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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA ACÁCIO JOSÉ SILVA ARAÚJO ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DAS FORMAÇÕES GUINÉ E TOMBADOR NAS PROXIMIDADES DE BARRA DA ESTIVA, CHAPADA DIAMANTINA BAHIA. SALVADOR 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20121/MONOGRAFIA__Acacio.pdf · Figura 02: Mapa de acesso partindo de Salvador para Barra da Estiva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

ACÁCIO JOSÉ SILVA ARAÚJO

ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DAS FORMAÇÕES GUINÉ E

TOMBADOR NAS PROXIMIDADES DE BARRA DA ESTIVA,

CHAPADA DIAMANTINA – BAHIA.

SALVADOR

2012

ACÁCIO JOSÉ SILVA ARAÚJO

ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DAS FORMAÇÕES GUINÉ E

TOMBADOR NAS PROXIMIDADES DE BARRA DA ESTIVA,

CHAPADA DIAMANTINA – BAHIA.

Monografia apresentada ao Curso de graduação em

Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal

da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Geologia.

Orientador: Prof. Dr. Ruy Kenji Papa Kikuchi

Co-Orientador: Profa. Dra. Tânia Maria Fonseca Araújo

Salvador

2012

ACÁCIO JOSÉ SILVA ARAÚJO

ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DAS FORMAÇÕES GUINÉ E TOMBADOR NAS

PROXIMIDADES DE BARRA DA ESTIVA,

CHAPADA DIAMANTINA – BAHIA.

Monografia apresentada ao Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia,

Banca Examinadora

____________________________________________________________

Ruy Kenji Papa Kikuchi - Orientador

Doutor em Geociências pela Universidade Federal da Bahia

Universidade Federal da Bahia

_____________________________________________________________

Tânia Maria Fonseca Araújo – Co-Orientador

Doutora em Geociências pela Universidade Federal da Bahia

Universidade Federal da Bahia

_____________________________________________________________

Augusto José de C.L. Pedreira da Silva

Doutor em Geociências pela Universidade de São Paulo

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral

____________________________________________________________

Cícero da Paixão Pereira

Especialista em Geologia pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

Universidade Federal da Bahia ( Pesquisador visitante)

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Pai Eterno por ter chegado até esta etapa da minha vida.

Ao meu orientador Professor Ruy Kenji Papa Kikuchi pela paciência e colaboração.

Ao Geólogo Antônio Jorge de Magalhães pela preciosa ajuda.

Aos Professores, co-orientadores e amigos Tânia Araújo e Cícero Paixão.

À Agencia Nacional de Petróleo/PRH08 representada por seu coordenador, Prof. Sato pelo

financiamento das campanhas de campo que possibilitou a realização desse estudo.

Aos colegas de bolsistas Valter, Jaime, Azaf, Caio, Alexandre, Josafá, Paulo, André,

Gildegleice, Milena, Nelize, Eula, Luciano, Luana, Anderson e Verônica. Agradeço a grande

família UFBA: Ana Carla, Valdinéia, Marilda, Amanda, Mônica, Débora, Natalí, André,

Alberto, Deraldo, Jairo, Rafael Cipre, Bianca, Natalia, as Tatianas, os Tiagos e Thiagos, os

Lucas, os Carlos, Nilson, Gabriel, Maria Clara, Heloisa, Taciane, Mariana, Fabiane,

Vanderlúcia, Iara, Aline, Amanda, Jonatas, Alita, Eder, Cabeça, Ramon, Eduardo, Ednie,

Joaquim Lago, os Henriques, os Brunos, as Priscilas, Rebeca, Zilda, Claudio, Vilberto,

Amalvina, Maria Jose, Misi, Carlson, Telésforo, Aline & Cristovaldo, Simone Cruz, Simone

Morais, Michel, Marcelo, Jofre, Jailma, Morgana, Rambo, Band Men, Dexter, Laura, Ana

Carolina, Ângela, Gisele, Ana Fábia, Michele, Gil, Vilton, Leidiane, Giselaine, Flávio, Felix,

Falcão, Dario e Carolina pelo companheirismo nesta caminhada.

A minha família, meu pai Raymundo e minha mãe Tereza pela base de vida que me deram

A minha amada filha Carolina pelo apoio incondicional.

A minha querida companheira Sandra Ely pelo incentivo diário.

Aos meus irmãos Teresa, Patrícia, Anita e Aécio, aos tios Leda e “Seu Zé’, aos primos Jair e

Lídia e a meus amigos Landualdo, Fátima, Janete, Larissa, Bruna, Inah, Adriana, Fernando,

Cristina, Yabú, Suely, Gabriela, Paulinho, Lícia, Heloina & Parada, Iêda, Césa e Virginia por

entenderem minha ausência nas reuniões festivas.

A minha ex-esposa e amiga Andréa pelo apoio ao iniciar essa caminhada.

E, especialmente a Amely, pelo companheirismo e por todo carinho recebido nas longas

noites que estive estudando durante o curso e na elaboração desse estudo, sem dizer uma

única palavra.

Agradeço a todas as criticas, o apoio e os conselhos recebidos, que me proporcionaram

sempre um novo passo.

A vida sem obstáculos não tem graça, sentido

ou orientação. Eles nos fazem lembrar as pedras do

caminho, que um dia podem se transformar em

rochas ou talvez em gemas......

Acácio Araújo, 2011

RESUMO

As formações Guiné e Tombador, objeto deste trabalho, afloram no domínio oriental do

Supergrupo Espinhaço e compreende os grupos Paraguaçu (Paleoproterozóico

/Mesoproterozóico) e Chapada Diamantina (Mesoproterozóico), localizados na região da

Sinclinal de Ituaçu, nas cercanias da cidade de Barra da Estiva inseridos na região central do

Estado da Bahia. Essa pesquisa aborda a análise estratigráfica de seções geológicas nas

Formações Guiné e Tombador a partir da descrição vertical de fácies e interpretação de

superfícies chaves da estratigrafia de sequências em escala de afloramentos, com o intuito de

caracterizar as litofácies, seus ambientes deposicionais e as hierarquias dos eventos

estratigráficos em diferentes ordens. Nas duas Formações os elementos arquiteturais

reconhecidos foram barras, planícies de maré, bandas de maré e canais, onde são visíveis as

estruturas de estratificação cruzada acanalada, tabular e tangencial, marcas de onda,

interlaminados sub-horizontais de silte e argila. As superfícies estratigráficas mais frequentes

nos afloramentos foram a superfície regressiva máxima (SRM) e a superfície discordância

subaérea. O nome da Formação Guiné foi adotado neste trabalho devido a sua proximidade da

localidade de Guiné e a primeira citação sobre esta unidade ter sido feita por Montes (1977),

que descreveu com detalhes a seção tipo, espessura e litologias. E de acordo com Código de

Nomenclatura Estratigráfica o primeiro registro de uma Unidade prevalece sobre os seguintes.

Palavras chave: Formações Guiné / Tombador, Estratigrafia de Sequências, Litofácies,

Ambientes Deposicionais e Bandas de Maré.

