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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 JUCILEIDE ALVES DA SILVA A CONTRIBUIÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES ALFABETIZADORES NO MUNICÍPIO DE ELÍSIO MEDRADO Salvador-BA Janeiro-2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

JUCILEIDE ALVES DA SILVA

A CONTRIBUIÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A

PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES ALFABETIZADORES NO MUNICÍPIO DE ELÍSIO MEDRADO

Salvador-BA Janeiro-2016

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JUCILEIDE ALVES DA SILVA

A CONTRIBUIÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A

PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES ALFABETIZADORES NO MUNICÍPIO DE ELÍSIO MEDRADO

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientadora: Profª. Esp. Carla Alessandra Spinola da Silva Santos

Salvador-BA Janeiro-2016

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JUCILEIDE ALVES DA SILVA

A CONTRIBUIÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A PRÁTICA

PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES ALFABETIZADORES NO MUNICÍPIO DE

ELISIO MEDRADO

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de

Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de

Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

3

Dedico este estudo a todos os que, direta ou indiretamente, contribuíram,

acreditaram, depositando sua confiança em mais essa trajetória da minha vida.

4

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder mais este privilégio, sem Ele não seria possível.

A meu pai por ter me guiado, incentivado no caminho do estudo.

A meus filhos e esposo, pela compreensão.

A minha orientadora, Profª. Esp.Carla Alessandra Spinola da Silva Santos, pela

paciência e competência.

À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por

levarem a cabo esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos

como eu.

5

“Não há ensino de qualidade, nem reforma educativa,

nem renovação pedagógica, sem uma adequada formação de

professores” (Nóvoa, 1992, p.17).

6

SILVA, Jucileide Alves da. A contribuição da Formação Continuada para a

Prática Pedagógica dos Professores Alfabetizadores do Município de Elísio

Medrado. 2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de

Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

A formação continuada de professores é indispensável para promover uma educação de qualidade em nosso município. É ela que vai embasar o professor alfabetizador e auxilia-lo na concretização da prática pedagógica, com isso, promover a aprendizagem das crianças dos anos iniciais, levando à aquisição dos conhecimentos necessários da fase em que se encontram. Diante dos resultados que apontam o baixo rendimento escolar nas séries iniciais, faz-se essencial que a escola promova nos seus espaços, formação continuada para seus professores. Esta deve investir numa formação intensa de seus docentes, contribuindo desta forma, para o avanço na qualidade do ensino que está sendo ofertado. A formação continuada almeja enriquecer a prática pedagógica e melhorar o ensino aprendizagem por meio, da reflexão/ação expressa na prática pedagógica dos alfabetizadores. Esta pesquisa pretende confirmar a hipótese de que a formação continuada pode contribuir para auxiliar na prática pedagógica do professor alfabetizador bem como destacar que, com educadores mais preparados, a escola poderá desempenhar bem o seu papel e, assim, diminuir o baixo rendimento escolar dos alunos nas séries iniciais do município.

Palavras-chave: Formação continuada, prática pedagógica, e professor

alfabetizador.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Cronograma 27

Quadro 2 Primeira pergunta da entrevista aos professores 31

Quadro 3 Segunda pergunta da entrevista aos professores 31

Quadro 4 Terceira pergunta da entrevista aos professores 32

Quadro 5 Quarta pergunta da entrevista aos professores 33

Quadro 6 Quinta pergunta da entrevista aos professores 33

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

P Professor

PPP Projeto Político Pedagógico

UFBA Universidade Federal da Bahia

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 10

2. MEMORIAL.......................................................................................... 12

2.1 VIDA ACADÊMICA .................................................................. 12

2.2 VIDA PROFISSIONAL ............................................................. 14

2.3 EXPECTATIVAS ...................................................................... 15

3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................... 17

3.1 A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO CONTINUADA .................... 17

3.2 DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA .......................... 18

3.3 A FORMAÇÃO CONTINUADA EM ELÍSIO MEDRADO.......... 20

4. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ......................................................... 22

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR ....................... 22

4.2 DIAGNÓSTICO DA INSTITUIÇÃO .......................................... 23

4.3 OBJETIVOS DA PROPOSTA .................................................. 24

4.4 METODOLOGIA ...................................................................... 24

4.4.1 Coleta de dados .......................................................... 24

4.4.2 Análise de dados .......................................................... 25

4.5 AVALIAÇÃO ............................................................................. 25

4.6 RESULTADOS ......................................................................... 25

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 35

REFERÊNCIAS .................................................................................... 36

APÊNDICE ........................................................................................... 38

ANEXO ................................................................................................. 39

10

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos séculos, as economias vêm sendo marcadas por um acelerado

processo de mudanças estruturais. Destaca-se, por exemplo, o constante

incremento tecnológico, o qual exige dos trabalhadores uma busca constante pela

qualificação profissional. Essa situação é ainda mais relevante quando se trata da

área educacional, sobretudo em tempos de necessárias reformas no sistema de

ensino.

Por serem os professores os profissionais mais diretamente ligados aos

processos da aprendizagem escolar, quase sempre são eles apontados pela

sociedade como os principais responsáveis pela qualidade de ensino. Entretanto,

não pode haver avanços na educação sem que haja, na mesma medida, melhorias

nas condições de vida, trabalho, salário e formação desses profissionais.

Diversos setores da educação têm promovido mobilizações a favor de uma

maior qualidade educacional no Brasil. Entretanto, apesar disso, ainda não houve

melhorias significativas nos sistemas de ensino das escolas públicas. No entanto,

pesquisadores insistem incansavelmente em buscar medidas para superar as

dificuldades vivenciadas pelos educadores no processo de ensino-aprendizagem.

Dentro desse contexto, a formação continuada destaca-se como um

caminho oportuno e necessário, capaz de contribuir positivamente para a prática

pedagógica desenvolvida na sala de aula. O trabalho realizado por um profissional

que busca na formação continuada um suporte para o seu próprio aprendizado,

pode provocar resultados significativos na aprendizagem dos estudantes. Entretanto,

é possível considerar que os benefícios da formação não se limitam aos educandos,

uma vez que, atrelados a ela, estão os benefícios para o próprio profissional, como

maior aprimoramento e autonomia.

