ribossomais assegura o correto pareamento e

segregação em machos de Drosophila; recentemente tem sido estabelecido que o

nucléolo tem papel importante na regulação do ciclo celular (SUMNER, 2003).

A região organizadora do nucléolo (NORs) forma uma estrutura cromossomal

visível, uma constrição secundária, que pode ser corada diferencialmente com

Nitrato de prata (AgNO3) (SUMNER, 2003).

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2.6 Técnicas de bandeamento cromossômico As técnicas de bandeamento cromossômico ampliaram em muito os

horizontes da citogenética. Atualmente é possível determinar não apenas o número

e a morfologia dos cromossomos como também o pareamento adequado entre

homólogos. Por meio das técnicas de bandeamento é possível realizar uma análise

detalhada de cada par, identificando possíveis rearranjos estruturais, como também

definir a localização da heterocromatina no cariótipo (PIECZARKA; MATTEVI, 1998).

Além disso, em muitos casos de híbridos interespecíficos o bandeamento tem

permitido reconhecer, na célula híbrida, quais os cromossomos de cada espécie

parental (GUERRA, 1988).

Para estudos evolutivos, o bandeamento possibilitou também a observação

detalhada das transformações que ocorrem em grupos de espécies próximas que

apresentam cariótipos muito semelhantes (GUERRA, 1988).

2.6.1. Banda C No período dos anos 70 foram desenvolvidas novas técnicas que permitiram

localizar a heterocromatina constitutiva de forma mais rápida e precisa. Dessas a

mais difundida é a técnica de banda C. Nessa técnica, os cromossomos espalhados

na lâmina são mergulhados numa solução básica (geralmente o hidróxido de bário)

e em seguida expostos a solução salina à temperatura elevada. Durante esse

procedimento, o DNA é fragmentado e progressivamente eliminado do cromossomo.

Por razões ainda não bem esclarecidas, o DNA da heterocromatina constitutiva é

menos extraído durante esse processo que o restante do DNA. Aparentemente, a

associação do DNA com as proteínas na heterocromatina é diferente e mais

resistente às condições da técnica bandeamento C do que a associação DNA

proteína da eucromatina, daí a maior extração do DNA da eucromatina. Disso

resulta que, quando os cromossomos são corados, as regiões heterocromáticas

coram mais fortemente, formando blocos escuros denominados bandas C

(C=constitutiva). O corante utilizado nessa técnica é o Giemsa, que cora

sensivelmente os cromossomos, mesmo quando esses apresentam pouquíssima

quantidade de DNA (GUERRA, 1988). Segundo Sumner, (2003) o bandeamento C é

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um método de coloração específica para heterocromatina constitutiva e não para

facultativa.

Este tipo de bandeamento cromossômico é de grande importância para

estudos citogenéticos, não só pela simples evidenciação de blocos

heterocromáticos, mas principalmente por auxiliar no entendimento de possíveis

mecanismos de evolução do cariótipo das espécies, como foi observado por Imai et.

al. (1977) e Imai (1991), em formigas do gênero Myrmecia; Rocha (2000; et. al.

2002); Moreira (1997); Menezes (1997); Mampumbu (2002) em meliponíneos; Scher

(1996), em vespas do gênero Trypoxylon.

2.6.2 Banda NOR

A coloração com Prata em condições adequadamente controladas é um

método altamente seletivo para coloração de nucléolos na intérfase e NORs sobre

cromossomos mitóticos e meióticos, sendo o principal método para identificar sítios

de NORs sobre cromossomos (SUMNER, 1990).

De fato, todas as evidências acessíveis indicam que as NORs coradas com

prata são sítios que foram transcricionalmente ativos, ou potencialmente assim,

durante a intérfase precedente (SUMNER, 2003; 1990).

A coloração com prata de nucléolos também ocorre na intérfase, e tem, na

verdade, sido demonstrada há muito tempo. Em geral núcleos metabolicamente

mais ativos têm mais marcações com prata do que o restante dos núcleos (SUMNER,

2003).

O método de coloração com prata cora principalmente o centro fibrilar e em

menor grau o componente fibrilar denso. Testes histoquímicos (tratamentos com

DNAse, RNAse e tratamentos com protease) indicaram que o material que cora

positivamente com a prata são proteínas ácidas (SCHWARZACHER; WACHTLER, 1983).

De acordo com Sumner, (2003), somente 10% das proteínas nucleolares que

são coradas com prata durante a intérfase, são retidas sobre os cromossomos

mitóticos, as demais dispersam dentro do citoplasma. As seis maiores proteínas

coradas com prata são retidas sobre os cromossomos e essas incluem uma ou mais

subunidades da RNA polimerase I. Isso explicaria porque a coloração com prata de

NORs durante a mitose é um bom marcador para a atividade de genes ribossomais.

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A banda NOR é uma das formas de estudo dos genes ribossomais e fornece

subsídios para inferências sobre a evolução de determinado grupo. O estudo da

NOR tem sido bastante difundido entre os mais diversos grupos de organismos:

Schmidt (1978); Lourenço (2001) em anuros, Vicari et. al. (2005); Kavalco e Pazza

(2004), em diferentes espécies de peixes, Loreto e Souza (2000); Loreto et. al.

(2005), em gafanhotos. Entretanto em meliponíneos a descrição de marcações NOR

ainda não é freqüente. Apenas Rocha et. al., (2002); Mampumbu, (2002), Brito,

(1998) descreveram esses padrões em diferentes espécies.

2.6.3 Coloração com fluorocromos

Os fluorocromos são corantes que fluorescem quando excitados por luz de

determinado comprimento de onda e possuem ligação específica ao DNA

(PIECZARKA; MATTEVI, 1998). São distribuídos em duas classes: uma é GC específica

e a outra é AT específica (SUMNER, 1990). Existem vários tipos de técnicas de

coloração por fluorocromos, onde podemos citar: Banda Q, a coloração com DAPI

(4’-6’’-diamino-phenilindole) e com Cromomicina A3 (CMA3).

O bandeamento Q é um dos mais antigos e foi introduzido por Carpersson,

em 1968. A quinacrina se liga ao DNA por intercalação, com baixa especificidade em

relação a pares de bases, e também por ligações iônicas fora da molécula de DNA.

No entanto, as explicações a respeito do mecanismo pelo qual há produção de

bandas brilhantes e opacas ao longo dos cromossomos ainda não são bem

esclarecidas. Em cromossomos humanos, o padrão de bandeamento Q pode ser

utilizado para mapeamento gênico e diagnose parental (VERMA; BABU, 1995).

O DAPI é um tipo de fluorocromo que produz um padrão de bandas

relacionado com a ligação preferencial a regiões ricas em pares de bases AT.

Apesar de ambos os pares de bases, AT e GC, fluorescerem utilizando DAPI, a

intensidade deste é significativamente maior com DNA rico em AT (LIN et. al., 1977).

A cromomicina A3 (CMA3) é um antibiótico que foi primeiramente utilizado por

Schweizer em 1976, demonstrando que as regiões heterocromáticas em plantas que

eram marcadas fortemente com CMA3 coravam-se fracamente com DAPI e vice-

versa (SUMNER, 1990). A cromomicina A3 cora de modo mais intenso as regiões

intercromoméricas. Isso resulta em um padrão de bandas reverso ao mostrado pelo

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bandeamento Q ou G sendo denominado bandeamento R (GUERRA, 1988). O

bandeamento R é apontado por Sumner (2003) entre outros métodos que podem ser

usados para demonstrar bandas na eucromatina, como de interesse particular

devido ao seu padrão ser complementar ao produzido pelo bandeamento G. Como

resultado, as regiões terminais dos cromossomos são geralmente coradas, o que

torna fácil determinar os limites do cromossomo, diferentemente do que ocorre no

bandeamento G.

O uso de mais de um fluorocromo fornece informações complementares de

grande relevância, como, por exemplo, a complementaridade no padrão de

bandeamento dos cromossomos, o aumento do contraste de um padrão único e,

inclusive, a produção de um novo padrão (SUMNER,1990).

Outra forma de estudar os cromossomos é a associação da coloração com

fluorocromos com outros tipos de técnicas citogenéticas. Brito et al. (2003) ao

caracterizar citogeneticamente a espécie Partamona peckolti, utilizaram a coloração

com fluorocromos DA/CMA3 e DA/DAPI e a técnica de banda C. Essa combinação

de técnicas permitiu aos autores inferir sobre a natureza da heterocromatina.

2.6.4 Hibridização in situ fluorescente FISH

A era moderna na citogenética é marcada dentre outros aspectos pelo

desenvolvimento de técnicas para a hibridização in situ de sondas de ácidos

nucléicos em preparações citológicas de cromossomos, por meio das quais

sequências específicas de DNA podem ser localizadas em partes dos cromossomos

ou cromossomos individuais (HILLIS et. al., 1996).

A mais proeminente das metodologias de hibridização in situ é a fluorescente

in situ hybridization (FISH), (HILLIS, et. al., 1996). A hibridização in situ fluorescente

(FISH) é a localização de sequências específicas de DNA in situ (em cromossomos

ou núcleos) com um ácido nucléico complementar fluorescentemente marcado, de

modo que essas sequências possam ser vistas ao microscópio. Essa técnica pode

ser útil para marcar genomas completos, seqüências repetidas ou genes únicos,

para pintura cromossômica (chromosome painting), ou para hibridização

comparativa de genomas, (SUMNER, 2003).

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De acordo com Sumner (2003) o primeiro estágio na FISH é a preparação da

sonda, que pode ser produzida por PCR (reação em cadeia da polimerase) ou como

uma seqüência clonada em um cosmídeo, BAC (cromossomo artificial de bactéria)

ou YAC (cromossomo artificial de levedura). A sonda é marcada diretamente com

um fluorocromo ou indiretamente com uma molécula marcadora tais como biotina ou

digoxigenina. A molécula marcadora pode ser depois detectada na hibridização

usando um anticorpo marcado com um fluorocromo. Esse procedimento é mais

sensível e versátil do que a marcação direta. A marcação dos nucleotídeos pode ser

diretamente incorporada durante a PCR ou por nicky translation. O processo ocorre

por meio da desnaturação do DNA de uma preparação cromossômica incubada com

uma sonda, e se for usada a biotina ou digoxigenina é necessário usar avidina ou

anti-digoxigenina fluorescentemente marcados.

A hibridização in situ fluorescente tem sido amplamente reconhecida como

um refinado método de localização de seqüências cromossomais específicas em

procedimentos clínicos, bem como na citogenética comparativa. Uma grande

vantagem da FISH é que é possível mapear múltiplas sondas simultaneamente por

detecção com diferentes fluorocromos (HILLIS, et. al.,1996).

O uso da FISH em citogenética tem sido na maioria das vezes associado à

localização de genes ribossomais, como desenvolvido por Melo e Guerra (2003) em

espécies de planta Passiflora; Vicari et. al., (2005) em peixes Hoplias malabaricus;

Araújo et. al. (2002) em vespas Trypoxylon; Beye e Moritz (1993) na abelha Apis

mellifera; Mampumbu (2002), na abelha sem-ferrão Friesella schrottkyi.

2.7 Citogenética em estudos comparativos

A citogenética tem sido utilizada como ferramenta para estudos evolutivos,

pois auxilia no detalhamento de transformações que ocorrem em grupos de espécies

próximas. As variações cariotípicas inter e intrapopulacionais podem ser originadas

devido às alterações cromossômicas estruturais (duplicações, deficiências,

inversões, e translocações), mudanças numéricas (aneuploidia e euploidia) ou

envolver rearranjos Robertsonianos que englobam dois processos alternativos:

fusão e fissão cêntricas. Na fusão, dois cromossomos acrocêntricos dão origem a

um metacêntrico, enquanto o contrário é observado na fissão (GUERRA, 1988).

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Além disso, esse autor também salienta que a análise citotaxonômica tem

trazido uma grande contribuição ao estudo da evolução e diversidade da maioria das

espécies. A quantidade de DNA ou o número de cromossomos portando satélite é

uma característica muito mais própria da espécie do que a maioria dos parâmetros

morfológicos ou bioquímicos comumente influenciados pelas condições ambientais e

fisiológicas. Os dados citogenéticos mais comumente utilizados na citotaxonomia

são o número e a morfologia cromossômicos, o padrão de bandas e a quantidade de

DNA. Além desses, podem ser utilizados o número e a posição das RONs, as

diferentes famílias de DNA satélite, com suas quantidades e localizações

cromossômicas, o aspecto do núcleo interfásico, o comportamento meiótico e vários

outros (GUERRA, 1988). As informações citogenéticas podem revelar diferenças e

similaridades que podem não ser óbvias em nível morfológico (HILLIS, et. al., 1996).