ABSTRACT

The Guiné and Tombador formations, object of this work, outcrops on the oriental portion of

the Espinhaço Supergroup and comprises the groups Paraguaçu (Paleoproterozoic /

Mesoproterozoic) and Chapada Diamantina (Mesoproterozoic), located in the region of Ituaçu

Syncline, on the outskirts of Barra da Estiva town, in the central region of Bahia. This

research approaches the stratigraphic analysis of the geological sections in the formations of

Guiné and Tombador from the vertical descriptions of facies and interpretations of key

surfaces of the sequêncial stratigraphy in scales of outcrops, with the intent of characterizing

lithofacies, their dispositional environments and the hierarchy of stratigraphic events in

different orders. In the two formations the architectural elements identified were bars, tidal

planes, tidal bundlles and channels, where the structures of groover, tabular and tangential

cross-stratification, wave marks, subhorizontal interlaminars of silt and clay. The most

frequent stratigraphic surfaces on the outcrops were maximum regressive surface (MRS) and

the subaerial discordant surface. The name “Guiné Formation” was adopted in this work due

to its proximity to the Guiné and the first publication about this unit was written by Montes

(1977) who described section, type, thickness, lithology, etc. As determined by the Code of

Stratigraphic Nomenclature the first register of a unit is maintained over later ones.

Keywords: Guiné Formations / Tombador, Sequence Stratigraphy, Litofácies, Depositional

Environments and Tidal Bundle.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Mapa de situação e localização (compilação dos mapas dos municípios e

geológico)..........................................................................................................

14

Figura 02: Mapa de acesso partindo de Salvador para Barra da Estiva (DNIT/Mapa

Rodoviário da Bahia, 2002).........................................................................................

15

Figura 03: Cráton do São Francisco com seus compartimentos tectônicos, faixas

orogênicas brasilianas e principais unidades geológicas. Adaptado de Alkmin et al.

1993...............................................................................................................................

16

Figura 04: Coluna estratigráfica da Formação Guiné. (PEDREIRA 1994).................

19

Figura 05: Coluna estratigráfica simplificada da Bacia Espinhaço – São Francisco,

modificada de (GUIMARÃES, 2008)..........................................................................

21

Figura 06: Coluna estratigráfica da Formação Tombador. (PEDREIRA,

1994).................................................................................................................

22

Figura 07: Curva de variação do nível de base com posicionamento dos 4 eventos

definidos, também mostrando as superfícies estratigráficas reconhecidas

(CATUNEANU, 2006)................................................................................................

23

Figura 08: Posicionamento dos elementos arquiteturais dentro de um estuário de

Idade Paleoproterozóica. (CATUNEANU, 2006)..................................................

25

Figura 09: Perfil demonstrando a discordância subaérea, abaixo a discordância

subaérea (linha vermelha) em uma seção sísmica numa orientação Dip.

(TSMB=Trato de Sistemas de Mar Baixo; TSEQ=Trato de Sistemas de Estágio de

Queda; RN=Regressão Normal; RF=Regressão Forçada),(CATUNEANU,2006)......

26

Figura 10: Superfície Regressiva Máxima (linha vermelha) numa orientação DIP.

(RN=Regressão Normal; RF=Regressão Forçada) (CATUNEANU, 2006)................

27

LISTA DE FOTOS

Foto 01: Vista geral do Morro da Torre- Barra da Estiva- Bahia..................................

13

Foto 02: Afloramento na Formação Guiné as margens da BA-142, no sopé do Morro

da Torre apresentando estruturas fendas de ressecamento...............................................

20

Foto 03: Vista parcial da base da Formação Guiné às margens da rodovia BA-142,

Barra da Estiva - Bahia....................................................................................................

28

Fotos 04 e 05: Em sequência exposição da estratificação plano-paralela parcialmente

erodida (a), e estratificação cruzada tipo tabular rotacionadas (b). Na base da

Formação Guiné em afloramento as margens da rodovia BA-142, Barra da Estiva –

Bahia................................................................................................................................

29

Fotos 06 e 07: Em sequência início do acréscimo de lama (C) e tamanho dos grãos

(D), no afloramento da Formação Guiné, as margens da rodovia BA-142, nas

proximidades de Barra da Estiva – Bahia........................................................................

30

Foto 08: Parte superior com estratificações plano paralelas seguida de marcas de onda

e logo abaixo a estratificação cruzada tabular, com os devidos destaques ao lado.

Afloramento da Formação Guiné, na base do Morro da Torre, nas proximidades de

Barra da Estiva – Bahia....................................................................................................

30

Foto 09: Exposição dos lóbulos sigmoidais com representação (E). Canal de maré

com destaque do truncamento das camadas na parte superior da fotografia (F).

Exposição do bloco de arenito maciço em destaque amarelo (G). Lente de areia muito

grossa em arenito destacado em branco (H). Localizados no Morro da Torre nas

proximidades de Barra da Estiva- Bahia.........................................................................

31

Foto 10: Zona intermediária do Morro da Torre coberta por colúvio e provável local

do contato entre as Formações Guiné e Tombador. Nas proximidades de Barra da

Estiva-Bahia.....................................................................................................................

32

Foto 11: Exposição da estratificação tabular (barras de maré) na Formação Tombador

localizada no Morro da Torre nas imediações de Barra da Estiva-Ba.............................

33

Foto 12: Estratificação cruzada acanalada localizada no Morro da Torre nas

proximidades de Barra da Estiva-Ba................................................................................

34

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA 10

1.2 JUSTIFICATIVA 11

1.3 RELEVÂNCIA DO TRABALHO 11

1.4 OBJETIVOS 12

1.4.1 Objetivos Específicos 12

2 METODOLOGIA 12

2.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO 14

3 CONTEXTO GEOLÓGICO ESTRATIFICADO 15

3.1 O CRATON DO SÃO FRANCISCO 15

3.2 O SUPERGRUPO ESPINHAÇO 17

3.2.1 Grupo Paraguaçu 18

3.2.1.1 Formação Guiné 18

3.2.2 Grupo Chapada Diamantina 20

3.2.2.1 Formação Tombador 22

3.3 SINCLINAL DE ITUAÇU 23

3.4 AS SUPERFÍCIES ESTRATIGRÁFICAS 23

3.4.1 Discordância subaérea 25

3.4.2 Superfície de regressão máxima 26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 27

4.1 PERFIL ESTRATIGRÁFICO 35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 36

REFERÊNCIAS 38

APENDICE A 41

10

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

Os estudos de rochas sedimentares em afloramento sofreram um grande avanço nos

últimos 30 anos, em função da sistematização e aperfeiçoamento das técnicas de descrição e

da aplicação do conceito de fácies.

Tanto o estudo das sucessões verticais de fácies quanto a análise de elementos

arquiteturais não devem ser meramente descritivos. O entendimento da natureza e origem das

rochas sedimentares envolve procedimentos descritivos - imprescindíveis no estabelecimento

do arranjo e da distribuição de diferentes aspectos das rochas sedimentares de uma dada

sequência - e procedimentos interpretativos que visam elucidar o ambiente em que se deu a

sedimentação e suas condições de controle, tais como o clima e relevo.

No procedimento interpretativo, deve-se usar a analogia com modelos modernos

observados diretamente na natureza ou frutos de experimentação ou teorias. A busca da

relação entre as ações descritivas e interpretativas é que, em última instância, norteará os

métodos de análise das rochas sedimentares (FERREIRA JÚNIOR, 2001).

A partir desses conceitos teve-se como pergunta inicial de investigação: É possível

analisar a estratigrafia de sequências das Formações Guiné e Tombador pertencentes aos

Grupos Paraguaçu e Chapada Diamantina na área de estudo?

