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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO “STRICTO SENSU” EM ENGENHARIA QUÍMICA NÍVEL DE MESTRADO DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA ALTERNATIVA PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES DE OFICINAS MECÂNICAS UTILIZANDO ELETROCOAGULAÇÃO Cláudio Vinicius Arcego TOLEDO PR - BRASIL Março de 2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ …tede.unioeste.br/bitstream/tede/4000/2/Claudio_Arcego_2017.pdf · da densidade de correte e da concentração; (b) Superfície de contorno

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO “STRICTO SENSU” EM

ENGENHARIA QUÍMICA – NÍVEL DE MESTRADO

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA ALTERNATIVA PARA TRATAMENTO

DE EFLUENTES DE OFICINAS MECÂNICAS UTILIZANDO

ELETROCOAGULAÇÃO

Cláudio Vinicius Arcego

TOLEDO – PR - BRASIL

Março de 2017

Cláudio Vinicius Arcego

DESENVOLVIMENTO DE TECONOLOGIA ALTERNATIVA PARA

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE OFICINAS MECÂNICAS UTILIZANDO

ELETROCOAGULAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química em cumprimento parcial aos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Química, área de concentração em Monitoramento e Controle Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Camilo Freddy Mendoza Morejon

TOLEDO – PR - BRASIL

Março de 2017

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade de crescimento intelectual e moral

concedida nesses dois anos de trabalho.

Ao professor Camilo por sua dedicação, paciência e sabedoria durante o

processo de orientação.

Aos professores do PEQ que tanto contribuíram para meu aperfeiçoamento

intelectual e profissional.

Ao professor Espinoza por conceder um espaço em sua bancada para

realização dos testes experimentais.

Ao Gerpel, nas pessoas do Cleudimar e Adriana pelo trabalho, boa vontade

e flexibilidade.

A todos os funcionários da Unioeste que, de alguma forma, contribuíram para

a realização desse trabalho.

Aos companheiros Elias e Eduardo, dois grandes amigos feitos nesse

período, pela parceria, conversas e experiências compartilhadas.

Ao colega Alcides pela disponibilidade e boa vontade providenciais para a

realização do trabalho.

À Jéssica, sempre amiga e companheira, pelo suporte e apoio fundamentais

para a conclusão da jornada.

À Capes pelo apoio financeiro dado ao projeto, sem o qual não teria sido

possível a realização do trabalho.

iii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

1.1. Objetivo .................................................................................................... 2

1.2. Objetivos Específicos ............................................................................. 3

1.3. Justificativa ............................................................................................. 3

2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 4

2.1. Atividades em Postos de Combustíveis ............................................... 4

2.2. Atividades em Oficinas Mecânicas ........................................................ 5

2.3. Efluentes Oleosos ................................................................................... 6

2.3.1. Óleos lubrificantes ....................................................................... 6

2.3.2. Óleo emulsionado ......................................................................... 8

2.3.3. BTX ................................................................................................ 9

2.3.4. HPA’s ........................................................................................... 10

2.3.5. Impacto ambiental ...................................................................... 11

2.4. Legislação Ambiental Específica ......................................................... 12

2.5. Tratamentos Convencionais ................................................................ 14

2.5.1. Coagulação ................................................................................. 15

2.5.2. Tratamento com membranas ..................................................... 15

2.5.3. Flotação ....................................................................................... 16

2.5.4. Processos Convencionais Para Tratamento de Efluentes de

Oficinas Mecânicas, Lavagem de Veículos e Postos de Combustíveis17

2.6. Eletrocoagulação .................................................................................. 19

2.6.1. Tipos de Reatores ....................................................................... 22

2.6.2. Fenômenos Envolvidos no Tratamento Eletroquímico ........... 25

2.6.3. Mecanismos da Eletrocoagulação ............................................ 26

2.6.4. Fatores que Influenciam o Tratamento Eletroquímico ............ 29

2.6.5. Vantagens e Desvantagens ....................................................... 34

2.7. Planejamento Experimental ................................................................. 35

2.7.1. Superfície de resposta ............................................................... 35

2.7.2. Box Behnken ............................................................................... 37

iv

2.8. Estado da Arte e Prospecção Tecnológica ......................................... 39

2.9. Considerações Sobre a Revisão .......................................................... 41

3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 42

3.1. Caracterização da Fonte Geradora ...................................................... 42

3.2. Caracterização do Efluente .................................................................. 42

3.3. Prospecção Tecnológica ...................................................................... 44

3.4. Planejamento, projeto e Construção do Módulo de bancada ........... 45

3.4.1. Módulo Experimental ................................................................. 45

3.4.2. Planejamento experimental ....................................................... 47

3.5. Desenvolvimento do protótipo ............................................................ 48

3.6. Avaliação dos Requisitos para Proteção Intelectual ......................... 48

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 49

4.1. Caracterização da Fonte Geradora ...................................................... 49

4.1.1. Dados Sobre a Frota ................................................................... 49

4.1.2. Diagnóstico dos estabelecimentos em estudo ........................ 51

4.1.3. Etapas geradoras de efluentes .................................................. 55

4.1.4. Origem da água Utilizada ........................................................... 57

4.1.5. Consumo da água utilizada ....................................................... 57

4.1.6. Tipos de tratamentos ................................................................. 59

4.1.7. Troca de óleo .............................................................................. 60

4.2. Caracterização do Efluente .................................................................. 61

4.3. Projeto, Construção e Operacionalização do Módulo de Bancada .. 61

4.3.1. Testes com Reator Eletrolítico .................................................. 61

1.3.2. Eficiência na Remoção da Cor Aparente e Turbidez ............... 66

1.3.3. Eficiência na Remoção da DQO ................................................ 75

1.3.4. Desejabilidade Global ................................................................ 82

1.4. Proposição de Tecnologia Inovadora .................................................. 83

1.5. Avaliação de requisitos de novidade e proteção intelectual ............. 88

5. CONCLUSÃO .......................................................................................... 101

6. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 102

v

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Estrutura molecular dos compostos BTEX (Fonte: Vieira, 2004) .. 10

Figura 2.2 – Configuração básica de um reator eletrolítico .............................. 23

Figura 2.3 - Reator de EC em escala de bancada com eletrodos monopolares em:

(a) paralelo e, (b) série (Mollah et al., 2000)..................................................... 24

Figura 2.4 - Reator de EC em escala de bancada com eletrodos bipolares em

paralelo (Mollah et al., 2000). ........................................................................... 25

Figura 2.5 – Mecanismos de eletrocoagulação (Holt et al., 2002). ................... 27

Figura 2.6 – Matriz do planejamento Box Benhken .......................................... 38

Figura 2.7- Espaço tridimensional explorado por um fator de 3 níveis BB. Baseia-se

em um arranjo fatorial 33 (Fonte: Leon et al., 2010) ......................................... 39

Figura 2.8 - Evolução do número de artigos científicos sobre efluentes de oficinas

mecânicas e lavagem de veículos entre o período de 1969 e primeiro semestre de

2016. ................................................................................................................ 40

Figura 3.1 – Reator de bancada utilizado no planejamento experimental ........ 46

Figura 4.1 – Distribuição da frota municipal quanto ao tipo de veículo. ........... 50

Figura 4.2 – Distribuição do ano dos veículos do município ............................ 51

Figura 4.3 – Tipos de oficinas mecânicas quanto ao tipo de veículo atendido . 52

Figura 4.4 – Tipos de postos quanto aos serviços fornecidos .......................... 53

Figura 4.5 - Mapa de risco do município de Toledo/Pr ..................................... 54

Figura 4.6 – Balanço de massa para o processo de lavagem de veículos ....... 55

Figura 4.7 – Balanço de massa para o processo de lavagem de pisos e instalações

.............................................................................................................................. 56

Figura 4.8 – Balanço de massa para o processo de lavagem de peças .......... 56

Figura 4.9 – Origem da água utilizada nos estabelecimentos de lavagem ...... 57

Figura 4.10 – Consumo médio mensal de água das oficinas mecânicas

pesquisadas. .................................................................................................... 58

Figura 4.11 – Consumo médio mensal de água dos postos de lavagem

pesquisados. .................................................................................................... 59

Figura 4.12– tratamento de efluentes utilizado em oficinas mecânicas ........... 59

Figura 4.13 – tratamento de efluentes de postos de combustíveis .................. 60

Figura 4.14 – quantidade de estabelecimentos que executam a troca de óleo 60

vi

Figura 4.15 – Diagrama representativo da variação do pH durante o processo de

eletrocoagulação. ............................................................................................. 64

Figura 4.16 – Diagrama de Pareto para a variável resposta (a) cor aparente e (b)

turbidez ............................................................................................................ 68

Figura 4.17 – (a) Superfície de resposta para remoção de cor aparente em função

da densidade de correte e da concentração; (b) Superfície de contorno para

remoção de cor aparente em função da densidade de correte e da concentração;

......................................................................................................................... 72

Figura 4.18 – (a) Superfície de resposta para remoção de turbidez em função da

densidade de correte e da concentração; (b) Superfície de contorno para remoção

de turbidez em função da densidade de correte e da concentração; ............... 72

Figura 4.19 – (a) Superfície de resposta para remoção de cor aparente em função

da concentração e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de cor aparente

em função da concentração e do pH; ............................................................... 73

Figura 4.20 – (a) Superfície de resposta para remoção de turbidez em função da

concentração e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de turbidez em

função da concentração e do pH; ..................................................................... 73

Figura 4.21 – (a) Superfície de resposta para remoção de cor aparente em função

da densidade de corrente e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de cor

aparente em função da densidade de corrente e do pH; ................................. 74

Figura 4.22 – (a) Superfície de resposta para remoção da turbidez em função da

densidade de corrente e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção da

turbidez em função da densidade de corrente e do pH; ................................... 75

Figura 4.23 – Diagrama de Pareto para variável de resposta DQO ................. 77

Figura 4.24 – (a) Superfície de resposta para remoção de DQO em função da

densidade de correte e da concentração; (b) Superfície de contorno para remoção

de DQO em função da densidade de correte e da concentração;.................... 80

Figura 4.25 – (a) Superfície de resposta para remoção de DQO em função da

concentração e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de DQO em função

da concentração e do pH; ................................................................................ 81

Figura 4.26 – (a) Superfície de resposta para remoção de DQO em função da

densidade de corrente e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de DQO

em função da densidade de corrente e do pH;................................................. 81

Figura 4.27- Gráficos estatísticos para a função desirability global. ................. 83

vii

Figura 4.28 – Sistema de tratamento composto por: 1-Calha de alimentação; 2 -

compartimento de sedimentação e flotação; 3 – Raspador; 4 – Reservatório de óleo;

5 - segundo compartimento de sedimentação e flotação; 6 – fonte de corrente

contínua; 7- Raspador; 8 - Raspador; 9 – Reservatório de óleo; 10 - Peneira; 11 –

Reservatório de água clarificada; ..................................................................... 84

Figura 4.29 – Corte frontal do primeiro estágio de sedimentação caracterizado por:

1 – Fonte corrente contínua; 2-Raspador; 3-Peneira; 4-Placas sobrepostas de

ajuste de nível; 5-Registro boia; 6-Motor; 7-Eixo do raspador da câmara de

eletrocoagulação; 8-Corrente. .......................................................................... 85

Figura 4.30 – Corte frontal do compartimento de eletrocoagulação caraterizado por:

Raspadores (1, 2 e 3); Janelas de alimentação (4 e 5); Conjuntos de placas

inclinadas (9 e 10); Parede divisória entre meio reacional e compartimento de água

clarificada (7 e 8); Compartimento da água clarificada. ................................... 86

Figura 4.31 – Corte lateral do equipamento caracterizado por: 1-Motor; 2-Corrente

transmissora; 3-Registro boia; 4-Primeira câmara de sedimentação e flotação; 5-

Rapador da primeira câmara de sedimentação; 6-Tubo de pvc; 7-Segunda câmara

de sedimentação; 8-Janela de alimentação para câmara eletrolítica; 9-Raspadores

da câmara eletrolítica; 10-Compartimento eletrolítico; 11-Orifício de alimentação do

reservatório da água clarificada; 12 – Janela de alimentação para o reservatório do

óleo; 13-Reservatório do óleo; 14-Reservatório da água clarificada; 15-Sistema de

esgotamento da água clarificada; 16-Sistema de esgotamento do óleo. ......... 87

Figura 4.32 - Caixa separadora de água e óleo. .............................................. 89

Figura 4.33 – Estação modular para separação in loco de derivados de petróleo

contido em efluentes industriais. ...................................................................... 91

Figura 4.34 - Dispositivo auxiliar para separação de água e óleo .................... 92

Figura 4.35 – Caixa separadora de água e óleo com bomba manual .............. 93

Figura 4.36 - Configuração de caixa separadora de água e óleo. .................... 94

Figura 4.37 – Dispositivo modular filtrante para separação de água contaminada

com óleo ........................................................................................................... 95

Figura 4.38 - Dispositivo modular filtrante para separação de água contaminada

com óleo associado em série ........................................................................... 96

Figura 4.39 – Processo de reciclagem e recuperação de água. ...................... 97

Figura 4.40 - Processo de reciclagem e recuperação de água com base em

princípios físicos ............................................................................................... 98

viii

Figura 4.41 – Tratamento de efluentes utilizando floculação/flotação. ............. 99

Figura 4.42 – Tratamento de efluentes de oficinas mecânicas utilizando

eletrocoagulação ............................................................................................ 100

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Comparação de eficiências entre DCCR, PBB, MD e planejamento

fatorial. ............................................................................................................. 37

Tabela 3.1 – Caracterização das amostras para diferentes composições ....... 43

Tabela 3.2 – Descritores utilizados de acordo com o banco de patentes pesquisado.

......................................................................................................................... 45

Tabela 3.3 – Valores das variáveis independentes em cada nível. .................. 47

Tabela 4.1 – Caracterização das amostras para diferentes composições. ...... 61

Tabela 4.2 – Resultados obtidos para eletrocoagulação em função dos diferentes

parâmetros operacionais. ................................................................................. 63

Tabela 4.3 - Eficiências de remoção em função das condições operacionais. 65

Tabela 4.4-Tabela de efeitos para remoção da cor aparente e turnidez .......... 67

Tabela 4.5 – Coeficientes de regressão para o modelo de remoção da cor aparente

e turbidez.......................................................................................................... 69

Tabela 4.6 - Análise de variância (ANOVA) para a resposta cor aparente e turbidez

(intervalo de confiança de 95%). ...................................................................... 70

Tabela 4.7 – tabela de efeitos para a variável resposta DQO .......................... 76

Tabela 4.8 – Coeficientes de regressão para o modelo de eficiência de remoção de

DQO ................................................................................................................. 78

Tabela 4.9 - Análise de variância (ANOVA) para a resposta DQO (intervalo de

confiança de 95%). ........................................................................................... 79

x

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIMBOLOS

APHA - American Public Health Association

BTEX – Benzeno, Tolueno, Etil-Benzeno, Xileno

Conama - Conselho nacional do meio ambiente

EMETE – Estação Modular Eletrolítica de Tratamento de Efluentes

F - Constante de Faraday

HPA’s – Hidrocarbonetos Poliaromáticos

i - Corrente elétrica

M - Massa molar do elemento predominante do eletrodo

mA – Miliamper

mel - Massa do eletrodo consumida

MQ – Média quadrática

n - Número de elétrons envolvidos

Oluq – Óleo Lubrificante queimado

pH - Potencial hidrogenionico

R2 - Coeficiente de correlação

rpm - Rotação por minuto

SQ – Soma Quadrática

t - Tempo de aplicação

ts - Tempo de aplicação da corrente

U - Tensão elétrica

X1 – Concentração de Óleo

X2 – Densidade de corrente

X3 – pH

xi

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA ALTERNATIVA PARA TRATAMENTO

DE EFLUENTES DE OFICINAS MECÂNICAS UTILIZANDO

ELETROCOAGULAÇÃO

AUTOR: CLÁUDIO VINICIUS ARCEGO

ORIENTADOR: CAMILO FREDDY MENDOZA MOREJON

Dissertação de Mestrado; Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química;

Universidade Estadual do Oeste do Paraná; Rua da Faculdade, 645; CEP: 85903-

000 - Toledo - PR, Brasil, defendida em 13 de Março de 2017. 115 p.

RESUMO

As tecnologias de tratamento e aproveitamento de efluentes de oficinas mecânicas,

postos de combustíveis e de lavagem de veículos, disponíveis no mercado, ainda

apresentam uma série de limitações técnicas. Esse cenário, aliado ao crescimento

da frota de veículos, exige o desenvolvimento e a proposição de novas tecnologias.

Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi desenvolver uma tecnologia alternativa

para o tratamento de efluentes de oficinas mecânicas e postos de lavagem

automotiva. A metodologia contemplou: 1) a caracterização das fontes de geração

dos efluentes (Estabelecimentos localizados no Município de Toledo-PR); 2) a

caracterização qualitativa e quantitativa do efluente em estudo; 3) a prospecção

tecnológica; 4) a proposição da tecnologia; 5) o projeto e construção do protótipo;

6) planejamento experimental e realização de testes operacionais em condições

laboratoriais; 7) a proposição e sistematização da nova tecnologia; e 8) a proteção

intelectual. Destaca-se que os principais parâmetros avaliados neste trabalho foram

a cor aparente, turbidez, pH e DQO. A tecnologia resultante deste trabalho, para

uma condição de maior concentração do efluente (C0=2,5 mg.mL-1), com pH=7 e

densidade de corrente (σ) de 3,42 mA.cm-2 apresentou maior eficiência na remoção

de cor aparente (99,71%) e turbidez (99,75%). O melhor desempenho na redução

da DQO (93,5% de remoção) ocorreu nas condições de C0=1,5 mg.mL- 1, σ=3,42

mA.cm-2 e pH=10. O pH dos efluentes em estudo se encontram na faixa de 4 a 10

e nessa condição foi constatado uma influencia diretamente proporcional na

xii

eficiência de remoção dos parâmetros avaliados. Após a sistematização dos

resultados e prévia avaliação da atividade inventiva, a tecnologia para o tratamento

de efluentes de diversas fontes, em particular de oficinas mecânicas, deve ser

objeto de proteção intelectual junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial

(INPI). A inovação está classificada na categoria Modelo de Utilidade, pois trata-se

de uma criação de forma, estrutura e disposição, envolvendo ato inventivo que

resultou em melhoria funcional.

Palavras-chave: Eletrocoagulação, Inovação Tecnológica, Efluentes oleosos.

xiii

DEVELOPMENT OF ALTERNATIVE THECNOLOGY FOR MECHANICAL

WASTEWATER TREATMENT USING ELECTROCOAGULATION

AUTHOR: CLÁUDIO VINICIUS ARCEGO

SUPERVISOR: CAMILO FREDDY MENDOZA MOREJON

Master Thesis; Chemical Engineering Graduate Program; Western Paraná State

University; Rua da Faculdade, 645; CEP: 85903-000 - Toledo - PR, Brazil,

presented on March, 13 th 2017. 115 p.

ABSTRACT

The Technologies used for treatment of automotive centers, gas stations and car

wash stations wastewaters, available in the market have a number of operational

limitations. This background, combined with the vehicle fleet increases, requires new

technologies for this aim. In this context the mean goal of this work is develop an

alternative technology for automotive centers and car wash stations wastewaters

treatment. The methodology included: 1) a characterization of the effluent

generation sources; 2) qualitative and quantitative characterization of the studied

effluent; 3) technological prospecting; 4) the technology proposition; 5) the design

and construction of the prototype; 6) experimental planning and performance of

operational tests in laboratory conditions; 7) a proposal and systematization of the

new technology; And 8) intellectual protection. It should be noted that the main

parameters evaluated in this work were the apparent color, turbidity, pH and COD.

The technology resulting from this work, for a condition with a higher effluent

concentration (C0 = 2.5 mg.mL-1), with pH = 7 and current density (σ) of

3.42 mA.cm- ² presented higher efficiency in the removal of apparent color 99.71%)

and turbidity (99.75%). The best performance in reducing the COD (93.5% removal)

occurred under the conditions of test 12 (C0 = 1.5 mg.mL-1, σ = 3.42 mA / cm², pH

= 10). The pH of the effluents was studied in the range of 4 to 10 and at this

condition, it was observed a directly proportional influence between pH and the

removal efficiency. After the results systematization and previous inventive activity

evaluation, the technology for wastewater treatment must be object of intellectual

protection in the National Institute of Industrial Property (INPI). The innovation is

xiv

classified like Utility Model, since it is a creation of form, structure and disposition,

involving an inventive act that resulted in functional improvement.

Keywords: Electrocoagulation, Technological Innovation, Oil Wastewater.