Atualmente a citogenética tem sido utilizada não apenas para descrever o

número cromossômico de uma espécie ou de um gênero, mas também, para

comparar as espécies, estudar a diversidade de alguns grupos e elucidar a

ocorrência de espécies crípticas, por meio da análise cariotípica. Muitos estudos

relatam esse tipo de abordagem, como Silva, et. al. (2004), que ao descreverem o

número cromossômico de duas espécies de vespas parasitóides pertencentes à

família Trichogrammatidae demonstraram a ocorrência de espécies crípticas neste

grupo; Domingues (2005), realizou um estudo citogenético comparativo entre

espécies de abelhas sem ferrão do gênero Scaura no qual detectou a ocorrência de

diversos heteromorfismos; Sher (1996), estudou a diversidade cariotípica em vespas

Tripoxylon (Tripargilum) nitidum; Cabral et. al. (2006), analisaram citogeneticamente

a diversidade em quatro espécies de orquídeas do gênero Maxillaria quanto ao

padrão de distribuição da heterocromatina e a localização dos sítios de rDNA 5S e

45S; Van Daele et. al. (2004), realizaram um estudo da diversidade cromossômica

em roedores do gênero Cryptomys.

2.8 Análises citogenéticas na subtribo Meliponina

O estudo citogenético da subtribo Meliponina iniciou-se em 1948 com o

trabalho de Kerr, que determinou os números cromossômicos de n=9 e 2n=18

cromossomos, para duas espécies do gênero Melipona. Este estudo foi ampliado,

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num total 75 espécies analisadas, com uma variação de n=8 a n=18 cromossomos,

sendo n=17 o número predominante (KERR,1952, 1969,1972; KERR; ARAÚJO, 1958;

KERR; SILVEIRA, 1972; TARELHO, 1973; HOSHIBA; IMAI,1993).

Dentre as espécies de meliponíneos analisadas citogeneticamente: Rocha et.

al. (2003) estudaram por meio de fluorocromos, e banda C os cromossomos de 23

espécies de meliponíneos pertencentes a 15 gêneros distintos; Brito et. al. (2003),

estudaram o cariótipo de Partamona peckolti utilizando bandeamento C e

fluorocromos; Caixeiro (1999) usou bandeamento C, além da coloração

convencional, para comparar os cariótipos das espécies: Plebeia droryana, Plebeia

juliani, Plebeia remota e Plebeia sp.; Moreira (1997), utilizando banda C, dentre

outros, realizou a caracterização de espécies do gênero Frieseomelitta; Domingues

et.al. (2005), também utilizou o bandeamento C e a marcação com fluorocromos

para caracterizar o cariótipo de Trigona fulviventris fulviventris, relatando um novo

número cromossômico para o gênero; Costa et. al., (2004) descreveram o cariótipo

de quatro espécies do gênero Trigona utilizando o bandeamento C e a coloração

com fluorocromos; Santana et. al., (2005) analisaram citogeneticamente oito

espécies de meliponíneos do estado da Bahia por meio da banda C e coloração

DAPI/DA/CMA3; Mampumbu (2002) realizou uma análise da heterocromatina e da

NOR em populações de Friesella schrottkyi.

Rocha et. al. (2003), estudaram quatro espécies do gênero Scaptotrigona, S.

xanthotricha, Scaptotrigona sp., S. depilis e S. postica oriundas dos estados de

Minas Gerais, Paraíba, e São Paulo; Santana et. al. (2005) estudaram duas

espécies deste mesmo gênero, S. tubiba e S. xanthotricha, que ocorrem no estado

da Bahia. No entanto, esses trabalhos incluíam diversas espécies não atingindo o

grau de detalhamento proposto no presente.

2.9 Evolução Cariotípica

As mudanças cromossômicas são um importante aspecto na evolução dos

organismos (IMAI, 1969). A evolução cromossômica, segundo Imai et. al. (2001),

pode apresentar três enfoques: alterações morfológicas de cromossomos individuais;

evolução de cariótipos individuais e evolução de cariótipos em massa. Os primeiros

são úteis para descrever interações cromossômicas em núcleos interfásicos, no que

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diz respeito ao arranjo desses cromossomos. O terceiro destina-se a uma evolução

cariotípica geral em nível genético (IMAI, et. al., 2001).

Uma das primeiras hipóteses formuladas para explicar o papel das variações

cromossômicas na evolução em Hymenoptera conferia à poliploidia o papel principal

no aumento do número cromossômico, e foi denominado como Hipótese da

Poliploidia (IMAI, 1969). Em 1972, Kerr analisou o cariótipo de 20 diferentes espécies

de abelhas e sugeriu que eventos de poliploidização seria o provável mecanismo

que conduziu a evolução deste grupo. De acordo com Guerra, (1988) a poliploidia é

um fenômeno muito comum em plantas, especialmente em pteridófitos onde a

maioria das espécies tem número gamético muito elevado.

Durante muito tempo o mecanismo de fusão foi usado para explicar a

evolução cariotípica nos diversos organismos, porém essa teoria é difícil de ser

demonstrada por ser um rearranjo extremamente raro. A hipótese de fusão

pressupõe que os cariótipos se desenvolvem em direção ao decréscimo do número

cromossômico por fusão cêntrica. Essa hipótese não foi sustentada porque a fusão é

uma solução temporária de eliminação de banda C para minimizar os riscos

genéticos (IMAI,1991). Ao contrário, a hipótese de fissão, por sua vez, é uma

hipótese heterodoxa, porque a fissão do centrômero (o dogma central da hipótese),

não é possível no paradigma da citogenética clássica. Essas duas hipóteses foram

propostas por White (1973) e relatadas por Imai et. al. (2001).

Com base na necessidade de explicar a evolução cromossômica dos

organismos Imai et. al., (1988) desenvolveram uma abordagem teórica para a

evolução cromossômica, a Teoria de Interação Mínima, que afirma que os cariótipos

desenvolvem-se na direção de minimizar os riscos genéticos devido a interações

deletérias, e sugere que o aumento no número cromossômico por fissão cêntrica é

um caminho para atenuar tais riscos. A fusão cêntrica tem um papel na teoria como

um mecanismo instantâneo para eliminar heterocromatina constitutiva (IMAI, et.

al.1988, 2001). Conforme essa teoria, a evolução cariotípica pode ter sido conduzida

para redução das mutações cromossômicas espontâneas.

Segundo a Teoria de Interação Mínima, a ocorrência de interações

cromossômicas não-específicas durante a intérfase é determinada pela relação

entre o tamanho do genoma e o volume nuclear no paquíteno. Se essa proporção

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for alta (genoma grande/núcleo pequeno) a probabilidade de ocorrência de

interações cromossômicas será elevada, ocasionando mutações deletérias, como

translocações recíprocas (IMAI, et. al.,1986). Em 1986, Imai e colaboradores

sugeriram que durante a evolução do cariótipo teria acontecido uma forte seleção,

atuando para o aumento do número cromossômico de modo a diminuir o risco de

translocações recíprocas geradas em cariótipos com número baixo de cromossomos

grandes. O processo mais eficiente para atingir este aumento teria sido a ocorrência

de fissões cêntricas.

A teoria da Interação Mínima, foi baseada nos dados citogenéticos de

aproximadamente 500 espécies de formigas, desenvolvida por Imai et al. (1986,

1988 e 1994), e afirma que cariótipos tendem a evoluir no sentido de minimizar os

riscos genéticos resultantes de mutações cromossômicas deletérias, como as

translocações recíprocas, as quais são mais freqüentes em cariótipos com números

baixos de cromossomos (n<12) que naqueles com números elevados (n>12).

Teoricamente, a evolução cariotípica levaria à minimização de interações

cromossômicas, supostamente, por meio do aumento do número cromossômico

decorrente de fissões cêntricas. As fusões cêntricas ocorreriam em certas ocasiões

e poderiam ser selecionadas positivamente quando houvesse instabilidade

telomérica. Normalmente, a presença da heterocromatina, em um dos braços dos

cromossomos, poderia ser atribuída à recuperação da estabilidade do telômero após

o processo de fissão. Essa teoria também propõe a existência de uma cadeia de

alterações cromossômicas formada por dois ciclos, o ciclo fissão-inversão e o ciclo

fusão-fissão (IMAI et. al. 1986; 1988). Esses ciclos combinam mecanismos que

minimizam o risco genético (IMAI et. al. 1991). No ciclo fusão-fissão, a fusão promove

o aumento do tamanho dos cromossomos e determina a ocorrência de outro

rearranjo, a fissão cêntrica (IMAI et. al. 2001). No ciclo fissão-inversão por sua vez, a

fissão cêntrica acompanha a adição de heterocromatina constitutiva, a qual

posteriormente poderá ser eliminada durante eventos de inversão (IMAI et. al. 2001).

A Teoria da Interação Mínima fornece um sistema teórico para interpretação

das principais tendências da evolução do cariótipo, seja para o aumento ou redução

do número cromossômico. Tal teoria, tem sido empregada para explicar a evolução

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cromossômica em diversos grupos de insetos, principalmente himenópteros (IMAI, et.

al., 2001).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material Biológico As amostras de Scaptotrigona foram coletadas diretamente dos ninhos cuja

entrada tem um característico formato de trombeta que auxilia na identificação das

espécies do gênero (Figura 1). Neste estudo foram utilizadas amostras de seis

espécies do gênero Scaptotrigona provenientes de dez diferentes localidades das

regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, totalizando 22 colônias (Tabela 1, Figura 2).

Foram coletadas larvas e adultos, as larvas foram utilizadas na análise

citogenética sendo mantidas vivas até o momento da preparação citológica,

enquanto que, os indivíduos adultos foram armazenados em etanol absoluto sob

refrigeração para a etapa de identificação das espécies. Os insetos foram

devidamente montados em alfinete entomológico e alguns exemplares enviados

para o professor Dr. Gabriel A. R. Melo do Museu Entomológico da UFPR para

serem identificados.

Tabela 1- Lista das espécies do gênero Scaptotrigona analisadas, número de amostras e locais de coleta.

Espécies Localidades de coleta

Coordenadas geográficas

Nº de colônias

amostradas

Nº de indivíduos analisados

Scaptotrigona sp 3 São Luís-MA S 2º30’/W 44º18’ 02 20 Scaptotrigona sp. 2 Recife-PE S 8º5’/W 34º54’ 01 34 Scaptotrigona sp. 1 Cruz das Almas-BA S 12º39’/W 39º7’ 01 22 Scaptotrigona sp. 1 Manoel Vitorino-BA S 14º8’/W 40º14’ 01 36 Scaptotrigona sp 1 Itaberaba-BA S 12º31’/W 40º18’ 03 53 S. xanthotricha Camacan-BA S 15º24’/W 39º29’ 01 15 S. xanthotricha Valença-BA S 13º22’/W 39º3’ 01 24 S. xanthotricha Viçosa-MG S 20º45’/W 42º52’ 01 27 S. depilis Ribeirão Preto-SP S 21º10’/W 47º48’ 04 32 S. postica Rio Claro-SP S 22º24’/W 47º33’ 07 28 Total 22 291

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BA

C

Figura 1 - Exemplos de entrada do ninho de algumas espécies de Scaptotrigona, (A e B) S. xanthotricha; (C) Scaptotrigona sp. 1.

23

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Fonte: Centro de Referência em Informação Ambiental

São Luís

Recife

Cruz das Almas ItaberaValençManoel Vitorino

Camac

ViçosRibeirão Preto Rio Claro

Figura 2- Mapa apresentando os locais de coleta das amostras.

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3.2 Preparações citológicas 3.2.1 Técnica de Secagem ao Ar

A análise citogenética foi realizada a partir do gânglio cerebral de larvas pós-

defecantes, utilizando-se a técnica descrita por Imai et. al (1988).

Sob um estereomicroscópio, os gânglios cerebrais de larvas pós-defecantes

foram retirados com auxílio de estiletes sobre lâmina, em solução de colchicina

hipotônica 0,005% (0,5 ml de solução de colchicina 0,1% / 9,5 ml de solução de

citrato de sódio a 1%). Em seguida foram transferidos para um recipiente contendo a

mesma solução por tempo variado de 50min a 1h e 20min de acordo com a espécie.

Após essa etapa com auxílio de uma pipeta Pasteur, cada órgão

individualmente foi transferido para lâminas previamente limpas. Após a drenagem

do excesso de solução colchicina-hipotônica, com a lâmina inclinada, foram

pingadas algumas gotas de fixador I (3 partes de ácido acético: 3 partes de etanol

absoluto: 4 partes de água) sobre o material, em seguida posicionou-se a lâmina a

90° para retirar todo o excesso do fixador I.

Após drenagem do fixador I, colocou-se a lâmina sob o estereomicroscópio,

onde foram aplicadas duas gotas de fixador I diretamente sobre o material. A seguir,

o órgão foi dissociado, para separar as células e espalhar o material pela lâmina.