Igualmente, vale ressaltar que, ao passo que proporciona momentos de

aprendizado, reflexão e atualização de conhecimentos, a formação continuada pode

também tornar-se infrutífera. Isso se deve ao fato de que toda e qualquer formação

só refletirá numa prática pedagógica com qualidade se esta for teorizada e,

principalmente, aplicada na prática de forma competente e responsável.

Dessa forma, o objetivo deste projeto vivencial é compreender como ocorre

a formação continuada dos professores que atuam na alfabetização do município de

Elísio Medrado e qual a contribuição desse processo na prática pedagógica destes

11

profissionais. Para isso, foram realizadas pesquisas de campo e bibliográfica, com

posteriores análises dos dados coletados. O estudo foi embasado por alguns

teóricos e autores da área, como Freire, Fusari, Perrenoud, Fontana, Lima, entre

outros.

O Projeto Vivencial apresenta-se estruturado com: memorial sobre minha

vida acadêmica, profissional e pessoal, mostrando a ligação entre o objeto que foi

escolhido para estudo, revisão de literatura, onde contamos com importantes

teóricos que deram suporte à pesquisa e proporcionaram uma maior compreensão

do tema abordado, proposta de intervenção, que parte de momentos de reflexão

sobre a prática pedagógica dos professores alfabetizadores e busca contribuir para

melhorar a qualidade do ensino no município de Elísio Medrado, finalmente, as

considerações finais, referindo-se a possíveis ações a serem desenvolvidas.

Foram realizadas entrevistas com os professores alfabetizadores que

participam de formação continuada no município, através do Pacto Bahia e PNAIC

(Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa). Estes professores lecionam nas

classes de alfabetização da Escola de Tempo Integral Gisélia Miranda Leite.

Após as análises dos dados coletados, foi possível perceber que a formação

contribui positivamente para a melhoria da pratica pedagógica, entretanto, há uma

necessidade de intensificar as formações, principalmente no espaço escolar. Assim,

espera-se que, com a intensificação das ações de formação continuada no

município, a prática pedagógica dos professores possa melhorar significativamente,

possibilitando mais qualidade no processo inicial da aquisição da leitura e escrita

das crianças. Segundo Freire (1996), “é pensando criticamente a prática de hoje ou

de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.

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2. MEMORIAL

Nasci no município de Serrolândia, sertão da Bahia, no dia 11 de fevereiro

de 1973 às três horas da tarde. Tenho muito orgulho de ser sertaneja e apesar de

não ter crescido lá, carrego na memória muitas lembranças das visitas na casa dos

meus avós na sede e na roça.

O presente memorial tem como alvo a compreensão da importância da

formação continuada para a melhoria da prática pedagógica, através do

desenvolvimento de intervenções inovadoras, capazes de despertar o professor

pesquisador que existe dentro de cada um dos profissionais que atuam no Ensino

Fundamental I, seja na função de coordenador, seja na função de educador.

2.1 VIDA ACADÊMICA.

Sou educadora há 24 anos, e posso dizer que sempre amei a educação. O

despertar das crianças para a leitura sempre me encantou e alegrou o meu coração.

Meu maior presente é ver as crianças lendo e escrevendo com autonomia e

criatividade, fazendo a leitura do mundo, compreendendo a função da escrita para a

sua vida. Ainda hoje encontro com muitos dos meus queridos alunos e todos muito

bem relacionados e bem formados nas diversas áreas, poucos são professores hoje.

Memoriar significa muito para mim, pois, me remete à busca de lembranças e

a reviver emoções, alegrias e tristezas que fazem parte do meu caminhar durante

todos os anos da minha vida profissional. Tudo que já passei até hoje daria um livro,

me considero forte, uma sertaneja forte que sente a pele queimar pelo sol do meu

sertão, muito embora algumas pessoas que olham para mim me achem fraca,

enganam-se e muito, já enfrentei muitas barreiras, principalmente, no estudo para

chegar até aqui.

Sou filha de pai analfabeto e o meu incentivo para amar a leitura veio dele,

mesmo sem saber ler, comprava livros para mim, devo a meu querido pai tudo o que

sou. Morei em algumas cidades da Bahia, fui crescendo e não pensava em ser

professora, brincava no fundo do quintal imitando a minha professora, mas desejava

ser bancária. Mudando de cidade fui obrigada a mudar de sonho, pois onde fui

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morar só podia ser mesmo professora, trabalhava durante o dia e estudava à noite.

Consegui me formar em Magistério em 1991.

Em 2002 estudei em um cursinho pré-vestibular na cidade de Feira de

Santana e em 2003 engravidei. Prestes a ter a criança, fiz a prova do Enem, passei

e realizei meu sonho de cursar Normal Superior. Com muita dificuldade, entrei na

Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, também em Feira de Santana e ainda

não satisfeita, queria cursar Pedagogia mesmo, então estudei mais um ano e

consegui o Diploma de Normal Superior e Pedagogia. Estudava e trabalhava. No

entanto, quando me formei não aceitei usar o anel de formatura, porque acreditava

que não tinha adquirido conhecimento suficiente para ensinar a outros. Ficava

fascinada em compreender acerca da aprendizagem dos alunos.

Em 2006, ainda na faculdade, tive que interromper por algum tempo os

estudos por conta de uma grave enfermidade que acometeu meu esposo. Ele

realizou duas neurocirurgias para retirada de um tumor, e juntos, eu, uma criança de

dois anos e meu esposo, lutamos contra esse momento tão difícil e vencemos.

Retornei para a cidade onde sempre morei e viajava toda semana para Feira de

Santana para concluir os estudos, com muito esforço e ainda gestante do segundo

filho consegui vencer as barreiras.

Sempre quis fazer faculdade acreditando que a mesma me capacitaria para

exercer a função de professora com mais qualidade. O caminho acadêmico tem me

oportunizado a buscar um conhecimento cada vez mais profundo e significativo, pois

acredito que uma criança desfavorecida, mesmo de pouquíssimos recursos, pode

chegar aonde deseja, apesar das barreiras impostas pela sociedade. Mesmo sendo

uma simples professora que ama o que faz, sou prova de que isso é possível. Na

Faculdade tive a oportunidade de compreender melhor como acontece à

aprendizagem da criança e como posso contribuir para que verdadeiramente

aconteça.