1

1. INTRODUÇÃO

Os frequentes racionamentos e campanhas pró economia de água têm

deixado exposta a dura realidade que se enfrenta na atualidade. A crise hídrica,

que abateu o cenário nacional nos últimos anos, é resultado da soma de diversos

fatores, entre eles: a falta de chuva o qual foi agravado pela má gestão das águas,

falta de tratamento adequado no descarte do recurso utilizado, e o aumento no

consumo doméstico e industrial de água.

Partindo de uma economia diversificada e uma cadeia produtiva altamente

consumidora de recursos naturais é comum que as águas residuais apresentem

uma grande variação na sua composição, que no final comprometem o

desempenho dos sistemas de tratamento centralizado desses efluentes. Assim

posto, deve-se considerar novos modelos gestão com base do tratamento seletivo,

bem como para viabilizar o aproveitamento dos efluentes, sem comprometer os

corpos receptores.

De acordo com Mazumder et al (2011), o tratamento in loco de águas

residuais é uma alternativa potencial para a redução da carga poluidora dos

efluentes líquidos das atividades localizadas nas áreas urbanas, industriais e rurais.

Uma dessas atividades em constante expansão são as estações de serviços de

manutenção, lavagem e abastecimento de veículos automotivos.

Segundo Munasinghe et al (2015), estações de serviços para veículos

automotores utilizam grandes quantidades de água, óleo e detergentes para

lavagem de veículos e demais serviços. O gerenciamento cuidadoso desses

efluentes se faz necessário não somente para atendimento da legislação ambiental,

como também para reduzir a complexidade dos sistemas coletivos de tratamento

dos efluentes.

Estabelecimentos de lavagem de carros e oficinas mecânicas geram seus

efluentes na lavagem de pisos, tanques, veículos, máquinas e peças. Essas

atividades são responsáveis por produzir águas residuais altamente poluidoras,

sendo que, em sua composição incluem óleos e gorduras, detergentes, fosfatos e

ácido fluorídrico que são altamente poluidores.

2

Dentre os diversos poluentes, os que oferecem maior desafio são, sem

dúvida, os derivados graxos. A água oleosa é um termo popular utilizado para

descrever as águas que apresentam níveis consideráveis de óleos, graxas,

lubrificantes e materiais em suspensão. O material graxo, por sua vez, pode se

apresentar em duas formas distintas: livres ou emulsionados. O óleo livre é

facilmente identificável, corresponde ao óleo visível a olho nu e que não se mistura

com a fase aquosa devido a sua insolubilidade. Além disso, é encontrado sempre

flutuando sobre a superfície de água em função da sua baixa densidade. O óleo

emulsionado, por outro lado, não é facilmente distinguível da água devido à

homogeneidade da mistura. A pequena dimensão e a elevada estabilidade desse

sistema tornam o tratamento de águas residuais de estações de serviços

automobilísticos um grande desafio. Economicamente, esse resíduo tem grande

importância uma vez que dispões de um ciclo próprio que inclui descarte, coleta e

reciclagem amparado legalmente pela Resolução 362 do Conama.

Durante muito tempo, buscou-se resolver essa questão com a utilização de

caixas de areia e caixas de gordura. No entanto, esses sistemas ainda não

conseguiram atender as demandas de tratamento eficiente na separação dos óleos

emulsionados e na remoção dos sólidos particulados. Mais recentemente, estudos

apontam na direção de tratamentos químicos e biológicos.

No entanto, um dos grandes gargalos encontrados nos tratamentos químicos

é a dificuldade em se desenvolver um equipamento compacto, viável tecnicamente

e economicamente. Floculadores e sedimentadores convencionais apresentam a

desvantagem de serem muito grandes e demandam um maior tempo de residência

para o tratamento dos efluentes. O mesmo problema ocorre com os reatores

biológicos. Nesse contexto surge a necessidade de novas pesquisas que visem a

proposição de novas tecnologia.

1.1. Objetivo

Diante das limitações das metodologias e tecnologias convencionais, esse

trabalho tem por objetivo a proposição e o desenvolvimento de uma tecnologia

alternativa para o tratamento diferenciado de efluentes de estabelecimentos de

3

serviços automotivos (oficinas mecânicas, postos de combustíveis e de lavagem de

veículos).

1.2. Objetivos Específicos

Para atendimento do objetivo geral foram estabelecidos os seguintes

objetivos específicos: a) a caracterização da fonte geradora; b) a caracterização

qualitativa e quantitativa do efluente líquido; c) a prospecção de métodos processo

e tecnologias; d) o desenvolvimento e proposição de tecnologia alternativa; e) o

planejamento e projeto do protótipo; f) a avaliação de requisitos de novidade para

proteção intelectual; e g) a consolidação e sintetização dos resultados.

1.3. Justificativa

Considerando que os atuais sistemas de tratamento apresentam limitações

como: grande espaço requerido, elevado custo de manutenção e exagerado tempo

de retenção, o trabalho proposto se faz pertinente, uma vez que tem como objetivo

propor uma alternativa tecnológica que supere as limitações citadas,

compreendendo um ativo tecnológico, social e acadêmico.

4

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Atividades em Postos de Combustíveis

A indústria de combustíveis compreende uma série de atividades que

contribuem com a dinâmica da economia em escala regional e nacional. Apesar da

sua importância econômica, essas atividades exercem impacto sobre o meio

ambiente e sobre o meio social da região onde estão situadas.

A cadeia produtiva de combustíveis líquidos derivados do petróleo é

composta por 3 grandes etapas: etapa de refino, etapa de distribuição e etapa de

consumo. A etapa de refino é a responsável pela transformação, por meio de

processos físicos e químicos, do petróleo bruto em produtos combustíveis. A etapa

de consumo é composta por automobilistas, caminhoneiros, empresas de

transporte, empresas de turismo, aviação, indústrias e fazendas. A etapa de

distribuição, por sua vez, subdivide-se em canais de venda em atacado

(transportadoras e distribuidoras) e canais de venda em varejo (postos de

combustíveis). O varejo de combustível interfere em outros setores da economia e

na sociedade de modo geral. O revendedor varejista de combustível pode ser

definido como a pessoa jurídica legalmente autorizada para a revenda de

combustíveis automotivos (CADE, 2012).

Dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) indicam que no início de 2015

haviam, no Brasil, 39.763 postos revendedores de derivados de petróleo operando

no País. Desses, 40,2% localizados no Sudeste; 23,8% no Nordeste; 20,2% na

Região Sul; 8,6% no Centro-Oeste; e 7,2% na Região Norte. Os estados com maior

concentração de postos eram: São Paulo (22,3%), Minas Gerais (10,9%), Rio

Grande do Sul (7,8%), Paraná (7,1%), Bahia (6,4%) e Rio de Janeiro (5,3%).

As atividades realizadas em um posto de varejo de combustível podem

envolver, além do abastecimento, a troca de óleo, lavagem de veículos, loja de

conveniência, lanchonete e restaurantes. Os principais resíduos gerados nessas

atividades consistem em restos de alimentos, embalagens de alimentos, vapores

de combustíveis, flanelas e estopas contaminadas, efluentes líquidos, como águas

oleosas, filtros usados, óleo queimado, lodo toxico das caixas separadoras de água

e óleo e embalagens de lubrificantes. Assim, o grau do impacto ambiental e social

5

irá depender dos serviços prestados pelo estabelecimento (LORENZETT et al,

2010, apud Santos, 2005).

Em virtude da quantidade e da natureza das atividades realizadas nos postos

combustíveis, Venâncio et al (2008) classificam os estabelecimentos dessa

natureza como potencialmente geradores de impactos ambientais, caracterizados

por contaminação do solo e das águas subterrâneas e superficiais, por meio de

vazamentos de combustíveis, com riscos de incêndios e explosões. Além disso,

essa atividade vem se tornando cada vez mais complexa, visto que o custo de

acidentes e incidentes ambientais crescem a cada dia. Os postos de combustíveis

devem, portanto, realizar suas atividades de acordo com as normas e leis vigentes,

bem como, estar atentos às boas práticas de trabalho para garantir a minimização

de riscos ao meio ambiente, e à segurança e saúde dos empregados e comunidade

vizinha.

2.2. Atividades em Oficinas Mecânicas

Outra atividade de suma importância para a microeconomia regional é a de

manutenção e reparo de veículos. Esse tipo de atividade oferece suporte para

demais funções. Da mesma maneira que em postos de combustíveis, as mecânicas

oferecem serviços diversos como: troca de óleo, manutenção de motor, freios,

funilaria, pintura, balanceamento e parte elétrica. Cada operação possui o seu grau

de impacto e especificidade.

Segundo Perez et al (2016), em uma oficina mecânica, os agentes

poluidores do meio ambiente são classificados em 4 tipos, sendo eles: Emissões

gasosas, poluição sonora, efluentes líquidos e resíduos diversos. As emissões

gasosas são caracterizadas pelos compostos orgânicos voláteis (VOCs) e

materiais particulados provenientes de serviços de funilaria como lixamento e

pintura dos veículos. Este impacto deve ser controlado através da realização da

pintura e lixamento dentro de cabines apropriadas para o fim. A poluição sonora é

caracterizada pelo ruído perceptível fora dos limites da empresa, oriundo da

atividade de lanternagem, dos compressores e do sistema de exaustão. Este

impacto deve ser controlado através do atendimento à legislação e normas técnicas

vigentes relativas à poluição sonora. Os efluentes líquidos são os efluentes com

6

presença de óleo, sólidos sedimentáveis e detergentes. São gerados nos setores

de lubrificação, troca de óleo, lavagem em geral e cabine de pintura. Também existe

o efluente do esgoto sanitário. Por resíduos diversos entende-se o Óleo Lubrificante

Usado ou Contaminado (Oluc), baterias usadas, latas vazias contaminadas,

estopas contaminadas, lodo da caixa separadora, filtros, borras de tintas,

borrachas, lâmpadas, etc.

De acordo com a descrição das atividades geradoras, fica claro que o grande

desafio em termos de resíduos líquidos corresponde à separação dos óleos e

graxas inerentes aos processos descritos. Esses compostos possuem elevado

potencial poluidor e são prejudiciais aos corpos hídricos receptores, ao solo e à

saúde humana.

2.3. Efluentes Oleosos

Os efluentes gerados nas atividades de varejo de combustíveis, lavagem

automotiva e manutenção de veículos possuem composição bastante similares. A

mistura líquida varia de acordo com a localidade, serviços prestados, época do ano

e tamanho do estabelecimento. Embora a variação percentual seja uma realidade,

a composição qualitativa é constante e determinada por água, óleos, graxas,

surfactantes e inertes. Essa combinação constitui um efluente com elevado

potencial poluidor visto o impacto dos compostos nos corpos receptores, nos

sistemas de tratamento público, na vida animal e sobre o organismo humano.

2.3.1. Óleos lubrificantes

Segundo a APETRO (2016) os lubrificantes modernos são constituídos por

óleos base de origem mineral, quando obtidos nas refinarias a partir do refino, ou

sintéticos quando obtidos por síntese química, a partir de moléculas de

hidrocarbonetos, aos quais se juntam alguns componentes químicos que são

chamados aditivos, responsáveis pelas propriedades lubrificantes a que se

destinam. Óleos e graxas são importantes para evitar o desgaste de peças ou

componentes automotivos que trabalham em movimento e sob atrito.

Como dito, existem dois tipos de óleos lubrificantes: óleos minerais e óleos

sintéticos. Os óleos minerais são produzidos diretamente a partir do refino do

7

petróleo enquanto que os óleos sintéticos, por outro lado, são sintetizados por meio

de reações químicas a partir de compostos derivados do petróleo. Segundo o

Grupo de Monitoramento Permanente da Resolução Conama 362/2005, os básicos

sintéticos têm maior estabilidade térmica e resistência à oxidação, melhores

propriedades a baixas temperaturas e menor volatilidade. Por outro lado, os básicos

minerais possuem menor custo quando comparado aos sintéticos, são mais

versáteis e são facilmente recicláveis.

Classificam-se os óleos minerais, também, quanto à viscosidade. A SAE

(Society of Automotive Engineers), criou um critério de classificação que teve

aceitação generalizada pelos fabricantes de veículos e de lubrificantes. A

classificação SAE divide os óleos lubrificantes em dois grupos: a) óleos de "grau de

inverno", são os óleos que permitem uma fácil e rápida movimentação, tanto do

mecanismo quanto do próprio óleo, mesmo em condições de frio rigoroso ou na

partida a frio do motor, cuja viscosidade é medida em baixas temperaturas e tem a

letra W acompanhando o número de classificação. Os testes para óleos de grau de

inverno levam em consideração a resistência que o mesmo oferecerá na partida a

frio do motor e a facilidade de bombeamento e circulação em baixas temperaturas;

e b) óleos de "grau de verão", constituem-se os óleos que trabalham em altas

temperaturas, sem o rompimento de sua película lubrificante, pois quanto mais

quente o óleo, menos viscoso ele se apresenta. Os óleos de grau de verão têm,

portanto, sua viscosidade medida a altas temperaturas e não possuem a letra W

(na classificação) e trabalham em altas temperaturas. Os valores de viscosidades

de óleos são obtidos experimentalmente em laboratório, utilizando-se um aparelho

chamado viscosímetro, que em sua versão mais simples, mede o tempo que uma

determinada quantidade de fluido leva para escoar através de um pequeno tubo

(capilar) a uma temperatura constante (SILVEIRA et al., 2004).

Outra classificação bastante utilizada é quanto à performance. O API

estabelece padrões de performance para óleos de motor e de engrenagens

“automotive”. Os padrões de performance API para lubrificantes de motor são

expressos com base em duas letras e de acordo com o seguinte critério: Motores

a Gasolina, identificados pelo prefixo S, de “Service Station”; Motores Diesel,

identificados pelo prefixo C, de “Commercial”. Dentro de cada grupo, há diferentes

8

níveis de tecnologia, identificados pela adição de uma letra por ordem alfabética,

após o S, ou o C. Esta segunda letra identifica o nível de evolução do lubrificante

(APETRO, 2015).

Tanto os óleos sintéticos quanto os óleos minerais são insolúveis em meio

aquoso na sua forma natural. No entanto, devido à agitação mecânica ou pela ação

de agentes surfactantes o óleo livre pode se dispersar em pequenas gotículas

tornando sua separação mais onerosa. Entender a natureza desses coloides é

importante para a escolha de um processo de separação adequado.

2.3.2. Óleo emulsionado

Uma emulsão é a mistura de dois ou mais líquidos imiscíveis onde o líquido

predominante é chamado de fase contínua e o em menor quantidade é dito fase

dispersa. A combinação de óleo e água é uma mistura naturalmente instável, no

entanto, quando emulsionada por meio de agitação mecânica essa mistura adquire

um caráter altamente estável na forma de pequenas gotículas dispersas no líquido.

Essa estabilidade pode aumentar ainda pala presença de surfactantes, como

detergentes que exercem influência também sobre a distribuição de tamanho das

partículas que varia de 20 a 150 µm (KUNDU et al, 2013).

Dependendo da origem, as emulsões podem ser classificadas como naturais

ou sintéticas. As emulsões de origem natural são geradas espontaneamente,

encontramos esse tipo de emulsões como resultado de processos de digestão de

comida, lactação, entre outros. Por outro lado, as emulsões sintéticas, formuladas

e geradas em laboratório, são produzidas através de processos mecânicos de

cisalhamento, escoamento submetido à extensão, entre outros mecanismos

(PEÑA, 2007).

Para Becher, 1967 a formação de emulsões sintéticas envolve

principalmente a seleção de três fatores: os fluidos e surfactantes que constituem

a emulsão, a concentração dos seus componentes, e o processo de emulsificação.

Estes três fatores fundamentais determinam as propriedades das emulsões

resultantes tais como tipo de emulsão (água-em-óleo A/O, óleo-em-água O/A, ou

água-em-óleo-em-água A/O/A), a estabilidade das emulsões produzidas

9

(fortemente influenciado pelo tipo de surfactante e concentração das fases) bem

como a distribuição de tamanho de gota.

Dependendo da proporção volumétrica relativa entre as duas fases, as

emulsões podem ser água-em-óleo (A/O) ou óleo-em-água (O/A). Nas emulsões

água-em-óleo (A/O), a água encontra-se dispersa no óleo que atua como fase

externa. Por outro lado, nas emulsões óleo-em-água (O/A), o óleo constitui a fase

dispersa e a água, a fase contínua. Além das emulsões A/O e O/A, existem

emulsões bem mais complexas, como as emulsões múltiplas. Estas podem ser do

tipo água-em-óleo-em-água (A/O/A) ou óleo-em-água-em-óleo (O/A/O) (DAVIES et

al., 1996).

A denominação A/O, O/A, A/O/A, O/A/O continua sendo utilizada, mesmo

que a fase aquosa contenha eletrólitos dissolvidos, álcoois com baixa quantidade

de átomos de carbono, ou em líquidos polares como glicerina. A fase oleosa pode

ser quaisquer líquidos insolúveis em água tais como silicones, flúor-carbonos,

nitroglicerina, etc. Além disso as emulsões são classificadas de acordo com o

tamanho da gota em macro (>0,01µm) e micro (<0,01µm) emulsões (Bencher,

2001).

2.3.3. BTX

Os compostos aromáticos benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX),

esquematizados na Figura 2.1 são considerados compostos orgânicos voláteis

(VOC’s) e correspondem a cerca de 22% da composição da gasolina comum

(Barbaro et al. 1999). O termo "compostos orgânicos voláteis" é usado para

caracterizar um grupo de compostos definidos como compostos orgânicos cuja

pressão de vapor é de 0,01 kPa ou superior a 20 ° C (Yurdakul et ai, 2013;. Wang

e Austin 2006). Devido a sua alta solubilidade, mobilidade e toxicidade os

hidrocarbonetos BTEX são agentes poluidores bastantes preocupantes (CHEN et

al., 2008).

10

Figura 2.1 - Estrutura molecular dos compostos BTEX (Fonte: Adaptado de Vieira, 2004)

O grupo BTEX é altamente nocivo à saúde humana, causando lesões sobre

o sistema nervoso central e toxicidade crônica mesmo em pequenas quantidades.

O benzeno por sua vez é o mais perigoso do grupo pois trata-se de uma substância

carcinogênica (MARÉ et al., 2014). Assim, o controle da concentração desses

compostos tanto na atmosfera quanto em efluentes líquidos é imprescindível. No

Brasil, os limites permitidos para tais compostos são fixados pelo Ministério da

Saúde, através da Portaria 518/04, que determina os valores máximos permitidos

(VMP) para benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos em água para consumo

humano como sendo de 5, 170, 200 e 300 mg/L, respectivamente.

2.3.4. HPA’s

Outro grupo de hidrocarbonetos presentes em efluentes oleosos

correspondem aos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) que se

caracterizam por apresentarem 2 ou mais anéis aromáticos condensados. Esses

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos são formados durante a combustão

incompleta ou de pirólise da matéria orgânica (PEHNEC et al., 2016).

11

HPAs podem afetar negativamente não só a saúde humana através da

ingestão da água contaminada, mas também espécies aquáticas sensíveis (WANG

et al., 2009). Uma grande quantidade de HPAs nos corpos hídricos podem se

acumular nas cadeias alimentares oferecendo uma série de inconvenientes à flora

aquática bem como à saúde pública (YANG et al., 2014; HU et al., 2007).

Em virtude da natureza nociva dos efluentes gerados pelas atividades

descritas e pela necessidade de se preservar o meio ambiente uma série de normas

foram estabelecidas. Essas normas visam regulamentar a utilização, o descarte, e

a reciclagem dos materiais oleosos. Além disso, algumas regras tem como objetivo

balizar as práticas adotadas pelos empreendimentos poluidores afim de reduzir

seus impactos ambientais.

2.3.5. Impacto ambiental

Os compostos oleosos quando descartados nos corpos hídricos formam

uma fina película sobre superfície impedindo a passagem de luz e a troca de

oxigênio com o meio ambiente. Esse impedimento, faz com que a vida aquática

seja comprometida. Quando descartado na rede pública e encaminhado para os

sistemas de tratamento municipal, esse efluente gera uma série de inconvenientes

no tratamento convencional. A presença de óleos e graxas, tanto na forma livre

como emulsionada afeta sobretudo o tratamento secundário, uma vez que tendem

a encapsular outros compostos orgânicos oferecendo resistência para os

microrganismos degradantes.

Uma série de complicações associadas à ingestão de águas contaminadas

com hidrocarbonetos são relatados na literatura. Sun et al., (2015) constatou a

relação entre o potencial desenvolvimento de células cancerígenas e o consumo

de água contaminada com Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA’s) dos

reservatórios de Shitou Koumen, na China. Vários componentes dos HPA’s são

capazes de reagir diretamente, ou após metabolizados, com o DNA, tornando-se

potenciais carcinógenos e eficientes mutágenos (O’NEIL et al., 1986; JACOB et al.,

1991).