Antes de ocorrer a retração do tecido foram adicionadas, duas gotas do fixador II (1

parte de ácido acético; 1 parte de etanol absoluto) e, com papel-filtro, foi removido o

excesso de fixador I empurrado para as bordas da lâmina pelo fixador II. Em seguida

foram adicionadas duas gotas de fixador III (ácido acético puro), retirou-se o que

restou do fixador II. Após essa fase, a lâmina foi então deixada secar a temperatura

ambiente e posteriormente armazenada no freezer para proteção contra poeira e

impedir seu envelhecimento.

3.2.2 Coloração Convencional

Após 24 horas, as lâminas foram coradas com solução de 1 ml de Giemsa

(1g de Giemsa em pó, 54 ml de glicerina e 84 ml de metanol) para 30 ml de tampão

Sorensen (1:3,fosfato de sódio dibásico 0,06 mol/l e fosfato de potássio monobásico

0,06mol/l) (pH 6,8), por 25 minutos, à temperatura ambiente. As lâminas destinadas

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a outras técnicas foram acondicionadas em caixas de plástico e conservadas em

freezer - 20o C.

3.2.3 Técnica de banda C

Parte das lâminas foi submetida ao bandeamento C, empregando-se o

método BSG de Sumner (1972), com ligeiras modificações, de acordo com Pompolo

e Takahashi (1990). As lâminas com pelo menos três dias de preparadas foram

submetidas aos seguintes tratamentos:

Hidrólise com ácido clorídrico (HCL) 0,2N à temperatura ambiente, por

tempo variado.

Lavagem rápida em água destilada por 1 minuto;

Incubação em hidróxido de bário Ba (OH)2 5%, em banho-maria a 60o

C, por tempo variável.

Lavagem em ácido clorídrico (HCl) 0,2N por um período entre 30

segundos a 1 minuto;

Lavagem rápida em água destilada por 1 minuto;

Incubação em solução salina de 2xSSC (citrato de sódio 0,03 mol/l e

cloreto de sódio 0,3 mol/l), pH 7,0 em banho-maria a 60o C, por tempo

variado.

Lavagem rápida em água destilada por 1 minuto;

Finalmente as lâminas foram coradas com solução de Giemsa a 8%

composta por 12,5ml de tampão fosfato (0,01M), pH 6,8 mais 1ml de Giemsa, e

lavadas em água destilada.

3.2.4 Banda NOR

A região organizadora de nucléolo (NOR) ativa foi detectada pelo método de

impregnação com prata (AgNO3) em cromossomos metafásicos e em núcleos

interfásicos, empregando a técnica de banda NOR, conforme o protocolo de Howell

e Black (1980). Algumas modificações sugeridas por Kavalco e Pazza (2004) foram

incorporadas, bem como outras mudanças foram feitas. Adicionaram-se às lâminas

duas gotas de solução de gelatina 1% ácido fórmico 0,25% e 4 gotas de solução

aquosa de Nitrato de Prata a 25% ou 30%, e cobriu com lamínula previamente

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limpas. As lâminas foram colocadas em câmara úmida e levadas à estufa 50ºC por

tempo variável.

3.2.5 Coloração com Fluorocromos

3.2.5.1 Coloração por DAPI (4,-6”- diamidino-2-phenylindole) Conforme descrito por Guerra e Souza (2002), esta técnica consistiu em

colocar uma gota da solução de uso de DAPI (2µg/ml) sobre o material cobrindo-o

em seguida com uma lamínula. A lâmina foi deixada por 30 minutos em local escuro.

A seguir, foi escorrida em água destilada e seca rapidamente com o uso de uma

bomba de ar para então ser montada, utilizando uma gota de meio de montagem

Glicerol/Tampão Mcllvaine (contendo MgCl2), coberto com lamínula e levemente

comprimido entre duas folhas de papel de filtro para retirar o excesso de meio.

Finalmente, a lâmina foi armazenada em local escuro por pelo menos três dias antes

de ser analisada ao microscópio.

3.2.5.2 Coloração por Cromomicina A3

Esta técnica foi baseada na descrição feita por Guerra e Souza (2002).

Consistiu em colocar sobre uma lâmina uma gota de solução de Cromomicina A3

(0,5mg/ ml), cobrir com lamínula e deixar corando por 60 minutos no escuro.

Decorrido o tempo apropriado, a lâmina foi escorrida e lavada em água destilada

para retirar a lamínula e o excesso de corante. Em seguida a lâmina foi rapidamente

seca com o uso de uma bomba de ar, foi feita a montagem utilizando uma gota de

meio de montagem Glicerol/Tampão Macllvaine (contendo MgCl2), coberto com

lamínula e levemente comprimido entre duas folhas de papel de filtro para tirar o

excesso de meio. Para aumentar a eficiência dos corantes a lâmina foi guardada em

temperatura ambiente, no escuro, por pelo menos 3 dias antes de analisar ao

microscópio.

3.2.5.3 Dupla-coloração CMA3/DAPI

Conforme Guerra e Souza (2002) na dupla coloração uma mesma lâmina foi

submetida ao tratamento com os dois corantes fluorescentes conforme descrito

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anteriormente. Primeiro foi feita a coloração simples com o fluorocromo CMA3.

Decorrido o tempo apropriado, a lâmina foi escorrida e lavada em água destilada

para retirar a lamínula e o excesso de corante. Em seguida a lâmina foi rapidamente

seca com o auxílio de uma bomba de ar, para então ser aplicada a coloração

simples com DAPI. A seguir, a lâmina foi deixada por 30 minutos em local escuro.

Decorrido esse tempo, a lamínula foi escorrida em água destilada, novamente seca

com uma bomba de ar para então ser montada, utilizando uma gota de meio de

montagem Glicerol/Tampão Macllvaine (contendo MgCl2), coberto com lamínula e

comprimido ligeiramente entre duas folhas de papel de filtro para retirar o excesso

de meio. Finalmente, a lâmina foi mantida em local escuro por pelo menos três dias

antes de ser analisada ao microscópio.

3.2.6 Hibridização in situ fluorescente (FISH) Esta técnica é utilizada para a localização de regiões específicas do genoma

nos cromossomo por meio do uso de sondas fluorescentes de DNA. Foi utilizada

uma sonda de rDNA 45S, proveniente de Arabdopsis thaliana, cedida pelo Dr

Marcelo Guerra da UFPE. A amplificação da sonda foi feita pelos métodos usuais de

clonagem conforme descrito por Guerra (2004). A obtenção feita por minipreparação

usando o kit GeneJET™ Plasmid Miniprep Kit da Fermentas. Em seguida foi feita a

marcação não-isotópica da sonda via nicky translation, dUTP Cy3. A etapa seguinte

foi a hibridização propriamente dita, onde foi feita a aplicação da sonda na lâmina e

a desnaturação tanto da sonda como dos cromossomos por aquecimento. Em

seguida a lâmina passou pelos banhos ou lavagens pós-hibridização onde foi

estabelecido o nível de estringência para o experimento de 72%. Os cromossomos

foram contra-corados com o fluorocromo DAPI.

3.2.7 Análise do material

Foram analisados aproximadamente 30 indivíduos de cada colônia

amostrada. A análise das lâminas foi realizada em um microscópio óptico, sob

objetiva de imersão. Aquelas tratadas com corantes fluorescentes foram analisadas

em microscópio de epifluorescência acoplado a um sistema de captura de imagens.

A análise de metáfases completas foi feita, identificando os cromossomos quanto ao

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seu número e à sua morfologia. As melhores metáfases foram selecionadas e

fotografadas, utilizando o fotomicroscópio Olympus BX41 com câmera digital. As

metáfases que foram tratadas com corantes fluorescentes tiveram suas imagens

capturadas utilizando o fotomicroscópio Leica DMRA2 empregando o sistema de

análise de imagens software IM50. A representação do material cromossômico foi na

forma de fotografias das metáfases ou cariogramas. A descrição morfológica e a

ordenação dos cromossomos foram baseadas na distribuição da heterocromatina

conforme o sistema de classificação proposto por Imai (1991), (Figura 3).

29

Se Sh

Sh

Le Le

Lh

Ae M M A AM AM AM AM Ah Mh Mh

Ae Acrocêntrico eucromático M Metacêntrico

A Acrocêntrico AM Pseudoacrocêntrico Ah Acrocêntrico heterocromático

hM Metacêntrico heterocromático S Braço curto

L Braço longo

Figura 3- Diagrama esquemático dos tipos cromossômicos descritos no sistema de nomenclatura proposto por Imai (1991).

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4. RESULTADOS

4.1 Descrição geral dos cariótipos Foram analisadas seis espécies de Scaptotrigona sendo três dessas novas

para a ciência. A partir da análise convencional demonstrou-se que o conjunto

cromossômico diplóide de todas as espécies foi constituído por 34 cromossomos

(2n=34), enquanto o conjunto haplóide foi constituído por 17 (n=17). Entretanto foi

constatada uma variação no padrão morfológico do conjunto cromossômico tanto em

nível interespecífico quanto em nível intra-específico, conforme observado nas

diferentes fórmulas cariotípicas descritas na Tabela 2.

O cariótipo diplóide de Scaptotrigona sp. 3 apresentou nove pares de

cromossomos acrocêntricos e oito pares de pseudoacrocêntricos (Figura 4A). As

colônias amostradas dessa espécie exibiram um pronunciado heteromorfismo no par

cromossômico 14, o qual não foi observado nas demais espécies estudadas. Em

Scaptotrigona sp. 2 por sua vez, o cariótipo diplóide foi formado por sete pares de

cromossomos acrocêntricos e dez pares cromossômicos pseudoacrocêntricos

(Figura 5A). O par cromossômico 10 mostrou-se heteromórfico em todos os

indivíduos analisados.

Variações intra-específicas no padrão morfológico dos cromossomos foram

encontradas nas populações de duas das espécies estudadas, Scaptotrigona sp. 1 e

S. xanthotricha. As populações de Scaptotrigona sp. 1 de Cruz das Almas-BA e de

Manoel Vitorino-BA apresentaram o conjunto cromossômico diplóide constituído por

oito pares de cromossomos acrocêntricos e nove pares pseudoacrocêntricos (Figura

6A,7A). No entanto, essas populações apresentaram algumas diferenças, a colônia

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Tabela 2- Apresentação da fórmula cariotípica das espécies analisadas e suas respectivas localidades de coleta.

Espécies Localidades de coleta Fórmula cariotípica

Scaptotrigona sp 3 São Luís-MA 2k=18A+16AM

Scaptotrigona sp. 2 Recife-PE 2k= 14A+20AM

Scaptotrigona sp. 1 Cruz das Almas-BA 2k= 16A+18AM

Scaptotrigona sp. 1 Manoel Vitorino-BA 2k= 16A+18AM

Scaptotrigona sp 1 Itaberaba-BA 2k=2M+ 12A+ 20AM

S. xanthotricha Camacan-BA 2k=4M+12A+18AM

S. xanthotricha Valença-BA 2k=16A+18AM

S. xanthotricha Viçosa-MG 2k=2M+14A+18AM

S. depilis Ribeirão Preto-SP 2k=2M+20A+12AM

S. postica Rio Claro-SP 2k=4M+18A+12AM

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de Cruz das Almas-BA apresentou heteromorfismo no par cromossômico 07,

enquanto a amostra de Manoel Vitorino-BA apresentou heteromorfismo no par

cromossômico 17, e a provável presença de constrição secundária nos

cromossomos do par pseudoacrocêntrico 11. A população de Scaptotrigona sp. 1 de

Itaberaba-BA por sua vez, apresentou diferenças evidenciadas pela fórmula

cariotípica composta por um par de cromossomos metacêntricos, seis pares de

cromossomos acrocêntricos e dez pares pseudoacrocêntricos. Além disso, foi

observada no par pseudoacrocêntrico 13 a presença de constrição secundária

(Figura 8A e 8B).

As populações de S. xanthotricha também apresentaram variação intra-

específica na constituição do cariótipo. A colônia de Camacan-BA apresentou

cariótipo diplóide constituído por dois pares cromossômicos metacêntricos, seis

pares acrocêntricos e nove pares pseudoacrocêntricos (Figura 10A). Enquanto a

amostra de Valença-BA apresentou um cariótipo formado por oito pares

cromossômicos acrocêntricos e nove pares pseudoacrocêntricos (Figura 11A).E

ainda, foi identificado um heteromorfismo no par cromossômico 13. Já a colônia de

Viçosa-MG teve um cariótipo diplóide constituído por um par de cromossomos

metacêntricos, sete pares acrocêntricos e nove pares pseudoacrocêntricos (Figura

12A).