Por estar em constante busca pelos estudos, objetivando melhorar a prática

pedagógica e entender como acontece o processo de aprendizagem com as

crianças, o CECOP foi uma ótima oportunidade que surgiu na minha vida, foi um

presente precioso que ganhei. Não me considerava capacitada para realizar o curso

e questionava sempre como veio parar em minhas mãos, tanto que para o nosso

município não tinha vaga e a oportunidade seria para cursar em Itacaré a 5 horas do

nosso município. Não desisti, fui para a aula inaugural e lá conversamos sobre a

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possibilidade de mudar de polo, que seria Cruz das Almas e o pedido foi atendido. Vi

como uma oportunidade de não desistir do curso, seria uma honra participar do

mesmo e através dele responder a tantas perguntas que se passam pela mente,

pois é excelente aprender e poder aplicar com capacidade.

2.2 VIDA PROFISSIONAL

Em 1991, por ter obtido boa nota no estágio, fui convidada a ensinar numa

escolinha particular por nome Escola Paraíso Infantil, em 1992. Nessa escola

trabalhei por dois anos como professores e de 1994 a 2001 ensinei e atuei como

Coordenadora voluntária na escola Centro Educacional Batista da 1ª Igreja Batista,

sendo as duas situadas no município de Elísio Medrado.

Trabalhava numa creche como estagiária e logo após fui para uma escola

particular por nome Thaiane Pinheiro, onde por três anos lecionei no ensino

fundamental I.

Continuei na educação no Ensino fundamental I por mais alguns anos e com

outras funções como secretária escolar e secretária do serviço militar. Ensinei na

creche por dois anos, depois fui para o ensino médio com Coordenação de Estágio

Supervisionado e algumas metodologias da Alfabetização, além da Oficina de

Letramento, ambas por dois anos. Atuei também na coordenação do 1º ano por dois

anos.

Nunca foi fácil desenvolver e dar conta de tantas tarefas ao mesmo tempo e,

em 2012 iniciei no curso de Psicopedagogia Clinica e Institucional com o objetivo de

aprender um pouco mais. Sempre estive em sala de aula e atualmente estou desde

2011 como Orientadora de Estudos do PACTO e continuo na sala de aula,

lecionando no 5º ano do Ensino Fundamental.

Como coordenadora, considero o memorial de suma importância na

trajetória como mediador de aprendizagem, onde posso rever os erros e acertos e

contribuir para um trabalho desenvolvido com amor e responsabilidade. Aprendi a

amar o que faço e acredito que a vontade de ser professora sempre esteve

escondida dentro de mim. Ajudar as crianças a enxergar um mundo melhor, apesar

da realidade cruel em que vivem e sinalizar o contrário, aprendi como professora,

pois tenho pouco tempo como coordenadora. Na coordenação, por sua vez, aprendi

15

a usar o poder da palavra para criar esperanças de um mundo melhor, motivar a

acreditar que depende de nós e tudo é possível. Incentivar e acompanhar a prática

pedagógica dos professores é fundamental para auxiliarmos a refletir sobre a

mesma e procurar melhorá-la sempre.

2.3 EXPECTATIVAS

Desejo, através do CECOP, aplicar o projeto vivencial e comprovar que

através da pesquisa podemos pelo menos minimizar muitos problemas que a escola

tem enfrentado nos dias atuais. Sempre me inquietava com relação ao tempo,

precisava estudar mais e mais para compreender melhor e melhorar a prática

pedagógica através do acompanhamento. Como estou, a quatro anos trabalhando

no município com o Pacto e por ter vivenciado algumas experiências com o mesmo,

penso que o estudo do CECOP vai me ajudar a responder algumas perguntas para

o meu PV.

Uma das experiências que ficou marcada na minha memória aconteceu em

uma classe de 1º ano da Escola de 1º grau José da Silva Nunes em Elísio Medrado,

como Orientadora de Estudos do Pacto a Formação de professores no município.

Realizando, na época, o acompanhamento em sala de aula, uma aluna chamou a

minha atenção no início do ano. Muito carente de recursos financeiros, não sei se

esta palavra descreve na realidade as suas necessidades, pertencente a uma

família grande e muito pobre, suas condições não eram nada boas. O que me

deixou encantada foi que, na dinâmica do programa, essa menina que em casa não

tinha acesso a livros, de repente despertou para a leitura e escrita. Surgiu, assim, no

meio de dificuldades, uma aluna que desenvolveu o gosto pela leitura. Ao registrar a

aluna lendo seu livro de literatura, um filme se passou em minha mente e jamais

esquecerei. Fiquei muito emocionada, pois recordei a minha infância e as minhas

dificuldades.

Alcancei meu objetivo quando percebi o programa encurtando distâncias

sociais entre as escolas públicas e os estabelecimentos privados de educação. A

partir do momento em que recursos literários são oferecidos, nossos alunos vão se

familiarizando com o material e sem as políticas públicas do programa seria muito

difícil o acesso ao acervo de leitura hoje disponibilizado. A família da educanda

16

citada acima não dispunha das mínimas condições financeiras, principalmente para

comprar-lhe um livro. Isso só veio fortalecer o nosso desejo de continuar

incentivando nossos professores nas suas conquistas no dia-a-dia da sala de aula,

ajudando nossos alunos a superar as dificuldades, apesar das condições em que

vivem.

O contato das crianças com o mundo da escrita é gratificante para qualquer

professor que ama alfabetizar. Sei que para uma escola conseguir melhorar sua

qualidade de ensino, vários fatores devem ser levados em consideração, como o

envolvimento das famílias, a formação docente, o compromisso de todos os

envolvidos com a aprendizagem e unir tudo isso não é nada fácil. Entretanto,

acredito que é possível e quando surgem experiências como essa, a esperança se

renove dentro de mim. Gostaria de me dedicar exclusivamente ao estudo sobre

alfabetização e sonho em alcançar esse desejo.