Outro impacto negativo remete aos compostos Benzeno, Tolueno, Etil-

Benzeno e Xileno (BTEX). Os BTEXs são extremamente tóxicos à saúde humana,

12

apresentando toxicidade crônica mesmo em pequenas concentrações, podendo

levar a lesões do sistema nervoso central. O benzeno é reconhecidamente o mais

tóxico de todos os BTEX, pois trata-se de uma substância comprovadamente

carcinogênica (podendo causar leucemia, ou seja, câncer dos tecidos que formam

os linfócitos do sangue). Uma exposição aguda (altas concentrações em curtos

períodos) por inalação ou ingestão pode causar até mesmo a morte de uma pessoa

(BRITO et al., 2005).

2.4. Legislação Ambiental Específica

As atividades de varejo de combustível e oficina mecânica são reguladas por

uma série de normas ambientais que têm como objetivo minimizar os impactos

provenientes desse tipo de serviço. O primeiro indicativo legal sobre o tema remete

ao Artigo 225 do Capítulo VI da Constituição da República Federativa do Brasil. A

constituição assegura o direito do cidadão a um meio ambiente ecologicamente

equilibrado e seguro, sendo dever do poder público e da coletividade a sua

preservação.

O comércio varejista de combustíveis e os estabelecimentos de manutenção

automobilísticos estão submetido à legislação ambiental desde 1981, pela Lei

Federal nº 6.938, que foi regulamentada pelo Decreto Federal n.º 99.274/90. A

Política Nacional de Meio Ambiente estabelece como instrumentos para sua

aplicação o licenciamento ambiental e suas etapas. Assim, os estabelecimentos de

manutenção automobilístico quanto postos de combustíveis estão sujeitos ao

licenciamento ambiental pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) nº 237 em 1997, e mais recentemente regulamenta e padronizada pela

Resolução CONAMA nº 273 de 2000.

Posteriormente, em 1998 foi promulgada a lei 9.605 que dispões sobre as

sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao

meio ambiente. No capítulo V, sobre crimes ambientais, a lei define que: será

considerado crime causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que

resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a

mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, sob pena de detenção,

de seis meses a um ano, e multa. Caso a poluição hídrica venha a interromper o

13

fornecimento de água à população a pena se estenderá à reclusão, de um a cinco

anos.

Apesar da existência de legislações ambientais, foi apenas no ano 2005 que

surgiu uma lei específica para lançamento de óleo em corpos hídricos. A Resolução

do Conama 362/2005 dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação final de óleo

lubrificante usado ou contaminado. Essa resolução, alterada pela resolução

450/2012, considera que o óleo lubrificante após o uso prolongado resulta na

deterioração parcial do mesmo, formando ácidos orgânicos, compostos aromáticos,

carcinogênicos, resinas e lacas. Devido a elevada toxicidade dos compostos

gerados, nocivos aos corpos hídricos, solos e organismos vivos, a resolução

estabelece que: Todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido,

coletado e ter destinação final, de modo que não afete negativamente o meio

ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele contidos.

Outra resolução que impacta sobre as atividades estudadas é a Resolução

CONAMA 420/2009 que dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade

do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o

gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em

decorrência de atividades antrópicas. Também, a resolução CONAMA 357/2005

dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de

efluentes. Ainda, a resolução do CONAMA 396/2008 dispõe sobre a classificação

e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas.

No âmbito das legislações estaduais, a Lei estadual 14.984/2005 estabelece

que a localização, construção e modificações de revendedoras, conforme

especifica, dependerão de prévia anuência Municipal. Sendo que, um dos

requisitos para instalação e operação do estabelecimento é a apresentação da

licença prévia, de instalação e operação estabelecidos pela Resolução SEMA

021/2011. Essa resolução, especificamente, define:

“...

I. Posto Revendedor - PR - Instalação onde se exerça a atividade de revenda

varejista de combustíveis líquidos derivados de Petróleo, álcool combustível e outros combustíveis

14

automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas para armazenamento de combustíveis

automotivos e equipamentos medidores.

II. Posto de Abastecimento - PA - Instalação que possua equipamento e sistemas

para o armazenamento de combustível automotivo, com registrador de volume apropriado para o

abastecimento de equipamentos móveis, veículos automotores terrestres, aeronaves,

embarcações ou locomotivas; e cujos produtos sejam destinados exclusivamente ao uso do

detentor das instalações ou de grupos fechados de pessoas físicas ou jurídicas, previamente

identificadas e associadas em forma de empresas, cooperativas, condomínios, clubes ou

assemelhados, também definido como Ponto de Abastecimento, segundo a Resolução ANP nº

12/07.

III. Instalação de Sistema Retalhista - ISR - Instalação com sistema de tanques para

o armazenamento de óleo diesel, e/ou óleo combustível, e/ou querosene iluminante, destinada ao

exercício da atividade de Transportador Revendedor Retalhista – TRR.

IV. Posto Flutuante - PF - Toda embarcação sem propulsão empregada para o

armazenamento, distribuição e comércio de combustíveis que opera em local fixo e determinado”

Com base nas legislações e normas vigentes, fica claro que além da

preocupação ambiental há ainda o respaldo legal sobre a importância do tratamento

adequado aos resíduos das atividades em questão. Assim sendo, a escolha do

processo de separação é importante para assegurar o cumprimento das normas e

padrões estabelecidos.

2.5. Tratamentos Convencionais

Muitos trabalhos têm sido realizados sobre tratamento de águas oleosas. Em

uma rápida pesquisa sobre o tema utilizando a base de dados do SciVerse Scopus,

um ecossistema científico que integra o conteúdo dos artigos de texto completo do

SciVerse ScienceDirect, utilizando o descritor “oily wastewater”, o resultado aponta

para um total de 1051 trabalhos produzidos desde o ano de 1966. Dessa data até

os dias atuais, alguns autores vêm se destacando em número de trabalhos

publicados. Além disso, grande parte das pesquisas são direcionadas para a

indústria de óleo e gás. Consequentemente há um grande interesse no assunto por

parte de autores e instituições da China, Oriente Médio e Estados Unidos. Os

trabalhos em sua grande maioria são da área de Ciências Ambientais, Engenharias

e Química.

O primeiro trabalho foi publicado por Bhave, R.R. e Fleming, H.L, 1966 teve

como objetivo avaliar o tratamento de água contaminada com óleo mineral

15

utilizando Membralox, uma membrana industrial de Alumínio. Esse trabalho foi o

pioneiro de uma série de pesquisas que objetivaram separar água e óleo por meio

de membranas.

2.5.1. Coagulação

A coagulação é um processo que exige a adição de um agente/sal

coagulante no efluente a ser tratado. Os sais coagulantes agem desestabilizando

as cargas superficiais das moléculas poluentes promovendo a aglutinação e

posteriormente flotação ou sedimentação da lama formada.

A coagulação-floculação é um processo eficaz para remover partículas

coloidais de natureza orgânica no tratamento de águas de superfície. O

desempenho da coagulação normalmente depende do caráter do coagulante. Os

sais de alumínio e sais de ferro são os mais amplamente utilizados industrialmente.

No entanto, coagulantes a base de alumínio e coagulantes de ferro apresentam

algumas desvantagens que limitam suas aplicações. Estudos apontam que há uma

relação causal entre o alumínio e doenças neuropatológicas como a doença de

Alzheimer (HUANG et al., 2016). Em função disso, uma série de outros coagulantes

vêm sendo estudados para tratamento de águas superficiais.

A grande desvantagem desse tipo de processo é a necessidade de se

adicionar agentes químicos que promovem a coagulação e a necessidade de

agitação para acelerar a coagulação.

2.5.2. Tratamento com membranas

O tratamento com membranas se tornou bastante popular nos últimos anos

devido sua alta eficiência, flexibilidade operacional, baixo consumo energético,

estabilidade térmica, resistência à corrosão (YU; HAN; HE, 2013). Em função disso,

a indústria de óleo e gás tem investido massivamente nessa modalidade de

tratamento. Da mesma forma, inúmeros trabalhos científicos têm sido publicados

acerca do tema. Yu, Han e He, (2013) destacam ainda que a tecnologia de

membranas não deve ser utilizada de maneira singular e sim como um tratamento

terciário para polimento do efluente tratado.

16

A operação com membranas é classificada quanto à pressão de operação

em microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose inversa. Salahi et al, 2011

e Harrelkas et al., 2009 asseguram que óleo instável é removido facilmente por

microfiltração (MF), porém o óleo dissolvido passa pelos poros da membrana de

MF de modo que a eficiência de remoção deste processo seja insatisfatória. A

ultrafiltração, por outro lado, demonstra garantir boa eficiência na separação de

emulsões de natureza oleosa (SONG et al, 2007; SUZUKI et al.,1998).

Em função das propriedades físico químicas e reológicas dos efluentes

oleosos o material polímérico utilizado na filtração com membranas deve ser

selecionado cuidadosamente, sendo as membranas de Polietersulfona a mais

indicada para esse tipo de operação (SALAHI et al., 2015). Diferentemente das

membranas poliméricas, as cerâmicas não enfrentam as mesmas resistências

apresentando melhor desempenho e maior fluxo permeado (YANG, et al., 1998).

Apesar das vatagens já citadas, Yeom et al., (2016) aponta para o elevado custo

das membranas cerâmicas bem como sua complexa forma de produção.

2.5.3. Flotação

A flotação consiste em injetar bolhas de ar na mistura oleosa a fim de

acelerar o processo de separação. A separação por flotação de águas residuais

oleosas geralmente requer microbolhas em condições hidrodinâmicas quiescentes

na zona de coleta de células. Um enxame de microbolhas é produzido por um

gerador, influenciando diretamente na eficiência de separação. A taxa de flutuação

e eficiência são, também, afetados pela distribuição de tamanho de bolha (YANG

at al., 2009).

Wang et al., (2010) listou os 4 fatores chaves que influenciam no processo

de flotação: a) geração de bolhas de gás, de modo que o tamanho e o volume das

bolhas de gás geradas em relação à concentração de óleo e o tamanho das

gotículas são muito importantes na formação de um agregado de partículas

estáveis. Bolhas grandes e baixo volume de gás levam a baixa eficiência; b) o

contato entre bolhas de gás e gotículas de óleo necessário para promover a fixação;

c) fixação de bolhas de gás, uma vez que a interação superficial entre as bolhas de

gás e as moléculas do óleo devem garantir a máxima fixação afim de que ocorra a

17

máxima separação. Fixação fraca leva a baixa eficiência de separação óleo-água;

e d) natureza dos agregados responsáveis pela formação da espuma de

contaminantes na superfície que devem ser retirados para garantir um processo de

separação contínua.

Para Saththasivam et al., (2016) a flotação a gás é um método eficaz para a

remoção de óleo e gordura das águas residuais. Sendo possível atingir elevada

eficiência de separação com o aumento da quantidade de bolhas e diminuição do

tamanho das mesmas. Essa medida é justificada uma vez que as gotas de óleo são

geralmente menores do que as bolhas de gás. Assim, a difusão de óleo na

superfície de uma bolha é muito mais fácil para as bolhas de gás menores.

2.5.4. Processos Convencionais Para Tratamento de Efluentes de

Oficinas Mecânicas, Lavagem de Veículos e Postos de Combustíveis

Devido ao caráter oleoso e à complexa composição dos efluentes de oficinas

mecânicas e de lavagem de veículos, seu tratamento deve ser realizado por meio

de uma série de etapas envolvendo tratamentos primários, secundários e terciários

a depender do objetivo em questão. Tratam-se de sistemas envolvendo uma ou

mais operações.

Fall et al., (2007) tratou o efluente de um posto de lavagem utilizando apenas

um separador gravitacional. Os autores conseguiram as seguintes eficiências: 80%

para óleo e graxas, 74% para DQO, 88% para sólidos solúveis e 87% para sólidos

dissolvidos. O tratamento, no entanto, não garantiu a separação do óleo

emulsionado. De modo que, para implementação do processo a fim de atingir as

normas padrões de descarte seria necessário incluir uma segunda etapa com o

objetivo de separar o óleo dissolvido.

Al-Odwani et al., (2006) buscaram avaliar um sistema de tratamento a fim de

reutilizar a água de lavagem de veículos. O sistema era composto por um tanque

de decantação, separador de água e óleo, tanque de produto primário, filtro de

carvão, areia e brita. O estudo demonstrou que foi possível reutilizar cerca de 75%

da água de lavagem alcançando até 98,33% de remoção de óleo. A qualidade da

água tratada permitiu seu reuso na etapa de pré enxague final.

18

Etchepare et al., (2012) também trabalharam com a reciclagem do efluente

de lavagem de veículos. O sistema estudado pelos autores foi composto por uma

coluna de floculação/flotação filtro de areia e cloração como tratamento terciário

(FCF). O tratamento alcançou 76% de eficiência com valores finais de turbidez,

sólidos solúveis, coliformes e E. coli de 9 NTU, 8 mg/L, 3,3 UFC/100mL e

7,4UFC/100mL respectivamente. Em outro estudo realizado pelos mesmos autores

processo forneceu uma água clarificada (10 NTU), baixa formação de espuma

(surfactantes = 1,30 mg/L), ausência de odor e baixa concentração de

microrganismos (E. Coli<1,8 UFC/100mL). Além disso alcançou-se uma eficiência

de remoção de DQO de cerca de 85,94% atingindo valores inferiores aos exigidos

pela legislação local (ETCHEPARE et al., 2014).

Lau et al., (2012) avaliaram o desempenho de três membranas comerciais

UF PVDF100 (MWCO 100 kDa), UF PES30 (MWCO 30 kDa) e NF270. Os

resultados demonstraram que a membrana NF270 apresentou melhor desempenho

na remoção de condutividade, sólidos totais, DQO e turbidez com valores médios

de 62,77%, 60,76%, 81,19% e 96,58% respectivamente. Além disso, a mesma

membrana apresentou fluxos maiores mais estáveis. Contudo, com relação ao

fouling, as outras duas membranas apresentaram melhores desempenhos.

Em função do elevado volume de água utilizado na lavagem de automóveis,

o tratamento do efluente visando a reutilização no processo surge como uma

alternativa vantajosa. Almeida et al., (2010) compararam três garagens de ônibus

na cidade de São Paulo quanto ao processo de lavagem, à capacidade, quantidade

de horas, origem da água, área construída e tratamento utilizado. O estudo

demonstrou que a reutilização da água de lavagem aliada a captação da água da

chuva melhora o desempenho ambiental e operacional do estabelecimento. Além

do menor impacto ambiental, a empresa que possui um sistema de reuso

apresentou melhor eficiência energética por área de veículo lavado.

Os resultados levantados pelos diversos autores apontam para o fato de que

a utilização de processos puramente físicos como sedimentação e flotação atuando

de maneira singular não são suficientes para atingir padrões de qualidades mínimos

que garantam um descarte seguro ou a reutilização. Para que o resíduo tratado

19

atinja os padrões de qualidade mínimo é necessário um conjunto de processos que

garantam a remoção das partículas coloidais.

2.6. Eletrocoagulação

A eletrólise corresponde a um processo não espontâneo onde a energia

elétrica é convertida em energia química por meio de uma célula eletrolítica. Trata-

se do processo inverso de uma pilha onde a energia química é convertida

espontaneamente em energia elétrica. Por se tratar do processo inverso ao que

ocorre na pilha a eletrólise possui conceitos particulares que devem ser entendidos

para melhor compreensão do assunto. A seguir algumas definições relativas ao

processo eletrolítico.

Eletrólise Ígnea

A eletrólise ígnea corresponde ao processo eletrolítico na qual a substância

iônica encontra-se fundida, sem a presença de água. Esse processo é utilizado

para obtenção de elementos simples não encontrados naturalmente como Cloro

(Cl2) e Sódio (Na).

Eletrólise Aquosa

A eletrólise aquosa corresponde ao processo que utiliza a água como

elemento condutor. Nesse processo, o composto iônico dissociado na água forma

íons livres aumentando a condutividade do meio. Outro processo frequente é a auto

ionização da água que produz os íons H+ e OH-.

Anodo

Na eletrólise corresponde ao eletrodo de carga elétrica positiva onde ocorre

a reação de oxidação. Pode ser chamado também de metal de sacrifício, pois é

consumido durante a operação.

Catodo

O catodo corresponde ao eletrodo de carga negativa onde ocorre a reação

de redução. Nesse eletrodo ocorre a deposição e a formação de gás hidrogênio, no

caso da eletrólise aquosa.

20

Condutores eletrolíticos

Condutores nos quais a transferência de massa está associada à passagem

de corrente elétrica. A corrente é transportada pelos íons que percorrem a solução,

em direção aos eletrodos resultando em uma variação de concentração ao longo

da solução. Nestes condutores a corrente está associada ao movimento das

cargas, tanto negativas quanto positivas, em sentidos opostos (WIMMER, 2007).

Resistência

A resistência de um condutor corresponde à dificuldade imposta pelo

material à passagem de corrente elétrica. A resistência é proporcional ao

comprimento (𝑙) e inversamente proporcional à área transversal (A) do material

condutor. Matematicamente pode ser escrito como:

𝑅 = 𝜌𝑙

𝐴

(2.1)

Sendo ρ uma constante de proporcionalidade chamada de resistividade do

material.

Condutividade

A condutividade é uma grandeza definida como sendo o inverso da

resistividade, assim, conforme equação (2.2) e (2.3):

𝑘 =1

𝜌 (2.2)

𝑘 =𝑙

𝑅𝐴

(2.3)

Considerando que pela Lei de Ohm dada pela equação (2.4),

𝑅 =𝑈

𝑖 (2.4)

Então,

21

𝑘 =𝑖𝑙

𝑈𝐴 ou 𝑘 =

𝑖

𝐴𝑈

𝑙

(2.5)

Sendo U a diferença de potencial dada em volt. A grandeza 𝑖/𝐴 é conhecida

como densidade de corrente (σ) e constitui um parâmetro de controle importante

nas operações de eletrocoagulação. O termo 𝑈/𝑙 corresponde ao gradiente de

potencial e representa a queda de potencial elétrico por unidade de comprimento.

Eficiência de Corrente

Segundo Chen, (2004) eficiência de corrente indica a especificidade de um

processo, o desempenho da reação eletrolítica e a transferência de massa

envolvida na operação. Este parâmetro compara a perda de carga sofrida pelo

eletrodo durante o tratamento com o valor teórico.

𝜑 =∆𝑀𝑒𝑥𝑝

∆𝑀𝑡𝑒𝑜. 100

(2.6)

Onde

∆𝑀𝑡𝑒𝑜 =𝑖𝑡𝑀

𝑧𝐹 (2.7)

Sendo j a eficiência de corrente, em %; i a corrente, em A; t a tempo de

aplicação da corrente, em s; M a massa molar do elemento predominante do

eletrodo, em g.mol-1; F a constante de Faraday, 96486 C.mol-1; e z o número de

elétrons envolvidos na reação de oxidação do elemento do anodo. Para o alumínio,

z = 3, e para o ferro, z = 2; ∆𝑀𝑡𝑒𝑜 a massa de eletrodo consumido durante a EC, em

g.

Consumo Específico de energia

O consumo específico de um reator batelada pode ser expresso por:

22

𝐶 =𝑈𝑖𝑡

𝑉

(2.8)

Onde: C é o Consumo de energia, em W.h.m-3; U a tensão elétrica aplicada

no sistema, em V; i a corrente elétrica aplicada, em A; t o tempo de aplicação da

corrente, em h; e V o volume de efluente tratado, em m3.

Custo de operação

Segundo Kobya et al., (2006) o custo operacional é um dos parâmetros mais

importantes no processo na avaliação do processo de tratamento. Para a

eletrocoagulação, os custos operacionais incluem o material, custo de energia, mão

de obra, manutenção entre outros. No cálculo dos custos o valor da energia elétrica

e do eletrodo são contabilizados conjuntamente na forma:

𝐶𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝑋𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 + 𝑌𝐶𝑒𝑙𝑒𝑡𝑟𝑜𝑑𝑜 (2.9)

Sendo, Coperação o Custo de operação, R$/m3 efluente; X o custo de energia,

R$/kWh; Cenergia o consumo de energia, kW.h/ m3 efluente; Y o custo mássico da

placa, R$/kg eletrodo; e Celetrodo o consumo do eletrodo, kg/m3 efluente.

2.6.1. Tipos de Reatores

Na sua forma mais simples um reator eletrolítico apresenta dois eletrodos,

sendo um cátodo e um anodo (Figura 2.2). No momento em que uma diferença de

potencial é aplicada sobre os polos o anodo passa a sofrer oxidação enquanto que

o catodo passa a sofrer redução.

23

Figura 2.2 – Configuração básica de um reator eletrolítico

Quanto a configuração os eletrodos podem ser arranjados na forma

monopolar ou bipolar. Na configuração monopolar todos os anodos encontram-se

ligados entre si da mesma forma que os catodos. Essa conexão pode ser em

paralelo ou em série conforme exemplificado a figura 2.3.a e 2.3.b respectivamente.