A espécie S. depilis teve o conjunto cromossômico diplóide formado por um

par cromossômico metacêntrico, dez pares acrocêntricos e seis pares

pseudoacrocêntricos (Figura 13A). Foi observada no par cromossômico 15 a

presença de constrição secundária. S. postica por sua vez, apresentou cariótipo

diplóide composto por dois pares metacêntricos, nove pares acrocêntricos e seis

pares pseudoacrocêntricos (Figura 14A).

4.2 Conteúdo e distribuição da heterocromatina O padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva revelado por meio do

bandeamento C, mostrou-se diferenciado para cada uma das espécies analisadas e

em alguns casos também de modo intra-específico.

Os resultados referentes à espécie Scaptotrigona sp. 3 mostraram que a

heterocromatina constitutiva está localizada em sua maior parte em um dos braços

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dos oito pares de cromossomos pseudoacrocêntricos, apresentando-se na forma de

grandes blocos contínuos do centrômero à extremidade do braço cromossômico.

Além desse bloco nos pares 11 e 17 a heterocromatina se estende até a região

pericentromérica. Nos cromossomos acrocêntricos, a heterocromatina esteve restrita

à região centromérica dos pares 1, 2 e 8 e nos demais ocupou a região do braço

curto dos cromossomos. O par cromossômico 14 apresentou uma diferença evidente

no tamanho dos braços heterocromáticos demonstrando a existência de um

heteromorfismo neste par, presente em todos os indivíduos analisados (Figura 4B).

O padrão de banda-C observado em Scaptotrigona sp. 2 revelou que a

heterocromatina foi localizada no braço curto de seis pares de cromossomos

acrocêntricos e apenas na região centromérica do par 2. Nos cromossomos

pseudoacrocêntricos a heterocromatina se distribuiu por toda a extensão de um dos

braços, com bandas mais evidentes nos pares 10 e 14, sendo que no par 10 há uma

diferença no tamanho dos braços heterocromáticos evidenciando um

heteromorfismo (Figura 5B).

A análise do padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva na

espécie Scaptotrigona sp. 1 evidenciou a existência de variação intra-específica

entre as populações amostradas. Nas colônias de Cruz das Almas-BA e Manoel

Vitorino-BA a heterocromatina distribui-se diferencialmente apesar dos cariótipos

apresentarem a mesma constituição morfológica (Figuras 6B e 7B). Estando

presente no braço curto dos oito pares de cromossomos acrocêntricos e ao longo de

um dos braços dos nove pares pseudoacrocêntricos. Diferencialmente a colônia de

Manoel Vitorino-BA apresentou bandas maiores e mais evidentes nos pares 12, 13,

14, 15, 16 e 17, constrição secundária no par 11, e um heteromorfismo no par 17,

enquanto a colônia de Cruz das Almas-BA apresentou somente um heteromorfismo

no tamanho do braço heterocromático nos cromossomos do par 7. A população de

Itaberaba-BA por sua vez, mostrou a heterocromatina localizada na região

pericentromérica do par metacêntrico, na região do braço curto dos seis

cromossomos acrocêntricos e ao longo de um dos braços dos dez

pseudoacrocêntricos, como blocos contínuos e evidentes nos pares 09, 12, 14, 15,

16. Além disso, os pares 08, 09, 12, 15 e 17 exibem uma banda heterocromática na

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região pericentromérica e o par 13 apresenta constrição secundária (Figuras 9A e

9B).

O padrão de bandas heterocromáticas em S. xanthotricha mostrou-se variável

em nível intra-específico. As três populações amostradas foram distintas quanto à

distribuição de heterocromatina constitutiva. A amostra de Camacan-BA evidenciou

bandas heterocromáticas na região centromérica dos dois pares de cromossomos

metacêntricos, no braço curto dos seis pares acrocêntricos e também na região

pericentromérica dos pares 04, 05 e 08. E ao longo de um dos braços dos nove

pares de cromossomos pseudoacrocêntricos, com bandas mais conspícuas nos

pares 11, 14, 15, 16 e 17 (Figura 10B). Na colônia de Valença-BA a heterocromatina

localizou-se no braço curto dos oito pares de cromossomos acrocêntricos, com uma

banda secundária na região próxima ao centrômero nos pares 01, 02, 03, 04 e 08.

Na extensão de um dos braços dos nove pares pseudoacrocêntricos, com a

presença de um heteromorfismo de tamanho de braço heterocromático no 13º par

(Figura 11B). A colônia de Viçosa por sua vez, teve suas bandas heterocromáticas

localizadas na região centromérica do par metacêntrico, no braço curto dos sete

pares cromossômicos acrocêntricos e ao longo de um dos braços de nove pares

pseudoacrocêntricos com bandas mais evidentes nos pares 11, 13, 15 e 16 (Figura

12B e 12C).

A aplicação de banda-C em S. depilis revelou bandas heterocromáticas na

região centromérica do par metacêntrico, no braço curto dos dez pares de

cromossomos acrocêntricos e na extensão de um dos braços dos seis pares

pseudoacrocêntricos (Figura 13B). O 15º par de morfologia pseudoacrocêntrica

apresentou constrição secundária. Em S. postica por sua vez, a heterocromatina

constitutiva foi distribuída na região centromérica dos dois pares metacêntricos, dos

pares acrocêntricos 03, 04, 08 e 09, no braço curto dos demais acrocêntricos e

também na região centromérica dos pares 06, 07 e 10. Nos seis pares

pseudoacrocêntricos a heterocromatina apresentou-se como blocos contínuos que

se estendiam da região próxima ao centrômero até a extremidade do braço longo,

exceto no 13º par que não foi observada a banda próxima ao centrômero (Figura

14B e 14C).

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Nas espécies estudadas não foi identificada a presença de blocos

heterocromáticos intersticiais. O padrão de distribuição da heterocromatina

constitutiva no cariótipo dessas espécies foi correspondente aos dados descritos nas

fórmulas cariotípicas da Tabela 2.

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Figura 3-

4.3 Padrão de coloração com fluorocromos CMA3/DAPI

A coloração com fluorocromos base-específicos revelou padrões distintos

entre as espécies estudadas, bem como em nível intra-específico. O conjunto

cromossômico diplóide de Scaptotrigona sp 3 mostrou cinco bandas CMA3+ positivas

localizadas na região telomérica de um dos cromossomos do 12º par. O 14º par

também apresentou uma banda CMA3+ na região telomérica

Figura 4 - Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona sp. 3 submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento C em (B). Setaindica par heteromórfico. (A) cromossomos acrocêntricos. (A

AA

M) cromossomos pseudoacrocêntricos.

Figura 5- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona sp. 2 submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento C em (B). Seta indica par heteromórfico. (A) cromossomos acrocêntricos. (AM) cromossomos pseudoacrocêntricos.

B

A

AM

AM 5µm

AA

AM

AM

BA

5µm

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A A

A

AM

AM

B

5µm

37

Figura 6- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona sp. 1 população de Cruz das Almas submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamentoC em (B). Seta indica par heteromórfico. (A) cromossomos acrocêntricos.(AM) cromossomos pseudoacrocêntricos.

.

A

B

A

A

AM

AM

5µm

Figura 7- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona sp. 1 população de Manoel Vitorino-BA submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), aobandeamento Cem (B). Setas indicam constrição secundária e parheteromórfico respectivamente. (A) cromossomos acrocêntricos, (AM) cromossomos pseudoacrocêntricos.

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5µm

A

B

A

A

M

M

AM

AM

38

Figura 8- Cariótipo de Scaptotrigona sp. 1 população de Itaberaba-BA submetido àcoloração convencional, fêmea em (A) e macho em (B).Seta indica parcromossômico com constrição secundária. (M) cromossomosmetacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos. (AM) cromossomospseudoacrocêntricos.

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5µm

BM

A

AM

AM

AM

A

39

Figura 9- Cariótipo de Scaptotrigona sp. 1 população de Itaberaba-BA submetido ao bandeamento C, fêmea em (A) e macho em (B). (M) cromossomos metacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos. (AM) cromossomos pseudoacrocêntrico.

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.

Figura 11- Cariótipo de fêmea da espécie Scaptotrigona xanthotricha população de Valença-BA submetido à coloração convencional em (A), ao Bandeamento C em (B). Seta indica par heteromórfico. (A) cromossomos acrocêntricos. (AM) cromossomos pseudoacrocêntricos.

Figura 10- Cariótipo de fêmea da espécie Scaptotrigona xanthotricha população de Camacan-BA submetido à coloração convencional em (A), aobandeamento C em (B). (M) cromossomos metacêntricos. (A)cromossomos acrocêntricos (A). (A

M

B

A

A

A

M

AM

AM

5µm

M) cromossomos pseudoacrocêntricos.

AA

B

AM

A

AM

5µm

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5µm

A

B

C

A

A

A

AM

AM

AM

M

M

M

41

Figura 12- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona xanthotricha população de Viçosa-MG submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), aobandeamento C em (B), cariótipo de macho submetido ao bandeamento C em (C). (M) cromossomos metacêntricos. (A)cromossomos acrocêntricos. (AM) cromossomos pseudoacrocêntricos.

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5µm

A

B

A

A

AM

AM

M

M

42

Figura 13- Cariótipo de fêmea da espécie Scaptotrigona depilis submetido à coloração convencional em (A), ao bandeamento C em (B). Seta indica par cromossômico com constrição secundária. (M) cromossomosmetacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos (A). (AM) cromossomos pseudoacrocêntricos.

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5µm

A

B

C

A

A

A

M

M

M

AM

AM

AM

43

Figura 14- Cariótipo de fêmea de Scaptotrigona postica submetido à coloração convencional com Giemsa em (A), ao bandeamento C em (B), cariótipode macho submetido ao bandeamento C em (C). (M) cromossomosmetacêntricos. (A) cromossomos acrocêntricos. (AM) cromossomos pseudoacrocêntricos.

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4.3 Padrão de coloração com fluorocromos CMA3/DAPI A coloração com fluorocromos base-específicos revelou padrões distintos

entre as espécies estudadas, bem como variação em nível intra-específico. O

conjunto cromossômico diplóide de Scaptotrigona sp. 3 mostrou cinco bandas

CMA3+ positivas localizadas em regiões teloméricas. Uma delas aparece em um dos

cromossomos do 12º par. O 14º par apresentou uma banda CMA3+ menor na região

telomérica de um dos cromossomos e um grande bloco CMA3+ contínuo no

homólogo. Ressalta-se que nesse par foi identificado um heteromorfismo bem

evidente na coloração convencional. O par 15 pseudoacrocêntrico apresentou duas

bandas CMA3+ como blocos contínuos ocupando a maior parte do braço longo dos

cromossomos (Figura 15A). A coloração DAPI corou uniformemente os

cromossomos exceto nas regiões correspondentes às bandas CMA3+ que foram

negativas para DAPI.

Em Scaptotrigona sp. 2 o padrão de coloração do conjunto diplóide exibiu três

bandas CMA3+ localizadas em um dos cromossomos do par 10 como bloco

contínuo. Nesse par foi identificado um heteromorfismo. Os dois homólogos do par

14 apresentaram bandas CMA3+. Em um cromossomo a banda foi telomérica e no

outro foi um bloco extenso (Figura 15B). A marcação DAPI foi negativa nas regiões

equivalentes às bandas CMA3+ e uniforme nos demais cromossomos.

Nas espécies Scaptotrigona sp. 1 e S. xanthotricha o padrão de coloração por

fluorocromos revelou variação intra-específica. De forma que as diferentes colônias

amostradas de Scaptotrigona sp 1 apresentaram padrões distintos. A colônia de

Cruz das Almas-BA exibiu sete marcações CMA3+ no conjunto diplóide e três

marcações no conjunto haplóide (Figura 16A e B). Essas bandas CMA3+ foram

localizadas na região telomérica do 11º par apenas em um dos homólogos no

conjunto diplóide, e como blocos contínuos nos pares 13, 15. O 12º par também

apresentou marcação somente nas fêmeas (Figura 16A). Na coloração DAPI as

regiões heterocromáticas dos cromossomos mostraram-se mais brilhantes enquanto

as regiões que foram CMA3+ marcaram de forma negativa DAPI-. Esse

comportamento foi identificado tanto no conjunto haplóide quanto no diplóide. Na

colônia de Scaptotrigona sp. 1 de Manoel Vitorino-BA por sua vez, foram observadas

três marcações CMA3+ no conjunto diplóide, na forma de um grande bloco contínuo

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localizado no par 14 e apenas em um dos homólogos do par 17, onde foi identificado

um heteromorfismo (Figura 16C). O padrão DAPI corou positivamente DAPI+ as

regiões heterocromáticas e negativamente DAPI- nas regiões correspondentes às

bandas CMA3+. A população de Itaberaba-BA exibiu um padrão de coloração base-

específica com seis marcações CMA3+ em um cariótipo diplóide e três marcações

CMA3+ no cariótipo haplóide (Figura 16D e E). As bandas CMA3

+ localizaram-se na

região telomérica do 13º par que possui uma constrição secundária, como um

grande bloco contínuo que ocupa todo o braço longo do par 14 e também como uma

banda telomérica no 15º par cromossômico. Isso foi observado tanto no conjunto

haplóide como no diplóide. O fluorocromo DAPI marcou a região pericentromérica da

maioria dos cromossomos, exceto aqueles que foram marcados positivamente com

CMA3.