Essa indagação levou a outros questionamentos como, por exemplo, é possível utilizar

os critérios estratigráficos e sedimentológicos para reconhecer a hierarquização das ordens

cíclicas em quarta e terceira ordem?

É possível reconhecer as superfícies estratigráficas presentes nessas formações? Se

elas pertencem a grupos distintos, separadas por um hiato de tempo seria esse estudo

suficiente para definir a existência de uma discordância erosiva no contato das Formações

Guiné e Tombador?

No desenvolvimento desse estudo, foram analisadas extensivamente às Formações

Guiné e Tombador a fim de discutir e propor respostas para tais questionamentos

supracitados. Uma vez que para a realização da análise estratigráfica de seções geológicas

dessas formações é preciso partir do reconhecimento e delimitação de padrões de

empilhamento em afloramentos, bem como a identificação das superfícies estratigráficas.

11

1.2 JUSTIFICATIVA

O tema desse estudo foi construído por uma sequência de fatores ocorridos no

desenvolver do curso de graduação em Geologia da Universidade Federal da Bahia.

A atração pela estratigrafia de sequências ocorreu, primeiramente, após a descoberta

de que tal ramo da Geologia se dedica a arte de decifrar e traduzir de forma integrada as

estruturas encontradas nos estratos das rochas e, através do padrão de empilhamento das

camadas sedimentares, estabelecer as relações entre a rocha e tempo geológico, ou seja, é

possível contar a história de uma Formação com um contato direto do geólogo com sua

paixão – A Rocha.

Outro fator importante foi o apoio financeiro, tecnológico e acadêmico recebido pela

Agência Nacional do Petróleo-ANP, da qual fui bolsista por dois anos.

O terceiro fator foi o convite para participar da equipe de alunos que iriam auxiliar e

aprender sobre os trabalhos realizados na Chapada Diamantina, onde este convênio iria ajudar

na confecção dessa monografia e na tese do geólogo da PETROBRAS, Antônio Jorge de

Magalhães.

Por fim o prazer de estar trabalhando numa das mais belas regiões do mundo, com

sedimentos siliciclásticos de idade paleoproterozóica superior a mesoproterozoica bem

preservados devido à longa fase de quiescência tectônica.

1.3 RELEVÂNCIA DO TRABALHO

Contribuir para a caracterização estratigráfica da Chapada Diamantina situada no

Estado da Bahia, onde objetivou-se colaborar com a redução das deficiências no

conhecimento geológico estratigráfico de tão vasta região.

Difundir o conhecimento estratigráfico e usar a correlação em possíveis áreas de

explotação e exploração de petróleo.

O conhecimento estratigráfico é de vital importância para a indústria do petróleo na

caracterização da sequência vertical e nas variações laterais de unidades litológicas potenciais

reservatórios de hidrocarbonetos, bem como na correlação com os métodos sísmicos.

O conhecimento dos tratos dos sistemas deposicionais costeiros e marinhos no registro

estratigráfico e a sua importância econômica (hidrocarbonetos), tem na indústria do petróleo a

geração de uma quantidade muito grande de informações analíticas que poderão nortear

pesquisas exploratórias a custos mais baixos.

12

1.4 OBJETIVOS

O objetivo principal desse trabalho é realizar a análise estratigráfica de alta resolução

das Formações Guiné e Tombador nas imediações da Cidade de Barra da Estiva, localizada na

Chapada Diamantina no Estado da Bahia, Brasil.

1.4.1 Objetivos Específicos

Por conseguinte esse estudo teve como objetivos específicos:

a) Reconhecer regionalmente o contexto geológico das Formações Guiné e

Tombador.

b) Identificar os sistemas deposicionais e descrever as fácies presentes nos

afloramentos estudados.

c) Identificar os padrões de empilhamento.

d) Interpretar as superfícies chave da estratigrafia de sequências.

e) Identificar os tipos e hierarquizar as superfícies estratigráficas.

2 METODOLOGIA

Neste trabalho foram realizadas descrições sedimentológicas detalhadas de

afloramentos, buscando-se as definições das litofácies, elementos arquiteturais e superfícies

limítrofes e definido o padrão de empilhamento estratigráfico.

Para realização dessas atividades foi necessário o treinamento prévio, onde foi

utilizado o método da estratigrafia de alta resolução adotado no curso de campo da Chapada

Diamantina pela PETROBRAS, que é construído a partir de um modelo de associação de

fácies e elementos arquiteturais, para interpretar o ambiente deposicional (SAVINI, R.R. &

RAJA GABAGLIA, 1997).

O presente trabalho foi desenvolvido de acordo com o seguinte cronograma:

1° - Treinamento em campo no período de 08 a 15 de agosto de 2010.

(i) Nessa etapa foram trabalhados afloramentos as margens da Rodovia BR-242, no

Morro do Pai Inácio localizados no Município de Lençóis – Ba, na Serra da

Larguinha localizada no Município de Palmeiras – Ba;

(ii) Em campo, foram realizadas seções perpendiculares ao acamamento: medição

de seção e descrição detalhada de litofácies em escala de 1:40;

(iii) Construção de fotomosaicos a partir de fotografias do afloramento;

13

(iv) Os afloramentos foram trabalhados com auxilio interpretativo de fotomosaicos;

(v) No fotomosaico foram plotados as principais superfícies limitantes dos

litossomas interpretados em campo;

(vi) Definição dos elementos arquiteturais, a partir das associações de fácies;

(vii) Delineamento, de forma preliminar, da geometria externa dos elementos

arquiteturais, eventualmente identificando estruturas sedimentares internas.

2°- Pesquisa bibliográfica de set/2010 ate jan/2011

3° - Campanhas de campo, realizadas no Morro da Torre no Município de Barra da

Estiva- Bahia (foto 01), no período 15/jan a 16/fev 2011, onde:

(i) Realizou-se levantamentos de seções geológicas em escala de 1:40;

(ii) Identificou-se as fácies, estabelecendo suas associações;

(iii) Definiu-se os padrões de empilhamento em afloramentos;

(iv) Interpretou-se os elementos arquiteturais e superfícies limitantes;

(v) Identificou-se as superfícies estratigráficas e dos tratos de sistemas.

(vi) Delineou-se e hierarquizou-se as superfícies limitantes dos litossomas.

(vii) Definiu-se o arcabouço conforme conceitos da Estratigrafia de Sequências.

No trabalho de campo foram utilizados equipamentos como: GPS (Sistema de

Posicionamento Geográfico), trena de carpinteiro para medir as camadas, bússola, escalas,

martelo, caderneta de campo, fichas descritivas de campo para os perfis estratigráficos,

máquina fotográfica e lupa.

Foto 01 – Vista geral do Morro da Torre- Barra da Estiva- Bahia.

14

4° – Trabalhos de escritório no período de 20/fev a 20 jun 2011.

Esta etapa foi caracterizada pelo tratamento dos dados obtidos em campo, a confecção

dos perfis litológicos e a redação desta monografia.

(i) Geração dos mapas de localização e geológico da área utilizando o pacote de

programas do ARC GIS.

2.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO

A área de estudo está inserida na região sul da Chapada Diamantina, que por sua vez

está situada na porção central do Estado da Bahia.