24

Figura 2.3 - Reator de EC em escala de bancada com eletrodos monopolares em: (a)

paralelo e, (b) série (Mollah et al., 2000).

O arranjo em série exige uma elevada diferença de potencial uma vez que

essa configuração apresenta maior resistência a condutividade elétrica. Assim, a

mesma corrente passa por todos os eletrodos. Por outro lado, no arranjo em

paralelo, a corrente é dividida entre todos os eletrodos de acordo com a resistência

individual de cada célula (Mollah et al., 2000)

Alternativamente, há também a configuração bipolar. Nesse tipo de reator,

apenas os eletrodos externos são conectados à fonte de modo que as células

internas se comportam como eletrodos de sacrifício. Além disso, devido a

passagem da corrente através da solução os eletrodos internos tendem a polarizar

via indução, conforme mostrado na figura 2.4. Para Mollah et al., 2000 este arranjo

25

de células proporciona uma configuração simples, o que facilita a manutenção fácil

durante o uso.

Figura 2.4 - Reator de EC em escala de bancada com eletrodos bipolares em paralelo

(Mollah et al., 2000).

Segundo Chen, (2004) inúmeros reatores são citados na literatura, dos mais

básicos, tais como células tanque, células da placa e quadro, células rotativas, para

sistemas de reatores tridimensionais complicados, como leito fluidizado, células de

leito fixo, ou leito empacotado de carbono poroso.

2.6.2. Fenômenos Envolvidos no Tratamento Eletroquímico

A passagem de corrente elétrica no efluente provoca uma desestabilização

no sistema dando início a inúmeros fenômenos associados ao processor

eletrolítico. No caso particular do tratamento de efluentes oleosos, dois desses

fenômenos merecem maior detalhamento, a saber: eletrocoagulação,

eletroflotação.

Eletrocoagulação

A eletrocoagulação consiste na produção de agente coagulante in situ

devido à oxidação do metal do anodo (CHEN, 2004). Neste processo, espécies

eletricamente carregadas são removidas de águas residuais, através da reação

com um íon de carga oposta, ou interação com flocos de hidróxidos metálicos

gerados dentro do efluente (MOLLAH et al., 2000).

26

A eletrocoagulação é uma alternativa à utilização de sais de metais ou de

polímeros para quebrar emulsões e suspensões estáveis. A tecnologia remove

metais, sólidos coloidais e poluentes inorgânicos solúveis de meio aquoso através

da introdução de hidróxido de metal altamente carregados. Estas espécies

neutralizam as cargas eletrostáticas dos sólidos em suspensão facilitando assim a

aglutinação ou coagulação. O tratamento promove também a precipitação de

determinados sais (MOLLAH et al., 2000).

Eletroflotação

Eletroflotação é um processo que promove a flotação dos poluentes por

pequenas bolhas de gases de hidrogênio e de oxigênio geradas a partir de eletrólise

da água. Portanto, as reações eletroquímicas no cátodo e ânodo são reações de

formação de hidrogênio e oxigênio (CHEN, 2004).

Quando a corrente elétrica é aplicada ao sistema as seguintes reações

ocorrem no anodo e no catodo respectivamente.

Anodo: H2O → ½ O2 + 2H+ + 2e- (2.10)

Catodo: 2 H2O + 2e- → H2 + 2OH (2.11)

O processo de eletroflotação é aplicado principalmente em tratamento de

águas para separação de óleos e graxas, fibras e espessamento de lamas. A

principal vantagem da eletroflotação em comparação com a sedimentação é que

aumenta a eficácia de remoção das partículas mais pequenas ou mais leves, cuja

taxa de sedimentação é muito baixa. Assim, o processo de eletroflotação é

constituído por dois passos: a geração de bolhas e a colisão das bolhas com

partículas dentro dos meios de comunicação reativo. Em geral, a principal diferença

entre os diferentes processos de flotação diz respeito ao modo como as bolhas são

produzidas (JIMÉNEZ et al., 2016).

2.6.3. Mecanismos da Eletrocoagulação

A eletrocoagulação é um processo complexo onde múltiplos mecanismos

ocorrem sinergicamente para remover os poluentes da água. Em função dessa

27

complexidade, é necessária uma abordagem sistemática e holística para entender

a eletrocoagulação e seus parâmetros controladores (MOLLAH et al., 2000)

Para Moreno-Casilla et al., 2007 a partir do momento em que é estabelecido

uma diferença de potencial o mecanismo da eletrocoagulação passa a ocorrer em

5 etapas bem definidas: a) Geração de íons metálicos; b) Formação de hidróxidos

metálicos a partir dos íons gerados; c) Ionização da água onde pequenas bolhas

de oxigênio são produzidas no anodo e pequenas bolhas de hidrogênio são

produzidas no catodo; d) A desestabilização dos contaminantes, suspensão de

partículas, quebra de emulsões e agregação das fases desestabilizadas para

formar flocos; e e) Formação de precipitados ou sobrenadantes (no caso de

emulsões oleosas).

O processo descrito está exemplificado na figura 2.5. No esquema, os

eletrodos utilizados podem ser de Ferro ou Alumínio, materiais comumente

utilizados no processo de eletrocoagulação da matéria orgânica.

Figura 2.5 – Mecanismos de eletrocoagulação (Holt et al., 2002).

De maneira genérica, as reações químicas com o metal M podem ser

representadas da seguinte forma.

28

No anodo:

𝑀𝑠 → 𝑀𝑎𝑞𝑛+ + 𝑛𝑒− (2.12)

2𝐻2𝑂(𝐿) → 4𝐻𝑎𝑞+ + 𝑂2(𝑔) + 4𝑒− (2.13)

No catodo

𝑀𝑎𝑞𝑛+ + 𝑛𝑒− → 𝑀𝑠 (2.14)

2𝐻2𝑂(𝐿) + 2𝑒− → 𝐻2(𝑔)+ 2𝑂𝐻− (2.15)

Considerando os eletrodos de Alumínio e Ferro tem-se:

Para o anodo de alumínio:

𝐴𝑙 → 𝐴𝑙3+ + 3𝑒− (2.16)

Sob condições alcalinas

𝐴𝑙3+ + 3𝑂𝐻− → 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3 (2.17)

Sob condições ácidas

𝐴𝑙3+ + 3𝐻2𝑂 → 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3 + 3𝐻+ (2.18)

Para o anodo de ferro:

𝐹𝑒 → 𝐹𝑒2+ + 2𝑒− (2.19)

Sob condições alcalinas

𝐹𝑒2+ + 3𝑂𝐻− → 𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 (2.20)

Sob condições ácidas

4𝐹𝑒2+ + 𝑂2 + 2𝐻2𝑂 → 4𝐹𝑒3+ + 4𝑂𝐻− (2.21)

Além disso, há também a formação de oxigênio

2𝐻2𝑂 → 𝑂2 + 4𝐻+ + 4𝑒− (2.22)

29

A reação no catodo é

2𝐻2𝑂(𝐿) + 2𝑒− → 𝐻2(𝑔)+ 2𝑂𝐻− (2.23)

2.6.4. Fatores que Influenciam o Tratamento Eletroquímico

Muitos parâmetros afetam o fenômeno da eletrocoagulação de modo que em

uma operação de escala industrial ou laboratorial os efeitos dessas grandezas

devem ser levados em conta.

Densidade de Corrente

A densidade de corrente é um parâmetro importante na eficiência da

eletrocoagulação uma vez que influencia diretamente na dosagem de coagulante

na solução e na geração de bolhas. A quantidade de metal dissolvido na solução

varia linearmente com a corrente que passa pelo sistema. Dessa forma a densidade

de corrente afeta não só o tempo de resposta do sistema, mas também influencia

fortemente o modo de separação do poluente dominante. Sob densidades de

corrente elevadas, o grau de dissolução anódica aumenta, e, por sua vez, a

quantidade de complexos catiônicos aumentam também, resultando em um

aumento na remoção da demanda química de oxigénio e de cor (COD). Contudo,

a maior densidade de corrente permitida não é o modo mais eficiente para operar

o reator (SAHU et al., 2013)

Para Chen, (2004) uma densidade de corrente alta implica em perda de

eficiência da corrente para a água na forma de calor. Dessa maneira, para sistemas

que operam sob longos períodos é indicado um valor de 20-25 A/m². A seleção da

densidade de corrente deve ser feita com base em outros parâmetros operacionais

tais como temperatura, pH e vazão a fim de assegurar uma alta eficiência de

corrente. A eficiência da corrente para o eletrodo de alumínio pode alcançar valores

entre 120-140%, enquanto que para o ferro o valor máximo é de cerca de 100%. A

eficiência de corrente superior a 100% para o alumínio pode ser atribuída ao efeito

de resistência à corrosão, especialmente quando existem íons de cloro presente. A

eficiência da corrente depende da densidade de corrente, bem como os tipos de

ânions.

30

Presença de NaCl

O NaCl é normalmente utilizado para aumentar a condutividade da água ou

de águas residuais a serem tratadas. Além da contribuição iônica na transmissão

da carga elétrica, verificou-se que os íons cloreto podem reduzir significativamente

os efeitos adversos de outros ânions, tais como HCO3-, SO4

2-. A existência dos íons

carbonato ou sulfato conduzem à precipitação dos íons Ca2+ e Mg2+ formando uma

camada de isolamento sobre a superfície dos elétrodos. Esta camada isolante

aumenta drasticamente o potencial entre os eletrodos resultado numa diminuição

significativa na eficiência da corrente. Por conseguinte, recomenda-se que entre os

ânions presentes, a quantidade de Cl- não deve ultrapassar 20% para assegurar

uma operação normal de eletrocoagulação no tratamento de água. A adição de

NaCI também levar à diminuição no consumo de energia por causa do aumento da

condutividade. Além disso, o cloro eletroquimicamente gerado mostra-se eficaz na

desinfecção da água tratada (WONG et al., 2002).

pH

Os efeitos do pH da água ou de águas residuais no processo da

eletrocoagulação são perceptíveis na eficiência da corrente, na solubilidade dos

hidróxidos metálicos e na liberação dos íons cloretos na solução. Além disso,

apesar das particularidades de cada efluente, o pH 7 vem apresentando os

melhores resultados quanto a eficiência de tratamento independentemente da

natureza do resíduo. No entanto, o consumo de energia é superior a pH neutro

devido às variações da condutividade. Quando a condutividade é alta, o efeito do

pH não é significativo (CHEN, 2004).

O comportamento do pH da solução varia conforme o material do eletrodo

utilizado. Assim como o alumínio, os cátions de ferro formam hidróxidos e causam

desestabilização dos coloides. As espécies coagulantes mais eficazes são

formadas em condições de pH ácido, neutro ou ligeiramente alcalino. Em pH

altamente alcalino, formam-se os íons Al(OH)4− e Fe(OH)4

− que apresentam um fraco

desempenho coagulante como Fe (III). O Fe (III) apresenta grande eficácia em uma

área mais ampla de pH do que o Al (III), funcionando também em pH ligeiramente

alcalino. Sabe-se também que os ânions concorrentes têm um efeito sobre o pH

31

ótimo da coagulação. O efeito do pH sobre a eficiência da remoção do poluente

pode ser explicado principalmente pelos mecanismos acima mencionados. No

entanto, o pH aumenta durante o tratamento, tornando-se um parâmetro de

constante mudança (SAHU et al., 2013).

Tem sido relatado que para pH inferior a 3, a taxa de libertação do alumínio

durante a eletrólise com uma carga constante por volume é menor do que a um pH

acima de 3 (Mouedhen et al. 2008). A dissolução química de cátodos de alumínio

ocorre quando o pH aumenta para um nível em que se forma aluminato. Além disso,

observa-se que para valores baixos de pH os íons hidróxidos produzidos são

consumidos pelo ácido na solução inibindo a reação. Contudo a pH ácido, a

dissolução dos eletrodos de ferro é considerada alta mesmo sem a passagem de

corrente elétrica, enquanto que a oxidação de Fe (II) a Fe (III) ocorre apenas com

pH acima de 5 (Sasson et al., 2009). Em contrapartida, a velocidade de dissolução

diminui com o aumento do pH. Isso ocorre em função da redução da taxa de

corrosão do ferro a pH alcalino. Dessa forma é possível concluir que o pH inicial é

um parâmetro fundamental quando se trabalha com coagulação química ou

eletrocoagulação (JIMÉNEZ et al., 2016).

Potencial

Para que a corrente flua através do sistema eletrolítico a diferença de

potencial deve ser superior ao somatório dos potenciais de equilíbrio, do anodo, do

catodo e da solução. Para o potencial do anodo deve-se levar em conta o acréscimo

de potencial em função da passivação do eletrodo, resultado da formação de uma

fina camada sobre a superfície do material.

𝑈0 = 𝐸𝑒𝑞 + 𝜂𝑎,𝑎 + 𝜂𝑎,𝑐 + 𝜂𝑎,𝑝 + |𝜂𝑐,𝑎| + |𝜂𝑐,𝑐| +𝑑

𝑘𝑖

(2.24)

Sendo, 𝐸𝑒𝑞 o Potencial de equilíbrio; 𝜂𝑎,𝑎 o Potencial do ânodo; 𝜂𝑎,𝑐: o

potencial de equilíbrio do anodo; 𝜂𝑎,𝑝: o potencial relativo à passivação do anodo;

𝜂𝑐,𝑎 o potencial do cátodo; 𝜂𝑐,𝑐: o potencial de concentração do cátodo; e 𝑑

𝑘𝑖: o

potencial da solução.

Para eletrodos novos, a equação pode ser simplificada na forma:

32

𝑈0 = 𝐸 +𝑑

𝑘𝑖 + 𝐾1 ln 𝑖

(2.25)

E para eletrodos velhos a equação pode ser aproximada para:

𝑈0 = 𝐸 +𝑑

𝑘𝑖 + 𝐾1 ln 𝑖 +

𝐾2𝑖𝑛

𝑘𝑚

(2.26)

Sendo E, K1, K2, m e n constantes relativas ao eletrodo utilizado. Segundo

Chen et al., (2002) para eletrodos novos de alumínio E = −0.76 e K1 = 0.20. Para

eletrodos velhos E=−0.43, K1 = 0.20, K2 = 0.016 and m = 0.47, n = 0.75.

Para Chen, (2004) o cálculo do potencial varia conforme a configuração do

reator. Para reatores monopolares e bipolares o potencial é dado respectivamente

por:

𝑈 = 𝑈0 (2.27)

𝑈 = (𝑁 − 1)𝑈0 (2.28)

Sendo N o total de placas eletrolíticas. Para valores de N menores que 8 a

eficiência de corrente permanece alta para cada placa e tende a diminuir com o

acréscimo de eletrodos dentro do reator. Outro cuidado necessário diz respeito à

inversão dos polos com o objetivo de reduzir os efeitos da passivação.

Material do eletrodo

Para Mickley (2009) a escolha do eletrodo é um dos principais passos para

alcançar a máxima eficiência do processo. Vários materiais têm sido utilizados na

eletrocoagulação, a saber: Al, Ag, A, Ba, Ca, Cd, Cr, Cs, Fe, Mg, Na, Si, Sr e Zn.

Costumeiramente são utilizados os eletrodos metálicos polivalentes, tais como

alumínio ou ferro uma vez que apresentam melhores eficiências (Pearse 2002).

Alternativamente, materiais como SnO2, PbO2, grafite, níquel, etc, possuem a

vantagem de serem quimicamente mais resistentes e mais eficientes na remoção

de cianetos. Contudo, esses materiais apresentam elevada produção de oxigênio

acarretando em uma baixa durabilidade. Outro empecilho é a elevada toxidade de

33

materiais como Pd2+ e o alto custo de materiais como IrOx e Ti/IrOx– Ta2O5 (SAHU

et al., 2013).

Para Sahu et al., (2013) o material utilizado na eletrocoagulação define não

apenas o coagulante produzido, mas também determina a eficiência de corrente.

Sendo que a condição ótima de operação varia de acordo com o material escolhido.

Espaçamento entre Eletrodos

O espaçamento entre os eletrodos consiste em uma variável importante no

processo de eletrocoagulação que define o tamanho do reator e a energia

necessária. A aumento da distância entre placas tem efeito de aumentar a

resistência à passagem de corrente. A agitação induzida oferece uma alternativa

para reduzir esse efeito. Assim, a geometria e a posição dos eletrodos podem

melhorar a convecção interna do sistema reduzindo também a resistência à

passagem de corrente (Golder et al. 2007).

Considerando que a queda de potencial é proporcional ao espaçamento

entre eletrodos, a redução desse espaçamento é de grande importância para a

redução do consumo de energia de eletrólise (Wang et al., 2009). Espaçamentos

menores melhoram as características de transferência de massa e diminuem a

perda ôhmica. Na presença de gás, uma diminuição na diferença resulta em um

aumento da resistência do eletrólito (Asselin et al. 2008). O distanciamento entre

os eletrodos depende sobretudo das limitações práticas e operacionais. Para

voltagens baixas, que favorecem a formação de flocos bem sedimentáveis,

recomenda-se um espaçamento superior a 10 mm, com inversão de polaridades

periódicas (Asselin et al. 2008). No dimensionamento do reator o espaçamento

deve ser apenas suficiente para fornecer uma turbulência suficiente a fim de

aumentar a transferência de massa e reduzir a queda de potencial ao longo do

tempo. A queda de potencial é dada pela equação 2.29.

𝜂 =𝑖𝑑

𝐴𝑘

(2.29)

Onde 𝑖 é Corrente (A); 𝑑 a distância entre placas (m); 𝐴 a área específica

(m2); 𝑘 a condutividade específica (103 mS.m-1).

34

A partir da equação, observa-se a relação direta entre queda de potencial e

distanciamento entre placas. Durante o tratamento de esgoto, a corrente cai após

algum tempo durante a operação. Assim, a tensão aplicada deve ser aumentada a

fim de manter a entrada de corrente constante para o sistema.

2.6.5. Vantagens e Desvantagens

Mollah et al., (2000) estabelecem 10 vantagens que justificam o uso do

processo de eletrocoagulação: a) O processo requer equipamento simples e de

fácil de operação com faixa operacional ampla para lidar com a maioria dos

problemas encontrados na prática; b) O tratamento fornece água com ausência de

cor, sabor e odor; c) Baixa produção de lodo devido ao teor de água mais baixo; d)

Flocos formados por EC são similares aos flocos químicos, exceto pelo floco da EC

tender a ser muito maior, conter menos água na fronteira; e) Produz efluente com

menos sólidos totais dissolvidos (STD) em comparação aos tratamentos químicos;

f) Processo tem a vantagem de remover partículas coloidais menores, porque o

campo elétrico aplicado as ajusta em um movimento mais rápido, facilitando desse

modo a coagulação; g) O processo dispensa a utilização de produtos químicos uma

vez que o agente coagulante é gerado in situ; h) Bolhas de gás produzidas durante

a eletrólise podem carrear o poluente ao topo da solução onde pode ser mais

facilmente concentrado, coletado e removido; i) Os processos eletrolíticos na célula

CE são controlados eletricamente, sem partes móveis, requerendo assim menos

manutenção; e j) A técnica de EC pode ser convenientemente usada nas áreas

rurais onde a eletricidade não está disponível, desde que um painel solar unido à

unidade seja suficiente para realizar o processo.

Os autores também apresentam uma série de desvantagens: a) Os eletrodos

de sacrifício são dissolvidos na água residuária em consequência da oxidação, e

necessitam serem substituídos regularmente; b) O uso da eletricidade pode ser

caro em muitos lugares; c) Uma película impermeável de óxido pode ser formada

no catodo conduzindo à uma perda de eficiência da unidade de EC; d) É requerida

condutividade elevada da suspensão de água residuária; e e) O hidróxido

gelatinoso pode tender a solubilizar em alguns casos.

35

2.7. Planejamento Experimental

A atividade estatística mais importante não é a análise de dados, e sim o

planejamento dos experimentos em que esses dados devem ser obtidos. A

essência de um bom planejamento consiste em projetar um experimento de forma

que ele seja capaz de fornecer exatamente o tipo de informação que se procura

(FERREIRA et al., 2007). Todo planejamento experimental começa com uma série

inicial de experimentos, com o objetivo de definir as variáveis e o intervalo de

variação. Podem-se ter variáveis qualitativas, como tipo de equipamentos e

variáveis quantitativas como: temperatura, pH, tempo, agitação, corrente elétrica,

etc (CALADO & MONTGOMERY, 2003).

Em qualquer área de pesquisa busca-se sempre saber quais variáveis são

importantes em algum estudo que se esteja realizando, assim como, o limite inferior

e superior dessas variáveis. O planejamento de experimentos vem crescendo e

sendo aplicado às inúmeras atividades científicas e industriais, face à redução de

custos e de trabalho. Através do planejamento, podem-se determinar as variáveis

que exercem maior influência no desempenho de um determinado processo, tendo

como resultado: (a) redução da variação do processo e melhor concordância ente

os valores nominais obtidos e os valores pretendidos; (b) redução do tempo de

processo; (c) redução do custo operacional; e (d) melhoria no rendimento do

processo (CALADO & MONTGOMERY, 2003).