As colônias estudadas de S. xanthotricha também apresentaram variação

intra-específica quanto a esse padrão. A colônia de Camacan-BA apresentou

variações nas marcações CMA3+ mas, de forma mais freqüente apareceram nove

bandas CMA3+ em conjuntos cromossômicos diplóides. Tais bandas localizaram-se

no 11º par como um bloco ocupando praticamente a metade do braço

cromossômico, apenas em um dos homólogos do 12º par, nos pares 13, 15 e 16

também como um bloco contínuo ocupando grande parte de um dos braços

cromossômicos (Figura 17A). De forma menos freqüente, excedendo as nove

marcações o par 17 apresentou uma pequena banda telomérica fracamente corada.

O padrão de marcação DAPI apresentou bandas DAPI+ na região pericentromérica

dos cromossomos e bandas negativas DAPI- naquelas regiões que foram CMA3+. Na

amostra de Valença-BA o padrão de coloração base-específica revelou a presença

de treze bandas CMA3+ no cariótipo diplóide (Figura 17B). Essas bandas foram

distribuídas como blocos contínuos ocupando a maior parte do braço dos pares

cromossômicos 09 e 12. Marcações heteromórficas foram observadas nos pares 13

e 14 onde um dos homólogos tem uma banda em forma de bloco contínuo e o outro

uma banda telomérica. Os pares 15, 16 e apenas um dos homólogos do par 17

apresentaram bandas teloméricas. A coloração com fluorocromo DAPI revelou

cromossomos uniformemente corados, com exceção das regiões CMA3+ que

mostraram-se coradas negativamente DAPI-. A colônia de Viçosa-MG por sua vez,

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apresentou dez bandas CMA3+ em seu conjunto diplóide, localizadas nos pares 09 e

12 como pequenas bandas teloméricas e nos pares 13, 14 e 17 como blocos

contínuos na região telomérica (Figura 17C). As marcações DAPI+ foram

encontradas na região pericentromérica dos cromossomos correspondendo às

bandas heterocromáticas, bandas DAPI- apareceram nas regiões que apresentam

bandas CMA3+.

Na espécie S. depilis o padrão de coloração base-específica revelou a

existência de seis bandas CMA3+ em um conjunto diplóide, na forma de um bloco

contínuo por todo o braço de um dos homólogos e apenas na região telomérica do

outro homólogo do par 14. No 15º par foram encontradas bandas teloméricas, cuja

localização corresponde à presença de constrição secundária. Bandas teloméricas

também foram encontradas no par 17. A região pericentromérica dos cromossomos

apresentou bandas DAPI+, porém regiões DAPI- foram identificadas correspondendo

às bandas CMA3+ (Figura 18A). Em S. postica por sua vez, também foram

observadas seis marcações CMA3+ em um conjunto diplóide e três marcações no

conjunto haplóide (Figura 18B e C). Tais marcações foram localizadas no par 13 na

forma de bandas teloméricas, como um bloco contínuo ocupando todo o braço

cromossômico do par 15 e como bandas teloméricas nas extremidades dos

cromossomos do par 16.

O número de marcações CMA3+ variou entre as espécies analisadas de

apenas três marcações nas espécies Scaptotrigona sp. 2 e Scaptotrigona sp. 1

colônia de Manoel Vitorino-BA até treze marcações na colônia de Valença-BA de S.

xanthotricha (Tabela-3).

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Tabela 3 - Número de marcações com corantes base-específicos das espécies amostradas e suas respectivas localidades de coleta.

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Espécies Localidades de coleta

Nº de marcações CMA+

3

Nº de marcaçõesDAPI-

5 53 37 73 36 6

13 139 9

10 106 6

Scaptotrigona sp. 3 Scaptotrigona sp. 2 Scaptotrigona sp. 1 Scaptotrigona sp. 1 Scaptotrigona sp. 1

S. xanthotricha S. xanthotricha S. xanthotricha

S. depilis S. postica

São Luís-MA Recife-PE

Cruz das Almas-BAManoel Vitorino-BA

Itaberaba-BA Valença-BA

Camacan-BA Viçosa-MG

Ribeirão Preto-SP Rio Claro-SP 6 6

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A

5µm

B

Figura 15- Cromossomos metafásicos submetidos à dupla coloração CMA3/DAPI. (A) Scaptotrigona sp. 3; (B) Scaptotrigona sp. 2; Em destaque os cromossomos portando bandas CMA

+. 3

48

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49

A B

C D

Figura 16- Cromossomos metafásicos de Scaptotrigona sp. 1 submetidos à dupla coloração CMA3/DAPI, população de Cruz das Almas-BA (A) fêmea; (B) coloração com CMA3 em macho; (C) população de Manoel Vitorino-BA; população de Itaberaba-BA (D) fêmea; (E) macho; Em destaque os cromossomos portando bandas CMA3

+.

E 5µm

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Figura 17- Cromossomos metafásicos de Scaptotrigona xanthotricha submetidos à dupla coloração CMA3/DAPI. população de Camacan-BA (A); população de Valença-BA (B); população de Viçosa-MG (C) Em destaque os cromossomos portando bandas CMA3

+.

A B

C D

A B

5µm C

C

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A

5µmB C

Figura 18- Cromossomos metafásicos submetidos à dupla coloração CMA3/DAPI. Scaptotrigona depilis (A); Scaptotrigona postica (B) fêmea. (C) macho. Em destaque os cromossomos portando bandas CMA +. 3

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4.4 Caracterização da região organizadora do nucléolo NOR A região organizadora do nucléolo foi caracterizada quanto ao seu número e

localização por meio da aplicação do tratamento com impregnação com Prata, a

banda NOR. Esse tratamento revelou padrões específicos até mesmo em nível

populacional, permitindo a discriminação entre espécies e entre populações de uma

mesma espécie. Em Scaptotrigona sp. 3 os cromossomos metafásicos

apresentaram uma variação de três a quatro marcações (Figura 19A e B). Tais

marcações foram localizadas no 14º par como um bloco contínuo de tamanho

diferenciado entre os homólogos, destacando um heteromorfismo neste par. E no

par 15, como uma banda telomérica em um dos homólogos e como um bloco

contínuo no outro. Scaptotrigona sp. 2 revelou em seu conjunto diplóide quatro

marcações NOR+ distribuídas no par 10, como bandas teloméricas, e no par 14

como um bloco ocupando quase toda a porção do braço cromossômico (Figura

19C).

As diferentes amostras de Scaptotrigona sp. 1 analisadas revelaram padrões

distintos. A colônia de Cruz das Almas-BA apresentou uma marcação no conjunto

diplóide no par cromossômico 15, como um bloco contínuo (Figura 20A). Enquanto a

amostra de Manoel Vitorino-BA evidenciou cinco bandas NOR+ em um conjunto

diplóide (Figura 20B). As bandas foram localizadas em um dos homólogos do par 10

como um bloco que ocupou todo o braço curto do cromossomo, no par 11 como

bandas teloméricas que correspondem à região da constrição secundária, e em

apenas um dos homólogos do par 14 e 17, respectivamente como uma banda

telomérica e como um bloco que ocupa todo o braço cromossômico. A população de

Itaberaba-BA por sua vez, mostrou apenas uma marcação em um conjunto haplóide

como uma banda telomérica localizada no cromossomo 13, o qual apresenta uma

constrição secundária (Figura 20C).

Variações intra-específicas quanto ao número e a localização da região

organizadora de nucléolo também foram observadas em S. xanthotricha. A colônia

de Camacan-BA apresentou variação no número de marcações no conjunto diplóide

de oito a nove bandas NOR+ (Figura 21A e B). Essas bandas tinham forma de bloco

contínuo ocupando grande parte do braço cromossômico dos pares 11, 12 13, e 15.

De forma menos freqüente, excedendo as oito marcações um dos homólogos do par

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17 apresentou uma pequena banda telomérica. Diferentemente a colônia de

Valença-BA apresentou doze marcações em um conjunto diplóide (Figura 21C).

Com bandas localizadas na região telomérica do braço longo do par 06, como

grandes blocos contínuos nos pares 09, 12, 13, 16 e nas regiões teloméricas do par

17. A amostra de Viçosa-MG por sua vez, apresentou dez marcações em um

conjunto diplóide, nos pares 09, 10, 14, 16 e 17 como blocos contínuos sobre o

braço cromossômico (Figura 21D).

A espécie S. depilis apresentou variação no número de marcações do

conjunto diplóide de dois a seis bandas NOR+ (Figura 22A e B). Essas bandas foram

observadas nos pares 14 e 15 como grandes blocos contínuos, destacando-se a

presença da constrição secundária no 15º par. E no par 17 como bandas nas

regiões teloméricas. S. postica também apresentou seis marcações NOR+ em um

conjunto diplóide, localizadas na região telomérica dos pares 13, 15 e 16 (Figura

22C). Além da banda NOR, nessa espécie foi realizada a aplicação da hibridização

in situ fluorescente que localizou os genes de rDNA 45S no conjunto haplóide de

cromossomos. Tais genes foram localizados coincidentemente nos cromossomos

13, 15 e 16 (Figura 22D).

O número de marcações NOR+ variou entre as espécies analisadas de

apenas duas marcações no genoma diplóide de Scaptotrigona sp. 1 população de

Itaberaba-BA e colônia de Cruz das Almas-BA até doze marcações em S.

xanthotricha colônia de Valença-BA (Tabela-4).

Tabela 4- Número de marcações NOR+ das espécies amostradas e suas respectivas localidades de coleta.

Espécies Localidades de coleta

Número de marcações NOR+ Variação

Scaptotrigona sp 3 São Luís-MA 3 4 Scaptotrigona sp. 2 Recife-PE 4 Scaptotrigona sp. 1 Cruz das Almas-BA 2 Scaptotrigona sp. 1 Manoel Vitorino-BA 5 Scaptotrigona sp 1 Itaberaba-BA 2

S. xanthotricha Camacan-BA 8 9 S. xanthotricha Valença-BA 12 S. xanthotricha Viçosa-MG 10

S. depilis Ribeirão Preto-SP 2 6 S.postica Rio Claro-SP 6

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A B

C

5µm

Figura 19- Cromossomos metafásicos submetidos ao tratamento de banda NOR. (A) Scaptotrigona sp. 3 mostrando três marcações; (B) Scaptotrigona sp. 3 mostrando quatro marcações; (C) Scaptotrigona sp. 2; Em destaque os cromossomos com bandas NOR+.

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B A

5µm C

Figura 20- Cromossomos metafásicos de Scaptotrigona sp. 1 submetidos ao tratamento de banda NOR. (A) população de Cruz das Almas-BA; (B) população de Manoel Vitorino-BA; (C) população de Itaberaba-BA; Em destaque os cromossomos com bandas NOR+.

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A B

Figura 21- Cromossomos metafásicos de Scaptotrigona xanthotricha submetidos ao tratamneto de banda NOR. População de Camacan-BA, (A) evidenciando oito marcações; (B) evidenciando nove marcações; (C) população de Valença-BA; (D) população de Viçosa-MG; Em destaque os cromossomos com bandas NOR+.

C D 5µm

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BA

5µm 5µmC D

Figura 22- Cromossomos metafásicos submetidos ao tratamento de banda NOR. Scaptotrigona depilis em (A) evidenciando duas marcações; e (B)evidenciando seis marcações; Scaptotrigona postica em (C) metáfase de fêmea e (D) metáfase de macho submetida à hibridização in situfluorescente FISH. Em destaque os cromossomos marcados.

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5. DISCUSSÃO

Algumas espécies do gênero como Scaptotrigona postica, S. depilis e S.

tubiba têm sido estudadas no aspecto morfofisiológico e comportamental (PRONI;

MACIEIRA 2004; GRACIOLI-VITTI et. al. 2004; LACERDA; SIMÕES, 2006; MORAES et. al.

2000), estudos genéticos tem sido restritos a poucas espécies. As análises

citogenéticas até então realizadas estudaram apenas quatro espécies S.

xanthotricha, S. postica, S. depilis e S. tubiba (ROCHA et. al., 2003; SANTANA et. al,

2005). No entanto, não havia um trabalho inteiramente voltado para o estudo

citogenético do gênero Scaptotrigona com informações detalhadas sobre a estrutura

e composição dos cromossomos das espécies.