Segundo a Fundação Lemann “Alunos pobres, se garantidas as condições

para o aprendizado, têm, sim, todo o potencial e a capacidade para superar essas

desvantagens e apresentar resultados que indicam um aprendizado de alta

qualidade. Quando isso acontece, a Educação cumpre plenamente seu papel

transformador, interferindo no futuro dessas crianças e criando condições para que

adquiram competências importantes”.

Pretendo continuar como educadora e pesquisadora, desenvolver outros

trabalhos, se possível publicar resultados e continuar a exercer a atividade que

gosto muito de fazer:

17

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO CONTINUADA Na sociedade contemporânea, o exercício da profissão docente é muito mais

desafiador do que era há tempos atrás. As transformações nos campos político,

econômico e, sobretudo, tecnológico demandam pessoas cada vez mais

capacitadas humana e profissionalmente para atuar nas mais diversas áreas do

conhecimento (FONTANA; FÁVERO, 2013). A globalização, por exemplo, tem

facilitado o acesso às novas tecnologias ou, às chamadas Tecnologias da

Informação e da Comunicação (TIC), que se fazem cada vez mais presentes na

sociedade, inclusive, dentro da escola.

O papel da educação, nesse contexto, é importante para a construção de

uma sociedade melhor e mais digna e os educadores têm uma participação

significativa neste processo. Concordar com FREIRE (1996), quando diz que a

educação é uma forma de intervenção no mundo, é assumir também que esta atua

como um elo entre os indivíduos da sociedade e os valores de cada tempo.

SÂNCHEZ (2012), por sua vez, defende que:

A exclusão social ou a pobreza reforçam a necessidade de uma educação ao longo da vida como investimento no capital humano e princípio ativo para a economia e a inclusão social dos cidadãos, a qual exige o direito á educação permanente para todos.

É necessário, portanto, desenvolver estratégias rápidas para que o sistema

de ensino acompanhe esse processo de mudanças, o que trará muitos benefícios

para a educação. As ideias e propostas para essa adaptação são inúmeras,

passando pelos mais básicos como a ampliação de recursos e a valorização dos

docentes até os mais inovadores, como a criação de indicadores avaliativos e o

investimento na produção audiovisual. No entanto, segundo Cardoso & Cardoso

(2016), dentre tantas propostas de melhorias do sistema de ensino, a formação

continuada de professores tem sido o eixo central das discussões e vem ocupando

lugar de destaque tanto nas políticas públicas quanto na pesquisa.

Nesse contexto de análises, é imprescindível debater a formação dos

profissionais da educação no cotidiano da Escola. Para FUSARI (1996), isso

significa colocar realidade no contexto mais amplo da democratização do ensino e

18

da própria sociedade brasileira. Dessa forma, a formação do educador será tida

como um meio e não como um fim em si.

Embora seja possível assumir os programas de formação como uma

oportunidade para o profissional da educação melhor atuar no seu espaço de

trabalho, é preciso entender que a mudança é um processo complexo. A adaptação

do professor às novas práticas pedagógicas acontece a partir de uma transformação

lenta e gradual, afinal, trata-se de uma cautelosa reorganização de sua didática.

Acerca disso, FUSARI (1996), comenta que:

A competência docente é, portanto, uma elaboração histórica continuada. Um eterno processo de desenvolvimento, no qual o educador, no cotidiano do seu trabalho, no exercício consciente de sua prática social pedagógica, vai revendo, criticamente, analisando e reorientando sua competência ("saber fazer bem"), de acordo com as exigências do momento histórico, do trabalho pedagógico e dos seus compromissos sociais, enquanto cidadão - profissional - educador.

As mudanças provocadas pela formação continuada, apesar de graduais,

podem garantir melhorias que, inclusive, ultrapassam a sala de aula. A educação,

deve se comprometer em formar cidadãos, mostrando a função social da escola e

seu papel na sociedade em que estão inseridos. Na medida em que os

conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade são democratizados

para todos pela educação escolar, com qualidade e quantidade, esta cumpre seu

papel de instrumentalizar o sujeito para o exercício consciente da cidadania

(SAVIANI, 1996).

Como afirma FREIRE (2006), “no fundo, o essencial nas relações entre

educador e educando, entre autoridade e liberdade, entre pais, mãe e filhos e filhas

é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia”. Esta é uma fala

de grande sabedoria e impacto, pois é apenas o ensino de qualidade que promove

no educando a autonomia necessária à vida, tornando-o apto a enfrentar as

dificuldades do cotidiano.

3.2 DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA O ensino público no Brasil vem, historicamente, lutando contra a situação de

precarização e descaso com a educação. Grande parte dos problemas sociais,

19

ambientais, políticos e econômicos da sociedade recaem sobre a escola, de maneira

histórica e cultural, assim como destaca Morratti (2006):

Explicada como problema decorrente, ora do método de ensino, ora do aluno, ora do professor, ora do sistema escolar, ora das condições sociais, ora de políticas públicas, a recorrência dessas dificuldades de a escola dar conta de sua tarefa histórica fundamental não é, porém, exclusiva de nossa época.

A partir dessa análise, compreende-se que um problema histórico e cultural

requer também uma solução pensada nesses moldes. O processo de aprendizagem,

assim, será facilitado se as estratégias utilizadas seguirem a evolução da

experiência cultural do indivíduo. Segundo Elvira (2003), a aprendizagem como

processo precisa se adequar ao desenvolvimento das formas de pensamento e das

formas culturais de ação e uso de instrumentos culturais do educando.

Diante de complexos desafios, aos quais não se pode desviar, corrobora-se

a função especial do preparo do professor na promoção da aprendizagem dos

alunos. Todo e qualquer estudante pode desenvolver sua aprendizagem, criatividade

e autonomia, mas não em qualquer situação (ELVIRA, 2003). Isso significa que a

formação continuada deve ser capaz de ajudar cada educador a criar suas próprias

estratégias mediante a necessidade dos seus alunos.

Nessa perspectiva, são inúmeros os obstáculos a ser superados para se

atingir a qualidade de ensino tão almejada. Segundo Nóvoa (2001), “manter-se

atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas

pedagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios da profissão de

educador”. De fato, no que tange à formação continuada, o maior desafio é fazer

com que o professor não se acomode e esta aconteça com a qualidade necessária e

proporcione a reflexão do exercício pessoal.