Os afloramentos estão localizados a oito quilômetros da Cidade de Barra da Estiva na

direção SSE, as margens da BA-142 nas coordenadas geográficas (41º 18’ 28’’ W / 13º 40’

11’’ S), (figura 01).

Figura 01 – Mapa de situação e localização (compilação dos mapas dos municípios e geológico).

O acesso principal à área de estudo, a partir de Salvador, se dá através da BR-324 até o

entroncamento da BR101 seguindo por esta até a cidade de Sapeaçú. Dali o acesso é feito pela

BR-116 até o entroncamento com a BA- 026 passando pelas cidades de Nova Itarana,

15

Planaltino, Maracás e Contendas do Sincorá seguindo até o entroncamento da BA-142

passa pelas cidades de Tanhaçu, Ituaçu e finalmente chega em Barra da Estiva (figura 02).

Figura 02 – Mapa de acesso partindo de Salvador para Barra da Estiva (DNIT/Mapa Rodoviário da

Bahia, 2002).

3 CONTEXTO GEOLÓGICO ESTRATIGRÁFICO

A área de estudo está situada a 8 Km no sentido SSE da cidade de Barra da Estiva às

margens da BA-142, em afloramentos no corte de estrada e no Morro da Torre, partes

constituintes da sinclinal de Ituaçu. As Formações Guiné e Tombador presentes nestes

afloramentos fazem parte dos respectivos Grupos Paraguaçu e Chapada Diamantina, que por

sua vez estão inseridos no Super-Grupo Espinhaço, uma megasequência sedimentar

depositada durante a trafogênese Estateriana inserida no Cráton do São Francisco. Estas

compartimentações citadas acima serão brevemente descritas no decorrer deste Capítulo.

3.1. O CRATON DO SÃO FRANCISCO

O Cráton do São Francisco compõe parte do Escudo Atlântico, localizado na porção

centro-leste da Plataforma Sul-Americana (figura 03). O embasamento do Cráton São

Francisco é constituído por um complexo arranjo de terrenos metamórficos de alto grau

(gnaisses migmatíticos, granitóides e granulitos) de idade arqueana, associações do tipo

granito greenstone e cinturões de rochas supracrustais paleoproterozóicas, assim como rochas

16

plutônicas com grande variedade composicional, expostas no extremo sul do cráton (Cinturão

Mineiro) e na porção nordeste, no estado da Bahia (TEIXEIRA et al, 2000).

O Cráton é truncado por um rift abortado, orientado segundo NS, no qual se

depositaram os protólitos dos Supergrupos Espinhaço (Mesoproterozóico) e São Francisco

(Neoproterozóico). A bacia na qual se acumularam as rochas siliciclásticas do Supergrupo

Espinhaço originou-se por volta de 1,7 Ga (BARBOSA & SABATÉ, 2003).

Na área de estudo afloram as seguintes seqüências deposicionais: Formações

Mangabeira e Guiné pertencentes ao Grupo Paraguaçu, Formações Tombador e Caboclo do

Grupo Chapada Diamantina.

Figura 03: Cráton do São Francisco com seus compartimentos tectônicos, faixas

orogênicas brasilianas e principais unidades geológicas. Adaptado de Alkmim et al,

1993.

17

3.2 O SUPERGRUPO ESPINHAÇO

O Supergrupo Espinhaço compreende metassedimentos de baixo grau metamórfico

formados por seqüências clásticas, principalmente arenitos associados à psefitos e pelitos,

além de rochas carbonáticas e vulcânicas (PFLUG E.R,1968). A evolução estratigráfica do

Supergrupo Espinhaço remonta a Tafrogênese Estateriana, ao redor de 1.75Ga (DUSSIN &

DUSSIN 1995), com desenvolvimento bacinal ao longo do Meso e talvez do Neoproterozóico

(SCHOBBENHAUS 1993).

Os depósitos metavulcanosedimentares e sedimentares paleo-mesoproterozóicos do

Supergrupo Espinhaço possuem espessura na ordem de 3.500 metros, estão armazenados em

duas bacias intracratônicas, superpostas e diacrônicas, evoluídas entre o Estateriano e o

Calimiano: uma, do tipo rifte-sag, designada Bacia Espinhaço Oriental, e outra do tipo

sinéclise, denominada Bacia Chapada Diamantina (GUIMARÃES, 2008).

De acordo com o autor anterior a Bacia Espinhaço Oriental evoluiu segundo três fases

tectônicas, pré-rifte, sinrifte e pós-rifte. A fase pré-rifte, representada pela Formação Serra da

Gameleira, é composta de depósitos eólicos relacionados a uma seqüência deposicional

acumulada num espaço bacinal raso, derivado de flexura litosférica.

A fase sinrifte compreende duas etapas tectônicas: a primeira é designada por rochas

vulcânicas/subvulcânicas ácidas e vulcanoclásticas, pertencentes à Formação Novo Horizonte

e a segunda etapa é constituída por depósitos lacustres, de leques aluviais, flúvio-deltaicos e

eólicos, relacionados às formações Lagoa de Dentro e Ouricuri do Ouro. Essas três Formações

compõem o Grupo Rio dos Remédios.

A evolução estratigráfica nessa fase sin-rifte foi inteiramente controlada por processos

de subsidência mecânica, que permitem subdividir as suas unidades em tectonosseqüências,

acumuladas durante episódios tectônicos específicos da bacia e limitadas por discordâncias

regionais.

A fase pós-rifte (sag) compreende depósitos de duas bacias sedimentares ensiálicas,

superpostas e diacrônicas, repositórias do Supergrupo Espinhaço: uma, do tipo rifte-sag, de

idade Estateriana – Bacia Espinhaço Oriental, e outra, do tipo sinéclise, atribuída ao

Calimiano (Mesoproterozoico), que de acordo com a síntese do arcabouço cronoestrátigrafico

e coluna estratigráfica estão posicionadas entre 1,6 e 1,5Ga – Bacia Chapada Diamantina

(GUIMARÃES et al., 2008).

A Sinéclise Chapada Diamantina corresponde a uma depressão ampla e rasa instalada

sobre as unidades do rifte-sag Espinhaço Oriental e do embasamento, preenchida com

18

depósitos do Supergrupo Espinhaço. Tem uma área preservada aproximada de 68.000km2,

localizada na região central do estado da Bahia e uma geometria triangular aberta para norte

(LOUREIRO, et al., 2009).

Segundo Guimarães (2008), a Bacia Chapada Diamantina, que armazena uma

sedimentação continental e marinha rasa do tipo QPC (quartzito, pelito, carbonato), foi gerada

por processos de subsidência flexural derivada de eventos relacionados a alterações nas

condições físicas da crosta. Os depósitos oriundos desse embaciamento correspondem às

formações Tombador e Caboclo, do Grupo Chapada Diamantina.

3.2.1 Grupo Paraguaçu

O Grupo Paraguaçu é caracterizado por sedimentação pós-rift ou rift-sag de

preenchimento da bacia (PEDREIRA, 1994; GUIMARÃES, 2008).

Este Grupo representado pelas Formações Mangabeira (Schobbenhaus & Kaul, 1971

apud Guimarães et al, 2005) e Guiné (Inda & Barbosa, 1978 apud Guimarães et al, 2005) é

datado entre 1,6 e 1,7 Ga, tendo espessura de aproximadamente 920 metros. A Formação

Mangabeira possui na base arenitos finos a médios e níveis de arenitos conglomeráticos, e seu

topo consiste de arenitos finos a médios, bimodais, intercalados a camadas decimétricas de

argilitos. É interpretado como depositado em um paleoambiente fluvial e eólico (PEDREIRA,

1994).