5. 1 Número e morfologia cromossômica

As seis espécies de Scaptotrigona estudadas apresentaram o conjunto

cromossômico diplóide constituído por 34 cromossomos, apontando para uma

constância no número cromossômico do gênero, em concordância com os dados de

literatura (HOSHIBA; IMAI, 1993; ROCHA et. al., 2003; SANTANA et. al., 2005). O número

diplóide de 34 cromossomos é comum à maioria dos gêneros de meliponíneos

estudados citogeneticamente, como Trigona (TARELHO, 1973; COSTA et. al. 2004;

ROCHA et. al., 2003; SANTANA et. al., 2005), Tetragona (TARELHO, 1973; ROCHA et. al.,

2003), Scaura (DOMINGUES, 2005; ROCHA et. al., 2003), Schwarziana (ROCHA et. al.,

2003) Cephalotrigona (ROCHA et. al., 2003), Nannotrigona (HOSHIBA; IMAI, 1993;

ROCHA et. al., 2003), Paratrigona (ROCHA et. al., 2003; SANTANA et. al., 2005)

Partamona (TARELHO, 1973; BRITO et. al. 2003), Camargoia (ROCHA et. al., 2003),

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Mourella (ROCHA et. al., 2003), Tetragonisca (HOSHIBA; IMAI, 1993; ROCHA et. al.,

2003) e Friesella (MAMPUMBU, 2002).

Apesar da constância do número cromossômico, as espécies estudadas

diferiram claramente quanto à morfologia do conjunto cromossômico. Nesse aspecto

foram observadas variações também de caráter intra-específico nas espécies

Scaptotrigona sp. 1 e Scaptotrigona xanthotricha. O cariótipo das espécies foi

constituído por cromossomos de morfologia metacêntrica, acrocêntrica e

pseudoacrocêntrica, sendo mais freqüente o pseudoacrocêntrico. Essa

predominância foi relatada por Hoshiba e Imai (1993) ao estudar a evolução

cromossômica de abelhas e vespas. A existência deste tipo cromossômico foi

proposta por Imai (1991; 2001), como parte das pressuposições da Teoria da

Interação Mínima. Segundo a teoria, há uma tendência evolutiva em aumentar o

número cromossômico a partir de fissões cêntricas, com posterior crescimento in

tandem da heterocromatina restabelecendo a estabilidade telomérica. Essa é uma

possível explicação para o surgimento dos cromossomos pseudoacrocêntricos. É

possível que tais eventos tenham ocorrido em cariótipos de grupos ou espécies

ancestrais, uma vez que, dada a constância numérica, existem poucas evidências

de que tenham ocorrido fissões no cariótipo das espécies analisadas no presente

estudo.

A constituição cariotípica encontrada nas espécies Scaptotrigona

xanthotricha, S. postica e S.depilis diferiu daquela determinada por Rocha et. al.

(2003). Além disso, neste estudo o cariótipo de S. xanthotricha mostrou-se variado

entre as três populações amostradas. Provavelmente foi em virtude dessa variação

que o cariótipo descrito por Rocha et. al. (2003) diferiu daqueles obtidos neste

trabalho. Segundo Rocha et. al. (2003), o cariótipo de S. postica apresentou vinte e

dois cromossomos acrocêntricos e doze pseudoacrocêntricos e S. depilis vinte e

seis cromossomos acrocêntricos e oito pseudoacrocêntricos, diferentemente da

fórmula cariotípica obtida neste trabalho 2k=4M+18A+12AM e 2k= 2M+20A+12AM

para S. postica e S. depilis respectivamente. Essa incongruência pode ser explicada

de diferentes formas. A ocorrência de variação intra-específica pode esclarecer a

diferença observada em S. postica, uma vez que as amostras dos dois trabalhos

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foram coletadas em locais distintos. No entanto, em S. depilis, essa explicação não é

válida pois, em ambos os trabalhos as amostras foram obtidas no mesmo local.

A constituição cariotípica descrita neste trabalho para as espécies

Scaptotrigona sp. 3, Scaptotrigona sp. 2 e Scaptotrigona sp. 1, consiste na primeira

descrição citogenética dessas espécies. Destaca-se ainda, que as populações de

Scaptotrigona sp. 1 mostraram diferenças cariotípicas que caracterizam variação

intra-específica. Essa variação pode ser um indício da existência de um complexo de

espécies crípticas nesse novo táxon. Silveira et. al. (2002) afirmam que o gênero

Scaptotrigona abriga uma grande diversidade de formas, muitas delas constituindo

complexos de difícil separação, principalmente nas regiões brasileiras onde ainda

existem muitas espécies não-descritas. Os resultados obtidos nesta análise

fornecem novos suportes a esta informação, mostrando que esta diversidade é

ainda maior do que o estimado pela análise morfológica.

5.2 Padrão de distribuição e conteúdo de heterocromatina

A análise do conteúdo de heterocromatina constitutiva revelou a presença de

bandas C em todas as espécies analisadas. O padrão de distribuição observado foi

distinto para cada espécie. Foram observadas desde pequenas bandas C

localizadas apenas na região centromérica de cromossomos metacêntricos a

grandes blocos conspícuos ocupando todo o braço longo de cromossomos

pseudoacrocêntricos, onde foi localizada a maior parte da heterocromatina presente

no cariótipo das espécies estudadas. Esse acúmulo de heterocromatina constitutiva

nesta região é atribuído por Imai et. al.,(1991; 1993; 2001) como uma das etapas de

uma cadeia de alterações cromossômicas, o ciclo fusão-fissão e o ciclo fissão-

inversão. Dentro dessa cadeia a fissão cêntrica promove a mudança de

cromossomos metacêntricos para acrocêntricos e pseudoacrocêntricos via um tipo

cromossômico transitório, o telocêntrico, pela adição de heterocromatina constitutiva.

De acordo com Imai (1991) essa adição pode ocorrer de três maneiras pode ser: na

região centromérica C+c, intersticial C+i e terminal C+t. Sendo preferencialmente

adicionada na região terminal. Imai et. al.,(1969) relataram que esse tipo de

rearranjo é extremamente raro na evolução de mamíferos e é comum em formigas.

Nas espécies analisadas as bandas heterocromáticas foram mais freqüentemente

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localizadas na região terminal dos cromossomos. Não foi identificada a presença de

bandas intersticiais. Bandas terminais também foram predominantes em abelhas dos

gêneros Scaura (DOMINGUES, 2005) e Trigona (COSTA et. al. 2004), bem como na

maioria dos Hymenoptera. Imai et. al., (2001) sugeriram que as bandas C incluiriam

“centrômeros e telômeros dormentes” em adição a um centrômero ativo.

Adicionalmente uma variedade de seqüências repetitivas dispersas e repetições in

tandem de arranjos de minisatélites e satélites têm sido observados em regiões

subteloméricas da maioria dos eucariotos (IMAI et. al, 2001). Dando continuidade à

cadeia de alterações cromossômicas proposta por Imai et. al.,(1991, 1993, 2001), o

excesso de heterocromatina constitutiva seria então eliminado por fusão cêntrica ou

inversão AM. De acordo com Imai (1991) tal eliminação reduziria o custo relacionado

à inativação do excesso de centrômeros e telômeros intersticiais integrados nas

regiões cromossômicas por adição de heterocromatina (C+) após fissão cêntrica. O

que reduziria o risco de interações deletérias resultantes de interações inespecíficas

da heterocromatina constitutiva em núcleos interfásicos, conforme a Teoria de

Interação Mínima (IMAI et. al, 1986; 2001).

Quatro das espécies analisadas, Scaptotrigona sp. 3, Scaptotrigona sp. 1

população de Itaberaba, as populações da Bahia de S. xanthotricha e S. postica

apresentaram bandas heterocromáticas, localizadas na região pericentromérica em

alguns cromossomos. Conforme Avramova (2002), a presença de bandas

heterocromáticas nas regiões centroméricas e pericentroméricas representa uma

importante diferença cariotípica, pois essas bandas são constituídas por diferentes

classes de seqüências de DNA repetitivo de poucas cópias. De acordo com o autor

supracitado essas bandas são molecularmente, estruturalmente e funcionalmente

diferentes quando localizadas em diferentes sub-regiões dos cromossomos.

Nos cariótipos das espécies Scaptotrigona sp. 1, populações de Manoel

Vitorino-BA e Itaberaba-BA e S depilis, os pares 11, 13 e 15 respectivamente

apresentaram uma interrupção da banda heterocromática na região terminal

indicando a presença de constrição secundária. O número de constrições

secundárias no conjunto cromossômico de cada espécie é relatado por Guerra

(1988), como constante e raramente superior a dois. A constrição secundária é

associada com uma classe de DNA repetitivo chamada de DNA satélite. De acordo

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com Sumner (2003), o DNA satélite forma blocos de heterocromatina sobre o

cromossomo citologicamente visíveis. Desta forma, a constrição secundária pode ser

considerada um importante marcador citológico, no cariótipo dessas espécies, que

por sua vez, pode ser utilizado na diferenciação intra e interespecífica. No entanto,

segundo Guerra (1988) nem sempre as constrições secundárias de uma célula se

mostram claramente visíveis.

Foram verificados diversos heteromorfismos de tamanho de braço

heterocromático no cariótipo das espécies estudadas. Entretanto, o mais

pronunciado foi observado no 14º par de Scaptotrigona sp. 3, o qual foi observado

em todos os indivíduos analisados, diferentemente dos encontrados nas outras

espécies que não apareceram em todos os indivíduos. Conforme Sumner (2003),

blocos heterocromáticos são usualmente heteromórficos e frequentemente diferem

em tamanho entre indivíduos da mesma espécie e entre homólogos do mesmo

indivíduo. Já foram descritos heteromorfismos de tamanho de braço heterocromático

em outras espécies e até mesmo em outros grupos de organismos, como em

bovinos (FERNANDEZ-GARCIA et. al., 1997) e ratos (WANG et. al., 2003), dentre os

Hymenoptera, foi observado em vespas Trypoxylon (Trypargilum) nitidum

(SCHER,1996) e em abelhas como Friesella schrottkyi (MAMPUMBU, 2002), Partamona

helleri (BRITO et. al., 1997; BRITO, 1998), Scaura longula (DOMINGUES, 2005). As

alterações, ocorrem por meio de eventos de translocação, duplicação, inversão entre

outros. Sumner (2003) propôs que um dos mecanismos de mudança na

heterocromatina é a transformação da eucromatina, no qual um segmento de

eucromatina é convertido em heterocromatina sem qualquer mudança no conteúdo

total de DNA. Para explicar o aparecimento de um heteromorfismo existem alguns

supostos mecanismos tais como: a deleção de uma fração do braço heterocromático

do cromossomo menor do par heteromórfico; a translocação de um segmento de um

cromossomo para outro não-homólogo; crossing desigual, ou ainda a amplificação

do segmento heterocromático na região centromérica (JOHN, 1988; DOMINGUES,

2005). De acordo com John (1988), há uma dificuldade em definir se as alterações

no tamanho dos braços cromossômicos resultantes de diferenças na quantidade de

heterocromatina foram causadas por mecanismos de ganho ou de perda de

seqüências repetitivas. Desta forma, os mecanismos de deleção ou de amplificação

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via duplicação parecem ser os mais adequados para explicar o heteromorfismo

descrito no presente estudo, considerando que tal polimorfismo está diretamente

relacionado com a heterocromatina. Segundo as suposições feitas por Guerra

(1988), polimorfismos gerados por duplicação/deleção ocorrem mais freqüentemente

em segmentos não-codificantes, como a heterocromatina, conforme observado por

Fernandéz-García e colaboradores (1997) ao constatar um novo polimorfismo

cromossômico em bovinos.

As bandas heterocromáticas mostraram um padrão diferenciado de modo

intra-específico nas espécies Scaptotrigona sp. 1 e Scaptotrigona xanthotricha. As

diferentes populações analisadas de ambas as espécies apresentaram padrões

característicos de cada população. Scaptotrigona sp. 1 apresentou diferenças entre

as populações de Manoel Vitorino-BA, Cruz das Almas-BA com a de Itaberaba-BA.