A partir daí, ainda há a necessidade do exercício de colocar em prática

ações concretas que promovam as mudanças necessárias em prol da educação de

qualidade, que é direito dos educandos (ALTENFELDER, 2005; GIORDAN et al;

2014.). A relação entre a teoria e a prática é o detalhe que mais agrega qualidade e

auxilia o sucesso do processo de formação continuada do professor. Encurtar a

distância entre o conhecimento adquirido e a aplicação concreta deste na sala de

aula é um objetivo circundado de entraves e dificuldades.

20

Antes de tudo, a própria implantação da formação continuada nos

municípios apresenta embates que devem ser superados. De acordo com a LDB, no

inciso III, do art. 63, as instituições formativas deverão manter “programas de

formação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis”, além

de estabelecer no inciso II, art. 67, que “os sistemas de ensino deverão promover

aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico

remunerado para esse fim”.

3.3 FORMAÇÃO CONTINUADA EM ELÍSIO MEDRADO O município de Elísio Medrado, almejando contemplar uma educação de

melhor qualidade, aderiu, em 2011, ao programa de formação continuada Pacto

Estadual e PNAIC (Pacto pela Alfabetização na Idade Certa). A adesão foi

importante para melhorar a prática pedagógica dos professores alfabetizadores que

pertencem à rede municipal. O programa contribui não apenas para a melhoria da

qualidade da educação básica oferecida, mas também à política de formação que o

município tem proposto em outras áreas.

A formação continuada no município acontece mensalmente, centrado em

temas relacionados à alfabetização e letramento das crianças. Inicialmente são

realizados momentos de aprofundamento teórico que proporcionam ao educador

fazer uso do exercício de reflexão da sua própria prática pedagógica. Além disso, há

ainda a rede de experiências, quando acontece a socialização dos trabalhos

aplicados em sala de aula após as formações. Em seguida, se realiza

acompanhamento às classes de alfabetização com o intuito de auxiliar o professor,

esclarecendo dúvidas relativas à aprendizagem dos alunos.

O programa tem contribuído para a melhoria da prática pedagógica nas

classes de alfabetização, mas ainda precisa que o município continue intensificando

o processo de formação nos espaços escolares. São perceptíveis as mudanças de

postura de alguns professores mediante a participação nas formações continuadas,

que têm proporcionado conquistas tímidas, mas constantes em suas práticas

pedagógicas.

Muitas dificuldades de leitura e escrita dos alunos são detectadas nas

classes de alfabetização, mesmo o professor participando das formações e tendo

21

conhecimento de teorias que podem auxiliá-lo na resolução dessas situações de

leitura e escrita das crianças. Embora o profissional deva rever sua prática

pedagógica, a autonomia se faz indispensável em casos especiais, pois a busca por

soluções perpassa os campos da criatividade e inovação de cada profissional.

Vale ressaltar que a formação continuada de professores não vai resolver a

situação da qualidade da educação em Elísio Medrado ou em qualquer outro

município. Ela entra como uma possibilidade possível de proporcionar aos

educadores uma contribuição para ajudar a melhorar o fazer pedagógico, mediante

a reflexão constante da sua prática pedagógica. Educando a sociedade em si, é

possível melhorar as condições de aprendizagem de maneira a contribuir para a

formação de cidadãos mais atuante em sociedade. Para essa difícil e brilhante

missão, estar preparado para desenvolver seu papel em sala de aula é fundamental.

22

4. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A Proposta de Intervenção tem por objetivo geral compreender como ocorre

a formação continuada dos professores que atuam na alfabetização do município de

Elísio Medrado e qual a contribuição desse processo na prática pedagógica do

professor. Pensando assim, surge a implantação de medidas possíveis que venham

a provocar um envolvimento não só dos professores, mas de toda comunidade

escolar.

Mesmo a formação continuada contribuindo significativamente para a prática

pedagógica dos professores, surge a necessidade de intensificar, no âmbito da

própria escola, os espaços de estudos, reflexão e ação no cotidiano escolar. O

objetivo é promover discussão e aprofundamento teórico, a fim de garantir uma

melhoria no processo de alfabetização.

4.1 A CTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR

A Escola Municipal de Tempo Integral Gisélia Miranda Leite, cujo nome foi

em homenagem à primeira professora do município, teve seu registro no Ministério

da Educação em 16 de março de 1982, e foi regulamentada no mês de outubro do

mesmo ano, com o INEP 29093112, código 09458 e portaria 2984. Encontra-se

localizada na Rua Nossa Senhora de Fátima s/n, no Município de Elísio Medrado-

BA, a 220 km da capital do estado.

A Secretaria Municipal de Educação, no intuito de transformar esta escola na

modalidade de Tempo Integral, atendendo ao dispositivo da Lei nº 80/2013 e, após

os trâmites legais junto ao Conselho Municipal de Educação, instituiu a Escola

Municipal em Tempo Integral Gisélia Miranda Leite. Esta passou a funcionar em 09

de março de 2015, conforme Parecer nº 01/2015 e Resolução nº 01/2015,

autorizado pelo Conselho Municipal de Educação, com a perspectiva de atender os

alunos do 1º ao 3º do ciclo de alfabetização.

O quadro funcional da escola é formado por: 01 gestora e duas vices, 01

coordenadora pedagógica, 01 secretária escolar, 03 manipuladoras de alimentos, 02

porteiros, 12 professores com formação superior, 02 monitores, 03 oficineiros e 02

23

auxiliares de serviços gerais. Os professores e a equipe gestora possuem

Licenciatura em Pedagogia e Letras, com pós-graduação em diversas áreas da

educação. É importante destacar que a minoria dos profissionais citados são

funcionários efetivos da Secretaria Municipal de Educação e os demais são

admitidos em regime de contrato de trabalho temporário.

No ano de 2013 e 2014 a Escola foi remanejada para a realização das

oficinas do Projeto Mais Educação e o Atendimento Educacional Especializado -

AEE. Com objetivo de melhorar a qualidade da educação, o município oferece

formação continuada para os docentes da U. E. e para todos os docentes que atuam

do 1º ao 3º anos do Ensino Fundamental.