Em suma, o que se quer no planejamento experimental é obter um modelo

matemático representativo, em termos dos parâmetros principais, que descrevem

dentro de certo nível de confiança certos fenômenos, utilizando o mínimo de

experimentos possível. O planejamento experimental também permite o uso de

métodos estatísticos na análise dos dados obtidos, resultando em objetividade

científica nas conclusões (CALADO & MONTGOMERY, 2003).

2.7.1. Superfície de resposta

Metodologia de superfície de resposta (MSR) é um conjunto de técnicas

estatísticas e matemáticas úteis para o desenvolvimento, melhoria e otimização de

processos. Ela também tem aplicações importantes na concepção,

36

desenvolvimento e formulação de novos produtos, bem como na melhoria dos

projetos de produtos existentes (MONTGOMERY et al., 2009).

As mais extensas aplicações de RSM estão no mundo industrial,

particularmente em situações onde inúmeros parâmetros de entrada influenciam

potencialmente alguma medida de desempenho ou característica do produto ou do

processo de qualidade. Esta medida de desempenho ou qualidade característica é

chamada de resposta, normalmente medida em uma escala contínua. A maioria

das aplicações do mundo real de MSR envolve mais de uma resposta. As variáveis

de entrada são, por vezes, chamadas de variáveis independentes, e estão sujeitas

ao controle do engenheiro ou pesquisador, pelo menos, para fins de teste um ou

uma experiência (MONTGOMERY et al., 2009).

Ferreira et al (2007) comparou as eficiências relativas entre os

planejamentos Box Behnken (PBB), composto central (DCCR) e Doehlert (MD). A

comparação foi feita por meio da razão entre o número de coeficientes do modelo

de segunda ordem pelo número de parâmetros avaliados. Na tabela 2.1 observa-

se os resultados obtidos pelos autores.

37

Tabela 2.1 – Comparação de eficiências entre DCCR, PBB, MD e planejamento fatorial.

parâmetros

(k)

N° de

coeficientes

(p)

N° de tratamentos Eficiência

DCCR PBB Fatorial MD DCCR PBB Fatorial MD

2 6 9 - 9 7 0,67 - 0,67 0,86

3 10 15 13 27 13 0,67 0,77 0,37 0,77

4 15 25 25 81 21 0,60 0,60 0,19 0,71

5 21 43 41 243 31 0,49 0,61 0,09 0,68

6 28 77 61 729 43 0,36 0,46 0,04 0,65

7 36 143 85 2187 57 0,25 0,42 0,02 0,63

8 45 273 113 6561 73 0,16 0,40 0,007 0,62

Fonte (Ferreira et al. 2007 e Leon et al., 2010)

A tabela mostra que o a medida que o número de parâmetros cresce, o

número de tratamentos também aumenta. Sendo que, para o planejamento fatorial

completo esse aumento tem comportamento exponencial.

2.7.2. Box Behnken

Segundo Leon et al., 2010 esse método exige a utilização de pelo menos

três parâmetros em três níveis diferentes. Embora, possa ser utilizado para muitos

parâmetros, é comumente utilizado em situações onde há apenas 3 fatores. A

matriz do projeto baseia-se na avaliação de um design incompleto, onde dois

fatores são combinados na forma 2 × 2, enquanto o terceiro fator é realizada no

ponto central. Assim, três blocos incompletos são formados. Estes três blocos

incompletos geram 12 pontos únicos no projeto. A matriz resultante desse

planejamento é:

38

Figura 2.6 – Matriz do planejamento Box Benhken

Com o objetivo de aumentar os graus de liberdade do experimento adota-se

uma triplicata no ponto central. A estabilidade de toda a concepção reside na

estabilidade do centro de execução. O desenho é esférico (Figura 7.2). É esférico

porque os níveis dos fatores que estão uniformemente espaçadas a partir do ponto

central (LEON et al., 2010)

39

Figura 2.7- Espaço tridimensional explorado por um fator de 3 níveis BB. Baseia-se em um

arranjo fatorial 33 (Fonte: Leon et al., 2010)

2.8. Estado da Arte e Prospecção Tecnológica

No trabalho de desenvolvimento de tecnologia e inovação, a prospecção

tecnológica e a análise do estado da arte em um determinado assunto constituem

uma importante ferramenta que subsidia o processo criativo e fomenta o caráter

empreendedor da pesquisa. Além disso, a etapa de prospecção tecnológica visa

dotar o pesquisador de amplo domínio sobre o estado da arte do objeto de estudo

com vistas a auxiliar a tomada de decisão com relação a proposição de tecnologias

alternativas de caráter radical ou incremental.

Bas (1999) define prospecção como o conjunto de análises e estudos, a fim

de explorar as tendências do futuro. A prospecção surge como alternativa para

identificação de métodos e um guia para a inovação tecnológica. Os estudos de

prospecção buscam delinear e testar visões possíveis e desejáveis de modo à

auxiliar nas tomadas de decisões orientando as escolhas que contribuirão, de forma

mais significativa, na construção do futuro objetivando vislumbrar os possíveis

desenvolvimentos e avaliar a probabilidade enquanto que as metodologias de

40

prospecção são ferramentas que buscam entender as forças que orientam o futuro,

visando à construção do conhecimento (AMPARO et al., 2012).

A análise do cenário mundial revela um total de publicações de 99 trabalhos

listados pelas bases Scopus e Web of Science. Do ponto de vista das patentes,

uma busca nas bases INPI, EPO, WIPO e LENS apontam 270 documentos. Na

figura 2.8 é possível perceber a evolução do interesse no tema ao longo dos anos.

Figura 2.8 - Evolução do número de artigos científicos sobre efluentes de oficinas mecânicas

e lavagem de veículos entre o período de 1969 e primeiro semestre de 2016.

Observa-se que no período de 1969 até 1994 foram publicados apenas 10

trabalhos. A partir de 1994 as publicações passaram a ser mais frequentes

atingindo um pico em 2015 com 15 publicações. Nos últimos 5 anos, período

compreendido entre 2010 e 2016 foram publicados 45 trabalhos, representando

45,45% do total da produção cientifica. Além disso, constatou-se que a produção

cientifica apresenta uma taxa de publicação de aproximadamente 1,81 artigos por

ano. Esse valor agrava quando tratamos sob o foco nacional em que se tem uma

média de um pouco mais de 0,15 publicações por ano.

A revista que mais publicou acerca do tema foi a Water Science and

Technology com 5 publicações. Zaneti, Rubio e Etchepare foram os autores que

mais realizaram trabalhos sobre o assunto. Os três autores publicaram enquanto

filiados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, constituindo, dessa forma, a

0

2

4

6

8

10

12

14

16

mer

o d

e P

ub

licaç

ões

Ano

41

instituição nacional com maior número de trabalhos. Quanto à nacionalidade,

observou-se que a China ganhou destaque com 7 trabalhos.

Verifica-se, portanto, um aumento no interesse por essa temática,

sobremaneira, nos últimos 3 anos, função da necessidade de atendimento a

legislação vigente e ao incremento da mobilidade social frente as questões

ambientais. Esse O comportamento crescente demonstra uma preocupação

contemporânea sobre o tema de estudo. Ademais, o aumento das pesquisas em

1992 coincide com o evento Rio-92 e estabelecimento do documento intitulado

Agenda 21 que fixava, naquele momento, metas para desenvolvimento sustentável

e preservação do meio ambiente em diversas frentes. Todavia, a quantidade de

trabalhos produzidos ainda permanece relativamente baixa quando comparada a

outras palavras chaves como “industrial waste water” (40350 trabalhos e 3825

patentes, referente à base SciVerse Scopus) e “urban waste water” (8284 trabalhos

e 193 patentes, referente à base SciVerse Scopus).

2.9. Considerações Sobre a Revisão

A presente revisão tem por objetivo subsidiar ao leitor as informações

necessárias para compreensão e interpretação dos resultados obtidos. A descrição

das atividades realizadas pelos estabelecimentos poluidores e sua legislação

específica colabora com o entendimento da etapa de caracterização da fonte

geradora. O levantamento bibliográfico acerca da natureza do efluente embasa a

etapa de caracterização e síntese do efluente. Bem como, fornece argumentos

sobre a necessidade e importância do tratamento desse tipo de resíduo.

O entendimento dos fundamentos e mecanismos da eletrocoagulação

promovem a base para assimilação dos resultados práticos. Assim como sua

discussão científica. Por fim, o planejamento experimental tem como razão

colaborar com o entendimento da rotina laboratorial e dos resultados apresentados.

42

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Caracterização da Fonte Geradora

A primeira etapa do trabalho consistiu em realizar um levantamento completo

acerca da situação atual da atividade geradora de efluentes em postos de

combustíveis (PC), postos de lavagem de veículos (PLV) e oficinas mecânicas

(OM). O diagnóstico contemplou as seguintes etapas: a) a identificação de variáveis

e parâmetros relacionados com o elemento de estudo, b) o levantamento

georeferenciado dos PLVs, PCs e OM resultando num mapa temático, c) a

elaboração de um questionário para coleta de dados relacionados ao

funcionamento dos estabelecimentos, d) pesquisa de campo para coleta dos dados

(com auxílio dos questionários), e) desenvolvimento de um banco de dados (BD),

f) implementação dos dados no BD, g) tratamento/processamento dos dados, h)

apresentação de resultados na forma de tabelas, gráficos e mapas temáticos e i)

análise para diagnóstico ambiental e identificação do potencial de consumo de

recursos hídricos e respectivo potencial de geração de efluentes.

O questionário aplicado buscou-se avaliar informações como: localização

dos estabelecimentos, para composição do mapa temático; atividades realizadas

pelo empreendimento; quantidade de veículos automotores atendidos por dia,

estimativa do consumo mensal médio de água por estabelecimento; a origem da

água (Subterrânea, Pluvial e/ou da Rede Pública); a quantidade de efluente mensal

gerado, verificação do tipo de tratamento utilizado, disposição dos resíduos

(quando tratados); tipos de insumos utilizados na lavagem e a proporção de diluição

destes. Para os PLVs buscou-se avaliar ainda o uso ou não de rampa de lavagem

para verificar o tipo de lavagem (total ou de aparência) e a quantidade de água

utilizada para cada tipo de veículo.

3.2. Caracterização do Efluente

Com o objetivo de avaliar o comportamento e a eficiência do sistema frente

à diferentes parâmetros, optou-se por utilizar um efluente sintético. Foram avaliadas

três composições diferentes de acordo coma tabela 4.1

43

Tabela 3.1 – Caracterização das amostras para diferentes composições

Composição 1 Composição 2 Composição 3

Óleos e Graxas

(mg.mL-1) 0,5 1,5 2,5

Surfactantes

(mg.mL-1) 1 3 5

NaCl (g.L-1) 1 1 1

O resíduo foi sintetizado misturando óleo lubrificante queimado (Oluq), de

massa específica 0,830 g.mL-1, surfactante comercial Linear Alquil Sulfonato de

Sódio, água e NaCl nas proporções especificadas pela tabela 3.1. Após a adição

dos compostos executou-se a homogeneização em liquidificador por 30 segundos,

suficiente para obtenção da emulsão oleosa.

Medidas de pH

As medidas de pH foram realizadas através do método eletrométrico

utilizando aparelho digital marca tecnal modelo TEC-2. O equipamento foi calibrado

com padrões de pH 7,0 e de pH 4,0. Os valores iniciais de pH do efluente foram

ajustados para os valores utilizados no planejamento, empregando solução básica

de NaOH e soluções ácidas de HCl 0,1 mol.L-1.

Medidas de cor

As medidas da cor foram obtidas pelo método colorimétrico descrito no

Standard Methods (APHA, 1998). Nas análises utilizou-se o espectrofotômetro da

marca Hach modelo DR/2010 com comprimento de onda de 455 nm. As amostras

antes e após o tratamento foram homogeneizadas e transferidas para as cubetas

de vidro de 25 mL, utilizando como padrão zero de cor a água destilada. As

amostras que ultrapassaram o limite de leitura foram diluídas com água destilada,

de modo a reduzir o teor da cor para um valor abaixo do limite máximo de detecção.

Medida de Turbidez

44

A medida da turbidez de cada amostra foi feita usando o espectrofotômetro

da marca Hach modelo DR/2010 com comprimento de onda de 860 nm. As

amostras antes e após o tratamento foram homogeneizadas e transferidas para as

cubetas de vidro de 25 mL, utilizando como padrão zero de turbidez a água

destilada. As amostras que ultrapassaram o limite de leitura foram diluídas com

água destilada, de modo a reduzir o teor da cor para um valor abaixo do limite

máximo de detecção.

Medida de DQO

As análises de DQO foram realizadas no laboratório de Limnologia Aplicada

da UNIOESTE campus Toledo. Para determinação do parâmetro utilizou-se a

metodologia colorimétrica com refluxo fechado proposta por Standard Methods for

the Examination of Water and Wastewater - APHA, 2005.

3.3. Prospecção Tecnológica

A prospecção de patentes foi realizada nas bases dos principais escritórios

de patentes do INPI, EPO, LENS e WIPO. Com o objetivo de contemplar o maior

número de resultados utilizou-se cinco descritores e seus correspondentes em

português, a fim de otimizar a busca na base de dados do INPI, uma vez que seu

sistema opera em português. Foram utilizados também os operadores lógicos

(AND, OR, NOT, AND NOT) e de truncagem (*, ?, #).

Na tabela 3.2 são apresentadas as palavras chaves, a sua tradução e

variantes utilizadas na busca nos bancos de patentes EPO, LENS, WIPO e INPI.

45

Tabela 3.2 – Descritores utilizados de acordo com o banco de patentes pesquisado.

EPO, LENS, WIPO INPI

Car wash waste water Água de lavagem de veículos

Car wash wastewater Efluente de lavagem de veículos

Gas station waste Água de postos de gasolina

Oil and water separator Separador de água e óleo

Oily wastewater treatment Tratamento de efluentes oleosos

3.4. Planejamento, projeto e Construção do Módulo de bancada

3.4.1. Módulo Experimental

O módulo experimental foi construído em um reservatório de vidro com

capacidade para 2,9 L, seis placas de alumínio, um agitador magnético e uma fonte

estabilizada de corrente contínua com capacidade de 10 A conforme

esquematizado na Figura 4.1.

O recipiente de vidro utilizado possui as seguintes dimensões: 20 cm de

comprimento, 14,5 cm de altura e 10 cm de largura. Além disso, os eletrodos de

alumínio foram cortados com dimensões de 13 cm de altura e 8 cm de largura e 3

mm de espessura, sendo a área efetiva total de 380 cm². As placas de alumínio

foram conectadas com distanciamento de 2 cm conforme configuração monopolar

e fixadas com auxílio de presilhais a um bastão de material polimérico. Com o

objetivo de promover melhor sustentação, rigidez mecânica e isolamento elétrico

os espaços de contato entre as presilhas e as placas foram revestidos com material

celulósico isolante.

46

Figura 3.1 – Reator de bancada utilizado no planejamento experimental

O circuito elétrico consistiu em uma fiação com conectores tipo “jacaré”, presos

à saída da fonte e às placas. Sendo que, a fonte utilizada foi da marca Instrutherm

modelo FA 1030, com tensão máxima de 30 V e corrente máxima de saída variando

10 A com e precisão de Indicação de Corrente de ± 2%. Este equipamento fornece

a tensão elétrica necessária para a passagem de corrente elétrica pelo fluido ou

efluente, cujo valor de corrente depende da condutividade. Para os testes

realizados com este efluente, houve a necessidade de adicionar NaCl, a fim de

aumentar a condutividade elétrica do resíduo, uma vez que a corrente máxima não

foi capaz de atingir a corrente mínima necessária para promover a

eletrocoagulação. Também, para evitar zonas mortas dentro do meio reacional,

manteve-se o sistema sob agitação utilizando agitador magnético da marca NT 130

a 560 rpm.

47

3.4.2. Planejamento experimental

Para esse estudo optou-se por trabalhar com um planejamento Box Behnken

de três níveis com três fatores. Foram avaliadas as influências da concentração

inicial de óleos e graxas, o pH e a densidade de corrente sobre o processo de

eletrocoagulação. Os valores utilizados para cada nível (Tabela 3.3) foram

arbitrados a partir de trabalhos específicos sobre o tema: Ibrahin et al. (2013),

Ozyonar (2015), Sekman et al., (2011), GilPavas et al., (2010), Rincón et al, (2014).

Tabela 3.3 – Valores das variáveis independentes em cada nível.

Variáveis

Fator Nível

X -1 0 1

Concentração

Inicial de

O&G

(mg.mL- 1)

X1 0,5 1,5 2,5

pH X2 4 7 10

Densidade de

Corrente

(mA.cm-²)

X3 0,7 1.0 1,4

O número de experimentos foi calculado por meio da equação:

𝑁 = 2𝐾(𝐾 − 1) + 𝐶0 (3.1)

Onde

𝐾 = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠;

𝐶0 = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑖𝑠.

48

Considerando a utilização de uma triplicata no ponto central, foram

realizados 15 experimentos. Para prever o ponto ideal após a realização dos

experimentos, uma equação polinomial de segunda ordem foi montada para

correlacionar a relação entre variáveis e respostas independentes. A forma

matemática geral de segunda ordem equação polinomial é dado abaixo.

𝑌 = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑗𝑋𝑗𝑘𝑗=1 + ∑ 𝛽𝑗𝑗𝑋𝑗

2𝑘𝑗=1 + ∑ ∑ 𝛽𝑖𝑗𝑋𝑖𝑋𝑗

𝑘<𝑗=2𝑖 + 𝑒𝑖 (3.2)

Onde β0, βj, βjj e βij são os coeficientes de interseção, interação linear,

quadrático e de segunda ordem respectivamente e ei é o erro. Esta equação pode

ser ajustada a um processo linear, sob risco de não ser adequada para descrever

completamente a influência de todas as variáveis e as suas interações. Assim, é

recomendável a utilização da equação polinomial a fim de se compreender o

comportamento geométrico e o grau de significância dos parâmetros.

3.5. Desenvolvimento do protótipo

O desenvolvimento do protótipo envolve a idealização do design do vaso

reacional e posteriormente o dimensionamento do mesmo tomando como base os

dados levantados na caracterização da fonte geradora (Consumo de água) e a lei

de velocidade avaliada na etapa da cinética química.

A escolha da geometria do reator deve ter como base a prospecção

tecnológica realizada previamente. Além disso, os mecanismos de separação

devem ser desenvolvidos de modo a superar as limitações observadas nos

documentos de patentes analisados, tais como, tamanho, facilidade de limpeza e

complexidade operacional. O reator eletrolítico deverá também prever

comportamentos observados durante o planejamento experimental garantindo um

desempenho satisfatório na faixa operacional definida.

3.6. Avaliação dos Requisitos para Proteção Intelectual

Avaliou-se as condições para pedido de proteção intelectual e deu-se início

ao processo de patenteamento com base na lei de propriedade intelectual (Lei

Federal 8.958/94) e atos normativos do Instituto Nacional de Propriedade Industrial

- INPI.

49

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos durante o projeto encontram-se presentes nesse

documento obedecendo à seguinte ordem de apresentação: a) contextualização;

b) apresentação; c) descrição; e d) análise e discussão. Essa abordagem tem por

objetivo informar o leitor sobre a necessidade do estudo realizado bem como

apresentar os resultados, seus significados e causas.

4.1. Caracterização da Fonte Geradora

O estudo da fonte geradora ocorreu na cidade de Toledo que está localizada no

Oeste do estado do Paraná, às margens da BR 467. Esta Região localiza-se no

terceiro planalto paranaense, esta área limita-se ao Sul pelo rio Iguaçu, ao Norte

pelo rio Piquiri, a Leste pelo rio Guarani (afluente do Iguaçu) e a Oeste pelo rio

Paraná (barragem de Itaipu). Possui uma área total de 1.198.607 km² segundo

dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social

(IPARDES). De acordo com IBGE de 2010 aponta para uma população de 119.313,

sendo 11.054 habitantes a população rural (9,3%) e 108.295 habitantes a

população urbana (90,7%). Em 1951 o município foi emancipado de Foz do Iguaçu

através da Lei n° 790. A economia da cidade é caracterizada pela agricultura,

suinocultura, indústrias de alimentos, farmacêutica entre outras.