A Formação Guiné é composta por sedimentos de coloração vermelha, cinza e lilás na

base, com laminação plana paralela. No topo, gradativamente surgem corpos arenosos de

granulação média com matriz argilosa contendo estratificação cruzada acanalada, tabular e

marcas onduladas. É interpretada como tendo sido depositada em ambiente transicional e

marinho (PEDREIRA, 1994; GUIMARÃES et al, 2005).

3.2.1.1 Formação Guiné

Essa Formação foi depositada na fase pós-rifte da Bacia do Espinhaço Oriental e é

representante da transgressão marinha sobre os depósitos continentais da Formação

Mangabeira que repousam abaixo dela. Na maior parte da sua área de afloramento, a base da

Formação Guiné está em contato com a Formação Mangabeira e o topo passa gradativamente

à Formação Tombador. Sua espessura medida na secção-tipo é de 160m, diminuindo até

desaparecer por afinamento. A sedimentação da base da Formação é predominantemente

19

pelítica, com um aumento acentuando de areia para o topo e as medidas de paleocorrentes

indicam um fluxo de corrente no sentido ENE (PEDREIRA, 1994), figura 04.

Figura 04: Coluna estratigráfica da Formação Guiné. (PEDREIRA 1994)

A Formação Guiné, objeto de estudo desse trabalho, também é denominada por outros

autores como Formação Açuruá. Porém, é necessário ressaltar que algumas formações

possuem características singulares, que são dependentes dos ambientes deposicionais

envolvidos no processo de sedimentação e da região, onde estão depositados os sedimentos

dentro da sua bacia.

Dessa forma, o nome da Formação Guiné foi adotado nesse trabalho devido a sua

proximidade da localidade de Guiné, uma vez que a localidade de Açuruá fica muito distante

da área de estudo (esta situada dentro ou próximo do Município de Xique-Xique / Ba). Além

de haver uma primeira citação sobre esta unidade, que foi descrita por Montes (1977), onde

detalhou a seção tipo, espessura e litologias. E de acordo com Código de Nomenclatura

Estratigráfica o primeiro registro de uma Unidade prevalece sobre os seguintes.

20

A Formação Guiné na área de estudo é caracterizada pela presença de fácies típicas de

sistemas aquosos de baixa energia coerentes com os ambientes estuarinos, onde podem ser

observadas as alternâncias entre lâminas milimétricas a centimétricas de argila-silte / areia

fina de coloração rósea a lilás. Estas lâminas são contínuas, cíclicas e dispostas de forma

plano-paralela, com evidências de fendas de ressecamento (foto 02), pequenos corpos areno-

siltosos com geometria sigmoidal, estratificação plano-paralela e cruzada de baixo ângulo,

marcas onduladas e bandas de maré.

Foto 02: Afloramento na Formação Guiné as margens da BA-142, no sopé do Morro da Torre

apresentando estruturas fendas de ressecamento.

3.2.2 Grupo Chapada Diamantina

Segundo Guimarães et al (2005) o Grupo Chapada Diamantina compreende as

sequências deposicionais da Formação Tombador e Formação Caboclo datado entre 1,6 e 1,5

Ga. A Formação Tombador é essencialmente constituída por arenitos intercalados com fácies

argilosas, por conglomerados sustentados por matriz e seixos. Estima-se que sua deposição

teria ocorrido em ambientes continentais (leque aluvial, fluvial e eólico) e transicionais

marcando períodos transgressivos (SAVINI & RAJA GABAGLIA, 1997). E de acordo com

Pedreira (1994) a Formação Tombador possui paleocorrentes predominantes para NW e SW.

21

Por toda a sua área de ocorrência, a Formação Tombador, principalmente na região

entre Lençóis e Mucugê, apresenta níveis conglomeráticos diamantíferos. A Formação

Caboclo é constituida por arenitos finos a médios, bem selecionados, conglomerados com

estratificações tabulares e por pelitos intercalados. Seu paleoambiente é interpretado como

ambiente marinho (GUIMARÃES et al, 2005).

A figura 05 ilustra a coluna estratigráfica da bacia da Chapada Diamantina mostrando

o Supergrupo Espinhaço, as idades, os tipos de contatos e a descrição das unidades

representativas, assim como as coberturas Cenozóicas.

Figura 05: Coluna estratigráfica simplificada da Bacia Espinhço – São Francisco, modificada

de (GUIMARÃES, 2008).

22

3.2.2.1 Formação Tombador

A Formação Tombador marca o inicio do preenchimento da sinéclise da Chapada

Diamantina (Guimarães et. al., 2005) Sua sedimentação é formada inicialmente por arenitos

alternados com finas camadas de ritimitos (intercalação de areia fina e silte com no máximo 1

m de espessura) no seu domínio basal. Seu domínio superior é marcado pela predominância

de conglomerados com arenitos e pelitos subordinados, sua espessura é de aproximadamente

220 m e as paleocorrentes observadas nesta Formação apontam predominantemente para SW,

figura 06 (PEDREIRA, 1994).

Figura 06 – Coluna estratigráfica da Formação Tombador. (PEDREIRA, 1994)

23

3.3 SINCLINAL DE ITUAÇU

A Sinclinal de Ituaçu é uma das estruturas dominantes do extremo sudoeste da

Chapada Diamantina, ela é uma sinforme aberta, com comprimento de onda de,

aproximadamente, 50 km e traço axial orientado segundo NNW-SSE. Dela participam as

rochas do embasamento Arqueano/Paleoproterozóico, do Complexo Lagoa Real e as rochas

metassedimentares do Supergrupo Espinhaço Paleoproterozóico/Mesoproterozóico (Cruz &

Alkmim, 2007), onde estão inseridas as Formações Guiné e Tombador, objetivos desta

pesquisa.

3.4 AS SUPERFÍCIES ESTRATIGRÁFICAS

As superfícies que possuem significado mais relevante na estratigrafia de sequências

são aquelas que, ao menos em parte, delimitam tratos de sistemas e sequências deposicionais

(CATUNEANU, 2006).

Para esse autor existem quatro principais eventos associados com padrões

deposicionais, que são resultado da ação conjunta da sedimentação e variações do nível de

base na linha de costa: início da regressão forçada, final da regressão forçada, final da

regressão e final da transgressão. Estes eventos são registrados durante um ciclo completo de

variação do nível de base, figura 07.

Figura 07: Curva de variação do nível de base com posicionamento dos 4 eventos definidos,

também mostrando as superfícies estratigráficas reconhecidas (CATUNEANU, 2006).

24

Início da regressão forçada: Refere-se ao início da queda do nível de base na linha de costa,

é acompanhada da mudança de sedimentação para erosão ou bypass nos ambientes fluvial e

marinho raso.

Final da regressão forçada: Refere-se ao final da queda do nível de base na linha de costa,

marca a mudança de degradação para agradação nos ambientes fluviais e marinho raso.

Final da regressão: Ocorre durante subida do nível de base na linha de costa, marcando o

ponto de mudança de padrão de sedimentação, de regressão da linha de costa para

transgressão.

Final da transgressão: Ocorre durante a subida do nível de base na linha de costa marcando

a mudança da direção da variação da linha de costa, de transgressão para regressão.