A formação continuada é contemplada pelo Programa Educar para

Transformar, Pacto, do governo do Estado da Bahia, que prioriza alfabetização e

letramento e alfabetização matemática, na qual tem como objetivo alfabetizar as

crianças até os oito anos de idade. As formações acontecem mensalmente

juntamente com o acompanhamento às classes.

4.2 DIAGNÓSTICO DA INSTITUIÇÃO

O corpo discente desta escola é, em sua maioria, oriundo de famílias de

baixa renda, que são beneficiadas pelo Programa Bolsa Família. Segundo o censo

escolar, essa unidade contempla em sua matrícula a quantidade de 122 alunos,

provenientes tanto da zona urbana quanto rural do município.

No que se refere à estrutura física, a escola dispõe de 05 salas de aulas, 01

secretaria, 01 refeitório, 01 cozinha, 01 laboratório de informática, 01 brinquedoteca,

08 banheiros e 01 área livre para recreação. Embora tenha passado por uma

reforma recentemente, deixa a desejar no que diz respeito a alguns espaços, como

a sala de leitura (a escola não disponibiliza), mais uma sala de aula e uma diretoria.

O Projeto Político da Escola está em fase de construção e no final do ano

letivo o mesmo estará concluído. A escola possui um Conselho Escolar construído

sob a forma de eleição direta, sendo composto por representantes da comunidade

escolar, a saber, equipe gestora, pais, alunos, professores e funcionários.

A Escola Municipal de Tempo Integral Gisélia Miranda Leite tem, na

estrutura do seu PPP a missão de “assegurar um ensino de qualidade,

24

proporcionando a integração da comunidade escolar, visar ser uma escola de

qualidade, democrática”.

4.3 OBJETIVOS DA PROPOSTA

Identificar os projetos e/ou programas existentes no município de Elísio

Medrado voltado à formação continuada dos professores da alfabetização;

Analisar como a formação continuada tem contribuído na prática pedagógica

dos professores que atuam na alfabetização;

Elencar algumas proposições que possam contribuir para melhorar o

desenvolvimento da alfabetização no município;

Fortalecer a formação continuada no município através de estudos que

possam garantir o domínio de conteúdos necessários a melhoria da prática

pedagógica dos professores alfabetizadores;

Aumentar o número de crianças alfabetizadas até o final do 3º Ciclo.

4.4 METODOLOGIA

O projeto de intervenção visa realizar formação durante todo o ano letivo,

iniciando-se na Jornada Pedagógica no mês de fevereiro e finalizando em

dezembro. Nesta formação abordaremos alguns temas de estudos que auxiliam na

prática pedagógica dos professores alfabetizadores. Iniciaremos os estudos a partir

de dinâmicas em acordo com cada tema tratado na intervenção, seguida de

apresentações do aprofundamento teórico discutidos em grupo, reflexão e

socialização na rede de experiência, desenvolvidas pelos alfabetizadores em sala de

aula. Dessa forma, em grupo, buscaremos elaborar ações que venham a ajudar a

minimizar as dificuldades das classes de alfabetização.

4.4.1 Coleta de dados

Para a coleta dos dados necessários, foram realizadas entrevistas com

todos os sete professores alfabetizadores que fazem parte do quadro de professores

25

da escola Municipal de Tempo Integral Gisélia Miranda Leite e que estão

participando de curso de Formação Continuada no município de Elísio Medrado.

Todos responderam com satisfação a entrevista, apresentando livre e espontânea

vontade em colaborar com o trabalho proposto. Foram realizadas entrevistas

individuais com esses professores e seus dados serviram de material para reflexão e

compreensão do objeto de pesquisa.

4.4.2 Análise de dados

De posse das informações coletas, deu-se andamento à pesquisa através da

análise qualitativa e interpretação dos dados colhidos. Os resultados foram

organizados em quadros, fazendo uma síntese das respostas da entrevista com o

tema Contribuição da formação continuada para a prática pedagógica dos

professores alfabetizadores.

4.5 AVALIAÇÃO

A avaliação da Proposta de Intervenção ocorrerá de maneira contínua, na

medida em que acontecem as formações, através de reuniões de monitoramento a

cada trimestre do ano com toda a comunidade escolar e com acompanhamento e

visitas constantes às classes de alfabetização.

4.6 RESULTADOS

De acordo com a análise de dados, a contribuição da formação continuada é

fundamental para promover uma educação com qualidade e minimizar os problemas

de aprendizagem das crianças, principalmente no que diz respeito à alfabetização e

melhorar a prática pedagógica dos professores na sala de aula.

As dificuldades de leitura e escritas das crianças são fatores que levam a

uma reflexão constante em como avançar cada vez mais na qualidade da oferta do

ensino público, buscando nas formações caminhos que ajude a colaborar para

reduzir as dificuldades apresentadas pelos alunos.

26

Foi possível perceber através dos dados coletados com a entrevista que os

professores participam de formações continuadas há alguns anos, e atualmente com

o Pacto Estadual uma parceria com o governo do estado e MEC Pacto Nacional

para Alfabetizar na Idade Certa (PNAIC). Segundo os professores as formações

continuadas contribuem em parte para a melhoria da prática pedagógica em sala de

aula, mas eles apontaram a necessidade de fortalecer a prática pedagógica com

mais momentos de formação continuada no município e, em especial, que

aconteçam nos espaços da própria escola.

A formação continuada é fundamental para despertar no profissional a

importância que ele tem na condução de uma sociedade melhor e mais justa. Ao

realizar a entrevista com os professores, foi possível perceber que, os mesmos

desejam que mais formações aconteçam no cotidiano da escola.

Precisa-se intensificar a formação continuada no cotidiano da escola

envolvendo toda a comunidade local. A formação continuada com os professores

alfabetizadores no município de Elísio Medrado ocorre de maneira contínua desde a

adesão ao Pacto em 2011, mas foi demonstrado através das respostas dos

professores alfabetizadores que há necessidade de fortalecer esse processo de

formação continuada.