A caracterização da fonte geradora obedeceu alguns critérios para sua

execução. Primeiramente foram levantados os dados sobre a frota municipal a fim

de se obter o panorama quanto à idade e o número de veículos no município. Em

seguida foram levantados e catalogados os estabelecimentos poluidores quanto ao

segmento, capacidade e atividades desenvolvidas. Por fim, as informações

levantadas por meio da aplicação do questionário foram organizadas na forma de

gráficos e apresentados no texto a seguir. Os dados que seguem correspondem às

informações obtidas junto a 33 oficinas mecânicas e 12 postos de combustíveis que

aceitaram participar da pesquisa.

4.1.1. Dados Sobre a Frota

Dados sobre a frota municipal são indicadores interessantes que apontam

para uma demanda de manutenção. A procura por serviços de manutenção tende

a aumentar à medida que a frota envelhece.

50

De acordo com dados fornecidos pelo Departamento Nacional de Trânsito –

DENATRAN, em outubro de 2015 a frota no município de Toledo contava com

94.175 veículos, dos quais, 50.218 são automóveis, 3.358 caminhões, 1.471

caminhão (trator), 8.354 caminhonetes, 2.404 camionetas, 16.179 motocicletas,

7.511 motonetas, 1.543 reboque, 2.021 semirreboques e 1.113 outros veículos

incluindo: 241 ônibus, 242 micro-ônibus, 44 ciclomotores, 8 sidecars entre outros.

A figura 4.1 ilustra a porcentagem de cada veículo na frota.

Figura 4.1 – Distribuição da frota municipal quanto ao tipo de veículo.

Outro dado importante sobre a frota é a idade. Frotas mais velhas exigem

manutenção e troca de óleo mais frequente, enquanto que frotas mais novas

toleram mais tempo com o mesmo óleo e sem reparos rotineiros.

Assim, o gráfico (Figura 4.2) apresenta a distribuição do ano dos automóveis

do município.

53%

4%

2%

9%

2%

17%

8%

2% 2% 1%

AUTOMOVEL

CAMINHAO

CAMINHAO TRATOR

CAMINHONETE

CAMIONETA

MOTOCICLETA

MOTONETA

REBOQUE

SEMI-REBOQUE

Outros

51

Figura 4.2 – Distribuição do ano dos veículos do município

De acordo com o gráfico 4.2 observa-se que 21,45% dos veículos da cidade

possuem 20 anos ou mais e 30,37% possuem menos do que 5 anos de idade.

Esses valores se mostram coerentes com os valores nacionais e evidenciam uma

frota relativamente nova. Assim, aumenta-se a procura por serviços de lavagem em

detrimento de serviços de manutenção.

4.1.2. Diagnóstico dos estabelecimentos em estudo

O mapeamento geográfico de oficinas mecânicas e postos de lavagem

automotivas é um ponto importante na definição do potencial poluidor desse tipo de

estabelecimento em uma determinada cidade. Além disso, o levantamento

12279905893

244633

11771686

23861879

25892381

21752468

3153

27013385

31933773

31963833

64904154

49895219

49644933

43054193

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000

Até 1990

1991

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

52

individual fornece subsídios para escolha de base de cálculo e o entendimento do

processo de geração de efluentes.

Através do levantamento de dados, feito junto à Secretaria Municipal de Meio

Ambiente e à Associação Comercial de Toledo, foi possível catalogar cerca de 44

oficinas mecânicas e 30 postos de combustíveis na área urbana do município. Com

relação às oficinas catalogadas 58% atendem apenas veículos leves, enquanto que

24% atendem veículos pesados como caminhões e carretas, 13% ocupam-se em

atender máquinas agrícolas e 5% atendem exclusivamente motocicletas conforme

mostra a figura 4.3.

Figura 4.3 – Tipos de oficinas mecânicas quanto ao tipo de veículo atendido

Quanto aos postos de combustíveis, 46% oferecem serviços apenas de

abastecimento, 47% prestam serviços de lavagem e apenas 7% dedicam-se

exclusivamente à lavagem de veículos. A figura 4.4 exemplifica os dados descritos.

58%24%

13%

5%

Linha Leve

Linha Pesada

Maquinário Agrícola

Motocicletas

53

Figura 4.4 – Tipos de postos quanto aos serviços fornecidos

Nesse contexto, a representação dos estabelecimentos em um mapa de

risco (Figura 4.5) é oportuna, uma vez que facilita a análise e a sugestão de

hipóteses. Assim, segue abaixo o mapa de risco das oficinas mecânicas de Toledo.

46%

47%

7% Posto deCombustível

Posto deCombustível eLavagem

Posto de Lavagem

54

Figura 4.5 - Mapa de risco do município de Toledo/Pr

A primeira conclusão que se tira do mapa de risco é quanto à concentração

dos postos de combustíveis, postos de lavagem e oficinas de veículos leves na

parte central da cidade. Enquanto que mecânicas de veículos pesados como

caminhões e máquinas agrícolas encontram-se próximos às rodovias. Essa

distribuição colabora com a hipótese de que os estabelecimentos que atendem

veículos leves possuem maior potencial poluidor uma vez que sua localização

contribui para o escoamento das águas até os corpos receptores.

55

4.1.3. Etapas geradoras de efluentes

No processo de geração de efluentes, três etapas se destacam como sendo

as mais poluentes. A saber: lavagem de veículos (Figura 4.6), limpeza de

instalações prediais (Figura 4.7) e limpeza de peças (Figura 4.8). A primeira é

relativa aos postos de lavagem enquanto que a segunda e a terceira são de

responsabilidade das oficinas mecânicas. Os esquemas a seguir ilustram os três

processos destacando suas singularidades.

Figura 4.6 – Balanço de massa para o processo de lavagem de veículos

Na lavagem de veículos o veículo contendo materiais inertes (terra, areia,

entre outros materiais) e óleo entra em contato com uma solução de limpeza

contendo três tipos de insumos: O Shampoo é utilizado em limpezas superficiais e

internas pois proporciona um maior brilho e não apresenta efeito corrosivo devido

à sua natureza neutra. O sabão de base ácida possui base ácida e atua na remoção

das sujeiras aderidas considerados inertes. O detergente alcalino é utilizado para

remoção de óleos e graxas devido à sua natureza básica.

56

Figura 4.7 – Balanço de massa para o processo de lavagem de pisos e instalações

Diferentemente da lavagem automotiva a lavagem das instalações prediais

utiliza como insumo apenas os detergentes. Por meio da ação mecânica e com

auxílio da água corrente carrega-se o efluente contendo água, inertes, óleo e

detergente através das canaletas.

Figura 4.8 – Balanço de massa para o processo de lavagem de peças

O terceiro processo gerador de efluente líquido é o processo de lavagem de

peças. Esse processo possui características peculiares e obedece ao esquema

ilustrado na figura acima. A peça suja contendo derivados de óleo é submetido a

57

uma solução de limpeza contendo água, querosene, detergente e óleo diesel. Evita-

se a utilização de detergentes alcalinos devido à sua alta capacidade corrosiva.

4.1.4. Origem da água Utilizada

Por meio da pesquisa realizada constatou-se que a água utilizada possuía

três fontes distintas (Figura 4.9): poços artesianos (PA), Pluvial (P) e água da rede

pública de abastecimento (RP). No caso das oficinas mecânicas, 100% utilizam a

água da rede pública em suas atividades. Os postos de lavagem por outro lado

apenas 8% dos estabelecimentos utilizam água da rede pública, 46% utiliza a água

de poços artesianos e 8% possuem sistema de reaproveitamento da água da

chuva.

Figura 4.9 – Origem da água utilizada nos estabelecimentos de lavagem

4.1.5. Consumo da água utilizada

Observou-se uma grande diferença entre o consumo de água em oficinas

mecânicas e nos postos de lavagem. Em oficinas mecânicas há um baixo consumo

de água em função da natureza da atividade. Além disso, a falta de uma rotina

sistemática de processo faz com que o consumo de água seja sazonal e aleatório.

Assim, buscou-se reduzir a influência dessa variação anotando-se o consumo

médio. Os gastos resumem-se a atividades pontuais de limpeza limitando-se ao

consumo mínimo mensal de 10 m³. As exceções observadas ocorrem nos

estabelecimentos de maior capacidade. Mecânicas que atendem entre 10 a 15

46%

8%

8%

15%

23%

PA

P

RP

PA+RP

RP+P

58

veículos apresentaram uma tendência a consumir mais água do que as mecânicas

menores. A figura 4.10, indica o consumo discretizado por estabelecimento.

Figura 4.10 – Consumo médio mensal de água das oficinas mecânicas pesquisadas.

O consumo de água em postos de lavagem é maior do que em oficinas

mecânicas. Ainda assim, observa-se um forte caráter sazonal. Desse modo, a

mesma medida remediadora foi adotada. A figura 4.11 mostra individualmente o

consumo dos postos de lavagem pesquisados.

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

Ofic. 33

Ofic. 33

Ofic. 32

Ofic. 31

Ofic. 30

Ofic. 29

Ofic. 28

Ofic. 27

Ofic. 26

Ofic. 25

Ofic. 24

Ofic. 23

Ofic. 22

Ofic. 21

Ofic. 20

Ofic. 19

Ofic. 18

Ofic. 17

Ofic. 16

Ofic. 15

Ofic. 14

Ofic. 13

Ofic. 12

Ofic. 11

Ofic. 10

Ofic. 9

Ofic. 8

Ofic. 7

Ofic. 6

Ofic. 5

Ofic. 4

Ofic. 3

Ofic. 2

Ofic. 1

CONSUMO MÉDIO DE ÁGUA MENSAL (L)

59

Figura 4.11 – Consumo médio mensal de água dos postos de lavagem pesquisados.

4.1.6. Tipos de tratamentos

Investigou-se também o método utilizado para tratamento do efluente líquido

em cada estabelecimento. Os dados obtidos foram semelhantes, tanto para oficinas

mecânica quanto para os postos de lavagem, conforme mostram as figuras 4.12 e

4.13.

Figura 4.12– Tratamento de efluentes utilizado em oficinas mecânicas

0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000

Est. 1

Est. 2

Est. 3

Est. 4

Est. 5

Est. 6

Est. 7

Est. 8

Est. 9

Est. 10

Est. 11

Est. 12

55%

3%

11%

31%

Caixa Separadora

Fossa Séptica

Outros

Não Possui

60

Figura 4.13 – Tratamento de efluentes de postos de combustíveis

4.1.7. Troca de óleo

Segundo resolução do Conama N° 362, de 23 de junho de 2005, todo óleo

lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido, coletado e ter destinação

final, de modo a não afetar negativamente o meio ambiente e propiciar a máxima

recuperação dos constituintes nele contidos. Assim, outro parâmetro avaliado foi e

quantidade de estabelecimentos que executam a troca de óleo. Os resultados estão

representados na figura 4.14.

Figura 4.14 – quantidade de estabelecimentos que executam a troca de óleo

Constatou-se que 81% dos estabelecimentos realizaram a troca de óleo.

Desse montante 90,3% entrega o óleo coletado a uma empresa especializada,

outros 6,5% dos estabelecimentos vendem o material e 3,2% encaminham o óleo

a outro destino.

59%

33%

8%

Caixa separadora de óleo

Tanque de retenção

Outros

Não possui

81%

19%

Realiza Troca de Óleo

Não Realiza Troca de Óleo

61

A caracterização da fonte geradora tem por objetivo subsidiar o

desenvolvimento do trabalho com informações relativas ao panorama atual de

consumo de água, volume produzido de efluentes e composição qualitativa do

mesmo. As informações coletadas nessa etapa são determinantes para escolha

dos parâmetros de controle bem como para dimensionamento do protótipo

desenvolvido.

4.2. Caracterização do Efluente

Na tabela 4.1 são apresentados os resultados da caracterização realizada

para as três composições avaliadas.

Tabela 4.1 – Caracterização das amostras para diferentes composições.

Composição 1 Composição 2 Composição 3

Óleos e Graxas

(mg.mL-1) 0,5 1,5 2,5

Surfactantes

(mg.mL-1) 1 3 5

NaCl (g.L-1) 1 1 1

DQO 6000 8000 16000

Cor (Pt/Co) 2800±1300 8350±550 16075±1525

Turbidez (FAU) 1062,5±362,5 3075±575 6300±500

Os valores definidos para a cor e turbidez foram determinados

imediatamente antes de cada ensaio do planejamento experimental. Assim, os

valores listados na tabela compreendem a faixa verificada em cada leitura para a

concentração correspondente.

4.3. Projeto, Construção e Operacionalização do Módulo de Bancada

4.3.1. Testes com Reator Eletrolítico

62

Os dados apresentados na tabela 4.2 são os resultados obtidos após 60

minutos de tratamento eletroquímico das soluções sintéticas determinadas a partir

do planejamento experimental. A tabela está organizada com os parâmetros

operacionais, definidos pelo planejamento e os valores iniciais e finais de pH, cor,

turbidez e DQO.

63

Tabela 4.2 – Resultados obtidos para eletrocoagulação em função dos diferentes parâmetros

operacionais.

Ensaio

Parâmetros operacionais

pHf Cor final

[Pt/Co]

Turbidez

final [FAU]

DQOf

[mg.L-1] Co [g.L-1] σ [mA.cm-²] pH0

1 0,5 1,84 7 8,25 35 13 3500

2 2,5 1,84 7 8,6 202 57 2500

3 0,5 3,42 7 9,92 34 14 1350

4 2,5 3,42 7 8,86 50 15 5100

5 0,5 2,63 4 7,75 21 15 3725

6 2,5 2,63 4 6,25 2500 300 4000

7 0,5 2,63 10 9,07 20 5 1625

8 2,5 2,63 10 8,67 65 17 1375

9 1,5 1,84 4 6,76 63 20 7500

10 1,5 3,42 4 8,06 47 17 2750

11 1,5 1,84 10 9,76 40 9 1500

12 1,5 3,42 10 9,85 49 12 500

13 1,5 2,63 7 8,96 73 21 3700

14 1,5 2,63 7 8,87 26 26 3750

15 1,5 2,63 7 8,84 45 14 4000

Uma primeira avaliação acerca da tabela 4.2 apontam para a variação do pH

ao longo do tratamento eletrolítico. A figura 4.15 ilustra o comportamento do pH

antes e após o processo. Essa variação foi prevista por Chen, (2004) que afirma

64

que para soluções inicialmente ácidas o pH aumenta ao longo do processo

enquanto que em soluções inicialmente alcalinas o pH diminui ao longo do

processo. No primeiro caso, em função da saturação da solução com prótons de

hidrogênio a reação de eletrólise no ânodo tende a diminuir (equação 2.22) em

contrapartida a eletrólise da água no cátodo se torna dominante (equação 2.23)

lançando uma maior quantidade de OH− na solução. Por outro lado, a diminuição

do pH deve-se à liberação de íon H+ pelo ânodo, em função da saturação de OH−

na solução.

Figura 4.15 – Diagrama representativo da variação do pH durante o processo de

eletrocoagulação.

Utilizando os dados da tabela 4.2, calculou-se os valores das eficiências de

remoção da cor, da turbidez e da DQO. Na tabela 4.3 encontram-se os valores

aferidos.

0

2

4

6

8

10

12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

pH

Ensaio

pH inicial

pH final

65

Tabela 4.3 - Eficiências de remoção em função das condições operacionais

Ensaio Co

[g.L- 1]

σ

[mA.cm-²] pH0

Eficiência de

remoção da

Cor (%)

Eficiência de

remoção da

Turbidez (%)

Eficiência de

remoção

DQO (%)

1 0,5 1,84 7 98,65 98,82 41,67

2 2,5 1,84 7 98,85 99,02 84,37

3 0,5 3,42 7 98,69 98,73 77,50

4 2,5 3,42 7 99,72 99,76 68,12

5 0,5 2,63 4 99,49 98,95 37,92

6 2,5 2,63 4 85,79 94,83 75,00

7 0,5 2,63 10 98,67 99,28 72,92

8 2,5 2,63 10 99,55 99,75 91,41

9 1,5 1,84 4 99,24 99,42 6,25

10 1,5 3,42 4 99,43 99,54 65,62

11 1,5 1,84 10 99,52 99,74 81,25

12 1,5 3,42 10 99,41 99,65 93,75

13 1,5 2,63 7 99,12 99,39 53,75

14 1,5 2,63 7 99,71 99,25 53,12

15 1,5 2,63 7 99,42 99,44 50,00

O exame da tabela 4.3 revela que os melhores desempenhos para Cor

aparente e turbidez foram obtidos sob as condições do ensaio 4 (C0=2,5 mg.mL-1,

σ=3,42 mA.cm-², pH=7). Nessas condições as eficiências alcançadas foram de

99,71% e 99,75% para a cor e turbidez respectivamente. Em contrapartida, os

66

piores resultados foram obtidos sob as condições do ensaio 6 (C0=2,5 mg.mL-1,

σ=2,63 mA.cm-2, pH=4). A concordância dos resultados revela uma congruência

entre os dois parâmetros.

A lógica observada para os dois primeiros parâmetros não permanece na

análise da DQO. Onde, o melhor resultado foi observado sob as condições do

ensaio 12 (C0=1,5 mg.mL-1, σ=3,42 mA.cm-2, pH=10) e o pior sob condições do

ensaio 9 (C0=1,5 mg.mL-1, σ=1,84 mA.cm-2, pH=4). A comparação dos pontos de

melhor e pior condições apontam para uma forte dependência com relação ao pH.

1.3.2. Eficiência na Remoção da Cor Aparente e Turbidez

Na tabela 4.4, são apresentadas as estimativas dos efeitos principais e de

interação entre as variáveis para o planejamento, bem como os valores obtidos

para o erro padrão, p-valor, valores dos coeficientes das variáveis no modelo,

coeficiente de determinação do modelo R² com um nível de significância 5%

(α=0,05).

67

Tabela 4.4-Tabela de efeitos para remoção da cor aparente e turnidez

Cor aparente R2 = 0,99837; Rajust.: 0,99428

Turbidez

R²=0,99617; Rajust=0,9866

Efeitos p Coeficientes Efeitos p Coeficientes

Interação

Principal 99,1132 0,000002 99,11317 99,32453 0,000000 99,32453

X1 2,94898 0,018230 1,47449 1,42850 0,009260 0,71425

X12 1,98125 0,005900 0,99063 0,83154 0,003950 0,41577

X2 -2,8396 0,016523 -1,41982 -0,93553 0,017862 -0,46776

X22 -3,0854 0,009677 -1,54269 -1,10451 0,008888 -0,55226

X3 4,35496 0,002518 2,17748 1,82638 0,001685 0,91319

X32 1,56009 0,009465 0,78005 0,32502 0,025035 0,16251

X1. X2 -6,6013 0,005887 -3,30065 -2,02681 0,007327 -1,01340

X1. X22 -7,0139 0,003489 -3,50695 -2,44218 0,003384 -1,22109

X1. X3 7,28947 0,001620 3,64474 2,29203 0,001925 1,14602

X12. X3 -3,1701 0,004265 -1,58503 -1,20600 0,003469 -0,60300

Observando-se a estimativa dos efeitos, conforme tabela 4.4, constata-se

que, dentre as variáveis estudadas, todas foram significativas para a variável de

resposta cor. Além disso, por meio do valor de R²=0,99837 e R²=0,99617 pode-se

verificar que os modelos apresentam um bom ajuste matemático.

O Diagrama de Pareto (Figura 4.16) ilustra os efeitos da Tabela 4.1 de forma

padronizada, correspondendo à razão entre o valor estimado do efeito e seu erro

padrão. A linha tracejada representa o nível de significância de 5% (p < 0,05).

68

Figura 4.16 – Diagrama de Pareto para a variável resposta (a) cor aparente e (b) turbidez

Pela análise dos gráficos, pode-se observar que o efeito combinado de

concentração inicial e pH é o que apresenta maior influência na remoção da cor

pelo processo estudado. Além disso, o termo linear de pH, também, apresenta uma

forte influência sobre a eficiência. Enquanto que, os termos lineares de para

concentração e densidade de corrente são consideravelmente menores, embora

significativos.

69

Para a turbidez, observa-se uma forte dependência da remoção da com o

efeito linear do pH. Além disso, diferentemente do que ocorre na remoção da cor,

o efeito quadrático do pH é o menos significativo, mas ainda com p-valor<0,05.

A tabela 4.5, gerada pelo software STATISTICATM (versão 8.0, da StatSoft,

Inc), estão listados os coeficientes das variáveis analisadas bem como sua ordem

de significância (p-valor).

Tabela 4.5 – Coeficientes de regressão para o modelo de remoção da cor aparente e turbidez.