Em S. xanthotricha foram evidenciadas diferenças entre as três populações

amostradas, Valença-BA, Camacan-BA e Viçosa-MG. Segundo King (1993), um

vasto número de espécies de plantas e animais são caracterizados por fixar blocos

polimórficos de heterocromatina distribuídos ao longo do seu genoma. Esses

organismos incluem mamíferos como o porco-espinho, algumas espécies de

anfíbios e diversos Orthoptera (KING, 1993). Dentre esses organismos citados o

exemplo mais pronunciado de variação na heterocromatina é a espécie de

gafanhoto Atractomorpha similis, onde podem ser distinguidos cerca de 250 citótipos

diferentes (JOHN, 1988). Embora considere que as variações cromossômicas sejam

importantes elementos propulsores da evolução, Guerra (1988) afirma que, em

alguns casos as alterações cromossômicas sem significado adaptativo podem ser

mantidas ou fixadas nas populações. O acúmulo gradual e a fixação das diferenças

no padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva encontrado nas

populações de Scaptotrigona sp.1 e S. xanthotricha, mesmo sem significado

adaptativo claro, podem vir a promover o isolamento das mesmas.

Apesar da estabilidade numérica as diferentes espécies de Scaptotrigona

analisadas mostraram padrões cariotípicos característicos, especialmente quanto ao

conteúdo e distribuição da heterocromatina constitutiva. Essa divergência no padrão

de banda C em Scaptotrigona indica que alterações citológicas que levam a

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amplificação e eliminação da heterocromatina constituem fator importante na

evolução cariotípica do grupo.

5.3 Caracterização molecular dos cariótipos por fluorocromos base-específicos

O uso de corantes fluorescentes com diferentes especificidades permitiu uma

melhor caracterização do cariótipo das espécies de Scaptotrigona em termos de sua

relativa riqueza e distribuição de pares de base A-T ou G-C. O conjunto de

marcações obtido nos resultados permitiu determinar padrões característicos de

cada espécie, além de evidenciar a composição molecular da heterocromatina

constitutiva, dado que a maior parte das regiões marcadas foi coincidente com as

regiões banda C+.

A amplitude da variação do número de marcações CMA3+ encontradas por

genoma diplóide foi de três bandas CMA3+ nas espécies Scaptotrigona sp. 2 e

Scaptotrigona sp. 1 população de Manoel Vitorino-BA até treze marcações

observadas no conjunto diplóide de Scaptotrigona xanthotricha de Valença-BA

(Tabela 3). As bandas CMA3+ indicam a riqueza em pares de base GC nessas

regiões. Não há registros na literatura de tamanha variação no número de bandas

CMA3+ em um mesmo gênero de Hymenoptera. As marcações aqui observadas

foram bem evidentes e confirmadas pela contracoloração com DAPI (AT-específico).

(Figura15B;16C;17B).

As espécies de Scaptotrigona apresentaram heteromorfismo de presença e

ausência ou de tamanho de bandas CMA3+. Marcações heteromórficas também já

foram relatadas em outras espécies de abelhas como em Trigona branneri por Costa

et. al. (2004) e em Scaura atlantica por Domingues (2005). Muitas das diferenças

relatadas na heterocromatina têm sido evidenciadas nas propriedades de coloração,

as quais, embora apontem algumas diferenças químicas, não dão qualquer

informação clara acerca da sua natureza (SUMNER, 2003). Fry e Salser (1977) citado

por Sumner, (2003) propuseram que heteromorfismos na composição da

heterocromatina ocorreriam por amplificação diferencial de segmentos distintos entre

espécies relacionadas, onde algumas sequências podem ser amplificadas formando

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um bloco de heterocromatina em uma espécie, enquanto seqüências diferentes

poderiam ser amplificadas em outra espécie.

Dentre as populações de Scaptotrigona xanthotricha analisadas foram

observadas de oito a treze bandas CMA3+, sendo oito a nove marcações observadas

na população de Camacan-BA, dez marcações na população de Viçosa-MG, e treze

marcações na amostra de Valença-BA demonstrando uma variação intra-específica

desse padrão (Figura 17A, B e C). Ao analisar a mesma espécie, Rocha et. al.,

(2003) evidenciaram apenas oito marcações ao analisar uma população de Piranga-

MG, localidade próxima a Viçosa-MG.

A coloração DAPI revelou marcações DAPI+ nas demais regiões

heterocromáticas dos cromossomos, principalmente na região pericentromérica. Isso

demonstra que tais regiões possuem uma prevalência em pares de bases AT

quando comparadas ao restante do genoma. O DAPI também revelou regiões

fracamente coradas, isto é, DAPI-. Tais bandas DAPI- foram localizadas nas regiões

correspondentes às marcações CMA3+, indicando uma complementaridade nos

resultados dos dois fluorocromos. Esse resultado demonstra a existência de uma

heterogeneidade da heterocromatina com relação à composição nucleotídica, visto

que, as regiões DAPI+ mostram uma riqueza em pares AT, enquanto as regiões

CMA3+ são predominantemente ricas em GC.

As diferenças no conteúdo e na composição da heterocromatina caracterizam

alterações cromossômicas que podem vir a estabelecer uma barreira à fertilidade,

de modo que contribui gradativamente para o isolamento reprodutivo à medida que

altera a homologia dos cromossomos na meiose de tal maneira alterando o

pareamento, recombinação ou segregação (JONH, 1988).

5.4 Caracterização da Região Organizadora de Nucléolo O número, o tamanho e a localização das NORs tendem a ser característicos

de cada população ou espécie (SCHMID, 1978). A variação cariotípica detectada por

meio do bandeamento NOR revelou diferentes padrões numéricos, de tamanho e de

localização conforme a população ou espécie analisada. A variação intra-

populacional no número de NORs observada nas espécies Scaptotrigona sp. 3,

Scaptotrigona xanthotricha população de Camacan-BA, e Scaptotrigona depilis,

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pode ser explicada pelo fato do princípio básico da técnica ser a impregnação com

AgNO3 dos sítios de rRNA ativos na intérfase precedente (SUMNER, 2003). A

atividade de transcrição dos sítios de rRNA pode variar conforme o estado de

desenvolvimento fisiológico da célula conforme relatado para gafanhotos (LÓPEZ-

LEÓN et. al. 1995).

Além disso, variações intra-específicas foram observadas em diferentes

populações nas espécies Scaptotrigona sp. 1 e Scaptotrigona xanthotricha. De

acordo com a literatura variações intra-específicas de NOR foram relatadas em

diversos organismos (CASTRO et. al. 2001; CROSS et. al. 2002), inclusive insetos

(ARAÚJO et. al 2002; MAMPUMBU, 2002; COLOMBA et.al. 2004). Os novos loci podem

surgir como resultado de crossing-over desigual ou transposição. Em geral variações

sutis na quantidade de genes rRNA, causados por rearranjos não parecem afetar o

fitness do indivíduo (MILLER e BROWN, 1969; ARAÚJO et. al., 2002).

A amplitude de variação do número de bandas NOR+ por genoma diplóide em

Scaptotrigona foi de duas marcações nas populações de Scaptotrigona sp. 1 de

Cruz das Almas-BA e Itaberaba-BA (Figura 20A; 20C), até doze marcações em

Scaptotrigona xanthotricha população de Valença-BA (Figura 21C), (Tabela 4). As

bandas NOR+ foram freqüentemente observadas nos pares 13, 14 e 15, e

localizadas na região telomérica dos cromossomos como blocos contínuos

ocupando todo braço, ou como bandas menores apenas na região telomérica.

Segundo Sumner (2003), as regiões organizadoras de nucléolo podem ocorrer em

uma variedade de localizações nos cromossomos. Frequentemente elas estão

próximas às extremidades, nas regiões teloméricas dos cromossomos, como em

humanos e muitas outras espécies, porém sítios intersticiais também ocorrem.

Muitos trabalhos têm relatado que a maioria dos organismos apresenta um

par de NORs por genoma diplóide (JUAN et. al., 1993, MAFFEI et. al., 2004 em

Coleoptera; KAVALCO; PAZZA, 2004 em peixes; ARAÚJO et. al., 2002 em Sphecidae;

LORETO et. al. 2005 em gafanhotos). Essa condição também foi observada em

algumas espécies de abelhas como na espécie Friesella schrottkyi,(MAMPUMBU

2002), no gênero Melipona (MAFFEI et. al., 2001; ROCHA et. al. 2002) em Plebeia

(MAFFEI et. al., 2001). No presente trabalho, isso ocorreu nas populações de Cruz

das Almas-BA e Itaberaba-BA de Scaptotrigona sp. 1. Menezes (1997) encontrou

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quatro bandas NOR+ em Tetragonisca, entretanto foram encontradas doze

marcações NOR+ na população de Scaptotrigona xanthotricha de Valença-BA.

Cariótipos que apresentam apenas um par de NOR+ são considerados ancestrais

em relação àqueles que apresentam NORs distribuídas em diversos cromossomos

(MAMPUMBU 2002). Tal distribuição resultaria da ocorrência de rearranjos tais como

translocações e inversões (ARAÚJO et. al., 2002). No entanto, não há registro de

qualquer vantagem seletiva relacionada à presença de múltiplas NORs (HSU et. al.,

1975 citado por MAMPUMBU 2002). Sumner (2003), por sua vez sugere que

polimorfismos no número de cópias de genes de rRNA são normais, tanto entre

homólogos no mesmo indivíduo quanto entre indivíduos. Em algumas espécies, os

genes de rRNA estão confinados a um único sítio sobre um par de cromossomos

homólogos, mas muito frequentemente eles estão espalhados por vários

cromossomos; por exemplo seis pares de cromossomos em ratos e em humanos

cinco pares de cromossomos carregam NORs (SUMNER, 2003).

A maior parte das regiões organizadoras de nucléolo mostrou-se associada

com regiões heterocromáticas, banda C+ e regiões CMA3+

(ricas em pares GC).

Além disso, foi verificada a localização preferencial da NOR em cromossomos que

apresentaram constrição secundária. Isso foi observado nos 11º e 13º pares das

populações de Manoel Vitorino-BA e Itaberaba-BA, respectivamente em

Scaptotrigona sp. 1 e no 15º par de Scaptotrigona depilis. A região organizadora de

nucléolo forma uma estrutura cromossomal conspícua, uma constrição secundária,

que pode ser corada diferencialmente com prata (SUMNER, 2003).

Na maioria dos estudos realizados tem sido relatada a predominância de

pares de bases GC nas regiões organizadoras de nucléolo (SUMNER, 2003;

MAMPUMBU,2002; BRITO, 1998; LORETO et. al., 2005) como observado nas

populações das espécies de Scaptotrigona analisadas, onde na maior parte das

observações houve uma correlação entre a localização das bandas CMA3+ e as

marcações NOR+. No entanto, o número de marcações não foi coincidente nas

espécies Scaptotrigona sp. 3, Scaptotrigona sp. 2, Scaptotrigona sp. 1 e

Scaptotrigona xanthotricha, populações da Bahia, o que não invalida a relação

anteriormente descrita, tendo em vista que o número de marcações CMA3

observado no presente estudo foi superior ao número de NOR+. Tal correspondência

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foi observada também por Loreto et. al., (2005) ao estudar a espécie de gafanhoto

Chromacris nuptialis e verificou a coincidência NOR-CMA3; em abelhas essa relação

também foi observada por Brito et. al., (2003) em Partamona peckolti; por

Mampumbu, (2002) em Friesella schrottkyi; em Melipona asilvae por Rocha et. al.,

(2002).

Houve também uma correlação entre as regiões NOR e as regiões

heterocromáticas. Conforme Hsu et. al., (1975), citados por Mampumbu, (2002),

muitos citologistas já acreditavam que na maioria das espécies a NOR estava

localizada dentro de segmentos de heterocromatina. As análises realizadas no

presente trabalho também indicam que essa associação é verdadeira. Tal

associação foi observada por Araújo et. al., (2002) ao estudar Trypoxylon albitarse e

verificar a coincidência FISH-banda-C e por Mampumbu, (2002) nas análises de

FISH, CMA3 e banda C na abelha sem ferrão Friesella schrottkyi. Foi proposto por;

Zoldos et. al., (1999) que genes ou família de genes associados com seqüências de

DNA altamente repetitivas, estão sujeitos a um aumento em número de cópias pela

freqüência de trocas desiguais em relação às seqüências simples repetidas.

Possivelmente os blocos de heterocromatina restringem a recombinação dentro da

NOR por prevenir a formação de quiasmas ou forçar os quiasmas a serem formados

em outras regiões (JOHN, 1988), e induzem deleções, duplicações ou trocas

desiguais de cromátides-irmãs (MANTOVANI et. al., 2000).

A localização dos sítios dos genes de rDNA 45S realizada por meio da técnica

de FISH revelou a existência de três blocos desses genes no genoma haplóide de

Scaptotrigona postica. O número e a localização desses sítios foram coincidentes

com o número de bandas NOR+ e CMA3+. Conforme Schubert e Wobus (1985);

Philips et. al., (1988); Araújo et., al., (2002) a existência de um único cluster de rDNA

por genoma haplóide é considerado um caráter plesiomórfico na maior parte dos

organismos. As variações neste ponto podem estar ocorrendo em duas possíveis

direções: por meio do aumento ou diminuição do número de cópias dos genes; ou

pela ocorrência de rearranjos e recombinação não-homóloga.