Dessa forma, acredito que após a aplicação da Proposta de Intervenção os

resultados em relação a prática pedagógica dos professores alfabetizadores e a

aprendizagem dos alunos do 1º ao 3º ano da Escola Municipal de Tempo Integral

Gisélia Miranda Leite, sofrerá mais avanços significativos, melhorando assim a

qualidade da educação básica.

27

Quadro 1: CRONOGRAMA

AÇÕES TEMAS DAS

FORMAÇÕES

GRUPO QUE

PARTICIPARÁ

DAS AÇÕES

RECURSOS

UTILIZADOS DATAS

Mobilização

para

apresentação

da Proposta de

Intervenção

Currículo na

Perspectiva da

Inclusão e da

Diversidade;

Diretrizes

Curriculares

Nacionais da

Educação

Básica

Formador;

(responsável

pela PI)

Coordenadores;

Professores;

Comunidade

escolar; Pais ou

responsáveis;

Material

impresso

(mensagem,

textos, mimo.);

Data show;

Notebook;

Caixa de som;

Microfone;

Cartazes;

Textos;

Módulos do

PNAIC

2ª semana de

Fevereiro

(período da

jornada

pedagógica)

Encontro de

Formação com

Professores

Alfabetizadores

;

Acompanhame

nto às classes

de

alfabetização

da escola.

A criança no

Ciclo de

Alfabetização

Professores

Alfabetizadores;

2ª semana de

Março

Encontro de

Formação

Realização de

Oficinas com a

Interdisciplinarid

ade no Ciclo de

Alfabetização

3ª semana de

Abril

28

comunidade

local para

acompanhar o

desenvolvimen

to da PI

Acompanhame

nto ás classes

de

alfabetização

da escola.

Encontro de

Formação;

Realização de

oficinas para

confecção de

jogos;

Acompanhame

nto ás classes

de

alfabetização

da escola.

A organização

do trabalho

escolar e os

recursos

didáticos na

alfabetização

1ª semana de

maio

Encontro de

Formação;

Avaliação da

aplicação da PI

Organização da

ação docente a

oralidade a

leitura e a

escrita no ciclo

de alfabetização

1ª semana de

Junho

Encontro de

Formação.

Acompanhame

nto ás classes

de

alfabetização

Organização da

ação docente a

arte no ciclo de

alfabetização

3ª semana de

Julho

29

da escola.

Encontro de

Formação.

Acompanhame

nto ás classes

de

alfabetização

da escola.

Organização da

ação docente

alfabetização

matemática na

perspectiva do

letramento

2ª semana de

Agosto

Encontro de

Formação.

Acompanhame

nto ás classes

de

alfabetização

da escola.

Convite ao pai

ou responsável

para participar

de um

momento na

sala de aula

promovendo a

interação

família

escola.(contar

uma história

para os alunos)

Organização da

ação docente

ciências da

natureza no

ciclo de

alfabetização

1ª semana de

Setembro

Encontro de

Formação.

Acompanhame

nto ás classes

de

Organização da

ação docente

ciências

humanas no

ciclo de

2ª semana de

Outubro

30

alfabetização

da escola.

alfabetização

Encontro de

Formação.

Acompanhame

nto ás classes

de

alfabetização

da escola.

Pacto Nacional

pela

Alfabetização

na Idade Certa:

integrando

saberes

1ª semana de

Novembro

Encontro de

Formação

Acompanhame

nto ás classes

de

alfabetização

da escola.

Encontro com

os pais

(avalição das

atividades

realizadas

na escola

durante o ano)

Monitoramento

das ações

desenvolvidas

ao longo do ano

(Avaliação final

dos encontros

de formação)

1ª semana de

Dezembro

31

ENTREVISTA COM OS PROFESSORES ALFABETIZADORES

Quadro 2: PRIMEIRA PERGUNTA

Entrevista com os professores alfabetizadores

Há quanto tempo você participa de Formação Continuada?

P 1 Três anos

P 2 Três anos

P 3 Sete anos

P 4 Dois anos

P 5 Três anos

P 6 Dois anos

P 7 Dois anos

Quadro 3: SEGUNDA PERGUNTA

Em sua opinião a formação continuada tem contribuído totalmente a transformação

da sua prática pedagógica?

P 1 Não. Contribui parcialmente porque o professor necessita de mais

encontros de formação.

P 2 Sim. Pois proporciona informações para a melhoria do desempenho da

prática pedagógica.

P 3 Sim. A formação nos permite está em contato com outros educadores,

trocar experiências, sugestões, estudar e discutir com o formador e todo o

grupo.

P 4 Sim. Sem dúvidas as formações tem uma grande contribuição para a

prática em sala de aula, é nesse momento que o professor amplia sua

visão nas necessidades educacionais.

P 5 Sim. Pois a cada formação nosso olhar para a prática pedagógica é

renovado.

P 6 Totalmente não. Porque há necessidade de uma busca constante de

aprimoramento de mais momentos de troca de experiência, busca do

aprendizado.

32

P 7 Sim. Porque através da formação é possível adquirir novos

conhecimentos para serem aplicados em sala de aula.

Quadro 4: TERCEIRA PERGUNTA

Qual a sua opinião em relação a teoria e prática como ação que une o processo de

formação continuada do professor alfabetizador?

P 1 São necessárias para a inovação das metodologias.

P 2 Não adianta ter inúmeras teorias e não acontecer a prática, pois o

aprendizado da turma está baseado nas práticas do professor.

P 3 O professor necessita de conhecimentos teóricos e práticos para poder

alcançar seus objetivos em alfabetizar.

P 4 Sem teoria a prática não funciona e vice versa. É com a união das duas

que se alcança resultados satisfatórios.

P 5 Andam paralelamente, uma completa a outra.

P 6 A teoria e prática terão que estar interligadas.

P 7 É muito importante unir teoria e prática porque não adianta ter só a teoria

a prática não irá funcionar.

Quadro 5: QUARTA PERGUNTA

Por que mesmo com experiência em sala de aula o professor tem necessidade de

participar de formação continuada?

P 1 Porque a teoria só é significativa se acontecer com a prática, uma

completa a outra.

P 2 Porque a educação, assim como o mundo está em constante mudança.