Cor aparente

R2 = 0,99837; Rajust.: 0,99428 Turbidez

R²=0,99617; Rajust=0,9866

Coeficientes de

regressão p

Coeficientes

de regressão P

Interação principal 46,6494 0,007324 81,0907 0,000288

X1 54,6090 0,002513 20,1906 0,002163

X12 -9,3781 0,002923 -3,6455 0,002277

X2 31,0973 0,008826 10,4954 0,009106

X22 -5,9569 0,008601 -2,0500 0,008540

X3 3,0034 0,008517 0,8735 0,011780

X32 -0,1733 0,009465 -0,0361 0,025035

X1. X2 -29,2959 0,003591 -10,0286 0,003603

X1. X22 5,6192 0,003489 1,9566 0,003384

X1. X3 -1,9551 0,011704 -0,8240 0,007793

X12. X3 1,0567 0,004265 0,4020 0,003469

70

De posse dos coeficientes apresentados na tabela 4.5 e considerando os

efeitos das variáveis significativas da tabela 4.4, obteve-se o modelo para o cálculo

de eficiência da remoção de cor e turbidez representados pelas equações 4.4 e 4.5

respectivamente.

𝑌 = 46,6494 + 54,6090𝑋1 − 9,3781𝑋12 + 31,0973𝑋2 − 5,9569𝑋2

2

+ 3,0034𝑋3 − 0,1733𝑋32 − 29,2959𝑋1𝑋2 + 5,6192𝑋1𝑋2

2

− 1,9551𝑋1𝑋3 + 1,0567𝑋12𝑋3

(4.4)

𝑌 = 81,0907 + 20,1906𝑋1 − 3,6455𝑋12 + 10,4954𝑋2 − 2,0500𝑋2

2 + 0,8735𝑋3

− 0,0361𝑋32 − 10,0286𝑋1𝑋2 + 1,9566𝑋1𝑋2

2 − 0,8240𝑋1𝑋3

+ 4020𝑋12𝑋3

(4.5)

A fim de se obter uma boa avaliação numérica do ajuste do modelo,

recomenda-se a análise de variância por meio de um exame dos resíduos do

modelo. Na tabela 4.6 estão apresentados os valores de F calculado para a

regressão e para a falta de ajuste.

Tabela 4.6 - Análise de variância (ANOVA) para a resposta cor aparente e turbidez (intervalo

de confiança de 95%).

Cor aparente Turbidez

SQ GL MQ F SQ GL MQ F

Regressão

(d – c) 170,545 10 17,0545 244,4875 20,4788 10 2,04788 104,0457

Resíduo (c =

a+b) 0,2790 4 0,0698 0,07873 4 0,01968

Falta de

Ajuste (a) 0,1065 2 0,05323 0,6169 0,05844 2 0,02922 2,8806

Erro Puro (b) 0,1726 2 0,08628 0,02029 2 0,01014

Total (d) 170,824 14 20,557 14

SQ=Soma quadrática GL=Graus de liberdade MQ=Média quadrática

71

Para a cor aparente obtém-se o valor de Fcalc (244,4875) e considerando o

valor para Ftab(10; 4; 0,05) de 5,96, observa-se que Fcalc>Ftab. Assim posto, admite-

se que a regressão ajusta os pontos obtidos de forma satisfatória, logo o modelo

proposto é válido para predizer o comportamento do processo dentro da faixa

analisada. Além disso, considerando que a razão Fcalc/Ftab= 32,8902 é superior a 4.

Pode-se afirmar que com segurança que o modelo é satisfatório.

A análise de variância é pertinente para a falta de ajuste. Sendo Fcalc=0,6169

e Ftab(2; 2; 0,05)=19, então Fcalc<Ftab, logo rejeita-se a hipótese nula de que a

regressão é inadequada, portanto, a regressão pode ser utilizada.

Para a turbidez, considerando Ftab(10; 4; 0,05)=5,96 e Ftab(2; 2;

0,05)=19 para regressão e para a falta de ajuste respectivamente. Por meio do

exame de resíduos do modelo, observa-se que para a regressão Fcalc>Ftab.

Assim, rejeita-se a hipótese nula de que não há regressão, portanto, o modelo

existe. Considerando ainda que a razão Fcalc/Ftab=37,26175 é superior a quatro,

o modelo é satisfatório. Analogamente, para a falta de ajuste, observa-se que

Fcalc<Ftab. Portanto rejeita-se a hipótese nula de que a regressão é inadequada.

Logo, a regressão pode ser utilizada.

Ademais, para fins de validação do modelo proposto é indicada a análise

gráfica dos resíduos. No Anexo 1 são apresentados os gráficos dos resíduos versus

valores preditos e o gráfico da probabilidade normal dos resíduos para as respostas

avaliadas, provando que os resíduos se distribuem de forma aleatória em torno do

zero, para os valores preditos e não há a presença de outliers.

A figura 4.17 representa a superfície de resposta para a remoção da cor em

função da densidade de corrente e da concentração de óleo no efluente. Analisando

a figura 4.17 (a) verifica-se o comportamento tipo sela para a resposta analisada

com diminuição da eficiência à medida que a concentração aumenta. A resposta se

confirma com a investigação da figura 4.17 (b), onde é possível observar um

comportamento simétrico em relação à densidade de corrente com decréscimo da

eficiência com aumento da concentração.

72

Figura 4.17 – (a) Superfície de resposta para remoção de cor aparente em função da

densidade de correte e da concentração; (b) Superfície de contorno para remoção de cor

aparente em função da densidade de corrente e da concentração;

Figura 4.18 – (a) Superfície de resposta para remoção de turbidez em função da densidade

de correte e da concentração; (b) Superfície de contorno para remoção de turbidez em

função da densidade de corrente e da concentração;

Outra superfície gerada foi a de Eficiência de remoção de cor e turbidez em

função do pH e da concentração, representada na figura 4.18. O exame da figura

73

confirma a forte dependência da cor com o pH da solução. Essa relação é direta

com relação ao pH e inversa com relação à concentração.

Figura 4.19 – (a) Superfície de resposta para remoção de cor aparente em função da

concentração e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de cor aparente em função

da concentração e do pH;

Figura 4.20 – (a) Superfície de resposta para remoção de turbidez em função da concentração e do

pH; (b) Superfície de contorno para remoção de turbidez em função da concentração e do pH;

74

A eficiência de remoção também foi analisada em função do pH e da

densidade de corrente. Verifica-se a presença de uma superfície do tipo sela

simétrica em relação ao pH e à densidade de corrente (Figura 4.19). Esse tipo de

comportamento encerra um ponto de mínimo para 2,6 mA.cm-2. Não obstante, a

eficiência é máxima para pH neutro em todas as densidades testadas.

Figura 4.21 – (a) Superfície de resposta para remoção de cor aparente em função da densidade de

corrente e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de cor aparente em função da densidade

de corrente e do pH;

75

Figura 4.22 – (a) Superfície de resposta para remoção da turbidez em função da densidade de

corrente e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção da turbidez em função da densidade de

corrente e do pH;

Essa forma indica que, para cada densidade de corrente utilizada, há um

valor de pH que maximiza a eficiência. Da mesma maneira, para cada pH, ocorre

um valor da densidade de corrente onde a eficiência será mínima. No estudo em

questão, o pH 7 otimiza os resultados enquanto que a densidade de corrente de

2,6 mA.cm-2 minimiza a remoção de turbidez.

Dados da literatura convergem com os resultados encontrados para a

remoção da turbidez. Ozyonar (2015) buscou avaliar os efeitos do eletrodo, da

configuração, do pH e da densidade de corrente sobre a turbidez. O autor atingiu

uma eficiência máxima de 98,5% para o parâmetro estudado, utilizando eletrodo de

Fe/Al em condições de pH 6, σ=7,5 mA.cm-2 e concentração de óleo de 1 mg.mL-1.

Rincón et al (2014), utilizando reator contínuo com eletrodos de Fe/Al, atingiu

eficiência máxima de 99,7% para concentrações de 5 mg.mL-1 e σ=0,6 A.cm-2.

Jimenez et al (2016), utilizando eletrodo de Al, alcançou uma eficiência de 100%

para qualquer valor de densidade de corrente. Foi observado também que a

porcentagem de remoção decaia com o aumento da concentração do óleo

reforçando o resultado encontrado no planejamento em questão.

Tal comportamento pode ser justificado pela análise do diagrama de

espécies que revela a predominância da espécie polimérica Aln(OH)3n na faixa de

pH neutro. Assim, de acordo com Cañizares et al. (2008) o mecanismo primário de

coagulação seria o de varredura, tanto para o estágio reativo quanto no estágio de

estabilização.

1.3.3. Eficiência na Remoção da DQO

Também foi avaliado o desempenho do processo utilizando a DQO como

variável de resposta. Por meio da tabela 4.7 apresentam-se as estimativas de

efeitos principais, combinados e quadráticos do planejamento realizado.

76

Tabela 4.7 – tabela de efeitos para a variável resposta DQO

Efeitos t(2) p Coeficientes

Interação Principal 65,6971 117,9011 0,000072 65,6971

X1 12,9601 4,6936 0,042519 6,4800

X12 -11,2991 -10,8388 0,008405 -5,6495

X2 18,5069 12,3586 0,006484 9,2535

X3 34,3229 22,9203 0,001898 17,1615

X32 -5,1012 -4,8934 0,039316 -2,5506

X1X2 -14,9219 -4,2881 0,050315 -7,4609

X1X22 11,1198 3,9136 0,050315 5,5599

X12X2 13,0729 9,2021 0,011604 6,5365

X1X3 -9,2969 -4,6274 0,043665 -4,6484

X12X3 12,9297 9,1013 0,011858 6,4648

X2X3 -23,4375 -11,6657 0,007268 -11,7187

R²=,99119; Rajust:0,9589

Através da análise do p-valor dos efeitos listados na tabela 4.10 pode-se

verificar que apenas os efeitos combinados X1X2 e X1X22 não são significativos

sendo p-valor 0,050315 e 0,050315 respectivamente. Os demais termos são

significativos considerando o intervalo de confiança de 95%.

O Diagrama de Pareto (Figura 4.24) ilustra os resultados da Tabela 4.10 de

forma padronizada, onde a linha vermelha representa o nível de significância de

5%.

77

Figura 4.23 – Diagrama de Pareto para variável de resposta DQO

A análise do diagrama de Pareto revela que o pH é o parâmetro com maior

efeito sobre a remoção da DQO, concordando com as duas respostas analisadas

previamente. Não obstante, a densidade de correte se apresenta como o segundo

maior efeito sobre o parâmetro resposta em questão. Fato não observado na

remoção da cor aparente e da turbidez.

Na tabela 4.8 estão listados os coeficientes de regressão do modelo ajustado

para a eficiência de remoção da DQO.

78

Tabela 4.8 – Coeficientes de regressão para o modelo de eficiência de remoção de DQO

Coeficientes de Regressão t p

Interação Principal -34,433 -2,2170 0,156929

X1 -178,610 -9,3081 0,011346

X12 85,114 14,5017 0,004721

X2 44,848 9,3204 0,011316

X3 6,096 2,7596 0,110057

X32 0,581 5,0009 0,037737

X1X2 24,063 3,1451 0,087961

X1X22 1,730 1,7252 0,226641

X12X2 -16,548 -9,2021 0,011604

X1X3 11,380 7,7969 0,016054

X12X3 -4,310 -9,1013 0,011858

X2X3 -4,945 -11,6657 0,007268

De posse dos valores apresentados na tabela 4.11 pode-se escrever a

equação que representa o modelo para remoção de DQO (Equação 4.6).

Considerando o valor de R²=0,99119 pode-se admitir que os dados se ajustam ao

modelo de maneira satisfatória .

𝑦 = −34,433 − 178,610𝑋1 + 85,114𝑋12 + 44,848𝑋2 + 6,096𝑋3 + 0,581𝑋3

2

+ 24,063𝑋1𝑋2 + 1,730𝑋1𝑋22 − 16,548𝑋1

2𝑋2 + 11,380𝑋1𝑋3

− 4,310𝑋12𝑋3 − 4,945𝑋2𝑋3

(4.6)

Com o objetivo de verificar a validade do modelo proposto anteriormente foi

realizada a análise gráfica dos resíduos disponível em Anexo II. Observou-se a

distribuição aleatória e a ausência de outliers (nenhum ponto fora da faixa de -2 a

79

+2). Desta forma, é possível utilizar o teste F para verificar a validade do visando à

utilização das superfícies de resposta para prever o comportamento do processo

(Tabela 4.9).

Tabela 4.9 - Análise de variância (ANOVA) para a resposta DQO (intervalo de confiança de

95%).

SQ GL MQ F p

Regressão (d – c) 7613,544 11 692,140 30,6932

Resíduo (c = a+b) 67,651 3 22,550

Falta de Ajuste 59,578 1 59,578 14,7600 0,061561

Erro Puro 8,073 2 4,036

Total 7681,195 14

Considerando Ftab(11; 3; 0,05)=8,790 para a regressão e Ftab(1; 2;

0,05)=18,51 para a falta de ajuste. Então, pela análise sistemática da tabela 4.12,

verifica-se que Fcalc>Ftab para a regressão. No entanto, a razão entre os dois

valores é inferior a 4. Considerando, então, a falta de ajuste, observa-se que

Fcalc<Ftab. Portanto, pode-se considerar que o modelo é válido e a falta de ajuste

não é significativa.

A análise da superfície de resposta % de Remoção da DQO em função da

densidade de corrente e da concentração de óleo (Figura 4.25) apontam para um

aumento de eficiência no sentido do aumento de ambos os parâmetros.

80

Figura 4.24 – (a) Superfície de resposta para remoção de DQO em função da densidade de

corrente e da concentração; (b) Superfície de contorno para remoção de DQO em função

da densidade de correte e da concentração;

De modo semelhante, a figura 4.26 ilustra o comportamento da Remoção da

DQO em função do pH e da concentração. Esse resultado demonstra uma

tendência de aumento da eficiência no sentido do aumento do pH e da

concentração. Assim como na figura 4.25, a superfície sugere a presença de um

ponto de mínimo adjacentes à concentração de 1,2 mg.mL-1 e pH<3.

81

Figura 4.25 – (a) Superfície de resposta para remoção de DQO em função da concentração

e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de DQO em função da concentração e

do pH;

Na superfície de resposta mostrada pela figura 4.27 nota-se que a eficiência

aumenta de maneira linear no sentido do aumento do pH e da densidade de

corrente. Essa constatação reforça os resultados obtidos anteriormente nas figuras,

4.25 e 4.26.

Figura 4.26 – (a) Superfície de resposta para remoção de DQO em função da densidade de

corrente e do pH; (b) Superfície de contorno para remoção de DQO em função da densidade

de corrente e do pH;

Os resultados encontrados para DQO indicam uma tendência de aumento

de eficiência no sentido do aumento do pH. Isso ocorre devido a mudança de pH

provocada pela eletrocoagulação ao longo do processo. Segundo Cañizares et al.,

(2006) o alumínio lançado pelo anodo à solução reage com o hidróxido formado

pela eletrólise da água para formar o coagulante responsável pela aglutinação das

partículas. A espécie formada é fortemente dependente do pH do meio. Sob

condições de pH ácido (0 a 5) a espécie predominante é o monômero Al3+, com

baixo potencial coagulante. Para a faixa de pH entre 5 a 10 há predominância dos

hidróxidos poliméricos, do tipo Aln(OH)3n, cuja capacidade de coagulação é superior

às outras espécies do mesmo elemento.

82

Nas condições de pHi=4 a evolução do pH até condições alcalinas limitou o

desempenho do processo. No ensaio 9, o pH de estado estacionário foi de 6,76.

Consequentemente houve uma predominância das espécies monoméricas e uma

baixa remoção da DQO. Em contrapartida, as melhores eficiências foram

alcançadas quando pHi=10.

A modelagem termodinâmica realizada por Rangel et al., ( 2013) sugere que

na presente condição operacional as espécies predominantes durante o estagio

reativo são o hidróxido de alumínio amorfo (considerando-se especiação

mononuclear do alumínio) e a espécie trimérica positivamente carregada,

Al3(OH)45+ (considerando-se especiação polinuclear do alumínio). O caráter iônico

do coagulante sugere que o mecanismo de coagulação seja o de neutralização das

cargas. Ao mesmo tempo, a formação de precipitados de alumínio indica a

presença do mecanismo de varredura, condizente com a presença de hidróxido de

alumínio amorfo. Deste modo, é razoável supor que a desestabilização da emulsão

ocorra inicialmente por meio de neutralização de cargas, conduzida conjuntamente

pela espécie polimérica e por partículas de hidróxido de alumínio positivamente

carregadas, constituindo o mecanismo primário de coagulação durante o estágio

reativo. Á medida que a espécie trimérica é consumida observa-se uma

modificação gradual do mecanismo de remoção de poluente dominante para

“sweep flocculation” (ou floculacao varredura), que passa a ser predominante na

fase de estabilização. A combinação de ambos os mecanismos para as condições

observadas explica também a elevada formação de precipitado observada durante

os testes.

1.3.4. Desejabilidade Global

A utilização de mais do que uma variável de resposta implica na necessidade

de se encontrar um valor adequado que otimize, com precisão e critério, as

respostas analisadas. Por meio da função Desirability (Desejabilidade), do software

STATISTICATM, otimizou-se simultaneamente todas as variáveis de respostas

maximizando-as num único valor. A Figura 4.28 demonstra a faixa ótima de trabalho

pela superposição das curvas de nível para as respostas avaliadas nos ensaios de

eletrocoagulação.

83

Figura 4.27- Gráficos estatísticos para a função desirability global.

A análise sistemática da figura aponta para o seguinte conjunto de condições

que maximiza a desejabilidade global (1,000):

Concentração de óleo: 2,5mg/mL;

Densidade de corrente: 2,2613 mA/cm²;

pH 10.

Nessas condições, as variáveis de resposta Cor aparente, turbidez e DQO

devem apresentar valores de 100%, 99,987% e 100% respectivamente. A análise

é importante uma vez que aponta valores ótimos para o processo investigado e

delimita uma faixa de operação no qual o tratamento eletroquímico pode ser

utilizado. Dessa maneira, é possível adotar o mesmo sistema de tratamento para

efluentes oleosos diversos desde que os mesmos estejam situados próximos ao

ponto ótimo.

1.4. Proposição de Tecnologia Inovadora

84

O desenvolvimento do sistema de tratamento foi balizado pela pesquisa de

anterioridades, revisão bibliográfica, informações qualitativas e quantitativas da

caracterização da fonte geradora e observações práticas em laboratório. O conjunto

de fatores apontaram para a falta de tecnologias que incluam em um mesmo

sistema características: modulares, autolimpantes, com controle de nível e

compactas.

O reator foi pensado de forma a integrar no mesmo sistema as etapas de

tratamento preliminar, primário e terciário. O sistema opera de modo contínuo com

o efluente sendo alimentado ao equipamento a partir de um equalizador. O primeiro

estágio do sistema consiste em um processo de gradeamento a fim de separar

materiais grosseiros. O gradeamento apresenta como diferencial o caráter

autolimpante promovido pelo sistema raspador (Figura 4.28).

Figura 4.28 – Sistema de tratamento composto por: 1-Calha de alimentação; 2 -

compartimento de sedimentação e flotação; 3 – Raspador; 4 – Reservatório de óleo; 5 -

segundo compartimento de sedimentação e flotação; 6 – fonte de corrente contínua; 7-

Raspador; 8 - Raspador; 9 – Reservatório de óleo; 10 - Peneira; 11 – Reservatório de água

clarificada;

85

O material que não é retido pela peneira alimenta o compartimento inferior onde

ocorre o processo de separação puramente física do óleo livre. Essa etapa

fundamenta-se na diferença de densidade entre sólidos solúveis (materiais

sedimentáveis), a água e óleos e graxas (material flotado). O óleo, menos denso

que a água, é separado naturalmente em função da sua imiscibilidade com

solventes polares. O material particulado, não separado no gradeamento, sofre o

processo de sedimentação em função da sua maior densidade em comparação

com o efluente líquido. O sistema de raspagem promove a transferência do óleo

livre flotado e dos sólidos grosseiro à câmara de armazenamento lateral cuja

entrada tem altura ajustável por meio de duas placas sobrepostas (Figura 4.29).

Figura 4.29 – Corte frontal do primeiro estágio de sedimentação caracterizado por: 1 – Fonte

corrente contínua; 2-Raspador; 3-Peneira; 4-Placas sobrepostas de ajuste de nível; 5-

Registro boia; 6-Motor; 7-Eixo do raspador da câmara de eletrocoagulação; 8-Corrente.

O efluente contendo emulsões é transferido à segunda etapa de sedimentação

e flotação por meio de uma tubulação com sistema de controle de nível de boia. A

válvula boia tem função de controlar a vazão entre as etapas do processo

impedindo o transbordo e o esgotamento dos níveis. A boia possui densidade

intermediária entre o óleo e a água de modo que para baixos níveis o sistema

impede a passagem do efluente à segunda câmara.