Esses quatro eventos controlam a formação de todas as superfícies estratigráficas e

geram sete superfícies, que servem de critério para a delimitação de tratos de sistemas. Tais

superfícies são:

a) Discordância subaérea

b) Concordância correlativa

c) Superfície basal de regressão forçada

d) Superfície regressiva de erosão marinha

e) Superfície de regressão máxima

f) Superfície de ravinamento por onda e por maré

g) Superfície de inundação máxima

Porém, como o objetivo desse estudo não é efetuar uma revisão bibliográfica

detalhada da estratigrafia de sequências, foi definido discutir apenas as superfícies

estratigráficas encontradas na área de estudo, que foram delimitadas de acordo com padrão

organizacional dos seus elementos arquiteturais, os quais foram analisados após a construção

da coluna estratigráfica das Formações Guiné e Tombador.

Segundo Catuneanu (2006) os elementos arquiteturais correspondem à uma

delimitação de uma subdivisão morfológica de um sistema deposicional caracterizado por

uma assembleia distinta de fácies disposta em geometria característica e pelos processos

deposicionais inferidos, que adquirem conotação genética . Além disso, esses sedimentos

foram depositados na Era Paleoproterozóica, num estágio que não existia a presença de

organismos vivos e estão posicionados numa região estuarina de acordo com a figura 08.

25

Figura 08:Posicionamento dos elementos arquiteturais dentro de um estuário de Idade

Paleoproterozóica. (CATUNEANU, 2006).

Esses elementos arquiteturais foram reconhecidos nos afloramentos e posicionados na

coluna estratigráfica e de acordo com a sua associação, foram feitas várias interpretações,

como por exemplo:

Canal sobre Laminado – Demonstrando uma sobreposição do elemento mais proximal

(canal), sobre o elemento mais distal (laminados), evidenciando dessa forma uma erosão do

elemento arquitetural barra;

Laminado sobre Barra – Transgressão / Retrogradação, que pode ser interpretada como uma

SRM (Superfície de Regressão Máxima);

Barra sobre Laminado – Regressão / Progradação, que pode ser interpretado como uma DS

(Discordância Subaérea).

3.4.1 Discordância Subaérea

Uma discordância é definida por Wagoner et al. (1987) como uma superfície que

separa estratos mais novos de mais antigos, ao longo da qual existem evidências de

truncamento erosivo subaéreo (até mesmo erosão submarina correlata) ou exposição subaérea,

indicando um hiato significativo. Entretanto, Sloss et al. (1949) já haviam enfatizado a

importância da discordância subaérea como uma superfície de limite de sequência.

26

Uma definição mais completa diz: A discordância que se forma em condições de

exposição subaérea como resultado de erosão fluvial ou bypass, pedogênese, degradação

eólica ou dissolução e carstificação. Corresponde aos grandes hiatos do registro estratigráfico

separando estratos que não são geneticamente relacionados e marcando mudanças abruptas de

fácies bacia adentro (figura 09).

Nos modelos convencionais da estratigrafia de sequências a discordância subaérea é

criada durante uma queda do nível de base. A discordância gradualmente se estende bacia

adentro durante a regressão forçada da linha de costa chegando a sua máxima extensão no

final da regressão forçada (CATUNEANU, 2006).

Figura 09: Perfil demonstrando a discordância subaérea, abaixo a discordância subaérea

(linha vermelha) em uma seção sísmica numa orientação Dip. (TSMB=Trato de Sistemas de

Mar Baixo; TSEQ=Trato de Sistemas de Estágio de Queda; RN=Regressão Normal; RF=Reg

ressão Forçada),(CATUNEANU, 2006).

3.4.2 Superfície de Regressão Máxima

A superfície regressiva máxima (Catuneanu 1996; Helland-Hansen & Martinsen,

1996) é definida como a superfície que marca o final da regressão normal do trato de mar

baixo. Com a consequente subida do nível de base, depósitos transgressivos serão

27

depositados. Portanto, esta superfície separa estratos progradantes, em baixo, de estratos

retrogradantes, em cima (figura 10).

O fim do evento de regressão normal da linha de costa no final do trato de mar baixo

marca uma mudança nos regimes de sedimentação, como o reflexo no balanço entre aporte

sedimentar e energia do ambiente, em todos os sistemas deposicionais afetados pela variação

da linha de costa (CATUNEANU, 2006).

Figura 10: Superfície Regressiva Máxima (linha vermelha) numa orientação DIP.

(RN=Regressão Normal; RF=Regressão Forçada) (CATUNEANU, 2006).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo realizado nas Formações Guiné e Tombador tiveram como marco zero as

coordenadas UTM (0250542 / 8487101) e elevação de (1144+-3m). Esse ponto esta na base

da Formação Guiné localizada em afloramento tipo corte de estrada, as margens da BA-142

distando cerca de 8 km da Cidade de Barra da Estiva, no sentido de Ituaçu.

Na base da Formação Guiné foram encontrados interlaminados milimétricos

contínuos, cíclicos e dispostos de forma plano-paralela, compostas por silte, areia muito fina e

28

argila, de coloração rósea a lilás (foto 03). Esses sedimentos são característicos de ambiente

aquoso de baixa energia como lagoas, bacias rasas e amplas ou regiões marinhas protegidas

das correntes.

Foto 03: Vista parcial da base da Formação Guiné as margens da rodovia BA-142,

Barra da Estiva - Bahia.

No marco zero foram feitas medidas de paleocorrentes que oscilaram entre (N25oa

N70o) e S0 variando de N60 a N90 com mergulho de 5 a 15º para SE, com valor médio de

(N75/10º SE). Além disso, foram encontradas estruturas do tipo marca de carga, lentes de

areia, pequenas estratificações plano-paralelas, que ocasionalmente aparecem parcialmente

erodidas e estratificações cruzadas do tipo tabular rotacionadas evidenciando uma exposição

subaérea (fotos 04 e 05). Este padrão de empilhamento foi mantido até atingir a cota de

1198,4m, onde estavam inseridos pequenos intervalos entre os afloramentos formando um

pacote de 54,4m de espessura.

29

Fotos 04 e 05: Em sequência exposição da estratificação plano-paralela parcialmente erodida (a), e

estratificação cruzada tipo tabular rotacionadas (b). Na base da Formação Guiné em afloramento as

margens da rodovia BA-142, Barra da Estiva – Bahia.

A partir deste ponto houve uma acreção de lama no sistema deposicional (foto 06),

mas as estruturas anteriores foram mantidas até a cota de 1212,5m formando outro pacote

sedimentar com 14,1m de espessura. Foi observado outro intervalo entre os afloramentos de

9,1m e ao iniciar outra exposição houve uma redução brusca de lama com deposição de areia

com granulometria variando de fina a média (foto 07), formando estratificações planar e

cruzadas de pequeno porte na base, fechando outro pacote com 2,4m.

No inicio desse afloramento foram observadas estratificações plano-paralelas no topo,

seguido por marcas de ondas e, na base, estratificações cruzadas tabular de médio porte com

lama entre os sets (foto 08). Isso ocorre porque o nível de energia do sistema vai decrescendo

da base para o topo, ou seja, na fase de maior energia deposita as estruturas maiores com

maior tamanho dos grãos e neste caso a estratificação cruzada tabular é relevante na

caracterização do ambiente sedimentar, sendo denominada de banda de maré (tidal bundles).