P 3 Somos eternos aprendizes, e precisamos a todo o momento estar se

renovando, atualizando para atender as necessidades dos nossos alunos.

P 4 Ninguém domina tudo, todos temos algo a aprender.

P 5 Adquirindo novos conhecimentos em formações pode-se mudar a prática

e é a proposta das formações continuadas.

P 6 É importante participar das formações, pois o professor estará se

atualizando, inovando suas práticas pedagógicas, trocando experiências.

P 7 Porque nunca devemos deixar de adquirir novos conhecimentos através

das formações. A educação está em constantes mudanças.

33

Quadro 6: QUINTA PERGUNTA

Apresente algumas soluções possíveis para tentar resolver as particularidades da

aprendizagem dos alunos na própria escola?

P 1 A parceria ativa dos pais, grupo de estudos com os responsáveis, com o

objetivo de resgatar valores e melhorar a aprendizagem dos alunos.

P 2 Momentos extras as formações para analisar os métodos, produzir

recursos para melhorar o aprendizado dos alunos.

P 3 Uma melhor parceria entre a escola e família.

P 4 Rever sempre os métodos utilizados, socializar experiências, procurar

maneiras para aprimorar a prática ir além das formações continuadas

propostas.

P 5 Oficinas para a construção de jogos para trabalhar dificuldades de

aprendizagem na leitura e escrita.

P 6 A escola deve proporcionar além dos momentos de planejamento e de

formação continuada mais espaços para a criação de estratégias que

venham ajudar a minimizar as dificuldades dos alunos em sala de aula.

P 7 Momentos para juntos realizar pesquisas, que auxiliem na sala de aula.

34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer desse estudo foi possível compreender que as formações

continuadas têm contribuído significativamente na prática pedagógica dos

professores alfabetizadores. Entretanto, não se pode deixar de intensificar esta

oferta no município, pois, as formações continuadas são como alicerce para

subsidiar aos educadores para uma oferta de educação com qualidade, uma vez

que estas auxiliam na condição da prática pedagógica dos professores

alfabetizadores. Ao mesmo tempo favorecem a transposição da teoria e a prática no

fazer pedagógico, deixando nítido que estas devem estar em perfeita sintonia na

arte de ensinar.

Integrar teoria e prática no processo de formação pode ser o caminho que

levará a um melhor aproveitamento no processo de desenvolvimento e na prática do

educador, promovendo assim, um ensino-aprendizagem com maior qualidade no ato

de alfabetizar os alunos no tempo certo.

A respeito de abonar uma formação aos educadores fornecendo-lhes uma

boa bagagem de conhecimentos específicos da prática pedagógica, ao realizar esta

entrevista foi possível perceber que mesmo participando da formação continuada,

alguns professores aplicam uma parte do que adquirem na mesma, evidenciando

assim, que um bom exercício pedagógico vão além dos conhecimentos específicos,

perpassa por valores, características, aptidões, visão de mundo, valorização da

profissão, entre outros fatores que interferem diretamente ou indiretamente no fazer

pedagógico de cada um educador.

Cada profissional precisa delinear seu perfil, talvez a falta da aplicabilidade

da teoria e prática não signifique que não houve aproveitamento e sim que o

profissional necessita de mais subsídios para delinear seu perfil e alcançar seus

objetivos na sua pratica.

Por conseguinte, nada invalida a importância da formação continuada, ainda

assim, esta é importante no desenvolvimento das práticas pedagógicas e formação

do educador. É na formação que muitos profissionais conseguem abrir novos

horizontes para sua prática e está em um movimento continuo de aperfeiçoamento

profissional.

35

REFERÊNCIAS

ALTENFELDER, A. H. Desafios e tendências em formação continuada. Construção psicopedagógica. v. 13, n. 10, 2005. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Acessado em 16/12/2015. Disponível em: http://portal.mec.gov.br. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Cadernos de Formação. Brasília: MEC/SEB,

Diretoria de Apoio á Gestão Educacional. 2015. DAMIANI, M. F.; NEVES, R. A. Vygotsky e as teorias da aprendizagem. Unirevista. v. 1, n. 2, 2006. FONTANA, R. A. C; Mediação pedagógica na sala de aula. Coleção Educação

Contemporânea. Campinas: Autores Associados. 4 ed, 2005. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a prática docente. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf%5Cpedagogia_da_aut onomia_-_paulofreire.pdf. Acesso em: 10/11/2015. FUSARI, J. C. A formação Contínua de Professores no Cotidiano. FND, 1992. GIORDAN, M. Z. HOBOLD, M. S.; ANDRÉ, M. E. D. A. Professores iniciantes da rede municipal de ensino: formação continuada e os reflexos no desenvolvimento profissional. Revista Cocar. v. 8, n.16, 2014. MORTATTI, M. R. L. História dos Métodos de Alfabetização no Brasil. Disponível em: http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/Site/documentos/espaco-alfabetizar-letrar/lecto-escrita/artigos/historia%20dos%20metodos.pdf. Acesso em: 23/11/2015. OLIVEIRA, E. M. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO E A GARANTIA DAQUALIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA ALFABETIZAÇÃO. (Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação). Universidade Federal da Bahia. PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000; Projeto Político Pedagógico, Escola de Tempo Integral Gisélia Miranda Leite,

Elísio Medrado- BA. 2015.

36

ZAYAS, E. L. BARAJAS et al. O Paradigma da Educação Continuada. Porto

Alegre: Penso, 2012.

APÊNDICE

ROTEIRO DA ENTREVISTA

1. Há quanto tempo você participa de formação continuada? Qual a sua

concepção de sobre formação continuada?

2. Em sua opinião a formação continuada tem contribuído totalmente para a transformação da sua prática pedagógica? Justifique.

3. Qual a sua opinião em relação à teoria e prática como ação que une o processo de formação continuada do professor alfabetizador?

4. Por que mesmo com experiência em sala de aula o professor tem necessidade de participar de formação continuada?

5. Apresente algumas soluções possíveis para tentar resolver as particularidades da aprendizagem dos alunos na própria escola.

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ANEXO

REGISTRO FOTOGRÁFICO DA ESCOLA MUNICIPAL DE TEMPO INTEGRAL

GISELIA MIRANDA LEITE

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