86

Da segunda etapa de sedimentação e flotação, o efluente é alimentado ao reator

eletrolítico por meio duas janelas, como mostrado na figura 4.30. A etapa de

eletrocoagulação, por sua vez promove a separação do óleo emulsionado presente

no resíduo. A disposição inclinada das placas foi escolhida levando-se em conta

dois aspectos: Primeiro, o fato de que a configuração de placas inclinadas, para

sistemas de separação de água e óleo, tem efeito de acelerar o processo em função

da promoção da coalescência das partículas de óleo emulsionadas. O segundo

aspecto considerado diz respeito à homogeneização do sistema. A configuração

inclinada tem efeito de promover o contato entre o coagulante produzido e o gás

hidrogênio produzido no processo acelerando ainda mais a aglutinação das

partículas.

Figura 4.30 – Corte frontal do compartimento de eletrocoagulação caraterizado por:

Raspadores (1, 2 e 3); Janelas de alimentação (4 e 5); Conjunto de placas inclinadas (9 e

10); Parede divisória entre meio reacional e compartimento de água clarificada (7 e 8);

Compartimento da água clarificada.

As partículas de óleo aglutinadas, por meio da ação das bolhas de hidrogênio

sofrem o processo de flotação retornando à parte superior da câmara de

eletrocoagulação onde são retiradas pela ação dos sistemas de raspagem. O óleo

separado nessa etapa é conduzido a um reservatório através de duas janelas,

representadas na figura 4.31.

87

Figura 4.31 – Corte lateral do equipamento caracterizado por: 1-Motor; 2-Corrente

transmissora; 3-Registro boia; 4-Primeira câmara de sedimentação e flotação; 5-Rapador

da primeira câmara de sedimentação; 6-Tubo de pvc; 7-Segunda câmara de sedimentação;

8-Janela de alimentação para câmara eletrolítica; 9-Raspadores da câmara eletrolítica; 10-

Compartimento eletrolítico; 11-Orifício de alimentação do reservatório da água clarificada;

12 – Janela de alimentação para o reservatório do óleo; 13-Reservatório do óleo; 14-

Reservatório da água clarificada; 15-Sistema de esgotamento da água clarificada; 16-

Sistema de esgotamento do óleo.

A água clarificada, por meio do processo eletrolítico, é então encaminhada

ao compartimento interno do sistema triangular, que é separado dos eletrodos por

meio das divisórias. A água clarificada é então armazenada em um reservatório

88

através do orifício. Ambos os reservatórios, de óleo e água são dotados de sistemas

de esgotamento para óleo e água respectivamente.

O conjunto de dispositivos garante ao Equipamento Modular Eletrolítico para

Tratamento de Efluentes (EMETE) características singulares como: caráter

modular, tratamentos integrados, capacidade autolimpante, baixo custo de

manutenção, processo contínuo, reservatórios de água e óleo integrados e sistema

para controle de nível.

Afim de verificar a possibilidade de proteção intelectual, é necessário

confrontar a presente invenção com as tecnologias precedentes de modo a

constatar suas vantagens, desvantagens e sobretudo seu caráter inovador.

1.5. Avaliação de requisitos de novidade e proteção intelectual

Segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual [OMPI]

propriedade intelectual pode ser definida como a soma dos direitos relativos às

obras literárias, artísticas e cientificas, às interpretações e execuções de artistas,

aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios

da atividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos

industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas

comerciais e denominações comercias, à proteção contra a concorrência desleal e

todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial,

cientifico, literário e artístico.

No mundo corporativo todas as expressões provenientes do intelecto

humano são passíveis de serem convertidas em propriedade privada e,

consequentemente, protegidas por lei por meio do sistema de propriedade

intelectual podendo ser comercializadas como bens imateriais ou intangíveis. A

difusão dos conceitos e a aplicação dos instrumentos de proteção da propriedade

intelectual se tornam fundamentais para empresas e indivíduos assegurarem que

suas criações alcancem o mercado e tenham retorno financeiro quando da

atividade de comercialização desses ativos. Além disso, dentro do atual cenário

econômico e de conhecimento, a propriedade intelectual legalmente protegida

transformou-se em um importante ativo para a competitividade das empresas que

desejam prosperar no mercado cada vez mais exigente. No entanto, para atingir

89

esse objetivo, a empresa deve saber como planejar a estratégia do negócio, como

proteger produtos atuais e futuros, gerando valor para sua capacidade inventiva.

O conceito de propriedade industrial na forma de patente é um mecanismo

de suma importância para a atividade econômica e proteção intelectual. Segundo

a Lei número 9.278 de 1996 é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de

novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Além disso, será patenteável

como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de

aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato

inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.

No caso dos tratamentos de efluentes de oficinas mecânicas e postos de

lavagem as patentes podem ser tanto de utilidade quanto de invenção. As patentes

de utilidade derivam de processos conhecidos e compreendem modificações

otimizadas dos processos já consagrados ou até mesmo uma nova disposição e

design de equipamento. As patentes de invenção compõem um processo inovador

e inédito.

Com o objetivo de tornar a caixa separadora de água e óleo mais eficiente,

compacta e econômica, Lopes (1996) propôs um equipamento MU 7400986-9

constituido por chicanas internas e placas coalescentes em ângulos de 45° que

asseguram a separação do óleo emulsionado como visto na figura 4.32.

Figura 4.32 - Caixa separadora de água e óleo.

90

De acordo com a descrição de Lopes (1996), o efluente líquido entra na caixa

por meio do cano em T (3), o defletor (6) permite que o óleo livre decante para a

região superior e que a água com óleo emulsionado migre para o compartimento

inferior (7). O óleo emulsionado é forçado a passar pelo elemento coalescente (11)

convertendo-se em óleo livre. O óleo livre decanta através da placa perfurada (9)

para o reservatório interno (15) enquanto o efluente depurado é retirado através do

vertedouro de saída (12). O modelo de utilidade descrito tem como sua principal

vantagem o caráter modular e a incorporação do elemento coalescente, que tem

como objetivo acelerar o processo de separação. Por outro lado, o modelo sugere

limitações quanto à limpeza, manutenção e robustez, sendo frágil a entupimentos

e sensível a variações bruscas de vazão.

Posteriormente Schimied (1997) reivindicou estação modular para separação

in loco de derivados de petróleo contido em efluentes industriais (PI 9404695-6)

constituída de 3 estágios distintos (Figura 4.33). O primeiro estágio a o efluente é

alimentado abaixo do nível do óleo de modo a facilitar a separação. A água e o óleo

que não emergirem são conduzidos através de um filtro coalescente cujo objetivo

é reter o óleo remanescente e deixar passar a água que é conduzida para a saída

da estação separadora. A alimentação para o filtro coalescente é controlada por

uma boia de densidade inferior à da água e superior ao do óleo. Esse equipamento

possui um sistema para controle de nível que minimiza problemas relacionados à

variação da vazão. Contudo tal equipamento não permite a coleta contínua do óleo

sendo necessário paradas periódicas para limpeza e manutenção.

91

Figura 4.33 – Estação modular para separação in loco de derivados de petróleo contido

em efluentes industriais.

A separação de óleo via caixas separadoras enfrenta três inconvenientes:

Baixa retirada de óleo livre, dificuldade de estocagem do óleo coletado e

necessidade de absorventes industriais quando o óleo se encontra em baixas

concentrações. Com o objetivo de minimizar essas objeções, Rocha (2007)

reivindicou um dispositivo auxiliar para separação de água e óleo PI 0506298-5. O

equipamento da figura 4.34 opera com base na diferença de densidade entre água

e óleo. Ainda, o modelo possui um suporte na parte superior (3) dotado de

perfurações com o objetivo de acondicionar o absorvente industrial. Esse suporte

é móvel e sua altura pode ser ajustada de acordo com o nível da camada de óleo.

O reservatório inferior foi dimensionado para a clarificação da água.

92

Figura 4.34 - Dispositivo auxiliar para separação de água e óleo

A patente de invenção descrita, contorna os problemas de limpeza e

manutenção. Contudo, insinua a dependência de tratamentos preliminares, visto

que não prevê a separação de sólidos grosseiros.

Outro modelo de utilidade que também faz uso do elemento coalescente é o

proposto por Cobra (2009) de numeração MU 8702187-0 e representado pela figura

4.35. Trata-se de um tanque cilíndrico com três compartimentos. Na primeira seção

há uma caixa responsável pela retirada do material grosseiro (8). Ainda na primeira

seção ocorre a separação do óleo livre que pode ser retirado com auxílio de uma

bomba manual (6). Na segunda seção ocorre a separação do óleo emulsionado

com o auxílio de um elemento coalescente de placas inclinado em um ângulo de

45°. O óleo separado na segunda seção também é retirado através da bomba

hidráulica manual. Por fim o líquido depurado é retirado na terceira seção pela

tubulação (10).

93

Figura 4.35 – Caixa separadora de água e óleo com bomba manual

A patente MU 8702187-0 apresenta alta sensibilidade a mudanças de vazão,

visto que não possui um sistema para o controle desta, necessidade de drenagem

manual, contato permanente entre a fase aquosa e a fase oleosa, sensibilidade a

mudanças bruscas de vazão e necessidade de paradas periódicas para coleta de

óleo.

Posteriormente, Júnior (2015) reivindicou uma nova configuração de caixa

separadora de água e óleo. O modelo de Utilidade a Configuração aplicada à caixa

separadora de água e óleo, executa a separação de água e óleo formatada em

caixa compacta MU 9002648-9, contendo placas coalescentes (12), placas de

pingo (13) com cesto de retenção de sólidos (03), que facilita a manutenção

dispõem de sistema coletor interno, com manopla de ajuste do nível do óleo (05c)

94

eliminando a necessidade de depósito de óleo externo, sistema de coleta de água

para inspeção (04), produto prático para construção em materiais diversos obtendo-

se assim as qualidades desejáveis. A patente implementa um reservatório

removível para coleta contínua do óleo. Entretanto, tal sistema apresenta

características de difícil manutenção, limpeza e baixa eficiência (Figura 4.36).

Figura 4.36 - Configuração de caixa separadora de água e óleo.

Apesar dos resultados de tratamentos com filtros coalescentes se mostrarem

promissores, esse tipo de tratamento não pode ser considerado como ideal e

definitivo. Pelo contrário, o uso de elementos coalescentes está sujeito à influência

de diversos parâmetros chaves. Os fatores de maior influência em filtros

coalescentes são forma, tamanho e geometria (Almarouf et al., 2015). Assim,

equipamentos que fundamentam seu princípio de funcionamento em outras leis

também ganham espaço. Um exemplo é a centrífuga continua de leito poroso

reivindicado pela patente PI 0517447-3. Esse equipamento opera continuamente

com capacidade de 500 L/h e uma rotação que pode ser variável de 4.600 a 6.600

rpm. Em testes comparativos a operação alcançou eficiência de remoção de 99,2%.

Em contrapartida, a utilização de um equipamento centrífugo pode não ser viável

em postos de lavagem de veículos e oficinas mecânicas.

A patente PI 0902272-4 A2 reivindicou um dispositivo modular filtrante,

esquematizado na figura 4.37 com o objetivo de separar o óleo emulsionado do

95

efluente aquoso. O funcionamento do dispositivo fundamenta-se na

desestabilização das cargas superficiais da emulsão pela passagem de uma

corrente elétrica. Aos serem desestabilizadas, as partículas emulsionadas iniciam

o processo de aproximação aglomerando-se em conjuntos maiores.

Figura 4.37 – Dispositivo modular filtrante para separação de água contaminada com óleo

O processo consiste em submeter o efluente líquido à uma corrente de 12 V

por meio de dois eletrodos envolvidos por um elemento filtrante. O efluente penetra

pela extremidade inferior entrando em contato com o elemento filtrante.

Instantaneamente, os materiais sólidos e gordurosos são atraídos pelos eletrodos

energizados de modo que o líquido permeado se encontra purificado. O inventor

defende ainda que para otimizar o processo e garantir a real purificação dois

elementos podem ser associados em série conforme a figura 4.38.

96

Figura 4.38 - Dispositivo modular filtrante para separação de água contaminada com óleo

associado em série

O dispositivo é compacto e apresenta alta eficiência na remoção de

emulsões. Por outro lado, tem como inconvenientes a baixa vida útil dos eletrodos,

visto sua geometria cilíndrica, a necessidade de troca constante do meio filtrante e

a possibilidade de entupimento. Ainda, por ser um dispositivo, sugere-se a

necessidade de ser utilizado como um suplemento ao processo de tratamento.

Das patentes descritas anteriormente, nenhuma garante a reutilização da

água uma vez que não atingem as condições necessárias para o reuso. Vários

inventores preocuparam-se em propor um processo que permitisse a recuperação

e a reciclagem da água no processo.

O tratamento reivindicado pela patente PI 9302190-9 A consiste em uma

série de etapas físico-químicas que promovem a separação do óleo e a clarificação

do efluente líquido. A figura 4.39 esquematiza o processo.

97

Figura 4.39 – Processo de reciclagem e recuperação de água.

O efluente gerado a partir do processo de lavagem (14) é recolhido através

da canaleta de escoamento (13) e segue para a caixa coletora (2). O resíduo é

bombeado por meio de uma bomba de transferência (3) para a caixa separadora

de óleo (6). Nessa etapa é adicionado ao efluente um produto químico que catalisa

o processo de decantação e ar comprimido para promover a separação. A mistura

segue para a caixa de decantação primária (7) e secundária (8). O óleo decantado

é retirado do processo pela saída de resíduos (15). A água segue para a etapa de

clarificação (10) que consiste em um filtro de carvão antacioso, areia e pedregulho.

O líquido clarificado segue então para o reservatório de água reciclada.

O processo proposto por Sampaio (1995) possui como desvantagem a

necessidade de utilizar produtos químicos para promover a separação dos

materiais graxos. Além disso, o processo ignora a necessidade de um tratamento

preliminar para retirada de materiais grosseiros, dessa forma o sistema pode

apresentar dificuldades operacionais.

Visando simplificar o processo e excluir o consumo de produtos químicos

Margato (2008) reivindicou um equipamento PI 0800310-6 A que promove a

purificação do efluente industrial com base apenas em princípios físicos figura 4.40.

98

Figura 4.40 - Processo de reciclagem e recuperação de água com base em princípios

físicos

O efluente líquido entra no sistema pela caixa de retenção de sólidos

grosseiros (3). Nessa etapa, o material grosseiro é retido pela grade de separação

(4) e retirado por raspadores automatizados acionados periodicamente. O líquido

segue para as etapas de sedimentação (1), (5), (6) e (7) onde o óleo livre irá

sedimentar. Posteriormente, o líquido contendo material emulsionado segue para a

99

etapa de filtração com pedra brita. O líquido purificado é então encaminhado para

o reservatório (9). O óleo separado nas etapas (1), (5), (6) e (7) são retirados pelas

canaletas (11) e seguem para o tanque de retenção (13).

Outra invenção que se ocupa com a purificação e a reutilização da água de

lavagem é a patente de número PI0802871-0 A2 proposta por Zaneti et al (2010).

O tratamento, representado pela figura 4.41 consiste em um tratamento

floculação/flotação.

Figura 4.41 – Tratamento de efluentes utilizando floculação/flotação.

O processo inicia-se com a equalização do efluente em um tanque de

armazenamento (1). Em seguida o liquido é bombeado (2) até a etapa de floculação

hidráulica (5) onde receberá a adição de produtos químicos. Posteriormente, o

efluente passará pela etapa de flotação em uma coluna especial (9). Esse processo

garante a recuperação de 67% da água utilizada, no entanto, exige uma etapa de

filtração em areia para garantir a qualidade da água para reuso. (Zaneti et al, 2011)

A patente de número BR 1 O 2013 003010-4 A2, reivindicada por Zeppini et

al (2013) também tem como objetivo a reutilização da água de lavagem de veículos

e da agua utilizada em oficinas mecânicas. O sistema, representado pela figura

4.42, recebe a água da lavagem (100) e eventualmente da manutenção de veículos

(101). O efluente segue para a separação do óleo livre sob processo físico (10). O

óleo é coletado e encaminhado para re-refino enquanto o efluente bruto (EB) segue

para a eletrocoagulação (20) que visa retirar o óleo emulsionado. O processo (40)

tem como objetivo tratar o lodo gerado pela etapa de eletrofloculação. O efluente

100

líquido passa ainda pela etapa de filtragem em areia (30) e segue para o tanque de

mistura onde será misturado à água da chuva ou da rede pública.

Figura 4.42 – Tratamento de efluentes de oficinas mecânicas utilizando eletrocoagulação

O processo garante a recuperação de 85% da água utilizada nos processos

de limpeza. Entretanto, não possui nenhuma etapa que se ocupe com a retirada de

sólidos grosseiros, o que pode gerar sérios inconvenientes.

Assim, comparativamente, as patentes descritas apresentam limitações com

relação ao EMETE projetado. Além disso, constata-se através da análise das

patentes apresentadas que o EMETE possui características inovadoras e

diferenciadas dos demais equipamentos descritos. Dessa forma, o projeto se

encontra apto ao processo de proteção intelectual.

101

5. CONCLUSÃO

A caracterização da fonte geradora revelou que os estabelecimentos os

estabelecimentos consultados na região urbana do município de Toledo/PR geram

efluentes com composições qualitativamente semelhantes, sendo que a

composição quantitativa varia de acordo com a atividade e capacidade do

estabelecimento. Observou-se, também, uma maior geração de resíduos líquidos

em estabelecimentos de lavagem, comparativamente aos postos de combustíveis

e às oficinas mecânicas, cuja geração fica ligeiramente superior a 10 m³/mês.

Diante da relevância do tema, verificou-se um baixo número de trabalhos

científicos na forma de artigos sobre o assunto, cerca de 99 trabalhos foram

catalogados através das bases analisadas. Contudo, o número de patentes de

classes B01 e C02F levantadas supera o número de trabalhos escritos. Esse

resultado aponta para um maior interesse prático sobre a questão.

Dentre as condições testadas durante o planejamento experimental, foi

observado uma predominância do pH sobre os demais parâmetros operacionais

nas três respostas avaliadas. Ainda, de maneira geral, o processo é favorecido em

pH alcalino, sobretudo na remoção de DQO onde foi alcançada eficiência de

remoção de 93,5%. No caso da cor e da turbidez, as maiores eficiências foram

observadas nas condições de neutralidade do meio, apresentando valores máximo

de 99,71% e 99,75% para a cor e turbidez respectivamente.

Com base nas etapas precedentes constatou-se a necessidade de se

desenvolver um sistema modular, compacto, eficiente e de baixo custo operacional,

de implantação e manutenção. Assim, projetou-se um equipamento, para atender

aos critérios desejados, constituído de quatro etapas: gradeamento, dois estágios

de sedimentação e um estágio de eletrocoagulação. O equipamento foi projetado

também com sistema de coleta de óleo e reservatórios acoplados para garantir sua

operação contínua minimizando as paradas para descarga.

O sistema proposto para o tratamento dos efluentes oleosos provenientes de

oficinas mecânicas, postos de lavagem e postos de combustíveis, por meio de

processo eletrocoagulação, devido as suas características, as quais são

diferenciadas dos sistemas convencionais, configura-se como um método inovador,

o qual resultou em um pedido de patente.

102

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110

ANEXO I - Questionário

Nome:

Endereço:

Telefone:

Gerente:

Tipo de serviços prestados

Posto de combustível

Mecânica

Elétrica

Mecânica e elétrica

Funilaria e pintura

Escapamente

Freios

Lavagem de veículos

Outras

Quais?

Abastecimento e uso de água

Consumo médio ao mês Fonte de abastecimento

Principais usos de água Rede pública

Lavagem de carro Poço artesiano

Lavagem do imóvel Poço escavado

Lavagen de equipamentos e peças Outras/Quais?

Outros/Quais?

Principais produtos utilizados na atividade

Produto Quantidade (ml/L de água)

Informações gerais de serviço

111

Quantidade de veículos atendidos por dia

Tipo de veículos atendidos

Automóvel

Caminhão

Motocicleta

Máquina?Implementos agrícolas

Outros:

Executa a troca de óleo? Sim Não

Qual o destino do óleo coletado? Vendido Doado

Outro destino/qual?

Equipamentos de Tratamento de Efluentes

Quanto ao sistema de tratamento de efluentes, estão presentes na

atividade os seguintes dispositivos.

Caixa separadora de óleos e graxas;

Tanque de acúmulo de águas

Caixa de Areia

Fossa séptica e sumidouros

Outros. Quais?

Corpo receptor (local de despejo) dos esgotos e outros efluentes

Rede pública pluvial

Córrego ou outro manancial

Nome do córrego

Observação

ANEXO II

Gráfico de Valores Preditos vs Valores Observados para Cor Aparente

112

Gráfico de Resíduos vs Valores Preditos para Cor Aparente

TURBIDEZ

Gráfico de Valores Preditos vs Valores Observados para Turbidez

113

Gráfico de Resíduos vs Valores Preditos para Turbidez

Gráfico de Valores Preditos vs Valores Observados para DQO

114

Gráfico de Resíduos vs Valores Preditos para DQO