Quando esta energia vai reduzindo formam-se as marcas onduladas e finalmente no ultimo

nível as camadas sub-horizontais com uma deposição mais calma e material mais fino.

Em seguida ocorre um novo intervalo de 13m e tem inicio a outro pacote sedimentar

com 60,6m de espessura, onde a presença de lama continuou reduzida e o tamanho dos grãos

aumentou, chegando ao nível de grânulos em arenitos laminados e sub-horizontais. A

paleocorrente medida neste ponto foi de N240

, com S0 medindo N60/4

0 SE.

30

Fotos 06 e 07: Em sequência início do acrescimo de lama (C) e tamanho dos grãos (D), no

afloramento da Formação Guiné, as margens da rodovia BA-142, nas proximidades de Barra da

Estiva – Bahia.

Foto 08: Parte superior estratificações plano paralela seguida de marcas de onda e logo abaixo a

estratificação cruzada tabular, com os devidos destaques ao lado. Afloramento da Formação Guiné, na

base do Morro da Torre, nas proximidades de Barra da Estiva – Bahia.

31

Nessa etapa do afloramento aparecem as estratificações acanaladas, canais de maré

intercalados com níveis de siltito, estratificações cruzadas tangenciais, lóbulos sigmoidais,

camadas de arenito maciço e arenitos com lentes de areia muito grossa (foto 09).

Foto 09: Exposição dos lobulos sigmoidais com representação (E). Canal de maré com destaque do

truncamento das camadas na parte superior da fotografia (F). Exposição do bloco de arenito maciço

em destaque amarelo (G). Lente de areia muito grossa em arenito destacado em branco (H).

Localizados no Morro da Torre nas proximidades de Barra da Estiva- Bahia

A partir desse ponto aparece o maior intervalo entre os afloramentos, são 95m de

distancia em um patamar localizado na zona intermediária do Morro da Torre, onde existe

uma quebra na geomorfologia do morro e possui uma camada significativa de colúvio, que

impede qualquer observação dos afloramentos (foto 10). Essa é a região mais provável do

contato entre as Formações Guiné e Tombador, como a deposição dessas formações possui

um intervalo de milhões de anos, nesse local deve estar presente o contato discordante, objeto

de questionamento deste trabalho.

Nessa suposta região do contato, foram feitas tentativas no intuito de encontrar alguma

exposição das litofácies que indicassem o contato entre as formações, porém, não houve

sucesso, pois o depósito de tálus recobre toda a área.

Com a continuidade dos trabalhos no próximo pacote sedimentar de 2,8m posicionado

na cota de 1392 +- 3m, com coordenadas UTM de 249896 / 8485576 24L +-3m, onde, foram

32

observadas estratificações cruzadas tabulares de médio porte com paleocorrentes com direção

N2900, que estaria em direção oposta das paleocorrentes da Formação Guiné. Também foram

encontrados nesse afloramento vários blocos de arenito grosso, com barras maciças e no topo

aparece arenito fino a médio com laminações sub-horizontais.

Foto 10: Zona intermediária do Morro da Torre coberta por colúvio e provável local do contato

entre as Formações Guiné e Tombador. Nas proximidades de Barra da Estiva-Bahia.

Em seguida vem outro intervalo de 6m e no afloramento seguinte aparece uma

exposição bastante conservada e de ótima qualidade das bandas de maré, onde são visíveis as

sucessões rítmicas de arenito e argila (foto 11), marcando o retorno dos interlaminados de

areia muito fina, silte e argila, com espessura de 1,2m. A partir deste ponto tem inicio da

deposição de barras de areia grossa intercaladas com filmes de argila e no topo desse pacote

foi observado um canal preenchido com areia muito grossa a grossa truncado por siltito na

base.

As paleocorrentes medidas nessa seção até o topo do Morro da Torre deram valores

que variaram de N2550 a N325

0 confirmando a medida do afloramento anterior. As estruturas

encontradas permaneceram com o mesmo padrão, ou seja, barras de arenito grosso com

laminações sub-horizontais ou estratificações cruzadas acanaladas de pequeno a médio porte

33

(foto 12), com laminas de argila entre as barras, estratificações cruzadas tabular e canais com

laminas de argila na base. Estes pacotes se mesclavam a intervalos de zonas fraturadas,

falhadas e solos formando vários ciclos deposicionais que foram empilhados até o topo do

Morro da Torre na cota de 1465 +-3m e coordenadas UTM de 0240186 / 8485940 24L +-3m.

Foto 11: Exposição da estratificação tabular (barras de maré) na Formação Tombador localizada no

Morro da Torre nas imediações de Barra da Estiva-Ba.

De acordo com estes dados foi possível construir o perfil estratigráfico das Formações

Guiné e Tombador e, ao efetuar a análise, tornou-se fácil a caracterização dos elementos

arquiteturais, como por exemplo, a planície de maré na base da Formação Guiné seguido por

barras e canais de maré, da zona intermediária até o topo desta Formação e seu ambiente

deposicional classificado como estuarino.

A Formação Tombador possui características cíclicas bem definidas, onde foram

observados os elementos arquiteturais constituídos por barras e canais de maré, definindo o

ambiente deposicional como estuarino e confirmando uma fácies atípica para esta Formação

fugindo da caracterização clássica de ambiente deposicional tipicamente continental (eólico e

fluvial).

As superfícies estratigráficas reconhecidas nesse perfil foram a Superfície Regressiva

34

Máxima (SRM), que segundo Catuneanu, (1996), é definida como a superfície que marca o

final da regressão normal do trato de mar baixo, ou seja, na região das barras de maré, logo

após o ultimo bloco de arenito vem um bloco de material argiloso, indicando que a partir de

da ultima deposição de arenito o nível de base subiu começando a depositar um material mais

fino num sistema com menor energia.

Foto 12: Estratificação cruzada acanalada localizada no Morro da Torre nas proximidades de Barra

da Estiva-Ba.

A Superfície de Discordância subaérea é definida por Catuneanu (1996), como a

superfície que corresponde aos grandes hiatos do registro estratigráfico separando estratos que

não são geneticamente relacionados e marcando mudanças abruptas de fácies bacia adentro.

Essa superfície é reconhecida por apresentar uma mudança brusca de litologia, ou seja, no

perfil estratigráfico (item 4.1), na cota de 1248,1 m encontra-se um nível lamoso seguido por

um nível de arenito de médio a grosso com grânulos na base caracterizando, portanto, uma

discordância erosiva neste contato.

4.1 PERFIL ESTRATIGRAFICO 35

Espessura SX GR MG G M F MF S A ELEMENTOS

ARQUITETURAIS

SISTEMA

DEPOSICIONALFORMAÇÃO

(m +-3)1565

1563

1413

1411

1409

1407

. .. . .. . .. . . . ... .. . . . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .

1258

. . . .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .

. . .. .. . . . . .. .. . . . . . . .. . .

. . . . .. . .. . .. . . . .. . . . .

X X X X X X X X X X X X X X

1256 . . . . . .. . . . . . ..

. . . ... . . . .. . .

. . . . . .. . . . . .