Conforme registros da literatura, o estudo da região organizadora de nucléolo

por meio da impregnação com Nitrato de Prata (AgNO3) em abelhas é restrito a

apenas poucas espécies, como Friesella schrottkyi (MAMPUMBU, 2002), Melipona

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asilvae (ROCHA et. al., 2002; MAFFEI et. al. 2001), Plebeia (MAFFEI et. al., 2001), e

Tetragonisca angustula (MENEZES, 1997).

5.5 Análise comparativa entre as espécies de Scaptotrigona analisadas. A análise citogenética comparativa em espécies aparentadas permite

distinguir as características que são exclusivas de cada espécie (características

derivadas) e aquelas que são comuns a todas ou à maioria delas (características

básicas). Estas, indicam o possível cariótipo da população original que se

diversificou nas atuais espécies de um determinado gênero. No entanto, o estudo

comparativo intragenérico não é muito difundido na citogenética de abelhas. Poucos

trabalhos foram publicados empregando essa abordagem, como no exemplo de

Domingues, (2005), que realizou estudo comparativo no gênero Scaura. Em outros

organismos, entretanto tais análises foram feitas em plantas do gênero Vernonia

(OLIVEIRA, 2005), em duas espécies de gafanhotos do gênero Chromacris (LORETO,

et. al., 2005), em Coleoptera (COLOMBA, et. al.,2004), em Anura (BUSIN, et. al., 2006)

dentre outros.

Apesar das diferentes proporções de tipos morfológicos descritas nas

fórmulas cariotípicas das espécies de Scaptotrigona estudadas, o par cromossômico

16 de morfologia pseudoacrocêntrica apresentou forma semelhante em todas as

espécies analisadas, sugerindo que sua morfologia tenha sofrido poucas alterações

ao longo da evolução do grupo. O 15º par, também foi similar em quase todas as

espécies, exceto em Scaptotrigona sp. 2. O par 17 pseudoacrocêntrico, que possui

um longo braço heterocromático apresentou semelhança entre as espécies

Scaptotrigona sp. 3, Scaptotrigona sp. 1 populações de Manoel Vitorino-BA e

Itaberaba-BA, Scaptotrigona xanthotricha populações de Camacan-BA e Valença-

BA, e Scaptotrigona postica. O par 14 por sua vez, com uma conspícua banda

heterocromática foi similar em Scaptotrigona sp. 3 e a população de Itaberaba-BA de

Scaptotrigona sp. 1. O par pseudoacrocêntrico 12 que mostra uma banda C

pericentromérica apresentou semelhança entre as espécies Scaptotrigona sp. 3,

Scaptotrigona sp. 1, S. depilis e S. postica.

A ausência de uma filogenia dificulta a análise comparativa interespecífica,

embora as diversas semelhanças cariotípicas sugiram uma relação de proximidade

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entre algumas espécies analisadas. Duas das espécies aqui estudadas revelaram a

existência de variação intra-específica, Scaptotrigona sp. 1 e Scaptotrigona

xanthotricha.

Em Scaptotrigona sp. 1 as populações compartilham semelhanças nas

fórmulas cariotípicas, mas, no entanto, apresentaram padrões diferenciados de

bandas NOR e CMA3+. O número de marcações CMA3

+ variou de três a sete, tendo

as populações de Itaberaba-BA e Manoel Vitorino-BA apresentado marcações ao

longo de todo o comprimento do braço de cromossomos do tipo AM e a população de

Cruz das Almas-BA apenas marcações terminais. Cinco bandas NOR foram

evidenciadas pela população de Manoel Vitorino-BA. As populações de Itaberaba-

BA e Cruz das Almas-BA, apresentaram marcação terminal, porém em apenas um

par cromossomômico fortemente marcado por banda NOR. Embora se trate de

material ainda sem descrição, as amostras foram identificadas como sendo a mesma

espécie. Entretanto, as diferenças citogenéticas sugerem, neste caso, a existência

de mais táxons representados por formas muito semelhantes morfologicamente.

S. xanthotricha por sua vez, apresentou similaridade no par 17 entre as três

populações amostradas. Entretanto, em relação à coloração convencional, o par 11,

foi semelhante entre as populações de Valença-BA e Viçosa-MG, e o par 10, entre

as populações de Viçosa-MG e Camacan-BA. O par 14 das populações de Valença-

BA e Camacan-BA é muito similar ao par 13 da população de Viçosa-MG. Essas

observações revelam a ocorrência de rearranjos cromossômicos na espécie. Em

relação às marcações com fluorocromos e banda NOR, as amostras de Valença se

mostraram mais diferenciadas, apresentando 13 marcações CMA3+ por cariótipo

diplóide e doze marcações NOR+. As populações de Viçosa e Camacã, com dez e

nove marcações CMA3+, respectivamente e equivalente número de bandas NOR

foram mais similares.

As duas espécies apresentam diferentes padrões de distribuição geográfica,

sendo Scaptotrigona sp. 1 restrita ao semi-árido baiano e S. xanthotricha com ampla

distribuição, se estendendo do estado de São Paulo à Bahia. A diferenciação

observada mostra o nível de complexidade destes grupos, especialmente S.

xanthotricha que pode se constituir num complexo de espécies crípticas. A análise

citogenética tem revelado processos semelhantes em outros grupos de organismos,

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s irmãos.

como observado por Ravaoarimanana e colaboradores (2004) que verificaram a

ocorrência de especiação críptica promovida por rearranjos cromossômicos em

diferentes populações da espécie de mamífero Lepilemur septentrionalis.

As espécies Scaptotrigona depilis e Scaptotrigona postica apresentaram

grande similaridade, principalmente nos pares cromossômicos 05, 11 e 12, além de

mostrarem número equivalente de marcações CMA3+ e NOR+, sugerindo

homeologia e proximidade filogenética entre estas espécies. Esta hipótese encontra

suporte na filogenia molecular proposta por Guedes (2007), onde estas espécies

aparecem como grupo

Diferenças no grau de condensação dos cromossomos podem ter mascarado

a existência de outras homeologias não citadas. Com o intuito de obter um maior

grau de detalhamento e para confirmar os resultados, técnicas mais refinadas como

enzimas de restrição ou ainda o Chromosome painting poderão ser aplicadas e

fornecer informações ainda mais detalhadas sobre os possíveis rearranjos ocorridos

ao longo da evolução do cariótipo do grupo.

5.6 Evolução cariotípica A análise dos resultados obtidos por meio da aplicação das técnicas

citogenéticas empregadas mostrou que os cariótipos das espécies de Scaptotrigona

analisadas têm o número cromossômico conservado. Todavia, os dados evidenciam

um significativo grau de diferenciação cromossômica quando comparamos

morfologia, o padrão de distribuição da heterocromatina, a composição nucleotídica

bem como, o número e a localização da região organizadora de nucléolo. As

diferenças observadas nos cariótipos confirmam a distinção taxonômica das

espécies estudadas, feita por especialista. E ainda, aponta uma subestimativa da

diversidade existente no grupo e a necessidade de uma reavaliação taxonômica no

gênero, em especial nas espécies Scaptotrigona sp. 1, encontrada no semi-árido

baiano e Scaptotrigona xanthotricha cuja distribuição geográfica é ampla.

A determinação da maioria dos táxons foi feito inicialmente com base na

similaridade morfológica (morfotaxonomia). O emprego de novas abordagens, como

a citotaxonomia que faz uso de técnicas citogenéticas, juntamente com outras áreas

está proporcionando algumas reformulações das visões clássicas em função desses

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dados. Visto que, os cromossomos constituem o próprio material genético e,

alterações desses componentes são quase sempre significativas para o rumo

evolutivo das espécies (GUERRA, 1988; WHITE, 1973).

As variações cariotípicas encontradas nas espécies Scaptotrigona sp. 1 e

Scaptotrigona xanthotricha indicam que provavelmente essas espécies abrigam

complexos de espécies crípticas. King, (1993), analisou diversos complexos de

espécies e sugeriu que as mudanças cromossômicas fixadas podem distinguir as

diferentes linhagens e podem ter sido estabelecidas como o primeiro estágio de

diferenciação no processo de especiação. De acordo com Sumner, (2003)

mudanças no tamanho e morfologia cromossômica são portanto evidentemente

características do processo evolutivo.

A maior parte dos trabalhos que tratam de evolução cariotípica especialmente

em himenópteros tem comumente mencionado a Teoria da Interação Mínima,

proposta por Imai et. al.,(1986;1988) para explicar a evolução. Essa teoria foi

primeiramente considerada hipótese, foi elaborada usando como modelo diferentes

espécies de formigas e afirma que cariótipos tendem a evoluir no sentido de

minimizar os riscos genéticos resultantes de mutações cromossômicas deletérias,

como as translocações recíprocas, as quais são mais freqüentes em cariótipos com

números baixos de cromossomos (n<12) que naqueles com números elevados

(n>12) (IMAI et. al. 1986). Teoricamente, a evolução cariotípica levaria à minimização

de interações cromossômicas, supostamente, por meio do aumento do número

cromossômico decorrente de fissões cêntricas (IMAI et. al. 1988). Esse evento

diminuiria a interação entre os cromossomos, mas proporcionaria a instabilidade

telomérica dos cromossomos fissionados. A estabilidade telomérica tenderia a ser

restabelecida a partir da elongação da heterocromatina constitutiva na região

terminal, dando origem ao tipo cromossômico pseudoacrocêntrico. Esse tipo

cromossômico foi o mais frequentemente encontrado no cariótipo das espécies de

Scaptotrigona analisadas. No entanto, esse grupo tem o número cromossômico

conservado evidenciando que tais eventos não ocorreram neste gênero. Porém

podem estar relacionados à ancestralidade do grupo.

Diversos autores têm se baseado na Teoria da Interação Mínima, proposta

por Imai et. al. (1986; 1988; 1994; 2001), para explicar a evolução cromossômica de

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várias espécies de himenópteros, como em formigas (MARIANO et. al., 2001) em

vespas (HOSHIBA; IMAI, 1993; COSTA, 1994), em abelhas (BRITO et. al., 1997;

MOREIRA, 1997; BRITO, 1998; ROCHA; POMPOLO, 1998; CAIXEIRO, 1999; ROCHA, 2000;

2002; et. al., 2003; DOMINGUES, 2005; MAMPUMBU, 2002 e SANTANA et. al., 2005). No

entanto, essa teoria não fornece explicação clara para as variações de número

cromossômico encontradas entre as abelhas, bem como não tem relação com os

agrupamentos obtidos a partir da análise filogenética.

A teoria proposta por Imai pode se aplicar ao grupo em estudo, porém não há

evidências claras dessa aplicação, dada a constância numérica dos cromossomos

de Scaptotrigona. A diferenciação cromossômica nesse gênero consiste em uma

ampla variação estrutural. Com base nos resultados das diversas técnicas

citogenéticas essa diferenciação parece ter envolvido rearranjos como translocação

deleção e duplicação de segmentos sem, no entanto, alterar o número

cromossômico. O padrão de distribuição da heterocromatina, sua composição

nucleotídica, e o número e a localização da região organizadora de nucléolo

corroboram essa hipótese. Provavelmente os eventos de fissão cêntrica propostos

pela Teoria da Interação Mínima podem ter influenciado a composição cariotípica

das espécies do gênero Scaptotrigona, tendo ocorrido por pressão de seleção

exercida nos cariótipos de grupos ancestrais. A falta de uma filogenia mais completa

para a maioria dos Hymenoptera inclusive para o gênero estudado tem dificultado

uma conclusão mais precisa a cerca da evolução do grupo por meio da correlação

entre os dados da evolução cariotípica e da evolução molecular.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os cariótipos mostraram-se bastante conservados quanto ao número cromossômico.

No entanto, ao considerar a morfologia foram bem diferenciados, demonstrando a

especificidade do cariótipo e conseqüentemente a importância da análise

citogenética.

A variação observada no cariótipo das espécies do gênero Scaptotrigona resulta da

ocorrência de diferentes rearranjos cromossômicos e da variação no conteúdo de

heterocromatina, evidenciando a dinâmica e reorganização do genoma dentro do

gênero

O uso de técnicas de citogenética molecular permitiu detectar diferenças sutis na

composição e quantidade de DNA repetitivo entre as espécies.

Os resultados obtidos no presente trabalho são representativos para a taxonomia e

evolução cariotípica do gênero elucidando três espécies novas e sugerindo a

existência de pelo menos dois complexos de espécies crípticas. Esse trabalho

consiste na primeira descrição citogenética detalhada do gênero Scaptotrigona, e

será portanto uma referência importante para futuros estudos desse grupo.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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