1146

1144

Afloramento Morro da Torre Rodovia BA-142 Barra da Estiva - BaFormções Guiné / Tombador Supergrupo Espinhaço Chapada Diamantina

EST

UA

RIN

O

TOM

BA

DO

R

BA

ND

AS

DE

MA

Acácio José Silva Araújo Dezembro 2010 à março 2011 Escala 1:40

GUINÉ

GAP

canal

DS

SRM

canal

DS

SRM

TOMBADOR

BASE DO GUINÉ

TOPO DO GUINÉ

TOMBADOR

GUINÉ

TOPO DO TOMBADOR

BASE DO TOMBADOR

GU

INÉ

LEGENDA:

EST

UA

RIN

OES

TU

AR

INO

EST

UA

RIN

O

TOM

BA

DO

RG

UIN

É

LAM

INA

DO

BA

RR

AS

BA

RR

AS

Coord final - UTM 0250186 / 8485940 24L +- 3m Altitude 1465 +-3m

Coord inicial - UTM 0250542 / 8487101 24L +- 3m

Estratificação cruzada tabular

Estratificação cruzada tangencial

Estratificação cruzada acanalada

XXXXXXXXX

Estratificação sub-horizontal

Níveis de granulos

Veio de quartzo

Marca de onda

Canal

Discordância Subaérea

Superfície Regressiva Máxima

DSA

SRM

M Bloco Maciço

36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste estudo pode-se concluir que a estratigrafia de sequências de alta

resolução constitui uma ferramenta muito satisfatória para proposição do arcabouço

estratigráfico uma vez que fornece elementos para o entendimento dos processos

deposicionais atuantes bem como de suas variáveis controladoras.

O nome da Formação Guiné foi adotado nesse trabalho em respeito ao Código de

Nomenclatura Estratigráfica devido à nomenclatura definida e reconhecida no primeiro

trabalho publicado referente a tal assunto (MONTES, 1977). Essa formação possui

características marcantes como planície de maré localizada na base além de barras e canais de

maré a partir da fase intermediaria até o topo; seu ambiente deposicional é tipicamente

estuarino numa bacia rasa, calma e extensa.

A Formação Tombador apresenta um ambiente deposicional estuarino fugindo do seu

caráter habitual de continental (ambientes fluvial e eólico). Nesta formação foram observados

sequencias deposicionais constituídas por vários ciclos, onde os elementos arquiteturais

encontrados por todo afloramento foram as barras e canais de maré.

Não foi possível determinar o contato entre as Formações Guiné e Tombador, pois este

local encontra-se encoberto por um manto de intemperismo, mas essas formações se tornaram

distintas devido às medidas de paleocorrente estarem em direções opostas, esse fato esta de

acordo com a abordagem de Pedreira (1994).

As superfícies estratigráficas reconhecidas através da analise do perfil foram a

discordância subaérea e a superfície regressiva máxima, inseridas num trato de sistema

regressivo.

De acordo com as hierarquias dos eventos estratigráficos em diferentes ordens

verificou-se uma sequencia de 3ª ordem envolvendo as Formações Guiné e Tombador tendo

como discordância erosiva o contato entre as formações. Na sequencia deposicional de 4ª

ordem foram encontrados vários ciclos que estão bem visíveis no perfil posicionados na

Formação Tombador, onde as discordâncias encontram-se entre o elemento arquitetural canal

e as barras de maré.

Conclui-se que existe a necessidade de estudos mais detalhados em relação à

Formação Guiné no intuito de subdividi-la, pois esta apresenta características bem definidas

na base de todos os afloramentos visitados. E essa sequencia deposicional foi formada num

período de calma tectônica com baixa energia e numa bacia rasa e extensa. Contradizendo,

37

portanto, o resto dessa formação que assume características singulares da fase intermediaria

até o topo indicando uma mudança de energia no sistema durante a sua deposição.

38

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41

APENDICE A

4.1 PERFIL ESTRATIGRAFICO

Espessura SX GR MG G M F MF S AELEMENTOS

ARQUITETURAIS

SISTEMA

DEPOSICIONALFORMAÇÃO

(m +-3)1565

1563

1561

1559

1557

M

1555

Dezembro 2010 à março 2011

BA

ND

AS

DE

MA

Rodovia BA-142

Supergrupo Espinhaço

Afloramento Morro da Torre

Formções Guiné / Tombador

Acácio José Silva Araújo

Barra da Estiva - Ba

Chapada Diamantina

Escala 1:40

TOM

BA

DO

R

ESTU

AR

INO

Coord final - UTM 0250186 / 8485940 24L +- 3m Altitude 1465 +-3m

1553

1551

1549 M

M

M

1535

M

M

M

1533

M

BA

RR

AS

GAP

BA

RR

AS

TOM

BA

DO

RTO

MB

AD

OR

ESTU

AR

INO

ESTU

AR

INO

1531

M

1529

M

M

1527

M

M1525

1508

1506

1504

GAP

canal

DS

TOM

BA

DO

R

ESTU

AR

INO

1502

1497

1495

M

M

1493

1491

DS

SRM

GAP

SRM

canal

BA

RR

AS

1489

1487

M

1485

M

1483 M

M

1481

1479

M

SRM

DS

canal

BA

RR

AS

M

1477

1466

1464

1462

M

1460

X X X X X X X X X X X X X X X X X

GAP

DS

GAP

canal

SRM

1457

1455

1453

1451

1433

DS

SRM

GAP

BA

RR

AS

canal

1431

1413

1411

1409

1407

M

SRM

GAP

TOMBADOR

GUINÉ

GAP

canal

DS

1278

1276

1274

1272

1270

1268

BA

RR

AS

BARR

AS

1266

1264 . .. . . .. . .. .. . . . . .. .. . . ... . .. . . . .. . . . . . . .. . .. . .. .. . . . . . . . . . . . . ... . . . . .. . .. . .. . . . . ... . . . . .

. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .

1262

. . . .. . . . . . . . . . .. ... . . .. . . . . . . . . . . . .. . . .. .. . . . . . .. . . .. . .

. . . . . . . . . ... . . .. . .. . . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .

. . . . . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .

1260

. .. . .. . .. . . . ... .. . . . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .

1258

. . . .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .

. . .. .. . . . . .. .. . . . . . . .. . .

. . . . .. . .. . .. . . . .. . . . .

X X X X X X X X X X X X X X

1256 . . . . . .. . . . . . ..

. . . ... . . . .. . .

. . . . . .. . . . . .

canal

DS

SRM

1254

1252

1250

1248

1246

1244

canal

DSSRM

1242

M

M

M

1240

1238

1236

1222

1220

GAP

M

GAP

1209

1207

1205

1203

1201

GAP

ESTU

AR

INO

1199

1197

1188

1186

1184

1182

1180

GAP

GAP

1178

1176

1174

1172

1170

1168

ESTU

AR

INO

1166

1164

1162

1160

1158

1156

1154 ESTU

AR

INO

1152

1150

1148

1146

1144

LEGENDA:

ESTU

AR

INO

FOR

MA

ÇÃ

O G

UIN

É

PLA

NÍC

IE D

E M

AR

É

ESTU

AR

INO

Coord inicial - UTM 0250542 / 8487101 24L +- 3m

Estratificação cruzada tabular

Estratificação cruzada tangencial

Estratificação cruzada acanalada

XXXXXXXXX

Estratificação sub-horizontal

Níveis de granulos

Veio de quartzo

Marca de onda

Canal

Discordância Subaérea

Superfície Regressiva Máxima

DSA

SRM

M Bloco Maciço